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PRÊMIO DECEx

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO EXÉRCITO / MINISTÉRIO DA DEFESA

Resenha Resumo

“CAXIAS”
Por: FRANCISCO AFFONSO DE CARVALHO

VITOR CARVALHO– AL

CURITIBA
2023
VITOR CARVALHO
CAXIAS

RESENHA RESUMO
DESENVOLVIDA PARA
ATENDER AS DEMANDAS
DO DEPARTAMENTO DE
EDUCAÇÃO E CULTURA DO
EXÉRCITO - DECEX
QUANTO A PRODUÇÃO
CIENTÍFICA DOS ALUNOS
DO NÚCLEO DE
PREPARAÇÃO DE OFICIAIS
DA RESERVA.

CURITIBA
24 DE JULHO DE 2023

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1. INTRODUÇÃO
Publicado pela Biblioteca do Exército – Editora, em 1938, a obra “Caxias” tem como
propósito elucidar, esclarecer e situar, através de um estudo biográfico, os feitos de Luís
Alves de Lima e Silva – o Duque de Caxias, juntamente ao seu papel como figura ímpar para
a sedimentação do Brasil Império (1822-1889) frente aos entraves do Séc. XIX. Escrita por
Francisco Affonso de Carvalho (1897-1953): Oficial do Exército Brasileiro, Jornalista,
Escritor e Político, destacou-se pelos retratos biográficos de expoentes do Brasil, como o
Duque de Caxias e o Barão de Rio Branco, juntamente a sua contribuição com a Escola
Parnasiana de Poesia através da obra “Poemas Parnasianos”. Na área política, por sua vez,
deteve notável importância para o estado de Alagoas, onde ocupou a função de Governador e
Deputado Federal.
Dividido em 4 partes, a biografia do Pacificador discorre-se ao longo de 15 capítulos,
responsáveis por condensar as 295 Páginas, da seguinte maneira: Primeira Parte – Batismo de
Glória e Fogo; Segunda Parte – A Luta contra a Rebelião; Terceira Parte – A Luta contra a
Tirania; Quarta Parte – Velhice e Morte de Caxias. Com base nessa minuciosa divisão, o
autor, de maneira clara, assertiva e direta, descreve todas as fases da vida do Patrono do
Exército, percorrendo sua jornada pessoal e bélica com o decorrer de seus combates internos
e externos em prol da defesa da Soberania Nacional.
Através da escrita de Carvalho, é possível ter uma outra visão da história do Brasil
Império e das complexidades territoriais, políticas e geográficas de um país embrionário,
descrita sob a ótica do Pacificador. Redigida em uma narrativa densa e detalhada, a obra visa
explorar para além dos fatos dos combates, estendendo-se ao Ser e a personalidade de Caxias,
perceptíveis em suas relações familiares e fraternas, assim como em seus dilemas internos,
fatores perpetuados nos valores do Exército, conforme compreenderemos a seguir.

2. DESENVOLVIMENTO
A obra inicia-se na chamada “Primeira Parte”que começa retratando o momento em
que o jovem Luiz Alves de Lima e Silva ingressa, por influência de seu pai, Marechal
Francisco de Lima e Silva, na vida militar, firmando-se praça como Primeiro Cadete no 1º
Regimento de Infantaria de Linha com apenas cinco anos e termina no momento em que
Dom Pedro I volta para portugal (1831), deixando seu filho Dom Pedro II no seu trono,
momento esse intitulado “Noite da Agonia”.

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No início do capítulo o autor contextualiza, através de uma base histórica, o leitor
sobre os principais acontecimentos da época, como a vinda da coroa portuguesa para o Brasil
e suas consequências, mencionando também, de forma breve, a entrada de Caxias nas fileiras
militares e sua linhagem de castrense, nos apresentando os feitos dos Marechais que o
antecederam. Após apresentar a linhagem de Lima e Silva, Affonso de Carvalho relata de
forma prolixa a carreira e o desenvolvimento do Patrono do Exército junto ao seu ingresso no
Batalhão do imperador. Ainda a fim de mostrar as qualidades do patrono, como a abnegação
e dedicação exclusiva ao serviço da pátria frente a suas aspirações pessoais, o biógrafo expõe
um pequeno romance entre Lima e Silva e Ângela Garzón no Uruguai, durante a Campanha
da Cisplatina, que não viria a se consolidar pela necessidade do retorno do Duque ao Brasil.
Seguindo para a “Segunda Parte “, o autor narra os conflitos internos em que Duque
de Caxias participa, sendo eles:a Abrilada (Rio de Janeiro, 1831); a Balaiada (Maranhão,
1838 – 1841); a Sedição de Sorocaba (São Paulo, 1842); a Revolta Liberal (Minas Gerais,
1842); a Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835 – 1845), mostrando a importância do Duque
em cada conflito. A Forma que Carvalho retrata cada confronto é, primeiro, contextualizando
seus fatos geradores, amparando-se em cartas da época que relatam a situação em que se
encontrava o país, e depois, mostrando a forma como Caxias tomava suas decisões, usando
em alguns casos, as cartas do patrono como base.
Tendo por foco a revolta farroupilha, o autor começa o capítulo com uma frase que o
do então Ministro da Guerra, Conde de Lajes proferiu ao então condecorado ao posto de
Coronel, Duque de Caxias, fase esta que dizia que naquele momento não nomeava apenas um
Coronel, mas sim um General que iria pacificar o Rio Grande do Sul, mostrando, assim, a
grande confiança e respeito que Caxias havia adquirido ao redor do Brasil através de suas
conquistas e vitórias.
No decorrer das páginas é apresentado ao leitor um resumo das operações militares
até 1841 bem como a aliança feita entre o Duque e Bento Manuel (um dos chefes
farroupilhas), visando os conhecimentos que Bento Manuel possuia sobre o terreno e a
habituação com o conflito nos pampas. No final do capítulo é explanado o fim dessa revolta
com a tão esperada pacificação, anunciada oficialmente no dia 1º de março, nas margens do
rio Santa Maria, revolta que trouxe muitos prejuízos tanto socioeconômicos para o Brasil
como humanitários, tendo em vista o número de mortos no conflito. Caxias é efetivado
Marechal-de-Campo por decreto e recebe o título de Conde no dia 25 de março de 1845.
Agora o Brasil contava com um general completo, com todas as suas qualidades políticas e
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militares cristalizadas e devidamente agraciado pela nação por sua forma pacífica e humana
de acabar com conflitos.
Na "Terceira Parte" da obra, o autor aborda os conflitos externos em que Caxias
esteve envolvido, começando pela Guerra do Uruguai, também conhecida como Campanha
contra Oribe e Rosas. Nesse contexto, é apresentado o Marechal Manuel Oribe, uma figura
característica do caudilhismo e da tirania do Prata. Oribe era conhecido por saquear estâncias
brasileiras para abastecer suas tropas e provocar o Império.
O livro descreve uma revolta liderada pelo Barão de Jacuí, que protestava a favor do
Imperador e da constituição do Império. O autor detalha a guerra em si, seus motivos e
apresenta informações valiosas sobre a estrutura militar, incluindo estratégias de combate,
ordens de batalha e forma como as tropas se posicionariam no terreno, além do poder de fogo
utilizado contra os inimigos. Nesse contexto, é mencionado o atual Patrono da Cavalaria, o
General Osório, atribuindo grande valor à sua figura militar.
Continuando com os conflitos externos, a obra destaca a Guerra da Tríplice Aliança e
o ditador paraguaio Solano López (1827-1870), que é descrito como "aterrorizante". O autor
ressalta que poucos homens exercem tanta fascinação e poder sobre seu povo quanto o
ditador do Paraguai.
Affonso de Carvalho adota uma postura ofensiva ao longo do capítulo, chamando
Lopez de "tolo"por declarar guerra contra o Império Brasileiro e a Argentina, que até então
mantinham uma posição de neutralidade em relação ao Paraguai. No entanto, o texto carece
de uma introdução mais detalhada sobre a vida do ditador, incluindo o fato de ele ter estudado
o sistema militar prussiano e aplicado seus conhecimentos na guerra que acreditava poder
vencer.
Ao concluir as campanhas externas de Caxias, o autor expressa indignação com a não
nomeação do Pacificador como Comandante-Chefe das Forças Brasileiras na Guerra contra o
Paraguai, mesmo sendo o mais qualificado para a função. Essa omissão é descrita como "uma
das mais lamentáveis ​comédias da política monárquica" (Pág. 219).
Em resumo, a obra oferece detalhes extraordinários sobre a participação de Caxias em
conflitos, porém carece de riqueza de detalhes sobre outros personagens importantes, como
Solano Lopez. Ainda assim, é uma leitura valiosa para quem deseja conhecer mais sobre a
história militar e política do Brasil no século XIX.
Na "Quarta Parte" da obra, o autor conclui a biografia apresentando o termo da guerra
e o retorno de Caxias ao Brasil. O autor expressa indignação pela falta de recepção adequada
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à tropa que se sacrificou no campo de batalha, comparando com a honra prestada ao
desembarque de Rebouças após a Batalha de Tuiuti. Nesse momento, o próprio Imperador
esteve presente para prestar suas homenagens.
As consequências pessoais de Caxias são minuciosamente descritas pelo autor. O
Duque retorna doente e sentindo-se desvalorizado pela pátria que defendeu com tanto
esforço. Além disso, ele enfrenta ataques do Senado, que o denunciam por trazer consigo um
número maior de animais para uso particular do que seria permitido.
Ao longo da narrativa, Affonso de Carvalho retrata com pesar a difícil situação
interna que o Duque enfrentou em seu país, ao mesmo tempo que lidou com batalhas pessoais
causadas pela morte de seu filho e esposa. o capítulo final, "A velhice e Morte de Caxias"
,descreve a amarga solidão que o acometeu no fim da vida, sem o reconhecimento merecido
da Pátria pela qual ele se rendeu desde os seus cinco anos de idade. Além disso, o Duque
também sentiu a falta de sua família, que o apoiou durante suas ausências em prol da "Ingrata
Pátria".

3. CONCLUSÃO
A leitura desta obra revela a habilidade de Carvalho em transmitir a saga do Duque de
Caxias ao público, contando a história dessa carreira militar que esteve presente em quase
todos os conflitos ocorridos no Brasil durante o século XIX. É evidente a minuciosa pesquisa
realizada pelo autor, especialmente ao relatar os conflitos conduzidos por Caxias,
apresentando datas e locais com precisão.
Um aspecto notável é a base histórica que fundamenta a ascensão militar de Caxias,
destacando suas conquistas e suas condecorações, como Veterano da Independência, Barão de
Caxias, Conde de Caxias, Marquês de Caxias, Marechal do Exército, Duque de Caxias e
Patrono do Exército Brasileiro.
Essa obra não se limita apenas ao público militar; é recomendado para todos os
cidadãos que valorizam o conhecimento histórico-político da nação brasileira. Ao ler a obra,
não apenas a memória do patrono é preservada, mas também contribui para o exército
brasileiro.
De fato, qualquer leitor será inspirado ao conhecer a identidade desse militar que
sempre buscava proteger a integridade territorial do Brasil. Caxias demonstrou seu empenho
pela paz, oferecendo anistia para os soldados rebeldes e evitando conflitos, como habilmente
retratado pelo autor. Essa atitude reflete e comprova seu espírito pacificador.
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