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Universidade de Pernambuco - UPE

Licenciatura em História (2° período)


Nazaré da Mata, dia 15 de dezembro de 2023
Componente curricular: Brasil I
Docente: Dr. Giovane Albino
Discentes: Anthony Assis, Breno Kauã, Eurico Farias, Yasmin Joyce
Campus: Mata Norte

A historiografia sobre a América portuguesa: novas perspectivas e leituras


sobre a sociedade colonial.

RESUMO
A presente pesquisa trata-se de um estudo referente a historiografia sobre a américa
portuguesa e as novas perspectivas e leituras sobre a sociedade colonial. Esse
artigo foi desenvolvido a partir da leitura de bibliografias referentes ao assunto com o
intuito de explicar e desenvolver o conhecimento acerca da sociedade colonial.
Desse modo é notório o quanto a realidade na colônia portuguesa na américa é
diferente do ensinado nas escolas no que se refere às relações entre colonos e
indígenas; no poderio bélico; nas relações de poder entre os nobres portugueses
etc. Os métodos utilizados na pesquisa foram explicativos e descritivos com o intuito
de investigar e explicar os fenômenos e a sociedade da época colonial. Por fim, a
pesquisa constatou que as relações da sociedade na américa portuguesa eram
muito mais complexas e desenvolvidas.

Palavras-chave: Sociedade; relações; colonial; complexas; América portuguesa.

Nas últimas décadas os debates historiográficos começaram a pensar nos


pensar nos personagens apagados, entre eles os negros, indígenas, mulatos,
quilombolas e mulheres. Isso possibilitou novas visões que demonstraram como o
passado e o presente do Brasil são complexos. Pudemos sair da caixinha de uma
narrativa linear e encontrar uma floresta cheia de coisas a serem exploradas,
tornando até mais atraente estudar. A importância desse processo é como aumenta
a autoestima dos grupos sociais escanteados, pois traz à tona figuras importantes
que os representam de forma positiva. Também serve para desconstruir ideias
coloniais acerca do Brasil, evidenciando como nós tínhamos certa autonomia apesar
de estarmos “presos” a Portugal. Nosso objetivo com a pesquisa é justamente
mostrar essas novas perspectivas e leituras sobre a sociedade da América
Portuguesa.
Primeiramente vamos tratar sobre o absolutismo, um conceito no qual o rei
detinha poder absoluto sobre todos os territórios da coroa, porém como podia ele
sozinho mandar em terras tão grandes e dispersas umas das outras. Depois iremos
visualizar os recentes debates na historiografia, tendo como foco as elites aqui
formadas e seus tipos. Prosseguiremos para o protagonismo indígena, tentando
enxergar não só a resistência, mas a agência desses povos, seus alvos com as
alianças, além de suas estruturas militar e política. Por fim, voltamos à discussão
das elites para mostrar a importância dos cargos nas câmaras municipais, as
guerras que davam títulos de fidalguia, os casamentos por terra e até uma presença
miscigenada nos poderosos.

O império marítimo português e o mundo atlântico

A partir da leitura do texto “O trato dos viventes”, do célebre historiador Luiz


Felipe de Alencastro, fica exposto o quanto a colonização do Brasil é mal escrita e
explicada nas escolas e livros didáticos. Uma vez que o ensino básico retrata a
colonização de forma superficial e padronizada, ou seja, sem dar ênfase nas
exceções e variáveis. “Ainda que o eventual excedente econômico das conquistas
fosse captado pelas teias ibéricas, a expansão mercantil não conduzia
necessariamente ao reforço do poder monárquico.” (ALENCASTRO, 2000, p.12)
Desse modo, é notório que a concepção de absolutismo e de poder total do rei sobre
todas as decisões e eventos acerca dos territórios além-mar são um tanto quanto
equivocadas uma vez que as comunicações e tomadas de decisões levariam dias
para serem concretizadas.
Podemos imaginar o seguinte acontecimento: uma carta muito importante escrita
no Brasil deve ser levada ao rei, esse documento vai determinar o futuro de uma
capitania, porém a entrega da carta levará meses saindo da colônia atravessando o
atlântico para chegar na metrópole e a resposta do rei pode demorar ainda mais
para voltar ao remetente. Outro ponto importante alusivo ao poder monárquico é
referente as capitanias hereditárias, todos os livros didáticos possuem mapas que
mostram o quão organizadas e dominantes eram as capitanias, entretanto isso não
é uma realidade uma vez que os colonizadores sempre se mantiveram na costa
brasileira e não dominaram todo aquele território, na verdade grande parte dos
responsáveis da administração da colônia nunca puseram os pés em solo brasileiro.
“Tal contexto geográfico e econômico configura uma realidade aterritorial, sul
atlântica, a qual faz flagrante o anacronismo do procedimento que consiste em
transpor o espaço nacional contemporâneo aos mapas coloniais para tirar
conclusões sobre a terra de Santa Cruz.
Terra que não era toda uma só. Por causa do sistema de ventos, das correntes e
do comércio predominantes no Atlântico Sul." (ALENCASTRO, 2000, p.20) Dessa
maneira, é importante enfatizar que a colonização da américa portuguesa não se
restringe somente aos territórios brasileiros, mas a toda extensão extra marinha de
Portugal no Atlântico sul. Uma vez que toda história colonial brasileira está
interligada às colônias portuguesas na África, como na Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Todos esses espaços foram importantes para
a coroa portuguesa pois possuíam grandes quantidades de matérias primas, tal qual
o Brasil, e principalmente a mão de obra escrava que era levada ao brasil para
trabalharem nas lavouras. Esse trágico e brutal evento da história ficou eternizado
no poema de Castro Alves “o navio negreiro” que dá ênfase na dor e no sofrimento
dos homens e mulheres que viveram um verdadeiro “inferno na terra” pelo simples
fato de serem negros. “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade tanto horror perante os céus?...” (Alves,1869, p5) Esse
trecho do poema de Castro Alves retrata um pouco do quanto desesperador e
aterrorizante era estar em um navio negreiro.
“Se verifica que apenas 15% dos navios entrados no porto de Luanda vinham da
metrópole. Todo o resto da navegação para Angola - muitas vezes carregando
mercadorias brasileiras (mandioca, cachaça etc.) e não europeias (tecidos asiáticos)
- saía do Rio de Janeiro, da Bahia e do Recife.” (ALENCASTRO, 2000, p.29)
Portanto, é notório retratar o conceito de exclusivo metropolitano. Esse termo
representa a proibição da colônia em fazer negócios com outros centros comerciais
que não fossem a metrópole. A partir do contexto do texto, o Brasil apenas deve
exportar seus recursos para Portugal, entretanto, como os dados revelam isso não é
uma realidade. Muitos navios zarparam dos portos brasileiros em direção à África,
mas especificamente pelo trecho na Angola, dessa forma desrespeitando o
exclusivo comercial. Outro motivo para o descumprimento dessa lei era a questão
logística imagine o gasto necessário para sair do Brasil em direção a Portugal para
depois navegar até a Angola quando um navio poderia simplesmente sair do Rio de
Janeiro, cruzar o atlântico e chegar na Angola fazendo uma viagem menos
demorada e sem um grande desvio desnecessário.

Debates historiográficos e as narrativas sobre a América Portuguesa

Com a chegada dos portugueses ao Brasil, inicia um período ao qual o


chamamos de América Portuguesa (esse termo não está ligado ao continente
americano em si e sim relacionado diretamente a relação do Brasil com Portugal.),
ressaltando que a América Portuguesa possui uma ligação muito forte com
acontecimentos que ocorrem tanto em Portugal quanto em outras colônias
portuguesas.
Há vários debates sobre a América Portuguesa, e um deles é sobre a
historiografia brasileira. Podemos dizer que obtivemos novas abordagens e diálogos
novos a exemplo de, história social, cultural, entre outras, “ no qual a centralidade
da coroa operava como elemento decisivo na conformação e no reconhecimento dos
poderes e das hierarquias sociais instituídas”, (Bicalho, Maria Fernanda Baptista,
2012, p.239), levando principalmente aos debates sobre os tipos de nobrezas e no
aspecto político.
Sobre as nobrezas considera a existência de três tipos, a nobreza de Sangue,
que comumente ficava em Portugal, ou seja, perto da capital real e tinham certos
destaques possuindo títulos importantes como por exemplo, de duques e de vice-rei.
Uma das nobrezas mais importante que ocorriam na época da América Portuguesa
era a nobreza da terra, ressaltando que “ Esses súbitos podiam contar, ou não, com
títulos providos pela monarquia, pois seu poder de comando não raro era
independente de títulos e privilégios cedidos pelo soberano”. (Raminelli, Ronald,
2018,p.219). Essa espécie de auto título demonstrava o poder no qual os senhores
possuíam canaviais e outros recursos financeiros e que impunham para obter
benefícios próprios e reconhecimento perante ao povo. Outra importante nobreza
era a nobreza política, “ sua legitimidade dependia então do jogo político entre os
monarcas e seus vassalos”. (Raminelli, Ronald. 2018.p.219). O monarca utiliza
desse método para o benefício e controle do reino, já que muitas dessas pessoas
prestam serviços ao Reino apenas visando reconhecimento perante ao rei.
“No processo de justificação de nobreza, os pernambucanos apresentam-se
como a nobreza mais antiga, com altos índices de referências paternas e de
antepassados”. (Raminelli, Ronald. 2018,p.228). Para justificar seus títulos de
nobreza, você teria que herdar de pai ou de mãe, caso não tivesse títulos na família,
poderia recebê-lo através de participações em guerras, na qual lutaria pelo
interesses do rei e do reino, “ para sua fidelidade e por terem se destacado no ato de
servir ao rei os cidadãos de algumas cidades portuguesas receberam, em troca,
honras, liberdades e privilégios”. (Bicalho, Maria Fernanda Baptista, 2005,p.29).
Com essas ações feitas pelo rei, ele assegurava que seus súditos continuariam leais
à coroa, e que não trocasse de lado e orquestra- se algo contra o próprio rei, família
real ou até mesmo contra o reino Português.
Visando um melhor controle administrativo das capitanias brasileiras foram
criadas as câmaras municipais, que tinha como o principal objetivo, fazer com que
as ordens do rei fossem cumpridas e que mantivessem a ordem, “ As câmaras
municipais eram instrumentos centrais da política da coroa, de pacificação do interior
e, psicologicamente, representam uma providência arguta da parte de Albuquerque.
Simbolizava a estabilidade e continuidade da administração;”. (Russel- Wood,
1977,p.36 ). Dito isso, ocorriam disputas políticas, para saber quem ocuparia os
cargos importantes dentro das câmaras “ O acesso aos cargos camareiras surgia
como objeto de disputas entre grupos economicamente influentes nas localidades”.
(Bicalho, Maria Fernanda Baptista, 2005,p.29). Muitas vezes esses senhores
importantes, realizavam casamentos entre seus filhos e filhas, para que assim
tivessem uma aliança, ou seja, um laço familiar para que se apoiassem mutuamente,
tanto no quesito para ter apoio dentro das câmaras municipais, quanto
externamente, em questão de comércio e coisas do tipo, juntando assim o poder dos
senhores e perpetuando esses poderes dos cargos das câmaras municipais e de
donos de terras, por gerações futuras.
Percebe-se que a América Portuguesa está vinculada com seus colonizadores
durante muito tempo, não temos como compreender a historiografia brasileira, sem
entender a portuguesa. Pois por um longo período, olhamos para a nossa através de
pensamentos português, “ Diria que se a historiografia portuguesa desempenhou e
vem desempenhando importante papel na renovação das pesquisas e análises
sobre o Brasil colonial” (Bicalho, Maria Fernanda Baptista, 2012,p.239). E logo em
seguida percebemos que também temos influência sobre as pesquisas deles, “ da
mesma forma, nossa historiografia e nossa vastíssima produção têm influenciado,
de maneira inequívoca, os trabalhos de historiadores portugueses que se dedicam
ao antigo regime europeu”. (Bicalho, Maria Fernanda Baptista, 2012,p.239). Ou seja,
para os historiadores de ambos países, que precisam estudar um certo período ao
qual Portugal e o Brasil possuíam laços, (colonizador e Colônia) é preciso estudar a
história de ambos como um todo, sem separação.

O protagonismo indígena e a construção da sociedade colonial

As narrativas sobre o passado apagam as participações dos nativos ou os fazem


parecer irrelevantes. De acordo com Maria Almeida (2017), “os índios sempre
estiveram na história do Brasil, porém, grosso modo, como força de trabalho ou
como rebeldes que acabavam vencidos, dominados, escravizados, aculturados ou
mortos.” Isso deu oportunidade para se criarem e perpetuar ideias preconceituosas,
dando a impressão de serem selvagens sem nenhum traço de civilização ou de
inocentes criaturas facilmente enganadas. Com o avanço da historiografia os
pesquisadores começaram a tentar preencher as lacunas e resolver os problemas
do eurocentrismo. “Cada vez mais reconhece não apenas os distintos e constantes
processos de resistência indígena como também a atuação multifacetada de atores
sociais indígenas naquela sociedade.” (SILVA, 2023)
“Sem desconsiderar o tamanho da violência contra os índios e as condições
desiguais de negociação entre eles e os europeus, podemos observar que, apesar
de restritas, suas atuações impuseram uma série de limites aos colonizadores.”
(ALMEIDA, 2017) Pouco se fala sobre essa participação, o que chega a ser
intrigante como tantas pessoas facilmente acreditam numa superioridade
portuguesa, sendo que a população lusitana em comparação a inígena era
ridiculamente pequena. Segundo Kalina Silva (2023), “uma área, entretanto, na qual
esses personagens foram tão influentes, mas na qual são constantemente
subestimados pela historiografia, é a das estruturas militares.” Os nativos conheciam
o território, já estavam acostumados a lutar nas matas fechadas, conseguiam passar
mais tempo nas florestas por saberem onde conseguir alimento, enquanto os
colonizadores usavam roupas pesadas, armas que não funcionavam na umidade e
guerreavam em campo aberto.
Nas muitas guerras e batalhas que aconteceram no Brasil, desde conquistas de
terras, a expulsão dos holandeses, brigas com franceses, entre outras, os povos
originários sempre participaram ativamente. Nas alianças feitas com os
colonizadores nos “deparamos com grupos étnicos e sociais distintos que lutavam e
negociavam, cada qual procurando fazer valer seus interesses.” (ALMEIDA, 2017)
Os indígenas se aproveitavam dos acordos para se vingar de tribos inimigas,
conquistar regiões e alcançar seus objetivos políticos. Trazendo um exemplo, na
conquista dos territórios potiguar, a historiadora Kalina (2023) afirma que “era
exatamente essa inimizade fiel que definiu suas alianças com os europeus, com os
Tabajara fazendo acordos com luso-espanhóis, e os Potiguar com os franceses.” É
interessante notar que eles perceberam a rivalidade existente entre os europeus,
logo, entendiam as relações em que estavam se envolvendo.
Conforme as vitórias foram alcançadas as pessoas iam ganhando títulos e
adquirindo nobreza na sociedade colonial, o que também incluía os nativos
participantes das campanhas. Usando o mesmo exemplo da conquista da Paraíba e
Rio Grande do Norte, a guerra resultou “com os Potiguar especificamente se
reinventando nos aldeamentos, construindo uma elite indígena a partir da
constituição do Terço dos Índios.” (SILVA, 2023) Isso mostra ter existido na nobreza
uma composição mestiça, até porque se eles fossem ignorados nas recompensas
da coroa portuguesa diminuiria as chances de quererem ajudar nas futuras
expedições. Porém é evidente que não se pode, como fala Maria Almeida (2017),
“desconsiderar os limites da mobilidade social permitida aos índios e os preconceitos
e discriminações contra eles que não se apagavam com as nobilitações alcançadas
e se mantiveram por todo o período colonial.”
Vendo toda a importância da força bélica dos povos originários “é imprescindível
que os estudos dedicados à história indígena na América portuguesa considerem a
intersecção da atuação indígena nessa sociedade com a estrutura militar da
mesma.” (SILVA, 2023) Não podemos cometer os mesmos erros dos cronistas que
só vangloriavam os personagens brancos, apagando do passado nativos, negros,
mulatos e crioulos. O objetivo deve ser dar espaço justamente a essas pessoas tão
importantes, mas esquecidas ou menosprezadas nas narrativas. Como diz Almeida
(2017), “ainda temos muito que avançar, sobretudo, no sentido de conectar histórias,
pois ainda são poucos os historiadores que, voltados para outros temas, incorporam
as contribuições da história indígena.” Quando as escolas passarem a ensinar desde
antes a chegada lusitana, passando pelo Império, até a república atual, incluindo as
participações de negros e nativos do começo ao fim em todas as narrativas, poderá
dizer que este problema está enfim resolvido.
Estrutura Social , Mobilidade e Governo das Conquistas

De acordo com “ RAMINELLI, Ronald( Nobreza e Principais da Terra) é notório a


existência de uma divisão na nobreza do Império Portugûes em 3 grupos: nobreza
de sangue (era formada pela linhagem, possuía vínculos de sangue e lealdade com
o monarca) nobreza política (ocupavam cargos administrativos importantes e
detinham grande quantidade de capital ex: vassalos providos pela monarquia com
hábitos das ordens militares e cargos na monarquia e no ultramar) e por último a
nobreza da terra (era a categoria mais comum no Brasil Colonial composta por
grandes detentores de terras, títulos militares e ocupantes de postos nas câmaras
municipais).

Primeiramente vale ressaltar o destaque da nobreza da terra presente no novo


mundo, visto que não necessitavam de títulos concedidos pelo monarca para
exercer grande controle regional os membros desse grupo como o exemplo mais
popularmente conhecido “senhor de engenho” detentores de terras eram
geralmente descendentes de colonos que receberam sesmarias seja por meio de
capitães donatários ou da própria Coroa Portuguesa, a classe da nobreza da terra
era muito importante para a administração da colônia porque diferente da nobreza
que estava em Portugal recebendo impostos e emitindo decretos, ela era
responsável pela proteção do território contra ameaças externas como foi o caso da
guerra contra os holandeses que ocorreu na Capitania de Pernambuco, onde a
Coroa Portuguesa concedeu títulos para militares como uma forma de retribuir seu
bom desempenho no campo de batalha, onde exerceram um papel crucial na
expulsão dos holandeses de Pernambuco defendendo assim uma colônia importante
para o Império Portugûes. Os membros da nobreza da terra da Ámerica
Portuguesa com o passar do tempo passaram a receber um aumento crescente de
nobilitações, recebendo títulos de fidalgos, cavaleiros dentre outros.

As elites locais formulavam estratégias para aumentar sua inflûencia e poder


político era comum acontecer casamentos entre filhos de senhores de engenho, com
a unificação de duas famílias poderosas a quantidade de títulos e patentes sobre
posse dessas famílias aumentaria. Conforme RAMINELLI, Ronald( Nobreza e
Principais da Terra pág 19) um jovem chamado José Vaz Salgado Junior tornou-se
cavaleiro aos 30 anos pois era filho de um portugûes homem de negócios,
proprietário de fazendas, vereador e coronel de ordenança todos esses títulos de
seu de pai permitiram que o jovem alcançasse um título tão importante com pouca
idade. Esse acontecimento serve para provar a importância familiar para receber
títulos.

Ademais existiam possibilidades de obter ascensão social, não era obrigatório


nascer em uma família da aristocracia para viver uma vida cheia de privilégios na
sociedade colonial. O militarismo surgia como um caminho a seguir para as pessoas
menos afortunadas que queriam se tornar donos de terras e ascender nas câmaras
municipais. Indíviduos que tivessem um papel importante como militar poderiam ter
acesso à nobilitação mesmo que fossem indígenas ou mestiços. Na guerra contra o
domínio holandês, o chefe indígena Antônio Felipe Camarão devido ao seu papel
no combate recebeu os títulos de dom, brasões de armas, patentes militares, hábitos
e comentas da Ordem de Cristo, sendo grande parte dessas benesses preservadas
pelos seus descendentes provando assim a tese de que existia ascensão social
nessa sociedade.

Com a posse dos títulos os militares exerciam grande influência e podiam


ocupar postos em câmaras municipais, receber ou comprar sesmarias. Outrossim,
de acordo com Maria Fernanda ( Elites coloniais : a nobreza da terra e o governo
das conquistas CAP 4. História e historiografia pág 77 ) é possível perceber uma
diferença entre o colonizador e o colono, diferença essa que não é ensinada nas
escolas brasileiras fazendo com que os estudantes não saibam distinguir um termo
do outro, achando que os papéis dessas duas figuras são iguais como é citado na
pág 77, “ A relação metrópole-colônia, no momento considerado, funda-se no pacto
colonial, ou seja no compromisso recíproco das partes embora em proporções
desiguais, deste modo o colono está obrigado ao cumprimento do monopólio, por
seu turno o colonizador está obrigado a resguardar o monopólio do proprietário fato
nem sempre resguardado pelo proprietário fato nem sempre evidenciado pela
historiografia”.

O colono é o agente ativo da colonização um exemplo disso foi quando foram


implementadas as capitanias hereditárias como tentativa da Coroa Portuguesa de
colonizar o território brasileiro o capitão donatário podia doar sesmarias para outras
pessoas, os indíviduos que recebiam sesmarias usavam a terra para plantar, morar
e ainda se envolviam em conflitos com os indígenas que eram os verdadeiros donos
da terra , enquanto os colonizadores tinham a função de fiscalizar e cobrar impostos
da colônia para metrópole os colonos administravam a terra.

Conclusão

O êxito adquirido e a percepção de que ao falarmos sobre a américa


portuguesa, Não apenas buscamos compreender de forma rasa o colonizador e a
sua colônia, as raízes que nos unem, é mais profunda e importante do que podemos
imaginar. A exemplo de, relações utilizadas pelo rei, para manter o Império
português erguido na América portuguesa, relações essas que ocorram com povos
que já habitavam a terra brasileira, os indígenas, esse povo rico em cultura, mas
quando se fala sobre a época da América Portuguesa se é ocultado a importância
desse povo. O fato que ocorre através da ocultação sobre a historiografia indígena e
mostrarem os mesmos como ingênuos é um pouco arbitrário, já que eles ajudaram
indiretamente ou até mesmo diretamente a construir o Brasil que possuímos nos
dias atuais.
Por fim, o que não pode ser mudado é o protagonismo de português, indígenas
e brasileiros, que juntos fundiram os lados de pensamentos históricos e culturais que
possuímos atualmente.
Não podemos deixar de lado as estruturas sociais da época, já que através
dessas estruturas conseguimos conquistar avanços políticos e sociais, a exemplo
das câmaras municipais, ainda vigentes em nossa época. A diferença dessa
geração para a geração que vivia nessa era da América portuguesa, basicamente é
a oportunidade de conhecimento, possuímos também mais liberdade neste aspecto
e facilidade em buscar informações sobre assuntos que nesse tempo eram tidos
como tabus, hoje o pensamento crítico tanto de historiadores, quanto de pessoas
que apenas por curiosidade buscam se aprofundar no assunto, mostra a principal
diferença entre essa época e a antiga, que seria a facilidade em pesquisas e a
mente aberta e mais focada em coisas que para as pessoas daquele período fosse
impossível de se pensar e acreditar que aquele tipo de assunto teria relevância para
a historiografia de um povo, uma que relaciona todos aqueles que ajudaram na
construção do nosso país e que por isso é de extrema importância ser
compreendida de uma maneira correta e ser passada com realmente os fatos
aconteceram, e não se esqueça o protagonista da história brasileira foram aqueles
que ajudaram e ainda ajuda tanto nas conquistas políticas e culturais desse povo.

Bibliografia

ALENCASTRO, Luiz Felipe. O Trato dos Viventes. São Paulo: Cia das Letras,
2000, prefácio e capítulo 1: “O Aprendizado da Colonização”.

BICALHO, Maria Fernanda: “Elites Coloniais: a nobreza da terra e o governo das


conquistas”. In: MONTEIRO, N. G.; CARDIM, P. & CUNHA, M. S. da (orgs.)
Optma Pars. Elites Ibero-Americanas do Antigo Regime. Lisboa: ICS, 2005.

CELESTINO, Maria Regina. A atuação dos Indígenas na História do Brasil:


Revisões Históriográficas. REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA (ONLINE), v.
37, p. 10.1590/1806-93, 2017.

RAMINELLI, Ronald. Nobreza e principais da terra - América Portuguesa, séculos


XVII e XVIII. TOPOI (RIO DE JANEIRO), v.19, p. 217-240, 2018

RUSSELL-WOOD, A. J. R. O governo local na América portuguesa: um estudo


de divergência cultural. Revista de História, [S. l.], v. 55, n. 109, p. 25-79, 1977.
DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1977.77329. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/77329. Acesso em: 15 dez.
2023.

SILVA, Kalina Vanderlei. De flecheiros e emboscadas Agência Indígena e a


Máquina de Guerra Colonial nas Capitanias do Norte dos Sécs. XVI e XVII.

Fontes

ALVES, Castro (1869). EX!.

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