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PORTO ALEGRE
2022
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PORTO ALEGRE
2022
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AGRADECIMENTOS
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Palavras-chave: Homicídio doloso. Infração penal militar. Inquérito policial militar. Justiça
Militar.
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Key-words: Willful Murder. Military police investigation. Military Criminal Offense. Military
Justice.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
Não só os indivíduos estão na sociedade, mas a sociedade também está nos indivíduos,
incutindo-lhes, desde o nascimento deles, a sua cultura. A cultura e a sociedade
permitem a realização dos indivíduos, as interações entre os indivíduos permitem a
perpetuação da cultura e a auto-organização da sociedade (MORIN, 2005, p. 51-52).
Nesse diapasão, o instituto em tela caracteriza-se tanto por sua natureza particular, bem
como por sua essência coletiva. Todavia, independentemente da sua quantificação, se
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individual ou coletiva, o valor jurídico relevante ora tratado configura uma edificação
substancial da vida em sociedade e que garante a evolução societária de um povo (SCOLANZI,
2012).
Para Bianchini, Molina e Gomes (2009, p. 232):
A referência a valores concretos não significa identificar o bem jurídico com o objeto
material (objeto da ação). O bem jurídico pode ter tantos aspectos materiais quanto
ideais, o que não desnatura seu conteúdo concreto. Ao legislador impõe-se que tenha
sempre em mente esse caráter concreto, como critério vinculante da seleção de crimes,
isto porque a identificação do bem jurídico só se torna possível quando conferido na
relação social em que se manifesta. Aí é que entra o conceito moderno de bem
jurídico, como delimitação à tarefa de identificação dos dados reais que compõem,
como fato natural, bem como orientação para a sua criação pelo direito. O legislador
está vinculado a só erigir à categoria de bem jurídico valores concretos que impliquem
na efetiva proteção da pessoa humana ou que tornem possível, ou assegurem sua
participação nos destinos democráticos do Estado e da vida social (TAVARES, 2010,
p. 711-728).
peso abstrato, inerente à sua capital relevância, é superior a todo outro interesse
(MENDES, 2017, p. 255).
Exemplo da tutela estatal em prol de um bem jurídico de suma relevância para o ser
humano, foi a atuação do legislador ordinário na seara penal incriminando penalmente a
conduta de um indivíduo em ceifar a vida de outro, por meio da construção legislativa do
Código Penal Comum e do Código Penal Militar. O CPM, por sua vez, prevê como proibida a
conduta do militar, seja federal ou estadual, matar alguém (BRASIL, 1969). Por meio desse
dispositivo, o Estado brasileiro valorou como propriedade substancial a existência: “a vida
humana, direito fundamental assegurado pelo artigo 5º, caput, da Constituição Federal”
(MASSON, 2019, p.579).
Conforme o exposto acima, verifica-se que o Estado, ao servir como instituição
responsável por organizar a vida em sociedade, deve, por meio dos seus mecanismos formais
de controle, garantir a harmonização comunitária entre as pessoas. Por meio do instituto do bem
jurídico, direitos fundamentais previstos na Carta Fundamental de 1988, como, por exemplo, o
direito à vida, acima mencionado, são tutelados contra condutas criminosas oriundas dos
conflitos existentes entre os mais diversos interesses de nossa nação.
Sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma
penal incriminadora, sob ameaça de pena. Num conceito material, infração penal é o
comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico tutelado, passível de sansão penal. O conceito analítico leva em
consideração os elementos estruturais que compõe a infração penal, prevalecendo fato
típico, ilícito e culpável (SANCHES, 2017, p. 160).
Sob outra perspectiva, a infração penal pode ser, também, explorada por meio de seu
instrumento epistemológico encarregado por coordenar sua própria configuração. Aludido
mecanismo corresponde ao conceito analítico de crime, o qual enumera uma sequência de
componentes que, quando preenchidos analiticamente, permite ao interprete do direito verificar
se determinado fato ocorrido possui correspondência criminosa, ou não (SANTIAGO, 2020).
Assim sendo, o primeiro elemento que se extraí do conceito analítico é a tipicidade, a
qual pode ser conceituada como sendo a conduta humana que afronta a ordem jurídica e social
e que se insere em uma norma incriminadora prevista pelo Direito Penal. À vista disso:
Fato típico, portanto, pode ser conceituado como ação ou omissão humana, antissocial
que, norteada pelo princípio da intervenção mínima, consiste numa conduta produtora
de um resultado que se subsome ao modelo de conduta proibida pelo Direito Penal,
seja crime ou contravenção penal. Do seu conceito extraímos seus elementos: conduta,
nexo causal, resultado e tipicidade (SANCHES, 2017, p. 197).
Devemos ter presente que a antijuridicidade não surge do direito penal, mas de toda
ordem jurídica, porque a antinormatividade pode ser neutralizada por uma permissão
que pode provir de qualquer parte do direito: assim, o hoteleiro que vende a bagagem
de um freguês, havendo perigo na demora em acudir a justiça, realiza uma conduta
que é típica do art. 168 do CP [apropriação indébita], mas que não é antijurídica,
porque está amparada por um preceito permissivo que não provém do direito penal,
mas sim do direito privado (art. 1470 do CC/02). A antijuridicidade é, pois, o choque
da conduta com a ordem jurídica, entendida não só como uma ordem normativa
(antinormatividade), mas com uma ordem normativa de preceitos permissivos. O
método, segundo o qual se comprova a presença da antijuridicidade, consiste na
constatação de que a conduta típica (antinormativa) não está permitida por qualquer
causa de justificação (preceito permissivo), em parte alguma da ordem jurídica (não
somente no direito penal, mas tampouco no direito civil, comercial, administrativo,
trabalhista, etc (ZAFFARONI; PIERANGELI, 2009, p. 540).
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (BRASIL, 1988).
da tutela penal militar por serem o alicerce constituidor de toda entidade marcial, inclusive
fundamentando, quer seja diretamente, quer seja indiretamente, outros bens jurídicos
amparados pela normal penal militar. Conforme essa perspectiva:
(…) qualquer que seja o bem jurídico evidentemente protegido pela norma, sempre
haverá, de forma direta ou indireta, a tutela da regularidade das instituições militares,
o que permite asseverar que, ao menos ela, sempre estará no escopo de proteção dos
tipos penais militares, levando-nos a concluir que em alguns casos teremos um bem
jurídico composto como objeto de proteção do diploma penal castrense (NEVES,
2017, p. 554).
Destarte, o artigo 9º do Código Penal Militar, por sua vez, traz as seguintes
circunstâncias caracterizadoras do crime militar:
Por conseguinte, extrai-se do texto legal acima citado, preliminarmente, dois conceitos
de crime militar, quais sejam: crime militar próprio e crime militar impróprio.
O delito penal militar próprio é aquele que possui previsão normativa apenas no Código
Penal Castrense e apenas militares podem ser os sujeitos ativos da respectiva infração penal
(NUCCI, 2019). Cita-se como exemplo o crime de desrespeito a superior, previsto no artigo
160 do Diploma Legal Militar em tela:
Por outro lado, o crime militar impróprio são os que possuem previsão no Código
Marcial e, também, na legislação penal comum, como ocorre no crime de concussão, cuja
previsão normativa está tanto no CPM, em seu artigo 305, bem como no CP, quando positivado
no dispositivo penal n. 316, ambos com redações legais idênticas, tais quais como, “exigir, para
si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida” (BRASIL, 1940).
Há que ser destacado que a partir da promulgação da Lei n. 13.491 de 2017, a doutrina
militar passou prever, também, o conceito de crime militar por extensão como sendo aquele que
possui previsão unicamente na legislação penal comum, quando praticada em uma das
circunstâncias situacionais previstas no artigo 9º do Código Penal Militar. Nesse sentido,
entende-se que o dispositivo agora instituiu os crimes militares por extensão como aqueles
previstos exclusivamente na legislação penal comum, isto é, no Código Penal e na legislação
extravagante (Roth, 2018).
2.3 Da ampliação do conceito de crime militar por meio da promulgação da Lei 13.491
de 2017
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Até meados do ano de 2017, o conceito de crime militar impróprio era delimitado pelo
artigo 9º, inciso II, do Código Penal Militar, como sendo aqueles previstos na legislação
específica e com igual definição na lei penal comum.
Contudo, a partir da promulgação da Lei n. 13.491, de 13 de outubro de 2017, que
possui a finalidade de ampliar a competência das justiças militares por meio da absorção do
julgamento de infrações penais prevista em todo ordenamento jurídico-penal comum, quando
praticadas por militar em uma das circunstância previstas no artigo 9º do Código Penal Militar
(FOUREAUX, 2017), a redação do dispositivo em tela passou a ser da seguinte forma: “os
crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal” (BRASIL, 1969).
Desse modo, toda e qualquer conduta típica, ilícita e culpável prevista em um diploma
normativo comum, quando desenvolvida no contexto do artigo 9º do CPM, ainda que não haja
definição legal semelhante no Código Castrense, passou a ser considerada como conduta
criminosa de natureza militar.
Desta feita, a literatura militar aventou a nova definição doutrinária, até então utilizada,
de crime militar por extensão, ou, também, crime militar extravagante. Nesse sentido, aventou-
se o seguinte: “Com o advento da Lei 13.491/17, o critério ex vi legis continuou prestigiado,
todavia, reconhecemos agora o acréscimo de uma nova categoria de crimes militares que
denominamos crimes militares por extensão” (ROTH, 2018, n.p).
O termo extravagante, por sua vez, defendido por parcela da doutrina, se dá em razão
de que tipificação criminal extravagante do delito está às margens do Código Penal Militar, isto
é, por exemplo, no Decreto-Lei 2.848 de 1940, o que permite a identificação da reincidência
em outra infração penal comum praticada pelo indivíduo em sua vida fora das celeumas
castrenses (NEVES, 2017).
Não obstante, depreende-se do acima observado, que por meio da aplicação do critério
definidor ratione legis, o conceito de crime miliar sofreu uma transformação com a
promulgação da Lei 13.491 de 2017. Antes, entendia-se como delito militar, apenas as condutas
tipificadas com correspondência única no Código Penal Militar – crime militar próprio, ou, que
também possuíssem correspondência igual na Legislação Penal Comum – crime militar
impróprio.
Atualmente, por meio da nova redação do inciso II, do artigo 9º, do Código Penal
Castrense, independentemente da localização normativa do tipo penal incriminador, desde que
praticado em uma das circunstâncias previstas no dispositivo em tela, o delito passou a ser
conceituado como crime militar cuja sua natureza é extensiva por força de lei.
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médica de morte encefálica em feto transforma a sua retirada irrelevante por ausência de vida
intrauterina no caso em concreto (CABETTE, 2017).
Veja-se:
Nada obstante, o crime militar de homicídio doloso – artigo 205 do CPM – é incluído
no que se entende por crimes dolosos contra a vida. Todavia, de forma diversa do Código Penal
Comum, o qual possui capítulo especial para tratar da tutela jurídica do respectivo bem jurídico,
o Código Militar Marcial não possui capitulação específica para abarcar os delitos dolosos de
tais naturezas.
O crime em tela, então, juntamente do homicídio (quer seja na modalidade dolosa, quer
seja na modalidade culposa – artigo 206, do CPM); da provocação direta ou auxílio a suicídio
– artigo 207, do CPM; e do genocídio – artigo 208, do CPM, está inserido no Título IV – Dos
crimes contra a pessoa. Desse modo:
(...) também está pacificado que o delito em questão é daqueles que se denominam
crimes militares impróprios, ou seja, ante o comando do artigo 9º do CPM, e das várias
hipóteses de seu inc. II, se encontra com igual definição na lei penal comum,
exatamente no artigo 121 do CP (ASSIS, 2012, pg. 165).
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Por fim, destaca-se que o artigo 205 do CPM prevê as modalidades do delito em questão
quando a conduta for desenvolvida em circunstâncias fáticas específicas. Em seu parágrafo
primeiro, o Código Penal Militar traz o homicídio privilegiado, o qual se caracteriza prática do
crime pelo indivíduo que está: “impelido de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima” (BRASIL, 1969).
A doutrina ensina que o relevante valor social está configurado pelo interesse coletivo,
e não meramente individual, vinculando-se ao sentimento de fidelidade, fraternidade, civismo
(NUCCI, 2019). Noutro sentido é a privilegiadora do relevante valor moral, a qual assume
interesse particular, individual do homicida, como, por exemplo, a eutanásia de um ente querido
no leito de morte de um hospital (MASSON, 2019).
Ainda no que diz respeito ao homicídio privilegiado, outra forma de privilégio
criminoso é o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima. Nesse
ponto, a conduta é praticada fundamentada em uma perturbação que retira do homicida o seu
estado de normalidade psíquica, posto que o mesmo passa a ser coordenado pelos seus
sentimentos, como, por exemplo, o ódio, a raiva (GANEM, 2018).
De maneira oposta às condutas privilegiadas do delito, estão as qualificadoras previstas
no artigo 205, § 2º do CPM. Antes de tudo, faz-se necessário entender a definição de homicídio
qualificado:
O delito contra a vida em questão pode ser qualificado, conforme o texto legal
competente, das seguintes formas:
Em suma, do que se depreende acima, tem-se que as qualificadoras previstas nos incisos
I, II, V, VI e VII, acrescendo a traição, prevista de forma inicial no inciso IV, são
circunstanciadoras de ordem subjetiva, isto é, que estão no domínio do sujeito homicida, e não
relacionadas ao fato em si. Por outro lado, as qualificadoras previstas nos incisos III e IV, com
exceção, como já dito, da traição, são de natureza objetiva, ou em outras palavras, vinculam-se
ao fato criminoso, ao seu modus operandi (MASSON, 2019).
Inobstante a tratativa do crime acima citado, destaca-se que os crimes dolosos contra a
vida previstos no Código Penal Militar, como outrora embargado, não se encontram em tópico
específico no respectivo diploma normativo. Contudo, tais particularidades não serão
examinadas na presente pesquisa científica, a qual se resumirá a tratar do homicídio doloso
contra a vida, sobretudo, do homicídio doloso contra a vida de civil praticado por militar em
situação de atividade.
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Por outro lado, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, por sua vez, com redação
dada pela Emenda Constitucional n. 73, 12 de julho de 2017, atribuiu em seu artigo 129, caput,
expressamente a Brigada Militar, além do encargo de promover a polícia ostensiva, o exercício
da atividade de polícia judiciária militar. Veja-se:
Entretanto, embora não seja prevista sem desvios na Carta Fundamental de 1988, a
atividade de polícia judiciária militar é uma legítima atribuição das Forças Armadas, e de suas
Forças Auxiliares – polícias militares, tendo, como uma das suas principais funções, a apuração
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de infrações penais militares praticadas no contexto da caserna, cuja previsão está na ordem
infraconstitucional, sobretudo no Código de Processo Penal Militar, conforme a seguir analisar-
se-á.
De outra forma, o vocábulo competência, que por vez é confundido pelos interpretes do
direito para definir determinada atividade da administração pública, é empregado para delinear
a atuação jurisdicional, isto é, aplicação de parcela da jurisdição por meio de um magistrado
investido de tal poder estatal durante a aplicação do direito a um determinado caso concreto
(MIRABETE, 2008).
Nesses termos, não se pode confundir ambos os vocábulos. Não se deve afirmar que o
indivíduo que desempenha a função de polícia judiciária militar está dotado de competência
para concretização dos atos legais, posto que, como visto anteriormente, a polícia judiciária
militar é exercida por um órgão pertencente ao Poder Executivo, o qual é desprovido de
jurisdição. O termo correto para identificar o encargo afeto ao respectivo poder de polícia da
administração pública, desse modo, é atribuição.
Por conseguinte, atendo-se ao presente tópico, no Estado do Rio Grande do Sul, como
em todos os demais, as funções de polícia judiciária militar são exercidas pela polícia militar.
Destaca-se que a respectiva incumbência está relacionada ao cargo exercido pelo respectivo
integrante da Fora Auxiliar, e subdivide-se, ainda, em autoridade de polícia judiciária militar
originária e delegada (NEVES, 2018).
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Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território
nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios,
bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou
transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por
disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças
e unidades que lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos,
forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; e) pelos
comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades
dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da
Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços
previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios (BRASIL, 1969).
A autoridade de polícia judiciária militar é aquela que tem competência legal para
realizar todos os atos relativos à essa atividade. Nem todos os militares são autoridade
de polícia judiciária militar, mas somente aqueles definidos no Código de Processo
Penal Militar (CPPM). A Polícia Judiciária Militar é exercida pelas autoridades
elencadas no Art. 7º do CPPM.
Tanto no âmbito das Forças Armadas como no das Forças Auxiliares, no entanto, a
polícia judiciária pode ser exercida por uma autoridade om delegação originária
(autoridade delegada de polícia judiciária militar), ou seja, por aquele que, em nome
da autoridade originária, a exerce por delegação, recaindo sobre oficial da ativa, nos
termos do § 1º do mesmo artigo.
Assim sendo, não se atendo às Forças Militares Federais, verifica-se que no âmbito dos
Estados, no exercício de polícia judiciária militar, realizando leitura análoga ao artigo 7º do
CPPM, as atribuições originárias de polícia judiciária militar recaem em autoridade que
possuem função de comando dentro das Instituições, isto é, Comandante-Geral,
Subcomandante-Geral e Comandante das Unidades.
Portanto, desde que respeitadas as regras de jurisdição, hierarquia e comando, as
respectivas funções poderão ser transladas aos oficiais da ativa que sejam integrantes da mesma
polícia militar, o que irá configurar, como visto, uma atribuição delegada para o exercício da
ora tratada função de polícia estatal.
Essas atribuições estão enumeradas no rol do art. 8º do CPPM, rol que deve ser
considerado exemplificativo, e não taxativo, ao contrário de alguns autores. Essa
conclusão, nota-se, decorre da amplitude inerente à apuração de um fato e da
conclusão de que a conjugação de provas pela polícia judiciária é precária, ou seja,
será refeita sempre que possível, no curso do processo penal militar constitucional,
após o recebimento da denúncia, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa
(NEVES, 2018, p. 263):
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haverá campo para o exercício de polícia judiciária militar, nos termos da alínea a do
art. 8º do CPPM.
Permite-se, portanto, que não só as ações previstas no art. 8º sejam executadas, mas
também, em alinho à liberdade probatória (art. 295 do CPPM) e sob o crivo da
vedação à aceitação da prova obtida por meios ilícitos, que outras medidas sejam
desencadeadas, medidas essas previstas na própria lei processual penal militar
extravagante.
Não obstante, verifica-se que uma das principais atribuições conferidas à polícia
judiciária militar é o previsto na alínea a do artigo 8º do CPPM, qual seja: apuração de infrações
penais militares e de sua autoria delitiva. O expediente administrativo responsável por esse
encargo legal, que será tratado a seguir, é o inquérito policial militar, procedimento
investigativo que serve para apuração sumário do fato criminoso e que representa a
materialização da legítima atividade de polícia judiciária castrense.
O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais,
configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja
finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal
(BRASIL, 1969).
Sob outro prisma, pode-se definir o inquérito policial militar em seu sentido prático-
formal como sendo a complexa organização cronológica das diligências investigativas
realizadas e documentadas por meio da participação da figura do escrivão designado nos termos
do artigo 11, caput, do CPPM. Nesse norte, o expediente como ferramenta investigativa
confunde-se com a materialização dos autos investigativos documentados (GOMES, 2015).
Por conseguinte, cumpre-se destacar que, conforme o ensina o artigo 9º, caput, do
CPPM, a finalidade substancial da investigação formal, a qual possui caráter de instrução
provisória, é a de abastecer o titular da ação penal com elementos necessários à propositura da
ação penal. Nesse sentido são os ensinamentos da literatura: “O inquérito é destinado a fornecer
elementos ao titular da ação penal, a contribuir na formação da opinião delitiva (‘opinio
delicti’)” (TÁVORA, 2013, p. 103).
Em que pese o aludido entendimento, a partir da promulgação da Carta Fundamental de
1988, e com a consequente adoção do Estado Democrático de Direito como forma de Estado, a
investigação militar não pode mais ter como finalidade única a reunião de elementos
informativos para o oferecimento da denúncia contra o investigado.
O inquérito policial militar deve servir como filtro processual contra ações penais
militares sem fundamentos jurídicos, valendo-se como legítimo sistema de freios e contrapesos
do Poder Executivo em face da jus puniendi do Estado constituído (GOMES; SCLIAR, 2008,
n.p.). O que se deve fazer, a partir de então, é observar as implicações jurídicas resultantes da
aplicação da nova hermenêutica constitucional em face do tema. Nesses termos:
“Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não inferior ao
de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra a segurança
nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua
hierarquia, se oficial o indiciado” (BRASIL, 1969).
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados
obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em
conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-
se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do
indiciado, nos termos legais (BRASIL, 1969)
comunidade carioca de Vigário Geral – intitulada por historiadores como sendo a Chacina de
Vigário Geral (PAVIOTTI, 2018), no ano de 1993, provocou a necessidade de respostas vinda
do poder público para tranquilizar a população que observava com apreensão às notícias
televisionadas (ASSIS apud SCHWARTZ; SILVA, 2010).
Convergindo a esses fatos, iniciou-se, também, no mesmo período histórico, um
nascente político que pretendia reduzir a competência das Justiças Militares por meio de um
movimento centrípeto, isto é, partindo de uma competência ampla, que observava todo e
qualquer crime militar, para uma posição mais centralizada, aonde apenas as infrações
propriamente militares estariam no domínio de jurisdição da justiça especializada estadual
(NEVES, 2018).
Como fruto desse pensamento limitador acerca das Justiças Militares,
consequentemente, foi promulgada a Lei n. 9.299, de 07 de agosto 1996, a qual retirou da alçada
das justiças castrenses estaduais a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a
vida de civil praticados por policiais militares em serviço.
Legalmente isso ocorreu por meio da inclusão do parágrafo único ao art. 9º do Código
Penal Militar, o qual passou a dispor que as condutas que atentassem contra a vida de cidadão
civil e que fossem praticadas por policiais militares em serviço, passariam a ser processadas e
julgadas pela Justiça Comum.
Conforme redação trazida pelo texto normativo em questão:
"Art. 9° ...............................................................................
II - .......................................................................................
(...)
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum." (BRASIL, 1996).
Por conseguinte, outra contribuição para o mundo jurídico introduzida por meio do texto
legal promulgado no ano de 1996, foi o acréscimo do parágrafo segundo ao art. 82 do Código
de Processo Penal Militar, o qual passou a instruir a remessa dos autos das investigações
policiais militares para a Justiça Comum pela Justiça Militar. Conforme se observa:
Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados
contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz: (...)
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§ 2° Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum (BRASIL, 1969).
Doutro modo, as supra alterações legais vistas acima, que foram inseridas no
ordenamento jurídico pelo diploma normativo em comento, encontraram posições doutrinárias
que advogavam pelo reconhecimento de suas inconstitucionalidades.
Conforme tais correntes, o deslocamento de competência proposto pela Lei n. 9.299 de
07 de agosto de 1996, que levou para a Justiça Comum o julgamento dos crimes dolosos contra
a vida praticados por policiais militares em serviço, por exemplo, contrariou diretamente o art.
125, § 4º, da Constituição da República Federativa do Brasil. Para os estudiosos do direito
castrense, uma Lei de caráter Nacional não possui domínio legislativo para dispor de forma
diversa do conteúdo de norma cunhada pelo Constituinte Originário, sobretudo, para modificar
competência constitucional (LOBÃO, 2006).
Nesse mesmo enfoque, no mesmo ano de promulgação da Lei em discussão, a
Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL) provocou a jurisdição do Supremo
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Não obstante ao acima transcrito, no ano de 2008, não satisfeita com o desfecho judicial
anterior, a mesma comitiva nacional associativa propôs, então, a Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 4164, do Distrito Federal, cuja tese argumentativa, semelhante à que
configurou o pleito constitucional anterior, voltava-se a instalar a sapiência de que o crime
doloso contra a vida de civil praticado por policial militar em serviço, por exemplo, não deveria
mais ser considerado como crime militar, haja vista que o seu processamento e julgamento,
conforme as alterações trazidas pela Lei 9.299 de 07 de agosto de 1996 e, posteriormente, pela
Emenda à Constituição n. 45, dar-se-ia no âmago do Tribunal do Júri.
Assim, o homicídio praticado por policial militar em serviço contra civil deveria,
conforme expertise do art. 144, § 4º, da CRFB/88, ser apurado por Delegado de Polícia através
de inquérito policial. Nesse sentido são os argumentos cunhados na inicial provocativa da
jurisdição da Corte Suprema:
Evidencia-se, enfim, que a ADI n. 4164, do Distrito Federal, não teve o seu mérito
julgado pela Corte Constitucional, posto que o Presidente do Supremo Tribunal Federal incluiu,
tão somente, o seu julgamento no calendário do respectivo Tribunal Constitucional para o dia
22 de junho de 2022.
Desta maneira, conforme todo o exposto acerca dos reflexos jurídicos do advento da Lei
n. 9.299 de 07 de agosto de 1996, tem-se que a mesma teve ao longo de sua vigência vastos
questionamentos pautados pelos diversos setores que operam o direito nacional, os quais
fundamentaram, inclusive, a provocação com posterior manifestação preliminar em sede de
decisão precária do Supremo Tribunal Federal.
Entretanto, em nenhum momento observado tais disposições introduzidas pelo
mencionado diploma normativo, sobretudo os dizeres textuais do parágrafo segundo do art. 82,
do Código de Processo Penal Militar, tiveram sua inconstitucionalidade reconhecida pela
Instância Máxima do Poder Judiciário em sede de controle abstrato de constitucionalidade.
O que vige, por força do respectivo texto legal, desde então, é que a apuração de uma
conduta dolosa que atente contra a vida de civil praticada por policial militar em serviço, por
exemplo, será desenvolvida no cerne da polícia judiciária militar, por meio de um inquérito
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policial militar, presidido pela figura legal do encarregado – oficial da ativa, na condição de
autoridade de polícia judiciária militar originária ou, quando transferida pelas vias legais tal
incumbência, por meio de uma autoridade delegada de polícia judiciária militar.
Por fim, fração da doutrina castrense reafirma a atribuição investigativa das Polícias
Militares em crimes dessa natureza a partir de três concepções: primeiro: há previsão legal para
a atuação da polícia judiciária militar na investigação dos crimes dolosos contra a vida de civil
praticado por policiais militares; segundo: antes de tudo, por meio de expediente adequado,
deve-se investigar a intenção do militar estadual quando for observado que em decorrência de
sua conduta um civil veio a óbito; terceiro: a existência de duas polícias judiciárias em nosso
ordenamento jurídico – acompanhada da interpretação do art. 125, § 4º da CRFB/88, que dispõe
que as policias civis não investigarão as infrações penais militares – evidencia a cisão das
atribuições entre ambas as polícias investigativas (SILVA, 2007).
Em relação a segunda tese que defende a manutenção da atribuição das polícias
judiciárias militares, tem-se que se reconhecida a culpa como elementar subjetiva estruturante
da conduta do militar estadual quando o óbito de civil for resultado de sua atuação em serviço,
a competência para julgamento não será do Tribunal do Júri, haja vista que este apenas conhece
das condutas homicidas cuja intenção criminosa se dá por meio do dolo.
4.2 Homicídio doloso contra a vida de civil praticado por policial militar em serviço e
a divergência acerca da atribuição para investigação preliminar
O Exmo. Min. Ilmar Galvão, relator do respectivo recurso em habeas corpus, em seu
voto, disciplinou que a convergência normativa entre os dispositivos legais, inseridos por meio
da Lei n. 9.299, de 07 de agosto de 1996, movimentaram o pensamento do interprete do direito
ao entendimento de que o crime doloso contra a vida de civil praticado por policial militar
detém natureza jurídica em conformidade com a natureza do órgão responsável pelo seu
julgamento. Observa-se:
Esse leading case, posteriormente, serviu como fonte jurisprudencial para o Superior
Tribunal de Justiça proferir suas decisões em casos semelhantes. No Conflito de Competência
n. 45.134, de Minas Gerais, do mesmo modo da jurisprudência inaugurada pelo Supremo
Tribunal Federal, O STJ reproduziu o comando jurisprudencial que dispôs que a supracitada
inclusão legislativa ao art. 9º do CPM excluiu do catálogo dos delitos militares os crimes
dolosos contra a vida de civil praticados por policiais militares. Observa-se:
Portanto, a inferência lógica é que os crimes dolosos contra a vida de civil perpetrados
por militar, por força do estabelecido na Lei 9.299/96, foram despojados de sua
condição de crime militar, retornando, desde então, à condição de crimes comuns, da
competência da Justiça Comum. E, como consequência, diante das regras insculpidas
no texto constitucional, a apuração das infrações penais de competência da Justiça
Comum incumbe à Polícia Civil.
Esse, inclusive é o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça[11], que
já se manifestou no sentido de que "o parágrafo único do art. 9º do CPM, com as
alterações introduzidas pela Lei nº 9.299/96, excluiu do rol dos crimes militares os
44
crimes dolosos contra a vida praticado por militar contra civil, competindo à Justiça
Comum a competência para julgamento dos referidos delitos" (grifamos).
Portanto, a Lei 9.299/96, muito além de alterar a "competência" para julgamento dos
crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, implicitamente alterou a
"atribuição" para a investigação[12]-[13], já que alterou a natureza jurídica desses
crimes para a condição de crimes comuns (GARCEZ, 2017, n.p)
Nesse sentido, ainda, a mesma Corte Militar Estadual, no julgamento do Habeas Corpus
n. 0025262015, de Relatoria do Exmo. Des. Mil. Fernando Pereira, cuja redação do acórdão
fora realizada pelo Exmo. Juiz Silvio Hiroshi Oyama, proferiu o seu voto em defesa da
manutenção da natureza militar do crime de homicídio doloso praticado contra a vida de civil,
posto que, conforme outrora explanado, apenas a competência para o julgamento desses fatos
foi alterada a partir da promulgação da Lei n. 9.299 de 1996.
Nessa toada:
45
civil, surge, então, a tese de que as investigações policiais devem ser conduzidas pela Polícia
Civil em função de ser este o órgão estatal encarregado de proceder o início da persecução
criminal em crimes de competência da Justiça Comum, uma vez aplicada pelos nossos
Tribunais Superiores à Teoria dos Poderes Implícitos.
Nesse sentido, no ano de 2016, o Superior Tribunal de Justiça teve a sua jurisdição
provocada no conflito positivo de competência n. 144.919, de São Paulo, suscitado pelo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Na ocasião, o STJ foi convocado a dirimir a divergência jurisdicional envolvendo o
Tribunal do Júri da comarca de Osasco e a 5ª Auditoria da Justiça Militar do Estado paulista,
os quais apresentavam-se como juízos competentes para a administração judicial das
investigações policiais que apuravam o óbito de civis em decorrência da atuação de policiais
militares nas cidades de Barueri e Osasco.
No entendimento do magistrado presidente do Tribunal Popular da supracitada cidade,
o juiz de direito da 5ª Auditoria da Justiça Militar Estadual atuou indevidamente durante as
investigações policiais envolvendo os fatos mencionados, posto que as diligências
investigativas atreladas às mortes dos civis durante a atuação da polícia militar paulista
deveriam ser desencadeadas no âmago da polícia judiciária comum, sendo presidida por
Delegado de Polícia, cuja intervenção judicial para o controle das ações policiais deveria se dar
no escopo da justiça especializada comum.
Por seu turno, o magistrado responsável pela respectiva Auditoria Castrense manifestou-
se, de forma diversa, do seguinte modo:
dúvidas acerca de qual Justiça deva realizar o processamento e julgamentos dos crimes dolosos
contra a vida de civil praticado por policial militar em serviço.
Conforme o magistrado, a respectiva atualização na Carta Política, que alterou o texto
normativo do art. 125, § 4º, da CRFB/88 – dispondo que às Justiças Militares são competentes
para julgar os militares estaduais, nos crimes militares previstos em lei, com ressalvas à
competência do Tribunal do Júri para o julgamento dos crimes dolosos contra à vida –
desautoriza a ingerência indevida da Justiça Marcial em investigações policiais que tenham
como objeto fatos ilícitos que devam ser julgados no cerne da Justiça Comum, sobretudo no
Tribunal do Júri, como são os crimes dolosos contra à vida praticados por policiais militares
em serviço contra civil (STF, 2016).
Cumpre-se destacar, ainda, que a decisão que encerrou o desacordo entre os órgãos do
Poder Judiciário paulista valeu-se da Teoria dos Poderes Implícitos para atribuir à respectiva
justiça comum a competência para decidir acerca da administração da investigação policial dos
homicídios contra civis praticados por militares estaduais.
Conforme ressaltou Exmo. Min. Felix Fisher, quando a Constituição de um Estado
atribui a determinado órgão uma tarefa fundamental – como é o caso do julgamento dos crimes
dolosos pelo Tribunal Popular, consequentemente o outorga, também, os meios necessários
para a conclusão de sua missão constitucional. Veja-se:
No que diz respeito a atividade investigativa de tais fatos, extrai-se da decisão supra,
ainda, que a cooperação entre polícias judiciárias diversas – Polícia Civil e Polícia Militar, na
investigação de crimes dolosos contra a vida de civil praticado por policial militar em serviço,
por exemplo, não acometeria de nulidade o expediente investigativo, desde que apenas uma
autoridade policial seja a presidente do inquérito e que administração judicial do feito seja
realizada pelo justiça competente.
A respeito da presidência da investigação policial em face dos crimes em comento
praticado por militar estadual contra civil, o Exmo. Min. Felix Fisher, ressaltou que a Justiça
Militar não possui competência para reconhecer a existência de causas excludentes de ilicitude
48
na conduta dos investigados, posto que na fase inquisitorial persiste o princípio do in dubio pro
o societate, o que afasta a valoração por justiças especializadas, como vem sendo observado no
arquivamento de expedientes investigativos militares pelas Justiças Militares Estaduais (STJ,
2016).
Conforme o respectivo entendimento acima expresso, a investigação policial deve ser
iniciada pela Polícia Civil, no seio da Justiça Comum, e se não constatado durante as apurações
preliminares que os fatos não se tratam de crime doloso conta a vida de civil praticados pelos
policiais militares investigados, os autos do inquérito policial deverão ser remetidos à Justiça
Militar para que essa proceda, então, a investigação do crime militar (STJ, 2016).
Por outro lado, se a apuração de um fato que resultou no óbito de civil tenha sido
deflagrado, primeiramente, no cerne da Justiça Militar Estadual, por meio da polícia judiciária
militar, assim que constatado que as circunstâncias fáticas marcham no sentido de ser tipificado
um crime doloso contra a vida de civil por militar estadual em situação de investigado, nos
termos da jurisprudência em tela, a interpretação que se deve ter do art. 82, § 2º do CPPM, é de
que os autos da investigação policial deve ser imediatamente remetido pela Justiça Militar à
Justiça Comum, ainda que o mesmo não tenha sido concluído.
Isso ocorre, conforme se extrai deste posicionamento, porque compete à Justiça Comum
homologar o arquivamento do feito em caso de reconhecimento de excludente de ilicitude na
conduta dos investigados.
Essa é a inteligência que se colhe:
que vem reforçando a atribuição, equivocada, da Polícia Civil para apurar as infrações penais,
militares, contra a vida de civil praticadas por policiais militares em serviço, por exemplo.
Conforme o cenário apresentado, deu-se o raciocínio da quinta turma do Colendo
Tribunal no agravo regimental em embargos de declaração no agravo em recurso especial n.
1.525.846, do Paraná, de relatoria do Exmo. Min. Reynaldo Soares da Fonseca:
Outro fator que se apresenta como relevante e que advoga em favor da atribuição das
Polícias Militares em investigar os atos de seus próprios militares estaduais, ainda que
configurem crime dolosos contra a vida de civil, é que a exclusividade do exercício da polícia
judiciária, ora reivindicada pelos defensores da corrente jurídica que se inclina em favor da
atribuição da Polícia Civil para tratar desses crimes, não fora reconhecida pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus n. 89.837 (STF, 2009).
No mandamus supracitado, o STF reconheceu que o Ministério Público pode presidir
investigações criminais às margens das funções da Polícia Civil, eis que esta não possui o
monopólio da competência penal investigatória, a qual pode ser desencadeada por outros órgãos
administrativos imbuídos da respectiva missão exploradora.
Nesse sentido, foi a manifestação da Advocacia-Geral da União, em sua manifestação
pela improcedência da ADI n. 4164, do Distrito Federal, outrora referenciada no presente
trabalho científico. A Instituição, por ocasião da apresentação de suas razões para a defesa da
52
constitucionalidade do art. 82, § 2º, da CRFB/88, trouxe à baila a difusão das funções
investigativas pelas entidades administrativas responsáveis, afastando a reivindicada
exclusividade por parte da Polícia Civil:
Assim sendo, essa perspectiva permite inferir que para a atuação precoce da Justiça
Militar à Justiça Comum, em delitos contra a vida de civil, é precedida por expediente
investigativo policial militar inaugurado e concluído pela Polícia Militar com responsabilidade
funcional sobre os investigados, conforme explanado no decorrer da presente pesquisa
científica.
Por derradeiro, verifica-se que as correntes jurídicas inclinadas à transferir a atribuição
investigativa pertencente às Polícias Militares para às Polícias Civis, valem-se de fundamentos
jurídicos extralegais, isto é, cunhados a partir de construções dogmáticas, como a edificação
jurisprudencial e doutrinária acerca da natureza jurídica da infração penal estudada e, também,
da aplicação de uma teoria norte-americana que consagra que uma entidade imbuída de
determinada competência deve possuir os meios necessários ao atingimento de seu fim.
Nesse ponto específico, observou-se que respectivo entendimento se dá, até mesmo, em
contrariedade a dispositivo legal que reconhece a legitimidade das Polícias Militares em
instaurarem inquérito policial militar, no exercício de polícia judiciária militar, para investigar
seus policiais militares que em sua vida funcional, envolveram-se em óbito de vítima civil,
conforme observado por meio da exposição dos dizeres legais trazidos pela Lei n. 9.299, de 07
de agosto de 1996.
55
5 METODOLOGIA CIENTÍFICA
6 CONCLUSÃO
exercício da polícia judiciária e, sendo assim, deveria ser o órgão da Segurança Pública
responsável por investigar as infrações penais correlatas.
Cumpre-se salientar que a respectiva ação do controle concentrado de
constitucionalidade não teve seu julgamento final realizado pela Colenda Corte, haja vista que
a mesma não reconheceu a legitimidade da parte autora para pleitear o reconhecimento da
inconstitucionalidade do dispositivo legal atacado.
Por outro lado, no ano de 2008, nos mesmos moldes da ação extinta sem resolução de
seu mérito, a mesma associação nacional de classe propôs a ADI n. 4164, com a finalidade de
que fosse reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal a nova natureza jurídica dos crimes
retratados na presente pesquisa científica como sendo de substância comum, em virtude da
alteração da competência para julgamento dos mesmos, os quais passaram a ser da alçada da
Justiça Comum desde a promulgação da Lei n. 9.299, de 07 de agosto de 1996.
Respectiva desnaturação jurídica do homicídio doloso contra a vida de civil praticado
por policial militar, por exemplo, teve por objetivo retirar das atribuições das polícias judiciares
militares – exercida pelas Forças Auxiliares, a investigação dos delitos objeto de análise.
Nesse prumo, uma vez que fosse reconhecida a essência comum do crime de homicídio
no contexto averiguado, estes deveriam ser alvos de análise pela mesma esfera jurídica da
Justiça Comum, qual seja: Polícia Civil. Destaca-se que a tratada ação direta de
constitucionalidade, ainda que sua propositura tenha sido levado a efeito na primeira década do
século XXI, seu julgamento final será realizado apenas na data de 22 de junho de 2022.
Em que pese a ausência de posicionamento definitivo no plano abstrato de
constitucionalidade que dissolvessem a divergência proposta, surgiram diversas decisões
judiciais sem efeitos erga omnes que dispuseram de forma antagônica, conferindo em cada
momento, conforme interpretação atribuída ao caso concreto, atribuição para ambas os órgãos
de Segurança Pública para que estes realizassem as investigações preliminares dos crimes
dolosos contra a vida de civil praticado por militar estadual em serviço.
Respectivos posicionamentos proferidos pelo Poder Judiciário, sobretudo pelo Superior
Tribunal de Justiça, afloraram um cenário de instabilidade jurídico-institucional e um debate
acadêmico que vem sendo acompanhado ao longo dos anos em torno dos principais aspectos
envoltos ao problema proposto na presente pesquisa cientifica, qual seja: qual o órgão policial
possui o dever-legal de realizar a investigação preliminar em face dos crimes dolosos contra a
vida de civil praticado por policiais militares em serviço?
Não obstante a contextualização do assunto debatido, cumpre-se destacar que os
objetivos propostos na presente pesquisa científica foram alcançados. Por meio das definições
58
apresentadas acerca do instituto da infração penal militar, além da análise do bem jurídico
objeto de sua tutela, bem como a identificação doutrinária e legal do que se entende por crime
militar em tempo de paz, contribuições acadêmicas para os resultados da pesquisa foram
extraídos.
Verificou-se, desse modo, que a infração penal militar é a instituição jurídica que possui
o mister de tutelar os mais variados patrimônios essenciais do ser humano de lesão ou ameaça
de lesão, como, por exemplo, a vida. Todavia, por ser considerado uma infração penal que
possui em seu núcleo uma roupagem castrense, a tutela dos bens jurídicos essenciais à vida
humana não são os únicos campos que estão na salvaguarda do instituto em tela, posto que os
axiomas mantedores das instituições marciais – hierarquia e disciplina – também são objetos
de respaldo normativo da infração penal militar.
No mais, se destaca que foi verificado que a respectiva infração penal castrense, quando
alçada para controle e análise do aparato estatal no que importa sua autoria e materialidade
delitiva, é submetida a um rigoroso expediente investigativo desencadeado pela Força Auxiliar
no exercício constitucional da atividade de polícia judiciária militar.
O procedimento adotado para deflagrar a investigação da ameaça de lesão ou lesão a
bem jurídico tutelado é denominado de inquérito policial militar e, este, será presidido por uma
autoridade de polícia judiciária militar originária, podendo ser, conforme dispõe o Código de
Processo Penal Militar, delegado, também, a outra autoridade de polícia judiciária militar que
atuará na função de forma delegada.
Em que pese fora constatado que a infração penal militar é o instituto que, além de
realizar a tutela dos bens jurídicos essenciais do ser humano, e que a mesma será posta a análise
das circunstâncias que desencadearam a lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico pelas Forças
Auxiliares que detém o exercício da polícia judiciária militar, foi possível constatar a
divergência jurídico-institucional existente no que diz respeito a qual órgão da Segurança
Pública – Polícia Militar ou Polícia Civil, possui o dever-legal de realizar as investigações do
homicídio doloso praticado por policial militar em serviço contra civil.
Percebeu-se, também, que um cenário de insegurança e divergência jurídica instalou-se
desde a promulgação da Lei n. 9.299, de 07 de agosto de 1996. Ainda que a norma em comento
tenha surgido com o objetivo de retirar da competência da Justiça Militar, seja federal, seja
estadual, o processamento e julgamento do homicídio doloso contra a vida de civil praticado
por policial militar em serviço, restou cristalino, por meio da verificação da doutrina e
jurisprudência revisada, que a atribuição investigativa permanecera no âmbito das Policiais
59
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