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PRÊMIO DECEx

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO / MINISTÉRIO DA DEFESA

Resenha Crítica

“CAXIAS”
Por: FRANCISCO AFFONSO DE CARVALHO

CHRISTOPHER WOLFSTEIN TRUPPEL – AL


DAVID HENRIQUE MORO – AL
EDUARDO JAHN LUCIO – AL
EDUARDO NOVAKI PRINS – AL
ENZO AGOSTINI ATHAYDE - AL

CURITIBA
2023
CHRISTOPHER WOLFSTEIN TRUPPEL
DAVID HENRIQUE MORO
EDUARDO JAHN LUCIO
EDUARDO NOVAKI PRINS
ENZO AGOSTINI ATHAYDE

CAXIAS

RESENHA CRÍTICA
DESENVOLVIDA PARA
ATENDER AS DEMANDAS
DO DEPARTAMENTO DE
EDUCAÇÃO E CULTURA DO
EXÉRCITO - DECEX
QUANTO A PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DOS ALUNOS
DO NÚCLEO DE
PREPARAÇÃO DE OFICIAIS
DA RESERVA.

CURITIBA
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16 DE JULHO DE 2023

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1. INTRODUÇÃO
Publicado pela Biblioteca do Exército – Editora, em 1938, a obra “Caxias” tem como
propósito elucidar, esclarecer e situar, através de um estudo biográfico, os feitos de Luís
Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias, juntamente ao seu papel como figura ímpar para
a sedimentação do Brasil Império (1822-1889) frente aos entraves do Séc. XIX. Escrita por
Francisco Affonso de Carvalho (1897-1953): Oficial do Exército Brasileiro, Jornalista,
Escritor e Político, destacou-se pelos retratos biográficos de expoentes do Brasil, como o
Duque de Caxias e o Barão de Rio Branco, juntamente a sua contribuição com a Escola
Parnasiana de Poesia através da obra “Poemas Parnasianos”. Na área política, por sua vez,
deteve notável importância para o estado do Alagoas, onde ocupou a função de Governador e
Deputado Federal.
Dividido em 4 partes, a biografia do Pacificador discorre-se ao longo de 15 capítulos,
responsáveis por condensar as 295 Páginas, da seguinte maneira: Primeira Parte – Batismo de
Glória e Fogo; Segunda Parte – A Luta contra a Rebelião; Terceira Parte – A Luta contra a
Tirania; Quarta Parte – Velhice e Morte de Caxias. Com base nessa minuciosa divisão, o
autor, de maneira clara, assertiva e direta, descreve todas as fases da vida do Patrono do
Exército, percorrendo sua jornada pessoal e bélica com o decorrer de seus combates internos
e externos em prol da defesa da Soberania Nacional.
Através da escrita de Carvalho, somos convidados a mergulhar na história do Brasil
Império e nas complexidades territoriais, políticas e geográficas de um país embrionário,
descrita sob a ótica do Pacificador. Redigida em uma narrativa densa e detalhada, a obra visa
explorar para além dos fatos dos combates, estendendo-se ao Ser e a personalidade de Caxias,
perceptíveis em suas relações familiares e fraternas, assim como em seus dilemas internos,
fatores perpetuados nos valores do Exército, conforme compreenderemos a seguir.

2. DESENVOLVIMENTO
Introduzido desde muito cedo à Caserna, o jovem Luís Alves inicia sua jornada no
Exército ainda com cinco anos, em 1808, por iniciativa de seu pai: Marechal Francisco de
Lima e Silva, a fim de manter a tradição de sua família. Esta jornada inicial é descrita na
“Primeira Parte” da obra, apresentada com o infante Luís Alves assentando-se praça como
Primeiro Cadete no 1º Regimento de Infantaria de Linha e se desenvolvendo até a Noite da
Agonia, evento que narra a abdicação do trono do Brasil pelo Imperador Dom Pedro I, em

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1831, a fim de retornar a Portugal em meio à crise, deixando, por consequência, o trono nas
mãos de seu filho de apenas cinco anos de idade, Dom Pedro II.
Ao início do capítulo, o autor dispõe uma base histórica a fim de contextualizar os
leitores sobre os eventos à época, tais como a chegada da família real portuguesa ao Brasil, de
maneira a facilitar a compreensão dos eventos que vêm a seguir, assim como suas
consequências. Juntamente a contextualização da Coroa portuguesa, Carvalho menciona
brevemente a entrada do Duque de Caxias nas fileiras do exército no mesmo ano e
oportunamente pontua:

“Diante de tão singular coincidência de datas, pode-se afirmar


que o Brasil só se torna uma nação quando Caxias se faz
soldado.” (Pág 04.)

No transcorrer da obra, Affonso de Carvalho elucida sobre a linhagem militar do


Pacificador, os feitos e erros dos marechais que o antecederam, retomando, após isso, a sua
carreira, informando de uma maneira prolixa o desenvolvimento de sua formação e ingresso
no Batalhão do Imperador antes de relatar o batismo de fogo do patrono e parte de suas
campanhas.
O autor escreve sobre um pequeno romance que Lima e Silva viveu com Ângela
Garzón no Uruguai, durante a Campanha da Cisplatina, que não viria a se consolidar pela
necessidade do retorno do Duque ao Brasil, expressando sus abnegação e dedicação exclusiva
ao serviço da pátria frente a suas aspirações pessoais.
No decorrer do desenvolvimento da história de Caxias, a “Segunda Parte” do livro
trata dos principais conflitos internos onde a participação do Patrono do Exército teve
fundamental importância, com a finalidade de estabelecer a ordem no Brasil Império, sendo
elas: a Abrilada (Rio de Janeiro, 1831); a Balaiada (Maranhão, 1838 – 1841); a Sedição de
Sorocaba (São Paulo, 1842); a Revolta Liberal (Minas Gerais, 1842); a Farroupilha (Rio
Grande do Sul, 1835 – 1845).
O autor aborda estes conflitos históricos de uma maneira imersiva, com uma
introdução que contextualiza seus fatos geradores, amparando-se em cartas da época que
relatavam a situação em que se encontrava o país, descortinando Caxias na história e
discorrendo sobre a trajetória e ações tomadas pelo Pacificador, e, em alguns casos, trazendo
suas cartas para fundamentar seu texto.

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Tendo como foco a revolta da Farroupilha, o autor logo no início do capítulo
apresenta uma frase que Conde de Lajes, Ministro da Guerra à época, dirigiu à Caxias, na
qual prestigiava o então condecorado ao posto de Coronel e falava que naquele momento não
nomeava apenas um Coronel, mas sim um General que iria pacificar o Rio Grande do Sul,
mostrando, assim, a grande confiança e respeito que Caxias havia adquirido ao redor do
Brasil através de suas conquistas e vitórias.
No decorrer do capítulo, é apresentado ao leitor um resumo das operações militares
até 1841, citando nomes de grande importância, como Bento Manuel, um dos chefes
Farroupilhas, que Caxias sentiu necessidade de tornar seu aliado, visando os conhecimentos
sobre o terreno e a habituação com o conflito nos pampas, .
Ao final do capítulo, é explanada a tão esperada pacificação dessa intensa revolta que
teve uma duração de 10 anos, onde Caxias, no dia 1º de março, nas margens do rio Santa
Maria, proclama oficialmente o fim da guerra que causou grande prejuízos para o Brasil e
seus cidadãos, tanto em questões socioeconômicas como humanitárias, tendo em vista o
número de pessoas mortos no conflito. Caxias é efetivado Marechal-de-Campo por decreto e
recebe o título de Conde no dia 25 de março de 1845. Agora o Brasil contava com um general
completo, com todas as suas qualidades políticas e militares cristalizadas e devidamente
agraciado pela nação por sua forma pacífica e humana de acabar com conflitos.
Tratando agora sobre os conflitos externos dos quais Caxias participou, o autor cita,
na “Terceira Parte”, sobre a Guerra do Uruguai ou, mais comumente, Campanha contra Oribe
e Rosas, explanando sobre o Marechal Manuel Oribe, figura característica do caudilhismo e
da tirania do Prata, déspota sanguinário e cruel que havia repetidamente saqueado estâncias
brasileiras para abastecer sua tropa e provocar o Império, desenvolve sobre a revolta armada
do Barão de Jacuí, que protestavam a favor do Imperador e a constituição do Império. Dando
continuidade ao conflito externo, discorre sobre a guerra em si e seus motivos, mencionando
vários detalhes válidos para a estruturação da obra em seu valor militar, apresentando as
estratégias de como o combate se desenrolou, citando, também, a ordem de batalha e em que
forma iriam se dispor no terreno, atacar, assim como poder de fogo que investiriam sobre os
inimigos - momento em que faz referência ao atual Patrono da Cavalaria, o General Osório,
dando um valor imenso à figura do militar.
Dando continuidade aos conflitos externos, o autor destaca a Guerra da Tríplice
Aliança e o quão "aterrorizante" pode ser o ditador paraguaio Solano Lopez, resumindo
assertivamente na seguinte frase:
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"Poucos homens no mundo exercem tanta fascinação e poder
sobre sua gente como o ditador do Paraguai" (pág. 212)

Observa-se que Affonso de Carvalho assume ao longo do capítulo uma postura


completamente ofensiva contra o tirano, anunciando-o "tolo"¹ por declarar guerra contra o
Império Brasileiro e a Argentina, que até então mantinham uma posição de neutralidade
frente ao Paraguai, carecendo de uma introdução mais detalhada e significante sobre a vida
do ditador como, por exemplo, o fato de ele ter estudado o sistema militar prussiano e que
aplicou muito de seus conhecimentos em uma guerra que acreditava que poderia vencer.
Concluindo as campanhas externas de Caxias, o autor exclama suas indignações
referentes a não nomeação do Pacificador como Comandante-Chefe das Forças Brasileiras na
Guerra contra o Paraguai mesmo sendo o mais qualificado para tal função, descrevendo como
"uma das mais lamentáveis comédias da política monárquica" (Pág. 219). Apesar de
profundas e assertivas análises na obra, o autor, por muitas vezes, se apega a fatos
impertinentes, como descrever a má relação de Caxias com o Conde D'Eu, dedicando mais de
uma página para o isto, o que parece irrelevante para a história numa visão macro dos
acontecimentos, objetivo da obra. Ademais, o fato de o autor exaltar Luís Alves de Lima e
Silva, e exacerbadamente demonstrar seu viés em relação ao militar, prejudica na formação
de opinião do leitor sobre os fatos históricos descritos no livro. Em suma, o detalhamento de
alguns aspectos da guerra e dos conflitos participados por Caxias são extraordinários, porém
carece na riqueza de detalhes referentes a personagens importantes como Solano Lopez,
xxxxx.
Visando encerrar a obra biográfica, o autor apresenta na “Quarta Parte” da obra o
término da guerra e a volta de Caxias para o Brasil, indignando-se por não haver uma
recepção para a tropa que se sacrificou em campo de batalha, assim como a que houve no
desembarque de Rebouças, após a Batalha de Tuiuti em , por exemplo, onde o próprio
Imperador comparece prestando suas honras. As consequências pessoais sentidas por Caxias
são minuciosamente descritas pelo autor, apresentando o retorno de um Duque doente,
desvalorizado pela pátria que defendeu, sendo, ainda, atacado pelo Senado com uma
Denúncia alegando que Caxias trouxe consigo um número maior de animais para uso
particular que poderia. No transcorrer, Affonso de Carvalho apresenta para o leitor com
grandes pesares a situação desagradável em que o Duque enfrentava os conflitos internos em
seu país, ao passo em que enfrentava batalhas pessoais vividas pela morte de seu filho e sua

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esposa, elucidando em “A velhice e Morte de Caxias” a amarga solidão que o assolou no fim
da vida, sem o reconhecimento da Pátria pelo qual dedicou-se desde os cinco anos de idade,
mas, agora, também, sem sua família que o apoiou frente suas ausências em prol da “Ingrata
Pátria”².
3. CONCLUSÃO
Por fim, pode-se concluir que o livro Caxias, de Affonso de Carvalho, consegue
retratar a vida do Patrono do Exército com ricos detalhes e informações, introduzindo uma
grande profundidade para sua biografia XXXX. Porém, para seu bom entendimento se faz
necessário o conhecimento histórico dos fatos apresentados e uma familiaridade com uma
linguagem mais rebuscada, uma vez que o livro apresenta uma grande quantidade de
particularidades, assim desviando do assunto principal em pontos específicos, tornando-o, em
muitas das vezes, confuso. Outro aspecto que se sobrepõem a uma tão válida leitura
biográfica é o fato do autor desviar-se, por muitas vezes, da cronologia dos fatos, a fim de dar
uma dimensão mais profunda ao leitor, o que acaba por gerar o efeito contrário e confundi-lo
muitas vezes. Xxxx
A Leitura é valida por tais e tais aspectos ...
Onde ela agrega
Qual a reflexão dela
Qual o objetivo que ela se propõem? Ela atende?
...

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