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emos novidade para esta edição. Humanidade, por acréscimo da Misericórdia
Trata-se da novíssima coluna da Revista do seu filho Jesus. Também homenageamos o
Presença Espírita, versando sobre a Re- idealizador desta revista, fundador do Centro
vue Spirit, aquela criada e mantida por Allan Espírita Caminho da Redenção e da Mansão
Kardec por 11 anos e 3 meses. A coluna “Co- do Caminho – Divaldo Pereira Franco –, que
nhecendo a Revista Espírita de Kardec” é assi- completa 96 anos em 5 de maio e que, des-
nada por Alessandro Viana de Paula, dedicado de a infância, dedica-se ao bem em nome do
trabalhador espírita de Itapetininga, no estado Cristo de Deus, a quem apendeu a amar em
de São Paulo, e do mundo virtual. Nela o lei- tenra idade.
tor terá contato com o Espiritismo nascente, Entre outras abordagens ainda encontra-
os interesses das pessoas daquela época em mos a coluna “Pensamento de Joanna”, escrita
torno da Doutrina dos Espíritos, as lutas do por Denise Lino, que moureja na seara espírita
codificador e o seu empenho para dirimir dú- de Campina Grande (PB), além da atuação na
vidas, dissuadir os combatentes e dignificar o Web. Para que todos possam “Sentir-se filho
Consolador como os Espíritos superiores trou- de Deus!”, a autora traz novas reflexões em
xeram-na aos encarnados na Terra. torno dos ensinamentos da mentora Joanna
Com isso, a Revista Presença Espírita ratifica de Ângelis, por meio da mediunidade ilumi-
a sua missão de divulgar o Espiritismo em suas nada de Divaldo Franco.
três vertentes – Ciência, Filosofia e Religião –, Assim, entregamos ao leitor novo fruto do
ao mesmo tempo que apresenta o Movimen- trabalho de divulgação do Espiritismo e das
to Espírita originário. memórias da nossa Casa, ao celebrarmos mais
O mês de maio, dedicado à mulher e, um ano de existência física do seu fundador,
em especial, às mães, é lembrado pelo Espí- elaborado com o zelo, a responsabilidade e o
rito Joanna de Ângelis, que é-nos mãe espi- compromisso de sempre.
ritual dedicada e atenta, com uma singela e
surpreendente mensagem em homenagem à
Mãe das mães: Maria, a Mãe Santíssima da A equipe
18 Ide e pregai
29 O Cristo e o Cristão
40 Parabéns, Divaldo!
Q
Gerente da Editora Leal:
ueria dizer que o trabalho de vocês da Mansão Maria Piedade Bueno Teixeira
Assistente de Edição:
Zilda M. Cabral (in memoriam)
Serviço de assinante:
Presença Espírita (71) 3409-8310
E-mail:
marialva.revista@cecr.com.br
Distribuição:
Livraria Espírita Alvorada Editora - LEAL
Rua Jayme Vieira Lima, 104 - Pau da Lima,
CEP: 41235-000 • Salvador - BA.
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mansaodocaminho
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onceito é uma formulação abstrata. Pode traduzir uma
opinião ou afirmação. Quando dizemos que a alma é
imortal, por exemplo, estamos exprimindo um conceito
espiritualista; se alguém diz que toda a vida psíquica é função
exclusiva do cérebro, naturalmente está emitindo um conceito
materialista. Também se fala em conceito, no sentido usual
de apreciação moral ou social: “F. tem bom conceito entre os
colegas; o engenheiro B. goza de alto conceito profissional”.
São juízos de valor. Não é neste sentido, porém, que estamos
estudando o assunto. Os conceitos que um indivíduo esposa
ou defende definem seu modo de pensar, senão sua própria
concepção de vida; na mesma ordem de ideias, os conceitos
centrais de uma doutrina definem o caráter e a filosofia dessa
doutrina. Daí a nossa preocupação com os conceitos espíritas.
dinheiro entre pedintes nas que salvação não é beatitu- liberdade para dar às coisas os
calçadas. É uma deformação, de, é trabalho de burilamento nomes que quisermos, con-
não há dúvida. Partindo de constante, um esforço ilumi- tanto que nos entendamos
ideias evidentemente super- nado para a compreensão de (O Livro dos Espíritos, questão
ficiais, muitas pessoas devo- Deus, o Criador da Vida. 153). Não precisaremos ques-
tas, e com a intenção mais Dentro dos contextos es- tionar por causa de nomes de
sincera possível, pensam que píritas – permitam repetir –, nossa preferência; mas não
salvação quer dizer, simples- carida de e salvação se ex- podemos transformar concei-
mente, “conquistar o Reino pressam assim; mas o con- tos puramente individuais em
do Céu ou Paraíso”... ceito trivial é bem diferente, conceitos doutrinários, sob
Quando encaramos, po- como diferente é o conceito pena de, inadvertidamente,
rém, os conceitos de caridade de fé. O Espiritismo não pro- lançarmos confusão, principal-
e salvação à luz do Espiritismo, mete a salvação a ninguém, mente entre os iniciantes. Te-
sabemos muito bem que não mas ensina a criatura humana mos, pois, de pôr nos lugares
basta distribuir moedas, como a salvar-se pela sua transfor- certos os conceitos que são
não basta fazer penitências mação íntima e pelas ações nossos e refletem apenas o
formais, pois é preciso, senão decorrentes. nosso modo de ver as coisas.
indispensável, dar amor, sentir Não podemos terminar Um ponto de vista, por
realmente o problema do pró- esta parte sem uma observa- mais consistente que seja,
ximo. Salvação, por sua vez, ção, ainda que sumária, a pro- não forma um conceito dou-
não é subir a um reino ange- pósito de conceitos doutriná- trinário. Uma coisa é o que a
lical, como não é, muito me- rios e conceitos individuais. A Doutrina afirma, outra coisa
nos, sair do mundo, purificado Doutrina Espírita, como já é é o que nós afirmamos por
exclusivamente pela fé: salva- notório, constitui-se de prin- nossa conta, segundo o nos-
ção é um processo íntimo de cípios nucleares, princípios so livre-arbítrio. Nem sempre,
libertação, através do conheci- que, aliás, lhe dão as carac porém, se distingue o que
mento e do amor, até que se terísticas inconfundíveis. Em é individual e o que é dou-
possa alijar o ódio, a ambição, concordância com esses trinário; mas é sempre bom
o egoísmo, o orgulho, sem princípios, surgem conceitos distinguir. Muitas opiniões
mortificações exteriores, mas inteiramente adequados às individuais são válidas e auxi-
pelo esforço próprio, no mun- bases de seu pensa mento. liam bastante a interpretação
do in terior de cada criatura Os conceitos da Doutrina, de certos pontos doutrinários.
humana. portanto, não são arbitrários, Todavia, cada tipo de concei-
Aquele que encontra paz mas condizentes com a linha to deve ser situado no lugar
em si mesmo, aquele que fundamental do ensino in- próprio.
se sente livre das imposições trínseco. Justamente por isso,
viciosas e das tendências convém distinguir sempre os
comprometedoras, aquele conceitos da Doutrina e os
que, enfim, procura o Cristo conceitos particulares.
na pureza de sua consciência, De acordo com o nosso
naturalmente se considera sal- modo de ver, podemos criar 1. Artigo publicado na Revista
vo de uma série de injunções até nomes especiais. A própria Internacional do Espiritismo (RIE)
do mundo. Isto quer dizer Doutrina adverte que temos em Julho de 1979.
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ecentemente vimos um filme sobre a
vida de Jesus que nos chamou a aten-
ção não somente pela beleza das ima-
gens, mas pela forma não usual que apresenta
o Mestre. É um Jesus jovial, alegre, cheio de
vida, que ri e brinca, planeja com cuidado e
antecipa acontecimentos deixando em cada
canto um pouco de esperança. É premente
trazer esta imagem de Jesus, Aquele que can-
ta a vida e encoraja a viver cada momento,
mesmo aqueles de tristezas e de dores. Claro,
não podemos esquecer os momentos cruciais
dos desafios, quando foi acusado, chicoteado mo, paciente, mas enérgico. Possui o dom de
e crucificado. Foram momentos desafiadores, educar com a energia amorosa daquele que
nos quais Jesus, consciente da força da fé e compreende a alma humana. Certamente
da necessidade de seguir o Pai, deixou exem- não adquiriu essa sabedoria nesta existência
plos de como enfrentar a maledicência, o so- terrena, mas foi acumulando experiências e
frimento, a dor. O Mestre dos mestres plantou reeducando-se ao longo dos séculos, adqui-
sementes de luz em todos os momentos que rindo controle de si mesmo e exercitando a
esteve na Terra, nos bons e nos ruins, deixan- compreensão com o próximo.
do um legado único para a Humanidade. Divaldo já recebeu mais de 1.000 conde-
Vivemos dias de turbulências, mas também corações, títulos acadêmicos, homenagens no
de alegrias neste paradoxal caminhar pela Brasil e no mundo. É elogiado e também criti-
vida, e ao depararmos com um retrato alegre cado, como é comum àqueles que buscam vi-
da vida de Jesus, lembramos das viagens que ver a moral e a ética cristã e que têm a missão
fizemos com Divaldo Franco acompanhado de contribuir para o progresso da sociedade.
de Tio Nilson, quando percorríamos as cida- Estes são invariavelmente atacados e difama-
des da Europa junto com amigos que íamos dos, sofrem em silêncio a incompreensão da
fazendo ao longo das viagens, ouvindo as sociedade do seu tempo, como Galileu, ou
palestras de Divaldo, tantas vezes pinceladas são sacrificados como Jan Hus ou Gandhi. Lu-
com as estórias daqueles que se enganaram ciano dos Anjos,1 jornalista brasileiro, escreveu
ou que sucederam, para ilustrar os desafios de sobre algumas das lutas e amarguras de Dival-
viver com Jesus. Mesmo em face dos desafios do, registrando, com a tinta daqueles que bus-
que certamente enfrentavam, com malas e cam a verdade, fatos que foram criados para
bagagens carregadas de livros, poucas roupas prejudicar a imagem do médium, mostrando
e muita paciência, eles mantinham a calma e como Divaldo suportou (e suporta) os ataques
a confiança em Jesus em todas as situações. à sua pessoa em silêncio, sem contestar, com
Não estamos comparando Divaldo Franco a a humildade e a fortaleza daqueles que con-
Jesus. Não é nossa intenção, mas é evidente solidaram a fé e seguem Jesus não somente
que o servidor de Jesus aprendeu a viver o nas palavras, mas nos pensamentos, emoções
Cristo no seu dia a dia. e atos de vida.
Caminhar com Jesus é viver a alegria e a Não estamos fazendo apologia, mas regis-
harmonia interior, de modo a contagiar aqueles trando como esse bravo ser humano se cala e
com quem se convive. Era assim a convivência sorri, para mais adiante ajudar aqueles mes-
com Divaldo e Nilson nestes últimos 30 anos, mos que o atacaram. Fomos testemunhas
quando tivemos a honra de poder acompanhá- das palavras maldosas de alguns, que logo
-los em parte de suas peregrinações na Europa. mais retornaram e pediram-lhe alento, ajuda.
É claro que nos considerávamos privilegiados, Divaldo recebe todos com a mesma bonda-
éramos jovens e imaturos, e somente o tempo de e compreensão, esquecido já do que lhe
nos mostrou que o carinho e o amor daqueles haviam feito. Nessas ocasiões entendemos o
que são peregrinos de Jesus estendem-se a to- que Kardec quis dizer quando escreveu que
dos que encontram. o homem de bem “sabe que todas as alter-
Divaldo não é uma pessoa comum. Ho- nativas da vida, todas as dores, todas as de-
mem de inteligência e memória superior, de cepções são provas ou expiações e as aceita
extraordinária mediunidade, Divaldo é cal- sem lamentações”.2
Como bem demonstra o Espírito Manoel abre os olhos para ver além das aparências
Philomeno de Miranda na obra Mediunida- mundanas.
de: desafios e bênção, através da psicografia Direcionada para servir ao próximo, sua
de Divaldo Franco, “não são poucos os obs- mediunidade é exercida com dedicação e
táculos a serem transpostos por aquele que se disciplina, tornando-se exemplo para todos
candidata ao relevante labor mediúnico. [...] A aqueles que se dispõem a estudá-la ao exer-
luta a ser travada para a superação do desafio cê-la no ministério de Jesus. São numerosos os
ninguém vê, exceto aquele que está empe- fatos que presenciamos ou que foram registra-
nhado no combate em favor da autoliberta- dos sobre a mediunidade de Divaldo. Nesta
ção, impondo-se a necessidade de rigorosas sucinta homenagem ao amigo e orientador de
disciplinas, que possam proporcionar-lhe no- tantos anos, lembramos da água fluidificada
vas condutas saudáveis, capazes de facilitar a que recebemos e que tinha gosto e odores
execução das tarefas espirituais sob a respon- específicos, que duraram meses e até anos
sabilidade e o comando dos mensageiros do sem nenhuma deterioração; as essências e
Senhor”.3 O bom médium luta para superar-se perfumes que sentimos durante os seminários
a cada vivência. É uma batalha constante en- a que assistimos em várias cidades europeias
tre os exércitos daqueles que querem derrotar ou mesmo durante as viagens de carro entre
e dos outros que vêm em nome de Jesus aju- as cidades que percorremos; a presença de
dar. Conviver com um médium extraordinário Espíritos amigos; o receituário espírita através
e um homem de bem, como Divaldo, ensina do Dr. Bezerra de Menezes; a escrita espe-
lições imprescindíveis para todo aquele que cular no Congresso Espírita Mundial em Paris,
em 2004; os recados dos Espíritos familiares
etc. A amiga, escritora e médium Suely Cal-
das Schubert coletou fatos dessa extraordiná-
ria mediunidade na obra Divaldo Franco: uma
vida com os Espíritos. A obra contém o teste-
munho de dezenas de pessoas que presen-
ciaram os fenômenos que ocorreram ao longo
de sua jornada de vida. Sua mediunidade des-
ponta aos quatro anos de idade e continua até
hoje servindo o Cristo.
to para que a criatura enxergue a si mesmo, um indivíduo simples, mas também portador
eduque-se e consequentemente possa contri- de mediunidade, materializou5 e presentou
buir para o bem-estar de outros indivíduos e o Divaldo com uma medalha de pedra gravada
desenvolvimento de uma sociedade pacífica. com o símbolo cristão do peixe. Nesse mo-
A obra social e educacional da Mansão do mento, seu Espírito benfeitor, Enzo, falou por
Caminho é o exemplo de ação prática no bem, psicofonia em italiano, reverenciando Divaldo
atuando com eficácia para diminuir as dife- como um avatar,6 aquele que na religião hindu
renças sociais e possibilitar a integração social é considerado a encarnação de um ser supe-
dos habitantes da comunidade através de um rior. Não esquecemos as palavras desse Espí-
itinerário educacional exemplar: creches, jar- rito que poeticamente se dirigindo a Divaldo
dins de infância, escolas de ensino fundamen- disse: “A luz penetrou uma gota de orvalho e
tal e médio, assistência social e sanitária. Sua esta gota andou para o oceano de amor. Isto
proposta é a educação através do amor e do é o que você faz, avatar”.
cuidado baseado na moral e na ética cristã. Divaldo Franco, o avatar da educação, da
Com a inclusão de uma escola de ensino mé- caridade e da paz – três faces do Amor.
dio, abriram-se as portas dos jovens da comu-
nidade à formação universitária e profissional.
A iniciativa é um sucesso! Em 2022, a maioria
dos jovens formados teve ótimo desempenho
nos vestibulares e no Exame Nacional do Ensi-
no Médio (Enem). Divaldo teve a capacidade
de juntar uma equipe capaz de realizar os so-
nhos mais ousados, porque sua mão é firme e
segura, guiada pelo Mestre Jesus, a quem se
apegou sem vacilar.
O Movimento Você e a Paz, por ele ideali- REFERÊNCIAS:
zado e criado, é outro exemplo dessas ações
de levar alegria e pacificar o indivíduo e a co- 1. ANJOS, Luciano dos. A anti-história das mensagens
munidade. Iniciado em Salvador, em 1998, o co-piadas. Rio de Janeiro: Editora Leymarie, 2006.
2. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiri-
movimento é “uma atividade sem caráter re- tismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 112. ed. Brasília:
ligioso ou político, mobilizada pelo ideal de FEB, 1996, cap. XVII, item 3.
uma vivência pacífica entre pessoas, buscan- 3. FRANCO, Divaldo Pereira; MIRANDA, Manoel
do levá-las a uma reflexão profunda quanto à Philomeno de [Espírito]. Mediunidade: desafios e
necessidade de renovação dos sentimentos e bênçãos. 1. ed. Salvador: LEAL, 2017, p. 84.
4. Dados fornecidos por Washington Luiz Fernandes,
mudança de comportamento”. Em 2022 tive- extraídos de nota sobre meticulosa pesquisa cultural
mos a oportunidade de participar do evento do conteúdo de uma palestra do médium Divaldo
em Salvador. Foi um espetáculo de alegria e Franco: Admirável erudição e conteúdo politemático.
de fé, de encorajamento para que cada um 5. O evento está relatado no artigo Um fenômeno
“arregace as mangas” e trabalhe em prol da Inusitado, de nossa autoria, publicado na Revista
Presença Espírita de setembro/outubro de 2018.
paz – como indivíduo ou gerando bem-estar 6. No hinduísmo, avatar é usado para designar a
social na comunidade em que vive. encarnação ou manifestação no plano físico de um ser
Em 2018, em Roma, após o seminário com superior. O termo também é usado para representar a
Divaldo Franco, um dos participantes locais, manifestação da divindade na Terra.
Por RMMMuzzi
A
o ouvir este vaticí- taram a ti para educar, amar
nio, eras um garoto. e dar dignidade, ao longo de
Tinhas cerca de 20 três décadas, a 685 crianças
anos de idade. Por certo não órfãs ou abandonadas. Com
tiveste ideia da tarefa que te teu esforço contínuo, noites
estava programada. indormidas e perseverança,
Àquele tempo, pleno de transformaste o orfanato em
idealismo e fé, começaste a uma obra social, que foi cres-
adotar crianças desvalidas e cendo até atender, na atuali-
fundaste, com o inesquecível dade, diariamente, nas áreas
Tio Nilson, a Mansão do Ca- da educação, da saúde e da
minho. Com dificuldades de assistência social, de forma
toda ordem, principalmente totalmente gratuita, cerca
carência econômica, enfren- de cinco mil pessoas, entre
taste a intolerância ao Espi- crianças, adultos e idosos, de
ritismo, que adotaste como famílias em situação de vul-
norteador de tuas ações, e nerabilidade social.
persististe. Implantaste, de Somente tu podes di-
forma pioneira, os lares mensionar as lutas que ti-
‑famílias, convidando compa- veste que travar para alcan-
nheiros altruístas que se jun- çar esta meta.
É uma vitória portentosa! transporte, automóvel, jeep, fazendo-a renascer onde de-
Todavia, algo mais estava caminhão, trem, barco, avião, saparecera após a Segunda
incluído naquela profecia. helicóptero; falaste em diver- Guerra Mundial, ou levando-a
Atendendo a um convi- sos tipos de auditórios, aque- a lugares nos quais dantes não
te despretensioso para que les famosos, outros simples, se ouvira falar em Espiritismo.
descrevesses como se dava salas belamente ornamen- Fundaste, por onde passaste,
o processo mediúnico, ini- tadas, outras desadornadas, Núcleos de Estudos, Centros
ciaste, naquele 27 de março em clubes, estádios, escolas, Espíritas, Cultos do Evange-
de 1947, na União Espírita na praça pública, incansavel- lho no Lar e cuidaste destas
Sergipana, com uma plateia mente, levando o consolo, sementes, regando-as com
de 20 pessoas, em uma sala o esclarecimento, o verbo tua presença e incentivo, ano
modesta, a trajetória de luz pleno de vibração de amor a ano, e que hoje florescem,
que percorres até hoje. Tuas e compaixão, a milhares de apregoando O Consolador.
palavras vibrantes e a emoção pessoas sedentas de paz. Com tua oratória esclare-
transmitida aos ouvintes fize- Percorreste, com deste- cedora, leniste as dores dos
ram com que o evento se re- mor, os cinco continentes, que sentiam saudades dos
petisse, dois dias depois, com visitaste 71 países, mais de seres amados que partiram
a assistência decuplicada. mil cidades, desde as mais para o Mais-além, provando a
E não paraste mais! desenvolvidas metrópoles imortalidade da alma; alevan-
Cantando a beleza do àquelas mais simples, para taste os caídos pelo arrepen-
Evangelho, descrevendo a pai- que tua voz fosse ouvida, dimento, demonstrando que
sagem bucólica da Galileia, ora descrevendo a beleza vi- a reencarnação é oportunida-
teu timbre de voz inconfun- ril e transcendente de Jesus, de de reabilitação; colocaste
dível foi cavando fundo nos ora repetindo e explicando bálsamo nas múltiplas feridas
ouvidos e nos corações das Seus ditos, Seus feitos, Suas de dezenas de milhares de
criaturas que se encantaram. lições de amor, benevolên- padecentes quando tua voz
Viajaste milhares e milha- cia e perdão. se fez ouvir propagando a
res de quilômetros, te uti- Por todos os rincões se- consolação trazida pelos ben-
lizaste de vários meios de measte a Doutrina Espírita, feitores espirituais.
Eis que chegou a Covid-19, teados teleouvintes. E agora, espirituais, com a marca ex-
espalhando medo, desas- com o retorno das palestras traordinária de mais de 20
sossego, incerteza, pânico. presenciais, o grande núme- milhões de exemplares ven-
O perigo do contágio e o ro de assistentes virtuais con- didos, desde o longínquo 5
assustador número de mor- tinua, mas os auditórios que de maio de 1964, quando
tos obrigaram as autoridades contam com a tua presença publicaste o Messe de amor,
sanitárias a determinarem o física estão pequenos para do Espírito Joanna de Ângelis.
isolamento social e o cance- atender àqueles que buscam É impossível estimar o tempo
lamento de viagens. o magnetismo que emana de que empregaste para psico-
Foste inspirado pela vene- ti, através de um sorriso, uma grafar, datilografar/digitar, cor-
randa mentora Joanna de Ân- palavra de bom ânimo, um rigir, conferir a edição (milha-
gelis a instalar a TV Mansão aperto de mão. res de páginas) de todos estes
do Caminho pouco tempo Recentemente lançaste títulos, sem auferir um centa-
antes. Desta forma, a qua- mais um livro de tua lavra vo pelo trabalho, pois doaste
rentena imposta pelo vírus mediúnica (Mundo regene- os direitos autorais e possíveis
destruidor não impediu que rado, do Espírito Joanna de lucros a instituições filantrópi-
tua voz, pelas ondas hert- Ângelis). São mais de 250 cas, especialmente à Mansão
zianas, chegasse aos desnor- títulos, de diversos autores do Caminho.
Na página anterior: Divaldo Franco no Estúdio Francesco Beira, nas dependências da Mansão do Caminho.
Nesta página: Divaldo Franco no teatro da Feevale, em Novo Hamburgo – RS.
Movimento Você e a Paz – Praça 2 de Julho, em Salvador – BA.
Querido Divaldo Pereira Franco, amado pelo exemplo de amor, tolerância e bondade
Tio Divaldo, respeitável Professor Divaldo, que é a tua vida! Que Jesus, o Mestre a
dileto Embaixador da Paz, honorável Embai- quem tanto amas, te proteja com saúde e
xador da Bondade, comemoras 96 anos de paz, para que continues na nobre missão de
idade em 5 de maio deste ano. educar almas, indo e pregando a centenas
Não podendo dizer tudo que nos vai na de milhares de corações aflitos, com tua
alma, pela pobreza do vocabulário, dizemos cativante presença, teu contagiante sorriso
apenas: parabéns pelo seu aniversário! e tuas sábias palavras, faladas e escritas, de
Parabéns e gratidão pela tua dedicação à apoio e segurança, iluminadas pelo Evangelho
causa do bem! Parabéns e reconhecimento de Jesus à luz da Doutrina Espírita.
O Guia real1
Reunião pública de 25/5/59 – Questão nº 6.252
N
a procura de orientação para a conquista da felicidade su-
prema, com base na alegria santificante, lembra-te de que
não podes encontrar a diretriz integral entre aqueles que
te comungam a experiência terrestre.
Nem na tribuna dos grandes filósofos.
Nem no suor dos pioneiros da evolução.
Nem na retorta dos cientistas eméritos.
Nem no trabalho dos pesquisadores ilustres.
Nem na cátedra dos professores distintos.
Nem na veste dos sacerdotes abnegados.
Nem no bastão dos pastores experientes.
Nem no apelo dos porta-vozes de reivindicações coletivas.
Nem nas orientações dos administradores mais dignos.
Nem nos decretos dos legisladores mais nobres.
Nem no verbo flamejante dos advogados do povo.
Nem na palavra dos juízes corretos.
Nem na pena dos escritores enobrecidos.
Nem na força dos condutores da multidão.
Nem no grito contagioso dos revolucionários sublimes.
Nem nas arcas dos filantropos generosos.
Nem na frase incisiva dos pregadores ardentes.
Nem na mensagem reconfortante dos benfeitores desencarnados.
A caminho da verdade
Por Marcelo Uchôa
T
odo e qualquer movi- O Projeto Genoma é um descoberta, uma série de no-
mento científico sempre clássico exemplo de avan- vas reflexões éticas.
perseguirá, através de ço científico nessa direção. Nicolau Copérnico, por
métodos e técnicas específi- A partir da publicação feita sua vez, também inaugurou
cos, o caminho da verdade. pelos cientistas Francis Crick um novo modelo científi-
Desde os pré-socráticos, que e James Watson à revista Na- co ao ampliar a Cosmologia
analisavam os fenômenos da ture, em 25 de abril de 1953, vigente. Antes dele, a visão
natureza como fontes de com- através do artigo Estrutura de mundo era baseada num
preensão do mundo através do molecular dos ácidos nuclei- modelo geocêntrico, em
Cosmos, que em Grego quer cos, o homem foi capaz de que a Terra era considerada
dizer ordem, a criatura huma- descrever a estrutura em du- o centro do Universo. Aris-
na busca na physis sua fonte de pla hélice do ácido desoxirri- tóteles e Ptolomeu também
inspiração para as explicações bonucleico, conhecido pela pensavam da mesma forma.
dos diversos fenômenos, adap- sigla DNA, desvendando e Mais tarde, entretanto, após
tando a compreensão destes mapeando os códigos genéti- os conceitos da gravitação
em função das transformações cos dos seres vivos e trazendo universal de Isaac Newton,
socioculturais de cada época. ao mundo, além da própria evoluímos para o Heliocen-
trismo, no qual o Sol passou Do ponto de vista platônico, entender o que é conheci-
a ser considerado o centro mento significa estudar a maneira como a criatura humana é
de tudo. Séculos mais tar- capaz de compreender algo. Na obra Teeteto, por exemplo,
de, em 1977, o programa de Platão constrói o diálogo entre Sócrates e o filho de Eufrônio,
exploração espacial dos Es- imprimindo para a Filosofia ocidental a noção tripartida de co-
tados Unidos lançou sua pri- nhecimento: o conhecimento crença verdadeira e justificada.
meira sonda espacial, a Vo- Conhecer, para Platão, é apreender a ideia em si. O con-
yager 1, entregando à ciência ceito de ideia aqui se relaciona com tudo o que está acima
astrofísica a complexa noção das coisas materiais e do intelecto humano. Em O mito de Er,
de um modelo acêntrico de Platão diz que a alma tem ideias incorpóreas, conhecimentos
Universo, em que não há pertencentes a outro mundo, chamado por ele de “mundo
mais centro em nada. ideal”. Ao reencarnar, a alma perde o contato direto com o
Desde as novas técnicas mundo ideal, mas é capaz de relembrar. Esta é a Teoria da
de fertilização in vitro, decor- Reminiscência. Conhecer, nesse contexto, é recordar.
rentes da revolução genética, Pirro (318 a 272 a.C.), rei do Épiro e da Macedônia, um dos
até a complexa noção de Cos- mais importantes generais de seu tempo, negava fortemente
mos com aproximadamente a visão de Platão. Para ele, o conhecimento das coisas é ina-
duzentos bilhões de galáxias cessível ao homem. Embora com algumas nuanças conceituais
e de astros luminosos, suge- importantes, essa visão deu origem ao chamado ceticismo
rindo estatisticamente que o acadêmico, que se vincula à noção de falibilidade humana. Se
homem não pode estar só, a para Pirro a verdade é inacessível ao homem, para a Ciência a
Ciência vem entregando res- objeção significa insumo para novas respostas. No limite, o an-
postas e formulando novos e tônimo de verdade em Ciência significa erro, e não falsidade.
importantes axiomas, mode- Há, contudo, diferentes formas de saber, mas nem todas
los e paradigmas sofisticados elas têm alicerce na Ciência convencio-
de visão de mundo. nal, que refuta, por exemplo, o
Do ponto de vista da Fi- conceito de dogmatismo. O dog-
losofia da Ciência, podemos ma pode ser entendido como
nos questionar: qual o ver- uma opinião que se estabelece
dadeiro papel da Ciência em por decreto, devendo ser ensi-
nossa sociedade pós-contem- nada como uma doutrina sem
porânea? O que podemos qualquer contestação. Pensar
considerar como fonte de dogmaticamente, para a Ciência,
crescimento para a criatura presume se afastar da visão de ver-
humana a partir dos avanços dade em científica, que pressupõe
científicos? um constante questiona-
Para mergulhar nessas re-
flexões, garantindo a susten-
tação adequada, vamos nos
servir de um poderoso esca-
fandro: o conceito platônico
de verdade em seus elemen-
tos epistemológicos.
Os valores imperecíveis Ele é o caminho, o que sig- que é capaz de realizar, logo,
da alma são os que o ladrão nifica dizer que Seu roteiro sendo as construções mentais
não rouba, porque não são de vida permanece absoluta- o pródromo de qualquer rea-
materiais; que a traça é inca- mente estabelecido; não há o lização, é imperioso meditar
paz de roer, uma vez que são que duvidar. Ele é a verdade, no bem a fim de aprender
indestrutíveis; e não oxidam, pois dialoga com a noção do com Ele.
já que não estão sujeitos às imponderável de verdade es- “Eu sou a Verdade”. Essa
intempéries do mundo. Esses piritual. Ele é a Vida, pois que afirmativa do Mestre encon-
valores ainda dormitam em o Reino de Deus, proclamado tra, na sabedoria da veneran-
esperança latente. por Ele, é a própria vida inte- da Joanna de Ângelis, em sua
Já O escutamos. Ausculta- rior do homem imortal, que obra Vida plena, a seguinte
mos suas sandálias roçando busca incessante Deus como reflexão: “No transcurso de
no terreno árido de nossas fonte de realizações. vinte séculos, nada substituiu
realizações humanas. Ele está A vida na Terra é uma ofi- a Sua ética de amor e de paz”.
perto de nós. Já somos ca- cina de ação, uma escola, e Abstração feita aos tem-
pazes, ainda que mergulha- as primeiras lições desse per- porais desafios do mundo, a
dos em nossas idiossincrasias feito educandário dialogam verdade em Jesus é caminho
mundanas, de ouvir-Lhe o com a imortalidade. Nós não seguro para todo aquele que,
cântico sublime, cujas lições, somos corpos, mas sim Espíri- ouvindo a sua mensagem,
imprimindo ressonância pro- tos imortais. Viver no mundo deseja conhecer o imponde-
funda na acústica de nossas em busca da Verdade, para o rável, os valores espirituais da
almas, convidam-nos à su- cristão sincero, compreende alma, que se revelam na ação
blimidade estoica de nossa viver Seus ensinamentos. O constante do bem em dire-
transformação moral. homem se constrói naquilo ção a Deus.
REFERÊNCIAS:
BARROS, Marco Antonio Loschiavo Leme de. Introdução à Filosofia da Ciência. São Paulo: Editora Sol, 2019.
JUDENSNAIDER, Ivy. Métodos de pesquisa. São Paulo: Editora Sol, 2021.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 93. ed. Brasília: FEB Editora, 1944.
MORAES, Renato Bulcão de. Teoria do Conhecimento. São Paulo: Editora Sol, 2020.
MARSICK, V. Factors that affect the epistemology of group learning. Disponível em: http://surl.li/gbypy. Acesso
em: 31 jan. 2023.
THOMPSON, Frank Charles (Tradutor). Bíblia Sagrada. 16. ed. São Paulo: Editora Vida, 1990.
Mãe
Santíssima
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
A
o nascer em Nazaré (Israel), Maria es- Vendo-O naquele momento em estertor,
tava destinada a renovar o mundo na sem um amigo, no tumulto que se estabeleceu
sua condição de pulcritude e amor. no Calvário, buscou superar as angústias e do-
Tornando-se Mãe de Jesus, adornou o sen- res, para perguntar em pungente agonia: – Meu
timento augusto com sacrifícios e abnegação Filho, meu Filho! Que te fizeram os homens!?
incomuns. E Ele, com dificuldade nos instantes extre-
Submetida aos impositivos existentes que mos e finais da existência corporal, respon-
faziam da mulher uma servidora do homem, deu, olhando João, o discípulo amado, que a
de tal maneira manteve-se digna que exaltou acompanhava – Mulher! – não a chamou de
a feminilidade, situando-a no seu devido lugar. mãe. – Eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua mãe!
Seu Filho veio trazer luz à escuridão da Hu- A Natureza estava dominada pelo terror
manidade, a fim de que se modificassem os que tomava conta daquelas testemunhas per-
hábitos e costumes para melhor. versas do Mártir.
A Sua vida no trabalho com o Seu Pai re- Ele a oferecia à Humanidade e esta passa-
cebia-lhe o carinho e o devotamento ímpares, ria a ser a sua família.
embora não tivesse qualquer ideia do messia- Foi a partir desse augusto momento que
nato que a Ele competia realizar. todos os homens e mulheres do mundo pas-
Quando começou a sabê-lo, o seu desve- saram a ser seus filhos, e ela, a Mãe Santíssima
lo seguiu-lhe as pegadas luminosas até aquela de todos.
tarde trágica diante da cruz de impiedade e Hoje, quando o teu calvário parecer ex-
da alucinação da massa humana que exigia cruciar-te e o desespero tentar apossar-se dos
Sua vida no madeiro infamante. teus sentimentos, lembra-te de Maria, a Mãe
Santíssima, e prossegue alegre e confiante sob
o seu amparo.
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco na sessão da noite de 12 de fevereiro de 2023, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
A
ntigamente o cristão ia sacrifícios inimagináveis para somos o verdadeiro templo
ao templo e permane- fingir que nos atendia, mas de Deus e o representamos
cia horas de joelhos, que permanecia vigilante, co- onde estivermos e diante de
rogando as bênçãos de Jesus, brando-nos ceitil por ceitil, quem dividir aquele momen-
de Deus, dos santos sobre a até o último... to conosco.
vida; o cristão tinha medo de O Espiritismo nos libertou, No entanto, temos morri-
ser castigado e fazia novenas, arrancou o véu da ignorân- do em nós mesmos, parece-
trezenas, rezava o terço vá- cia que tirava o horizonte de mos descrer da grandeza de
rias vezes por dia, impunha- nossos olhos e mostrou-nos o Deus e somente apreciamos
-se dolorosas penitências em mais belo caminho a seguir. a nós mesmos como senho-
forma de promessas, cruzava Desenhou a estrada e suas res absolutos do templo que
estradas descalço, cumpria paisagens e, mais do que isso, somos. Ao invés de nos trans-
trajetos de joelhos, carregava provou-nos que podemos es- formarmos em refúgio do Di-
velas do seu tamanho, vestia- colher entre infinitas rotas e vino para que todos tenham
-se de preto para dizer que que cada uma traz os deta- um lugar seguro onde reno-
morria para o mundo e só vi- lhes da paisagem para admi- var a fé e acreditar em Deus,
veria para as coisas de Deus; rarmos ou refletirmos, mas, somos devassidão e fraque-
e, quando a dor realmente acima de tudo, garantiu-nos za, preferimos caminhar no
batia às portas da alma, atira- que, de qualquer maneira, vale das sombras e da morte,
va-se constrito aos pés de um chegaríamos ao destino final e nem sequer pedimos a aju-
sacerdote para que ele orasse e fatal, que é a angelitude. da do Pai, não conseguimos
junto para alívio do sofrimen- Espera que caminhemos enxergar os verdes campos
to... Éramos escravos de uma com ele, admirando cada floridos onde Ele nos convida
fé cega, que nos impunha detalhe; ensinou-nos que a seguir.
Parte quarta
Das esperanças e consolações
Capítulo I – Das penas e gozos terrestres
P
ergunta 921 – Aquele que se acha bem compenetrado de
seu destino futuro não vê na vida corporal mais do que uma
estação temporária, uma como parada momentânea em
péssima hospedaria. Facilmente se consola de alguns aborreci-
mentos passageiros de uma viagem que o levará a tanto melhor
posição, quanto melhor tenha cuidado dos preparativos para em-
preendê-la.
Já nesta vida somos punidos pelas infrações que cometemos
das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males conse-
quentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos.
Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as
nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas
são a consequência de um primeiro afastamento nosso do cami-
nho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de
consequência em consequência, caímos na desgraça.
Perda dos entes queridos Pergunta 936 – Estando o vós, se encontra em penosíssi-
Espírito mais feliz no Espaço ma situação. Sua saúde ou seus
Pergunta 935 – A possibi- que na Terra, lamentar que ele interesses exigem que vá para
lidade de nos pormos em co- tenha deixado a vida corpórea outro país, onde estará melhor
municação com os Espíritos é é deplorar que seja feliz. Figure- a todos os respeitos. Deixará
uma dulcíssima consolação, mos dois amigos que se achem temporariamente de se achar
pois que nos proporciona metidos na mesma prisão. Am- ao vosso lado, mas com ele vos
meio de conversarmos com bos alcançarão um dia a liber- correspondereis sempre: a se-
os nossos parentes e amigos, dade, mas um a obtém antes paração será apenas material.
que deixaram antes de nós a do outro. Seria caridoso que Desgostar-vos-ia o seu afasta-
Terra. Pela evocação, aproxi- o que continuou preso se en- mento, embora para bem dele?
mamo-los de nós, eles vêm tristecesse porque o seu amigo Pelas provas patentes, que
colocar-se ao nosso lado, nos foi libertado primeiro? Não ha- ministra, da vida futura, da
ouvem e respondem. Cessa veria, de sua parte, mais egoís- presença, em torno de nós,
assim, por bem dizer, toda mo do que afeição em querer daqueles a quem amamos, da
separação entre eles e nós. que do seu cativeiro e do seu continuidade da afeição e da
Auxiliam-nos com seus con- sofrer partilhasse o outro por solicitude que nos dispensa-
selhos, testemunham-nos o igual tempo? O mesmo se dá vam; pelas relações que nos
afeto que nos guardam e a com dois seres que se amam faculta manter com eles, a
alegria que experimentam na Terra. O que parte primeiro Doutrina Espírita nos oferece
por nos lembrarmos deles. é o que primeiro se liberta e só suprema consolação, por oca-
Para nós, grande satisfação nos cabe felicitá-lo, aguardan- sião de uma das mais legítimas
é sabê-los ditosos, informar- do com paciência o momento dores. Com o Espiritismo, não
-nos, por seu intermédio, dos em que a nosso turno também mais solidão, não mais aban-
pormenores da nova existên- o seremos. dono: o homem, por muito in-
cia a que passaram e adquirir Façamos ainda, a este pro- sulado que esteja, tem sempre
a certeza de que um dia nos pósito, outra comparação. Ten- perto de si amigos com quem
iremos a eles juntar. des um amigo que, junto de pode comunicar-se.
Decepções. Ingratidão.
Afeições destruídas
Temor da morte
D
entre os livros de Joanna de Ângelis, psicografados por
Divaldo Franco, destaco Filho de Deus,2 de 1986, de
cuja primeira edição retiro as citações aqui apresenta-
das. Foi escrito numa circunstância especialíssima de psicogra-
fia mecânica, quando o médium se encontrava acamado, aco-
metido por uma virose, na capital do México, aonde chegou
dias após um terremoto da magnitude de 6.5 graus ter atingido
a cidade.
Ao narrar esse episódio, o médium conta que se lembra de
dois momentos. Primeiro, ao chegar ao quarto do hotel, viu a
mentora informando-o de que precisava ditar-lhe um livro ali,
naquele momento, ao que ele informou não seria possível, em
função de seu quadro de saúde; segundo, o de ter despertado,
algum tempo depois, na escrivaninha, com várias folhas grafa-
das com a sua própria letra, sem que tivesse consciência do
que estava escrito, pondo-se a ler o texto em seguida.
REFERÊNCIAS:
A
cada dia evidencia- sua psicografia, que já publi-
-se a penetração do cou cento e dez livros,2 alguns
conhecimento espíri- dos quais estão traduzidos ao
ta nas diversas camadas da espanhol, francês, inglês, ita-
sociedade. Inúmeros fatores liano, esperanto, tcheco, polo-
contribuem para tal ocorrên- nês, alemão e outros vertidos
cia: problemas psicossociais, ao braille –, tem sido o TRA-
socioeconômicos, espirituais, TOR DE DEUS, conforme a fe-
mediúnicos... Admiráveis tra- liz frase de Francisco Cândido
balhadores da mediunidade, Xavier, abrindo picadas e áreas
que se dedicam com abnega- novas, para outros que lhe vêm
ção à Causa Espírita, são de- no encalço, e a sua oratória
monstrações vivas do poder tem arrebatado multidões.
da mensagem libertadora. Todos os auditórios têm
Sem qualquer demérito sido insuficientes para rece-
para esses companheiros, ber as massas que acorrem,
exemplos de dedicação, de- sedentas e emocionadas, para
sejamos reportar-nos ao fe- ouvi-lo. Nos últimos tempos,
nômeno Divaldo Franco. especialmente, a questão tem
Não fosse toda a sua vida sido relevante e não pode pas-
de dedicação irrestrita à Causa, sar despercebida. Em Goiânia,
exemplificando o que divulga em julho de 92, mais de sete
nas suas conferências – seja no mil pessoas lotaram o Giná-
trabalho educacional da Man- sio de Esportes Rio Vermelho,
são do Caminho e assistencial, fora os que não conseguiram
dirigido aos sofredores, seja a entrar.
C
ertamente, todos aqueles que o admiram pela oratória Quem o observa chegar
incomparável, pelas palavras escritas – psicografadas ou aos 96 anos de existência hu-
não –, pelos sábios conselhos emanados de sua mente mana dedicando-se integral-
brilhante e de seu coração amoroso de pai social e espiritual de mente à causa do bem nem
tantos, pelo idealismo em relação à Causa Cristã-Espírita, pelo sempre reflexiona sobre as
humanismo reconhecido internacionalmente, por sua missão suas renúncias, lutas reden-
de pacificador e por tantas outras expressões plenas de fé, toras, seu grande esforço e
esperança e caridade, gostariam não apenas de oferecer-lhe sacrifício para levar adiante
o aplauso de gratidão, mas igualmente demonstrar-lhe o que o compromisso assumido an-
você significa para todos que aspiram por um mundo em que tes de reencarnar e que, para
seus habitantes vivam fraternalmente, amando e respeitando mantê-lo na atualidade, a
uns aos outros. “máquina orgânica” reclama
mais cuidados, mesmo que a superior transmitir explicações sobre esta etapa da evolução
vivacidade e a lucidez mental terrestre e de como a Doutrina Espírita envia um roteiro de luz
continuem atraindo inúme- para a Humanidade aflita e necessitada de orientação.
ras pessoas para assistirem às Do mesmo benfeitor espiritual, na sequência foram publi-
suas palestras, conferências e cadas as obras Amanhecer de uma nova era, Perturbações espi-
workshops. rituais e No rumo do mundo de regeneração, formando a qua-
Indubitavelmente, a Hu- drilogia de obras orientadoras para todos nós que buscamos
manidade e o mundo atra- sintonizar com o bem, a fim de que mais brevemente o mundo
vessam um período de muito esteja plenamente regenerado.
sofrimento, de muita instabi- Nesse sentido, amparado e inspirado pela veneranda ben-
lidade emocional, em que as feitora Joanna de Ângelis, Divaldo permanece o fiel trabalha-
crises de ansiedade, as síndro- dor da Causa Cristã, divulgando o Evangelho de Jesus à luz
mes depressivas, associadas a do Espiritismo, de uma forma que a todos encanta com a sua
manifestações de violência, nobreza de caráter e sua coerência doutrinária, estimulan-
crimes, tragédias coletivas e do-nos também à perseverança na tarefa em que estejamos
fenômenos mesológicos, têm engajados.
causado enorme estupefação Jesus, o Cristo, ensinou aos seus discípulos que deveriam
em toda parte. ser perfeitos como o Pai Celestial. Sabemos, todavia, que Ele
Desde o ano de 2010 o não se referia à perfeição absoluta, que é só a de Deus.
Espírito Manoel Philomeno Em O Livro dos Espíritos, na questão 625, Allan Kardec in-
de Miranda vem oferecendo terroga aos luminares da Espiritualidade maior quem seria o
obras pela psicografia de nos- modelo e guia para a Humanidade, eles responderam: “Jesus”.
so irmão Divaldo, abordando Na sua missão sublime de conduzir a barca terrestre a
tais ocorrências, sendo o livro níveis mais elevados na escala evolutiva, o Mestre Divino
Transição planetária a primei- tem-nos enviado em todas as épocas homens e mulheres
ra delas. Mais uma vez se especiais, para que nessas adoráveis criaturas possamos nos
constata o equilíbrio e o dis- espelhar.
cernimento de Divaldo Fran- Felizes de nós por sermos contemporâneos de uma pessoa
co como ser humano e como como Divaldo Franco.
instrumento mediúnico, pos- Por tudo o que você é, faz e continuará fazendo...
sibilitando ao Plano espiritual Parabéns, Divaldo!
EDITORIAL
“CONHECENDO A REVISTA ESPÍRITA DE KARDEC” –
ARTIGO INAUGURAL
Por Alessandro de Paula
A
princípio, registro a minha gratidão à semanal, que pode ser acessado pela minha
Revista Presença Espírita, vinculada ao página pessoal do Facebook Alessandro de
Centro Espírita Caminho da Redenção, Paula/Revista Espírita, ou no YouTube, canal
de Salvador-BA, pela confiança em mim de- USE Itapetininga, playlist Revista Espírita, em
positada e pela oportunidade de termos uma que estudo cronologicamente a Revista Espíri-
coluna fixa destinada à divulgação da Revista ta (cada vídeo aborda um fascículo da revista,
Espírita, de Allan Kardec. que era mensal), de forma que esses vídeos
Considero oportuno mencionar que tive a poderão ser um complemento aos artigos que
felicidade de poder compilar muitas lições da serão divulgados nesta coluna.
Revista Espírita, agrupando-as por afinidade A ideia de me aprofundar no assunto em
temática, nascendo os livros Um tesouro ines- questão se deu em virtude do meu trabalho
timável (volumes I, II e III), fruto da parceria com a divulgação da Doutrina Espírita há mais
entre a Editora Fráter e a Federação Espírita de 25 anos, em que pude constatar que a Revis-
Brasileira (a renda da venda é destinada à en- ta Espírita, mantida por Allan Kardec de janeiro
tidade Remanso Fraterno, de Niterói-RJ), bem de 1858 a abril de 1869, é um tesouro quase
como informo que disponibilizo um vídeo esquecido dentro do Movimento Espírita.
A REVISTA
ESPÍRITA
DE JANEIRO DE 1858 Por Alessandro de Paula
O
jornal inaugural da Revista Espírita ini- ditada por ela própria à senhorita Ermance
cia-se com uma introdução de Allan Dufaux e O Livro dos Espíritos.
Kardec, em que este explica que esse Percebe-se, nessa primeira edição, a preo-
periódico mensal seria a tribuna do Espiritis- cupação de Allan Kardec em esclarecer o
mo, na qual haveria discussão de ideias, mas público acerca das características das mani-
não disputas e contendas, bem como escla- festações espirituais, que ocorriam de forma
rece que a referida revista seria um jornal de intensa àquela época com o escopo de des-
estudos psicológicos, porque estudaria a parte pertar a criatura humana para a sua essência
metafísica do homem. espiritual e para o real propósito da vida, que
O nobre codificador apresentou os seguin- é o nosso progresso intelecto-moral.
tes artigos: diferentes formas de manifestações, Dos artigos que compõem a Revista Espírita
vários modos de comunicação, manifestações de janeiro de 1858, gostaria de destacar dois
físicas, os diabretes, evocações particulares, deles, a saber: “Evocações Particulares” e “O
uma conversão, os médiuns julgados, visões, Livro dos Espíritos”.
reconhecimento da existência dos Espíritos e No artigo “Evocações Particulares”, Allan
de suas manifestações, história de Joana D’Arc Kardec narra que uma mãe havia perdido uma
A REVISTA
ESPÍRITA
DE FEVEREIRO DE 1858 Por Alessandro de Paula
O
nobre codificador, no jornal de feve- No artigo “Diferentes Ordens de Espíri-
reiro de 1858, apresentou os seguintes tos”, Kardec assevera que a classificação não
artigos: “Diferentes Ordens de Espíri- foi textualmente apresentada pelos benfeito-
tos”, “Escala Espírita”, “O Fantasma da Senho- res espirituais, mas foi elaborada por ele a par-
rita Clairon”, “Isolamento dos Corpos Pesa- tir dos ensinamentos trazidos por estes.
dos”, “A Floresta de Dodona e a Estátua de O codificador dividiu a classificação evolu-
Memnon”, “A avareza — por São Luís”, “Con- tiva dos Espíritos em três grupos, a saber: Es-
versas de Além-Túmulo — Senhorita Clary D.”, píritos imperfeitos (Espíritos impuros, levianos,
“O Sr. Home”, “Manifestações de Espíritos” pseudossábios e neutros), bons Espíritos (Espí-
e “Aos leitores da Revista Espírita” (esclareci- ritos benevolentes, cultos, sábios e superiores)
mentos de Kardec). e Espíritos puros (classe única).
Dos artigos que compõem a Revista Espírita Kardec apresenta duas utilidades para a re-
de fevereiro de 1858, gostaria de destacar três ferida classificação.
deles, a saber: “Diferentes Ordens de Espíri- Primeiro, em razão da influência que rece-
tos”, “Conversas de Além-Túmulo” e “Aos lei- bemos dos Espíritos através da mediunidade,
tores da Revista Espírita”. desde a inspiração até as mais ostensivas, é
importante identificar seus níveis de evolução em foco, e foi inserida na 2ª edição de O Livro
para que possamos estabelecer o grau de con- dos Espíritos (lançada em 1860 e com 1.019
fiança e de estima que merecem. perguntas), nas questões 100 a 113.
Segundo, por conta do nível evolutivo Entretanto, convém ponderar que na 1ª edi-
de cada um de nós, será útil verificarmos o ção de O Livro dos Espíritos (lançada em 1857
que nos falta para chegarmos à perfeição ou e com 501 perguntas), nas questões 54 a 58, os
para darmos um passo adiante no progresso benfeitores espirituais já tinham trazido algumas
espiritual. informações acerca dessa temática e Kardec já
Kardec alerta que os Espíritos não perten- havia inserido algumas anotações pessoais.
cem sempre e exclusivamente a esta ou aque- No artigo “Conversas de Além-Túmulo”,
la classe, haja vista que seu progresso se rea- Kardec traz à baila um diálogo com a Senhori-
liza gradativamente e, muitas vezes, poderá ta Clary, que havia desencarnado com 13 anos
apresentar caracteres de várias categorias. de idade e era o gênio da família por se tratar
Registre-se que a escala espírita, com seu de um Espírito evoluído, tanto que ela diz que
conteúdo mais detalhado e extenso, foi apre- irá reencarnar num mundo mais elevado que
sentada pela primeira vez na Revista Espírita a Terra, onde já se é feliz.
A Senhorita Clary diz que os Espíritos con- Os Espíritos que ainda não estiverem des-
seguem ver o presente, o passado e um pouco ligados da influência da matéria dizem sentir
do futuro, conforme sua evolução espiritual. calor, frio, sede, fome etc., mas não o sentem
Merece destaque o fato de que somente diretamente pelo corpo espiritual, mas são
os Espíritos mais evoluídos têm acesso ao fu- impressões penosas que relembram de suas
turo, e assim mesmo com alguns limites, de existências corporais transatas.
forma que devemos ter muita cautela com as Interpelado por Kardec, o Espírito ainda diz
comunicações espirituais que revelam eventos que poderia ficar visível desde que houvesse
futuros e/ou que apresentam datas certas para menos pessoas no recinto, que se recolhes-
as suas ocorrências. sem com mais fé e fervor, e que houvesse um
Indico o capítulo XVI da obra A Gênese médium do gênero de Home (Daniel Dunglas
(Teoria da Presciência), em que Kardec traz Home).
diversas orientações acerca dessa temática. A Senhorita Clary traçou algumas condi-
Em relação ao passado, os Espíritos preci- ções mínimas para que pudesse ocorrer a sua
sam ter certo equilíbrio para recordar de suas materialização, e sabemos que o Sr. Home foi
vidas transatas, senão a lembrança pode ser um extraordinário médium de efeitos físicos
mais prejudicial do que benéfica, porque nem (na Revista Espírita em pauta há um artigo so-
todos têm maturidade para lidar com as recor- bre ele), que produzia em abundância o fluido
dações dos erros do passado. magnético animal (ectoplasma), e a partir des-
Assim sendo, é um equívoco pensar que, se fluido os Espíritos podem produzir mate-
após a desencarnação, lembraremos auto- rializações, movimento de objetos, ruídos etc.
maticamente de nossas vidas passadas, ainda Por derradeiro, no artigo “Aos leitores da
que parcialmente, pois somente com o passar Revista Espírita”, Kardec, demonstrando edu-
do tempo e com a aquisição de maturidade é cação e respeito aos leitores, justifica que não
que gradativamente vamos acessando o nosso poderá responder a todas as cartas por conta
passado espiritual. da multiplicidade de suas ocupações, dizen-
Kardec faz uma extraordinária pergunta a do: “Rogamos encarecidamente que não in-
Clary, indagando se seu corpo espiritual sente terpretem mal o nosso silêncio”.
frio e calor, tendo ela respondido da seguinte Que grandeza moral do codificador, reve-
maneira: “Quando me lembro muito de meu lando uma imensa preocupação em se justifi-
corpo sinto uma espécie de impressão, como car com os leitores para que não ficasse qual-
quando se tira um manto e se fica com a sen- quer impressão equivocada por estes, bem
sação de que, por algum tempo, ainda se está como demonstra sua dedicação hercúlea às
com ele”. múltiplas tarefas que realizou, não desistindo
Recomendo ao leitor o estudo das ques- diante do cansaço, dos obstáculos, das enfer-
tões 237 a 257 de O Livro dos Espíritos (per- midades etc.
cepções, sensações e sofrimento dos Espíritos). Eis a síntese da Revista Espírita de fevereiro
Aliás, parece-me que a resposta da Senhorita de 1858.
Clary, em alguma medida, ajudou na resposta
da questão 256 do aludido livro.
R
esultado da inédita e harmoniosa parceria mediúnica, em conexão perfeita, entre o Es-
pírito Victor Hugo e o médium Divaldo Franco, Párias em redenção completa seu cin-
quentenário de publicação em 17 de junho de 2023. Seus direitos autorais foram cedidos
à Federação Espírita Brasileira (FEB), tendo atingido, em julho de 2020, a 9ª edição, com 569
páginas, em que pode ser lido um resumo da obra:
Devastado pela morte da esposa, tão bela quando santa, o duque Giovanni di Bicci
definha. A saúde, outrora vigorosa, recorda agora o distinto clã em que nascera, nas
italianas terras da Toscana: declina sem volta. Os herdeiros da cobiçada fortuna seriam
os três filhinhos, que, naquele 1745, eram crianças apenas. Girólamo, o sobrinho rebel-
de e libertino que o duque e sua senhora haviam adotado anos antes, está decidido.
Herdará tudo. Somente os séculos de angústia e dor, reparação e renúncia redimiriam
as personagens daquela trama sombria, que tem no Brasil de 1967 o seu desfecho.
VICTOR HUGO
Nascimento: 26 de fevereiro de 1802, Besançon, França.
Falecimento: 22 de maio de 1885, Paris, França.
REFERÊNCIAS:
1. FRANCO, Divaldo Pereira; HUGO, Victor-Marie [Espírito]. Párias em redenção. 9. ed. Brasília: FEB, 2020,
texto da 4ª capa.
2. KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. Janeiro de 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1.
ed. Brasília: FEB, 2005, p. 41.
3. MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Victor Hugo e seus fantasmas. 1. ed. Capivari: EME, p. 112.
4. FRANCO, Divaldo Pereira; HUGO, Victor-Marie [Espírito]. Párias em redenção. 9. ed. Brasília: FEB, 2020,
p. 10 e p. 569.
Serviço
Pelo Espírito Eros
A
Natureza é uma lição viva de serviço à Vida.
Serve o ar, sem o qual nada sobrevive; serve o pão, para
manter a vida; serve o verme, sustentando a vida; serve o
gérmen, renovando a vida; o vento perpassa em doce musicalida-
de e, conduzindo o pólen da flor, fecunda outras espécies vege-
tais, perpetuando vidas; serve o animal nas diferentes expressões
da escala evolutiva em que se demora; serve a água, preservando
a vida em todas as suas manifestações; serve o Sol, mantendo o
equilíbrio geral, e, graças ao seu tropismo, realizam-se os progra-
mas divinos na Terra e no sistema que a sustenta. Tudo é serviço
em toda a parte. O homem deve servir também, porquanto so-
mente servindo atinge a maioridade moral, já que, servido, não
logra passar da infância espiritual. Serve ao animal, às plantas, à
Natureza e ao homem.
Assim, converter-te-ás nas mãos do Divino Servidor pelos ca-
minhos do mundo, que não cessa de servir.