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MODALIDADES DE PRESTAÇÃO

DO SERVIÇO MILITAR

Claudionor Rocha
Consultor Legislativo da Área XVII
Segurança Pública e Defesa Nacional

ESTUDO
ABRIL DE 2023

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13, parágrafo único da Resolução nº 48, de 1993, como produção de cunho pessoal do(a)
consultor(a).
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RESUMO EXECUTIVO

O objetivo principal deste estudo é analisar a necessidade de manutenção da


prestação do serviço militar na modalidade compulsória no Brasil, ou, ao contrário, alterá-la
para a modalidade facultativa. Secundariamente analisa a possibilidade de prestação do serviço
militar nos órgãos militares estaduais e a perspectiva de modernização do sistema de
alistamento militar.
Após ligeira introdução e posicionamento acerca da terminologia empregada, o
texto aborda o arcabouço normativo existente no ordenamento jurídico brasileiro, vez que o
tema tem assento constitucional, propiciando a existência de considerável legislação ordinária e
normas infralegais. Em seguida analisa o tratamento da matéria em termos de Direito
comparado, com foco na legislação filipina, de natureza compulsória, pelo detalhamento; e na
portuguesa, de caráter facultativo, pela inevitável afinidade histórica do ordenamento jurídico
português com o brasileiro.
O passo seguinte é analisar a base doutrinária das Forças Armadas brasileiras,
perscrutando o pensamento militar acerca do tema, o qual é indubitavelmente favorável à
preservação da modalidade chamada serviço militar obrigatório (SMO), em oposição ao
denominado serviço militar voluntário (SMV). Proposições legislativas são tratadas no item
seguinte, em que se analisam as propostas de emenda à Constituição (PEC) e projetos de lei
(PL) que abordaram a matéria, tanto aqueles em tramitação quanto os já arquivados, em razão
de sua importância histórica. Cuida, no próximo item, da possibilidade de prestação do serviço
militar nos órgãos militares estaduais, bem como da simplificação do sistema de controle do
alistamento militar.
Nas considerações finais aponta, na forma de um decálogo, o que se reputa
serem pontos essenciais a serem observados na hipótese de alteração legislativa, tanto
mantendo-se a modalidade compulsória de prestação do serviço militar, quanto adotando-se a
modalidade facultativa.
Os subsídios para desenvolvimento do estudo foram obtidos mediante
pesquisa efetuada pelo Centro de Documentação e Informação (Cedi) da Câmara dos
Deputados, além de pesquisa não exaustiva procedida pelo autor no site governamental Lexml
– Rede de Informação Legislativa e Jurídica (<https://www.lexml.gov.br/>).
A análise do direito comparado comprovou a existência de ambas as
modalidades, tanto nos países mais desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento, bem
como nos de caráter democrático quanto nos de governos de feitio autoritário, sendo mais
comum que nesses últimos a modalidade existente seja a de prestação compulsória.
Objeções fundadas em informações colhidas em trabalhos existentes
permitiram contrapor, às alegadas vantagens do SMO, semelhantes vantagens do SMV, muito
embora a prevalência, na tradição e no ordenamento jurídico brasileiro em relação ao SMO,
seja defendida pelo segmento militar. Quanto à possibilidade de prestação do serviço militar em
órgãos militares estaduais, entendeu-se ser perfeitamente possível, restando à alteração
constitucional dispor a respeito, cabendo aos reservistas estaduais, na hipótese de convocação
ou mobilização, atividades de defesa interna, defesa territorial e defesa civil.
Outros pontos destacados foram a automação do processo de alistamento e
controle da reserva de recrutamento e da reserva de disponibilidade, e a comparação acerca da
exigência de comprovação da quitação com o serviço militar com a eventual adoção de
exigência de comprovação de antecedentes policiais e criminais.

Palavras-chave: serviço militar obrigatório (SMO); serviço militar voluntário (SMV);


modalidades compulsória e facultativa; serviço militar nos órgãos militares estaduais.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5
2 QUESTÕES TERMINOLÓGICAS ......................................................................10
3 ARCABOUÇO NORMATIVO...............................................................................12
4 DIREITO COMPARADO .....................................................................................14
5 BASE DOUTRINÁRIA ..........................................................................................21
6 PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS ........................................................................ 29
7 SERVIÇO MILITAR NOS ÓRGÃOS MILITARES ESTADUAIS .................... 50
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 58
9 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 62

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MODALIDADES DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO MILITAR


Onde poderia, pois, a pátria encontrar proteção e salvaguarda
senão nas armas? A espada não é somente a última razão de suas
disputas, mas também a obrigação inerente à sua debilidade. Tudo o que
há de desfavorável em seu território, de absurdo em sua política, de frágil
em seu caráter, não tem, em último termo, para compensá-lo, outro
recurso que não seja a arte guerreira, a habilidade das tropas e o
sofrimento dos soldados.
Charles de Gaule (1890-1970)
(Extraído de Kuhlmann, 2001, p. 7)

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo trata de questões acerca da necessidade e forma do


alistamento militar, com foco na modalidade de serviço militar facultativo.

Em vários países desenvolvidos, como Reino Unido, Estados Unidos,


Canadá, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal, o serviço militar é facultativo.

No ordenamento jurídico brasileiro, o art. 143 da Constituição estabelece


que “o serviço militar é obrigatório nos termos da lei”, isentando, pelo § 2º, as mulheres e os
eclesiásticos, do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitando-os, porém, a
outros encargos que a lei lhes atribuir.

As normas de regência na matéria são a Lei nº 4.375, de 17 de agosto de


1964 (Lei do Serviço Militar), regulamentada pelo Decreto nº 57.654, de 20 de janeiro de
1966, assim como a Lei nº 8.239, de 4 de outubro de 1991 (Lei do Serviço Alternativo).

Segundo a legislação mencionada, a obrigação para com o serviço militar,


em tempos de paz, começa no dia 1º de janeiro do ano em que o indivíduo completa 18
anos de idade e subsiste até 31 de dezembro do ano em que completa 45 anos.

Alguns autores entendem que a obrigatoriedade, além de ir de encontro ao


disposto do artigo 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo o qual
“todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”, acarreta ainda,
anualmente, elevado gasto de recursos públicos com a realização do processo de
alistamento militar obrigatório presencial de dezenas de milhares de jovens, dos quais
apenas aproximadamente 5,5% são convocados.

A título de exemplo, no ano de 2020, cerca de 1,6 milhão de jovens


deveriam se alistar no serviço militar, mas apenas 90 mil seriam incorporados de fato às

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Forças Armadas, sendo 3 mil para a Marinha, 7 mil para a Aeronáutica e 80 mil para o
Exército1.

Para além da questão do serviço militar obrigatório, que supostamente


viola direitos fundamentais reconhecidos na Constituição da República, ao compelir, em
tempos de paz, um indivíduo a prestar serviço militar compulsoriamente, existe também a
questão do alistamento militar, à vista do baixo percentual incorporado às Forças
Armadas.

Tal aparato se revela, a princípio, um mero procedimento burocrático, de


custo elevado, que é realizado presencialmente, para dispensar mais de 90% dos alistados,
sob pena de ficarem impedidos, em caso de não cumprimento da obrigação, de praticar
vários atos da vida civil, dentre os quais:

– obter passaporte ou prorrogação de sua validade;

– ingressar como funcionário, empregado ou associado em instituição,


empresa ou associação oficial, oficializada ou subvencionada;

– assinar contrato com os governos federal, estadual, municipal ou dos


territórios;

– prestar exame ou matricular-se em qualquer estabelecimento de ensino;

– obter carteira profissional, registro de diploma de profissões liberais,


matrícula ou inscrição para o exercício de qualquer função e licença de indústria e
profissão;

– inscrever-se em concurso para provimento de cargo público;

– exercer, a qualquer título, sem distinção de categoria ou forma de


pagamento, qualquer função pública ou cargo público, eletivos ou de nomeação; e

1 Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/01/servico-militar-deve-


incorporar-90-mil-jovens-no-exercito-marinha-e-aeronautica-em-2020>. Acesso em 22 mar. 2023. A fim de
facilitar a consulta, especialmente no ambiente online, neste trabalho mantivemos ativados eventuais
hiperlinks (grafados em azul e sublinhados) para acesso ao documento a partir do próprio corpo do
trabalho. Todas as referências a ‘portal’, neste trabalho, remetem à ligação eletrônica (hiperlink) com a rede
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– receber qualquer prêmio ou favor dos governos federal, estadual,


municipal ou dos territórios.

Ao se consultar o direito comparado, verifica-se que nos Estados Unidos,


por exemplo, o serviço militar não é obrigatório, mas há um procedimento denominado
“Registro de Serviços Seletivos” por meio do qual o governo coleta nomes e endereços
de homens entre 18 e 25 anos para uso na hipótese de emergência nacional que requeira
aumento rápido de contingente nas Forças Armadas.

Tal registro, que pode ser feito on-line2, não significa que o indivíduo
esteja se tornando militar, nem que esteja se alistando para o serviço junto às Forças
Armadas, muito menos que ele será convocado, uma vez que ninguém foi convocado
desde 19733.

Assim, alega-se que a justificativa para a realização do alistamento militar


no Brasil, ainda que fique estabelecida a facultatividade do serviço militar, decorre da
necessidade de criação de uma reserva de cidadãos para a hipótese de necessidade de
convocação em situação de guerra. No entanto, é de conhecimento geral que, atualmente,
com a comunicação, integração e compartilhamento de dados do portal Gov.BR e outras
plataformas governamentais, o poder público dispõe de meios mais eficientes para a
criação e atualização das bases de dados da aludida reserva sem a necessidade de tanta
burocracia.

Outro fator que ressalta a prescindibilidade do alistamento e do serviço


militar obrigatório à atual realidade brasileira, consoante matéria publicada pela BBC
News Brasil – calcada em estudo realizado pela Universidade de Oxford (Inglaterra), o
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento da Universidade de São Paulo (USP) e as
universidades federais de São Carlos (UFSCar), de Minas Gerais (UFMG) e de
Pernambuco (UFPE), – é o fato de que 47,5% dos brasileiros entre 16 e 26 anos avaliam
seguir uma carreira militar nas Forças Armadas.

Essa realidade se acentuou sobretudo em decorrência da crise financeira


no Brasil, iniciada em 2014, aliada à pandemia do coronavírus, durante os anos de
2020/2021, que elevou a taxa de desemprego, estimulando muitos jovens a encontrarem
no serviço militar uma possibilidade de emprego estável, com salário garantido todo mês

2 Disponível em: <https://www.usa.gov/selective-service>. Acesso em 22 mar. 2023.


3 Disponível em: <https://br.usembassy.gov/pt/u-s-citizen-services-pt/registro-de-servicos-seletivos/>.
Acesso em 22 mar. 2023.

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e o equivalente à aposentadoria para os que sigam carreira. Entre homens, o percentual


dos interessados em entrar para Marinha, Aeronáutica ou Exército chega a 50,5%. Entre
mulheres, ele é de 44,9%.

O serviço militar é a forma como o Estado, na acepção de país-nação,


concita seus cidadãos para o esforço coletivo de defesa da soberania, que implica a
integridade territorial, política, socioeconômica e, no limite, a própria existência do
Estado.

Embora alguns Estados não possuam Forças Armadas 4, é razoável que


possuam uma força de vigilância, forças policiais ou que sua segurança seja
proporcionada por outro país que lhe dê proteção.

Assim, fatores que contribuem para a necessidade da existência de forças


armadas em um país são: sua grande extensão territorial; seu elevado contingente
populacional; suas riquezas naturais, principalmente se escassas em outros países; sua
importância geoestratégica no âmbito global, continental ou regional; seu
desenvolvimento econômico e tecnológico comparado com o de seus vizinhos, nesse
caso, especialmente no tocante a forças militares e armamentos de terra, mar e ar; a
existência de países vizinhos inimigos historicamente, belicosos ou com os quais
remanesçam questões de fronteira ou de conformação étnica; sua importância
sociocultural e geopolítica no concerto das nações, dentre outros possíveis e variados
fatores secundários.

Para a manutenção das forças armadas é necessária a existência de


militares, profissionais ou não, prontos para a atividade de defesa. A profissionalização
dos exércitos ocorreu durante a Revolução Francesa em 1789, com a instituição do
serviço militar obrigatório. Alguns países adotam o conceito de “nação em armas”, como
Suíça, Israel e Suécia, havendo aqueles que ainda admitem o serviço de mercenários, isto
é, estrangeiros a soldo, em geral especialistas em táticas militares, armas e explosivos,
como ocorre atualmente na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A prestação do serviço militar existe nas modalidades compulsória ou


facultativa, nos diversos países, com extensa variação na forma e duração dessa prestação,

4 Países que não possuem forças armadas: Costa Rica, Liechtenstein, Samoa, Islândia, Andorra, Dominica,
Tuvalu, Vaticano, Granada, Kiribati, Santa Lúcia, Ilhas Salomão, Ilhas Marshall, Palau, Vanuatu, Panamá,
Mônaco, Maurícia (Ilhas Maurício), São Vicente e Granadinas, e Nauru. Disponível em:
<https://www.terra.com.br/amp/story/noticias/educacao/paises-que-nao-possuem-forcas-
armadas,e61e4904c21dc78519c5b6ef5ad0b26fzkyyp90e.html>. Acesso em 22 mar. 2023.

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não importando, necessariamente, o tamanho ou importância econômica ou geopolítica


dos países que adotam uma ou outra modalidade.

No Brasil o serviço militar é tradicionalmente obrigatório, dispondo, a lei


ordinária, de várias vedações ao exercício da cidadania aos homens que não estiverem
com a situação militar em dia.

Houve, contudo, várias proposições legislativas buscando alterar tal


sistema, que, no entanto, não prosperaram,.

Alguns trabalhos de caráter acadêmico ou técnico abordaram o tema, a


exemplo do estudo elaborado no âmbito desta Consultoria Legislativa, intitulado
“Serviço militar obrigatório versus serviço militar voluntário – o grande dilema” de autoria
de Fernando Carlos Wanderley Rocha e Sérgio Fernandes Senna Pires, consultores
legislativos da Área XVII – Segurança Pública e Defesa Nacional, que consta do acervo
da Biblioteca Digital desta Casa 5, tendo sido publicado, ainda, nos Cadernos Aslegis, da
Associação dos Consultores Legislativos e de Orçamento e Fiscalização Financeira da
Câmara dos Deputados.6

Diante de hipotética aprovação de uma PEC para alterar a redação do art.


143 instituindo a facultatividade do serviço militar em tempo de paz, haveria espaço para
uma mudança? Essa mudança poderia garantir recrutamento com indivíduos mais
dispostos e comprometidos com o ideal das Forças Armadas e da nossa Nação,
priorizando-se quem tem qualificação e vocação para o serviço militar, restando
viabilizada, ainda, nova regulamentação quanto ao ingresso nas Forças Armadas? Esse
novo formato seria capaz de garantir o direito à igualdade de oportunidades, sem
discriminações de gênero, cor, raça ou idade, levando-se em conta unicamente os
critérios técnicos necessários no processo de alistamento militar e eventuais dispositivos
legais específicos que estabeleçam critérios de inclusão na fila de prioridade para as vagas
abertas para jovens em instituições de acolhimento ou em situação de pobreza extrema,
por exemplo? Seria possível estabelecer normas de transparência e publicidade em todas
as etapas do processo de seleção para ingresso no serviço militar, assegurando-se, ainda, a
observância aos princípios da impessoalidade e da moralidade?

5 Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/11380>. Acesso em: 8 mar. 2023.


6 Cadernos Aslegis. Brasília, v. 8, n. 24, p. 61-100, set/dez 2004, edição então quadrimestral. Texto
digitalizado disponível em: <https://www.aslegis.org.br/files/cadernos/2004/Caderno24/6.pdf>. Acesso
em: 8 mar. 2023.

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É o que se busca responder, considerando a significativa redução de


custos com a realização do alistamento militar, mediante o estabelecimento de regras para
que o cadastro e atualização de dados visando à criação de reserva para caso de
mobilização seja realizado por meio da comunicação, integração e compartilhamento de
dados entre sistemas governamentais.

Buscaremos, para tanto, traçar um panorama da situação atual, mediante


posicionamento acerca da terminologia empregada, análise no âmbito do direito
comparado, trabalhos a respeito do tema, proposições legislativas pertinentes, hipótese de
prestação do serviço militar nos órgãos militares estaduais, finalizando com as
considerações sintetizantes desse apanhado.

2 QUESTÕES TERMINOLÓGICAS

Inicialmente convém esclarecer que a terminologia empregada para a


modalidade do serviço militar o classifica como obrigatório ou voluntário, isto é, “serviço
militar obrigatório” (SMO) ou “serviço militar voluntário” (SMV). Na língua inglesa as
expressões equivalentes são “compulsory military service” e “voluntary military service”,
respectivamente.

Entendemos que a terminologia poderia ser mais adequada à semântica


dos termos empregados. Assim, em vez de ‘obrigatório’, a legislação brasileira poderia ter
adotado o vocábulo ‘compulsório’, correspondente ao empregado na língua inglesa. Já a
alteração da modalidade seria mais bem definida pelo vocábulo ‘facultativo’, em vez de
‘voluntário’, uma vez que tanto numa quanto noutra modalidade há as pessoas
voluntárias à prestação do serviço militar.

Isto é, a existência de um serviço militar, corolário da existência de forças


armadas em um país soberano, é praticamente obrigatório, no sentido de ser necessário.
Já a prestação do serviço militar é que deve ser distinguida entre ser compulsória ou
facultativa.

Nossa opção terminológica se baseia na melhor técnica legislativa,


segundo a qual não convém empregar o vocábulo ‘obrigar’ e seus cognatos (obriga,
obrigação) ou expressões equivalentes, como “torna obrigatório”, no texto legal,
conforme exporemos a seguir.

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Sabe-se que a lei, isto é, a norma legal, em tese, possui como atributos
principais, dentre outros, a generalidade, a permanência e a autoexecutoriedade. Desses
atributos, a autoexecutoriedade pressupõe a desnecessidade de uma ordem para que a lei
seja cumprida, isto é, seu conteúdo é autossuficiente, após a aprovação, promulgação e
publicação, ressalvadas as normas que requeiram regulamentação.

Assim, não se utiliza mais a prática comum existente durante o período


colonial e o Império, quando, no texto da lei, antes da cláusula revogadora implícita e
inútil “revogam-se as disposições em contrário”, que atualmente é vedada por lei 7, havia a
cláusula reforçadora, a exemplo da existente no final do Código Comercial de 1850 8,
ainda em vigor: “mandamos portanto a todas as Autoridades, a quem o conhecimento, e
execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir, e guardar tão
inteiramente, como nela se contém”.

‘Obrigação’, portanto, advém de convenção entre as partes (contrato),


enquanto ‘dever’ é oriundo da lei, cominando sanção (penal) ou estabelecendo ônus
(sanção não-penal, isto é, administrativa ou civil). A lei torna algo ‘devido’, não
‘obrigatório’.

Isto ocorre porque a norma estabelece direitos, facultando seu exercício


(verbo ‘poder’), confere poderes (verbos ‘dever’ ou ‘poder’) ou deveres (verbo ‘dever’),
jamais obrigações, não prevendo o que vai acontecer. Os direitos geralmente são
dirigidos aos administrados, enquanto os poderes-deveres, ao administrador-gestor.
Obrigações, portanto, são oriundas de contrato entre pessoas (físicas ou jurídicas), não
derivam da lei. O que deriva da lei é um dever, um direito ou uma faculdade.

Do exposto, se deduz que o legislador, seguindo a técnica legislativa, deve


evitar, então, termos e expressões como ‘obriga’, “torna obrigatório”, ‘exige’, ‘impõe’ etc.

7 Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998 (Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a
consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e
estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona). Vide art. 9º, bem como seu
regulamento, art. 18, § 1º. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp95.htm>.
Acesso em 1º mar. 2023. As normas mencionadas neste trabalho, mesmo tendo sido referenciadas, podem
ser facilmente localizadas nos Portais da Câmara dos Deputados (<http://www2.camara.leg.br>), módulo
‘Legislação’ (permitindo acesso à proposição geradora) e do Senado Federal (<www.senado.leg.br>),
módulo ‘Atividade Legislativa/Legislação/ Pesquisa de Legislação’, assim como nos portais governamentais
da Presidência da República (<www.planalto.gov.br>), módulo ‘Acervo/Legislação’ e da Rede de
Informação Legislativa e Jurídica (<www.lexml.gov.br>), opção ‘Legislação’. Veja também Como Pesquisar
Legislação no Portal da Câmara.
8 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM556compilado.htm>. Acesso em: 1º

mar. 2023.

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Pode empregar, contudo, os termos ‘faculta’, ‘permite’ etc. Embora a norma possa impor
deveres (coerção), ela o faz de forma que o administrado fica livre para cumpri-los, sob a
pena de sanção (coação). Quanto aos direitos-deveres, há o dever (de fazer) e o direito
(de como fazer). Faculdade é tudo que se pode fazer por não estar estabelecido em lei, no
sentido de admitir – pois às vezes a lei é redundante, ao positivar o que não é proibido –,
vedar ou até penalizar. Isso porque a própria norma constitucional, ao tratar dos direitos
e deveres individuais e coletivos, no título dos direitos e garantias fundamentais,
estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei” (art. 5º, inciso II).

Noutra perspectiva, ‘obrigação’ é o encargo que as pessoas assumem por


vontade própria. Curiosamente, ninguém é obrigado a assumir uma obrigação. Essa
assunção pode ser espontânea (sponte sua) ou voluntária.9 ‘Ônus’ é o encargo que a lei ou
o contrato determina às pessoas para a aquisição ou a manutenção de um direito, sob
uma sanção não-punitiva. Tanto o ‘dever’ quanto a ‘obrigação’ (objeto) gera um
responsável pelo seu cumprimento (sujeito). Pessoas obrigadas solidariamente são
coobrigados.

Superada, assim, a questão da terminologia, vejamos qual o arcabouço das


normas jurídicas que regulam o tema.

3 ARCABOUÇO NORMATIVO

No texto constitucional, o tema é tratado no art. 143 do Capítulo II (Das


Forças Armadas), que integra o Título V (Da Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas):

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.


§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos
que a lei lhes atribuir.10

9 Outra dificuldade semântica, visto que a ação voluntária pode não ser espontânea, isto é, há a adesão do
agente ao ato, mas essa adesão pode ser por indução de outrem, não algo oriundo da própria vontade
(espontâneo).
10 Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 8

mar. 2023.

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A norma de regência na matéria certamente é a Lei nº 4.375, de 17 de


agosto de 1964 – Lei do Serviço Militar (LSM) 11, regulamentada pelo Decreto nº
57.654, de 20 de janeiro de 1966.12

O serviço alternativo a que se refere o § 1º é regulamentado pela Lei nº


8.239, de 4 de outubro de 1991.13

Sobre o emprego das Forças Armadas, nos termos do § 1º do art. 142


(“Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no
preparo e no emprego das Forças Armadas”), regula a matéria a Lei Complementar
(LC) nº 97, de 9 de junho de 1999.14

Normas infralegais baixadas pelo Ministério da Defesa, pelo Estado Maior


das Forças Armadas e pelos Comandos das forças singulares (Marinha, Exército e
Aeronáutica) regulam aspectos específicos quanto ao disposto nas leis e regulamentos
mencionados, conforme permissivos deles constantes.

Outra noção importante é a diferença entre convocação e mobilização.


Convocação se dá àquela classe (ano de nascimento) de cidadãos sujeita ao alistamento
militar, que é compulsório nos termos da lei brasileira, uma vez que a regularidade para
com o serviço militar é condição para o exercício de vários atos da vida civil, nos termos
do art. 74 da LSM. Após a prestação do serviço militar, o cidadão é considerado
reservista das Forças Armadas, isto é, está sujeito à mobilização na hipótese de guerra,
nos termos do disposto no art. 84, inciso XIX da Constituição Federal. 15 A mobilização é

11 Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4375.htm>. Acesso em: 8 mar. 2023.


12 “Regulamenta a lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375, de 17 de agôsto de 1964), retificada pela Lei nº 4.754,
de 18 de agôsto de 1965”. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D57654.htm>. Acesso em: 8 mar. 2023.
13 “Regulamenta o art. 143, §§ 1º e 2º da Constituição Federal, que dispõem sobre a prestação de Serviço

Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório”. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8239.htm>. Acesso em: 21 mar. 2023.
14 “Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp97.htm>. Acesso em: 21 mar. 2023.


15 “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XIX – declarar guerra, no caso de

agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização
nacional; (...)”.

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14

regulada pela Lei nº 11.631, de 27 de dezembro de 200716, regulamentada pelo


Decreto nº 6.592, de 2 de outubro de 2008. 17

4 DIREITO COMPARADO

Vejamos como é tratada a matéria no âmbito do direito comparado.

Na Alemanha, a chamada para o serviço militar voluntário é “uma


oportunidade, não uma obrigação”. Com a suspensão do serviço militar obrigatório em
2011, a Bundeswehr18 foi transformada num exército de voluntários, sendo cerca de 8 mil
anualmente no serviço militar inicial. A introdução do serviço militar voluntário esteve no
centro desta transformação. Este serviço combina o envolvimento cívico com o
conhecimento das forças armadas e a vida como soldado.

Com um período de alistamento entre 7 e 23 meses, as pessoas


interessadas têm a oportunidade de conhecer as forças armadas sem terem de assumir de
imediato um compromisso de longo prazo. Os primeiros seis meses são um período
probatório durante o qual qualquer uma das partes pode dar um aviso de rescisão. Para
poder cumprir o serviço militar voluntário, é necessário ter pelo menos 17 anos de idade,
ter completado o ensino obrigatório a tempo inteiro e ter a cidadania alemã. Os
candidatos devem também estar dispostos a participar em operações no estrangeiro após
a conclusão da formação.19

Na Argentina o serviço militar voluntário é regulado pela Lei nº 24.429,


de 14 de dezembro de 1994. Abrange homens e mulheres natos ou naturalizados,
solteiros, voluntários, com idade entre 18 e 24 anos.

Os voluntários têm direito a assistência e benefícios, obtendo condições


especiais ou contando pontos para ingresso na administração pública nacional nos três

16 “Dispõe sobre a Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização – SINAMOB”.


Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11631.htm>. Acesso
em: 21 mar. 2023.
17 “Regulamenta o disposto na Lei no 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização

Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização – SINAMOB”. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Decreto/D6592.htm>. Acesso em: 21 mar.
2023.
18 Bundeswehr são as Forças Armadas unificadas da Alemanha e sua administração civil e autoridades de

aprovisionamento. Os estados da Alemanha não estão autorizados a manter forças armadas próprias, já que
a Lei Fundamental da Alemanha estipula que as questões de defesa são de única responsabilidade do
governo federal. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bundeswehr>. Acesso em: 21 mar. 2023.
19 Disponível em: <https://www.bundeswehr.de/en/about-bundeswehr/ranks-and-careers/voluntary-
military-service>. Acesso em: 21 mar. 2023.

Claudionor Rocha
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15

poderes e aos serviços policiais, bem como para aquisição de casa própria. A lei incentiva
províncias e municipalidades a concederem benefícios semelhantes. Os voluntários têm
facilidade para ingresso nas escolas militares e contam o tempo de serviço para
aposentadoria. O voluntário pode prosseguir na carreira militar até os 28 anos de idade.

A lei permite a convocação se não houver voluntários suficientes,


permitindo a prestação do serviço social substituto, aos objetores de consciência, em
atividades de proteção e defesa civil, serviços sanitários, sociais ou educativos,
conservação do meio ambiente, melhoria do meio rural e proteção da natureza. 20

Na Austrália uma pessoa não deve ser convocada para servir nas Forças
Navais Cidadãs ou na Força Aérea Cidadã, a menos que tenha se oferecido para servir
além dos limites da Austrália. Entretanto, no serviço de defesa os homens são
compulsoriamente alistáveis e sujeitos à prestação do serviço militar nas Forças Militares
Cidadãs, dos 18 aos 26 ou 30 anos de idade, conforme o caso, podendo se voluntariar aos
17 anos. O serviço é prestado por 176 dias durante os cinco anos após o alistamento.

São isentos do serviço militar os religiosos e estudantes de formação


religiosa, bem como os objetores de consciência, além dos incapazes, física ou
mentalmente, nesse último caso, como em praticamente todos os países. Não obstante,
os objetores de consciência poderão servir como não-combatentes. Como em outros
países, inclusive o Brasil, os arrimos de família também podem ser isentos. 21

É concedido, como na lei brasileira, o direito de o empregado retornar ao


emprego após a prestação do serviço militar, e nele permanecer pelo menos por tempo
igual ao período desta.22

No Canadá o serviço militar é voluntário, mas há uma exceção na Section


275 do National Defense Act:

275 As Forças Canadenses, qualquer unidade ou outro


elemento das mesmas e qualquer oficial ou membro não-
comissionado, com material, são susceptíveis de serem chamados a
prestar serviço em auxílio do poder civil em qualquer caso em que

20 Disponível em: <http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/0-4999/802/norma.htm>.


Acesso em: 21 mar. 2023.
21 “Arrimo de família” é uma expressão muito utilizada na linguagem popular. Significa a pessoa que sustenta

a família, sendo muitas vezes a única que trabalha, como o órfão de pai que sustenta a mãe e irmãos
menores, por exemplo.
22 Disponível em: <http://classic.austlii.edu.au/au/legis/cth/num_act/nsa195121951200/>. Acesso em: 21

mar. 2023.

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16

um motim ou perturbação da paz, para além dos poderes das


autoridades civis para suprimir, impedir ou lidar com e exigir esse
serviço, ocorra ou seja, na opinião de um procurador-geral,
considerado como provável que ocorra. 23

Na França o assunto é regulado pelo Decreto n° 2008-955, de 12 de


setembro de 2008, relativa aos voluntariados militares. O voluntariado é permitido dos 16
aos 26 anos de idade, para o período de um ano, podendo ser por períodos de pelo
menos um mês de duração, intercalados por no máximo nove meses consecutivos. O
período inicial de treinamento é de três meses para um contrato de doze meses, ou de
seis meses para contrato de maior duração, após os quais se tornam definitivos. Tais
períodos podem ser renovados por nove a doze meses, respectivamente.

O serviço é regulado pelo Ministro da Defesa, para as Forças Armadas, ou


pelo Ministro do Interior, para o serviço na gendarmaria nacional (Gendarmerie),
corporação policial assemelhada à polícia militar no Brasil. As promoções iniciais
dependem do tempo de serviço prestado. Os cidadãos dos territórios ultramarinos
podem prestar o serviço militar adaptado, como estagiário durante dois meses, podendo
ser prorrogado para uma duração total de nove meses. 24

Na Espanha, o Decreto Real nº 247/2001, de 9 de março, antecipou a


suspensão do serviço militar [obrigatório] de 31 de dezembro de 2002 para 31 de
dezembro de 2001.25

Nos Estados Unidos da América o serviço voluntário foi instituído em


1973, mas desde 1980 há o sistema de serviço seletivo, espécie de alistamento
compulsório para quase todos os homens de 18 a 25 anos de idade, incluindo imigrantes
residentes nos EUA. Os homens são chamados numa sequência determinada por número
de loteria aleatória e ano de nascimento, quando são examinados quanto à sua aptidão
mental, física, e moral para o serviço militar. A maioria tem a prestação do serviço militar
adiada ou fica isenta.

Quem estiver sujeito e não se inscrever deixa de ser elegível para ajuda de
estudante com base na lei de muitos Estados, para formação profissional federal, ou para

23 Disponível em: <https://laws-lois.justice.gc.ca/eng/acts/N-5/page-39.html>. Acesso em: 21 mar. 2023.


Assim como os demais documentos em língua estrangeira mencionados no presente estudo, esta passagem
foi traduzida com a versão gratuita do tradutor - www.DeepL.com/Translator.
24 Disponível em: <https://www.legifrance.gouv.fr/loda/id/LEGITEXT000019485145/>. Acesso em: 21

mar. 2023.
25 Disponível em: <https://www.boe.es/buscar/doc.php?id=BOE-A-2001-4711>. Acesso em: 21 mar. 2023.

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17

seleção a um emprego federal. Pode ser processado e pode ficar sujeito a multa de até
US$250.000 e pena de prisão de até cinco anos. Se for imigrante para os EUA, não será
elegível para cidadania. Se nunca se registrou e lhe estão sendo negados benefícios
federais ou estaduais, poderá ainda assim conseguir obtê-los. Para tanto, deve apresentar
provas de que não evitou intencionalmente o registro.26

Nas Filipinas, o assunto é tratado pelo meticuloso Republic Act no. 7077,
June 27, 1991.27 O Serviço é prestado por homens entre 18 e 35 anos, por um período de
24 meses, sendo 6 de treinamento e 18 de serviço ativo. Há reservistas de primeira,
segunda e terceira categorias, conforme a idade, de 18 a 35 anos, de 36 a 51 anos e com
mais de 51 anos, respectivamente.

São dispensados os clérigos, membros das polícias, pilotos, navegadores e


oficiais da marinha mercante. Podem ter a prestação do serviço militar adiada os arrimos,
os inscritos em órgãos de formação de oficiais da reserva (ROTC), estudantes de seitas
religiosas, estudantes do ensino secundário (por até um ano, até a conclusão) e servidores
públicos.

Interessante anotar que durante a Formação Militar Básica do Cidadão “o


curso de instrução incluirá, entre outros, matérias sobre virtudes morais, patriotismo,
disciplina, apoio e adesão à Constituição, e respeito pelos direitos dos civis”.

Há previsão de dois serviços auxiliares:

- Serviço Auxiliar Civil – O serviço auxiliar civil abrange os serviços


prestados para ajudar a manter a lei e a ordem, ajudar nas operações de salvamento e
socorro, participar em projetos de desenvolvimento socioeconômico, prestação de
serviços de saúde e qualquer outra atividade não militar. As reservistas do sexo feminino
terão uma maior participação a este respeito. Os reservistas a serviço desta categoria não
devem estar armados. Aqueles que tenham armas de fogo licenciadas só poderão ser
autorizados a transportar armas de fogo quando estiverem efetivamente exercendo
funções de manutenção da paz e da ordem, desde que as autoridades competentes
instituam medidas de controle adequadas relativamente ao porte e utilização de armas de
fogo. Em caso algum os reservistas poderão ser investidos de poderes policiais.

26 Disponível em: <https://www.usa.gov/selective-service>. Acesso em: 21 mar. 2023.


27 “Um ato que prevê o desenvolvimento, administração, organização, formação, manutenção e utilização da
Força Armada Cidadã das Forças Armadas das Filipinas e para outros fins”.

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18

- Serviço Auxiliar Militar – O serviço auxiliar militar abrange os serviços


prestados para fazer face à ameaça de insurreição local. Os reservistas que servem sob
essa categoria serão organizados em unidades de Reserva Pronta. Devem ser emitidos e
autorizados a transportar armas de fogo desde que estes reservistas sejam empregados
apenas para a defesa das suas respectivas localidades e não sejam empregados fora das
suas localidades. Espera-se que os funcionários eleitos/nomeados do governo local
desempenhem as suas funções e responsabilidades nos seus respectivos conselhos de paz
e ordem ou organizações similares de forma eficiente e eficaz, a fim de melhorar uma
abordagem de sistema totalmente integrada contra ameaças à segurança nacional. 28

A legislação da Nova Zelândia (Volunteers Employment Protection Act 1973)


prescreve que:

No início da aplicação da presente Lei nenhuma pessoa


será sujeita a qualquer outra responsabilidade para realizar ou
submeter-se a formação ou serviço militar obrigatório, ou para se
registrar, ou para se submeter a exame médico, em virtude de
qualquer responsabilidade que tenha surgido ao abrigo da Lei do
Serviço Militar Nacional de 1961.29

O serviço militar em Portugal, é regulado pela Lei n.º 174/99, de 21 de


setembro, segundo a qual “em tempo de paz, o serviço militar baseia-se no voluntariado”.
Outros conceitos interessantes da lei são: “a defesa da Pátria é direito e dever
fundamental de todos os portugueses” e “constitui ainda objectivo do serviço militar a
valorização cívica, cultural, profissional e física dos cidadãos”.

A exemplo da lei brasileira, embora com denominações distintas, as


situações abrangidas pelo serviço militar português são: serviço efetivo, reserva de
recrutamento (não-reservistas, dos 18 aos 35 anos) e reserva de disponibilidade
(reservistas, até seis anos depois do serviço militar).

O serviço efetivo compõe-se dos quadros permanentes, os em regime de


contrato e os em regime de voluntariado (recrutamento normal), este por doze meses,
após o qual, o interessado pode ingressar em regime de contrato (recrutamento especial).
Há, ainda, o recrutamento excepcional, nas hipóteses de convocação ou mobilização. O
recenseamento militar, equivalente ao alistamento militar da lei brasileira, é compulsório

28 Disponível em: <https://www.officialgazette.gov.ph/1991/06/27/republic-act-no-7077/>. Acesso em: 21


mar. 2023.
29 Disponível em: <https://www.legislation.govt.nz/act/public/1973/0025/latest/DLM410480.html>.
Acesso em: 21 mar. 2023.

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19

aos cidadãos ao completarem dezoito anos de idade. O recrutamento equivale à


conscrição da lei brasileira, sendo a designação para as unidades militares chamada de
alistamento. Após a incorporação e a instrução militar, inicia-se o “período nas fileiras”.

O serviço efetivo em regime de contrato tem a duração mínima de dois


anos e a máxima de seis anos. Podem ser criados, por decreto-lei, regimes de contrato
com a duração máxima de até vinte anos para situações funcionais cujo grau de formação
e treino, tipo de habilitações acadêmicas e exigências técnicas tornem desejável uma
garantia de prestação de serviço mais prolongada.

As idades limite de ingresso para a candidatura ao regime de contrato, são:


1) de 30 anos, para os cidadãos possuidores de licenciatura em Medicina, habilitados com
o internato geral; 2) de 27 anos, para cidadãos possuidores de habilitação acadêmica com
grau de bacharelado ou licenciatura; e 3) de 24 anos, para os restantes.

A convocação, na hipótese de necessidade das Forças Armadas, pode ser


feita para período de quatro meses prorrogáveis até ao máximo de doze meses. Os
cidadãos nas situações de reserva de recrutamento e de disponibilidade podem ser
mobilizados para prestarem serviço militar efetivo nas Forças Armadas em casos de
exceção ou de guerra.

Há várias hipóteses de obtenção de adiamento do serviço, como os


religiosos e arrimos de família (filhos ou enteados menores de dez anos). 30 A dispensa de
incorporação é possível para quem tiver um irmão convocado; filho ou irmão de militar
falecido em campanha ou deficiente; presos; e enfermos de longo prazo.

A exemplo de praticamente todas as legislações pertinentes, o militar


convocado tem direito a alojamento, alimentação, transporte e fardamentos gratuitos.
Nenhum cidadão pode ser prejudicado na sua colocação, nos seus benefícios sociais ou
no seu emprego em virtude do cumprimento dos deveres militares estabelecidos na lei.

Todo o tempo de serviço militar efetivo nas Forças Armadas é contado


para efeitos de promoção, aposentação ou reforma e não prejudica outras regalias
conferidas por estatutos profissionais ou resultantes de contrato de trabalho. Há
incentivos ao regime de contrato, como apoio para formação acadêmica, formação e

30 São “amparo de família” os cidadãos que tenham a seu exclusivo cargo cônjuge, ascendente, descendente,
irmão ou sobrinho incapacitados, ou com menos de dezoito anos de idade, desde que não emancipados, ou
ainda pessoa que os tenha criado e educado, e que comprovadamente não tenham meios de prover à sua
manutenção. Equivalem aos arrimos de família na tradição brasileira.

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20

certificação profissional, compensações financeiras e materiais, apoio à inserção ou


reinserção no mercado de trabalho, preferência em concursos e apoio social (aquisição de
habitação própria; e pensão quando prestarem vinte anos de serviço). 31

No Reino Unido o serviço militar ‘obrigatório’ acabou em 1960. Em


junho de 1945 começou o processo de desmobilização dos milhares de homens e
mulheres que tinham servido nas forças durante a guerra. O governo tinha começado os
preparativos para tal em 1944 com o Reinstatement in Civil Employment Act que permitia a
homens e mulheres reclamar de volta os seus antigos empregos na vida civil, desde que o
seu empregador ainda estivesse em atividade.

Havia ainda uma necessidade urgente de manter elevados níveis de mão-


de-obra militar em partes do mundo onde a Grã-Bretanha tinha fortes compromissos
contínuos – na Alemanha, Palestina e Índia. O governo concluiu que estes requisitos só
poderiam ser satisfeitos eficazmente através da continuação do Serviço Nacional em
tempo de paz. Isto não era, contudo, popular, especialmente porque a Grã-Bretanha já
não estava em guerra.

Foi, portanto, com dificuldade que o governo trabalhista de Clement


Attlee convenceu o Parlamento, em 1947, a aprovar a Lei do Serviço Nacional, que
entrou em vigor em janeiro de 1949 e significava que todos os homens fisicamente aptos
entre os 17 e 21 anos de idade tinham de servir numa das forças armadas durante um
período de 18 meses, permanecendo na lista de reserva por mais quatro anos.

Durante este período, eram susceptíveis de serem chamados a servir com


as suas unidades, mas não mais do que três vezes, durante vinte dias no máximo. Os
estudantes e aprendizes foram autorizados a adiar a sua convocação até completarem os
seus estudos ou formação. Os objetores de consciência tinham de se submeter aos
mesmos testes do tribunal que em tempo de guerra. Após 1945, porém, o Serviço
Nacional não se estendeu às mulheres.

Em 1950, uma outra Lei de Serviço Nacional prolongou o período de


serviço para dois anos. Durante a década de 1950, os militares nacionais participaram em
várias operações militares na Malásia, Coreia, Chipre e Quênia. O Serviço Nacional

31 Disponível em: <https://dre.pt/dre/detalhe/lei/174-1999-558204>. Acesso em: 21 mar. 2023.

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21

terminou em 1960, embora os períodos de serviço diferido ainda tivessem de serem


completados. Os últimos militares nacionais foram dispensados em 1963. 32

Da compilação acima realizada, percebe-se que os sistemas de serviço


militar dos países em geral são muito parecidos, não obstante a eventual diferença da
modalidade, se compulsório ou facultativo.

Analisaremos, nos próximos tópicos, a base doutrinária sobre o serviço


militar e as proposições legislativas em tramitação na Câmara dos Deputados tratando da
matéria.

5 BASE DOUTRINÁRIA

A base doutrinária acerca do serviço militar influi na atualização do


ordenamento jurídico a respeito e é por ele influenciada. Dada a longevidade da
modalidade de prestação compulsória do serviço militar na maioria dos países e, também,
no Brasil, é ligeiramente escassa a doutrina a respeito.

Segundo prescreve a Política Nacional de Defesa (PND), em seu item 7


(Orientações), no subitem 7.3, “o Serviço Militar Obrigatório é a garantia de participação
de cidadãos na Defesa Nacional e contribui para o desenvolvimento da mentalidade de
defesa no seio da sociedade brasileira”.33

Outra versão do documento, que reúne a PND e a Estratégia Nacional de


Defesa (END), cuja atualização tramita no Congresso Nacional, detalha, à página 35, no
item 2 (Concepção estratégica de defesa), essa orientação, nos seguintes termos:

O Brasil deve estar em condições de ampliar rapidamente seus


recursos humanos e meios materiais disponíveis em prol da Defesa
Nacional. Nesse sentido, os investimentos em capacitação são
pressupostos essenciais para a obtenção de recursos humanos
qualificados. Já o Serviço Militar Obrigatório é a garantia de
participação dos cidadãos como instrumento da mobilização para afirmar
a unidade nacional e contribuir para o desenvolvimento da mentalidade
de defesa no seio da sociedade brasileira. 34 [sem destaque no original]

32 Disponível em: <https://www.parliament.uk/about/living-heritage/transformingsociety/private-


lives/yourcountry/overview/nationalservice>. Acesso em: 21 mar. 2023.
33 Disponível em: <https://www.gov.br/defesa/pt-br/arquivos/2012/mes07/pnd.pdf>. Acesso em: 23 mar.

2023.
34 Disponível em: <https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/copy_of_estado-e-
defesa/pnd_end_congresso_.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2023.

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22

No item 3 (Fundamentos), o subitem 3.4 (Recursos Humanos) reforça a


tese do serviço militar obrigatório:

No que se refere aos recursos humanos, deverá ser mantida uma


reserva qualificada e em condições de ser convocada para atuar em prol
da defesa da Pátria, quando necessário. Nesse contexto, deverá ser
mantido o caráter obrigatório do Serviço Militar, por ser uma das
condições para que se possa mobilizar a população brasileira em defesa
da soberania nacional, além de servir como instrumento de integração,
de coesão e de afirmação da unidade nacional, independentemente de
classes sociais, uma vez que gera oportunidades de aprimoramento
pessoal e profissional e incentiva o exercício da cidadania.
(...) O Serviço Militar Obrigatório deverá ser empregado de
acordo com critérios estabelecidos no âmbito das Forças Singulares, em
função das características e necessidades funcionais e profissionais de
cada uma delas. Entretanto, deverá ser observado seu caráter educativo,
social e profissionalizante, de modo a entregar à sociedade cidadãos
comprometidos com o País e mais bem preparados para o mercado de
trabalho, e militares qualificados e motivados para bem servir à Pátria.
A composição dos efetivos deverá, pois, estar em consonância
com a política de emprego racional dos recursos humanos, sendo
imperativo buscar-se o equilíbrio entre o ingresso do militar de carreira e
o do militar temporário, visando equilibrar a necessidade de formação de
reservas e o atendimento das necessidades funcionais de cada Força. A
carreira militar, dado o seu caráter universal, exprime o conjunto da
sociedade brasileira, e deverá, portanto, manter seu acesso facultado a
todas as classes sociais (BRASIL, s/d(b), pp. 43-44). [sem destaques no
original]

Em seguida, o mesmo documento desdobra, no item 4 (Estratégias e


ações estratégicas de defesa), os chamados Objetivos Nacionais de Defesa (OND),
compostos por várias Estratégias de Defesa (ED), a que são incorporadas Ações
Estratégicas de Defesa (AED), com interseções entre os ED e a AED-15, visando a
orientar medidas a serem implementadas no sentido da consecução dos OND, dentre as
quais, as seguintes:

OND I – Garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade


territorial
(...) ED-4 Incremento da presença do Estado em todas as regiões do País
(...) AED-15 Aperfeiçoar o Serviço Militar Obrigatório.

OND II – Assegurar a capacidade de defesa para o cumprimento das


missões constitucionais das Forças Armadas
(...) ED-7 Desenvolvimento da capacidade de mobilização nacional
(...) AED-15 Aperfeiçoar o Serviço Militar Obrigatório.

OND IV – Preservar a coesão e a unidade nacionais


ED-4 Incremento da presença do Estado em todas as regiões do País
AED-15 Aperfeiçoar o Serviço Militar Obrigatório. [sem destaques
no original]

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23

No que se refere a trabalhos técnicos e acadêmicos a respeito, destacamos


o mencionado estudo de ROCHA e PIRES, que apresenta relevante conteúdo histórico,
além de considerações de cunho estratégico (Forças Armadas no contexto internacional;
tendências no pós-modernismo militar; temas internos ligados à defesa nacional; óbices
internos às Forças Armadas brasileiras).

Localizamos dentre os trabalhos com maior densidade, além do referido


estudo, a dissertação de mestrado de Paulo Roberto Loyolla Kuhlmann, intitulada “O
serviço militar, democracia e defesa nacional: razões da permanência do modelo
de recrutamento no Brasil”.35

Alguns outros artigos pertinentes de interesse são listados a seguir:

- “A convocação de civis e militares da reserva para o serviço ativo


nas Forças Armadas e nas Instituições”, de autoria Rodrigo Foureaux e Maurício José
de Oliveira, Disponível em: <https://www.observatoriodajusticamilitar.info/single-
post/2020/04/09/>. Acesso em: 29 mar. 2023.36

- “Reestruturação das Forças Armadas – Discutir é preciso” do


Coronel-Aviador Marcelo Heksher (Ideias em Destaque, Rio de Janeiro, n. 29, p.108-112,
2009, quadrimestral, disponível em <http://www.incaer.aer.mil.br/ideias_29.pdf>,
acesso em 16/7/2010).

- “Serviço militar obrigatório: uma reflexão sobre alguns aspectos


(in)constitucionais”, de Soel Arpini, Promotor de Justiça Militar da União (Boletim
Científico da Escola Superior do Ministério Público da União, Brasília, n. 27, p.45-75, 2008,
trimestral, disponível em <https://escola.mpu.mp.br/publicacoes/boletim-
cientifico/edicoes-do-boletim/boletim-cientifico-n-27-abril-junho-de-2008/servico-
militar-obrigatorio-uma-ref-lexao-sobre-alguns-aspectos-in-constitucionais>, acesso em 7
mar. 2023).37

- “Soldado profissional ou voluntário?”, de Orlando Pessanha

35 Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-17102006-


102857/publico/Servico_Militar_Paulo_Kuhlmann.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2023.
36 Disponível em: <https://www.observatoriodajusticamilitar.info/single-post/2020/04/09/>. Acesso em:

29 mar. 2023.
37 Nesse trabalho o autor lamenta que a instituição do serviço civil alternativo tenha ficado no papel, embora

previsto na Lei nº 8.239, de 4 de outubro de 1991, que disciplina a prestação do serviço civil alternativo,
conhecida como LPSA, regulamentada pela Portaria nº 2.681-Cosemi, de 28 de julho de 1992
(http://dsm.dgp.eb.mil.br/phocadownload/Legislacao/Servico_Militar_Inicial/Portarias/Ministerio_da_D
efesa/portaria nr 2.681-cosemi de 28 de julho de 1992.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2023.

Claudionor Rocha
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24

Encarnação Filho (Defesa nacional: revista de assuntos militares e estudo de problemas


brasileiros, v. 93, n. 807, pp. 32-43, jan./abr., 2007).

- “O Serviço auxiliar voluntário na Polícia Militar do Estado de São


Paulo: uma visão teleológica e conjuntural da função”, de Claudir Roberto Teixeira
de Miranda (A Força Policial, n. 49, pp. 49-63, jan./mar., 2006).

Do trabalho de ROCHA e PIRES, ao qual remetemos a leitura, extraímos


o trecho em que apontam as vantagens do SMV e as do SMO. Tendo em vista que o
objetivo deste estudo é apontar a viabilidade do SMV, não apontamos observações aos
argumentos pertinentes. Quanto às supostas vantagens do SMO faremos ligeiros
comentários após cada alínea, destacados em negrito e entre colchetes. 38

2.6. Argumentos a favor do Serviço Militar Voluntário


(...)Os seguintes argumentos podem ser alinhados como
diretamente a favor do SMV:
a) a desnecessidade de forças armadas em países de menor
projeção internacional;
b) os valores democráticos rejeitam que o indivíduo, pleno
na sua liberdade, a veja restringida pela obrigatoriedade de prestar
o serviço militar, pois a preservação da sua liberdade e o direito ao
seu próprio corpo são as mais importantes razões para não levar o
cidadão à prestação do SMO, que seria uma forma de escravidão
ou de servidão;
c) os armamentos tecnologicamente avançados levam a
uma equação em que as variáveis são a menor quantidade e a
melhor qualidade e na qual se pretende um soldado melhor
capacitado tecnicamente – numericamente mais difícil de ser
encontrado para recrutamento na população, ou que, quando
encontrado com padrão intelectual adequado para uma instrução
mais especializada, exigirá mais tempo para sua formação do que o
disponível para o treinamento dos recrutas;
d) atrai pessoal de melhor qualificação, uma vez que,
historicamente, no SMO a regra tem sido a convocação de
indivíduos de menor padrão de desempenho, enquanto as forças
armadas se ressentem de uma quantidade de recrutas
suficientemente qualificados, e não de uma quantidade inadequada
de recrutas;
e) as forças armadas com o seu recrutamento todo baseado
no voluntariado são formadas por indivíduos que querem estar ali,
desejosos de êxito, aumentam a qualidade geral, com melhor
rendimento e qualidade de vida do indivíduo, que se sente mais
gratificado;

38 Esclarecemos que as objeções não são dirigidas ao estudo dos autores, mas à concepção por eles
colacionada, advinda do pensamento militar predominante.

Claudionor Rocha
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25

f) as forças armadas podem, mais facilmente, excluir


militares de conduta inadequada à vida militar, enquanto no SMO a
manutenção dos convocados se faz muitas vezes para que a
indisciplina não se constitua em uma forma de fuga do serviço
militar;
g) uma força profissional de menor efetivo, baseada no
voluntariado, bem equipada e adestrada, seria mais eficiente e mais
barata; e
h) as Forças Armadas brasileiras praticamente já vivenciam
o SMV, seja pelo grande número de jovens que deseja servir, seja
porque está fácil eximir-se do SMO alegando imperativo de
consciência.
Indiretamente, por serem contrários ao SMO, outros
argumentos contribuem de modo favorável ao SMV:
a) o SMO só é mantido em países com mão-de-obra barata;
b) no SMO há um percentual muito baixo de pessoal com
padrão de desempenho satisfatório;
c) o SMO gera maior abundância de mão-de-obra militar,
fazendo com que os comandantes se tornem menos eficientes no
seu emprego e na avaliação dos riscos, gerando conseqüências nas
aplicações táticas e maior índice de mortalidade;
d) o SMO tira do emprego jovens que já estão
encaminhados no mercado de trabalho e retarda a inserção de
outros, que não conseguem emprego porque as empresas não
contratam jovens que estão na iminência de serem convocados e,
apesar do amparo da lei, que obriga à readmissão, o jovem que
deixou o seu emprego para a prestação do serviço militar, logo
depois é demitido;
e) o SMO, além de impopular, particularmente em um país
em guerra, provocando emigrações e fuga de mão-de-obra, gera a
interrupção do curso normal da vida de um jovem, obrigado a
adiar os seus estudos e planos outros, implicando em questões
sociais e em custos elevados para o indivíduo e para a sociedade;
f) muitos soldados do SMO, que não são profissionais,
depois de adestrados no uso das armas, são simplesmente
descartados pelas Forças Armadas, tornando-se profissionais do
mundo do crime (em nosso ponto de vista, esse problema, peculiar
a algumas cidades brasileiras, não é das Forças Armadas estarem
formando bandidos, mas resultado de questões sociais externas aos
muros do quartel, com a esmagadora maioria dos licenciados não
indo para a escola do crime); e
g) os quartéis e a defesa do País, no SMO, ficam
extremamente vulneráveis nos períodos que medeiam entre o
licenciamento de uma classe e a incorporação e o adestramento da
classe seguinte.
2.6. Argumentos a favor do Serviço Militar Obrigatório
A favor do SMO, normalmente são listados os seguintes
argumentos:
a) os direitos individuais de um cidadão, a sua segurança
pessoal, a sua liberdade e a democracia não estarão preservados em

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26

um país militarmente ocupado por outro; [É possível tornar a


prestação do serviço militar compulsória na hipótese de
guerra.]
b) representa uma oportunidade de todo cidadão introjetar
a noção de que tem obrigações para com a defesa da
independência, da soberania e da liberdade da nação como parte de
um esforço coletivo; [De acordo.]
c) o argumento de que o SMO só é mantido em países com
mão-de-obra obra barata não é necessariamente verdadeiro, pois
muitos países ricos ainda o mantêm; [O enunciado do
argumento é uma tendência seguida pelos países
democráticos.]
d) a todos obrigando, faz com que as forças armadas
reflitam os valores e interesses da sociedade a que servem, o que é
a melhor garantia de uma democracia; [O caráter universal da
prestação militar não se verifica na prática.]
e) ao trazer para as fileiras os filhos de classes mais bem
posicionadas na pirâmide social, estará fazendo com que pessoas
de maior influência nas decisões do país se aproximem da caserna,
contribuindo para o seu aprimoramento. [Essa realidade só é
comum no círculo dos oficiais.]
f) ajuda a moldar o caráter do cidadão e desenvolve o seu
espírito da prevalência do coletivo sobre o individual, do
cumprimento da missão, do serviço público, do dever para com a
comunidade, do patriotismo, de modo que os jovens, ao
concluírem seu tempo de serviço militar, estarão mais aptos ao
pleno exercício dos seus papéis sociais e melhor qualificados
profissionalmente, em condições de contribuir para a sociedade em
que vivem; [De acordo, embora haja críticas ao curto período
de formação e sua inespecificidade.]
g) permite que maior número de cidadãos tenha experiência
militar, o que aumenta os vínculos entre a sociedade civil e o
mundo castrense, entre o indivíduo e a comunidade em que ele é
cidadão, além de possibilitar a formação de uma reserva mais
numerosa para o caso de uma mobilização nacional, enquanto o
SMV aprofunda o fosso entre a sociedade e as suas Forças
Armadas; [A assertiva do trecho inicial é relativa,
especialmente no tocante aos recrutas, enquanto a do trecho
final não corresponde à realidade atual em que quase a
totalidade dos conscritos são voluntários.]
h) o recrutamento pelo SMO é mais democrático, porque é
universal, e socialmente mais justo e eqüitativo, porque obriga
jovens de todas as classes sociais a servir e a correr os mesmos
riscos, ou seja, é uma servidão que a todos iguala no cumprimento
do mais sagrado dever do cidadão: o de correr riscos pela sua
Pátria (no sistema de voluntariado o maior peso recai sobre as
classes média baixa e pobre); [O enunciado é teórico, pois na
prática a maioria é voluntária e oriunda dos estratos
socioeconômicos iniciais.]

Claudionor Rocha
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27

i) permite a formação de futuras lideranças civis


conhecedoras das peculiaridades da vida castrense, das missões, do
pensamento e dos valores das forças armadas, construindo
vínculos de confiança entre elas; [O enunciado se aplica
especialmente aos oficiais temporários, muito pouco aos
sargentos temporários e menos ainda aos recrutas.]
j) o SMO enxerga em cada cidadão um soldado em
potencial, movido pelo dever patriótico, enquanto o SMV leva o
indivíduo a enxergar o quartel como mais um lugar de trabalho, de
oportunidades para ganhar a vida, o que o aproxima dos
mercenários, e não para o exercício de um dever patriótico e da
carreira das armas; [O enunciado é teoricamente atrativo, mas
não corresponde à realidade.]
l) o cidadão-soldado no SMO, justamente por estar ali
obrigado, é mais questionador do que o voluntário, o que termina
sendo benéfico para o sistema como elemento fiscalizador; [De
acordo, em parte, haja vista a rígida disciplina a que fica
sujeito o voluntário do SMO, oriundo de classes humildes.]
m) o SMO representa o primeiro emprego-escola de
milhões de jovens (no caso específico do Brasil) em um mercado
de trabalho desfavorável diante dos grandes índices de
desemprego; [Aplica-se tanto aos voluntários atuais quanto
aos de um eventual SMV.]
n) o SMO permite mobiliar regiões mais inóspitas do País,
inclusive com pessoal de saúde que, tendo adiado o serviço militar,
depois de formado é convocado para lugares como o interior da
Amazônia; [De acordo, entretanto a lei pode exigir que os
profissionais desse segmento completem a insuficiência de
voluntários.]
o) no SMO há menor custo para manutenção de efetivos,
pois, em um país pobre como o nosso, em que não se pode ter
grandes efetivos prontos nos quartéis na proporção de que o país
necessita, a manutenção de um núcleo profissional responsável
pela preparação de uma reserva através do SMO é uma boa
solução (essa reserva, acompanhada com exercícios de
apresentação anual durante cinco anos, é a que será imediatamente
agregada ao núcleo profissional no caso de uma mobilização); [De
acordo, não obstante o tempo despendido pelos profissionais
para a formação do recruta em vez do próprio treinamento.]
p) não é, necessariamente, verdade que uma força
profissional de menor efetivo, baseada no voluntariado, bem
equipada e adestrada, seja mais eficiente e mais barata que a
provida pelo SMO (dependerá do país considerado e de suas
peculiaridades); [Correto, se aplicado a um país
tradicionalmente pacífico como o Brasil.]
q) o modelo do SMO está de acordo com a tradição
brasileira, com a opinião pública (exceto em algumas ilhas de
adversidade) sendo francamente favorável a esse sistema; [O
enunciado parte de uma argumentação aparentemente

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28

falaciosa, no sentido da continuidade de determinada prática


apenas porque é tradicional.]
r) O SMO é o adotado na grande maioria dos países com
forças armadas organizadas; [Atualmente a tendência é no
sentido contrário.]
Também a favor do SMO, por criticar o SMV, podem ser
buscados os seguintes argumentos:
a) o SMV acarreta maior permanência do militar nas
Forças, diminuindo a quantidade de cidadãos anualmente incluídos
na reserva mobilizável; [Com efeito, acarretando, porém, a
indesejável insuficiência da preparação, tanto do recruta,
quanto do profissional. Noutra perspectiva, a política atual
de recursos humanos das Forças Armadas é favorecer a
ampliação dos militares temporários e dificultar a aquisição
de estabilidade, gerando uma razoável rotatividade.]
b) no SMV, o soldado profissional (dependendo da solução
adotada) tem um custo muito maior do que o daquele que está
prestando o SMO, exigindo abonos e subsídios e outros incentivos
para o seu recrutamento e manutenção nas fileiras, além de
maiores dispêndios com a seguridade social; e [De acordo, em se
tratando de uma força profissional, mas não apenas como
prestação do serviço militar inicial. Argumento válido
também para a alínea ‘a’, acima.]
c) a manutenção de forças armadas profissionais, na
dimensão de que necessita o Brasil, teria um custo altíssimo; [De
acordo, se não houvesse a rotatividade da prestação do
serviço militar inicial.]
d) se adotado o SMV (dependendo da solução adotada),
poder-se-á ter um punhado de soldados envelhecidos, sem o
necessário vigor físico para ser empenhado em combate, com
questões de previdência social para esse militar e seus dependentes
(o que não ocorre hoje com os grandes efetivos de recrutas que
prestam apenas o SMO); [Idêntica objeção quanto à alínea ‘c’,
se se limitar à voluntariedade apenas no tocante à prestação
do serviço militar inicial.]
e) no SMV há uma maior permanência na caserna, levando,
quando do licenciamento, a uma maior dificuldade para adaptação
ao mercado de trabalho civil e correspondente reinserção, porque
há uma natural preferência por pessoas mais jovens, deixando
desempregados em uma faixa etária bastante crucial, na qual,
normalmente, já se terá constituído família; [Uma formação mais
alongada, em torno de dois anos, mesmo para a hipótese da
prestação do serviço militar inicial na modalidade facultativa,
permitiria dispor de uma reserva mais bem preparada, sem o
hiato da formação entre turmas e, quiçá, cidadãos
capacitados para o mercado do trabalho.]
f) nos países em que foi implantado o SMV, as
remunerações não são fator de atração para a quantidade de
pessoal necessária, particularmente para as funções mais
qualificadas; e [Dada a quantidade de voluntários que ocorre

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29

no Brasil, para a prestação do serviço militar inicial, a


remuneração, embora baixa, ainda é atrativa em razão da alta
taxa de desemprego. A lei pode tornar compulsória a
convocação para certas atividades.]
g) o desenho a que tendem as forças armadas dos países do
primeiro mundo, mais apto para as intervenções internacionais,
por não permitir o crescimento dos seus efetivos pela mobilização,
não atende à missão principal e prioritária tradicionalmente
atribuída a elas: a defesa do território contra agressões ou ameaças
externas (nesse caso, às Forças Armadas do Brasil deveriam ser
desenhadas para qual emprego?).[O efetivo mobilizável no
Brasil parece adequado, além do que o País vive uma
realidade geopolítica em que agressões ou ameaças externas
são remotas.]

Terminando este item, recomendamos, também, a leitura do trabalho de


Kuhlmann (2008), do qual extraímos subsídios para inserção das objeções acima, que o
autor maneja com maestria e fundado em dados objetivos, finalizando o trabalho com
pertinente bibliografia.

6 PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS

Neste tópico analisaremos as proposições legislativas, adiante listadas,


obtidas mediante pesquisa não exaustiva no Sistema de Informação Legislativa (Sileg) da
Câmara dos Deputados, bem como no site governamental Lexml – Rede de Informação
Legislativa e Jurídica (<https://www.lexml.gov.br/>). Tratam-se de propostas de
emenda à Constituição (PEC) e projetos de lei (PL) afins.

- PEC 301/2008, do Deputado Onyx Lorenzoni - DEM/RS e outros39 -


Altera o art. 143 da Constituição Federal. Aguardando designação. Aguardando
devolução de Relator que deixou de ser membro. A proposição foi relatada pelos
Deputados Mainha, William Dibb e João Campos, sucessivamente. 40

Art. 1º O art. 143 da Constituição Federal passa a vigorar


com as seguintes alterações:
“Art.143. .....................................................................................
§ 2º São isentos do serviço militar obrigatório em tempo de
paz:

39 O nome mencionado é sempre do autor intelectual do texto, primeiro signatário da PEC, cuja apresentação
exige a assinatura de, no mínimo, um terço dos membros da Câmara dos Deputados (171) ou do Senado
Federal (27), nos termos do art. 60, inciso I da Constituição. PL podem ser assinados por apenas um
parlamentar.
40 Neste trabalho, devido à quantidade, optamos por não mencionar a referência a cada proposição, cujo

conteúdo e tramitação podem ser obtidos no Portal da Câmara dos Deputados (<ww2.camara.leg.br>).

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30

I – as mulheres;
II – os eclesiásticos;
III – os que prestarem serviço nas Polícias Militares,
Corpos de Bombeiros e outras corporações encarregadas da
segurança pública, na forma da lei.
§ 3º A isenção prevista nos incisos I e II do § 2º não exclui
a prestação de serviços alternativos, na forma da lei.”

Na ocasião assim se manifestou o autor em sua Justificação:

Muito já se discutiu sobre o serviço militar obrigatório. Uns


defendem sua supressão, outros preferem a instituição de serviço
alternativo. No exterior, vários países mudaram a legislação,
atribuindo-lhe caráter voluntário. Assim na Argentina, Peru,
Inglaterra e Canadá. Outros países, como a Colômbia, optaram
pela solução aqui proposta, com os incorporados prestando
serviço em suas comunidades de origem. Além de maior integração
entre as forças militares e as populações envolvidas, a medida
reduziu sensivelmente o índice de criminalidade, com as
ocorrências de assaltos, seqüestros e homicídios, por exemplo,
caindo em torno de 78, 26 e 16 por cento, respectivamente.
Em parecer apresentado na Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania (CCJC), o Relator, Deputado William Dib, referindo-se ao PL nº 365/2011, de
sua autoria, assim se manifestou em seu voto [emenda substitutiva a seguir]:

(...) A proposta de emenda sob exame não é tendente a


abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto,
universal e periódico, nem a separação dos Poderes ou os direitos e
garantias individuais, porém pode ser interpretada numa violação
do pacto federativo no sentido de retirar um serviço de defesa
nacional, que é exclusivo da União, e atribuir concorrentemente
para os Estados e o Distrito Federal. Neste ponto merece ser
emendada a proposição.
Assim, como as polícias militares e corpos de bombeiros
militares são forças auxiliares e reserva do Exército, somente
poderiam prestar serviço militar nessas instituições da reserva, nos
casos de dispensa de seleção inicial das Forças Armadas, sendo
inadmissível a prestação de serviço militar nos demais órgãos de
segurança pública, e principalmente órgãos civis. (...)

Art. 1º O art. 143 da Constituição Federal passa a vigorar


com a seguinte redação:
“Art.143 ......................................................................................
.......................................................................................................
§ 3º Os dispensados por excesso de contingente, e os
recém licenciados do serviço militar obrigatório das Forças
Armadas, poderão prestar voluntariamente serviço militar nas
Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares, nos termos
da legislação do serviço militar e da legislação estadual.

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31

O mencionado projeto, que “altera a Lei n. 11.530, de 24 de outubro de


2007, que institui o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania –
PRONASCI, e a Lei n. 4.375, de 17 de agosto de 1964, Lei do Serviço Militar, e dá outras
providências”, tem a seguinte redação substantiva:

Art. 2º A Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007, passa a


vigorar com a seguinte redação:
“Art. 8º- A. ..................................................................................
........................................................................................................
V – policial/bombeiro-cidadão.
........................................................................................................
Art. 8º I. O projeto Policial/Bombeiro-Cidadão é destinado
a jovens recém- desincorporados do serviço militar obrigatório das
Forças Armadas, para engajamento nas Polícias Militares e nos
Corpos de Bombeiros Militares, bem como para os dispensados
por excesso de contingente, para prestar o serviço militar,
voluntariamente, nessas Instituições.
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Policial/Bombeiro-
Cidadão, obedecerá a lei nº 4375 de 1964, sua regulamentação e a
legislação estadual, com duração de 12 (doze) meses, podendo ser
prorrogado.
§ 2º Os participantes do projeto de que trata este artigo
receberão, além da formação profissional de segurança pública,
outras habilitações, na forma do regulamento, devendo atuar
obrigatoriamente na comunidade de origem.” (NR)

Na Justificação o autor discorre sobre as qualidades do projeto, se


manifestando, nos trechos abaixo transcritos, no seguinte sentido:
(...) Esse projeto está em consonância com o Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania-PRONASCI,
somando de maneira considerável à política governamental
direcionada a Segurança Pública Nacional. Câmara dos Deputados
Nesse sentido, entendemos ser pertinente demonstrar a
estrita ligação entre o Projeto Policial/Bombeiro-Cidadão, o
Projeto ReservistaCidadão e o Projeto Soldado-Cidadão já
aprovados no Congresso Nacional.
O Projeto Reservista-Cidadão destina-se à capacitação de
jovens recém-licenciados do serviço militar obrigatório para atuar
como líderes comunitários nas áreas geográficas abrangidas pelo
PRONASCI. Seu objetivo primordial é potencializar o aprendizado
adquirido pelos jovens em serviço nas Forças Armadas,
reconhecidas escolas de cidadania, e capacitá-los para atuar como
agentes comunitários, pois além do conhecimento conquistado
durante o período de serviço militar, também exercem importante
influência sobre os outros jovens da comunidade em que vivem.
Dessa forma, pretende-se evitar o aliciamento desses recém-
licenciados pelo crime organizado e incentivá-los a seguir um
caminho no qual as perspectivas de progressos significativos em
suas vidas sejam reais.

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32

O Projeto Soldado-Cidadão visa a oferecer aos jovens


brasileiros, incorporados às fileiras das Forças Armadas,
oportunidades formativas por meio de cursos profissionalizantes
que lhes proporcionem melhores condições de competir no
mercado de trabalho.
O projeto atende às ações de desmobilização do militar
temporário, previstas pelo Exército. A sua origem data de 2002,
quando iniciou a execução de um projeto piloto, cujo objetivo era
proporcionar qualificação profissional ao efetivo militar
incorporado, para que, após o licenciamento, parte dele fosse
absorvido pelo mercado de trabalho, valorizando o serviço militar
obrigatório e contribuindo com o esforço que o governo vinha
desenvolvendo, no sentido de minimizar o problema social do
desemprego.
Assim, surgiu o Projeto Qualificação de mão-de-obra, inicialmente,
no âmbito do comando Militar do Leste, para, em fases
posteriores, ampliá-lo por todo o território nacional, alcançando,
gradativamente, as principais cidades do País. O projeto aprovou
85,65%, qualificando 1.664 militares, ultrapassando as expectativas
previstas, uma vez tratar-se de um projeto piloto.
Em 2003, em conseqüência do êxito alcançado no ano
anterior, partiu-se para um projeto mais ousado, de maior
amplitude, expandindo-se para outras cidades e ainda aumentando
o número de participantes, passando a denominar-se Projeto
Soldado-cidadão. Os recursos para a sua execução foram
provenientes do Ministério da Defesa, sendo desenvolvido em 29
cidades dos seguintes Estados: Rio Grande do Sul, Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul,
Pernambuco, Bahia, Goiás e Distrito Federal. Ao todo foram
diplomados 4.757 militares, fruto do esforço e da dedicação de
todos os envolvidos no projeto.
O Projeto Policial/bombeiro-Cidadão vem ao encontro
desses dois projetos, dentro dos objetivos maiores do PRONASCI,
pois vai permitir a continuidade do serviço militar, nas Instituições
Militares Estaduais/DF, para o excesso de contingente das Forças
Armadas, desde que voluntários.
Outro aspecto de grande relevância, é que as Forças Armadas
somente conseguem incorporar um número reduzido de
conscritos, e devido à falta de empregos, esses jovens liberados por
excesso de contingente, sem nenhuma qualificação profissional,
ficam ociosos e a mercê de grupos criminosos.
Essa medida permitirá o aproveitamento desses jovens,
numa faixa etária altamente sensível e de risco, pelas Instituições
de Segurança Pública, atendendo a demanda da sociedade, pois
policiais e bombeiros de carreira serão deslocados para as
atividades de médio e alto risco, fiando a cargo do conscrito
voluntário as atividades de baixo risco.
Ressalta-se, também, que essa medida permitirá a formação
desse jovem e a sua colocação no mercado de trabalho, ou mesmo

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33

o seu aproveitamento como militar efetivo, a ser regulado na lei de


ingresso dessas Instituições.
Esse projeto também permitirá completar os efetivos dos
órgãos de segurança pública, possibilitando a implementação da
polícia de proximidade, na filosofia de polícia comunitária, uma
vez que o serviço deverá ser regionalizado, buscando o
envolvimento de toda a sociedade na sua responsabilidade pela
segurança pública.
Essa proposição já encontra fundamento no art. 4º da Lei
nº 4365 de 1964, lei do serviço militar, bem como nos artigos de
11 a 18 da regulamentação desta lei, Decreto nº 57.654, de 20 de
janeiro de 1966. (...)

A extensa transcrição objetiva demonstrar a pertinência à realidade atual


quanto a um serviço militar flexibilizado, inclusive com a possibilidade de sua prestação
no âmbito das forças militares estaduais (polícias militares e corpos de bombeiros
militares).

É o mesmo sentimento vislumbrado no parecer do Relator, Deputado


João Campos, à supracitada PEC nº 301/2008, da qual transcrevemos parte do voto
apresentado na CCJC, no qual analisa com maior profundidade os artigos mencionados
na Justificação do PL nº 365/2011, tendo sido exarado nos seguintes termos:

(...) A proposta de emenda sob exame não é tendente a


abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto,
universal e periódico, nem a separação dos Poderes ou os direitos e
garantias individuais, porém pode ser interpretada numa violação
do pacto federativo no sentido de retirar um serviço de defesa
nacional, que é exclusivo da União, e atribuir concorrentemente
para os Estados e o Distrito Federal. Neste ponto merece ser
emendada a proposição.
Assim, como as polícias militares e corpos de bombeiros
militares são forças auxiliares e reserva do Exército, somente
poderiam prestar serviço militar nessas instituições da reserva, os
recém-licenciados das Forças Armadas41, sendo inadmissível a
prestação de serviço militar nos demais órgãos de segurança
pública, e principalmente órgãos civis.
Aprovada esta Proposta de Emenda Constitucional,
admitir-se-á uma nova possibilidade para a política de pessoal nas
polícias militares e corpos de bombeiros militares, aproveitando-se
jovens (com formação militar: hierarquia, disciplina, civismo,

41 Com a devida vênia, não compartilhamos desse entendimento nos termos em que foi fundamentado. Ora,
a mera circunstância de as forças militares estaduais serem forças auxiliares e reserva do Exército, não
permite qualquer ilação de que somente poderiam prestar serviço militar nessas instituições da reserva os
recém-licenciados das Forças Armadas. Sequer é requisito para ingresso em tais forças a prestação do
serviço militar inicial, mas, como noutras entidades, a mera comprovação de regularidade (quitação) com o
serviço militar.

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34

patriotismo, manuseio de armas etc.) no serviço de segurança


pública de natureza ostensiva-preventiva ou de defesa civil, que
terminaram de deixar as Forças Armadas, eliminando a
possibilidade de serem cooptados pelo crime, como, por vezes, já
ocorreu, infelizmente, no Rio de Janeiro.
A experiência de Goiás, através do programa SIMVE-
Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual, criado pela
Lei Estadual n.º 17.882, de 27 de dezembro de 2012, fruto da
inteligência e ousadia do governador Marconi Perillo, se revelou
extremamente positiva e com custo um pouco menor para o
Estado. Tal programa está sendo interrompido agora face a decisão
do STF na ADI n.º 5163, que, o considerou inconstitucional.
Aprovada esta proposta, sanada estará a inconstitucionalidade.
Nesse sentido, já está em tramitação na Câmara dos
Deputados o Projeto de Lei nº 8.201 de 2014, de minha autoria,
que trata justamente desta temática, o qual já se encontra na
Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
(...) [sem destaques no original]

Releva salientar que o Deputado João Campos propôs emenda para o


mesmo § 3º do art. 143, mas com a seguinte redação, diferente daquela proposta pelo
Deputado William Dib, em que foram excluídos os “dispensados por excesso de
contingente”, na qual destacamos o trecho acrescido:

§ 3º Os recém-licenciados do serviço militar das Forças


Armadas, poderão prestar voluntariamente serviço militar nas
Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares, nos termos
da legislação do serviço militar e da legislação estadual, limitado a
20% (vinte por cento) do efetivo fixado em lei, não se
aplicando o disposto no art. 37, II. [sem destaque no original]
- PL 8201/2014, do Deputado João Campos - PSDB/GO - Institui o
Serviço de Interesse Militar Voluntário - SIMV no âmbito dos estados e do distrito
federal. Retirado pelo autor. Tratando de forma minuciosa sua ideia mencionada no
parecer da PEC 301/2008, transcrevemos trechos da Justificação, pertinentes ao presente
estudo:

(...) O Serviço de Interesse Militar Voluntário - SIMV,


decorrente de estudo realizado pelo Maj./PM Jubé, foi
pioneiramente instituído em Goiás, com fundamento na Lei n.º
4.375/64, especificamente no seu art. 4º, normativa reguladora do
serviço militar nacional, que assim dispõe:
Art. 4º Os brasileiros nas condições previstas nesta
Lei prestarão o Serviço Militar incorporados em
Organizações da Ativa das Fôrças Armadas ou
matriculados em Órgãos de Formação de Reserva.
Parágrafo único. O Serviço prestado nas Polícias
Militares, Corpos de Bombeiros e outras corporações

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encarregadas da segurança pública será considerado de


interêsse militar. O ingresso nessas corporações dependerá
de autorização de autoridade militar competente e será
fixado na regulamentação desta Lei. (grifo nosso) [destaque
no original]
A referida lei foi recepcionada pela Constituição Federal,
estando, portanto, em vigor também sua regulamentação, Decreto
n.º 57.654, de 20 de janeiro de 1996 que no art. 11 e seguintes
prevê a possibilidade das forças militares estaduais receberem,
como voluntários, reservistas das Forças Armadas Nacionais, de 1ª
e 2ª categorias e, com o conhecimento e a autorização dos
respectivos órgãos de recrutamento.
O artigo 42 da Constituição Federal, parágrafo primeiro,
dispõe que os integrantes das forças militares estaduais (PMs e
BMs) são militares em toda a plenitude, dispondo inclusive que
regras dos §§ 2º e 3º do art. 142 também da Constituição, são
aplicáveis aos militares dos estados. Daí o entendimento de que é
possível o ingresso nas fileiras das Polícias Militares e dos Corpos
de Bombeiros Militares, por meio do serviço militar na forma da
Lei n.º 4.375/1964, ou seja, por convocação e aceitação voluntária
permitida também a contratação por tempo determinado.
Portanto, são distintos: o Serviço Militar Obrigatório, o
Serviço Auxiliar Voluntário – SAV, criado pela Lei n.º
10.029/2000, e o Serviço de Interesse Militar Voluntário –
SIMV que estamos propondo através deste projeto com assento
no parágrafo único do art. 40 da Lei Federal n.º 4.375/1964 e no
seu regulamento, arts. 11 e seguintes do Decreto n.º 57.654/1966.
[sem destaques no original]
Os três institutos citados acima são todos de contratação
temporária nas forças militares federais, porém de natureza jurídica
distinta. O serviço militar obrigatório e o serviço de interesse
militar voluntário atendem a atividade-fim enquanto o Serviço
Auxiliar Voluntário – SAV atende a atividade meio (serviço
auxiliar, serviço de apoio).
As forças armadas são compostas por dois tipos de efetivos
um núcleo base restrito, composto por militares de carreira e um
núcleo flutuante e bem maior [efetivo variável – EV], composto
por militares temporários (soldados de primeira classe, cabos,
sargentos, oficiais R/2, fuzileiros e marinheiros). Apenas para
elucidar, os militares temporários das forças armadas são todos
doutrinados na disciplina de garantia da lei e da ordem, portanto
com qualificação para atuar na segurança pública. Foram estes
militares que garantiram a ocupação do morro do Alemão, Rocinha
e Maré no Estado de Rio de Janeiro. São eles que prestam apoio às
diversas missões de paz que o Brasil patrocina internacionalmente,
os mesmos que fizeram a segurança pública da Copa, a segurança
na visita do presidente Barack Obama ao Brasil, dentre outras. Os
dois tipos de efetivo citados são as principais ferramentas de
sustentação da política de gestão de recursos humanos das forças
militares federais. [sem destaque no original]

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36

Assim, conclui-se pela análise do disposto no art. 142, § 3º,


VIII de nossa lei mãe, a contratação temporária não é vedada aos
militares, devido à natureza, a especialidade e a especificidade da
atividade militar.
Em Goiás, o Governador Marconi Perillo, buscando
alternativas que ampliassem o serviço de segurança pública sem
comprometer a capacidade do tesouro, implantou um projeto
inédito denominado Serviço de Interesse Militar Voluntário –
SIMV, através da Lei Estadual 17.882/2012. Este projeto busca
atender a necessidade do estado de dispor da força de segurança
mais densa e forte, gerando maior sensação de segurança.
Como se trata de um serviço temporário, o militar não
desenvolverá as atividades mais complexas de maior risco na área
de segurança pública. Sua ação estará voltada basicamente para o
serviço de patrulhamento policial, portanto de polícia
ostensiva e com característica comunitária. Sua formação será
especifica. A economia com sua formação, fardamento,
armamento e outros apetrechos será significativa, podendo
inclusive, sua remuneração ser minimamente diferenciada daquele
que está no serviço militar de forma efetiva. [sem destaque no
original]
Sem excluir a responsabilidade do governo federal com
investimentos substanciosos na área de segurança pública em apoio
aos estados, esse projeto termina por minimizar a ausência da
União nesta área. Os investimentos em saúde e educação são
significativos e guarda um certo equilíbrio entre um e outro, o que
não ocorre na área de segurança pública apesar dos números da
violência no Brasil serem assustadores. Segundo o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública 2014, a cada 10 minutos uma
pessoa foi assassinada em 2013, totalizando 53.646 mortes violenta
e 50.320 estupros. Os números também são assustadores em
relação à violência praticada contra policiais, 490 policiais foram
assassinados.
Se na área de saúde e educação temos orçamento
equilibrado e investimentos por parte de todos os entes
federativos, às condições não são as melhores, imaginem como se
encontra a segurança pública onde a ausência de investimento é
geral. O Fundo Nacional de Segurança Pública, o Fundo
Penitenciário Nacional e outros correlatos têm seus recursos
contingenciados anualmente para o governo federal garantir
superávit primário.
Neste projeto, propomos garantir que o governo federal
através do Fundo Nacional de Segurança Pública – FNSP participe
do pagamento de pessoal na área de segurança. Não se trata de
inovação, pois os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar e
do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal já são pagos
pelo governo federal. Estamos propondo ainda um mecanismo de
integração ao prever a possibilidade de integrantes do SIMV
servirem à Força Nacional de Segurança Pública.

Claudionor Rocha
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37

O projeto que apresento além de proporcionar um grande


debate em termos de alternativas para a segurança pública no
Brasil certamente possibilitará mais uma alternativa para o
enfrentamento à criminalidade e violência nos estados brasileiros.
(...)

Durante apreciação da matéria na Comissão de Segurança Pública e de


Combate ao Crime Organizado (CSPCCO), porém, o Relator, Deputado Alexandre
Baldy, inicialmente favorável à aprovação da matéria, apresentou emenda com a seguinte
redação substantiva:

Art. 14. ........................................................................................


Parágrafo único. Poderão ser convocadas a prestarem o
Serviço de Interesse Militar Voluntário - SIMV as classes de
reservistas de até 08 (oito anos) anteriores ao ano de convocação,
conforme dispõe o parágrafo anterior.
.......................................................................................................
Art. 22. Os militares, integrantes do Serviço de Interesse
Militar Voluntário, estarão sujeitos a todo regramento em vigor
traçado nesta norma, e no que concerne à legislação militar
administrativa, penal e operacional e ainda às normas em vigência
na força militar em que for lotado e pertencer.

Posteriormente, contudo, apresentou complementação do parecer, pela


rejeição, nos seguintes termos:

(...) Entretanto, em relação ao estabelecimento de uma


classe de militares estaduais temporários, é necessário atentar que o
Supremo Tribunal Federal já se pronunciou pela
inconstitucionalidade da Lei nº 17.882/12, do Estado de Goiás,
que regulava o Serviço de Interesse Militar Voluntário.
O principal argumento para essa decisão foi o da imperiosa
necessidade da realização de concurso público para a composição
dos quadros das corporações militares estaduais. Como nos indica
a ementa da ADI 5.163-GO:
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 17.882/2012
DO ESTADO DE GOIÁS. SERVIÇO DE INTERESSE
MILITAR VOLUNTÁRIO (SIMVE). INOBSERVÂNCIA
DA REGRA CONSTITUCIONAL IMPOSITIVA DO
CONCURSO PÚBLICO. VIOLAÇÃO AOS ART. 37, II,
E 144, § 5°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
PREVISÃO GENÉRICA E ABRANGENTE DE
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA: OFENSA AOS
ARTS. 37, II, IX, E 144, CAPUT, DA CRFB/88.
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. LEI
ESTADUAL QUE CONTRARIA NORMAS GERAIS
EDITADAS PELA UNIÃO. AÇÃO JULGADA
PROCEDENTE.

Claudionor Rocha
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38

Apesar de parecer ser uma solução simples, ela permite que


se abra mão de um dos critérios mais importantes para as
corporações militares estaduais que é o da realização de seleções
por meio de concurso público. Entendemos que esse prejuízo não
pode ser justificado pela necessidade de cortar gastos na
contratação de mais militares estaduais.
Sob o ponto de vista da segurança pública a proposição
também se mostra inconveniente pelo fato de precarizar as
condições de trabalho dos militares estaduais que passarão a
conviver com a categoria de militares temporários que não
possuirão os mesmos direitos que os de carreira. Não vemos como
oportuno trazer esse tipo de problema para o seio de corporações
que não os possuem. (...)

- PL 2422/2019, do Deputado Pedro Lucas Fernandes - PTB/MA -


Altera a Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, para dispor sobre o serviço voluntário
de reservistas. Aguarda parecer do Relator na CSPCCO.

Art. 2º A Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, passa a


vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1º Os Estados e o Distrito Federal poderão instituir a
prestação voluntária de serviços de policiamento preventivo
comunitário, administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de
defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros
Militares, observadas as disposições desta Lei.” (NR)
“Art. 3º ........................................................................................
.......................................................................................................
III – concludentes do serviço militar inicial.” (NR)
“Art. 5º Os Estados e o Distrito Federal poderão
estabelecer outros casos para a prestação de serviços voluntários
nas polícias militares e nos corpos de bombeiros militares, sendo
vedados a esses prestadores, sob qualquer hipótese, nas vias
públicas, o porte ou o uso de armas de fogo e o exercício do poder
de polícia, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. Somente os voluntários previstos no
inciso III do art. 3º poderão ser empregados no policiamento
preventivo comunitário.” (NR)

E mais uma vez trechos da Justificação do projeto nos prestam


informações relevantes fundamentando a proposição:

(...) O projeto de lei tem como objetivo a permissão para


que os órgãos militares estaduais possam incorporar
temporariamente aos seus quadros reservistas do serviço militar
obrigatório, havendo interesse mútuo temporariamente aos seus
quadros reservistas do serviço militar obrigatório.
As polícias militares e bombeiros militares incorporarão o
cidadão logo após o término do serviço militar obrigatório. Esses

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39

militares seriam treinados para o exercício de diversas tarefas em


sua nova instituição, entre elas, o policiamento ostensivo.
Escopo seria a possibilidade de utilização de voluntários,
proveniente ou não do serviço militar obrigatório, para realização
de função pública, de forma temporária e excepcional, em virtude
dos altos índices de criminalidade nos estados brasileiros e a
incapacidade dos mesmos de contratarem pessoal efetivo em
quantidade proporcional à demanda, em tempo hábil.
A Lei nº 10.029, de 20 de outubro de 2000, que ora se
pretende alterar, “estabelece normas gerais para a prestação
voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de
saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de
Bombeiros Militares e dá outras providências”, prevendo tal
prestação pelo período máximo de dois anos.
São voluntários à prestação dos serviços, homens e
mulheres, de dezoito a vinte e três anos. No caso dos homens,
previa o aproveitamento dos dispensados de incorporação, ao qual
incluímos os concludentes do serviço militar inicial. Apenas esses
poderão executar os serviços de policiamento preventivo
comunitário.
O limite máximo de contratação desses voluntários, não
pode exceder a vinte por cento do efetivo. O art. 5º da lei faculta
aos entes federados estabelecer outros casos para a prestação de
serviços voluntários nos mencionados órgãos, vedado o porte ou
o uso de armas de fogo e o exercício do poder de polícia.
Entretanto, cuidamos de alterar esse artigo para ressalvar a situação
do concludente do serviço militar inicial.
Entendemos que o intuito inicial da lei era evitar que
jovens não afeitos às armas e sem treinamento nas rígidas regras de
hierarquia e disciplina, pudessem fazer uso de armas de fogo.
Ao incluirmos os reservistas, o temor se afasta, pois estão
acostumados à lida castrense, tiveram instrução de tiro, possuem
habilidade e sabem dos riscos do manuseio de armas, além de
possuírem, em alto grau, os atributos de cidadania, civismo e
responsabilidade. (...) [sem destaques no original]

- PL 829/2021, do Deputado Nereu Crispim - PSL/RS - Altera a redação


da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, para instituir o serviço voluntário de
prevenção de crimes (programas de vigilância de bairro ou sentinela voluntário).
Apensado ao PL 2422/2019. Transcrevemos trechos da Justificação logo a seguir.

Art. 1º A Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, passa a


vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3º-A. Poderá ser instituído serviço voluntário de
prevenção de crimes, em parceria com a Polícia Militar ou Guarda
Municipal, que consistirá na realização de atividades básicas
preventivas de vigilância de bairro, tais como:
I - Distribuição de informações, cartazes e panfletos sobre
pessoas desaparecidas e voltados para prevenção ao crime;

Claudionor Rocha
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40

II - Melhoria na iluminação dos espaços comunitários dos


bairros, tais como quadras poliesportivas, parques e praças;
III – Comunicação imediata às instituições policiais
competentes sobre eventuais crimes em andamento no bairro.
§ 1º As pessoas físicas ou associações de bairro sem fins
lucrativos, que participarem do serviço voluntário de prevenção de
crimes, deverão ser pré-selecionadas pela Polícia Militar ou guarda
municipal da localidade do bairro.
§ 2º Os cidadãos sentinelas ou vigilantes voluntários de
bairro deverão ter reputação ilibada, não possuírem antecedentes
criminais e residirem no bairro em qual atuarão.
§ 3º Uma vez preenchidos os requisitos previstos no
parágrafo segundo do presente artigo, o cadastramento das pessoas
físicas e associações sem fins lucrativos no serviço voluntário de
prevenção de crimes será um ato vinculado da instituição policial
responsável pela segurança do bairro.
§ 4º Os cidadãos sentinelas ou vigias de bairro receberão
palestras de segurança básica para participar do serviço voluntário
de prevenção de crimes pela instituição policial da localidade.
§ 5º Os sentinelas ou vigias de bairro terão acesso a um
número de celular que servirá como canal direto de comunicação
com o setor de inteligência policial, para fins de denúncias de
crimes” (NR). [sem destaque no original]

(...) A criação de um serviço voluntário de prevenção de


crimes ou programas de sentinela voluntário ou vigilância de bairro
se baseia na bem-sucedida experiência norte-americana da
vigilância de bairro ou Neighborhood Watch.
Vigilância de bairro é um dos conceitos de prevenção ao
crime mais antigos e conhecidos na América do Norte. No final
dos anos 1960, o aumento da criminalidade aumentou a
necessidade de uma iniciativa de prevenção ao crime focada em
áreas residenciais e envolvendo os cidadãos locais. Os programas
de vigilância da vizinhança fazem o tradicional papel tradicional de
prevenção do crime e ajudam os bairros na prevenção de
desastres.42 1
Um programa de vigilância de bairro nada mais é do que
um grupo de pessoas que vive na mesma área que deseja tornar sua
vizinhança mais segura trabalhando em conjunto com as
autoridades locais para reduzir o crime e melhorar sua qualidade de
vida. Os grupos de vigilância da vizinhança têm reuniões regulares
com a Polícia para planejar como cumprirão suas metas específicas
e os líderes com responsabilidades atribuídas. A vigilância do
bairro é a segurança interna no nível mais local. É uma
oportunidade de trabalho voluntário e trabalhar para aumentar a
segurança dos bairros. A vigilância do bairro capacita os cidadãos e
as comunidades a se tornarem ativos na preparação para

42 https://www.nnw.org/what-neighborhood-watch [nota constante do original]

Claudionor Rocha
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41

emergências, bem como na luta contra o crime e desastres


comunitários.43
Um grupo de vigilância de bairro pode ser organizado por
uma associação de bairro existente, mas o elemento-chave é seu
relacionamento com a Polícia local. As atividades conduzidas por
grupos de vigilância de bairro podem ser de diversas naturezas, tais
como: a) distribuição de informações sobre prevenção ao
crime, b) melhora da iluminação dos bairros, e c)
comunicação de crimes em andamento. À medida que os
policiais aprendem as necessidades de seus vários grupos de
vigilância de bairro e a dinâmica de seus voluntários, eles podem
adaptar atividades e respostas para atender às necessidades em
constante mudança de seus cidadãos. 44 (...) [sem destaques no
original]

A seguir, analisaremos proposições já arquivadas (ou devolvida ao autor


ou por ele retirada), mas cujo conteúdo e justificação continuam atuais e convergentes
com as proposições em tramitação. Além disso, é válido o registro histórico acerca da
preocupação com a temática desde três anos após a promulgação da Constituição.

I- - PEC 37/1991, do Deputado Maurílio Ferreira Lima - PMDB/PE -


Altera a redação do artigo 143 e do parágrafo segundo do artigo 14 da Constituição da
República Federativa do Brasil extinguindo o serviço militar obrigatório e estabelecendo
normas de alistamento eleitoral para os conscritos das Forças Armadas. Alterando a
Constituição Federal de 1988.

Art. 1º O artigo 143 da Constituição da República


Federativa do Brasil passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 143 O Serviço Militar, de caráter voluntário, é um
direitos de todos os cidadãos brasileiros, natos ou naturalizados,
que tenham mais de 18(dezoito) anos, independente de sexo ou de
convicção política ou religiosa.”
Art. 2º O § 2º do artigo 14 da Constituição República
Federativa do Brasil passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 4
..................................................................................................
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o tempo de instrução militar, os voluntários recém
admitidos pelas Forças Armadas.”
Art. 3º Lei complementar estabelecerá os termos para a
regulamentação deste dispositivo, que entrará em vigor depois de
cumprido um prazo de (dois) anos de sua aprovação.

43 https://www.nnw.org/what-neighborhood-watch [nota constante do original]


44 https://www.nnw.org/what-neighborhood-watch [nota constante do original]

Claudionor Rocha
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42

II - - PEC 50/1995, do Deputado Paulo Gouvêa - PFL/SC - Acrescenta § 3º


ao art. 143 da Constituição Federal. Concede isenção do serviço militar aos cidadãos que
à época do alistamento estejam comprovadamente exercendo, há pelo menos 06 (seis)
meses, trabalho remunerado regular, com vínculo empregatício, e cuja renda seja
essencial para a manutenção de sua família. Tinha apensadas as PEC 88/1995, 209/1995
e 203/2003.

III - - PEC 80/1995, do Deputado Fernando Gabeira - PV/RJ - Dá nova


redação ao § 2º do art. 14 e ao “caput” do art. 143 da Constituição Federal. Determina a
supressão da expressão ‘durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos’
do texto constitucional no que se refere ao alistamento eleitoral, e torna facultativo o
serviço militar em tempo de paz. Altera a Constituição Federal de 1988.

IV - - PEC 88/1995, do Deputado Enio Bacci - PDT/RS - Acrescenta § 3º ao


art. 143 da Constituição Federal. Isenta do serviço militar obrigatório o cidadão que, à
época do alistamento, esteja comprovadamente exercendo trabalho remunerado regular
ou que tenha sido aprovado no vestibular ou esteja cursando ensino de nível superior.
Apensada à PEC 50/1995.

V- - PEC 209/1995, do Deputado José Janene - PP/PR - Acrescenta § 3º ao


art. 143 da Constituição Federal. Isenta do serviço militar obrigatório os cidadãos que a
época do alistamento estejam comprovadamente exercendo trabalho remunerado regular,
com vínculo empregatício, nos termos da lei. Apensada à PEC 50/1995.

- PEC 369/1996, do Poder Executivo (MSC 422/1996) - Institui o serviço


civil obrigatório. Acrescenta o inciso LXXVIII ao art. 5º. Apensada à PEC 602/1998.

VI - Artigo único. Os parágrafos do art. 143 da Constituição Federal


passam a vigorar com a seguinte redação:
“§ 1º As mulheres e os eclesiásticos são isentos do serviço
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.
§ 2º A lei disporá sobre a prestação de serviço civil
obrigatório para os isentos e excedentes do serviço militar
obrigatório ou dispensados de incorporação a ele, e para aqueles
que, em tempo de paz, alegarem imperativo de consciência,
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividade de
caráter essencialmente militar.

Claudionor Rocha
O conteúdo deste trabalho é de exclusiva responsabilidade de seu autor.
43

- PEC 602/1998, do Senado Federal - Antonio Carlos Magalhães -


PFL/BA (PEC 32/1996 na origem) - Altera os parágrafos do art. 143 da Constituição
Federal. Lei disporá sobre a prestação de serviço civil obrigatório para os isentos e
excedentes do serviço militar obrigatório ou dispensados de incorporação.

VII - Artigo único. Os parágrafos do art. 143 da Constituição Federal


passam a vigorar com a seguinte redação:
“§ 1º As mulheres e os eclesiásticos são isentos do serviço
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros
encargos que a lei lhes atribuir.
§ 2º A lei disporá sobre a prestação de serviço civil
obrigatório para os isentos e excedentes do serviço militar
obrigatório ou dispensados de incorporação a ele, e para aqueles
que, em tempo de paz, alegarem imperativo de consciência,
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividade de
caráter essencialmente militar.”

- PEC 632/1998, do Deputado Gonzaga Patriota - PSB/PE - Altera os


arts. 143 e 144 da Constituição Federal, tornando o Serviço Militar voluntário e
estendendo às polícias militares e corpos de bombeiros militares a competência para a
formação de reservistas. Apensada à PEC 602/1998.

Artigo único. É dada nova redação aos arts. 143 e 144, § 5º,
que passam a vigorar com as seguintes redações:
“Art. 143 O Serviço Militar é voluntário na forma da lei.
§ 1º Às Forças Armadas, às Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares competem, na forma da Lei:
I - a formação do reservista brasileiro;
II - a atribuição de serviço alternativo aos que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência,
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de
caráter essencialmente militar.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos, se o desejarem, ficam
isentos do Serviço Militar voluntário, em tempo de paz, sujeitos,
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
Art. 144 .......................................................................
........................................................................................................
§ 5º As Polícias Militares cabem a polícia ostensiva, a
preservação da ordem pública e a formação dos seus
reservistas: aos Corpos de Bombeiros Militares cabem, além
das atribuições definidas em lei, a prevenção e o combate ao
incêndio urbano e florestal, a execução de atividades de
defesa Civil e a formação dos seus reservistas." [sem destaques
no original]

Claudionor Rocha
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44

A transcrição de trechos da Justificação, a seguir, é relevante por abordar


aspectos históricos já esgrimidos desde então para fundamentar a opção pela prestação de
serviço militar na modalidade facultativa (ou voluntária).

(...) A adoção do Serviço Militar voluntário, no Brasil de


hoje, se justifica plenamente por razões e conjunturais. Se formos
buscar as raízes históricas do Serviço Militar, encontraremos a
primeira referência a um serviço obrigatório no Brasil, no texto do
“termo”, promulgado pela Câmara de São Vicente, em 09 de
setembro de 1542, que organizou uma milícia formada por colonos
e índios.
O Regulamento de El Rei, de dezembro de 1548, por sua
vez, determinava aos colonos e aos proprietários de engenhos a
posse obrigatória de armas.
Se em suas origens a instituição do Serviço Militar visava
apenas a formação de um sistema nacional para a defesa da Pátria,
o sistema atual, resultante de campanha que teve em Olavo Bilac
sua figura mais proeminente, agregou à idéia inicial um novo
componente: o Serviço Militar como fonte de educação para a
cidadania.
Às portas do século XXI, estamos diante de uma nova
lógica bélica, que se apoia na tecnologia e na mão-de-obra
altamente qualificada e especializada, em que a quantidade já não é
significativa, mas a especialização sim, e isso, todos sabemos ser
muito mais fácil de ser encontrado naqueles que se dedicam às
mais diversas áreas do conhecimento humano, por opção
voluntária.
O Brasil não pode ficar à margem dessa realidade. Há,
portanto, que se repensar a concepção de um Serviço Militar
obrigatório.
Por outro lado, na prática, são incorporados anualmente
apenas aqueles que demonstram interesse em servir à Pátria, nas
Forças Armadas.
Nossa afirmação se apoia em dados estatísticos altamente
significativos, os quais nos indicam que anualmente, 1,5 milhão
de jovens apresentam-se para o Serviço Militar dos quais
apenas 10% são incorporados. Dentre os 1,35 milhão de jovens
que não são selecionados para o Serviço Militar, mais que 1,0
milhão constituem o denominado “excesso de contingente”, ou
seja, jovens física, moral e mentalmente aptos para prestarem
serviço, mas que não podem fazê-lo por inexistirem vagas
disponíveis nas Forças Singulares.
Então, por que continuarmos com uma obrigatoriedade
que não se mostra necessária?
Esse excesso de contingente de 1,0 milhão de jovens,
repete-se todos os anos! E poucas autoridades se dão conta de que
esses jovens, em um grande número, vão engrossar nossas
estatísticas de desempregados e delinquentes, aumentando a
violência e a marginalidade.

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45

Não tosse tal argumento suficiente, temos, ainda, que a


adoção do Serviço Militar voluntário, dando ao jovem brasileiro a
discricionariedade da escolha, e não a obrigatoriedade decorrente
da força da lei, é a afirmação do reconhecimento, pelo Estado, da
cidadania desse jovem, de sua maturidade social e do seu senso de
civismo.
Estender às Forças Auxiliares – Polícias Militares e Corpos
de Bombeiros Militares –, a competência para formarem
reservistas, amplia o universo da oferta e o espaço para que se
manifestem diferentes opções vocacionais do jovem brasileiro.
A possibilidade de que cinco Instituições – Exército,
Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros
Militar – promovam a execução do Serviço Militar criará para a
Nação, um contingente de reservistas capacitados para a defesa da
Pátria contra o agressor externo, bem como, um contingente com
conhecimentos em defesa interna, isto é, civis preparados para o
exercício da cidadania nas áreas da segurança Pública e de Defesa
Civil.
O Serviço Militar prestado em Forças Auxiliares não uma
inovação nossa. Hoje, diversos países já o fazem. Como exemplo,
temos: Chile, Itália, Israel, França e Espanha.
Do ponto de vista conjuntural, o estado de calamidade em
que se encontra a “Segurança Pública no Brasil”, tem, entre tantas
outras causas, o desemprego, a Justiça lenta, a impunidade. Entre
elas, no entanto, temos que incluir o perfil do recurso de pessoal
que tem acesso às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares.
Por falta de competência legal para formarem reservistas
(hoje essa competência é exclusiva das Forças Armadas), as Forças
Auxiliares compõem seus quadros com material humano que
possui uma de duas situações: ou são reservistas das Forças
Armadas ou são não reservistas, isto é, nunca serviram, compondo
o “excesso de contingente”.
Assim, temos, no primeiro caso, as Forças Auxiliares
procuradas por reservistas apenas em busca de um “emprego”,
sem nenhuma inclinação vocacional. Nessas circunstâncias, sem
nenhuma vocação, certamente acabará um mau policial ou um mau
bombeiro.
No segundo caso, o não reservista acaba tendo a mesma
motivação: o emprego! Alguns até acabam se adaptando à vida
militar, mas a grande maioria não se adaptará, por falta da vocação,
e acabará engrossando as fileiras dos maus policiais e ou
bombeiros!
Portanto, estender às Forças Auxiliares a competência para
formarem reservistas lhes abre a oportunidade de receberem uma
mão-de-obra voluntária, por opção, e revestida de uma tendência
vocacional que agregada às boas condições de trabalho, tecnologia,
especialização, salários dignos e profissionalismo, cria reais
condições para se reverter o atual estado existente nas Polícias e

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46

Corpos de Bombeiros Militares, podendo essas instituições ter


bons profissionais.
O Serviço Militar Obrigatório é hoje, também, responsável
pela pressão do fluxo migratório do homem do campo para as
áreas urbanas. O jovem do campo ao atingir a idade do serviço
militar se desloca do campo pera as cidades, no segundo ano ele
vai buscar a irmã e no terceiro ano, ambos trazem os seus pais, que
acabam abandonando a terra para viverem em assentamentos e
favelas nos grandes centros!
Podemos, ainda, apresentar outras vantagens do Serviço
Militar voluntário prestado nas Forças Armadas ou nas Forças
Auxiliares:
a) para a nação/estado:
- ampliar a base de formação de reservistas:
- gerar emprego;
- diminuir a pressão do fluxo migratório do campo
para a cidade, pois o reservista será formado próximo de sua
residência;
- ampliar a base de reservistas melhor preparados para
o exercício da cidadania (civis com formação básica em
Segurança Pública e em ações da Defesa Civil);
- ampliar o poder do Estado na repressão à violência
urbana e rural;
- permitir às Forças Auxiliares recompletarem seus
efetivos a um custo menor para os cofres da União e com um
grande ganho social;
b) para o jovem:
- aumentam as opções de instituições em que possa
ser feito o Serviço Militar e de oportunidade do primeiro
trabalho remunerado;
- permitirá a escolha de onde servir por vocação;
- diminuirá a pressão do afastamento da área/região
de residência. (...) [sem destaques no original]

- PEC 354/2001, do Deputado Fleury - PTB/SP - Altera a redação do art.


143 da Constituição Federal que dispõe sobre o serviço militar obrigatório. Institui o
serviço militar facultativo em tempo de paz. Apensada à PEC 632/1998. Instituindo que
“o serviço militar é facultativo em tempo de paz”, altera o caput do art. 143 e revoga seus
parágrafos.

VIII - - PEC 539/2002, do Deputado Geovan Freitas - PMDB/GO - Altera a


redação ao art.143 da Constituição Federal, dispondo sobre o serviço militar. Dispondo
que a prestação do serviço militar será facultativa; alterando a Constituição Federal de
1988.

Artigo único. A Constituição Federal passa a vigorar com


as seguintes alterações:

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47

I – suprima-se do § 2º do art. 14 a expressão: “durante o


período do serviço militar obrigatório, os conscritos.”;
II – dê-se ao artigo 143 a seguinte redação:
“Art. 143. O alistamento militar é obrigatório, sendo
facultativa a prestação do serviço militar em tempo de paz.
§ 1º (Revogado)
§ 2º (Revogado)
§ 3º A lei regulará as condições para o atendimento às
obrigações com o serviço militar.”

- PEC 18/2003, da Deputada Maria do Rosário - PT/RS - Institui o


serviço militar facultativo. Altera os artigos 14 e 143 da Constituição Federal de 1988.
Devolvida à autora.

- PEC 50/2003, da Deputada Maria do Rosário - PT/RS - Institui o


serviço militar facultativo. Altera os artigos 14 e 143 da Constituição Federal de 1988.
Apensada à PEC 80/1995. Eis o texto substancial:

Art. 1º O art. 14, 2º, da Constituição Federal passa a


vigorar com a seguinte alteração:
I – suprima-se do § 2º do art.14 da Constituição Federal a
expressão: “durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.”
Art. 2º O art. 143 da Constituição Federal passa a vigorar
com as seguintes alterações:
“Art. 143. O serviço militar é facultativo, na forma da lei.
§ 1º (Revogado)
§ 2º (Revogado)”.

IX - - PEC 203/2003, do Deputado Sandes Júnior - PP/GO - Acrescenta


parágrafo ao art. 143, permitindo aos concludentes do serviço militar obrigatório a
inclusão nos quadros da respectiva Polícia Militar, independentemente da prestação de
concurso público. Apensada à PEC 50/1995.

- PEC 315/2017, do Deputado Celso Pansera - PMDB/RJ - Altera o art.


14, § 2º, e o art. 143 da Constituição Federal, para instituir o serviço militar facultativo.

Art. 1º O art. 14, § 2º, e o art. 143 da Constituição Federal,


passam a vigorar com as redações que se seguem:
“Art.14.
........................................................................................................
........................................................................................................
..............................................................................................
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o período do serviço militar, os conscritos.
........................................................................................................

Claudionor Rocha
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48

Art. 143. O serviço militar é facultativo em tempo de


paz, na forma da lei.
Parágrafo único. Lei complementar, que poderá
instituir o serviço militar obrigatório em tempo de paz por
períodos restritos, disciplinará a obrigatoriedade do serviço
militar em tempo de guerra”. (NR) [sem destaques no original]

Novamente transcrevemos trechos da Justificação, por sua pertinência


com o tema:

(...) O serviço militar obrigatório cumpriu seu papel


histórico no curso da existência do nosso País. É chegada a hora
de, com uma visão mais lúcida da situação atual em que nos
inserimos, deixar de lado perspectivas do passado e avançar no
sentido da eliminação dessa previsão constitucional hodierna.
Manifestamo-nos nesse sentido em função de três
justificativas principais: (1) a necessidade de conferir máxima
efetividade aos direitos individuais vinculados à liberdade de
nossos jovens; (2) a premência por profissionalização de
nossas Forças Armadas; e (3) o reconhecimento de que as
dificuldades orçamentárias afetam a capacidade de absorção
de grandes efetivos pelas Forças Singulares. Explicaremos.
[sem destaque no original]
No que tange à primeira justificativa, há que se reconhecer
que, em tempos de paz, deve prevalecer a liberdade de escolha
profissional por parte do jovem brasileiro. Privá-lo de 12 meses de
preparação para entrada no mercado de trabalho, justamente num
período crítico como o vivenciado no início da vida adulta, não se
coaduna com as perspectivas atuais de remotas hipóteses de
emprego real de grandes efetivos numa guerra.
Isso se torna ainda mais verdade num quadro de
desemprego como o experimentado atualmente, em que mais de
12 milhões de brasileiros encontram-se em busca de um posto de
trabalho. Fica evidente que os mais qualificados terão acesso
melhorado a esse restrito mercado, de forma que meses afastado
de sua preparação específica pode representar anos de desemprego
na vida civil pós-caserna, com efeitos nefastos sobre a nossa
economia como um todo.
Quanto à segunda justificativa, há que se considerar que
não queremos mais Forças compostas por recrutas. Os tempos
modernos indicam a necessidade de geração de forças
profissionais, composta por efetivos de voluntários. Basta analisar
as melhores tropas de nossas Forças, as de operações especiais, por
exemplo: totalmente mobiliadas por soldados realmente
profissionais e não por recrutas, exalam preparo, patriotismo e
operacionalidade. A obrigatoriedade de incorporação de efetivos
não vocacionados às nossas Forças reduz o caráter profissional de
suas composições, afetando mesmo suas operacionalidades.
Propugnamos, pois, por menores efetivos, mais
vocacionados e mais profissionais. Essa intenção nos remete à

Claudionor Rocha
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49

revogação de dispositivos constitucionais como os atualmente


constantes de nossa Carta Magna, nos termos propostos nessa
proposição legislativa.
Por fim, no que toca à terceira justificativa, é mister
reconhecer que as Forças, com os atuais orçamentos, não
conseguem manter efetivos muito grandes em seus
aquartelamentos. Frequentemente somos surpreendidos com a
adoção reiterada de expedientes de trabalho reduzidos; a supressão
de refeições ou de fornecimento de uniformes e de materiais; a
redução dos treinamentos e dos adestramentos, entre outras
medidas que sugerem a redução do efetivo empregado, vez que
não há possibilidades atuais de aumento dos recursos destinados às
Forças, máxime num momento político-econômico em que o
Governo reconhece déficits bilionários nas contas públicas.
Antes de terminar essa justificação, ressaltamos que não
descuidamos de possibilitar que lei complementar regulamente o
serviço militar obrigatório em tempo de guerra e/ou na sua
iminência (parágrafo único do art. 143 proposto). Na eventualidade
de experimentarmos novamente os tempos difíceis de um conflito
externo de grandes dimensões, obviamente, os efetivos
empregados precisariam ser aumentados exponencialmente, o que
somente poderá acontecer se tivermos dispositivos legais capazes
de permitir que o Estado Brasileiro se adapte à nova situação
peculiar a ser enfrentada.
Diante de todo o exposto, solicitamos apoio dos demais
Pares para a aprovação desta PEC, que levará o Brasil para o
patamar de outras Nações que já adotaram expediente semelhante,
capaz de contribuir, ao mesmo tempo, para a economia nacional e
para a prevalência dos direitos individuais, e de reforçar a
operacionalidade de nossas Forças. (...)

Embora alguns projetos de lei hajam tentado instituir a prestação do


serviço militar na modalidade facultativa ou criar atividade congênere, o assunto tem sede
constitucional e apenas por meio de PEC pode ser alterada. A iniciativa de leis que tratam
da matéria, contudo, há de ser do chefe do Poder Executivo federal.

Com efeito, por se tratar de assuntos da economia interna do Poder


Executivo federal, a iniciativa de leis envolvendo as Forças Armadas é privativa do
Presidente da República, nos termos do art. 61, § 1º, inciso II, alínea ‘f’, da Constituição
Federal, abaixo transcrita:

Art. 61. ..................................................................................................


§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis
que:
.................................................................................................................
II – disponham sobre:
.................................................................................................................

Claudionor Rocha
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50

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento


de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva.
.................................................................................................................

A alternativa, visando a dar vazão à solicitação de algum parlamentar, no


âmbito da criação ou alteração legislativa, nessa hipótese, em razão de sua legitimidade de
representação, seria, portanto, enviar ao Poder Executivo uma Indicação, modalidade de
proposição parlamentar regimentalmente prevista.

7 SERVIÇO MILITAR NOS ÓRGÃOS MILITARES ESTADUAIS

A prestação do serviço militar nas polícias militares e nos corpos de


bombeiros militares não é novidade. Ela já existe em países que possuem tais estruturas
militares de feitio policial ou bomberil, especialmente nos Estados unitários, em que a
própria administração desses órgãos é facilitada.

A estrutura federativa do Brasil dificulta um pouco a adoção desse modelo


de maneira uniforme, dada a autonomia das unidades federativas, a que se acresceram os
Municípios, com competências específicas, a teor do disposto no art. 1º da Carta Magna:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal (...)”.

Entretanto, como em outras situações em que o legislador respeitou a


autonomia dos demais entes, é possível deixar a cargo desses entes a criação ou adoção
de determinada medida, como a que estamos abordando, de prestação do serviço militar
inicial nos órgãos militares dos Estados. 45

Bastaria, portanto, uma PEC facultar essa medida aos Estados. À eventual
contestação de que se poucos Estados adeririam à faculdade estabelecida pela PEC e, por
conseguinte poucos reservistas seriam formados, contrapomos duas justificativas: 1)
como ainda não existe essa espécie de formação de reservistas, qualquer contingente
assim formado viria a se somar à clássica reserva das Forças Armadas; 2) ao formarem
seus próprios reservistas, os Estados teriam uma reserva de disponibilidade para ações de
emergência nas áreas de defesa civil e enfrentamento a calamidades.

45 Como as polícias militares e corpos de bombeiros militares do Distrito Federal são mantidos pela União,
cabe ao governo federal dispor a respeito. Nos Municípios não há esses órgãos. “Art. 21. Compete à União:
(...) XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar
do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços
públicos, por meio de fundo próprio; (...)”.

Claudionor Rocha
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51

Demais disso, como afirmado anteriormente, tanto as polícias militares


quanto os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército 46,
podendo, portanto, tais reservistas ‘estaduais’ ser mobilizados na hipótese de emergências
constitucionais (intervenção, estado de defesa e estado de sítio) e tempo de guerra, nas
atividades de defesa interna (policiamento) e defesa territorial (pontos sensíveis). Em
complemento, poderiam ser empregados, em tempo de paz, em atividades próprias em
apoio à Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) 47, durante operações de garantia da
lei e da ordem (GLO) e nas ações subsidiárias das Forças Armadas definidas na Lei
Complementar nº 97, de 1999.48

Quanto aos bombeiros militares, podem ser empregados, principalmente


em tempo de paz, em situações de emergência e calamidades, especialmente as oriundas
de adversidades climáticas e desastres, nos termos do que dispõe a Lei nº 12.340, de 1º de
dezembro de 2010,49 de conversão da Medida Provisória nº 494, de 2010, regulamentada
pelo Decreto nº 11.219, de 5 de outubro de 2022. 50

A respeito do tema acerca da designação ou convocação de militares


estaduais, remetemos à leitura do mencionado artigo “A convocação de civis e militares
da reserva para o serviço ativo nas Forças Armadas e nas Instituições”, de autoria de

46 Vide Decreto nº 88.540, de 20 de julho de 1983 (“Regulamenta a convocação de Polícia Militar prevista no
artigo 3º do Decreto-lei nº 667, de 02 de julho de 1969, alterado pelo Decreto-lei nº 2.010, de 12 de janeiro
de 1983”). Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/atos/decretos/1983/d88540.html>.
Acesso em: 29 mar. 2023. Vide também o Decreto nº 88.777, de 30 de setembro de 1983 (“Aprova o
regulamento para as policias militares e corpos de bombeiros militares (R-200)”). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d88777.htm>. Acesso em: 29 mar. 2023.
47 Veja, por hipótese, a Lei nº 13.500, de 26 de outubro de 2017, de conversão da Medida Provisória nº 781,

de 2017 (Altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, para dispor sobre a transferência de
recursos financeiros do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), a Lei nº 11.473, de 10 de maio de 2007,
para permitir a prestação de serviços, em caráter excepcional e voluntário, à Secretaria Nacional de
Segurança Pública (Senasp), na qual se inclui a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), e as Leis nº
8.666, de 21 de junho de 1993, e 10.826, de 22 de dezembro de 2003; e revoga a Medida Provisória nº 755,
de 19 de dezembro de 2016). Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/Lei/L13500.htm>. Acesso em: 29 mar. 2023.
48 Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.
49 “Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal

e Municípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de


recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas,
Proteção e Defesa Civil; e dá outras providências” (Redação dada pela Lei nº 12.983, de 2014). Disponível
em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12340.htm>. Acesso em: 29 mar.
2023.
50 “Regulamenta o art. 1º-A, o art. 3º, o art. 4º, o art. 5º e o art. 5º-A da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de

2010 (...)”. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-


2022/2022/Decreto/D11219.htm#art41>. Acesso em: 29 mar. 2023.

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52

Rodrigo Foureaux e Maurício José de Oliveira, do qual extrairemos a seguir algumas


passagens relevantes para o presente estudo.51

No referido artigo os autores defendem a prerrogativa da convocação de


civis, nos termos dos arts. 5º, inciso XXV e 37, incisos IX e XXI, da Constituição, com
previsão, ainda, no art. 15, inciso XIII, da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 199052, a
seguir transcritos:

Art. 5º (...) XXV – no caso de iminente perigo público, a


autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
(...)

Art. 37. (...) IX – a lei estabelecerá os casos de contratação


por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público; (Vide Emenda constitucional nº 106,
de 2020) (...)

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes
atribuições: (...)
XIII – para atendimento de necessidades coletivas,
urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a
autoridade competente da esfera administrativa correspondente
poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como
de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização; (...)

Prosseguem os autores, lembrando que os civis poderão ser convocados53,


ainda, para servirem nas Forças Armadas nos casos de calamidade pública, tenham ou
não prestado serviço militar, seja qual for o documento comprobatório de situação
militar que possuam, nos termos do art. 19 da LSM, e art. 34 da Lei nº 5.292, de 8 de
junho de 196754:

51 Disponível em: <https://www.observatoriodajusticamilitar.info/single-post/2020/04/09/>. Acesso em:


29 mar. 2023.
52 “Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 29 mar. 2023.
53 O art. 3º, item ‘6’, do Decreto nº 57.654, de 1966 conceitua convocação como o “ato pelo qual os

brasileiros são chamados para a prestação do Serviço Militar, quer inicial, quer sob outra forma ou fase”.
54 “Dispõe sôbre a prestação do Serviço Militar pelos estudantes de Medicina, Farmácia, Odontologia e

Veterinária e pelos Médicos, Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários em decorrência de dispositivos da Lei


nº 4.375, de 17 de agôsto de 1964”. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-
1969/l5292.htm>. Acesso em: 30 mar. 2023. Regulamentada pelo Decreto nº 63.704, de 29 de novembro
de 1968 (“Regulamenta a Lei nº 5.292, de 8 de junho de 1967, alterada pela de nº 5.399, de 20 de março de

Claudionor Rocha
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53

Art. 19. Em qualquer época, tenham ou não prestado o


Serviço Militar, poderão os brasileiros ser objeto de convocação de
emergência, em condições determinadas pelo Presidente da
República, para evitar a perturbação da ordem ou para sua
manutenção, ou, ainda, em caso de calamidade pública.
Art. 34. Em qualquer época, seja qual for o documento
comprobatório de situação militar que possuam, os MFDV
poderão ser objeto de convocação de emergência, em condições
determinadas pelo Presidente da República, para evitar perturbação
da ordem ou para sua manutenção, ou, ainda, em caso de
calamidade pública.
Do exposto os autores deduzem que, ainda que um civil nunca tenha
servido nas Forças Armadas, poderá ser convocado em caso de calamidade pública.
Salientam que os militares da reserva remunerada são aqueles que estão na inatividade,
pertencem à reserva das Forças Armadas e percebem remuneração da União, porém,
sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização (art.
3º, § 1º, alínea ‘b’, inciso I, da Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980)55. Já os militares
da reserva não remunerada são aqueles que serviram nas Forças Armadas na condição de
militares temporários e, portanto, não adquiriram estabilidade e passaram a compor a
reserva não remunerada, após serem desligados do serviço ativo56 (art. 3º, § 3º, da Lei nº
6.880, de 1980).57

Segundo os mesmos autores, os militares de carreira das Forças Armadas


que tomam posse em cargo público estranho à carreira também são transferidos para a

1968, (...)”. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D63704.htm>.


Acesso em: 30 mar. 2023.
55 “Dispõe sobre o Estatuto dos Militares”, conhecida por E-1. Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em

razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são
denominados militares. § 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações: (...) b) na
inatividade: I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e percebam
remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou
mobilização; (...)”. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6880.htm>. Acesso em:
29 mar. 2023. Pela técnica legislativa atual, a alínea é subordinada ao inciso. Vide Lei Complementar nº 95,
de 26 de fevereiro de 1998 (“Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis,
conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a
consolidação dos atos normativos que menciona”). Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp95.htm>. Acesso em: 31 mar. 2023.
56 Lei nº 6.880, de 1980: “Art. 6º São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”, “em serviço ativo”,

“em serviço na ativa”, “em serviço”, “em atividade” ou “em atividade militar”, conferidas aos militares no
desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou
considerada de natureza militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presidência
da República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos demais órgãos quando
previsto em lei, ou quando incorporados às Forças Armadas”. (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.215-10, de 31.8.2001)
57 “Art. 3º (...) § 3º Os militares temporários não adquirem estabilidade e passam a compor a reserva não

remunerada das Forças Armadas após serem desligados do serviço ativo. (Incluído pela Lei nº 13.954, de
2019)

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54

reserva não remunerada, nos termos do disposto nos arts. 117 e 122 da Lei nº 6.880, de
1980, o mesmo ocorrendo com os militares que solicitam licenciamento do serviço ativo,
o que equivale à exoneração aplicada aos civis.

Os integrantes da reserva não remunerada são também nominados de


“reserva de 2ª classe” ou de “3ª classe”, a que alude o Decreto nº 4.502, de 9 de
dezembro de 200258:

Art. 5º A Reserva de 2ª Classe é constituída por:


I – aspirantes-a-oficial das Armas do Quadro de Material
Bélico - QMB e do Serviço de Intendência que, havendo concluído
com aproveitamento todas as disciplinas curriculares propriamente
militares do 4º ano da Academia Militar das Agulhas Negras -
AMAN, não tenham sido declarados aspirantes-a-oficial de
carreira, por haverem sofrido reprovação em alguma das demais
disciplinas e tenham sido declarados aspirantes-a-oficial R/2, de
acordo com este Decreto;
II – oficiais e aspirantes-a-oficial das Armas do QMB, do
Quadro de Engenheiros Militares - QEM e dos Serviços, oriundos
dos órgãos de formação de oficiais da reserva - OFOR, quando
não convocados;
III –oficiais e aspirantes-a-oficial dos Serviços, dispensados
por legislação específica, relativa a profissional de nível superior,
de frequentar OFOR, quando não convocados; e
IV – oficiais demitidos, a pedido ou ex officio, na forma
estabelecida pela Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, Estatuto
dos Militares, exceto os que perderem o posto e a patente.
Parágrafo único. Os integrantes da Reserva de 2ª Classe são
da reserva não remunerada e, após convocados, considerados
militares temporários da ativa, só voltando a compor a Reserva de
2ª Classe quando excluídos do serviço ativo.
Art. 6º Os cidadãos de reconhecida competência técnico-
profissional ou de notória cultura científica, que sejam convocados
como oficiais do Exército, conforme o estabelecido no Estatuto
dos Militares, após excluídos do serviço ativo compõem a Reserva
de 3ª Classe, que também faz parte da reserva não remunerada.

Relembre-se, seguindo o raciocínio dos autores citados, que as polícias


militares e os corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército
(art. 144, § 6º, da Constituição) e ambas as instituições, em momentos de crise, podem
ser convocadas pelo governo federal para atuarem nos casos de calamidade pública, nos

58 “Aprova o Regulamento para o Corpo de Oficiais da Reserva do Exército – R-68”. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4502.htm>. Acesso em: 30 mar. 2023.

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55

termos do art. 4º, item ‘2’, do Decreto-Lei nº 88.777, de 30 de setembro de 198359 e do


art. 3º, alínea ‘d’, do Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 196960, respectivamente:

Art. 4º A Polícia Militar poderá ser convocada, total ou


parcialmente, nas seguintes hipóteses: (...)
2) Para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem
ou ameaça de sua irrupção, e nos casos de calamidade pública
declarada pelo Governo Federal e no estado de emergência, de
acordo com diretrizes especiais baixadas pelo Presidente da
República. [sem destaques no original]

Art. 3º Instituídas para a manutenção da ordem pública e


segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito
Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas
respectivas jurisdições: (Redação dada pelo Del nº 2010, de 1983)
(...)
d) atender à convocação, inclusive mobilização, do
Governo Federal em caso de guerra externa ou para prevenir ou
reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção,
subordinando-se à Força Terrestre para emprego em suas
atribuições específicas de polícia militar e como participante da
Defesa Interna e da Defesa Territorial; (Redação dada pelo Del
nº 2010, de 1983) [sem destaque no original]

Ainda conforme o ensinamento de Foureaux e Oliveira, “força auxiliar”


significa força que assessora, auxilia, atua subsidiariamente no desempenho das
atribuições do Exército. Já “força reserva” significa que é uma força que atua
supletivamente, em substituição ou em apoio às funções precípuas do Exército.

Discernindo sobre a diferença entre os institutos da designação e da


convocação de militares da reserva para o serviço ativo, explicam aqueles autores que a
designação se aplica apenas ao militar estadual da reserva remunerada e se trata de um ato
de voluntariedade desse militar interessado em retornar para o serviço ativo, aliado à
conveniência e necessidade da instituição militar, de recomposição de efetivo, conforme
estatui o Decreto-Lei nº 88.777, de 1983:

Art. 19. Os policiais-militares na reserva poderão ser


designados para o serviço ativo, em caráter transitório e mediante
aceitação voluntária, por ato do Governador da Unidade da
Federação, quando:

59 “Aprova o regulamento para as policias militares e corpos de bombeiros militares (R-200)”. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d88777.htm>. Acesso em: 30 mar. 2023.
60 “Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Território e do

Distrito Federal, e dá outras providências”. Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0667.htm>. Acesso em: 30 mar. 2023.

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56

1) se fizer necessário o aproveitamento de conhecimentos


técnicos e especializados do policial-militar;
2) não houver, no momento, no serviço ativo, policial-
militar habilitado a exercer a função vaga existente na Organização
Policial-Militar.
Parágrafo único. O policial-militar designado terá os
direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica, exceto
quanto à promoção, a que não concorrerá, e contará esse tempo de
efetivo serviço.

O autores lembram que a utilização do mencionado instituto pelo Estado-


membro requer a existência de previsão em lei estadual que possibilite a medida, pois,
cabe a cada Estado disciplinar sobre o ingresso na instituição militar estadual, os limites
de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade,
os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos
militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades (art. 42, § 1º c/c o art. 142, §
3º, inciso X, ambos da Constituição).61

Como exemplo, citam o Estado de Minas Gerais, que previu a designação


de militares da reserva remunerada para o serviço ativo na Lei nº 5.301, de 16 de outubro
de 1969, que “contém o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais” (EMEMG)62:

Art. 136. (...)


§ 2º O militar da reserva remunerada poderá ser designado para o
serviço ativo, em caráter transitório e mediante aceitação
voluntária, a juízo do Governador do Estado, para atender a
necessidade especial relacionada com as atividades da Polícia
Militar do Estado de Minas Gerais - PMMG -, segundo dispuser
regulamentação específica.

Rematamos a citação de trechos relevantes do trabalho dos autores


mencionados lembrando que “a ordem pública abrange a segurança pública, tranquilidade
pública e salubridade pública” e, ainda, que “a salubridade pública trata da saúde pública,

61 Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º
Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado
em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual
específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
respectivos governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) Art. 142. (...) §
3º (...) X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras
condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades,
inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra.
62 Disponível em: <https://www.ipsm.mg.gov.br/arquivos/legislacoes/legislacao/leis/LEI_5.301.pdf>.

Acesso em: 30 mar. 2023.

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57

da saúde das pessoas, das inspeções sanitárias e de todas medidas que visem a
manutenção de um ambiente livre de riscos e contaminações de doenças”.

Mencionando definição constante do Glossário de Defesa Civil do


Ministério da Integração Nacional. 5ª Edição, os autores arrematam:

As atividades de defesa civil consistem em um “conjunto


de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas
destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da
população e restabelecer a normalidade social.”
Ocorre que, diferentemente dos servidores públicos
inativos, os militares da reserva remunerada possuem uma situação
jurídica sui generis e se apresenta como uma espécie de inatividade
precária, na qual o implemento definitivo está condicionado ao
atingimento do limite etário que impõe a sua conversão em
reforma.
Militar reformado, é aquele desobrigado definitivamente do
serviço militar. Assim, deve-se concluir que o fato de os militares
da reserva remunerada não haverem atingido a inativação completa
se liga à possibilidade de que ocorra o seu chamamento para o
serviço ativo, de forma voluntária ou compulsória.

Como visto na pesquisa sobre proposições deste estudo, alguns países,


dentre os quais Chile, Colômbia, Espanha, França, Israel e Itália já legislaram acerca dessa
modalidade de prestação de serviço militar nos órgãos policiais de natureza militar, o que
configura experiência exitosa protagonizada por países vizinhos latino-americanos e
países europeus desenvolvidos.

Finalizando este item registre-se, a título de informação, que tramitou na


Câmara dos Deputados, tratando do tema, o PL 4408/1998, do Deputado Silas Brasileiro
- PMDB/MG (Dispõe sobre o serviço militar nas polícias militares e nos corpos de
bombeiros militares). Apensado ao PL 3509/1997, foi arquivado, por prejudicialidade.
Saliente-se, porém, que iniciativa no mesmo sentido depende, em nosso sentir, de
previsão constitucional, donde a improsperabilidade do citado projeto.

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58

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De todo o exposto, resta evidente que a modalidade de prestação do


serviço militar é mais uma questão de decisão política que um critério essencial do ponto
de vista estratégico das políticas de Estado.

Especificamente no caso brasileiro, a modalidade do serviço militar


‘obrigatório’ (SMO) é tradicional, cuja manutenção é defendida pelas Forças Armadas.
Entretanto a realidade populacional vigente permite que se adote a prestação do serviço
militar na modalidade facultativa no Brasil.

O perfil demográfico muda com o tempo e há algumas décadas o perfil da


população brasileira se alterou bastante, com a dupla incidência da redução da taxa de
natalidade e da taxa de mortalidade. Dessa forma, a população tende a envelhecer, com
redução paulatina do segmento jovem, o que poderia representar um óbice futuro à
alteração da modalidade ora empregada.

Se atualmente cerca de apenas dez por cento dos alistados prestam o


serviço militar, no longo prazo, essa tendência de redução no número de jovens poderia
pôr a descoberto a necessidade de conscritos para a prestação do serviço militar inicial,
de caráter não profissional, visando à formação de reservistas aptos a eventual
mobilização militar.

Como a obrigatoriedade tem assento constitucional, sua alteração para a


modalidade facultativa poderia, contudo, ser feita por Emenda Constitucional e, na
hipótese de se vislumbrar a imperatividade da modalidade compulsória, em razão de nova
realidade demográfica, bastaria nova alteração no texto constitucional.

Entretanto, visando a preservar os cidadãos da sistemática solução de


remendar a Carta Magna para a resolução dos problemas que surgem, bastaria à eventual
emenda ressalvar a possibilidade de se adotar a compulsoriedade em determinadas
circunstâncias e por períodos certos.

Assim, tornaria facultativa a prestação do serviço militar, situação mais


consentânea com a tendência atual dos demais países, subsistindo, como exceção, a
modalidade atualmente prevista, de prestação de serviço militar na modalidade
obrigatória, ou melhor, compulsória.

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59

Quanto à possibilidade de prestação do serviço militar em órgãos militares


estaduais (polícias militares e corpos de bombeiros militares), entendemos ser
perfeitamente possível, restando a alteração constitucional dispor a respeito. Os
reservistas estaduais seriam, na hipótese de convocação ou mobilização, empregados nas
atividades de defesa interna (policiamento) defesa territorial (defesa de pontos sensíveis),
além de defesa civil nos casos de emergências e calamidades, inclusive de caráter
ambiental.

Outro ponto destacado é a automação do processo de alistamento e


controle da reserva de recrutamento e da reserva de disponibilidade, que pode ser
atualizada na medida do avanço tecnológico e adoção das ferramentas apropriadas pelos
órgãos competentes.

A título de colaboração a eventuais incursões legiferantes, elaboramos um


‘decálogo’, recomendando que qualquer alteração normativa a respeito do serviço militar
deva:

1) manter o alistamento compulsório, para fins de controle da reserva de


recrutamento;

2) manter a prestação do serviço militar na modalidade compulsória em


tempo de guerra na hipótese de ser alterada tal prestação para facultativa em tempo de
paz;

3) manter a possibilidade de compulsoriedade da prestação do serviço


militar por períodos certos, em situações de emergência constitucional e para
atendimento a necessidades especiais na hipótese de a prestação vir a ser facultativa em
tempo de paz;

4) especificar hipóteses de isenção e diferimento da prestação do serviço


militar, nos moldes atuais (mulheres, eclesiásticos e graduandos em cursos de interesse
para as Forças Armadas);

5) possibilitar a prestação do serviço militar nos órgãos militares estaduais,


a fim de formar reserva de disponibilidade para defesa interna, defesa territorial e defesa
civil, com isso ampliando a reserva de disponibilidade das Forças Armadas para atuação
em combate;

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60

6) ampliar as oportunidades de prestação do serviço civil alternativo na


hipótese de manutenção da modalidade compulsória da prestação do serviço militar, bem
como as oportunidades de prestação do serviço militar, tanto na modalidade compulsória
quanto na facultativa, por meio dos tiros-de-guerra e das escolas cívico-militares, visando
a ampliar a reserva de disponibilidade;

7) criar vantagens cívicas e sociais para os reservistas, mantendo a


contagem recíproca do tempo de serviço entre os diversos regimes de todos os entes
federados, para fins de aposentadoria;

8) manter a possibilidade de antecipação de prestação do serviço militar


para 17 anos ou alterá-la para 16 anos de idade;

9) ampliar a possibilidade de prestação do serviço militar pelas mulheres,


inclusive nos tiros-de-guerra e nos órgãos militares estaduais; e

10) reduzir ao mínimo indispensável as restrições ao exercício dos direitos


civis aos não quites com o serviço militar.

A questão da automação do processo de alistamento e conscrição, tendo


em vista os avanços tecnológicos que permitiram a criação dos canais de relação do
cidadão com o poder público, a exemplo das plataformas tipo e-gov (de e-government,
acrônimo da língua inglesa que significa “governo digital”), é uma questão de tempo e de
aferição da confiabilidade de tais sistemas. Dessa forma, a própria dinâmica das relações
governamentais com os administrados induzirá a Administração Pública a adotar esse
caminho, visando, inclusive, a acelerar a solução de processos contenciosos, facilitar a
arrecadação de tributos e criar mecanismos de compliance (conformidade) e accountability
(prestação de contas), por meio de ferramentas visando à transparência e ao acesso à
informação como direito do cidadão.

Para finalizar, algumas palavras sobre as restrições ao exercício dos


direitos civis aos não quites com o serviço militar, objeto da recomendação nº 10, acima.
Já houve questionamentos acerca da rigidez dessas regras, criadas, aliás, por simples lei
ordinária.

Compara-se, por exemplo, com a situação do cidadão em relação aos seus


registros policiais e judiciais, ou seja, em certas circunstâncias é mais difícil o exercício de
direitos para quem não estiver quite com o serviço militar que para aquele com severos
antecedentes policiais ou criminais.

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61

Há algumas proposições legislativas em tramitação exigindo certidões


negativas de antecedentes criminais para admissão a escolas infantis e outras proibindo
tais exigências em situações específicas, mas nenhuma vinculando o exercício dos direitos
civis à apresentação de certidões negativas de natureza criminal.

Como exemplo, a primeira restrição do art. 74 da Lei do Serviço Militar


(LSM) é quanto à obtenção do passaporte. Similarmente à regularidade exigida pelo
Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965), 63 em seu art. 7º, § 1º, inciso V, a
LSM exige a regularidade com o serviço militar para o exercício de certos atos da vida
civil, sendo essas duas exigências alguns dos requisitos para obtenção do passaporte.64

Com efeito, o art. 20 do Decreto nº 5.978, de 4 de dezembro de 2006, 65


exige, para obtenção do passaporte, a quitação com o serviço militar obrigatório (inciso
III) e a comprovação de votação na última eleição (inciso IV), mas não a impede sequer
por condenação criminal, apenas por “não ser procurado pela Justiça [foragido] nem
impedido judicialmente de obter passaporte [expresso na sentença]” (inciso VII). Donde
se pode concluir que o cidadão que não votou não pode obter passaporte, enquanto o
autor e mesmo um condenado por um crime eleitoral, em certas circunstâncias, pode
obtê-lo.66

Entendemos, contudo, que a natureza jurídica dos institutos é diversa.


Enquanto a regularização com o serviço militar é uma medida de cunho administrativo,
em geral não sujeita a qualquer contestação e tendendo à definitividade, a situação do
cidadão em relação à persecução penal é sempre precária. A única restrição geral é a
impossibilidade de exercício do direito eleitoral ativo do voto pela pessoa condenada
criminalmente em decisão definitiva. 67

63 Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4737compilado.htm>. Acesso em: 28 set.


2023.
64 Disponível em: <https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/passaporte/documentacao/lista>. Acesso em:

23 mar. 2023.
65 Dá nova redação ao Regulamento de Documentos de Viagem a que se refere o Anexo ao Decreto n o 1.983,

de 14 de agosto de 1996, que instituiu o Programa de Modernização, Agilização, Aprimoramento e


Segurança da Fiscalização do Tráfego Internacional e do Passaporte Brasileiro - PROMASP. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5978.htm>. Acesso em: 28 set.
2023.
66 Vide Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 (Estabelece, de acordo com o art. 14, § 9º da

Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências).


Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp64.htm>. Acesso em: 23 mar. 2023.
67 “Art. 48. Fica impedida de votar a pessoa presa que, no dia da eleição, tiver contra si sentença penal

condenatória com trânsito em julgado.” (Resolução nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021 - Dispõe sobre
os atos gerais do processo eleitoral para as Eleições 2022). Disponível em:

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62

Além disso, por atingir o direito mais importante do indivíduo, a


liberdade, a lei criou mecanismos que lhe permitam se irresignar, sempre, contra as
decisões pertinentes à sua conduta, suposta ou real, quanto ao cometimento de infração
penal. Do exposto, se deduz que, nas circunstâncias atuais, a lei não exigirá do cidadão a
apresentação de certidão negativa de antecedentes criminais como condição para o
exercício de seus direitos civis.

A propósito da viabilidade de alteração da prestação do serviço militar da


modalidade compulsória para a facultativa, arrematamos o presente estudo com uma
citação extraída de Kuhlmann (nota de rodapé nº 65, p. 36), em que o autor cita o
Capitão Basil Henry Liddel Hart (1895-1970), historiador, militar inglês, grande teórico
da estratégia, em sua obra Free man or State slave, London : No Conscription Council, 1946, p.
10, a qual, embora não aplicável à realidade brasileira em sua inteireza, demonstra o nível
do pensamento militar então vigente no Reino Unido desde aquela época acerca do tema:

O princípio do serviço compulsório, encarnado no sistema de


conscrição, foi o meio pelo qual os ditadores modernos e gangues
militares algemaram seus povos depois de um súbito golpe de estado, e
os confinou aos seus próprios propósitos agressivos. Devido ao grande
serviço que a conscrição fez à tirania e à guerra, é fundamentalmente
curta a visão de qualquer povo amante da liberdade e que deseja a paz
manter a conscrição como uma proteção imaginária, já que podem
tornar-se vítimas do monstro que ajudaram preservar – como aconteceu
anteriormente.

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63

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Serviço Militar pelos estudantes de Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária e
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nº 5.292, de 8 de junho de 1967, alterada pela de nº 5.399, de 20 de março de 1968, que
dispõe sôbre a prestação do Serviço Militar pelos estudantes de Medicina, Farmácia,
Odontologia e Veterinária e pelos Médicos, Farmacêuticos, Dentistas e Veterinários em
decorrência de dispositivos da Lei nº 4.375, de 17 de agôsto de 1964. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D63704.htm>. Acesso em:
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Claudionor Rocha
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convocação de Polícia Militar prevista no artigo 3º do Decreto-lei nº 667, de 02 de julho
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a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o
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normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.
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Mobilização Nacional e cria o Sistema Nacional de Mobilização – SINAMOB.
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11631.htm>. Acesso em: 21 mar. 2023.

______. ______. Decreto nº 6.592, de 2 de outubro de 2008. Regulamenta o disposto


na Lei no 11.631, de 27 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a Mobilização Nacional e
cria o Sistema Nacional de Mobilização – SINAMOB. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Decreto/D6592.htm>.
Acesso em: 21 mar. 2023.

______. ______. Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, de conversão da Medida


Provisória nº 494, de 2010. Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos
órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações
de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas
atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e
Defesa Civil; e dá outras providências. (Redação dada pela Lei nº 12.983, de 2014).
Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12340.htm>. Acesso em: 29 mar. 2023.

______. ______. Lei nº 13.500, de 26 de outubro de 2017, de conversão da Medida


Provisória nº 781, de 2017. Altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994,
para dispor sobre a transferência de recursos financeiros do Fundo Penitenciário
Nacional (Funpen), a Lei nº 11.473, de 10 de maio de 2007, para permitir a prestação de
serviços, em caráter excepcional e voluntário, à Secretaria Nacional de Segurança Pública
(Senasp), na qual se inclui a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), e as Leis nº
8.666, de 21 de junho de 1993, e 10.826, de 22 de dezembro de 2003; e revoga a Medida
Provisória nº 755, de 19 de dezembro de 2016. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13500.htm>.
Acesso em: 29 mar. 2023.

______. ______. Decreto nº 11.219, de 5 de outubro de 2022. Regulamenta o art. 1º-A,


o art. 3º, o art. 4º, o art. 5º e o art. 5º-A da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010,
para dispor sobre as transferências obrigatórias de recursos financeiros da União aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para a execução de ações de prevenção em

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66

áreas de risco de desastres e de resposta e recuperação em áreas atingidas por desastres.


Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
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Claudionor Rocha
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