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PROCESSO DECISÓRIO

Conceitos

Utilizamos muitas vezes indistintamente, os conceitos de decisão, tomada de decisão e


processo de tomada de decisão, que têm o significado atribuído pelos autores que passamos a
referir:
Segundo Mintzberg, Raisinghani e Théorêt (1976, 246), definem decisão como um empenho
específico em agir. Esta definição pressupõe uma perspectiva de decisão como resultado de um
processo que culmina com o empenho em fazer algo.

Segundo Harrison (1995, 27), a tomada de decisão pode ser considerada um momento incluído
num processo em curso, no qual se avaliam alternativas, visando atingir um objectivo. Neste
sentido, a tomada de decisão é, para nós, equiparada ao momento de escolha num processo
com vários estágios.

Segundo Simon (1976,1), o processo de tomada de decisão será o processo de escolha que
conduz à acção.

Mintzberg e Rasinghani (1976,246), apresentam uma definição semelhante, referindo-se ao


processo de tomada de decisão como sendo o conjunto de acções e factores dinâmicos que
começam com a identificação de um estímulo para a acção e termina com um empenho
específico em agir.

Óptica 1

A tomada de decisão é o núcleo de responsabilidade administrativa. O administrador deve


constantemente decidir o que fazer, quem deve fazer, quando, onde e muitas vezes como fazer.
Seja ao estabelecer objectivos, alocar recursos ou resolver problemas que surgem pelo
caminho.

Decidir é optar ou seleccionar dentre várias alternativas de curso de acção àquela que parece
mais adequada a tomada de decisão; é um processo de análise e de escolha entre várias
alternativas disponíveis que a pessoa deverá seguir. (Chiavenato:4).

Elementos comuns à tomada de decisão

Em toda a decisão existem, no mínimo, seis elementos comuns:

1. O tomador de decisão: elemento ou grupo de elementos investidos de poder para o


fazer.
2. Objectivos a serem alcançados com a tomada da decisão.
3. O sistema de referência ou de valores, ou os critérios que o tomador de decisão segue
para decidir.
4. A sequência das acções que o tomador de decisão vai escolher.
5. O estado de natureza ou o ambiente que envolve o tomador de decisão.
6. A consequência que advém das decisões a tomar.

Áreas/tipos de decisão

Consideram do que diferentes situações de tomada de decisão podem requer processos e


métodos diferentes, julgamos útil identificar uma tipologia destas situações.

Ansoff, distingue as decisões em:

• Área estratégica ou decisões estratégicas: dizem respeito sobretudo, a problemas


externos da empresa, normalmente aos segmentos, produtos, mercados de aceitação.
Prendem-se com o estabelecimento de objectivos e a realização do planeamento da
empresa e são da responsabilidade dos gestores do topo.

• Área administrativa ou decisões administrativas: relacionam-se com a gestão


corrente: distribuição de recursos e equipamentos, alocação de meios, etc.

• Área operacional ou decisões operacionais: consistem na previsão e/ou resolução de


aspectos de rotina das operações correntes da empresa, como o estabelecimento de
regras e a fixação e controle de prazos e níveis de desempenho. Relacionam-se com a
selecção e decisão de assuntos técnico-operativos. Procura-se delegar este tipo de
decisão aos gestores de nível hierárquico mais baixo.

Simon (1960), introduziu uma classificação das decisões em dois grupos, tendo como critério
o carácter repetitivo das decisões:
• Decisões programadas: repetitivas e rotineiras, para as quais pode ser estabelecido um
processo de tratamento estandardizado.
• Decisões não programadas: a sua necessidade emerge de situações novas, não
estruturadas e complexas, tendo o seu processo de tratamento de ser específico.

Exemplo: lançamento de um novo produto, redução do quadro de funcionários,


mudança na sede da empresa.

Para lidar com essas decisões, o tomador de decisão deve ser capaz de desenvolver
sua capacidade de julgamento, intuição e criatividade.

Características das decisões programadas e não programadas

Decisões programadas Decisões não programadas

Dados adequados Dados inadequados

Dados repetitivos Dados únicos

Condições estatísticas Condições dinâmicas

Certeza Incerteza

Previsibilidade Imprevisibilidade

Rotina Inovação

Peter Drucker (1967), sugere outros nomes para este tipo de classificação:
• Decisões genéricas: dizem respeito ao estabelecimento de regras e princípios, que
irão reger várias ocorrências.
• Decisões únicas: dizem respeito a acontecimentos excepcionais e que só poderão ser
tratados à medida que ocorrem.

Harrison (1965), apresenta uma classificação bipartida, utilizando as designações:


• Decisões de categoria I:são descritas como programáveis, previsíveis, rotineiras e
genéricas.
• Decisões de categoria II: são novas, complexas, não programáveis e únicas. Apelam
ao julgamento, criatividade e compreensão do contexto em que ocorrem e das
consequências que poderão advir.

Teoria de decisão racional

As decisões são tomadas em resposta a algum problema, uma situação a ser resolvida, alguma
necessidade a ser satisfeita ou algum objectivo a ser alcançado. A decisão envolve um processo,
isto é, uma sequência lógica de passos ou etapas que se sucedem. Dai o nome de processo
decisório, exactamente para descrever essa sequência de fases.

Nenhuma abordagem do processo decisório pode garantir que o administrador tome a decisão
certa. Na verdade, muitas decisões ocasionais envolvem grandes riscos e uma boa quantidade
de incertezas. Assim, os julgamentos, os consensos, as crenças, as experiências e a intuição
profissional e humana tornam-se críticas, pois o facto e conhecimento das consequências são
ainda desconhecidas.

Todavia, os administradores que usam uma abordagem racional, inteligente e sistemática, têm
mais probabilidade de chegar à soluções de alta qualidade. O processo genérico de tomada de
decisão envolve o diagnóstico, a determinação e definição da origem do problema, a colecta e
análise dos factos relevantes ao problema, o desenvolvimento e avaliação das soluções
alternativas, a selecção da alternativa mais satisfatória e a conversão dessa alternativa em acção
a monitorar.

O modelo deste processo consiste em quatro fases ou estágios a saber:

1. Examinar a situação (identificar bem o problema, identificar os objectivos da decisão


a tomar e diagnosticar as causas);
2. Criar alternativas;
3. Avaliar as alternativas e seleccionar a melhor (é exequível? É solução satisfatória?
Quais são as consequências que podem trazer?).
4. Implementar e monitorar a decisão.

Óptica 2
A tomada de decisão é estudada sob duas perspectivas: a doprocesso e a do problema.

1. Perspectiva do processo:concentra-se nas etapas da tomada de decisão. Dentro desta


perspectiva o objectivo é seleccionar a melhor alternativa de decisão. Focaliza o
processo decisório como uma sequência de três etapas simples:
• Definição do problema;
• Quais as alternativas possíveis de solução do problema;
• Qual é a melhor alternativa.

A perspectiva do processo concentra-se na escolha dentre as possíveis alternativas de solução,


aquela que produza melhor eficiência. Sua ênfase está na busca dos meios alternativos.

Esta é uma abordagem criticada por se preocupar com o procedimento e não com o conteúdo
da decisão.

2. Perspectiva do problema: está orientada para a resolução do problema. Sua ênfase


está na solução final do problema.
Esta perspectiva é criticada pelo facto de não indicar alternativas, e pela sua deficiência
quando as situações demandam vários modelos de implementação.
Aqui, o tomador de decisão aplica métodos quantitativos para tornar o processo
decisório o mais racional possível, concentrando-se na definição e no equacionamernto
do problema a ser resolvido. Preocupa-se com a eficácia da decisão. Para a teoria da
decisão, todo o problema administrativo equivale a um processo de decisão.
Existem dois extremos de decisão: as decisões programadas e as não programadas.
Estes dois tipos não são mutuamente exclusivos, mais representam dois pontos
extremos sobre os quais existe uma gama contínua de decisões intermediárias.

Problemas

As decisões devem ser tomadas para resolver problemas

Os problemas sobre os quais se deve tomar decisões são:


• Problemas estruturados: aqueles que podem ser perfeitamente definidos, pois
suas principais variáveis-como o estado de natureza, acções possíveis e possíveis
consequências são conhecidas. Os problemas estruturados, por sua vez, podem ser
divididos em três categorias:
o Decisões sob certeza: as variáveis são conhecidas e a relação entre as
acções e suas consequências é determinada.
o Decisões sob risco: as variáveis são conhecidas e a relação entre a
consequência e a acção é conhecida em termos probabilísticos.
o Decisões sob incerteza:as variáveis são conhecidas mas, as probabilidades
para avaliar as consequências de uma acção são conhecidas ou não são
determinadas com algum grau de certeza.

• Problemas não estruturados: os problemas não estruturados não podem ser


claramente definidos, pois, uma ou mais de suas variáveis são desconhecidas ou
não pode ser determinada com algum grau de confiança.

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