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Este livro é dedicado a todos os batistas

brasileiros, no interesse de que o seu amor


por missões seja, através de sua leitura, mais e
mais renovado, para honra e glória de Deus.
Soli Deo Gloria in excelsis Deo!

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O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS

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O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS

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2009
Rio de Janeiro

1=1 edição

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Todos os direitos reservados para a Junta de Missões Mundiais da Convenção
Batista Brasileira; Copyright © Convicção Editora Ltda.

Direção geral: Sócrates Oliveira de Souza


Direção editorial: Macéias Nunes
Assistente editorial: Sandra Regina Bellonce do Carmo
Revisão: Benedito Gomes Bezerra e Zenate Feitosa Falcão
Arte: oliverartelucas

Oliveira, Zaqueu Moreira de


048m O mundo no coração e Deus: 100 anos da Junta de
Missões Mundiais da CBB / Zaqueu Moreira de Oliveira
fel Edelweiss Falcão de Oliveira. — Rio de Janeiro:
Convicção, 2008. Inclui anexos.

ISBN: 978-85-61016-08-1

624p. 16cm.

1. Missões Mundiais. 2. Convenção Batista Brasileira


— Missões Mundiais. 3. Batistas — Missões — História.
1.Título. II. Título: 100 Anos da Junta de Missões
Mundiais da CBB. III. Oliveira, Edelweiss Falcão de

CDD 266.023

Índice para catálogo sistemático:


1. Brasil: Missões Mundiais: 266.091
2. Convenção Batista Brasileira: Missões Mundiais: 266.023

1 edição: 2009
Tiragem: 1.500

Pedidos para Convicção Editora Ltda.


Rua Senador Furtado, 56 — Praça da Bandeira
Rio de Janeiro — RJ — CEP 20270-020.
Tel.: 21 2157-5557
Este livro é dedicado aos missionários
batistas brasileiros, representados na
pessoa de Waldemiro Tymchak, o homem
que, à semelhança do Senhor de Missões,
tinha o mundo no coração. Nosso desejo
é que os leitores sejam impulsionados a
proclamar a mensagem de Cristo a todos
os povos e nações da terra.

Sola Deus salus!


Ao Pastor Waldemiro Tymchak, que, não levando em conta a
nossa fragilidade, nos transmitiu a tarefa de colocar no papel a his-
tória dos 100 anos da JMM, dando-nos todo o estímulo e orienta-
ção necessária, até o momento quando Deus o chamou para a sua
presença.
A Acidália Tymchak, que, ao lado do esposo, nos convenceu a rece-
ber de Deus a missão a cumprir e, após a partida do Pastor Waldemiro,
continuou sendo uma inspiração.
Aos nossos filhos, que terminaram por se convencer que estávamos
cumprindo a vontade de Deus, pelo que muitas vezes se privaram da
nossa presença, quando nos debruçávamos nos documentos e no com-
putador para captar e organizar o material indispensável ao cumpri-
mento da tarefa.
Aos missionários de Missões Mundiais, que alegremente nos rece-
beram e se dispuseram a nos entregar as ricas informações sobre eles
próprios e suas atividades nos campos, colocando à nossa disposição
seus arquivos pessoais e fotografias, para que as experiências relatadas
ganhassem mais vida.
Ao pessoal da sede, que nunca se furtou de nos dar o devido apoio,
com a infra-estrutura necessária para o planejamento e execução do
projeto.
Aos arautos da informática, Tsai Kun Cheng, Bruno Fontes Ribeiro,
Márcio Fontes Moreira Gomes e Walber Santos de Assis, pela presteza
em nos atender, sempre com um sorriso de quem desvenda os misté-
rios da ciência da informação.
A Izilda Portela, que foi um braço direito ao nos acompanhar através
dos contatos com líderes, missionários no campo e em outras ativida-
des, tanto nas viagens como nas entrevistas que fizemos.
Ao competente apoio de Luiz Carlos de Barros, que com sabedoria
e firmeza nos estendeu a mão nos momentos que pareciam sombrios e
difíceis para levarmos a termo este trabalho.
A Lauro Mandira, pela sua serenidade em nos atender na sua função
de Gerente de Missões e na sua experiência de missionário e conservo
nas lides do Senhor, corrigindo e completando alguns dados que haví-
amos captado.
A Antonio Joaquim de Matos Gaivão, pela companhia e apoio em
nossa viagem a Cuba e por ter feito a leitura do livro antes de sua im-
pressão, dando-nos importante contribuição para o texto final.
Aos pastores Mayrinkellison Wanderley, Renato Reis de Oliveira e
Luiz Cláudio Marteletto, pela disponibilidade em nos dar as informa-
ções complementares que solicitamos.
Ao professor Othon Ávila Amaral, por nos mandar cópia de docu-
mentos importantes, selecionar as fotografias que estão no livro, colo-
cando nelas as suas legendas e ler o trabalho antes de sua forma final,
apresentando-nos valiosas sugestões para a sua última redação.
A Antonio Carlos Santana e Patrícia da Silva Brito, pelo auxílio no
trabalho de pesquisa de dados, vasculhando os arquivos para que ti-
véssemos acesso com maior facilidade aos documentos existentes em
jornais, revistas, vídeos e gravadores.
A Sandra Regina Bellonce do Carmo, pelo cuidado específico em
acompanhar a diagramação final do livro e todo o serviço referente à
área editorial.
A diretoria da CBB, representada pelo Diretor Executivo Sócrates Oli-
veira de Souza e pelo Presidente Oliveira de Araújo, que após a partida
do Pastor Waldemiro Tymchak e com a nova estrutura da CBB, continu-
aram dando o apoio indispensável para a continuação da obra.
Sobretudo, a nossa gratidão a Deus, por nos proporcionar a bên-
ção de entrar em contato direto e indireto com homens, mulheres e
crianças que nestes 100 anos de história têm se colocado nas mãos
do Senhor para servi-lo com fidelidade na obra missionária.
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61X
ABIAH — Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
ABU — Aliança Bíblica Universitária
A.C. — Antes de Cristo
A.D. — Anno Domini (no ano do Senhor).
ALERJ — Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
APEC — Aliança Pró-Evangelização de Crianças
BCOQ — Baptist Convention of Ontario e Quebec (Convenção Batista
de Ontário e Quebec)
BIRD — Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento
BMS — Baptist Missionary Society (Sociedade Missionária Batista Britâ-
nica)
BTN — Bônus do Tesouro Nacional
CABAMI — Casa Batista da Amizade
CBB — Convenção Batista Brasileira
CBC — Colégio Bíblico de Calcutá
CBP — Convenção Batista Portuguesa
CBTM — Centro Batista de Treinamento Missionário
CEBET — Centro Batista de Educação Teológica (Espanha)
CEE — Comunidade Econômica Européia
CEFLAL — Centro de Formação de Líderes para a América Latina
CEI — Comunidade de Estados Independentes
Cf. — confira, confronte
CIEM — Centro Integrado de Educação e Missões
COCEVAL — Coro Central Evangélico de Luanda
CPAD — Casa Publicadora da Assembléia de Deus
CPB — Casa Publicadora Batista
CPC — Conselho de Planejamento e Coordenação
EBD — Escola Bíblica Dominical
EBF — Escola Bíblica de Férias
EEUU — Estados Unidos (da América)
EUA — Estados Unidos da América
FMB — Foreign Mission Board (Junta de Missões Estrangeiras — Batistas
do Sul dos Estados Unidos)
FMI — Fundo Monetário Internacional
HIV — Human Immunodeficiency Virus (Vírus da
Imunodeficiência Adquirida)
IBER — Instituto Batista de Educação Religiosa
IBEV — Instituto Batista de Educação de Vitória
IAPAS — Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assis-
tência Social
IDH — Índice de Desenvolvimento Humano
IEBA — Igreja Evangélica Baptista de Angola
IEHC — India Every Home Cruzade
IMB — International Mission Board (Junta de Missões
Internacionais — Batistas do Sul dos Estados Unidos)
INSS — Instituto Nacional do Seguro Social
IPB — Imprensa Presbiteriana do Brasil
ISBN — International Standard Book Number (Padrão Internacional de
Número de Livro)
IDH — Índice de Desenvolvimento Humano
ITC — Instituto de Treinamento Cristão
JME — Junta de Missões Estrangeiras
JMM — Junta de Missões Mundiais
JMN — Junta de Missões Nacionais
JOCUM — Jovens com uma Missão
JUBAM — Juventude Batista do Amazonas
JUERP — Junta de Educação Religiosa e Publicações
JUMOC — Junta de Mocidade Batista
KGB — Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti (Comitê de Segurança do
Estado — acrônimo russo)
MAC — Ministério Árabe Cristão
MCA — Mulheres Cristãs em Ação
MLSTP — Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe
OLP — Organização para Libertação da Palestina
OMS — Organização Mundial de Saúde
ONG — Organização não-governamental
ONU — Organização das Nações Unidas
OPEP — Organização dos Países Exportadores do Petróleo
PAM — Programa de Adoção Missionária
PEM — Programa Esportivo Missionário
PIB — Primeira Igreja Batista
PIB — Produto Interno Bruto
PIM — Programa de Intercessão Missionária
PEPE — Programa de Educação Pré-Escolar
PNE — Plano Nacional de Evangelização
POPE — Programa de Odontologia Preventiva e Educativa
PQM — Plano Quadrienal de Metas
RI — Rhode Island
S.d. — sem data
SEC — Seminário de Educação Cristã
SIDA — Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
STBE — Seminário Teológico Batista Equatorial
STBNB — Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil
STBRN — Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Norte
STBSB — Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil
TAP — TAP Air Portugal
TENN - Tennessee
UBLA — União Batista Latino-Americana
UBP — União Batista Portuguesa
UFMBB — União Feminina Missionária Batista Brasileira
URSS — União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
USA — United States of América (Estados Unidos da América).
Apresentação 19

Prefácio 25

Introdução 31
Missão e missões 31
Origem dos batistas e missões 35
Os batistas no Brasil 37
Missões no coração do brasileiro 39

PRIMEIRA PARTE — Pioneirismo e Expansão da Visão Missionária


(1907-1979)

CAPÍTULO I — Campos pioneiros (1907-1955) 43


1. O Brasil batista unido na visão missionária 44
2. Um campo com obreiros da terra 49
Um começo modesto, mas promissor 49
Progresso e indecisões 54
Reflexos da Primeira Guerra Mundial 55
Uma trégua na participação brasileira 58
3. Boas novas na terra de nossos pais 59
Os primeiros batistas em Portugal 60
O alvo inicial dos batistas brasileiros 62
Primeiro casal de missionários 63
Dificuldades e vitórias 67
Antonio Maurício é comissionado 72
A Associação do Texas 75
Primeiro casal de brasileiros 78
Divisão do trabalho e dias sombrios 81
Novos entendimentos e progresso no trabalho 86
O casal Gobira 89
Atritos e pacificação 91
Novos planejamentos e considerações 95
4. Atravessando as fronteiras na América do Sul 98
A JMN alcança a Bolívia 98
O trabalho pioneiro dos Motta 100
Novos obreiros e o primeiro mártir 107
Novos planos, mudanças e considerações 109

CAPÍTULO II — O campo é o mundo (1955-1979) 113


1. Estendendo as cortinas das habitações 113
2. Expandindo o trabalho em Portugal 117
Portugal Continental 118
Portugal Insular (Açores) 123
3. Fortalecendo as bases na Bolívia 127
4. Extensão em outros países sul-americanos 137
Paraguai 138
Uruguai 144
Argentina 145
Venezuela 148
5. Vivendo o sonho da África 149
Moçambique 150
Rodésia (Zimbábue) 155
Angola 156
6. Missões no mundo da tradição e da riqueza 159
França 159
Espanha 160
Canadá 164

SEGUNDA PARTE — Até os Confins da Terra (1979-2007)

CAPÍTULO III — Waldemiro Tymchak e a expansão missionária 169


1. Do Senhor de Missões para o Pastor Missões 170
2. Firmando as estacas 182
2.1 Firmando em Portugal 183
Portugal Continental 183
Açores 187
2.2 Firmando na América do Sul 189
Bolívia 189
Paraguai 196
Uruguai 201
Argentina 201
Venezuela 202
2.3 Firmando na África 205
Moçambique 205
Zimbábue 207
Angola 208
2.4 Firmando em países de tradição e riqueza 214
França 215
Espanha 215
Canadá 219
3. Ampliando o lugar das tendas 225
3.1 Ampliando na América do Sul 225
Equador 226
Peru 227
Colômbia 229
Chile (retorno) 230
Guiana 236
3.2 Ampliando na América do Norte e na Europa 237
América do Norte 237
Áustria 240
Itália 241
3.3 Ampliando na América Central 243
Costa Rica 243
Panamá 244
El Salvador 244
República Dominicana 245
Cuba 247
3.4 Ampliando na África 256
Considerações sobre o continente africano 257
África do Sul 259
Botsuana 266
Cabo Verde 267
São Tomé e Príncipe 268
República da Guiné 259
Guiné Equatorial 270
Etiópia 270
4. Alongando as cordas 271
4.1 Nos países asiáticos das religiões orientais 272
Macau 272
China 274
Índia 277
Japão 284
Taiwan 286
Tailândia 287
Timor-Leste 288
4.2 Em países do Leste Europeu e da Ásia Central 289
Considerações sobre a União Soviética 289
Romênia 292
Ucrânia 293
Albânia 299
Outros países da antiga URSS 300
4.3 Para alcançar os povos muçulmanos 304
Considerações gerais 304
Oriente Médio 306
Senegal 316
Guiné-Bissau 319
Outros países islâmicos 323
5. Pela autoridade de Deus 324
5.1 Nas decisões 325
5.2 Expressa em números 328
5.3 Refletida nos testemunhos 332
5.4 Nos acontecimentos 339

CAPÍTULO IV — Visão de novos projetos 345


1. Programa de Adoção Missionária (PAM) 345
2. Intercessão Missionária 349
3. Obreiros da Terra (autóctones) 350
4. Parcerias com igrejas e instituições 354
5. Fazedores de Tendas 359
6. Missionários Temporários 363
7. Voluntários sem Fronteiras 366
8. Projetos sociais 371
9. Educando crianças e adultos 376
10. Programa Esportivo Missionário (PEM) 381

CAPÍTULO V — Equipando as bases 387


1. Vencendo os desafios 387
2. Planejamento e treinamento 390
3. Trabalho nos campos 396
4. Visão administrativo-financeira 399
5. Promoções missionárias 405
6. Congressos de missões 408
7. Evangelização e despertamento nos campos 411
8. Prosseguindo para o alvo 416

TERCEIRA PARTE — Experiências Missionárias

CAPÍTULO VI — Experiências pessoais e familiares 423


1. Experiências na Bolívia 425
2. Experiências nos países platinos 428
3. Experiências no Chile e Equador 433
4. Experiências na África 439
5. Experiências no Leste Europeu e na Ásia 445
6. Experiências nos países muçulmanos 448

CAPÍTULO VII — Frutos da palavra semeada 453


1. Frutos na Bolívia, Venezuela e Perú 454
2. Frutos no Paraguai e no Chile 462
3. Frutos no Canadá 466
4. Frutos na Europa 470
5. Frutos na África 474
6. Frutos em países muçulmanos 482

Capítulo VIII — Vidas edificadas pelo testemunho missionário 487


1. Edificando vidas em países de língua portuguesa 487
2. Edificando vidas em países hispânicos 491
3. Edificando vidas na África 499
4. Edificando vidas na China e na Ucrânia 506
5. Edificando vidas em países muçulmanos 509

Considerações finais 513

Referências 521
1. Livros 521
2. Artigos em jornais, livros e revistas especializadas 525
3. Relatórios e atas 560
4. Trabalhos não publicados 570
5. Documentos especiais 571
6. Entrevistas 572
7. Documentos em meio eletrônico e videocassetes 577

Anexos 583
Anexo A — Missionários da JMM 583
Anexo B — Executivos da JMM 597
Anexo C — Presidentes da JMM 598

Índice onomástico 601

Sobre os autores 613

Dos mesmos autores 617


Livros, teses, monografias e trabalhos
acadêmicos publicados 617
1. Zaqueu Moreira de Oliveira 617
2. Edelweiss Falcão de Oliveira 620
O
A vida do Pastor Zaqueu Moreira de Oliveira tem sido caracteriza-
da por muita ousadia aliada à sua profunda fé em Deus, herdada dos
avós e pais, que foram pioneiros do trabalho batista no Piauí e vale do
Tocantins. Filho de missionários de Missões Nacionais que invadiram
o sertão do Brasil, fundando igrejas, escolas e clínicas de enfermagem,
passou os primeiros meses de sua vida viajando em costas de burros
para alcançar os distantes rincões do Brasil central. Assim aprendeu
cedo a amar missões. Deus preservou a família, pois insetos infestavam
a região, levando aos moradores enfermidades impertinentes, prejudi-
ciais ao bem-estar de crianças e adultos. Mesmo assim aquele menino
foi atingido por hexápodes, vermes, vírus e bacilos, contraindo doenças
como malária, tracoma, paratifo e outras. Pertinaz enfermidade levou o
único médico que havia na cidade de Carolina a informar aos pais que
ele não resistiria até o novo dia amanhecer. Mas ele, quase em estado
de coma, mesmo sem poder falar, ouviu aquelas palavras distantes e
achou graça intimamente, pois já sabia que Deus tinha um propósito
para a sua vida que foi preservada para a glória do Senhor.
Na sua infância houve falta de recursos financeiros, assim como o
fato de estarem seus pais atuando em lugares onde nem escola existia.
Mas nada impediu que ainda cedo recebesse a formação necessária
pra servir ao Senhor. Isso ocorreu graças aos propósitos de Deus, que
o chamou desde o ventre de sua mãe, e à visão de seus pais. Com 12
anos, Deus lhe foi claro no chamado para o ministério, atendida cinco
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anos mais tarde, quando ingressou no Seminário do Norte como o mais


jovem aluno da instituição. Daí para frente seguiu uma trajetória que
continuou difícil, mas vitoriosa para a glória de Deus, tendo servido por
décadas como pastor, professor, administrador, historiador e escritor,
tornando-se uma bênção na formação de centenas de pessoas que hoje
atuam em todo o Brasil e vários outros países da América do Norte,
América do Sul, Europa, Ásia e África.
Em janeiro e fevereiro de 2007, quando já se avizinhava dos 70 anos
de idade, surge perante ele um desafio humanamente impossível de ser
aceito: colocar no papel a história dos 100 anos da Junta de Missões
Mundiais da Convenção Batista Brasileira. Ele, que já vinha de outra
difícil tarefa na Junta de Missões Nacionais, achou graça daquela pro-
posta que lhe foi dirigida e enfaticamente respondeu: "NÃO". Mas essa
resposta negativa foi dele próprio, refletindo seus sentimentos e de seus
familiares. Não era do Senhor a quem servia. Ao ser instado pelo Pastor
Waldemiro Tymchak para orar sobre o assunto, depois de algumas se-
manas ele se rendeu, afirmando que não seria outro Jonas para fugir da
responsabilidade que Deus lhe estava confiando. Desde o início, seus
familiares sabiam que o trabalho não seria dele, pois na qualidade de
servo, ele agiria apenas como instrumento para realizar a obra que o
próprio Senhor traçara, pelo que o trabalho final deste livro não surgiria
por acaso nem como ocaso de uma vida dedicada ao Senhor. Como
adjutora, não tive outra opção senão colocar-me ao seu lado em todas
as situações possíveis. Assim nos tornamos colaboradores deste traba-
lho. Sim, digo colaboradores e não escritores, pois ele é o resultado de
muitas mãos, de muitas mentes e de muitos corações que colaboraram
por anos até que a responsabilidade chegasse aos que escreveram as
linhas que seguem.
Apesar de inúmeras responsabilidades já assumidas para o ano de
2007, nós nos debruçamos sobre a pesquisa. Percebemos que era imen-
so o campo que deveria ser atingido, pois alcançava o mundo inteiro,
mas mesmo assim nos dispusemos a conhecer de perto o que estava
sendo realizado, para termos a base necessária para entender, viver e
comunicar a outros a maravilha da obra missionária mundial que os ba-
tistas realizam em todos os continentes. Foram três cansativas, intensas,
maravilhosas e abençoadas viagens missionárias, que nos fizeram sentir
in loco o que aconteceu e acontece em países onde os batistas brasilei-
ros foram pioneiros nessa obra; em povos que passam por turbulências
nas áreas política, social e econômica; em grupos e culturas que se
agregam em outras terras como estrangeiros; e em pessoas vítimas de
crendices e religiões que negam a essência de Deus e do evangelho.
As entrevistas, assim como os diálogos e visitas a instituições e monu-
mentos' que os batistas ajudaram a construir através dos tempos, foram
indispensáveis para o resultado final do que está aqui registrado.
Antecedeu a elaboração do texto, portanto, uma ampla pesquisa
na qual seguimos rigorosamente a metodologia da pesquisa histórica,
quando nos debruçamos sobre os dados secundários, encontrados em
documentos. Foram consultados todo o material alusivo ao tema em O
Jornal Batista, relatórios da Junta de Missões Mundiais e outros docu-
mentos nos livros de mensageiros, atas e pareceres da Convenção Batis-
ta Brasileira, revistas e outras publicações da própria Junta, tais como O
Campo é o Mundo, Jornal de Missões, A Colheita e Boletim da JMM,
grande parte das atas das reuniões da JMM, livros escritos por missio-
nários e outros, sites na Internet, manuscritos e CD's, situando cada in-
formação captada nos contextos concretos em que se realizaram. Mas
tudo foi ricamente acrescido com os dados qualitativos, reduzindo o
hiato entre a história que se refere ao passado com a sua leitura no
presente. Assim realizamos entrevistas com missionários nos campos,
missionários em outras atividades, pastores e líderes, além de outras
pessoas influentes ou mais simples que testemunharam acerca do que
viam, ouviam e sentiam sobre o trabalho dos missionários brasileiros.
Foram nada menos do que 83 entrevistas realizadas em 28 cidades
de 10 países da América do Sul, América Central, América do Norte,
Europa Ocidental e Europa Oriental. Assim igrejas e instituições batistas
e não-batistas se tornaram conhecidas, bem como seus pastores, admi-
nistradores, professores e estudantes ouvidos. Em nossa trajetória, pas-
samos por cinco outros países. Embora no projeto original definido com
o Pastor Waldemiro Tymchak ainda estivessem mais um país da Europa
e quatro da África, as condições na ocasião da pesquisa não permitiram
este contato que seria também muito enriquecedor.
' Aqui o termo monumento se refere a construções físicas, obras educacionais e sociais, estruturas
denominacinais e, sobretudo, vidas.
As experiências nos campos missionários foram de grande proveito
para a compreensão de cada particularidade histórica registrada neste
livro. A convivência, in loco e fora do campo, nos enriqueceu e nos
abençoou. Por certo, o grande esforço dos autores foi definir e colocar
nas páginas do livro parte do que ouvimos e registramos, pois, o do-
bro ou o triplo de páginas aqui apresentadas não seria suficiente para
incluir todas as experiências relatadas. Mas uma coisa é certa: cada
linha escrita teve de alguma forma a inspiração nas leituras e em tudo
o que foi escutado nas entrevistas e visto nos campos. Como expomos
aos missionários, mesmo que algumas das suas experiências não sejam
aqui narradas objetivamente, devem sentir-se contemplados na obra,
pois todas as histórias compartilhadas foram fontes de inspiração para
os autores. Foi com júbilo e gratidão ao Senhor que nossa mente e
nossos ouvidos repassaram as centenas de horas gravadas, várias vezes
iniciando pela manhã e só se encerrando na madrugada do dia seguin-
te. Foram momentos de alegria, recordação, choro, riso e louvores a
Deus. Sofremos, vibramos e nos sentimos preenchidos pelo carinho e
disponibilidade de cada missionário que nos recebeu em sua casa ou
veio até nós.
Na seleção que fizemos do material coletado, prevaleceu a ilumina-
ção do Espírito Santo que, por certo, esteve presente na confecção de
todo o texto, sem que por isso viesse a inviabilizar a instrumentalidade
do método e ofuscar o nosso estilo ou características próprias. Por ou-
tro lado, lembramos que a metodologia na investigação é diferente da
utilizada na exposição. Assim os pesquisadores, após se aproximarem
do real, retornaram ao patamar da abstração, trazendo a sua leitura
para um novo momento. Por isto, não podemos ser os mesmos, de-
pois que nos deparamos com as leituras documentais e com os campos
missionários, onde presenciamos as necessidades espirituais e sociais
impostas no atual contexto de desenvolvimento de relações capitalistas.
Glorificamos ao Senhor de Missões pelas vidas dedicadas ao campo
missionário. Nós, como batistas, somos gratos aos que responderam ao
"Ide" do nosso Mestre através da JMM.
Foram indispensáveis o estímulo e apoio do casal Waldemiro e Aci-
dália Tymchak; do Pastor Sócrates Oliveira de Souza, Pastor Oliveira de
Araújo e outros membros da Diretoria da CBB; do Pastor Luiz Carlos
de Barros, Pastor Lauro Mandira, Izilda Portela Miranda Santos e toda
a equipe que trabalha ou trabalhou na sede da JMM; dos missionários
nos campos ou no Brasil; de tantos outros que nos ajudaram e continu-
am apoiando este projeto. Somente com a ajuda de tantos colaborado-
res pudemos chegar ao que agora colocamos nas mãos do povo batista
do Brasil e do mundo.
O que foi realizado exigiu muito tempo e energia, dedicados a Deus
para a Sua glória, mas, sobretudo, resultou em bênçãos divinas distri-
buídas para os colaboradores diretos e indiretos que participaram neste
trabalho. Tudo isso nos faz sentir recompensados e gratos ao Senhor.
Terminamos lembrando que sempre reconhecemos nossa limitação.
As dificuldades muitas vezes nos fizeram sentir "atribulados, mas não
angustiados, perplexos, mas não desesperados, combatidos, mas não
abandonados, feridos, mas não destruídos" (2Co 4.8-9), pois a obra
foi realizada em nome e por amor de Jesus. Assim, embora às vezes
desanimados, jamais nos deixamos dominar pela nossa própria emo-
ção ou pelos obstáculos com os quais nos deparamos. Podemos dizer
que montanhas foram removidas e tempestades acalmadas, quando
colocamos tudo nas mãos do Senhor, sabendo que não somos "capazes
por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos, mas a nossa
capacidade vem de Deus" (2Co 3.5). Foi Ele que nos capacitou, pela
sua graça, para sermos seus ministros.
A missão, que parte do coração de Deus e estimulou nossos ante-
passados desde o início do século XX, continua firme, impulsionando
os que receberam a responsabilidade de cumprirem a ordem de Cristo.
Auguramos que assim como fomos iluminados e abençoados pelo que
vimos e ouvimos na jornada que o Senhor nos confiou, os leitores deste
livro também o sejam, recebendo do Espírito de Deus a inspiração para
prosseguirem como parte ativa da Igreja na difusão do evangelho em
todo o mundo. Ao Senhor toda a glória!

Edelweiss Falcão de Oliveira


Quando recebi o honroso convite para prefaciar este livro, tarefa que
seria magistralmente desenvolvida por meu querido esposo, Pr. Wal-
demiro Tymchak, lembrei-me imediatamente de um fato ocorrido na
minha infância. Em 1962, na sua segunda partida na Copa do Mundo,
sediada no Chile, a seleção brasileira perdeu a sua maior estrela. O Rei
Pelé se machucou e precisou ser substituído por Amarildo. Apesar de
minha pouca idade na época, fiquei impressionada com a reação de
espanto do centroavante, diante da imensa responsabilidade de subs-
tituir o Rei.
Vejo-me, agora, numa situação mais desfavorável que a de Ama-
rildo. Ele, mal ou bem, jogava futebol, e eu, como ajudadora do Pr.
Waldemiro, nunca peguei na "bola". Porém, como jamais me afastei
do "campo", além de coadjuvá-lo, vibrei com suas "jogadas" e teste-
munhei seus milhares de "gols", bem como dos missionários das igrejas
batistas do Brasil! Assim, com a visão de quem teve o privilégio de par-
tilhar o mesmo caminho com alguns dos protagonistas dessa história,
com humildade e invocando o auxílio do Senhor de Missões, tentarei
apresentar esta belíssima obra, que nada mais é do que a continuação
do livro de Atos dos Apóstolos!
Os batistas brasileiros têm em mãos mais uma síntese do que o Espí-
rito Santo construiu ao redor do mundo, por meio da Igreja de Cristo,
em mais de um século da JMM.
O livro está dividido em 3 partes, na tentativa de sistematizar as ocor-
rências administrativas, de gestão e de registros dos atos dos missioná-
rios nas suas mais diversas formas de vinculação à nossa Junta missioná-
ria. Logo na Introdução, podemos ver a densidade e seriedade da obra,
quando o historiador nos situa na trajetória dos batistas nos conectando
ao ide do Mestre Jesus.
ÌC S,

A primeira parte, PIONEIRISMO E EXPANSÃO DA VISÃO MISSIO-


NÁRIA (1907-1979), está dividida em dois capítulos. Um, CAMPOS
PIONEIROS (1907-1955), apresentando o surgimento do sonho mis-
sionário que, então, contava com a participação direta dos nossos ir-
mãos norte-americanos. Do Senhor herdamos o "ide", mas com eles
aprendemos a obedecer, pelo que somos gratos a Deus. No segundo,
O CAMPO É O MUNDO (1955-1979), os autores nos iniciam na cami-
nhada quando os brasileiros tomavam consciência de que "O Campo
é o mundo". Período em que esteve à frente da então JME o Pastor
Alcides Teles de Almeida, por quem os batistas brasileiros foram co-
mandados e dirigidos a abrir novas frentes. Os autores nos levam a ter
uma visão de cada campo e mostram como o Senhor da história agia
magnificamente através da disposição dos nossos irmãos que se entre-
gavam de corpo e alma ao campo missionário. Na leitura, nos situamos
histórica e geograficamente com a descrição e relatos apresentados.
Aquelas tímidas iniciativas se tornaram mais ousadas. As igrejas respon-
diam e mandavam ofertas e missionários. Os registros nos fazem voltar
aos anos de nossos pioneiros.
A segunda parte do livro, ATÉ OS CONFINS DA TERRA (1979-2007),
a mais densa e a que mais de perto nos fala, trata dos anos em que o
nosso querido pastor Waldemiro Tymchak esteve à frente da JMM. Está
dividida em três capítulos, que são dedicados ao Pastor Missões, como
é chamado pelos autores o nosso Executivo.
Assim, o terceiro capítulo do livro, WALDEMIRO TYMCHAK E A
EXPANSÃO MISSIONÁRIA, está todo fundamentado em 'saias 54.2 e
Atos 1.8. Os autores iniciam escrevendo sobre o Pastor Missões, aquele
que Deus chamou para dar continuidade e ampliar o trabalho que já
estava sendo desenvolvido pelos batistas brasileiros através dos missio-
nários da JMM. Entendo ser essa a razão pela qual se caminhou pelo
final do texto de !saias, "Firmando as estacas", quando somos levados a
percorrer os caminhos já iniciados no período anterior, com a presença
de novos obreiros. O texto segue o curso da história, apresentando-nos
então os novos campos "Ampliando o lugar das tendas", referindo-se
aos campos abertos na América do Sul, América do Norte e Europa
Ocidental, América Central e África. O Pastor Missões entendeu que
era hora de avançar. Com a habilidade que Deus lhe deu, ele, na sua
mansidão, começava a orar para que o Senhor de Missões indicasse
os novos campos. Deus respondia através de cartas dos campos, de
contatos que às vezes pareciam casuais, mas que na realidade eram en-
tendidos como encaminhamento de Deus. Ano após ano, ele sonhava
com novos campos e levava os batistas brasileiros e, principalmente, as
igrejas batistas a sonhar com ele através dos relatórios e das memorá-
veis noites missionárias nas Convenções, das edições do Jornal de Mis-
sões, de O Jornal Batista, das diversas revistas, dos planos de expansão
missionária e do marketing que cada vez se especializava em aproximar
as Igrejas da JMM. Desta forma, foi necessário avançar 'Alongando as
cordas", para regiões nunca antes imaginadas, mas que a coragem da-
quele servo o levou a ousar para alcançarmos os confins do mundo.
Assim, os autores, fazendo alusão ao texto de Isaías, colocam no papel,
com inspiração, os novos campos alcançados, países asiáticos das reli-
giões orientais; países do Leste Europeu; povos muçulmanos. Em todas
essas regiões, com graça e louvor somos levados a entrar mundo afora
com nossos autores, que, embora não citando todos os missionários no
texto, trazem para o papel algumas das mais belas experiências missio-
nárias, fazendo-nos ver a necessidade de alongarmos as nossas cordas.
Finalmente, no quinto item do capítulo, percorremos mais de perto as
entranhas da JMM, mencionando a partir do lindo texto de Atos 1.8,
como Deus na sua autoridade expressa a sua realização através de de-
cisões, números, testemunhos e acontecimentos.
O quarto capítulo, chamado VISÃO DE NOVOS PROJETOS, apre-
senta as ênfases adotadas ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, ex-
pressa a forma participativa como o Pastor Waldemiro dirigia a nossa
Junta, deixando que os missionários também fizessem suas propostas,
as quais eram submetidas ao Senhor de Missões e à Junta Consultiva.
Para isso, ele tinha por trás um grande servo de Deus, que segurava
as finanças da Junta e as administrava com todo o esmero: o precioso
trabalho do Pastor Luiz Carlos de Barros, que, mais que colaborador,
foi o irmão mais próximo do nosso gestor. Sobre o assunto, os autores
trataram mais detidamente na terceira parte do livro, que é chamada:
— ORGANIZAÇÃO E PROMOÇÕES MISSIONÁRIAS.
Pr. Waldemiro gostava de citar John Piper2, notável professor da Bí-
blia, que abre o seu livro "Let the nations be glad" (Alegrem-se os po-
vos), afirmando que o objetivo final da igreja não é Missões, Deus é o
objetivo último e conclui:
Um dos princípios de toda ação missionária é identificar onde o ven-
to do Espírito Santo assopra para estabelecer os campos e as estratégias
de trabalho. Pode parecer algo muito subjetivo, mas se esse ideal não
for perseguido, os nossos esforços podem ser inúteis. Deus é o maior
interessado em que os homens ouçam o evangelho e sejam salvos.
É importante destacar que esta história só foi possível porque os
crentes batistas brasileiros se deixaram levar pelos ventos do Espírito e
foram fiéis em suas orações e contribuições.
Este livro é muito importante para mim. Foi um dos últimos projetos
do meu amado Pr. Waldemiro Tymchak. Ele desejava um livro que não
apenas narrasse a trajetória da JMM em cem anos, não um livro comum
de registros históricos, mas um documento que conseguisse ao mesmo
tempo prestar contas ao povo batista brasileiro de tudo que foi reali-
zado na Junta e o inspirasse a continuar avançando. Ele queria que as
pessoas se apaixonassem por Missões, assim como ele era apaixonado.
Que em cada página, em cada relato, o leitor pudesse sentir e vivenciar
a alegria, o sofrimento, a angústia, a realização de cada envolvido e,
principalmente, o amor desmedido e gigantesco do nosso Deus pelas
almas perdidas. Que cada número não fosse uma simples estatística,
mas um motivo de louvor e agradecimento a Deus.
Os autores deste livro dispensam quaisquer comentários, mas, mes-
mo assim, não poderia deixar de manifestar o meu reconhecimento,
admiração e gratidão. Pr. Zaqueu e Edelweiss souberam captar a gran-
deza dessa missão e nos presentearam com um texto profundo, bem
escrito, apurado e ao mesmo tempo leve, atraente, inspirador e de fácil
compreensão.
Pr. Waldemiro insistia na publicação deste livro, pois acreditava que
o povo de Deus, ao tomar conhecimento de tudo que foi feito até
então, se comprometeria a continuar essa obra que não tem fim. Sem-
pre que se referia a este trabalho, ele costumava repetir as palavras do

2 PIPER, John. Let the nations be glad. São Paulo: Cultura Cristã, 1993, p. XX.
profeta Habacuque: "Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e
admirai-vos, porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não cre-
reis, quando vos for contada" (Hc 1.5).
Que os batistas brasileiros reconheçam sua participação neste livro,
percebendo o seu importante papel na emocionante história da Vs./1M,
e que ao lê-lo, sintam-se renovados em suas esperanças, dedicação e
amor pela obra missionária.

Acidália Tymchak
A tarefa de ganhar o mundo para Cristo começou logo depois da or-
dem do Mestre, quando, ao afirmar que tinha toda a autoridade no céu
e na terra, entregou aos seus seguidores a Grande Comissão: "Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações" (Mt 28.19a). Logo antes de
sua assunção, a palavra de Jesus demonstra que na sua autoridade, os
seus discípulos teriam poder para cumprir a missão que lhes designara:
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e
até os confins da terra" (At 1.18). É a isso que chamamos "missões" ou
"missão", que é a obra a que se entregaram de todo o coração, com fé,
lealdade, coragem e ousadia os primeiros cristãos no primeiro século,
na Idade Média, na Modernidade e continuam até os dias atuais, que
não são menos turbulentos e difíceis do que no passado.

Missão e missões
Cumpre-nos esclarecer que, para alguns estudiosos de missiologia, o
termo correto deve ser "missão", lembrando a universalidade da obra
a que se dedicaram os cristãos mediante a ordem de Jesus. Explicação
sobre o assunto é dada pelo missiólogo David Bosch3, autor de Missão
transformadora:
Temos de distinguir entre missão (no singular) e missões (no plural). O primeiro
conceito designa primordialmente a missio Dei (missão de Deus), isto é, a auto-
revelação de Deus como aquele que ama o mundo, nele se envolve e age,
sendo que nesta ação a igreja tem o privilégio de participar. [...1 Missões [...I
designa formas particulares, relacionadas com tempos, lugares ou necessidades
específicas de participação na missio Dei.

BOSCH, David. J. Missão transformadora: mudanças de paradigma na teologia da missão.


Tradução de Geraldo Korndarfer; Luís Marcos Sander. São Leopoldo: Sinodal, 2002, p. 28.
( ) , n(1() r ,, (

O escritor Paul G. Hiebert4 explica:


Uma teologia de missões deve iniciar com Deus e não com os homens. A his-
tória da humanidade é primeiramente, e acima de tudo, a história da missão
de Deus para redimir os pecadores que buscam a salvação. Nós somos apenas
parte dessa missão.

Neste trabalho preferimos quase sempre usar o termo "missões", no


plural, tendo em vista que a "missão" tem variedades imensas, que se
expressam não apenas geograficamente como no trabalho multiforme
realizado, alcançando povos diferentes submetidos a culturas, formas
de governo e crenças variadas, assim como pessoas de níveis sociais e
econômicos os mais diversos. Também este termo se tornou clássico
para os batistas, tanto pelo nome que receberam as juntas ou orga-
nizações missionárias como pelo sentimento que está impregnado no
coração do povo batista brasileiro que ama "missões".
De qualquer forma, a pregação do evangelho é uma tarefa que se
nos impõe, mesmo que sejamos ameaçados e incompreendidos, pois é
a comissão recebida pela Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, a saber, a
proclamação do "evangelho eterno [...] aos que habitam sobre a terra e
a toda nação, e tribo, e língua, e povo" (Ap 14.8).
Na realidade, missões não é algo idealizado e motivado pelo próprio
homem, pois desde que ele caiu, no Éden, o Criador prometeu que
a serpente seria "esmagada" (Gn 3.15), expressão essa que significa a
ação divina para redimir o ser humano que morrera em seus delitos e
pecados. Deus, que não perdeu contato com o mundo por Ele criado,
controla os processos da história e tem um propósito especial para o
homem e a mulher, mesmo em face à sua rebeldia e obstinação. As-
sim, o plano de salvação universal foi por Deus anunciado através de
Moisés, dos profetas e nos livros poéticos, principalmente Salmos'. Não
é sem razão que Yahweh6 chamou a Abraão, o abençoou e o comis-

HIEBERT, Paul G. O evangelho e a diversidade das culturas: um guia de antropologia missio-


nária. Tradução de Maria Alexandra P Contar Grosso. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 17.
GOERNER, Henry Cornell. "Assim está escrito": o motivo missionário nas Escrituras. Tradução
de David Mein. Rio de Janeiro: CPB, 1954, p. 9.
Termo transcrito do hebraico, que às vezes é colocado como lavé, Javé ou Jeová. Pela reverência
ao nome especial de Deus, essa palavra nunca vem com sinais vocálicos, o que permite formas
diversas de sua transliteração. O termo é às vezes traduzido como Eterno ou Senhor, embora a
palavra para eterno seja 'olam, e para Senhor, 'Adonai e não Yahweh.
sionou para que todas as famílias da terra fossem benditas (Gn 12.3). É
muito significativa a expressão que se estende a todos nós ainda hoje:
"Sê tu uma bênção" (Gn 12.2c).
O propósito que partiu do coração de Deus foi repetido inúmeras ve-
zes em todo o Antigo Testamento e reforçado, de modo muito especial,
nos livros proféticos. O cumprimento da promessa a Abraão ocorreu
com a vinda do Filho de Deus, Jesus Cristo, que na demonstração do
amor divino, morreu, não apenas por uma nação ou um grupo, "mas
para que o mundo fosse salvo por ele" (Jo 3.1 7b). Como parte da Igreja
de Cristo é um privilégio termos recebido a comissão de ir por todo o
mundo e pregar "o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15), sabendo que
os escolhidos são abençoados e comissionados.
São muito apropriadas as palavras escritas há 78 anos por Lewis Ma-
len Bratcher7, quando iniciava sua longa e abençoada atividade como
Executivo de Missões Nacionais. Ele afirmou que a obra de Missões
Mundiais é a maior expressão do AMOR do evangelho de Jesus Cristo.
E explica:
O plano divino foi transmitir do seu coração ao coração do homem, o seu gran-
de e ilimitado amor. [...] Por isso, deu o seu Filho para morrer na cruz do cal-
vário. O fim da dádiva foi revelar o seu amor a TODOS os homens. Revelou-o
primeiro a um pequeno grupo. Aquele grupo precisou transmitir a mensagem a
outros. Essa transmissão é feita por meio de Missões Estrangeiras.

É maravilhoso conhecer melhor o que temos feito como batistas bra-


sileiros no mundo, cumprindo a Grande Comissão8. A variedade dos
dons e da tarefa que se nos impõe para alcançar pessoas em condições
e níveis diferentes, nas diversas regiões e locais e em todas as nações e
povos, reforçam a certeza de que realizamos missões. Deus, que ama
o mundo e quer a salvação de todo aquele que crê, tem o seu pensa-
mento voltado para o ser humano em qualquer circunstância. Assim,
ao contemplarmos a eternidade e a providência divina aliadas ao seu
infinito amor, podemos ver O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS,

' BRATCHER. L. M. O motivo de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 30,
n. 35, 21 ago. 1930.
" Comissão aqui é o ato de "cometer" ou encarregar" as igrejas ou os cristãos de proclamar o
evangelho, conforme o "ide" deixado por Jesus em Mateus 28.19 e 20.
conforme se expressa John R. W. Stott9 : "Missão quer dizer atividade
divina que emerge da própria natureza de Deus. [...] A missão da Igreja
resulta da missão de Deus e nela tem de ser modelada". Por tudo isso,
este livro se propõe a cultivar ainda mais no coração do povo brasileiro
o amor a missões, sabendo que a Junta de Missões Mundiais, iniciada
oficialmente em 1907, é uma obra criada sob a iluminação divina, com
o objetivo de levar a mensagem do evangelho até os confins da terra.
Ao falar em missão e missões, é mister que haja a compreensão de
que não são missionários apenas aqueles que estão nos campos dis-
tantes, obedecendo ao chamado específico de Deus para a sua vida.
Missionário é todo aquele que cumpre o "ide" de Jesus, independen-
temente de ir para outras terras ou permanecer no próprio local onde
se encontra. Entretanto, mesmo que não se desloque de sua cidade, o
missionário sempre "vai", ou segue adiante para levar a outros a men-
sagem do evangelho. O importante é fazer o que Deus determina que
os seus obedientes servos realizem. Nesse sentido, Márcia Venturini de
Souza10, que partiu para a glória em 2007, escreveu:
Um missionário não é como uma árvore, que nasce, cresce e morre
no mesmo lugar. Os missionários são como pássaros, mas não como
qualquer pássaro. Sua rota é traçada pelo Criador e a cada inverno há
uma rota diferente. São pássaros sem destino certo porque seguem as
linhas que Deus quer. Missionários são como o sangue do corpo de
Cristo, porque levam o alimento a todos as outras partes.
Assim o missionário não fica dentro de si mesmo, mas segue adiante para alcan-
çar outros, podendo também ter o seu destino mudado segundo a orientação
de Deus. Portanto, são missionários os que vão para lugares distantes por um
período, podendo depois ser remanejados para um local diferente ou retornar
para a sua própria terra, a fim de assumir outras atividades na Causa de Deus.
São missionários os que deram parte importante de sua vida e se aposentaram
no próprio campo ou no seu país de origem, onde servem a Deus de forma
diferente, mas continuam vivendo missões. Finalmente, são missionários os
que sustentam as cordas dos que descem às minas, mantendo a obra através
da igreja local ou de uma agência missionária que, representando o corpo de

" STOTT, John R. W. A base bíblica da evangelização. In: GRAHAM, Billy et al. A missão da Igreja
no mundo de hoje. 2. ed. Tradução de José Gabriel Said. São Paulo: ABU; Belo Horizonte: Visão
Mundial, 1984, p. 35.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo: memórias açorianas de Márcia Venturi-
ni. São Paulo: Autora, 2002, p. 35.
Cristo, envia e sustenta o obreiro no campo. Essa responsabilidade, que é de
todos os cristãos, é feita com muito amor e fé, não somente através de bens
materiais, cujo valor maior ou menor depende do coração de cada um, como
pela promoção, conquistando outros para também fazerem a sua parte no cum-
primento da missão e, de modo especial, por meio do apoio espiritual expresso
na oração, que é a mola propulsora da obra missionária aqui na terra. Na reali-
dade, o cristão realiza missões quando atua em integral obediência ao Senhor,
servindo onde quer que seja e da forma como for designado pelo Espírito Santo,
sempre cumprindo com discernimento a vontade de Deus.

Origem dos batistas e missões


Antes de concentrar este trabalho na obra específica de missões re-
alizada pelos batistas brasileiros, mister se faz apresentar uma breve
palavra sobre este grupo. Desde os primeiros séculos o evangelho foi
disseminado com ardor pelos discípulos de Cristo através do mundo. A
partir do segundo século, começou o desvirtuamento dos ensinamen-
tos apostólicos, com o surgimento de doutrinas e práticas que deles
destoavam. Assim foi se alicerçando uma igreja da maioria, que passou
a ter apoio dos poderes constituídos, tanto no Oriente como no Oci-
dente. Mas a verdadeira Igreja de Jesus Cristo nunca morreu, pois con-
tinuou existindo em grupos minoritários, considerados dissidentes, que
primavam por manter os ensinos bíblicos, mesmo sendo perseguidos,
condenados, mortos e tendo seus escritos queimados. No século XVI,
surgiu o movimento chamado Reforma Protestante, quando os princí-
pios evangélicos da justificação pela fé, supremacia das Escrituras Sa-
gradas e sacerdócio de cada crente foram disseminados para contrapor
o poderio da Igreja Católica Romana, que havia dominado o mundo
ocidental durante toda a Idade Média.
Como um grupo específico, os batistas surgiram na primeira déca-
da do século XVII, vindos dos separatistas ingleses, que eram os dissi-
dentes da Igreja Anglicana, a qual mesmo sendo protestante perseguia
os que dela discordavam. Uma congregação, constituída de puritanos
que se tornaram separatistas na Inglaterra, fugiu da perseguição religiosa
em 1607, para Amsterdã na Holanda, sob a liderança de João Smyth
e Tomás Helwys. Em 1609, houve ali a resolução de dissolver a Igreja
e começar tudo de novo através do batismo do que crê, rejeitando,
portanto, o batismo de crianças inocentes. Essa posição já era adotada
por outros grupos considerados radicais desde o século XVI, chama-
dos anabatistas, e continuava na ocasião, inclusive na Holanda, com os
menonitas. Mas havia algumas diferenças nas áreas teológica e prática
entre o novo grupo e aqueles que preservavam a tradição anabatista,
que eram conhecidos como menonitas. As críticas, por não terem se
unido aos menonitas, atingiram João Smyth, que diferentemente de To-
más Helwys, pediu filiação àquele grupo, gerando uma séria divergência
entre os dois.
Helwys, que se manteve fiel ao posicionamento assumido pela Igreja
anteriormente, escreveu vários trabalhos, inclusive uma declaração de
fé e um livro intitulado, Breve declaração do mistério da iniqüidade,
onde defendeu liberdade religiosa e também se dispôs a retornar com
sua pequena igreja à Inglaterra. Assim aconteceu, sendo ele preso em
1612 e morto na prisão em 1616". Mas o grupo prosseguiu e recusou
ser chamado de anabatista, que significa o que batiza de novo, afir-
mando que seus seguidores não administravam um novo batismo, mas
o verdadeiro batismo segundo o Novo Testamento. Daí surgiu o nome
"batista", cujo significado é "o que batiza"". Logo outras igrejas apare-
ceram e foram conhecidas como Batistas Gerais, pelo fato de adotarem
a teologia arminiana, que defende a expiação universal de Cristo.
Em 1638, sob a liderança de João Spilsbury, outra igreja foi organi-
zada totalmente independente dos Batistas Gerais. O novo grupo foi
chamado de Batistas Particulares, por aderir a teologia calvinista, que
aceita a expiação de Cristo apenas para os eleitos. Logo os batistas
se espalharam por outros países do mundo, principalmente os Estados
Unidos da América do Norte". Foi dos Estados Unidos que vieram os
primeiros batistas para o Brasil.
Não houve, da parte dos primeiros reformadores, um trabalho mis-
sionário como aconteceu com os jesuítas, na chamada Contra-Reforma.
O maior interesse em missões entre os protestantes só foi despertado

" OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. Liberdade e exclusivismo: ensaios sobre os batistas ingleses.
Rio de Janeiro: Horizonal; Recife: STBNB Edições, 1997, p. 27-68.
Id. O nome batista. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 105, n. 20, 15 maio 2005.
" Id. Os batistas: versão histórica de sua origem. Reflexão e Fé, Recife: STBNB Edições, ano 4,
n. 4, p. 9-17, dez. 2002.
a partir do século XVIII, primeiramente pelos Irmãos Morávios, depois,
de forma mais definida e continuada, por batistas ingleses de posição
calvinista moderada. Esse grupo iniciou o movimento de missões mo-
dernas, com a criação da ainda hoje ativa Sociedade Missionária Batista
Britânica em 02 de outubro de 179214. Esta incentivou os protestan-
tes, principalmente os batistas, tanto da Inglaterra como dos Estados
Unidos, a cumprirem a ordem de Cristo,
levando o evangelho ao mundo.

Os batistas no Brasil
Com a organização da Convenção Ba-
tista do Sul dos Estados Unidos, em 1845,
missões passou a ser para eles uma tôni-
ca. Em 1860, foi enviado Thomas Jeffer-
son Bowen como o primeiro missionário
no Brasil da Junta de Missões Estrangeiras
da Convenção Batista do Sul dos Estados
Unidos (Junta de Richmond)15. Infelizmen-
te esse missionário logo mais retornou à
sua pátria, levando a impressão de que o
campo neste país não era propício para o
trabalho de missões, ao escrever: "É incon-
veniente fazer qualquer nova tentativa, no
momento presente, de manter uma Mis-
são naquele país'.

TORBET, Robert C. A history of the Baptists. Valley Forge / Chicago / Los Angeles: The Judson
Press, 1963, p. 81.
Junta de Richmond é o nome como no Brasil ainda hoje é conhecida a Junta de Missões Estran-
geiras (Foreign Mission Board) da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, que atualmente
tem o nome de International Mission Board (IMB). Doravante, ao nos referirmos a esse órgão,
usaremos quase sempre o nome "Junta de Richmond".
BROADUS, J. A. et al. Report on the Mission to Brazil. Proceedings of the Southern Baptist
Convention at its eighth biennial session, 1861. Richmond, Virginia: Macfarlane & Ferguson,
1861, p. 61. Deve-se dizer que T. J. Bowen antes foi missionário na África e amava o povo afri-
cano, pelo que no Rio de Janeiro se aproximou de escravos, cuja língua original (yorubá) era sua
conhecida. Mas isso gerou desconfiança dos grupos dominadores. A sua contribuição, no que se
refere ao papel dos batistas no Brasil sobre a escravatura, é importante e deve ser ressaltada.
Após a Guerra da Secessão (1861-1865)1 ', vários norte-americanos
vieram ao Brasil para estabelecer colônias, destacando-se a de Santa
Bárbara em São Paulo, onde um grupo de batistas organizou a primeira
igreja batista no Brasil, em 10 de setembro de 1871. Ela era compos-
ta de americanos que não dominavam a língua portuguesa, mas des-
de o início apresentou o propósito de servir
aos americanos ali estabelecidos e divulgar o
evangelho ao povo brasileiro, solicitando des-
de 1872 que a Junta de Richmond voltasse a
mandar missionários para o Brasil". Em 1879,
nova igreja foi organizada na mesma cidade,
conhecida como Igreja Batista da Estação, que
mesmo sendo também composta de america-
nos, recebeu a 20 de junho de 1880 o primei-
ro batista brasileiro, o ex-padre que na oca-
sião estava cooperando com os metodistas,
Antonio Teixeira de Albuquerque, que ali foi
batizado e recebeu imposição de mãos para
o ministério'".
Aquelas duas primeiras igrejas organizadas
no Brasil, além do trabalho do General Ale-
xandre T. Hawthorne, foram os principais elos
de ligação com a Junta de Richmond, para um
novo despertamento quanto a um trabalho
missionário no Brasil20 . Foi assim que, em 1881, chegou o casal William
Buck Bagby e Ana Luther Bagby e, em 1882, Zacarias Clay Taylor e Kate
Stevens Taylor, que juntamente com Antonio Teixeira de Albuquerque,
'- A Guerra da Secessão foi a guerra civil nos Estados Unidos da América, entre os estados do
Norte e os do Sul, com motivos econômicos, estando envolvida principalmente a questão da
abolição da escravatura. Foi vencida pelos estados do Norte, causando frustração e desânimo em
donos de terra no sul, que dependiam do trabalho escravo. Isso motivou a ida de muitos america-
nos para outros países, inclusive o Brasil.
1 d' CRABTREE, A. R. Historia dos Baptistas do Brasil: até o anno de 1906. V. 1. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora Baptista, 1937, p. 39.
'" OLIVEIRA, Betty Antunes de. Antonio Teixeira de Albuquerque: o primeiro pastor batista
brasileiro — 1880 (uma contribuição para a história dos batistas no Brasil). Rio de Janeiro: Edição
da autora, 1882, p. 75.
"' OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. Batistas no Brasil: marco inicial. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 106, n. 13, p. 2, 26 mar. 2006; n. 15, p. 14, 09 abr. 2006.
organizaram em 15 de outubro de 1882 a Igreja Batista na Bahia, que
se tornou a terceira igreja batista no Brasil21, inclusive recebendo os
seus membros fundadores por carta das igrejas de Santa Bárbara e da
Estação22. Isso representou uma nova diretriz, com resultados extraordi-
nários para a difusão do evangelho no Brasil, que hoje conta com cerca
de sete mil igrejas e, incluindo os congregados das várias convenções,
mais de dois milhões de batistas.

Missões no coração do brasileiro


A idéia da existência de uma instituição
que viesse agregar todos os batistas do Brasil
ocorreu ainda em 1894, através do missionário
Salomão Louis Ginsburg, que é chamado por
José dos Reis Pereira23 de "pai da Convenção
Batista Brasileira". Outros missionários aceita-
ram a sugestão, mas imaginavam que o novo
órgão deveria ser composto apenas dos mis-
sionários norte-americanos aqui instalados. A
idéia foi mais tarde amadurecida, até que A. B.
Deter, Salomão Ginsburg e W. B. Bagby a di-
vulgaram, tornando-se realidade nos dias 22 a
27 de junho de 1907, em Salvador, Bahia, com General Alexandre
Travis Hawthorne,
a organização da Convenção Batista Brasileira. notável articulador da
Com ela o espírito de missões, que já estava obra batista no Brasil

presente desde a vinda dos primeiros batistas


ao Brasil, encontrou eco especial, quando foram organizadas as duas
juntas missionárias, para o Brasil e para o mundo, as quais se tornaram
a menina dos olhos para os que compuseram e ainda hoje compõem
a CBB24.

21 Esta igreja passou a ser chamada de Primeira Igreja Batista do Brasil.


" AMARAL, Othon Ávila; BARBOSA, Celso Aloísio Santos. Livro de ouro da CBB: epopéia de fé,
lutas e vitórias. Rio de Janeiro: JUERP, 2007, p. 30.
2 ' PEREIRA, José dos Reis. História dos batistas no Brasil: 1882-2001. 3. ed. ampliada e atuali-
zada. Rio de Janeiro: JUERP, 2001, p. 141.
24 Esta é a sigla que usaremos muitas vezes neste trabalho ao nos referirmos à Convenção Batista

Brasileira.
Não foi sem razão que em janeiro de 2002, na 58a assembléia da
CBB, em Recife, o Diretor Executivo da Junta de Missões Mundiais,
Waldemiro Tymchak25, um dos maiores estrategistas de missões de to-
dos os tempos, falou referindo-se ao desafio missionário e à tarefa que
o Senhor colocou sob a responsabilidade dos batistas brasileiros, o que
ele chamou de "nova aurora missionária". Assim ele se expressou:
Chegou a nossa vez. Este é o momento de Deus para nós. Deus está
levantando uma nova potência missionária, no meio das nações do
chamado "terceiro mundo". As igrejas batistas brasileiras não podem
perder a paixão missionária, não podem separar a cruz da missão. Mis-
sões nasceu no coração de Deus, antes da Igreja, como que a sinalizar
o propósito da Igreja no mundo.
Portanto, recebemos a grande incumbência de chegar aos confins da
terra como testemunhas de Jesus Cristo. Urge, pois, que O MUNDO
NO CORAÇÃO DE DEUS se torne cada vez mais "o mundo no coração
dos batistas brasileiros", que cedo perceberam a sua responsabilidade
para o cumprimento das palavras de Jesus: "Este evangelho do reino
será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e
então virá o fim" (Mt 24.14).

25 Convenção Batista Brasileira, 82, 2002, Recife/Olinda, ata da 10a sessão. Convenção Batista
Brasileira: 83?- assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 55 e 56. O grifo é nosso.
neinsmo e Expansão da
o Missionária (1907-197
Coiro
(1 0 -1955)

Desde o início de sua história, os batistas do Brasil já tinham missões


na sua mente e coração, não somente para alcançar este imenso país
como o mundo inteiro. Isso pode ser comprovado em escritos e atos
expressos no final do século XIX, por alguns dos missionários da Junta
de Richmond. Ainda em 1894, surgiu a primeira organização coopera-
tiva dos batistas no Brasil, denominada União das Igrejas Batistas do Sul
do Brasil, com seis igrejas, cujas ênfases foram a evangelização do Bra-
sil, sustento próprio e um programa missionário26. Dois anos depois, em
1896, na reunião anual da União Baptista realizada em Juiz de Fora,
MG, houve a decisão unânime "de sustentar um obreiro nacional na
África"27. Obviamente não houve condições para o cumprimento dessa
decisão. Em janeiro de 1905, foi organizada a Sociedade Missionária
Baptista do Rio, após bela pregação sobre missões modernas28, embora
o seu objetivo inicial fosse missões entre brasileiros. Na realidade, o
seu projeto de Estatuto não apresenta clareza se o trabalho deveria se
estender para o exterior, ou se estava restrito ao Estado do Rio de Ja-
neiro ou ao Brasil. Entretanto, ao mencionar os fins da Sociedade está
a expressão: "evangelizar os povos"29.

CRABTREE, A. R. Historia dos Baptistas do Brasil: até o anno de 1906. V. 1. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora Baptista, 1937, p. 109.
Ibid., p. 162.
ENTRE irmãos e entre egrejas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 5, n. 1, p. 3, 10 jan. 1905.
2' SOCIEDADE Missionária Baptista do Rio. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 5, n. 33, p.

2, 30 nov. 1905. Cf. também SOCIEDADE Missionária Baptista do Rio. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 6, n. 3, p. 7, 15 fev. 1906.
O mesmo ideal é visto na primeira convenção batista estadual do
Brasil, criada em 1901, em Pernambuco, por Salomão Ginsburg, cha-
mada inicialmente União Baptista Leão do Norte e, mais tarde, União
Baptista Pernambucana30. O interesse por missões do novo órgão era
tão grande que, em 1906, foram aprovados os estatutos de uma jun-
ta missionária e, em sua reunião em março de 1907, portanto, antes
da primeira assembléia da Convenção Batista Brasileira, o assunto foi
discutido amplamente. Na ocasião, a expressão "Junta Missionária" foi
definida como "reunião de muitas egrejas [sic] da mesma fé e ordem,
representadas por uma Directoria [sic] executiva, para evangelizar um
estado, um paiz [sia ou 'muitas nações' em obediência ao texto em
Mateus 28.19 e 20".

1. O Brasil batista unido na visão missionária


Ao se idealizar a criação de uma convenção que reunisse os batistas de
todo o país, um dos pontos centrais da novel entidade foi manter um tra-
balho missionário, tanto no Brasil como no exterior. Isso é visto no órgão
noticioso e doutrinário dos batistas brasileiros, quando pouco antes da
primeira assembléia explica o que era e deveria ser a Convenção a ser or-
ganizada: "A Convenção será uma união das forças materiais. Uma igreja
sozinha pode fazer alguma coisa, porém pouco. Nossas igrejas são ainda
fracas. Temos até poucas que possam sustentar um missionário, porém
todas reunidas poderão bem manter um grupo de missionários"".
O novo órgão criado para aglutinar o trabalho dos batistas brasileiros
recebeu o nome de Convenção Baptista Brazileira33. Foi criado com

" GINSBURG, Salomão L.; CANNADA, W. H. Circular da Missão Baptista Pernambucana. O


Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 5, n. 33, 3, p. 6, 30 nov. 1905.
ROCHA, João Borges da. A Junta Missionária: seu propósito, sua funcção e sua razão de ser.
O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n. 18, p. 3, 02 maio 1907. Para não sobrecarregar o
texto com a expressão latina "sic", que significa "assim", não usamos nas citações a grafia original
do texto, mas colocamos as palavras conforme a ortografia da língua portuguesa usada no Brasil
ainda em 2007. Entretanto, os títulos de livros, artigos e outros trabalhos serão mantidos conforme
a ortografia do texto original, o que explica a existência de termos sem acentos ou escritos de
forma diferente.
DETER, Arthur B. A Convenção Baptista do Brazil. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n.
17, p. 4, 16 maio 1907.
" Essa era a ortografia usada para denominar a Convenção Batista Brasileira, para cujo nome
passaremos a usar a sigla CBB.
a sua primeira assembléia anual ocorrida nos dias 22 a 27 de junho
de 1907, na cidade do Salvador, Bahia. Sua Constituição Provisória
expressa qual a vontade das igrejas representadas ali: "Unir todas as
forças batistas do Brasil, em uma organização nacional maior, para o
desenvolvimento e eficácia da pregação do Evangelho de Jesus Cristo
segundo a nossa crença"34. No artigo 29, objetivamente é afirmado: "O
fim desta organização é promover missões domésticas e estrangeiras, e
tudo mais que direta ou indiretamente tenha relação com o reino de
nosso Senhor Jesus Cristo"". O amor por missões, já existente, é com-
provado pelo fato de que as duas primeiras juntas mencionada nas atas
da Convenção foram as de Missões Domésticas (Nacionais) e Missões
Estrangeiras (Mu nd iais)".
Ao ser aprovada a Constituição Provisória no dia 24 de junho, houve
a decisão de criar as juntas missionárias dentre outras, ficando a co-
missão para estruturar o início do trabalho no estrangeiro chamada de
Comissão de Missões Estrangeiras. Esta era constituída dos mensageiros
W. B. Bagby, E F. Soren, A. L. Dunstan, Eurico A. Nelson e Salomão L.
Ginsburg. O relatório apresentado por esses irmãos desafiava os batis-
tas brasileiros a iniciarem trabalho no Chile, enviando um representan-
te do Brasil para ajudarem os 900 crentes batizados que já existiam ali
a se organizarem em Convenção; recomendava também a organização
de uma missão batista em Portugal; finalmente, que se criasse "uma
Junta de Missões Estrangeiras com sede em Pernambuco"37. Assim, ao
ser organizada a Convenção Batista Brasileira, levou-se em considera-
ção o propósito de diversificar os locais das sedes das várias juntas, pelo
que foi definida a cidade do Recife como o local onde funcionaria a
Junta de Missões Estrangeiras. É interessante observar que a primeira

BAGBY, W. B. et al. Constituição provisória da Convenção das Egrejas Baptistas do Brazil. Cons-
tituição, actas e pareceres da primeira convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de
Janeiro: CPB, 1907, p. 5.
'" Ibid.
'6 A Junta de Missões Estrangeiras teve este nome até agosto de 1979, quando passou a ser cha-
mada de Junta de Missões Mundiais. Doravante ao nos referirmos à Junta de Missões Estrangeiras
usaremos a sigla JME, que é a hoje conhecida Junta de Missões Mundiais, nome para o qual
usaremos a sigla JMM.
'7 BAGBY, W. B. et al. Missões no estrangeiro. Constituição provisória da Convenção das Egrejas
Baptistas do Brazil. Constituição, actas e pareceres da primeira convenção das egrejas baptis-
tas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1907, p. 27 e 28.
oferta para missões estrangeiras foi tirada ainda na primeira assembléia,
que entre promessas e dinheiro recebido somou a quantia de 800$000
(oitocentos mil réis)".
O primeiro presidente da Junta de Missões
Estrangeiras foi William Henry Cannada e o
primeiro Executivo, Salomão Louis Ginsburg.
Ambos serviam na ocasião como missioná-
rios em Pernambuco. Os demais membros
incluíam William Buck Bagby, Eurico Alfredo
Nelson, João Borges da Rocha, Pedro Falcão
e José Paulino, portanto, no total eram qua-
tro missionários norte-americanos da Junta
de Richmond e três brasileiros. O objetivo
inicial era trabalhar em colaboração com a
Junta dos Batistas do Sul dos Estados Unidos
e a primeira visão de campo foi Portugal,
pelo que o jovem português João Jorge de
Oliveira, estudante na Universidade Baylor,
EUA, foi solicitado a informar sobre o traba-
Salomão louls lho naquele país39. Contudo, já que este ideal
Cinsburg, idéaliz dor'
da ConvençOp Bata seria apenas para o futuro, projetou-se uma
Brasileir e iro viagem do missionário William Buck Bagby
Diretor.
da Junta)dees para visitar o Chile como emissário dos batis-
Estrangeiras tas brasileiros. Assim o Chile seria o primeiro
campo missionário adotado pela CBB. Na-
quela ocasião a Junta de Richmond não tinha a mesma condição que
adquiriu mais tarde, nem era fácil para a novel Convenção no Brasil as-
sumir aquela responsabilidade. Assim, o Executivo da nova organização
missionária, Salomão Ginsburg, escreveu dizendo que aquela viagem

38 TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Primeira Convenção das Egrejas Baptistas do Brazil. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n. 24, p. 2, 04 jul. 1907. Os valores em moeda antiga não serão
colocados no equivalente para a moeda corrente, tendo em vista que todos as tentativas de cál-
culos não condizem com a realidade. O valor acima referido foi calculado como cerca de US$
248.00 (duzentos e quarenta e oito dólares), mas esse valor também não corresponde à realidade
de hoje.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
7, n. 26, p. 4, 18 jul. 190T
estava projetada para janeiro de 1908, e apelou para a cooperação das
igrejas batistas do Brasil.
Uma palavra digna de nota é que a Primeira Igreja do Recife já
havia decidido que 5% do seu rendimento seria destinado a Missões
Estrangeiras, e outros 5% a Missões Nacio-
nais40. Essa é a primeira notícia que ante-
cipa o futuro Plano Cooperativo da CBB.
Logo a seguir, Ginsburg menciona ofer-
tas pessoais de Joaquim Fernandes Lessa
e quatro outros irmãos, e que a Primeira
Igreja de São Paulo resolveu quadruplicar
a oferta antes prometida para Missões Es-
trangei ras41.
Esse foi o início da hoje chamada Junta
de Missões Mundiais, cuja primeira reunião
ocorreu no dia 18 de julho de 1907, em
Salvador, Bahia. Na sua trajetória centená-
ria, a Junta tem atravessado momentos difí-
ceis e conflituosos que abalaram o mundo,
tais como duas guerras mundiais, a Revo-
lução Russa, a Grande Recessão de 1929,
guerras civis em vários países, regimes tota-
litários impostos que reprimiam a liberdade Eurico Alfredo Nelson,
membro da Junta de
religiosa, reação de outras religiões cristãs Missões Estrangeiras
e não-cristãs, além de catástrofes naturais quando foi organizada
como terremotos e tsunamis, que geraram
desemprego, fome e miséria. Deve-se mencionar também as diversas
variações cambiais que houve no Brasil, assim como em vários outros
países onde os missionários atuavam, dificultando a remessa de recur-
sos para o exterior.
No período houve o desenvolvimento da ciência, da educação, do
direito e de outras áreas, gerando profundas mudanças sociais, econô-

'" Id. Junta de Missões Estrangeiras: Notas do Sec. Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 7, n. 34, p. 5, 12 set. 1907.
41 Id. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 7, n. 37, p. 5, 10 out. 1907.
micas e políticas. A própria geografia foi totalmente alterada e alguns
dos grandes valores do passado deram lugar a uma nova visão de so-
ciedade e de mundo. Cidades, nações e regiões de grande expressão
hoje estão ofuscadas, enquanto novas situações geopolíticas surgiram,
dando nova feição ao globo terrestre. Houve uma verdadeira revolução
na comunicação, tornando o mundo pequeno, quando através do som
e da imagem temos conhecimento imediato de tudo o que acontece
na terra. Com tudo isso, a Junta já completou cem anos como uma das
mais pujantes e bem estruturadas instituições missionárias do mundo,
com cerca de 600 missionários atuando em todos os continentes. É
uma história notável que tem empolgado o Brasil e o mundo inteiro. A
Professora Nancy Dusilek42 assim se expressa:
São milhares de vezes que o poder de Deus tem se manifestado. Foram, são e
serão homens e mulheres vocacionados para anunciar as boas novas do evan-
gelho a todos os povos. São cem anos de história com centenas de protagonistas
e milhares de cenas emocionantes. Algumas de grandes perigos, outras de em-
polgantes vitórias. No entanto, é humanamente impossível registrá-las todas por
duas simples razões: o espaço gráfico é pequeno e, muitas delas, só saberemos
na eternidade.

Os cem anos da JMM apresentam fatos e personagens do passado e


do presente, que continuam e continuarão vivos na mente e no cora-
ção do povo batista brasileiro. Quando já adentramos o segundo cen-
tenário da CBB e da JMM, auguramos que a compreensão de missões
mundiais, expressando O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS, seja
crescente, levando os batistas brasileiros a prosseguirem nesta obra com
muita disposição, ousadia e união, mesmo que tenham de enfrentar
incompreensão, oposição e ameaças, ou que alguns tentem impedir a
liberdade para anunciar o evangelho. As tempestades, os furacões, os
tsunamis da vida jamais nos separarão do amor de Cristo (Rm 8.38). A
tarefa de "fazer discípulos de todas as nações" (Mt 28.19) é um dever
que se nos impõe até que Cristo volte, exigindo de nós fidelidade a
toda prova (Ap 2.10). O trabalho de missões parte do coração de Deus,
que nos dedicou para o seu serviço. Aquele que nos chama é fiel" (lis
5.24).

DUSILEK, Nancy. JMM: 100 anos fazendo missões. Rio de Janeiro: JMM, 2006, É 9. Digitado.
2. Um campo com obreiros da terra
A República do Chile, com o seu território comprido e estreito no
oeste da América do Sul, possui um dos mais altos percentuais de pro-
testantes entre os países latinos, com cifras oficiais de cerca de 25%.
Também lá está a região considerada mais seca do planeta, que é o De-
serto de Atacama. Somente em 19 de fevereiro de 1918, ano em que
os batistas brasileiros estavam deixando provisoriamente o Chile como
campo missionário, houve a proclamação da República.
O Chile foi o primeiro país a receber o apoio da Junta de Missões Estran-
geiras da CBB, embora não houvesse neste período inicial qualquer missio-
nário brasileiro realizando o trabalho in loco. O início do trabalho batista
no Chile tem a ver com o missionário escocês William Daniel Thomas
MacDonald, que era batista e chegou ao Chile em 1888, unindo-se à obra
da Aliança Cristã e Missionária em 1899, quando ali chegou o missionário
menonita Henry Weiss. A Aliança não era batista, mas fora iniciada com
um núcleo alemão que o era assim como grande parte dos seus missioná-
rios. Entretanto, houve uma séria discussão entre MacDonald e os líderes
da Aliança sobre a questão do batismo de crentes, que terminou em rup-
tura em 1908. Muitos pastores do Chile já haviam sido convencidos pe-
los argumentos do missionário escocês e o acompanharam no grupo que
rompeu com a Aliança. "Materialmente não possuíam nada. Tinham, sim,
suas convicções, sua fé e a confiança mútua"'". Meses antes havia passado
no Chile um pastor alemão, Karl Roth, que antes esteve em São Paulo e
aconselhou MacDonald a que entrasse em contato com o missionário W.
B. Bagby do Brasil. Assim aconteceu. Bagby recebeu uma carta do missio-
nário escocês logo antes da primeira assembléia da CBB, solicitando que os
orientasse sobre a organização de uma convenção batista no Chile".

Um começo modesto, mas promissor


Ao ser organizada a Convenção Batista Brasileira, foi confirmada a
proposta para que a JME enviasse o missionário W. B. Bagby ao Chile,

4 ' MOORE, Roberto Cecil. Hombres y hechos bautistas de Chile. Santiago: Editoriales Evange-
licas Bautistas, s.d., p. 11.
44 Ibid.
para visitar os batistas ali existentes e verificar se aquele país deveria
ser realmente o primeiro campo missionário dos batistas brasileiros'".
Do Chile, o experimentado pastor escocês, que por quase 20 anos
já vinha atuando ali como colportor e missionário," William Daniel
Thomas MacDonald, escreveu que os batistas chilenos estavam espe-
rando ansiosamente o missionário Bagby, para que fosse organizada a
Convenção Batista'''. Conforme correspondência de Ginsburg no final
do ano de 1907, as igrejas do Brasil tinham
sido desafiadas pela JME para ajudarem nas
despesas de viagem de Bagby ao Chile, e só
faltava um sexto do valor total previsto para
aquela finalidade. Também dizia que a Junta
de Richmond já lhe havia concedido licença
de três meses para este intento".
O relatório financeiro da Junta, apresen-
tado na assembléia de 1908, registra oferta
significativa, vinda de 14 estados brasileiros.
A maior parte do valor seria destinada à via-
gem de W. B. Bagby ao Chile, e cerca de
um oitavo deveria ser entregue como ajuda
ao pastor chileno, Wenceslao Valdivia, que
VVilliam Bucl. Bagby foi deixara de receber salário da Aliança Cristã
com sua esposa o terceiro
casal de missionários da Missionária, à qual os batistas do Chile esta-
Junta de Richmond no vam vinculados, antes de se organizarem em
Brasil
Convenção".

-'3 CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 1a, 1907, Salvador, acta n. 6. Constituição, actas e parece-
res da primeira convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1907, p. 20.
• MOORE, op. cit., p. 10-11. O nome do missionário W. D. T. MacDonald é descrito em es-
panhol como Guillermo Daniel Thomas MacDonald, havendo vários documentos em que a sua
assinatura aparecia como Gmo. D. T. MacDonald.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n. 39, p. 5, 31 out. 1907.
48 Id. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O Jornal Baptista, Rio

de Janeiro, ano 8, n. 1, p. 5, 02 jan. 1908.


• Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretario Correspondente para o anno de 1907
e 1908. Constituição, actas e pareceres da segunda convenção das egrejas baptistas do Brazil.
Rio de Janeiro: CPB, 1908, p. 19 e 23. A ajuda para o missionário era equivalente a US$ 62.00
(sessenta e dois dólares), em valores daquela ocasião, que não podem ser comparados com os
valores de hoje.
Finalmente, W. B. Bagby, após oito dias de viagem, chegou no iní-
cio de abril de 1908 ao Chile e, a 26 do mesmo mês, com a sua
valiosa colaboração como representante dos batistas brasileiros, foi
organizada a Convenção, que inicialmente foi chamada Union Evan-
gelica Bautista de Chile. As igrejas fundadoras da Convenção foram
as de Lastarria, Gorbea, Molco, Mune e Cajon, além de um grupo de
Huilio que se organizou em igreja no ano seguinte. Uma das mais for-
tes congregações, de Fundo Victoria, aderiu à Convenção meses mais
tarde. O número de membros de igrejas existente não é registrado,
mas alguns líderes informaram ser mais de 3005°. Por sua vez, W. B.
Bagby, ao escrever sobre o evento, mencionou que houve delegados
de 12 igrejas, representando mais de 500 membros. Ele prosseguiu:
"Desligaram-se completamente da Aliança Missionária de Nova York
e iniciaram uma obra genuinamente batista"51. O pastor MacDonald52
escreveu sobre a atuação de Bagby para aquele momento especial:
"Seus conselhos sábios, sua firmeza e piedade profunda o encarece-
ram muito e muito a todos nós".
Enquanto isso, na assembléia da CBB de 1908, houve a decisão
de manter o missionário da terra no Chile, pastor Wenceslao Valdi-
via, que sendo "o primeiro chileno batizado [...] por um velho batista
alemão"54, foi também o primeiro presidente da Convenção do Chile55
e se tornou o primeiro missionário a ser mantido pelos batistas brasilei-
ros no estrangeiro. Diga-se de passagem, que o modelo autóctone foi
bastante usado no início das atividades de Missões Mundiais, tanto no
Chile, como em Portugal, que foram os primeiros campos dos batistas
brasileiros. Por algum tempo depois, evitou-se manter o missionário

MOORE, op. cit., p. 11.


" Apud GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: Grande Victoria! O Jornal Baptis-
ta, Rio de Janeiro, ano 8, n. 21, p. 5, 28 maio 1908.
52 Apud Id. Ibid.

'' GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O


Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 8, n. 31, p. 6, 13 ago. 1908.
'" Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretario Correspondente para o anno de 1907
e 1908. Constituição, actas e pareceres da segunda convenção das egrejas baptistas do Bra-
zil. Rio de Janeiro: CPB, 1908, p. 22.
MacDONALD, W. D. T. La historia de la obra bautista chilena. Temuco, jan. 1913. Manuscrito.
Apud GARCIA, Oscar Pereira et al. Diamantes bautistas: um libro para los 75 anos de ia Conven-
cion Evangélica Bautista de Chile, 1908-1983. Santiago: Editorial Universitaria, 1983, p. 30.
da terra", mas o modelo voltou a ser usado com certa cautela na dé-
cada de 50. Depois recebeu ênfase especial a partir dos anos 80, com
Waldemiro Tymchak, principalmente em países onde há rejeição do
trabalho religioso realizado por estrangeiros. Em setembro de 1908, o
número de missionários da terra mantidos pela JMM era maior do que
o de missionários brasileiros'".
W. B. Bagby" relatou com emoção a forma carinhosa como foi re-
cebido pelos chilenos: "Com lágrimas e soluços exprimiam eles a sua
profunda apreciação do amor e sentimento fraternal, que levou as igre-
jas brasileiras a mandar um mensageiro para tratar do bem-estar da
nossa causa no Chile". Além do valor antes remetido para Wenceslao
Valdivia, na própria assembléia de 1908, no Rio de Janeiro, foi retirada
nova oferta destinada ao missionário". Há registro de seu sustento pela
JME por vários anos6°.
Em fevereiro de 1909, o Executivo da JME, Salomão Ginsburg61, soli-
citou às igrejas para que sempre em janeiro houvesse ênfase para Mis-
sões Estrangeiras, por ser esse o mês destinado a coletar ofertas para
aquela finalidade em vários estados e missões. Ginsburg informou ainda
que o Pastor Valdivia havia batizado três novos irmãos em 1908. Uma
solicitação feita anteriormente, para que a Junta de Richmond adotasse
o trabalho do Chile, foi recusada sob a alegação de falta de recursos. A
Junta sentiu que não tinha condição de manter sozinha aquele campo,
pelo que resolveu pedir a cooperação dos irmãos da Argentina e do

" Neste trabalho nem sempre é usado o termo "autóctone", tendo em vista evitar qualquer
conotação nativista. Na maioria das vezes, ao em vez dele, preferimos usar "obreiro da terra" ou
"missionário da terra".
'- O registro no final de setembro de 2008 apontava 275 brasileiros, incluindo 4 Fazedores de
Tendas, para 304 obreiros da terra. Cf. QUADRO de obreiros. In: JUNTA DE MISSÕES MUN-
DIAIS. Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 28 set. 2008.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretario Correspondente
para o anno de 1907 e 1908. Constituição, actas e pareceres da segunda convenção das egre-
jas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1908, p. 22.
'" CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 2a, 1908, Rio de Janeiro, acta n. 3. Constituição, actas
e pareceres da segunda convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1908,
p. 13.
h" GINSBURG, Salomão L. Missões Estrangeiras: duas palavras pelo Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 9, n. 27, p. 3, 29 jul. 1909.
Id. Missões Estrangeiras: nota do secretario correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,
ano 9, n. 6, p. 3, 11 fev. 1909.
México, para a realização de um trabalho conjunto62. Essa sugestão foi
acatada pela assembléia da CBB em junho de 1909, que também deci-
diu ajudar o missionário escocês, W. D. T. MacDonald, que não estava
recebendo a cooperação norte-americana como era esperado. Assim,
ao lado de Wenceslao Valdivia, ele também se tornou missionário dos
batistas brasileiros". No mesmo ano, a Convenção Batista do México
respondeu que iria tomar uma decisão sobre o assunto, e os batistas
da Argentina resolveram contribuir mensalmente com o valor de US$
50.00 (cinqüenta dólares)64.
Em 1910, Francisco Soren, que estava em Louisville, Estados Unidos,
repetiu o apelo para que houvesse ofertas no Dia de Missões Estran-
geiras, que era o terceiro domingo de janeiro, afirmando ser aquela
Junta a "predileta da nossa Convenção"". No mesmo ano, nosso mis-
sionário MacDonald" escreveu uma carta, lamentando haver poucos
missionários e limitado meio de sustento para que o trabalho crescesse
mais ainda. Ele dizia: "Oh! Como almejo ver mais alguns missionários
batistas nesta República!".
As notícias referentes a 1910 foram muito animadoras, uma vez que
a assembléia convencional do Chile, realizada no mês de dezembro,
teve uma reunião jamais vista, com 580 pessoas. Houve, no ano, 62
batismos, chegando o total de membros de igrejas a 665. Naquela
ocasião, como ainda hoje acontece, os batistas chilenos expressaram "a
sua gratidão através de um voto de profundo agradecimento aos irmãos
brasileiros e argentinos pelo valioso auxílio que lhes dispensaram"67. No
relatório apresentado na Convenção em Campos, em 1911, que foi a
quinta da CBB, o Executivo apelou para que houvesse empenho para a
continuação do trabalho no Chile, dizendo:
62 Id. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario-Correspondente. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 9, n. 18, p. 5, 06 maio 1909.
"' CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 3á, 1909, Recife, acta n. 3. Convenção Baptista Brazi-
leira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1909, p. 7 e 8.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira: notas
do Secr. Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 9, n. 37, p. 6, 07 out. 1909.
SOREN, Francisco E Missões Estrangeiras e educação baptista brazileira. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 10, n. 2, p. 7, 13 jan. 1910.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 10, n. 24, p. 5, 16 jun. 1910.
Id. Notas e noticias de Salomão. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 11, n. 11, p. 6, 16
mar. 1911.
Os irmãos chilenos, confiados na palavra do nosso representante, separaram-se
sofrendo privações e perseguições, sem recuar uma linha sequer. [...] Lá está o
ancião MacDonald, trabalhando dia e noite, com um fervor e zelo que deve
envergonhar a muitos dos mais moços. Ele recebia um salário regular da agre-
miação a que pertencia. Por amor aos princípios batistas sacrificou seu sustento,
e foi forçado a pegar na lavoura para não ver seus filhinhos morrer à fome6".

Progresso e indecisões
Em outubro de 1911, MacDonald69 relatou uma experiência alta-
mente inspiradora em trabalho realizado na fazenda de um crente:
"Os fazendeiros da vizinhança, vendo que os evangélicos não perdem
a segunda nem a terça-feira por causa da embriaguez, mas que podem
contar com eles seis dias na semana, estão nos pedindo iniciar trabalho
evangélico também nas suas fazendas". No mesmo ano, MacDonald
demonstrou o seu temor de que os batistas brasileiros abrissem mão
do trabalho no Chile para transferir todo o seu sustento aos irmãos da
Argentina e do México. Ele explicou a necessidade do auxílio brasileiro,
ao mencionar o extraordinário crescimento do trabalho em três anos
e a urgência de terem pelo menos 10 pregadores ao invés dos 5 que
existiam70. Entretanto, aquele receio foi provado não ter fundamento,
pois o auxílio dos brasileiros prosseguiu conforme notícias posteriores,
pelo que o mesmo missionário escreveu no início de 1912: "Os ir-
mãos batistas da Argentina, Brasil e México têm nos ajudado bastante.
Sem o seu liberal e constante sustento seria impossível continuarmos o
trabalho".
Depois da Convenção de Belém, em janeiro de 1912, o missionário
Ernesto A. Jackson, que foi eleito novo Secretário Correspondente da
JME, deu notícias sobre o andamento do trabalho no Chile" e, no mes-

68 Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro:

Casa Editora Baptista, 1911, p. 57 e 58.


6' Id. Missões Estrangeiras: carta animadora do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 11,

n. 43, p. 4, 26 out. 1911.


-" MacDONALD, W. D. 1-. Do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 11, n. 39, p. 5, 28
set. 1911.
-1 Id. Convenção Baptista Chilena. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 4, p. 5, 25 jan.

1912.
JACKSON, Ernesto A. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 8, p. 6, 22 fev. 1912.
mo ano, Ginsburg apelou ao novo Executivo e aos batistas brasileiros,
para que mantivessem o compromisso assumido pela CBB com o Chile
através de seu emissário, W. B. Bagby, tendo em vista que a Junta de
Richmond havia decidido não assumir mais aquela responsabilidade73.
Naquele ano já havia 19 igrejas, 12 congregações e um total de 802
membros nas igrejas'''. Tendo em vista o interesse de preparar uma
nova liderança, três jovens chilenos estavam estudando em seminários
na Argentina e no Brasil75. Percebe-se que com o relativamente peque-
no auxílio da JME, ano a ano o número de batismos e de membros de
igrejas aumentava de forma animadoram.
Por causa da Revolução Mexicana", os irmãos daquele país foram,
em 1913, impedidos de contribuir para o trabalho no Chile". Parte da-
quela contribuição, porém, foi suprida pela Junta de Richomond, que
voltou a cooperar financeiramente com aquela obra". Durante o ano,
Wenceslao Valdivia continuava sendo "sustentado pela nossa Junta" e,
conforme seu relatório, "viajou 368 léguas, pregou 125 vezes e batizou
24 candidatos"80.

Reflexos da Primeira Guerra Mundial


As notícias de 1914 apresentam muita dificuldade no trabalho: "O
irmão MacDonald teve que tomar providências extraordinárias para
que os obreiros não sofressem fome. Numa viagem penosa ele contraiu

GINSBURG, Salomão L. Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 41,
p. 5, 10 out. 1912.
74 Id. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 9, p. 4, 27 fev.

1913.
JACKSON, Ernesto A. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazi-
leira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1913, p. 25.
MacDONALD, W. D. T. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 14, n. 6, p. 6, 05 fev. 1912.
A Revolução Mexicana teve início em 1910, culminando com a promulgação de uma nova
constituição em 1917. Mas os conflitos e os surtos de violência se estenderam até o final da dé-
cada de 1920.
Id. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
6, p. 6, 05 fev. 1914.
Id. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
6, p. 6, 05 fev. 1914.
8" JACKSON, Ernesto A. Junta de Missões Estrangeiras: Relatório annual, 1913-1914. Convenção
Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1914, p. 38.
uma doença séria a que quase sucumbiu"81. Na realidade, além das
fragilidades financeiras refletidas no campo, todo o trabalho da JME
sofreu conseqüências negativas da Primeira Guerra Mundial iniciada
na Europa. Na América do Sul, o desemprego e a inflação de produtos
alimentícios, que chegou ao índice de 150%82, dificultaram profunda-
mente, não só o trabalho missionário, como toda a dinâmica socioe-
conômica dos países do mundo ocidental. Não obstante tal situação,
sentia-se o reflexo da dependência de Deus entre os batistas brasileiros,
como é expresso nas palavras de Menandro Martins83, que no final de
1914 atuava como Executivo Interino da JME: "Irmãos, não quero dizer
que assumimos um compromisso com Portugal e Chile para sua evan-
gelização, quero antes afirmar, convicto, de que temos assumido um
compromisso com o nosso Deus". Essa posição dos nossos líderes, de
colocarem o trabalho missionário nas mãos de Deus, foi no passado e
continua sendo no presente um dos principais motivos de termos ven-
cido tantos problemas e vicissitudes, para se chegar às vitórias que hoje
são conhecidas. "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade" (FI 2.13).
Assim, apesar das dificuldades, o trabalho no Chile continuava
em ascensão, pelo que em 1915 já havia 21 igrejas, com 1.168
membros, e o programa radiofônico dos batistas mantinha conta-
to com 4.000 pessoas84. Contudo, as ofertas dos brasileiros para
o Chile começaram a falhar em decorrência da crise gerada pela
Guerra, que não somente influía negativamente no ganho e nas
contribuições dos crentes, como no contato com os campos. Até
agosto daquele ano, os batistas do Chile nada tinham recebido,
embora uma oferta generosa já tivesse sido remetida pela Junta.
É que os meios de comunicação que já eram precários haviam se

Id. A Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 39, p. 2, 24
set. 1914.
"2 MacDONALD, W. D. T. Aos baptistas brazileiros. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
46, p. 7, 12 nov. 1914.
8 ' MARTINS, Menandro. A Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
14, n. 48, p. 5, 26 nov. 1914.
MADDOX, O. P Relatorio annual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista
Brazileira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista Brazileira,
1916, p. 64.
agravado com a crise mundial. MacDonald85 escreveu: "O irmão
Valdívia e sua grande família acham-se em condições deploráveis.
[...] Contudo, tendes sido os melhores e os mais seguros contri-
buintes para o nosso trabalho". Jessie MacDonald, a esposa de W.
D. T. MacDonald, de forma bastante enfática, escreveu uma carta
dirigida à União Geral das Sociedades de Senhoras do Brasil (hoje
UFMBB), relatando a situação difícil enfrentada pela sua família e
a de Valdívia86.
O experimentado missionário MacDonald87, logo depois mandou
uma correspondência, narrando as grandes dificuldades na ocasião, e
lamentando que as circunstâncias levaram os brasileiros a não ter con-
dições de ajudar o trabalho como faziam tão regularmente no passado.
Ele apresenta a extensão daquela obra no norte e no sul do Chile, de
onde os campos apelavam para novos obreiros. Tais referências ex-
pressam as contradições existentes no contexto de Guerra. Na realida-
de, as condições financeiras da população mundial, e especificamente
do bloco latino-americano, tiveram implicações diretas nas igrejas da
CBB.
Na assembléia de 1916, houve uma proposta para que houvesse
a fusão das duas juntas missionárias no Brasil. Isso pode parecer uma
visão muito precoce, mas reflete a situação difícil da ocasião. Sugestões
semelhantes têm sido apresentadas através dos anos pelos órgãos da
CBB, inclusive recentemente. Nada podemos falar sobre o presente e
menos ainda sobre o futuro a esse respeito, mas aquela proposta feita
há mais de 90 anos foi rejeitada. Ainda em 1916, foi aprovada a trans-
ferência da sede da JME de Recife para o Rio de Janeiro88, em virtude
de morar nessa última cidade o missionário Otis Pendleton Maddox,
que se tornara Executivo em 191589.

"' MacDONALD, W. D. T. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
15, n. 36, p. 5, 16 set. 1915.
"`' MacDONALD, Jessie. Carta do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16, n. 28, p. 7, 20
jul. 1915. Percebe-se que Valdivia ainda era missionário dos batistas brasileiros.
17 MacDONALD, W. D. T. A Missão Baptista do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16,

n. 28, p. 9, 20 jul. 1916.


"" CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 10a, 1916, São Paulo, acta n. 8. Convenção Baptista
Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista Brazileira, 1916, p. 15.
"9 MADDOX, O. P. Explicação. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 26, p. 9, 08 jul. 1915.
Uma trégua na participação brasileira
Dentre as poucas notícias do Chile, em 1917, Salomão Ginsburg90,
que voltara no ano anterior a ser Executivo da JME, informou que hou-
ve, somente no mês de maio, 37 batismos em seis cidades, e que foi
organizada uma nova igreja na cidade de Valdivia. O trabalho da Junta
estava se fortalecendo, já contando com quase 1.400 membros de igre-
jas no Chile, e um novo casal de missionários norte-americanos tinha
sido nomeado para aquele campo. Apesar das dificuldades enfrentadas
no Brasil, o trabalho no Chile continuava a receber auxílio dos brasilei-
ros, que ajudavam no sustento de dois pastores chilenos91 . Durante o
ano foi mantida a cooperação missionária dos Estados Unidos, Argen-
tina e Brasil 92 .
A décima primeira assembléia da CBB se realizou após dois anos e
meio, em dezembro de 1918, tendo em vista os inúmeros problemas
financeiros e crises sociais e políticas provocadas pela Primeira Guerra
Mundial no mundo inteiro, incluindo o Brasil, Chile e Portugal. Com
isso, nossa ajuda ao trabalho no Chile foi grandemente prejudicada em
1917 e 1918, embora não totalmente cortada. Felizmente os batistas do
Sul dos Estados Unidos, mesmo enfrentando as suas dificuldades com a
Guerra, resolveram cooperar com aquele campo. No relatório da JME na
Convenção de 1918, o novo Secretário Correspondente, L. L. Johnson93,
historia a nova situação com referência ao campo chileno:
A maior dificuldade que enfrentamos foi esta terrível guerra que, felizmente,
acaba de chegar ao seu termo final. A falta de recursos em muitas partes do
campo brasileiro, a carestia excessiva dos principais elementos de vida e a falta
de trabalho para muitos dos nossos irmãos, tem dificultado o desenvolvimento
da obra que nos foi confiada. [...] Numa de suas últimas correspondências, o dr.
T. B. Ray, nos comunica que a Junta da qual ele é um dos secretários, se propõe
a assumir a responsabilidade do trabalho na República Chilena, se não houver
objeção dos irmãos brasileiros, dando assim oportunidade aos irmãos brasileiros
a dedicarem todo o seu afã ao campo Lusitano.

GINSBURG, Salomão L. Noticias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 17, n. 28, p. 7, 12
jul. 1917.
'" Id. Noticias missionarias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 17, n. 44, p. 8, 01 nov. 1917.
JOHNSON, L. L. Notas do Secretário Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
18, n. 14, p. 6, 04 abr. 1918.
`" JOHNSON, L. L. Junta de Missões Estrangeiras. Actas e relatórios da Convenção Baptista
Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1919, p. 63.
A sugestão foi considerada muito oportuna, tanto para os batistas do
Chile como de Portugal, pelo que o plenário da Convenção resolveu
acatá-la, remetendo através do Executivo uma carta à Junta de Rich-
mond, agradecendo por ela ter aceitado tão grande responsabilidade94.
Por outro lado o missionário MacDonald' escreveu à CBB, mencio-
nando o valioso auxílio dos batistas norte-americanos e agradecendo o
"constante e generoso auxílio prestado pelos argentinos e brasileiros"
durante o ano de 1918. Como resultado dessa prestimosa colabora-
ção, houve 122 batismos em 1918, e o número de membros de igrejas
chegou a 1.467. Mas essas vitórias não vieram sem sacrifício e espírito
de superação, conforme muito bem relata o missionário W. D. T. Ma-
cDonald96:
Foi um ano de grande ansiedade, pois o custo de vida manteve-se muito ele-
vado, devido à guerra, e a estação invernosa intensa, o que perturbou os meios
de comunicação, produzindo grande transtorno. Muitas vezes nossos pastores
tiveram de fazer viagens a pé, oito a dez léguas, pregando nos vales e florestas.

A participação dos batistas brasileiros no Chile só voltou a funcio-


nar 68 anos depois, a partir de fevereiro de 1986, inicialmente através
do casal Carlos Alberto Pires e Abegair Lopes Pires, que para lá foram
remanejados da Espanha, conforme adiante será relatado. Essa pri-
meira experiência com missionários da terra pode não ter sido a mais
animadora para alguns, mas representa um esforço inicial dos batistas
brasileiros, que já colocavam como prioridade o trabalho de missões
mundiais.

3. Boas novas na terra de nossos pais


A Península Ibérica foi habitada por povos os mais diversos desde
a Antiguidade. De início se destacaram os iberos e logo mais os indo-
europeus, representados por vários grupos, principalmente os celtas.

CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 11a, 1918, Vitória, acta n. 6. Actas e relatórios da


Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1919, p. 23.
MacDONALD, N.N. D. T. Carta do nosso misionario na Republica Chilena à Convenção Baptista
Brazileira. Actas e relatórios da Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1919, p.
4 e 5.
Id. 11Q relatório annual da Missão Baptista Chilena. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 19,
n. 12, p. 5, 20 mar. 1919.
Apesar de suas características diferentes, os dois se mesclaram, forman-
do os celtiberos. Outros povos mais tarde se misturaram aos que ali já
existiam, incluindo os fenícios e cartagineses. Os romanos só chegaram
na Península no século III a.C., deixando em Portugal um importante
legado cultural. Os bárbaros, principalmente suevos, vândalos e visigo-
dos, invadiram a região no século V a.D. O Condado Portucalense foi
fundado em 1096, mas a independência só foi alcançada em 1143,
com D. Afonso Henriques. Em Portugal, a República só foi instaurada
em 05 de outubro de 191097, exatamente quando os batistas brasilei-
ros se movimentavam para nomear o primeiro missionário para aquele
país.
Os evangélicos chegaram a Portugal ainda no século XVII, quando
em 1641 foi fundada em Lisboa a Igreja Evangélica Alemã. No século
XVIII chegaram ali os anglicanos, os presbiterianos, os metodistas, a
Igreja dos Irmãos, os congregacionais e os batistas98.

Os primeiros batistas em Portugal


Os primeiros batistas em terras portuguesas iniciaram suas atividades
com um jovem nascido no Porto, mas filho de ingleses, Joseph Jones,
que foi batizado em Londres em 1871. Os primeiros cinco batismos
realizados em Portugal ocorreram em setembro de 1888, quando foi
organizada uma igreja batista de comunhão livre; pastoreada por Jones.
Em 1905, chegou um inglês, Reginald Young, que iniciou um novo
trabalho em Porto, mas não se uniu ao grupo de Jones, retirando-se do
país dois anos mais tarde, quando foi substituído por Jerónimo Teixeira
de Sousa, que havia estudado nos Estados Unidos e já era pastor, pois
recebera imposição de mãos para o ministério da Palavra na América
do Norte. Na administração de Sousa, vários irmãos foram excluídos,
tendo em vista terem se envolvido em conflito com um dos líderes
da Igreja. Logo mais o próprio pastor os orientou para organizarem
uma igreja batista, o que ocorreu após a chegada a Portugal, em de-
zembro de 1908, do missionário Zacarias Clay Taylor, representante

PORTUGAL. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.


Acesso em 16 set. 2008.
''" FELIZARDO, Herlânder. História dos baptistas em Portugal. Lisboa: CEABAPES, 1995, p. 7.
da Convenção Batista Brasileira, conforme
relato a seguir. A Igreja elegeu como pastor
Jerónimo Teixeira de Sousa99, que na rea-
lidade tinha sido o incentivador para que
houvesse a colaboração dos batistas da CBB
para o trabalho em Portugal. A ata de orga-
nização valoriza a visita de Zacarias Taylor,
que ficou incumbido de ser o delegado da
Igreja "junto da Corporação Baptista", que
certamente incluía tanto os batistas do Sul
dos Estados Unidos como os do Brasillm.
Já em 1909, a assembléia da CBB decidiu
auxiliar financeiramente a igreja dirigida por
Sousa101, embora a decisão não tenha sido
cumprida até a assembléia realizada no ano
seguinte102. Mais tarde, em 1912, Joseph
Jones e os demais irmãos que constituíam
a primeira igreja em Porto, resolveram se unir à Igreja organizada sob
os auspícios da Convenção Batista Brasileira, quando Jones humilde-
mente deixou a função de pastor para se tornar um "irmão" da igreja,
tornando-se diácono em 1913, como mais tarde é conhecidom.
Dentre outras notícias sobre este memorável acontecimento, infor-
ma João Jorge de Oliveira que, após estudo, os seus seguidores concor-
daram com a prática da ceia restrita ao invés da livre. O grupo recebeu
a adesão de Anduino Nunes Correia, considerado o mais bem sucedido
colportor em Portugal. João Jorge de Oliveiram conclui: "Jones põe

'") MAURICIO, Antonio. Missão Baptista Portuguesa. Porto: Autor, 1925, p. 9-16. Cf. OLIVEIRA,
João Jorge de. O trabalho da Convenção Brazileira na cidade de Porto. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 13, n. 17, p. 6, 24 abr. 1913.
"' MAURICIO, Missão Baptista Portuguesa, p. 14-17.
1 "' CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, :0, 1909, Recife, acta 9á. Convenção Baptista Brazi-
leira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1909, p. 17.
"'2 Id., 4á, 1910, São Paulo. Acta n. 7. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Edi-
tora Baptista, 1910, p. 19.
"" RAMOS ANDRÉ, João Virgilio. A obra missionária em Portugal. Rio de Janeiro: JUERP, 1981,
P. 23.
OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho baptista em Portugal: uma grande victoria. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 44, p. 5, 31 out. 1912.
à disposição da Igreja a sua propriedade em Requezende, uma bela
casa-templo, para o serviço divino, e continua mantendo uma escola
primária para as crianças dos crentes e interessados". Bem mais tarde,
em maio de 1927, Antonio Maurício105 escreveu sobre a influência de
Jones no trabalho de Portugal:
Há mais de cinqüenta anos que este amado ancião vem trabalhando pela salva-
ção de nossa pátria. 1...1 Temos de confessar que a obra batista se levanta sobre
os alicerces que ele, com tanta abnegação, tem lançado. f...1 Incontestavelmen-
te é o batista que em Portugal melhor conhece as Escrituras Sagradas.

O alvo inicial dos batistas brasileiros


É importante ressaltar que antes de ser instalada a CBB, já havia a
idéia de Portugal se tornar o primeiro campo missionário, tanto que na
primeira assembléia registrou-se a proposta para que fosse estudada a
possibilidade de ali se iniciar um trabalho batista1°6. Em 1908, efetivou-
se o plano de se enviar a Portugal o missionário norte-americano, Zaca-
rias Clay Taylor107, mas isso só foi possível no final do ano108, conforme
antes mencionado. Como resultado da presença do representante do
Brasil, a congregação iniciada pelo missionário independente Reginald
Young se tornou a Igreja Batista do Porto, organizada em reunião pre-
sidida por Zacarias Taylor. Mais tarde foi considerada a data 20 de de-
zembro de 1908 como da fundação dessa Igreja, havendo a "decisão"
de que essa era a primeira igreja batista naquele país109, tanto que o
nome passou a ser Primeira Igreja Baptista Portuguesa"°.

"'' Apud RAMOS ANDRÉ, op. cit. p. 23 e 24.


CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 1a, 1907, Salvador, acta n. 6. Constituição, actas e pare-
ceres da primeira convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de laneiro: CPB, 1907, p. 20.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: Notas do Secret. Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 8, n. 18, p. 5, 07 maio 1908.
""' Id. Missões Estrangeiras: notas do Secr. Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,
ano 9, n. 9, p. 5, 04 mar. 1909.
"'" OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho baptista em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
11, n. 38, p. 4, 21 set. 1911. Na realidade, a Igreja já tinha sido organizada em setembro do mesmo
ano, com 24 membros, pelo que este novo ato seria apenas a legalização do anterior sob os auspícios
do emissário da CBB. Cf. MAURICIO, Antonio. Missão Baptista Portuguesa, p. 14,18,20.
"° Não foi a primeira vez nem será a última, quando se tentou fazer história por decretos ou decisões. Na
história universal, assim como do Brasil e, especificamente, dos batistas, há exemplos de tentativas dessa
natureza, desvirtuando o sentido da história, a qual se baseia em fatos e não em decisões.
Ainda em 1909, houve a primeira informação registrada sobre João
Jorge de Oliveira, jovem português que estudava nos Estados Unidos
e se tornou o primeiro missionário dos batistas brasileiros em Portugal.
Ele expressou desejo de trabalhar na sua terra natal, tendo inclusive
conseguido ofertas para a compra de um órgão, a ser enviado para a
cidade do Porto"'.
Em 1910, Salomão Ginsburg lamentou que o valor votado para aju-
dar o trabalho em Portugal não estava sendo remetido, tendo em vista
que as ofertas davam mal para manter o trabalho já iniciado no Chile,
e que o trabalho em Portugal estava dividido em várias facções, pelo
que era difícil saber qual delas deveria receber ajuda dos brasileiros'''.
Entretanto, logo depois o Executivo informou que foi decidido remeter
aquele mesmo valor trimestralmente, para ajudar no aluguel da casa de
cultos da Igreja Batista do Porton'.

Primeiro casal de
missionários
A grande notícia de 1911
foi a nomeação do jovem
português, João Jorge de
Oliveira, e sua esposa, a per-
nambucana Prelidiana Frias
de Oliveira, como primeiros
missionários dos batistas bra-
sileiros em Portugal, deven-
do seguir para a cidade de João Jorge de Oliveira, português,
Porto logo após a assembléia e Prelidiana Frias de Oliveira,
pernambucana, primeiro casal missionário
convencional em Campos, enviado a Portugal em 1911
onde foi consagrado para

GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario-Correspondente. O


Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 9, n. 12, p. 5, 25 mar. 1909.
112 GINSBURG, Salomão L. Missões Estrangerias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 10, n. 5,

p. 6, 03 fev. 1910.
1Id. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O Jornal Baptista, Rio de

Janeiro, ano 10, n. 28, p. 5, 28 jul. 1910.


o trabalho missionário14. Sobre ele escreveu Salomão Ginsburg'", di-
zendo ser a pessoa talhada para a obra em Portugal, inclusive relatando
que, ao retornar dos Estados Unidos para o Brasil, apresentou-se para
trabalhar na região amazônica e para lá seguiu por um curto período,
realizando grande trabalho e deixando saudade. Oliveira, que nasceu
no ano de 1882 em Viseu, Portugal, veio para o Brasil com 11 anos de
idade e se converteu no Rio de Janeiro, tendo um ano depois se apre-
sentado como colportor à Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira,
pela qual trabalhou por três anos, sendo um deles no vale do Amazo-
nas. Em 1905 foi para a Universidade Baylor nos Estados Unidos, onde
se formou e recebeu imposição de mãos para o ministério. Logo depois
passou em Portugal e se dirigiu para Belém, onde aceitou o convite
para trabalhar como missionário dos batistas brasileiros em sua terra
nata1116.
Oliveira assumiu o pastorado da Igreja de Porto em 19 de agosto do
mesmo ano. Em março do ano seguinte, uma congregação foi iniciada
por ele, onde mesmo com muita perseguição o trabalho se mostrou
promissor, tendo o missionário batizado 9 irmãos no final do mesmo
mês"'. O relatório referente a agosto menciona 24 batismos no perí-
°doi", o que é extraordinário para um trabalho que iniciou com 13
membros em um país onde sempre foi difícil alcançar pessoas com a
mensagem do evangelho. O Executivo da JME escreveu sobre o traba-
lho em 1912, informando que havia uma forte igreja em Porto, com 49
membros, e três congregações, além de três escolas bíblicas dominicais
e uma diária (primária)19.
O sonho da construção de um templo batista em Porto, que se tor-
naria mais tarde conhecido como Tabernáculo Batista, foi expresso pela
primeira vez pelo missionário Oliveira no final de 1912 e repetido mais

CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 58, 1911, Campos, acta M. Convenção Baptista Bra-
zileira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1911, p. 19.
GINSBURG, Junta de Missões Estrangeiras: relatório. Convenção Baptista Brazileira, 1911,
p. 60 e 61.
'16 RAMOS ANDRÉ, op. cit., p. 33 e 34.
11- OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho batista em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,

ano 12, n. 22, p. 6, 30 maio 1912.


na Id. Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 37, p. 6, 12 set. 1912.
JACKSON, Ernesto A. Junta de Missões Estrangeiras, O Jornnal Baptista, Rio de Janeiro, ano
13, n. 9, p. 4, 27 fev. 1913.
tarde em várias ocasiões. Logo em janeiro de 1913, ele rebate críticas
de que os batistas estavam na roça, profetizando que ao ser inicia-
do o trabalho da construção todos poderiam ver "a casa erguendo-se
majestosamente", quando os batistas deixariam "a 'roça' a caminho
da cidade, de onde irradiariam por vilas e cidades, montes e vales,
casebres e palácios"120. Logo a seguir foi comprado um amplo terreno,
que poderia comportar um templo para até 1.500 pessoas121. A as-
sembléia convencional da CBB de 1913 apoiou ajudar na construção
do Tabernáculo Batista e manter um evangelista para ajudar o casal de
missionários em Portugal122, devendo atuar na cidade de Viseu123. Com
a presença em Porto do líder brasileiro Thomaz Lourenço da Costa, foi
formado um concílio que examinou e impôs as mãos sobre Eduardo
Teixeira de Mattos. Assim, Mattos e sua esposa seguiram em janeiro de
1914 para Vizeu, onde passaram a atuar como missionários124.
Em maio de 1913, Oliveira125 escreveu sobre o trabalho inicial em
Portugal, quando o evangelho era pregado mesmo em uma estrebaria,
sendo os crentes perseguidos e ridicularizados pelos adversários: "Mui-
tos indivíduos iam aos cultos munidos com pimenta e rapé, que espa-
lhavam no ambiente; outros levavam pardais, que soltavam na mesma
ocasião; ainda outros conduziam despertadores, que no momento mais
solene punham a tocar, fazendo algazarra para prejudicar o serviço". É
interessante registrar que um dos objetivos da CBB, conforme exposto
pelo missionário Salomão Ginsburg126, era: "Erigir igrejas batistas em
todos os países onde se fala a língua portuguesa. 1...] A nossa missão vai
além de Portugal. Temos de alargar as nossas tendas".

12 " OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho baptista na pátria lusitana: portas abertas e perspectivas
risonhas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 5, p. 8, 30 jan. 1913.
12 ' Id. 692 metros e 80 centímetros quadrados de terra baptista no Porto, Portugal. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 9, p. 7, 27 fev. 1913.
JACKSON, Ernesto A. Missões Estrangeiras: o gozo do sacrificio. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 13, n. 33, p. 5, 14 ago. 1913.
' 2 ' COSTA, Thomaz Lourenço da. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 13, n. 52, p. 5, 25 dez. 1913.
124 OLIVEIRA, João Jorge de. Missão Baptista em Portugal: um episodio na missão do Porto. O

Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 6, p. 5, 05 fev. 1914.


Id. A evangelização em Portugal; o passado, presente e futuro. O Jornal Baptista, Rio de Ja-
neiro, ano 13, n. 29, p. 6, 17 jul. 1913.
126 GINSBURG, Salomão L. Objectivos da Convenção. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 13,

n. 24 e 25, p. 6, 19 jun. 1913.


Para ilustrar o entusiasmo existente no trabalho e a penetração do
evangelho neste período inicial, dois interessantes testemunhos são
apresentados pelo missionário J. J. de Oliveiral". O primeiro se refere a
um jovem conspirador que se converteu enquanto preso. Ao ser liberto
deu a sua profissão de fé e o pastor sugeriu que ele antes do batismo
voltasse à sua cidade, Bragança, para testemunhar do evangelho. Ele
foi e retornou logo mais, informando "já haver em sua terra cerca de
uma dúzia de almas que se reuniam em sua casa para ouvirem a leitura
da Bíblia, sendo que já havia algumas verdadeiramente convertidas".
O outro testemunho fala da carta de um jovem de 16 anos, que havia
pedido informações sobre os batistas, uma vez que tinha lido um folhe-
to que lhe chegou ás mãos. Ele afirmava: "Já tinha lido no Novo Testa-
mento que me foi enviado há dias, o capítulo 3 do evangelho de João;
o novo nascimento de que o texto fala já tinha começado a operar em
mim. [...1 Também tenho distribuído vários folhetos". Na realidade, a
mensagem santa estava se espalhando de formas diversas, graças à fé,
amor e entusiasmo como os missionários testemunhavam de Cristo.
Alegria imensa é expressa na construção do novo templo em Por-
to, quando Joseph Jones128, que assinava como diácono e tesoureiro e
não como pastor, escreveu em 11 de março de 1914, falando sobre a
urgência do trabalho: "Por enquanto adoramos a Deus no Porto como
que debaixo duma nuvem. O lugar é impróprio. [...I O mestre pedreiro
obriga-se a pôr as paredes prontas até 30 de setembro deste ano".
Carta publicada em O Jornal Baptista de 13 de maio de 1914 noti-
cia a organização da Igreja de Vizeu com cinco membros, e o entusias-
mo gerado durante 21 dias de evangelização pública, visitas de casa em
casa e distribuição de literatura, quando houve muita perseguição, mas
esperançosos resultados. Na missiva, João Jorge de Oliveira129 narrou o
que escreveu um Sargento de Infantaria que ali já havia ouvido e lido
sobre o evangelho:

OLIVEIRA, João Jorge de. Notícias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
9, p. 5, 26 fev. 1914.
12 " JONES, Joseph. O templo no Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 14, p. 6, 02
abr. 1914.
'2" OLIVEIRA, João Jorge de. Uma nova Egreja Baptista em Vizeu. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 14, n. 20, p. 3, 13 maio 1914.
Tenho um desejo veemente de me fazer um bom cristão e, para isso, julgo
indispensável fazer um estudo prévio, não só da Bíblia, como dos principais
fatos que se relacionam com o evangelismo. Ainda tenho algumas dúvidas que
necessito banir do meu espírito, para ingressar conscientemente na sua religião.
Senhor desses conhecimentos, estou apto para rebater quaisquer argumentos
de indivíduos de religiões contrárias, tendentes a apoucar os sãos princípios de
moral em que assenta o protestantismo.

No dia 03 de maio de 1914, foi organizada a terceira igreja batista


em Portugal, na vila de Tondella, próxima a Vizeu130. Ao falar sobre o
método usado para iniciar uma nova atividade, explica o missionário J.
J. de Oliveira131:
A experiência tem nos demonstrado, que ao iniciar-se um trabalho, deve-se
pregar uma, duas, três ou mais semanas a fio, pois a curiosidade vem trazendo
o povo e este vai se orientando sobre a verdade e preparando-se muitas vezes
inconscientemente para rebater os ataques dos nossos inimigos. Boatos falsos
que sempre são propalados trazem às reuniões muitos curiosos, sendo desta
maneira desfeitos.

Dificuldades e vitórias
Em 1914, foi iniciada a Guerra Franco-Prussiana, que seria o pre-
lúdio da Primeira Guerra Mundial, gerando uma inflação em Portugal
de 20% no material de construção, o que dificultaria a construção do
Tabernáculo Batista132. Essa inflação iria aumentar logo mais os custos
das obras em 40 a 50%, além de causar desemprego para muitos
chefes de família133. Contudo, apesar de tantas dificuldades, João Jor-
ge de Oliveira134 relatou uma experiência memorável ocorrida após
mensagem que ele pregou no dia 04 de outubro, na Igreja Batista do
Porto:

H° Id. Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 27 e 28, p. 7, 09 jul.
1914.
Id. Salvemos Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 20, p. 5, 13 maio 1914.
"2 Id. A guerra européa e o Tabernáculo Baptista no Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
14, n. 38, p. 3, 17 set. 1914.
'" TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 14, n. 43, p. 3, 22 out. 1914.
"4 OLIVEIRA, João Jorge de. A maior reunião que tem tido logar na Igreja do Porto, Portugal. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 46, p. 8, 12 nov. 1914.
Ao terminar o sermão, expôs [o pregador] como um irmão dos mais pobres da Igreja,
tinha trazido para as obras do templo, um anel, de muito pouco valor, mas que re-
presentava da parte do doador uma grande dedicação à Causa do Senhor, pois esse
irmão foi além do que pôde. [ ] A seguir, juntou o pregador a sua aliança de casa-
mento ao anel que previamente tinha sido oferecido, e convidou os irmãos da Igreja
a colocarem sobre a mesa, em frente ao púlpito, qualquer oferta que desejassem.

O que se seguiu é difícil descrever, pois irmãos dos mais pobres


foram colocando, na presença do Senhor, objetos de alta estimação,
incluindo mais quatro alianças de casamento, 50 réis de uma irmã
muito pobre, que era tudo o que possuía, duas medalhas, sendo
uma de ouro, dois alfinetes de ouro, vários pares de brincos, dois
anéis de valor, um relógio de ouro e uma bússola. Concluiu o missio-
nário: "Lágrimas de regozijo foram copiosamente derramadas, pois
todos se sacrificaram nesta oferta voluntária. O Espírito do Senhor
encheu os nossos corações"135.
Em 1915, o Executivo da JME, Ernesto Jackson, menciona que
havia um candidato para o ministério em Portugal, que estava se-
guindo para estudar em Recife, e que em outubro de 1914 foi ini-
ciado um jornal chamado O Christão Baptista, cuja aceitação nos
meios evangélicos e católicos foi relatada com grande entusiasmo.
Contudo, dificuldades decorrentes da Primeira Guerra Mundial são
mencionadas por Ernesto Jakcson136, ao mesmo tempo em que ani-
mava os irmãos brasileiros a permanecerem firmes na fé, para que o
trabalho missionário não sofresse solução de continuidade:
O trabalho missionário está sofrendo em toda a parte do mundo; crise e mais
crise, é o que se ouve em todos os cantos. Mas o trabalho do Senhor não pode
estar sujeito a crises econômicas, por quanto a base e o motivo propulsor dos
esforços missionários é a fé em Cristo e a confiança nas suas promessas.

Ainda em 1915, J. J. de Oliveira'37escreveu apelando para a gene-


rosidade do povo brasileiro, mesmo em crise, e mencionando com
entusiasmo a grandiosidade da obra do templo do Porto, que não
poderia parar:

Ibid.
JACKSON, Ernesto A. Noticias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 1, p.
7, 07 jan. 1915.
OLIVEIRA, João Jorge de. O Tabernáculo do Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15,
n. 5, p. 3, 04 fev. 1915.
Mede 22,5m de comprimento por 12m de largo. É um edifício construído com
o melhor material. A pedra é da mais rija; as paredes estão feitas com rigorosa
solidez. A madeira é pinho de Riga, pinho nacional e castanho. Tudo o que
se está fazendo tem em vista mais o futuro do que propriamente o presente.
A rigor, o Tabernáculo do Porto tem 25 divisões destinadas ao culto público,
reuniões de oração, residência pastoral, escolas diárias e dominicais, quartos
para os candidatos ao batismo, galeria etc. A frontaria é lindíssima; as colunas
jônicas, que já estão em seu lugar, dão um efeito magnífico. 1...].

Logo mais, o mesmo missionário relata uma tocante experiência


sobre sua mãe, que após 12 anos de muita oração se converteu,
sendo por ele batizada: João Jorgen8 afirma sobre a sua dedicação e
amor ao trabalho:
No serviço divino realizado ontem de manhã, a autora de meus dias pôs no
prato da coleta o objeto de mais valor e estimação que tinha. Um rico cordão
de ouro que ela quis dar para que mais rapidamente se concluam as obras do
Tabernáculo. Foi profunda a emoção que senti por assim ver que não só minha
mãe estava convertida, mas que também compreendia que Cristo merece pos-
suir o que de mais caro tenhamos.

No meado de 1915, João Jorge esteve no Brasil um mês e meio,


onde participou da assembléia da CBB em Vitória, e visitou vários
campos, desde Pernambuco até São Paulo139. Em dezembro do mes-
mo ano, seguiu para o Rio de Janeiro o jovem Antonio Maurício,
para estudar no Seminário. A notícia informa ter sido ele o primei-
ro convertido e batizado em Viseu140. O seu batismo, aos 20 anos
de idade, foi realizado por João Jorge, no dia 19 de abril de 1914,
tendo cinco meses depois ido como militar voluntário para Angola,
após ataque alemão àquele país. Retornou em novembro de 1915
após duras experiências. No mês seguinte seguiu para o Brasil. O
próprio Maurício141 relata muitas décadas depois, em 11 de agosto
de 1972, as dificuldades de sua viagem e chegada ao Rio de Janeiro,
para fazer seu curso de teologia:
Na véspera do Natal de 1915, fugindo aos submarinos alemães que infesta-
vam os mares, desembarquei na Praça Mauá, trazendo comigo apenas quinze

' '" Id. Portugal: várias notícias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 11, p. 6, 18 mar. 1915.
Id. Regressando a Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 30, p. 5, 05 ago. 1915.
14" Id. Notícias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16, n. 3, p. 6, 20 jan. 1916.
141 MAURÍCIO, Antonio. Obrigado, batistas brasileiros. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
7, n. 27, p. 24, out./dez.1972.
mil réis, últimas economias de um ano de campanha na África, pois meu pai
nada me dera, antes me dissera que não mais o chamasse pai, visto eu vir
estudar no Seminário aqui para pregar o evangelho. Paguei cinco mil réis
pela hospedagem de um dia no Hotel Europa, ali em frente ao cais, restando-
me, portanto, dez mil réis, que jamais se acabaram; e passados são quase
57 anos.

Maurício recebeu apoio de um 'conterrâneo seu, José Martins Mon-


teiro, que veio para o Brasil fazer fortuna e aqui se converteu. Era fazen-
deiro de café, e mesmo com a crise que resultou na queda dos preços
do café, pediu dinheiro emprestado e continuou a ajudar o promissor
jovem de sua terra, sem que este tivesse conhecimento. Mais tarde, em
março de 1929, Antonio Maurício142 escreveu:

Quando terminei o curso, ele me contou tudo e acrescentou que Deus não
só lhe tinha dado o suficiente para pagar o que havia pedido emprestado para
eu poder continuar estudando, como ainda lhe deu para comprar uma casa e
oferecê-la à Igreja em Mara( (MG), restando-lhe alguns contos em caixa. Glória
a Deus que é o mesmo ontem, hoje e eternamente.

Com todas a dificuldades financeiras que fizeram retardar a conclu-


são da construção do templo da Igreja do Porto, finalmente houve a
inauguração no dia 13 de fevereiro de 1916, graças à dedicação dos
portugueses, a cooperação dos brasileiros, o esforço incontido do mis-
sionário João Jorge de Oliveira e o trabalho eficiente do tesoureiro da
construção, o diácono (ex-pastor) Joseph Jones143, que além do trabalho
ofereceu ofertas valiosas. Escreve Nancy Dusilek144: "Além de oferecer
o terreno para o templo do Tabernáculo Batista, ajudou ora emprestan-
do, ora ofertando os recursos para a construção. Ofereceu o terreno
para o funcionamento do Seminário Batista e o terreno para a Casa Pu-
blicadora Batista Portuguesa". O impacto da inauguração do templo é
visto em informação prestada pelo nosso missionário três meses depois:
"Nada menos de 800 pessoas por semana estão ouvindo o evangelho

Id. O evangelho em Portugal: uma visita abençoada e abençoadora. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 29, n. 14, p. 9, 04 abr. 1929.
'-" MADDOX, O. P Relatorio annual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista
Brazileira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista Brazileira,
1916, p. 64.
'" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 25.
no Tabernáculo'. Em novembro de 1916, houve a organização da
quarta igreja batista em Portugal, em Parceiros, município de Leiria,
após duas semanas de trabalho de evangelização e a ministração de
treze batismos' 46 .
Enquanto isso, o trabalho em Vizeu e Tondella estava sendo reali-
zado com bons resultados por Bráulio José Ferreira da Silva, que veio
das hostes congregacionais, e após estudar nossos princípios, tornou-se
batista e pastor naquelas duas cidades'''. Infelizmente o pastor Bráulio
Silva repentinamente faleceu em abril de 1917, após um ano e meio
de atividades com os batistas. Ele se apresentava como uma grande
esperança para o trabalho em Portugal, pelo que a consternação foi
geral. "O nosso irmão era estimado pela sua bondade e caráter, o que
foi comprovado no testemunho de apreço que crentes e descrentes
man ifestaram"148.
Em novembro de 1917, o missionário João Jorge de Oliveira149 au-
gura o final da Guerra Mundial, tendo em vista o reflexo negativo na
manutenção do trabalho em Portugal. Diz ele:
Durante seis anos têm as igrejas brasileiras mantido verdadeiro sacrifício E...]
para manterem a obra batista em Portugal. 1...] Em face disso, os irmãos que
estavam sendo sustentados com as vossas orações e pecúlios não podiam trair-
vos, e faziam sacrifícios para cumprir as vossas ordens; assim iam estendendo
os campos de batalha.

Mais tarde, em agosto de 1918, o mesmo missionário escreveu uma


triste carta, lamentando a falta de cooperadores para o trabalho e de
melhores condições para a continuidade da obra. Era para ele momen-
to de fraqueza como aconteceu na Bíblia com grandes homens como
Elias, Jonas e Jeremias. J. J. de Oliveira150 chegou a dizer: "Quando jul-
OLIVEIRA, JOÃO Jorge de. Nosso trabalho em Portugal: o Tabernáculo a trabalhar. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 16, n. 18, p. 5, 04 maio 1916.
46 Id. Um novo campo: a quarta igreja baptista em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,

ano 16, n. 47, p. 7, 07 dez. 1916.


147 Id. O trabalho em Portugal: primícias do trabalho no Tabernaculo. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 16, n. 31, p. 8, 17 ago. 1916.
14 " Id. A morte do pastor Bráulio da Silva. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 17, n. 24, p. 8,
14 jun. 1917.
14 " Id. A derrota dos italianos e a Missão Baptista Portuguesa. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,
ano 18, n. 1, p. 7, 03 jan. 1918.
17 " Id. Um soldado que regressa à pátria. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 18, n. 40, p. 5,
03 out. 1918.
gamos diante de Deus ter cumprido o nosso dever, chegamos ao vale
da dúvida. Mas por enquanto estamos de pé, embora temamos servir
de espetáculo aos transeuntes e ouvir alguém dizer: 'Vá, vá para a sua
terra'. Evitai isso irmãos". Felizmente, sempre depois do momento de-
pressivo que tenta derrubar os servos do Senhor, pode-se ouvir a voz
tranqüila e suave de Deus que diz: "Vai, volta ao teu caminho" (1 Rs
19.15).
Na reunião da Convenção Batista Brasileira realizada em dezembro
de 1918, a sede da Junta retornou para Recife, tendo em vista que o
Executivo, L. L. Johnson, ali residia'''. Logo mais,
no meado de 1919, Johnson deixou a função,
que foi assumida por Menandro Martins152. Ain-
da em junho de 1919, o missionário João Jorge
de Oliveira saiu de férias para o Brasil por um
período de um ano, quando visitou muitas igrejas
e contagiou o povo com seus desafios.

Antonio Maurício é comissionado


Com a ausência do missionário João Jorge no
campo, a Junta resolveu mandar para Portugal
como missionário, Antonio Maurício, após con-
cluir seu curso teológico no Rio de Janeiro, de-
vendo iniciar seu trabalho missionário em janei-
~Md' ro de 1920. Na ocasião, havia quatro igrejas em
filhou* f
lory,e de Portugal: Porto, Vizeu, Tondella e Leiria.
e mi '
Do navio que o conduzia a Portugal, Maurí-
Portu
anos, contado:10 cio escreveu em 15 de janeiro de 1920, despe-
o período dç dindo-se do povo batista brasileiro e dizendo:
aposentadoria e de
Missionário Emérito "Separando-nos por agora, quero confessar-vos a
minha eterna gratidão"153. Oliveira retornou em

GINSBURG, Salomão L. A décima primeira convenção. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
18, n. 49, p. 4, 19 dez. 1918.
'' JOHNSON, L. L. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 19, n.
29, p. 5 e 6, 17 jul. 1919.
MAURÍCIO, Antonio. Duas palavras de despedida. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 20,
n. 18, p. 7, 29 abr. 1920.
julho do mesmo ano a Portugal154, deixando o campo em Porto com
Maurício e se fixando em Vizeu.
No parecer da Comissão sobre Missões Estrangeiras da assembléia
convencional de 1920, houve a autorização para criar uma classe teo-
lógica com a finalidade de preparar trabalhadores da terra, e que a Jun-
ta ajudasse na publicação do jornal O Christão Baptista'55. Logo mais,
no mesmo ano, Antonio Maurício156 escreveu missiva demonstrando o
seu entusiasmo e disposição na obra, quando visitava vários locais na
terra lusa. Dentre outras de suas expressões, ele diz:
Voltei mais uma vez a Leomil, onde cheguei pouco depois da meia-noite, tendo
percorrido a pé uns 30 quilômetros com subidas e descidas de montanhas bas-
tante alcantiladas. Eram duas horas da madrugada quando nessa mesma noite
me levantei para voltar a Viseu, chegando às oito horas da manhã, cansado,
queimado do sol e cheio de poeira e frio, mas muito alegre por todo o trabalho
feito!

Nos dias 18 a 21 de novembro de 1920, realizou-se a primeira


reunião da Convenção Baptista Portuguesa, na cidade do Porto, com
quatro igrejas representadas, que dentre outros itens, resolveu: incen-
tivar mais ainda a publicação do jornal O Christão Baptista; que se
comprasse um prédio para iniciar a Casa Publicadora e o Seminário;
e que ampliasse o número de obreiros com a cooperação da JME da
CB131".
A famosa acusação de que a Bíblia Protestante era falsa, tão pro-
palada na segunda metade do século XIX e primeira do século XX no
Brasil, também teve sua vez em Portugal, quando em 1920, no jardim
do seminário em Viseu, foi feito um auto de fé, queimando porções
da Palavra de Deus. Obviamente o missionário fez um grande trabalho
propagando o evangelho, ao refutar os argumentos acusatórios, além

'" MARTINS, Menandro. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Bra-
sileira. Actas e relatórios da 124. Reunião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro:
CPB, 1920, p. 43 e 44.
1 " COSTA, Thomaz Lourenço da; DUCLERC, Coriolano C. Parecer sobre o relatório da J. M. Es-
trangeiras. Actas e relatórios da 124. Reunião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro:
CPB, 1920, p. 29.
156 MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: novos campos de trabalho. O Jornal Baptis-
ta, Rio de Janeiro, ano 20, n. 34, p. 9, 26 ago. 1920.
1 " OLIVEIRA, João Jorge de. A primeira Convenção Baptista Portugueza. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 21, n. 1, p. 9 e 10, 06 jan. 1921.
de protestar nos jornais da terra e de casa em casa contra a discrimi-
nação religiosa, obtendo o apoio das autoridades civis e do povo158. O
missionário Antonio Maurício159 relata fato interessante sobre a queima
de porções das Escrituras:
Do auto de fé que os "meninos seminaristas"fizeram de alguns exemplares da
Palavra de Deus, urna folha foi arrastada pelo vento a alguma distância da fo-
gueira. Foi apanhada por um crente debaixo de vaias, apupos e insultos. Estava
queimada nas baitas e chamuscada, mas tinha todos os dizeres intactos. Era,
pois visível a promessa contida no capítulo 5 de Mateus, versos 10 e 11 : "Bem-
aventurados os que padecem perseguição por amor à justiça; porque dele é o
reino dos céus. Bem-aventurados sois quando vos injuriarem, e disserem todo
mal contra vós,mentindo por meu respeito". Deste modo singular, Jesus reafir-
mou a sua promessa que sempre está de pé e nunca falha.

Tocante apelo foi feito por J. J. Oliveira160 aos batistas brasileiros, em


carta publicada em agosto de 1921:
Viemos lutar contra oito séculos de preconceitos, tentando atingir seis milhões
de almas arraigadas em tradições heráldicas e práticas supersticiosas. São seis
milhões que jazem nas trevas. [...] Estamos aqui às vossas ordens de marcha, à
espera de munições para atacar os redutos inimigos. [...] Mas para podermos
penetrar nos campos adversos, além do poder de Deus e de vossa cooperação
espiritual, é indispensável o vosso esforço monetário.

Mais tarde, o mesmo missionário afirma o seu anseio para Portugal:


Esperamos ver em Portugal o Seminário, a Casa Publicadora, um bom número
de missionários brasileiros, uma propaganda aberta na imprensa diária, uma
agitação de sentimentos pela tribuna e pela imprensa, que levará este país de
navegadores antigos a porem nas águas cristalinas que dimanam do Filho de
Deus batéis que os conduzirão às praias áureas da eternidade161.

Contudo, os resultados foram vagarosos para os dois sonhos dos


batistas portugueses. Em 1922, o missionário João Jorge de Oliveira
conseguiu comprar uma tipografia para a Casa Publicadora Batista Por-

''" Id. Relatório do missionário João Jorge de Oliveira ao Secretario Correspondente da Junta. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 21, n. 19, p. 6, 12 maio 1921.
'" MAURÍCIO, Antonio. Grande Campanha Baptista Portuguesa. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 21, n. 36, p. 7, 08 set. 1921.
''" OLIVEIRA, João Jorge de. Bilhete postal de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
21, n. 34, p. 6, 25 ago. 1921.
:"' Id. Carta-bilhete de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 21, n. 41, p. 5, 13 out.
1921.
tuguesa, que já existia em Porto162, tendo publicado anteriormente o
Hinário Baptista e pelo menos 30 mil exemplares de seis folhetos, com
sugestivos títulos para evangelização. Antonio Mauricio'", diretor da
Casa, escreveu repleto de entusiasmo: "Vamos, pois, inundar Portugal
da sã literatura". Por outro lado, ele lamenta as dificuldades existentes
na ocasião no país: "A crise econômica é mesmo pavorosa. A vida está
caríssima. [...1 A miséria é espantosa, devido à especulação escandalosa
dos açambarcadores e falta de trabalho".

A Associação do Texas
Logo mais, em maio do mesmo ano, João Jorge de Oliveira conversou
com representantes da Associação Missionária Batista do Texas, levan-
do a sugestão de que mantivessem trabalho permanente em Portugal.
A Junta daquele órgão aceitou a proposta, pelo que Oliveira se dispôs
a entrar em contato pessoal com a CBB no Brasil, com a finalidade
de acertar sobre a cooperação entre os batistas brasileiros e os norte-
americanos em Portugal164. Isso levou vários líderes, na assembléia da
Convenção reunida em junho de 1922 no Rio de Janeiro, a criticar a
ingerência do missionário quanto à participação da Associação Batista
do Texas em Portugal. Entretanto, no final, a mesma assembléia o agra-
ciou como missionário honorário dos batistas brasileiros em Portugal,
ao mesmo tempo em que decidiu apoiar a Casa Publicadora, o jornal
O Christão Baptista e a classe teológical".
Ao regressar ao seu país, João Jorge anunciou oficialmente o final
de sua cooperação com a Junta de Missões Estrangeiras da CBB, in-
formando dentre outros pontos: (1) que as propriedades compradas
em nome da CBB continuavam sob a responsabilidade dos batistas
brasileiros; (2) que o salário que lhe era pago poderia ser revertido em

1" Id. Lutas renhidas em Viseu, Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22, n. 8, p. 5,
23 fev. 1922.
MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22, n.
8, p. 5 e 6, 23 fev. 1922.
'm OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22,
n. 23, p. 5, 08 jun. 1922.
CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 13á, 1922, Rio de Janeiro, acta n. 7. Actas e relatórios
da 13-4 Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade
Baptista, 1922, p. 20.
benefício de um novo missionário brasileiro; (3) o seu desejo de que
mesmo com mais de uma junta atuando em Portugal, todo o trabalho
deveria ter como base "uma frente única, fraternal e bem adestra-
da"; (4) a sua disposição de ceder o seu lugar em Viseu a qualquer
enviado da CBB, para que ele assim pudesse abrir novos campos; (5)
o seu profundo agradecimento pelo apoio que recebeu dos batistas
brasileiros166.
No dia 20 de agosto de 1922, foi organizada a Primeira Igreja Batista
em Lisboa. Antonio Maurício narra como se deu este evento, mencio-
nando o trabalho realizado por Paulo Irwin Torres e a igreja de base con-
gregacional organizada por ele. Depois de várias tentativas para atraí-lo
para uma cooperação com os batistas, finalmente, após estudos sobre a
doutrina do batismo, ele e a Igreja aderiram, sendo batizadas 20 pessoas
e recebidos três irmãos por carta. O irmão Torres recebeu, na ocasião,
imposição de mãos para o ministério, tornando-se pastor da Igreja. Es-
tavam presentes no concílio os pastores A. Maurício, J. J. de Oliveira e
Alberto W. Luper. O acerto foi que a manutenção do trabalho fosse divi-
dida em partes iguais pelos batistas brasileiros e americanos167.
A obra em Portugal prosseguiu de forma aparentemente saudável,
com novas igrejas e muitos batismos. Inclusive, somente no mês de ju-
nho de 1923 houve 50 batismos no país, com a atuação de João Jorge,
Antonio Maurício, Alberto Luper, Raul de Carvalho e Paulo Torres168.
O relatório referente ao ano apresenta duas novas igrejas organizadas,
chegando a seis igrejas e 113 batismos, alcançando o número de 255
membros de igrejas. Esses dados demonstram um crescimento de 78%
durante o ano, o que é algo extraordinário, principalmente por ocorrer
em um país onde há dificuldade para se pregar o evangelho, tendo
em vista a religiosidade tradicional, que engessa as mentes e dificulta
as possíveis mudanças de vida condizentes com os ensinamentos da
Palavra de Deus169.

'"6 OLIVEIRA, João Jorge de. O nosso trabalho em Portugal e a minha attitude. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 22, n. 26, p. 6, 06 jul. 1922.
16- MAURÍCIO, Antonio. Organização da Primeira Igreja Baptista em Lisboa. O Jornal Baptista,

Rio de Janeiro, ano 22, n. 38, p. 5 e 6, 12 out. 1922.


1" TORRES, Paulo Irwin. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 23, n. 32, p. 9, 09 ago. 1923.

"'" RELATÓRIOS da Missão Baptista Portuguesa. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 24, n. 28,
p. 6 e 7, 10 jul. 1924.
A cooperação entre as duas juntas missionárias em Portugal foi vá-
rias vezes contestada, principalmente porque as dificuldades no Brasil
referentes ao movimento chamado Radical, chegava ao seu ponto
mais crítico, e a Associação Batista do Texas passou a cooperar com
o grupo dissidente dos missionários norte-americanos no Brasil, ou
seja, dos missionários da Junta de Richmond. Na realidade, o cha-
mado Movimento Radical, que surgiu no Nordeste e se espalhou
por quase todo o país, teve reflexos negativos no trabalho de Missões
Estrangeiras, inclusive contribuindo para que por mais de dois anos
não houvesse reuniões da sua Junta. É bom lembrar que isso aconte-
ceu pelo fato da sede da Junta ser a cidade do Recife, onde estava o
maior foco do movimento, quando Radicais (contra os missionários
de Richmond) e Construtivos (favoráveis) se digladiavam, além de ou-
tros irmãos que eram neutros. Isso trouxe dificuldades imensas para
a continuidade do trabalho missionário realizado pelo nosso missio-
nário Antonio Maurício, que deixou por algum tempo de receber o
seu salário e a ajuda para a manutenção do trabalho em Portugal. En-
tretanto, mesmo com as dificuldades a obra continuou, inclusive em
alguns lugares onde a perseguição religiosa era intensa, como acon-
teceu em Ranhados, quando vários irmãos foram feridos, obrigando
as autoridades a processar 14 pessoas de um grupo que excedia 100
perseguidores17°
Finalmente, em outubro de 1924, houve a esperada reunião da Jun-
ta, quando foi reeleito como seu Tesoureiro o irmão Thomaz Lourenço
da Costa e houve a decisão de autorizar a ida de Antonio Maurício
para o Brasil, a fim de manter contato direto com a Convenção e com
as igrejas'''. A resposta do missionário sobre o que estava acontecendo
foi muito animadora: "Eram dolorosas as condições em que estávamos.
[...1 O Todo-Poderoso veio em nosso socorro, e hoje podemos dizer
que não temos mais déficit. [...] Pagamos todas as dívidas, antes fecha-
mos o mês corrente com saldo! l

17" CARVALHO, Raul Pinto de. Frutos do Romanismo. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 24,

n. 45, p. 9, 06 nov. 1924.


'71 COSTA, Thomaz Lourenço da. Deliberações e Apello. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
24, n. 45, p. 5 e 6, 06 nov. 1924.
172 MAURICIO, Antonio. O evangelho em Portugal — as victorias da fé. O Jornal Baptista, Rio de

Janeiro, ano 25, n. 1, p. 12, 01 jan. 1925.


Maurício participou da assembléia da CBB no Rio de Janeiro em
1925, permanecendo no Brasil entre janeiro e início de abril, quando
promoveu o trabalho de missões estrangeiras nos estados de São Pau-
lo, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito
Santo e Rio de Janeirol". Ao retornar, Antonio Maurício174 se expressou:
"É tempo agora de confessar a todos os bem-amados irmãos brasileiros
a sua mui fraternal e suntuosa hospitalidade que nos ofereceram, quer
no Rio de Janeiro ou no interior do imenso Brasil no sul ou no norte. De
todos só colhemos as melhores manifestações de amor cristão".
Na assembléia convencional realizada no Rio de Janeiro, em janeiro
de 1925, a sede da JME foi transferida dessa feita para a Bahia, e Tho-
maz Lourenço da Costa foi efetivado como Secretário Correspondente
Tesoureiro da Juntai", a qual foi autorizada a estudar a continuidade do
relacionamento da CBB com a Associação do Texas em seu trabalho em
Portuga1176. Na assembléia de 1926 foi autorizada a continuação das
relações existentes entre as duas juntas, embora com a devida cautela,
podendo a JME agir em qualquer ocasião, no caso de surgir alguma difi-
culdade prejudicial ao bem-estar da Causa e aos interesses dos batistas
brasileiros"'.

Primeiro casal de brasileiros


A situação financeira da Junta não era boa. Contudo, começaram a
trabalhar, como novos missionários em Portugal, Achilles de Vasconce-
los Barbosa e Djanira Schüller Barbosa, que em julho de 1925 seguiram
para o campo como o primeiro casal de missionários da JME nascidos
no Brasil, sendo ele mineiro e ela fluminense. É verdade que antes, a

1 '111 COSTA, Thomaz Lourenço da. Circular às igrejas baptistas da Convenção Baptista Brasileira. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 25, n. 16, p. 9, 16 abr. 1925.
MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: por terras de Santa Cruz. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 25, n. 28, p. 12, 09 jul. 1925.
1 " CONVENÇÃO BAPTISTA BRASILEIRA, 10, 1925, Rio de Janeiro, acta n. 7. Actas da 10 reu-
nião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade
Baptista, 1925, p. 38.
'-'' Id., 10, 1925, Rio de Janeiro, acta n. 5. Actas da 144 reunião da Convenção Baptista Brasi-
leira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade Baptista, 1925, p. 27-28.
1 ' Id., 15, 1926, Recife, acta n. 2. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Baptista do Brasil, 1926, p. 21 e 22.
esposa de João Jorge de Oliveira, missionária
Prelidiana Frias de Oliveira, era pernambuca-
na da cidade de Garanhuns. A Igreja Batista
Vila do Rio Novo, no Estado do Espírito San-
to, decidiu pagar o salário da esposa do novo
missionário, sendo essa "a primeira igreja a
adotar a filosofia da adoção missionária"' 78 . A
disposição dos novos missionários é expres-
sa na véspera de sua partida para o campo:
"Uma certeza temos e esta muito nos consola
e anima, é que Aquele que nos manda pre- Barbosa, esposo
Djanira Schuller Barbosa
gar o evangelho até os confins da terra estará • primeiro casal
conosco, para não nos deixar desfalecer em 'toiros em Portuga,
meio aos embates desta difícil missão"179.
Logo mais se realizou outra assembléia da
Convenção Batista Portuguesa, com 70 mensageiros, quando assumiu a
Secretaria Executiva da Junta o missionário Antonio Maurício, a direção
do Colégio e Seminário, Achilles Barbosa, a função de Secretário Cor-
respondente, João Jorge de Oliveira e como missionário da Convenção,
Raul Pinto de Carvalho180. O missionário da Associação do Texas, João
Jorge de Oliveira181, ex-missionário dos batistas brasileiros, demonstrou
a sua satisfação com a chegada do casal Barbosa e escreve:
Com a retirada do casal Luper para Texas, ficou vaga a direção do nosso colégio
e seminário. Após uma reunião de oração, foi eleito com expressiva alegria de
todos os trabalhadores o casal Barbosa para dirigir os interesses educacionais de
nossa Convenção, e todos estamos satisfeitíssimos com a escolha, pois achamos
que estes irmãos vieram numa ocasião muito necessária, preencher uma lacuna
muito grande.

Várias notícias demonstram a boa receptividade do povo batista por-


tuguês ao novo casal de missionários: "Ele tem conquistado as simpatias

17" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 31.


BARBOSA, Djanira; BARBOSA, Achilles. As nossas despedidas ao Brasil. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 25, n. 29, p. 14, 16 jul. 1925.
1 " COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio de agosto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 25,

n. 39, p. 7, 24 set. 1925.


'"' OLIVEIRA, João Jorge de. O casal Achilles em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
25, n. 39, p. 10, 24 set. 1925.
de todos os crentes e não crentes em Portugal"182. Contudo, depois de
um início de trabalho promissor, Achilles Barbosa encontrou dificulda-
des pela sua forma de trabalhar com missionários e igrejas mantidas
pela Associação Batista do Texas, gerando ressentimentos e resultando
em problemas de relacionamento com Antonio Maurício em Portugal
e com a própria Junta no Brasil. O ambiente terminou por ficar tenso,
desde o final de 1925, conforme atesta o diretor de O Jornal Batista na
ocasião: "Já é público que surgiu um desacordo sério em Portugal, que
ameaça a cooperação e harmonia que têm reinado entre os represen-
tantes das duas juntas missionárias que auxiliam o trabalho ali, de coo-
peração com a Convenção Batista Portuguesa"183. Os rumores sobre o
assunto chegaram a ser desmentidos oficialmente pelos representantes
da Convenção Portuguesa, inclusive por Antonio Maurício184.
Entretanto, durante o ano de 1926, a situação se agravou e o Exe-
cutivo da JME informou que Achilles Barbosa optou pela renúncia ao
cargo de missionário dos batistas brasileiros, e que Maurício mandou
em setembro um telegrama dizendo: "Convenção votou completa se-
paração Texas, dependemos Deus e Brasil"185. O Pastor Paulo Irwin Tor-
res186 escreveu que, em escrutínio secreto, houve apenas um voto na
assembléia da Convenção Portuguesa em favor da cooperação com a
Associação do Texas, concluindo: "Esta Convenção aceita a coopera-
ção e só coopera com a Junta Brasileira". Finalmente, a JME resolveu
por unanimidade, em 12 de dezembro de 1926, que "sejam o Rev.
Achilles Barbosa e sua esposa Djanira Barbosa, descontinuados como
missionários da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira"187. Assim eles foram autorizados a retornar ao Brasil, embo-
ra a assembléia da CBB tenha decidido recomendar Achilles Barbosa
1 "2 COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio de outubro. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
25, n. 47, p. 14, 19 nov. 1925.
18' TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano

25, n. 49, p. 3, 03 dez. 1925.


114 MAURICIO, Antonio. O evangelho em Portugal: as victórias de Jesus. O Jornal Baptista, Rio

de Janeiro, ano 26, n. 14, p. 9, 08 abr. 1926.


1" COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio de setembro de 1926. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 26, n. 43, p. 13, 21 out. 1926.
1" TORRES, Paulo Irwin. 9 reunião com a Igreja Baptista de Lisboa. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 26, n. 43, p. 14, 21 out. 1926.
1"' COSTA, Thomaz Lourenço da. Rev. Achilles Barbosa. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
26, n. 52, p. 13, 30 dez. 1926.
"às igrejas do Brasil como obreiro digno de toda a confiança"188. Essa
decisão é uma confirmação de que os desentendimentos gerados pela
falha no relacionamento entre pessoas não significa desprezo pelo ser
humano, principalmente quando este é servo de Deus. Exemplo disso é
o que aconteceu entre Paulo e Barnabé no que se refere a Marcos, que
continuou servindo a Deus de forma maravilhosa, sendo mais tarde
reconhecido pelo próprio apóstolo Paulo (Cl 4.10), de quem voltou a
ser útil cooperador (Fm 24, Tt 4.11).

Divisão do trabalho e dias sombrios


O assunto das juntas do Brasil e do Texas em Portugal voltou à baila
na assembléia da CBB em 1927, havendo a determinação de consu-
mar a separação189. Assim, as atividades no campo português foram
reorganizadas sob a direção de Antonio Maurício, tendo como base o
que existia antes de 1922190, embora o Seminário tenha ficado sob os
cuidados da Associação do Texas e 9 estudantes tenham dele se desli-
gado, incentivando a fundação de um novo seminário em Requezende,
no dia 23 de outubro de 1927, que ficou provisoriamente sob a direção
de Antonio Maurício'''. O que aconteceu foi narrado por Francisco
Nascimento192:
Os seminaristas [eram 91, com a separação das juntas que mantêm o trabalho
em Portugal, optaram em ficar com o Brasil e, por falta de recursos, tiveram de
permanecer uns em Lisboa e outros no Porto, abrigados aqueles nos fundos da
Primeira Igreja de Lisboa e estes em residências particulares de irmãos que, a
preços módicos e até de graça, lhes forneciam alimentação. Nem o irmão Torres
nem o infatigável Maurício, pelos seus múltiplos afazeres, podiam ministrar-lhes
as matérias teológicas. [...] Ora, tal situação foi solucionada e com bons resulta-
dos, com a instalação, em prédio próprio, do Seminário Batista Português.

1 " CONVENÇÃO BAPTISTA BRASILEIRA, 168, 1927, São Paulo, acta n. 6. Convenção Baptista
Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1927, p. 26 e 27.
'"" Ibid., p. 26.
1"" COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Bap-
tista Brasileira. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista
do Brasil, 1927, p. 43.
19 ' Id. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brasileira. Convenção
Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1928, p. 86.
192 NASCIMENTO, Francisco. De Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n. 2, p. 7,

12 jan. 1928.
Os momentos que seguiram a divisão do trabalho em Portugal fo-
ram difíceis, mas havia confiança no apoio dos batistas brasileiros para
uma cooperação mais eficiente. O pastor Raul Pinto de Carvalho"'
escreveu de Porto: "Confio em vós, amados irmãos, de que as nos-
sas necessidades hão de merecer-vos especial atenção. O trabalho
que começastes e foi mantido, apesar de todas as dificuldades, há de
prosseguir triunfante". Infelizmente houve momentos quando o nosso
missionário precisou apelar fortemente para que os atrasos no envio
das verbas para a manutenção do trabalho não viessem prejudicar o
andamento da obra, pois havia necessidade para "obrigações mensais
de aluguéis, Seminário, publicações, obreiros etc."194
Em fevereiro de 1927, houve o agravamento da revolução inicia-
da no ano anterior em Portugal, que entre outubro de 1910, quando
foi instaurada a república, até aquela ocasião, tivera nada menos
do que 9 presidentes. O conflito ocorreu entre os republicanos no
Norte e os bolchevistas no Sul, e culminou com a instituição do
Estado Novo em 1933 e o início do regime autoritário dirigido por
António de Oliveira Salazar, cujo poder se estendeu até 1968195. No
momento referido acima, no início de 1927, apesar das ameaças, os
crentes portugueses nada sofreram, além de prejuízos materiais. A
casa do Pastor Raul Pinto de Carvalhol96 foi atacada com granadas,
mas ele e os que com ele estavam ficaram ilesos, segundo seu pró-
prio testemunho:
A terceira granada furou a parede por detrás da minha estante de livros, os
quais, como a estante, ficaram reduzidos a migalhas. As pessoas que têm verifi-
cado os estragos feitos na minha residência são unânimes em dizer que só por
um milagre é que as pessoas que estavam em casa escaparam. Às minhas Bíblias
que estavam na estante que foi destruída, nada lhes aconteceu. A Bíblia que
a Igreja do Meyer me ofereceu quando fui consagrado, estava dentro de uma
caixa de papelão, sendo esta destruída, mas a Bíblia ficou intacta!"

I"' CARVALHO, Raul Pinto de. Convenção Baptista Brasileira: aos mensageiros à sua l& reunião.
O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 27, n. 1, p. 7, 06 jan. 1927.
"4 MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: o clamor das almas. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 27, n. 30, p. 9, 28 jul. 1927.
PORTUGAL. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 06 out. 2008.
CARVALHO, Raul Pinto de. A Revolução em Portugal: soccorro na angustia. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 27, n. 11, p. 13, 17 mar. 1927.
Manoel Avelino de Souza197, que esteve em Portugal como emis-
sário da JME para conhecer a situação dos batistas ali após a cisão
com a Associação do Texas, escreveu sobre a revolução:
De fato é impossível descrever os horrores de tal revolução, que se espalhou
por quase todo o país. [...1 Enquanto no norte a revolução era feita pelos repu-
blicanos, com o fim de salvar a República da ditadura, em Lisboa o elemento
bolchevista influiu grandemente, chegando a levantar sua bandeira de miséria
e de horror! Eis a razão porque se no norte o povo lamentava a derrota revo-
lucionária, no sul davam-se graças ao Governo pela vitória completa contra a
revolução.

Foi também em 1927, no momento em que os representantes da


CBB, O. P Maddox e Manoel Avelino de Souza, estavam visitando Por-
tugal, que o pioneiro do trabalho batista no país, Joseph Jones, esteve
muito enfermo, condenado pelos médicos à morte. Mas Deus agiu no
momento certo, levantando-o do leito. Antonio Maurício198 narra com
emoção o que aconteceu:
Estava eu em viagem com os irmãos Maddox e Avelino pelo país, quando recebi
a triste nova que o irmão Jones se encontrava muito doente, levando já inje-
ções de cânfora. Assim que regressei a Porto procurei-o, mas tal o seu estado
que nem pôde receber-me. [...1 Voltei no dia imediato com o médico, e este
me disse depois da visita: 'O sr. Jones está como uma lamparina a que falta o
azeite, e que pouco a pouco vai morrendo!' Não havia mais esperança segundo
a ciência. Nessa noite fizemos orações por ele no Tabernáculo, e no dia ime-
diato ainda o seu estado era angustiante. [...1 O povo do Senhor continuava a
pedir-Lhe a vida e assim chegou a quarta-feira e o doente parecia piorar a cada
instante! À noite, reuniu-se a igreja em oração passando-se assim todo o culto, e
quando na manhã da quinta-feira perguntamos pelo telefone, a resposta foi que
o moribundo, como por todos já era considerado, estava a reviver! MILAGRE!
O irmão Jones estava salvo!

Mais uma vez Deus agiu para que a vida de um servo seu se pro-
longasse por mais alguns dias, para a sua glória. Jones veio a falecer
pouco mais de um ano depois, em 19 de julho de 1928, com quase
80 anos de idade. Sendo filho de britânicos, ele se converteu aos 23
anos de idade por instrumentalidade de suas irmãs em Portugal, e se

197 SOUZA, Manoel Avelino de. Nossa viagem a Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
27, n. 23, p. 11, 09 jun. 1927.
'9" MAURICIO, Antonio. O evangelho em Portugal: a vitória da fé. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 27, n. 25, p. 19, 23 jun. 1927.
dirigiu a Londres, onde foi batizado pelo irmão de Charles H. Spur-
geon, no Tabernáculo Batista, após mensagem proferida por Jorge
Müller. Sobre a igreja que ele fundou no Porto em 1888, e sobre sua
adesão à cooperação dos batistas brasileiros em 1908, já houve re-
lato em páginas anteriores. Também já são conhecidas a sua libera-
lidade e sua disposição em deixar de ser pastor e se tornar diácono,
com serviços inesquecíveis à Causa de Deus em Portugal. Apesar de
ser comum fazer elogios a pastores e diáconos que partiram para a
presença de Deus, o que Antonio Maurício199 escreveu sobre Jones
vai muito além do corriqueiro, pois demonstra a riqueza do legado
deixado por esse servo de Deus a seus pósteros:
Foi o primeiro homem que em Portugal pregou o evangelho em sua pureza.
[...1 Perdeu a Convenção Batista Portuguesa o maior dos seus obreiros, o seu
tão respeitado Presidente Honorário; perdeu a Primeira Igreja Batista do Porto,
a sua coluna mais inabalável, e perdemos nós o melhor conselheiro, um dos
melhores amigos, o mais humilde dos servos de Deus que tínhamos na igreja.
Durante o nosso pastorado nunca encontramos um irmão que fosse mais fiel a
Deus, mais fiel à igreja, mais fiel aos pecadores e mais fiel ao seu pastor que
o verdadeiro fundador do trabalho batista em Portugal, o incansável diácono
Joseph Jones.

Depois de algumas indefinições sobre o Dia de Missões Estrangeiras,


foi ratificado na Convenção de 1928, como sendo o primeiro domingo
de setembro, "aproveitando-o para despertar e informar o povo de
Deus das necessidades reais do nosso Campo Missionário, levantando-
se nessa ocasião coletas extraordinárias e de verdadeiro sacrifício, a
favor da sacrossanta obra de missões"200. Apesar de muitas igrejas não
terem acatado esta data anteriormente, desde 1925 houve uma deter-
minação e a ação da Junta de Missões Estrangeiras, que esse fosse o seu
Dia Especial201.
Nos quatro primeiros meses de 1928, o pastor da Primeira Igreja
Batista de Lisboa, Paulo lrwin Torres, esteve no Brasil, visitando igrejas e

1 " Id. A bemaventurança do irmão Joseph Jones. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n.
36, p. 4 e 5, 06 set. 1928.
20 ' NASCIMENTO, Francisco; ALVES, Aureliano; MADDOX, O. P Parecer de Missões Estrangeiras.
Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1928,
P. 31.
201 COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio de maio. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 25,
n. 25, p. 12, 18 jun. 1925.
instituições e participando de reuniões na capital federal e nos estados
de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Per-
nambuco. Como resultado, houve a disposição dos batistas brasileiros
cooperarem com a construção do templo daquela igreja202. Também
nesse ano, após a Campanha do mês de setembro, foi saldado o alto
déficit da Junta que vinha rolando por algum tempo, e ainda ficou su-
perávit203.
Em 1929, a sede da Junta foi transferida para o Rio de Janeiro, tendo
em vista a mudança para aquela cidade do Executivo, Thomaz Lou-
renço da Costa204. A recessão, que partiu dos Estados Unidos nesse
mesmo ano, teve seus reflexos na Europa e no mundo inteiro. Antonio
Maurício205 escreveu de Portugal: "O mundo está em crise, sabe-o toda
a gente. A crise do Brasil é um reflexo da crise mundial, que igualmen-
te se faz sentir muito em Portugal". Assim nos anos de 1930 e 1931
houve muitas dificuldades para a JME manter o trabalho, que incluía o
sustento completo do missionário Maurício e quase que integral de oito
famílias e duas pessoas solteiras. Em março de 1931, nosso missionário
informa que foi obrigado "a reduzir 10% nos salários dos obreiros"206.
Enquanto isso ocorria, em 1930 os dois missionários da Associação Ba-
tista do Texas, Alberto Luper e João Jorge de Oliveira, se retiraram para
os Estados Unidos207.
Um acontecimento importante ocorreu em 1931, com a ida para
Angola do Pastor Manoel Ferreira Pedras e Justina das Dores Pedras,
como missionários da Igreja Batista de Valença. De certa forma, era
a continuidade do trabalho dos batistas brasileiros em Portugal. Ele se
converteu com o trabalho de Maurício, quando se encontrava como
preso político, ainda em 1923. Esteve degredado em Angola e mais
Id. Relatório de abril. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n. 20, p. 7, 17 maio 1928.
20 ' TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Glória! Glória! Aleluia! O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
28, n. 43, p. 3, 25 out. 1928.
214 MESQUITA, Antonio Neves de; TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Parecer sobre Missões Estran-
geiras. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil,
1929, p. 85.
277 MAURÍCIO, Antonio. Soldados heróis! O clamor dos perdidos! O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 31, n. 15, p. 6, 09 abr. 1931.
20 `' TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. O nosso trabalho em Portugal — situação afflictiva. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 15, p. 3, 09 abr. 1930.
207 NASCIMENTO, Francisco. Reunião da Junta. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 3,
p. 10, 15 jan. 1930.
tarde voltou para lá para pregar o evangelho. Retornou a Portugal por
motivo de saúde da esposa, e finalmente recebeu imposição de mãos
para o ministério pastoral em Valença e foi enviado como missionário
para onde estivera antes20II.
O cristão não é vencido pelos vendavais que muitas vezes nos as-
solam. Pelo contrário, eles ajudam a fortalecer o nosso caráter cristão.
Muito bem lembrou o apóstolo Paulo, que nem "tribulação, ou angús-
tia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada" poderá
separar-nos do amor de Cristo (Rm 8.35).

Novos entendimentos e progresso no trabalho


No final de 1931, Maurício visitou a Igreja de Viseu onde se con-
vertera, mas que naquela ocasião estava cooperando com a Associa-
ção do Texas. Como resultado da visita, ele informou que as desin-
teligências, que causaram separação entre as igrejas batistas ligadas
àquela entidade e as da Convenção Portuguesa, haviam terminado.
Maurício2°9 explica:
Combinou-se que houvesse a devida confraternização, embora cada igreja con-
tinuasse a cooperar com a sua Junta, auxiliando-se os obreiros mutuamente. [...1
Graças a Deus que as nuvens se dissiparam, brilhando agora o sol acalentador
do amor em Cristo, animando-nos em tarefa tão grandiosa.

No parecer da assembléia da CBB de 1932, houve demonstração de


alegria com a referida confraternização "de todas as igrejas batistas" de
PortugaI210, sendo repetida essa manifestação na assembléia de 1934:
"Que se registre em ata um voto de apreciação e júbilo pela confra-
ternização da família batista em Portugal"211. No relatório referente ao
ano de 1932, interessante nota é registrada pelo nosso missionário em
Portugal, sobre o progresso do trabalho:

208 MAURÍCIO, Antonio. Os primeiros missionários portugueses para a África. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 32, n. 5, p. 10, 04 fev. 1932.
2I" Id. O evangelho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 50, p. 9, 10 dez. 1931.
210 MEIN, João; UNDOSO, Lívio; PEREIRA, Lycurgo. Parecer sobre Missões Estrangeiras. Convenção
Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1932, p. 28.
2" PITROWSKY, Ricardo; MOREIRA, Victorino; ARAÚJO, Ernesto C. de. Parecer sobre Missões
Estrangeiras. Convenção Baptista Brasileira: actas e relatórios. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Baptista do Brasil, 1934, p. 22.
Nunca o trabalho batista teve tão grande progresso, nunca se apresentou tão
unido e com tão boa perspectiva como agora, e também pela graça de Deus,
ao festejarmos as bodas de prata [sic], a nossa denominação, a mais nova em
Portugal, alcançou o primeiro lugar quanto ao número de igrejas, de obreiros
e templos212 .

Curioso é que havia progresso no trabalho batista português em


1932, ano em que foi publicada a Constituição, cuja aprovação no ano
seguinte, resultou no Estado Novo. Com esses acontecimentos foi ini-
ciado em Portugal o regime autoritário de inspiração fascista, que teve
como principal articulador, António de Oliveira Salazar. Na ocasião,
Salazar atuava como primeiro-ministro, mas como foi antes menciona-
do, ele ficou à frente do governo português até 1968213. Entretanto, só
em 1976, após vários tumultos e tentativas de golpe, uma nova cons-
tituição devolveu liberdade ao país, quando António Ramalho Eanes
se tornou o primeiro presidente do país eleito por sufrágio universal.
Naqueles dias, Portugal foi considerado um dos mais pobres países da
Europa Ocidental, mas em 1986 conseguiu ser aceito na Comunidade
Econômica Européia (CEE), fato esse que contribuiu para a melhoria da
condição de vida do povo português e permitiu a circulação de novas
idéias e realizações214.
Depois dessa pequena digressão, para que se entenda a condição
do país durante um grande período da história portuguesa, retornamos
ao trabalho dos batistas em Portugal. No dia 30 de abril de 1933, final-
mente foi inaugurado o templo da Primeira Igreja Batista de Lisboa, cuja
construção vinha sendo realizada com dificuldade por alguns anos215.
O Seminário de Portugal, que iniciou em Viseu e depois foi transferido
para Porto, deixou de funcionar quando houve a separação das duas
missões que operavam no país, mas foi reorganizado em novembro

212 COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Bap-
tista Brasileira. Convenção Baptista Brasileira: actas e relatórios. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Baptista do Brasil, 1934, p. 60.
"' ANTONIO DE OLIVEIRA SALAZAR. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em:
<http:/pt.wikipedia.org>. Acesso em 11 out. 2008.
214 LOTA, Dinê René Delgado. Trabalho missionário batista brasileiro em Portugal de 1980 a

1991. 2006. 75 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Teologia), Seminário Teológico


Batista do Sul do Brasil, Rio de Janeiro, 2006, f. 18 e 19.
211 MAURÍCIO, Antonio. Convenção Baptista Portuguesa: relatório da direcção. O Jornal Baptis-
ta, Rio de Janeiro, ano 34, n. 47, p. 13, 22 nov. 1934.
de 1933, em Lisboa, com a direção de William L. Hatcher. Entretan-
to, Hatcher adoeceu logo mais, sendo obrigado a retornar aos Estados
Unidos em junho de 1934. Ele foi substituído na abertura das aulas,
em outubro, pelo pastor português Manoel J. Cerqueira, que também
assumiu o pastorado como titular da Primeira Igreja Batista de Porto,
indo Maurício para Leiria. Cerqueira já vinha por anos atuando como
pastor auxiliar naquela cidade e estudava na Universidade de Coimbra,
tendo sido convidado para, ao terminar o curso naquele ano, ensi-
nar na Universidade de Hamburgo, com salário quase seis vezes maior
do que receberia em Porto. Ele tudo recusou para continuar servindo
como diretor do Seminário'''. As prioridades dos servos de Deus não
têm sentido para o mundo, que considera loucura essa maneira de agir
do cristão (1Co 2.14). Antonio Maurício217 se regozijou com o sucesso
de Cerqueira como estudante, dizendo que ele "alcançou notas como
nunca ali alguém recebeu: distinção com louvor dos professores. O
exame dele foi um verdadeiro sucesso, que só honrou o evangelho".
Quando ainda não era comum aos pastores possuírem veículos, é
curioso que o Executivo da JME precisou defender o uso de carro, na
medida das possibilidades, para a realização da obra, explicando que
seria para facilitar o trabalho, tornando o transporte mais barato e a lo-
comoção mais rápida. Em O Jornal Batista de 08 de fevereiro de 1934,
Thomaz Lourenço da Costa deu explicações sobre a compra do pri-
meiro carro usado no trabalho de Missões Mundiais: um comerciante
brasileiro da Primeira do Rio estava em Portugal e ofereceu a Maurício
um veículo para que ele realizasse melhor o trabalho. A sua resposta foi
que desejava possuí-lo, mas não tinha dinheiro. O negociante mencio-
nou o preço módico para ser pago como quisesse, não precisando nem
mesmo passar documento algum. O comerciante falou: "O senhor não
é o Pastor Maurício? Então o negócio está fechado". Assim combinaram
detalhes sobre a entrega e "Maurício pagou em sete prestações de 500
escudos, pois a oitava o vendedor dispensou. Beleza!"218

2 ' 6 Id. Seminário Baptista Português. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 32, p. 7, 09

ago. 1934.
1Id. Coisas que animam. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 35, p. 7, 30 ago. 1934.
218 COSTA, Tomaz Lourenço da. Junta de Missões Estrangeiras da C. B. Brasileira. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 5, p. 10 e 11, 08 fev. 1934.
O período de maio de 1934 a junho de 1935, Antonio Maurício
passou no Brasil, onde sua atividade promocional teve resultados ex-
traordinários. Ele visitou 201 igrejas e pregou 397 vezes, percorren-
do 30.508 quilômetros219. Foram alcançados os estados do Amazonas,
Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os frutos foram imensos,
tendo as igrejas despertado para missões e surgido muitas novas voca-
ções. O missionário relata, dentre outras, a seguinte experiência:
Uma irmã queria fazer sua oferta, mas não tinha dinheiro. Pediu ao Senhor que
não deixasse terminar o dia sem que ela pudesse fazer a sua parte. Era quase
noite e nada tinha ainda recebido, quando entra no consultório em que traba-
lha alguém pedindo informações. A pessoa se retira, mas de repente volta e en-
trega àquela boa irmã vinte mil réis, que ela correu logo a entregar na Primeira
Igreja de São Paulo para que ela fizesse seguir o seu destino22°.

O casal Gobira
Em 1936, foram aceitos como novos missionários brasileiros em Por-
tugal Eduardo e Herodias Gobira 221, sendo ele baiano e ela fluminense.
Eles seguiram para o campo no mês de junho de 1937. Na ocasião,
belo testemunho foi dado sobre Eduardo Gobira pelo seu professor no
Seminário do Norte em Recife, Lívio Lindoso222 :
Ele é um incansável e dedicado obreiro, tipo inconfundível do chamado de
Deus, abundante no serviço, sincero na palavra, correto no trato, exemplar
no procedimento, hábil na pregação, brilhante na mente, espiritual como
obreiro e como crente, caráter sem jaça e irrepreensível.

Antes, no mês de maio de 1937, foi organizada por Antonio Maurí-


cio uma nova igreja em Chança, nas proximidades de Lisboa, que logo

219 MAURÍCIO, Antonio. 30 mil quilômetros no Brasil. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 36,
n. 36, p. 8, 03 set. 1936.
22 " Id. 30 mil quilômetros no Brasil. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 36, n. 35, p. 7, 27
ago. 1936.
2 " PITROWSKY, Ricardo. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Bra-
sileira. Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro: CPB, 1936, p. 38-40.
222 LINDOSO, Lívio. Apud SILVEIRA, Moysés. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1952,
p. 121.
mais foi pastoreada pelo
novo missionário. O casal
Gobira de início morou em
Abrantes, mas resolveu se
mudar para Castelo Bran-
co, cidade mais central e
que oferecia melhores con-
dições para a família. Ali foi
alugado um excelente salão
para realização dos cultos,
mas no momento em que
iria inaugurar, com a pre-
sença de irmãos que vieram de Lisboa, Leiria e outros locais, a polícia
proibiu a abertura ao público. Não adiantaram os apelos às autoridades
locais e ao Governador"'.
Havia na ocasião dois casais de missionários no país, mais oito pas-
tores, um evangelista e seis pregadores auxiliares, além do casal nor-
te-americano William e Helena Hatcher224, que trabalhava de forma
independente também como missionários. Contudo, a situação da
Junta em 1938 e 1939 foi muito difícil, a ponto de haver atraso no
envio das verbas, gerando, principalmente da parte dos trabalhadores
da terra, situações quase chocantes225. Contudo, em apelos feitos ao
povo brasileiro, o ex-Executivo Thomaz Lourenço da Costa lembrou
que a evangelização de Portugal era um glorioso privilégio dos batistas
brasileiros, reconhecido pela Aliança Batista Mundial e pela Junta de
Richmond226.
Antonio Maurício foi aos Estados Unidos em 1939, sendo ali sur-
preendido pelo início da Guerra, que dificultou seu regresso imediato
a Portugal. Nesse ínterim, recebeu proposta para se demorar em Lou-

'"; MAURÍCIO, Antonio. Missionários Gobira. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 38, n. 31,
p. 8, 04 ago. 1938.
"4 NASCIMENTO, Francisco. Informações sobre o trabalho Baptista em Portugal. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 37, n. 32, p. 3, 12 ago. 1937.
223 CARVALHO, Raul Pinto de. Quase sucumbidos. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 39, n.
12, p. 13, 23 mar. 1939.
226 COSTA, Thomaz Lourenço da. Às igrejas batistas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 39,
n. 26, p. 10, 29 jun. 1939.
isville, a fim de concluir seu curso de doutorado em Teologia, no que
teve consentimento da Junta, devendo retornar em maio ou junho do
ano seguinte. Com a sua ausência, o trabalho em Portugal ficou a cargo
de vários irmãos, que em harmonia com a Junta resolveram com todo
amor atender às necessidades mais urgentes227 . Na realidade, o período
nos Estados Unidos foi prorrogado, pelo que o retorno de Maurício só
ocorreu em novembro de 1940, após 16 meses de intensos estudos228.
Eduardo Gobira, que estava em Chança, mudou para Porto em 1939,
a fim de ensinar no Seminário. Infelizmente, em dezembro desse ano
foi acometido de súbita enfermidade, que mais tarde foi comprovada
ser de caráter psiquiátrico. Isso o levou para tratamento especial em
um dos hospitais de Porto, ficando ali por cerca de um ano, quando,
finalmente, foi providenciado o seu retorno ao Brasil, onde só chegou
em 1941. Na ocasião, sua esposa, Herodias Gobira, ficou com a res-
ponsabilidade de fazer trabalho de promoção entre as igrejas no Brasil.
Conseguiu-se, para o missionário Gobira, internamento em uma boa
casa de saúde em Jacarepaguá, na especialidade de sua enfermida-
de229 . É lamentável que a pertinaz doença que o acometeu persistiu
até o seu falecimento, ocorrido em 02 de janeiro de 1952 230. Como
será visto adiante, Herodias permaneceu fiel aos ideais da JMM até o
final de sua vida, voltando mais tarde a colaborar diretamente como o
trabalho missionário.

Atritos e pacificação
Ainda em 1941, a Junta tomou várias resoluções, visando ao desen-
volvimento do trabalho em Portugal. Entre elas, o missionário Maurício
foi orientado a se envolver somente com o trabalho de evangelização,

NASCIMENTO, Francisco. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista


Brasileira, referente ao ano de 1939. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios, pareceres etc.
Rio de Janeiro: CPB, 1940, p. 49 e 50.
'2 " MELO, Pedro Gomes de; NASCIMENTO, Francisco. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras
da Convenção Batista Brasileira, referente ao ano de 1940. Convenção Batista Brasileira: atas,
relatórios, pareceres etc. Rio de Janeiro: CPB, 1941, p. 115.
22 ' MONTEIRO, Walfrido. Importante reunião da Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 41, n. 13, p. 2, 27 mar. 1941.
2 ") CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 355, 1952, Recife, ata da 12á sessão. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1952, p. 20.
sem se preocupar com questões administrativas e financeiras, ficando
essas com a responsabilidade da Convenção Batista Portuguesa. Outra
resolução estava ligada à política de pedidos de auxílio à Associação
Denominada Batista do Rio de Janeiro para compra de propriedades
ou construções, devendo cada pedido vir das igrejas por intermédio da
Convenção em Portugal231.
No relatório apresentado à assembléia da CBB em 1942, foi expli-
cado que o afastamento de Maurício das atividades administrativas
"não foi ditada por qualquer ato menos honesto que tenha praticado
aquele irmão, e sim tendo em vista o progresso da Causa do Senhor
ali"232. Entretanto, tendo em vista o acirramento de problemas de re-
lacionamento existentes no campo e o fato de Maurício não ter "aca-
tado devidamente as determinações e a autoridade da Junta", houve a
resolução em maio de 1942 de que ele fosse "exonerado do cargo de
missionário"233 . Apesar dessa decisão, resolveu-se manter o seu salário
até ocasião oportuna, pelo que ele continuou recebendo aquele valor
até a sua aposentadoria pela Junta de Beneficência da CBB, que só
ocorreu em 1946234. Maurício vinha servindo como missionário da JME
desde 1920.
Tendo em vista as dificuldades geradas pela Segunda Guerra Mun-
dial, não houve assembléia da CBB nos anos de 1943 e 1944, voltando
a se reunir apenas em janeiro de 1945, no Rio de Janeiro. Nessa as-
sembléia, o assunto referente ao missionário Antonio Maurício voltou à
pauta, sendo apoiada a decisão da Junta feita anteriormente em 1942.
Como resultado do que estava acontecendo, o parecer sobre Missões
Estrangeiras apresentou a proposta para não mais nomear missionários
naturais da terra onde o trabalho é realizado235 . A proposta foi aprova-

2 " PITROWSKY, Ricardo. Resoluções da Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de

Janeiro, ano 41, n. 34, p. 1 e 2, 21 ago. 1941.


2 '2 NASCIMENTO, Francisco. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista

Brasileira, referente a 1941. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios, pareceres etc. Rio de
Janeiro: CPB, 1942, p. 83.
PITROWSKY, Ricardo. Novos horizontes da Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 42, n. 24, p. 6, 11 jun. 1942.
2“ SILVEIRA, Moysés. Relatório n. 8 — Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 31

assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1947, p. 54.


2 '' CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 29-4, 1945, Rio de Janeiro, ata da 6a sessão. Convenção
Batista Brasileira. Rio de Janeiro: CPB, 1945, p. 26.
da após longa discussão236. Essa decisão teve validade pelo menos até
1952, quando os relatórios voltaram a falar sobre missionários da terra.
Quanto a Maurício, anos mais tarde, em 1959, ele recebeu da JME o
título de Missionário Emérito e em 1965, foi eleito Presidente de Honra
da Convenção Batista Brasileira. Isso aconteceu em reconhecimento
ao grande trabalho por ele realizado como missionário por 22 anos,
e à sua disposição para continuar servindo a Deus da melhor maneira
possível em sua terra. Mais uma vez o espírito de conciliação voltou a
prevalecer, graças à atuação de homens que, à semelhança de Barnabé,
deram ênfase às qualidades positivas daqueles que servem a Deus.
Ainda na Convenção de 1945, foi decidido que a partir do ano se-
guinte os dias especiais dedicados às duas juntas missionárias seriam
trocados, aproveitando-se a semana da pátria para comemorar Missões
Nacionais. A sugestão, com apoio dos executivos das duas juntas, partiu
do missionário norte-americano Roberto Elton Johnson, sendo aceita
sem discussão pela assembléia convencional237. Assim, em 1946, o se-
gundo domingo de setembro passou a ser o Dia de Missões Nacionais
e o segundo de março, de Missões Estrangeiras238, como acontece até
o presente.
Enquanto isso ocorria no Brasil, em Portugal houve a tentativa, em
1945, de se promover uma nova reconciliação e volta à fraternidade
dos obreiros em Portugal. O assunto foi muito bem recebido pelos bra-
sileiros na assembléia convencional de 1946239, onde compareceu o
Pastor Antonio Maurício, sendo muito bem recebido. Segundo os rela-
tórios sobre Missões Estrangeiras nessa assembléia, houve a informação
do espírito de conciliação em Portugal, comprovado com o fato de João
Jorge de Oliveira, missionário da Associação do Texas, ter sido o orador
na reabertura das aulas do Seminário Batista Português em Porto, em
novembro de 1945240.

2 '6 Ibid., ata da 9á sessão, p. 33.


247 Ibid., p. 35.
2 "' MUDADO o Dia de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 46, n. 1, p.
3, 03 jan. 1946.
QUEIROZ, Erodice de; BAGBY, Tecê; CHARLES, Antonio. Parecer sobre Missões Estrangeiras.
Convenção Batista Brasileira: 30?- assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1946, p. 11.
24" REABERTURA das aulas do Seminário Batista Português. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
46, n. 1, p. 3, 03 jan. 1946.
Os acontecimentos ligados à conciliação em Portugal continuaram
vivos, pelo que em 15 de janeiro de 1946, as duas convenções que
existiam no país resolveram se unir na União Batista de Portugal, ten-
do sido extinta a Convenção Batista Portuguesa, com a qual a Junta
de Missões Estrangeiras da CBB mantinha cooperação. A informação
recebida no Brasil foi que todos os pastores de Portugal concordaram
com o acontecimento, menos um, tendo 11 igrejas participado do
novo órgão.
Com as notícias acima, a JMM resolveu entrar em entendimento
com a União Batista de Portugal, para ter total conhecimento dos fa-
tos, antes de uma decisão quanto à continuação da cooperação com
as igrejas portuguesas, considerando também que a Junta dos Batistas
Conservadores (The Conservative Baptist Foreign Mission Society), com
sede em Chicago, decidiu trabalhar em Portugal241, tendo iniciado ali
atividades desde 1943. Esta intromissão no campo português, sem pré-
vio entendimento com os batistas brasileiros que ali já trabalhavam por
três décadas, levou a Junta a demonstrar a sua estranheza, embora com
disposição de dialogar, contribuindo assim para que o trabalho conti-
nuasse em harmonia. Essa posição foi aprovada na assembléia da CBB
realizada em janeiro de 1947, em Recife, com os seguintes dizeres:
"Seja dado pleno apoio desta Convenção ao modo prudente como se
vem conduzindo a Junta, recomendando-se que ela prossiga em seus
esforços para obter um entendimento claro e satisfatório com a referida
Sociedade"242.
Durante o mesmo ano, foi aprovada pela Junta as Novas Bases de
Cooperação com os batistas portugueses, decidindo dentre outros
itens: (1) que a cooperação deixava de ser de caráter provisório; (2)
recomendar que as igrejas e obreiros da Convenção Batista de Portugal
evitassem polêmicas ou atitudes prejudiciais ao espírito de fraternidade
com batistas ligados a outras agremiações, devendo se consagrar mais
ao evangelismo, doutrinamento e oração, tentando unificar o trabalho.
O acordo proposto foi aceito a 11 de setembro pela assembléia da

ATIVIDADES batistas em Portugal. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 46, n. 12, p. 1, 21
mar. 1946.
2 '2 LINDOSO, Lívio; JOHNSON, L. L.; SILVA, João Norberto da. Parecer n. 7 — Missões Estrangei-
ras. Convenção Batista Brasileira: 31?- assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1947, p. 21.
Convenção Batista de Portugal243, e aprovado pela assembléia da CBB
em janeiro de 1948, com a recomendação: "Que a Junta prossiga o seu
trabalho segundo 'As bases de cooperação reafirmadas',244. Deve ser
mencionado que, mais tarde, em 07 de outubro do mesmo ano, houve
uma reunião de pacificação muito proveitosa para o trabalho em Portu-
gal, entre os pastores Antonio Maurício e Manoel Cerqueira245.

Novos planejamentos e considerações


Tendo em vista que Angola era uma extensão do trabalho dos batistas
portugueses, embora recebesse a cooperação da Sociedade Missionária
Batista Britânica, foi muito bem recebido pela assembléia da CBB de
1949 o convite para que os batistas brasileiros cooperassem com aque-
la Sociedade no trabalho já iniciado em Angola246. Como já menciona-
do, desde 1931 atuava ali o casal português, Manoel Ferreira Pedras e
Justina das Dores Pedras.
Uma longa carta foi escrita em 26 de agosto de 1948 pelo represen-
tante oficial da Sociedade Missionária de Londres, H. R. Williamson,
em resposta à correspondência enviada pelo Executivo da JME, Moysés
Silveira. Na missiva, eram dadas explicações minuciosas sobre a So-
ciedade (BMS), sua política de sustento missionário e a maneira como
trabalhava, além de propor um convênio com a JME para o possível
envio de missionários brasileiros para Angola. Há também uma explica-
ção sobre o casal de missionários, Pedras, e o seu sustento pelas igrejas
batistas portuguesas247.
No relatório referente aos anos de 1949 e 1950, são elucidados os
critérios a serem usados para os missionários recomendados pela JME

»' SILVEIRA, Moysés. Relatório referente ao ano de 1947. Convenção Batista Brasileira: 324
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1948, p. 56-58.
' 4 PAULA, José Francisco de; MacNEALY, Walter B.; OLIVEIRA, Antônio Ambrósio de. Parecer
sobre a Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 324 assembléia anual. Rio
de Janeiro: CPB, 1948, p. 110.
24' SILVEIRA, Moysés. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1949, p. 57 e 58.
SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
m' JUNTA DE MISSOES MUNDIAIS, atas. Livro 5, f. 92 e 93v, 10 abr. 1953.
para trabalharem na Angola: "Entrarão no mesmo pé de igualdade dos
missionários ingleses, com os mesmos vencimentos e regalias. [...] Ao
fim de dois anos, se convier a ambas as partes a efetivação, os obrei-
ros passarão à categoria de associados da So-
ciedade Batista Missionária de Londres"248.
Também há explicação sobre a forma como
a JME ajudava o trabalho: "Em Portugal, além
do auxílio a cada igreja para pagamento de
seus obreiros, ajudamos na manutenção de
várias missões e no aluguel de casas de culto,
e boa verba é destinada para o sustento do
Seminário Batista" 249 .
Em 25 de outubro de 1953, seguiu para
Portugal o novo casal de missionários, Hélcio
da Silva Lessa e Odete Faria Lessa250, fato esse
que se tornou um marco, pois por 15 anos
não havia missionários brasileiros naquele
Hélcio da Silva Lessa, país251. Na ocasião havia em Portugal 22 igre-
missionário em Portugal
jas com 1.520 membros, 16 pastores da terra
entre 1953 e 1962
e 7 missionários norte-americanos252. O casal
Lessa se propôs em fazer ali um trabalho de
aglutinação dos batistas, que ainda tinham resquícios das diferenças
que os levou à divisão do trabalho.
Em 1954 foi aprovado um Plano Qüinqüenal para o trabalho coo-
perativo em Portugal, que dentre outros itens incluía o envio de mis-
sionários às colônias portuguesas na África, Angola e Moçambique, e
a nomeação de dois novos casais de missionários para o continente253.

218 QUEIROZ, Emanuel Fontes de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente a 1949 e
1950. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1951, p. 71.
Id. Até os confins da terra. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 51, n. 2, p. 6, 10 jan. 1951.
23" DESPEDIDA. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 53, n. 49, p. 8, 03 dez. 1953.
"' ZAMBROTTI, Raphael. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente ao ano de 1952.
Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, p. 95.
NOSSA parte na conquista do mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 54, n. 4, p. 4 e
5, 28 jan. 1954.
23 ' ZAMBROTTI, Raphael. Relatório das atividades da Junta de Missões Estrangeiras da Conven-
ção Batista Brasileira, referente ao ano de 1954. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e
pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 115.
A JME foi autorizada pela assembléia convencional de 1955 "a en-
trar em contato com a Junta de Richmond, para que esta estudasse
a possibilidade de considerar Portugal como campo de trabalho"254 .
O pensamento não era entregar o trabalho
àquela entidade, mas ampliá-lo, tendo em
vista a extensão do campo.
Apesar da JME ter nomeado o primeiro
casal de missionários em Portugal apenas
em 1911, pode-se considerar que os ba-
tistas brasileiros iniciaram suas atividades
nesse país ainda em 1908, quando Zaca-
rias Taylor para lá seguiu como emissário da
CBB. Como visto anteriormente, na ocasião
Taylor orientou a organização da chamada
Primeira Igreja Baptista Portuguesa. Nos
quase três anos que se seguiram, a colabo-
ração brasileira foi muito limitada, até que
João Jorge de Oliveira e esposa iniciaram
suas atividades como missionários. Os 47
primeiros anos de trabalho foram repletos
de encontros e desencontros envolvendo lí-
deres e igrejas, além de crises políticas e sociais e as duas grandes
guerras. Não obstante tal conjuntura, o Senhor foi fiel e fez a multi-
plicação do seu povo na terra dos nossos pais. Na realidade, a graça
superabundante de Deus que excede todo o entendimento e que
não leva em conta as falhas humanas, se fez presente, levando os
batistas brasileiros a prosseguirem com novas metodologias, mesmo
com a colaboração importante dos batistas do Sul dos Estados Uni-
dos. É isso que será visto nos itens referentes a Portugal em capítu-
los que seguem. A terra de nossos pais continuou no coração dos
batistas brasileiros, que expandiram o seu trabalho no mundo, ao
cumprir a ordem deixada por Jesus.

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 38a, 1955, Porto Alegre, ata da 10' sessão. Convenção
2 '4

Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 35.
4. Atravessando as fronteiras na América do Sul
A Bolívia não tem litoral e concentra no seu território uma população
de condições sócio-econômicas precárias, sendo considerada um dos
mais pobres e menos desenvolvidos países da América do Sul. Apesar
disso, ela possui a segunda maior reserva de gás natural do continente.
A população é predominantemente indígena ou de origem indígena,
pelo que a cultura tem forte influência inca, inclusive na religião. O
trabalho batista na Bolívia data de 1898, através dos batistas do Canadá
que atuaram na região ocidental. O Oriente Boliviano só teve trabalho
*batista a partir da década de 1940255.

A JMN alcança a Bolívia


A primeira notícia da atuação de batistas brasileiros em território
boliviano é de 1913, quando o missionário da Junta de Missões Nacio-
nais (JMN), Pedro Sebastião Barboza, sustentado pela Igreja Batista de
Corumbá, Mato Grosso, atravessou a fronteira e pregou o evangelho
tanto na Bolívia como no Uruguai256. Bem mais tarde, no início de
1942, houve a primeira sugestão para que os batistas brasileiros abris-
sem trabalho em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, feita pelo Executi-
vo da Junta de Missões Nacionais, Lewis Malen Bratcher257. Em 1943,
surgiu outro artigo, focalizando a Bolívia como novo alvo para a ação
missionária dos batistas brasileiros, quando em carta, João Filson Soren
demonstrou o desejo de que a Primeira Igreja Batista do Rio fosse a
primeira a arcar com o sustento de um missionário na Bolívia258.
Em fevereiro de 1942, há uma nota conjunta assinada pelos pre-
sidentes da Junta de Missões Nacionais (JMN) e Junta de Missões
Estrangeiras, no sentido de uma cooperação entre as duas agências
GOMES, Aldair Ribeiro. A obra feminina missionária na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 82, n. 13, p. 6, 28 mar. 1982.
OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de Oliveira. Desafios e conquistas missionárias: 100 anos da
Junta de Missões Nacionais da CBB. Rio de Janeiro: Convicção, 2007, p. 35. Ver também EDWAR-
DS, Francis Marion. Junta de Missões Nacionais. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro:
CPB, 1914, p. 29.
PITROWSKY, Ricardo. Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 43, n. 30,
p. 5, 29 jul. 1943.
2 "" SOREN, João Filson. Bolívia — o novo alvo de ação missionária. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 43, n. 3, p. 3, 13 maio 1943.
missionárias259. Logo mais, em 1943, tendo o missionário Fausto de
Vasconcelos260, da Junta de Missões Nacionais (JMN), iniciado por
extensão de sua atividade em Corumbá, Mato Grosso, um trabalho
na cidade de El Carmen, na fronteira boliviana, chegou-se à con-
clusão de que aquele campo deveria estar sob a responsabilidade
de Missões Estrangeiras. Contudo, sendo o missionário consultado
sobre a possibilidade de trabalhar com aquela Junta, ele optou em
continuar com Missões Nacionais, pelo que o trabalho iniciado foi
entregue à JME261.
O novo Executivo interino de Missões Estrangeiras, Pedro Gomes262,
escreveu sobre a sessão da Junta em 20 de maio de 1943: "Dada a
boa vontade da Junta de Missões Nacionais confiar à de Missões Es-
trangeiras a direção dessa atividade, está sendo estudada a possibili-
dade da ampliação desta obra". E o Pastor Fausto de Vasconcelos263
explicou sua posição: "Estou inteiramente de acordo com a combi-
nação feita com a Junta de Missões Estrangeiras quanto ao trabalho
de Deus na Bolívia. Enquanto não vier o obreiro para dedicar todo
tempo, iremos fazendo o trabalho, se bem que imperfeitamente". Na
realidade, o missionário Fausto continuou fazendo viagens à Bolívia,
numa demonstração de grande amor e desprendimento à obra, en-
quanto aguardava a ida de um missionário permanente para aquele
campo. Após uma dessas viagens em 1944, Fausto264 escreveu:
Tem esta por fim comunicar-lhe que estive na Bolívia de 26 a 30 de março. [...1
Fiz muitas visitas evangelísticas, inclusive ao hospital, onde preguei aos doentes
e distribuí literatura. Um guarda-freios decidiu aceitar Jesus como Salvador e

'" BRATCHER, L. M. Notas animadoras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 42, n. 9, p. 6, 26
fev. 1942.
20° Fausto de Vasconcelos aqui se refere ao ex-missionário da Junta de Missões Nacionais, hoje na
presença do Senhor. Seu filho, Fausto Aguiar de Vasconcelos, foi presidente da Convenção Batista
Brasileira por oito vezes, e desde 2006, tem assumido função de alto nível na sede da Aliança
Batista Mundial.
2 ' JUNTA DE MISSÕES NACIONAIS, atas, livro 5, 12 jun. 1943. Cf. OLIVEIRA, Zaqueu Moreira
de. Desafios e conquistas missionárias, p. 64.
2 '2 COMES, Pedro. Resumo dos trabalhos da reunião plenária de 20 de maio p. p. O Jornal Ba-

tista, Rio de Janeiro, ano 43, n. 24, p. 4, 17 jun. 1943.


VASCONCELOS, Fausto de. Primeiras atividades dos batistas brasileiros na Bolívia. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 43, n. 30, p. 3, 29 jul. 1943.
Id. Sensível progresso da obra batista na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 44, n.
16, p. 4, 20 abr. 1944.
prometeu segui-lo fielmente. Os outros crentes estão firmes e deverão ser bati-
zados dentro de pouco tempo".

Cerca de 40 anos depois, Fausto de Vasconcelos265 deu algumas


explicações em O Jornal Batista sobre o que aconteceu na oca-
sião:
Iniciei um trabalho de evangelização entre os operários da Estrada de Ferro
Brasil—Bolívia.1...1Minha primeira viagem foi em outubro de 1942, em trem de
carga, indo até El Carmen, onde foi iniciado o trabalho. Viajava mensalmente.
Os ouvintes eram brasileiros e bolivianos e o trabalho foi feito até maio de
1944. Fui convidado para ser o primeiro missionário na Bolívia, mas não foi
possível aceitar em virtude da saúde da esposa. O meu pequeno e humilde
trabalho aumentou o interesse da Junta de Missões Estrangeiras e despertou o
povo batista para a evangelização daquele povo vizinho.

O relatório, referente ao trabalho da JME no ano de 1943, informa


que além do trabalho do pastor Fausto, havia outros no norte da Bolívia
e no Paraguai, sendo este através do Pastor Vilarinho, de Ponta Porã266.
Mais especificamente, O Jornal Batista noticia que o Pastor Enoque
Medrado, missionário da JMN no vale amazônico, esteve pregando em
Porto Sucre, Bolívia com resultados promissores. Entretanto, todas as
atividades de missionários da JMN no exterior ficaram de ser repassadas
para a JME'.

O trabalho pioneiro dos Motta


Em junho de 1945, o Executivo da JME fez uma viagem muito pro-
veitosa à Bolívia, sondando as condições para os batistas brasileiros
realizarem ali um trabalho missionário, concluindo que Santa Cruz
de la Sierra seria um ponto estratégico para o início dessa obra268. Na
assembléia convencional de janeiro de 1946, Waldomiro de Souza
Motta e Lygia Lobato de Souza Motta se apresentaram como candi-

"' Id. O trabalho batista na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 82, n. 26, p. 2, 27 jun.
1982.
SILVEIRA, Moysés. Síntese do relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras, referente a
1943. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1914, p. 3 e 4.
VASCONCELOS, Fausto de. Primeiras atividades dos batistas brasileiros na Bolívia. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 43, n. 30, p. 3, 29 jul. 1943.
'" SILVEIRA, Moysés. Junta de Missões Estrangeiras: relatório referente a 1945. Convenção Batis-
ta Brasileira: 30a assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1946, p. 66 e 67.
datos para o trabalho na Bolívia, sendo
nomeados pela Junta no dia 26 de abril
do mesmo ano269 . Eles seguiram para o
campo três meses depois, na certeza
de que o Senhor haveria de orientá-los
naquela missão pioneira.
Waldomiro de Souza Motta e sua
esposa foram os primeiros missionários
nessa nova fase de trabalho da Junta
de Missões Mundiais. Ele nasceu em Waldorniro de Souza Motta
Lobato de Souza Mata,
1922. Ainda seminarista, casou-se em pioneiros na Boi
1941 com a grande serva de Deus, Ly-
gia Lobato de Souza. Após três anos no
abençoado pastorado da Igreja Batista em São Caetano do Sul, São
Paulo, o chamado missionário que já existia voltou a incomodar. Lygia
Motta279 comenta: "A Igreja ainda tentou dissuadir, pois estávamos lá
por um período relativamente curto e a Igreja estava crescendo. Mas o
chamado foi muito mais forte". A JME só estava esperando que se apre-
sentasse um obreiro a fim de realizar o trabalho dos batistas brasileiros
na Bolívia, quando por ocasião da Convenção de 1946, após apelo do
Secretário Executivo Moisés Silveira, Waldomiro se apresentou timida-
mente para aquela tarefa. Conforme referido antes, ele partiu no mes-
mo ano, juntamente com a esposa e os três filhos do casal, Creuzinha,
Paulinho e Rozélia, de três, dois e um ano de idade respectivamente,
além de um no ventre da mãe. Viajaram inicialmente por terra até Co-
rumbá em Mato Grosso, e de lá até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia,
de avião'''.
As dificuldades encontradas pelos Motta ao chegarem são incríveis, a
partir da falta de local adequado para se hospedarem. Como a comu-
nicação era difícil, o primeiro salário só foi recebido seis meses depois

"'"' Id. Dia de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 46, n. 19, p. 7, 09 maio
1946.
'7" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
27 Id. Quando se serve ao Deus vivo. Rio de Janeiro: Autora, s.d., p. 31 e 32. Há divergências
de datas entre os documentos da época e o livro citado aqui, mas usamos no texto as datas dos
documentos da ocasião.
que estavam no campo. Mas em nenhum momento Deus deixou de
providenciar o necessário para a família. Sem que conversassem com
alguém sobre o assunto, o Senhor tocou no coração de um missionário
norte-americano, que entregou ao Pastor Waldomiro cinco mil boli-
vianos. Na ocasião, esse valor era equivalente a dois meses do salário
mensal que recebiam272.
A situação dos missionários se complicou ao ocorrer um movimento
revolucionário na cidade. No momento mais crítico, quando o missio-
nário percebeu que estavam arrombando tudo no hotel, ele se ajoelhou
e orou, pedindo a proteção divina e principalmente que Deus guardas-
se a esposa e as crianças, para que essas não acordassem assustadas. No
dia seguinte, Creuzinha perguntou se a Revolução já tinha ido embora,
dizendo que havia ouvido o pai em sua prece e, por isso, dizia ela: "Eu
não acordei" (!!!). Mais tarde Waldomiro Motta273 escreveu sobre o
grande livramento de Deus naquela noite, segundo o que ele ouviu na
manhã do dia seguinte:
Bateram à nossa porta. Era a senhora do gerente. Trêmula e aflita, explicou
que levaram tudo, nem sequer deixaram uma xícara sobrar para se tomar café.
1...1 E ela não tinha explicações como pouparam o hotel e, mais ainda, como
não entraram em nosso quarto. Haviam procurado seu esposo até debaixo da
cama. 1...1 Um senhor, hóspede do hotel que estava de pijama, pois roubaram
todos os seus pertences, explicou-nos o que acontecera. Dois varões vestidos de
ternos brancos se postaram um à direita e outro à esquerda da porta de nosso
quarto. Impediram a invasão ao nosso dormitório dizendo: "Não entrem neste
quarto. Aí está uma família brasileira e a senhora está muito enferma. Qualquer
coisa que lhe acontecer poderá trazer dificuldades diplomáticas com o Brasil
e prejudicar a causa da revolução". Quando intentaram entrar pela janela, os
mesmos desconhecidos impediram a depredação. O curioso é que ninguém os
vira antes, nem tampouco foram vistos depois daquelas tristes ocorrências. A
explicação que não podia ser compreendida por eles está na Bíblia: "O anjo do
Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra" (SI 34.7).

O início do trabalho do casal Motta na Bolívia foi muito abençoado,


mas difícil em virtude das perseguições e escassez de recursos, além das
grandes distâncias e transporte precário, causando longos períodos para

2- = Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de
Janeiro, 13 set. 2007.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: um grande livramento. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 4, p. 19, jan./mar. 1967.
o deslocamento entre os vários locais onde se realizava a obra. Den-
tre outras experiências nestes dias iniciais, relata o missionário como
os bêbados propositadamente atrapalhavam os cultos. Diz Waldomiro
Motta274 o que aconteceu em uma dessas ocasiões:
Eu estava pregando, quando chegaram vários bêbados, o que não falta aqui e
se puseram a cantarolar na nossa porta. O mesmo velho que se tornara amigo
da Creuzinha entrou fumando e fazendo barulho. [...I. Lígia começou a orar e
Creuzinha abaixou a cabeça, pedindo a Deus que nos livrasse. Deus respondeu
na mesma hora a petição de nossa filhinha. O velho ficou comportado em seu
lugar e os outros bêbados, na rua, por incrível que pareça, se ajoelharam na
calçada e quietos escutaram o sermão que eu pregava.

Outra experiência é relatada por Waldomiro, quando um bêbado


o interrompeu e perguntou com que autoridade ele estava pregan-
do. Impressionante é que, segundo suas próprias palavras, ao chegar
à Bolívia, Waldomiro era um homem "de 27 anos de idade, um me-
tro e 56 centímetros de altura, magro, pesando 57 quilos"275. Mas a
resposta ao bêbado foi contundente: "Agarrei-o bem firme nos dois
braços e obriguei-o a sentar-se gritando no seu ouvido: 'com a auto-
ridade que me foi dada por Cristo'. Levantou-se o pobre homem e
saindo disse: 'espere aí que vou buscar minha esposa e meus filhos'.
Foi e os trouxe"276.
A união familiar foi muito importante para o êxito do trabalho
dos Mona na Bolívia. Haja vista a atuação de Creuzinha como uma
verdadeira missionária, embora criança. Waldomiro Motta277 escre-
veu: "Creuzinha era extraordinária na sua vivacidade infantil e no
seu tino missionário. Ensinava às crianças, cantava solos, orava e se
constituía em atração para os visitantes. Era tida como garota prodí-
gio pelos que travavam conhecimento com ela".
Além dos vários problemas já expostos, ainda no início do traba-
lho, a missionária Lygia, após dar à luz o seu quarto filho, foi vítima

274 Id. Primeiros frutos de nosso trabalho missionário na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 47, n. 4, p. 1, 23 jan. 1947.
27 ' Id. Memórias de um missionário. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, p. 4, jul./
set. 1966.
276 Id. Memórias de um missionário: começando a obra. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,

ano 2, n. 5, p. 12, abr./jun. 1967.


277 Id. Memórias de um missionário: aquisição da propriedade. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 3, n. 10, p. 10, jul./set. 1968.
de um tratamento, quando a enfermeira, usando luvas infectadas,
lhe transmitiu doença venérea, causando-lhe longo sofrimento e
16 cirurgias, que terminaram por encurtar o período do casal no
campo missionário. Em entrevista, Lygia Motta278 falou sobre o in-
cidente:
Após ser examinada por um médico, fui ao hospital para tentar colocar a crian-
ça na posição. Ao chegar, uma das enfermeiras, beata, falou que o médico não
poderia atender. Em seguida ela disse com voz ríspida: "Eu mesma cuidarei
disso para adiantar". Saiu do quarto e retornou com as luvas contaminadas para
fazer o procedimento de forma tremendamente grosseira. Logo a seguir , pas-
sei por um grande sofrimento, pelo que retornei ao médico boliviano, que ao
perceber minha situação, disse: "Se eu não tivesse conhecido seu esposo e não
soubesse que é um pastor batista, eu diria que ele é um monstro". Depois fui a
uma médica que afirmou que meu caso só resolveria se houvesse um milagre.
Disse-lhe que cria em milagres e que os crentes no Brasil estavam orando em
meu favor. Dez dias depois ela me examinou e disse: "Aconteceu o milagre!".

Waldomiro Motta279 mais tarde relatou o ocorrido, minimizando a


"culpa" da enfermeira e se referindo aos seus nefastos resultados:
Num dos últimos exames, a curiosa [enfermeira] que a atendeu acabara de
examinar uma parturiente, e sem a mais comezinha regra de higiene, usou os
mesmos objetos e luvas no atendimento a Lygia. Custa-nos crer que o fizera de
propósito ou obedecendo ordens superiores. Inclinamo-nos mais a pensar que
o fizera por ignorância ou por preguiça. A verdade é que aí começou o nosso
drama que acabaria por alijar-nos da obra missionária. Lygia sofreu tremenda
infecção e como conseqüência, várias operações se fizeram necessárias. [...] Tais
intervenções prejudicaram-na como mulher e como missionária.

A 29 de junho de 1947, foi organizada a Igreja Batista em Santa


Cruz de la Sierra, quando houve os oito primeiros batismos realizados
pelo missionário Motta. Nesse mesmo ano, a Missão adquiriu uma pro-
priedade em local estratégico de Santa Cruz de la Sierra, com 18.000
metros quadrados. Dentre outras vitórias obtidas em 1947, registra-se:
Em abril foi iniciado um programa evangélico em uma emissora local;
em maio, fundou-se o jornal El Bautista Boliviano; em outubro se or-

2 "" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: provações e mais provações. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 3, n. 9, p. 9, abr./jun. 1968.
ganizou a Associação das Igrejas Batistas do Oriente Boliviano280. Com
a Associação, surgiu a Junta de Missões Nacionais, cuja "meta principal
era a evangelização da pátria boliviana, através de obreiros nacionais
vocacionados para a obra missionária"281. A formação de uma liderança
local e o estímulo para que os obreiros da terra assumissem o trabalho,
foi no passado como tem sido no presente um dos traços marcantes dos
missionários batistas brasileiros.
Em 1948, com a permanência por um mês em Santa Cruz de la
Sierra da imagem de Nossa Senhora de Cotoca, o prefeito da cidade,
Lórgio Serrate, baixou um decreto proibindo a pregação do evangelho
naquele período. Waldomiro Motta resolveu entrar em entendimento
com as autoridades e falar diretamente com o edil, argumentando que
o decreto era contra os direitos constitucionais. Isso levou o prefeito a
esmurrar a mesa e chamar os policiais, ordenando que prendessem o
missionário por 48 horas de forma incomunicável. Ao perceber a rea-
ção de Motta, que continuava a provar o que afirmara, com a Constitui-
ção nas mãos, o prefeito perdeu o controle, avançando como uma fera
sobre o missionário, jogando a Constituição no chão e o esmurrando, a
ponto de quebrar as lentes dos óculos, ferindo com profundidade a sua
fronte. Waldomiro Motta282 narrou essa dura experiência: "De minhas
narinas começou a jorrar sangue. [...] Minha calma foi tamanha que
nem sequer esbocei a mínima atitude de defesa. [...] O rosto começou
a inchar. A ferida aberta pelas lentes sangrava profusamente".
Assim ele foi jogado em uma masmorra gelada, sem cama, sem co-
mida e sem água. Somente no dia seguinte às 11 horas, o cabo Lauro
de Souza, fardado com o uniforme da aeronáutica brasileira, logrou os
guardas e lhe jogou um grande sanduíche. Na ocasião Motta283 escre-
veu: "Oh! Irmãos, como é saboroso um pão com carne dentro, comido
com lágrimas, depois de passar 20 e tantas horas de fome!"

27" SILVEIRA, Moysés. Relatório referente ao ano de 1947. Convenção Batista Brasileira: 32
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1948, p. 56-58.
2 "1 ROCHA, Teremar Lacerda de. Memorias dei cincuentenario. historia de los 50 anos de la
obra bautista en el Oriente Boliviano, 1946-1996. Santa Cruz de la Sierra: Convención Bautista
Boliviana, 1996, p. 28.
112 MOITA, Waldomiro de Souza. Aventuras em terras bolivianas: autobiografia. Rio de Janeiro:
JUERP, 1977, p. 57.
Id. Apud. BRETONES, Lauro. O jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 48, n. 18, p. 1, 29 abr.
1948.
Ao ser visitado pelo coronel Fabriciano Pacheco, da Comissão Mista
de Petróleo Brasil-Bolívia, Motta foi informado que havia um processo
de expulsão contra ele, quando "testemunhas" haviam declarado que
o vira desacatar e esmurrar o prefeito em seu gabinete. O missionário
respondeu que cria na providência divina, sendo interrompido pelo
coronel, que afirmava não haver escapatória para ele e que não exis-
tia providência divina. Mais tarde veio um fiscal do Governo, que
também afirmava que ele estava sendo processado por desacato à
autoridade e por ter espancado o prefeito. Motta lhe mostrou o rosto,
pedindo que verificasse o ferimento na mão direita do prefeito, obtido
ao quebrar a lente de seus óculos. O fiscal prometeu que se isso fosse
comprovado, ele seria transferido para a Biblioteca da cadeia, pas-
sando a receber visitas e ser medicado. De fato, isso aconteceu com
a intervenção da Embaixada Brasileira em La Paz. Waldomiro Mot-
ta284 então narra: "Foi quando ocorreu o quadro mais emocionante
da minha vida. A igreja em peso, além de outros missionários e irmãos
entraram em fila, soluçando ao olhar o meu rosto. Creio que o meu
estado era impressionante, porque todos choravam copiosamente ao
abraçar-me".
De forma objetiva e minuciosa, Waldomiro Motta285 continuou a re-
latar o que aconteceu:
A expectativa era de expulsão a qualquer momento. Não havia esperança, afir-
mavam. Uma comunicação diplomática levaria uns 15 dias. Eu continuava a
afirmar: "Creio na providência divina". O time de futebol do Botafogo que
estava jogando no Peru, ao regressar passou em Santa Cruz, quando o avião
teve uma pane. [...] Os jogadores foram me visitar e se prontificaram a levar
a reclamação diplomática ao Itamarati no dia seguinte. Foi assim que Deus
providenciou. O que deveria levar quinze dias levou vinte e quatro horas. [...1
Os que esperavam a minha expulsão receberam telegrama do Presidente da
Bolívia: "Soltem súdito brasileiro Waldomiro Motta, dando-lhe garantias cons-
titucionais". Saí da reclusão voluntária para a pregação na estação de rádio.
Quando foi anunciado o meu programa, o povo na praça bateu palmas. Uma
beata correu à casa do Bispo para avisar que eu estava pregando. O prelado,
de forma mal-humorada, gritou: "Então a senhora não sabe que há liberdade
religiosa na Bolívia?"

'84 Ibid.

2"' MOTTA, Waidomiro de Souza. Aventuras em terras bolivianas, p. 58-60.


Amigos do missionário o aconselharam a mover um processo contra
o edil, mas a sua resposta foi que o julgamento seria de Deus. Pouco
tempo mais tarde, houve outro movimento revolucionário na Bolívia,
e o prefeito foi tirado da cama de madrugada, arrastado pelas ruas da
cidade e colocado no mesmo cárcere onde esteve Waldomiro. Além
disso, ele perdeu as eleições e foi grandemente humilhado286.

Novos obreiros e o primeiro mártir


Em outubro de 1948, foi nomeada pela JME a primeira missionária
solteira, Maria Bezerra do Nascimento, para auxiliar o trabalho da fa-
mília Motta na Bolívia287, partindo para o campo em março de 1949288,
e ali permanecendo até 1954. Três meses depois da ida da missionária
Maria Bezerra, a Junta nomeou como novo casal de missionários para a
Bolívia, Tiago Nunes Lima e Creusa Jacques Lima289, que foram para o
campo em maio de 195029".
Entre 1949 e 1950, foi adquirida uma camionete para servir aos
obreiros na Bolívia, que passou a ser chamada de "missionária de aço".
Ela foi de uma utilidade extraordinária no enfrentamento das precárias
estradas no país291, servindo até 1953, quando em seu lugar foi com-
prado um jipe.
Em novembro de 1951, O Jornal Batista publicou interessante re-
portagem sobre o índio Pedro Leygue, que se converteu e resolveu le-
var a mensagem do evangelho aos seus parentes e amigos nas distantes
planícies bolivianas. Não demorou muito e Waldomiro recebeu cartas
de Leygue pedindo a sua presença naquela região onde ele se encon-
trava, pois já havia 90 irmãos que precisavam ser melhor instruídos para

2" Ibid., p. 61.


2 "7 SILVEIRA, Moysés. Uma nova missionária à Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 48,
n. 45, p. 5, 04 nov. 1948.
""" NOVAS dos campos missionários no estrangeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 49, n.
14, p. 7, 07 abr. 1949.
2" NOMEADOS novos missionários à Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 49, n. 27, p.
1, 07 jul. 1949.
21" LIMA, Tiago Nunes. Despedida. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 50, n. 18, p. 5, 04 maio
1950.
"1 QUEIROZ, Emanuel Fontes de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente a 1949 e
1950. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1951, p. 69.
o batismo. Dentre outras expressões do índio crente, ele dizia: "Como
o senhor sabe, eu mal sei ler e não sei pregar. Tão somente li o livro de
Deus e eles se converteram"292. Waldomiro atendeu ao apelo e encon-
trou pelo menos 50 crentes no local, pelo testemunho daquele irmão.
Como resultado da visita de Motta à região, foi organizada em 04 de
dezembro de 1951 a quarta igreja no Oriente Boliviano, no local deno-
minado Queimados (Los Quemados)293. Interessante é que, no Oriente
Boliviano, essa foi a primeira igreja a ter uma escola anexa como resul-
tado do trabalho dos brasileiros; dentro de dois anos todos os membros
da igreja aprenderam a ler e escrever. Essa foi também a primeira igreja
do país que construiu seu templo próprio, sem auxílio de fora294.
Waldomiro Motta narra a experiência da construção do templo de
Los Quemados, quando um dos chefes dos índios, que era inimigo
do evangelho, viu seu filho, Roque, se interessar pelo evangelho e o
proibiu terminantemente de assistir às pregações. Roque respondeu:
"Muito bem, já que o senhor não quer que eu seja um crente, irei
vender um boi dos que temos e com o dinheiro comprarei um revól-
ver. Vou me embriagar, e numa briga vou matar alguém, e depois o
senhor vai me visitar na cadeia!" Dito isso saiu correndo e o velho índio
correu atrás do filho e lhe disse: "Eu também irei com você". Conclui
Waldomiro Motta295: "Naquela mesma noite, o pai e o filho chorando,
entregaram-se a Cristo". Pois foi esse chefe dos índios que construiu o
Templo Evangélico Bautista de Los Quemados e apresentou já pronto
de surpresa ao missionário.
Um ano mais tarde, surgiu a infausta notícia da morte de Pedro Ley-
gue, como o primeiro mártir dos batistas na Bolívia. No seu amor cris-
tão, ele tentou ajudar seus parentes, que eram humilhantemente ex-
plorados no trabalho pelos seus patrões. Enquanto descansava, Leygue
foi covardemente assassinado por capangas de um rico proprietário,

"2 MOITA, Waldomiro de Souza. Maravilhas do evangelho na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 51, n. 47, p. 5, 22 nov. 1951.
''" NOVAS DE Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 52, n. 5, p. 4, 31 jan.
1952.
-" ESTAMOS completando vinte e cinco anos de obra missionária na Bolívia. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 6, n. 22, p. 3 e 4, jul./set. 1971.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: a Igreja de Los Quemados. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 24, abr./jun. 1970.
por se sentir ameaçado pela coragem e firmeza de nosso irmão. As atas
da JME relatam:
Era um índio chiquitano, cujo testemunho de conversão levou quase 100 pes-
soas a Cristo. Dedicava-se ao serviço voluntário de evangelização. No início
de novembro de 1952, depois de viajar 120km para pregar o evangelho a um
irmão que vivia em Lãs Haras, escravo do álcool, Pedro foi barbaramente assas-
sinado, enquanto dormia, por um cruel fazendeiro2%.

Leygue sonhava com a libertação social, moral e espiritual do seu


povo. Escreveu Waldomiro Motta297: "O seu sangue que molhou a terra
a adubará, e a sua sementeira no país produzirá frutos sazonados para
a vida eterna". A missionária Lygia Motta298 escreveu mais tarde: "O
criminoso não foi preso, porque os que foram depois em patrulha fica-
ram aterrorizados com o recado recebido ainda a caminho da fazenda,
que se eles chegassem lá, seriam chacinados. Amedrontados, voltaram
dizendo que não haviam encontrado o criminoso".

Novos planos, mudanças e considerações


No relatório referente ao ano de 1952, há referência à aprovação
pela Junta do Plano Qüinqüenal, mencionando o objetivo de adquirir
10 propriedades e fundar um colégio e um instituto bíblico na Bolí-
via, além de enviar novos missionários ao campo. Menciona o relatório
ainda, que parte do Plano já tinha sido efetivado naquele ano, pois
fora comprada uma importante propriedade em Santa Cruz, fundado o
Colégio Batista Boliviano e o Instituto Teológico, sendo este o embrião
do futuro seminário299.
Em 1952, deixou a Secretaria Executiva da JME, Moysés Silveira,
que vinha atuando nesta função desde 1943. Ele assumiu o trabalho
em período de crise, quando o mundo sofria em virtude da Segunda
Guerra Mundial, que estava em pleno andamento. Mas Deus o usou

JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS, atas, Livro 5, f. 93v, 10 abr. 1953.


217 MOITA, Waldomiro de Souza. Terrível chacina nas planícies bolivianas. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 52, n. 50, p. 6, 11 dez. 1952.
29" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Quando se serve ao Deus vivo, p. 58.
2 " ZAMBROTTI, Raphael. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira referente a 1952. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1953, p. 119 e 120.
no soerguimento da obra. Foi no seu período que Waldomiro Motta
seguiu como missionário para a Bolívia e se tomou providências para
aquisição da magnífica propriedade em Santa Cruz de la Sierra. Tam-
bém no Brasil, a Junta adquiriu sua nova sede na Rua Paraíba, no Rio
de Janeiro", que ainda em 1952 foi inaugurada. Na ocasião, Raphael
Zambrotti." foi empossado como novo Executivo, realizando excelen-
te trabalho, apesar de seu tempo limitado e alguns problemas de saúde
que enfrentou. É digno de nota que depois de muitos anos sem mis-
sionários da terra, no relatório da Junta referente a 1952 eles voltam
a ser mencionados como mantidos pela JME. No caso, esses obreiros
atuavam na Bolívia, em número de cinco: Claros Mercado, Max Rojas
Arandia, Oscar Lima, Alfredo Dagis e Balbino Mercado.
No período de Zambrotti, em julho de 1954, partiu para a Bolívia o
novo casal de missionários Japhet Fontes e Elcy Carelli Fontes", que fi-
cou no campo por três anos. Em 1955, o Executivo solicitou com muita
insistência a sua substituição, sendo inicialmente licenciado para trata-
mento de saúde, quando a Secretária de Propaganda, Letha Saunders,
o substituiu por vários meses". Por sinal, essa missionária norte-ameri-
cana conhecida como Miss Letha foi a única mulher a assumir a posição
de Executiva, não somente da JME como também da JMN. Logo mais,
Raphael Zambrotti deixou definitivamente a função, e quando a mis-
sionária interina saiu de férias no final do mesmo ano, foi substituída
também interinamente por Alcides Telles de Almeida.
Assim concluímos o capítulo sobre pioneirismo e expansão da vi-
são missionária. Para alguns, esse período pode parecer longo e lento.
Entretanto, mesmo enfrentando muitos problemas que resultaram na
limitação do trabalho, as bases foram colocadas para a realização de
uma obra mais abrangente. Partindo-se da afirmação de que o mundo
está no coração de Deus, sabe-se que o Senhor colocou no coração dos

"' PROFESSOR Moysés Silveira. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 27, p. 35 e 36,
out./dez.1972.
" GONÇALVES, Almir dos Santos. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 52, n. 45, .p. 2, 06 nov. 1952.
NOVOS missionários para a Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 54, n. 38, p. 2, 23
set. 1954.
"" PEREIRA, José dos Reis. Pastor Raphael Zambrotti. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 55,
n. 25, p. 5, 23 jun. 1955.
batistas brasileiros não apenas Chile, Portugal e Bolívia, mas o mundo
inteiro. Conforme será visto nos capítulos a seguir, só faltava dar mais
alguns passos para que essa visão fosse concretizada, a ponto de che-
garmos até aos confins da terra. "E será pregado este evangelho do reino
por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o
fim" (Mt 24.14).
O título que encima este capítulo foi o slogan usado pelo Executivo
da JME Alcides Telles de Almeida, que atuou com grande visão da obra
entre 1955 e 1979. Além dos dois campos que continuavam a receber
missionários batistas brasileiros, o trabalho se expandiu para outros pa-
íses da América Latina e da Europa, alcançando a África e a América
do Norte. Ao terminar a sua gestão em janeiro de 1979, o quadro de
missionários abrangia 11 novos campos, além dos dois já existentes.

1. Estendendo as cortinas das habitações


"Estendam-se as cortinas das tuas
habitações" (Is 54.2b). Com sua visão
do mundo, Alcides Telles de Almeida
manteve o trabalho iniciado no perío-
do anterior, mas foi além, ampliando as
cortinas para que os batistas brasileiros
vissem e participassem do trabalho em
outros campos.

Alcides Telles de Almeida, Diráhr


Executivo da junta de Missões
Estrangeiras
No final de 1955, assumiu interinamente, como Executivo da JME,
Alcides Telles de Almeida 304 , que já era membro da Junta desde 1951
e, na ocasião, seu vice-presidente. Desde aquele momento a Junta ex-
pressou a sua visão de ter um Executivo com tempo integral. Pelo fato
de ser professor do Colégio Batista Shepard e pastor da Igreja Batista
Betel, no Rio de Janeiro, Pastor Alcides só foi efetivado como Executivo
em 1960, cinco anos depois de sua posse na JME, embora tenha assu-
mido tempo integral no trabalho somente a partir de 1962.
Alcides Telles de Almeida nasceu no dia 26 de julho de 1913, no
Rio de Janeiro. Foi batizado a 05 de maio de 1931, na Igreja Batista de
Engenho de Dentro, hoje Segunda Igreja Batista do Rio de Janeiro, por
Ricardo Pitrowsky. Casou-se com Odete de Oliveira em dezembro de
1935, com quem manteve 40 anos de vida conjugal e teve dois filhos.
Quem o conheceu de perto fala de seu carinho para com a esposa,
filhos e netos. Jerry Stanley Key305 assim escreveu sobre ele: "Apesar
de muitos anos de casados continuavam como namorados. Sempre se
orgulhava dela".
Pastor Alcides foi professor de História em vários colégios, e quando
já estava casado e com filhos foi estudar teologia, à noite, no Seminário
Betel, no Rio de Janeiro, recebendo o título de Bacharel em 1944.
Mais tarde, na mesma instituição, foi professor e auxiliar do Diretor José
de Miranda Pinto, com quem aprendeu a trabalhar na dependência de
Deus306. Recebeu imposição de mãos para o ministério da Palavra em
24 de agosto de 1949, estando presentes no seu concílio sete pastores
e quatro diáconos. Na cerimônia recebeu a Bíblia das mãos do pastor
que o batizou, Ricardo Pitrowsky, sendo a mensagem proferida por José
de Miranda Pinto. Passou então a pastorear a Igreja Batista Betel, no Rio
de Janeiro, e mais tarde, interinamente, a Igreja Batista de Engenho de
Dentro, na mesma cidade. Já como vice-presidente da Junta, em julho

"4 PITROWSKY, Ricardo. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras referente ao ano de 1955.
Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1956, p. 91.
KEY, Jerry Stanley. Apud AMARAL, Othon Ávila. Alcides Telles de Almeida, o executivo que
recuperou a Junta de Missões Mundiais. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br > em 15
set. 2008.
'' PEREIRA, José dos Reis. O consolidador do trabalho de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 70, n. 10, p. 1, 08 mar. 1970.
de 1952, fez uma viagem a Bo-
lívia e ficou encantado com a
terraw.
Durante seu trabalho de 24
anos como Executivo na Junta
de Missões Estrangeiras, pros-
seguiu incentivando o trabalho
em Portugal e Bolívia e esten-
deu as cortinas ao ampliar a vi-
são para outros países, sempre
usando a divisa que se tornou
característica de seu período
como Executivo da JME: "O
campo é o mundo". Os outros
campos alcançados pelo traba-
lho liderado por Alcides Telles
de Almeida foram: Paraguai,
Moçambique, Rodésia (Zimbá-
bue), Angola, Açores (Portugal
Insular), Uruguai, Argentina, Prirri~ inúmero da revista
Venezuela, França, Espanha e O Campo é o Mundo
Canadá.
Foi o Pastor Alcides que, após prolongado planejamento, iniciou a
revista da JME que recebeu o título que ele sempre usava como slogan
para a Junta de Missões Estrangeiras, O Campo é o Mundo. O primeiro
número saiu em abril de 1966, quando era presidente da Junta José
dos Reis Pereira", que descreveu a sua visão do que a revista deve-
ria publicar para os batistas brasileiros: "(1) Informações sobre a obra
missionária que os batistas brasileiros estão realizando no estrangeiro;
(2) notícias enviadas pelos nossos missionários; (3) artigos inspirativos
e doutrinários sobre missões; (4) dados históricos acerca da obra que
estamos realizando; (5) biografias de grandes missionários". Mais tarde,

"'7 Id. O que encaneceu promovendo Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
65, n. 12, p. 1, 21 mar. 1965.
"' PEREIRA, José dos Reis. Apresentamo-nos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1,
p. 1, abr./jun. 1966.
em 1979, João Falcão Sobrinho3°9 escreveu sobre aquele órgão missio-
nário: "Quanta inspiração e quantos resultados para a obra do Senhor
já trouxe esta publicação".
Um dos casais de missionários que trabalhou com Pastor Alcides tes-
temunha:
Pastor Alcides era muito agradável como pessoa, mas um pouco imprevisível e
até impulsivo. Na época não havia ainda estratégia de missões, pelo que o mis-
sionário chegava ao campo, levava o evangelho, batizava as pessoas convertidas
e organizava igrejas. Também nos seus dias a Junta organizou escolas batistas
e um seminário. Mas o missionário precisava fazer de tudo um pouco, mesmo
se não tivesse preparo para isso. A força do trabalho missionário era a igreja e
a evangelização. Entretanto, essas dificuldades não impediram a realização de
grande obra e a extensão das cortinas das habitações370.

A sensibilidade, aliada à visão missionária do Executivo de Missões


Estrangeiras, é vista em seu último relatório apresentado à CBB, quando
afirma que a ameaça da inflação não impediria a continuação do traba-
lho. A obra é de Deus, realizada pela instrumentalidade de pessoas que
depositam no Senhor toda a sua confiança:
Nossa moeda, e até mesmo o dólar, estão caindo. A inflação está galopando;
apesar disso, o amor de Deus está crescendo, tocando o coração de seus filhos,
e as igrejas, movidas pelo amor à obra de Missões, dão ofertas cada vez mais
liberais. O sustento está chegando, a fé está crescendo. A obra está sendo am-
pliada... Missões é obra de fé! Deus não falha!'"

No dia 13 de janeiro de 1979, Deus chamou para gozar as delícias


celestiais o Executivo da JME Pastor Alcides Telles de Almeida, quando
o trabalho dos batistas brasileiros já se estendia para 11 campos, in-
cluindo Portugal Insular que era o arquipélago dos Açores. Na ocasião
já havia um total de 62 missionários espalhados pelo mundo e o mote
por ele usado, "o campo é o mundo", circulava por todo o Brasil e no
exterior, através da mídia de então e das igrejas que tinham o coração
no trabalho missionário.

09 FALCÃO SOBRINHO, João. Apud AMARAL, Othon Ávila. Alcides Telles de Almeida, o executivo
que recuperou a Junta de Missões Mundiais. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em
15 set. 2008.
"" WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
3 " ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:

anais da 61-4 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1979, p. 108.


Alcides Telles de Almeida partiu para a eternidade em pleno exer-
cício de suas funções. Quando já enfermo, escreveu apenas um pará-
grafo terminado por reticência, do que seria seu último editorial para a
revista O Campo é o Mundo, intitulado: "Cansados de que?":
Cansados de esperanças malogradas; cansados de guerras e de rumores de
guerras; cansados de religiões novas, verdadeiras e tradicionais; cansados das
dores de um mundo enfermo; cansados de fórmulas mágicas para os problemas
humanos; cansados do império da violência; cansados das lutas contra Satanás;
cansados do ludíbrio dos homens; cansados, enfim, de nós mesmos...312

Certamente ele terminaria o "Editorial inacabado" afirmando: "Para


um mundo cansado e esmagado por tantos fardos, apenas uma solu-
ção: CRISTO!". Antonio Lopes313, como redator da revista, comentou
na ocasião:
Aquele que proclamava sempre o alvoroço santo e missionário; aquele que
falava com vibração, contando as novas dos campos missionários, agradecendo
a Deus, às igrejas e ao povo batista brasileiro, calou-se. A voz de Alcides Telles
de Almeida não soará mais neste mundo, mas continuará falando aos batistas
de todo o Brasil e do mundo, pelas pisadas que aqui deixou, bem marcadas, do
amor à obra de Missões Mundiais.

2. Expandindo o trabalho em Portugal


Portugal não é constituído apenas da parte continental, mas inclui o
arquipélago dos Açores, que se encontra no meio do Oceano Atlânti-
co. Ele é composto de nove ilhas, divididas em três grupos: Ocidental,
Central e Oriental314. Os portugueses chegaram ali em 1427, e as ilhas
dos Açores formam o chamado Portugal Insular. As atividades missio-
nárias dos batistas brasileiros nesse arquipélago são uma extensão do
trabalho no continente.
Neste tópico, serão abordados acontecimentos ocorridos em Portu-
gal Continental e Insular, como parte do trabalho realizado na gestão
de Alcides Telles de Almeida como Executivo da JME. Deve ser compre-
endido que as atividades aqui abordadas expressam a continuação das

'12 LOPES, Antonio. O editorial inacabado. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano
4, n. 8, p. 1, jan./abr. 1979.
" Ibid.
114 VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 219.
que ocorreram nas terras lusas, tanto no continente como no arquipé-
lago, conforme relatos no capítulo anterior.

Portugal Continental
Na assembléia convencional de 1957, foi votada a intensificação e
ampliação do trabalho missionário em Portugal, "dada a situação de
inferioridade de nossa moeda em face à moeda portuguesa"'. Ainda
em 1957, houve novos entendimentos com a Junta de Richmond, que
dentre outros itens aceitou suplementar o auxílio às igrejas e enviar a
Portugal o casal A. R. Crabtree, que por muitos anos havia trabalhado
no Brasil316.
O ideal e a visão do missionário Antonio Maurício o levou a Coim-
bra em 1957, quando ele percebeu naquela cidade universitária um
grande potencial para o crescimento do evangelho no país. O objetivo
era não somente atingir os seus moradores permanentes, como os fa-
miliares dos estudantes e novos profissionais ali formados, que pode-
riam levar para outras cidades de Portugal a mensagem do evangelho.
O fato é que Maurício iniciou suas atividades de evangelização ali em
outubro de 1957, com um culto que teve apenas a presença dele, de
sua primeira esposa e de dois netos. Cinco anos depois, em 22 de
outubro de 1962, surgiu a notícia alvissareira da organização da Igreja
Batista de Coimbra, com 7 membros. Porém Maurício"' continuou
sonhando com uma grande obra naquela importante cidade portu-
guesa, pelo que escreveu mais tarde: "Um futuro glorioso teremos em
breve, quando daqui saírem médicos, advogados, professores e outros
profissionais".
Em 1959, foi muito significativa a proposta na Convenção realizada
no Recife, para que se colocasse de lado qualquer dúvida sobre as re-
lações entre o missionário aposentado Antonio Maurício e a JME, uma
vez que circunstâncias, outrora existentes nesse particular, já se encon-

"' CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 40?-, 1957, Belo Horizonte, ata da 11á sessão. Conven-
ção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1957, p. 29.
i"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 87.
MAURÍCIO, Antonio. O clamor de Coimbra. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n.
8, p. 13, jan./mar. 1968.
travam totalmente superadas31 8 . É bom lembrar que por dificuldades de
relacionamento com a Junta no Brasil, Maurício foi afastado da função
de missionário no campo ainda em 1942, mas continuou vinculado à
Junta, sendo mantido o seu salário até a sua aposentadoria pela Junta
de Beneficência, em 1946. Como resultado dos novos entendimentos,
na assembléia da Convenção Batista Portuguesa, realizada em Lisboa
nos dias 30 de setembro e 19- de outubro de 1959, a JME homenageou
o Ministério Batista Português na pessoa de Antonio Maurício, entre-
gando-lhe um diploma que muito o emocionou319, pois lhe era conce-
dido o título de Missionário Emérito. Assim o amor prevaleceu, levando
a vitória para a Causa de Cristo. Na realidade, o que poderia parecer
obstáculo no relacionamento de cristãos se tornou bênção. Certamente
as lágrimas daquele servo do Senhor refletiam o imensurável amor de
Deus. Ele ainda tinha muito a oferecer ao serviço missionário.
Hélcio e Odete Lessa, que no período anterior se tornaram missionários
em Portugal, após oito anos de profícua atividade retornaram definitiva-
mente ao Brasil em 1962. Dentre outras realizações exercidas pelo casal,
duas igrejas foram organizadas, inclusive a Terceira Igreja Batista de Lisboa,
em 1956, que é um marco entre os evangélicos portugueses, sendo hoje
a maior igreja batista em Portugal. Também com a atuação desses missio-
nários, o trabalho se reestruturou, e houve uma busca de harmonia entre
os obreiros, com efeitos extraordinários: "Hélcio Lessa foi o diplomata que
usou de sua habilidade já conhecida de conciliação para unir dois grupos
que, direta ou indiretamente estavam ligados ao Brasil — União Batista Por-
tuguesa (UBP) e Convenção Batista Portuguesa (CBP)"320. Lessa também
se tornou o grande idealizador, incentivador e promotor de congressos de
mocidade em Portugal. Na Convenção da CBB de 1963, foi "consignado
em ata um voto de apreciação pelo trabalho de solidificação e expansão
da obra missionária em Portugal, realizado pelo casal Hélcio e Odete Les-
sa, nos anos que ali permaneceu como nosso casal de missionários"321.

41 " CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 424, 1959, Recife, ata da 64 sessão. Convenção Batista

Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 24.


"9 ALMEIDA, Alcides Telles de. Trechos da carta do Pastor Hélcio Lessa. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 59, n. 48, p. 8, 26 nov. 1959.
'2" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 34.
421 ALBUQUERQUE, José Lins de. Parecer sobre a Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Ba-

tista Brasileira: quadragésima quinta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 192.
Apesar do período relativamente curto de trabalho em Portugal, o plano
de Deus havia se cumprido entre os batistas portugueses através do casal
Lessa, com a coesão da obra ali realizada, que estava antes em perigo
de esfacelamento. Assim o seu ministério continuaria em outras atividades
concentradas no pastorado a ser exercido no Brasil, cujos resultados foram
igualmente grandiosos, para a glória de Deus.
Mesmo sem a presença de um missionário brasileiro atuando em
Portugal, o trabalho dos batistas brasileiros não cessou, embora parale-
lamente crescesse a inestimável ajuda da Junta de Richmond322. O amor
dos batistas brasileiros pelo campo português continuou a ser demons-
trado de formas diversas. Um acontecimento notável ocorreu em 1966,
quando a Junta decidiu criar a bolsa de estudos Francisco Manuel do
Nascimento, para manter um estudante batista português vocacionado
para o ministério, podendo ele escolher um dos três seminários da CBB
para estudar. O estudante teria também as suas passagens de ida e vol-
ta para o Brasil pagas, assumindo ele o compromisso de retornar para
trabalhar no campo português ao concluir os estudos323.
Três anos após a criação da bolsa de estudos, em 06 de outubro de
1969, foi organizado o Seminário Teológico Batista Português, com oito
alunos, sendo dois da África. O acontecimento demonstra a estreita
relação nos trabalhos dirigidos pela JME e a Junta de Richmond, tendo
ambas a perspectiva de fortalecer as igrejas em Portugal. O primei-
ro diretor do Seminário foi o ex-missionário norte-americano no Brasil
Lester Be11324, que pouco antes escreveu sobre o que seria a instituição:
'A escola oferecerá cursos em nível superior e estará bem integrada na
administração e no trabalho da Convenção Batista Portuguesa"325.
O campo português recebeu em 1971, depois da ausência por alguns
anos de obreiros brasileiros, a missionária Lucy Gonçalves Guimarães,
que para lá seguiu com a responsabilidade de ensinar Grego e Hebrai-

22 Alcides Telles de. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção


Batista Brasileira, 1962. Convenção Batista Brasileira: quadragésima quinta assembléia anual.
Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 116 e 117.
"3 Id. Junta de Missões Estrangeiras, 1966. Convenção Batista Brasileira: quadragésima nona
assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1967, p. 163.
Id. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da 52g assembléia anu-
al, 1970. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1970, p. 220.
' 23 BELL, Lester Cari. O futuro da obra batista em Portugal. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,

ano 4, n. 14, p. 6, jul./set. 1969.


co no Seminário Batista Português. Ela se tornou "a primeira professora
brasileira a lecionar em terras estrangeiras em instituição teológica"326 .
A formação de pessoas da terra para assumir a liderança no seu pró-
prio país tem sido uma marca da atividade da JMM. O que aconteceu
no Brasil com o trabalho dos missionários, que treinavam jovens voca-
cionados desde a última década do século XIX, era reproduzido nos
campos de Missões Mundiais da CBB. Deve-se dizer, todavia, que a
exemplo de W. E. Entzminger, Salomão Ginsburg e outros gigantes do
trabalho no Brasil, que valorizavam, mas não restringiam seu trabalho à
educação ministerial, nossos missionários estavam também integrados
em outras atividades. Assim, Lucy Guimarães, além de exercer o ma-
gistério, era uma exímia evangelista, apoiando igrejas e fazendo evan-
gel ismo pessoal'.
Após um momento de enfermidade de Antonio Maurício, Lucy328
demonstrou alegria com a atuação do nosso missionário emérito que
teve a saúde recuperada. Ela escreveu: "As notícias alegres a respeito
desse obreiro chegam-nos de Portugal, informando-nos que já voltou às
suas atividades com grande entusiasmo, aquecendo o coração do povo
com suas mensagens contagiantes, levando pecadores a Cristo". Lucy
permaneceu em Portugal continental até 1977, quando foi transferida
para o arquipélago dos Açores, ampliando assim o trabalho dos brasi-
leiros em território português.
Na assembléia da Convenção Batista Portuguesa, realizada em se-
tembro de 1971 na cidade do Porto, Antonio Maurício foi eleito Pre-
sidente Honorário329, o que demonstra o crédito de seu trabalho e de-
dicação em Portugal. A contribuição de Maurício para a Causa de Deus
em Portugal, com reflexos em outros países, inclusive o Brasil, foi ex-
traordinária, sendo ele reconhecido hoje na história de missões como
um grande missionário. Em 13 de julho de 1980 Deus o chamou para

ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
anais da Sia assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1971, p. 260.
'22 GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. Grandes coisas fez o Senhor em Portugal. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 6, n. 24, p. 21, jan./mar. 1972.
'2" Id. Novas dos campos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 6, n. 23, p. 7,
out./dez.1971.
'29 Id. Os batistas portugueses realizam XXXVII Convenção. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 6, n. 23, p. 8, out./dez.1971.
a sua presença, com 87 anos de idade. Ele havia recebido da JMM o
título de Missionário Emérito conforme referido anteriormente e, nos
últimos anos de sua vida, morou no Brasil, em um dos apartamentos
do Seminário do Sul na cidade do Rio de Janeiro. Sobre ele, escreveu o
então presidente da Junta, José dos Reis Pereira"°:
Cidadão português, dizia-se também cidadão brasileiro; porém, acima de tudo
era cristão dos céus, onde ele já está gozando as bem-aventuranças. Pregou
em Portugal, no Brasil, nos Açores, nas Bermudas, nos Estados Unidos, em Mo-
çambique, na África do Sul, mas especialmente em Portugal que percorreu in-
cessantemente, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Levou a Cristo milhares de
pessoas, batizou centenas, a dezenas despertou para o ministério da Palavra,
fundou um grande número de igrejas. [...1 Dr. Maurício: dou graças a Deus por
ter conhecido um dos maiores missionários que já viveram nestes 2.000 anos
de cristianismo.

Seguiu para Portugal em maio de 1972 o casal Oswaldo Ferreira


Bonfim e Maria Stela Silveira Lopes Bonfim, que após visitar 21 igrejas,
pastorear interinamente a Igreja de Cedofeita no Porto e realizar outros
trabalhos, sentiu a orientação de Deus para fixar-se na cidade de Braga,
para realizar um trabalho pioneiro331. O casal permaneceu como mis-
sionário em Portugal até 1985, quando a Igreja em Braga foi assumida
por Elton Rangel Pereira, que foi também uma bênção para o povo
daquela cidade.
Em 1975, a ex-missionária Herodias Gobira, então viúva de seu se-
gundo casamento e com o nome de Herodias Neves Cavalcanti, voltou
a Portugal como missionária voluntária, tornando-se mais tarde Missio-
nária Emérita da JMM. Ao retornar a Portugal, Herodias Cavalcanti332
escreveu sobre o que encontrou após tantos anos de ausência:
Sempre damos graças a Deus por esta segunda oportunidade que nos concedeu
de cooperar em seu trabalho cá em Portugal. Voltando agora, encontramos
muitas mudanças e o povo português vivendo a euforia da liberdade desde 25
de abril de 1974. Também novas igrejas organizadas, um bom grupo de jovens
pastores, e vemos então que o trabalho cresceu, embora lentamente.

''° PEREIRA, José dos Reis. O nosso grande missionário. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 5-7, maio/ ago. 1980.
Id. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da 555 assembléia. Rio
de Janeiro: CPB, 1973, p. 84.
'" CAVALCANTI, Herodias Neves. De Portugal. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 75, n. 36,
p. 8, 07 set. 1975.
Portugal Insular (Açores)
Como mencionado anteriormente, o arquipélago dos Açores é cha-
mado de Portugal Insular. Na realidade não é África e nem mesmo
Europa. As ilhas estão mais próximas da Europa e a sua ligação é
maior com esse continente através de Portugal. Entretanto, "as ilhas
não pertencem a nenhum dos dois sistemas
orográficos"333. São nove ilhas no meio do
Oceano Atlântico Norte, a dois mil quilôme-
tros de Lisboa, entre a Europa e a América do
Norte. No grupo central do arquipélago está a
Ilha Terceira, que exerceu grande importância
no trabalho dos batistas brasileiros. A popula-
ção dos Açores é de 300.000 habitantes, mas
há milhares de açorianos nos Estados Unidos
e no Canadá.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, foi
instalada uma base militar nos Açores, haven-
do entre eles batistas, que mais tarde foram
chamados por Márcia Venturini de Souza de
missionários mudos, por não poderem se co-
municar com o povo, tendo em vista não fala-
rem a língua portuguesa334. Em 1971, o Pastor
Lester Bell, ex-missionário no Brasil, passou nos
Açores, e com os moradores americanos da ilha
organizou a Igreja Batista Americana. Em 1974,
os irmãos americanos da base aérea estabele-
cida na Ilha Terceira, em Açores, apelaram para que os portugueses
mandassem missionários para aquele arquipélago. Mas não houve da
parte deles a pessoa certa para ser enviada'. Assim é que o apelo
chegou ao Brasil.

AÇORES. In: ENCICLOPÉDIA Brasileira Mérito. V 1. São Paulo: Editora Mérito, 1959, p.
164.
"4 VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 17.
"'' GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 18, n. 58, p. 15,
jun. 1983.
Ainda em 1974, foi para os Açores o primeiro casal de batistas brasilei-
ros, Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza336, sendo ele
formado em teologia pelo STBNB e ela em Educação Religiosa pelo IBER.
Mas ambos eram também especialistas em trabalho com crianças, em cur-
sos da APEC (Aliança Pró-evangelização de Crianças)337. Eles estavam se
preparando para servir na Ilha da Madeira, quando foram incentivados
pela missionária em Portugal, Lucy Gonçalves Guimarães, a irem para os
Açores338. A convicção sobre o campo, porém, não ocorreu simultanea-
mente para os dois. Primeiramente, o Pastor Sousa sentiu que aquele era
o local determinado por Deus para servirem naquele momento. Entretan-
to, Márcia não tinha ainda segurança sobre o assunto, pelo que resolveu
implorar ao Senhor para que enchesse o seu coração de amor por aquele
povo. Logo os jovens da Igreja Batista de Nova Iguaçu ofertaram um órgão
para que levassem ao campo, atitude essa que tocou profundamente o
coração de Márcia339.
Assim, o casal Souza seguiu para o campo e se estabeleceu na Ilha
Terceira. Ao chegar, Márcia começou a se relacionar com o povo, pas-
sando a amá-lo profundamente. Era a resposta de Deus às suas ora-
ções. A experiência que no Brasil tinha com programas de rádio levou
o Pastor Souza a iniciar um programa em estação que tinha capacidade
de alcançar as 9 ilhas do arquipélago340. Mesmo com o preconceito
existente contra os protestantes, com menos de um ano de atividade,
a Voz Batista Açoriana já tinha recebido cerca de 2.000 cartas. Már-
cia Venturini de Souza"' afirmou: "Muitas pessoas escreviam dizendo
que estavam impressionadas com o programa, principalmente pelo fato
de não ser católico. Pastor Souza ficou muito satisfeito ao ler algumas
cartas, porque sempre houve em Açores muito preconceito por tudo
aquilo que não partia da Igreja Romana". Além do preconceito vencido

"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 578
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1975, p. 198.
"- AVANÇANDO pelo mundo rumo aos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 9, n.
35, p. 1, out./dez. 1974.
"" GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. O amor é o motivo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
18, n. 58, p. 15, jun. 1983.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 21.
"" ATÉ os confins da terra através dos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n.
38, p. 21, jul./set. 1975.
"' VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 37.
através das ondas hertzianas, aconteceu com os Souza, assim como
ocorria com outros missionários, que muitos se aproximavam deles em
virtude do testemunho de vida dominada pelo amor, o qual era visto
não somente no momento quando pregava o evangelho, como no dia-
a-dia da vida familiar e relacionamento com o próximo. Assim o evan-
gelho era anunciado com resultados positivos, para a glória de Deus.
O novo missionário foi alertado sobre as dificuldades que teria nos Aço-
res, onde deveria levar cerca de 10 anos para surgir uma igreja. Mas em 10
meses, completados em setembro de 1975, duas igrejas foram organizadas
no arquipélago açoriano. Uma na Horta, em Faial, e a outra na Praia da
Vitória, na Ilha Terceira342. Francisco Antônio de Souza343 narrou essa ex-
periência e entusiasmado exclamou: "Isso é Deus, meus irmãos! Não há
homem que possa fazer isso em lugares onde nada havia de evangelho.
Quando Deus chama, Ele vai à frente, vai atrás e vai de lado. Ele nos guarda
e realiza tudo. Nós somos apenas instrumentos seus". A família Souza ficou
nos Açores até 1983, quando foi transferida para Portugal Continental.
Na assembléia convencional de 1976, foram apresentados alguns dos
missionários já nomeados pela JME no ano anterior. Dentre eles, estava
o casal Francisco Nicodemos Sanches e Olívia de Almeida Drummond
Sanches, que seguiu em agosto do mesmo ano para Faial, nos Açores,
depois de longa espera de licença por parte do Governo português344.
Antes de ir para o campo missionário, Francisco Nicodemos atuava
como professor na Universidade Gama Filho e no STBSB, além de pas-
torear a Igreja Batista Central de São João de Meriti. Sua visão missio-
nária o levou a deixar tudo para cumprir o chamado de Deus. Após
quase um ano e meio nos Açores, o trabalho realizado pelos Sanches,
embora árduo, não apresentava maiores resultados visíveis. Eles não se
desanimaram, antes se dispuseram a prosseguir a caminhada no serviço
do Senhor, sabendo que a conversão de uma alma é obra do Espírito
Santo. Assim o casal foi vencendo as dificuldades iniciais e permaneceu
nos Açores até 1980, atuando nas áreas de evangelização, distribuindo

`42 BATISTAS através do mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 75, n. 39, p. 7, 28 set.
1975.
''" SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, Se 29 out. 2007.
'44 COISAS maravilhosas nos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 11, n. 42, p. 20,
jul./set. 1976.
literatura de casa em casa. Também ele ajudou o pastor Francisco de
Souza no programa de rádio, foi presidente da Associação Batista Aço-
riana e Diretor do jornal O Batista Açoreano345 .
Lucy Gonçalves Guimarães foi transferida de Portugal para os Açores
em 1977, localizando-se na Ilha de São Miguel, onde foi organizada a
Igreja Batista de Ponta Delgada. Como foi referido anteriormente, ela
teve atuação preponderante, ainda em 1974, para que o casal Souza
fosse convencido a iniciar seu ministério missionário nos Açores.
Em junho de 1978, Elton Rangel Pereira e Miriam Baldassare Rangel
Pereira foram remanejados do Paraguai para os Açores, trabalhando na
Ilha de São Miguel, onde já existia a Igreja Batista de Ponta Delgada, re-
sultado do trabalho da missionária Lucy Guimarães346. O período em que
a família Rangel Pereira esteve nos Açores não foi fácil, mas o Senhor
terminou por conceder vitórias, que vieram através do relacionamento
cristão e testemunho de vida de toda a família. Algo da difícil experiência
no campo açoriano é relatado por Elton Rangel347, que sofreu forte perse-
guição, quando os emissários da Igreja Romana quebraram portas, janelas
e tentaram destruir o templo e explodir o carro do missionário. Diz ele:
Ao ir à polícia, fui informado que só havia duas alternativas: aceitar calado a
perseguição ou ir embora. A situação continuou tensa. Depois que o padre
tentou impedir que eu pregasse em praça pública, foi iniciada uma polêmica
pelo jornal da cidade. No decorrer dos acontecimentos, convidei aos 123 pa-
dres da Ilha para fazermos um debate público, analisando as doutrinas da Igreja
Romana e as evangélicas à luz da Bíblia. Certamente eles não aceitaram. Mas
o bispo conseguiu impedir a publicação de meus artigos no jornal e colocar
uma reportagem na televisão contra a nossa presença nos Açores. A situação foi
muito estressante para toda a família, que era sempre abordada pelos curiosos
que acompanhavam o debate.

No final, o acontecimento resultou em muitos ouvirem a mensagem


do evangelho, pois as pessoas da cidade ficaram interessadas em acom-
panhar as minúcias da discussão. Como o apóstolo Paulo, os missioná-
rios podiam se regozijar no Senhor, pois mesmo com perseguições, o

SANCHES, Francisco Nicodemos. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de


Janeiro, 29 out. 2008.
AÇORES: Portugal insular. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p.
24, maio/ago. 1978.
"- RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
nome de Cristo estava sendo anunciado (FI 1.18). Assim, com as bên-
çãos divinas prosseguia o trabalho no arquipélago, cujos resultados ale-
gravam o povo de Deus, tanto em Portugal como no Brasil.

3. Fortalecendo as bases na Bolívia


Os programas missionários, por ocasião de assembléias convencio-
nais, quase sempre se constituem momentos de inspiração e emoção.
Na assembléia de 1955, no programa da Junta de Missões Estrangeiras, o
obreiro boliviano Claros Mercado entregou ao pastor Waldomiro Motta
uma medalha de ouro, em nome das 10 igrejas batistas do Oriente Bo-
liviano, como uma homenagem pelo trabalho dele e de sua esposa em
terras bolivianas. O pastor Motta agradeceu emocionado, terminando
por dizer que quem merecia aquela homenagem era Lygia e não ele.
Assim lha entregou a medalha348. Na realidade, era o povo boliviano que
tinha sido abençoado com o trabalho do casal, que naquele momento
apresentava o seu reconhecimento. 'A quem honra, honra" (Rm 13.7c1).
Em 09 de abril de 1956, após um ano de férias, o casal Motta apre-
sentou à Junta o seu pedido de demissão do trabalho missionário, pela
impossibilidade de retornar à Bolívia, tendo como motivo único, se-
gundo ele afirmava com tristeza, o precário estado de saúde de dona
Lygia349. Alguns meses antes, Waldomiro Motta35° havia escrito:
Estou agora no Brasil. Lygia, minha valorosa e destemida ajudadora, verdadeira
heroína da obra missionária, não pode regressar à Bolívia. Perdeu ali a sua saú-
de. [...] Terá valido o nosso sacrifício? E o sacrifício do povo brasileiro foi bem
empregado? A minha consciência responde afirmativamente. Uma obra como
a da Bolívia vale todos os sacrifícios.

Os Motta lançaram em período relativamente curto as bases para


um trabalho próspero e promissor, que ainda hoje persiste no Oriente
Boliviano, que foi a região que recebeu e continua recebendo a cola-

'" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 39a, 1956, Rio de Janeiro, ata da 8a- sessão. Convenção
Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1953, p. 32 e 33.
14 ' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira, referente ao ano de 1956. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres.
Rio de Janeiro: CPB, 1957, p. 62.
'5" MOITA, Waldomiro. A oitava Convenção Boliviana. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 56,
n. 3, p. 8, 19 jan. 1956.
boração preciosa dos batistas brasileiros. A missionária Teremar351, ao
escrever a história dos batistas bolivianos, afirma:
Pastor Waldomiro Motta, homem de visão e fundador nato de uma grandiosa
obra. [...1 Andava ora a cavalo, ora a pé, ora em carroça; até que Deus per-
mitiu ter uma camioneta que a batizou com o nome de 'missionária de ferro',
pois podia entrar nos lugares mais distantes, mesmo sem estradas, para levar, a
aqueles que desejavam, a preciosa mensagem da salvação.

Foram 10 anos de atividade intensa com resultados que só a eter-


nidade irá medir. Foi a organização de 10 igrejas, a aquisição de pro-
priedades, a criação do jornal El Bautista Boliviano, a organização da
Convenção Batista Boliviana e da Junta de Missões Nacionais daquele
país, sendo ele o seu primeiro Secretário Executivo, e muito mais352.
Waldomiro Motta retornou ao Brasil, onde por várias décadas se
dedicou ao ministério pastoral e ao ensino teológico, partindo para a
eternidade em 09 de fevereiro de 1996. Certa ocasião, quando ques-
tionado sobre seu recado às igrejas da CBB, Waldomiro353 respondeu:
"Que continuem na luta pela conquista de vidas. Se você quer alguma
coisa para esta estação, plante flores; se quer alguma coisa para toda
a vida, plante árvores; se você quere alguma coisa para a eternidade,
plante igrejas".
Logo após a partida de Waldomiro para o gozo eterno, Lygia Motta354,
que hoje é Missionária Emérita da JMM, escreveu: "Foi um gigante na
conquista de almas para Cristo e deixou-nos o exemplo de renúncia,
abnegação, altruísmo e tantos outros predicados que aqui quiséssemos
inserir. Soube amar com profundo amor". O que foi semeado nos idos
das décadas de 40 e 50 continua produzindo frutos abundantes. Ou-
tros missionários brasileiros e líderes da terra prosseguem na realiza-
ção daquele trabalho tão bem plantado e regado pela família Motta.
Louvado seja o Senhor nosso Deus por vidas tão preciosas. "Quem sai
andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os
seus feixes" (SI 126.6).

'" ROCHA, Teremar Lacerda de. Memorias dei cincuentenario, p. 29.


l" SOUZA, Samuel Rodrigues de. Bolívia: 40 anos de bênçãos. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 21, n. 71, p. 3, out. 1986.
'' MOITA, Waldomiro. Apud MISSIONÁRIO pioneiro na Bolívia deixa saudades. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 6, mar./abr. 1996.
" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Quando se serve ao Deus vivo, p. 86.
De acordo com as normas da JME, não podia ser aceito como missio-
nário alguém que não havia completado o curso em uma instituição de
educação ministerial. Entretanto, em maio de 1956, houve o apoio da
Junta para que Margarida de Oliveira Lima seguisse para a Bolívia como
missionária voluntária, com sustento providenciado por irmãos da Igre-
ja Batista do Rocha, no Rio de Janeiro. Ela era irmã do missionário Tiago
Lima e se propôs a auxiliar os missionários na Bolívia, tornando-se "a
primeira missionária batista brasileira em campos estrangeiros que não
era sustentada por nossa Junta, muito embora trabalhasse com os nos-
sos missionários"355 . Logo ao chegar no campo, foi eleita presidente da
União Geral de Senhoras da Convenção, além de iniciar um eficiente
trabalho com crianças. Após dois anos como voluntária, ela foi aceita
pela JME como sua missionária. Em 1961, ao retornar do período de
férias no Brasil, Margarida passou a atuar como missionária da Junta de
Missões Nacionais da Convenção Batista Boliviana356.
Ainda em 1956, Sebastião de Souza e Anterina Lopes da Cunha
Souza, que foram impedidos pelas autoridades portuguesas de se
fixarem na África, seguiram no mês de julho como missionários na
Bolívia 357, onde permaneceram realizando o trabalho do Senhor até
1964
Três missionárias solteiras foram nomeadas no início de 1958, e logo
foram para a Bolívia, a saber, Maria Silva Ferraz, Rita de Miranda Pinto
e Nelly Alves de Oliveira358. Todas elas realizaram um excelente traba-
lho no campo, pois tinham consciência do chamado de Deus e da res-
ponsabilidade a ser cumprida. Um exemplo disso está no modo como
Nelly359 se expressou a respeito do assunto, após dois anos de atividade
missionária: "Gostaria de ter mais vidas do que tenho, e as daria todas
ao trabalho na Bolívia!"

BERNARDES, Dacyr de Souza. Uma vida que desafia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
56, n. 46, p. 7, 15 nov. 1956.
LIMA, Margarida de Oliveira. O Jornal Batista entrevista. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
57, n. 4, p. 4, 24 jan. 1957.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Trabalho na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 57, n.
4, p. 4, 24 jan. 1957.
''" VOSSOS filhos e vossas filhas profetizarão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 58, n. 14, p.
1, 03 abr. 1958.
OLIVEIRA, Nelly Alves de. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 60, n. 17, p. 6, 28 abr.
1960.
Nelly fala de seu chamado para Missões, quando tinha ainda 15 anos
de idade e pensava que iria para a África. Mas Deus a preparou de várias
formas, tanto no lar como nas instituições educacionais, para ir ao campo
boliviano. Bem mais tarde, em entrevista, Nelly explica que na ocasião
de sua chegada ao campo não havia asfalto em Santa Cruz de la Sierra,
nem condições de conforto. Passou a trabalhar no Colégio e mais tarde
foi mandada para Trinidad, para dirigir a Igreja ali, onde ficou até 1961.
Em Trinidad viajou muito, utilizando o tipo de transporte que lhe era
possível, tal como costas de cavalo e de boi. Mas resolveu também iniciar
uma enfermaria para utilizar os seus conhecimentos obtidos no Hospital
Evangélico do Rio, onde estagiou quando estudava no ITC (Instituto de
Treinamento Cristão), hoje CIEM. Na enfermaria muitas pessoas eram
atendidas e ela era convocada para atender pessoas fora com proble-
mas de saúde, chegando a fazer partos e pequenas cirurgias em pessoas
acidentadas. Depois de alguns anos, Nelly se casou com um boliviano e
deixou oficialmente o trabalho da JMM, pois na ocasião não era aceito o
obreiro da terra como missionário, mas continuou trabalhando na Bolívia
com Missões Nacionais e no Colégio Batista, onde ensinou educação
Física, Educação Cristã, Economia Doméstica, Higiene, Enfermagem e
outras disciplinas. Ao ser entrevistada em sua casa, na Bolívia, em 2007,
Nelly36° mandou um recado para os jovens: "Não tenham medo de res-
ponder ao chamado de Deus, nem de ir para Missões, seja qual for o
lugar para onde Ele mandar. Aquele que Deus chama, sustenta".
Ao terminar o seu período de férias no Brasil, o casal Tiago Nunes
Lima e Creusa Jacques Lima, que atuara na Bolívia desde 1950, entre-
gou uma carta escrita no dia 10 de janeiro de 1959, solicitando seu
desligamento das funções de missionário da JME, tendo em vista ter
aceito a função de Diretor do Departamento de Escolas Dominicais
e Mocidade da CBB, que se tornaria a Junta de Educação Religiosa e
Publicações (JUERP)3°l. A Junta apresentou um voto de apreciação pe-
los serviços prestados pelo casal, inclusive a construção do Edifício das
Moças e do Colégio Batista na propriedade adquirida em Santa Cruz

Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa
Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
LIMA, Tiago Nunes. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 59,
n. 8, p. 4, 19 fev. 1959.
de la Sierra362. O jovem Tiago Lima tinha na ocasião 34 anos de idade.
No Brasil, além de suas atividades na denominação, foi pastor de várias
igrejas nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, partindo para
a presença do Senhor em agosto de 2006363.
Entre 1960 e 1962, o trabalho na Bolívia foi grandemente fortalecido
com novos missionários, que passaram a trabalhar em várias atividades
como plantação de igrejas, educação ministerial e preparo de líderes,
além de eles próprios exercerem cargos de liderança na denomina-
ção. Assim, em 1960, três novos missionários chegaram ao país: Hen-
rique Wedemann Filho, Anete Silveira Wedemann e Celita de Lima
Coradello. Pastor Wedemann se tornou logo mais o Secretário Geral
da Junta Executiva da Convenção Batista Boliviana. O Instituto Batista
do Oriente Boliviano, cuja sede foi construída com muito sacrifício,
constando "de 7 salas de aulas, escritório e salão de assembléia, intei-
ramente mobiliados", teve suas atividades iniciadas em 1961 364. Nesse
mesmo ano, seguiram como missionários, Edson Salles e Yvone Duarte
Salles, além do jovem Ageo Ferraz Ribeiro, que se casou com a missio-
nária do campo, Rita de Miranda Pinto3". Em 1962, dois casais e duas
missionárias solteiras foram também para a Bolívia: Agnelo Guimarães
Barbosa Filho e Ruth Genúncio Barbosa, Ezequias Mendonça e Silva-
nira Garcia Mendonça, Ana da Silva Lança e Décia Barbosa Lopes'''.
Para ilustrar o início do trabalho de alguns desses missionários, registra-
se que o casal Agnelo e Ruth Barbosa, ao chegar à Bolívia, foi trabalhar
em El Torno, nas proximidades de Santa Cruz de la Sierra, onde havia
uma igreja com apenas uma família. Após três anos de atividade, a
Igreja chegou a ter 60 membros. Mais tarde outras igrejas foram por
eles organizadas. Em 1965, depois de três anos de atuação na Bolívia,
ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 88.
MARTINS, Mário Ribeiro. Missionários americanos e algumas figuras do Brasil evangélico.
Goiânia: Kelps, 2007, p. 341.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, 1959 e 1960. Conven-
ção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 103 e 104.
Id. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 62, n. 4, p. 4, 25 jan.
1962; EDUCAÇÃO teológica na Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 6,
abr./jun. 1966.
Id. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasileira, 1962.
Convenção Batista Brasileira: quadragésima quinta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1963,
p. 115.
onde certamente muito aprendeu sobre o trabalho missionário, o casal
Barbosa foi remanejado para o Paraguai367.
Na assembléia de 1964, decidiu-se que a Junta estudasse "a possibi-
lidade de entregar toda a ajuda financeira enviada ao campo boliviano
à Junta Executiva da Convenção Batista do Oriente Boliviano"368. Com
isso, a JME passaria a cuidar exclusivamente dos interesses dos nossos
missionários naquele país.
Deixaram as suas atividades como missionários durante o ano de
1964, Sebastião e Anterina de Souza, depois de sete anos e meio de
profícua atividade; Celita de Lima Coradello, após três anos de traba-
lho; Décia Barbosa Lopes, temporariamente para se casar com o pastor
Daniel Cardoso Machado'n retornando em junho de 1965 juntamente
com seu esposo, que iniciou sua atividade como missionário e assumiu
a direção do Seminário Teológico Batista Boliviano370.
A formatura da primeira turma do Seminário Teológico Batista Bo-
liviano ocorreu em 04 de dezembro de 1965, com três estudantes,
sendo dois homens e uma mulher, a saber, Damian Sesary, Nicácio
Medina e Bertha Anez Pedrial. Eles passaram a se enquadrar entre os
obreiros do país371. Depois da formatura da segunda turma no ano se-
guinte, com cinco concluintes, Daniel Cardoso Machado"' discorreu
sobre os seis anos de existência do Seminário, explicando o objetivo
da Instituição: "Preparar dignamente aqueles que se apresentam com
um chamado divino, buscando um conhecimento teológico adequan-
do para a realização de um ministério eficiente na obra do Mestre
no Oriente Boliviano, que tanto necessita de colaboradores". A edu-
cação ministerial sempre foi um ponto forte do trabalho missionário
em todos os tempos. Na Bolívia não poderia ser diferente, pelo que
BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
"'' WEDEMANN, Walter et al. Trabalho na Bolívia. Convenção Batista Brasileira: quadragésima
sexta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1964, p. 185.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras, 1964. Convenção Batista Brasilei-
ra: quadragésima sétima assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1965, p. 82.
Id. Mais um casal para a Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 65, n. 41, p. 2, 10 out.
1965.
'-' Id. Formatura do Seminário Batista Boliviano. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 66, n. 2,
p. 2, 09 jan. 1966.
'-= MACHADO, Daniel Cardoso. Entrevista. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n. 5,
p. 15, abr./jun. 1967.
atualmente já existe uma forte liderança de obreiros nacionais, que
têm condições de levar adiante a obra, com a direção do Senhor. Não
é sem razão que o apóstolo Paulo preparou jovens como Timóteo e
Tito, que foram pastores em Éfeso (1Tm 1.3) e Creta (Tt 1.5), receben-
do toda a confiança do apóstolo, pois estavam aptos para conduzir o
rebanho do Senhor dignamente.
Depois do período acima referido, outros missionários segui-
ram para a Bolívia, destacando-se quatro que foram nomeados
no ano de 1970: Silas Luiz Gomes, Aldair Ribeiro Gomes, Milzede
de Moura Barros e Jailce Silveira Santos. Importante é perceber a
forma como os novos missionários atuavam nos campos, não só
iniciando trabalhos e plantando igrejas, como se integrando nas
atividades já existentes. Assim é que pouco depois de sua chegada,
Milzede Barros se tornou Secretária Executiva da União Feminina
Missionária373.
Silas Luiz Gomes e Aldair Ribeiro Gomes foram para a Bolívia em
janeiro de 1971, trabalhando primeiro em
Trinidad, capital do Beni, depois, em 1974,
em Guayaramirim, de onde Silas viajava para
o interior em moto, inclusive às vezes levan-
do os familiares. Essas viagens eram verda-
deiras aventuras, pois além das dificuldades
das estradas e do desconforto da condução,
eram atravessadas áreas inóspitas e insalu-
bres, com o perigo de serem afetados por
enfermidades comuns na região. É maravi-
lhoso como o Senhor usa seus servos, que na
sua simplicidade e comprometimento com o
reino, não medem esforços para ultrapassa-
rem grandes barreiras374. De Guayaramirim
a família Gomes foi transferida para Santa
Cruz de la Sierra, onde atuou entre 1978 e

BARROS, Milzede de Moura. Viagem a Nuevo Horizonte. O Campo é o Mundo, Rio de Janei-
ro, ano 6, n. 23, p. 20, out./dez.1971.
'74 GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
1987, quando foi para Antofagasta, na entrada do deserto do Ataca-
ma, no Chile"'.
É impressionante a convicção de chamado do casal Gomes. Silas
menciona algo sobre a sua vocação, tendo recebido grande influência
de Waldomiro Motta. Teve experiência pastoral no Brasil, mas missões
estava no seu coração. Em certa ocasião, adoeceu gravemente, mas
Deus atuou na sua cura. Isso reforçou a convicção de sua vocação
missionária, dando-lhe a certeza que mesmo com saúde frágil, Deus
não o abandonaria em seu trabalho. Casou-se com Aldair, que tinha
um amor muito grande pela África, mas o casal se colocou nas mãos
de Deus, dispondo-se a seguir para onde Ele enviasse. Terminou indo
para a Bolívia, onde foi pioneiro o seu herói quando era Embaixador
do Rei, Waldomiro Motta. Foram 16 anos de trabalho abençoado na
Bolívia. Aldair recebeu o chamado de Deus ainda criança, quando
Mensageira do Rei. Teve marcantes experiências com Deus. Ela afir-
ma que foi chamada desde o ventre de sua mãe e desde cedo na sua
vida teve marcantes experiências com Deus. O Senhor de Missões foi
se revelando em pequenas coisas. Sendo de uma família muito pobre,
Aldair não tinha condições de comprar sapatos para usar em uma
reunião especial na Igreja. Ela não comentava a sua necessidade e já
estava conformada quando, de repente, alguém bateu à sua porta,
ofertando-lhe exatamente um par de sapatos novos, que se ajustava
perfeitamente aos seus pés e aos seus sonhos. Tudo o que lhe acon-
teceu contribuiu para fortalecer a sua fé e confirmar o seu chamado
missionário 376
Em 1972, após o período de férias no Brasil, Ageu e Rita Ribeiro so-
licitaram rescisão de seu contrato. Eles eram na ocasião o mais antigo
casal que atuava na Bolívia, mas foram impossibilitados de continuar
no campo em virtude da saúde da esposa17. No final de 1971, Daniel
e Décia Machado estiveram em férias no Brasil, que deveriam ser
de três meses, mas as exigências do trabalho obrigaram o retorno ao

'-' Id. Resumo da trajetória e obra dos missionários Comes. Arquivo Comes, Antofagasta, 06 jun.
2007. Digitado.
'' COMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
'-- NOTICIAS da Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 27, p. 26, out./dez.
1972.
campo um mês e meio mais cedo. Neste período no Brasil, ele serviu
como paraninfo da turma de concluintes do Seminário de Educação
Cristã (SEC) e ela foi homenageada como ex-aluna daquela instituição.
Ambos foram para o Recife e voltaram ao Rio de Janeiro em ônibus378.
Deve-se destacar o crescimento do trabalho, quando o número de
igrejas na Bolívia, em 1972, chegou a 12, com 600 membros, após
26 anos do início do trabalho e 25 da organização da Primeira Igreja
Batista de Santa Cruz de la Sierra'79.
Na Convenção de 1973, foram apresentados os novos missionários
Horácio Wanderley da Silva e sua noiva, Ana Maria Lemos Montei-
ro 380, que após casamento foram para a
Bolívia. Ao chegarem em Santa Cruz de
la Sierra, em maio, logo seguiram para
o seu campo de trabalho que era a ci-
dade de Cobija e suas adjacências, no
Departamento de Pando, que ficava na
fronteira com o Acre'''. Cobija era um
lugar na floresta amazônica para onde
nem os obreiros da Bolívia queriam ir,
por ser muito isolado e sem meios de
comunicação, inclusive sem água en-
canada e sem energia elétrica. Logo o
casal soube que ali era a prisão aber-
ta da Bolívia e só iam para lá pessoas
punidas. Diz Horácio382 que ao chega-
rem ficaram em um hotel de madeira
"mil estrelas", porque o teto era cheio
de buracos e eles podiam do próprio

'Th NOTÍCIAS da Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 28, p. 7, jan./mar.
1973.
PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
554 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 85.
'"" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 554, 1973, Recife, ata da 64 sessão. Convenção Batista
Brasileira: 554 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 290.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 564
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
k12
WANDERLEY DA SILVA, Horácio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 18 ago. 2007.
quarto ou da cama contemplar as estrelas. Foi ali que Horácio e Ana
Maria se instalaram e, pela graça de Deus, realizaram um importante
trabalho.
Já no primeiro mês de atividade do casal Wanderley, mesmo ainda
em lua de mel, os dois tiveram 120 conversas evangelísticas e realiza-
ram 80 visitas. Conforme relatório de 1973, nos primeiro meses, ainda
em 1973, eles estenderam suas atividades para Porvenir, onde alguns
frutos foram colhidos, e Filadélfia, centro produtor de borracha. Ali,
pela instrumentalidade dos missionários, 20 pessoas já tinham feito a
sua decisão para seguir a Cristo383. Horácio relata que ao chegarem no
campo, levaram dinheiro suficiente para três meses, tendo em vista a
dificuldade de comunicação e transporte. Assim compraram alimentos
em sacas, como açúcar, arroz e sal. Logo fizeram muitas amizades com
as pessoas que visitavam, pelo que muitos lhes presenteavam frutas,
ovos, frangos e algo mais. Mas no final dos três meses, o mantimento
havia acabado. Ao chegar em casa, Ana Maria tinha um ovo na mão,
dizendo em seu característico bom humor que aquele era o último que
tinham, mas no dia seguinte chegaria um avião trazendo o seu salário.
Essa palavra de fé expressa por sua esposa o animou bastante. Entre-
tanto, no outro dia houve um temporal que impediu o avião de pousar.
Quando, frustrado, Horácio retornou, Ana tinha nas mãos o primeiro
ovo da galinha que tinham recebido de presente. Até que tudo norma-
lizasse, cada dia havia um novo ovo posto por aquela galinha. Assim
Deus supriu as necessidades de forma maravilhosa para os seus servos.
Sim, Deus é fiel!
A Bolívia continuava sendo prioridade para a JME, pelo que em no-
vembro de 1975 foram nomeados como missionários para aquele cam-
po, Isaías Ramos da Costa e Maria Lúcia Nunes da Costa, José Carlos
Gerhard Matos e Sílvia Almeida Matos. O casal Costa chegou na Bolívia
em janeiro de 1976, seguindo para Puerto Suárez em março do mesmo
ano. Ali encontrou apenas dois adolescentes e 12 pessoas da Assem-
bléia de Deus, que logo depois deixaram o trabalho. Após um período
desanimador sem aparentes resultados, começaram a surgir os frutos,
sendo organizada a Igreja em maio de 1978 com 27 membros. Ali per-
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 56,'
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
maneceu o casal até 1981, quando foi transferido para Santa Cruz de la
Sierra 384. Como já foi referido anteriormente, os resultados do trabalho
não podem levar os missionários ao desânimo, pois são resultado da
ação do Espírito Santo de Deus, e no momento certo surgirão os frutos
de uma forma ou de outra, como diz o texto bíblico: "Porque Deus não
é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que eviden-
ciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos"
(Hb 6.10).
Em 1978, depois de se apresentar e se preparar para ir para a Espa-
nha, a Junta mudou o plano e mandou para a Bolívia o casal Samuel
Mitt e Marlene Serrão Mitt, que aquiesceu ao convite para dirigir o Se-
minário Teológico Batista Boliviano355. Eles ficaram na Bolívia até 1981,
quando pediram desligamento da Junta.
No mesmo ano de 1978, o casal Silas Luiz Gomes e Aldair Ribeiro
Gomes foi transferido de Guayaramirim, onde organizou a Primeira
Igreja Batista da cidade, para Santa Cruz de Ia Sierra. O casal Gomes
permaneceu 9 anos nessa cidade, onde dirigiu o Colégio por um ano e
pastoreou a Terceira Igreja Batista, além de ministrar aulas no Seminá-
rio, sendo depois remanejado para a região do deserto de Atacama, no
Chile, onde continuou sendo uma grande bênção nas mãos de Deus.
As maravilhas realizadas por Deus na Bolívia, através de Silas e Aldair
e de vários outros missionários da JMM, serão relatadas em capítulos
que seguem.

4. Extensão em outros países sul-americanos


O interesse missionário dos batistas brasileiros em alcançar os países
vizinhos do Brasil foi demonstrado com o fato do Chile ser o primeiro
campo da Convenção Batista Brasileira, mesmo sem ter enviado mis-
sionários do Brasil. Depois de 1918, o trabalho da Junta ficou restrito a
Portugal, até que voltou à América do Sul através da Bolívia. A visão de
Alcides Telles de Almeida levou a JME a estender o trabalho para mais

COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
I" BOLÍVIA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p. 9, maio/ago.
1978.
quatro países no continente sul-americano: Paraguai, Uruguai, Argen-
tina e Venezuela.

Paraguai
A República do Paraguai é um dos dois países da América do Sul que
não tem saída para o mar. O nome significa "um grande rio". Além da
cultura e práticas religiosas do jesuitismo, o Paraguai tem o guarani,
não somente na língua, como nos costumes, incluindo a religião. O
idioma guarani goza de completa aceitação social, sendo usado como
linguagem doméstica, assim como se usa o espanhol na vida oficial e
comercial. A Guerra do Paraguaia" ocorreu entre 1864 e 1870, quando
a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai derrotou
o Paraguai. Esse conflito marcou o país, que se tornou um dos menos
desenvolvidos da América do Sul. Ainda hoje há ressentimento contra
brasileiros, que são acusados de tentar impor a sua economia no Para-
guai.
A presença dos batistas no Paraguai data do século XIX, cerca de
1880, quando chegaram no país vários colonos alemães. Rogelio Du-
artei87 afirma que "a notícia certa se refere à família Gerding, que se
estabeleceu em uma companhia da cidade de Itá". Depois outros ba-
tistas também se estabeleceram no país. Houve o apelo para que os
argentinos enviassem missionários para Assunção, até que em 1919 a
Convenção Batista Argentina tomou a decisão de mandar como missio-
nário o seu presidente Maximino Fernandez, juntamente com sua es-
posa. Quando os missionários argentinos encontraram aqueles primei-
ros irmãos alemães, deixaram-nos muito alegres, afirmando que por 40
anos esperavam a presença dos batistas ali. Assim o trabalho foi iniciado
com muito afinco, e a 24 de outubro de 1920 foi organizada a Primeira
Igreja Batista no Paraguai, com 14 membros.

A Guerra do Paraguai foi iniciada quando o ditador paraguaio, Francisco Solano Lopez, in-
vadiu o Mato Grosso e depois tentou conquistar o Rio Grande do Sul, passando pela Argentina.
Assim o Brasil, a Argentina e o Uruguai se uniram contra as investidas das forças paraguaias, que
finalmente foi vencidas em 1870, após vitórias comandadas pelo Duque de Caxias e Conde D'Eu.
Cf. GUERRA do Paraguai. In: HISTORIA DO BRASIL. Disponível em <http:/www.historiadobrasil.
net>. Acesso em 07 out. 2008.
PÉREZ, Rogelio Duarte. Historia y mensage de los bautistas en el Paraguay. Asunción: Au-
tor, 2001, p. 57.
Os batistas brasileiros fizeram a primeira investida para entrar no
campo paraguaio em 1948, quando houve aprovação do parecer sobre
Missões Estrangeiras, o qual dizia: "Que se cogite desde já a abertura
de um trabalho batista no Paraguai"388. Uma vez que os argentinos já
atuavam no país desde 1919, o pensamento era trabalhar em parceria,
ficando os argentinos na capital e os brasileiros na fronteira389. Também
os Batistas do Sul dos Estados Unidos mantinham trabalho à margem
direita do rio Paraguai, com uma equipe que incluía médico, enfermei-
ra e professoras, tendo o plano de estabelecer um hospital em Assun-
ção390. Na assembléia de 1949, houve a decisão de continuar o "estudo
das possibilidades de iniciar trabalho missionário no Paraguai'''. Entre-
tanto, somente 15 anos depois seguiram para aquele país os primeiros
missionários brasileiros.
Assim é que em novembro de 1963 a Junta nomeou como primeiros
missionários brasileiros no Paraguai William de Souza e Creuza Rangel
de Souza', que seguiram para o campo em março do ano seguinte.
Seis meses depois, em 05 de setembro de 1964, organizou-se a Primei-
ra Igreja Batista em Saltos del Guairá. Mais tarde foi criada uma escola
batista, e depois um ambulatório, que não somente distribuía medica-
mentos, como fornecia roupas para a população carente393.
Na assembléia da CBB de 1964, houve uma decisão curiosa quanto
aos indígenas, considerando o grande número deles no Paraguai. A
recomendação foi que a Junta verificasse a situação dos índios, com o
objetivo de no futuro alcançá-los, tendo em vista que "nos campos de

'"" PAULA, José Francisco de; MacNEALY, Walter B.; OLIVEIRA, Antônio Ambrósio. Parecer sobre
a Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 32a assembléia anual. Rio de Ja-
neiro: CPB, 1948, p. 110.
l"ll SILVEIRA, Moysés. Novas portas se abrem. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 48, n. 36, p.
5, 02 set. 1948.
'`'° Id. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e
pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1949, p. 59.
''" SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção
Batista Brasileira, 1963. Convenção Batista Brasileira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio
de Janeiro: CPB, 1964, p. 143.
ll" GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Paraguai: Jubileu de Prata. O Campo é o Mundo, Rio de Ja-
neiro, ano 24, n. 77, p. 16 e 17, jul. 1989.
Missões Estrangeiras, afastados da civi-
lização e sob condições que a miséria
física, moral e espiritual impõe — esta-
vam milhares de índios desprezados,
esquecidos e sem esperança"394.
Em fevereiro de 1965, a missionária
Maria Silva Ferraz, que havia atuado
por cinco anos na Bolívia, após dois
anos no Brasil em férias e licença, foi
enviada para o campo paraguaio395 .
Também o casal Agnelo Guimarães Bar-
bosa Filho e Ruth Genúncio Barbosa, depois de um abençoado ministé-
rio na Bolívia, seguiu em outubro do mesmo ano para o Paraguai, com
a finalidade de substituir William e Creuza de Souza, que por motivo
de enfermidade de Creuza, deixaram suas atividades missionárias396.
Os missionários Souza deixaram no Paraguai uma Igreja com um belo
templo, uma escola e um ambulatório médico. Por sua vez, a família
Barbosa, ao chegar, teve grande ajuda de Maria Silva Ferraz, que tam-
bém era enfermeira, pelo que ela e Ruth Genúncio Barbosa realizaram
grande trabalho no ambulatório. Mais tarde, em 1976, Agnelo e Ruth
foram para o Uruguai, retornando ao Paraguai para uma nova etapa
entre 1981 e 1987.
Dalva Santos de Oliveira iniciou suas atividades no Paraguai em maio
de 1968397, realizando um belo ministério no campo missionário até
1991. Ela relata algo de seu chamado, quando desejava fazer o curso
de Odontologia, mas o Senhor não permitiu. Era líder de missões em
sua Igreja, mas não sentia que Deus a queria como obreira em missões.
Certa ocasião, um dentista não crente, a quem pregava o evangelho,

I" ROCHA. Gerson; HALSELL, Thomas E.; AMORIM, Capitulino Lázaro. Parecer sobre Missões
Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio de Janeiro:
CPB, 1964, p. 184.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Novas da Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 65, n. 11,
p. 3, 14 mar. 1965.
II"' Id. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasileira, 1965.
Convenção Batista Brasileira: quadragésima oitava assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Exe-
cutiva da CBB, 1966, p. 55.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Mais uma obreira parte para os campos missionários. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 68, n. 5, p. 4, 04 fev. 1968.
perguntou porque ela estava perdendo seu tempo ali, pois o seu lugar
era no campo missionário. Dalva'" narra: "Eu gelei. Mas como Deus
fez a mula falar, estava também usando aquele homem não cristão para
tocar o meu coração". Depois de muitos questionamentos, Dalva foi
se preparar e seguiu para o Paraguai, segundo a orientação divina. Ela
trabalhou de início em locais onde o acesso era extremamente difícil,
pelo que andava a cavalo ou em carroças para realizar a obra. Nesse
período, ela abriu 8 pontos de pregação em fazendas e uma escola na
Colônia Borba. Também Dalva foi obrigada a cuidar da saúde do povo,
pois não havia posto médico, mas ela conseguia remédios e atendia
situações quase incríveis, com a ajuda do Senhor. Na realidade, sua
experiência como funcionária pública na área de saúde lhe foi muito
útil no campo missionário.
Somente em 1970, seguiram mais três missionários para o Paraguai:
Dilson Ramos Moraes, Maria Abreu
Moraes e Maria Luíza Ferreira. Em
1972, o número de igrejas no Para-
guai chegava a quatro. Dalva de Oli-
veira teve de passar um bom período
no Brasil, para recuperação de grave
doença que chegou a paralisar os
membros inferiores'9', mas após lon-
go tratamento, se recuperou e retor-
nou completamente restabelecida em
1974 para o campo de trabalho. Após
01¥m Ramos e Paula Maria Abreu
melindrosa cirurgia, ela escreveu que raesr duas vidas dedicadas ‘,1
o médico lhe falou que não acredi- Obra missionária no Paraguai

tava na sua recuperação. Entretanto,


apenas 19 dias depois, aconteceu o que era impossível para a ciência
médica, em uma inolvidável experiência que Dalva de Oliveira400 re-
lata:

''' Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife,
26 out. 2007.
PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
55a assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 82.
i(' OLIVEIRA, Dalva Santos de. E o milagre aconteceu. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
7, n. 27, p. 30, out./dez. 1972.
Ele [o médico] não podia crer, mas me fez sair da cadeira de rodas e dar alguns
passos para que se certificasse da verdade. A surpresa foi tão grande que ao
sair do quarto foi buscar outro médico para que visse o que eles achavam im-
possível. Ambos me tomaram pela mão e enquanto caminhávamos, um deles
exclamava: "Isto é maravilhoso!" E com grande alegria pude responder-lhes: "O
que podermos esperar de um Deus maravilhoso senão maravilhas?"

Outro interessante acontecimento na ocasião foi relatado pela mis-


sionária Maria Luíza Ferreira401, quando em julho de 1973, houve a
ministração de batismos pelo missionário Dilson Ramos Moraes. Uma
das novas crentes era a jovem Andréa, que logo após ser batizada re-
tornou para casa. Ali, sua mãe, acompanhada por um grupo de vizinhas
e freiras, a espancou severamente com um pedaço de couro e tentou
obrigá-la a rezar perante ídolos. Seu noivo, que já era crente, tentou
defendê-la, mas juntamente com ela foi surrado fortemente. Os dois
foram expulsos de casa, pelo que Andréa foi recebida na residência
da missionária. O exemplo dessa jovem de 20 anos encorajou outros a
também pedirem batismo. Deus trans-
forma provações em bênçãos. O que
poderia ser uma intimidação para que o
evangelho não se expandisse, tornou-se
um estímulo e exemplo para muitos.
Outros missionários seguiram para
o campo paraguaio em 1975, a saber,
o casal Francelino Ferreira Barbosa e
Lourdes Rosa de Oliveira Barbosa, e a
missionária solteira Terezinha de Souza
Bastos. Em janeiro de 1976 foi a vez de
chegar no Paraguai o casal Elton Ran-
gel Pereira e Miriam Baldassare Rangel
Pereira, indo para Saltos del Guairá,
onde já estavam realizando um exce-
lente trabalho as missionárias solteiras
Loide de Souza Silveira e Maria Luíza
Ferreira. Dentre outras experiências da

"" FERREIRA, Maria Luíza. No Paraguai: espancada por causa do evangelho. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 73, n. 35, p. 5, 02 set. 1973.
família Rangel Pereira no Paraguai, destaca-se uma, quando foi solici-
tado a ir a uma aldeia para falar do evangelho:
Era um lugar de difícil acesso, mas fomos. A casa era de chão batido, coberta de
sapé. Havia muita miséria, mas o local estava cheio de gente. Ele colocou todos
em fila indiana e cada um que passava por mim eu ia abençoando, pois essa era
uma prática quando por ali chegava o padre. Ao começarmos o culto, eu ensi-
nei um cântico em guarani, pois era a única língua que falavam. Pedi então que
cantassem sozinhos. Quando terminaram de cantar eu me emocionei muito e
comecei a chorar, enquanto questionava: "O que seria daquele povo esquecido
naquela mata, se a Junta de Missões Mundiais não nos enviasse? Talvez nunca
tivesse ouvido falar de Jesus'''.

Conforme testemunham o Pastor Elton e Miriam Rangel, há no Para-


guai cerca de 12 pastores que são seus filhos na fé. Depois de abenço-
ado ministério ali, em 1978 eles foram transferidos para os Açores. Suas
experiências nos diferentes campos são inspirativas, principalmente pela
unidade familiar na promoção do reino de Deus. Os filhos, ao nascerem,
já eram entregues para o serviço do Mestre, pelo que todos hoje são mi-
nistros do evangelho, servindo com dedicação e alegria ao Senhor.
Entre 1976 e 1978, foram para o Paraguai os missionários Eldas Cal-
deira da Silva, Maria de Lourdes Fernandes da Silva, Osvaldo Ganev,
Anésia Ganev e Olinda Silva de Abreu, além de Carlos Alberto da Silva
e Lídia Sônia Klawa da Silva, que atualmente continuam como missio-
nários naquele país, trabalhando na Igreja Batista em Ilha Bogado, na
cidade de Luque, que é parte da Grande Assunção. Ela atua também
como coordenadora nacional do PEPE. O casal começou temporaria-
mente no Paraguai, com a previsão de seguir depois para a Venezuela,
mas o tempo passou e continuou até o presente, servindo ao Senhor nas
terras paraguaias. É sempre o Senhor que determina o campo de tra-
balho para os seus servos. Resta-lhes obedecer, mesmo que tenham de
fazer como Abraão, que "partiu sem saber para onde ia" (Hb 11.8b).

Uruguai
O Uruguai, que tem sido chamado "Suíça da América do Sul", ten-
do em vista seu clima temperado e alta expectativa de vida, é um

"" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
dos países mais cultos do continente. Por outro lado, o humanismo
e o materialismo têm ali proliferado, tornando-se um difícil campo
para se pregar o evangelho103. As primeiras atividades de batistas no
Uruguai ocorreram ainda no século XIX, mas a primeira igreja batista
só foi organizada em 1911, na cidade de Montevidéu. Quando os
batistas brasileiros ali chegaram, a grande força missionária era dos
Batistas do Sul dos Estados Unidos, pelo que já havia ali mais de 40
igrejas, uma dezena de casais de missionários norte-americanos e
quase 2.000 batistas404.
A JME começou a atuar no Uruguai em 1975, quando a missioná-
ria Eunice de Brito, por não poder continuar seu trabalho na Angola,
por causa da guerra, foi para aquele país por um curto período. No
mesmo ano, também foram para o Uruguai Marinete Vanderlei de
Lima, que ficou ali até 1981, e o casal Geraldo Rangel e Elvira Maria
Gonçalves Rangel, que permaneceu no Uru-
guai até 2004. O trabalho dos dois últimos
foi sempre em cooperação com a Convenção
Batista Uruguaia. Eles atuaram na organização
e revitalização de igrejas e na liderança de-
nominacional, assim como organizaram uma
Escola de Missões, que tem mandado missio-
nários para o exterior. O filho de Geraldo e
Elvira, Daniel Gonçalves Rangel e sua esposa
uruguaia, Ana Laura Luzardo Cuello, são mis-
sionários no Uruguai desde 2004, após atua-
rem por seis anos no Chile4°5.
Em 1977, o casal Agnelo Guimarães Barbo-
sa e Ruth Cernindo Barbosa foram transferidos
do Paraguai para o Uruguai, pois se sentiam
vocacionados para abrir novos campos. Talvez
isso explica o fato deles terem atuado em vários

40 ' TYMCHAK, Waldemiro. Uruguai, o mais difícil campo sul-americano. O Campo é o Mundo,
Rio de Janeiro, ano 18, n. 59, p. 4, dez. 1983.
"" GOMES, Evódia Barbosa. Uruguai, país indiferente ou carente? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 18, n. 59, p. 7, dez. 1983.
40 ' RANGEL, Elvira Maria Gonçalves. Carta manuscrita escrita em 18 jun. 2007.
países. Apesar do trabalho
não ser fácil, o casal Barbo-
sa conseguiu excelentes re-
sultados no Uruguai, inclu-
sive em momentos de crise
política, com intervenção
de forças comunistas. A
missionária Ruth Genúncio
Barbosa406 fala: alda Rangel e Elvira Maria Gonçalyesikan
Quando chegamos ali, pioneiros né tárru
,
o país tinha passado por
uma ameaça muito grave
de comunismo. Éramos muito vigiados e foi muito difícil pregar o evangelho
para aquele povo ateu, mas com três anos, para a glória de Deus, tivemos a
igreja organizada e conseguimos conquistar a confiança do povo, que deixou
de nos vigiar.

Mais tarde, em 1983, a missionária Evódia Barbosa Gomes407, que


estava no Uruguai desde 1978, fala nas dificuldades do trabalho, mas
lembra que a pregação do evangelho encontrou resistência em muitos
outros países, inclusive no Brasil, e explica: "O Uruguai atualmente re-
siste à mensagem; amanhã, os futuros obreiros darão graças ao Senhor,
reconhecendo nossos esforços no presente momento, que parecem
inúteis aos olhos de muitos".

Argentina
A República da Argentina, que é o segundo maior país em extensão
da América do Sul, é também o país da América Latina com maior
renda per capita e de mais elevado índice de desenvolvimento hu-
mano (IDH). O primeiro culto evangélico realizado na Argentina é
registrado como sendo em 19 de novembro de 1819, celebrado pelo
inglês James Thompson, que era professor e pregador leigo batista.

""' BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
417 GOMES, Evódia Barbosa. Uruguai, país indiferente ou carente? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 18, n. 59, p. 11, dez. 1983.
Thompson foi um dos especialistas no método lancasteriano408, sendo
contratado pelo Governo argentino. Mas ele aproveitava a oportuni-
dade para distribuir a Bíblia como colportor, ensinar a Palavra de Deus
e testemunhar do evangelho. Ele esteve também em vários outros paí-
ses da América do Sul, América Central e Ilhas do Caribe. O início do
trabalho batista na Argentina data de 1881, através do missionário suí-
ço Pablo Besson, que era homem de grande conhecimento, chegando
a traduzir uma versão do Novo Testamento diretamente do grego.
Logo mais, em novembro de 1883, chegou o primeiro missionário da
Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos,
Sidney M. Sowelrg.
Mesmo sendo os batistas argentinos parceiros
dos brasileiros no seu trabalho inicial do Chile,
a JME resolveu em 1966 estender seu trabalho
missionário à Argentina, começando por Posa-
das e Encarnación, na fronteira com o Brasil em
Foz do Iguaçu410. Entretanto só bem mais tarde
a JME entrou nesse país. Márcia Ah-lai Vargas
foi nomeada para trabalhar na Argentina em ja-
neiro de 1975, tendo ficado ali até 1988. Em
junho de 1975, a Junta nomeou também para
a Argentina o casal Francisco Cid e Raquel Gon-
zález Cid411, que iniciaram suas atividades em
janeiro de 1976, na cidade de Villa Maria, na
Província de Córdoba, onde ficou até 1980 e
organizou uma igreja. Na ocasião havia apenas 10 igrejas, quase todas

O método lancasteriano ou ensino mútuo, ou ainda sistema monitoria', teve sua origem no
século XIX. O nome é devido ao inglês Joseph Lancaster, e consiste principalmente no fato do
aluno mais adiantado ajudar o professor na tarefa do ensino. Originalmente um aluno treinado
deveria ensinar um grupo de 10 outros alunos, sob a supervisão de um inspetor. Cf. MÉTODO
Lancasteriano. In: DICIONÁRIO INTERATIVO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: <http:/www.
educabrasil.com.br>. Acesso em 07 out. 2008.
"'" CID, Francisco. Argentina. Rio de Janeiro: Consulta Sobre Missões, 1981, f. 43-45. Mimeo-
grafado.
PAISES que nos esperam. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, p. 2, jul./set.
1966.
411 ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 58a
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1976, p. 156.
pequenas, para uma população da cidade de Córdoba de um milhão e
duzentos mil habitantes. O casal Cid permaneceu no campo argentino,
em lugares diferentes, até julho de 1991, quando foi transferido para o
Paraguai412, dando continuidade ao projeto missionário da JMM.
No início de 1976, Noêmia Tavares
dos Santos, que foi nomeada inicial-
mente para Portugal e esteve por pouco
tempo no Uruguai, foi transferida para
a Argentina. No mesmo ano, Francisco
Cie' escreveu sobre as missionárias na
Argentina: "Márcia Ah-lai Vargas, que
já havia estado na Argentina espiando a
terra, depois de uma breve permanência
no Brasil, já voltou para o campo. Estará
ao lado de sua companheira, missionária
Noêmia Tavares dos Santos, realizando a
excelente obra na cidade que Deus lhes
indicar". Mais tarde, em 1984, Márcia se
encontrava sozinha em Chacabuco, im-
plantando uma igreja. Ela permaneceu na
Argentina até 1988. As dificuldades do trabalho inicial, quando havia
necessidade de licença do Governo para a realização de cultos, foi
narrada em 1977 pelo missionário Francisco Cid414:
Dentro de alguns dias deveremos obter o registro de cultos para a nossa Igreja.
Entretanto, nosso templo já abre suas portas três vezes por semana para o culto
a Deus. Foi com emoção que abrimos suas portas, feitas por nossas próprias
mãos. Fizemos também o biombo da entrada, que é tão necessário para o frio
daqui que já anda com geadas seguidas há quatro dias. Ainda nesta semana co-
meçaremos a fazer os bancos e em seguida o batistério e o púlpito. Queremos
inaugurar oficialmente o templo em julho.

H' CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Junta de Missões Mundiais, Hor-
tolândia, 28 jun. 2007. Digitado.
4 ' Id. Coisas maravilhosas na Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 15, set./dez.

1976.
11-' Id. Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 21, maio/ago. 1977.
Venezuela
A Republica Bolivariana da Venezuela está situada no norte da Amé-
rica do Sul. O atual presidente, Hugo Chávez, está no poder desde
1999, tendo sido reeleito por duas vezes e liderado muitas mudanças
na vida política do país. Sua tendência socialista tem desagradado al-
guns governos de outros países do bloco ocidental, inclusive os Estados
Unidos da América. Com sua política econômica, o país deixou de ser
membro do Pacto Andino em dezembro de 2005, e em julho de 2006
se filiou ao Mercosu1415.
Quanto aos batistas na Venezuela, em maio de 1977 chegaram os
primeiros missionários batistas brasileiros naquele país, José Calixto Pa-
trício e Sueli Mieko Sirasawa Patrício, que tinham sido nomeados ainda
no ano de 1976. Por 17 anos a família Calixto esteve em terras venezue-
lanas. A ida àquele campo foi resposta ao apelo da Convenção Batista
da Venezuela, que solicitou missionários para atuarem na plantação
de igrejas. O casal conta que chegou à Venezuela em uma madruga-
da, pelo que não esperava que alguém estivesse no aeroporto, mas
para surpresa havia cerca de 20 pessoas que faziam uma grande festa
ao apresentar uma faixa com os dizeres em "portunhol": "Bienvindos
misioneros brasileros patricios. Recibam los saludos de la Convención
Nacional Bautista de la Venezuela"416. Assim Deus providenciou o calor
humano na terra desconhecida e a família do missionário pôde sentir o
aconchego do povo da terra, mediante a graça de Deus, que tudo pro-
videncia para o bem dos seus servos. Logo depois o casal se dirigiu para
a região de Barcelona e Puerto La Cruz, onde não havia igrejas batistas.
Ao chegarem ao campo, surgiram dificuldades que foram enfrentadas
de forma altaneira. O missionário José Calixto417 relembra aqueles dias:
"A Junta nos ofereceu um valor para usarmos em aluguel, mas só era su-
ficiente para uma casinha na favela. Assim, durante um mês moramos
em um quarto de hotel que mal cabia nós dois. Nesse tempo, começa-
mos a fazer visitas para iniciar uma congregação". Foi assim que o casal

413 Venezuela. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.


Acesso em 15 set. 2008.
41' VENEZUELA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 23, maio/ago. 1977.
41- PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Providence, RI - USA, 19 abr. 2007.
conheceu a viúva Carmem, que
havia comprado uma casa al-
guns anos antes e, desde então,
orava para que Deus mandasse
alguém a fim de iniciar um tra-
balho em sua residência. Logo
que conheceu o casal Patrício,
ela ofereceu sua casa para orga-
nizar um trabalho evangélico na
comunidade. Os missionários
contam que após três anos ha-
viam comprado uma casa e com
o dinheiro dos próprios irmãos,
construíram a primeira igreja
naquele campo, que foi inaugu-
rada em julho de 1980 com 56
membros fundadores e já com
o seu templo construído418. O culto de inauguração foi uma festa que
teve a duração de quatro horas. Aquela igreja foi chamada Igreja Batista
Memorial de Barcelona, em memória do povo batista brasileiro. Assim
a )MM foi ampliando as tendas para que se expandisse o evangelho na
América do Sul.

5. Vivendo o sonho da África


O primeiro sonho missionário dos batistas brasileiros ocorreu ainda
em 1896, através da União das Igrejas Batistas do Sul do Brasil, com a
frustrada proposta de sustentar um missionário no continente africano.
A África sempre esteve na mente e no coração dos batistas brasileiros,
não somente pelo sangue que corre nas veias de muitos e da cultura
afro-brasileira existente de norte ao sul do país, como pelo desejo de
levar a mensagem do evangelho a todos os povos do mundo. Aqui
serão abordados três países africanos, que foram os primeiros onde a
Junta de Missões Mundiais atuou.

"" PATRÍCIO, Sueli Mieko Sirasawa. Um desafio chamado Venezuela. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, dez. 1992/jan. 1993.
Algo a ser mencionado é que uma boa parte da África foi alcançada
pelos cristãos nos primeiros séculos. A tradição fala que "Simeão, por
sobrenome Niger" (At 13.1), foi pregar o evangelho naquele continen-
te, pelo que hoje está ali um país que recebeu o seu nome (Níger).
Também afirma que o etíope evangelizado por Felipe, voltou para a
sua terra para anunciar a mensagem de Cristo. Deixando de lado a tra-
dição, sabe-se que em Alexandria, no Norte da África, esteve uma das
mais importantes escolas de pensamento cristão por alguns séculos. No
tempo do teólogo Agostinho de Hipona (354-430), o cristianismo era
fortíssimo naquela região. Infelizmente, fatores diversos, como as dis-
cussões teológicas e a construção de suntuosos templos e monumentos
de pedra e de barro receberam a primazia, em detrimento da evange-
lização e de missões, levando a Igreja de Cristo a perder o seu objetivo
principa1419. Assim não foi difícil para os maometanos conquistarem o
Norte da África e muitas outras partes do mundo, a partir do século VII.
O que ocorreu com os judeus, que perderam o privilégio de serem o
povo escolhido de Deus (Mt 21.43), aconteceu também naquela região
antes tão bem "evangelizada". Algo semelhante está acontecendo hoje
em alguns dos países mais ricos do mundo, que em um passado próxi-
mo foram verdadeiros luzeiros do evangelho, mas hoje muitas igrejas
estão deixando de existir e seus templos sendo totalmente fechados ou
vendidos. O nosso apelo é que cumpramos a missão para a qual fomos
designados e jamais permitamos que algo semelhante venha a ocorrer
com os batistas brasileiros, para não recebermos a mesma advertência
dirigida à Igreja de Éfeso: "Volta à prática das primeiras obras; se não,
venho a ti e moverei de seu lugar o teu candeeiro" (Ap. 2.5b).

Moçambique
A República de Moçambique é um país da costa oriental da África
Austral. Foi colonizada pelos portugueses, sendo por muito tempo uma
província ultramarina de Portugal. Alcançou a sua independência somen-
te em 1975. A sua cultura é mesclada por árabes e europeus e a língua
oficial é a portuguesa, embora existam vários dialetos de origem bantu.

"° GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Missões, ajustando o foco da Igreja. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 108, n. 37, p. 10, 14 set. 2008.
Moçambique possui belas praias atraentes para turistas, que se encantam
com o clima e a simpatia do povo da terra. Contudo, a guerra civil que
permeou esse processo permaneceu até 1992, deixando um milhão de
mortos e profundos problemas sociais e políticos que vêm se arrastando
até os dias atuais. "O país tem 18 milhões e 600 mil habitantes, cer-
ca de 80% praticam a agricultura de subsistência e mais da metade é
analfabeta"420 . Como se não bastassem os problemas reproduzidos pela
guerra, que configuram um país falido, enchentes e vendavais têm atin-
gido Moçambique, deixando 600 mil mortos e mais de um milhão de
desabrigados, além de prejudicar e destruir estradas, redes elétricas, sis-
tema de águas, hospitais, escolas, rebanhos e plantações, aumentando os
problemas da fome, saúde, analfabetismo, falta de habitação e outros.
Apesar de tudo isso, o antigo sonho dos batistas brasileiros manda-
rem missionários à África começou com Moçambique. Em 1971, José
dos Reis Pereira escreveu que ainda em 1896 os batistas da Guanabara,
do Estado do Rio e de Minas Gerais, reunidos em Associação, votaram
uma verba para sustento de um obreiro na África. Na sua análise, Reis
Pereira'' concluiu: "74 anos depois vemos concretizado aquele sonho
dos pioneiros". Na realidade, a JME projetou ainda em 1954 um plano
de enviar missionários para Angola e Moçambique. Depois houve a
tentativa frustrada dos candidatos a missionários na África, Sebastião
e Anterina de Souza, que terminaram indo para a Bolívia. Após mui-
tos apelos, finalmente, em 1971, seguiu como missionária dos batistas
brasileiros no continente africano Valnice Milhomens Coelho, que foi
trabalhar em Moçambique.
O relatório da Junta, apresentado à assembléia convencional de
1971, celebrou o acontecimento: "O grande desejo do povo batista
brasileiro, graças a Deus, foi realizado; é com alegria que a Junta en-
viará a primeira brasileira à África. É um auspicioso acontecimento que
deve ser motivo de louvor a Deus"422 . Certamente a missionária no-

"1" TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
"1 PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras: palavra do Presidente. Convenção Ba-
tista Brasileira: anais da 53S assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB,
1971, p. 260.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
anais da 53á assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1971, p. 260.
meada, assim como muitos outros
que depois foram trabalhar no con-
tinente africano através dos anos e
em diferentes países, sabiam das
dificuldades do trabalho. Somen-
te em Moçambique há 33 etnias e
apenas 7 ou 8 delas têm a Bíblia ou
porções da Palavra de Deus. Nancy
Dusilek423 comenta:
O trabalho na África não é fácil. O misti-
cismo é muito forte, levando as pessoas a
terem medo de tudo. A compreensão do
plano de salvação leva tempo e a pessoa
precisa ser bem discipulada para não mis-
turar com as crendices populares. Muitos
aceitam a Cristo nominalmente, não pelo
arrependimento, mas pelo medo que algo
ruim lhes aconteça. O missionário enfrenta muitas pressões espirituais.

Naquela ocasião, o missionário Antonio Maurício424 escreveu so-


bre a África: "É o continente cobiçado pelos inimigos de Cristo, se-
jam os muçulmanos ou os comunistas. Se conseguirem dominá-lo,
fecham as portas para o Oriente e para a América do Sul, apres-
sando assim a conquista da Terra pelas forças da impiedade ou do
fanatismo islâmico".
Em Moçambique, os batistas portugueses haviam realizado ativida-
des evangelísticas desde 1949, havendo já quatro igrejas como resul-
tado do trabalho do casal de missionários portugueses Luiz Rodrigues
e Maria José de Almeida42S. De início, Valnice trabalhou ao lado desse
operoso casal. Depois ela se transferiu para Beira. Valnice se carac-
terizou pelo seu entusiasmo e amor ao africano. Desde que chegou,
ela demonstrou seu interesse em preparar obreiros da terra, que por
sinal tem sido uma característica do trabalho batista brasileiro em ou-

"' DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 82.


4 " MAURÍCIO, Antonio. Os muçulmanos ameaçam! Qual a nossa resposta? O Jornal Batista, Rio

de Janeiro, ano 71, n. 25, p. 1, 20 jun. 1971.


ALMEIDA, Alcides Telles de. Histórico do trabalho batista português em Angola e Moçambi-
que. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 69, n. 8, p. 4, 23 fev. 1969.
tras terras. Valnice426 escreveu: "Uma das minhas preocupações como
missionária é o preparo do elemento nacional. Ele é a esperança para
o desenvolvimento do trabalho. [...] Agora já temos dez vocacionados,
cinco rapazes e cinco moças". Assim ela ensinava várias disciplinas no
Instituto Teológico de Lourenço Marques, enquanto servia também
como Secretária Executiva da União Feminina de Moçambique. Logo
mais, Valnice427 comentou sobre o povo da terra: "0 africano revela
sede muito grande das coisas espirituais. É a gente mais religiosa que
já tenho conhecido. E que fervor! Que sinceridade!".
Em 27 de março de 1972, partiram para Moçambique José Nite
Pinheiro e Cilcéia da Cunha Pinheiro. Logo de início ela assumiu res-
ponsabilidades na área musical na Igreja de Malhangalhene, que era
a segunda em Lourenço Marques, a qual passou a ser pastoreada por
seu esposo. Ele, além do pastorado, começou a ensinar no Instituto
Teológico. O trabalho começou a crescer na Igreja, e somente em
1975 ele batizou 30 pessoas. Mais tarde, em 1976, com a mudança
do sistema político, Nite e Cilcéia foram transferidos para a Rodésia e
logo depois, no mesmo ano, para Portugal Continental. Mesmo estan-
do no continente, o casal não deixou Moçambique no esquecimento,
pelo que levou, em duas ocasiões distintas, duas famílias inteiras de
moçambicanos para Cristo, sendo uma em Évora e a outra em Coim-
bra. José Nite42" comentou sobre a experiência em Évora:
Uma jovem de Moçambique, mas não a conhecíamos. Ela se apresentou com
o desejo de ouvir a mensagem anunciada em uma conferência. Foi com toda a
sua família e se converteu. Mais tarde ela disse: "Em Moçambique, minha terra,
nunca tinha ouvido a Palavra de Deus. Foi em Évora que pela primeira vez ouvi
e aceitei o evangelho de Cristo".

O relatório referente a 1972 menciona o importante trabalho do


português Antonio Joaquim de Matos Gaivão e sua esposa Deolinda
Veloso de Matos Gaivão. Ele havia estudado no Seminário do Rio e o
casal foi ajudado pela JME na sua ida ao campo para pastorear a Primei-

42 ' COELHO, Valnice Milhomens. Novas que vêm da África. O Campo é o Mundo, Rio de Janei-
ro, ano 6, n. 21, p. 9, abr./jun. 1971.
127 Id. Gritos e gemidos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 6, n. 22, p. 8, jul/set.1971.

PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
ra Igreja Batista da Beira, em Moçambique,
que era constituída de europeus. A visão mis-
sionária de Gaivão fê-lo ampliar a obra. Ele
mencionou de modo especial a extensão do
trabalho, alcançando os portugueses em Sa-
lisbury (hoje Harare), capital da Rodésia (hoje
Zimbábue)420, para onde ele ia mensalmente.
Outras atividades, em locais diferentes, fo-
ram realizadas em Moçambique por Gaivão,
que explica: "O trabalho com africanos dava
muito resultado, pois havia sempre uma res-
posta maciça. Esse foi um período muito fe-
cundo, quando em três anos batizei cerca de
150 pessoas"430. Diga-se de passagem, que
na ocasião ele ainda não era missionário vin-
culado à JME. A saída da família Gaivão de
Moçambique ocorreu um pouco antes da independência, em 1975,
porque tendo ele nacionalidade portuguesa, poderia ser visto como
suspeito, pelo que foi aconselhado pelo próprio Governo a sair, pois
havia o risco de represália. Voltou para o Brasil e foi naturalizado bra-
sileiro, só retornando ao campo de Missões Mundiais em 1979, para a
Espanha.
Em agosto de 1973, seguiu para Moçambique mais uma missionária
nomeada pela JME, Albertina Ramos da Silva, que centralizou sua ativi-
dade com portugueses, indianos e africanos431. No ano seguinte, Maria
Ivonete da Costa Lopes foi trabalhar em Moçambique, ficando ali até
1976, quando foi remanejada para a Rodésia.
Na Convenção de 1975, o programa inspirativo da JME teve como
oradora a missionária em Moçambique Valnice Milhomens, que en-
tusiasmou a congregação com sua mensagem, que foi seguida de de-

-'"' PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
55.2 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 85 e 86. Mais tarde, Salisbury passou a ter o nome
de Harare e Rodésia, Zimbábue.
"' GAIVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
'" ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 56a
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
zenas de decisões para o trabalho missionário432 . O Pastor João José
Soares Filho' escreveu: "Foi um espetáculo emocionante que moveu
a nossa alma, embargou a nossa voz, a ponto de em certos momentos
não podermos cantar. O povo vibrava, as almas se alegravam, os olhos
estavam umedecidos. Era uma alegria santa!"
Ainda em 1978, a revista O Campo é o Mundo comenta sobre a
saída dos missionários de Moçambique em virtude da situação política
e a permanência de Valnice. "Ficou apenas Valnice. Lá permanece por
milagre divino. A obra que realiza é maravilhosa! Evangeliza, doutrina,
prepara para o futuro os obreiros que deverão continuar a obra que os
batistas brasileiros ali implantaram com o auxílio divino"434. A perspi-
cácia da obreira se revelou claramente, tendo em vista a instabilidade
política no país. Embora Valnice continuasse o trabalho em todas as
áreas como era a sua característica, ela concentrou sua atenção no pre-
paro de obreiros da terra, para garantir, que mesmo sem a presença de
missionários de outros países no futuro, a obra não sofresse solução de
continuidade43s.

Rodésia (Zimbábue)
O nome Rodésia era em honra ao seu colonizador, o inglês Cecil
John Rhodes. A mudança de nome para Zimbábue ocorreu em 18 de
abril de 1980, ao obter independência política da Inglaterra. No idioma
shona, uma das línguas tribais mais faladas no país, Zimbábue significa
"casa de pedra"436. A sua população é de cerca de 11 milhões de ha-
bitantes, dos quais 40% crêem em espíritos maus e praticam religiões
tribais.
Rodésia foi o segundo país da África a receber missionários batistas
brasileiros, embora em momento difícil. Como mencionado anterior-
mente, desde 1972 os portugueses que se encontravam na Rodésia

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 574, 1975, Rio de Janeiro, ata da 11 á sessão. Convenção
Batista Brasileira: 57'3 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1975, p. 288.
" SOARES FILHO, João José. Grande manifestação de amor a Missões e à Missionária Valnice. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n. 37, p. 4, abr./jun. 1975.
ÁFRICA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p. 26, maio/ago.
1978.
4 " MOÇAMBIQUE. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 23, maio/ago. 1976.

'' DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 92.


foram alcançados por Antonio Joaquim de Matos Gaivão e sua esposa,
Deolinda Gaivão. Em dezembro de 1975, foi remanejado de Moçam-
bique para a Rodésia o casal José Nite e Cilcéia Pinheiro, que demorou
ali pouco tempo e seguiu para Portugal437. Logo depois, o mesmo acon-
teceu com Maria Ivonete da Costa Lopes. Ela ficou em Salisbury até
1978. Mesmo com os contratempos, os batistas brasileiros ainda conti-
nuaram na Rodésia por ocasião da transição para o novo Executivo da
JMM, sendo o trabalho descontinuado provisoriamente em 1982, mas
retornando em 1988, quando o nome do país já tinha sido mudado
para Zimbábue.

Angola
A República da Angola é um dos países da costa ocidental da Áfri-
ca. Antiga colônia portuguesa, só alcançou a sua independência em
1975. O português é a língua oficial, embora o umbundo seja falado
por 26% da população. É um país agrícola, mas rico em minerais. A
população é uma das mais pobres do continente, embora seja o se-
gundo maior produtor de petróleo e diamante da região sub-Saara da
África438. Na realidade, acontece ali essa aparente contradição como
em outros países, pois a exploração da riqueza natural em si nunca foi
garantia de redução da desigualdade social. Pelo contrário, contribui
para a reprodução da pobreza, que pode chegar a níveis profundos.
Contudo, tratando-se especificamente da Angola, é incontestável a sua
carência espiritual.
Os primeiros missionários que chegaram em Angola foram da So-
ciedade Missionária Batista Britânica439 . Mas melhores resultados sur-
giriam através dos portugueses. Assim, em 1934, a Convenção Batista
Portuguesa nomeou o casal de missionários Manuel Ferreira Pedras e
Justina das Dores Pedras para aquele país, depois de terem atuado ali
desde 1931 como missionários da Igreja Batista de Valença em Portu-

"- PINHEIRO, José Nite. De Moçambique para o Alentejo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 18, set./dez. 1976.
ANGOLA. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 16 set. 2008.
BOORNE, A. Anthony. E a África? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 4, p. 4 e
5, jan./mar. 1966.
gal. Em 1963, os Pedras foram substituídos por Antonio Tiago de Souza
Pereira e Maria do Carmo Pereira440. Nesse mesmo ano, a Sociedade
Missionária Batista Britânica (BMS), que mantinha trabalho na Angola,
cogitou sobre a possibilidade dos batistas do Brasil trabalharem em An-
gola na área de educação, com a proposta de atuarem ali no mesmo
pé de igualdade dos ingleses, e após dois anos, se houvesse interesse
de ambas as partes, serem aceitos como obreiros, na categoria de as-
sociados da BMS. O parecer da Convenção foi: "Que a Convenção
apóie a decisão da Junta em aceitar o convite de cooperação com a
Sociedade Missionária Batista de Londres, ao solicitar-nos missionários
para o seu campo em Angola"441. As dificuldades no Brasil, inclusive
para encontrar os candidatos para esse trabalho, retardaram o envio de
missionários.
O missionário português Antonio Tiago de Souza Pereira"' escreveu
em 1967: "Estamos aqui em Nova Lisboa, província de Angola, ainda
num campo pioneiro para a obra batista. Eu e minha esposa somos o
único casal de missionários batistas para 7 igrejas, sendo 5 compostas
de pessoas da terra e 2 de europeus e alguns nativos da cidade, num
total de 328 membros".
Em 1998, em uma atividade da JMM, o casal Zaqueu e Edelweiss
de Oliveira teve a oportunidade de participar de uma campanha de
evangelização em Portugal, quando visitou a cidade de Tomar, onde se
encontrava o Pastor Antonio Tiago e sua esposa, Maria do Carmo Pe-
reira. Ela narrou uma das experiências quando viveram em Angola, em
período de guerra. Certo dia, enquanto o Pastor Antônio Tiago estava
viajando para a realização de trabalho em aldeias, a missionária perce-
beu uma intensa movimentação na vizinhança, quando constatou que
era o exército de revolucionários, o qual costumava invadir as casas,
saquear todo o estoque de alimentos e roupas, e às vezes se apossar
das mulheres para abusar sexualmente. Maria do Carmo se prostrou e

'"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Histórico do trabalho batista português em Angola e Moçambi-
que. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 69, n. 8, p. 4, 23 fev. 1969.
'4' SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
'12 PEREIRA, Antônio Tiago de Souza. África. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8,
p. 14, jan. mar. 1968.
rogou a proteção de Deus e, logo a seguir, foi com muita coragem até a
porta. Ao abrir, viu que um grupo de soldados armados se aproximava
e, ao olhar para ela, deram as costas e começaram a correr em sentido
contrário. A missionária concluiu: "É como se eles tivessem visto o exér-
cito de anjos ao redor da casa onde eu me encontrava com as crian-
ças". Isso a fez lembrar a história do profeta Eliseu, que foi protegido do
ataque dos sírios por cavalos e carros de fogo (2Rs 6.16 e 17).
Na realidade, Angola não conheceu a paz entre 1961 e 2002. De
início era a luta contra o domínio colonial português. Depois, a partir
de 1975, foi a guerra civil entre dois grupos que lutavam pelo poder.
Antes mesmo dos batistas brasileiros chegarem em Angola, a situação
já era difícil, pelo que os missionários agiram como verdadeiros heróis
conforme será visto adiante.
Na assembléia convencional da Convenção Batista Brasileira, rea-
lizada no ano de 1973, foram apresentados como missionários bra-
sileiros, já nomeados para Angola, Levy Barbosa da Silva e Elizabeth
Barbosa da Silva443. Eles seguiram no mês de abril e dentro de quatro
meses organizaram duas igrejas, sendo uma em Caála e outra em Lu-
anda. Em 1975, após momentos difíceis em virtude da situação polí-
tica e guerra civil, o casal retornou para o Brasil, antecipando as férias
que só ocorreriam no ano seguinte. Ainda na Angola ele escreveu: "O
povo vive fugindo de um lado para outro, sem saber onde há de se
esconder"444. No curto período em que Levy esteve na Angola, foram
batizadas 61 pessoas".". Enquanto isso, a missionária Eunice de Brito,
que se encontrava como missionária na Angola desde abril de 1974,
conseguiu com dificuldade sair do país e foi trabalhar no Uruguai
por algum tempo, desligando-se da Junta em 1976. Os problemas na
Angola continuaram, mas mesmo assim foi mantido o trabalho dos
batistas brasileiros, em uma demonstração admirável de ousadia e
coragem dos nossos missionários.

'" CONVENÇAO BATISTA BRASILEIRA, 55', 1973, Recife, ata da V sessão. Convenção Batista
Brasileira: 555 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 290.
ATÉ os confins da terra através de Angola. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n.
38, p. 21, jul./set. 1975.
"' FLASHES missionários. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 76, n. 6, p. 5, 08 íev. 1976.
6. Missões no mundo da tradição e da riqueza
Aqui será visto o trabalho dos batistas brasileiros em três países, sen-
do dois deles da Europa, França e Espanha, que são países que têm
uma grande tradição na história do mundo ocidental. O terceiro país
é o Canadá, na América do Norte, considerado um dos mais ricos do
mundo, onde o protestantismo é forte pela influência britânica. Deve-
se considerar que nestes países, principalmente França e Canadá, o
cristianismo se encontra misturado com uma onda de liberalismo, ceti-
cismo e materialismo, pelo que o espírito religioso tem sido conservado
como uma simples tradição.

França
No período Moderno, a França se tornou o primeiro país na Eu-
ropa a ter sua formação como Estado, quando a Revolução Francesa
instalou uma república em 1789. A democracia, hoje dominante no
mundo ocidental, deve muito à França pelas mudanças ocorridas no
final do século XVIII. Hoje ela é uma república democrática semi-
presidencialista. Com a Alemanha e o Reino Unido, ela disputa a
liderança da economia da União Européia, sendo considerado o
sexto país mais rico do mundo em termos de PIB, depois dos Esta-
dos Unidos, Japão, Alemanha, China e Reino Unido, embora dados
mais recentes do FMI coloquem a França como a oitava economia
do mundo. O Cristianismo se instalou no seu território ainda nos sé-
culos II e III. Hoje a França é oficialmente um estado laico, com 51%
de católicos romanos, 31% de ateus e apenas 2% de protestantes446.
Esses dados representam a grande indiferença religiosa existente em
significativa parte dos países da Europa Ocidental.
Em congresso realizado na Europa na década de 70, o presidente
da Federação das Igrejas Batistas Francesas, André Thobois, e o presi-
dente da JME, José dos Reis Pereira, entabularam conversação sobre
missões, e com ela houve a solicitação de ajuda dos brasileiros para
trabalhar na França. Assim, Paulo Roberto Sória e sua esposa, Carmem

`"`' FRANÇA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.


Acesso em 17 set. 2008.
Lúcia Bernardes Sória, foram nomeados
pela Junta em junho de 1977, seguin-
do para a França em agosto do mesmo
ano. A revista O Campo é o Mundo
comentou:
A ida da família Sória para a França é mais um ato
de fé que os batistas brasileiros cometem. Não hou-
ve promoção para o envio, não andamos à frente
de Deus, antes fomos impulsionados por Ele. Não
buscamos servir a estatísticas, inebriados com a vai-
dade numérica de estarmos entrando em mais um
país. 1...1 Missões é obra de fé.

Também o presidente da Junta, José


dos Reis Pereira448, explicou algo sobre os
novos missionários e o porquê da sua ida
à França:
Quando o casal se apresentou à J unta, já estava de-
finido quanto ao campo de trabalho. Sua ascendência é espanhola, nunca se
interessou particularmente pela língua francesa, pendendo antes para o inglês
e espanhol. Mas não há explicações racionais para tais coisas. Deus o chamou
para a França: basta isso.

Embora já houvesse na França 3.500 batistas, o povo era tradicional-


mente católico, mas, na realidade, religiosamente indiferente. Os Sória
iniciaram trabalhando em duas frentes, uma para portugueses e outra
para franceses449 . Em 1978, foi organizada ali a Igreja Batista de Versa-
lhes. Uma das estratégias usadas foi utilizar um programa de rádio da
Federação Batista Francesa e atender pessoas que precisavam de ajuda
por telefone. Também utilizou Curso por Correspondência, alcançando
muitos alunos de fala francesa do continente africano45°.

FRANÇA já está recebendo as boas novas de salvação proclamadas por missionários brasilei-
ros. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 31, maio/ago. 1977.
"" PEREIRA, José dos Reis. O primeiro missionário dos batistas brasileiros à França. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 77, n. 29, p. 5, 17 jul. 1977.
"" PRODONOFF, Victor. Evangelismo reativado na França. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p, 20, set./dez. 1978.
''" SÓRIA, Paulo Roberto. França desperta para o evangelho. O Campo é o Mundo, Rio de Ja-
neiro, p. 11, dez. 1981.
Espanha
A Espanha de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, conhecidos no
século XVI como reis católicos, não permitiu a entrada de protestantes
por centenas de anos. Os espanhóis estavam satisfeitos com a Reforma
Católica Romana liderada pelo Cardeal Ximenes de Cisneros no país,
ainda no final do século décimo quinto e início do décimo sexto451.
Somente depois de três séculos houve alguma brecha para a entrada de
evangélicos, graças aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade es-
palhados no mundo pela Revolução Francesa, e, mais tarde, ao exem-
plo das democracias britânica e norte-americana. Foi muito importante
para os espanhóis a ênfase sobre os direitos humanos na ocasião, até
porque, como em outras partes do mundo, muitos liberais eram tam-
bém anti-clericais. Sob essa influência, houve em 1868 uma revolução
no país, que garantiu tolerância religiosa aos não-católicos. Foi neste cli-
ma que chegou à Espanha o primeiro batista norte-americano, William
I. Knapp, que esteve no país inicialmente como independente e depois
como missionário da União Batista Missionária Americana, entre 1867
e 1876. Nesse período, além de outras realizações, fundou a Igreja
Batista de Madri, em 1870. Entretanto, a instabilidade política o forçou
a deixar a Espanha e retornar aos Estados Unidos. Depois dele, outros
missionários estiveram no país, inclusive Enrique Lund, que atuou de
1881 a 1900, como obreiro da mesma agência missionária de Snapp.
Mais tarde, na década de 1920, os Batistas do Sul dos Estados Unidos
assumiram a maior parte do trabalho na Espanha. Após a ascensão do
General Francisco Franco ao poder, que se proclamou chefe (caudillo)
e Primeiro Ministro em janeiro de 1938452, os privilégios concedidos à
Igreja Católica Romana, que se tornou religião do Estado, resultaram em
falta de liberdade religiosa no país, quando não eram permitidas ceri-
mônias externas ou manifestações, a não ser da Igreja Oficial. Apesar da
perseguição, o período entre 1945 e 1952 foi o de maior crescimento

OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. História do cristianismo em esboço. 2. ed. Recife: STBNB
Edições, 2005, p. 186 e 187.
"2 FRANCO, Francisco. In: ENCICLOPÉDIA Brasileira Mérito. V. 9. São Paulo: Editora Mérito,
1959, p. 341.
para os batistas''. Depois de 1952, a tentativa de proibir a realização de
qualquer culto que não fosse da Igreja Romana resultou em igrejas serem
fechadas, além de outras formas de repressão, como multas e prisão de
pastores. Só em 1964, houve uma declaração do General Franco sobre
tolerância religiosa, que levou a própria Igreja de Roma a buscar diálogo,
tanto que o ano de 1965 foi considerado, pelos batistas espanhóis, como
um ano de oportunidades sem precedentes para se pregar o evangelho.
O momento foi bem aproveitado, inclusive pelos Batistas do Sul dos Es-
tados Unidos, que aumentaram o número de seus missionários.
Finalmente, em abril de 1968, ainda no período de Franco, o Mi-
nistério da Justiça regulou a lei que concedia liberdade religiosa, em-
bora com algumas restrições. Na ocasião houve também um esforço
das igrejas batistas em obterem sua própria manutenção, tanto que em
1975, 44 das 58 igrejas batistas da Espanha tinham sustento próprio454.
Com a morte do General Franco em 20 de novembro de 1975, e a
coroação do Rei João Carlos, o caminho para total liberdade religiosa
foi aberto, tanto que na nova Constituição de 1978, foi proclamada
liberdade de ideologia, religião e culto dos indivíduos e comunidades,
sem qualquer limitação. Foi nesse período que chegaram na Espanha
os primeiros missionários batistas brasileiros.
Em novembro de 1977, foram nomeados Carlos Alberto Pires e Abe-
gair Lopes Pires, como pioneiros da CBB na Espanha, seguindo para
o campo em junho de 1978. Logo, em agosto do mesmo ano, eles se
estabeleceram em Orense, região da Galícia. Quando a comunidade
tinha 15 irmãos, aconteceu o milagre de receberem de mão beijada um
local para realizarem os cultos. Carlos Alberto Pires455 relata:
Não tínhamos dinheiro, nem para alugar um salão, e muito menos para com-
prar. Um dia chega em nossa casa um pastor pentecostal, dizendo que havia
uma pequena capela do grupo, mas devido a problemas, ela iria fechar. Mas
Deus falou ao coração dos irmãos que a capela deveria ser cedida aos batistas.
Continuou dizendo que não se preocupassem com aluguel, pois seria muito
barato e que poderiam usar também as cadeiras, as mesas e o púlpito, pois tudo
pertencia a Deus.

HUGHEY, I. David. Los Bautistas en Espana. Tradução de D. Pedro Bonet. Barcelona: C asa
Bautista de Publicaciones, 1985, p. 98 e 99.
''' Ibid., p. 149.
"' PIRES, Carlos Alberto. Memórias de Abegair. Madri: Autor, 2001, f. 30. Digitado.
A despeito da Espanha ser um país euro-
peu, o momento quando chegaram os novos
missionários era difícil, tendo em vista a ne-
cessidade do povo se adaptar às mudanças da
ditadura para a democracia. Em 1982, Carlos
Alberto Pires"' comentou: "Com a morte de
Franco, produziu-se uma explosão política
de transformação radical. Alcançou-se uma
democracia que para muitos é algo novo e
teórico, e para outros é produto de uma nova „Ç.atJes Atbetto:Pires
eAbetzali itoes Pires
política de esperança com relação ao futu- foranl wssospk)neiros;
ro do país". Para os missionários em países na Espârává.'
.1. 4
da Europa Ocidental, inclusive a Espanha, o
trabalho missionário era um verdadeiro desafio. Antonio Joaquim de
Matos Gaivão"' argumenta:
Geralmente o povo espanhol é aberto ao diálogo religioso, ao mesmo tempo
que é também cético, e isso se deve ao fato de haver sido manipulado duran-
te largos anos pela igreja oficial. 1...1 Aqui neste velho continente, da histórica
e aventureira Península Ibérica, donde saíram as intrépidas naus com seus
marinheiros a descobrir um mundo novo, clamamos com um gemido sumido
na garganta: "Que aportem aqui as naus do evangelho, com seus destemidos
marinheiros, a anunciarem ao povo desta península as boas novas de salva-
ção!".

Canadá
Canadá tem extensão territorial maior do que os Estados Unidos,
sendo nesse aspecto o segundo maior país do mundo, embora sua
população seja apenas um décimo do número de habitantes de seu
vizinho ao sul. É uma das nações mais ricas do mundo. O país é uma
Federação independente formada de 10 províncias e três territórios,
sendo uma república socialista democrata com um governo parla-
mentarista. O Primeiro Ministro e os membros do Parlamento são os
que governam o país. A religião predominante é o catolicismo roma-

'6 Id. Espanha 1982! O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17, n. 54, p. 13, jun. 1982.
GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Levantai os olhos à Espanha. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 17, n. 54, p. 29, juin. 1982.
no, mas os protestantes são fortes também, contando-se entre estes
os batistas458.
Há muitos imigrantes em Canadá, chegando a um percentual de
16% dos habitantes, incluindo um elevado número de pessoas vindas
de países de língua portuguesa. Na década de 1950, a falta de trabalho
em Portugal levou milhares de portugueses a emigrarem para outros
países, inclusive Estados Unidos e Canadá, onde havia necessidade de
mão-de-obra, principalmente na agricultura e construção civil. Assim,
na década de 1980 havia cerca de 300.000 portugueses, tanto do con-
tinente como das ilhas dos Açores, estando a maioria na Província de
Ontário. Muitos desses portugueses são analfabetos e semi-analfabetos,
além de serem muito apegados às tradições de origem latina da Igreja
Católica Romana. Por outro lado, eles são trabalhadores bem dispos-
tos, pelo que encontram emprego com relativa facilidade, conseguindo
uma razoável condição material para a família459.
Nas grandes cidades canadenses, a mudança de muitos imigrantes de
língua portuguesa para bairros novos e mais distantes tem contribuído
para que igrejas definhem e morram. Atualmente, entre os batistas, o
numero de igrejas que estão fechando as suas portas é de duas por ano.
A ida dos batistas brasileiros para o Canadá aconteceu em parceria com
a Convenção Batista de Ontário e Quebec ou com igrejas locais, tendo
em vista atender a necessidade daqueles imigrantes. Assim, em junho
de 1978, seguiu para o Canadá os missionários João Carlos Keidann e
Gláucia Vasconcelos Keidann, que se localizaram em Toronto, onde
estão milhares de portugueses. Foram empossados em 10 de setembro
do mesmo ano no ministério em português da Igreja Batista Olivet.
João Carlos Keidann46° narra como foi surpreendido com o chamado
missionário:

Quando retornei do meu curso de Doutorado nos Estados Unidos, passei a


ensinar e, mais tarde, assumi o pastorado da Igreja Batista de Madureira, no
Rio de Janeiro. Certa ocasião, estava pregando sobre missões e, no púlpito, tive

'8 SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá. Cambridge, Canadá:
JMM, 2007, f. 3 e 4. Digitado.
-"" GARCIA, João Fernandes. Imigrantes portugueses: um desafio aos batistas brasileiros. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 18, n. 58, p. 22 e 23, jun. 1983.
KEIDANN, João Carlos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Toronto — Canadá, 14 abr. 2007.
uma experiência extraordinária. Olhei para
minha mão quando apontava para as pessoas,
conclamando-as para que fossem evangeliza-
dores, missionários e discípulos que fizessem
discípulos. Percebi que um dedo apontava
para a congregação, um apontava para o céu
e três apontavam para mim. Naquele mo-
mento senti que Deus queria algo especial,
mas pedi que Ele não fizesse aquilo comigo,
pois eu me sentia muito feliz como Professor
do Seminário e pastor daquela Igreja. Mas
era o chamado de Deus e tive de obedecer,
e logo mais fui sondado para ir ao Canadá,
tornando-me o primeiro missionário dos ba-
tistas brasileiros naquele país.

Logo de início, para rebater a idéia de que não havia necessidade de


missionários em um país de alto nível econômico, político e cultural,
Gláucia Keidann461 expôs as razões do trabalho missionário no país: "O
Canadá está longe de ser um país cristão. As igrejas aqui estão quase
sempre vazias; há falta de pastores e outros obreiros. E o que dizer dos
grupos étnicos que constituem, só em Toronto, 50% da população?"
Em outros momentos, a JME tentou justificar a realização de trabalho
missionário na América do Norte, mostrando que o trabalho era fei-
to através de convênios. A Junta explicou que só em Toronto havia
500 mil pessoas que falavam o espanhol e o português, e 200 mil em
Detroit, Michigan, nos Estados Unidos462, além de 25 mil na Baía de
São Francisco. Na realidade, fala-se no Canadá 78 línguas diferentes e
12,1% da população dizem não ter religião. A frieza espiritual é uma
tônica, mesmo entre os que afirmam ter alguma religião.
O trabalho da JME continuou no Canadá após a partida de Alcides
Telles de Almeida para a presença de Deus. Até o presente há missioná-
rios cumprindo a missão de Deus em países onde muitos julgam desne-
cessária a pregação do evangelho de Cristo. A pergunta que prevalece
é se o "ide" apresentado por Jesus não inclui os indiferentes, os des-

KEIDANN, Gláucia Vasconcelos. Canadá. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 28, set./
dez. 1978.
GARCIA, João Fernandes. Notícias do Canadá. Notícias do Canadá. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 83, n. 21, p. 10, 29 maio 1983.
crentes ou aqueles que têm condição social e econômica mais cômoda.
A visão missionária não é nem será excludente, pois todos no mundo,
incluindo os que se encontram em países ricos, estão no coração de
Deus. Isso nos leva a "pregar o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
2// c/6
1, /1e /17

/
ef-J-d10670-
Em 1979, até a posse de
Waldemiro Tymchak, respon-
deu pela Secretaria Geral da
Junta o seu presidente, José
dos Reis Pereira, pelo que não
houve solução de continuida-
de no trabalho, destacando-
se o fato da Junta de Missões
Estrangeiras ter decidido ain-
da em junho, portanto, antes
da posse do novo Executivo,
mudar o seu nome para Junta
de Missões Mundiais, decisão
essa confirmada no dia 26 de
janeiro de 1980, por ocasião
da assembléia convencio-
na1463. Diga-se de passagem
que José dos Reis Pereira foi
presidente da JMM por 28
anos, em três momentos, a saber, 1949 a 1966, 1970 a 1974 e 1977 a
1982. Uma curiosidade é que no interregno entre o segundo e o tercei-

SANTOS, José Guedes dos; CRUZ, Epaminondas; LIMA, Josué Nunes de. Parecer nQ 19: Junta
de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta
Executiva da CBB, 1980, p. 334.
ro momento de Reis Pereira, Haydée Suman Gomes foi presidente da
Junta, sendo ela a única mulher a exercer esta importante função.
Esta parte do livro, que inclui os capítulos III, IV e V, é dedicada de
modo especial ao trabalho da JMM realizado sob a direção de Wal-
demiro Tymchak, que não apenas foi um missiólogo, como tinha uma
visão profunda do mundo e da responsabilidade que os batistas bra-
sileiros tinham na obra missionária. Sobretudo ele não trabalhava por
obrigação ou simplesmente para cumprir um mandato que recebeu
da Convenção Batista Brasileira, mas por amor que infundia nele, na
sua equipe e em todos os que com ele se relacionavam um senso de
dever na evangelização dos povos em todo o mundo. Para ele os ba-
tistas do Brasil receberam de Deus uma incumbência, tendo em vista
a facilidade que o brasileiro tem de se adaptar a novos ambientes e
costumes. Ele também via a responsabilidade missionária partindo das
igrejas, pois foram elas que receberam do Senhor Jesus a Grande Co-
missão que impulsionou os primeiros cristãos a chegarem até os confins
da terra. Waldemiro Tymchak foi Diretor Executivo da JMM a partir de
23 de agosto de 1979, até 20 de abril de 2007, quando Deus o chamou
para o gozo eterno.

1. Do Senhor de Missões para o Pastor Missões


Filho de pregador leigo, Waldemiro Tymchak nasceu em Curitiba,
Paraná, no dia 15 de outubro de 1937. Seu pai era russo e sua mãe
romena, que ficou viúva ainda cedo, cuidando com desvelo dos seis
filhos. Na sua infância era obrigado pelo pai a falar somente o russo
em casa, o que o favoreceu com o conhecimento dessa língua, que
terminou sendo de grande valor para o seu trabalho missionário. Na
ocasião da partida de seu pai para a eternidade, Waldemiro tinha 12
anos e lutou com dificuldade para estudar, precisando se levantar às 3
horas da manhã para trabalhar até meio-dia, vendendo verduras, para
ir à escola à tarde464. Foi criado em uma igreja russa no Paraná, onde se
batizou aos 18 anos e cedo ajudava na parte musical, tocando banjo,
bandolim, pistão e acordeão.

4 '4 TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
Depois dos momentos difíceis de criança, aprendeu o ofício de al-
faiate, que exerceu até os 23 anos, o que explica o seu bom gosto e sua
forma invejável de trajar, que manteve até o final de sua vida terrena.
Estudou Ciências Sociais por dois anos na Universidade Federal do Para-
ná, mas Deus o chamou quando era membro da Primeira Igreja Batista
de Curitiba, pelo que após relutar, seguiu para o Rio de Janeiro, a fim
de estudar no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), aos
24 anos de idade. Terminou seu curso teológico em 1965. No ano se-
guinte foi para a Inglaterra, a fim de se especializar em Novo Testamento
no Spurgeon's College e concomitantemente na Universidade de Lon-
dres465. Enquanto estava estudando na Inglaterra, chegaram dois russos,
com quem fez amizade e, por conhecer a língua russa, teve condição de
ajudá-los. Logo mais Waldemiro visitou vários países da Europa, inclusi-
ve, a convite dos ex-colegas, esteve na Rússia. Na ocasião ainda havia o
poder soviético em toda a sua plenitude, que o tornou "profundamente
impressionado com a realidade religiosa, política e social do país de seu
pai". Isso o levou a escrever em O Jornal Batista uma série de 16 artigos
que ainda hoje impressiona os batistas brasileiros, com o título: "Eu cho-
rei na Rússia"466. Conta Acidália que, quando entrou na Rússia, ele tinha
bíblias na bagagem, o que não era permitido. Waldemiro já havia deci-
dido dizer somente a verdade durante a fiscalização. Ao ser interpelado
pelos policiais, confiando em Deus, ele disse que tinha duas bíblias em
russo, quando foi bruscamente interrompido pelo policial que lhe pediu
as bíblias. O policial perguntou se tinha libras e ele respondeu que sim,
assim como alguns rublos. Com isso Waldemiro recebeu ordem para que
o acompanhasse. O susto durou até que outro policial determinasse a
devolução das bíblias e a sua liberação. Ele entendeu o diálogo dos poli-
ciais em russo e louvou a Deus pelo livramento467.
Tymchak retornou ao Brasil em 1971, indo trabalhar na Congregação
de Pilarzinho, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, enquanto ensinava

41i' PEREIRA, José dos Reis. O novo Secretário da Junta de Missões Mundiais. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, p. 1, maio/ago. 1979.
4 " WALDEMIRO TYMCHAK: uma biografia missionária. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, nú-
mero especial, p. 16, jul. a ago. 1999. A série "Eu chorei na Rússia" foi publicada entre 23 de
novembro de 1969 e 24 de maio de 1970, em O Jornal Batista.
467 TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25

out. 2007.
também no Instituto Batista A. B. Deter,
hoje Faculdade Teológica Batista do Pa-
raná. No mesmo ano esteve na assem-
bléia da CBB em Campos, quando viu
de longe a jovem baiana Acidália, que
o deixou encantado, e veio a encontrá-
la pessoalmente seis meses depois, em
um Congresso da Mocidade, em Goi-
ânia. Depois da difícil conquista, que
só se efetivou em fevereiro de 1972,
quando começou o namoro, noivaram
oficialmente em agosto do mesmo ano. Ele dizia que o casamento já
estava marcado no céu468. Waldemiro e Acidália se casaram em 20 de
janeiro de 1973, na Igreja Batista Sião, em Salvador, BA, em cerimônia
ministrada pelo Pastor Valdívio de Oliveira Coelho. Logo depois, em
agosto, foi pastorear a Igreja Batista Boas Novas, uma igreja russa com
elevado espírito missionário. Mais tarde o casal recebeu duas mara-
vilhosas bênçãos, os filhos Nelson e Thaís, que dos pais receberam a
valiosa herança do evangelho de Cristo e amor a missões.
Não há maior felicidade para o homem do que ter uma esposa que
é ao mesmo tempo mulher e serva fiel de Deus. Isso aconteceu com
Pastor Waldemiro. Ela sempre levou a sério a sua profissão e trabalho,
mas a prioridade era a família. Acidália estava sempre ao lado de seu
esposo, dando a sua importante e indispensável parcela de contribui-
ção para a obra missionária. "Tudo o que ele realizou na obra do Se-
nhor, sempre fez junto com ela, com ela ao seu lado, mesmo quando
distantes, geograficamente falando, milhares de quilômetros"469. É o
próprio Waldemiro Tymchak47° que, ao dar apoio a um casal de mis-
sionários, escreveu sobre o seu relacionamento com Acidália, inclusive
no trabalho:

TYMCHAK. Acidália. Um lindo e maravilhoso sonho de amor. Casal Feliz. Rio de Janeiro, ano
20, n. 86, p. 12-15, out./dez. 2008.
""' FALCÃO SOBRINHO, João. Tymchak, um santo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n.
18, p. 5, 06 maio 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Carta de apoio a missionários. Arquivo Tymchak, (Rio de Janeiro, 15
fev. 2006. Digitado. Documento recebido por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 out. 2007.
Ela me dá todo o apoio e tem prazer em batalhar comigo nessa tarefa. Não
sabemos fazer nada sozinhos. Não há entre nós competição, pelo contrário, um
ajuda o outro, vibramos com as vitórias e sucessos um do outro. Compartilha-
mos todas as coisas e não há nada que lhe seja escondido e vice-versa. E isso
é tão bom! Como nós gostamos de estar juntos, conversar, ler a Bíblia e buscar
nela novos ensinamentos. Eu confesso que não agüentaria o peso se não fosse o
apoio dela. Entretanto, é bíblico que o homem seja o líder, não o ditador, mas
o líder da casa.

A família Tymchak é um belo exem-


plo vívido de família cristã, na qual
sempre prevaleceu o amor de Deus.
Mesmo com ele ausente, era quase in-
descritível o amor de um pelo outro,
deles pelos filhos e destes pelos pais.
Em mensagem dirigida aos pastores
batistas do Brasil em janeiro de 2008,
Acidália Tymchak471 falou: "O nosso lar
foi, literalmente, um pedaço do céu na
terra e, de certa forma, continua sen-
do, porque a lembrança de nosso amor
está por toda parte". É como repetidas
vezes ela tem dito: "No meu lar, com
Waldemiro e os filhos, eu sempre expe-
rimentei o céu. É até difícil compreen-
der como o céu pode ser tão maravilhoso"472. E o que escreveu Thaís
Tymchak473, sua filha?
Minha família é um presente de Deus. Minha mamãe é um exemplo de fideli-
dade a Deus. Sempre fomos unidos, amigos íntimos e cultivamos o amor, a ami-
zade e o prazer de estarmos juntos. Hoje estamos sem uma pessoa fundamental
de nossa família, mas continuamos firmes e unidos, porque temos Aquele que é
maior e verdadeiro consolador de nossos corações. Deus é fiel!

Já em 1979, enquanto servia na Igreja de Boas Novas, Pastor Valdívio


Coelho informou a Acidália que seu esposo seria indicado para assu-
471 TYMCHAK, Acidália. A vida é um conto ligeiro: uma homenagem ao Pr. Waldemiro Tymchak.
Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 17 jan. 2008. Digitado.
472 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25 out. 2007.
TYMCHAK, Thaís. Até breve, papai! Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 22, p. 4,
47'
maio/jun. 2008.
mir a Secretaria Executiva da Junta de Missões Estrangeiras. De início
Acidália não levou a sério aquela palavra, mas Pastor Valdívio disse que
este assunto vinha de Deus, por isso ela deveria entregar ao Senhor.
Waldemiro também, ao ser informado, reagiu negativamente, dizendo
que não havia possibilidade de aceitar, porque o seu ministério era
pastorear igrejas. Mas os argumentos de Valdívio Coelho e o toque de
Deus no coração do casal terminaram por levar Waldemiro a aceitar
aquela incumbência. Interessante é que a resposta de Deus às suas ora-
ções veio simultaneamente para ele e Acidália, de tal forma que, quan-
do foi efetivado o convite, eles não tinham mais dúvida. É maravilhoso
como Deus trabalha na vida daqueles que dele dependem. A escolha e
eleição não foi algo automático, havendo inclusive empates na votação
por três vezes. Ao perceber que um membro da Junta não estava vo-
tando, o Presidente José dos Reis Pereira fez veemente apelo para que
todos participassem na quarta votação. Assim, o resultado final foi de
apenas um voto de diferença. O candidato vencido na ocasião reco-
nheceu que essa era a vontade de Deus e, quase 26 anos depois, falou
ao Pastor Waldemiro Tymchak que dava graças a Deus por não ter sido
eleito. Aproveitou a oportunidade para congratulá-lo pelo trabalho que
estava sendo realizado, quando Acidália segredou aos seus ouvidos: "É
Deus quem faz através dele"4'4.
Foi eleito pela Junta para a sua Secretaria Executiva em 13 de junho
de 1979 e assumiu em 23 de agosto do mesmo ano, tendo como orador
da solenidade o Pastor Valdívio de Oliveira Coelho475 que, dentre ou-
tras afirmações e conselhos, disse: "Saiba, Pastor Tymchak, que a maior
mensagem e a maior oferta não é sua fé, sua chamada, sua vocação,
seu testemunho, suas orações... Sua maior oferta é VOCÊ MESMO!". A
resposta na ocasião do novo Executivo não ficou por menos, conforme
registra a revista O Campo é o Mundo: "A palavra do novo Secretário,
dita com entusiasmo, firmeza e convicção missionária foi como que

FERNANDES, Humberto Viegas. Uma escolha aprovada por Deus. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 2, n. 5, p. 4, maio/jun. 2005.
COELHO, Valdívio de Oliveira. Que é isto? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 6, set./
dez. 1979. Tem havido engano sobre a data de posse, conforme alguns registros mais recentes,
que colocam o dia 13 de julho (Ver WALDEMIRO Tymchak, uma biografia missionária. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 16, p. 4, maio/jun. 2007). Entretanto, os documentos de 1979
apresentam a data como sendo 23 de agosto daquele ano.
uma profecia do quanto fará com a graça de Deus, o Pastor Waldemiro
Tymchak"476. Na ocasião, dentre outras belas expressões, falou:
A Junta de Missões Estrangeiras não é um fim, mas o meio das igrejas promove-
rem a obra. Por conseguinte, não é um organismo para onde se enviam ofertas
uma vez por ano. A JME tem sido e será muito mais, uma bênção e inspiração
para as igrejas. [...] Nós ainda não nos levantamos para sacudir a Europa e a
África. Estamos apenas no começo! Eu creio que nós enviaremos missionários,
inclusive para os países comunistas! [...1 A Junta depende das igrejas locais. A
igreja local terá um lugar especial no nosso coração. É claro que o missionário
terá o primeiro lugar. A Junta também existe para ele, para possibilitar que
exerça o seu ministério de forma alegre, feliz, sabendo que será amparado e
amado'.

Sobre a ênfase na igreja local para promover missões, Waldemiro


Tymchak478 escreveu em 1991: "Quem faz missões é a igreja local,
porque é dela que o Espírito Santo separa o obreiro, é dela que sai o
sustento material dos obreiros, e é ela quem ora e intercede pela obra
missionária". Assim o foco é retirado da própria Junta para as igrejas.
Em 1992, ele volta à tona com a afirmação de que é a igreja que faz
missões mundiais. Segundo ele, a Junta é o meio e não o fim, embora
tenha grande importância. Com isso ela [a Junta] "almeja aumentar e
fortalecer o relacionamento igreja-missionário-igreja" 479 .
A responsabilidade das instituições de ensino ministerial foi vista por
Waldemiro Tymchak como fundamental para que as igrejas, para onde
vão os obreiros, compreendam que elas existem para realizar a obra
missionária. Ele afirmou corajosamente que a falha de muitas igrejas
nessa área é porque missões não tem sido também a razão de ser das
instituições de preparo ministerial. Ele chama atenção para a responsa-
bilidade a ser desenvolvida tanto pela igreja como pela denominação e
instituições de ensino teológico. Assim concluiu Tymchak480:

'6 CULTO solene de posse do novo Secretário Executivo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 3, maio/ago. 1979.
"7 TYMCHAK, Waldemiro. Palavras ditas na posse. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 28 ago.
1979. Digitado.
47" Id. Clamores e temores do Leste Europeu. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 82, p. 1,
set. 1991.
"' Id. É a sua igreja quem faz Missões Mundiais. Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 83, p. 1,

jan. 1992.
4 '"' Id. O terrorismo dificultará a obra missionária mundial? Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
12, nov./dez. 2001.
Se essas três instituições trabalharem em harmonia, cada uma dedicando-se
com zelo e ardor, a obra missionária local e global deslanchará: as igrejas cres-
cerão e todas as outras áreas serão abençoadas. Nós não teremos tantas crises,
não enfrentaremos problemas de natureza financeira ou administrativa porque
estaremos envolvidos com o ministério principal, razão fundamental da igreja
de Cristo na face da terra: a obra de missões.

Outro ponto, muito interessante na mente missionária do novo Exe-


cutivo da JMM, era o seu reconhecimento de que o êxito de missões
mundiais dependia do fortalecimento do trabalho dentro do próprio
país, incluindo Missões Nacionais. Mais tarde, em 1983, Waldemiro
Tymchak481 escreveu: "Quanto mais forte o trabalho dentro das fron-
teiras, mais forte será o trabalho missionário mundial". Importante tam-
bém era a sua visão com referência à expansão missionária. Disse ele:
Nossa visão do mundo não é apenas geográfica. Ela vê os povos profundamen-
te necessitados que habitam nestes países. Mais do que nunca, estamos con-
vencidos que o mais importante é enviarmos homens e mulheres com poder
de transformar situações, modificar igrejas através do Espírito Santo. Estamos
convencidos que Deus usa o homem muito mais do que uma estrutura ou má-
quinas de comunicação'.

O seu desejo de alcançar o mundo, expresso desde o seu primeiro


ano de trabalho, o fez expor, ainda em 1981, a necessidade imperiosa
que tinham os povos não alcançados e desprezados que, segundo ele,
na ocasião "somavam 16.000 nacionalidades e cerca de dois bilhões e
meio de pessoas, sem uma igreja em sua própria língua e cultura"483.
Em 1986, após sete anos de atividade de Waldemiro Tymchak na
JMM, o então presidente da Junta, Salovi Bernardo484, impressionado
com tantas realizações, escreveu:
O Pr. Tymchak tem o mundo no coração e na mente. O fato de ser descendente
de russos, ter estudado no exterior, ter nascido e vivido no Paraná, em Curitiba,
cidade cosmopolita, dá-lhe sentimento adequado e visão ampla do mundo, o
que facilita seu contato com as pessoas de outras terras. 1...1 Seu relacionamento

'"' Id. As razões porque o Senhor está abençoando a obra de Missões Mundiais. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 83, n. 11, p. 6, 13 mar. 1983.
'"' Id. Minha visão para a expansão missionária no mundo através dos batistas brasileiros. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 63, p. 11, mar. 1985.
"l Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais — 63á assembléia. Rio de
Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 41.
l' BERNARDO, Salovi. A palavra do presidente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21,
n. 71, p. 10-11, out. 1986.
com juntas, movimentos de missões no mundo tem contribuído para desenvol-
ver programas cooperativos de grandes perspectivas para o futuro.

No décimo ano de atuação de Waldemiro Tymchak como Diretor


Executivo de Missões Mundiais, em 1989, um choque profundo abalou
os alicerces da denominação batista no Brasil. Estava o nosso Executivo
no primeiro dia de um congresso interdenominacional em Manilla, ca-
pital das Filipinas, juntamente com 18 outros líderes batistas do Brasil.
Ele telefonou para sua esposa e foi informado que haviam chegado
os resultados dos exames médicos (check-up) realizados antes da via-
gem, e que ele precisava retornar imediatamente ao Brasil para fazer
uma cirurgia de emergência. Quando foi à empresa de aviação para
tentar encontrar uma passagem de imediato, teve a resposta de uma
funcionária de que era praticamente impossível. Mas naquele momen-
to ela, tendo conhecimento dos motivos, lembrou que estava ali um
dos chefes da empresa, e disse: "Por acaso a única pessoa no mundo
que poderá autorizar a sua passagem está agora aqui". Foi assim que,
pela providência de Deus, Waldemiro conseguiu o bilhete para viajar
no dia seguinte485 . Ao chegar ao Brasil, após a alegria do reencontro,
Acidália, orientada pelo Senhor, informou que ele tinha um câncer,
mas seria operado e curado para a glória de Deus. Ao ser questionada
se não estava preocupada, respondeu: "O momento não é de preocu-
pação, mas de ação!"486 Na cirurgia, que durou 10 horas, ele perdeu
vários órgãos internos: o estômago inteiro, 12 centímetros do esôfago,
grande parte dos intestinos e o baço. Como resultado das orações do
povo de Deus, Waldemiro foi miraculosamente restabelecido, voltando
a trabalhar com afinco à frente da Junta por mais 18 anos487. Perdeu
muitos quilos nunca recuperados, mas manteve incólume a vivacidade,
a disposição para trabalhar e o amor por missões. Em dezembro de
2006, seu médico clínico disse que o caso dele não tinha paralelo na

4 "' OLIVEIRA, Daisy Santos Correia de. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Reci-
fe, 22 jul. 2008. Estavam no congresso o presidente da CBB, Paulo Roberto Seabra, Darci Dusilek,
Fausto de Aguiar Vasconcelos, Daisy Santos Correia de Oliveira, Arthur Gonçalves, Samuel Cardo-
so Machado, Nancy Dusilek e outros líderes batistas do Brasil.
""' TYMCHAK. Acidália. Um lindo e maravilhoso sonho de amor. Casal Feliz. Rio de Janeiro, ano
20, n. 86, p. 18 e 19, out./dez. 2008.
THOME, César. Junta de Missões Mundiais: introdução. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: atas e pareceres - 7Q8 assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 375.
medicina. E continuou: "Se na época em que você foi operado, alguém
dissesse que estaríamos conversando 17 anos depois, eu o chamaria de
mentiroso //488.
Waldemiro489 continuou olhando para o Brasil como o celeiro mis-
sionário do mundo. Assim é que em 2002 escreveu:
A multiplicidade de raças e nações que formam o nosso povo e que aqui vivem
pacificamente nos torna singulares. As diferenças não se resumem ao patro-
nímico; estão nos olhos, cabelos, estatura, cor da pele etc. Não consigo me
convencer de que o Brasil é assim por mero acaso. Também não é por acaso
que o nosso país abriga, no momento, o terceiro maior contingente de evan-
gélicos do mundo, depois dos EUA e da China. Esses fatos revelam que Deus
tem abençoado o nosso povo e nos preparado para uma tarefa especial. Termos
milhões de crentes com a cara do mundo inteiro significa que somos um celeiro
de missionários com perfil e gabarito para evangelizar toda e qualquer nação
do planeta!

Pastor Tymchak ainda pôde ver muitos dos seus sonhos realizados,
inclusive o de manter missionários entre os povos não alcançados e, de
modo especial, o de ver a extinção do regime soviético no Leste Euro-
peu, proporcionando-lhe a oportunidade de iniciar, em nome dos ba-
tistas brasileiros, trabalho missionário na Rússia. Em 2001, relembrando
a série de artigos de sua autoria, publicados em O Jornal Batista em
1969 e 1970, ele pôde escrever:
Para a glória de Deus, posso sorrir ao saber que o povo russo, que tanto amo,
já entoa em seu hino nacional o nome de Deus. Em 2000, através de nossos 20
missionários autóctones na Rússia, alcançamos 194 decisões e 120 batismos.
Em vários países da ex-União Soviética temos 140 obreiros autóctones e seis
missionários efetivos que realizaram 529 batismos490.

Waldemiro Tymchak nunca se deixou dominar pelo desânimo, antes


transformava em vitória o que parecia ser motivo de derrota, sempre
com os olhos fitos no Senhor e na certeza de que o Senhor transforma
em bem todas as circunstâncias adversas daqueles que amam a Deus
(Rm 8.28). Chorou muitas vezes de alegria e de tristeza, mas jamais se

4 "" TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
"'" TYMCHAK, Waldemiro. O Brasil tem a cara do mundo. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 02
fev. 2002. Digitado.
-1`"' Id. Missões Mundiais: chorei na Rússia! O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 101, n. 2, p. 7,

08 a 14 jan. 2001.
abalou. A sua fragilidade física e mesmo as suas profundas dores eram
enfrentadas por ele como se nada estivesse acontecendo. Certa ocasião
ele foi acometido de uma trombo-flebite, que leva o doente a uma dor
imensa. Conta Acidália491:
Quando me aproximei dele, ao perceber o seu sofrimento, ele falou que es-
tava muito preocupado. Perguntei-lhe qual era a sua tão grande preocupação.
Como se nada estivesse lhe acontecendo naquele momento, ele respondeu que
era com a maxi-desvalorização do dólar e a política econômica do país".

Assim era Waldemiro Tymchak. A sua mente e o seu coração es-


tavam na tarefa que Deus lhe confiou.
Outra experiência ocorreu em 2006, quando Waldemiro estava
andando na Praça da Bandeira no Rio de Janeiro, sentiu fortes dores
e parou na calçada por um momento. Ele tinha um desgaste na ca-
beça do fêmur direito que provocou aquelas dores. Logo foi socor-
rido, precisando fazer cirurgia para colocar uma prótese. Entretanto,
logo depois, mesmo enfermo e sem poder subir as escadas da sede
da JMM, ele ia trabalhar, sendo conduzido para o andar superior e
depois para o térreo por funcionários. Ele mesmo escreveu: "Cin-
co dias depois da cirurgia, ignorando as recomendações médicas,
já estava trabalhando na Junta e participando de reuniões. Como
não podia andar nem, muito menos, subir escadas, era carregado
por dois funcionários, que faziam uma espécie de cadeira com os
braços"492 . Não é de admirar que ele precisou voltar ao hospital para
recolocar a prótese no seu devido lugar. Com tudo isso, "manteve-se
firme até o fim de sua vida entre nós, lutando para levar ao mundo a
mensagem de Jesus Cristo"493 . A sua prioridade era missões. Porém,
muito mais do que isso, ele encarnou missões, por isso, ele era o
"Pastor Missões".
Anatoliy Schmilikhovskyy estudou no STBNB com bolsa do Seminá-
rio e da JMM, graças à visão dos líderes das duas instituições. Voltou
para a Ucrânia como missionário especial, onde passou a instigar mis-

49' TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25

out. 2007.
492 TYMCHAK, Waldemiro. Carta do pr. Waldemiro aos missionários. O Jornal Batista, Rio de

Janeiro, ano 107, n. 18, p. 2, 06 maio 2007.


4 " ATÉ breve, Sr. Missões. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 17, p. 1, 29 abr. 2007.
sões na mente e no coração do povo de sua terra. Ele reconhece que
além do muito que aprendeu no Seminário, Waldemiro foi para ele um
verdadeiro mestre, atingindo o seu coração com tanta afinidade como
só um pai poderia fazer. Assim Anatoliy494 testemunhou:
Ele era um pai. Eu me sentia à vontade para conversar com ele e abrir o meu
coração. Ele pedia que falássemos sobre os nossos sonhos e nunca sobre os nos-
sos problemas. Ele era uma pessoa que sempre olhava para frente. Um homem
que andava segundo a vontade de Deus. Era um profeta e nós sabíamos que
o Leste Europeu era a menina de seus olhos. Algo que me marcou muito foi a
carta que escreveu quando fez a última cirurgia: "Estou preso aqui na cama e
diante de mim apenas um computador e mais nada. Sinto-me fisicamente mui-
to limitado, mas Deus me tem dado oportunidade para viajar pelo mundo em
meus pensamentos". Mesmo na fraqueza ele nos dava força. Eu fui impactado
por aquela carta e chorei na época. Ele sabia conduzir as coisas, sabia encorajar,
aconselhar. Para mim ele era um pai.

Este foi o homem que por 28 anos se tornou o grande comandante


do trabalho missionário realizado pelos batistas brasileiros, através da
Convenção Batista Brasileira. "Ele foi um dos mais brilhantes e eficazes
líderes missionários do mundo. Ele foi um visionário, inspirado pelo
Espírito Santo"4"5.
O veterano casal de missionários Horácio Wanderley da Silva e Ana
Maria Lemos Monteiro Wanderley496, que está no campo de missões
mundiais desde 1973, portanto, há 35 anos, refere-se às característi-
cas de Waldemiro Tymchak: afável, simples, simpático, íntegro, firme,
disponível, amoroso, fiel, enorme capacidade de trabalho, capacidade
de ouvir, inquebrantável fé na provisão divina, administrador criterioso,
vida espiritual sem artifícios ou sensacionalismos, amigo dos missioná-
rios e seus familiares. Conclui dizendo: "Como um dos heróis da fé,
'mesmo depois de morto, ainda fala ' (Hb 11.4c)".
Waldemiro Tymchak vivia e respirava missões. Ele se deixou im-
pregnar e se identificou tanto com missões mundiais, que após a
sua partida e, certamente contra o seu espírito humilde, foi cari-

SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu


Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
'' ICHTER, Bill. A última conversa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 21, p. 13, 27
maio 2007.
'"' WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Waldemiro Tymchak — herói da fé. Mensagem
recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 05 set. 2007.
nhosamente chamado de "Senhor Missões". Embora concordemos
que essa expressão o caracteriza muito bem, prefiro chamá-lo de
"Pastor Missões", pois com seu espírito e ação pastoral, ele, sendo
executivo, nunca agiu como chefe, mas foi considerado "pai" pela
maioria dos missionários e dos que dele se acercavam. Como antes
mencionado, ao ser convocado para a função de Diretor Executivo
de Missões Mundiais, ele reagiu dizendo que sua vocação era ser
pastor de igreja. Mas Deus o convocou também para ser o pastor de
missionários no mundo inteiro.
O seu cuidado com o bem-estar dos missionários no campo é ex-
presso por Diné René Lóta497, que o chama de "pastor":
Quando estávamos nos Açores, morando em uma casa muito precária, rece-
bemos o Pastor Waldemiro pela primeira vez. Sentimo-nos envergonhados ao
hospedá-lo, porque ele iria dormir em uma cama feita de madeira de caixote.
Nós ainda oferecemos a nossa, mas ele não aceitou. Após dois dias, ele chegou
para mim e Regina dizendo: "Procurem na cidade ou na freguesia mais próxima
uma casa para morarem, porque esta casa não é digna dos irmãos. Nenhum dos
nossos missionários mora em uma casa como esta, nem nos países mais pobres.
Os irmãos não podem continuar morando aqui". Seu carinho, afeto e cuidado
especial nos tocaram profundamente. Ele era o pastor dos missionários!

A preocupação com a família era outra característica de Waldemiro


Tymchak, condição essa que confirma sobejamente a sua vocação pas-
toral. Assim testemunha o ex-missionário da JMM, Renato Cordeiro de
Souza"):
Quando fui tomar posse como pastor em Teresópolis, convidei-o para ser o pre-
gador porque o Pastor Tymchak era o amigo do missionário. Ele se preocupava
com a família do missionário e nunca assumia uma postura de chefe. Queria
ouvir para conhecer a opinião, além de ter um carinho profundo e respeito pelo
missionário. Desejava ter uma visão da família e suas necessidades, inclusive
procurava saber o nome de todos os filhos. Nunca me tratou como um subordi-
nado, mas como igual. Esse seu respeito nos levava a aceitar voluntariamente e
com alegria as suas opiniões. Sempre nos sentíamos valorizados por ele.

Waldemiro trabalhava com firmeza, mas não com autoritarismo. Pelo


contrário, seguia o exemplo do Mestre, que fez o serviço de escravo ao
1'7 LOTA, Diné René. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
4" SOUZA, Renato Cordeiro de; SOUZA, Jane Cristina Barbosa de. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
lavar os pés de seus discípulos. Um dos auxiliares de Tymchak na sede
da JMM testemunhou a seu respeito:
Ele não cumpria a missão com aquilo que tinha, mas buscava ter tudo que a
missão exigia. Pastor Waldemiro era um homem meigo, com espírito pastoral,
mas ao mesmo tempo firme, austero, como devem ser os líderes. Nunca ab-
dicou de ser o capitão na JMM, mas sem fazer disso motivo para pisar alguém
ou humilhar qualquer pessoa. Tinha um gabinete e uma mesa em virtude de
sua função, mas o local de trabalho dele era o mundo, pois era um verdadeiro
pastor e tinha prazer em pastorear os missionários''.

Na realidade, Waldemiro Tymchak se referia a Deus como "Senhor


de Missões". Assim, como instrumento nas mãos de Deus, o "Pastor
Missões" atribuía ao Senhor toda a glória daquilo que, na sua gestão,
foi realizado com tanta eficiência e eficácia. Quando saímos para a
nossa primeira viagem missionária, ele chegou à sala onde estávamos
trabalhando e impôs suas mãos sobre nós, orou e em seguida nos disse:
"Pastor Zaqueu, irmã Edelweiss, pastoreiem nossos missionários. Eles
precisam sempre de alguém para ouvi-los e orar com eles". Fotografa-
mos em nossa mente aquele momento com muita emoção. Então se-
guimos firmes para a grande tarefa que o Senhor nos concedeu através
do Pastor Missões, mesmo sem saber que o nosso próximo encontro
seria somente na eternidade. Quanto vazio ele nos deixou, mas preen-
chido com a certeza do cumprimento da vontade de Deus. "O louvor, e
a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a for-
ça sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!" (Ap 7.12).

2. Firmando as estacas
"Firma bem as tuas estacas" (Is 54.2c). Tomando como base o texto
de Isaías, aqui veremos como as estacas foram firmadas. Trata-se do
trabalho iniciado pelos batistas brasileiros nos vários campos, os quais
receberam da JMM o mesmo apoio, acrescido de novas perspectivas
e outras estratégias. Assim o trabalho prosseguiu com o mesmo entu-
siasmo, recebendo as alterações necessárias, de acordo com o mo-
mento, as circunstâncias, as oportunidades e a visão missiológica do

40'' MARTELETTO, Luiz Cláudio. MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
Executivo e seus auxiliares. As decisões tomadas pela Junta se trans-
formavam em realizações, que eram espalhadas nas igrejas do Brasil
e do mundo através de relatórios, reportagens, artigos, depoimentos,
diálogos, correspondências, programas missionários, testemunhos e
outras formas.

2.1 Firmando em Portugal


Portugal foi sempre considerado um campo importante pelos líderes
da CBB, pelo que no período de Waldemiro Tymchak não poderia ser
diferente. Obviamente, a visão do trabalho iria determinar modifica-
ções na metodologia a ser ali utilizada, que incluía o fortalecimento
das igrejas e dos líderes com a atuação de novos obreiros, parceria com
outras agências de missões e as convenções locais, maior autonomia
para os missionários e diálogo franco com o Executivo.
Como se fez no capítulo anterior no que se refere a Portugal, aqui se-
rão apresentados os acontecimentos relacionados a Missões Mundiais,
tanto no continente como nos Açores, incluindo a atuação de alguns
missionários que iniciaram no período anterior, assim como de novos
obreiros que reforçaram as atividades já existentes e abriram outras
frentes de trabalho.

Portugal Continental
Se antes a rigidez religiosa em Portugal era uma dificuldade para
a proclamação do evangelho, hoje a modernidade tem trazido novos
desafios à difusão da Palavra. Existe o argumento de que os princípios
cristãos estão presentes no catolicismo romano, mesmo no período da
hegemonia católica no país. Portanto, a idéia é que a mensagem evan-
gélica nada tem a acrescentar ao povo português.
No continente europeu, o trabalho de missionários remanejados de
outros campos foi importante, tendo em vista o acervo de experiência
já ganho. Assim é que ainda em 1979, ano em que houve a mudança
de Executivo, foi transferido da Bolívia para Portugal o casal José Carlos
Gerhard Matos e Sílvia de Almeida Matos. Atuaram ali até 1985, quan-
do foram remanejados para a Espanha.
Em 1981, interessante experiência de José
Nite Pinheiro", missionário em Portugal des-
de 1976, é narrada em O Campo é o Mun-
do. Ele anunciava o evangelho a um casal de
idade avançada. O senhor era um soldado
aposentado do exército português, que se re-
cuperava de um derrame e tinha uma idéia
muito intelectual sobre religião: Ele disse ao
pastor Nite: "Tenho um amigo que fez uma
pesquisa sobre religião e provou que Jesus é
o quinto filho de Deus e entre os outros filhos
estão incluídos Maomé e Buda". O missionário respondeu: "Então eu
acredito apenas no quinto filho de Deus, pois Ele está vivo, enquanto
os outros estão nos seus respectivos túmulos". Depois o pastor Nite teve
oportunidade de ser ouvido ao falar de Jesus ao casal.
Dentre alguns remanejamentos feitos no próprio país, menção é feita
ao casal Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza que,
depois de um profícuo trabalho no arquipélago, deixaram os Açores
para trabalhar em Portugal Continental, onde permaneceram até 1996,
quando foram transferidos para Cabo Verde, na África. Pastor Francis-
co501 explica que foi para o Minho, onde tudo era difícil: "Lá havia uma
igreja quase morta, outra já trancada e uma missão pequena. Em pou-
co tempo, a quase morta era uma igreja com 70 membros de grande
poder aquisitivo, a outra foi ressuscitada e a missão se transformou em
igreja".
Em 1985, foram nomeados como missionários Renato Cordeiro de
Souza e Jane Cristina Barbosa de Souza, que seguiram para Portugal
em maio de 1986. Renato aceitou o desafio lançado pelo Executivo
da Junta para trabalhar no Seminário em Lisboa. Entretanto, terminou
indo para Porto, onde estava a Igreja Batista das Antas, com invejável
estrutura representada por um templo, um salão de jogos, um teatro e
casa pastoral. Mas tudo vazio. A freqüência média da Igreja era de 8

''' SKELTON, Martha. Jesus — o quinto filho de Deus. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
16, n. 51, p. 11, ago. 1981.
"' SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
pessoas, incluindo o irmão Francisco Gonçalves, que era cego, e sua
esposa que sofria de artrose. Começaram a orar pelos perdidos. Assim
as pessoas que estavam afastadas foram retornando e os não crentes
chegavam e se convertiam. Em uma cidade vizinha, o casal começou
um estudo bíblico com churrasco para jogadores de futebol. Logo mais
havia 12 famílias de jogadores no estudo. Nos domingos em que não
havia jogos, eles iam para a Igreja. Em tempo relativamente curto, havia
na Igreja das Antas cerca de 80 pessoas na EBD. Depois de dois anos
em Porto, o casal foi para o Seminário em Lisboa, onde passou 10 anos,
retornando para o Brasil em 1998502.
Um fato significativo ocorreu em 1985, com a atuação de Elton Ran-
gel Pereira como presidente da Junta de Missões Nacionais em Portugal,
pois viajou 28 vezes de um lado a outro do país, no período de doze
meses. Naquele ano, pela primeira vez foi nomeada por aquela Jun-
ta portuguesa uma jovem como missionária e dois seminaristas como
obreiros auxiliares5°3. O despertamento missionário nos campos onde
os batistas brasileiros atuam é uma tônica em vários países, quando o
exemplo do que se realiza através da JMM passa a ser seguido, mesmo
que seja de forma ainda limitada.
Naquele mesmo período, Elton Rangel foi pastor de uma igreja em
Braga, com 50 membros, que chegou a adotar 7 famílias de missioná-
rios, mesmo quando estava envolvida na compra de uma propriedade
e construção do templo. Isso levou a igreja a crescer e estender o tra-
balho para outras localidades. Pouco tempo depois, a igreja já tinha
118 membros. Outra atividade realizada pelo casal Rangel Pereira na
ocasião foi com dentistas brasileiros, chegando a Igreja em Braga a ter 7
ou 8 dentistas crentes que serviam ao povo da comunidade504.
O casal Diné René Lóta e Leila Regina Delgado Lóta, que estava nos
Açores, foi transferido em julho de 1986 para a cidade de Caldas da
Rainha em Portugal Continental, onde realizou um trabalho de revita-
Iização de igrejas. Ali ficou até 1991, quando retornou ao Brasil para

502 SOUZA, Renato Cordeiro de; SOUZA, Jane Cristina Barbosa de. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
50 ' SOUZA, Samuel Rodrigues de. Os batistas brasileiros através do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 86, n. 2, p. 5, 12 jan. 1986.
504 RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
pastorear a Igreja Batista de Fonseca, em Niterói, embora a obra de
missões tivesse permanecido viva em seu coração. Depois de pouco
mais de 20 anos ele retornou ao campo, dessa feita ao Canadá, onde
continua atuando como Missionário Associado. Assim cumpre-se na
prática o dístico de alguns amigos de missões: "uma vez missionário,
sempre missionário".
Deixaram o trabalho da Junta, em julho de 1988, José Nite Pinhei-
ro e Cilcéia da Cunha Pinheiro, que atuaram por 17 anos em Mo-
çambique, Zimbábue e Portugal, enquanto retornava a Portugal, para
substituí-los, o casal Samuel Mitt e Marlene Serrão Mitt. Samuel se tor-
nou coordenador do trabalho em vários países europeus, que incluía
Portugal continental e insular (Açores), Espanha e França, função essa
antes assumida por José Nite Pinheiro. É importante o depoimento dos
batistas portugueses através do presidente da Associação Baptista do
Norte que, depois de mencionar o importante trabalho do casal Nite,
agradece de forma carinhosa a atuação dos batistas brasileiros no norte
de Portugal:
Desejamos testemunhar aos nossos amados irmãos brasileiros, e em particular,
à JMM da CBB, que a nossa dívida de gratidão para os irmãos se pode melhor
avaliar pela circunstância de, durante vários anos e até bem presentemente,
todo o trabalho do norte do Porto ter estado exclusivamente sob a responsabili-
dade de missionários brasileiros, que têm vindo a desenvolver e consolidar uma
obra notável na província do Minho5°5.

Recebeu aposentadoria, em 2003, Maria Ivonete da Costa Lopes,


que trabalhou inicialmente em Moçambique por 18 meses, sendo
transferida para Rodésia. Logo depois ela foi obrigada a deixar o país
tendo em vista a instalação de um governo radical de esquerda. Em
1978, fixou residência em Portugal, onde completou 29 anos como
missionária da JMM.
Digno de nota é o testemunho de Rosa Lúcia de Freitas Silva, atuando
desde 2004 em Portugal Continental. Ela mencionou que foi transferida
dos Açores para, juntamente com o missionário Tomé Fernandes, im-
plantar no continente uma igreja no Parque das Nações, o mais novo
bairro de Lisboa, que é formado principalmente pela classe média alta.

'''' PEGO, Silas. Batistas portugueses agradecem ao casal Nite. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 88, n. 52, p. 12, 25 dez. 1988.
Ali tem feito palestras, convivido na comunidade, trabalhado com crian-
ças, participado de programas desportivos e discipulado os novos conver-
tidos, sempre buscando contatar os moradores. A calma e a firmeza da
missionária têm corroborado para que o trabalho batista prossiga ainda
hoje, mas com novos formatos, incluindo a realização de parcerias.
Ao ser solicitada para narrar uma experiência marcante no campo
missionário, Rosa lAcia506 resumiu falando algo que aconteceu em Por-
tugal Continental a Isabel, que foi a primeira nova convertida como
resultado de seu trabalho no continente. Ela relatou: "Não existe ex-
periência mais forte do que ouvirmos da boca de um novo convertido:
'Desde o dia em que ouvi falar do que Jesus fez por mim, não paro de
louvá-lo'. Creio que essas palavras resumem tudo que fazemos em um
trabalho missionário".

Açores
O trabalho dos batistas nos Açores também teve o seu prosseguimen-
to no período Tymchak. Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini
de Souza organizaram, em 1979, uma igreja e um instituto bíblico na
Ilha Terceira. A mensagem do evangelho era anunciada a todas as ilhas
do arquipélago e à Ilha da Madeira, através do programa de rádio Voz
Batista Açoriana. Pastor Sousa relata que resolveu dar o seu endereço
aos ouvintes, pelo que logo a seguir começaram a chegar cartas. Nos
lugares mais distantes, "as pessoas estavam sendo tocadas e o precon-
ceito contra o evangelho ia se dissipando"507.
Por sua vez, antes de ir para o continente, encontrava-se na Ilha de
São Miguel, realizando excelente trabalho, o casal Elton Rangel Pereira
e Miriam Baldassare Rangel Pereira. Na Ilha do Faial atuavam na Igreja
em Horta, desde 1976, Francisco Nicodemos Sanches e Olívia de Al-
meida Drummond Sanches", que foram substituídos em abril de 1980

SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br> em 17 ago. 2007.
"7 SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, Se 29 out. 2007.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 141.
por Diné René Lóta e Leila Regina Delgado Lota. O casal Lóta ficou
nessa ilha até 1983, quando foi trabalhar na Ilha Terceira, assumindo as
atividades iniciadas por Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturi-
ni de Souza, que foram transferidos dos
Açores para Portugal Continental.
As idas e vindas dos missionários de
um campo para outro se dava, ora por
atendimento a uma solicitação da lide-
rança no campo, ora por cumprimento
ao planejamento da JMM. Muitas vezes
eles sofriam com essas mudanças, mas
entendiam ser esse um dever. Pastor
Francisco Sousa509, quando foi entrevis-
tado, já sem a presença de sua amada
esposa que partira para a glória meses
antes, entre choros de saudade e sorri-
so de satisfação pelo dever cumprido,
afirmou: "Um missionário não é como
uma árvore que nasce cresce e morre
no mesmo lugar. Não é para criar raiz. O missionário é como pássaro,
não há itinerário. Sua rota é traçada pelas mãos do Criador e a cada
inverno há uma rota diferente".
Lúcio Casassanta de Souza Pereira e Cirlei Queiroz Casassanta Pereira
seguiram para os Açores em maio de 1986. Também têm sido missioná-
rios nos Açores, Narciso da Silva Braga e Mardilene Tinoco da Silva Braga,
que permanecem ali desde 1997. Por sua vez, Rosa Lúcia de Freitas Silva
havia antes atuado como Missionária Temporária na África do Sul por três
anos, entre 1986 e 1989, tornando-se efetiva em 1994, quando se radi-
cou na Ilha Terceira, Açores. Ali atuou em áreas diversas como evange-
lismo, discipulado, ensino e direção do Seminário Baptista por Extensão,
rádio e liderança na Associação Baptista Açoreana510. A sua atividade nos
Açores foi entre 1994 e 2004, seguindo de lá para Portugal Continental,

'"" SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
'1 " SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 17 ago. 2007.
O Batista Açoreano
conforme já mencionado. As-
sim o trabalho tem se firmado
EDITORIAL A MENSAGEM DE
e estendido pelo continente e —"VOZ BATISTA AÇOREANA"
A TUA PALAVRA
ilhas portuguesas. É A VERDADE

2.2 Firmando na
América do Sul
Semelhantemente ao que
aconteceu em Portugal, as ativi-
dades iniciadas anteriormente
nos campos sul-americanos fo-
ram continuadas no período de
Waldemiro Tymchak, quando
se firmaram com novos obrei-
ros e também com novas ênfa-
ses. Abriram-se outros campos
no continente, que serão abor-
dados em outra seção.

Bolívia
Conforme o relatório apresentado à assembléia da CBB em janeiro
de 1980, em Goiânia, GO, referente ao ano de 1979, houve a seguinte
resolução da Junta quanto à continuação do trabalho na Bolívia:
(1) Que continuemos a expandir a obra através de evangelização, visando à edi-
ficação de igrejas em cidades estratégicas: (2) que solidifiquemos as igrejas exis-
tentes; (3) que as igrejas fundadas por missionários brasileiros sejam entregues
a pastores nacionais; (4) que a Junta solicite à liderança boliviana que elabore
com a nossa Missão e, se possível, com os missionários da Junta de Richmond,
um plano de evangelização; (5) que seja entregue aos batistas bolivianos, a
médio prazo, a direção do Colégio e do Seminário511 .

Em 1979, foram nomeados como novos obreiros para a Bolívia,


Jader Malafaia e Noemi Lucília Lopes Malafaia, e a jovem Marides
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 62a assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 139 e 140.
Leite Quintino, que atuaram como missionários da Junta até 1981.
Por outro lado, em 1980, o casal Horácio Wanderley da Silva e Ana
Maria Lemos Monteiro Wanderley, que trabalhava na fronteira com
o Acre, foi transferido para a Espanha. Em Cobija, Bolívia, os dois
atuaram desde 1973, realizando um trabalho difícil, mas frutífero.
Ao seguir para o novo campo, os Wanderley, já com quatros filhos,
levaram boas lembranças dos anos em que atuaram na América do
Sul, e a certeza do dever cumprido. Várias crianças que foram por
eles evangelizadas e se converteram, mais tarde se tornaram pasto-
res e lideres naquele país. Ana Maria" 2 fala do resultado do trabalho
em Cobija:
Deixamos a igreja organizada, compramos terreno e construímos o templo e a
casa pastoral sem verba especial da Junta, embora com algumas ofertas pessoais
de irmãos do Brasil. O trabalho básico foi a comunicação do evangelho, fazen-
do cultos evangelísticos semanais em 17 escolas públicas rurais da região, no
Exército e na Marinha. Na realidade foram oportunidades especiais concedidas
por Deus.

Em 1981, Isaías Ramos da Costa e Maria Lúcia Nunes da Costa sa-


íram de Puerto Suárez para Santa Cruz de la Sierra, onde assumiram
o pastorado da Quarta Igreja Batista. Após seis anos de ministério ali,
o número de membros da Igreja aumentou de 18 para 98 na sede,
além de 29 outros em duas congregações. Em janeiro de 1987, Isaías
entregou o pastorado a um nacional e assumiu o trabalho em uma das
congregações. Nesse período, ele assumiu várias atividades na denomi-
nação, inclusive a de Diretor de Evangelismo da Campanha Nacional
de Evangelização, entre 1981 e 1983, quando 150 mil pessoas foram
alcançadas pela mensagem do evangelho. Deixou o trabalho da Junta
em março de 1988 e, depois de um período de menos de um ano
no Brasil, retornou à Bolívia como missionário voluntário. Ali voltou a
atuar como missionário da JMM entre 1993 e 2005, quando se aposen-
tou, permanecendo no país boliviano, onde continua pastoreando uma
congregação nos arredores de Santa Cruz de la Sierra513.

WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
'' COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
Em abril de 1982, vítima de acidente automobilístico, faleceu o mis-
sionário Jader Malafaia, que juntamente com sua esposa havia deixado
as atividades da Junta no ano anterior. Ele trabalhou na Bolívia entre
1979 e 1981, "período em que atuou magnificamente na solução da
transferência do Colégio Batista Boliviano Brasileiro para as mãos dos
nacionais"514. Iniciaram suas atividades missionárias em 1983 na Bolí-
via, José Sélio de Andrade e Elizabeth Mota de Andrade, que ali perma-
neceram até 1985, quando foram remanejados para o Equador.
Em 1984, foram nomeados também para a Bolívia, José Cenário Al-
ves da Rocha e Teremar Lacerda de Rocha, ali chegando em janeiro de
1985. Eles se radicaram e permanecem nesse campo até o presente,
tendo sido usados por Deus para
a organização de várias igrejas,
que depois de se firmarem foram
entregues para a liderança de
pastores da terra. Eles chegaram
no final do governo de Hernan
Siles Suazo (1982-1985), quan-
do houve uma grande desvalo-
rização da moeda. Esse governo
ainda era considerado como de
transição depois da ditadura de
Hugo Banzer (1971-1978), que
foi derrubado do poder por Juan
Pereda Asbún 515. Como na oca-
sião não havia ainda a campanha
de erradicação da coca, a Bolívia
estava livre da ditadura militar,
mas presa à ditadura das drogas.
O difícil começo do trabalho dos nossos missionários foi na cidade de
Montero, em dia de festa da Igreja Católica Romana, quando a grande
parte da população participava de uma procissão. O casal foi à janela

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: Livro do


Mensageiro — 644 assembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1982, p. 132.
'H HERNÁN Siles Suázo. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.
org>. Acesso em 04 nov. 2008.
e ao ver aquela cena de idolatria, questionou se era realmente aquele
o lugar que Deus tinha designado para eles. Mas a ansiedade de iniciar
o trabalho os levou a fazer visitas naquela mesma noite, embora não
encontrassem um só morador disponível para atendê-los. Teremar"6
relata sobre aquele momento inicial:
Não tínhamos instrumento de trabalho, mas uma irmã, missionária nacional
da Bolívia, nos deu alguns discos e um irmão deu uma vitrola. Esses foram os
instrumentos que tínhamos para tentar conseguir que adultos e crianças se com-
prometessem com Jesus, pois não dominávamos ainda a língua. A missionária
ia algumas vezes visitar conosco, até que nos avisou que só nos acompanharia
por mais uma vez. Nossos filhos foram criados no campo missionário de forma
bastante simples. O supermercado só podia ser freqüentado pelos magnatas da
coca, pelo que usávamos a feira livre.

O casal Rocha deixou de morar em Montero após três anos de tra-


balho, indo residir em Santa Cruz de la Sierra, quando além de outras
atividades, José Cenário assumiu a Secretaria Executiva da Convenção.
Assim teve oportunidade de visitar muitas igrejas e outros locais, des-
cobrindo que várias igrejas em vez de crescer estavam minguando. Em
1998, passou a trabalhar na Igreja Vila Primeiro de Maio, que ficava na
periferia da cidade e tinha apenas 25 membros. A igreja cresceu e se
tornou uma igreja missionária, quando apresentou o plano de organizar
4 novas igrejas em 4 anos. Isso era algo desafiador para a Bolívia. José
Cenário"' conta:
Uma igreja de 25 membros, pensar em organizar 4 igrejas, parecia uma alu-
cinação. A estratégia usada foi a metodologia de células e no final de 5 anos,
conseguimos abrir 4 Igrejas que foram assumidas pelos seminaristas da terra,
que se tornaram pastores. Depois passamos a trabalhar na Igreja Batista de
Filadélfia, que se encontra em fase de crescimento e onde nos encontramos
até o presente.

Em relação aos filhos de missionários, pode-se dizer como o após-


tolo Paulo que eles podiam experimentar a abundância ou a escassez
(FI 4.12), assim como sabiam conviver tanto no meio dos mais pobres
como dos mais ricos. Esse foi o caso da família de José Cenário e Te-

ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
"' ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
remar. Depois de 18 anos no campo, o ninho ficou vazio, pois o mais
velho foi estudar medicina e a filha se casou com um jovem boliviano.
Mas o Senhor deu ao casal uma nova visão: "Foi aí que Deus colocou
no nosso coração: 'Amem a Bolívia ou deixem-na'. Entendemos que
Deus estava nos chamando atenção para o primeiro amor e que o Se-
nhor nos trouxe para a Bolívia de corpo e alma"518.
O preparo de liderança tem sido uma estratégia usada pelos missio-
nários, que treinam pessoas para se tornarem discipuladores. Por isso,
Pastor Genário519 diz: "Cada igreja sempre achou um pastor ou um líder
bem preparado que levasse o trabalho adiante. Não ficamos dependen-
do de dinheiro de fora ou da Junta de Missões Nacionais da Bolívia". Ho-
je520, Pastor Cenário tem utilizado com grandes resultados a metodologia
de trabalho com grupos pequenos ou células que se reúnem em casas. A
missionária Teremar Lacerda de Rocha"' testemunha:
Quando chegamos na Bolívia, ouvíamos sempre a mesma história: "Sai o mis-
sionário, a igreja morre". Temos batido na tecla de que cada crente é um mis-
sionário. Não é preciso ter um chamado especial, ou um salário, ou ir a um
campo no interior ou no exterior. O crente tem de fazer discípulo porque essa
é a ordem de Jesus. Nessa perspectiva, pode sair o missionário ou o pastor e o
trabalho continua, porque o líder treinado absorveu a visão do trabalho.

No final de 1989, pediu desligamento da Junta para gozar aposenta-


doria, o Pastor Daniel Cardoso Machado. Décia Barbosa Lopes, que ti-
nha sido missionária antes de contrair núpcias, continuou como missio-
nária da JMM a seu pedido e dos líderes da Missão Rincón del Tigre522 .
Assim, ela continuou no campo boliviano. Em 1993, a mão de Deus
esteve com nossa missionária quando teve sério problema de saúde,
sendo vítima de câncer. Na ocasião, os médicos da Bolívia declara-
ram que ela teria apenas alguns meses de vida. Contudo, Deus na sua

'1H ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
'''' ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
'2" No caso e em outros locais deste trabalho, os termos "hoje", "atualmente" e outros análogos,
referem-se ao ano de 2008, quando a pesquisa e o escrito deste livro foram concluídos.
"21 ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70P assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 379.o coração
misericórdia, atuou através de tratamento no Brasil, e ela foi curada,
retornando à Bolívia em janeiro de 1994, quando escreveu: "O milagre
de Deus foi realizado. Aqui estou eu, sua serva, para louvar e glorificar
o Seu poder"523.
A missionária Décia Barbosa, após 40 anos no campo boliviano, re-
cebeu aposentadoria em 2003. O Jornal de Missões festeja e comenta:
"Ela deixa o seu nome na história do povo batista boliviano e seus 40
anos como missionária a coloca na galeria dos poucos obreiros que al-
cançaram esta marca histórica"524. Depois de aposentada, Décia passou
alguns anos no Brasil, mas recentemente retornou à Bolívia por sentir
saudade daquela terra à qual dedicara grande
parte de sua vida. É assim que Deus trabalha
com os missionários. De estrangeiros nos cam-
pos, tornam-se conterrâneos amados, e muitos
dos seus filhos se casam com moças e rapazes
da nova terra adotada. Assim aconteceu com
os filhos de pastor Carlos Alberto e Lídia Klawa
no Paraguai, José Cenário e Teremar na Bolívia,
Silas e Aldair no Chile, Horácio e Ana Maria na
Espanha e vários outros.
O terreno da Missão em Santa Cruz de la
Sierra foi adquirido ainda em 1950, em loca-
lização privilegiada na cidade. Ali se construiu
a sede da missão e o templo da Primeira Igreja
Décia Barbosa, Batista. Mas, em 1961, passou a ser cobiçado
heroína da
persistência no campo pelo governo boliviano, com o objetivo de que
boliviano ali estivesse a sede do Palácio da Justiça. Depois
de uma grande e demorada batalha judicial, o
governo designou um novo terreno, também em boa localização, para
a sede da Missão Batista Brasileira, além de uma indenização de 181
mil dólares para a construção do Colégio Batista 525 .

2 ' BARBOSA, Décia. Minha gratidão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 94„n. 16, p. 12, 24
abr. 1994.
"4 DUAS vidas e uma história de dedicação a missões. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5,
maio/jun. 2003.
ROCHA, José Cenário Alves da. Cristo ganhou a batalha. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
91, n. 31, p. 12, 04 ago. 1991.
Em 1992, o casal Waldomiro e Lygia Motta e uma das filhas, Rozélia,
retornaram a Bolívia, 46 anos depois de terem iniciado o trabalho em
Santa Cruz de la Sierra. Lygia526 escreveu dizendo que a visita gerou
muitas lágrimas de gozo e saudade. Ela observou que ainda havia falta
de obreiros, pois "os campos são muito vastos, as distâncias são longas
e os recursos dos batistas bolivianos insuficientes para que se tornem
independentes e possam abrir mão dos recursos brasileiros".
Os batistas comemoraram 50 anos do trabalho iniciado pelo casal
Motta na Bolívia, em 1996, estando presente como convidada especial
Lygia Motta, sozinha na ocasião, tendo em vista que Waldomiro havia
falecido em fevereiro daquele mesmo ano. Um outro acontecimento
digno de nota, ocorrido cinco anos depois, em agosto de 2001, foi o
ato de conferir o título de Missionária Emérita a Lygia Lobato de Souza
Motta. Com muita razão, ainda hoje ela é incluída com destaque na
lista de missionários da JMM.
A Convenção Batista Boliviana tem mantido um bom ritmo de cres-
cimento e a cooperação dos batistas brasileiros continua sendo útil,
embora tenha diminuído numericamente, já que tem crescido o nú-
mero de líderes da própria terra. Em 2005, houve uma divisão, tendo
em vista a chegada por lá do G12. Trata-se do conhecido movimento
neo-pentecostal iniciado por César Castellanos, fundador da Missão
Carismática Internacional na Colômbia, o qual tem contribuído para
divisão em algumas denominações de vários países, inclusive do Bra-
sil, em virtude de posições que desvirtuam o ensinamento bíblico, tais
como maldição hereditária e sopro do poder, além da unção especial
que elitiza alguns em detrimento da maioria dos cristãos"'. Conforme
testemunho do presidente da Convenção, 17 igrejas se afastaram em
2005, mas entre 2006 e 2007, 5 retornaram e 4 já estavam em vias de
voltar, observando-se que dos 12 pastores de igrejas ainda afastadas,
8 não estudaram no Seminário Batista. Algumas igrejas da Convenção
usam o método de células, que é uma metodologia de crescimento de
igrejas, que por si pode ser usada em qualquer igreja sem ferir os princí-
pios batistas. Assim o problema tem sido contornado inteligentemente

''" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Quando se serve ao Deus vivo, p. 81.
OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. C12. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 100, n. 44, Cader-
no OJB, p. 2b, 30 out. a 05 nov. 2000.
pela Convenção Boliviana. No momento, explica Ruben Dario Ganella
Duran528, "três igrejas usam células de 12 pessoas e uma utiliza uma
metodologia mista entre G12 e Igreja com Propósitos".
Duas observações sobre o trabalho na Bolívia: A primeira é que na
Convenção, em 2007, havia 50 igrejas, 34 congregações e 60 pontos
de pregação, lideradas por 40 pastores que pertencem à Ordem e
mais 20 outros que colaboram com os outros pastores, mas não es-
tão ainda filiados à Ordem. Geralmente os seminaristas e líderes das
igrejas trabalham nos pontos de pregação. A segunda observação é
que o Colégio Batista contribui mensalmente com um valor fixo para
o Plano Cooperativo da Convenção Batista Boliviana. Essa informação
demonstra a firme consciência denominacional implantada lá pelos
brasileiros, embora essa prática nunca tenha sido usada pelas insti-
tuições batistas brasileiras. Quem sabe se a lição chegará um dia ao
Brasil?

Paraguai
Quanto ao trabalho no Paraguai, em 1979 a JMM decidiu continuar
a dar ênfase à obra de evangelização ali iniciada, pelo que foram no-
meados para aquele país o casal João Ferreira de Almeida e Berenice
Bastos de Almeida, e as jovens Olinda Silva de Abreu e Raquel Barce-
los529. Enquanto isso, Terezinha de Souza Bastos, que vinha atuando no
Paraguai desde 1975, deixou provisoriamente o país"°, embora tenha
sido reconduzida pela JMM no ano seguinte. Em abril de 1981, iniciou
suas atividades no Paraguai, Jonas Borges da Luz e Eth Ferreira Borges
da Luz. No mesmo ano, Agnelo Guimarães Barbosa Filho e Ruth Ge-
núncio Barbosa deixaram o Uruguai para trabalhar no Paraguai, ficando
ali até 1987. Entre 1985 e 1987, foram para o Paraguai dois casais de
missionários e duas jovens solteiras.

DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de Ia Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
"2" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 620- assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 140-42.
'"' PEREIRA, José dos Reis; TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção
Batista Brasileira: 62 assembléia anual — anais. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 135 e 142.
Os 25 anos de atividades dos batistas brasileiros no Paraguai foram
comemorados em 1990, através de um convênio entre as igrejas da
Associação do Litoral Paulista e a Convenção Batista Paraguaia. Como
resultado, em novembro daquele ano seguiram 44 pastores e líderes de
São Paulo para realizarem campanhas de evangelização no paísl.
Dalva Santos de Oliveira foi uma missionária que vinha atuando no
Paraguai desde 1968 e prosseguiu ali até 1991. No capítulo anterior ela
é mencionada, inclusive com o relato de alguns momentos preciosos
de sua atividade missionária. Uma de suas experiências, ainda no Pa-
raguai, foi com uma criança que se converteu aos seis anos e meio de
idade em uma EBF, conforme seu testemunho:
Depois de sua conversão, a primeira coisa que Rosana pediu ao pai foi uma
Bíblia, pois já era crente e estava na escola. Como no Paraguai havia o hábito
de fazer sesta, quando o pai ia descansar depois do almoço, ela era obrigada a
ir também para a cama. Mas pegava a Bíblia e começava a ler em voz alta. Isso
a fez desenvolver de tal forma a leitura, que a professora chamou a mãe para
dizer que a menina era muito nova e os pais não deveriam exigir tanto dela. A
mãe explicou que nada exigiam, mas que sozinha ela gostava de ler. A mestra
questionou sobre o que lia, e a mãe disse que era a Bíblia. Ela me pediu para
ler a Bíblia na Igreja, o que fez com admirável precisão e muita emoção. Isso
certamente encheu meu coração de incontável alegria, porque hoje ela é a es-
posa do pastor da Igreja, onde trabalha com jovens. Rosana é também psicóloga
e professora na Faculdade'''.

Assim é o trabalho, às vezes silencioso, realizado pelos nossos mis-


sionários nos vários campos de Missões Mundiais. É maravilhoso ver
exemplos como este e tantos outros do resultado da graça de Deus, que
age mesmo na vida das criancinhas. Muitas das atividades de Missões
Mundiais foram iniciadas com crianças, e a partir delas, os seus pais e
outros familiares eram alcançados. "Deixai os pequeninos, não os em-
baraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino de Deus" (Mt 19.14).
Em 1992, foi para o Paraguai, Joabson dos Santos, como Fazedor de
Tendas, que é uma categoria de missionário profissional que vai para
um país trabalhar com sustento próprio, mas com apoio da JMM. É,
portanto, um voluntário com formação específica, a qual facilita a sua
5 " FREITAS, Zilmar Ferreira. Intercâmbio internacional Brasil (Santos) X Paraguai. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 91, n. 1, p. 12, 06 jan. 1991.
532 OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
entrada no campo. Joabson, que era enfermeiro, foi com o objetivo de
servir no Hospital Batista, pelo que recebia salário do Hospital, enquan-
to mantinha respaldo da Junta. Trabalhou ali como enfermeiro auxiliar
por oito anos e mais tarde se tornou Missionário Efetivo. Joabson533
testemunha:
Já estou completando 15 anos de trabalho no Paraguai. Trabalhei com capelania
hospitalar. Atuei em três áreas diferentes, o que me deu um bom apoio econô-
mico. Então seguimos para o interior do país. Lá o trabalho é muito complicado,
o que nos levou a começar uma escola, apesar de não termos formação nessa
área. Havia muitas crianças e as necessidades eram grandes na região. Foi uma
tentativa de conseguir também meu sustento. Conseguimos construir essa es-
cola evangélica e hoje ela tem duzentos alunos. Os funcionários e professores
são do ministério da educação. É uma das poucas instituições educacionais na
localidade e só foi mantida porque lutamos muito. (...) Nós abrimos também
uma escolinha de futebol, e pela graça de Deus, foi algo que contribuiu bas-
tante para o avanço do evangelho, pois ganhamos muita simpatia das crianças
do bairro. Tem sido uma experiência muito boa, pois criamos a oportunidade
de ler um texto da Bíblia com eles, orar e com isso temos bons resultados no
evangelho. Aqui o índice de suicídio é muito grande e a maioria das vitimas são
jovens. Surgem problemas a cada dia e isso se torna um desafio para realizar-
mos a obra de Deus.

Em 1992, o casal, Francisco Cid e Raquel González Cid, que estava-


na Argentina desde janeiro de 1976, chegou também ao Paraguai para
trabalhar inicialmente na Ilha Bogado, na cidade de Luque, que era
parte da Grande Assunção. Após oito anos de atividade naquele local,
deixou a Igreja estruturada, uma liderança devidamente capacitada,
o início da construção de um templo e a organização de um ambu-
latório médico, que tinha o respaldo do Hospital Batista. Também ali
o Pastor Cid foi o coordenador pedagógico do Colégio do bairro e a
Igreja passou a ser uma referência. No período se organizou outra
igreja em San Miguel. Mesmo com muitas atividades na localidade e
nas igrejas, Pastor Cid serviu no trabalho denominacional boliviano,
atuando como presidente da Junta do Seminário Batista, membro do
Comitê (Conselho) da Convenção, presidente e, logo depois, Diretor
Executivo da Convenção Batista do Paraguai. Isso tudo com fragilidade
na saúde, que o levou a sofrer um enfarte em 1998, quando fez uma

SANTOS, Joabson dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
cirurgia com duas pontes de safena, uma mamária e a radial do braço
esquerdo 4.
Em dezembro do mesmo ano de 1992, foi a vez do casal Antonio Jo-
aquim de Matos Gaivão e Deolinda Veloso de Matos Gaivão seguir para
o Paraguai, ficando ali até julho de 1993, quando pastor Galvão foi
remanejado para a sede da JMM, onde assumiu a Divisão de Missões
Regionais. Mais tarde escreveu o Pastor Antonio Galvão535, referindo-se
a Waldemiro Tymchak: "Ele achava que não havia alguém melhor do
que um missionário para assumir a área de missões e atender em cheio
aos anseios e necessidades dos obreiros nos campos".
No final de 1995, chegou ao Paraguai Ana Maria da Costa, que em
seguida foi para São Tomé e Príncipe, voltando para o Paraguai no final
de 2003, para estudar medicina. Ana Maria536 fala de sua experiência
que a impulsionou a retornar para o Paraguai.
Na África tive experiências muito tristes, pois como enfermeira tinha limites no
atendimento à saúde. Só havia dois médicos na localidade. A experiência com
uma gestante que perdeu seu filho por falta de um médico me trouxe muito
pesar. Embora soubesse fazer o parto cesariano, não podia acudir aquela se-
nhora que implorava para que não a deixasse morrer. Só deu tempo de lhe falar
de Jesus. Antes de sua partida ela se encontrou com o Senhor. Esse fato foi o
impulsionador para que voltasse para o Paraguai, pois fui autorizada pela Junta
a estudar medicina, para então retornar para a África.

O carro chefe do trabalho no Paraguai hoje está ligado ao Projeto


PEPE (Programa de Educação Pré-Escolar), que tem a missionária Lídia
Sônia Klawa da Silva, esposa do pastor Carlos Alberto da Silva, como
coordenadora nacional, e o Projeto POPE (Programa de Odontologia
Preventiva e Educativa), com o casal Paulo César e Teresa Cristina Paga-
ciov. A eficiência do PEPE levou o próprio Governo a reconhecer a sua
importância, acontecendo o inverso do que poderia acontecer, que se-
ria dificultar a permissão para o seu funcionamento. No caso, o Estado
foi até o PEPE e não o PEPE ao Estado. Por um ano houve um trabalho

41 CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Junta de Missões Mundiais, Hor-

tolândia, 28 jun. 2007. Digitado.


GALVAO, Antonio Joaquim de Matos. O apóstolo de missões modernas. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 107, n. 19, p. 14, 13 maio 2007.
"' COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
com a colaboração do BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento), através de treinamento de professores. Esse convê-
nio proporcionou o reconhecimento das escolas batistas que tinham
o PEPE537. Carlos Alberto da Silva538 disse: "O Governo tem uma ver-
ba para investir na educação de crianças, e como não havia qualquer
projeto, procuraram alguém que tinha. Assim apresentamos o Projeto
PEPE, foi aceito, e eles nos deram 10 mil dólares para serem usados no
treinamento de professores e para compra de material". Em setembro
de 2007, o casal foi à Colômbia, onde há mais de 300 mil crianças sem
escola. O objetivo era implantar o PEPE. Na ocasião Carlos Alberto e
Lídia Sônia foram também ao Peru, onde 60 missionários educadores
do PEPE participaram de um Treinamento na cidade de Shiram539.
Em relação aos pastores das igrejas organizadas pelos nossos mis-
sionários, há um entrosamento, inclusive com a Convenção local, mas
geralmente há um declínio no trabalho depois que os pastores bra-
sileiros deixam a igreja. Segundo Mayrinkellison Wanderley540, Coor-
denador Regional na JMM, "o maior desafio hoje é encontrar pessoas
para darem continuidade à atividade social".
Quando estivemos no Paraguai, foi muito importante o testemunho
do Secretário Executivo da Convenção Batista Paraguaia, Augusto Vei-
ga541, que com entusiasmo elogiou e agradeceu o trabalho dos batistas
brasileiros no campo e mencionou o desafio apresentado por Walde-
miro Tymchak para que a Convenção do Paraguai enviasse missionários
para outros países. Ele falou também sobre o preparo de obreiros atra-
vés da Universidade Evangélica do Paraguai, que tem curso de Licen-
ciatura em Teologia reconhecido pelo Governo. Há no Paraguai 156
igrejas e cerca de 150 congregações, em 300 locais diferentes, com
cerca de 15.000 membros.

WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio


de Janeiro, 27 maio 2007.
"" SILVA, Carlos Alberto da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Assunção — Paraguai, 30 maio 2007.
Id.; SILVA, Lídia Sônia Klawa. Socorro, meu pai está borracho. Mensagem recebida por <edel-
falcao@yahoo.com.br > em 05 mar. 2008.
34" WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 27 maio 2007.
'" VEIGA, Augusto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Assunção — Paraguai,
28 maio 2007.
Uruguai
Tendo em vista que os habitantes do Uruguai eram considerados o
povo mais ateu da América Latina, assim como as igrejas se mantinham
fracas, inexpressivas e pequenas, houve em 1979 a seguinte delibera-
ção da Junta:
(1) Que se envie obreiros especificamente chamados para este país; (2) que se
envie pastores-evangelistas, cientes de que terão que se fixar em uma pequena
igreja e nela permanecer por longo período; (3) que as moças vocacionadas
sejam enviadas para regiões onde trabalham missionários brasileiros; (4) que o
obreiro esteja pronto a abrir novos trabalhos, como também a reerguer igrejas
falidas; (5) que o obreiro dê ênfase às vocações'.

A jovem Evódia Barbosa Gomes seguiu para o Uruguai em 1979.


Ela esteve fora do trabalho da Junta por cerca de um ano em 1981,
retornando no ano seguinte ao mesmo campo, onde trabalhou até
1987. Dentre outros missionários, estiveram no Uruguai os casais José
Arlindo dos Santos e Rachel Costa dos Santos, e Alceir Inácio Ferreira
e Cenilza Andrade Ferreira. Estes últimos foram no chamado Convê-
nio de Fronteira entre a Convenção Gaúcha e a JMM, atuando por
quase três anos em Jaguarão, RS e Rio Branco no Uruguai, de onde
foram remanejados em 1994 para a Colômbia. Marlene Tiede tam-
bém trabalhou no Uruguai de 2004 a 2008, quando foi para o Chile
com a finalidade de plantar igrejas. Continuam a servir no campo
uruguaio, desde 1996, Daniel Duarte de Oliveira e Clélia Kerne de
Oliveira, e a partir de 2004, Daniel Gonçalves Rangel e Ana Laura
Luzardo Cuello.

Argentina
Sobre a Argentina, considerando a sua extensão geográfica, a Jun-
ta decidiu em 1979: (1) Que o trabalho fosse concentrado em uma
determinada área do país; (2) que em vez de abrir novos campos, os
missionários se dedicassem a reedificar trabalhos falidos; (3) que fossem

'42 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 140.
enviados casais e moças, formando equipes, com um programa bem
definido543.
O casal Francisco Cid e Raquel González Cid, que estava desde 1976
em Villa Maria na Argentina, foi transferido em 1980 para Villa Azalais,
no mesmo pais, onde permaneceu até 1984. Ali reconstruiu a Igreja,
ampliou o templo e construiu a casa pastoral. Em Posadas, Província
de Misiones, para onde se transferiu em 1985, foi também organizada
uma igreja, assim como aconteceu na Villa de Yaciretá, onde o casal
iniciou a Igreja de Ituzaingó, Província de Corrientes. As atividades do
Pastor Cid foram muitas, inclusive atuando na denominação em diver-
sas funções544. Da mesma forma, a missionária Raquel assumiu várias
responsabilidades, não apenas no trabalho das igrejas como nas uniões
femininas. O número de pessoas batizadas pelo Pastor Cid, nos vários
locais onde trabalhou na Argentina, foi de 156, além de adquirir pro-
priedades e construir vários templos e casas pastorais545.
Entre 1982 e 1991 estiveram também na Argentina os casais Eli Bento
Correia e Maria Cristina Rodrigues Correia, Antonio Joaquim de Matos
Gaivão e Deolinda Veloso de Matos Gaivão, Idimar Finco e Gerusa Duarte
Finco, Élbio Delfi Márquez Guimarães e Adilene Monteiro Márquez Gui-
marães, Eliseu Roque do Espírito Santo e Luciene do Espírito Santo, além
da jovem Narriman Soares Guimarães. Dentre eles, o casal Gaivão, que
foi remanejado da Espanha para a Argentina, assumiu em 1986 a Coorde-
nadoria dos Países do Cone Sul, ficando ali até 1992. Além da Coordena-
doria, Pastor Gaivão, nos quatro primeiro anos na Argentina, pastoreou as
igrejas de Muniz e Santa Brígida, na Grande Buenos Aires, sendo depois
transferido para a cidade de Córdoba, onde iniciou o trabalho em Jardim
Espinosa, que dois anos mais tarde se organizou em igreja.

Venezuela
Também houve continuidade do trabalho na Venezuela, onde se en-
contrava o pastor José Calixto Patrício desde 1977. Em 1979, ele idea-

'1' Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Convenção Batista Brasi-
leira: 62 assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980, p. 140.
"" CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Arquivo Cid, Hortolândia, 28 jun.
2007. Digitado.
"' Id. Resenha das atividades missionárias. Rio de Janeiro: JMM, 12 set. 1990. Digitado.
lizou o lema em forma de acróstico com a palavra "Cristo", para gerar
resultados duradouros na área do discipulado: "Crescer integralmente;
Reproduzir filhos espirituais; Ir em busca de almas perdidas; Servir a
Deus; Testificar do evangelho; Orar sem cessar"546.
O missionário organizou igrejas e ampliou o trabalho batista na Ve-
nezuela. Em 1987, saíram da Igreja Memorial, a primeira fundada pelos
missionários brasileiros, 17 membros para organizar uma congregação
em Puerto La Cruz, cidade vizinha, que era uma comunidade muito
pobre e difícil de se trabalhar. José Calixto informa que durante seis
meses não houve qualquer resultado. Foi quando uma irmã ofereceu a
garagem de sua casa para os trabalhos. Na sua franqueza venezuelana,
certa ocasião ela disse ao Pastor Calixto que ele era um grande missio-
nário, com excelente pregação, mas tinha um defeito: não era um ho-
mem de oração. Ela o desafiou a convocar a Igreja para orar diariamen-
te entre 6 e 7 horas da manhã. Era o horário do melhor sono e o casal
tinha ainda uma criança de apenas dois anos, que incomodava os pais
durante a noite. Mas ele acatou a sugestão, passando a orar todos os
dias de segunda a sexta-feira. José Calixto"7 concluiu seu testemunho:
Criamos um alvo de 100 pessoas na congregação até o final do ano. Certo dia
orei dizendo ao Senhor que Ele sabia do nosso propósito; já era maio e não
tínhamos ganho uma só alma para Jesus. Vários irmãos oraram também com
muito fervor, havendo um verdadeiro clamor para que Deus mostrasse qual
a estratégia que deveríamos usar. De repente o Espírito Santo falou ao meu
coração, dizendo-me que eu pedisse que todos se ajoelhassem e ficassem em
silêncio, porque Ele iria falar. Assim aconteceu por 10 ou 15 minutos, quando
tive uma visão de um terreno na beira da praia da cidade, onde deveria ser
colocada uma lona e se convidasse quatro pastores batistas venezuelanos para
pregarem de segunda-feira até domingo, seguindo uma campanha de evangeli-
zação de 30 noites. Conseguimos tudo e realizamos a conferência. Quando ter-
minamos o trabalho depois de trinta dias, o Senhor nos havia dado 103 novos
convertidos. A Igreja foi organizada em novembro de 1984 com 79 membros
fundadores. A Igreja chegou a ser a primeira da Convenção em contribuição
para o Plano Cooperativo, teve 12 alunos no Seminário, manteve 7 congre-
gações em 7 cidades diferentes, sendo considerada no Paraguai, uma igreja
missionária modelo para todas as denominações. Louvado seja Deus por essa
vitória!

"6 VENEZUELA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 16, maio/ago. 1979.


PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Providente, RI — USA, 19 abr. 2007.
Na realidade, quando os missionários deixaram o campo para traba-
lhar na América do Norte em 1994, essa igreja ficou com 350 mem-
bros. Durante os anos na Venezuela, o Pastor Calixto foi também o co-
ordenador de área dos países bolivarianos. Instituía-se assim, um novo
formato de administração, havendo maior descentralização e envolvi-
mento dos missionários.
A jovem Sônia Pereira Pinto seguiu para
a Venezuela em outubro de 1981, fican-
do ali até 1984, quando deixou o traba-
lho da Junta por motivos de saúde. Tendo
em vista o seu biótipo, ela foi considerada
como ideal para o contato com a cultu-
ra e o povo venezuelano. Trabalhou em
uma região onde havia muita bruxaria e
ocultismo, mas logo ao chegar adoeceu,
forçando o seu retorno mais cedo para o
Brasil.
Antes de ir para a Colômbia, em 1983,
ficaram na Venezuela por quatro meses,
Idelfonso Alexandrino dos Santos e Mi-
riam Thompson Moraes dos Santos, para
o aprendizado da língua e de estratégias
de trabalho com o pastor José Calixto Pa-
trício. Entre 1985 e 2005, vários outros
missionários estiveram na Venezuela, dei-
xando o campo após um período limita-
do de atividades. Em 1994, José Calixto
ti e Suely Patrício foram remanejados para
a Califórnia, nos Estados Unidos, a fim de
trabalhar com imigrantes da língua espanhola, cujo número crescia bas-
tante naquela região do país. O crescimento das igrejas na Venezuela
tem sido algo extraordinário. Quando em 1977 chegou ali o nosso pri-
meiro casal de missionários, havia apenas 45 igrejas. Hoje o número de
igrejas chega a mais de 7005".

"R Ibid.
Em uma entrevista ainda em 1992, o missionário José Calixto Pa-
trício549, que se encontrava ainda na Venezuela, fez uma importante
declaração sobre a consciência missionária que deve invadir as igrejas
de Cristo: "É tempo de deixarmos esta etapa infantil de estarmos dis-
cutindo se é necessário ou não enviar missionários para outros países,
e nos coloquemos numa atitude de obediência e de fé. Sejamos por
excelência um povo missionário para que todos os povos vejam a Luz".
Belo depoimento de quem tem missões no coração.

2.3 Firmando na África


Como mencionado nos registros do capítulo anterior, a obra foi ini-
ciada em Moçambique e Angola, mesmo com a instabilidade política e
social enfrentada pelos missionários. Quanto ao Zimbábue, nossos mis-
sionários atuaram lá em momento de transição quanto aos seus campos
de trabalho, pelo que não chegaram a estabelecer uma base mais forte
para a sua continuidade. Em virtude da guerra, houve um hiato no tra-
balho em Angola e Zimbábue, mas voltou a funcionar posteriormente.
Quanto a Moçambique, a obra prosseguiu de forma heróica. A visão
na gestão de Waldemiro Tymchak foi expandir o trabalho missionário
para outros países do continente africano, que tanto necessitavam da
mensagem do evangelho. Na realidade, conforme será discutido mais
detidamente em tópico posterior, os desafios do continente africano
continuavam. A pobreza, as guerras e as crendices presentes em diver-
sos países levaram a JMM a dar uma atenção especial a grupos neces-
sitados, mantendo quase todas as atividades antes iniciadas e abrindo
novos campos para atingir inclusive alguns dos chamados povos não
alcançados.

Moçambique
Mesmo no contexto profundamente adverso, em clima de guerra, a
notícia que se teve de Moçambique em 1979, foi de que Valnice Milho-
mens Coelho continuava trabalhando na Beira e no Dondo. Por outro

Id. Precisamos escutar o que o Espírito tem a dizer. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n.
83, p. 21, jan. 1992.
lado, Marlene Baltazar Nóbrega foi nomeada para este campo, mas não
chegou a ir, certamente pela situação política em que se encontrava o
país. Contudo, durante o ano houve dezenas de batismos como resul-
tado do trabalho de Valnice. Waldemiro Tymchak"°, escrevendo mais
tarde sobre Moçambique, deu interessante testemunho sobre o traba-
lho desenvolvido por Valnice, a única missionária que permaneceu em
1982 no campo, a despeito das profundas crises políticas aprofundadas
com a guerra civil:
Valnice é, sem dúvida, uma pessoa extraordinária. É alguém cuja vida manifesta
a glória do Senhor. É alguém que Deus moldou para trabalhar com o povo afri-
cano. É uma missionária exemplar, admirável, cheia de virtudes. Realiza uma
obra singular na aldeia em que trabalha. [...1 Ela chega quase a ser adorada pela
população. Eles a amam, a imitam, colocam seu nome em suas filhas. l...1 Ela
exerce seu ministério em uma aldeia. Aliás, com exceção de algumas lindas
cidades, Moçambique é uma grande aldeia. Em muitos lugares não há ruas,
mas caminhos. Não há casas, mas palhoças. Não há móveis dentro das casas,
mas esteiras. Quase não há velhos, pois a expectativa de vida é de somente 44
anos. Um mundo triste, cheio de crianças sorrindo. Estes são os caminhos de
Valnice.

Em 1983, Valnice deixou de ser missionária dos batistas brasileiros,


por desejar trabalhar de forma independente da denominação. Valni-
ce551 explica sobre o seu pedido de demissão da JMM: "Servi fielmente
a Cristo através da denominação. Creio haver lugar no Reino de Deus
para cada uma. [...] Respeito a cada grupo com os seus pontos de vista
peculiares; olho, contudo, para o que nos une a Cristo Jesus. [...] Em
meu coração vejo a igreja sem fronteiras".
Ainda em 1983, seguiu para Moçambique como missionária, Jus-
sara Luzia Padovani, ficando ali até o ano seguinte. No mesmo ano,
foi a jovem Noêmia Gabriel Cessito, que atuou até 1990, retornando
ao mesmo campo em 1995. Em 1984, foi a vez de chegar ali o casal
Sebastião Lúcio Guimarães e Rosalee Elbert Guimarães, que atuou até
1988. Sueny da Costa Pinto que se encontrava na Angola desde 1983,
foi remanejada para Moçambique, onde ficou entre 1988 e 1994. De-

TYMCHAK, Waldemiro. A terra de Valnice. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17, n.
53, p. 16-18, mar. 1982.
"' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro:
Junta Executiva da CBB, 1984, p. 135.
pois de atuar em São Tomé e Príncipe, Elias Balbino de Lima e Marta de
Jesus Nogueira de Lima foram enviados para somar à equipe de Mapu-
to, em Moçambique. Elias552 registrou o seguinte comentário:
Existem muitas dificuldades na questão da liderança daqueles que estavam sen-
do preparados para serem futuros pastores e se afastaram da igreja. Por isso,
temos o objetivo de trabalhar preparando líderes e também na solidificação das
igrejas já existentes, pois existe falta de pastores em Moçambique. Atualmente,
na região sul, só temos dez igrejas e quatro delas sem pastor.

A missionária Noêmia Gabriel Cessito conta, em 1998, a experiên-


cia de uma criança em Moçambique, seqüestrada com quatro outras,
tendo as demais sido mortas para que seus órgãos fossem vendidos.
A criança conseguiu fugir e pediu ajuda aos missionários em Dondo
para voltar a Maputo. Depois de confirmar com a polícia a veracidade
da história, Noêmia Cessito' comenta: "Muitas crianças moçambica-
nas estão perdendo a vida nas mãos de traficantes que as matam para
vender seus órgãos aos feiticeiros. [...] Este povo ainda está preso aos
demônios".
Depois desses missionários, foram vários outros e hoje ainda estão ali
dois casais e três jovens solteiras.

Zimbábue
Por motivos políticos, os trabalhos em Zimbábue foram temporaria-
mente descontinuados em 1982. Em 1988, foi remanejado da África do
Sul para Zimbábue o casal Ronald Rutter e Ana Augstroze Rutter, que
ali permaneceu até 1991. No período, ele ensinou no Departamento
em Português do Seminário Batista de Zimbábue, e depois também no
Departamento em Inglês. Enquanto isso Ana Rutter ministrava na área
de música. Nos finais de semana o casal estava envolvido no trabalho
das igrejas, quase sempre fazendo conferências evangelísticas ou dou-
trinárias. Ronald Rutter relata uma de suas experiências no período em
que atuava em Zimbábue, quando viajava por terra com dois alunos

LIMA, Elias Balbino de. África. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, maio 2003. 1 vide-
ocassete.
"B CESSITO, Noêmia Gabriel. Crianças são vítimas de traficantes de órgãos humanos. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 5, set./out. 1998.
do Seminário e pararam para almoçar. Como o costume da terra era
sempre se dirigir ao mais velho de um grupo, o garçom lhe perguntou
se os dois jovens eram irmãos. A resposta foi: "Sim, nós somos filhos
do mesmo Pai. E se você quiser pode também fazer parte da família de
Jesus"554. Assim todas as oportunidades eram aproveitadas pelo missio-
nário para divulgar o evangelho de Cristo. Outra experiência envolveu
seu encontro com um moçambicano, que ao passar na livraria batista
da cidade de Gweru, viu uma Bíblia em português e ficou muito inte-
ressado pelo fato de ser na língua de Camões. O fato motivou o início
de um estudo bíblico, como escreveu o Pastor Rutter555 : "Esse estudo
já começou na Igreja de Gweru, sendo dirigido pelo pastor angolano
José Chama. O homem está muito entusiasmado. Já está procurando
trazer outros". Certamente essa e outras atividades geraram frutos para
o reino de Deus.
Em 1997, Evenos Luz e Jane Luz tiveram os seus vistos expirados,
sendo a sua renovação dificultada pelo Departamento de Imigração de
Zimbábue. Finalmente conseguiram regularizar a situação e continu-
aram no país até 2004. Conforme dados apresentados pela Junta, na
ocasião havia em Zimbábue 11 milhões de habitantes, dos quais 40%
criam em espíritos maus e praticavam religiões tribais. As atividades
dos nossos missionários incluíam "campanhas de mordomia, clínicas
de evangelismo explosivo, coordenação dos autóctones, treinamento
de líderes e apoio às três igrejas e cinco congregações"556. Trabalharam
também em Zimbábue Maria das Dores Santos, de 1998 a 2000, e o
casal David Hoffman Alencastre e Sheila Alencastre, de 2003 a 2005.

Angola
Anteriormente explicitamos que o trabalho batista em Angola foi ini-
ciado pela Sociedade Missionária Britânica (BMS) e assumida desde
1931 pelos portugueses. Desde 1961, a instabilidade política era muito

RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"3 Id. Zimbábue: uma oportunidade que surge. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 24,
n. 77, p. 15, jul. 1989.
'3' MISSIONÁRIOS precisam de visto para continuarem pregando no Zimbábue. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 97, n. 46, p. 11, 17 a 23 nov. 1997.
grande. Nessa situação difícil foi que ali estiveram os nossos primeiros
missionários, Levy e Elizabeth Barbosa da Silva, e a jovem Eunice de
Brito, entre 1973 e 1975, quando foram obrigados a se retirar em virtu-
de da guerra civil. Mas de uma forma ou de outra houve a continuidade
da obra, mesmo em meio ao fervilhar das armas.
Antes de haver a categoria de missionários Fazedores de Tendas, Pas-
tor Eliezer Menezes de Oliveira atuou como tal, sendo o primeiro mis-
sionário Fazedor de Tendas dos batistas brasileiros no exterior, embora
não estivesse vinculado oficialmente à JMM. Ele foi para Angola em
janeiro de 1981 como técnico de construção civil, depois de conse-
guir o segundo lugar em um concurso com 42 candidatos. Embora não
fosse missionário da JMM, sua ida teve o apoio do Pastor Waldemiro
Tymchak. Ao chegar, houve a desconfiança de pessoas do Governo de
que se tratava de um falso técnico, pois souberam que ele era pastor
evangélico. Assim, depois de sua segunda viagem missionária, quando
foi a Lobito, Pastor Eliezer foi expulso do país, com o prazo de um mês
para se retirar. Entretanto, logo após o anúncio de sua punição, ele teve
a oportunidade de orientar pessoas do Governo sobre a produção de
gesso, que era um produto que eles importavam do Brasil, tendo com
isso a permissão para demorar por mais algum tempo. Assim passaram-
se mais três meses, voltando ao Brasil em setembro de 1981, por moti-
vo de enfermidade e com direito de retornar a Angola557.
Como aconteceu em Zimbábue em 1982, também por motivos po-
líticos, os trabalhos em Angola tinham sido temporariamente desconti-
nuados. Contudo, mediante alguns fatos que só podem acontecer com
a intervenção divina, houve nova abertura para a entrada de missio-
nários, pelo que em 1983 Sueny da Costa Pinto seguiu para a Angola
como missionária, reabrindo algumas atividades que tinham sido in-
terrompidas em virtude da complicada situação política reinante no
país desde 1974. O objetivo desse retorno oficial da JMM era preparar
obreiros jovens para a continuidade da obra no momento em que não
mais fosse possível o trabalho de estrangeiros no país. Em outubro de
1983, Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza foram
transferidos dos Açores para a Angola. Foram também para ali Talita
'" OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
de Souza Rodrigues, em 1984, e em 1988 o casal Waldecir Anacleto e
Adelioneide Feitosa de Brito Anacleto. Enquanto isso, a jovem Sueny
da Costa Pinto foi remanejada de Angola para Moçambique, também
em 1988.
Após 16 anos de guerra civil na Angola, ocorreu uma trégua com um
acordo de paz em 31 de maio de 1991. No momento de trégua em
1991, houve esperança quanto à liberdade para pregação do evange-
lho, embora a mensagem a ser anunciada fosse um verdadeiro desafio.
Na ocasião, o missionário Waldecir Anacleto558 escreveu: "Mesmo no
contexto de paz, a Igreja terá uma árdua missão de pregar a mensagem
da reconciliação e perdão, pois os corações estão feridos. Há muito
ódio, desconfiança e tribalismo, coisas que só o sangue de Jesus poderá
apagar". Logo mais, o mesmo obreiro prosseguiu: "Durante os longos
anos de guerra, o coração deste povo ficou profundamente ferido pela
dor do sofrimento. A Igreja trabalhou com muita dificuldade e limita-
ção. {...} Angola é um campo branco para a ceifa. Quem chegar pri-
meiro irá obter uma grande colheita"559.
Quando tudo parecia calmo no país, logo após as eleições em todo
o país, voltou a guerra civil, quando "a paz foi substituída pelo diálogo
das metralhadoras, canhões e morteiros. Que horror! [...] A luta em
Angola não era apenas humana e partidária. Era diabólica e infernal.
Só com a pronta intervenção de Deus haveria de cessar totalmente"56°.
Entretanto, lembrando a obra de Deus no coração humano e o que Ele
tem feito em meio aos vendavais na Angola, a missionária Rosângela
Ferro Dias"' escreveu a bela frase: "Aquilo que Deus fez no coração,
nenhuma bomba atômica, por mais potente que seja, destruirá". Para
se ter idéia da destruição em Angola, nosso missionário ali, João Tibúr-
cio562, informou que entre 30 de outubro de 1991 e 07 de março de
1993 houve 15 mil mortos, sendo 12 mil em Huambo, onde ele estava

"" ANACLETO, Waldecir. Angola em festa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 34, p.
12, 25 ago. 1991.
Id. Angola, um campo branco para a ceifa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 52, p.
10, 29 dez. 1991.
'6O ANGOLA urgente. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 1, p. 12, 03 jan. 1993.
'h' DIAS, Rosângela Ferro. Tratado de paz. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 18, p. 12,
02 maio 1993.
'62 TIBÜRCIO, João. A obra prossegue em Angola. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n.
28, p. 12 , 11 jul. 1993.
antes atuando, mas terminou por se retirar com sua família no mo-
mento certo, instalando-se em Lubango. Ele menciona a continuidade
do trabalho: "Batizamos 36 novos convertidos e contamos hoje 150
conversões".
Em 1991, Analzira Pereira do Nascimen-
to foi aceita como missionária da JMM em
Angola, onde já se encontrava desde 1985
como missionária independente. Ela havia
organizado o Seminário Teológico Batista de
Huambo, em 1986. Antes de trabalhar para
a JMM, Analzira, que também era enfermei-
ra, passou a ser conhecida como tal e como
brasileira. Trabalhou para um médico do Go-
verno, que era diretor nacional do Instituto
de Pesquisa e Investigação em Saúde, pelo
que a missionária afirma que era sustentada
pelo Governo comunista. É aí que ela fala
de seu novo conceito sobre missionário, in-
clusive aquele que pode no próprio campo
trabalhar em sua profissão563.
Fato notável ocorrido também em 1991
foi a vinda ao Brasil do Coral Central Evangé-
lico de Luanda (COCEVAL), composto de 50
homens membros da Igreja Evangélica Bap-
tista em Angola (IEBA). O coral cantava em
português, francês, inglês e vários dialetos africanos, particularmente ki-
kongo, que era a língua materna dos coristas564. A repercussão dessa ati-
vidade foi muito boa, principalmente sabendo-se que os componentes
do coro eram provenientes de um país abalado por conflitos internos.
Depois de muitos anos de guerra civil na Angola, com um saldo de
350 mil mortos, houve um acordo de paz. No mês de setembro de

"" KREGNESS, Curtis A. África: amor e dor — uma mulher responde a Castro Alves. São Paulo:
Vida Nova, 2005, p. 102.
'04 CANTANDO Missões através da cultura angolana. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n.
26, p. 12 e 8, 30 jun. 1991. Kikongo era a língua africana do antigo Reino do Congo. Na Angola
é falada no norte, nas províncias de Cabinda, Uíge e Zaire.
1992 houve eleições, cujos resultados foram considerados livres e jus-
tos pela própria Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto,
no mês de outubro a guerra retornou por três dias de forma brutal,
ceifando milhares de vidas. Essa situação de instabilidade prosseguiu
até o ano de 2002. Um missionário que estava ali na ocasião quando
retornou o quadro de guerra, relatou como suas crianças fugiam para se
esconder debaixo da cama; mas foram momentos quando a fé se forta-
leceu e os crentes puderam sentir a presença do Senhor565 . Conforme
Ezequias Santana566, nossa missionária Analzira Pereira do Nascimento
"foi chamada, em meio aos bombardeios, para fazer um parto, quando
até o pai da criança saiu correndo, deixando Analzira e a mãe com o
bebê que estava nascendo. Foram 55 dias de bombardeios, conhecidos
como 'holocausto".
Apesar da guerra, o missionário Enoch Quiavaúca menciona que hou-
ve em 1993, em Angola, 400 decisões ao lado de Cristo, 48 batismos
e 20 estavam se preparando para o batismo567. A missionária Analzira
esteve desaparecida por um bom período. Quando voltou para o seu
apartamento, "foi uma choradeira o encontro com a amiga alemã com
quem morava. A amiga tinha se escondido no porão do prédio, com
outros moradores, e achava que ela tinha morrido, porque viu muito
fogo na área da Igreja"5". Foi com muita insistência que a missionária
retornou ao Brasil para gozo de férias e tratamento de saúde. A chega-
da dos brasileiros que estavam em Angola foi registrada pela imprensa.
O Estado de São Paulo reporta que Analzira foi recebida com cânticos
religiosos e falou aos repórteres que mesmo com todos os problemas
ocorridos, ela pretendia voltar a Huambo, onde morou por oito anos.
Completou: "Minha vida foi construída naquela cidade"569. Logo que
foi possível voltou para a Angola, onde além do apoio às igrejas locais,
trabalhava arduamente na área teológica e social.

PESSANHA, Liliane. A guerra dos três dias. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, dez./jan.
1993.
'"h SANTANA, Ezequias. Angola: dias de holocausto. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, set./
out. 1993.
QUIAVAHCA, Enoch; QUIAVAÚCA, Márcia N. O momento da colheita em Angola. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 94, n. 6, p. 12, 06 fev. 1994.
368 KREGNESS, op. cit., p. 29.
'6 RYDLE, Carlos. Brasileiros voltam sem falar muito da guerra civil. Estado de São Paulo, São
Paulo, 01 Jul. 1993.
Em 1997, Waldemiro Tymchak57° analisa as dificuldades enfrentadas
pelos missionários em Angola:
Quem visita Angola jamais se esquece da dor, da pobreza, das doenças, dos
mutilados, da morte prematura e das injustiças sociais. [...] É no meio dessa
gente que os nossos missionários trabalham. Gente sofrida, para quem tudo é
impossível. Analzira Pereira do Nascimento, nossa missionária, é um milagre de
Deus. Está reformando uma antiga fábrica de sabão, bem no centro de Huam-
bo, para abrigar um seminário, salão de cultos e reuniões cívicas, além de salas
de aula para alfabetizar os egressos da guerra.

Infelizmente, em dezembro de 1998, quando a guerra civil voltou a afli-


gir a Angola, a Junta determinou a saída da missionária Analzira do país. No
entanto, ela insistiu em ficar, até ter certeza de que sua saída era "a vonta-
de de Deus para sua vida", tendo em vista que aquele era um momento
importante para os crentes e a Igreja testemunharem de Cristo'''.
A situação em Angola é descrita no Jornal de Missões de 1999, desta-
cando os problemas sociais gerados pela guerra que era considerada uma
das mais longas do mundo, pois os movimentos de resistência ao colonia-
lismo português começaram em 1961, e mesmo com a independência do
país em 1975, os rebeldes não se acalmaram, prosseguindo os conflitos.
Assim conclui o texto: "A guerra em Angola ameaça matar de fome quase
dois milhões de pessoas. [...I O deslocamento das populações rurais para as
cidades está causando um aumento brutal na incidência de doenças"572.
Em 2000, Analzira'n escreveu sobre o incentivo para que o Seminá-
rio Teológico Batista de Huambo fosse auto-sustentado. Ela fala sobre
a ajuda de trabalho voluntário de alunos e professores em uma lan-
chonete, cujos resultados seriam um suporte para o Seminário, além
de serem utilizados na Penitenciária de Huambo, onde os presos eram
estimulados a fazer trabalhos artesanais. Os alunos do Seminário rece-
beriam ajuda através da lavoura, tendo em vista que com a situação
da guerra, havia extrema miséria no país, dificultando o pagamento de
suas mensalidades.

TYMCHAK, Waldemiro. Missões Mundiais na "Terra dos Impossíveis". Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 10, set./out. 1997.
"' GUERRA civil volta a afligir angolanos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, jan./fev. 1999.
ANGOLA: a guerra que ninguém vê. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, set./out. 1999.
"-' NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Boas idéias ajudam projetos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
Em 2002, a missionária Analzira, depois de um grande trabalho por
17 anos na Angola, quando tantas vezes enfrentou os terrores da guer-
ra, retornou para o Brasil. Conforme referido anteriormente, na sua tra-
jetória em Angola, ela chegou a desobedecer ordens da própria Junta
para que saísse depressa do país, mas preferiu permanecer, inclusive
em 1993, quando ficou debaixo de um bombardeio intenso durante
55 dias na cidade de Huambo. Um dos maiores marcos de seu traba-
lho foi o Seminário Teológico Batista de Huambo, onde "ela passava a
maior parte do seu tempo com os alunos, numa espécie de discipulado
intensivo, e só voltava para casa por volta das 22h574".
Em 2005, foi criado o Movimento de Plantação de Igrejas, com
um planejamento para organizar até 2017 um total de 1.340 igrejas.
Com o final da guerra civil em 2002, houve a possibilidade dos mis-
sionários se mobilizarem no país. A grande necessidade passou a ser
o preparo teológico dos angolanos, para que eles pudessem assumir
cargos de responsabilidade. Atualmente os missionários da JMM di-
rigem dois seminários, sendo um Uíge e outro em Huambo, além de
cooperar com um seminário móvel da Convenção Batista da Angola.
Com isso o preparo da liderança local tem alcançado altos níveis nos
últimos anos, chegando o número de líderes preparados a cerca de
sete mil575 .

2.4 Firmando em países de tradição e riqueza


Continuaram, no período de Waldemiro Tymchak, os mesmos ques-
tionamentos sobre a necessidade dos batistas brasileiros realizarem tra-
balho missionário em países de tradição ou ricos. Isso, entretanto, não
impediu a continuação da obra. Esses países têm sido considerados pe-
los missionários, pastores e membros de igrejas que os conhecem, como
dos mais desafiadores para o evangelho. Em alguns deles, muitas igrejas
são fechadas anualmente, em outros o povo vive no tradicionalismo
religioso de tal forma que para ele nenhuma outra alternativa deve ser

MARTELETTO, Luiz Cláudio. Adeus, Angola. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, set./
out. 2002.
PARCERIA Angola-Brasil visa à capacitação de líderes. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
108, n. 12, p. 7, 23 mar. 2008.
considerada. Por outro lado, os valores pós-modernos contribuem para
que as pessoas se afastem cada vez mais dos valores cristãos.

França
Em 1979, continuava atuando na França o casal Paulo Roberto Sória
e Carmem Lúcia Bernardes Sória, levando a mensagem a portugueses e
franceses em Massy e Versailles. Ela inclusive mantinha um abençoado
trabalho com crianças, denominado Club D'Enfants Mercredi576.
Em dezembro de 1987, os Sória retornaram para o Brasil, deixando
suas atividades como missionários da JMM. Na França foram alçança-
das três cidades: Versailles, onde se organizou uma igreja; Le Mans, em
que houve uma distribuição massiva de folhetos, aproveitando a opor-
tunidade para contatar muitos crentes com vistas a uma nova frente
missionária; e Bordeaux, onde se iniciou um trabalho em língua portu-
guesa, que se transformou em uma igreja bilíngüe.
Baseado em sua experiência, mais tarde o missionário fez algumas
considerações sobre a obra missionária em países como a França, que
são válidas para outros países com situação semelhante. Quando no
campo, ele sentiu necessidade do estabelecimento de uma igreja em
língua nacional, "pois os filhos de imigrantes estão mais ligados ao lugar
onde estão, onde nasceram, do que aquele de onde vieram seus pais.
Mas o estabelecimento de igreja em língua francesa não impediu a
criação de atividades em português e espanhol"57. Assim, o trabalho foi
descontinuado até 2001. Em 2002, foram nomeados dois casais, Eliseu
e Dagmar Freitas, e Walter e Alzira Freire, para trabalhar com os povos
muçulmanos radicados na França, ficando ali por dois anos.

Espanha
O casal Carlos Alberto e Abegair Lopes Pires, que estava na Espa-
nha desde 1978, registra em 1979 a realização de importante trabalho

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-


venção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 141.
"7 SÓRIA, Paulo Roberto. A obra missionária de batistas brasileiros na França. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 97, n. 46, p. 14, 17 a 23 nov. 1997.
em Orense e La Coruna, na região da Galícia. Em 1986, eles foram
remanejados da Espanha para o Chile, ficando ali até 1996, quando
retornaram para o mesmo país europeu, onde atuaram pela segunda
vez até 2001.
Em novembro de 1979, Antonio Joaquim de Matos Gaivão e Deo-
linda Veloso de Matos Gaivão, que por 32 meses haviam trabalhado
como missionários independentes em Moçambique, foram nomeados
missionários da JMM na Espanha, para onde seguiram em março de
1980. Eles foram com a missão de trabalhar em cooperação com a
União Batista Espanhola, no Plano Qüinqüenal de Evangelização578. Era
um novo tempo naquele país ibérico, sendo o momento propício para
a divulgação da Palavra de Deus. Pastor Gaivão foi escolhido para um
projeto de difundir o trabalho dos batistas em todo o país, pelo que
teve a oportunidade de desafiar igrejas e crentes a saírem às ruas e
praças para pregar o evangelho. Depois de três meses nesse Projeto, o
casal assumiu novo desafio de iniciar um trabalho no município de Ge-
tafe, nos arredores de Madri. Ali, após quatro anos de atividade, deixou
uma igreja organizada com 76 membros, sendo na ocasião transferido
para a Argentina579.
Em 1982, Antonio Joaquim de Matos Galvão58° apresentou uma im-
portante informação sobre os ciganos na Espanha, cujo número chega-
va a meio milhão de pessoas:
O povo cigano, por suas características de vida, é um povo nômade. Não se
fixa em determinado lugar por muito tempo, não firma raízes e possui seus pró-
prios costumes, suas leis e uma cultura própria, além de viver em comunidades
separadas. Suas origens étnicas, segundo eles, remontam à antiga Pérsia. São
desCendentes do povo hindu e possuem um dialeto comum — o calé, ainda que
pouco o utilizem.

Conforme mencionado anteriormente, ainda em 1980, Horácio


Wanderley da Silva e Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley, junta-
mente com os filhos, depois de um trabalho com frutos abundantes na

3- " RODRIGUES, Alcilene Teixeira. Espanha — capital do mundo por 29 dias. O Campo é o Mun-

do, Rio de Janeiro, ano 17, n. 54, p. 20, jun. 1982.


'-9 CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
"" Id. Também entre o povo cigano Jesus Cristo é confessado como Senhor. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 17, n. 53, p. 29, mar. 1982.
Bolívia, foram remanejados para a Espanha, estabelecendo-se na Ilha
de Ibiza, que era turística e considerada a Sodoma da Europa. A família
encontrou algumas dificuldades em virtude do alto custo de vida, mas
aproveitou bem os 9 crentes que ali encontrou para organizar e ampliar
o trabalho, que consistia inicialmente de evangelismo na rua e nas casas
e aulas de alfabetização para ciganos, além de atividade pastoral para
anciãos e pessoas necessitadas581 .
Em nossa visita ao campo espanhol, em 2007, tivemos oportunidade
de acompanhar esses missionários no ministério com pessoas idosas.
Conhecemos uma irmã que na ocasião vivia em uma casa de longa
permanência. Já estava com mais de 100 anos de idade e não possuía
qualquer familiar. Mas os Wanderley passaram a ser a sua família. As-
sim a presença dos seus queridos fez com que fossem visíveis a alegria
estampada no rosto e o brilho nos olhos daquela centenária. Jesus fez a
diferença em sua vida e o amor de Cristo era vivido e transmitido pelos
missionários.
José Carlos Gerhard Matos e Sílvia de Almeida Matos, foram trans-
feridos de Portugal para a Espanha em 1985. Em junho de 1986, tam-
bém seguiram para a Espanha Joezer Lima de Aguiar e Diná Portela de
Oliveira Lima de Aguiar, que ali permaneceram até 1992. Elton Rangel
Pereira e Miriam Baldassare Rangel Pereira, que estavam nos Açores,
foram transferidos em 1995 para a cidade de Sevilha, na Espanha. As
experiências ministeriais de cada um desses irmãos têm sido as mais
diversas, mesmo atuando em locais diferentes. Um ponto, sobre o qual
retornaremos em tópicos posteriores, é a conscientização da responsa-
bilidade missionária levada pelos nossos obreiros nos países onde tra-
balham. Muitas igrejas, ao serem organizadas, passam a incluir a obra
missionária no seu trabalho. Um exemplo disso é a Igreja de Sevilha,
dirigida pelo Pastor Elton Rangel, que já realizou vários congressos de
missões e sustenta missionários em vários países. A Igreja tem um dos
mais belos templos evangélicos da Espanha e tem crescido. É isso que
Deus faz quando a Igreja se abre para missões.
Adoniram Judson Pires, que perdera sua esposa em plena ativida-
de missionária no Senegal em 1997, conforme será referido em ou-
"' WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
tro tópico, foi transferido em 1999 para a Espanha, a fim de cumprir
o seu chamado. Adoniram é filho de Carlos Alberto e Abegair Pires,
que atuaram como nossos missionários na Espanha e no Chile. Seu
segundo casamento ocorreu em 2004, com a irmã da primeira esposa,
Marestella Porcides, quando ele já se encontrava na Espanha. Assim
a família está ali radicada nas proximidades de Madri. Cabe registrar
que embora tenha perdido a sua mãe no campo em Senegal, a filha,
que também foi acidentada naquele sinistro, já se prepara para em
futuro próximo se entregar ao trabalho, pois seu coração é dominado
pelo amor a missões. Assim poderá ser a terceira geração de profícuos
obreiros da JMM.
Dentre outros missionários que ainda atuam na Espanha, estão Gel-
son Atílio Ferreira Nogueira e Cláudia Almeida Matos Nogueira, que
trabalharam em Tarragona e Jaén, mas na nossa passagem por lá, em
agosto de 2007, já estavam de mudança para Barcelona, onde atual-
mente se encontram. O casal que viveu na cidade de Jaén, considerada
o mundo das oliveiras, menciona algumas características do espanhol
no que se refere à tradição católica, pois apesar da Constituição apre-
sentar separação entre Estado e Igreja, a vida dos espanhóis, principal-
mente no interior, é ainda muito ligada à Igreja Romana. Entretanto,
essa ligação é puramente formal, pois as igrejas estão vazias. A situação
em si dificulta a pregação do evangelho no país. Um exemplo está no
fato da Igreja dirigida pelo Pastor Gelson ter se reunido por um ano e
meio em um hotel, cujo proprietário recebeu uma carta do bispo, que o
ameaçava de perder seus hóspedes católicos se mantivesse a permissão
para que uma igreja evangélica se reunisse ali. Assim ele foi pressionado
a ponto de forçar a saída do grupo. Gelson582 conclui: "Por tudo isso,
a nossa ênfase tem sido na comunhão com Deus, em uma experiência
não formal, mas verdadeira. Não uma religiosidade baseada na obriga-
ção, mas uma vida na dependência do Espírito Santo, vivendo o amor
que Jesus Cristo infunde em nossos corações". A experiência de mu-
dança de local e compra do templo demonstrou a visão missionária de
Gelson e, sobretudo, a mão de Deus em todo o processo. Por sua vez
sua esposa, Cláudia, embora tenha na sua vida de solteira enfrentado
NOGUEIRA, Gelson Atílio Ferreira; Nogueira, Cláudia Almeida Matos. Entrevista concedida a
Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Jaén — Espanha, 17 ago. 2007.
sérios problemas familiares, entregou-se totalmente à obra missionária,
sendo hoje uma fiel adjutora no ministério com jovens. O Senhor tem
abençoado grandemente o trabalho do casal.
Uma outra cidade, que também é campo missionário da JMM, é
La Línea. Ali se encontram Marcos Vinícius Bonfim de Araújo e Sylvia
Ramiro de Araújo. São missionários Associados e foram para a Espanha
a fim de trabalhar no Projeto Ame a Espanha583. Por ser próxima da
África, a cidade propicia ao visitante uma bela visão de Marrocos. Junto
a La Línea está Gibraltar, que é território inglês, onde algumas igrejas
surgiram como resultado da pregação do evangelho pelos ingleses aos
espanhóis. Nossos missionários estão tentando aproveitar a existência
dessas igrejas para difundir o evangelho na região.
Leno Lúcio Souza Franco e Raquel Priscilla Rissete Franco, que eram
missionários desde 1997 na Bolívia e Ucrânia, foram para a Espanha
em 2002, tendo realizado um belo ministério na consolidação da obra
em Huelva, extremo sul do país. Ainda mencionamos como missio-
nários na Espanha desde 2005, Roberto Vieira Macharet e Elizabete
Guimarães Macharet, que têm trabalhado na região de Valencia, no
Mediterrâneo espanhol, e fortalecido a Igreja Batista de Almussafes.

Canadá
Conforme referido no capítulo anterior, a parceria com a Convenção
Batista de Ontário e Quebec e com igrejas no Canadá continuou no
período de Waldemiro Tymchak. Assim, na cidade de Toronto, o casal
João Carlos e Gláucia Vasconcelos Keidann, que se encontrava ali desde
o ano anterior, continuava colaborando com a Igreja Olivet. Em setem-
bro de 1979, chegaram no Canadá como novos missionários da JMM,
João Fernandes Garcia e Lucimar Calvelo Garcia, que se localizaram
em London, para trabalhar com portugueses e canadenses na Igreja
Batista da Rua Adelaide (Adelaide Street Baptist Church). London fica a

""' O Projeto está dividido em quatro partes: (1) Implantação de uma igreja em Huelva; (2) im-
plantação da visão de educação cristã e preparo de professores em Semillas; (3) treinamento
teológico através do Centro Batista de Educação Teológica (CEBET) na Província de Andalucia;
evangelismo (Talita Cumi) através da obra social nos países do norte da África e Leste Europeu,
principalmente Marrocos. Cf. AME a Espanha. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível
em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 21 out. 2008.
200 quilômetros de Toronto, na Província de Ontário. Nas décadas de
50, 60 e 70, milhares de portugueses, principalmente dos Açores, fo-
ram para o Canadá, fazendo desse país o seu Eldorado; e muitos deles
se estabeleceram em London. Ainda por ocasião da Páscoa de 1979,
antes da vinda dos missionários para a cidade, houve uma conferência
e foi iniciada uma importante parceria com a Igreja Batista Olivet, de
Toronto584. Logo o Departamento de Missões da Convenção Batista de
Ontário e Quebec fez pedido à JMM para a vinda de uma família mis-
sionária para atingir a comunidade portuguesa de London.
Uma nota interessante foi que os irmãos batistas naquela cidade já
haviam colocado o templo à venda, quando chegou o casal Garcia, mas
em 1980, como resultado do trabalho dos missionários, mudaram de
idéia. Naqueles primeiros anos de atividade, Pastor Garcia teve a pers-
picácia de pesquisar em catálogos os nomes de pessoas em língua por-
tuguesa, para visitar todos os portugueses da cidade, indo de casa em
casa. Em 1983, quando o grupo de fala inglesa continuava diminuindo,
voltou a idéia de vender o templo, o que logo mais aconteceu. Isso fez
com que os de fala portuguesa resolvessem buscar autonomia e adquirir
uma propriedade. Assim, depois de muita luta, o novo templo do grupo
português, chamado inicialmente Igreja Batista Portuguesa de London e
depois Igreja Batista Novos Horizontes, foi inaugurado em maio de 1984.
Ainda hoje, é o templo de melhores e maiores acomodações no Canadá
entre as igrejas de língua portuguesa585. O trabalho intenso realizado pelo
Pastor Garcia586 teve resultados positivos, conforme ele mesmo afirma:
"Eu me envolvia com tudo: com hospital, com polícia, com o governo na
ajuda aos imigrantes; fazia até traduções e interpretações".
Com as críticas sobre o trabalho missionário em um país rico, em
fevereiro de 1981, Waldemiro Tymchak587 explica a situação do campo
e dos missionários brasileiros no Canadá, que ainda hoje não é dife-
rente:

'4 SILVA, Alya Gonçalves da. Informações complementares sobre os batistas no Canadá: Igre-
ja Batista Portuguesa em London. Cambridge, Canadá: JMM, 2007, f. 1 e 2. Digitado.
Id. História do trabalho batista no Canadá, f. 28.
'"'' GARCIA, João Fernandes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Toronto — Canadá, 12 abr. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Porque estamos também no Canadá. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 81, n. 5, p. 2, 01 fev. 1981.
O missionário trabalha em português com os mais velhos e em inglês com os
filhos destes que não desejam saber da língua e cultura dos pais. Como acon-
tece na Europa, o evangelho envelheceu com o tempo. Muitas igrejas estão
diminuindo, outras estão sendo vendidas — é o caso do templo em que o Pastor
João Garcia se reúne com os seus. O templo estava à venda. Nesta situação, de
decadência e desânimo, nossos obreiros em dois anos de trabalho batizaram
cerca de 40 convertidos. Isso em termos canadenses é um milagre.

Em 1983, João Carlos Keidann e Gláucia Vasconcelos Keidann,


por motivos familiares, deixaram o trabalho da JMM. No mesmo ano
foram nomeados para o Canadá Ubirajara Pereira da Silva e Alya
Gonçalves da Silva. Chegaram ao campo em abril de 1984, com o
objetivo de continuar o trabalho iniciado pelo casal Keidann. Ubi-
rajara588, ao começar o trabalho com o grupo em língua portuguesa,
conta sobre sua experiência da seguinte forma:
Descobri qual a área da cidade em que havia mais portugueses e iniciei visitação.
Além disso, todas as terças-feiras ia ao hospital para assistir os enfermos e manter
novos contatos. Fiz isso por 10 anos. Depois recebi uma carta me proibindo visitar
as pessoas que não eram membros da nossa igreja, pois, segundo eles, o hospital
tinha capelão. Algumas vezes insisti e fui chamado de teimoso. Amor, paciência e
perseverança são os verbos que acompanham todo o meu ministério.

Em janeiro de 1986, Ubirajara se tornou o pastor titular da Igreja Batis-


ta Olivet, passando a trabalhar também com os irmãos de língua inglesa.
Mais tarde, em 1992, surgiram imigrantes vietnamitas que se integraram
à Igreja, pelo que em 1993 foi um vietnamita trabalhar com esse grupo,
o que proporcionou cultos trilingües por ocasião da ceia e outras celebra-
ções especiais. Assim na Igreja Batista Olivet havia três grupos étnicos, de
fala portuguesa, inglesa e vietnamita, com cultos nas três línguas. Havia
nos arredores de Toronto, 15 mil imigrantes refugiados vietnamitas. Es-
creve Alya Gonçalves da Silva589: "Apesar das raças, somos todos irmãos,
filhos do mesmo Pai a quem rendemos louvor". O grupo vietnamita se
tornou independente e se organizou em igreja em 2003.
No final de 1984, chegaram no Canadá os missionários Flávio Strini
dos Santos e Neuza Esperândio dos Santos, indo para Hamilton, onde

"" SILVA, Ubirajara Pereira da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Cambridge — Canadá, 12 abr. 2007.
'"" SILVA, Alya Gonçalves da. Olivet tem sido celeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 92,
n. 6, p. 12, 09 fev. 1992
estava a Igreja Batista da King Street, que começava um ministério com
pessoas de língua portuguesa. Mais tarde eles deram ênfase ao trabalho
com casais e família. Com o passar do tempo, os membros da Igreja,
tanto de língua inglesa como portuguesa, haviam diminuído muito em
virtude de se mudarem para outros locais. Assim o Pastor Strini assumiu
o pastorado dos dois grupos, passando os cultos a serem bilíngües. Em
2001, o casal foi desligado da JMM, mas continuou no pastorado da
Igreja, indo mais tarde para outra província.
Em maio de 1987, foi a vez de seguir para o campo missionário
canadense, Jackson Roberto Rondini e Noemi Francisco da Silva Ron-
dini, indo trabalhar com portugueses na Igreja Batista em Strathroy, nas
proximidades de London. O trabalho fora iniciado pelo pastor João
Fernandes Garcia. O casal Rondini permaneceu no trabalho até 2004,
quando deixou a Junta para voltar a trabalhar no Brasil.
A cidade de Oakville, vizinha de Toronto, tinha uma comunidade de
mais 1.500 famílias de portugueses. Assim foi que o casal João Garcia
e Lucimar, ao regressarem de um período de férias no Brasil, se dirigiu
em 1987 para aquele local, onde desenvolveu importante ministério
com portugueses. João Fernandes Garcia59° testemunha: "Éramos qua-
tro pessoas e assim começamos os cultos em português na Central Bap-
tist Church. Com a visitação na comunidade, distribuição de literatura,
estudos bíblicos em algumas casas e reuniões de oração, o ministério
foi crescendo". Assim o trabalho se desenvolveu e o ministério bilíngüe
na Igreja passou a atender às crianças em inglês, enquanto os pais cul-
tuavam e estudavam a Bíblia em sua língua materna.
Em 2003, sendo João e Lucimar Garcia os mais antigos missionários
brasileiros no Canadá, ele preparou e dirigiu as comemorações dos 25
anos dos batistas de língua portuguesa no país. A celebração ocorreu no
dia 18 de abril daquele ano. Houve o desfile das bandeiras cio Brasil,
Portugal, Açores, Ilha da Madeira e Angola, levadas por seus legítimos
representantes. O orador oficial foi o então presidente da JMM, Mar-
cílio Gomes Teixeira591 . O casal Garcia, depois de excelente trabalho
no campo missionário por 29 anos, solicitou em 2007 aposentadoria,

"' GARCIA, João Fernandes. Apud SILVA, Alya Gonçalves da. Informações complementares
sobre os batistas no Canadá, f. 17.
"' SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 37-39.
que se concretizou no ano seguinte. O ca-
sal, por questões familiares, resolveu conti-
nuar no Canadá, mas não pensa em parar,
ficando "à disposição para trabalhar volun-
tariamente na mobilização missionária no
Brasil, atuando em treinamentos de voca-
cionados, em congressos missionários e em
despertamento das igrejas da CBB"592.
A cidade de Cambridge, a 100 quilôme-
tros de Toronto, tem 77.000 habitantes,
dos quais 16.000 são imigrantes do con-
tinente português ou dos Açores. Um tra-
balho foi iniciado com portugueses e uma
igreja organizada, sendo reconhecida pela
Convenção Batista de Ontário e Quebec (Baptist Convention of Ontá-
rio e Quebec — BCOQ) em abril de 1985, com o nome de Igreja Ba-
tista Boas Novas. Em um momento difícil da Igreja, em dezembro de
1999, Ubirajara Pereira da Silva assumiu o pastorado. A Igreja conse-
guiu, com a ajuda divina, vencer vários de seus problemas e os obrei-
ros têm prosseguido na obra, ministrando aos seus membros em língua
portuguesa para os mais velhos e inglesa para os mais jovens. Como
quase todas as igrejas de língua portuguesa, há muitos irmãos idosos
que recebem assistência espiritual até a sua partida para a eternidade,
mas os jovens preferem usar a língua inglesa. Assim, há uma tendência
de diminuir o número de membros, pois o movimento imigratório de
portugueses não tem sido renovado nos últimos anos, e os imigrantes
mais novos preferem ir para as grandes cidades. Além disso, há uma
reação muito forte dos portugueses contra a mensagem do evangelho,
preferindo eles manter a tradição religiosa de seus pais593. Difícil traba-
lho, exigindo dos missionários muita criatividade para alcançar novos
convertidos.
Com os missionários e outros obreiros no Canadá, foram organizadas
novas igrejas em Montreal, Cambridge, Eastview, Kingston, e mais tarde

CANADÁ: fim de um ciclo, não de uma história. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
5, n. 21, p. 10, mar./abr. 2008.
`" SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 48 e 49.
Brampton e Bradford. Os pastores das igrejas portuguesas tinham as
suas reuniões de confraternização, até que, em um retiro dirigido pelo
Pastor Ubirajara Pereira da Silva em 1998, foi discutido sobre a viabi-
lidade de organizar uma associação. Assim é que logo mais foi organi-
zada a Associação das Igrejas e Ministérios em Língua Portuguesa do
Canadá594. Isso veio ao encontro dos anseios da Convenção de Ontário
e Quebec (BCOQ), que tem incentivado a organização de associações
por grupos culturais.
Os questionamentos sobre o trabalho no Canadá continuaram e con-
tinuam. Em 1999, o Jornal de Missões apresenta artigo que menciona
os missionários que ali atuam, destacando o casal Ubirajara Pereira da
Silva e Alya Gonçalves da Silva, na Igreja em Olivet, Toronto, onde an-
tes trabalhou João Carlos Keidann. Diz o texto:
A congregação é formada por portugueses, canadenses e vietnamitas. Quando
olhamos para o Canadá, vislumbramos grandes desafios. Sua carência espiritual
é tremenda. Este é o principal motivo pelo qual os batistas brasileiros, há 20
anos, mantêm obreiros nesse país através da Junta de Missões Mundiais. Cana-
dá é um país tão rico, mas tão pobre de Deus"".

A situação das igrejas de língua portuguesa no Canadá é analisada pela


missionária Alya Gonçalves da Silva. Ela lembra que os grupos que vieram
há 30 ou 40 anos preservam os costumes de seus países de origem e
precisam de compreensão e assistência pastoral. Mas os filhos preferem
se integrar na cultura do país onde se encontram596. Tendo em vista que
uma alma vale mais do que o mundo inteiro, é importante ministrar e
pastorear os membros daquela geração em extinção, que um dia ouviram
a mensagem do evangelho e foram salvos. Para alcançar as pessoas de
língua portuguesa no Canadá, estratégias diferentes têm sido usadas pelos
missionários. A de visitar cada pessoa de língua portuguesa usada pela
família Garcia foi valiosa. Por sua vez, o casal Ubirajara e Alya se engajou
em programas de atendimento psicológico do Governo, servindo de con-
selheiros para alcançar os imigrantes. Isso propiciou a oportunidade de
atingir também os mais jovens que se articulavam na cultura canadense.

'" Ibid., f. 8.
MISSIONÁRIOS lutam contra a frieza espiritual e a idolatria. Jornal de Missões, Rio de Janei-
ro, p. 7, jan./fev. 1999.
''' SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 62 e 63.
Em 2007, um membro da Junta de Missões Mundiais menciona o
trabalho no Canadá, lembrando a dificuldade e o sacrifício dos missio-
nários ali para ganhar uma alma para Cristo. Diz ele:
Em um campo árido como o Canadá, que foi ceifado pelo liberalismo teológico,
ser cristão é viver entre a tensão das tradições dos pais e as propostas modernas
de seitas contemporâneas, ou ainda fugir de um ceticismo oco e sem sentido.
Num cenário com esse desenho — onde levar uma única alma aos pés de Jesus
pode ser trabalho de décadas; onde tomar uma decisão genuína ao lado de
Cristo pode representar o rompimento com os amigos de infância ou compro-
meter o afeto dos parentes — é o que vive os nossos missionários Pastor João e
Lucimar Garcia e Pastor Ubirajara e Alya da Silvas'".

3. Ampliando o lugar das tendas


Amplia o lugar da tua tenda" (Is 54.2a). A obra de Missões Mun-
diais continuou a se expandir para campos onde os batistas do Brasil
se instalaram e se dedicaram ao serviço missionário. Colocamos aqui a
extensão do trabalho em outros países, onde antes a JMM não atuava,
mas que necessitavam da mensagem do evangelho com urgência. Estes
se encontram na América do Sul, América Central, América do Norte,
Europa e África. Nem todos os países e nem todos os missionários são
mencionados no texto, sabendo-se, de antemão, que tanto os campos
como os obreiros não citados são tão importantes quanto os aqui re-
lacionados, pois igualmente realizaram ou continuam realizando uma
grande obra para a glória de Deus.

3.1 Ampliando na América do Sul


Sendo a América do Sul constituída de 12 países com cerca de 350
milhões de habitantes, continua sendo um desafio para a obra de mis-
sões mundiais. Os países para onde o trabalho missionário da JMM se
estendeu na América do Sul, sob a direção de Waldemiro Tymchak, fo-
ram: Equador, Peru, Colômbia e Chile (retorno). Os resultados têm sido
animadores em todos eles, conforme o que apresentamos a seguir.

MORAES, Márcio Alexandre. Quanto vale uma vida? Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
4, n. 14, 8, p. 7, jan./fev. 2007.
Equador
A República do Equador é um dos menores
países da América do Sul e, com o Chile, um
dos dois que não têm fronteiras com o Brasil.
No século XV, seu território foi conquistado pe-
los incas, e estes derrotados pelos espanhóis em
1534. A população indígena foi praticamente
dizimada por doenças das quais não era imu-
ne. Tornou-se independente em 1822, unindo-
se à Colômbia e Venezuela na Grã-Colômbia,
da qual se separou em 1830. O principal fator
de sua economia está nas reservas de petróleo,
que respondem por um terço das receitas do
Governo598.
Em outubro de 1981, Levy José Penido e Léa
de Souza Penido seguiu para o Equador como
missionários pioneiros. Ali já havia quase 4.000
batistas, sendo este o primeiro país da América
do Sul a receber os batistas brasileiros no perío-
do de Waldemiro Tymchak. Em 1985, houve o
remanejamento de alguns missionários para ou-
tros países, inclusive José Sélio de Andrade e Elizabeth Mota de Andra-
de, que saíram da Bolívia para o Equador. Levy e Léa Penido deixaram
em março de 1987 a Junta para pastorear a Primeira Igreja Batista de
Língua Portuguesa em Nova York. Em 1988, foram para o Equador os
missionários Heinrich Friesen e Olga Schmidtke Friesen, que iniciaram
suas atividades na cidade de Guayaquil, com estudos bíblicos e através
de um recenseamento, além de ensinarem no Seminário local599. Em
1992 eles foram de lá transferidos para a Romênia.
Dentre algumas experiências missionárias ocorridas em 1995, destaca-
se a viagem do missionário Josias Cardoso Machado, que se encontrava

"" EQUADOR. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <httpipt.wikipedia.org>.


Acesso em 17 set. 2008.
FRIESEN, Heinrich; FRIESEN, Olga Schmidtke. Eqaudor: O PNE em Guayaquil. O Campo é o
Mundo, Rio de Janeiro, n. 79, p. 15, jul. 1990.
no Equador desde 1992. Ele foi para Ampato, a 2.000 quilômetros de
Guaiaquil, onde atuavam missionários autóctones. As dificuldades da via-
gem são narradas por ele, quando para alcançar as várias comunidades,
usaram canoa como meio de transporte por mais de 300 quilômetros
através do rio600.

Peru
Foi no território da República do Peru que se abrigou o maior esta-
do da América pré-colombiana, conhecido como o Império Inca. No
século XVI, o Peru foi elevado a vice-reinado pelo Império Espanhol.
A sua população é uma mistura de vários povos, incluindo ameríndios,
europeus, africanos e asiáticos. A economia é baseada na extração de
minérios, principalmente prata, cobre, zinco e estanho. A mistura de
tradições tem seu reflexo nas várias áreas culturais, inclusive nas práti-
cas religiosas601.
Sobre o trabalho batista no Peru, cumpre dizer que há evangélicos
naquele país desde o século XIX. Antes de chegarem ali os batistas bra-
sileiros, já estavam os do Sul dos Estados Unidos, desde 1948, com o
missionário David Oats, que iniciou em Lima suas atividades, organi-
zando em 1950 a primeira igreja batista com o nome de Igreja Batista
Ebenezer de Miraflores602.
Carlos Roberto de Oliveira e sua esposa Mônica Malfetana Bonfim
de Oliveira foram os primeiros missionários batistas brasileiros no Peru,
tendo seguido para aquele país em julho de 1982, para onde se trans-
feriu, também no mesmo ano, Lucy Gonçalves Guimarães, que estava
nos Açores. Na ocasião havia 53 igrejas e 5.314 membros de igrejas
no Peru. O casal Oliveira era especialista na área de saúde, sendo ele,
além de pastor, enfermeiro, e ela, dentista. A missionária Mônica603
deu um convincente testemunho do seu chamado para o trabalho mis-
(001 MACHADO, Josias Cardoso. Avança trabalho autóctone no Equador. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 96, n. 8, p. 6, 03 mar. 1996.
''"' PERU. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso
em 17 set. 2008.
02 PERU: batistas peruanos avançam na evangelização. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 1, n. 3, p. 3, out./dez. 1966.
i."' OLIVEIRA, Mônica Malfetana Bonfim de. Por que missões? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 19, n. 62, p. 14 e 15, dez. 1984.
sionário, em que se pode perceber a sua convicção e como o Senhor
honra aos que dele dependem:
Tinha meu consultório, um emprego fixo no sindicato dos empregados do co-
mércio no Rio, carro, jóias, duas secretárias, convite para seguir lecionando na
faculdade, dois cursos de especialização, tese defendida e publicada, muitos
pretendentes, condição de viajar para o exterior quando eu quisesse, enfim,
tudo que pode querer uma jovem de 24 anos. Faltava, porém, uma coisa. Deus
queria mais do que dinheiro ou bens materiais. Ele queria minha vida. Deixei
tudo: emprego, consultório, família, posição, tudo. Hoje tenho um lindo lar
com tudo o que desejo: esposo maravilhoso, três lindos filhos, um trabalho
apaixonante. Faço o que mais gosto de fazer. Estou plenamente realizada em
minha vida profissional.

Quando os Oliveira se apresentaram à Junta, tinham um projeto es-


pecial, pelo que ao chegar ao campo começaram a equipar um trailler
odonto-médico e barraca-congregação". Contudo, no Peru eles tive-
ram de esperar 40 dias para obterem permissão do Governo e se esta-
belecerem ali605. As dificuldades burocráticas continuaram, pois havia
uma portaria ministerial que proibia a entrada de novos missionários
no Peru. Só em 1983 o casal e Lucy Gonçalves Guimarães receberam o
visto tão aguardado. Carlos Roberto de Oliveira" escreveu:
Sempre confiando no Senhor, que sabe todas as coisas e nos garante prover
tudo que necessitamos, colocamo-nos de joelhos, buscando sua ação provi-
dencial. Depois de quase 40 dias de recusas, quando preparávamos as malas
para voltar, veio a notícia, da parte do Ministério de Relações Exteriores, de
que estavam considerando nossa vinda ao país como oportuna e necessária
e que, no dia seguinte, procurássemos seguir os trâmites. Fui ao escritório do
sub-diretor de Imigração e saí daquele local com muito gozo no coração, levan-
do em mãos uma ordem do Ministério para que o cônsul peruano do Rio de
Janeiro expedisse os nossos vistos de residência, o que ele fez imediatamente,
incluindo o da missionária Lucy Gonçalves Guimarães. A mão de Deus estava
por detrás de tudo.

Os missionários Agnelo Guimarães Barbosa Filho e Ruth Genúncio


Barbosa foram para o Peru em 1988, quando ficaram impressionados

`'"' OLIVEIRA, Carlos Roberto de. As alegrias e dificuldades de um trabalho diferente. O Campo
é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 19, n. 62, p. 11, dez. 1984.
""3 SOUZA, Jane Esther Monteiro de. Eis-me aqui no Peru. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
85, n. 1, p. 8, 06 jan. 1985.
6°`' OLIVEIRA, Carlos Roberto de. Um Deus de impossíveis. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 18, n. 59, p. 28, dez. 1983.
com a miséria e a necessidade do povo. Eles permaneceram ali até
1991, quando após 28 anos como missionários da JMM, tendo atuado
na Bolívia, Paraguai, Uruguai e Peru, deixaram o trabalho da Junta para
se aposentar. Ele foi o primeiro missionário da JMM a se aposentar no
limite de idade delimitado pela Junta". Como tem acontecido com
outros obreiros que se aposentaram, Pastor Agnelo continuou bastante
ativo no Brasil, falando em muitas igrejas nas campanhas de Missões
Mundiais e testemunhando do evangelho na cidade onde passou a re-
sidir. Conforme Ruth Barbosa, ele não ficava um só dia sem pregar o
evangelho. Seu amor por Jesus o constrangeu a agir assim até o dia do
seu encontro na eternidade com o Senhor de Missões".

Colômbia
A República da Colômbia é o segundo país mais populoso da Amé-
rica do Sul, com 47 milhões de habitantes, e é considerado o terceiro
mais rico. Sua economia é a terceira maior do continente sul-america-
no, sendo seus principais produtos de exportação o café e o petróleo.
Sua cultura resulta da mestiçagem dos povos nativos com a influência
colonizadora espanhola. A maior parte da população é constituída
de eurameríndios, europeus ibéricos e eurafricanos. Por outro lado, a
Colômbia é o maior produtor de coca e derivados do mundo e tem
um dos conflitos de guerrilhas mais duradouros do hemisfério ociden-
tal. Grande parte da ação dos guerrilheiros é financiada pelo narco-
tráfico. O país é conhecido como um dos mais violentos do planeta,
tanto que em 2001 foi denominado como a capital dos seqüestros.
Somente 0,5% dos crimes são punidos. O povo é religioso, havendo
supostamente apenas 2% de ateus. A grande maioria é católica, mas
o número de protestantes tem crescido nos últimos anos. Desde 1991
há oficialmente liberdade religiosa, mas as perseguições ainda são
muitas, tanto da parte da Igreja da maioria como dos representantes
do crime. Estatísticas indicam 400 igrejas fechadas e 150 pastores as-

"- VIDAS a serviço de Deus. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 9, p. 12, 03 mar.
1991.
`'"" BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
sassinados pelos guerrilheiros desde 1998. "Aqueles que se convertem
ao protestantismo são considerados traidores, e alguns assassinados.
Missionários são ameaçados, seqüestrados, e às vezes mortos. Muitos
cristãos têm sido martirizados por assumirem posições contrárias ao
cri me"6".
Em 1983, foi para a Colômbia Idelfonso Alexandrino dos Santos e Mi-
riam Thompson Moraes dos Santos, que, conforme dito anteriormente,
atuaram de início por quatro meses na Venezuela em um pequeno es-
tágio de aprendizado sobre a cultura hispânica com o pastor José Calix-
to Patrício, o que lhes foi muito útil. Na Colômbia, foram inicialmente
para Bogotá, onde realizaram estudos bíblicos em sua própria casa, mas
o trabalho cresceu bastante até 1993. Em outubro desse ano, Pastor
Idelfonso foi vítima de ataque cardíaco na Colômbia, vindo a falecer.
Waldemiro Tymchal<61° escreveu sobre ele, dizendo ser um exemplo de
missionário no campo: "Pastor Idelfonso foi à Colômbia porque Deus
o chamou e permaneceu lá até o dia em que Deus o levou para si. Ele
e a esposa tiveram alegrias no campo missionário, porém passaram por
muitas lutas. É verdade que nunca lhes faltou o essencial, mas tiveram
muitos limites".
Em 1984, foram do Uruguai para a Colômbia os novos missionários
Alceir Inácio Ferreira e sua esposa, Cenilza Andrade Ferreira, que reali-
zaram um grande trabalho até 2005, quando foram remanejados para
a África. Outros obreiros trabalharam ali e hoje ainda estão atuando,
como efetivos, um casal e três missionárias solteiras, além de uma mis-
sionária associada e outra temporária-ministerial.

Chile (retorno)
A partir das últimas décadas do século XX, o crescimento dos
evangélicos no Chile tem sido algo extraordinário, a ponto deles
representarem hoje cerca de 20% da população. É verdade que esse
crescimento deve-se aos pentecostais, mas o fato em si demonstra o

IGREJA perseguida na Colômbia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:i
www.portasabertas.org.br >. Acesso em 17 set. 2008.
`"" TYMCHAK, Waldemiro. O missionário que partiu para o céu. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, p. 6, jan./fev. 1994.
quanto a propagação do evangelho tem sido aceita, inclusive através
de outros grupos denominacionais.
No final de 1985, foram nomeados para o Chile William Wo-
jcicki e Sônia Regina da Silva Wojcicki, para iniciarem suas ati-
vidades em 1986, mas por motivo de desastre em ônibus, não
chegaram a partir para o campo. Essa ocorrência levou a JMM a
solicitar ao Pastor Carlos Alberto Pires e Abegair Lopes Pires, que
atuavam na Espanha, que fossem substituir o casal Wojcicki. Final-
mente, houve o feliz retorno às origens do trabalho missionário de
nossa Junta, quando a família Pires, embora reagindo inicialmente
quanto à mudança, foi remanejada da Espanha para o Chile em
fevereiro de 1986, ficando ali por 10 anos, quando voltou para a
Espanha. Carlos Alberto611 mais tarde co-
menta: "Fui para o Chile, passei 10 anos e
foi uma bênção. Apaixonei-me pelo Chi-
le e já estava tão bem que pensava em
terminar a minha carreira missionária por
lá mesmo, voltando para o Brasil somente
para me aposentar". Entretanto, a vonta-
de suprema não é do missionário, mas de
Deus, que determinou o seu retorno para
a Espanha por mais alguns anos.
Antes da ida de Carlos Alberto e Abegair
para o Chile, ainda em 1985, foi nomeada
a jovem Narriman Soares Guimarães. Entre-
tanto, de início ela foi para a Argentina, es-
perando que no Chile chegasse um casal de
missionários brasileiros. Sua transferência
aconteceu em outubro do ano seguinte. O
Narriman Soares
seu chamado foi algo bem definido, quan- Guimarães, vida
do Deus colocou na sua mente o Chile. dedicada à obra
missionária no Chile
Em 1987, Narriman612 escreveu sobre sua

6 " PIRES, Carlos Alberto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2007.
"2 NUNEZ, Narriman Soares Guimarães. Apud PIRES, Carlos Alberto. Mais além dos Andes. O
Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 87, n. 32, p. 12, 116 ago. 1987.
experiência ao se dirigir para aquele país, ao qual tanto se adaptou:
"Quando cruzei a Cordilheira dos Andes, rumo ao Chile, senti as
respostas de Deus às minhas orações, pois agora estava chegando ao
país para o qual Deus havia me chamado. E ali nos picos brancos da
imponente cordilheira eu dizia ao meu Senhor: Muito obrigada".
A missionária Narriman se fixou inicialmente na cidade de Cupia-
có, realizando um extraordinário trabalho, e depois em Arica. Em
abril de 2002, casou-se com o obreiro da terra, Juan Carlos Nunez
Romero, e os dois continuam trabalhando como missionários da
JMM sediados em Arica, no Norte do Chile. Na região há vários
casais de missionários da terra, que se doam ao trabalho, o qual
é realizado com muito amor. Em 2005, o informativo A Colheita
menciona o Projeto Tarapacá para Cristo realizado pelo casal, que,
percebendo que a região dos Andes tem vários povos indígenas não
alcançados, se dispôs a preparar um programa evangelístico para
alcançar essas etnias no Deserto de Atacama. O Projeto já abriu cin-
co frentes missionárias entre o povo Aymará, sendo três na cidade
de Arica e dois em (quique. Ele é aproveitado também para tentar
minorar as necessidades daqueles povos mediante um trabalho so-
cial613. A JMM foi pioneira nesse trabalho com os Aymará. O casal
Nunez relata muitas bênçãos recebidas entre 05 de julho e 02 de
setembro de 2008, quando recebeu várias equipes do Brasil, que
deram importante apoio ao trabalho na região, tanto na área da
evangelização como na social614.
Em 1987, foi também para o Chile a jovem Marta Ramos do
Nascimento e, em abril do mesmo ano, Silas Luiz Gomes e Aldair
Ribeiro Gomes foram transferidos da Bolívia para Antofagasta, Chi-
le, na entrada do deserto do Atacama. Logo ao chegar, Pastor Silas
apresentou um projeto à associação regional para missões urbanas,
pois a cidade de Antofagasta era muito grande, e após 50 anos de
trabalho só havia 5 igrejas para uma população de 250 mil habitan-
tes. A obra se expandiu e novas igrejas foram organizadas. Contudo,
a atividade do casal ia muito além, pois a vasta região norte tinha

"" PROJETO Tarapacá para Cristo. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 2, maio/jun. 2005.


NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NUNEZ ROMERO, Juan Carlos. Arica: Probamichile.
Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br > em 25 set. 2008.
a extensão de 1.400 quilômetros, da qual ele foi por algum tempo
Diretor de Evangelismo615. Silas616 escreveu de Antofagasta em 1989,
mencionando o quanto Deus estava abençoando o trabalho dele
e de sua esposa, embora, por outro lado, existisse forte ataque do
inimigo:
Se Deus está abençoando, o Diabo ataca com violência. Só em Antofagasta
existem atualmente 16 igrejas satânicas, distribuídas em mais de 120 células
familiares. Os sacrifícios de animais são usuais e também já se registraram sacri-
fícios humanos. Nossa Missão já foi apedrejada, telhas e vidros foram quebra-
dos, temos de estar apagando os nomes satânicos escritos pelos adeptos dessas
igrejas nas paredes de nosso local de cultos. [...] Precisamos muito de ajuda dos
irmãos em oração e também para compartilhar acerca de tão tremendo tema —
que não se estuda em seminário.

Depois de servir como Missionária Temporária por seis meses no Pa-


raguai e quase dois anos no Chile, Marlene Tiede retornou para este
último país como efetiva em 1988. Seu campo missionário foi a cida-
de de Antofagasta. Marlene foi ali uma desbravadora, uma evangelista
nata, tanto que era reconhecida pela liderança local como "rolo com-
pressor". Com esse dom de evangelismo pessoal, Marlene conseguiu,
em cerca de 14 anos nessa cidade, organizar 3 Igrejas, todas come-
çando do zero, e abrir outras tantas congregações. Esteve no Equador
entre 2003 e 2004, quando foi para o Uruguai, onde exerceu excelente
ministério evangelístico nas cidades de Montevidéu e Carrasco. No fi-
nal de 2008, Marlene retornou ao seu campo de coração, Chile, para
continuar seu ministério missionário617.
Mais tarde, o relatório da Junta de 1993 destaca o produtivo tra-
balho do Pastor Silas Gomes em Antofagasta, cuja região é a maior
exportadora de cobre do mundo, mas é também considerada o quar-
tel-general do espiritismo no Chile. Ele desenvolveu um envolvente
ministério em local que antes era um cinema, no centro da cidade,
criando o Centro Cristão de Oração Puerta Aberta, "aberto todo o

GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
Id. Deus e o Diabo em Antofagasta. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 25, n. 78, p.
10, jan. 1990.
`17 CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
dia para orar e ajudar pessoas que o procuram para se livrarem da
opressão do inimigo"618.
Em 2000, Armando de Oliveira Neto e Catarina Jacobsen de Oliveira
foram trabalhar no Seminário em Santiago do Chile, na área de música
e evangelismo, onde têm realizado um importante trabalho reconhe-
cido pela liderança dos batistas chilenos. Ele é formado em Teologia e
Música Sacra pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Foi ali que
em 1982 sentiu o chamado para missões. Trabalhou como seminarista
no interior de São Paulo. Em 1986, um ano depois de formado, foi
para o Rio de Janeiro. Lá atuou na Primeira Igreja Batista de São João
do Meriti, onde se casou, indo depois para a Primeira de Moça Bonita.
Quando estava nessa última, ele e a esposa se apresentaram à Junta
ainda em 1996, mas somente em 2000 o casal seguiu para o campo.
Chegaram a considerar que o local de trabalho seria a África, Portugal
ou Espanha, mas finalmente, em um processo natural, Deus os orientou
para o Chile. Antes disso, Catarina recebeu o chamado de Deus para
missões em 1978. Por algum tempo, antes de se casar, foi missionária
da Junta de Missões Nacionais, obtendo profunda experiência na área
de missões. Ela se refere à sua visão missionária com muita alegria: "Te-
nho vivido as duas experiências: Missões Nacionais, dentro do contexto
brasileiro que me fez sentir em casa, e Missões Mundiais, em um mun-
do diferente, mas com um apoio fora do comum tanto da Junta como
dos batistas brasileiros"619.
Vários foram os líderes que entrevistamos no Chile em nossa viagem
missionária no ano de 2007. Ouvimos muitas palavras de agradecimen-
to e entusiasmo pelo trabalho do casal Oliveira em Santiago. Ele tem
servido tanto em atividades da Convenção Batista Chilena, ampliando
o trabalho missionário da terra, como na área de educação ministerial.
O Reitor do Seminário Batista Chileno, Oscar Pereira Garcia, apresen-
tou um belo testemunho, lembrando a ajuda dos batistas brasileiros
desde 1908. Ele demonstra profunda gratidão pelo apoio na área de
educação, lembrando o trabalho de Carlos Alberto Pires e, desde o

618 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75?- assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 406.
619 OLIVEIRA NETO, Armando de; OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida
a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
ano 2000, do casal Armando de Oliveira Neto e Catarina Jacobsen de
Oliveira. Oscar Garcia62° conclui: "
O Seminário Batista Chileno tem uma dívida sentimental e moral de muita gra-
tidão aos batistas do Brasil, porque até hoje continuam nos ajudando na área
teológica e de evangelização, pois estes jovens missionários são mais evangelis-
tas e plantadores de igrejas do que teólogos ou docentes de escritório.

Dentre outros missionários no Chile, destacamos em Antofagasta a


jovem Maria Ilza Lopes Pereira. Recebeu o chamado de Deus aos 12
anos e aos 23 deixou algumas vantagens de emprego e foi estudar no
Seminário de Educação Cristã, no Recife. Em 1985, foi desafiada pela
missionária Narriman para ir ao Deserto de Atacama, no Chile, que é
o lugar mais seco do planeta. Ela tentou fugir, mas depois de muitas
experiências se rendeu à vontade divina. Depois das entrevistas e de
atender a todos os pré-requisitos inclusive treinamento, seguiu para o
campo em 2000. Hoje ela tem atuado em Antofagasta, no ministé-
rio com famílias, senhoras e crianças, enfrentando com muita coragem
qualquer dificuldade que porventura venha a surgir. No trabalho social
que realiza através da CABAMI (Casa Batista da Amizade), coloca em
prática tudo o que aprendeu como estudante e acrescenta indefini-
damente muito mais. Sentia dificuldade de se aproximar das crianças,
pelo que resolveu formar um time de futebol, embora não tivesse ne-
nhum conhecimento do assunto. Assim Deus tem abençoado o traba-
lho da missionária Ilza, que também tem colaborado com as atividades
da Convenção do Chile na promoção de missões locais.
São também missionários no Chile, Jorge Edmundo Sarria Tejada e
Dulcerly Judson Pires Sarria Tejada, sendo ela filha dos ex-missionários
Carlos Alberto e Abegair Pires. Eles serviram como missionários entre
1997 e 2001 em Cabo Verde, e entre 2001 e 2005 na República Domi-
nicana, para em 2005 se transferirem para Copiapó, no Chile. Além dos
vários obreiros da terra, fazemos referência também a Eliana Neves dos
Santos La Banca, que se tornou missionária efetiva em 1997, depois
de atuar por dois anos como Temporária. Ela se casou em 1999 com o
colombiano Hugo Guillermo La Banca Ledesma, que já era missionário

"2" GARCIA, Oscar Pereira. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
de outras agências interdenominacionais e terminou por se tornar mis-
sionário da JMM em 2005, dando sempre ênfase a missões transcultu-
rais. O amor por missões tem levado o casal a trabalhar em um espaço
bastante peculiar, não por acumular alto índice de pobreza, pois é um
dos locais mais ricos da região, conforme explica nosso missionário:
As dificuldades ali não são econômicas, porque a situação financeira é boa. O
salário é bem mais elevado do que a média do Chile e cada pessoa tem dois
carros e casa. O problema é mais social. Muitas pessoas saíram do Sul, sendo
grãnde parte delas indígenas que vieram para trabalhar na mina. Lá no Sul o nível
social é baixo e aqui, alto. Muitos nem sabem o que fazer com tanto dinheiro.
Mas essa nova condição os leva aos vícios, incluindo droga, álcool e outros mais.
A estratégia que usamos não é a de impactos evangelísticos nas ruas, mas fazer
amizades, sentar com eles, tomar um café juntos, conversar às vezes até tarde da
noite. Assim conseguimos nos aproximar. Em outros lugares, temos trabalhado
com escolinhas de futebol para assim ganhar a confiança da comunidade'.

Guiana
A chamada República Cooperativa da Guiana foi colonizada inicial-
mente por holandeses, no século XVII, passando a ser colônia britânica
em 1831, quando se tornou o único país de colonização britânica na
América do Sul. Só chegou a ser república em 1970. Pouco mais da
metade da população é de cristãos. Dentre eles, 31% são protestantes
e 11% católicos romanos. Tendo em vista que a maior parte dos ha-
bitantes é de descendência indiana, 33% dos guianenses são hinduís-
tas622. Os muçulmanos constituem 10% da população. Em 2002 havia
10 igrejas no país, com mais de mil batistas.
Em agosto de 1989, foi nomeado como missionário para trabalhar
na Guiana por um período inicial de quatro anos, mediante convênio
com a Sociedade Missionária Batista Britânica, João Luís da Silva Manga
e Célia Miranda Borges Manga. Deve-se dizer que entre 1983 e 1984,
João Luís Manga, ainda seminarista, havia participado de uma equipe
de missionários temporários na Bolívia. Atuou em Trinidad, Guayarami-

LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo. Entrevista con-
cedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun.
2007.
`'" GUIANA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 19 jul. 2008.
rim e Cobija, obtendo importante experiência para as atividades que
iria assumir depois em outros campos.
Os missionários Manga, que na ocasião foram os únicos a obterem
permissão para abrir uma congregação batista no país, seguiram para o
campo em outubro de 1990, localizando-se em Linden, que era uma
cidade mineradora de bauxita. O casal terminou por permanecer oito
anos no país. No primeiro período de trabalho dos missionários, até
1994, a pequena igreja em Linden aumentou de 25 para 125 mem-
bros. Entre 1992 e 1994, a equipe na Guiana foi reforçada com o casal
Elierte e Maria Pereira, que realizou belo trabalho com o Ministério do
Silêncio, quando deficientes auditivos foram alcançados para Cristo.
No segundo período de atividade da família Manga, houve o fortaleci-
mento de uma congregação, que se tornou igreja após quatro anos, e
o trabalho de formação de líderes. Em 1998, os missionários Manga, já
com maior experiência, foram remanejados para El Salvador.

3.2 Ampliando na América do Norte e na Europa


Além das nações já mencionadas no capítulo anterior, que eram con-
sideradas tradicionais ou mesmo ricas, tais como França, Espanha e Ca-
nadá, os batistas brasileiros estenderam os seus labores para os Estados
Unidos da América do Norte e Europa Ocidental.

América do Norte
Os Estados Unidos da América é a maior potência econômica e mi-
litar do planeta. Sua posição privilegiada é reconhecida no mundo in-
teiro, exercendo influência política, econômica, científica, tecnológica,
militar e cultural no hemisfério ocidental. Mesmo com as limitações im-
postas para a entrada de estrangeiros, há um índice elevado de pessoas
que vão de outros países, sendo a maioria com entrada ilegal. Dentre
esses se destacam os hispânicos, que hoje compreendem 13,4% da
população, com 64% desse percentual do México, formando a maior
minoria étnico-racial nos Estados Unidos. A imigração de portugueses
e seus descendentes tem também importância, pois a população luso-
americana chega a um milhão e 300 mil, com maior concentração na
Califórnia, onde estão as cidades de Los Angeles e São Francisco, e
Massachussets, onde se localiza a cidade de Boston. Ao contrário do
que aconteceu nas décadas de 70 e 80, a imigração legal e ilegal de
portugueses não tem hoje grande significado. O número de católicos
nos Estados Unidos tem crescido com a imigração de latinos, chegando
a 21%, contra 57,9% de pessoas consideradas protestantes623.
Em junho de 1981, em convê-
nio com a North American Baptist
General Conference (Conferência
Geral Batista Norte-Americana),
foram para os Estados Unidos os
missionários Humberto Viegas
Fernandes e Marilena Andreo-
ni Fernandes, para participar no
que foi considerado "Missões em
retribuição"624. Eles foram traba-
lhar com os portugueses em Nova
Jersey, nomeados e orientados
Humberto Viegas Fernandes e
Marilena Andreoni. Femandes, pela JMM, mas com salário, mo-
missio~ donveniados•nos radia e carro cedido pelos norte-
americanos. No final do ano an-
terior, em entrevista concedida à
redação da revista O Campo é o Mundo, o vice-presidente da Junta
de Richmond625, Bill O'Brien, declarou que eles receberiam de braços
abertos missionários brasileiros nos Estados Unidos, lembrando que o
empreendimento missionário é de dimensão globa1626.
Em 1983, houve a decisão de não mais ter missionários nos Estados
Unidos, pelo que Humberto e Marilena Fernandes deixaram de ser
missionários da JMM. A Junta lamentou não ter sido possível efetivar

IMIGRAÇÃO portuguesa nos Estados Unidos da América. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre.
Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso em 18 set. 2008.
624 NOSSOS novos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 6, abr.
1981.
624 Na ocasião o nome da Junta era Foreign Mission Board (Junta de Missões Estrangeiras), que
passou a ser hoje International Mission Board (Junta de Missões Internacionais).
ENTREVISTA com a redação de Bill O'Brien. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 15,
n. 49, p. 30, dez. 1980.
um convênio com a Junta de Missões Nacionais dos Batistas do Sul
nos Estados Unidos, mas se colocou à disposição para selecionar can-
didatos a fim de trabalhar com pessoas de língua portuguesa através
daquela entidade. Por outro lado, foram mantidos os convênios com a
Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Canadense e com
a Igreja Batista de Germinston, na África do Sul627. O casal Fernandes
decidiu continuar à frente da Igreja de portugueses e brasileiros recém-
organizada por ele em Nova York.
Todavia, em 1994, os batistas brasileiros voltaram a trabalhar através
de convênio nos Estados Unidos, quando José Calixto e Suely Mieko
Patrício foram remanejados da Venezuela para a região de São Francis-
co, Califórnia, onde há um grande número de residentes de fala portu-
guesa. Em 1996, eles foram mais uma vez remanejados, dessa vez para
Costa Rica.
Uma observação é que nem sempre as transferências de missionários
ocorriam com naturalidade, pois às vezes havia problemas pessoais ou
familiares. No caso da família Patrício, o maior obstáculo ocorreu com a
reação de um dos filhos, que já se encontrava adaptado à vida america-
na e engajado na escola em atividades esportivas. Com a ida da família
para Costa Rica, na sua contrariedade, aquele rapaz se envolveu com
drogas. Mas o Senhor, na sua misericórdia, terminou por transformar
aquele problema em bênção, pois depois de muito sofrimento e oração
da parte dos pais, o filho pródigo voltou para casa e hoje é missionário
entre drogados na Espanha. Em 2002, quando o filho estava em trata-
mento, o casal Patrício, solicitou desligamento da JMM e retornou aos
Estados Unidos, para trabalhar com latinos em uma igreja na Califór-
nia, na qual ainda hoje se encontra realizando um excelente trabalho.
Deve-se ressaltar uma palavra especial do pastor José Calixto Patrício628
com referência à família, que deve ser levada em consideração por
aqueles que servem ao Senhor:
Todo o período em que servi como missionário da JMM, foram anos de muita
luta para abrir espaços, quando me entreguei de corpo e alma ao trabalho. Com

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 69 assem-


bléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1984, p. 155 e 156.
"" PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
isso não dei bastante tempo à família. Se tivesse de começar tudo de novo, seria
diferente, pois daria mais de mim mesmo aos meus familiares. Contudo, quero
registrar uma palavra de agradecimento às esposas dos missionários, pois no
meu caso há uma tremenda mulher em minha casa. Graças a Deus pela esposa
maravilhosa que me deu.

No relatório da JMM referente ao ano de 1999, há o destaque aos


missionários Sebastião e leda Baptista, que foram remanejados de Nova
York para Massachussetts, para servir a uma grande colônia de brasilei-
ros e portugueses. Nosso Executivo explica que os missionários eram
sustentados pela Junta de Missões Nacionais da Convenção do Sul dos
Estados Unidos, mas no Brasil era recolhida a contribuição do INSS
como forma de participação da iMM629.
Outro campo onde os batistas brasileiros tiveram atuação por pouco
tempo foi o México. Em 1996, o casal Carlos Roberto de Oliveira e
Mônica Malfetana Bonfim de Oliveira foi remanejado da Costa Rica
para a cidade de Toluca no México, levando o famoso e útil trailer
odonto-médico. O casal realizou por mais de quatro anos um exce-
lente trabalho evangelístico-social, que mesmo depois de sua saída do
campo para se radicar nos Estados Unidos ainda continuou recebendo
apoio da família e de algumas igrejas do Texas.

Áustria
A Áustria é um país montanhoso localizado na Europa Central, em
posição limítrofe com o Leste Europeu. Algumas das personalidades
mais famosas na área da música eram austríacas, tais como Wolfgang
Amadeus Mozart, Johann Strauss e outros. Também nasceram na Áus-
tria o grande nome da psicanálise, Sigmund Freud, e o famoso estadista
e chanceler da Alemanha, Adolf Hitler. Hoje a Áustria é uma república
parlamentarista.
Em 1989, a Áustria se tornou a base de trabalho do casal Paulo Mo-
reira Filho e Virgínia Bonfim Moreira, que foi nomeado pela JMM em
convênio com a Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo. O objetivo
era de lá alcançar países do Leste Europeu, principalmente a Romê-

""' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 8CP assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1999, p. 427.
nia6 ", conforme adiante será relatado, mas não se pode esquecer que
oficialmente eram missionários na Áustria. Esse tipo de parceria com
igrejas, como aconteceu com a Igreja do Morumbi, foi muito importan-
te para o trabalho da JMM. Aquela agência do reino de Deus mandou
vários missionários inteiramente por conta própria e outros com apoio
da Junta e, no caso, exerceu excelente contribuição para a tentativa
inicial de alcançar o Leste Europeu. Ela também teve missionários entre
os muçulmanos, como o Pastor Marcos Amado, que será mencionado
em tópico posterior.

Itália
A Itália, com sua história milenar, tem como capital Roma, de onde
surgiu o Império Romano, que por séculos dominou o mundo. Roma
tem sido uma cidade global historicamente importante, sobretudo
como centro do Império e núcleo da Igreja Católica Romana. Na Idade
Média foram na Itália instalados os Estados Pontifícios ou Estados Pa-
pais, que exerceram grande influência na história do mundo ocidental.
Eles continuaram sua existência até a unificação da Itália em 1870,
sendo reconstituídos em 1929 por Benito Mussolini como Vaticano,
no coração de Roma. Hoje o Vaticano é um estado independente en-
cravado dentro do território italiano, de onde o papa governa a Igreja
Católica Romana. A Itália é o berço do Renascimento. Alguns dos mais
importantes personagens da intelectualidade do mundo medieval e
moderno foram italianos, tais como Dante Alighieri, Boccacio, Petrarca,
Maquiavel, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Galileu, Palestrina, Rossi-
ni, Paganini e Vivaldi. Hoje a Itália é considerada um país desenvolvido,
alcançando o décimo PIB mais elevado em 2007637 .
Como primeiros missionários brasileiros na Itália, seguiu em agosto
de 1991 para este país o casal Luiz Carlos dos Santos e Marisa Costa
dos Santos, para trabalhar em convênio com a Europe for Christ (Eu-
ropa para Cristo). O convênio durou dois anos. Logo ao chegar, Luiz

"3" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres - 70a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 380.
"" ITÁLIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Aces-
so em 18 set. 2008.
Carlos632 escreveu de Roma, apresentando os desafios de um campo
minado, onde a indiferença religiosa é o maior obstáculo:
O aspecto cosmopolita está presente em todos os quadrantes da cidade. [...] Se
religião fosse resposta para o problema do homem, esta cidade deveria chamar-
se Paraíso. Mas a realidade diante de nossos olhos está mais para Babilônia por
causa das drogas, prostituição, homossexualismo, idolatria e um sem número
de religiões falsas que disputam a alma e o coração do povo nas ruas. Cremos
que o maior obstáculo a ser vencido é a indiferença do povo. Eles não nos
atiram pedras, não nos perseguem, não dizem calúnias a nosso respeito; sim-
plesmente agem como se não existíssemos.

Em agosto de 1998, foram para a Itália Manoel Florêncio Filho e


Raquel Carneiro Florêncio, instalando-se em Mântova. Eles estavam na
Albânia e foram forçados a sair de lá em virtude da instabilidade po-
lítica. Na Itália, o casal tem trabalhado com imigrantes brasileiros, em
parceria com a Unione Cristiana Evangelica Battista da Itália. Pastor
Florêncio tem ainda exercido o ministério de apoio às igrejas batistas
italianas. Por sua vez, o casal Fabiano Nicodemo e Anne Muniz Costa
Nicodemo, que também chegou na Itália em 1998, foi para Treviso e
trabalha na área de evangelização e esportes.
A Itália, que tem menos de 0,5% da população nas igrejas evangé-
licas, foi no início deste século palco de um despertamento na região
Sul, através do Projeto Itália, quando Deus usou as duas igrejas ba-
tistas, de Casoria e Arzano, junto com outros 140 irmãos vindos dos
EUA e 34 do Brasil, para causar um tremendo impacto na vida de
milhares de italianos. Entre os brasileiros se destacaram vários atletas
de Cristo, conhecidos mundialmente como jogadores de futebol pro-
fissional633.
Em cada campanha de Missões Mundiais, uma determinada área ge-
ográfica é escolhida para receber ênfase especial. No ano de 2008, essa
atenção foi dedicada à Itália. As igrejas brasileiras começaram a orar
pela Itália, para que Deus quebrasse a dureza do coração dos italianos,
que vivem hoje um materialismo pós-moderno sem precedentes. O re-
sultado é que Deus está agindo e centenas de conversões têm ocorrido

"32 SANTOS, Luiz Carlos dos. A deprimente Roma. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 83,
p. 8, jan. 1992.
"" NICODEMO, Fabiano. Pequena no tamanho, grande nos desafios. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 6, mar./abr. 2002.
no país em um verdadeiro avivamento espiritual. Quando o povo de
Deus ora, as portas se abrem. Louvado seja o seu nome para sempre!

3.3 Ampliando na América Central


Neste item estão vários países da América Central, que inclui o cha-
mado Caribe, onde os batistas brasileiros iniciaram trabalho no perío-
do de Waldemiro Tymchak como Diretor Executivo da JMM. Aqui são
mencionados Costa Rica, República Dominicana, Panamá, El Salvador
e Cuba, sabendo-se que em cada país foram usadas estratégias condi-
zentes com suas particularidades históricas e geopolíticas.
Por outro lado, a prioridade do trabalho da JMM passou a ser onde
havia povos não alcançados. Isso levou a JMM a centralizar seu trabalho
nesses campos, incluindo o Leste Europeu e a Janela 10/40. Isso expli-
ca o fato de nas Américas, fora da América do Sul, só mantermos hoje
trabalhos em Cuba e no Canadá, sendo este último em parceria com a
Convenção Batista de Ontário e Quebec ou com igrejas. Atualmente há
o plano de se voltar a atuar em outros países da América Central.

Costa Rica
Foi remanejado do Peru para Costa Rica, em maio de 1991, o casal
Carlos Roberto de Oliveira e Mônica Malfetana Bonfim de Oliveira,
passando a atuar neste país até 1996, quando foram remanejados, des-
sa vez para o México, país que tinha sido parceiro do Brasil e da Argen-
tina no trabalho missionário realizado no Chile no início do século XX.
Os missionários, ela médica e ele enfermeiro, procuraram atender às
necessidades físicas enquanto transmitiam valores espirituais. Em 1996,
foi a vez de José Calixto e Suely Mieko Patrício irem para Costa Rica,
remanejados dos Estados Unidos, conforme referido antes.
Costa Rica foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1502, mas só
foi conquistada pelos espanhóis em 1530. Obteve independência em
1821. As principais fontes de economia hoje são turismo, agricultura e
produtos eletrônicos. Em 1997, Pastor Carlos Roberto de Oliveira"34 co-
654 MÉXICO: grande em desafios e oportunidades. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11, jul./
ago. 1997.
mentou sobre o país: "Há tanta pobreza e marginalidade, especialmen-
te entre os povos indígenas, que um ministério como o nosso encontra
infinitas oportunidades".

Panamá
O Panamá se tornou país mediante interesse dos Estados Unidos em
abrir o canal que tomou o mesmo nome. Até o ano 2000, o Canal de
Panamá, que divide o país ao meio, era controlado pelos Estados Uni-
dos. O setor econômico mais importante hoje é o de serviços. Embora
seja um país de maioria católica romana, o per-
centual de protestantes chega a 19,3%.
Em 1995, o Panamá se tornou um dos no-
vos campos da JMM, quando foi transferido da
Argentina o casal Élbio Márquez Guimarães e
Adilene Monteiro Márquez Guimarães, que ali
permaneceu até 1999. Em 1996, seguiu como
nova missionária, Rita de Fátima Oliveira, que
ali trabalhou até 1997. Depois deste período o
trabalho neste campo foi descontinuado.

Étbkti Má
Guimarães MI El Salvador
Monteiro Márquez
Guirnarães,pri El Salvador foi o novo campo aberto na Amé-
missionários da
no Panamá!
rica Central em maio de 1998, com os missio-
nários João Luís da Silva Manga e Célia Miranda
Borges Manga. A República de El Salvador é um
pequeno país da América Central, com a maioria da população mestiça
e economia agrícola, onde a cultura do café é proeminente. A gran-
de maioria é católica romana, mas o numero de protestantes abrange
22,2% da população. Entre 1980 e 1992 houve uma guerra civil que
ceifou a vida de 75.000 pessoas, cujas conseqüências desastrosas ainda
hoje persistem no país, pois provocou falta de alimentos, fuga de capi-
tais e deterioração das estruturas socioeconômicas6".

"' EL SALVADOR. In: PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE. Disponível em: <http:/www.girafama-


nia.com.br>. Acesso em 19 set. 2008.
Em El Salvador, os missionários Manga, que tinham sido transferidos
da Guiana, deram ênfase ao preparo de líderes, pelo que em San Mi-
guel organizaram o Seminário Teológico Batista do Oriente, com 12
alunos, que com a saída dos missionários terminou fechando por falta
de infra-estrutura. Eles também tentaram reunir os batistas esfacelados
em quatro grupos, os quais se mantinham de forma isolada. Tendo em
vista a existência de uma grande população carente, o casal Manga
construiu 30 abrigos para acolher pessoas necessitadas. Para esse fim
houve a ajuda não somente da JMM como da Missão Christian Aid
(Missão de Socorro Cristão). A família retornou para o Brasil em feverei-
ro de 2002636, quando João Luis Manga passou a atuar na sede, como
Gerente de Missões, desligando-se da Junta logo a seguir para assumir
o pastorado de uma igreja.

República Dominicana
A República Dominicana é um dos países do Caribe. O seu território
foi o primeiro a ser descoberto por Cristóvão Colombo em 1492. Além
do domínio espanhol, por muito tempo a região esteve sob o poder
da França, sendo recuperada em 1814 pela Espanha, apenas sete anos
antes da proclamação da independência. A população é representada
por 79% de católicos romanos e apenas 7% de protestantes, mas nos
últimos anos tem sido muito expressivo o crescimento dos protestantes,
assim como de judeus e muçulmanos637.
Para a República Dominicana foi, no mês de setembro de 1991, o
casal Mimar Finco e Gerusa Duarte Gomes Finco, que estava na Ar-
gentina desde novembro de 1988. Conforme escreveu o missionário,
em 1996 houve dificuldades no trabalho na República Dominicana,
inclusive com a falta de água para realizar batismos. Entretanto, os pro-
blemas foram resolvidos com a ajuda do Senhor: "Ficamos quase uma
semana sem água. Depois de várias tentativas em lugares diferentes, foi
permitida a realização de batismos na piscina de um clube. Os presen-
tes ficaram curiosos com aquela cena e puderam perceber que éramos

DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 182.


"7 REPÚBLICA DOMINICANA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/
pt.wikipedia.org>. Acesso em 19 set. 2008.
um povo diferente"638. O casal permaneceu na República Dominicana
até 2002.
Dentre outros missionários que estiveram na República Dominicana,
destacamos Dalva Santos de Oliveira, que havia trabalhado no Para-
guai entre 1968 e 1991. Ela foi missionária entre os dominicanos entre
1999 e 2002. Nos dois países onde ela atuou, o problema de suicídio
de jovens chega a alarmar as autoridades. Dalva narra a experiência de
um adolescente que desmaiava e estava sob cuidado médico, quando
ele afirmou que não estava doente, mas sendo castigado pelo "che-
fe", por não ter mais oferecido sacrifícios a ele. Imaginem uma pessoa
tão jovem estar submissa ao Maligno como "chefe". Dalva6" continua:
"Chega o momento em que o sacrifício de animais não é suficiente e
Satanás exige deles sacrifícios humanos". A experiência de missionários
enfrentando o poder das trevas foi muito forte não somente em países
latino-americanos, como em outros lugares do mundo, inclusive na Áfri-
ca. Geralmente, onde é forte a influência de religiões animistas ou cultos
mesclados com feitiçaria e outras práticas primitivas, é comum o mis-
sionário participar da luta contra as potestades que dominam o mundo
tenebroso, que representam "as forças espirituais do mal" (Ef 6.12).
Atuaram também na República Dominicana as missionárias Ana Loi-
de Soares Leão e Carmem Lígia Ferreira de Andrade, mais tarde trans-
feridas para Cabo Verde; o casal Jorge Sarria Tejada e Dulcerly Pires
Tejada, remanejados de Cabo Verde e depois transferidos para o Chile;
Marise do Bonfim Pereira, juntamente com Cirlei Moura. Dentre outros
missionários, mencionamos ainda o casal Juracy Lemos e Márcia Ah-lai
Vargas Lemos, por um ano, e Maria Luíza Ferreira, por 2 anos.

Cuba
Cuba é um país insular no Norte do Caribe. Foi colônia espanhola
até 1898, quando houve guerra entre Espanha e Estados Unidos. Assim
Cuba ficou dependente dos Estados Unidos por quatro anos. A partir

" FINCO, Idimar. Falta d'água não impede batismos na República Dominicana. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 11, 17 a 23 fev. 1997.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
de 1902 se tornou protetorado até 1933, ano em que Fulgencio Batista
derrubou a ditadura de Geraldo Machado. Em 1940, Batista foi eleito
presidente da República. No final da década de 1950, o jovem Fidel
Castro liderou um movimento revolucionário de estudantes, sendo
vencido e preso. Entretanto, foi logo depois liberto, quando conheceu
o guerrilheiro argentino Ernesto Guevara, conhecido como Che, que
ajudou Fidel na formação do movimento revolucionário de 26 de Julho
(1956). A luta durou 25 meses e, em 19 de janeiro de 1959, Batista
fugiu. Fidel passou a liderar a Revolução Cubana, tornando-se chefe
de Governo e, a partir de 1976, chefe de Estado64°. Cuba se tornou o
único país socialista do Ocidente e logo de início, com a Revolução,
houve restrição à liberdade religiosa. Essa situação tem sido abrandada
ao longo do processo revolucionário, sendo hoje possível ter reuniões
religiosas mediante autorização do Ministério de Assuntos Religiosos.
Todavia, muitos dos templos que foram confiscados no período da Re-
volução, nunca retornaram para o uso das igrejas.
Em 1 9 de agosto de 2006, por motivo de saúde, Fidel Castro deixou
o Governo, assumindo interinamente seu irmão Raul Castro, que com
a saída definitiva de Fidel no início de 2008, foi eleito, como candidato
único, presidente de Cuba. O país era tradicionalmente católico roma-
no, mas no último censo, apenas 38,8% se apresentaram como tais,
enquanto 35,4% se diziam ateus, 17% da religião yoruba (santeira),
6,6% protestantes e 2,2% de outras religiões641. Apesar desses números,
existe hoje em Cuba uma verdadeira avidez da parte do povo para
receber a mensagem do evangelho.
Os batistas chegaram a Cuba ainda em 1898, mas tiveram um cres-
cimento lento até a chegada dos brasileiros em 1995. Por ocasião da
Revolução de Cuba, alguns jovens batistas se tornaram mártires revolu-
cionários. O historiador cubano Roy Acosta Garcia"' afirma: "A Igreja
Batista Cubana, à semelhança dos outros grupos evangélicos estabele-
cidos no país, repudiou com todas as suas forças o governo ditatorial

64 " HISTÓRIA de Cuba. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.
org>. Acesso em 11 ago. 2008.
i41 CUBA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso
1

em 11 ago. 2008.
GARClA, Roy Acosta. História y teologia de Ia Convención Bautista de Cuba Oriental. San-
tiago de Cuba: Sinai, s.d., p. 5.
encabeçado por Fulgencio Batista e seus generais, e apoiou de manei-
ra entusiasta a nova ordem que se instalava a primeiro de janeiro de
1959". Houve muita alegria e esperança da parte dos evangélicos com
a vitória da Revolução, conforme atesta um dos líderes batistas na oca-
sião: "É a hora de Cuba e é também a hora dos batistas e dos evangéli-
cos em geral. É a hora da Revolução e da Reforma Agrária e é também
a hora do evangelismo, da mordomia e das missões"643. Na teoria, o
ideal revolucionário tinha em comum com o cristianismo a perspectiva
de superar a exploração do ser humano, mas, na prática, os primeiros
momentos da Revolução Cubana já trouxeram grande perplexidade
aos esperançosos evangélicos, devido a algumas medidas que foram
tomadas pelo novo Governo, tais como a ocupação de templos, a proi-
bição do ensino em escolas evangélicas e a restrição para se pregar o
evangelho.
Entre 05 e 10 de abril de 2007, estivemos em Cuba juntamente com
o Pastor Antonio Gaivão, quando ouvimos e entrevistamos líderes,
obreiros da terra e outros irmãos batistas. As principais cidades visita-
das foram Santiago, Las Tunas e Florida. Em uma das cidades conver-
samos longamente com um médico, filho de pastor já falecido, que no
período da Revolução era ainda criança. Sua casa havia sido ocupada
pelos revolucionários, mas foi restituída. Suas lembranças são marcan-
tes. Ele afirmou que muitos dos seus colegas evangélicos na Universi-
dade negaram a fé, pois os estudantes eram obrigados a responder se
criam em Deus ou na Revolução. Eles tinham medo das conseqüências
negativas se não falassem o que os revolucionários queriam ouvir. Ele
também foi questionado várias vezes. Antes de responder ele sem-
pre lembrava do texto: "Eu sei em quem tenho crido e estou certo de
que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (2Tm
1.12). Assim, aquele estudante respondia com firmeza que cria em
Deus. Ele afirma que não foi posto em frente de batalha pela miseri-
córdia e ação de Deus. Era um dos melhores alunos do curso e tinha
as melhores notas em sua turma, o que contribuiu para que ele con-
seguisse terminar com brilhantismo os seus estudos. Mas não usufruiu
como médico dos privilégios que seriam normais para um excelente

DEULOFEU, Samuel. Editorial. El Mensajero, ano 15, n. 15 e 16, p. 23, maio./jun. 1959.
aluno. Nunca chegou a ter cargos de direção, embora tenha se torna-
do um dos melhores especialistas em sua área. Ele perdeu a oportu-
nidade de se projetar, mas não se arrepende de ter testemunhado de
sua fé com determinação. Graças a Deus por sua coragem e opção de
vida ao lado de Cristo, a quem devemos todo o louvor. 'A ele honra e
poder eterno. Amém!" (1Tm 6.16b).
O início do trabalho da JMM em Cuba está relacionado com as ten-
tativas de se realizar campanhas de evangelização. Dentre as campa-
nhas que ano a ano havia em campos diversos, destaca-se a tentativa
em Cuba, no mês de novembro de 1992, a convite da Junta de Rich-
mond, quando 11 pastores brasileiros se candidataram e seguiram até
Miami. O Presidente dos Estados Unidos havia decretado o bloqueio
econômico a Cuba exatamente naquele período, pelo que os vistos já
assinados ou pendentes de turistas que iriam para Cuba, provenien-
tes de países que concordaram com o bloqueio, foram cancelados por
Fidel Castro. No caso, os brasileiros foram incluídos por estarem nos
Estados Unidos. Assim, de última hora as portas foram fechadas para a
entrada dos pastores'.
Em 1994, nova tentativa de pastores brasileiros e argentinos irem a
Cuba foi negada pelo Ministério de Assuntos Religiosos de Cuba, por
não ser permitido o visto na categoria de religiosos. Só em 1995 houve
sucesso para a entrada de 27 brasileiros, sendo 26 pastores e uma es-
posa de pastor, para uma Campanha de Evangelização, quando apenas
10 deles entraram como religiosos, ficando os demais como turistas645.
Por ocasião desse evento, o presidente da Convenção Batista Cubana
afirmou que aquele era o primeiro grupo batista a visitar Cuba após a
Revolução de 1959. Os brasileiros entrevistaram o vice-ministro de cul-
to e perguntaram sobre a possibilidade de se mandar missionários bra-
sileiros para Cuba, obtendo resposta negativa. Logo mais, em 1996, a
JMM iniciou oficialmente sua atividade em Cuba, quando o missionário
Antonio Gaivão, Diretor da Divisão de Missões Regionais da Junta, foi
àquele país para definir a adoção de missionários da terra, sendo adota-

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75á assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: Conselho de Planejamento e Coordenação da CBB, 1994, p. 447.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 175.
dos na ocasião 13 obreiros646. Os primeiros contatos foram no Ociden-
te de Cuba, mas ainda em 1996, houve a opção de se fazer convênio
com a Convenção Batista de Cuba Oriental, já que os norte-americanos
estavam dando apoio aos batistas de Cuba Ocidental. Também, na oca-
sião, o nosso missionário José Calixto Patrício atuava em Costa Rica e,
pela proximidade da ilha cubana, ele deu grande ajuda neste momento
inicial do trabalho dos brasileiros em Cubam'.
No Jornal de Missões, o presidente da JMM em 1996, Hélio
Schwarts Lima648, lançou apelo para que os batistas brasileiros ajudas-
sem os obreiros da terra, aproveitando uma oportunidade ímpar que
se abria em Cuba:
Por parte da JMM há o interesse de sondar a possibilidade de firmarmos con-
vênios de cooperação com nossos irmãos cubanos visando o fortalecimento e
multiplicação das igrejas naquele país. Eles estão motivados para crescer. [...I
As igrejas batistas do Brasil poderiam sustentar um exército de obreiros que se
dedicasse, de tempo integral ao ensino, à pregação e ao discipulado dos novos
crentes.

Em nossa viagem a Cuba mencionada anteriormente, tivemos a opor-


tunidade de ouvir um dos obreiros da terra, que iniciou suas atividades
como missionário no Convênio com a JMM ainda em 1996. Em seu
depoimento, ele disse:
Tenho nove anos de obra missionária, estando entre os primeiros a aceitar o
desafio lançado pelos batistas brasileiros. Fundamos três igrejas e recuperamos
duas. Quando entramos no Seminário começamos a trabalhar na área de Sier-
ra Maestra, local da Revolução. Por causa das guerrilhas, as igrejas morreram
naquela região. Chegamos a um lugar onde havia um templo fechado há mais
de 18 anos. Nós reconstruímos o templo e recuperamos a congregação. Logo
assumimos o trabalho de todo aquele município, deixando fundadas 5 igrejas.
Continuamos na perspectiva de plantar novas igrejas em áreas diferentes'.

Algo extraordinário ocorreu em Cuba no dia 05 de junho de 1999,


quando pela primeira vez em 40 anos, crentes saíram pelas ruas da se-

IGREJAS da CBB entram em Cuba. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1 mar./abr. 1996.
"- CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
`'" LIMA, Hélio Schwartz. Cuba pede socorro. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3, jan./fev/
1996.
`"° BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
gunda maior cidade do país, Santiago, conduzindo faixas com mensa-
gens evangelísticas e cantando louvores a Deus. Um estudante cubano
de teologia no Rio de Janeiro comentou o fato emocionado, dizendo
que sua igreja passou a noite orando pelo evento. "Essa grande celebra-
ção foi transmitida ao vivo pelas rádios e a TV estatal. Os evangélicos
de Cuba foram mobilizados e no culto de encerramento, em Havana,
havia mais de 100 mil pessoas ouvindo o evangelho pregado por um
pastor cubano"65°.
Em 2001, o presidente da Convenção Batista de Cuba Oriental, Roy
Acosta García6", relata algo da história dos batistas em Cuba e como
estavam crescendo nos últimos anos desde que os batistas brasileiros
iniciaram a sua efetiva ajuda naquele país. Segundo Garcia, os batis-
tas chegaram em Cuba em 1898,
quando foi organizada a primeira
igreja. Mas somente em 1923 foi
organizada outra igreja. Entretanto,
entre 1995 e 2000 nove igrejas fo-
ram organizadas somente na cidade
de Santiago de Cuba e adjacências,
tendo nesse período praticamente
dobrado a membresia das igrejas.
Em uma das cidades que visita-
mos em Cuba, tivemos a oportuni-
dade de conhecer uma família com
três filhos. Conversamos com a mais
velha que tinha 8 anos. Apesar de
sua tenra idade, demonstrou a sua fé
em Jesus, o verdadeiro revolucioná-
rio capaz de transformar vidas. Mas
o seu conhecimento da história da
Revolução Cubana lhe dava também
muito orgulho. Os seus olhos brilha-

MORAES, Luiz Paulo de Lira. O nome de Jesus é exaltado nas praças e na TV. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 7, jul./ago. 1999.
6 " GARCIA, Roy Acosta. Cuba: o maior avivamento da América Latina. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 4, mar./abr. 2001.
vam quando mencionava os expoentes da Revolução. Cantou o hino de
Cuba, recitou poesias de um famoso escritor da terra e mostrou as fotos
dos líderes revolucionários, falando dos seus principais feitos. Em seguida
mostrou a história de Davi lutando contra o gigante filisteu. E disse: "Sabe
de uma coisa, no meu livro só tem uma parte dessa história; não conta
que de Davi, nasceu Jesus o nosso Redentor! Sabe? Na Bíblia a história é
verdadeira e mais completa". Olhamos para aquela menina e sentimos o
quanto é poderosa a mensagem do evangelho. Mesmo que sentimentos
patrióticos estejam presentes e sejam bem fortes, a Palavra de Deus não
volta vazia e supera qualquer espírito de civismo ou heroísmo que os
poderes terrenos tentam impor na mente e no coração do ser humano.
Graças a Deus pela "palavra da fé que pregamos" (Rm 10.8b).
Em Cuba tudo é controlado pelo Governo, que orienta sobre a cota
de alimentação e vestuário, determina a moradia e limita a própria
locomoção do povo. Os carros são muito antigos, havendo alguns da
década de 1940 que ainda transitam. Atualmente o turismo é incenti-
vado, portanto, para os estrangeiros há uma elevada taxa de entrada e
outra maior ainda para saída do país. Não lhes é permitido andar em
carros particulares, nem se hospedarem em residências de cubanos,
pois tudo isso contribuiria para diminuir a receita do próprio Governo.
A alimentação diária de quase todos os cubanos é carne de porco,
podendo também ser consumido frango, carneiro ou bode. Com exce-
ção dos enfermos, que podem consumir carne de gado bovino, esta é
reservada para uso dos restaurantes e hotéis, para onde vão os turistas.
Tal medida tem o objetivo de gerar riqueza através do estrangeiro, e as-
sim garantir a alimentação mínima para todos os cubanos. Embora haja
uma tolerância maior do que em anos anteriores, não há liberdade re-
ligiosa. Reuniões em locais abertos ou destinados ao público em geral,
incluindo praças, ruas ou mesmo teatros, clubes ou estádios, só podem
ocorrer mediante permissão oficial. Entretanto, é impressionante per-
ceber a alegria e o vigor espiritual dos crentes, louvando a Deus.
Os cânticos que presenciamos em Cuba nos fizeram lembrar os nos-
sos dias de criança, quando os crentes eram atacados por emissários
dos padres do interior do Brasil, que destruíam portas, bancos, púlpitos,
atacavam impiedosamente pessoas a pedradas e cacetes, queimavam
Bíblias e folhetos. Entretanto, a resposta dada por crianças, adolescen-
tes, jovens, adultos e idosos, além de orações fervorosas, era o entusias-
mo ao cantar. Semelhantemente, em Cuba é impressionante a vibração
dos irmãos, que mesmo sem plena liberdade para pregar o evangelho,
demonstram uma grande alegria no Senhor, provocando curiosidade
nos vizinhos e abrindo portas para que
pessoas ouçam a mensagem do evangelho
de Cristo. Além disso, tudo é "feito com
decência e ordem" (1Co 14.40). No caso
da visita à cidade de Florida, mencionada
acima, a ordem no culto e o coro dirigido
por um haitiano foi algo que deixou todos
os presentes comovidos.
Desde o início da Revolução Cubana,
em 1959, não tem sido permitida pelo
Governo a construção de novos templos
no país. Mas pela providência divina tem
havido uma verdadeira manifestação do
Espírito Santo, e o trabalho evangélico e,
de modo especial, batista, tem crescido
grandemente. O Governo, para demons-
trar a sua "abertura", permitiu reuniões
evangélicas em casas, certamente supon-
do que isso não traria qualquer resultado
positivo para o povo evangélico. Não sabiam eles que, no primeiro
século, quando não havia liberdade para a pregação do evangelho, as
casas se tornaram os locais onde as igrejas se reuniam (At 16.40,20.20,
1Co 16.19), havendo um crescimento fora do comum dos cristãos. As-
sim surgiu em Cuba o que foi chamado de "casa-culto". Para o funcio-
namento das casas-culto, ainda hoje a exigência é o preenchimento e
encaminhamento de um formulário, assinado pelo representante da
Convenção e o pastor da Igreja, com os dados do local da residência,
seus ocupantes, nome do pastor ou auxiliar, número de pessoas a par-
ticiparem e horários dos cultos"2. Com algo tão simples, não havia a

CONVENCION BAUTISTA DE CUBA ORIENTAL. Planillla para la legalizacion del funciona-


miento de Ias casas-culto. Convención Bautista de Cuba Oriental, Santiago — Cuba, 07 abr.
2007.
previsão do que aconteceria com aquela decisão oficial. Mas os cren-
tes foram cedendo as suas casas para os cultos e o número de igrejas
batistas se multiplicou de forma extraordinária, pois Deus ia agindo e
transformando cada casa-culto em uma igreja, embora sem templo.
Isso tem contribuído de forma extraordinária para o crescimento do
trabalho batista em Cuba.
Juntamente com Antonio Gaivão e o casal Zaqueu e Edelweiss de
Oliveira, participou da equipe que foi a Cuba em abril de 2007 Irismê-
nio Ribeiro de Almeida, que é pastor de Missões e células da Igreja Ba-
tista em Brasilândia, na capital paulista. Ele antes integrara os grupos de
brasileiros que foram àquele país em 1995, 1996 e 1997, e a sua Igreja
tem colaborado em vários projetos missionários, demonstrando grande
amor à obra de Missões Mundiais'. Damos graças a Deus pela visão
missionária de líderes, que era um dos sonhos de Waldemiro Tymchak
e hoje tem sido uma bênção para o trabalho realizado pela JMM. Na
realidade, a obra não é de homens, mas do Senhor através das agências
do reino de Deus no mundo, que são as igrejas. Assim é que a Igreja
Batista em Brasilândia adota 7 missionários da terra em Cuba, e desde
2007 apóia financeiramente a construção do templo da Igreja Batista
em Las Tunas, naquele país654. Como acontece com essa Igreja brasi-
leira, outras desenvolveram ou estão desenvolvendo parcerias para o
sustento de missionários ou de projetos em diversos países, desde os
primeiros anos da administração Tymchak na JMM.
No final de 2007, a Convenção Batista de Cuba Oriental, com a
qual cooperam os batistas brasileiros, tinha 357 igrejas e 720 congrega-
ções, mas somente 270 pastores. A informação dada pela Convenção
de Cuba Oriental é que no período de cooperação dos batistas brasilei-
ros em Cuba, entre 1995 e 2007, houve a organização de 142 igrejas
e a abertura de 305 missões, com a previsão de que também estas
sejam organizadas em igrejas. O número de convertidos foi de muitos
milhares, sendo dentre eles batizados 13.410. Somente entre janeiro
de 2006 e março de 2007 houve 1.427 batismos. Hoje há igrejas com
mais de 500 membros e pelo menos duas com mais de mil membros.

ALMEIDA, Irismênio Ribeiro de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Santia-
gom — Cuba, 09 abr. 2007.
' Id. Resposta solicitada. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br > em 12 out. 2008.
Somente células de oração há 1.112, que se multiplicam em todo o
país e logo se transformam em igrejas nos lares.
Algo muito importante existente em Cuba é o acampamento em uma
propriedade de 7.000 quilômetros quadrados, em Villa Teresita, onde
a Convenção pretende construir o Centro de Capacitação Missionária,
que dará treinamento a pastores e leigos. A construção desse Centro é
um trabalho de parceria, com participação tríplice da Convenção Batis-
ta de Cuba Oriental, JMM e o próprio acampamento6 .
Deve-se ressaltar também que, como acontece em outros países onde
os brasileiros atuam, a visão missionária já foi despertada nas igrejas de
Cuba. Um dos obreiros que entrevistamos am Santiago testemunhou
sobre a influência dos batistas brasileiros no trabalho em Cuba:
O apoio dos batistas brasileiros para a Convenção Batista de Cuba Oriental não
é somente para o sustento de missionários da terra, mas recebemos também
ajuda para a nossa compreensão de igrejas em casas (células), na formação de
nossos obreiros e no privilégio de levarmos o evangelho também ao mundo,
com a visão de missões mundiais. Atualmente já cooperamos no sustento de
um obreiro na Africa656.

Por sua vez, a Quarta Igreja em Santiago, pastoreada por Osbel Gu-
tierrez, que juntamente com sua esposa estudou no Rio de Janeiro,
adota 100 estudantes de 14 nacionalidades, os quais se reúnem e são
acompanhados no Culto das Nações, onde se agregam evangélicos e
não-evangélicos. Este é um projeto promissor, pois a perspectiva é que
ao retornarem para seus lares, aqueles estudantes já como profissio-
nais se tornem multiplicadores da mensagem do evangelho. Resultados
desse tipo de trabalho já existe, inclusive na pessoa de Samuel Bayssa
Erena, que sendo etíope foi estudar em Cuba, onde aceitou a Jesus
como seu Salvador. Depois de se preparar, ele retornou para a sua terra
já como missionário da Convenção Batista de Cuba Oriental em con-
vênio com a JMM, a fim de pregar o evangelho aos seus familiares, que
também foram salvos pela graça de Cristo, e a tantos outros que não co-
nheciam o plano de salvação. Na realidade, ao decidir mandar Samuel
Bayssa para a África, não tendo condição de mantê-lo integralmente,

!'" MOVER de Deus em Cuba! PAM, Rio de Janeiro, p. 1-3, jun. 2007.
BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira — Cuba, 06 abr. 2007.
os cubanos pediram a ajuda da JMM, que se dispôs a fazer a maior
parte com muita alegria, contanto que a visão missionária dos batistas
de Cuba fosse mantida e ampliada. Esse era o ideal sempre expresso
por Waldemiro Tymchak para os países onde realizamos Missões Mun-
diais. No caso específico da Quarta Igreja em Santiago e algumas outras
igrejas cubanas, a visão é preparar estudantes, a fim de compartilhar o
evangelho nos seus países de origem. Pastor Osbel Gutierrez657, nosso
missionário da terra em Cuba, deu o seguinte testemunho:
No último batismo que houve em nossa Igreja, 6 estudantes estrangeiros foram
imersos nas águas. Há vários outros em nossa classe para batismos. Nós cha-
mamos o lugar onde moram estes estudantes convertidos, "moradas luz". Hoje
temos reuniões de oração ali e todas as sextas-feiras no Culto das Nações inter-
cedemos pelos países e familiares dos estudantes. Cada jovem é adotado por
membros da Igreja. Nosso desejo é que eles retornem a seus países com a visão
missionária, servindo ao Senhor e ao próximo através de suas profissões.

Assim a Palavra de Deus é proclamada. Grandes coisas tem feito o


Senhor por aquele povo, que vencendo as circunstâncias que o cerca,
irradia a alegria do Senhor aos que dele se aproximam. Tudo para a
glória de Deus!

3.4 Ampliando na África


Iniciamos esse tópico com algumas considerações gerais sobre o con-
tinente africano, para depois abordar as novas atividades dos batistas
brasileiros em vários países. Deixamos claro que alguns outros campos
da JMM também localizados na África, não são mencionados aqui, por
estarem incluídos no item que fala sobre os povos muçulmanos, tendo
em vista que a cultura islâmica predomina naqueles países.

Considerações sobre o continente africano


A necessidade de alcançar os inúmeros povos pagãos, com suas cren-
ças que destoam do cristianismo, tem sido expressa por grandes ho-
mens de Deus, desde Guilherme Carey no século XVIII até o presente.
Uma interessante observação, que nos faz lembrar os povos da África,

"3- GUTIERREZ, Osbel. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
foi feita pelo famoso evangelista Oswald J. Smith. Ele menciona algu-
mas religiões e crenças como o islamismo, o fetichismo e o animismo,
com o intuito de mostrar que elas não satisfazem a necessidade espiri-
tual do ser humano. Por esse motivo elas, em nome de Deus, cometem
atrocidades como a mutilação própria, o sacrifício de crianças, a morte
de viúvas e até o extermínio dos seguidores de outras religiões. Oswald
Smith 655 conclui: "São religiões do medo. Ignoram completamente o
que seja paz e o que seja amor. Não têm esperança. Somente o cristia-
nismo é que lhes oferece a vida, e vida plena que satisfaz o coração".
A sede de Deus e a ignorância religiosa se misturam na grande maio-
ria dos povos da África. Isso é ilustrado na experiência de um missio-
nário brasileiro naquele continente, que certo dia recebeu a visita de
alguns nativos de uma distante tribo em Nova Guiné, quando o repre-
sentante se dirigiu ao missionário e disse: "O nosso povo soube que
Deus tem feito maravilhas neste local porque aqui há um missionário.
Desejamos "comprar" um para falar de Jesus, e para que também seja-
mos abençoados"659. De um lado está o desejo de receber os eflúvios
de um Deus verdadeiro, mas totalmente desconhecido daquele povo;
de outro os resultados do trabalho missionário, visto em transformação
de vidas pela ação do Espírito Santo.
Os estudos antropológicos colocam uma séria questão, quando de-
fendem a manutenção da cultura de cada povo. E se a cultura inclui
atos como o homicídio representado por sacrifício de crianças e viúvas,
além de outros costumes que quebram a lei moral ou os Dez Manda-
mentos? Ao comparar a cultura ocidental com a cosmovisão de uma
tribo africana, para a qual deuses e espíritos são tão reais como objetos
e pessoas, Ronaldo Lidório66° escreveu:
O antropologismo defende a pureza natural das culturas intocadas, o que pode,
em certa instância, influenciar a comunicação transcultural; entretanto, missio-
logicamente é necessário ser lembrado que o pecado é cultural. Ele não ocorre
em um plano supra-humano, mas brota do coração do homem envolto em seus

6 " SMITH, Oswald J. Paixão pelas almas. 2. ed. Rio de Janeiro: JMM, s.d., p. 71.
RAVANI, Julio César. "Compra-se" um missionário. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102,
n. 29, p. 10, 15 a 21 jul. 2002.
''''" LIDORIO. Ronaldo Almeida. Comunicacão missionária: comparando a cultura ocidental
com a cosmovisão Konkomba — um estudo de caso. São Paulo: Junta de Missões Estrangeiras —
IPB, p. 33.
conceitos e costumes, caindo no mesmo abismo que foi aberto desde o início:
a separação entre o homem caído e o Deus santo. O pecado manifesta-se cul-
turalmente e o homem, em sua cultura, necessita de redenção. Os Konkombas
procuram redenção nos sacrifícios, ídolos, amuletos, tabus, magias, rituais de-
moníacos e penitências. Entendo que a redenção está em Jesus; a mensagem é
o evangelho e entregá-lo a outros chama-se missões.

De acordo com Waldemiro Tymchak6", costumes e procedimentos


de homens, culturas e nações têm-se modificado sob a influência reno-
vadora da mensagem cristã.
Fazer missões é um comprometimento dos crentes e igrejas com novos procedi-
mentos na obra de evangelização, nos termos definidos pelo Novo Testamento,
incluindo ênfase na transformação do pecador, na mudança de vida do homem
e como elemento influenciador para a modificação de estruturas sociais, injus-
tas, porventura existentes.

A preocupação em atender as necessidades em campos onde a ca-


rência material era grande foi exposta, em 1993, em artigo de O Jornal
Batista:
A cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas, muito embora tenham água dis-
ponível, morrem porque a sua água está poluída. [...I Mais de 15 milhões de
refugiados se encontram distantes de sua terra. [...1 Temos obreiros envolvidos
com muitas dessas carências em Angola, Moçambique, Zimbábue, África do Sul
e outros países'.

África do Sul
A África do Sul foi descoberta pelos portugueses, mas colonizada
por holandeses, sendo marcante a influência destes e de grande nú-
mero dos seus descendentes chamados africânder. Depois chegaram
os franceses, fugindo da perseguição religiosa e, finalmente, os ingle-
ses, passando o país a pertencer ao Império Britânico e a adotar a
língua inglesa como oficial. Com os ingleses, a partir de 1819, chega-
ram os primeiros batistas. Outros grupos foram para a África do Sul,
inclusive portugueses, sendo a Primeira Igreja Batista Portuguesa or-

TYMCHAK, Waldemiro; AZEVEDO, luarez de. Missões em questão. Rio de Janeiro: JMM,
1997, p. 15.
""= APOIO aos campos missionários carentes. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 20, p.
12 e 11, 16 maio 1993.
ganizada em novembro de 1964 em Johannesburg663. Assim há uma
miscigenação de várias culturas, embora tenha sido o português o gru-
po que mais se misturou com o africano. Na realidade há 11 línguas
oficiais na África do Sul, sendo as mais faladas o inglês, o africâner e o
zulu. Este último representa a maior tribo do país. As principais rique-
zas encontram-se nos recursos minerais, como o carvão, cobre, ouro,
diamante e outros. Entretanto, a exploração de minérios é liderada
pela extração do ouro, havendo em uma grande região verdadeiras
estradas subterrâneas, por onde é transportado o minério.
Quando se fala em África do Sul, geralmente se lembra do apar-
theid. "É uma palavra de origem africana que significa 'vida separa-
da', oficialmente adotada em 1948 na África do Sul, para designar
que os brancos tinham o poder e os povos restantes eram obrigados
a viver separadamente"664. Na realidade, a segregação existia de for-
ma total no país em todos os setores da vida humana, até que esse
regime foi abolido em 1990, com o Presidente F. W. Klerk. Como
resultado, o negro Nelson Mandela, que tinha sido condenado à
prisão perpétua em 1964, foi eleito e empossado Presidente do país
em 1994.
Em 1979, portanto, ainda no regime do apartheid, foram nome-
ados como primeiros obreiros dos batistas brasileiros para a África
do Sul Ronald Rutter e Ana Augstroze Rutter, que por algum tempo
serviram às igrejas em Germinston e Johannesburg. Vale aqui re-
gistrar o chamado do casal Rutter, missionário que se destaca pela
intimidade que tem com o Senhor de Missões. Desde jovem, ainda
adolescente, ele teve a experiência de dialogar com Deus665. No
seu chamado especial, os diálogos com o Senhor tiveram respostas
repetidas, porém, incisivas. Muitas de suas indagações foram res-
pondidas com a palavra, "aguarde". Assim Deus nunca deixou de
responder, embora às vezes era necessário paciência do seu servo.
Segundo ele, ainda em setembro de 1966, ele se deparou com a re-

DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 113.


""4 APARTHEID. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 25 out. 2008.
6" RUTTER, Ronald. Vendo o invisível, uma caminhada tranqüila no dia dia-a-dia com Deus.

Rio de Janeiro: JUERP, 1993, p. 19.


vista de Missões Mundiais, O Cam-
po é Mundo. Abriu e leu o apelo do
então Executivo, Alcides Telles de
Almeida, para que se apresentassem
missionários para diversos lugares, in-
clusive para trabalhar com imigrantes
de língua portuguesa na Califórnia.
Aquela convocação o tocou. Ele falou:
'Aquelas palavras brilharam de forma
esplendorosa naquela revista". Logo,
sua esposa entrou na sala e percebeu
algo diferente em sua face. Ele lhe
disse: "Linda, o Senhor me chamou
para missões". Essas palavras bateram
forte na sua alma, pois seu coração há muito já estava comprometi-
do com o "ide" de Jesus. Ao saberem da notícia, os filhos disseram:
"Nós não falamos nada, mas já sabíamos que isso aconteceria algum
dia". Pastor José dos Reis Pereira, então presidente da JMM, ficou
muito satisfeito ao ouvir a notícia. Entretanto, a sua ida não foi ime-
diata, sendo-lhe oferecida a oportunidade de ir à Bolívia para dirigir
o Seminário, tendo em vista a sua vasta experiência como professor
de seminários. Outros campos lhe foram também apontados. Mas
ao consultar o Senhor, a resposta era sempre: "aguarde". Finalmen-
te, certo dia, Ronad Rutter leu uma notícia sobre os portugueses na
África do Sul. Desta vez, ao consultar o Senhor, ouviu dele a pala-
vra: "Alegro-me, pois no momento você está preparado". Assim ele
se apresentou mais uma vez e, após alguns meses, a família seguiu
para a África do Sul666.
Antes de sua ida para o campo, Pastor Rutter teve dificuldade para
conseguir o visto, causando demora na sua viagem. Depois de longa
espera, em dado momento Deus lhe falou que o visto sairia naquela
semana. Como o avião que trazia encomendas daquele país só vi-
nha nas terças-feiras, ele julgou que chegaria naquele dia, mas isso
não ocorreu. No próximo sábado, que era o final da semana, ele

Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
esperou alguma resposta que também não chegou até meia-noite.
Mas imediatamente depois, Pastor Rutter recebeu de um colega a
informação de que tentaram lhe ligar da Junta, para lhe dizer que o
visto surpreendentemente tinha ido via telex, algo que nunca acon-
tecera antes. O missionário se alegrou muito, pois mais uma vez
Deus lhe confirmou o que havia dito. Conclui o missionário: "Foi as-
sim que Deus trabalhou na nossa vida, mostrando-nos que para Ele
nada é impossível, e que Ele pode fazer todas as coisas de maneira
maravilhosa"667. Sim, Ele é soberano! É comum não usarmos a virtu-
de da paciência para ouvir a Sua voz e aguardar o momento certo
da ação. Isso tem levado obreiros ao insucesso na obra que realizam
em nome do Senhor. "Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do
Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da
terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas" (Tg 5.7).
Conforme o missionário Rutter, ele seguiu com sua esposa para
o campo a fim de cumprir a vontade de Deus, assumindo logo de
início o pastorado da Igreja Batista de Germiston. Ao chegarem, en-
contraram uma igreja quase morta. Mas Deus em sua sabedoria deu
para aqueles missionários as estratégias que deveriam ser desenvol-
vidas. Uma flauta, piano, sorriso, tudo foi usado para a glória do Se-
nhor. Das classes de música surgiram os novos convertidos e a igreja
passou a ter freqüência, obtendo vitórias. Nem tudo foi fácil para
o cumprimento da tarefa que Deus lhes designou668. Para vencer
problemas, que certamente existiram, tanto na área material como
espiritual, a dependência de Deus era o segredo. "Graças a Deus,
que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo"
(1 Co 15.57).
Ronald Rutter fala em entrevista que todas as situações eram apro-
veitadas para testemunhar de Cristo. Narra então uma experiência,
quando certa ocasião saiu para fazer uma visita evangelística. Ao
bater em uma porta e ser atendido por uma senhora, disse-lhe que
tinha algo muito importante para ela. Logo a mulher o interrompeu
para dizer que não queria conversar sobre religião. Ele então fa-
lou que não estava ali para falar sobre religião, mas sobre salvação,
Id. Vendo o invisível, p. 75.
`'''" Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
perguntando logo se ela tinha certeza de sua salvação. Com isso a
senhora permitiu a sua entrada e veio o esposo e um irmão, que
ouviram a mensagem do Evangelho. Continua o Pastor Rutter669: "O
marido então perguntou qual era a minha igreja, ao que respon-
di que não estava ali para falar em igreja, mas sobre salvação. Isso
causou muita admiração à família, pois nunca alguém havia chega-
do ali para comunicar algo tão maravilhoso". Após a apresentação
do plano de salvação, eles aceitaram a Jesus como Salvador. Assim
conclui o nosso missionário: "Como estávamos mudando de cam-
po na ocasião, não tivemos oportunidade de acompanhá-los para o
fortalecimento na fé, mas cremos que o Espírito Santo trabalhou no
coração de cada um e certamente voltaremos a nos encontrar na
eternidade"67°.
Em outubro de 1987, seguiu para a África do Sul o casal Lauro
Mandira e Thereza Campaner Mandira, para trabalhar na Igreja de
Germinston, onde o pastor Ronald Rutter havia iniciado o seu mi-
nistério missionário. Era ainda a época do aphartheid, mas como o
país era cristão, podia-se pregar o evangelho. Havia um programa
na televisão da Igreja Cristã Reformada, que incluía cântico coral,
noticiário evangélico e mensagem bíblica.
Ao tomar conhecimento do duro trabalho nas minas, Pastor Lauro
aproveitou a oportunidade para anunciar a Palavra aos trabalhado-
res. Ele afirma que estes chegavam ao local de trabalho às 4h da
manhã e saíam às 15 horas, quando se recolhiam aos alojamentos,
para onde o missionário se dirigia a fim de testemunhar do evange-
lho. Lauro Mandira671 deu o seguinte depoimento:
Nosso trabalho iniciou naquela cidade na referida igreja, mas ao tomar conheci-
mento que trabalhavam nas minas muitos negros provenientes de outros paises
africanos, e que alguns falavam português, projetamos nos aproximar deles.
Iniciamos por levar refrigerantes e bolos para recebê-los depois do pesado dia
de trabalho. Logo começamos a falar de Jesus e muitos se converteram.

6'
Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"" Ibid.

MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13


maio 2008.
Nosso missionário batizou muitos da-
queles trabalhadores, havendo ocasiões
em que ocorriam 5 a 8 batismos. Mas ti-
nha dificuldade para levar os novos cren-
tes à Igreja, por ser de brancos. Assim fo-
ram organizadas novas congregações que
recebiam os negros, as quais posterior-
mente se tornaram igrejas. Certo dia, Pas-
tor Lauro encontrou nas minas um pres-
biteriano que estava afastado do Senhor.
Ele se reconciliou e, depois de orientado
sobre as doutrinas bíblicas, tornou-se lí-
der, dando continuidade ao trabalho ali
iniciado.
Conforme havia acertado com a JMM,
o casal Mandira ficaria no campo enquan-
to não houvesse outros obreiros. Assim, solicitou seu afastamento da
Junta em novembro de 1989, passando a trabalhar no Paraná, onde
reassumiu o pastorado da Primeira Igreja de Paranaguá e ensinou no
Seminário em Curitiba. Mais tarde ele pastoreou outra igreja, quando
houve oportunidade de retornar ao campo missionário. Ao ter conhe-
cimento do assunto, os irmãos decidiram passar uma noite e parte de
um dia em oração. No final o pastor foi chamado para conversar com
eles, recebendo a informação de que a Igreja tinha orado e Deus já
havia respondido que ele não deveria voltar naquele momento para o
trabalho missionário. Ele não teve outra alternativa senão permanecer
no pastorado.
Após mais de 9 anos no Paraná, no inicio de 1999 Lauro e Thereza
Mandira retornaram à África do Sul para trabalhar em Johannesburg.
Antes de aceitar o seu retorno, ele colocou a condição da Igreja per-
mitir que ele trabalhasse com outras etnias. Foi pregador em sua posse
o Pastor Ronald Rutter, que trabalhava na cidade de Wilkom. Em um
dos cultos, ao terminar, conversou com um casal de negros sobre o
seu planejamento de realizar um mutirão para limpar o templo e lhe
solicitou que conseguisse algumas pessoas para ajudar no trabalho.
No sábado seguinte, estava ali o casal e mais 21 jovens estudantes,
que foram apenas com o intuito de fazer algo diferente. No final do
dia, Pastor Lauro apresentou uma breve mensagem e, ao fazer o ape-
lo, todos sinalizaram que aceitavam a Jesus como Salvador. Mas como
o fato de alguém atender a um apelo poderia ser apenas motivado
pelas emoções, o missionário só teria certeza de ter havido realmente
conversões se eles retornassem à Igreja. No domingo seguinte esta-
vam todos de volta. O grupo foi doutrinado, batizado e treinado para
trabalhar em células. Assim foram iniciados sete grupos de células
e Deus abençoou a Igreja com muitos novos membros672. O casal
Mandira ficou na África do Sul até 2003, quando foi para o Rio de
Janeiro, a fim de assistir a seu irmão que estava com sério problema
de saúde. Ali esteve no CIEM por cerca de três meses, passando a
trabalhar também, a partir de julho do mesmo ano, na sede da JMM,
como Coordenador do trabalho na África. Um ano depois se tornou o
Gerente de Missões até os dias presentes.
Entre setembro de 1988 e novembro de 2003, foi também missio-
nário sediado na África do Sul, mas estendendo toda a sua atividade
para outros países no sul do continente africano, Francisco Nicodemos
Sanches e Olívia de Almeida Drummond Sanches. Como já referido, o
casal tinha antes atuado nos Açores entre 1976 e 1980. Dentro desse
novo período missionário, ele foi Coordenador de todo o trabalho no
sul da África de 1993 a 1996.
Vários missionários temporários têm atuado na África do Sul. Den-
tre eles mencionamos Jezimiel Norberto da Silva e Marlu Lindoso da
Silva, em 1987, Miquéias da Paz Barreto e Dione de Almeida Barreto,
em 1992, e Rosa Lúcia de Freitas Silva, entre 1986 e 1989. O casal
Barreto saiu licenciado e com apoio da Igreja Batista da Concórdia,
em Recife, chegando em Germiston no dia 05 de abril de 1992, para
pastorear a Igreja Batista naquela cidade. A Igreja estava com apenas
8 membros ativos. Conseguiu trazer de volta alguns dos que estavam
afastados e o Pastor Miquéias batizou 38 novos crentes, tendo aberto
duas novas frentes missionárias em outras cidades. Ao sair no final do
ano, a Igreja estava com 80 novos convertidos, de origem moçambi-
cana na sua maioria, que ainda precisavam de maior doutrinamento

6-2 Ibid.
da parte do seu sucessor6 . Por sua vez, Rosa Lúcia674 explica o am-
biente que encontrou no país, ainda no período do apartheid: "As
raças viviam completamente separadas. Os indianos de um lado, os
árabes de outro e os ingleses ainda de outro. Não havia como juntá-
los. Depois que Nelson Mandela obteve liberdade é que muita coisa
mudou".
Atualmente há um casal de missionários efetivos na África do Sul:
Diego Romeiro Lopes e Stella Christiana Mesquita Lopes, pois no início
de 2009 foram desligados os casais Edimar Guimarães Pereira e Va-
nusa Viana de Souza Guimarães, Jairo Alves e Leonézia Cunha Alves,
Sebastião Lúcio Guimarães e Rosalee Elbert Guimarães. Já em 2008
tem havido uma grande onda de violência no país, que não consiste
em conflitos entre pretos e brancos, mas lutas étnicas entre diferentes
grupos africanos com ataques xenofóbicos. Sobre o assunto, o missio-
nário Edimar Guimarães Pereira675 escreveu: "Todos estão assustados.
O pânico tomou conta da população nas ruas, nas casas, em toda par-
te. Ninguém está seguro. Só pela graça de Deus podemos permanecer
firmes em nossas trincheiras". Mas de qualquer forma, com ou sem
dificuldade, o evangelho tem sido proclamado e pessoas são salvas pela
graça de Cristo. "No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão
dos pecados, segundo a riqueza de sua graça, que Deus derramou abun-
dantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência" (Ef 1.7 e 8).

Botsuana
Um dos campos alcançados pela JMM no ano de 1993 foi Botsuana,
na África, com o missionário da terra Chris Gumunyus. Botsuana é um
país localizado na África Meridional, em uma região semi-árida, onde
está o deserto de Kalahari. Seu idioma oficial é o inglês, mas o setswa-
no é considerado a língua nacional. A chuva é para os seus habitantes
tão importante que a moeda nacional é chamada "pula", que significa

67 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 16
set. 2008.
SILVA, Rosa Lúcia de Freitas. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 14 ago. 2007.
` 7' GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Ataques de xenofobia abalam o país da Copa. Mensagem
recebida por <zedel@uol.com.br > em 27 maio 2008.
"chuva" na língua setswana. A população é de um milhão e 600 mil
habitantes. Apesar de ser um dos maiores produtores de diamante do
mundo, o povo é pobre e luta contra o desemprego e as condições
precárias de vida. As estatísticas indicam que 36% dos seus habitantes
estão contaminados com o HIV, sendo um dos maiores índices do vírus
da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) no mundo. Tam-
bém 38% do povo praticam uma religião baseada no culto aos parentes
mortos, havendo muita opressão demoníaca676.
Em virtude dos graves problemas sociais que assolam o território de
Botsuana, em 2000 foi para aquele país a Tenda da Esperança, que an-
tes se encontrava em Moçambique. Esse importante trabalho será tra-
tado sob o tópico "Projetos sociais" em capítulo posterior. De antemão
deve ser mencionado o casal Alceir Inácio Ferreira e Cenilza Andrade
Ferreira, que foram transferidos da Colômbia para Botsuana em 2005,
para trabalhar com a Tenda. Em 2006, Girlan Sérgio Ferreira da Silva e
Denise Costa Ferreira da Silva foram de Moçambique para Botsuana, a
fim de treinar obreiros. No período da Tenda em Botsuana, seguiu para
lá uma equipe de missionários efetivos, liderados
pelo pastor Sérgio de Oliveira e sua esposa Jani-
ce. Dessa equipe fez parte também Otília da Sil-
va, que foi missionária temporária no Uruguai de
1985 a 1987, sendo logo depois efetivada para
trabalhar em Moçambique no ministério social e
de apoio às igrejas. Foi também para Botsuana
a médica Maria da Conceição Antônio, que em
2005 deixou sua clínica particular e o emprego
do INSS em Mato Grosso para trabalhar na Ten-
da. Hoje se encontra em Moçambique. Por fim,
o casal Fabiano e Patrícia Araújo compôs a equi-
Maria da Conceição pe em Botsuana como missionários temporários.
Antônio, mis$ionária No final de 2007 a Tenda da Esperança retornou
médica em
Botsuana e hbje em para Moçambique.
Moçambique

TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
Cabo Verde
Apesar de estar no meio do Atlântico, e mesmo sendo uma posses-
são de Portugal, colocamos Cabo Verde aqui como se fosse da África,
tendo em vista a sua cultura e a sua maior proximidade, pois fica a 500
quilômetros do continente africano. Cabo Verde é um arquipélago de
10 ilhas de origem vulcânica na zona equatorial do Oceano Atlântico.
Está na Janela 10/40, e é um dos mais pobres e menos industrializados
países do mundo, com 400 mil habitantes. O idioma falado é o portu-
guês, mas a língua crioula é usada no dia-a-dia o677.
Houve em 1950 um apelo do Pastor Manoel Ramos, da Igreja Batista
de São Vicente, em Cabo Verde, para os batistas brasileiros ajudarem
na construção do templo ali678. Somente depois de 46 anos os brasilei-
ros chegaram lá, quando em 1996, Francisco Antônio de Souza e Már-
cia Venturini de Souza, que por 20 anos atuaram em Portugal, seguiram
para aquele país. O casal Souza demorou apenas um ano em Cabo
Verde. Ele deixou organizada a Igreja Batista da Praia, na capital de
Cabo Verde. Foram substituídas pelo casal Jorge Edmundo Sarria Tejada
e Dulcerly Judson Pires Sarria Tejada, que estão hoje no Chile.
Entre 2001 e 2002 esteve em Cabo Verde o casal Paulo César Paga-
ciov e Teresa Cristina Pagaciov, que iniciaram o Projeto POPE (Programa
de Odontologia Preventiva e Educativa), indo depois para o Paraguai.
Dimas de Souza Filho e Lília Rita Venturini de Souza, sendo ela filha
do casal Francisco e Márcia de Souza, estiveram como missionários em
Cabo Verde entre 2001 e 2005, quando retornaram para o Brasil. Eles
antes estiveram no Paraguai e em janeiro de 2007 foram para o Equa-
dor. Ana Loide Soares Leão e Carmem Lígia Ferreira de Andrade, que
antes atuaram na Bolívia e República Dominicana, foram missionárias
em Cabo Verde entre 2001 e 2004, onde implantaram uma igreja e
fizeram um belo trabalho com crianças.
Também foram em 2004 para esse país Carlos David Arcos Paez e
Shirley Alves Arcos, que ainda continuam no mesmo campo. Ele é chi-

°" SOUZA, Francisco Antônio de; VENTURINI DE SOUZA, Márcia. Deus abre as portas em Cabo
Verde. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3, set./out. 1996.
67" NOVAS dos campos missionários no estrangeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 49, n.
17, p. 5, 28 abr. 1949.
leno e estudou no Brasil, sendo o casal nomeado como missionários na
Guiné Equatorial, onde serviram entre 2001 e 2003. Vários outros mis-
sionários nossos atuaram e outros ainda hoje atuam em Cabo Verde.

São Tomé e Príncipe


Em setembro de 1998 seguiu para São Tomé e Príncipe, na África
Ocidental, Elias Balbino de Lima e Marta de Jesus Nogueira de Lima,
que organizaram uma igreja ali e acompanharam a construção do tem-
plo e ambulatório médico. São Tomé e Príncipe é um estado insular
localizado no Golfo da Guiné, composto de duas ilhas principais, São
Tomé e Príncipe, e várias ilhas pequenas, com um total de pouco menos
de mil quilômetros. As ilhas de São Tomé e Príncipe foram descobertas
e colonizadas por portugueses no século XV e somente cerca de 500
anos depois, em 1975, o arquipélago se tornou independente, implan-
tando um regime socialista sob a alçada do Movimento de Libertação
de São Tomé e Príncipe (MLSTP). O país é considerado católico, mas a
feitiçaria e o curandeirismo vinculado à prática religiosa predominam
ali. As condições de vida, com falta de energia elétrica, de higiene e de
saúde eram muito precárias, pelo que a família Lima, que tinha uma
filha ainda pequena, foi transferida para Moçambique em 2000, para
salvaguardar a saúde da criança.
Em 1999 foi do Paraguai para São Tomé e Príncipe a missionária
enfermeira Ana Maria da Costa, que realizou um grande trabalho, vol-
tando no final de 2003 para o Paraguai, onde além do trabalho, decidiu
fazer o curso de Medicina, com o intuito de retornar para São Tomé.
Outros missionários efetivos e radicais foram nomeados e ainda se en-
contram neste país.

República da Guiné
A República da Guiné ou simplesmente Guiné é também chama-
da de Guiné-Conacri, para distinguir de sua vizinha, Guiné-Bissau.
Foi mais um novo campo entre povos não alcançados da Janela
10/40, aberto em 1999. Localiza-se na África Ocidental e foi colô-
nia francesa até 1958. Menos de 20% da população falam francês,
que é o idioma oficial, embora haja oito línguas no país. Quase 90%
da população seguem o islamismo, tendo em vista que a maioria
é da etnia fula, constituída de muçulmanos. Tendo em vista que o
trabalho dos batistas brasileiros neste país é mais na área social e
educacional, nós o mantemos entre os países africanos e não entre
os povos muçulmanos.
A primeira missionária na República da Guiné foi Kerley Permí-
nio de Souza, que já era missionária desde 1994 através de outra
agência, quando em 1998 foi nomeada pela JMM em convênio com
a Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo, para trabalhar com o
povo susu, principalmente através do Programa de Educação Pré-
Escolar (PEPE)679. A missionária Kerley680 relata algo do trabalho com
aquele povo:
O senso de privacidade não existe e as pessoas vivem em comunidade 24 horas
por dia. A nossa casa tem que estar sempre aberta. Eles podem entrar, comer,
dormir, mexer em tudo que estiver na casa que não há qualquer problema.
Durante a semana eu moro perto deles, numa casa com dois quartinhos. Lá
dentro eu só tenho dois baldes, um par de chinelos havaianas, um pote para
colocar comida, cadeiras e uma cama. As pessoas entram, mexem, fazem o que
querem. Eu aprendo muito com a cultura deles e
as pessoas se sentem mais à vontade comigo. GIR411.1
eget
Em julho de 2006, foi transferida do Sene- file
gal para Guiné-Conacri a misisonária Ana Ui-
Illi gg Meai
cia Rosa Pereira, para substituir a missionária le Re
Kerley Perminio, que deu continuidade ao 11111“
ministério com o PEPE. Hoje, já foram duas
equipes do Radical África, para através dos
projetos sociais abrirem novas frentes.

Guiné Equatorial fi
Para Guiné Equatorial seguiu em 2001 o Kerley Perinfnio de
Souza foi a pioneira na
casal Carlos David Arcos Paez e Shirley Alves República da Guiné
Arcos, ficando lá até 2003, sendo remaneja-

"7" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 188. Ver adiante detalhes sobre o PEPE.
67" SOUZA, Kerley Permínio de. Não é fácil o trabalho na Guiné. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 15, mar./abr. 2002.
dos para Cabo Verde em 2004. Ela já tinha sido missionária no Chile
quando solteira. Guiné Equatorial está na África Ocidental e tem uma
população de cerca de 370.000 pessoas. O país foi colonizado pela Es-
panha, alcançando sua independência em 1968, sendo línguas oficiais
o espanhol, o francês e o português. Anos atrás, quando sondava vários
campos visando ao trabalho futuro, Waldemiro Tymchak681 escreveu:
Guiné Equatorial poderia ser chamada de "penúltimo mundo". Ver a fome,
miséria, injustiça, tristeza, nos decepciona e provoca compaixão por esse povo
tão sofrido. A situação econômica causa uma corrupção moral muito grande,
uma vez que as meninas são levadas à prostituição e os homens se vendem por
qualquer preço.

Em 2008, duas jovens seguiram para Guiné Equatorial, a saber, Maria


Lucinalva Dias de Oliveira como missionária temporária e Nely Soares
de Souza como efetiva.

Etiópia
Em 2005, um dos campos que recebeu destaque foi a Etiópia, com o
pastor Samuel Bayssa Erena e Woinshet Ketema. Ele é um etíope que saiu
ainda jovem do país para estudar em Cuba, conforme relato anterior,
graduando-se como Técnico em Oftalmologia, por isso pôde trabalhar
em seu país como obreiro da terra através de sua especialidade. Samuel
Bayssa se converteu e foi batizado em 1991 em Cuba, depois de gran-
des dilemas. Sentindo chamado para o ministério, estudou no Seminário
Batista de Cuba Oriental, concluindo em 2002 e se tornando pastor por
dois anos em Cuba, quando o chamado missionário para trabalhar na sua
terra foi muito forte, terminando por obedecer e seguir para a Etiópia682.
A Etiópia fica no Nordeste da África e 52,8% de seus habitantes per-
tencem à Igreja Ortodoxa da Etiópia, que antes foi associada com a
Igreja Copta do Egito. Outros grupos de cristãos constituem 4,5% da
população e os muçulmanos, 31,4%683 . A Etiópia e a Libéria são os dois

`'"' TYMCHAK, Waldemiro. O penúltimo mundo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17,
n. 53, p. 4, mar. 1982.
"" MISSIONÁRIO ajuda etíopes a entender o evangelho. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 5, n. 22, p. 9, maio/jun. 2008.
`'"' ETIÓPIA. In: PORTA BRASIL. Disponível em: <www.portabrasil.net>. Acesso em 03 out.
2008.
únicos países da África que não foram coloni-
zados por potências européias. Os cultos, di-
rigidos pelo missionário ao ar livre, são trans-
mitidos em português, aramaico e oreno, e
algumas pessoas andam até duas horas para
chegar ao local. Dentre outras atividades, há
cultos nos lares à semelhança do que ocor-
re em Cuba (casa-culto) e o Projeto Felipe,
Samuel Bayssa Erena e
voltado para meninos aprenderem futebol e Woinshet Katona foram
a Palavra de Deus. O objetivo é que sejam os pioneirt„is na ei

nomeados missionários da terra para atingir as


regiões mais remotas684.
Em março de 2007, seguiu para a Etiópia como os primeiros missio-
nários brasileiros naquele país o casal Cláudio Luiz e Carla Decotelli
Mendes, juntamente com um filhinho de três anos de idade. Ele é for-
mado em Teologia e Letras e ela em Medicina e passaram a trabalhar
junto ao obreiro da terra, Samuel Bayssa685.

4. Alongando as cordas
Alonga as tuas cordas" (Is 54.2c). Mesmo ampliando o lugar das tendas,
a visão dos batistas brasileiros foi mais adiante, alongando as cordas que
desciam às minas para chegar àqueles que eram considerados não alcan-
çados. Nesta secção, serão abordados povos em regiões onde prevalecem
algumas das religiões antigas como o budismo e o hinduísmo, assim como
os países onde predominou o regime comunista, além de etnias animistas
e, de modo especial, nações e grupos dominados pelo islamismo.
Um dos alvos de destaque de Waldemiro Tymchak foi alcançar com
o trabalho dos batistas brasileiros a Janela 10/40, também chamada Cin-
turão de Resistência, assunto esse levado à assembléia convencional de
1993. Como o nome sugere, a Janela 10/40 está localizada entre os pa-
ralelos 10 e 40 do globo terrestre, um espaço comparado a uma janela

"' BAYSSA ERENA, Samuel. Etiópia. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, 19 jan. 2008. 1
videocassete.
''"5 PRIMEIROS brasileiros na Etiópia. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 16, jul./
ago. 2007.
retangular, que vai do oeste da África ao leste da Ásia. Ali se encontra o
maior número dos povos não alcançados, sendo considerado o maior
desafio ao trabalho de missões mundiais. Além do Cristianismo, as três
religiões maiores e que mais crescem, budismo, islamismo e hinduísmo,
encontram-se nessa área. É nessa região, onde se localizam a China e a
Índia, que são os dois países mais populosos do mundo, e alguns dos mais
pobres localizados na África. Também ali acontece o maior número de
guerras e tragédias, há um alto índice de analfabetismo e de mortalidade
infantil, e um dos mais baixos índices de renda per capita do planeta686.

4.1 Nos países asiáticos das religiões orientais


Aqui apresentaremos o trabalho desenvolvido em países cujos habi-
tantes na sua maioria seguem algumas das grandes religiões que carac-
terizam o Oriente. Depois de mencionar Macau como porta de entrada
para a China, serão analisados os dois grandes países de maior população
do mundo, a saber, a China e a Índia. Em seguida se fará referência ao
trabalho da JMM no Japão, em Taiwan, na Tailândia e no Timor-Leste.

Macau
Para Macau foram nomeados no final de 1983, mas só seguiram em
novembro de 1984, Francisco Aguiar do Amaral e Risemar Confessor do
Amaral. Ele estava antes pastoreando a Primeira Igreja Batista de Madurei-
ra no Rio. Macau era uma dependência ultramarina de Portugal no litoral
da China, com 500.000 habitantes, cujo idioma oficial é o cantonês, em-
bora 3% da população fale o português. Macau é considerado o país mais
densamente povoado do mundo. A religião predominante é a budista,
no entanto, há muita ignorância religiosa e tendências animistas. Sobre
o novo campo asiático, Macau, que representa uma experiência nova
para a JMM, destacamos as seguintes informações: "O povo é por demais
supersticioso. [...] Aqui se usa muita coisa para espantar espíritos. [...] Por
outro lado, há uma preocupação enorme com o bem-estar dos ancestrais.

''"6 JANELA 10/40. In: JOCUM. Disponível em <http:/www.montesiano.pro.br >. Acesso em 13


set. 2008.
[...I Pode faltar comida para os vivos, mas para
os mortos nunca!"687
Afinal de contas, a ida a Macau, mesmo
com as dificuldades para aprender a difícil
língua cantonesa, era a porta para a imensa
China. Waldemiro Tymchak688 escreveu: "Nas
costas da China, muito perto de Hong-Kong,
fica Macau, dentro, portanto, do território
chinês. Em 1996, toda a Hong-Kong passará
ao território chinês, e provavelmente Macau
também". Em 1985, o nosso missionário em
Macau relatou algo sobre as surpresas em
Francisco Aguiar do Amaral
suas primeiras visitas, e o fato de precisar pa- foi pioneiro em Macau
gar para visitar duas senhoras idosas da igreja
em um hospital: "Já vi comércio de tudo, mas
não tinha visto ainda intermediários entre o
paciente e seu visitador"689.
Quando Francisco Amaral retornou ao Brasil em 1988, ficamos sem
obreiros ali e só entramos na China depois de 14 anos, quando a Igre-
ja Batista do Balneário Camboriú, SC, fez convênio com a JMM para
enviar os primeiros missionários para a China comunista, Ricardo Car-
valho Rocha e Adriana Sotelo Morari Rocha. Ele formado em Educação
Física e ela em Psicologia. O culto de despedida ocorreu em 19 de
maio de 2002690.

China
Em 2006 a JMM retornou à China através do obreiro Lian Godoi
(pseudônimo), que no ano anterior esteve lá com o Pastor Waldemiro
Tymchak, pelo que já tinha mantido contato com a realidade e a cultu-
l'"7 OLIVEIRA, Celso de; OLIVEIRA, Alice Neves de. DA China para o Brasil. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 82, n. 32, p. 16, 08 ago. 1982.
`"" TYMCHAK, Waldemiro. Macau, portal da glória. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
19, n. 60, p. 20 e 21, mar. 1984.
""" AMARAL, José Francisco Aguiar do. Chegamos a Macau, a porta para a imensa China. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 5, ago. 1985.
6`") SOUZA, Eliézer Ribeiro de. Igreja apóia o envio de missionários à China comunista. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 24, p. 4, 10 a 16 jun. 2002.
ra do povo chinês. Interessante que nessa excursão o Diretor Executivo
disse no início que a China era um projeto para longo prazo; depois
de conhecer muita coisa, ele falou que era de médio prazo; finalmente
ele percebeu que era de curto prazo691. E assim aconteceu. Lian Godoi
informa que 42% do povo ali não professa qualquer religião, já que
por muito tempo a Revolução Cultural proibiu o culto e qualquer ma-
nifestação religiosa. Nesse período, funcionavam as igrejas nas casas,
que atuavam clandestinamente. Entretanto, com as reformas econô-
micas na década de 1980, deram abertura às reformas democráticas e
à fé cristã. Hoje, mesmo ainda havendo dificuldade para a penetração
do evangelho, a China está aberta. O objetivo do missionário Godoi
é preparar líderes chineses para serem enviados ao interior do país692.
Ele entrou na China com visto de estudante, pelo que está estudando
mandarim na Universidade de Pequim. Lian Godoi693 fala sobre algu-
mas das dificuldades encontradas nas igrejas da China:
Um dos grandes problemas lá é a divisão familiar. O crescimento econômico
leva à dispersão das famílias, porque o pai vai para uma cidade e a mãe para
outra, contribuindo para a destruição das famílias. Outro problema é o cresci-
mento das doutrinas heréticas e das seitas. Por exemplo, existe uma seita que
afirma que Jesus veio em forma de mulher e raptam pastores para torturar. Esse
grupo é repelido pelo Governo, tendo em vista que suas práticas se assemelham
às terroristas. Mas tudo isso é fruto da falta de conhecimento bíblico. Um ter-
ceiro problema é a perseguição, que não é estritamente religiosa, mas decorre
da instabilidade social gerada com práticas de grupos religiosos. As igrejas não
podem se reunir fora dos locais apropriados e fora do horário estabelecido
oficialmente. Assim, reuniões nas casas são ilegais. Este ano já houve mais de
100 missionários extraditados e 5 que foram mortos. O cristianismo em si não
é ilegal, mas várias de suas atividades que são normais em outros países, lá são
proibidas.

Com sua explosão sócio-econômica, a China é apontada como a


grande potência do século XXI, embora grande parte da população viva
em condições precárias e até desumanas. É o país onde o cristianismo
mais cresce, sendo considerado o maior desafio missionário do século.

" GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
"2 MISSÕES Mundiais de volta ao maior desafio do mundo: a China. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 3, n. 11, p. 19, jul./ago. 2006.
GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
Observa-se que a entrevista ocorreu antes das Olimpíadas de Pequim.
São mais de 500 etnias divididas em mais de 50 regiões de um país cuja
população chega a um bilhão e 400 milhões de habitantes694. Infeliz-
mente, ainda há na China muita ignorância religiosa e, com ela, práticas
anti-cristãs. Assim é que a família vê o deficiente como algo negativo,
e uma criança deficiente é aprisionada em sua própria casa. Também a
mulher que engravida pela segunda vez paga uma multa equivalente a
cerca de 10 mil dólares. Para satisfazer os que já morreram, é comum
se ver pessoas reunindo papéis e, entre eles, algumas cédulas, para
queimar na rua e favorecer os mortos695.
Lembrando a série de artigos escritos nos anos de 1979 e 1980, Wal-
demiro Tymchak696 escreveu em 1989 interessante artigo sobre a China,
referindo-se às dificuldades e ao mesmo tempo à fidelidade dos cristãos
chineses. Dentre outros itens ele lembra o apego à Palavra de Deus, a
disposição de sofrer por Cristo e a forma de orar: "As orações são, em ge-
ral, de joelhos, demoradas, e Deus as ouve". A crença no sobrenatural foi
outro item apontado pelo Executivo da )MM: "Os crentes estão amorda-
çados; não podem abrir a boca. Mas Deus não está. Deus é poder. Nós,
aqui no Ocidente, perdemos muito da fé num grande e poderoso Deus".
Lembrando como passaram a atuar em uma igreja do povo, Waldemiro
Tymchak afirmou que ficaram 40 anos sem missionários, que foram em-
bora ou mortos, mas sem aqueles líderes de outra cultura, "aos poucos
foi renascendo uma igreja aculturada, contextualizada, autóctone, ou
seja, uma igreja de Cristo inserida na cultura do povo".
Em 2005, Waldemiro Tymchak697, após viagem à China, escreveu
sobre aquele país, como sendo o maior desafio missionário do pre-
sente século, com 490 etnias a serem alcançadas. O crescimento do
renascente cristianismo após a abertura econômica na década de 1980
é algo extraordinário, sendo hoje a China o lugar onde o cristianismo
mais cresce no mundo. Ele explica a razão deste fenômeno: "A igreja

694 GRANDE desafio missionário da atualidade. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 10, jan./fev. 2008.
"''" MUITAS brechas na China. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 21, p. 7, mar./
abr. 2008.
"'''' TYMCHAK, Waldemiro. Eu chorei na China. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 19,
p. 12, 07 maio 1989.
697 Id. China, um império a ser conquistado. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 5, p.

12, maio/jun. 2005.


ressurgiu das cinzas do passado voltando à sua gênese chinesa. Seu
evangelho, sua missão e forma de adoração estão no contexto cultural
do povo. A igreja despiu-se da influência ocidental e aceita a Bíblia
como Palavra de Deus. Assim o cristianismo cresceu apoiado pelo so-
brenatural".
Na assembléia da CBB em São Luís, em janeiro de 2008, o tes-
temunho de Lian Godoi foi que na China muitos pastores não têm
sequer o Novo Testamento. Possivelmente a maior necessidade deles
é ter acesso à Bíblia. Na ocasião, nosso missionário lançou a cam-
panha para os brasileiros ofertarem 10 mil bíblias em um valor per
capita de 13 reais. Um ano se passou e a campanha alcançou um
valor surpreendente de 20 mil bíblias; a meta do Projeto é doar 100
mil bíblias, conforme afirma o Diretor Executivo em exercício, Pastor
Sócrates Oliveira de Souza. Mais surpreendente é que essas bíblias
serão produzidas na própria China. São vitórias alcançadas pela graça
do Senhor de Missões.
O crescimento da igreja subterrânea é mencionado por Tymchak698
como algo espantoso. Ele comenta: "Os campos missionários dos anos
2000 são a China e a Índia, países que reúnem a metade da população
terrestre. Deus está nos conduzindo em direção à China e nós não
podemos perder o bonde da história". O impressionante crescimento
do cristianismo na China começou no fim da década de 70, em perío-
do quando morreram vitimados pela fome ou pela violência cerca de
sete milhões de pessoas, e quando se estimava que havia 3 milhões
de católicos e protestantes. O escritor Rob Mo11699 escreveu na revista
Cristianismo Hoje:
Estimava-se, à época, que a China tivesse 3 milhões de católicos e protestantes,
a maioria vivendo na clandestinidade. Trinta anos mais tarde, as estimativas
variam amplamente, indo de 54 milhões a 130 milhões. Se este último número
estiver correto, a fé cristã terá crescido 43 vezes no período — um índice jamais
visto em toda a história do Cristianismo.

"8 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 78a assembléia. Rio de Janeiro:

CBB, 1997, p. 403 e 404.


MOLL, Rob. O grande salto para frente. Cristianismo Hoje, Brasília, ano 1, n. 5, p. 10, jun./
jul. 2008.
Índia
Em 1988, surgiu como novo campo missionário da JMM a Índia,
quando para lá seguiu o casal Tomé Antônio Fernandes e Elenice
Chepuck Fernandes, para um período inicial de pesquisa de campo
por cinco meses. A tarefa era: "fa-
zer uma pesquisa da situação re-
ligiosa, política e social; contatar
os grupos evangélicos ali existen-
tes e avaliar as possibilidades de
um futuro trabalho permanente
na Índia"". As dificuldades por
certo seriam grandes, sabendo-se
que de cerca de 800 milhões ha-
bitantes na ocasião naquele pa-
ís701, só havia 200 igrejas batistas
com 4.800 membros. e 1988, Tomé Antônio Fernandes e
Pastor Tomé é filho de indianos Êtenic-e Chepuck Fernandes são nossos
missionários na Índia
católicos da cidade de Goa, mas
nasceu em Moçambique, onde se
converteu em 1973 com o trabalho do missionário Antonio Joaquim
de Matos Gaivão, que o convidou para ouvir a pregação de José Nite
Pinheiro, por ocasião do aniversário da Igreja Batista da Beira. Diz
Pastor Galvão702 que ele não resistiu ao apelo e queria saber tudo so-
bre Cristo: "Era um investigador. Queria saber mais e mais e suas dú-
vidas eram dissipadas no gabinete pastoral. O país estava em guerra e
ele teve de servir o exército. Durante o serviço militar, ele devorava a
Bíblia e tudo que podia ler acerca da fé em Jesus". Tomé7°3 veio para o
Brasil e, sentindo-se chamado para o ministério, teve a sua formação
na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Ele mesmo relata:

7 () NOGUEIRA, André Alves. Índia: o futuro depende de nós. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 23, n. 75, p. 7, jul. 1988.
7"' Hoje a população chega a cerca de um bilhão e 200 milhões.
"2 GAIVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Pastor Tomé. Mensagem recebida por <zedel@uol.

com.br > em 04 nov. 2008.


01 FERNANDES, Tomé Antônio. Casamento arranjado. Mensagem recebida por <zedel@uol.
com.br > em 21 nov. 2008.
Na semana da minha conversão, deu-se também a chamada ao ministério.
O meu coração ficou perturbado ao tomar consciência de que o ser humano
estava perdido apesar da religiosidade como era o meu caso. Deus usou os seus
servos pastores José Nite Pinheiro e Antonio Galvão no meu crescimento cristão
e apoio para os estudos teológicos no Brasil.

Mais tarde, Tomé Fernandes pastoreou por 10 anos no Estado de São


Paulo e ensinou na Faculdade Teológica Batista de Campinas.
Sendo proibida a entrada de missionários na índia, Tomé Fernandes
foi inicialmente estudar qual a estratégia para ser usada, para que ele pu-
desse permanecer na Índia a fim de pregar o evangelho de Cristo7°4. Os
resultados foram positivos, tendo o missionário entrado em contato com
os representantes da Convenção de Mahastra e da North West Baptist
Association (Associação Batista do Noroeste), sendo a última dos Estados
Unidos. Na ocasião foi proposto que se fizesse convênios com aquelas
entidades para a participação dos batistas brasileiros naquele país. De
início nosso missionário foi como estudante em universidades. Tomé Fer-
nandes705 dá o testemunho de sua difícil experiência inicial ali:
Meu primeiro sentimento ao pisar na Índia foi de espanto, ao fazer contato
com a realidade social do país. Um outro foi de compaixão, ao ver um país com
cerca de 800 milhões de pessoas crendo que a salvação é se ver livre do ciclo
do carma, da reencarnação e ser absorvido por um deus supremo chamado
Brahma. [•..1 O hinduísmo é uma religião de cerca de três mil deuses, pelo que
a grande batalha que os evangélicos têm na Índia é provar que Cristo não é mais
um deus, mas o único.

Em 1989, ao se referir aos povos não alcançados na Índia, Waldemiro


Tymchak706 afirmou: "Através de dois convênios iniciaremos o sustento de
pastores indianos de uma forma não paternalista, contanto que preguem
a essas comunidades. O custo é dez vezes menor que o sustento de
um casal de brasileiros". Após três anos como missionários temporários,
finalmente, em maio de 1992, seguiram como efetivos na Índia, Tomé
Antônio Fernandes e Elenice Chepuck Fernandes. No Jornal de Missões
foi escrito um artigo sobre a realidade do país naquela ocasião:

TYMCHAK, Waldemiro. Relatório anual da Junta de Missões Mundiais da CBB. Convenção


Batista Brasileira: atas e pareceres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1988, p. 418.
FERNANDES, Tomé Antônio. índia pelos caminhos de Deus. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, n. 77, p. 22 e 23, jul. 1989.
TYMCHAK, Waldemiro. Relatório anual da Junta de Missões Mundiais da CBB. Convenção
Batista Brasileira: atas e pareceres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1989, p. 366.
A Índia, país com mais de 800 milhões de habitantes, onde se fala mais de
1.600 dialetos e a idolatria é comum entre a população. O hinduísmo é pratica-
mente religião oficial do Estado, que se declara com liberdade religiosa. [...] São
200 milhões de vacas sagradas e 33 milhões de deuses adorados por um povo
carente que não chega a 40% de alfabetizados. [...] A JMM se sentiu desafiada e
enviou um casal de missionários para liderar, organizar, preparar e treinar jovens
pastores indianos para trabalharem entre os povos considerados não alcançados
(hindus e muçulmanos)'.

O casal ficou oito anos na Índia, trabalhando em cooperação com a


Índia Every Home Crusade. Foram realizados dois projetos, sendo um
para alcançar os hindus, chamado Hindus Populares, e o outro para
alcançar muçulmanos através de parceria com a Agência Al-Bashir, que
significa "mensageiros de boas novas". Em 1995, havia na índia 7 cen-
tros de trabalho entre diversos grupos étnicos, realizando 179 núcleos
de estudos bíblicos com 1.110 pessoas participando. Para se ter idéia
do extraordinário trabalho realizado pelo casal Tomé e Elenice Fernan-
des, no relatório de 1996 está a informação de que na ocasião havia
358 núcleos de estudos bíblicos e 21 centros de treinamento, alcançan-
do 4.480 pessoas. Durante o ano foram batizados 242 novos irmãos,
incluindo 11 ex-hindus e 2 ex-muçulmanos. Em 1999, Tomé Fernandes
informou que havia 45 frentes missionárias entre os hindus e 3 entre
os muçulmanos. As dificuldades eram muito grandes para se pregar o
evangelho, quando até mesmo os obreiros da terra sofriam pressão.
A situação da Índia é descrita em 1993 no Jornal de Missões, refe-
rindo-se ao projeto em cooperação com a Índia Every Home Cruzade
(IEHC), com a finalidade de ter 5.000 missionários para sustentarem o
trabalho em 3.000 vilas na índia, até o ano 2000, com um efetivo de
20 missionários. O texto continua: "Na índia há cerca de 600 mil vilas
e o evangelho chegou a apenas 60 mil delas'''. Waldemiro Tymchak709
escreveu em 1996 sobre o trabalho na índia:
Um dado curioso é que o povo hindu não pode sequer vislumbrar a possibi-
lidade de que os obreiros que ali trabalham são sustentados por igrejas cristãs
ocidentais, isto porque a mídia faz uma dura campanha convencendo-os de

707 EVANGELHO para o povo hindu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 3, ago.

1992. Hoje a população da índia chega 1,1 bilhão de habitantes.


PROJETO índia — 5000. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, nov./dez. 1993.
7°9 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 778 assem-

bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 412.


que tudo que vem do ocidente é nocivo. Concluímos que a única maneira de
evangelizar a Índia e, indo mais longe, todo este mundo oriental, incluindo
chineses, japoneses, coreanos, vietnamitas, tailandeses, é através da obra local.
Nós podemos colaborar, podemos trabalhar formando obreiros, mas, em última
análise, a evangelização deve ser realizada por eles mesmos.

Em 2002, o missionário Tomé Fernandes descreveu algo sobre


a imensidão da Índia, já com cerca de 11 centenas de milhões de
habitantes710. Em um território duas vezes e meia menor que o do
Brasil, tem uma população seis vezes maior que a brasileira. A clas-
se média alta chega a 250 milhões de pessoas, mas 300 milhões
vivem abaixo da linha de pobreza. Há 800 milhões de hindus e
160 milhões de maometanos, sendo o número de muçulmanos na
Índia maior do que no Oriente Médio. Buda nasceu na índia, mas
a filosofia budista se desenvolveu mais em outros países"1. Assim
o trabalho dos nossos missionários da terra é exatamente entre os
hindus e os muçulmanos: "É um país de muitos povos e muitas cul-
turas. Um estudo recente identificou 4.500 comunidades ou gru-
pos étnicos. O analfabetismo atinge metade da população adulta
e dois terços das mulheres. Segundo a OMS o país tem 90 milhões
de tuberculosos"712.
Em 1998, foram para a Índia os missionários Adjamar e Adriana
Silveira, que após três anos retornaram, porque mesmo sendo ela
dentista, não conseguiram permissão do Governo para permane-
cer. Em 2000, Tomé e Elenice Fernandes foram para Portugal, mas
ele continuou como orientador estratégico do trabalho na índia.
Em 2001, o casal Jônatas Enéias e Juscelândia Septimio Caldeira
foram para a índia através do Projeto Gol, tendo como negócio o
futebol.
Em 2005, havia na região Norte da índia 30 comunidades batistas
com uma freqüência de cerca de mil pessoas que vieram do hin-
duísmo. Foram treinadas 39 pessoas e a meta era conseguir o cres-
cimento da liderança através de mais treinamento. Quanto ao tra-
balho da JMM, o projeto é plantar 12 novas igrejas entre os hindus
Em 2008, a população da Índia já chega a 12 centenas de milhões.
FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
-12 Id. Índia: o grande desafio. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 6, mar./abr. 2002.
nas proximidades de Nova Delhi, até o ano de 2010. Hoje há 53
famílias ex-muçulmanas seguindo a Cristo em Caxemira. Entretanto,
ainda na índia há restrição quanto à liberdade religiosa, inclusive
notícias sobre obreiros da terra informam que na India, no mês de
novembro de 2006, um missionário que trabalhava com a JMM em
parceria com outra agência missionária foi assassinado'''.
Em 2006, o Jornal de Missões volta a falar sobre a índia com seus
milhões de deuses e tão poucos cristãos. Lembra que da população
que já ultrapassa a casa de um bilhão e 100 milhões, 82% é de hin-
duístas, 12% de muçulmanos e apenas 3% de cristãos74. O número
de etnias chega a centenas e fala-se duas mil línguas. O panteísmo
está na mente de grande parte da população da India, e não é fácil
para um panteísta aceitar que se deve adorar um só Deus. Recente
artigo escrito em Cristianismo Hoje diz: "Shuni é uma divindade do
mal. Todos os sábados os devotos devem lhe depositar oferendas,
quase sempre na forma de alimento. Essa é a única maneira de evi-
tar suas ações maléficas. [...] Assim como Shuni, dezenas de milhões
de divindades são veneradas na India"715.
Em abril de 2007, após seis anos de trabalho na índia, os missio-
nários Jônatas Enéias e Juscelândia Septimio Caldeira estavam re-
tornando para o Brasil, a fim de seguirem em 2008 para as Filipinas
com um novo projeto missionário. Como acontece com os estran-
geiros, para entrar na índia, Jônatas foi com visto de negócio, assim
como Tomé Fernandes que foi inicialmente com o visto de estudan-
te. Ao falar sobre a metodologia usada para alcançar as pessoas na
índia, Pastor Tomé716 explica:
Lá não é possível promover megaeventos. O problema no caso não é o sistema
político, mas a realidade social religiosa. A evangelização usada na índia é em
nível pessoal. É comum aos obreiros irem às casas nas vilas, pois 58% da popu-
lação estão nas zonas rurais, e os resultados surgem mediante a obra do Espírito

71 MISSIONÁRIOS assassinados na índia e no Iraque. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4,


n. 14, p. 6, jan./fev. 2007.
"4 MARTELETTO, Luiz Cláudio. índia, um país desesperado. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
ano 3, n. 11, p. 21, jul./ago. 2006.
7 ' FERNANDES, Carlos. Em nome de Jesus, entre milhões de deuses. Cristianismo Hoje, ano 1,
n. 4, p. 40, abr./maio 2008.
FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
Santo, podendo cada conversão ser considera-
do um verdadeiro milagre. Há também traba-
lho social através de alfabetização de adultos e
curso de corte e costura, além de ajuda na área
de saúde, com os serviços de uma enfermeira.
O trabalho nessas áreas contribui positivamen-
te para que sejamos vistos com bons olhos pelo
Governo.

Juscelândia Septimio Caldeiram


fala algo de sua experiência, quando
na Índia não podia andar na rua ao
lado do esposo, mas atrás; não falava
em reuniões públicas, nem mesmo de
pastores, para não ser motivo de cons-
trangimento; só era servida em ban-
quetes depois dos homens. Nada disso a importunava. Contudo, ela
se incomodava muito com os costumes pagãos que pareciam incríveis
para um ocidental. Ela complementa:
Eu me importo quando vejo as mesquitas lotadas de adoradores com suas ofe-
rendas; quando entro em um escritório e conto 32 deuses que eles adoram;
quando vejo muito cedo meu vizinho adorando sua pequena planta, colocando
água e andando em círculos com incensos nas mãos; quando vejo os homens
fazendo reverência ao deus sol; quando ando no táxi e o motorista pára para
fazer reverência à deusa vaca; quando sei que o inimigo tem usado o sistema
de castas para escravizar esta gente sofrida; quando vejo dezenas de crianças
no templo do deus macaco, Ranuman, fazendo devoções a ele; quando me
deparo com pessoas comprando fezes de vaca para oferecer aos seus deuses.

Juscelândia e Anatas falam sobre os milhões de deuses na Índia e


mencionam alguns fatos curiosos. Eles reverenciam a vaca porque ela
é provedora, fornecendo leite. Há milênios, quando houve fome em
várias ocasiões, eles sobreviveram por causa da vaca. Assim tomam
leite, comem queijo e outros derivados, mas não comem a carne. As
pessoas passam a mão na cauda ou na cara da vaca, a fim de buscar
espiritualidade ou purificação. O deus elefante é o deus da prosperida-
de, chamado Ganesh, que tem cabeça de elefante e corpo de um ser

CALDEIRA, Juscelândia Septimio. Última semana. Mensagem recebida por <edelfalcao@


yahoo.com.br> em 26 ago. 2008.
humano. O deus rato dá lugar aos rituais de auto-flagelação. "Tudo isso
leva o povo à opressão, havendo na índia o maior índice de suicídios
de mulheres"718.
No momento, Jônatas e Juscelândia já se encontram como missio-
nários na República das Filipinas, que é o único país do Sudeste da
Ásia que tem maioria católica romana, embora haja uma diversidade
imensa de outras religiões, uma vez que há 120 grupos étnicos e 170
dialetos, com 83 povos não alcançados719. Obviamente, a experiência
deles como ex-missionários na índia será de um valor extraordinário.
As notícias já de 2008 apresentam mais perseguição religiosa em
alguns lugares da Índia. O missionário da terra Mohan Masih, que atua
em Delhi, menciona um grupo de radicais hindus que tentaram ex-
pulsá-lo das vilas onde ele estava pregando, fazendo sérias ameaças.
Como não acatou as "ordens", foi seriamente espancado. Ele apela:
"Gostaria que os irmãos que nos sustentam ajudassem o nosso trabalho
com orações. Precisamos de vocês que fazem parte desta obra do Se-
nhor aqui na índia"720. Por sua vez, Tomé Fernandes, que mesmo em
Portugal continuou como orientador estratégico na Índia, sempre indo
até lá para supervisionar o trabalho, narra algumas experiências em sua
visita ao país em abril de 2008. Ao conversar com um inteligente jovem
em Uttar Pradesh, no Norte da índia, que havia completado um cur-
so na Universidade sobre Estudos Budistas, perguntou-lhe sobre Cristo
e como resolver o problema do pecado. A sua resposta foi objetiva:
"Peço desculpas, mas não sei a resposta". Em outra conversa com um
empresário indiano sobre esperança, ele perguntou: "Se a reencarna-
ção é o novo começo, porque o mundo, inclusive a índia, vai de mal a
pior?" Certamente não houve resposta721.
No mês de setembro de 2008, os cristãos no Estado de Orissa, consi-
derado o mais resistente ao evangelho na Índia, foram fortemente per-

7111 CALDEIRA, Jônatas Enéias; CALDEIRA, Juscelândia Septimio. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Campinas, SP, 30 out. 2007.
11 " Id.; id. Carta missionária. Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 15 jun.
2008.
72" MASIH, Mohan. Informativo missionário — índia. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Dispo-
nível em: <http:/www.pam@jmm.org.br >. Acesso em 22 jul. 2008.
721 FERNANDES, Tomé Antônio; FERNANDES, Elenice Chepuck. Norte da índia e Caxemira.
JMM, Rio de Janeiro, maio 2008. Digitado.
seguidos, logo após um assalto que resultou em assassinato de um sa-
cerdote hindu, líder do Conselho Hindu Mundial. A culpa do crime foi
colocada nos cristãos pelos indianos, havendo verdadeiros massacres e
mesmo mortes. A intervenção da polícia e a ação de forças armadas do
governo federal não foram suficientes para deter as perseguições, que se
estenderam para mais cinco estados do país, atingindo principalmente
representantes da Missão Good News India722. A perseguição continuou,
mesmo depois que religiosos da filosofia maoísta reivindicaram a res-
ponsabilidade do assassinato. Em cerca de um mês, os radicais hindus
incendiaram 10 igrejas, destruíram uma centena de casas de cristãos e
colocaram abaixo um albergue para missionários723. Contudo, sabemos
que o Senhor transforma as circunstâncias negativas em bem para os que
o amam (Rm 8.28), "porque na esperança somos salvos". (Rm 8.24).

Japão
Japão é um país insular do extremo Oriente. Seu nome é de origem
chinesa, Ji-pen, que significa "raiz do sol", com a variação japonesa,
nippon, donde o nome nipônico, que significa literalmente "origem do
sol" ou "terra do sol nascente". O Japão tem a segunda maior economia
do mundo, superado apenas pelos Estados Unidos, sendo hoje uma
monarquia constitucional, embora o imperador seja apenas chefe de
Estado, com poderes limitados, ficando o maior poder com o primeiro
ministro, que é chefe de governo724.
No final de 1999, Helga Kepler Fanini 725 escreveu uma reportagem
sobre o Japão, em que informa que os primeiros missionários ali che-
gados foram da Junta de Richmond, em 1886, mas no final da Segun-
da Guerra Mundial não havia igrejas. Entretanto, em 1999 havia "332
igrejas e congregações batistas, 300 pastores e 25 mil membros" em
três convenções.
ONYEBUCHI, Daniel. Pedido urgente de oração. Mensagem recebida por <InformativoBatis-
ta@yahoogrupos.com.br > em 25 set. 2008.
SITUAÇÃO permanece crítica para os cristãos na índia. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS.
Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 25 set. 2008.
JAPÃO. In: PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE. Disponível em: <http:/www.girafamania.
com.br >. Acesso em 19 set. 2008.
FANINI, Helga Kepler. Japão: a 40, viagem promocional do Presidente da Aliança Batista Mun-
dial. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 99, n. 51, p. 8 e 9, 20 a 26 dez. 1999.
No início do século XX, os japoneses emigraram para o Brasil em
grande número para trabalhar nas fazendas de café, tendo em vista que
em 1908, o Governo dos Estados Unidos proibiu a entrada de orientais
no país. Em 2004, a colônia japonesa no Brasil era constituída de um
milhão e quatrocentas mil pessoas. Nas duas últimas décadas do mes-
mo século, houve a inversão, quando os descendentes de japoneses
no Brasil se dirigiram para o Japão em busca de emprego. Isso levou os
batistas brasileiros a sentirem necessidade de mandar missionários para
aquele país. Um dos desafios no início do século XXI partiu da necessi-
dade de professores brasileiros para filhos de japoneses que desejavam
estudar a língua portuguesa para obterem condições de emprego quan-
do retornassem para o Brasil726.
Hoje o Japão é a segunda maior colônia de brasileiros no exterior,
depois dos Estados Unidos, com 260 mil brasileiros. O Coordenador
da área Ásia e Norte da África, Renato Reis de Oliveira727, da JMM,
comenta: "As igrejas no Japão estão infectadas pelo secularismo e frieza
espiritual pelo que muitas estão fechando as suas portas. Daí a impor-
tância do trabalho com imigrantes do Brasil".
Um grupo de cristãos na cidade de Kakamigahara apelou no início
da década de 1990 para a ida de missionários a fim de atender às suas
necessidades. Assim é que, em dezembro de 1992, foram como pri-
meiros missionários brasileiros para o Japão Elias Costa Lacerda e Val-
dete Pinheiro Lacerda. Em 1992, Elias728 apelou aos brasileiros: "Passa
a Kakamigahara e ajuda-nos". Mas a igreja nesse local só foi organizada
em 1997. Mais tarde ele escreve sobre o trabalho que estava sendo
realizado naquele país e a ligação do trabalho dos batistas brasileiros
com o que já existia ali:
Nosso objetivo é realizar dois cultos dominicais. Um só em japonês pela manhã,
e outro, só em português, à noite. Quanto à Missão, iniciamos o ano [19961
com 36 membros e uma classe de doutrina com cinco alunos. Nosso trabalho
está envolvido com os objetivos nacionais. A Missão participa de atividades
denominacionais e se identifica com seus propósitos. Um dos alvos da Con-

DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 154.


"7 OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
28 maio 2007.
-2" LACERDA. Elias Costa. Passa a Kakamigahara e ajuda-nos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
ano 25, n. 85, p. 6, dez. 1992/jan. 1993.
venção Batista Japonesa é ter 500 igrejas organizadas e 50 mil membros até o
ano 2000729.

O casal Hélio Akira Miura e Maria Aparecida Miura atuaram como


Fazedores de Tendas em 1996, e retornaram em 2002 para o Japão
como Missionários Associados, em parceria com PIB de Marília, em São
Paulo. Em 2007, eles apresentaram, em O Jornal Batista, algumas in-
formações sobre o país e seu trabalho, aproveitando as oportunidades
ligadas à própria cultura. Diz ele que no mês de agosto é celebrado
o Dia dos Mortos no Japão, e a cidade de Fuji, onde o casal atua, se
destaca pelo elevado número de suicídios e pela idolatria. Entretanto,
no ano de 2007, os missionários celebraram ali a vida que há em Cris-
to, orando ao pé do famoso Monte Fuji. Eles também comemoraram a
vitória de poder voltar a realizar cultos nos presídios, após pedido dos
próprios detentos730.
Dentre outros missionários no Japão, mencionamos a Fazedora de
Tendas Benedita Caeyrama e os casais Shinobu Hino e Isabel Cristina
Hino; Waudeque e Ana Maria Felismino; Altair e Neila Prevedello. Em
2008, seguiram como novos missionários no Japão Fernando Félix Dias
e Cristiane Amaral Félix Dias.

Taiwan
O nome Taiwan significa República da China, diferentemente da
República Popular da China que é a China Continental. Taiwan, que
no passado era conhecida como Formosa, é uma grande ilha a 300
quilômetros da costa da China, em um arquipélago de 78 ilhas. 70%
da população é budista, além de forte influência do confucionismo e
do taoísmo, que dão ênfase à veneração de ancestrais. Depois da ilha
ser disputada por chineses, portugueses, holandeses e japoneses, ficou
nas mãos dos chineses. Entretanto, apesar desses considerarem Taiwan
como parte de seu território, o país funciona como sendo independen-
te.

Id. A expansão do evangelho no Japão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 96, n. 8, p. 7,
03 mar. 1996.
CELEBRANDO a vida no Japão. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 17, nov./
dez. 2007.
Taiwan foi um dos campos onde a )MM iniciou trabalho missionário
em 1995, através de Luiz Amaro da Silva e Orleusa Arruda da Silva, que
já moravam ali desde 1989, mas só se tornaram nossos missionários em
1995, mediante parceria com várias igrejas. O trabalho foi iniciado usan-
do a estratégia do esporte através do futebol. Entretanto, diferentemen-
te da China continental, é possível entrar como missionário em Taiwan,
embora não haja propriamente liberdade para se pregar o evangelho. O
próprio Governo apelou aos cristãos para abrirem escolas que ministras-
sem aulas de orientação moral e cívica731.

Tailândia
A Tailândia, que fica localizada no sudeste asiático, é um país com
forte tradição budista, cujos seguidores chegam a 83%da população.
Há 6,8% de islamitas e apenas 2,2% de cristãos.
Em 1995, Gladimir e Márcia Nunes Fernandes foram nomeados como
missionários na Tailândia, mas antes estiveram na Inglaterra, a fim de ob-
terem treinamento especial para realização do
trabalho, pelo que só chegaram ao campo em
1997. Eles continuam lá, trabalhando na área
de esportes, onde montaram uma escola de
futebol. Os missionários logo iniciaram estu-
dos bíblicos com participação de seguidores de
Buda e passaram a cooperar com uma igreja de
universitários, discipulando e ajudando no cres-
cimento espiritual dos novos convertidos. A lín-
gua thai é considerada uma das mais difíceis, e
a sua cultura, uma das mais ricas do mundo732.

Timor-Leste
Dentre os novos campos em 2001 está ' ir.e Márcia Nunes
Nveancies chegam à
a República Democrática do Timor-Leste, lailàndia corno novo
campo em 1997

7 " SILVA, Luiz Amaro da. A cultura se opõe, mas o evangelho penetra em Taiwan. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, ano 28, n. 107, p. 8, nov./dez. 1996.
742 CINTURÃO começa a ceder. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, jul./ago. 2000.
conhecida no passado como Timor Português, que fica na parte
oriental da ilha de Timor, localizada no sudeste asiático. Mesmo
ficando na Ásia, embora alguns a ligavam à Oceania, é um país
de maioria católica romana, mas há uma forte tradição composta
por lendas e mitologias, incluindo a influência das grandes religi-
ões orientais que dominam a Ásia. Foi colonizado por Portugal até
1975, tornando-se parte do território português entre 1975 e 1999,
quando alcançou independência, que só foi reconhecida em 2002.
As línguas oficiais são o português e o tétum, mas a mais falada é
a bahasa indonésio, que é considerada idioma de trabalho, junta-
mente com o inglês'''.
Para Timor-Leste se dirigiu em 2001 o casal Denison Augusto Bap-
tista e Patrícia Barradas Lobo Baptista, que antes participaram de pro-
jetos missionários na África, no interior do Brasil e no Paraguai, e
chegaram ao novo campo no mês de abril. Eles porém não permane-
ceram no campo por causa de uma enfermidade da Patrícia.
O Timor-Leste, país destroçado pela guerra, é considerado um dos
países mais jovens e também mais pobres do mundo734. Timor-Leste é
um campo aberto para projetos sociais, e para lá seguiram em 2005 o
casal Evaldo e Vanete Teixeira e a missionária Silvânia Maria da Costa.
Esta foi com o objetivo de implantar o PEPE e ministrar aulas em uni-
versidades735. O fato de Silvânia e sua equipe ter uma gramática em
língua portuguesa, publicada pela Secretaria de Educação do Timor-
Leste, facilitou a obtenção de seu visto.

4.2 Em países do Leste Europeu e da Ásia Central


Embora o Leste Europeu não seja constituído apenas dos países da
ex-União Soviética, geralmente, quando se faz referência a essa parte
do mundo, o que nos vem à mente é o comunismo que ali dominou de
forma inusitada por muitas décadas. Vários outros países não soviéticos

-" TIMOR-LESTE. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.


org>. Acesso em 03 out. 2008.
-" MARTELETTO, Luiz Cláudio. Rumo ao Timor Leste. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12,
mar./abr. 2001.
NOVOS campos: Etiópia e Timor-Leste. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano3, n. 8, p. 5,
jan./fev./ 2006.
estão nessa região, assim como alguns outros que faziam parte do bloco
soviético se encontram na Ásia.

Considerações sobre a União Soviética


O regime socialista, baseado nos princípios desenvolvidos por Karl
Marx e Friedrich Engels, foi estabelecido primeiramente na Rússia, em
1917, com a Revolução liderada por Vladimir Lênin e auxiliada por
Leon Trotski, Josef Stalin e outros dirigentes de esquerda. Em 1922,
o nome do país foi mudado para União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS), que englobou de início sete repúblicas. A URSS se
tornou, ao lado dos Estados Unidos da América do Norte, uma das
maiores potências do mundo em todos os tempos. A partir de 1985, o
líder soviético Mikhail Gorbachev assumiu a secretaria do Partido Co-
munista e apresentou projetos de reformas democráticas, resultando
na redução da censura, libertação de presos políticos e retirada das
tropas do Afeganistão. Ele passou a usar os termos glasnost (transpa-
rência) e Perestroika (reconstrução), e grandes mudanças começaram
a ocorrer, inclusive a queda do muro de Berlim em novembro de
198973'.
O movimento da independência das repúblicas iniciou com o golpe
de agosto de 1991, depois de uma tentativa malograda no ano ante-
rior. Finalmente houve a suspensão na própria Rússia das atividades do
Partido Comunista, que implicou inclusive o confisco de seus bens e a
dissolução da cúpula da KGB (Comitê de Segurança do Estado), que
era a agência de segurança da URSS. A dissolução definitiva da KGB foi
assinada pelo presidente da Rússia Boris Yeltsin, em 21 de dezembro
de 1995, quando foi oficializada a Comunidade de Estados Indepen-
dentes (CEI) e o fim da União Soviética737. Assim surgiu um novo mo-
mento para os cristãos que ainda se encontravam nos países soviéticos,
e o caminho começou a se abrir para que missionários anunciassem o
evangelho no Leste Europeu.

z''' FORMAÇÃO do Estado Soviético. In: COLÉGIO RAINHA DA PAZ. Disponível em: <http:/
www.rainhadapaz.com.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
7'7 UNIÃO Soviética. In: IDADE CONTEMPORÂNEA. Disponível em: <http:/www.historiado-
mundo.com.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
Sabe-se que na época do domínio comunista houve muito sofrimen-
to dos cristãos. "As pessoas eram batizadas nas florestas, com tempe-
ratura abaixo de zero, por causa da perseguição. Nas igrejas, mesmo
funcionando com a permissão do Governo, eram colocados agentes
da KGB para vigiarem o que acontecia nos cultos"738. Falando especi-
ficamente sobre a Rússia do período soviético, Waldemiro Tymchak739
escreveu em 1969 sobre a sede de Deus e da sua Palavra:
Quando se lê a Palavra de Deus o povo devora cada palavra pronunciada com
os olhos. Alguns abrem a boca e esquecem de fechá-la. Outros choram, outros
são possuídos de um gozo espiritual tal qual nunca visto. Quando se ora no culto,
a congregação toda ora com o pregador ou com a pessoa do auditório. Não há
gritaria como acontece nas igrejas pentecostais. É apenas um murmúrio silencioso
vibrante cheio de fé e fervor. O "amém", no final da oração, ecoa através do salão
e o mesmo acontece quando o pregador termina a oração; o "amém" é obrigató-
rio e a congregação responde. Ser crente na Rússia é uma luta diária. Eu repito, é
uma luta intensa. Você é ou não é crente. Não há meio termo.

No início de 1990, em interessante artigo sobre a liberação políti-


ca liderada por Mikhail Gorbachev no Leste Europeu, dentre outras
observações, o autor mencionou que a área dominada pelo poder
soviético era de 24 milhões de quilômetros quadrados, com 433 mi-
lhões de habitantes, 245 idiomas falados, 12 milhões de cristãos pro-
testantes, representando apenas 3% da população. Desde 1945 não
havia missionários estrangeiros nos países do Pacto de Varsóvia. Com
a glasnost (transparência) e a Perestroika (reestruturação), "o Senhor
está abrindo as portas. A hora e a vez do Leste Europeu é, também,
a hora e a vez do povo de Deus"740. Na realidade, para facilitar o seu
trabalho, o casal Moreira se localizou na Áustria, mas seu ministério se
estendeu para o Leste Europeu741, começando com a Romênia, que
não era da União Soviética, onde ele pôde trabalhar com liberdade

-'" COMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 9, jan./fev. 2008.
TYMCHAK, Waldemiro. Eu chorei na Rússia! O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 69, n. 47,
p. 4, 23 no. 1969.
-' NUNES, Macéias. A hora e a vez do Leste Europeu (A). O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
90, n. 4, p. 8, 28 jan. 1990.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC e Coordenação, 1989, p. 380.
para evangelizar, pregar e entregar literatura. Paulo Moreira Filho742
escreveu em 1990:
Seitas! Seitas! Seitas! Elas estão chegando com tudo na Romênia: mórmons,
testemunhas de Jeová e "New Age" são apenas alguns exemplos. O perigo é
enorme por causa do vácuo espiritual que o ateísmo só fez realçar no país e
devido às desinformação dos crentes a respeito.

Interessante artigo foi escrito por Waldemiro Tymchak743 em 1991,


onde menciona que no final da União Soviética os crentes do Leste
Europeu estavam clamando pela ajuda missionária do Terceiro Mundo,
pois os crentes da África, Ásia e América Latina podiam ser mais efeti-
vos no trabalho missionário que os da América do Norte e da Europa.
O depoimento sobre o Leste Europeu, no relatório da JMM apresen-
tado à assembléia convencional em 1995, é muito importante. Escre-
veu Waldemiro Tymchak744:
Verificamos que muita coisa mudou desde a queda do muro de Berlim em
1989. A Rússia hoje é um campo missionário profundamente necessitado. 1...]
Foi com tristeza que notamos que a liberdade está levando os crentes a serem
menos zelosos. Hl O mundo ao redor deles mudou radicalmente. Eles têm
total liberdade, mas não sabem usufruí-la. [...1 Apesar de tudo, o povo está com
fome da palavra de Deus. Onde há pregação ou evangelização, há resultados
e respostas. [...1 Da Rússia fomos à Ucrânia. É impressionante ver a abertura
do povo ucraniano ao evangelho. Quanto aos nossos missionários autóctones,
eles estão fazendo um trabalho bom. Contudo, lhes falta treinamento e visão
evangelística da igreja. Da Ucrânia fomos à Romênia e de lá à Albânia. As seitas
estão invadindo a região de forma arrojada, e o povo tem questionado se nós,
os batistas, somos apenas mais uma a proclamar a sua verdade. E...] Que muitos
se apresentem para treinar, evangelizar e organizar igrejas no Leste Europeu e
que as igrejas nos dêem os recursos materiais necessários.

Romênia
A Romênia viveu sob o regime comunista a partir de 1947 com a
ocupação soviética, mas uma política externa independente da URSS foi

MOREIRA FILHO, Paulo. Apud TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: 71 áassembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1990, p. 340 e 341.
74 ' TYMCHAK, Waldemiro. Clamores e temores do Leste Europeu. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, n. 82, p. 1, set. 1991.
"^ Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 76- assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1995, p. 390-93.
adotada na década de 1980, culminando com
uma revolução em 1989 em busca da demo-
cracia, que levou o país à ruína econômica.
Entretanto, em 1991, foi promulgada pelo
Parlamento uma Constituição democrática745.
No mês de julho de 1992, após quase
quatro anos de trabalho, foram remanejados
do Equador, onde atuaram desde 1988, para
a Romênia, o casal Heinrich Friesen e Olga
Schmidtke Friesen, com a proposta de se-
rem sustentados pela Primeira Igreja Batista
de Niterói através do PAM. Houve antes, em
1937, um primeiro contato com a Romênia
de um batista norte-americano que foi mis-
sionário no Brasil por muitos anos, quando
H. H. Muirhead deu um Curso por Extensão
para professores de Escola Bíblica no Semi-
nário de Bucareste e na Igreja Chisnau746. Os
desafios enfrentados pelos missionários tornaram-se grandes com os
problemas econômicos. Também a necessidade de aprender uma ou
duas línguas, tendo em vista que ali se falava o romeno e o húngaro,
dificultou o trabalho missionário. Em novembro de 1991 havia na Ro-
mênia 8 pastores para 53 igrejas batistas, o que denota carência de
obreiros e líderes747.
O casal de missionários na Romênia desde 1995, Gerson Tomaz
Pereira e Sônia Maria da Silva Tomaz748, escreveu em 2002 que na-
quele país estava a maior comunidade de ciganos do mundo com um
milhão e meio de pessoas e que a maior necessidade ali era a forma-
ção de líderes ciganos. O plano era que o trabalho de evangelização

- ROMÊNIA. In: BRASIL ESCOLA. Disponível em: <http:/www.brasilescola.com >. Acesso em


03 out. 2008.
- MUIRHEAD, H. H. Curso de extensão na România. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 37,
n. 20, p. 11, 20 maio 1937.
-' MAIS um passo: Romênia. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 3, ago. 1992.
'" TOMAZ PEREIRA, Gerson; TOMAZ, Sônia Maria da Silva. Romênia: ciganos começam a ser
alcançados. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 10, p. 12, 04 a 10 mar. 2002. Não há
unanimidade nas fontes sobre o número de ciganos, chegando alguns estudiosos a afirmar que o
número hoje chega a seis milhões.
fosse feito através de estudos bíblicos. O missionário mencionou ain-
da que em Bucareste estava a Igreja Odel Si Amenca (Emanuel) com
80 membros.
Na assembléia convencional de 2002, em Olinda, Pernambuco,
Sônia Maria Tomaz749 falou sobre o trabalho no Leste Europeu, re-
ferindo-se a uma escola para ciganos com 40 alunos na Romênia.
Mencionou ainda a ênfase dada naquele país à plantação de igrejas
e treinamento de obreiros, sendo treinados na residência dela e do
esposo nada menos do que 50 líderes. Referência é feita ao trabalho
de evangelização entre refugiados e à extensão da obra para outros
países como Moldávia, Bielo-Rússia, Rússia e Polônia. A missioná-
ria foi convidada pela Embaixada Brasileira para lecionar português
para juristas, médicos, diplomatas, técnicos, abrindo a oportunidade
para que o evangelho fosse conhecido entre as autoridades brasilei-
ras e européias. A classe na Embaixada já alcançava 100 alunos. Mais
tarde, já em 2008, novo depoimento é dado por Gerson e Sônia
Tomaz"° sobre o trabalho entre ciganos, mencionando a equipe de
missionários autóctones ciganos em quatro comunidades. O casal
conclui:
Este povo tem sido o mais receptivo ao evangelho aqui na Romênia. Os que
trabalham na evangelização de ciganos tem público para ouvir e não encontram
dificuldades para convencê-los de que são pecadores, pois eles estão conscien-
tes disso. Obviamente o mais difícil ocorre na tentativa de que a Palavra pene-
tre nos seus corações produzindo frutos dignos de arrependimento.

Ucrânia.
A Ucrânia foi desde o século IX o centro da civilização eslava orien-
tal. No século XX, após quatro anos de independência que seguiu à Re-
volução Russa, integrou-se à URSS. Após o colapso da União Soviética,
tornou-se um Estado soberano. Sua economia hoje é considerada um
mercado livre emergente. A religião predominante é a Católica Orto-

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 820, 2002, Recife/Olinda, ata da 100 sessão. Convenção
Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 55.
TOMAZ PEREIRA, Gerson; TOMAZ, Sônia Maria da Silva. Carta da Romênia. Mensagem rece-
bida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 abr. 2008.
doxa, sendo a Igreja Ortodoxa Ucraniana vinculada ao Patriarcado de
Moscou7".
No ano de 1993, a Junta iniciou o trabalho na Ucrânia, com mis-
sionários da terra através de convênios. No final do mesmo ano, o
pastor Dmytro Bucky, da Igreja Batista Ucraniana de São Caetano
do Sul, SP, viajou para a Ucrânia com apoio da JMM, para passar
ali alguns meses dando apoio ao trabalho realizado no país. Como
resultado de seu trabalho, foi organizada a Igreja Batista Boas Novas
com 40 membros, houve mais de 80 decisões, vários batismos e foi
formulado um convênio com a JMM, inicialmente para o sustento
de quatro obreiros da terra752. Em 1994 o número de missionários na
Ucrânia chegou a 10.
O Jornal de Missões apresenta um depoimento sobre a Ucrânia:
"Com a dissolução das Repúblicas Socialistas Soviéticas e sua extinção
do partido comunista em 1991, a Ucrânia se tornou uma das mais
importantes portas para a pregação do evangelho de Jesus Cristo para
o mundo pós-marxista"753. O número de evangélicos no país chega a
300.000, sendo batistas cerca de metade desse número. A situação dos
evangélicos na Ucrânia no período de dominação soviética era muito
difícil, e apesar de hoje haver facilidade para a penetração do evange-
lho, aqueles momentos traumáticos do passado ainda hoje têm seus
reflexos. O missionário especial Anatoliy Schmilikhovskyy, que estudou
no Brasil, teve em seu pai, que foi diácono e depois pastor batista, um
exemplo de coragem e firmeza. Anatoliy754 relata uma das experiên-
cias de seu pai, explicando a importância da Bíblia naquele período na
União Soviética:
A Bíblia era um livro proibido na Ucrânia, e as pessoas que possuíam Bíblias
eram muito perseguidas. Meu pai me contou que certa ocasião foi à estação
ferroviária para receber um saco de Bíblias. Ele pegou aquela sacola cheia de
Bíblias e colocou no porta-malas do carro. Ao dirigir, percebeu que havia outro

' UCRÂNIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.


Acesso em 19 set. 2008.
SANTANA, Esequias. Ucrânia: portas abertas para o evangelho. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 8, jan./fev. 1994.
UCRÂNIA: o mais novo campo missionário dos batistas brasileiros. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 1, jan./fev. 1994.
SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
carro que o perseguia. Para onde ele conduzia o veículo, era seguido de perto.
Ele começou a orar fervorosamente e, quando chegou no semáforo, conseguiu
passar no amarelo e rapidamente chegou à Igreja. Ali entregou as Bíblias, que
naquela época eram o maior presente. Era algo muito raro. Muitas pessoas a
tinham em casa, mas copiada à mão. Na época havia um irmão que possuía
uma máquina para imprimir as páginas da Bíblia, mas se fosse descoberto, ele
iria para o campo de concentração. Na nossa casa era uma única Bíblia para
cinco pessoas. Na Igreja só alguns irmãos possuíam Bíblias. Geralmente só os
pastores e pregadores leigos.

Em novembro de 1994, a Junta


aprovou como novos missionários
para a Ucrânia Joel Santos Costa e
Susana Stepuniuk Costa, que segui-
ram para o campo em 1995, com a
finalidade de coordenar o trabalho
com obreiros da terra. Eles perma-
neceram ali por 13 anos, e no seu
período o trabalho com obreiros da
terra se expandiu para outros países
do Leste Europeu, conforma adiante
será mencionado. Interessante ob- Em 1995,
Suzana Stepuniuk Cos
servação foi feita pelo Executivo da a Ucrânia como pion
JMM em seu relatório referente ao
ano de 1994: "Dizemos sem qual-
quer sentimento de triunfalismo. Somos nós os brasileiros que fazemos
o melhor trabalho missionário em terras ucranianas. Isso acontece por-
que estamos lá não como chefes ou mestres, mas como servos entre
servos para compartilhar experiências'''.
Uma viagem do pastor Waldemiro Tymchak ao Leste Europeu foi rela-
tada por ele no relatório de Missões Mundiais referente ao ano de 2004,
destacando-se o contato com o casal Joel e Suzana Costa e com os
jovens ucranianos Anatoliy Schmilikhovskyy e Lyubomyr Matveyev, que
estudaram no STBNB, no Recife, e Natasha Matveyev, que estudou no
SEC. Eles concluíram seus cursos em nível de Bacharel em 2003 e retor-

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 77a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 411.
naram à Ucrânia em 2004 como missionários especiais756. Em 2006, os
dois missionários especiais coordenavam o ministério de missionários da
terra em 12 países do Leste Europeu. Eles, que aprenderam e absorveram
o ardor missionário no Brasil, passaram a realizar congressos missionários,
tentando despertar a visão missionária entre o seu povo757.
Em novembro de 2004, foi realizado o primeiro "Proclamai" ucra-
niano, orientados pelos jovens missionários Anatoliy e Lyubomyr, com
mais de mil pessoas presentes. Os objetivos foram "despertar, unir e
envolver as igrejas na obra missionária para o crescimento do Reino de
Deus em todo o Leste Europeu"758.
Conforme Lyubomyr, o atual presidente da Ucrânia, Viktor
Yushchenko, eleito em dezembro de 2004, é da Igreja Ortodoxa, que
agrega a maioria dos cristãos no país. Há liberdade religiosa na Consti-
tuição, mas com privilégios para a Igreja Ortodoxa. Por outro lado, há
quem estranhe a situação hoje, porque no período soviético ninguém
pagava escola, moradia, alimento, tratamento de saúde e várias outras
coisas, assim como não havia rico e pobre, pois todos recebiam a mes-
ma cota. O Governo controlava tudo. Por outro lado, às vezes faltava
o produto, inclusive alimento, embora as pessoas tivessem o dinheiro.
Também não havia liberdade religiosa e isso era o pior que poderia
acontecer. Lyubomyr Matveyev759 explica:
No período de dominação soviética nos reuníamos escondidos em uma casa
comum. As janelas eram fechadas com cortinas pretas. Somente havia pre-
gação, não cantávamos, porque a polícia secreta vigiava 24 horas por dia.
Quando alguém ia à Igreja, ouvia a Palavra de Deus que prometia libertação e
o povo se emocionava muito e chorava. A alegria era expressa com lágrimas.

Id. Convenção Batista Brasileira: 89 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 78-81. Lyu-
bomyr e Anatoliy foram estudar no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), me-
diante convênio entre a JMM e aquela instituição, na ocasião dirigida por Zaqueu Moreira de
Oliveira. Mais tarde, Lyubomyr se casou com Natasha, e foi feito novo convênio com o Seminário
de Educação Cristã (SEC), para que ela fizesse o Curso de Educação Religiosa. Eles retornaram à
Ucrânia, mas os rapazes continuam voltando anualmente ao Brasil, pois estão fazendo o Curso de
Mestrado em Teologia através de módulos, no STBNB.
MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Região 2 — Europa. Convenção Batista Brasi-
leira: 87á assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 116 e 117.
SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Mais de mil pessoas no primeiro Proclamai. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 9, jan./fev. 2005.
MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
O meu pai, que era um pastor, tinha bom humor, mas ao mesmo tempo era
um chorão. Ele viveu fortemente a perseguição, e ele mesmo foi perseguido.
O comunismo prometia um belo futuro na terra, mas sem Deus. Por outro
lado no capitalismo há liberdade para alguém ir à Igreja. Então, quando há
problema, você vai até lá, paga ao sacerdote e "resolve" tudo. Obviamente
isso é ilusório! Infelizmente hoje a distribuição de folhetos e campanhas de
evangelização não têm o mesmo resultado, porque antes se fazia tudo com o
coração entregue a Deus, havia fidelidade ao evangelho, mesmo sabendo do
perigo que corriam. O evangelismo que agora funciona é o evangelismo sem
palavras, de comportamento, de ação, de vida. Este produz mais resultados do
que qualquer campanha promovida pelas igrejas ou com grandes expoentes
da evangelização. As teorias sociais, econômicas e políticas são muito bonitas,
mas falhas. Só o evangelho é o poder de Deus e a verdadeira liberdade é a que
nos ensina a Palavra de Deus.

Em 2007, mesmo morando na Ucrânia, Anatoliy supervisionava o


trabalho em 7 países, coordenando também as atividades de 6 missio-
nários da terra na Polônia, 21 na Bielo-Rússia e 17 na Rússia. Os outros
países, cujo trabalho era coordenado por ele são Uzbequistão, Tadji-
quistão, Turcomenistão e Cazaquistão, além de trabalhar na área de
missões estaduais na Ucrânia760. Enquanto isso, Lyubomyr coordenava
o trabalho em mais 7 países do Leste Europeu, incluindo a supervisão
das atividades de 31 missionários da terra na Ucrânia. Em novembro
de 2008, o número de missionários da terra em todo o Leste Europeu
chegou a 125, em 14 países, incluindo 27 na Ucrânia, 17 na Rússia, 20
na Bielo-Rússia e 12 na Moldávia.
Um dos obreiros da terra na Ucrânia, André Bondarenko, portador
de HIV há sete anos, trabalha com portadores de AIDS, sendo bem
recebido por eles pelo fato de sofrer do mesmo problema. Muitos acei-
tam a mensagem e são batizados. A metodologia usada para integração
dos novos convertidos é explicada por André Bondarenko761:
Eles passam por um processo de estudo da Palavra; em outro momento a Igreja
ensina aos seus membros como conviver e ajudar aqueles novos irmãos; depois
é organizado um grupo com quem tem parentes com o vírus, para que sejam
preparados para lidar com seus familiares enfermos e ajudá-los.

7() SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu


Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
761 BONDARENKO. Andre. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
Deve ficar claro que, quando nosso missionário da terra se conver-
teu, já era portador do vírus, mas Deus usou essa adversidade para
que ele levasse a Palavra a outros portadores de HIV, que passaram a
conhecer Jesus Cristo.
No final de agosto de 2007, quando o casal Zaqueu e Edelweiss de
Oliveira esteve na Ucrânia, um grupo de obreiros da terra foi entrevis-
tado sob a interpretação de Lyubomyr Matveyev. A expressão daqueles
homens, na sua maioria, vítimas de perseguição no período soviético,
era como se estivessem ainda traumatizados. Mas eles queriam ouvir os
visitantes. O casal falou mais de três horas e eles queriam ouvir mais.
A sede da verdade é uma tônica na vida daquele povo. A maioria da-
quele grupo era constituída de pastores que não tiveram oportunidade
de serem treinados em um seminário. No final, aquela aparência de
sofrimento que apresentavam inicialmente tinha mudado. Era a alegria
do Senhor estampada em seus rostos. Em alguns momentos, os autores
deste livro choraram ao ouvir tão ricas experiências. Um deles, Vasiliy
Didek762, relatou o seguinte:
Vou completar daqui alguns dias 70 anos. Vivi mais de cinco décadas na época
do ateísmo. Certa ocasião, ainda no período soviético, um major da KGB (Co-
mitê de Segurança do Estado) me chamou para conversar. Ele demonstrou que
sabia tudo sobre a minha vida, chegando a contar até mesmo ocorrências que
eu não tinha mais lembrança. No final ele disse: "Você é uma pessoa muito
boa; eu sei o seu passado e o seu presente, mas quero que você trabalhe conos-
co". Eu sabia que uma resposta negativa poderia significar muita perseguição
contra a minha pessoa e meus familiares, e até mesmo a minha execução. Mas
a minha resposta foi: "Meu nome é Vasiliy. Não sou Judas".

Quando hoje muitos estão andando para trás como caranguejos;


quando alguns pastores ouvem um assovio de alguém com promessas
de vantagens materiais, e deixam as nossas plagas em busca de tesouros
perecíveis; quando a convicção de muitos deixa de estar firmada na
Palavra de Deus, jogando por terra a esperada eficiência de supostos
líderes; um testemunho como esse nos deixa envergonhados pela es-
cassez de esforço e sacrifício de nossa parte, para que a missão de Cris-
to seja realizada com sucesso. Que mesmo na nossa fraqueza perante

"2 DIDEK, Vasiliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
os poderes deste mundo, possamos ouvir de Jesus: "Tens pouca força,
entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome" (Ap.
3.8b).

Albânia
A Albânia, situada na península dos
Bálcãs, não se integrou à URSS. Durante
a Segunda Guerra Mundial, entre 1939
e 1943, esteve sob o domínio da Itália
de Benito Mussolini. Em junho de 1994,
Manoel Florêncio Filho e Raquel Carnei-
ro Florêncio foram, através de convênio,
para a Albânia, que era considerada na
ocasião "o país mais comunista e mais fe-
chado ao evangelho de toda a Europa"763.
Por isso a colocamos aqui nesse bloco, e
não entre os povos muçulmanos, embora
os seguidores do islamismo ali cheguem
a 65% da população. Quando a família
Florêncio chegou ali, já havia missionários
brasileiros de outras missões. Eles estavam
Manoel Florêncio Filho e
na Albânia desde 1994, e depois de pou- Raquel Carneiro Florêncio
co mais de três anos foram forçados a sair an am a Albânia em 1994

de lá em virtude da instabilidade política.


Dentre alguns acontecimentos ocorridos em 1997, menciona-se que,
em março, conflitos na Albânia forçaram o missionário Manoel Florên-
cio Filho e família a saírem apressadamente do país, exatamente no
momento quando deixava de ser o país menos evangelizado da terra
para ser o que tinha o maior número de missionários evangélicos por
habitante. Por outro lado, era na Albânia onde havia o maior número
de missionários muçulmanos764. No curto período de ministério na AI-

7 " BROWN, David Alan. Albânia — a Macedônia do ano 2000. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 7, maio/jun. 1994.
764 CONFLITOS ameaçam igreja na Albânia. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, maio/jun.
1997.
bânia, a família Florêncio trabalhou em parceria com a Missão Batista
Conservadora e deixou duas frentes missionárias. Ao sair foi par a Ma-
cedônia, no sudeste da Europa765, e no ano seguinte para a Itália. O
missionário relata como foi a sua saída da Albânia:
Os depósitos de armas do exército foram saqueados e estabeleceu-se o caos.
Decidimos sair juntos com os missionários de outras agências, na madrugada
do dia 14. Soubemos que uma rede de intercessores brasileiros estava orando
por nós e, de fato, fomos muito abençoados, pois não encontramos nenhum
obstáculo no caminho. Chegamos em Custódia, na Grécia, às oito da manhã e
ficamos sabendo que em Korça, onde estávamos, até os hospitais e a materni-
dade foram saqueados66.

Em outubro de 2006, Henrique Davanso Pechoto e Henriqueta


Cunha Nogueira Pechoto, seguiram para a Albânia. Embora já tivessem
muita experiência de trabalho com drogados, foram com a finalidade
de implantar igrejas. O trabalho está em andamento, tendo sido ini-
ciada uma escolinha de futebol, e já há a possibilidade de em breve
organizar a primeira igreja na região onde trabalha, que é uma das mais
pobres do país. Henrique Pechoto767 testemunha: "Estamos fazendo
discipulado com os novos convertidos. Nossa maior alegria é estarmos
onde o Senhor nos mandou, fazendo exclusivamente a Sua vontade,
sem nos preocuparmos com o que ficou para trás. Aleluia!"

Outros países da antiga URSS


Um dos novos campos em 1995 foi Bielo-Rússia, que alguns chamam
de Rússia Branca. Em janeiro de 1998, foram iniciados trabalhos em mais
três países do Leste Europeu, e em fevereiro do mesmo ano, mais um
que foi a Rússia768 . O trabalho na Bielo-Rússia, realizado por obreiros
da terra, é comentado pelo missionário que se encontrava na Ucrânia,

-6 ' SANTANA, Esequias. Missionários deixam a Albânia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97,
n. 13, p. 11, 31 mar. 06 abr. 1997.
FLORÉNCIO FILHO, Manoel. Conflitos ameaçam igreja na Albânia. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, maio/jun. 1997.
-6- PECHOTO, Henrique Davanso. Informativo missionário — Albânia. In: JUNTA DE MISSÕES
MUNDIAIS. Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 04 nov. 2008.
TYMCHAK, Waldemiro. Convenção Batista Brasileira: 80r assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
1999, p. 425-432.
Joel Costa'", que em 2000 coordenava 97 obreiros da terra na Rússia,
Ucrânia e Bielo-Rússia. Ele lembra a forte influência da tradição cristã
ortodoxa na Bielo-Rússia, e que no país há somente 1,1% de evangélicos,
incluindo 240 igrejas batistas com 14 mil membros. Os 20 missionários
autóctones ali batizaram 50 novos crentes em 1998 e 33 em 1999.
Em 1997, chegamos com obreiros da terra à Moldávia em maio e à
Polônia em julho. No mesmo ano, interessante comentário sobre a ex-
União Soviética é feito por Waldemiro Tymchak"°:
O que os comunistas fizeram para difundir o marxismo, Deus está usando para
disseminar o evangelho da salvação. Na ex-União Soviética todos foram obri-
gados a falar o russo. Além disso, o sistema comunista impôs em cada vila ou
aldeia uma casa de cultura onde eram realizadas conferências e congressos
para propagar a ideologia marxista. Hoje, o fato de em qualquer lugarejo se
falar o russo, torna a tarefa missionária mais fácil e, como se isso não bastasse,
as casas de cultura estão sendo cedidas para as reuniões evangelísticas e para os
cultos. É o milagre de Deus! É a sabedoria de Deus nos mostrando na prática as
palavras de Cristo: "Contra a minha igreja as portas do inferno não prevalecerão"
(Mt 1 6.1 8b).

Após chegar a vários países da ex-União Soviética em anos anterio-


res, somente em janeiro de 1998 os batistas brasileiros iniciaram suas
atividades na Rússia, onde há cerca de 250 mil evangélicos, sendo 100
mil batistas. O coordenador do trabalho dos obreiros da terra é o Mis-
sionário Especial ucraniano, já mencionado, Anatoliy Schmilikhovskyy,
que é coadjuvado pelo Diretor Executivo do Departamento de Missões
da Convenção Batista Russa, Mihail Zhdan771.
O presidente da Convenção Batista Russa escreveu em 2001 que a
sua Convenção existia há 135 anos. Mas somente nos 10 últimos anos
houve o despertamento para o trabalho missionário, quando as 500
igrejas existentes organizaram mais 800. O diretor de Missões da Con-
venção Batista Russa, Ruvim Voloshin772, prossegue:

COSTA, Joel. Capacitação dos obreiros faz obra crescer. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
5, mar./abr. 2000.
77" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 7E0 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1997, p. 401.
7" GOMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-

sões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 9, jan./fev. 2008.


772 VOLOSHIN, Ruvim. Rússia, a grande oportunidade. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4,
mar./abr. 2001.
Os soviéticos pensavam que conheciam a verdade e que o evangelho era ape-
nas uma ilusão. Tudo isso porque durante 70 anos só tiveram contato com uma
cultura. Havia autoridade que ensinava apenas uma "verdade" — a do comu-
nismo. Mas hoje a Rússia está passando por um momento diferente. Este é o
tempo da liberdade para exercer a fé. Nunca houve, em nenhuma época coisa
igual. Hoje nós podemos pregar, alugar salões e construir templos. Precisa-
mos aproveitar esta oportunidade.

No início do ano 2000 foi lançado o Projeto A Hora do Leste, pre-


vendo a criação de quatro escolas de missões na Romênia e uma na
Ucrânia, para preparar obreiros, na convicção de que o preparo e sus-
tento de obreiros da terra é um imperativo. Luiz Cláudio Marteletto773
comenta sobre o projeto: "O comunismo secou o coração das nações
soviéticas com a propaganda ateísta, afastando-as de Deus e deixando
um lastro de desilusões. Milhões de pessoas estão sedentas daquilo que
o regime comunista não pôde dar: esperança, paz e vida eterna".
Um dos novos campos da JMM em 2001 foi a Armênia, com missio-
nários da terra. A República da Armênia é localizada em parte na Ásia e
em parte na Europa. Alguns órgãos, inclusive a ONU, a colocam na Ásia
e outros na Europa. Muitos armênios e a União Européia a situam na
Europa e explicam que é "por uma questão de princípios'. O núme-
ro de cristãos chega a 99%, sendo 95% da Igreja Apostólica Armênia.
Em 2004, comentário interessante foi feito por Júlio César Ravani75,
que mostra a urgência do trabalho missionário aproveitando as oportu-
nidades que surgiram. Ele escreve:
No Leste Europeu, suas autoridades cercearam a mensagem cristã por longo
tempo. Ensinaram que o comunismo era suficiente para suprir toda a carên-
cia humana. Hoje, com a queda do regime, aquelas pessoas estão com uma
enorme lacuna espiritual que precisa ser preenchida. Elas estão abertas para
qualquer mensagem. Isto significa que os portadores da mensagem verdadeira
precisam se antecipar aos demais.

Em 2002, o trabalho dos batistas brasileiros se estendeu para Letônia,


Lituânia, Estônia e Cazaquistão, além da Macedônia.

—3 MARTELETTO, Luiz Cláudio. A hora de ceifar no Leste Europeu. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 20, jan./fev. 2000.
ARMÊNIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 19 jul. 2008.
RAVANI, Júlio César. Como ouvirão? O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 7, p. 3, 15
fev. 2004.
O relatório da JMM referente a 2004 faz referência à Moldávia, que
tem o grupo batista que mais cresceu em toda a Europa e se tornou a
primeira nação da ex-União Soviética a formar uma Junta de Missões
Mundiais. Outro destaque é o "Proclamai" russo, realizado naquele ano
sob orientação do pastor Rubin Voloshin, que se inspirou no Proclamai
realizado no Rio de Janeiro em 2001. O relatório faz ainda menção à
atividade dos batistas brasileiros na Romênia, Cazaquistão, Polônia e
nos países bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia"6.
Em agosto de 2006, foi para a Letônia Hans Gilson Behrsin e Elaine
Behrsin, sendo ele descendente de letos. Chegaram à capital, Riga, em
11 de setembro, quando foi logo convidado para integrar uma equipe da
União das Igrejas Batistas da Letônia, e assumir o centro de treinamento
para líderes recém-formados em seminários. O
projeto é que em 10 anos sejam plantadas 100
igrejas nas principais cidades do país e na frontei-
ra com a Lituânia, Estônia, Rússia e Bielo-Rússia,
onde não há trabalho evangélicom.
Entre 29 de outubro e 10 de novembro de
2007, o pastor Wander Ferreira Gomes esteve
na Ucrânia, Rússia e Romênia, enviado por sua
Igreja, a Batista do Recreio dos Bandeirantes,
no Rio de Janeiro, em convênio com a JMM. Ele
trouxe um belo relatório do trabalho naqueles
Hans Gilson Behrsin e
países, publicado no Jornal de Missoes"8. Elaine Behrsin chegam à
Nem tudo são flores nos países ex-soviéticos, Letônia em 2006

pois em alguns deles ainda há pressão contra ou-


tros grupos religiosos, principalmente evangéli-
cos. A situação na Ásia Central é tensa, inclusive ações de vários governos
de países como Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Tadjiquistão,
têm atingido também batistas. Notícias do Cazaquistão informam que,
de forma geral, a opinião pública é de que as seitas são perigosas; e os

776 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 89 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 78-81.
7 '7 LETÔNIA: 100 novas igrejas. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 4, set./out. 2007.
77" GOMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-

sões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 9, jan./fev. 2008.


batistas são considerados "seita". Há tentativas, partindo do Governo, de
limitar o número de missionários evangélicos e controlar a distribuição
de literatura e o envolvimento de jovens nas atividades cristãs79. Notícias
mais recentes dão conta de que na cidade de Aliabad, em Azerbaijão, o
pastor Zaur Balaiev foi preso em 2007, ficando na prisão por oito meses.
Logo depois de liberto, outro pastor na mesma cidade, Shabanov Gamid,
e o filho do primeiro pastor referido acima, foram presos com perigosas e
falsas acusações. Nosso missionário na Ucrânia, Lyubomyr Matveyev780,
termina as informações acima dizendo: "Nos corações dos irmãos azer-
baijanos está a paz de Cristo, apesar das ondas altas que fazem de tudo
para afundá-la no mar da perseguição e prisão!"

4.3 Para alcançar os povos muçulmanos


Trataremos aqui dos povos muçulmanos de forma geral, embora nem
todos os países com forte influência islâmica sejam abordados. Sabe-se
que depois do cristianismo, o maometismo é a religião que agrega o
maior número de adeptos no mundo. Nos últimos anos, o ardor missio-
nário dos muçulmanos tem deixado muitos cristãos espantados, o que
explica o interesse crescente da JMM em alcançar este grupo, inclusive
em países cuja maioria é de outras religiões.

Considerações gerais
Em 1990, um trabalho sobre os muçulmanos publicado na Revista
Teológica do Seminário do Sul foi adaptado para O Campo é o Mun-
do. O autor lembra que na ocasião havia 900 milhões de muçulma-
nos e mais de 70 países com população islâmica. Segundo o autor,
metade da população da África era maometana. E continua: "O islã
continua ainda hoje tendo o objetivo de remodelar a vida política,
econômica, as leis e hábitos sociais em nome da religião"781. O !sia-

SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy; SCHMILIKHOVSKYY, Iryna. Mensagem recebida por <zedel@


uol.com.br> em 30 abr. 2008.
MATVEYEV, Lyubomyr. Informativo missionário — Azerbaijão. Mensagem recebida por <edel-
falcao@yahoo.com.br> em 05 ago. 2008.
LEITE FILHO, Tácito da Gama. Anunciando Jesus Cristo ao mundo islâmico. O Campo é o
Mundo, Rio de Janeiro, n. 79, p. 6, jul. 1990.
mismo é a religião que mais cresce no mundo, apresentando núme-
ros assustadores para os cristãos. Estatísticas de 1997 confirmavam
que havia mais muçulmanos do que católicos romanos no mundo,
quando o percentual da população islamita era de 19,6% e o de todos
os cristãos, incluindo os nominais, não chegava a 30%782. Dados de
2007 apresentam um bilhão e 200 milhões de adeptos e 24% da po-
pulação mundial. Em 2008, esse percentual quanto aos muçulmanos
aumentou mais ainda, já se aproximando dos 25%, com quase um
bilhão e 500 milhões de adeptos, segundo divulgação apresentada
por representantes do Islam. Na realidade são 53 países no mundo
considerados muçulmanos, por terem mais de 50% de sua população
seguindo a religião islamita783.
Em 1999, interessante artigo foi publicado sobre os muçulmanos,
lembrando o trabalho de Veralúcia Ferreira da Rocha, assim como de
Adoniram Judson Pires, no Senegal; do pastor e médico Joed Venturini
de Souza e sua esposa, Ida Helena, além das jovens Analita Dias dos
Santos e Edna Ferreira Dias, em Guiné-Bissau; do casal Marcos e Sil-
vana Calixto, e da jovem Cláudia Renata Pereira, no Paraguai. Dentre
outras observações, o autor esclarece que os muçulmanos formam o
segundo maior grupo religioso do mundo, depois do cristianismo. Ele
explica: "O rápido crescimento do islamismo se deve, em parte, às altas
taxas de natalidade nos países de população predominantemente mu-
çulmana, e à intensa atividade missionária por governos islâmicos"784.
Os muçulmanos têm se espalhado pelo mundo, chegando às vezes a
se antecipar aos cristãos na ousadia missionária. Existem grupos árabes
em muitos países do mundo ocidental, pelo que a JMM se despertou
para trabalhar com alguns deles em países latinos. Assim é que ainda
em 1993, o casal Marcos Stier Calixto e Silvana Leoni Calixto foi para o
Paraguai com a finalidade de trabalhar ali com o povo árabe. Em 2002,
o trabalho dos batistas brasileiros se estendeu também para os povos
muçulmanos radicados na França. O missionário Marcos Stier Calixto

7"4 JUNQUEIRA, Eduardo. O mundo é de Alá. In: VEJA. Disponível em: <http:/veja.abril.com.
br>. Acesso em 03 out. 2008.
ISLAM hoje. In: ISLAM. Disponível em: <http:/www.islam.org.br>. Acesso em 03 out. 2008.
7"4 MARTELETTO, Luiz Cláudio. Muçulmanos: eles precisam conhecer o rei Jesus. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 11, mar./abr. 1999.
relatou em 2003 a sua experiência ao criar o Movimento Árabe Cristão
(MAC), que se tornou Ministério, ajudando na organização da Igreja
Árabe de Foz do Iguaçu e o funcionamento do Centro de Treinamen-
to para Evangelização do Árabe. Mencionou ainda os Núcleos Árabes
Cristãos por ele criados, tendo em vista implantar igrejas no meio dos
árabes. É digno de nota o treinamento para evangelização de árabes
que esses missionários têm realizado, através do MAC, que dentre ou-
tras atividades em 2002 criou um projeto de treinamento de emprega-
das para trabalharem nas casas dos árabes785.
Outra informação é que somente na Índia, com sua população atual
de um bilhão e 200 milhões de habitantes, há 160 milhões de muçul-
manos, sendo grande parte deste total na Caxemira, onde após 20 anos
de atuação dos batistas, há 70 famílias seguindo a Cristo. Uma curio-
sidade é que de 30 mil missionários na índia, somente 300 trabalham
com muçulmanos. Como referido anteriormente, o trabalho da JMM
nesse país é feito através de parceria com a Agência Al-Bashir, nome
este que significa "Mensageiros de boas novas'.

Oriente Médio
O Oriente Médio é urna área com 270 milhões de habitantes, em
15 países localizados na Ásia, África e Europa, com variadas culturas,
religiões e etnias, estando ali a grande força da religião muçulmana.
Tem sido uma das principais áreas de conflitos no mundo, não so-
mente por motivos religiosos, como econômicos, políticos e sociais.
Ali se encontra a maior riqueza mineral da Ásia, o petróleo, que le-
vou a ser criado no Iraque, em 1960, um dos mais fortes organismos
internacionais: a Organização dos Países Exportadores do Petróleo
(OPEP)787.
Antes de 1981, seguiu para o Iraque o primeiro missionário dos
batistas brasileiros naquele país, João Soares Fonseca, indo a sua

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 83a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 150-169.
FERNANDES, Tomé Antônio. Promoção Brasil 2008. Documento recebido por <zedel@uol.
com.br> em 17 nov. 2008.
ORIENTE MÉDIO. In: BRASIL ESCOLA. Disponível em: <http:/www.brasilescola.com>. Aces-
so em 19 set. 2008.
esposa, Eliana Bess d'Alcântara Fonseca, no início de 1982. A con-
sagração do casal para o trabalho missionário ocorreu em 11 de
novembro de 1981. A notícia veiculada em O Jornal Batista é que
na ocasião moravam mais de 4.000 brasileiros no Iraque, ligados à
Construtora Mendes Jr., sendo 120 deles evangélicos, na maioria
batistas. A referida construtora estava empenhada na construção da
ferrovia para a fronteira da Síria, onde havia fosfato788. A região onde
está hoje o Iraque, no Oriente Médio, era a Mesopotâmia, que foi
o centro da civilização na Antiguidade. Apesar de ser um dos maio-
res produtores de petróleo do mundo, a economia iraquiana ficou
arrasada com a guerra contra o Irã (1980-1988), a Guerra do Golfo
(1991) e o embargo econômico em 2001789, que culminou com a
invasão do país pelos norte-americanos em 2003.
O missionário Marcos Stier Calixto79° analisa algo a respeito do
mundo árabe, com o qual tem atuado desde 1993:
Com respeito ao mundo árabe e ao Oriente Médio, por causa do deserto e
das areias daquela região, há missões que os têm associado como Muralha de
Areia. Associamos areia à realidade do mundo árabe e muralha por causa da-
quilo que precisa ser derrubado: a resistência ao evangelho. Eu creio que o úl-
timo desafio, antes da volta do Senhor Jesus Cristo, é a queda desta muralha.

Em 1995, Carlos Flávio e Esteia Mary Siqueira Freitas foram no-


meados para o Egito, onde 88% da população são cristãos. Eles esti-
veram antes na Inglaterra, com a finalidade de obterem treinamento
especial para a realização do trabalho.
As notícias de 1996 sobre perseguição religiosa nos países muçul-
manos, principalmente Kuwait, Turquia, Egito e Jordânia no Oriente
Médio, além de Marrocos e Afeganistão, instigam o ardor missio-
nário dos batistas brasileiros"". Um missionário da terra na Turquia
afirma sobre o forte sentimento islâmico naquele país: "Ser turco

7 " BRASIL envia missionários para o Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 82, n. 1, p. 10,
03 jan. 1982.
"''' SAMARA, Khalil. Iraque, uma história de conflitos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11,
mar./abr. 2003.
CALIXTO, Marcos Stier. Mundo árabe: a última muralha. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 7, jul./ago. 2003.
7'" MORAES, Luiz Paulo de Lira. A vitória que vence o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 96, n. 32, p. 12, 24 ago. 1996.
é ser muçulmano, por isso deixar o islamismo seria o mesmo que
trair a pátria. Há um sentimento de desconfiança em relação ao
estrangeiro"792 . Na Turquia a religião foi separada do Estado, mas
como 97% da população são muçulmanos, a cultura islâmica predo-
mina em tudo. Os cristãos são apenas 0,6% dos habitantes, sendo a
maior parte deles maronitas, conhecidos como católicos do Líbano.
O número de batistas chega a 4.500 pessoas793.
Em outros países como a Jordânia, não há discriminação religio-
sa de acordo com a Constituição, mas o próprio governo proíbe a
evangelização de muçulmanos, que ao se converter a outras religi-
ões são considerados apóstatas, podendo inclusive ser punidos com
pena de morte794.
Em 1997, o missionário na Palestina, cujo nome é omitido por se-
gurança, deseja atender o clamor dos jovens drogados, criando uma
casa de recuperação de viciados e meninos de rua795 . A Palestina foi
proclamada Estado em 1988 pelo Conselho Nacional Palestino, que
é o organismo legislativo da Organização para a Libertação da Pales-
tina (OLP). Apesar do Estado ser reconhecido pela Liga Árabe e por
cerca de metade dos governos mundiais, não tem soberania sobre
qualquer território e nem é reconhecido pela ONU796.
Três novos campos foram abertos em 1999 entre povos não al-
cançados da Ásia na Janela 10/40, a saber, Israel, Afeganistão e Tur-
quia797. Obviamente Israel não é um país muçulmano, pois 80% da
população seguem o judaísmo. Entretanto, 14% são islamitas e ape-
nas 4% seguem as religiões ditas cristãs. Desses, menos de 10 mil são
protestantes, estando a maioria deles entre os árabes palestinos.

-"2 PRESSÃO islâmica tenta impedir avanço missionário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7,

jan./fev. 2002.
"3 IGREJA perseguida na Turquia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/www.
portasabertas.org.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
MISSÕES em um mundo sem fronteira. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, 2005. 1
videocassete.
NA PALESTINA, jovens viciados em drogas clamam: "Façam alguma coisa por nós!" O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 45, p. 11, 10 a 16 nov. 1997.
'°6 ESTADO da Palestina. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.
org>. Acesso em 18 jul. 2008.
^'`'' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Crise econômica: até que ponto ela afeta a obra missionária?
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 14, nov./dez. 1999.
O Afeganistão já foi chamado de "encruzilhada da Ásia Central",
tendo em vista o seu ponto de ligação entre a índia e o Oeste da
Ásia. Embora alguns neguem que seja parte do Oriente Médio, tem
o seu elo com essa região, pelo que muitas vezes é designado como
um país da Ásia Central, Ásia Meridional e Oriente Médio. O nome
completo é República Islâmica do Afeganistão, sendo um dos países
mais pobres do mundo, que tem passado por grandes turbulências
na área econômica. O país sofreu com a invasão da União Soviética
em 1979, mas em fevereiro de 1989 houve a retirada dos exércitos
vermelhos e, em 1992, a queda do regime comunista798. Quanto à
religião, 99% da população são de muçulmanos e apenas 0,01% de
grupos ditos cristãos799.
No ano de 2000, reportagem sobre a Jordânia fala sobre as dificul-
dades para alcançar os muçulmanos, que constituem 92% da popu-
lação. Informa que a melhor maneira de anunciar-lhes o evangelho
naquela região "é através de evangelismo pessoal ou de massa por
meio de rádio ou TV. Outra boa maneira é testemunhando através
de um modo de vida que faça eeuueaiïirüMnnlnrF■
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O Oriente Médio, que tem 11111111MMIBILIIM11111111111
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sido marcado por tensão cons- 1111111111111111111

tante, principalmente com as


lutas entre palestinos e israelen- uH
ses, em 2002 tinha no missioná-
rio Khalil Samara o supervisor
dos obreiros da terra no Líbano,
Jordânia, Síria, Iraque e Sudão.
Conforme o missionário Khalil,
naquela ocasião as perspectivas Khalil Samara supervisiona os
do trabalho nesses países eram obreiros da terra no Oriente Médio
animadoras, havendo o plano

7'8 HISTÓRIA do Afeganistão. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/
pt.wikipedia.org>. Acesso em 18 jul. 2008.
799 IGREJA perseguida no Afeganistão. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/
www.portasabertas.org.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
"'' DIB, Antoine. Desafios de uma região de maioria muçulmana. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 7, set./out. 2000.
para alcançar o quanto antes outros países como a Tunísia e a Mau-
ritânia, para depois estender o trabalho para Marrocos, Nigéria e
Líbia".
A missionária Miriam Karima esteve por dois anos no Norte da
África, em países como o Egito, Síria, Marrocos e outros. Dentre
outros povos, na maioria muçulmanos, ela fala sobre os beduínos,
que formam uma população de 20 milhões de pessoas espalhadas
na Síria, Líbano, Jordânia, Líbia, Egito e Israel. Vivem no deserto
e praticam uma cultura milenar. Não têm o evangelho de Cristo,
mas conhecem muito bem a geografia bíblica, inclusive a hipotética
rocha onde Moisés tocou com sua vara, no Sinai, que continua jor-
rando águas cristalinas".
Na assembléia da CBB de 2002, em Olinda, Pernambuco, o mis-
sionário MZ relatou a sua experiência, tendo sido iniciado na guerri-
lha em organizações que tinham como objetivo a independência da
Palestina. Foi torturado, preso e exilado na Europa, onde continuou
sua militância na causa palestina e divulgação do islamismo. Na Ar-
gentina, em 1992, foi alcançado pelo evangelho. Depois de receber
preparo para o trabalho missionário, passou a pregar na região onde
antes atuava, inclusive a Faixa de Gaza, já havendo uma igreja na
Palestina.
Um fato entre dezembro de 2002 e janeiro de 2003 foi a prisão
do missionário MZ, na Jordânia, ficando incomunicável por quatro
dias, numa cela escura, sem qualquer tipo de alimentação. Pressio-
nado a negar a fé em Jesus, manteve-se firme diante das autorida-
des. Após passar por vários momentos de dor e sofrimento, o go-
verno do país decidiu deportá-lo. Ele falou de sua ida ao aeroporto
quando saiu da cela algemado e encapuzado, sendo conduzido por
policiais que receberam a mensagem do evangelho. MZ803 concluiu
uma entrevista dizendo:

""' BOAS notícias que vêm do Oriente Médio. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, maio/
jun. 2002.
""' KARIMA. Miriam. Uma viagem entre os não-alcançados. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 11, set./out. 2002.
8°' MZ. O preço por não negar a Jesus. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 6 e 7, jan./fev. 2003.

Para segurança do missionário, são usadas apenas as suas iniciais.

ima entrevista di7enclo:


Interessante é que eu deveria continuar sendo conduzido algemado, mas o po-
licial responsável pela escolta tirou as algemas e disse o seguinte: "Tenho vergo-
nha de fazer isso porque você é um homem diferente. Vou assumir essa minha
atitude diante das autoridades, mas vou deixar você andar livremente". Nesse
momento um deles me falou: "Estou muito feliz em ter conhecido você".

Os evangélicos estão no Iraque desde 1840 e, conforme Khalil Sa-


mara, no período de Saddam Hussein sempre houve um bom relacio-
namento entre o Governo e os evangélicos, aos quais era permitido
realizar congressos assim como acontecia também com católicos orto-
doxos e muçulmanos. Em 2003, o Iraque foi palco de grande derrama-
mento de sangue que, conforme alguns analistas, chegaram a lembrar
os ataques suicidas de 11 de setembro de 2001. O fato é que o mundo
inteiro assistiu passivo e perplexo à novela de terror e sangue que tem
ceifado a vida de milhares de pessoas. Foi em março de 2003 que o
missionário Khalil Samara, coordenador dos obreiros da terra no Ira-
que, foi obrigado a sair do país, tendo em vista a guerra resultante da
invasão de seu território por tropas estrangeiras. Mas o trabalho conti-
nuou, pois os missionários da terra se reuniam em suas próprias casas.
A grande dificuldade era batizar, pois não havia local disponível onde
era permitido fazê-lo. Khalil Samara804 escreveu em plena efervescência
da invasão em 2003:
As bombas estão caindo como chuva e não tem como impedi-las. Muitas pes-
soas não-crentes procuram refúgio em nossas igrejas. São muçulmanos, cató-
licos ortodoxos e outros que poderiam buscar abrigo junto a seus grupos, mas
preferem as nossas igrejas, pois é onde sentem mais tranqüilidade.

No período de 28 de agosto e 27 de setembro de 2003, o Co-


ordenador da Região 4 da JMM, Renato Reis de Oliveira, com o
missionário da terra, Khalil Samara, estiveram no Iraque, Jordânia,
Líbano e Síria, quando ainda havia forte convulsão social. Confor-
me o Pastor Renato, Khalil Samara havia evangelizado 120 pessoas
anteriormente no Iraque, que estavam se reunindo em casas. Elas
foram desafiados a organizar urna igreja. Assim os pastores adquiri-
ram uma piscina e 27 iraquianos foram batizados pelos missionários
e mais três outros pastores do Líbano, Jordânia e Palestina. Assim foi

"'" ^ SAMARA, Khalil. Iraquianos buscam abrigo em igrejas evangélicas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 10, mar./abr. 2003.
organizada a Primeira Igreja Batista de Bag-
dá no dia 16 de setembro daquele ano".
A Igreja cresceu tanto que resolveram em
2004 organizar uma outra Igreja, ficando
a Primeira com 400 membros e a Segunda
com 200"6.
Por outro lado, dentre outras notícias sobre
o Iraque, artigo no Jornal de Missões fala da
cidade de Baachica, onde a maioria das pes-
soas é adepta de uma seita que adora Sata-
Renato Reis de Oliveira nás. "Deus usou poderosamente os obreiros.
participou em 2003 da
O resultado foi que mais de 120 pessoas se
organização da PIB de
Bagdá, no Iraque converteram. Atualmente, na própria casa de
um ex-sacerdote dessa seita, estão sendo re-
alizados cultos evangelísticos"807.
Nem todas as notícias são alvissareiras sobre o trabalho na Janela
10/40 onde está também o Oriente Médio, uma vez que continuam
as restrições para que se pregue a mensagem do evangelho. Assim é
que há a informação de que em 2006, no Iraque, um ex-missionário
que tinha sido apoiado por dois anos pela JMM foi seqüestrado e
logo depois morto pelos seqüestradores8°8 . Em países do Oriente
Médio, como o Iraque, Egito, Jordânia e Líbano, o cristão pode se
converter ao islamismo, mas o inverso é proibido. Daí as notícias
freqüentes de perseguição religiosa contra cristãos. Depois de qua-
tro anos atuando no Egito, no norte da África, tendo ido com visto
de estudante, Ana Thais foi expulsa de lá em 2008, retornando para
o Brasil.
Em 2007, um grupo de pastores, incluindo o representante da
JMM em São Paulo, Adilson Ferreira dos Santos, os coordenadores
do trabalho da JMM no Oriente Médio e na Ásia e Norte da África,

8"5 OLIVEIRA, Renato Reis de. Tempo de anunciar a paz no Oriente Médio. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, p. 3, jan./fev. 2004.
80" Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 28 maio 2007.

8°- IGREJAS foram preservadas durante a guerra. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, maio/

jun. 2003.
8"8 MISSIONÁRIOS assassinados na índia e no Iraque. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4,

n. 14, p. 6, jan./fev. 2007.


Khalil Samara e Renato Reis de Oliveira, e mais três pastores de São
Paulo, um do Rio de Janeiro e dois missionários, foram ao Iraque,
onde houve muitas conversões, batismos de novos crentes, treina-
mento de 600 líderes em todo o país, além de terem reunido e
dado apoio aos missionários da terra, iraquianos, curdos e caldeus.
Após mencionar a existência de muitas etnias nos vários países da
região visitada, cada uma com sua língua ou dialeto, sua história,
seus costumes, religião, cultura ou mini-cultura, Adilson Ferreira dos
Santos" escreveu: "No Iraque encontramos pelo menos oito etnias
diferentes. Nossa surpresa foi que ali havia representantes dos cal-
deus, vivendo a sua micro-cultura em pleno terceiro milênio".
Nessa viagem, interessante experiência ocorreu no Iraque, quan-
do Deus agiu de forma especial na vida de uma mulher que não
andava há 15 anos e foi curada. Assim escreveu Adilson Ferreira dos
Santos81":
Nós, pastores brasileiros, junto com os pastores e obreiros iraquianos, curdos
e caldeus, oramos por ela, pedindo que Deus a levantasse daquela cadeira.
Ao término de várias orações, ela segurou na minha mão e na do Pastor Kalhil
Samara, e foi fazendo força para se levantar, enquanto suplicava com lágrimas:
"Jesus, ajuda-me; Jesus, ajuda-me; Jesus, ajuda-me". Ela andou no salão de
cultos e no dia do batismo foi batizada, tendo recebido do Senhor a cura que
tanto almejava. Glória ao Senhor!

Muitas outras experiências dos obreiros da terra foram narradas, in-


clusive o testemunho do grupo de irmãos de Mosul, ao norte do Iraque.
Nessa região estão os descendentes dos caldeus, onde estava Ur, cidade
onde Abraão nasceu. Pastor Renato Reis de Oliveird" escreveu: "Ao
ouvir das lutas e vitórias do obreiro e dos convertidos na região, alguns
pastores choraram emocionados, por saberem que os batistas brasilei-
ros estão abençoando o povo de onde Abrão saiu para abençoar as na-
ções da terra". No final dessa visita ao Oriente Médio, um líder afirmou
que o Iraque sempre foi um vulcão e que não havia solução. Mas ficou

"'" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Presentes de Deus recebidos no Iraque. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 107, n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
"'" Id. Presentes de Deus recebido no Iraque. O Jornal Batista, Ano 107, n. 41, p. 9, 14 out.
2007.
"" OLIVEIRA, Renato Reis de. Deus enxerga o Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107,
n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
claro no final da visita que Deus continua enxergando a região com seu
olhar de graça e misericórdia. As experiências de brasileiros em viagens
missionárias como essa devem ficar na memória do povo batista brasi-
leiro para sempre. Adilson Ferreira dos Santos812 relatou mais algumas
ocorrências no Oriente Médio:
Em nossa viagem, recebemos vários livramentos nas fronteiras militares, que são
abundantes. No trajeto do aeroporto até o local da conferência, passamos por
oito barreiras militares em uma hora de viagem. Na maioria das vezes, a camisa
do Brasil era o nosso passaporte. Em alguns lugares da visita, jogamos futebol e
doamos uniformes esportivos. Joguei basquetebol no Colégio Batista de Amam,
na Jordânia, e demos os primeiros passos para um intercâmbio missionário-
esportivo-pedagógico com o nosso Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo.
Pastoreamos nossos missionários efetivos em três países e conhecemos os seus
projetos de trabalho.

A Síria é um país muçulmano localizado no Oeste da Ásia e Noroeste


do Oriente Médio. Khalil Samara menciona grande perseguição religiosa
no país em 2007, inclusive também partindo da Igreja Ortodoxa que
apresentou uma queixa à polícia, afirmando que os batistas eram uma
seita a serviço de Israel. Corno resultado, o contrato de aluguel do local
de cultos foi desfeito. Contudo, Deus trabalhou mesmo na adversidade,
porque muitos irmãos ofereceram a suas casas para a realização de cultos,
multiplicando o número de reuniões e locais de culto e resultando em
muitas conversões, a ponto do bispo ficar curioso e enviar um semina-
rista para ouvir o que estava sendo feito. Termina o missionário dizendo:
"Durante um dos cultos, o seminarista estava muito atento a cada palavra
proferida e no final da mensagem, esse jovem veio e apresentou-se de jo-
elhos, com muitas lágrimas, e aceitou ao Senhor Jesus como seu único e
suficiente Salvador. Glória a Deus!"813 As notícias mais recentes de Khalil
Samara é que ele tem ajudado a expandir o trabalho com muçulmanos
no Líbano, Síria, Jordânia, Iraque, Sudão e Etiópia814 .
Depois de quase 12 anos atuando como obreiro da JMM, o missio-
nário MZ solicitou desligamento da Junta em fevereiro de 2008, o que

8 " SANTOS, Adilson Ferreira dos. Presentes de Deus recebidos no Iraque. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 107, n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
8 " SAMARA, Khalil. Informativo missionário — Líbano. Mensagem recebida por <edelfalcao@
yahoo.com.br > em 05 ago. 2008.
"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Recife, 17 mar. 2008.
aconteceu em março do mesmo ano. Sobre o seu trabalho, foi regis-
trado o testemunho: "A Junta de Missões Mundiais louva a Deus pelo
ministério do missionário MZ e pelo tempo dedicado à obra missioná-
ria da JMM. Sua atuação em campos de refugiados, bem como suas
viagens de treinamento e apoio missionário, renderam muitos frutos
para o reino de Deus"815.
Entre 23 de setembro e 08 de outubro, mais uma equipe de pastores
brasileiros foi ao Oriente Médio para dar apoio aos obreiros da terra
que ali atuam. Foram 16 pastores de São Paulo, Bahia, Rio e Janei-
ro e Minas Gerais, liderados por Antonio Joaquim de Matos Gaivão e
Khalil Samara. Os países visitados pelo grupo completo foram Líbano
e Iraque, ficando ainda uma parte da equipe para visitar a Síria. Mais
uma vez houve cerca de 30 batismos entre os 200 novos convertidos.
Como acontece em outras partes do mundo onde os cristãos sofrem
com a pobreza ou a falta de plena liberdade para pregar o evangelho,
é impressionante como os iraquianos cantam. Já no primeiro culto, os
pastores brasileiros foram contagiados pelo entusiasmo que os batistas
daquela terra apresentavam nos cânticos: "Um louvor contagiante e
muito alegre. Na perseguição, nas lutas e nos sofrimentos, os irmãos
louvam a Deus de forma a nos emocionar facilmente"816.
Dentre outras experiências de conversão no Oriente Médio, relata-
mos a da médica, Dra. Bernadete, que se converteu pelo testemunho
de seu irmão, que ao ser tratado de diabetes, teve uma experiência de
conversão por meio de fitas com programas evangélicos gravados. Um
dos componentes da equipe, Lécio Dornas817, da Igreja Batista Dois de
Julho, em Salvador, BA, escreveu:
Ele ouviu a mensagem e se converteu. Em virtude da perseguição iminente, du-
rante um longo período nada falou dentro de casa sobre sua conversão. Apenas
procurou viver o evangelho. Sua irmã sofreu o impacto da mudança de vida do
seu mano e, depois de muita insistência, conseguiu que ele pregasse para ela.
Então Dra. Bernadete entregou sua vida a Jesus. Em casa começou uma igreja
que se reunia escondida. Os irmãos não podiam cantar e nem orar em voz alta.

"" MISSIONÁRIO MZ pede desligamento da JMM. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 21, p. 10, mar./abr. 2008.
016 DORNAS, Lécio. Milagres em Duhok: caindo na graça dos iraquianos. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 108, n. 43, p.3, 26 out. 2008.
"" Ibid.
Para discipulado, eles só tinham a Bíblia e as mesmas fitas que ouviam repetidas
vezes. Ela nos disse que a Bíblia era o pastor e conselheiro deles. A Bíblia era
tudo para eles. Uma vida aos pés de Jesus. Um testemunho de cristã genuína
que convive com perseguições e ameaças. Estando sob vigilância contínua, fica
firme em sua fé. Quando fomos orar em seu favor, Dra. Bernadete nos disse que
não tivéssemos pena dela e nem nos preocupássemos com ela ou sua família,
mas que orássemos pelos perseguidores, pois eles precisavam muito mais das
nossas orações.

Que coragem! Que altruísmo! Que firmeza no Senhor! Na sua obe-


diência à Palavra de Deus não poderia ser diferente. "Estai, pois, firmes,
tendo cingidos os vossos lombos com a verdade e vestida a couraça da
justiça" (Ef. 6.14).

Senegal
Em junho de 1994, o casal Adoniram
Judson Pires e Raquel Pires, e a jovem
Veralúcia Ferreira da Rocha foram para
o Senegal, país da Janela 10/40, onde
99% da população são muçulmanos.
O país tem 8 milhões de habitantes e
mais de 30 etnias. Senegal é um país
da África Ocidental, onde a língua ofi-
cial é o francês, tendo alcançado inde-
pendência da França em 1960. Dentre
as várias etnias, a maior delas é a dos
wolof, com 40% da população. Os por-
tugueses estiveram lá no século XV, mas
foram os franceses, no século XVII que
marcaram mais a cultura senegalesa.
Quando Adoniram Judson Pires recebeu a informação sobre Senegal
como o possível campo para trabalhar, Waldemiro Tymchak lhe men-
cionou como sendo um "campo para gigantes", tendo em vista a força
muçulmana no país818. Foi muito carinhoso o estilo da carta escrita pelo
Executivo da JMM, quando soube da chamada de alguém que seria a

"I" PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
segunda geração de missionários da CBB. Assim escreveu Pastor Walde-
miro819 ainda em dezembro de 1992:
Surpreendi-me ontem, quando seu pai, falando comigo através do telefone,
falou-me sobre o irmão e o fato de estar sendo sondado pelos espanhóis para
ir à África pela Junta de Missões dos Batistas europeus. Ora, eu que vinha pen-
sando, lutando com Deus pelo irmão e seu futuro, disse ao seu pai que o irmão
é prata da casa. E que não há nada mais importante do que ver o filho do mis-
sionário tornar-se missionário. Diante disso, eu lhe peço que não considere ser
missionário dos batistas europeus e sim de sua Junta de Missões Mundiais, do
seu povo brasileiro.

Só um ano e meio depois o casal foi para o Senegal. Os resultados


foram surgindo logo de início, conforme experiência ocorrida em de-
zembro de 1995, na Aldeia de Jiló. Assim escreveu Adoniram Judson82°:
"O filme Jesus foi exibido, apresentamos o coral e uma peça de teatro.
Na hora do apelo não pude conter as lágrimas, quando vi quase toda
a aldeia rendendo-se aos pés de Cristo. Um dos líderes me disse: 'Nós
estávamos em trevas, e vocês nos trouxeram a luz". Conforme Adoni-
ram, a maneira de alcançar o muçulmano em lugares onde há muita
necessidade, é começar com o social, pois somente assim as portas
serão abertas. Depois, é tentar fazer amizade, aproximando-se do povo
da terra: "Eles ficavam com o coração quebrantado quando percebiam
que apesar de sermos brancos, éramos diferentes, pois sentávamos
com eles e falávamos a língua deles"821 . O filme Jesus é traduzido em
muitas línguas e dialetos, e quando a pessoa simples da terra ouvia
Jesus falando em sua língua, ela ficava perplexa e o preconceito contra
uma religião estrangeira desaparecia. Essa aproximação do missionário
com o povo da terra tem gerado maravilhas, de modo especial entre os
povos muçulmanos.
No Natal de 1997, em um acidente de carro no Senegal, faleceu a
missionária Raquel Pires, esposa de Adoniram Pires, e juntamente com
ela a missionária chilena Luz Cea. Em agosto de 1998, Adoniram voltou

"''' TYMCHAK, Waldemiro. Carta missionária. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 14 dez. 1992.
Digitado.
"z" PIRES, Adoniram Judson. Aldeia inteira se converte no Senegal. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 96, n. 8, p. 7, 03 mar. 1996.
"21 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Madri
— Espanha, 16 ago. 2007.
ao Senegal com os dois filhos, pois tinha a convicção de que havia ain-
da uma missão a cumprir: "Reorganizar a missão batista que havia sido
abandonada tão repentinamente, em virtude do que aconteceu"822. Na
ocasião, um senegalês comentou: 'Agora eu entendo que verdadeira-
mente os missionários brasileiros amam o Senegal. Nem o vale da som-
bra da morte foi impedimento para a volta deles"823 . Neste retorno de
grande amor à terra senegalesa, Adoniram e os filhos demoraram um
ano. De lá se dirigiram para a Espanha em uma nova etapa do trabalho
missionário.
Adoniram afirma que Senegal está no poder do mal e o que acon-
teceu com sua esposa era evidência dessas forças diabólicas. Contudo,
foi lendo a reportagem sobre o acidente em 1997 que o casal Jailson
Serpa Pereira e Ana Cristina de Araújo Serpa Pereira teve certeza do
chamado para o Senegal. Assim os dois seguiram para esse campo no
ano 2000. Jailson disse que o Senegal não era um país para eles, mas
"o" país. Ele logo percebeu como a força satânica era grande naquela
terra. Somente no primeiro ano de atividades, ele teve 10 pequenos
acidentes de trânsito e percebeu outras manifestações do poder do mal
atuando contra seu trabalho missionário824. Contudo, ele testemunha
sobre o trabalho: "Deus colocou em nosso coração o desejo de plantar
igrejas, que era o mesmo projeto que Ele havia colocado no coração
de Adoniram: formar obreiros, plantar igrejas e dar visão missionária à
igreja. Graças a Deus que conseguimos esses objetivos"825.
Em abril de 2006, a missionária Ana Cristina, esposa do Pastor Jail-
son, foi vítima fatal de um acidente de carro826, que provocou também
a morte de uma senhora crente e do motorista. Era quase uma repe-
tição do desastre ocorrido com a família Pires. A Junta providenciou o
traslado do corpo da missionária e deu todo o apoio à família. Seme-
lhantemente ao que ocorreu com Adoniran, a família do missionário foi

"" PIRES, Carlos Alberto. Memórias de Abegair. Madri: Autor, 2001, f. 90. Digitado.
"' PIRES, Abegair Lopes. Bênçãos no retorno da família missionária. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 7, mar./abr. 1999.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 165.
"' SERPA PEREIRA, Jailson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Salvador, 20 out.
2007.
52 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Junta de Missões Mundiais: palavra do Presidente. Convenção
Batista Brasileira: 87a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 99.
ao Brasil para o sepultamento, mas no mesmo ano, Jailson Serpa voltou
com os filhos para o Senegal. Ele conta que Ana Cristina sentiu em seu
coração que algo iria lhe acontecer, mas como o apóstolo Paulo que foi
aconselhado a não ir a Jerusalém, pois ali seria preso, ela resolutamente
seguiu o seu caminho. Pastor Jailson827 escreveu sobre o motivo que o
levou a retornar ao Senegal:
Tenho plena convicção de que nada acontece por acaso. Embora não compre-
enda, tenho plena convicção em afirmar que o Deus que mudou a minha vida,
que me chamou para o ministério, não comete erros. Quando saímos do Se-
negal, já havíamos determinado retornar. Na verdade, o retorno é natural para
nós, pois a nossa casa é o Senegal. Eu confesso que esse retorno não é fruto de
uma coragem, de um heroísmo. Mas de um coração que quer simplesmente
servir ao Senhor.

Assim Pastor Jailson esteve de novo no Senegal, mas percebeu as


dificuldades para continuar ali os projetos missionários, pelo que após
nove meses retornou ao Brasil. O Pr. Jailson é Representante Regional
da JMM na Bahia, apoiando o trabalho, quando necessário, em outros
Estados do Nordeste, juntamente com o Pr. David Tavares Pina.

Guiné-Bissau
Guiné-Bissau é um pequeno país no oeste da África, onde há vários
dialetos, entretanto, o crioulo é o mais falado. Em 1961 o país, que
era colônia portuguesa, foi devastado por uma guerra civil, até que em
1973 proclamou a sua independência. Religiosamente, cerca de 50%
da população é constituída de muçulmanos e 40% de animistas, em-
bora haja abertura para a entrada de missionários828. Entre os animistas
existe o culto dos antepassados, assim como a ênfase na força física e
na feitiçaria.
Guiné-Bissau se tornou um dos novos campos dos batistas brasileiros
em 1995, com o trabalho missionário de Joed Venturini de Souza e Ida
Helena Mazoni Venturini de Souza, sendo ele médico e filho dos mis-
sionários Francisco e Márcia Venturini de Souza. Antes os dois serviram
por dois anos como missionários temporários em Açores, onde tam-
"27 SERPA PEREIRA, Jailson. "O Senegal é a nossa casa". Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
3, n. 13, p. 22, nov./dez. 2006.
02" FIGUEIRA, Nilcilene. Guiné-Bissau. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, maio/jun. 1995.
bém ele fez a sua residência médica.
Saúde, educação e agricultura são as
áreas mais carentes em Guiné-Bissau.
Quando Joed e Ida Helena chega-
rem ali, havia um missionário batista
norte-americano, que deixou o país
em menos de um ano. Assim foram os
nossos missionários que organizaram
a primeira igreja batista, tornando-se
pioneiros do trabalho. Logo de início
ena Venturini de em Guiné-Bissau, Joed e Ida Helena829
a.Guiné-Bissau
escreveram:
Estamos chegando a Guiné-Bissau onde não há
igrejas batistas. Os muçulmanos estão investin-
do intensamente, pois recentemente chegaram 50 missionários da Argélia de
uma só vez. [...1 Um dos nossos objetivos aqui é abrir uma escola batista dentro
de um ano. Também pretendemos desenvolver um trabalho de atendimento
médico às populações carentes.

Depois de um ano em Bissau, que é a capital, o casal Venturini de


Souza foi para Bafatá, com a finalidade de trabalhar diretamente nas
aldeias da tribo fula, que eram constituídas de muçulmanos. Dentre
alguns costumes na etnia onde atuaram, a poligamia era normal, sendo
sempre preferida a mulher que fazia a melhor comida".
Em 1996, Analita Dias dos Santos se tornou a nova missionária em
Guiné-Bissau. Analita era formada em Biologia, Teologia e Missiolo-
gia, sendo este último curso feito na Inglaterra. Tinha também o curso
da APEC, que a habilitou melhor para trabalhar com crianças. Outros
missionários que seguiram para lá foram Edna Ferreira Dias, em 1997,
Maria Aparecida Moysés Miguel, em 2003 e o casal Edivaldo e Edileuza
da Silva, em 2005.
Em 1998, os missionários Joed e Ida Helena saíram temporariamente
de seu campo de trabalho, por causa da guerra civil iniciada em junho

y2" VENTURINI DE SOUZA, Joed; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Dois contra cin-
qüenta. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jan./fev/ 1996.
"" Id; id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio
de Janeiro, 29 out. 2008.
daquele ano. Com eles saíram também Analita Dias dos Santos, que
tinha sido missionária temporária no Chile e foi para Guiné-Bissau em
1996, e Edna Ferreira Dias, que havia chegado como missionária em
1997831. Em 1999, Joed retornou sozinho para verificar a situação em
Bafatá, onde trabalhava, e escreveu: "Há falta de tudo. Não há luz,
água, gás, nem telefone na cidade. A alimentação é escassa e os remé-
dios estão caríssimos"832. Mais tarde a esposa, os filhos e as duas missio-
nárias solteiras, Analita Dias dos Santos e Edna Ferreira Dias, também
retornaram.
Em 2000, o pastor médico Joed Venturini de Souza lançou o desafio
da Rádio Jam Jammaa (Paz para o povo) para os fulas, com o objetivo de
alcançar melhor a maior etnia de Guiné-Bissau. Ele lembra que Guiné-
Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com 66% de analfabetos,
alto índice de mortalidade infantil e renda per capita de 230 dólares
anuais833 . Joed expressa sua admiração com os bons e imediatos resulta-
dos depois da guerra, quando batizou 11 novos crentes, inclusive um ex-
muçulmano que "percorreu 30 km numa bicicleta com um pneu furado"
para chegar a tempo, dar a sua bela profissão de fé e ser batizado834.
Em 2002, o Executivo da JMM esteve em vários países, inclusive da
Janela 10/40. Ao falar sobre Guiné-Bissau, onde trabalha o casal Ven-
turini de Souza, menciona a temperatura que chega de dia a 50 graus
dentro de casa. Outro item por ele referido é o poder do mal, com a
atuação de "missionários", bruxos e feiticeiros. Mas "os nossos missio-
nários enfrentam este problema com jejum e oração e Deus tem ope-
rado de maneira extraordinária"835.
O apoio de igrejas a determinados projetos no campo missionário é
visto no exemplo da Segunda Igreja Batista do Plano Piloto em Brasília,
em 2004, quando os membros da Igreja prepararam 400 uniformes
para a Escola Batista de Bafatá, em Guiné-Bissau. A missionária Ida

"" SANTANA, Esequias. Guerra civil na Guiné-Bissau traz missionários de volta ao Brasil. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 30, p. 11, 27 jul. a 02 ago. 1998.
"2 INFORME missionário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, maio/jun. 1999.
"" BOAS-NOVAS para 1 milhão de pessoas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, maio/jun.
2000.
"1 VENTURINI DE SOUZA, Joed. Sementes que brotam em solo árido. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Lutas e vitórias na Janela 10/40. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 10, jul./ago. 2002.
Helena Venturini de Souza836 escreveu: "Ao chegar na Igreja soube que
nos últimos dez dias, dezenas de pessoas se empenharam na confec-
ção dos uniformes, que não foram só camisetas pintadas, mas calções,
ambos em malha de qualidade. Nunca as crianças de Bafatá viram uni-
formes tão bonitos".
Em 2007, a missionária Analita Dias dos Santos passou os oito pri-
meiros meses fazendo um curso de Lingüística em Brasília, e quando
estava já com passagem comprada para voltar a Guiné-Bissau, precisou
fazer exames médicos por causa de um mal-estar que a incomodava,
quando veio o diagnóstico de que era câncer. Em menos de um mês,
em 02 de novembro daquele ano, ela partiu para a presença do Se-
nhor. Sobre ela escreveu Joed Venturini de Souza837:
Ela brilhava em seu trabalho, que era feito sempre com esmero, conquistando
seus alunos pelo carinho e pela qualidade do ensino. Sua liderança espiritual
era respeitada por todos, inclusive os homens da Igreja. Ela abriu mão de todo
o conforto para servir a Deus na Guiné-Bissau. Sofreu conosco a falta de eletri-
cidade, de água e de boas comunicações. De sua vida emanava a luz de Jesus,
e ela brilhou intensamente. Brilhou até o fim.

Após 16 anos como missionário da JMM, e desde 1995 em Gui-


né-Bissau, no início de 2008 ele e a esposa solicitaram a sua saída
do quadro da JMM, voltando para o Brasil, onde posteriormente
assumiu o Ministério de Missões e Educação Cristã na Primeira Igre-
ja Batista de Campo Grande, RJ. Ele informa que iniciou do zero
o trabalho na tribo, mas deixou ali uma igreja com 85 membros e
três pastores locais, convertidos do islamismo, sendo dois fula e um
mandinga, os quais foram ganhos, discipulados e treinados na teoria
e na prática através dos missionários838. Joed e Ida Helena839 expli-
cam algo de seu trabalho e o porquê de seu retorno para o Brasil:
A Clínica atendeu, ao longo destes anos, mais de 12 mil pacientes, que receberam
a medicação e também o testemunho direto através de mensagens em fitas casse-

""' VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Igreja apaixonada por missões. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 11, jan./fev. 2005..
VENTURINI DE SOUZA, Joed. Analita, missionária que brilhou até o fim. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 8, jan./fev. 2008.
8'8 Id.; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
"'" Id. Missões no estilo paulino. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 22, p. 11, maio/
jun. 2008.
te na sala de espera. Calculamos que mais de 20 mil pessoas ouviram o evangelho
desse modo. [...] Líderes locais foram estabelecidos e o missionário deve seguir
adiante para que a igreja e seus novos pastores desenvolvam seu pleno potencial.
Do lado familiar temos a escolaridade de nossos filhos. [...] Agora que chegaram
os anos finais do segundo grau, vemos que nossos filhos precisam de outro nível
de ensino para estarem em condições de enfrentar as lutas do ensino superior.

Para dar continuidade à clínica médica criada pelo Dr. Joed, a JMM
enviou para Guiné-Bissau a Dra. Lílian Marina Benites Grance, mem-
bro da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, MS. Ela esteve antes
por um ano em Maputo, Moçambique, como voluntária, dando apoio
médico às crianças no orfanato dirigido pelos missionários Edivaldo e
Adriana Pereira Marcolinom°.

Outros países islâmicos


Pastor Marcos Amado foi por vários anos missionário entre muçul-
manos, enviado pela Igreja Batista do Morumbi, no Norte da África,
onde estão vários países como Mauritânia, Marrocos, Argélia e Líbia,
onde é proibido se pregar o evangelho. Em entrevista, Marcos Ama-
dom' falou:
Qualquer missionário que for para um desses países e fizer proselitismo, corre
o risco de ser preso, julgado e o destino dele só Deus sabe. Há casos de missio-
nários que foram condenados à morte, mas o Governo para se mostrar solícito,
perdoou, dando o prazo de 24 horas para sumirem do país. O maior problema
é com os fundamentalistas, mas o perigo é sempre grande.

Mais uma experiência entre os muçulmanos ocorreu em 2005, quan-


do a missionária Ludmila Gaspar Schmidt se dispôs a estudar a língua
árabe, com o objetivo de evangelizar mulheres, que na cultura suda-
nesa tem um importante papel na família. A República do Sudão é o
maior país da África, embora seja um dos mais pobres do mundo. Os
islamitas constituem 70% da população e os cristãos quase 20%, com
a grande maioria de católicos romanos. Há quase 10% de seguidores

""' MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13
maio 2008.
"4' AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. São Paulo, 28 out. 2007.
de religiões tribais, nas quais predomina o animismo842. No Sudão o
Governo proíbe pregar em praça pública, mas permite em igrejas or-
ganizadas. Quando a missionária Ludmila chegou ali, havia uma igreja
batista que estava praticamente fechada. Na primeira reunião que ela
convocou, havia apenas quatro irmãs que estavam afastadas. Em pou-
cos meses houve vários batismos e a freqüência alcançou o número de
30 pessoas. No mesmo período, o número de crianças na EBD chegou
a 1508".
Uma norma usada para os missionários que se candidatavam para
trabalhar com os povos muçulmanos é que eles deveriam passar por
um período chamado de imersão total, que seria de seis meses em uma
região de domínio muçulmano, morando na casa de uma família isla-
mita e estudando a língua árabe em tempo integral. Em julho de 2007,
a missionária Sophia Bas'ma foi para o Norte da África para esse tipo
de experiência844. Por outro lado, grupos têm sido organizados entre
lideres brasileiros, com o objetivo de impactar uma área, sendo essa
mais uma das estratégias usadas no período de Waldemiro Tymchak
na JMM, com respostas altamente positivas em diferentes campos do
mundo inteiro, incluindo povos muçulmanos. Esforços como esses têm
apoio da JMM e das igrejas batistas brasileiras e resultam na salvação de
muitos, embora outros, perplexos, poderão reclamar, dizendo: "Estes
que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 1 76b).

5. Pela autoridade de Deus


"Pela sua exclusiva autoridade" (At 1.7b). Para alcançar os confins
da terra, é necessário se tomar decisões e realizar ações de impacto,
que só têm validade na obra missionária quando acontecem median-
te a autoridade de Deus. Aqui são mencionadas algumas decisões
da Junta que não foram divulgadas e outras que se tornaram conhe-
cidas do público batista, sabendo que umas e outras foram positivas

IGREJA perseguida no Sudão. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/www.
portasabertas.org.br >. Acesso em 21 jul. 2008.
R" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Os desafios do Sudão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
106, n. 13, p. 9, 26 mar. 2006.
"" NORTE da África: trabalho entre muçulmanos. A Colheita, Rio de Janeiro, p. 4, set./out.
2007.
para o trabalho no mundo inteiro ou para as igrejas batistas do Brasil,
pelo fato de terem partido do coração de Deus. Da mesma forma,
referimo-nos a números e testemunhos que demonstram a realidade
da obra que se realiza e refletem o pensamento e a visão de homens
e mulheres integrados no todo ou em parte do trabalho de missões
mundiais. Alguns dados são repetidos com novos algarismos ou novas
versões daquilo que passou a acontecer nos vários momentos da his-
tória. Eles podem falar do sucesso da obra que Deus realizou com o
seu poder e autoridade através dos seus missionários na sede ou no
exterior. Por último, são divulgados acontecimentos com pessoas vin-
culadas direta ou indiretamente à JMM, assim como eventos especiais
ligados ao trabalho missionário. A repercussão e os resultados do que
acontece são vistos como aprovação do Senhor de Missões ao serviço
dos seus servos, que são apenas instrumentos nas mãos do Senhor
para a realização de sua obra, pois a nossa capacidade vem de Deus.
"Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa,
como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de
Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança"
(2Co 3.5 e V).

5.1 Nas decisões


Durante o ano de 1984, foram estabelecidos critérios para a conces-
são de bolsas de estudos para filhos de missionários, facilitando assim
a permanência do obreiro no seu campo de trabalho. Dentre outros
itens, a bolsa de estudos só seria concedida aos que quisessem ingres-
sar em cursos técnicos profissionalizantes ou se preparar para entrar
na universidade; não contemplaria alunos repetentes; só receberiam
filhos de missionários que fossem crentes e unidos a uma igreja batista;
semestralmente os bolsistas deveriam apresentar à Comissão de Bolsas
de Estudos um relatório completo de todas as atividades escolares845.
São medidas dessa natureza que põem em evidência o cuidado espe-
cial do Executivo da JMM, que demonstrava a sua preocupação com os
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: Livro do
Mensageiro — 66á assembléia — 1985. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1985, p. 235 e
236.
obreiros, lutando sempre pela melhoria de condições no campo mis-
sionário.
Na Convenção de 1985, um dos itens aprovado pela Comissão para
dar Parecer sobre a JMM, foi que a promoção dos projetos que visam a
prestar socorro às populações carentes da África e América Latina fosse
intensificada846.
O casamento de uma missionária com alguém do campo implicava
em sua retirada do quadro oficial de obreiros. Houve uma reflexão
sobre o assunto e novas medidas foram adotadas pela Junta em 1995,
que apresentou critérios, mediante os quais a missionária poderia con-
tinuar o seu trabalho vinculada à JMM. Os critérios são:
(1) Manifestar o desejo de continuar como missionária da JMM; (2) ter con-
dições de continuar realizando a obra; (3) submeter-se a um período de ex-
periência de um ano; (4) após o período de experiência, a missionária será
confirmada como efetiva se obtiver parecer favorável da liderança nacional, do
Coordenador de área, da JMM847.

Na assembléia convencional de 1996, essa decisão da Junta foi anun-


ciada, acrescentando o seguinte esclarecimento: A missionária que
viesse a casar com obreiro nacional vocacionado, teria condição de
continuar como missionária efetiva após várias condições e aprovação
da liderança nacional, do Coordenador de área e da JMM.
Ainda em 1996, a JMM, pela primeira vez, adquiriu sua sede própria,
ao comprar propriedade pertencente à Junta de Missões Nacionais. O
culto de posse ocorreu no dia 27 de novembro do mesmo ano.
Importante reunião foi realizada no dia 19 de outubro de 1997, com
a finalidade de serem estabelecidas parcerias entre a Junta de Missões
Nacionais e a Junta de Missões Mundiais nas seguintes áreas: treina-
mento de obreiros, seleção de candidatos, publicações, evangelização
de colônias estrangeiras no Brasil e praças missionárias por ocasião das
assembléias convencionais848.

846 LAGES, Norton Riker; ASSIS, Edísio de; CAMPOS, Eraldo Sena. Pareceres: Missões Mundiais.
Convenção Batista Brasileira: Atas e pareceres — 67a assembléia — 1986. Rio de Janeiro: CPC,
1986, p. 70.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 77á assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 417.
84 ' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Parcerias entre Missões Mundiais e Missões Nacionais. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 3, nov./dez. 1997.
Por outro lado, a anti-
ga proposta de fusão ou
de trabalho conjunto das
duas juntas missionárias
voltou à tona em várias
ocasiões. Na assembléia
convencional de 2002,
houve decisão contrária 111111111111111111111111111111
a essa unificação, embora Da esquerda para'a direita: o corretor Isaías
favorável à criação de um Francisco do Couto, o tabelião que lavrou o
documento, Ivo Augusto Seitz, ~iro
Programa Integrado de ,Tymcilak, Bdardim de Amorim Pirnentel e

Missões dando ênfase a Luiz Cados de Barros


atividades que poderiam
ser desenvolvidas conjuntamente849. Todavia, a idéia de ter um órgão
central para gerir as duas juntas missionárias não morreu, sendo expos-
ta em vários momentos por líderes da denominação. Em dezembro de
2005, Waldemiro Tymchak remeteu uma carta à Presidente da JMN,
Edelweiss Falcão de Oliveira, explicando as razões porque não con-
cordava que as duas juntas estivessem unidas sob a direção de apenas
um executivo. Dentre outros itens ele fala sobre a imensidão da obra,
tanto de Missões Mundiais como de Missões Nacionais, sendo impos-
sível ser gerida por uma única pessoa. Waldemiro8" concluiu: "O GT
Repensando a Denominação acertadamente concluiu que as duas jun-
tas têm objetivos diferentes. Eles até usaram a analogia de que Missões
Nacionais é o Ministério do Interior e Missões Mundiais, do Exterior
(Itamaraty)".
Entretanto, em janeiro de 2007, na assembléia da CBB em Florianó-
polis, todas as organizações da Convenção Batista Brasileira passaram
a ser geridas pelo Conselho Geral, sendo criados comitês consultivos
para as principais áreas de trabalho, inclusive a de missões. Mas os co-
mitês não eram para tomar decisões, pois deveriam ser subordinados
ao Diretor Executivo e à Diretoria da Convenção, partindo, portanto,

"'" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 834 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 149.
"'" Id. Carta para Edelweiss Falcão de Oliveira. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 26 set. 2005.
Digitado.
da Diretoria da Convenção as decisões, que seriam homologadas pelo
Conselho Geral851.

5.2 Expressa em números


O relatório apresentado em 1983 informa a existência de 84 mis-
sionários efetivos e 2 missionárias eméritas em 16 países e 17 cam-
pos. Pode-se perceber que esses números que parecem pequenos vão
crescendo com o passar dos anos, mesmo nos períodos considerados
de crise pela mídia mundial ou brasileira. Obviamente isso se deve à
dependência de Deus, por aqueles que dirigem e realizam a obra aqui
na terra. Por isso, dirigentes e obreiros recebem de Deus a competência
e o poder para serem fiéis testemunhas de Jesus Cristo (At 1.8).
Ao comemorar os sete anos de atividade de Waldemiro Tymchak na
JMM, o então presidente da Junta, Salovi Bernardo852, escreveu:
Nestes últimos sete anos a Junta de Missões Mundiais dobrou o número de seus
missionários, pulou de 11 para 18 campos e coordenou 14 grandes campanhas
evangelísticas na América do Sul, do Norte, Europa e África, abriu 123 novas
frentes nos campos, e realizou uma série de projetos, [...1 com centenas de
decisões.

Como resultado do trabalho missionário nos campos durante o ano


de 1986, houve 1.037 batismos, 11 igrejas organizadas, 31 novas fren-
tes missionárias, 496 cursos de treinamento de líderes, 181 estudos
bíblicos nos lares e 6.458 consultas odontomédicas853 . Todas estas ativi-
dades expressam as estratégias que estavam sendo colocadas em práti-
ca na evangelização do mundo.
Em 04 de dezembro de 1989, foi realizado na Primeira Igreja Batista
do Rio de Janeiro um culto em ação de graças pelos 10 anos de traba-
lho de Waldemiro Tymchak como Executivo da JMM. Na ocasião havia
17 campos com 121 missionários, incluindo além dos efetivos ou de
carreira, 11 missionários temporários, 2 especiais, 15 autóctones, 1 em

"'I ESTATUTO da Convenção Batista Brasileira. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da
CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 10-16.
"" BERNARDO, Salovi. A palavra do presidente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21,
n. 71, p. 10 e 11, out. 1986.
"" AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Missões Mundiais: hora de dar. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 87, n. 12, p. 12, 22 mar. 1987.

carreira, 1 1 missionados temporarios, 2 especiais, 15 autóctones, 1 em


convênio e 2 fazedores de tendas854. O "ide por todo o mundo" (Mc
16.15) se cumpria dia-a-dia, sendo ampliados os campos e o contin-
gente de missionários. Evidenciava-se a oficialização dos missionários
da terra (os autóctones), apareciam de forma clara os fazedores de ten-
da e eram formalizados os convênios com representantes dos campos
estrangeiros e com igrejas locais. Por fim, eram firmados os campos
iniciados anteriormente e ampliados os novos.
Dados de 1989 informam que havia no mundo um bilhão e 625
milhões de cristãos, incluindo católicos romanos e outros, mas desses
só eram contados 523 milhões de protestantes. Enquanto isso havia
927 milhões de muçulmanos e 656 milhões de hinduístas855 . O conhe-
cimento da realidade histórica se constituía uma grande ferramenta.
Certamente, os batistas não poderiam ter um melhor leitor da realidade
mundial do que aquele que dirigia aqui na terra os destinos da Junta.
Pastor Waldemiro tinha o hábito de muito ler para poder sonhar. Isso
não o afastava das estruturas bíblicas e denominacionais, haja vista os
cultos inspirativos que se multiplicavam por todo o Brasil e os sermões
proferidos por ele.
No final de 1993, Waldemiro Tymchak856 registrou: "Em princípios
de 1990, entramos na Romênia, Itália, Guiana, Costa Rica, República
Dominicana, Botsuana (África), Índia e Japão. Ao todo são 27 países ou
campos missionários, e cerca de 140 obreiros". No relatório referente
ao ano de 1995, o Executivo destaca 49 frentes missionárias, 2.000
batismos, 31 novos missionários, totalizando 170 missionários atuando
em 29 campos — 4 continentes. Menciona ainda o crescimento nas
áreas de adoção e finanças, a obra na Janela 10/40 e a tiragem de 150
mil exemplares do Jornal de Missões857.
Dentre outros pontos apresentados no relatório de 1996, são men-
cionados: a abertura de 15 novos campos, o alcance de países na Ja-

" 1 Id. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8,
24 dez. 1989.
NOGUEIRA, André Alves. Missões — um desafio do tamanho do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 89, n. 18, p. 9, 30 abr. 1989.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Editorial — A JMM e os desafios do ano 2000, Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 2, nov./dez. 1993.
"" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 768, 1995, São Luís, ata da 11á sessão. Convenção Ba-
tista Brasileira: 778 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 82.
nela 10/40, a abertura de novas missões, campanhas de evangelização
no Leste Europeu e o fato do Plano Decenal, projetado para os anos de
1991 a 2000, já ter alcançado as suas metas em apenas cinco anos858.
A JMM encantava os irmãos batistas, que através de suas igrejas ou por
conta própria se envolviam com missões, orando e contribuindo.
No relatório de 1998, apresentado à assembléia convencional em
Serra Negra, São Paulo, há a informação de que havia no final do ano
529 missionários, incluindo 359 autóctones, e que houve no decorrer
do ano 51 igrejas organizadas e 3.643 batismos859. Esta virada, com a
inversão dos números quanto aos obreiros da terra, foi algo que contri-
buiu para os maiores resultados do trabalho, demonstrando ao mesmo
tempo sabedoria vinda do alto para a gerência de recursos, pois seria
necessário um investimento bem maior com os missionários brasileiros
do que com os chamados autóctones. Por outro lado, os missionários
da terra, em certas circunstâncias, têm condições de alcançar melhor os
seus patrícios do que os estrangeiros.
Waldemiro Tymchak define a JMM como uma junta abençoada por
Deus, considerando que em 1994 havia 170 missionários e em 2000 o
número chegou a 513, incluindo obreiros na Turquia, Afeganistão, Jor-
dânia e Síria, na Ásia, e República da Guiné, Guiné Equatorial e Sudão,
na África880.
O número de missionários em 2001 era de 532, em 55 países, tendo
eles batizado 4.601 novos crentes e organizado 88 igrejas. Em 2002,
mesmo com as dificuldades financeiras, foram nomeados 51 novos
obreiros, sendo 11 efetivos, 12 temporários e 14 obreiros da terra e 14
de outras categorias. O número de batismos durante o ano chegou a
3.735, e de igrejas organizadas a 64. A ênfase do trabalho não apenas
nos países da Ásia e do Leste Europeu, como em outras regiões como a
África e a América Latina, tem sido o treinamento de obreiros861.

8'8 CONVENÇÃO BATISTA BRASLEIRA, 1996, Natal, ata da 11a sessão. Convenção Batista
Brasileira: 78a assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 1997, p. 72 e 73.
LAURINDO FILHO, José. Convenção Batista Brasileira: 80a assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
1999, p. 423.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Vitória retumbante. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 10 e 11,
jul./ago. 2000.
"1 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 2003, p. 150-169.
No ano de 2003 a JMM superou suas metas e seus próprios recor-
des, nomeando 97 novos missionários, sendo 44 brasileiros e 53 da
terra. Com isso a Junta totalizou 570 missionários em 63 campos. O
total de batismos nos campos chegou a 1.974 e foram organizadas 84
igrejas.
Em 2005 houve 123 novos missionários nomeados, sendo 16 efeti-
vos, 4 profissionais, 3 associados, 33 da Terra, 6 temporários, 61 do Pro-
jeto Radical. O número total de Missionários da Terra chegou a 325. Na
área promocional, foram realizados 18 congressos missionários "Procla-
mai" e mais de 700 igrejas foram visitadas pelos missionários862.
Em 2006, o número de países chegou a 63 (incluindo Açores), e
de missionários, 598 em quatro continentes, sendo 259 efetivos, 333
obreiros da terra e 6 fazedores de tendas. Deve-se dizer que no nú-
mero total estão incluídos 10 missionários no Programa Esportivo Mis-
sionário (PEM) e 77 nos três Projetos Radicais, a saber, África, Latino-
Americano e Luso-Africano. Ainda os relatórios apresentam 34 igrejas
organizadas e 1.803 novos crentes batizados. Houve durante o ano, 72
novos missionários nomeados e enviados aos vários campos, sendo 27
efetivos, 13 obreiros da terra, 4 temporários e 28 radicais. O total de
missionários chegou a 598, em 62 países863.
Quatro novos campos foram abertos: Moldávia e Palestina, em
maio, Polônia em julho e Tailândia, em setembro864. O relatório do
ano apresenta o total de 58 campos em 57 países, tendo sido nome-
ados 99 missionários, a saber, 4 efetivos, 2 associados, 3 temporários,
56 obreiros da terra e 34 radicais. O total de missionários chegou a
560, sendo 247 brasileiros, 6 fazedores de tendas e 307 obreiros da
terra. Como resultado do trabalho, dentre outros itens foram regis-
trados 1.784 batismos e organizadas 1.069 frentes missionárias e 61
novas igrejas865. Conforme o relatório da JMM apresentado ao Con-

"" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 86@- assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2006, p. 68-76.
"" ANO de grande avanço nos campos missionários. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de
Janeiro: JMM, 2006, p. 5.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 426.
"` NOVAS frentes missionárias e igrejas organizadas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 20, p. 14, jan./fev. 2008.
selho Geral da CBB em novembro de 2008, havia na ocasião o total
de 591 missionários, sendo 269 brasileiros, 4 fazedores de tendas
e 318 obreiros da terra866. Para os anos de 2008 e 2009, a meta foi
alcançar 15 novos campos e organizar 150 novas igrejas. Para isso,
além dos missionários já em atuação, deverão ser nomeados nos dois
anos referidos, 150 novos missionários, incluindo efetivos, radicais,
temporários e da terra867.
O que podemos dizer com números tão expressivos? Eis a resposta:
"O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o
poder, e a força sejam ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!"
(Ap 7.12).

5.3 Refletida nos testemunhos


Segundo C. Peter Wagner868, os povos não alcançados "são substan-
cialmente grandes conglomerados de indivíduos que ou têm pouco ou
nenhum testemunho cristão em sua cultura particular". Em 1980, o
número deles era cerca de 16.000 em 12.000 línguas, que totalizavam
2 bilhões e 500 milhões de pessoas. A maioria dos povos não alcança-
dos está no Terceiro Mundo, mas há nos Estados Unidos 300 grupos
étnicos não alcançados e na Rússia, 510. Em 2005, há a informação de
que havia 13.000 povos não alcançados, e dentre eles, cerca de 2.000
não contavam com qualquer presença missionária. Por outro lado, de
6.500 línguas, há 4.000 faladas por apenas 6% da população mundial,
que não possuem sequer uma porção da Palavra de Deus traduzida869.
Tudo isso nos leva a concentrar os nossos esforços na obra missionária,
cumprindo a nossa responsabilidade de anunciar o evangelho até os
confins da terra.

"'''' MANDIRA, Lauro. Gerência de Missões: relatório anual. Documento recebido por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 07 nov. 2008.
"' JUNTA DE MISSOES MUNDIAIS. Planejamento estratégico 2006-2009. Rio de Janeiro: JMM,
2005, p. 16.
"" WAGNER, C. Peter. Palavra preliminar. In: DAYTON, Edward R. O desafio da evangelização
do mundo: uma contribuição metodológica. Tradução de Amantino Adorno Vassão. Belo Hori-
zonte: Betânia, 1982, p. 8.
"'''' JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Planejamento estratégico 2006-2009. Rio de Janeiro: JMM,
2005, p. 5.
Uma observação, de acordo com Bryant L. Myers870, é que a popu-
lação do mundo no tempo de Jesus era de 250 milhões de pessoas, e
só duplicou depois de 1.500 anos. Daí em diante o período é cada vez
menor para duplicar de novo, chegando hoje a mais de 6 bilhões de
pessoas, das quais 2 bilhões e 100 milhões desse número são cristãos,
incluindo a grande maioria de apenas nominais. Além desses "cristãos"
sem evangelho e sem salvação, há no mundo cerca de 1 bilhão e 200
milhões de muçulmanos, 1 bilhão de não religiosos, cujo número cres-
ce proporcionalmente mais que a população mundial; 860 milhões de
hindus; 360 milhões de budistas; 240 milhões de outros grupos; e 260
milhões que se identificam como ateístas. Por outro lado, os dados so-
ciais apontam para a desumanidade no globo terrestre. Há 800 milhões
de adultos analfabetos; 520 milhões de moradores de favelas; 100 mi-
lhões de meninos de rua, dos quais 25% dormem nas ruas. Tudo isso
tem levado a que as agências missionárias mudem as estruturas e es-
tratégias e, sobretudo, tem desviado o foco das instituições tradicional-
mente hierarquizadas do primeiro mundo, para organizações missio-
nárias do segundo e terceiro mundo, onde está incluído o Brasil. Mais
uma vez cresce o nosso dever como cristãos para alcançar tantos, que
estão sem Deus e sem salvação, e muitos outros atingidos pelas catás-
trofes e misérias que dominam grande parte da população mundial.
O desafio do Cinturão de Resistência ou Janela 10/40 foi apresentado à
assembléia convencional de 1993, como objetivo a ser alcançado durante
aquela década. Como já mencionado, a região se estende desde a África
Ocidental até a Ásia, entre os graus 10 e 40 no norte da linha do Equador
e ali se encontra a maior concentração não-cristã do mundo. Nesse re-
tângulo encontra-se uma terça parte do território do mundo e dois terços
da população, inclusive 99% dos países mais pobres. São "4 bilhões de
pessoas escravizadas por falsas crenças, filosofias e superstições"871. O
curioso é que em toda essa área, encontram-se apenas 8% da força mis-
sionária mundial. Assim escreveu Waldemiro Tymchak872 :

"7" MYERS, Bryant L. O desafio urgente de Missões Mundiais. Tradução de Heloísa Helena
Gonçalves Dusilek. Belo Horizonte: Missão Editora, 1995, p. 9-44.
"71 DESAFIO da Janela 10/40. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1, abr./maio 1993.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 738 assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1992, p. 461.
Dos bilhões de pessoas não alcançadas, a grande maioria está numa área do
mundo conhecida como o Cinturão de Resistência ou Janela 10/40. 97% dos
países menos evangelizados estão nesta janela, onde encontramos as três reli-
giões mais fortes e resistentes ao cristianismo: Islamismo, Induísmo e Budismo;
nesta janela vivem 80% das pessoas mais pobres do mundo. Das 50 mega-
cidades menos evangelizadas do mundo, todas estão nesta janela. Que grande
desafio para nós os batistas brasileiros!!!

David Brown873, da área de Recursos Huma-


nos, complementa algumas das informações so-
bre a Janela 10/40: "Na Janela, além das gran-
des religiões e países, podemos identificar 63
grupos étnico-linguísticos, cada um com mais
de um milhão de pessoas que não conhecem
o evangelho de Cristo, a maioria com culturas
e línguas diferentes". Antes, ainda em 1990,
a preocupação pelos povos não alcançados
era bem nítida entre os que atuavam na obra
de Missões Mundiais, quando Zilmar Ferreira
Freitas874 escreveu que no mundo havia 2.974
idiomas maiores, mas deles apenas 1.185 pos-
tvNsitoário 0,avid,dan suíam a Palavra de Deus traduzida, enquanto
Brown da Sóciedade
Missir1bilfïa Britânica a maioria, ou seja, 1.789 idiomas nada tinham
de tradução da Bíblia ou porções das Escrituras
Sagradas. O desafio missiológico era que em
vez de se pregar em alguns lugares duas, três ou mais vezes, que se
fosse para regiões como Uttar Pradesh na índia, onde nada existia do
evangelho'".
Na assembléia convencional de 1994, foi repetido o apelo quanto
à realização de trabalho na Janela 10/40, região "que se estende do
Oeste da África até o Leste da China, onde a história bíblica se iniciou,
onde Deus criou o homem, escolheu Abraão, onde Cristo nasceu e a

BROWN, David Alan. Janela 10/40: os não alcançados — quem são? Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 7, jul./ago. 1993.
" 4 FREITAS, Zilmar Ferreira. Adote um povo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 90, n. 38, p.
12, 23 set. 1990.
"-' FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
Igreja cresceu e se desenvolveu"876. O nosso braço é curto para atingir
a tantos sem o evangelho. Mas a mão de Deus chega até os confins da
terra. É Ele que nos usa para chegarmos até lá com a mensagem de es-
perança para os necessitados e luz para os que estão em trevas.
Um depoimento é apresentado em 1981 pela missionária Maria Ste-
la Lopes Bonfim877, quando fala em frustrações que às vezes surgem
na vida do missionário, principalmente ao contemplarem um relatório
sem grandes números. Mas ela lembra das vezes quando o pastor é
chamado, até de madrugada, para orar, socorrer, confortar, apaziguar
casais, aconselhar. Os atendidos são crentes, não-crentes, ateus, católi-
cos, humildes, ricos, jovens e adultos. Continua a missionária:
Surge uma família muito pobre. Lá o pastor vai semanalmente levar o pão mate-
rial e espiritual porque ninguém o faz. Aquele homem, de alta posição na cida-
de, ninguém sabe que ele tem problemas, mas o pastor sabe e vai orar com ele.
Esses todos não vão à igreja atendendo ao seu convite; não ajudam a encher o
salão nos cultos; não ajudam a molhar o batistério seco; não chegam a levantar
a sua mão respondendo a um apelo. Essas são algumas lacunas no relatório do
missionário. Alguns pequenos trabalhos que ninguém quase vê ou sabe que se
faz, mas que vale a pena sentir o resultado.

Interessante testemunho sobre o trabalho da JMM é apresentado por


José Nite Pinheiro878 em 1988: "Posso dizer que a Europa batista observa
com espanto o trabalho missionário dos batistas brasileiros no mundo. E
a grande indagação é esta: 'Como pode um povo tão pobre, com uma
moeda tão fraca, realizar tamanha obra missionária?' Mas 'Deus escolheu
as coisas fracas deste mundo par confundir as fortes' (1Co 1.28)".
Um artigo foi escrito pelo Executivo da JMM em 1992, em que men-
ciona os motivos alegados porque igrejas não contribuem com Missões
Mundiais, e rebate com argumentos baseados na lógica e nas Escrituras
Sagradas. O primeiro deles é a enganosa explicação de que não se deveria
enviar missionários a países ricos como Canadá e outros da Europa. Wal-
demiro Tymchak fala sobre as necessidades desses países e explica que os

"'h CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 745, 1993, São Paulo, ata da 65 sessão. Convenção Ba-
tista Brasileira: 755 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 76.
"" BONFIM, Maria Stela Lopes. O lado pequeno do trabalho missionário. O Campo é o Mundo,
Rio de Janeiro, ano 16, n. 51, p. 23, ago. 1981.
17" PINHEIRO, José Nite. Compartilhando as bênçãos de 1987. O Campo é o Mundo, Rio de

Janeiro, ano 23, n. 74, p. 23, mar. 1988.


missionários no Canadá eram sustentados integralmente pelos batistas ca-
nadenses e que a Junta como parte da parceria com eles, pagava somente
os encargos sociais e as viagens ao Brasil para promoção do trabalho ou
férias. Por sua vez, a Espanha participava nas despesas com os nossos mis-
sionários e na Itália, os missionários da JMM, Luís Carlos e Maria Costa dos
Santos, eram também mantidos integralmente por um grupo de crentes
norte-americanos. A segunda crítica se referia à despesa com a máquina
burocrática, argumento esse rebatido com a explicação de que apenas
10% da receita da Junta eram utilizados na sede, ficando 90% para os
campos missionários. O terceiro item falava que a prioridade do trabalho
era o Brasil. Tymchak lembra que na realidade o trabalho pátrio era muito
importante, mas a grande Comissão fala também sobre "todas as nações",
e complementa que se os norte-americanos e outros batistas usassem este
argumento, não teríamos recebido a mensagem do evangelho879.
Uma análise muito coerente foi feita a respeito de missões em O
Jornal Batista, com a perspectiva do que deverá acontecer no terceiro
milênio com a participação do Brasil e da JMM:
A obra missionária no contexto do primeiro milênio expandiu-se a partir de
Jerusalém e através da Ásia. No segundo milênio, o ponto de explosão foi a
Europa e EUA. No terceiro milênio, este ponto de explosão acontecerá a partir
do Terceiro Mundo, a exemplo do que Deus está fazendo na Coréia, na África,
no Brasil e na China. E...1 O brasileiro tem a "cara do mundo", mistura de todas
as raças; não sendo o Brasil uma das potências mundiais, o brasileiro não é
ameaçador; mantém relações fraternas com o restante do mundo'.

Incluímos aqui uma declaração do ex-missionário da Igreja Batista


do Morumbi entre os muçulmanos, Marcos Amado, que também foi
presidente da organização chamada Povos Muçulmanos Internacional.
Ele fala sobre o processo de adaptação e entrosamento do missionário
com o povo entre o qual passa a trabalhar. Marcos Amado881 fala:
Nós, logo ao chegar ao campo, tínhamos de morar na casa de uma família
da terra, tentando aprender e viver os seus costumes. Bebíamos no mesmo

"-" TYMCHAK, Waldemiro. Razões para não contribuir. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 92,
n. 9, p. 13, 01 mar. 1992
8"" MISSÕES no ano 2000: tornar-se celeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 10, p.
10, 10 a 16 mar. 1997.
'8' AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de

Oliveira. São Paulo, 28 out. 2007.


copo e tomávamos banho uma vez por semana. Era um banho coletivo, com
todos os homens juntos e separados das mulheres, que também tomavam
banho juntas. Quando estava andando na rua vinha um homem que agarrava
a minha mão e tínhamos que andar de mãos dadas. Se eu puxasse a mão de-
monstraria rejeição, quando ele havia indicado que me aceitava como amigo.
Por outro lado, andar de mãos dadas com a esposa era algo vergonhoso. Tí-
nhamos de aceitar dos amigos os três beijos no rosto, algo que jamais poderia
fazer em público com minha esposa. Ser missionário é acompanhar o povo
em seus costumes, mesmo que sejam esquisitos para nós: é comer com o
povo, viver com o povo, vestir-se como o povo, falar a língua do povo, enten-
der a literatura do povo, ou seja, entender e sempre fazer o que o povo faz.
Rejeitar os seus costumes é caminho aberto para que eles também rejeitem a
mensagem que anunciamos.

Dentre outros projetos em andamento no ano 1999, Luiz Carlos de


Barros882 destaca como sendo importantes desafios:
Aliança Missionária, de construção de templos e apoio a igrejas em Angola e
Moçambique; o Projeto Escola em Chambuta, para fazer funcionar uma escola
batista no Zimbábue; a Tenda da Esperança para Moçambique, um projeto
ousado de evangelismo e ação social que precisa ser estendido a outras nações
africanas; e o Projeto Gol, que usa o esporte para evangelizar os povos asiáticos,
especialmente na China.

Na assembléia convencional de janeiro de 2005, no Rio de Janeiro,


o orador oficial foi Waldemiro Tymchak883, que abordou o tema, "Mis-
sões em um mundo sem fronteiras". Em seu sermão, ele se refere à
Janela 10/40, com seus 2 bilhões de habitantes e compara a situação da
América do Norte, que tem um missionário para cada 1.300 pessoas,
com a China, onde há um missionário para cada 2 milhões e 800 mil
pessoas. Ele conclui:
Enquanto aqui estamos sentados comodamente, sendo abençoados com hi-
nos, orações e mensagens bíblicas, bilhões de pessoas vivem sem esperança,
condenados ao inferno. [...1 Na era da globalização, onde tudo converge e os
limites vão desaparecendo, seria muito bom que as únicas fronteiras a serem
ultrapassadas fossem as nacionais. Mas há também as fronteiras da indiferença,
ganância, inveja, egoísmo, acomodação, miséria, materialismo, incredulidade,
falta de amor e tantas outras. [...I Para concluir, faço minhas as palavras que

"" BARROS, Luiz Carlos de. A visão que permanece. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3,
set./out. 1999.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Missões em um mundo sem fronteiras. Arquivo Tymchak, Rio de
Janeiro, 21 jan. 2005. Digitado.
Guilherme Carey disse certa vez: "Se os pecadores serão condenados, que pelo
menos pulem para o inferno por cima dos nossos corpos, e que ninguém entre
ali sem ser avisado e sem que se tenha intercedido por essa pessoa".

O alto senso de responsabilidade da JMM, que se coloca como serva


das igrejas batistas do Brasil, é expresso no relatório referente ao ano
de 2006, que assim diz:
Missões Mundiais é uma organização voltada para o desenvolvimento missio-
nário das igrejas, administrando todo o fluxo de ofertas missionárias: do Dia
Especial, do Programa de Adoção Missionária e o percentual distribuído do
Plano Cooperativo. Ficamos permanentemente atentos ao desenvolvimento no
sentido de que o mesmo seja sustentado com muita segurança no poder de
Deus e nas realidades orçamentárias de Missões Mundiais884.

Luís Cláudio Marteletto885, que no momento responde pela Gerência


de Comunicação e Marketing da JMM, elogia o desprendimento dos
missionários da JMM, mesmo quando trabalham em situações adversas,
por nunca se darem por vencidos. Conclui ele: "Observo com alegria
a agilidade e criatividade como eles agem para cumprir a missão que
Deus lhes deu, sempre criando alternativas, sem permitirem quaisquer
sinais de derrota".
Além de vários testemunhos sobre Waldemiro Tymchak colocados em
outras seções deste livro, nos parágrafos que seguem neste tópico acres-
centamos alguns outros, dados por missionários ou pessoas que traba-
lharam diretamente com ele, que recebendo de Deus a incumbência de
gerir ou dirigir, o seu espírito pastoral sempre prevaleceu, levando-o a se
relacionar com os seus subalternos como um verdadeiro pai.
Lian Godoi886 (pseudônimo), nomeado como missionário na China
em 2006, em entrevista, disse sobre Tymchak:
Ele era para mim como pai. Essa era a impressão que ele deixava no missio-
nário. Ele, mesmo com suas múltiplas ocupações, ligava para saber como eu
estava, parava para me ouvir e orava comigo. Tudo o que tenho feito até agora
no campo foi o que ele me orientou. Nós sonhamos juntos todos esses projetos
na China.

""' NÚMEROS que mostram a fidelidade de Deus. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de
Janeiro: JMM, 2006, p. 51.
88 ' MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Ja-

neiro, 14 set. 2007.


8" GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
Izilda Portela de Miranda Santos887, que entre 2003 e 2007 foi secre-
tária e auxiliar direta do pastor Waldemiro Tymchak, apresenta mais um
depoimento extraordinário sobre o pastor e pai dos missionários:
Eu digitava chorando as suas cartas para os missionários. Ele escrevia a punho,
mas a sua maneira de expressar era a de um pai para seu filho. Certa ocasião
o Pastor me chamou no gabinete e disse que estava preocupado com uma
missionária no Cazaquistão. Pediu que eu ligasse logo, pois era muito impor-
tante. Dizia ele que ela estava sozinha naquele lugar tão distante e precisava de
conforto. Quando ele falou, parecia um pai que morria de saudade e preocu-
pação por sua filha. Apesar de toda a sua correria, Pastor Waldemiro mantinha
sempre contato com os missionários e achava tempo para mandar uma carta
ou mensagem eletrônica. Às vezes precisava ser duro, pois levava muito a sé-
rio as coisas de Deus. Sendo ético, não admitia vacilada e repreendia quando
necessário, embora com dor em seu sensível coração de pastor e pai. Por isso,
muitas vezes ele tomava uma atitude chorando. Waldemiro Tymchak era uma
pessoa singular!

Por ocasião da assembléia da CBB em São Luís, MA, Adilson Ferreira


dos Santos888, representante da JMM em São Paulo, como parte de
uma entrevista, falou sobre o Pastor Waldemiro Tymchak, dizendo que
havia um verdadeiro sentimento de orfandade naqueles que com ele
conviveram. E continua:
Ele foi um pai para mim em muitos momentos. Aprendi muitas lições de humil-
dade, com seu amor por missões e até com seu silêncio. A prova mais presente,
atualmente, do excelente trabalho realizado por ele é que mesmo sem ele a JMM
não parou. Pastor Tymchak tinha uma habilidade especial de colocar as pessoas
certas nos lugares certos e de buscar extrair o melhor dos seus liderados.

5.4 Nos acontecimentos


Em março de 1987, faleceu vítima de acidente em um ônibus, a fim
de promover missões em São Paulo, a Missionária Emérita da Junta,
Herodias Cavalcanti, que se tornara uma das mais eficientes promo-
toras da JMM. Sobre o seu trabalho neste período final de sua vida

""z SANTOS, Izilda Portela de Miranda. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 30 maio 2008.
""" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Mensagem recebida por <batistas@egrupos.net> em 14 fev.
2008.
escreveu Bill Ichter889: "Trabalhava, viajava,
pregava, promovia e falava sobre Missões
como se tivesse 20 anos. [...I Herodias era a
própria encarnação da palavra MISSIONÁ-
RIA".
No final de 1985, a Junta concedeu o
título de Missionária Emérita à funcionária
que trabalhou nos escritórios da JMM por
30 anos, e na ocasião se aposentava, Ali-
na Câmara Costa: "Por ter feito de seu tra-
Herodias Cavalcanti, balho entre nós não apenas um emprego,
Missionária emérita que mas um verdadeiro e exemplar ministério.
partiu em 107 para a
presença do Senhor Eficiência, dedicação, amor, perseverança
sempre foram qualidades presentes no dia-
a-dia dessa querida irmã" 89°. Por ocasião da
assembléia da CBB, realizada em janeiro de 1986 em Campo Grande,
MS, Alina Câmara Costa recebeu das mãos o Executivo uma placa co-
memorativa891.
Em 05 de dezembro de 1985, o casal Antônio Barbosa Reis e lima
Lessmeier Reis, ele médico e ambos já convocados para a presença do
Senhor, fez doação à JMM de uma chácara no município de Campinas,
medindo 23.634m2, com os objetivos básicos de "funcionamento de um
Centro de Treinamento Missionário e cessão de terrenos para missioná-
rios aposentados de Junta que queiram construir suas residências"892. A
propriedade hoje está escriturada, legalizada e registrada, com cláusula
específica que menciona a edificação de casas para missionários que
encerram a sua carreira nos campos de Missões Mundiais e a constru-
ção do referido Centro. Há a infra-estrutura necessária no estilo de um
condomínio fechado e sete casas já foram construídas, havendo quatro

"" ICHTER, Bill. "Sair é uma palavra missionária". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 22,
n. 73, p. 7, out. 1987.
89" MISSIONÁRIA emérita. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21, n. 70, p. 30, jan.

1986.
"' CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 1986, Campo Grande, ata da 11á sessão. Conven-
ção Batista Brasileira: 67á assembléia. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1986, p. 20.
8" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-

receres. Rio de Janeiro: CPC, 1987, p. 385.


famílias morando no local, que recebeu o nome de Chácara Recanto
Ebenezer893.
Em dezembro de 1989, quando se comemorava os 10 anos da atu-
ação de Waldemiro Tymchak na JMM, Juarez de Azevedo894 escreveu
sobre o Executivo: "Ele avulta na denominação como o timoneiro de
um barco que singra mar encapelado, e inspira total confiança dos pas-
sageiros do navio".
Em 15 de outubro de 1991, faleceu um dos maiores lideres da de-
nominação batista, José dos Reis Pereira, presidente emérito da CBB,
pastor, professor, escritor, redator por muitos anos de O Jornal Batista,
que por 23 anos serviu como presidente da JMM.
A Área de Comunicação e Marketing apresenta, nas comemorações
dos 90 anos de existência da JMM, em 1997, importantes informações
sobre o trabalho da JMM e os seus vários projetos. Havia na ocasião
369 missionários em 45 campos.
Durante o ano de 1999, a JMM comemorou os 20 anos de Walde-
miro Tymchak como seu executivo. Dentre outros momentos especiais,
foi realizado um culto em ação de graças na Igreja Batista Memorial
da Tijuca, no dia 10 de agosto895. No período, a obra foi ampliada de
forma extraordinária, chegando a 52 campos, com um contingente de
533 missionários, quando em 1979 eram 79 missionários em 11 cam-
pos. Países fechados para o evangelho foram alcançados, como índia,
Japão, Palestina, Líbano, Cuba e China. Das 15 nações que formavam
a União Soviética, 9 já tinham sido alcançadas em 1999. Tymchak deu
ênfase ao cunho social na evangelização, com o projeto das tendas e
outros. Foram criadas novas categorias de missionários, como os faze-
dores de tendas, além de implantar o Programa de Adoção Missionária
(PAM). O cuidado com os que se apresentavam para seguir aos campos
foi ampliado com o Centro Batista de Treinamento Missionário (CBTM),
em parceria com a Junta de Missões Nacionais. A JMM foi o primeiro
órgão da CBB a apresentar seu relatório em vídeo, aproveitando as van-

"" BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
"" AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8, 24 dez. 1989.
"" LOUVOR e gratidão marcam os 20 anos do Pr. Waldemiro Tymchak à frente da JMM. Jornal
de Missões, Rio de Janeiro, número especial, p. 16, set./out. 1999.
tagens da tecnologia. Em março de 1999, foram lançadas as teleconfe-
rências missionárias, um programa transmitido através da TV Executiva
da Embratel, levando para todo o Brasil notícias e desafios missionários
mundiais. Desde 1982, a JMM trabalhava através de planejamento e
em 1996 concluiu as obras de sua nova sede, no bairro da Praça da
Bandeira:
A JMM louva a Deus pelos 20 anos de um abençoado convívio com o Pastor
Waldemiro Tymchak. Sua liderança forte abriu caminhos e ainda hoje confirma
a direção do Senhor em sua vida. Diante de crises inflacionárias, mudanças da
moeda, enfermidade e desestímulos, o compromisso com o Senhor de Missões
sempre falou mais alto8`36.

No dia 19 de julho de 1999, foi realizado um culto de despedida do


missionário da BMS David Brown e sua esposa, Sheila Brown. Por 11
anos ele serviu à JMM na área de Recursos Humanos e foi homenage-
ado com uma placa de reconhecimento pelos seus serviços à causa de
Missões Mundiais897.
Em 2001, Luiz Carlos de Barros, Gerente da Área Administrativo-Fi-
nanceira da JMM, foi homenageado pelo seu eficiente trabalho por 25
anos, sendo reconhecido por vários líderes, missionários e pelo próprio
Diretor Executivo, como "um cristão de alma missionária", "adminis-
trador eficiente", "guardião do dinheiro de Missões Mundiais", "bra-
ço direito no trabalho missionário" e "competência e dependência de
Deus"898. Escrever sobre a gestão do Pastor Missões, é também registrar
a indispensável ação daquele que descobriu formas de driblar as crises
financeiras, para que os missionários não viessem a sofrer conseqüên-
cias indesejáveis. Conforme será analisado adiante, sua perícia com os
números e seu senso de organização foram determinantes, para que a
visão de se chegar aos confins da terra fosse melhor compartilhada pelo
povo batista brasileiro.
Os 25 anos de atividades de Waldemiro Tymchak à frente da JMM
foram comemorados de modo especial através de um culto em ação
de graças realizado no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil
"' ICHTER, Bill; MARTELETTO, Luiz Cláudio. Vinte anos de abençoada expansão missionária.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, número especial, p. 17, jul./ago. 1999.
"- CULTO marca despedida do Pr. David e Sheila Brown. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
número especial, p. 16, set./out. 1999
"8 HÁ 25 anos um mordomo fiel. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 15, nov./dez. 2001.
(STBSB), no dia 18 de agosto de 2004, quando pregou o presidente da
CBB, Fausto Aguiar de Vasconcelos. Bela reportagem foi escrita em O
Jornal Batista abordando o evento, sob o fascinante tema "Um homem
com o mundo no coração". No final, Waldemiro Tymchak emociona-
do e com muita humildade falou: "Sinto-me menor que uma formiga
diante de tudo o que ouvi e Vi"899. Antes, no dia 04 de março, a Assem-
bléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro homenageou Waldemiro
Tymchak com o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e com
a Medalha Tiradentes, sendo esta última destinada a premiar persona-
lidades que tenham prestado relevantes serviços à causa pública tanto
no âmbito estadual, bem como no Brasil e no mundo".

"99 SANTOS FILHO, Utahy Caetano dos Santos. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 35,
p. 9, 29 ago. 2004.
°"" ALERJ homenageia o Pastor Waldemiro Tymchak. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3,
mar./abr. 2004.
ÇP-1,?I'atio-9e-
1GB?r6D c
/
Desde o início de sua gestão, Waldemiro Tymchak expressou seus
grandes ideais e uma visão missiológica fora do comum, resultando
na adoção de novos projetos, que deram uma feição diferente ao
trabalho dos batistas brasileiros na área de missões mundiais. Aqui
serão mencionados alguns desses projetos, a ousadia como eles fo-
ram lançados e executados e o resultado para o sonho brasileiro de
chegar até os confins da terra.

1. Programa de Adoção Missionária (PAM)


Uma das realizações mais importantes implementadas por Waldemi-
ro Tymchak foi o Programa de Adoção Missionária. O PAM tem viabi-
lizado a participação direta da igreja na obra missionária ajudando no
sustento financeiro e espiritual do obreiro. Pastor Waldemiro sempre
demonstrou a sua preocupação em aproximar a Junta de Missões Mun-
diais daquelas que realmente fazem missões: as igrejas".
Em 1981, pela primeira vez Waldemiro escreveu um artigo falando
ainda timidamente no projeto para o lançamento do "plano de adoção,
que em síntese é o seguinte: sua Igreja escolhe um de nossos obreiros
e participa de sua manutenção. [...1 Outrossim, este plano uma vez
consolidado, o que se dará tão somente a médio prazo, dará um ali-
cerce financeiro mais firme a JMM"". Na realidade o plano seria uma

`'01 WALDEMIRO Tymchak, uma biografia missionária. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4,
n. 16, p. 4 e 5. maio/jun. 2007..
'112 TYMCHAK, Waldemiro. A missão da Igreja e o Plano de Adoção. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 5, abr. 1981.
estratégia que permitiria aos crentes e às igrejas participarem direta e
intensivamente na obra missionária mundial. 20 anos depois, uma re-
portagem especial esclarece sobre o assunto:
O compromisso de orar e de colaborar com ofertas seria selado através do Pro-
grama de Adoção Missionária ou, simplesmente, PAM. A Igreja Batista XV de
Novembro, de Guadalupe, Rio de Janeiro, foi a primeira a ingressar no progra-
ma. O primeiro casal de missionários adotado foi o Pastor Antonio Joaquim de
Matos Galvão e sua esposa, Deolinda, na época, obreiros na Espanha903.

Ao ser indagado sobre as estratégias usadas por ele nos primeiros


anos de seu trabalho na JMM, Waldemiro'' mencionou logo o PAM,
inclusive falando das tentativas para vencer as dificuldades iniciais de-
correntes da hiperinflação de nossa moeda:
Como sustentar missionários no exterior, dependendo de apenas uma oferta
anual? Além disso, sentimos que teríamos de mudar a nossa cultura missionária:
era preciso colocar a igreja no centro e a Junta a serviço dela, e o campo e o
missionário ao alcance da igreja. Aos poucos o nosso quadro de missionários
foi sendo adotado. Lembro-me que eu e Acidália visitamos pessoalmente, em
poucos meses, 280 pastores. Muitos gostaram da idéia, alguns não. Mas não
desistimos e hoje o PAM e o Dia Especial são as duas maiores fontes que têm
viabilizado financeiramente a obra missionária global.

Como se vê, a ênfase na igreja local foi um dos pontos importantes


da visão missionária do Executivo da JMM, pelo que ele ligou o Progra-
ma de Adoção diretamente à Igreja. Assim, ainda em 1981, escreveu
Waldemiro Tymchak"5:
Um dos nossos maiores desejos, desde que assumimos, é o de levar a Junta de
Missões Mundiais para mais perto das igrejas locais. E...] Além dos contatos da
JMM com as igrejas locais, estamos promovendo com todo ardor o "Plano de
Adoção". Não o estamos promovendo somente por razões econômicas, mas
sim porque cremos que missões é a alma da igreja local. É nosso desejo que as
igrejas assumam um papel cada vez mais relevante, mais íntimo e mais pessoal-
no trabalho missionário mundial.

'" PAM: 20 anos depois. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 14, maio/jun. 2001. A menção
aqui à primeira igreja adotante e ao primeiro casal adotado, refere-se ao Programa aprovado
pela JMM na gestão Tymchak, pelo que não entra em choque com outros registros referentes a
períodos precedentes.
TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
Id. A Junta de Missões Mundiais e a igreja local. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
16, n. 51, p. 2, ago. 1981.
Em setembro de 1982, a revista O Campo é o Mundo informa que
as igrejas do Rocha e do Méier no Rio de Janeiro, e Cambuí, em Cam-
pinas, se foram as primeiras a adotar missionários, mesmo quando não
havia ainda oficialmente o Programa, mas na ocasião já havia cerca
de 40 igrejas que se haviam comprometido a contribuir nas bases do
Programa de Adoção906.
Em 1985, o Plano de Adoção foi reformulado, estimulando um con-
tato direto ou indireto entre o adotado e a Igreja que o adotou, a qual
deveria receber foto colorida, correspondência e visita do missionário
quando este viesse ao Brasil. "As bênçãos advindas desse relacionamen-
to já estão sendo experimentadas por várias igrejas e missionários"907.
Em 1988, o Coordenador do PAM escreveu sobre o Programa, es-
timulando as igrejas e os batistas em geral a adotarem missionários.
Assim esclareceu Zilmar Ferreira Freitas908: "É uma nova forma de en-
volver sua igreja com missões, levando-a a participar diretamente no
sustento de um missionário, acompanhando o seu trabalho através de
cartas, fotos e relatórios pessoais". Dois anos mais tarde, novo escla-
recimento sobre o PAM foi dado pelo seu Coordenador, mostrando a
responsabilidade e a participação das igrejas:
A responsabilidade de evangelizar o mundo é das igrejas, pois foi com a Igreja que o
Senhor Jesus deixou a grande comissão. Também é das igrejas que saem os missio-
nários e de onde vem o sustento. [...] Através do Programa de Adoção Missionária a
Igreja passa a ter um envolvimento maior na obra missionária mundial".

Mais tarde, em 1991, Edmilson Meireles Guerra"' complementa so-


bre o mesmo assunto:
A igreja que participa do PAM vive missões cada dia, pois adotar um missionário
é mais do que participar financeiramente do seu sustento. [...] A igreja deve

`''' MOREIRA, Loide Silveira. Missões hoje: uma nova dimensão de trabalho. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 17, n. 55, p. 28, set. 1982.
`1O BERNARDO, Salovi; TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista
Brasileira: atas e pareceres — 674 assembléia. Rio de Janeiro: Conselho de Planejamento e Coor-
denação, 1986, p. 279.
`"' FREITAS, Zilmar Ferreira. Um desafio urgente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 75, p. 14, jul. 1988.
""" Id. A importância do PAM. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 90, n. 52, p. 12, 30 dez.
1990.
`"" GUERRA, Edmilson Meireles. A importância do Programa de Adoção Missionária na vida de
um missionário. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 24, p. 12, 16 jun. 1991.
receber o missionário como filho, dispensando a ele todo o cuidado e atenção,
compartilhando bem de perto o trabalho que desenvolve, demonstrando que
o ama e se interessa por ele. O Programa de Adoção Missionária permite que a
Igreja tenha um envolvimento deste nível.

Conforme Renato Reis de Oliveirag",


que na ocasião atuava como Coordena-
dor da Divisão de Planejamento da JMM,
realizou-se no dia 20 de novembro de
1992 o primeiro Treinamento do Projeto
PAM — sua igreja transformando o mun-
Alcançando os do, com quase 30 pastores e líderes, pro-
s africanos
de língua motores de missões, da Região Sudeste.
portuguesa
Deve-se mencionar, que o PAM alcan-
VCRI çava em 1996 mais de 5.000 participan-
Proclama,
2005
tes'12. Já no relatório referente a 1997, há
o registro de 10.173 adotantes na área
financeira973.
Nos meses de outubro e novembro de
2004, surgiu o primeiro número do infor-
mativo intitulado A Colheita, publicado
de modo exclusivo para os adotantes do
PAM. Em seu quarto número, de maio
e junho de 2005, está a informação de
que o Instituto Batista de Educação de
Vitória, dirigido pelo pastor Jesus Silva Gonçalves, adotou 15 missioná-
rios da JMM914. A mesma revista explica que através dos anos empresas
passaram a participar do Programa e, mais tarde, missionários foram
adotados também por grupos musicais, classes de estudos bíblicos e
organizações tais como Mensageiras do Rei, Embaixadores do Rei e

" ' OLIVEIRA, Renato Reis de. PAM — sua igreja transformando o mundo. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 93, n. 8, p. 12, 21 fev. 1993.
"2 VÁ através do PAM e evangelize o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 96, n. 13, p.

11, 07 abr. 1996.


'" 3 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 80P assem-

bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1999, p. 447.


COLÉGIO adota 15 missionários de Missões Mundiais. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 4, maio/
jun. 2005.
Mulheres Cristãs em Ação (MCA)915. Deve-se mencionar a participação
da Missão Ide, do empresário Josias de Almeida Lira, no Amazonas,
que iniciou a participação no programa de adoção da JMM em 1999, e
chegou a manter dezenas de missionários em dezenas de países.
No começo de 2006, Waldemiro Tymchak916 escreveu sobre o PAM:
A JMM foi pioneira no Brasil a propor o Programa de Adoção Missionária (PAM).
[...1 A contribuição através do PAM personaliza a oferta. Quem adota os PEPE's
(Programa de Educação Pré-Escolar) por exemplo, vê em nossos vídeos as crian-
ças, uniformizadas, sendo evangelizadas, alfabetizadas, preparando trabalhos
manuais ou saboreando um lanche, não pode deixar de exultar e de dar graças
a Deus por contribuir para que essas crianças tenham um futuro e uma espe-
rança de uma vida plena em Cristo.

2. Intercessão Missionária
O relacionamento com as igrejas e com o povo de Deus é impres-
cindível para que a JMM cumpra a sua tarefa no mundo inteiro. Não
há melhor forma de estabelecer este contato do que através da oração,
pois é essa a forma pela qual todos os cristãos em qualquer lugar do
mundo e em qualquer ocasião estão ligados a Deus. A oração é a arma
mais poderosa da batalha missionária. No momento em que pessoas,
mesmo em lugares e ocasiões diferentes no extenso Brasil ou no mundo
inteiro se ligam a Deus pela intercessão, o povo de Deus forma uma
única força, capaz de transportar montanhas, de mover máquinas as
mais complexas e de levar corações ao quebrantamento da entrega
total ao Senhor e ao seu trabalho. É neste sentido que a JMM iniciou
uma rede de intercessão através do Programa de Intercessão Missioná-
ria (PIM), que foi implementado com o objetivo de oferecer suporte
espiritual ao trabalho dos obreiros e envolver os crentes na obra missio-
nária através da oração por motivos gerais ou específicos.
Obviamente este programa tem sua ligação com o PAM, onde há
a tentativa de fazer com que os adotantes tenham conhecimento das
atividades dos adotados e com eles mantenham contato sistematica-
mente. Isso não teria sentido sem o compromisso de orar pelo obreiro

`"'' GRUPOS também podem adotar. A Colheita, ano 2, n. 4, p. 2, jul./ago. 2005.


`'' TYMCHAK, Waldemiro. Missões, expressão de amor e fidelidade. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 3, n. 8, p. 2, jan./fev./ 2006.
que está dando tudo de si para cumprir a missão que lhe foi designada
em um país diferente e distante. Começou como Rede de Intercessão
e hoje chama-se Programa de Intercessão Missionária - PIM. O PIM foi
criado para aproximar o missionário dos intercessores e sustentado-
res. Assim, "os pedidos de oração estão disponíveis de uma maneira
ágil, com maior conteúdo, periodicidade menor e de forma constante,
quebrando a antiga barreira de distância e falta de informação sobre o
missionário e o campo"917.
Os integrantes do PIM são conscientizados de seu dever em segurar
as cordas dos que descem ao fundo dos poços, para resgatar vidas que
estão sem Jesus ao redor do mundo. Todos os meios de comunicação,
inclusive a Internet, são usados para que o povo de Deus esteja infor-
mado de tudo o que se passa nos campos. O objetivo do PIM é "in-
terceder pelos missionários, campos ou qualquer situação urgente"918,
porque a expansão do reino de Deus é feita de joelhos.
A Rede de Intercessão tem sido um projeto que deu certo. Em 2007
se inscreveram 5.068 novos intercessores, pelo que a Rede de Interces-
são chegou a ter mais de 30 mil pessoas que estavam orando pela obra
de missões mundiais. "Estes irmãos têm segurado as cordas, vencido
batalhas intangíveis e conquistado resultados visíveis para o Reino de
Deus"919.

3. Obreiros da Terra (autóctones)


O primeiro missionário da terra a ser mantido pela JMM foi também
o primeiro missionário dos batistas brasileiros. Seu nome é Wenceslao
Waldivia, chileno, cuja manutenção foi aprovada na segunda assem-
bléia da CBB, ainda em 1908920. No período de 1908 a 1918, a Junta
ajudou no sustento de outros chilenos. Também em Portugal, os nossos
primeiros missionários eram portugueses, a saber, João Jorge de Olivei-

`"- PIM — Programa de Intercessão Missionária. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível
em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 27 jul. 2008.
918 Ibid.

"'" AMARAL, André Luís Teixeira Ávila. Junta de Missões Mundiais: Coordenação de Projetos e
Desenvolvimento de Recursos. Convenção Batista Brasileira: 884 assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2008, p. 125.
92 " GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O

Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 8, n. 31, p. 6, 13 ago. 1908.


ra, missionário entre 1911 e 1922, e Antonio Maurício, entre 1920 e
1942. Deve-se registrar que a esposa de João Jorge, Prelidiana Frias de
Oliveira, era brasileira nascida em Pernambuco. As dificuldades de re-
lacionamento surgidas em Portugal levaram a Junta a decidir, em 1945,
não mais nomear missionários da terra de qualquer campo missioná-
rio921. Essa decisão foi revertida mais tarde de forma tímida, a partir de
1952, e definitivamente com todo o vigor, no período de Waldemiro
Tymchak.
Ainda em 1983, Tymchak escreveu sobre o novo plano de sustentar
missionários da terra, informando a existência de 5 missionários mo-
çambicanos e 1 uruguaio, trabalhando sob a orientação da missionária
Valnice Milhomens Coelho e Agnelo Guimarães Barbosa Filho, na pers-
pectiva frustrada de este casal ir para Moçambique922.
Em 1990, quando a JMM completava 83 anos de existência, houve
a explicação sobre o porquê de se utilizar os missionários da terra, que
passaram a ser aproveitados onde era difícil a entrada de estrangeiros
como religiosos, com excelentes resultados no Leste Europeu, na África
e na América'.
A partir de 1995, quando 27 brasileiros estiveram em Cuba realizan-
do campanha de evangelização, houve a decisão estratégica de manter
missionários da terra em Cuba, pelo fato do país ser fechado para a
entrada de missionários do exterior. Assim, em 1996, o então Diretor
da Divisão de Missões Regionais da Junta, Antonio Joaquim de Matos
Gaivão, foi a Cuba para definir a adoção de missionários da terra, sen-
do logo na ocasião adotados 13 obreiros924.
Em 2000, o Leste Europeu tinha 137 missionários autóctones sob a
supervisão dos missionários brasileiros: Gerson e Sônia Tomaz na Romê-
nia, Moldávia e parte oriental da Ucrânia; Joel e Suzana Costa, no norte
da Ucrânia, Rússia e Geórgia, além de atuarem também no Azerbaijão,
Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, na Ásia Central; Moisés e

"21 CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 29á, 1945, Rio de Janeiro, ata da W- sessão; ata da 9â
sessão. Convenção Batista Brasileira. Rio de Janeiro: CPB, 1945, p. 26 e 33.
922 TYMCHAK, Waldemiro. O privilégio de sustentar "terceiros". O Jornal Batista, Rio de Janeiro,

ano 83, n. 7, p. 12, 13 fev. 1983.


923 FIGUEIRA, Nilcilene. 90 anos fazendo missões no mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,

ano 97, n. 23, p. 12, 09 a 15 jun. 1997.


924 IGREJAS da CBB entram em Cuba. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1 mar./abr. 1996.
Sali Menezes no oeste da Ucrânia, Bielo-Rússia e Polônia. Os relatórios
informam que entre outubro de 1998 e fevereiro de 2000 os obreiros
da terra batizaram 953 novos crentes e organizaram 23 igrejas, além de
treinarem novos lideres e realizarem outras atividades925.
No ano de 2002, notícias sobre o trabalho no Leste Europeu foram
colocadas no Jornal de Missões pelo missionário Joel Costa926, da Ucrâ-
nia, que coordenava o trabalho autóctone em Azerbaijão, Tadjiquistão,
Turcomenistão, Uzbequistão, Geórgia e Ucrânia. Destes, Azerbaijão,
Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão são países muçulmanos.
Também no mesmo ano, o missionário Gerson Tomaz927, da Romênia,
que coordenava o trabalho na Rússia, Polônia, Bielo-Rússia, Moldávia e
Romênia, escreveu sobre o trabalho dos obreiros nesses países. Ambos
os missionários brasileiros dão ênfase ao treinamento e assistência dos
missionários da terra.
No relatório sobre os missionários autóctones em 1995, destaque
é feito a Nicolau Zeferino de Jesus, em Moçambique, que durante o
ano batizou 2.304 pessoas e organizou 7 novas igrejas. Na Ucrânia
foram organizadas 10 igrejas, batizados mais de 200 novos irmãos
e abertas 15 novas missões. Na Índia houve 2.000 decisões e 108
batismos, foram abertos 179 pontos de pregação e 5 novas missões.
Informações foram dadas também sobre os missionários da terra na
Angola, em Zimbábue e no Chile928. Nesse mesmo ano, 38 missio-
nários da terra foram nomeados para o Equador, Venezuela, Angola,
Ucrânia e Índia. O número total de missionários em 1995 chegou a
222, incluindo 73 da terra.
É importante destacar que durante o ano de 1996, houve a nomea-
ção de 61 missionários da terra somente para Cuba, além de 4 para o
Equador, 2 para Venezuela, 2 para a Ilha de Páscoa, 3 para Azerbaijão,
15 para Bielo-Rússia, 4 para Geórgia, 19 para Ucrânia e 12 para Ango-
la, totalizando 122 novos missionários da terra nomeados. O número

ll" NOVO tempo para o Leste Europeu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, jul./ago. 2000.
COSTA, Joel. Missões alcançam ex-repúblicas soviéticas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 6, jan./fev. 2002.
TOMAZ PEREIRA, Gerson. Trabalhando com as portas abertas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 6, jan./fev. 2002.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 775 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 411.
total de obreiros chegou a 334 em 40 cam pos929. Dentre os vários cam-
pos, anotamos que a Ilha de Páscoa foi durante quatro anos um campo
dos batistas brasileiros, em convênio com a Convenção Batista do Chi-
le. O trabalho era realizado por um obreiro da terra, que neste período
exerceu importante ministério. Mais tarde, por dificuldades locais, este
campo foi fechado93°.
No início de 1997, o Executivo escreveu sobre os missionários au-
tóctones, lembrando que a JMM começou a contratá-los em Moçambi-
que, estendendo o trabalho para Angola, Zimbábue, Botsuana, Equa-
dor, Chile, Cuba, Ucrânia, Rússia, Índia e Líbano. Ele diz: "No Leste
Europeu, onde temos 46 missionários autóctones, não faríamos em 50
anos pelos métodos tradicionais o que fizemos em dois!931" Mais tar-
de, ainda no mesmo ano, há nova informação: "As igrejas e os crentes
batistas brasileiros, através do PAM, sustentam 102 missionários autóc-
tones em países do Leste Europeu. Destes, 54 estão na Ucrânia e 22 na
Bielo-Rússia"932.
No relatório referente ao ano de 1997 aparece mais uma lista de
obreiros da terra ajudados financeiramente pela JMM, sendo 1 no Para-
guai e 10 na África, principalmente Moçambique. O plano era estender
esta ajuda para Angola, Peru, Equador e outros países933. No mesmo
ano, os 280 autóctones em 24 países organizaram 20 igrejas e batiza-
ram 3.272 pessoas. Durante o ano foram aceitos 106 novos obreiros da
terra nos vários campos da Junta934.
Em 2000 havia 336 missionários autóctones, sendo a maior concen-
tração no Leste Europeu com 137 e em Cuba com 101. Como resulta-
do desse trabalho, houve na índia 105 batismos realizados e 9 igrejas
organizadas, entre outubro de 1998 e setembro de 1999; em Cuba,
Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 78á assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 1997, p. 397-98.
'''" CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
''" TYMCHAK, Waldemiro. Missionários autóctones, uma estratégia divina. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, p. 2, maio/jun. 1997.
32 MAIS conversões com missionários autóctones. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, set./
out. 1997.
`"' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 71 assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1990, p. 349 e 350.
"1 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1998, p. 421 e 426, p. 428-456.
254 batismos realizados e 2 igrejas organizadas; no Leste Europeu, 953
batismos e 17 novas igrejas. Explicação sobre o objetivo desse trabalho
é dada: "A ênfase tem sido a implantação de igrejas auto-sustentáveis,
auto-propagáveis e auto-governáveis"935 .
Sobre as atividades dos obreiros da terra em Cuba, país onde não há
liberdade para a entrada de missionários de outros países, havia 121
missionários, que levaram 2.568 pessoas aos pés de Cristo, organizaram
11 igrejas, abriram novas frentes missionárias e batizaram 190 novos
crentes, somente entre outubro de 2004 e janeiro de 20059 . Esse nú-
mero de obreiros da terra no Oriente Cubano foi levemente acrescido
para 128 em 2007, dando ênfase ao trabalho de pequenos grupos ou
células, com as chamadas casas-culto. Conforme Antonio Gaivão, em
sua viagem em abril desse mesmo ano a Cuba, o desafio era estender a
obra até o Ocidente do país, lembrando que oficialmente não se pode
ter novas igrejas, mas as casas-culto, que são permitidas pelo Governo,
e terminam sendo transformadas em igrejas. "O Projeto Ocidente é
considerado como o mais desafiador de toda a Convenção e tem como
meta alcançar 2 milhões de pessoas na região central de Cuba, o setor
menos evangelizado do país"937.

4. Parcerias com igrejas e instituições


De antemão, deve-se dizer que a maior parte dos convênios relacio-
nados neste item já foram referidos anteriormente de forma esparsa,
mas voltamos aqui a mencionar com o objetivo de reforçar em um só
tópico este tipo de trabalho, que hoje é considerado fundamental para
o bom andamento da obra de Missões Mundiais.
No final do período de Alcides Telles de Almeida, em 1978, os ba-
tistas brasileiros iniciaram atividades no Canadá, mediante convênio
com a Convenção Batista de Ontário e Quebec. Desde então, têm sido
mantidos missionários da )MM naquele país, sempre mediante convê-
nios com essa convenção ou com igrejas canadenses.

"' AUTÓCTONES, uma estratégia que dá certo. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9, jul./
ago. 2000.
RÁPIDAS. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 3, maio/jun. 2005.
"'- MOVER de Deus em Cuba! PAM, Rio de Janeiro, p. 2, jun. 2007.
Em 1980, já no período de Waldemiro Tymchak, para ampliar e re-
gulamentar o ministério missionário através do mundo, a Junta resolveu
estabelecer categorias e critérios de sustento de seus obreiros, estan-
do incluídos "missionários sustentados em convênios com as igrejas do
Brasil e missionários sustentados em convênios com instituições do país
onde o obreiro trabalha"938.
Novas terminologias foram determinadas em 1998, onde estão inclu-
ídos Missionários em Convênio "com a Junta de Missões Nacionais ou
com juntas estaduais, para trabalho em cidades fronteiriças, com organis-
mos de outros países, que arcam com parte do sustento missionário"939 .
O primeiro grande convênio realizado pela Junta de Missões Mun-
diais no período Tymchak, foi ainda em junho de 1981, com a North
American Baptist General Conference (Conferência Geral Batista Nor-
te-Americana), que favoreceu a ida dos missionários Humberto Viegas
Fernandes e Marilena Andreoni Fernandes para trabalhar com portugue-
ses em Nova Jersey, EUA. Pelo convênio, que foi chamado "Missões em
retribuição"940, os obreiros, embora nomeados e orientados pela JMM,
recebiam salário, moradia e carro dos norte-americanos. Esta parceria
chegou ao seu término em 1983. Por outro lado, foram mantidos os con-
vênios já existentes com a Convenção Batista do Canadá, desde 1978,
e com a Igreja Batista de Germinston, na África do Sul". Em 1994, os
batistas brasileiros voltaram a trabalhar em parceria nos Estados Unidos,
com José Calixto Patrício e Suely Mieko Sirasawa Patrício, na região do
São Francisco, Califórnia. Esse convênio funcionou somente até 1996.
Em 1989, a Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo, nomeou em
convênio com a JMM o casal Paulo Moreira Filho e Virgínia Bonfim
Moreira como missionários na Áustria, com o objetivo de alcançar o
Leste Europeu942.

'" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais —634
assembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 42.
"'" FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 74, p. 4, mar. 1988.
"4" NOSSOS novos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 6, abr.
1981.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 654- assem-
bléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1984, p. 155 e 156.
"4' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres - 704 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 380.
Tomé Antônio Fernandes, filho de indianos, foi inicialmente à Índia,
em 1988, para estudar o ambiente e as possíveis estratégias para que
entrasse no país como missionário. Ele entrou em contato com algumas
agências missionárias, e recomendou que se fizesse convênios com a
Convenção de Mahastra e a North West Baptist Association (Associação
Batista do Noroeste), sendo esta dos Estados Unidos. O Executivo da
JMM afirmou que através desses dois convênios o trabalho seria inicia-
do na Índia, mantendo-se o sustento de pastores indianos com o custo
dez vezes menor do que se fosse um casal de brasileiros943.
O casal Fernandes se tornou missionário efetivo em 1992 e ficou
oito anos na Índia, trabalhando em parceria com a índia Every Home
Crusade, para trabalhar com os hindus. Outra parceria foi feita com o
objetivo de alcançar os mulçumanos, com a Agência Al-Bashir. O nome
é uma palavra em Hudu, língua dos muçulmanos na índia, que signifi-
ca "Mensageiros de boas novas". A JMM tem dado a sua contribuição
nessas parcerias com a visão de plantação de igrejas e discipulado. "Há
hoje 35 novas comunidades na Índia, sendo 31 entre os hindus em Uttar
Pradesh e 4 entre os muçulmanos em Caxemira. Desde 1999 há uma
associação batista que cuida das 31 igrejas em Uttar Pradesh. O sucesso
de nosso trabalho deve-se à metodologia usada com parcerias"944.
O Centro Batista de Treinamento Missionário, com o objetivo de trei-
nar os candidatos para as juntas missionárias dos batistas brasileiros, foi
criado em convênio com a Junta de Missões Nacionais em 1988945. Em
12 de outubro de 1997 houve uma reunião entre representantes das
duas juntas missionárias do Brasil, com o objetivo de estabelecerem
parcerias em várias áreas de trabalho, a saber: treinamento de obrei-
ros, seleção de candidatos, publicações, evangelização de colônias es-
trangeiras no Brasil e praças missionárias por ocasião das assembléias
convencionais946.

"" Id. Relatório anual da Junta de Missões Mundiais da CBB. Convenção Batista Brasileira: atas
e pareceres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1989, p. 366.
II" FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 385.
""' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Parcerias entre Missões Mundiais e Missões Nacionais. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 3, nov./dez. 1997.
Em 23 de junho de 2004, novo convênio foi assinado, dessa vez pela
Junta de Missões Mundiais, Junta de Missões Nacionais e União Femi-
nina Missionária Batista do Brasil (UFMBB) através do Centro Integrado
de Educação e Missões (CIEM), pelo qual cada junta missionária mante-
ria dois coordenadores na área de treinamento de obreiros ministrada
através do CIEM. "Pela aliança formada, o CIEM torna-se o maior cen-
tro de missiologia da América Latina"947.
O missionário João Luís da Silva Manga e sua esposa, Célia Miranda
Borges Manga foram para a Guiana em outubro de 1990, mediante
convênio pelo período de quatro anos com a Sociedade Missionária
Batista Britânica (BMA). O casal ficou por oito anos naquele país.
Outro convênio ocorreu em 1990, por ocasião das comemorações
dos 25 anos de trabalho batista brasileiro no Paraguai, em que estive-
ram envolvidas a Associação do Litoral Paulista e a Convenção Batista
Paraguaia. Através dele, 44 pastores e líderes paulistas foram ao Para-
guai e ali realizaram campanhas de evangelização948.
Na Itália, a JMM iniciou trabalho em convênio com Europe for Christ
(Europa para Cristo), quando em agosto de 1991 foi para aquele país
o casal Luís Carlos dos Santos e Marisa Costa dos Santos. Esta parceria
teve a duração de dois anos.
O trabalho em Cuba tem sido realizado mediante convênio com
a Convenção Batista de Cuba Oriental, desde 1996. Hoje os líderes
cubanos se regozijam com o progresso do trabalho e não têm dúvida
que o progresso em parte é devido ao apoio dado pelos batistas bra-
sileiros. Este convênio tem sido renovado de várias formas, inclusive
com novas perspectivas, como aconteceu na resolução de manter um
missionário na África, e recentemente com o projeto de construção
do Centro de Capacitação Missionária, mediante parceria da JMM e a
Convenção Batista de Cuba Oriental.
Novo convênio foi firmado em 1997 com o Seminário Teológico
Batista do Norte do Brasil (STBNB), que passou a oferecer 5 bolsas

SOUZA, Sócrates Oliveira de; MEDEIROS, Gilton. Batistas brasileiros têm o maior centro de
missiologia da América Latina. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 27, p. 9, 04 jul.
2004.
`"" FREITAS, Zilmar Ferreira. Intercâmbio internacional Brasil (Santos) X Paraguai. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 91, n. 1, p. 12, 06 jan. 1991.
por semestre para alunos dos campos missionários e 4 bolsas de pós-
graduação para missionários da JMM949.
A missionária na Guiné, Kerley Permínio de Souza já era missionária
desde 1994 através de outra agência. Em 1998 foi nomeada pela JMM,
em convênio com a Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo, para
trabalhar com o povo sussu, começando depois a usar o Programa de
Educação Pré-Escolar950.
Dentre os convênios durante o ano de 2001, destaca-se "Moçambi-
que para Cristo", firmado entre a Convenção Batista de Pernambuco,
Convenção Batista de Moçambique e Junta de Missões Mundiais951.
Os primeiros missionários na China comunista foram Ricardo Carva-
lho Rocha e Adriana Sotelo Morari Rocha, enviados em maio de 2002
pela JMM, em convênio com a Igreja Batista do Balneário Camboriú,
SC952. Também em 2002, fez-se uma parceria entre o Projeto Gol e a
Missão Atletas de Cristo, através do missionário Ezequiel Batista da Luz,
conhecido como Pastor Zick953.
Em novembro de 2005, a missionária Terezinha Candieiro, que des-
de 1991 atuava em Moçambique, retornou ao Brasil, com a finalidade
de assumir a Coordenadoria Geral do PEPE, em um trabalho de parce-
ria entre a Junta de Missões Mundiais, a Sociedade Missionária Batista
Britânica e a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH), como de fato aconteceu.
O presidente e o Diretor Executivo da Junta Missionária da Con-
venção Batista de Cuba Oriental apresentaram, em 2007, o resultado
do convênio firmado desde 1996 e renovado em 05 de dezembro de
2006, com a Convenção Batista Brasileira. Os números referentes aos
11 anos de trabalho são: Igrejas organizadas, 142, missões em processo
de se tornarem igrejas, 305, decisões por Cristo, 149.172, batismos re-
alizados, 13.410. Os dois líderes terminaram o relatório expressando:

TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79á assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 421 e 426, p. 428-456.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 188. Ver adiante detalhes sobre o PEPE.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 82á assem-
bléia anual. Rio de Janeiro: CBB, 2002, p. 256.
SOUZA, Eliézer Ribeiro de. Igreja apóia o envio de missionários à China comunista. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 24, p. 4, 10 a 16 jun. 2002.
"' LUZ, Ezequiel Batista da. Correndo juntos para alcançar a muitos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4, mar./abr. 2004.
Como podemos observar, a influência da Junta de Missões Mundiais da CBB
tem sido excelente e de grande alcance para o desenvolvimento da obra evan-
gélica na Convenção Batista de Cuba Oriental, pelo que expressamos nossa
mais profunda gratidão a Deus por colocar no coração dos irmãos do Brasil o
trabalho em Cuba. Hoje contamos com o apoio a 130 missionários autóctones
e o trabalho evangelístico se estende por todo o país. É bom destacar que a
maior parte do crescimento de nossa obra missionária deve-se à essa colabora-
ção da Junta de Missões Mundiais da CBB. A Deus toda a glória!954

Uma parceria foi realizada entre a JMM e o Centro de Futebol Brasi-


leiro (Brazilian Football Center) na Malásia. Esse convênio foi ampliado
em fevereiro de 2008 através da Junta e a organização chamada Ser-
viços Comunitários da Graça (Grace Community Services). Esse último
órgão trabalha com malaios muçulmanos na Malásia, onde uma das
várias estratégias do trabalho batista é a evangelização através dos es-
portes955.

5. Fazedores de Tendas
Em 1980, o Executivo lançou o Projeto Tempo para Deus, convocan-
do profissionais da área de saúde (médicos, odontólogos e enfermeiros)
para darem parte de seu tempo em serviço voluntário nos campos mis-
sionários. Os primeiros países a receberem esse projeto foram Paraguai
e Bolívia956. Esse foi o prelúdio do Projeto Fazedores de Tendas, com
resultados dos mais animadores.
No período de janeiro a setembro de 1981, esteve em Angola o que
poderíamos chamar de primeiro missionário fazedor de tendas, que
embora não tivesse ido oficialmente como missionário da JMM, atuou
nessa categoria voluntariamente e com o apoio dos líderes de Missões
Mundiais. Ele foi em período de guerra como técnico de construção
civil, e depois de profundas e difíceis experiências, retornou ao Brasil
por ter adoecido com certa gravidade. Mas a experiência ficou para a

""4 CASTELLANOS, Enio L. Navarro; DURÁN, Aníbal Hernández. Resultado del apoyo de la Junta
de Misiones Miundiales de la CBB. Convención Bautista de Cuba Oriental, Santiago — Cuba, 07
abr. 2007.
" MISSÕES mundiais amplia parceria na Malásia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 21, p. 7, mar./abr. 2008.
"Th TYMCHAK, Waldemiro. "Tempo para Deus". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 32,
maio/ ago. 1980.
continuação deste tipo de trabalho em lugares onde não havia liberda-
de para a entrada de religiosos como tais957.
A participação de leigos voluntários que iam aos campos missionários
para exercer alguma atividade secular, enquanto testemunhavam do
evangelho, tornou-se um fato notável no trabalho da JMM, a partir de
1981. Assim surgiram as primeiras equipes de construção que atuaram
na Argentina e no Paraguai, e as primeiras equipes médicas, no Para-
guai e na Bolívia. Em 1982, apelo especial foi publicado em O Jornal
Batista, solicitando a apresentação de missionários voluntários:
Se o irmão é um profissional liberal, ou ainda professor universitário ou secun-
dário, ou mesmo se o irmão tem uma formação na área biomédica ou na área
de engenharia, comunique-se conosco. O irmão poderá se realizar profissional-
mente e servir a Deus, contribuindo assim para "que toda língua confesse que
Jesus é o Senhor'8.

É digno de destaque o êxito dos projetos especiais realizados no


final de 1982 e durante o ano de 1983, quando uma equipe odon-
to-médica constituída de 7 pessoas foi para o Paraguai, e equipes de
construção foram enviadas a Córdoba, na Argentina, Hernandárias
e Concepción, no Paraguai, sendo que no Paraguai foram manda-
das 6 caixas de medicamentos e peças de roupa959. Em 1984, na
área médica, equipes estiveram de novo no Paraguai e também na
Bolívia. Quanto às equipes de construção, elas atuaram de novo na
Argentina e no Paraguai em 1984, em 1985 e em 1986, e a equipe
odonto-médica voltou a servir no Paraguai.
No ano de 1985, uma explicação importante foi dada pelo Exe-
cutivo sobre o missionário fazedor de tendas: "É o crente que usa
sua habilidade, sua formação profissional, para se manter e manter
uma missão em determinado país do exterior"960. Anos mais tarde,
em 2000, há mais explicações sobre o envio de irmãos para alguns

'"- OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
"'" JUNTA de Missões Mundiais procura missionários voluntários. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 82, n. 11, p. 7, 14 mar. 1982.
'''" NOVOS desafios à Junta de Missões Mundiais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 83, n.
40, p. 5, 02 out. 1983.
''''" TYMCHAK, Waldemiro. Deus está revolucionando a Junta de Missões Mundiais. O Campo é
o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 25-27, ago. 1985.
campos tradicionais, onde é difícil a entrada de missionários: "Eles
podem servir como temporários, utilizando suas atividades profissio-
nais como "ponte" para anunciar as boas novas"961.
O Projeto Missionários Fazedores de Tendas foi lançado oficial-
mente em 1988, no intuito de aproveitar profissionais em países
que não aceitam o trabalho de religiosos como tais: "Os países que
dificultam e até proíbem a entrada de missionários estão com as
portas abertas para crentes, desde que possuam o preparo profissio-
nal desejado"962.
No mesmo ano de 1988, uma reportagem sobre projetos espe-
ciais apresentada por Zilmar Ferreira Freitas963 fala sobre os de Ação
Comunitária:
Dentre outros projetos mencionamos os de Ação Comunitária, quando leigos
dedicam suas profissões ao trabalho nos vários campos. Dentre estes se desta-
cam: (1) Equipe de Construtores, que ajudam na construção de templos onde os
recursos econômicos não são disponíveis. As modalidades de profissionais são
pedreiros, pintores, marceneiros, eletricistas, encanadores e outros; (2) Equipe
Médica, com profissionais da saúde e assistentes sociais, que vão em grupos a
um campo missionário e dão assistência a uma população carente, enquanto
também evangelizam. Neste projeto os profissionais são médicos, bioquímicos,
dentistas, enfermeiros e assistentes sociais.

A missionária Ana Maria da Costa, que era enfermeira do cantor


Cazuza964, iniciou sua carreira missionária em 1995 como Fazedora
de Tendas no Paraguai965, sendo depois efetivada. Depois foi para São
Tomé e Príncipe, onde era conhecida como "doutora" e ajudou a rea-
brir um posto de saúde e uma escola de enfermagem. Sobre o Projeto
de Volta à África, ela explica que naquele país só havia dois médicos,
porque as pessoas saíam para fazer residência fora e não retornavam.
Ela teve muitas experiências de ver a pessoa morrer por não ter um

"I NOVA estratégia missionária da JMM. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 17, set./out.
2000.
"2 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1989, p. 376.
"' FREITAS, Zilmar Ferreira. Projetos especiais — alternativa necessária. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 23, n. 74, p. 28 e 29, mar. 1988.
Cantor popular, compositor e poeta brasileiro, que morreu em julho de 1990 vítima de AIDS.
Seu nome era Agenor Miranda de Araújo Neto.
"5 ENFERMEIRA de Cazuza vai para o campo de missões. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
5, nov./dez. 1995.
médico para fazer uma cirurgia de emergência. Certa ocasião, em um
só dia morreram 8 crianças por falta de atendimento. Voltou ao Para-
guai em 2003. Em virtude das experiências na África, decidiu fazer o
curso de Medicina, com o objetivo de retornar depois para São Tomé
e Principe966.
Ao escrever sobre os bivocacionados em 2000, a Coordenadora
de Recursos Humanos da )MM mencionou a necessidade de pessoas
preparadas nas áreas de esporte, educação e saúde se apresentarem
para o serviço missionário. Ela disse que este tipo de missionário pre-
cisa ir além de um eficiente preparo profissional em sua área. Tam-
bém "deve ter uma vida comprometida com Deus e com a sua igreja
local, sentir paixão pelas almas perdidas e ter disponibilidade para
trabalhar em missões. Para seguirem aos campos, mesmo sem o pre-
paro teológico, os bivocacionados necessitarão de um treinamento
transcu Itu ral "967.
Em 2002, o missionário em Angola Gilberto Campos968, fala sobre o
Posto Médico Amor de Deus na Primeira Igreja Batista de Uíge, com
dois técnicos em enfermagem, um técnico em laboratório e um aten-
dente, que ofereciam medicamentos e vários tipos de exames, aten-
dendo um grande número de pessoas.
O jogador Lamartine Fernandes foi para a Tailândia em 2002, a fim
de ajudar como auxiliar técnico o Amém Futebol Clube, time formado
por empresários cristãos969. Em menos de um ano o ministério no país
ganhou novo impulso, com acampamentos para aprendizado de fute-
bol, clínicas para crianças aprenderem sobre esporte, valores morais
e, sobretudo, a Palavra de Deus. Também foi realizado um curso para
treinadores97°.

COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
"6- SOUZA, Shirlésia Maria de. Bivocacionados: profissionais a serviço de missões. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 19, maio/jun. 2000.
"hR CAMPOS, Gilberto. Vitória silenciosa. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jul./ago. 2002.
%9 FERNANDES, Lamartine. Amém, mais uma porta que se abre! Jornal de Missões, Rio de

Janeiro, p. 6 e 7, set./out. 2002.


"-" MANGA, João Luís da Silva. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção
Batista Brasileira: 84ü assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 93.
6. Missionários Temporários
Na assembléia convencional de 1981, foi aprovada a seguinte pro-
posta da Comissão para dar Parecer sobre a JMM:
Que a JMM estruture um projeto que vise ao aproveitamento de leigos e pas-
tores de comprovados recursos espirituais e capacidade financeira, no sentido
de irem a alguns dos campos missionários, aproveitando férias, longos períodos
de feriados ou aposentadorias, levando além da mensagem do evangelho, o
conforto que sentiriam os missionários em ocasiões como esta971 .

Em 1983, seis missionários temporários, sendo 5 estudantes e 1 recém-


formado, foram enviados para o Uruguai e Bolívia, com o objetivo de traba-
lhar um ano sob a liderança de missionários efetivos. Este projeto foi como
que uma escola para outros que viriam depois, quando a JMM passou a dar
ênfase a pessoas já formadas em teologia e estendeu o período de trabalho
para até dois anos. Assim, durante o ano de 1984, foram para os campos
7 missionários evangelistas temporários. Este número foi acrescido para 18
em 1985, quando atuaram no Paraguai, Bolívia, Peru, Equador e Uruguai.
Em 1985, Waldemiro Tymchak972 explicou sucintamente o que são
os missionários temporários: "São jovens de nossas igrejas, de confiança
de seus pastores, envolvidos com a obra de evangelização, que têm
pelo menos o curso secundário. Eles têm sido devidamente preparados
e enviados dois a dois, ou duas a duas. Hoje 18 estão nos campos, no
próximo ano serão 25 ou mais".
Em 1986, Rosa Lúcia de Freitas Silva foi para a África do Sul como
missionária temporária por três anos, a convite da Igreja Batista em
Goodwood, para trabalhar com a igreja de língua portuguesa e com um
curso bíblico por correspondência. O curso atendia alunos da África do
Sul, Moçambique, Angola e Namíbia, e chegou a ter 700 alunos973. De-
pois, conforme já mencionado, ela foi efetivada nos Açores em 1994,
indo em 2004 para Lisboa.

BERNARDO, Salovi; CÂMARA, Uirassú Tupinambá Mendes; SANTOS, Ivênio dos. Parecer
sobre relatório da Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: Livro do Mensageiro
— 66a assembléia —1985. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1985, p. 383.
TYMCHAK, Waldemiro. Deus está revolucionando a Junta de Missões Mundiais. O Campo é
o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 25-27, ago. 1985.
97 ' SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 17 ago. 2007.
Em 1988, Terezinha Aparecida Candieiro seguiu para o Uruguai
como missionária Temporária por dois anos. Como tem acontecido
com muitos outros que atuam inicialmente como temporários e depois
são efetivados, Terezinha se tornou missionária efetiva em 1991. Assim
atuou em Moçambique por 14 anos e meio, para depois, a partir de
2006, tornar-se a Coordenadora Geral e Internacional do PEPE. Em
Moçambique se casou com o missionário Daipa Candieiro em 1993,
que faleceu em plena atividade no ano 2000, vítima de acidente auto-
mobilístico. Foi depois da perda do esposo que, ao lado de seu filho,
Davi Candieiro, Terezinha começou a trabalhar com o PEPE, ainda em
Moçambique974.
Em 1991, Joed Venturini de Souza, filho dos missionários efetivos
Francisco Antônio e Márcia Venturini de Souza, foi nomeado pelo pe-
ríodo de dois anos como missionário temporário em Açores, onde teve
oportunidade de fazer residência médica975. Mais tarde ele e sua espo-
sa Ida Helena Venturini de Souza se tornaram missionários efetivos em
Guiné-Bissau.
Entre fevereiro e novembro de 1987, atuaram como missionários
temporários na África do Sul Jezimiel Norberto da Silva e Marlu Lin-
doso da Silva, servindo interinamente à Igreja de Germiston. Em abril
de 1992, foi a vez de irem também como temporários para a África do
Sul Miquéias da Paz Barreto e Dione de Almeida Barreto, servindo em
Germinston, e ao chegar comentaram que a maior necessidade no país
não era a material: "Há uma grande confusão espiritual que chega a
contaminar alguns atingidos pelo evangelho de Cristo" 976 . Mais tarde,
os missionários efetivos naquele país, Oswaldo Luiz e Eliane Jacob977
mencionam: "Recebemos apoio substancial do Pastor Miquéias Bar-
reto e esposa. 1...1 O tempo que ficaram aqui foi de reconstrução no
Senhor".

CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São Paulo, 01 mar.
2007. Digitado.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. Esse missionário nós criamos. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 92, n. 1, p. 12, 05 jan. 1992.
BARRETO, Miquéias da Paz; BARRETO, Dione de Almeida. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 92, n. 42, p. 12, 18 out. 1992
JACOB, Oswaldo Luiz; JACOB, Eliane. Recado de Germiston. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, p. 5, jan./fev. 1994.
Em 1993, uma nova categoria de missionários foi criada, designada
Missionário de Apoio, que se refere a pessoas talentosas, que através
do multiministério cristão poderão atuar temporariamente no apoio ao
ministério de outros obreiros".
Depois de uma profunda experiência de chamado para missões, Cris-
tiane de Jesus Oliveira foi como voluntária para a Angola em 1996, com
um grupo de colegas do Seminário do Sul. Aproveitaram a ausência da
missionária Analzira Pereira do Nascimento, que estava em período de
férias no Brasil, para que o seu trabalho não tivesse solução de continui-
dade. Assim foi desenvolvida uma atividade de atendimento a feridos
de guerra, enquanto também apoiavam as igrejas locais, principalmen-
te na obra de evangelização. No ano seguinte Cristiane retornou ao
campo, mas na África do Sul, adquirindo novas experiências que lhe
seriam úteis no seu ministério missionário posterior. Com ela não foi
diferente de tantos outros, pelo que se tornou missionária efetiva em
2002, trabalhando exatamente onde foi o seu primeiro campo, Angola.
Hoje Cristiane se encontra como missionária pioneira em Burkina Faso,
na África Ocidental, um dos campos abertos pela JMM em 2008. Que
bom é andar nos caminhos do Senhor!
Em julho de 2000, jovens da JUBAM e da JUMOC, em parceria com
a JMM, participaram do Projeto Angola, prestando serviços de evange-
lização e assistência social com atendimentos médicos, treinamento de
liderança, campanhas educativas e outras atividades".
Por ser o ano Internacional do Voluntário, uma das ênfases da JMM
no ano 2001 foi o trabalho do Missionário Voluntário, que era enviado
por sua igreja, com despesas de viagem pagas por ela ou assumidas por
ele mesmo. "O voluntário é uma modalidade de missionário temporá-
rio, que segue ao campo por um período de até seis meses para apoiar
o ministério de um obreiro efetivo"980. O Missionário Voluntário vai por
conta própria, ou de alguma igreja, ou ainda de irmãos mantenedores.
Hoje é considerado Missionário Temporário o que fica por um período

'''" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75?- assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 407 e 408.
DUSILEK, Sérgio. Projeto Angola: um sonho realizado. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
100, n. 34, p. 7, 21 a 27 ago. 2000.
''"" MISSÕES também é coisa de voluntário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 15, jul./ago.
2001.
maior e a Junta ajuda no seu sustento por até dois anos. Muitos faze-
dores de Tendas são também missionários temporários e muitos dos
missionários efetivos foram inicialmente ao campo como temporários.
Em 2007, a Coordenação de Voluntários, sob a direção de Mayrinkelli-
son Peres Wanderley, adquiriu a sua autonomia no processo de se-
leção e envio de missionários. Durante o ano foram aos campos 35
voluntários, sendo 12 pastores, para realizar conferências ou pastorear
missionários, e 23 outros irmãos que seguiram para apoiar os obreiros,
ficando as despesas sob a responsabilidade dos próprios voluntários.
Ao todo foram 35 países visitados. O Coordenador comenta: "Uma
inovação foi a ida de alguns não-batistas, que voltaram entusiasmados
contando grandiosas experiências vividas nos campos visitados. Outra
coisa boa foi a visita de pastores a vários países e a ida de caravanas de
pregadores, o que tende a aumentar nos próximos anos"981.
Obviamente os missionários chamados Radicais são todos voluntá-
rios e, pelo menos durante cada projeto, temporários. Tendo em vista
a expressão dos três projetos, o Radical África, o Luso-Africano e o
Latino-Americano, o assunto será tratado no item a seguir.

7. Voluntários sem Fronteiras


O nome Voluntários sem Fronteiras passou ultimamente a ser utili-
zado para os vários projetos chamados Radicais. "Trata-se de um novo
paradigma missionário, que tem como objetivo enviar jovens para atua-
rem em diferentes partes do mundo, especialmente entre os povos não
alcançados"982 , para trabalhar em comunidades de baixo IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano) segundo a ONU. Hoje são mais de 100
jovens nas equipes de Radical África, Radical Luso-Africano e Radical
Latino-Americano.
No final de 2002, a Junta anunciou o Projeto Radical África, com o
objetivo de mandar 150 jovens voluntários para evangelizar 100 povos
não alcançados em 10 países do Norte e Noroeste africano. O período

"1 WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Junta de Missões Mundiais: Coordenação de Voluntários.


Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 92.
`'"' RADICAL — Voluntários sem fronteiras. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível em:
<http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 02 nov. 2008.
deveria ser de nove meses, com o sustento diretamente das igrejas983.
"O Projeto Radical África é uma resposta ao clamor dos povos não-
alcançados do continente africano. São milhões de pessoas que nunca
ouviram falar de Jesus e que vivem presas às tradições animistas, ao
paganismo e a sistemas religiosos como o islamismo"984.
Sobre o nome Radical dado ao Projeto, Waldemiro Tymnchak985
explica mais tarde:
Radical tem a ver com diferente, inusitado, surpreendente, enfim, aventura,
e aventurar-se é uma característica do jovem. Pensando no potencial desses
jovens, cheios de garra e esbanjando energia, e na urgência da obra, idealiza-
mos o Projeto Radical que nada mais é do que uma forma de realizar o traba-
lho missionário de maneira atraente e condizente com o espírito dos nossos
aventureiros e com uma estrutura mínima. O objetivo maior é o de atingir
locais difíceis, que requerem coragem e disposição para viver apenas com o
necessário, bem como abertura para aprender uma nova língua, evangelizar e
fazer diferença nos campos missionários. O Radical é tão importante quanto
qualquer missionário; afinal, ele é um missionário. A figura que mais se aproxi-
ma do radical é a do mochileiro. Estes são aventureiros que saem pelo mundo
com sua mochila nas costas atrás de experiências chocantes. O radical também
sai com sua mochila nas costas e vive experiências extraordinárias, entretanto,
tem como objetivo não a aventura pela aventura, mas a aventura pelo desejo
de levar Cristo aos extremos da terra.

Em 2003, há menção à chamada zona do Sahel, nome que quer di-


zer "margem" e vai do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho, incluindo o
Deserto de Saara, que ocupa um terço do território africano. Na região,
que faz parte da Janela 10/40, há nada menos do que 395 etnias, cujas
religiões predominantes são o islamismo e o animismo. Analzira Pereira
do Nascimento, ex-missionária por 17 anos na Angola e professora no
CIEM, foi escolhida como coordenadora do Projeto Radical África. O
primeiro grupo a se preparar no CIEM para o Projeto foi de 19 jovens,
mas outros grupos foram depois formados. A desafiadora e sublime
tarefa do Projeto é: "Pregar a Palavra de Cristo entre os povos do Sahel
para realizar o ideal missionário de ver um dia o nosso Deus sendo ado-

""' IGREJAS da CBB enviarão 150 missionários à África. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1,
set./out. 2002.
PROJETO Radical África segue etapa de seleção. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11,
nov./dez. 2002.
"5 TYMCHAK, Waldemiro. Por que Radical? Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 15 fev. 2006.
Digitado.
rado por pessoas de toda tribo, raça e nações da terra"986. Finalmente,
em 2004 seguiram para o Sahel 18 jovens, que formaram a primeira
equipe do Projeto Radical África. Ainda em convênio com a União
Batista Latino-Americana (UBLA) e a Sociedade Missionária Batista Bri-
tânica, já em 2004 começou o preparo para o Projeto Radical Latino.
Naquele ano, o plano era que este e o Projeto Radical Luso-Africano
deveriam ser realizados em 2005 e 2006, como de fato aconteceu.
O primeiro visava a alcançar a periferia de grandes centros urbanos
como Bogotá, Cali, Lima, Caracas, Assunção e Quito. O segundo era
uma forma de jovens aproveitarem a língua comum, portuguesa, para
evangelizar os caboverdianos, moçambicanos, angolanos, sãotomenses
e guineenses987.
No ano de 2005, seguiu para a América Latina a primeira turma dos
Radicais Latinos-Americanos, formada por 33 jovens, sendo 17 do Bra-
sil, 3 da Espanha, 1 do Chile, 3 do Peru, 1 do Uruguai, 5 da Inglaterra,

`" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. "Radicais": pioneiros entre os povos do Sahel. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 8, jul./ago. 2003.
'' DESAFIOS radicais. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, maio/jun. 2004.
2 da Escócia e 1 do País de Gales". Por sua vez, em novembro do
mesmo ano, o grupo Radical Luso-Africano, composto de 14 pessoas,
terminou seu treinamento, seguindo para o campo em 2006.
Interessante testemunho sobre o Projeto Radical África é dado pela
missionária Kerley Permínio de Souza, da Guiné. Ela confessa que tinha
os seus temores sobre o trabalho dos radicais. Entretanto, após receber
um pequeno grupo deles, ela que se considera uma veterana com os
seus 10 anos no campo, escreveu: "O novo e o velho juntos para o
Reino de Deus. Já estou vendo que vai ser difícil deixá-los partir e com
certeza já estou me mexendo para pedir mais. Porque agora me tornei
'veterana Radical!"989
Durante o ano de 2006, foi o quarto grupo de vocacionados para o
Projeto Radical África, o segundo para o Radical Latino-Americano e o
primeiro para o Luso-Africano. O grupo de Radicais Latinos esteve na
Bolívia, Peru e Equador por um período de seis meses. Em 2007, o se-
gundo grupo latino, além dos países mencionados, foram também para
Uruguai e Paraguai, passando oito meses de trabalho efetivo nos campos.
Eram 21 jovens do Brasil, Peru, Espanha, Guatemala, Uruguai e Equador,
liderados pelo missionário locado no Paraguai, Élbio Márquez. Como re-
sultado houve 58 igrejas apoiadas, com 1.105 decisões ao lado de Cris-
to, 423 pessoas discipuladas e 64 batismos990. Em dezembro de 2007,
após retornarem dos campos para o Brasil, 24 componentes da primeira
turma do Projeto Radical Luso-Africano e da segunda turma do Projeto
Radical África receberam certificados no Rio de Janeiro".
O Projeto Radical Luso-Africano foi iniciado em abril de 2006, com a
chegada das primeiras equipes a Moçambique e São Tomé e Príncipe, a
fim de fortalecer igrejas e realizar projetos de saúde, esportes e educa-
ção992. Em 29 e 30 de novembro de 2006, a primeira equipe do Projeto

"" DIAS, Sérgio. Radicais vão impactar a América Latina. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
3, n. 8, p. 8 e 9, jan./fev./ 2006.
""9 SOUZA, Kerley Permínio de. Radical África. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 105, n. 11,
p. 2, 13 mar. 2005.
"91) WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Junta de Missões Mundiais: Américas. Convenção Batista
Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 100.
'' MISSÕES mundiais entrega certificados. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 7, jan./fev. 2008.
992 TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, ano 4, n. 14, p. 13, jan./fev. 2007.
Radical — Voluntários Sem Fronteiras chegou de volta da África, depois
de três anos de atividade. O grupo foi dividido em quatro equipes, atu-
ando no Senegal, em Níger, na Guiné e em Marrocos. A Coordenadora
do Projeto, Analzira Pereira do Nascimento993, comentou:
Embora tenha consciência de que este é um Projeto com riscos, pelo perfil da
juventude, ao mesmo tempo constatamos, cada vez mais, que este paradigma
de trabalhar em equipe veio para ficar. Vale a pena investir neles. Pude ter a
confirmação de que Deus está nesta "loucura" quando ouvimos os relatos do
grupo que retornou no retiro que organizamos para descanso e avaliação do
Projeto. Estivemos durante quatro dias juntos ouvindo as experiências, choran-
do juntos, rindo muitas vezes.

O entusiasmo de Waldermiro Tymchak994 com o Projeto Radical é


expresso em suas palavras, quando se encontrava ainda na cama, após
a segunda cirurgia para recolocar a prótese no seu devido lugar. Diz ele:
"Estamos com mais de 100 radicais! Com poucas exceções, eles estão
revolucionando as aldeias onde nenhum cristão entrou. É inimaginável
ver a renúncia, o amor e a dedicação dessa moçada". Na ocasião, Wal-
demiro995 afirmou: "Esta estratégia permite que se realizem ações de
impacto, tanto em grandes centros quanto em comunidades pobres.
A evangelização pode ser feita em universidades através de teatro, da
música, de aulas de inglês, espanhol e português e outras formas".
Em 2007 havia 71 Radicais — Voluntários sem Fronteiras nos campos
da África e 12 em treinamento no Brasil. Os que estavam nos campos
trabalharam em 7 países: Guiné, Mali, Senegal, Niger, Sudão, Moçam-
bique e São Tomé e Príncipe996. Os Voluntários sem Fronteiras na África
se dirigem inicialmente para o Senegal, onde mantêm o primeiro con-
tato com a cultura e aprendem ou desenvolvem o conhecimento da
língua francesa. A missionária Andréa Chrysostomo, que participou no
Niger do Projeto Radical África, e desde março é missionária efetiva no
Senegal, afirma que o período inicial no Senegal é sempre difícil, por

""` NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Uma loucura que contagia. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 5, jan./fev. 2007.
"4 TYMCHAK, Waldemiro. Carta do pr. Waldemiro aos missionários. O Jornal Batista, Rio de

Janeiro, ano 107, n. 18, p. 2, 06 maio 2007.


99' Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de

Janeiro, 02 abr. 2007.


996 NASCIMENTO, Analzira Pereira. Junta de Missões Mundiais: Voluntários sem Fronteiras. Con-

venção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 92-96.
ser de adaptação, quando começam a fazer amizades e compartilhar a
mensagem do evangelho997. A informação oficial, de 2008, do site da
JMM sobre o Projeto, diz:
Os Radicais sem Fronteiras que integram as equipes do Projeto Radical África
estão espalhados por vários países da região norte do continente, desenvolven-
do seus ministérios e abençoando a vida da população local através de traba-
lhos nas áreas esportiva, médica, educacional e espiritual"'.

8. Projetos sociais
Algumas atividades na área social são alvos de nossa atenção aqui.
Dizemos algumas, porque os projetos educacionais são omitidos neste
tópico, por serem tratados no item a seguir. Também não serão mencio-
nados muitos da área de saúde, pelo fato de estarem incluídos no item
que apresentou os Fazedores de Tendas.
A urgência de se realizar trabalho com os povos não alcançados é
apresentada pelo Jornal de Missões, de março/abril de 1996, lembran-
do que dos 222 missionários da JMM, 20% trabalhavam em países onde
povos ainda não tiveram oportunidade de ouvir sobre Jesus, a saber,
Taiwan, Índia, Japão, Senegal, Guiné-Bissau e Albânia. Lembra o texto
ainda que a previsão para o ano 2000 era que haveria 1 bilhão e 200
milhões de muçulmanos no mundo. Finalmente o artigo relata a triste
situação de pobreza de grande parte da população mundial, quando um
bilhão e meio de pessoas não tinham acesso a qualquer forma de ajuda
médica, o percentual de 40% da população mundial era constituído de
mal-nutridos e 20% viviam em situação de profunda pobreza999.
Em julho de 2000, jovens da JUBAM e da JUMOC, em parceria com
a JMM, participaram do Projeto Angola, prestando serviços de evange-
lização e assistência social, com atendimentos médicos, treinamento de
liderança, campanhas educativas e outras atividades'"

CHRYSOSTOMO, Andréa Conceição dos Santos. Informativo missionário — Senegal. Mensa-


gem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 06 jun. 2008.
'''' NOTÍCIAS do Radical África. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível em: <http:/
www.jmm.org.br>. Acesso em 23 set. 2008.
IDE, pregai a todos os povos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4 e 5, mar./abr. 1996.
"""' DUSILEK, Sérgio. Projeto Angola: um sonho realizado. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
100, n. 34, p. 7, 21 a 27 ago. 2000.
Ainda em 2000, Analzira Pereira do Nascimento1" informa sobre o
ante-projeto de auto-sustento do Seminário Teológico Batista de Hu-
ambo, através de uma lanchonete, com trabalho voluntário de alunos
e professores, cujos resultados além de ajudar o Seminário seriam tam-
bém utilizados no Projeto Epopelo. Este se refere ao trabalho na Peni-
tenciária de Huambo, onde os presos eram estimulados a fazer esteiras
e cestos para vender. Ainda a missionária providenciou uma biblioteca
para distribuir cadernos e livros para prisioneiros estudantes.
Em 2002, o missionário em Angola, Gilberto Campos1002, fala sobre
o Posto Médico Amor de Deus na Primeira Igreja Batista de Uíge, com
dois técnicos em enfermagem, um técnico em laboratório e um aten-
dente, que oferece medicamentos e vários tipos de exames, atendendo
um grande número de pessoas.
Ainda em 2002, o trabalho social realizado em países africanos pela
JMM é descrito pelo redator do Jornal de Missões com as seguintes
informações: (1) Em Botsuana, país onde 40% da população é conta-
minada pelo vírus da AIDS, a Tenda da Esperança realizou atendimento
médico e evangelização. (2) Em Guiné-Bissau, o pastor médico Joed
Venturini de Souza liderou um extraordinário trabalho com a etnia fula.
(3) Em Cabo Verde, o Projeto Escola de Vida atendia cerca de 150
crianças. Ali os pequeninos, além de estudarem, faziam uma refeição,
que muitas vezes era a única do dia. (4) O Projeto Alfa-Beta era um tra-
balho de alfabetização de adolescentes e adultos, liderado pela missio-
nária Cristiane de Jesus Oliveira, missionária sediada na Angola desde
2002. O Projeto visava a reduzir o índice de analfabetismo em vários
países africanos. A iniciativa foi reconhecida pelo Governo de Angola e
pela ONU. Luiz Cláudio Marteletto1003 conclui a reportagem dizendo:
"Cada vez que uma criança é alimentada; uma mulher é atendida num
posto médico; ou um refugiado de guerra é socorrido, o evangelho vai
sendo anunciado".

NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Boas idéias ajudam projetos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
10°2 CAMPOS, Gilberto. Vitória silenciosa. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jul./ago.
2002.
""" MARTELETTO, Luiz Cláudio. Missões Mundiais de mãos dadas com o social. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 103, n. 7, p. 12, 16 fev. 2003.
O Projeto Tenda da Esperança, iniciado na África em 1996, realiza
um importante trabalho social e de evangelização, pois os missionários
anunciam o amor de Cristo através de cursos profissionalizantes, cui-
dados médicos, estudos bíblicos e treinamento de líderes. Após quatro
anos de atividades do Projeto em Moçambique, com elevado número de
atendimentos médicos, dentários e outros na área social, além de cerca
de 13.000 decisões, foi decidido que a partir de 2000 ela seria implan-
tada em Botsuana, enquanto os missionários em Moçambique ficariam
empenhados na consolidação das novas missões e igrejas. A Tenda da
Esperança é considerada o projeto mais ousado na área social. Os seus lí-
deres, Sérgio e Janice de Oliveira, passaram a residir em Botsuana1004 . Até
2004, 5.000 pessoas foram atendidas pela Tenda em Botsuana, realiza-
dos 1.400 estudos bíblicos, foram visitadas 200 famílias e batizados 126
novos crentes1 ". A notícia de 2005 era de que 400 pessoas receberam
cursos profissionalizantes nas especialidades de garçom, corte e costura,
ponto de cruz, crochê, tricô, tapeçaria, manicure, cabeleireiro, datilogra-
fia, primeiros socorros, eletricidade e informátical 006 . Em 2006, o número
de igrejas implantadas através desse ministério chegava a 6. Pastor Wal-
demiro Tymchak1007 comentou: 'Antes da Tenda chegar, as igrejas leva-
vam anos para serem organizadas e já nasciam raquíticas, com menos de
10 membros". Ainda em 2006, a equipe formada por uma médica, uma
enfermeira, um pastor que também é protético e sua esposa, atendeu
1.054 pessoas carentes na área de saúde, treinou obreiros, discipulou e
batizou1008 . No final de 2007, a Tenda retornou para Moçambique.
Em 2005, o casal Humberto Chagas e Elisângela Andrade Medeiros
Chagas, ele médico ortopedista, ela cirurgiã-dentista, foram para o Se-
negal. Ele menciona as dificuldades iniciais de adaptação e do cumpri-

HEI TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79á as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 466.
Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 81á assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
2000, p. 263.
1055 TENDA continua na África. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 18, set./out.
2004.
n"' JMM mantém Tenda da Esperança na África. A Colheita, ano 2, n. 5, p. 2, ago./set. 2005.
1017 TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
""' ÁFRICA: vidas transformadas para o reino de Deus. Revista Avanço Missionário 2006, Rio
de Janeiro: JMM, 2006, p. 24.
mento das exigências para poderem praticar a
profissão. Finalmente passaram a gozar de mui-
to respeito no hospital onde atuam. Através do
Projeto Fábrica de Esperança, que é um centro
médico-esportivo voltado para meninos de rua,
eles realizam um importante trabalho na co-
munidade, onde normalmente os meninos são
muito maltratados e passam o dia mendigando
nas ruas. Ele testemunha: "De tudo o que te-
Hur~o,
(médico) e_ mos vivido, e o que ainda viveremos, podemos
Andrade Ni- ros afirmar com toda a convicção que vale a pena
Chagas (~ogal,
missionáriosino Senegal servir ao Deus vivo. Estamos muito felizes no
desde 20051 Senegal, porque temos absoluta certeza de que
é aqui que Ele nos quer neste tempo
Em 2006, os missionários Edivaldo e Adriana Marcolino passaram
a atuar em Moçambique através do Projeto Videira, com a finalidade
de alcançar crianças, adolescentes e jovens. Moçambique continuava
sendo marcado pela miséria, fome, sofrimento, corrupção e outros
males que caracterizam a sociedade de países pobres. Além de estu-
dos bíblicos e discipulado, o Projeto oferece ensino de qualidade e
providencia palestras sobre higiene e cuidado com o corpo, além de
orientar as crianças sobre alimentação. Também crianças órfãs ou em
situação de risco são acolhidas através do Centro Arco-Íris Macha-
valolo.
Na região do Deserto de Atacama, no Chile, o casal de missionários
Juan Carlos Nunez Romero e Narriman Guimarães Nunez, realizam um
trabalho de cunho social com o povo aymará. O casal vai às comuni-
dades acompanhado de vários profissionais como dentistas e médicos,
para atender aos que precisam de tratamento. Também levam roupas e
material escolar, aproveitando a oportunidade para anunciar a mensa-
gem do evangelho. Algumas comunidades indígenas que estão a 5.000
metros de altitude têm sido alcançadasm".

"''' CHAGAS, Humberto. Tempo de paz e esperança no Senegal. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 5, n. 21, p. 13, mar./abr. 2008.
mn PROJETO Videira. A Colheita, ano 3, n. 10, p. 1, jul./ago. 2006.
101 PROJETO Tarapacá para Cristo. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 2, maio/jun. 2005.
Em Antofagasta, Chile, a missionária Maria Ilza Lopes Pereira ini-
ciou em 2003 a Casa Batista da Amizade (CABAMI), usando o lema,
"Ensinamos a pescar, e não somente damos o peixe". O Projeto serve
à população carente de um dos bairros pobres da cidade através de
cursos técnicos, esporte, atendimento a moradores de rua, orientação
para idosos e outros projetos. 15 cursos são oferecidos por profissionais
voluntários e crentes. A casa é totalmente administrada pela nossa mis-
sionária, que de tudo faz para o crescimento do trabalho missionário
naquela terra do mais seco deserto do mundo. Ela adapta os espaços
conforme as necessidades, pinta o imóvel, ensina bijuterias, flores, bor-
dados e muito mais, além do empenho e criatividade em levar o evan-
gelho para crianças e suas famílias. A Casa da Amizade ensina mães a
realizarem trabalhos manuais que ajudam na renda familiar e desenvol-
ve classes de estudos para crianças. Dentre outras atividades ressalta-
mos a Madrugada de Carinho com Deus, atendendo aos necessitados
que perambulam e pernoitam nas ruas, oferecendo-lhes alimento, rou-
pa e apoio para sua integração na família e na sociedade. O testemu-
nho cristão e a mensagem do evangelho estão presentes em todas as
atividades, que são sempre iniciadas com um momento devocional1012.
Para atender a carência de atenção e amor da parte de adolescentes e
jovens em local distante da cidade, Maria Ilza iniciou uma escolinha de
futebol, sendo ela mesma a "técnica", embora confesse que entende
pouco de futebol'°". Mas o amor vence barreiras!
A maior concentração de surdos no mundo está no Oriente Médio,
em virtude dos casamentos arranjados. Na cultura árabe, o pai compra
a noiva para o filho. Quando o filho é surdo, o pai consegue uma noiva
ouvinte e do casamento nascem vários filhos surdos. Se uma menina
nasce surda, está condenada a ser relegada como se não fosse parte
da família, pelo que não recebe educação como os irmãos, mas é tra-
tada como empregada ou escrava. Quando os filhos são apresentados
como parte de uma família, a surda não participa, ficando no fundo da
casa, porque é uma vergonha. Isso levou a JMM a iniciar trabalho com
os surdos e já se projeta um Projeto Radical do Silêncio. Na Jordânia

1012 PEREIRA, Maria Ilza Lopes.


Proyecto CABAMI: Casa Bautista de Ia Amistad. Antofagasta —
Chile, nov. 2003.
101 CABAMI — fazendo amigos no Chile. A Colheita, ano 4, n. 13, p. 1, jan./fev. 2007.
estão os missionários Abraão e Sara Raquel (pseudônimos), sendo ele
surdo, nascido na Holanda, e ela brasileira, especialista em linguagem
de sinais, pelo que conhece as diferenças de uma língua para outra,
podendo se comunicar com os sinais em português, inglês, hebraico
e árabe. Eles atuam como missionários da JMM em parceria com a
Convenção Batista da Jordânia. Já existe ali uma sede para o trabalho
e os missionários foram contatados para realizarem algo semelhante na
Síria. O plano é estender este tipo de atividade para todos os países de
fala árabe1014.
Em 2007, Pastor Waldemiro, em entrevista, explicou algumas estra-
tégias que poderiam ser usadas, se houvesse recursos humanos e finan-
ceiros, para alcançar países da região africana Sub-Sahara e outros onde
os problemas sociais são agudos. Disse ele que além dos PEPE's, usaria
dezenas de tendas, através das quais apresentaria o evangelho como um
todo. Também falou que enviaria nutricionistas para o Níger, no noroeste
africano, para implantar um projeto que permitisse ao povo cultivar a
terra e viver sem passar fome. Em cada região do trabalho de Missões
Mundiais abriria um centro de recuperação de dependentes químicos, a
fim de treinar pessoas para atender aos que estão sendo escravizados pe-
las drogas. Pastor Tymchal<1015 concluiu: "Se com os poucos recursos que
temos Deus nos tem dado homens e mulheres que têm sido criativos em
suas ações missionárias, fico a pensar se tivéssemos mais possibilidades.
Com certeza teríamos como abalar certas regiões do mundo!"

9. Educando crianças e adultos


Ainda em 1986, um novo projeto foi criado com o nome de Projeto
Especial para Evangelizar Alfabetizando, estendendo a ação evange-
lizadora através da alfabetização de adolescentes a partir de 15 anos
e de adultos, em países da América do Sul. Waldemiro Tymchak1016
explica: "Um dos aspectos da nova ação social, entre outros, poderá

'"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Recife, 17 mar. 2008.
10 " TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
101' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres. Rio de Janei-
ro: CPC, 1987, p. 414.
ser efetivado através do programa contido na Proposta para uma Ação
Missionária Estratégica na América do Sul. Referimo-nos ao Programa
de Evangelizar Alfabetizando".
Ao completar 90 anos, em 1997, a JMM anuncia vários projetos no-
vos, inclusive o Projeto Alfa-Beta, pelo qual o método educacional de
Paulo Freire foi adaptado para alcançar portugueses com o trinômio,
evangelização / alfabetização / conscientização1017. Esse importante
Projeto é realizado com grandes resultados na Angola, para onde a
missionária Lea Teixeira do Nascimento viajou em fevereiro de 1998,
para ensinar alfabetizadores a utilizarem a cartilha Leitura é vida.
O objetivo era ensinar adultos angolanos a ler e escrever, enquan-
to eram também evangelizados. Ela aproveitou a oportunidade para
também ministrar didática aos alunos do Seminário Teológico Batista
de Huambo, onde era deã acadêmica a missionária Analzira Pereira
do Nascimento1018. O Projeto foi aceito pelo Governo da Angola, que
apelou para que cada igreja se transformasse em uma escola. Mais
tarde o Projeto foi reconhecido por órgãos internacionais, inclusive a
ONL 1019. Na realidade o Alfa-Beta é um trabalho de alfabetização de
adultos, visando a reduzir o índice de analfabetismo em vários países
africanos.
O Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE) nasceu em julho de
1992, em uma favela de São Paulo, através de uma missionária da So-
ciedade Batista Missionária Britânica. Até setembro de 2001, havia uma
rede de 47 PEPE's instalados em São Paulo. O primeiro campo a ser
alcançado pela JMM foi Moçambique, onde já havia nove núcleos em
2003. De lá a obra se estendeu para outros países da América do Sul e
África. Luiz Cláudio Marteletto102° comenta: "As crianças são alcançadas
de maneira integral, ou seja, social, educacional e espiritualmente".
Quando Lídia Klava da Silva conheceu em São Paulo o Projeto, ela o

10 " FIGUEIRA, Nilcilene. 90 anos fazendo missões no mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 97, n. 23, p. 12, 09 a 15 jun. 1997.
'"'" PROJETO Alfa-Beta, em Angola, entra em fase de treinamento de educadores. O Jornal Ba-
tista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 8, p. 16, 23 fev. a 01 mar. 1998.
'"''' ALFA-BETA ajuda a reduzir o analfabetismo em Angola. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 17, mar./abr. 2002.
102 " MARTELETTO, Luiz Cláudio. PEPE impulsiona trabalho em alguns campos de Missões Mun-
diais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 103, n. 12, p. 3, 23 mar. 2003.
adotou com grandes resultados no Paraguai. Lídia1021 analisa: "O PEPE
proporciona à igreja local uma maneira prática e relevante de suprir as
carências humanas e espirituais dos necessitados e estreitar suas rela-
ções com a comunidade, tornando-a conhecida, valorizada e respeita-
da no local onde está inserida". Terezinha Candieiro1022 escreveu sobre
o projeto em Moçambique:
A guerra civil de Moçambique, em 1992, deixou um milhão de mortos e
graves conseqüências sociais. Devido à crise, atualmente o Governo não
tem condições de oferecer nem mesmo a educação básica para todas as
crianças. Esses fatores impulsionam a implantação de projetos sociais e
de educação que, por sua vez, têm servido para le-
var muitas vidas a Cristo. Em 2001 implantamos, em
três igrejas da província de Nampula, o Programa de
Preparo Educacional Pré-Escolar (PEPE). Minha parte
nesse programa é a de formar missionários educadores
nas igrejas para serem professores de crianças.

Relacionado com o PEPE, surgiu em Cabo


Verde o POPE (Programa de Odontologia Pre-
ventiva e Educativa), através dos missionários
odontólogos Paulo César Pagaciov e sua espo-
sa, Teresa Cristina Pagaciov. Ele esteve como
missionário temporário em Angola e depois os
dois foram à República Dominicana. Em am-
Pauto César Pagaciov e
Teresa Cristina Pagaciov, bos os países, trabalharam na área odontológi-
klealizadores do POPE, ca. Assim foi confirmado o chamado de Deus
para obra missionária. O POPE surgiu após o
encontro providencial com um jovem brasilei-
ro que dirigia uma ONG em Cabo Verde. Com ele Paulo aprendeu
a trabalhar em projetos. O aprendizado o levou a idealizar o Proje-
to POPE, cujo objetivo, como o nome diz, é prevenir cárie e realizar
educação dental: "Orientamos na escovação e entregamos para cada
aluno uma escova de dentes, pasta e uma toalha de boca' . Na re- "023
SILVA, Lídia Klava da. Programa educacional alcança crianças em áreas carentes. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 9, set./out. 2002.
1 "" CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Programas sociais revolucionam obra missionária.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jan./fev. 2002.
10 " PAGACIOV, Paulo César. Projeto Escola de Vida tem serviço de odontologia preventiva. Jornal
de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jan./fev. 2002.
alidade, a criança recebe o kit odontológico, constituído dos três itens
mencionados, e recebe também profilaxia, aplicação tópica de flúor,
restauração de dentes com cáries, além de um programa educacional e
motivacional constituído de jogos, brincadeiras, filmes e outros itens. O
principal é que as crianças e seus familiares recebem orientação para a
vida fundamentada na Palavra de Deus1024.
Em 2003 já havia 9 núcleos do PEPE no Paraguai, implantado por
Lídia Sônia Klava da Silva. Ali, no mês de maio, Paulo e Teresa Paga-
ciov, após um ano em Cabo Verde realizando trabalho a partir da área
odontológica como missionários voluntários, resolveram levar para o
Paraguai o Programa de Odontologia Preventiva e Educativa (POPE)
junto aos núcleos do PEPE1025. Assim, a partir de 2004 o casal Pagaciov
passou a morar em Assunção para desenvolver o Projeto, chegando a
ter 205 crianças matriculadas no final do mesmo ano, o que significa
contato com cerca de mil pessoas que recebem cuidado, amor e, so-
bretudo, a mensagem do evangelho1026. Em 2005, o POPE alcançou
mais de 400 crianças matriculadas nos PEPE's, 23 igrejas estiveram en-
volvidas no Projeto, e através dele dezenas de pais aceitaram a Cristo
como Salvador1027.
Em 2004, depois de 20 anos trabalhando em Moçambique, Noêmia
Gabriel Cessito1028 atendia a 400 crianças diariamente através de duas
escolas: Pequenas Sementes e Raio de Sol. Ela afirma: "A guerra aca-
bou, o comunismo acabou, porém a miséria ainda é grande, a fome
também. Agora a liberdade religiosa leva o homem para outro caminho
— Jesus — e esse traz paz e segurança".
O PEPE já estava implantado em 2004 no Paraguai, Peru, Chile,
Moçambique, Guiné e São Tomé e Príncipe, e em 2005, também
na Bolívia. Além do PEPE, outros projetos alcançam crianças e seus

POPE — Programa de Odontologia Preventiva e Educativa. Revista Avanço Missionário 2006,


Rio de Janeiro: JMM, 2005, p. 8.
IO2' PAGACIOV, Paulo César. POPE apóia trabalho missionário no Paraguai. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, p. 5, jul./ago. 2003.
1026 IMPACTO missionário do POPE. Jornal de Missões, ano 1, n. 2, Rio de Janeiro, p. 14, nov./

dez. 2004.
"'" POPE — Programa de Odontologia Preventiva e Educativa. Revista Avanço Missionário 2006,
Rio de Janeiro: JMM, 2005, p. 8.
102" CESSITO, Noêmia Gabriel. E já são quase 20 anos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9,

jul./ago. 2003.
familiares, como é o caso de Moçambique mencionado acima, que
atendia a filhos de muçulmanos1°29. Em 2005, o PEPE foi considera-
do o trabalho social de maior alcance na América Latina, funcionan-
do no Paraguai, Peru e Bolívia com 42 unidades. "Foram treinadas
18 missionárias educadoras. Mais de 400 famílias foram alcançadas
e 621 crianças atendidas. Houve 126 decisões por Jesus de pais de
alunos,1030.
Após dois anos como missionária temporária no Uruguai e 14 anos
como efetiva em Moçambique, Terezinha Candieiro retornou ao
Brasil em novembro de 2005, para se tornar, a convite da Junta de
Missões Mundiais (JMM) e da Sociedade Missionária Britânica (BMS),
Coordenadora Geral do PEPE, em trabalho de parceria desses dois
órgãos com a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH). Na ocasião o Programa tinha sido implantado em 12 países,
a iniciar com o Brasil em 19921031. O plano da Coordenadora é lançar
uma rede de PEPE's para o mundo.
No final de 2007, o PEPE já estava implantado em 14 países, aten-
dendo 6.366 crianças em 240 unidades, através de 523 educadores.
Além do Brasil, os países servidos pelo PEPE eram: na África, Angola,
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Senegal, Guiné e Ser-
ra Leoa; na América Latina, Paraguai, Bolívia, Chile, Equador, Colômbia
e Peru. Na ocasião, o PEPE já tinha sido desenvolvido em 5 países de
língua portuguesa, 6 de espanhola, 2 de francesa e 1 de língua inglesa.
Como já mencionado, todo esse trabalho foi e continua sendo realiza-
do pela JMM em parceria com a Sociedade Missionária Batista Britâ-
nica (BMS) e a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH), sendo esta a iniciadora do movimento em 1992, ao atender
25 crianças de 5 e 6 anos de idade em São Paulo1032. O Programa
tem "a missão de capacitar igrejas evangélicas a expressar, por meio da

T"''' MARTELETTO, Luiz Cláudio. 2004: conquistas em Missões Mundiais. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 7, jan./fev. 2005.
I'" PEPE na América Latina. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de Janeiro: JMM, 2005,
p. 8.
1("1 PROGRAMA de Educação Pré-Escolar PEPE, educando para a vida. Revista Avanço Missio-
nário 2006, Rio de Janeiro: JMM, 2006, p. 35.
103 ' CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. PEPE: levando esperança ao coração da criança.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 18, nov./dez. 2007.
educação infantil (crianças de 4 a 6 anos), sua fé em amor e ação, a
comunidades carentes"1033 .
De acordo com a Coordenadora do PEPE, o Programa deve ajudar
as crianças a vencer as suas adversidades, buscando uma formação que
estimule o seu desenvolvimento social e espiritual, pelo que a visão
como rede do PEPE é "ser um instrumento missionário eficaz e faci-
litador que ajuda a igreja local a cumprir sua missão integral em um
mundo cheio de necessidades"1034.
Ao ser indagado em 2007 sobre os vários projetos usados para servir
em países mais pobres, Waldemiro Tymchakm" mencionou principal-
mente os PEPE's, dizendo:
É uma estratégia perfeitamente viável, pois qualquer igreja, por mais pobre que
seja, pode ter um núcleo. Basta abrir as portas do templo e fornecer um rápido
preparo aos membros que desejarem trabalhar com esse projeto. Em Moçam-
bique, apenas uma missionária liderou o trabalho em três capitais daquele país.
Eram quase 1.100 crianças atendidas diariamente. Através do PEPE a criança
pobre é atendida e torna-se uma cidadã. A comunidade sente a presença da
igreja e, desta forma, a família da criança é alcançada.

10. Programa Esportivo Missionário (PEM)


A Junta começou a trabalhar com esportes em março de 1997, atra-
vés do missionário Luiz Amaro da Silva, que estava no Taiwan. Ele tinha
sido atleta do Palmeiras e percebeu que, quando entrava na China, o
povo gritava mencionando Brasil e Pe1é1036. Ele deduziu que havia uma
grande oportunidade de usar o esporte como forma de testemunhar
de Cristo. Assim é que foi selecionado um time com profissionais de
futebol para fazer quatro partidas amistosas na China. Como resultado,
alguns atletas foram ali contratados. Logo outros jogadores profissionais

I"" PARCERIA firmada amplia o alcance do PEPE. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n.
18, p. 14, set./out. 2007.
1044 CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Junta de Missões Mundiais: Programa de Educa-
ção Pré-Escolar — PEPE. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro:
CBB, 2008, p. 110.
'"'' TYMCHAK, Waidemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
103 (' Edson Arantes do Nascimento, conhecido como o rei do futebol e, para muitos, o maior
jogador de futebol de todos os tempos.
para lá se dirigiram a fim de abrir escolas de futebol. Assim surgiu o
Projeto Gol, que cresceu e se tornou o Programa Esportivo Missionário,
com o objetivo de usar o esporte como ferramenta no trabalho missio-
nário do mundo. Suas atividades iniciadas na Ásia se estenderam para
a África, Europa e América Latina1037.
Dentre alguns destaque em 1989, menciona-se que o missioná-
rio Renato Cordeiro atuava em Portugal com jogadores de futebol,
obtendo bons resultados desse trabalho. No início do ano seguinte,
Miriam Baldassare Rangel Pereira1038 escreveu sobre o uso desse re-
curso em missões: "É essencial que nossos missionários no exterior
tenham condições de diversificar seu ministério a ponto de prestar
assistência espiritual a profissionais brasileiros que trabalham em ou-
tros países".
Em 1997, quando a Junta completava 90 anos, é explicado sobre a
razão de ser do Projeto Gol ligado ao Programa Esportivo Missionário.
Ele foi criado após a excursão de uma equipe formada de jogadores
profissionais no sudeste da Ásia, ocorrida em março de 1997, a convite
de autoridades locais que se encantavam com o nosso futebol. A finali-
dade do Programa era utilizar esportes como estratégia para entrar em
países comunistas e muçulmanos, estendendo-se para outros países.
Por sua vez o Projeto Gol tomou forma especial também em 1997,
usando o contexto esportivo para anunciar o evangelho em países da
Ásia que impedem a entrada de missionários. Assim atletas de várias
áreas, mas principalmente do futebol, usam o talento que Deus lhes
deu para testemunhar e evangelizar1039.
Em 1998, havia seis jogadores profissionais de futebol, crentes e
comprometidos com missões, atuando como Fazedores de Tendas em
países da Ásia, através da JMM. Eles são contratados por times asiáticos,
ganham seu sustento e aproveitam todas as oportunidades para falar
de Cristo. "Apaixonados pelo futebol do Brasil, os asiáticos lotam os
estádios para ver nossos atletas, que acabam ganhando popularidade

07 OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janei-

ro, 28 maio 2007.


'8 RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Atletas de Cristo em Portugal. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 90, n. 2, p. 8, 14 jan. 1990.
'"'" FUTEBOL abre as portas para a pregação do evangelho na Ásia. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 1, nov./dez. 1997.
e fama. [...] Os missionários do Projeto Gol cativam os asiáticos pelo
carinho, que dá a eles autoridade para evangelizar"1°4°.
Em 1999, quando o casal Renato e Jane Cordeiro de Souza deixou
suas atividades missionárias em Portugal, há a informação de que o
primeiro grupo de Atletas de Cristo em Portugal foi organizado por
eles:
Chegamos a ter doze famílias de atletas estudando a Bíblia todas as segundas-
feiras. Batizei pelo menos quatro deles, que ajudaram a dar um impulso no
trabalho da Igreja Batista das Antas, na cidade do Porto. A Igreja, na época,
tinha 18 membros; dois anos depois nós a deixamos com mais de cem mem-
bros'''.

Waldemiro Tymchakl°42 explicou em 2002 sobre o Projeto Gol, di-


zendo que a Junta não usava o dinheiro de ofertas missionárias no en-
vio de jogadores e profissionais do esporte: "Eles são contratados e pa-
gos pelos clubes". Parcerias foram feitas através deste Projeto, inclusive
com a Missão Atletas de Cristo, quando o missionário especial da JMM
em Portugal, Pastor Ezequiel Batista da Luz1043, conhecido como Pastor
Zick, trabalhou com este grupo. Ele explica: "A missão Atletas de Cristo
não é uma nova igreja, seita ou equipe de futebol, basquete, vôlei etc.,
mas, sim, uma associação de desportistas cristãos evangélicos, unidos
no único ideal de obedecer a ordem dada pelo nosso 'Treinador', Jesus
Cristo". Os Atletas de Cristo estão em Portugal desde 1987, com o ex-
goleiro João Leite, que jogava no Vitória de Guimarães.
O Projeto Gol recebeu novo impacto com a conquista da copa do
mundo pelo Brasil em 2002. Na China era proibido pregar o evange-
lho; mas o missionário Marcos Grava Vasconcelos foi até lá para ensinar
futebol a garotos de 13 a 18 anos, enquanto testemunhava de Cristo
com sua vida e através de fitas de video1°44. No relatório referente a

104 " MORAES, Luiz Paulo de Lira. Missionários bons de bola dão de goleada na evangelização da
Ásia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 23, p. 9, 08 a 14 jun. 1998.
7041 SOUZA, Renato Cordeiro de. O primeiro grupo de Atletas de Cristo. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 16, jan./fev. 1999.
1 "42 TYMCHAK, Waldemiro. Bênçãos e perspectivas. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102,
n. 15, p. 2, 08 a 14 abr. 2002.
'"" LUZ, Ezequiel Batista da. Correndo juntos para alcançar a muitos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4, mar./abr. 2004.
1 044
GRAVA VASCONCELOS, Marcos. Futebol brasileiro derruba muralhas na China. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 6, set./out. 2002.
2003, menção é feita ao programa esportivo
com o Projeto Gol na Tailândia, Espanha, Ro-
mênia, Macedônia, Egito, Itália, Japão, Malá-
sia e China.
Por algum tempo o PEM foi coordenado
por Renato Reis de Oliveira, e hoje, Marcos
Grava Vasconcelos, formado em Educação Fí-
sica, com especialidade em Ministério Espor-
tivo nos Estados Unidos, é o seu supervisor.
Ele está radicado em Santo André, Se onde
Marcos Grava Vasconcelos, ministra sobre o assunto aos missionários da
atual supervisor do
Programa Esportivo JMM, além de ensinar também no Centro de
Missionário Formação de Líderes para a América Latina
1
(CEFLAL), que desde 2004 já formou mais de
300 líderes para o ministério esportivo. O motivo do Projeto Gol é ex-
plicado por Marcos Gravam':
O futebol, esporte mais popular do mundo, em seus diferentes níveis de prá-
tica independente de idade, sexo, religião ou nível social de seus praticantes e
espectadores, apresenta-se como uma linguagem universal, fomentando con-
versas e encontros sociais, possibilitando, assim momentos de recreação ativa
(entre familiares, amigos e vizinhos) e passiva (diante dos aparelhos de rádio
e televisão). Potente gerador de relacionamentos, o futebol permite ainda a
criação de um vínculo entre seus participantes, motivando a socialização e
transpondo as barreiras existentes na comunicação inter-pessoal.

No ano de 2007 havia 8 missionários ligados ao PEM em 3 países:


Portugal, Malásia e Chile, sendo que o missionário no Chile ainda es-
tava em treinamento no Rio de Janeiro. Entretanto, de forma indireta,
além da América do Sul, Europa e Ásia, estamos também na África e
Oriente Médio1046. O Coordenador do Programa coordenou em 2007
as atividades de evangelização durante os Jogos Pan-Americanos no
Rio de Janeiro. Ele informa sobre o chamado Projeto Mais Que Ouro,
como sendo o maior projeto de evangelização já ocorrido no Brasil,
tendo em vista que houve 47.303 pessoas evangelizadas, 850.000 fo-

"" Id. Informações ministeriais. JMM, Santo André, fev. 2007. Digitado.
'"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Mensagem recebida por <batistas@egrupos.net > em 01 fev.
2008.
lhetos distribuídos e 7.576 decisões por Jesus. Houve o envolvimento
de dezenas de denominações, seminários teológicos e agências missio-
nárias. Marcos Grava Vasconcelos1047 conclui: "Creio que esta foi uma
excelente preparação para um projeto semelhante que poderemos re-
alizar no Brasil, em 2014, quando nosso país será a sede da Copa do
Mundo de Futebol".
Que o Projeto de 2014 e inúmeros outros sejam elaborados e exe-
cutados para que o evangelho seja anunciado até os confins da terra.
"Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para
glória de Deus Pai" (FI 2.10 e 11).

I"'" GRAVA VASCONCELOS, Marcos. Junta de Missões Mundiais: Programa Esportivo Missioná-
rio — PEM. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p.
109.
A estrutura e o funcionamento da JMM podem não representar
algo perfeito, pois neles estão seres humanos que, por certo, têm
as suas falhas. Entretanto, sem qualquer dúvida, a Junta de Missões
Mundiais tem sido nos últimos anos o mais bem organizado órgão
da CBB. Certamente, deve-se isso a dois líderes que com eficiência
e eficácia atuaram por algumas décadas na JMM. O primeiro deles
é o Diretor Executivo, Waldemiro Tymchak, que desde 20 de abril
de 2007 está na presença de Deus; o segundo é o Gerente Admi-
nistrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros, que continua a gerir a
área administrativo-financeira. No período que ora tratamos, o tino
administrativo desses dois homens, aliado à competência, à dedica-
ção e à dependência de Deus, foram usados pelo Senhor para que,
mesmo com crises econômico-financeiras no Brasil e no mundo, e
com problemas enfrentados pela própria denominação através de
alguns dos seus órgãos, os batistas brasileiros levassem a mensagem
do evangelho até os confins da terra.

1. Vencendo os desafios
"O Senhor Deus irá na sua frente; ele mesmo estará com você e não o
deixará, não o abandonará. Não se assuste, nem tenha medo" (Dt 31.8
- NTLH). Este foi um dos textos que acompanhou o nosso Executivo
e o Gerente Administrativo-Financeiro da JMM no enfrentamento das
turbulências da inflação, do mercado financeiro e das crises cambiais
com a maxi-desvalorização do dólar.
Na introdução ao relatório referente a 1983, quando o cruzeiro foi
desvalorizado "em mais de 280% em 12 meses", um belo texto de es-
perança foi escrito pelo Executivo da JMM, lembrando dificuldades no
período, mas sempre seguidas de novas perspectivas e vitórias:
Nestes últimos tempos, temos enfrentado períodos sombrios, vários obstáculos,
momento em que não vemos o sol nascer. Mas somente o escuro e sombrio en-
tardecer, quando o "homem já não pode mais trabalhar". Mas, apesar de tudo,
as manhãs têm surgido cheias de sol e esperança e assim vamos navegando em
um mundo onde as circunstâncias mudam rapidamentem".

Interessante artigo foi escrito em março de 1984, a respeito das vitórias


do trabalho de Missões Mundiais, apesar das constantes crises em vários
aspectos. Waldemiro Tymchak1049 lembra que em vários países, como o
México, crises econômicas bem semelhantes às nossas forçaram os batis-
tas a encerrarem seu trabalho missionário. "No Brasil o dólar chega a se
desvalorizar em quase 300% ao ano, mas sem auxílio ou subvenção do
estrangeiro, tendo como única fonte de sustento a igreja local, os batistas
brasileiros têm feito um trabalho magnífico em 16 países".
Em 1986, ao entrevistar Waldemiro Tymchak, que completava sete
anos de atividade como Executivo da JMM, Samuel Rodrigues de Sou-
zal05° escreveu:
Nos últimos sete anos a Junta de Missões Mundiais viveu momentos críticos dian-
te do panorama mundial. Crises, muitas crises: o choque do petróleo, a desvalo-
rização do cruzeiro frente ao dólar, as dívidas externas das nações, o achatamen-
to salarial, tudo contribuía para deter significativamente o trabalho dos batistas
brasileiros no exterior. Para um tal tempo como este, época de crise e transição,
Deus colocou na secretaria executiva da JMM o Pastor Waldemiro Tymchak,
Missões progrediu e avançou, pois é obra de fé no Deus da providência.

Luiz Carlos de Barros1051 comenta como foram vencidas as turbu-


lências no mundo, concluindo que o trabalho, realizado pelo Diretor
Executivo e por ele, requer resposta das igrejas e dos batistas brasileiros
em geral, como verdadeira expressão de fé:
A experiência cambial e inflacionária no passado sempre foi altamente desafia-
dora. Administramos inúmeras turbulências econômicas que eram refletidas no
mercado de câmbio. Em nossa trajetória, cada desafio era vencido, mesmo com
a fragilidade das economias mundiais. Nossa grande meta foi sempre manter Mis-

'"'' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 650 as-
sembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1984, p. 132.
1'4" Id. Assombrando o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 84, n. 11, p. 4, 11 mar.

1984.
1 '" SOUZA, Samuel Rodrigues de. "A Junta de Missões Mundiais representa a minha vida 24

horas por dia". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21, n. 71, p. 12, out. 1986.
"''' BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
sões Mundiais em um saudável contexto de estabilidade e realismo econômico.
Tenho prazer em dizer que o missionário nunca foi penalizado em razão das
grandes oscilações cambiais. O sustento do missionário nunca chegou atrasado
uma semana sequer, porque sempre foi prioridade por excelência. Como servo
na área financeira de Missões Mundiais, eu identifico o esforço do povo de Deus,
mobilizado numa experiência de fé, entregando para missões, todos os anos,
cinco pães e dois peixinhos, que na obra missionária são multiplicados de tal
forma que permite alcançar muitos povos da terra e ainda é possível ter reserva
ou provisão.

Ao questionarmos sobre o maior desafio vivenciado na administra-


ção das finanças da JMM, a resposta de Luiz Carlos'°" foi surpreenden-
te para nós, mas respaldada na experiência de fé e no seu profundo
relacionamento com o Senhor de Missões:
A maior e mais desafiadora experiência da fé é a própria fé, que nos leva a crer e
obedecer a ordem de Jesus: "Ide por todo o mundo" (Mc 16.15). Temos a missão
de anunciar o Seu evangelho a todos os povos, sem qualquer limite de tempo ou
lugar. Desde então, compete à igreja, a todo o povo de Deus, aceitar com fé este
desafio de transformar o mundo dos homens em reino de Deus. A continuidade
da obra missionária está ligada com a proposta do apóstolo Paulo: "Como crerão
naquele de quem nada ouviram?" (Rm 10.14b) O maior desafio é levar Cristo a
todas as pessoas, fazendo-as crer que Ele é eterno e suficiente Salvador.

Em nenhum momento o trabalho da JMM ficou restrito às quatro


paredes. Ele foi levado às igrejas e aos campos brasileiros e mesmo do
exterior, contribuindo para a conscientização missionária e o desperta-
mento do povo de Deus, para que assim a denominação batista no Brasil
realizasse a obra. Os administradores na sede, com todos os seus cola-
boradores, assim como o Conselho, representado pela Junta, tomavam
decisões e geriam o que os batistas brasileiros deliberavam através das
assembléias da CBB, e o que as igrejas e os promotores de missões enca-
minhavam, como resultado da consciência missionária. Assim, ano após
ano as igrejas, convenções e associações recebiam informações, através
de jornais, revistas e correspondências, assim como, na medida do pos-
sível, de representantes da JMM, que muitas vezes era o Executivo ou
um dos gerentes da sede, mas também podia ser alguém do próprio
campo. Nos últimos anos esse trabalho se concentrou mais ainda com a
ida aos vários estados do Brasil de ex-missionários, missionários ou outros

10'- Ibid.
promotores devidamente capacitados para esse trabalho. As dificuldades
financeiras nunca foram obstáculo para que a JMM deixasse de investir
nos seus promotores, na comunicação com as igrejas, ou para que a Jun-
ta estivesse junto aos batistas brasileiros, sempre colocando em prática a
convicção do Executivo de que são as igrejas que realizam missões.
Também a promoção chegava aos campos, incentivando aos de países
que recebiam a nossa ajuda a se disporem a fazer sua parte na obra mis-
sionária, sabendo que mais bem-aventurado é dar do que receber e que
missões é responsabilidade de todos. É emocionante ver esse desperta-
mento nas pessoas ou grupos sem maiores condições financeiras, mas
que aprenderam a amar e a servir no cumprimento da Grande Comissão,
a tal ponto de iniciarem por lá um trabalho de Missões Mundiais.
Não foi só uma vez que ouvimos, em nossas viagens missionárias,
belas afirmações de executivos ou presidentes de convenções, como a
do vice-presidente da Convenção Batista da Ucrânia: "Sabemos que o
Brasil é um país que concentra um grande número de pessoas pobres;
é um país em desenvolvimento; mas vocês como pertencentes ao povo
de Deus compartilham com muito amor no sustento de nossos obreiros
aqui"'°". Registramos também palavras de reconhecimento da lideran-
ça chilena, boliviana e paraguaia. Em todos os lugares em que paramos
e entrevistamos líderes da terra, escutamos palavras de gratidão e amor
aos batistas brasileiros. Em entrevista coletiva que tivemos com os pas-
tores e líderes de Cuba, ouvimos: "Os brasileiros nos despertaram para
a visão missionária. Nosso país tem sido abençoado com a presença de
vocês conosco. Por favor, não deixem de nos acompanhar e dar respal-
do na realização da obra em nossa terra"1054.

2. Planejamento e treinamento
Desde a década de 1980, a JMM trabalha com planos e programas.
As ações planejadas têm ajudado na elaboração de metas arrojadas,
com excelentes resultados no que concerne à expansão da obra mis-

10 'I STAPANOVICT, Antonyuk Valeriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-

queu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.


'''" BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
sionária no mundo. Assim, em julho de 1982, a Junta aprovou o Plano
Qüinqüenal de Ação Missionária para os anos de 1983 a 1987, com
metas bastante ousadas não apenas para a manutenção do trabalho já
existente como para a expansão da obra no mundo. Assim explica Wal-
demiro Tymchak1055 : "Realizaremos ao todo 37 projetos com o objetivo
de apoiar os missionários. Neles participarão jovens, adultos, pastores,
leigos, profissionais liberais, operários e técnicos. Serão enviadas equi-
pes médicas, de evangelistas, de construtores e outras".
No ano de 1985, "com o objetivo de tornar-se uma entidade dinâmi-
ca, eficaz e funcional, a Junta foi reestruturada", quando os três depar-
tamentos, de Promoção, Seleção e Finanças foram transformados em
Divisão de Comunicações, de Recursos Humanos e de Administração
e Finanças. Foram criadas mais duas divisões, a saber, de Planejamento
e de Missões Regionaism".
Em convênio com a Junta de Missões Nacionais, o Centro Batista de
Treinamento Missionário criado em 1988, treinou nos meses de abril
e maio, na cidade do Rio de Janeiro, 14 candidatos para a JMM e 14
para a Junta de Missões Nacionais. Tornou-se coordenador do Centro,
o Pastor Rinaldo de Mattos1057. O coordenador da Divisão de Recursos
Humanos da JMM, Eric Westwood, escreveu sobre o evento, alertando
que o objetivo ia além das informações sobre o povo do país onde o
missionário pretendia servir e dar informações sobre as diferenças cul-
turais. O Centro deveria oferecer um treinamento mais especializado e
atualizado, além de servir para reciclagem de missionários que vinham
de férias. Eric Westwood1058 concluiu: "O fato de obreiros das duas
juntas missionárias estarem presentes neste primeiro encontro foi uma
realização sonhada há muito tempo".
Na assembléia convencional de 1990, a Junta apresentou um Plano
Estratégico Decenal para os anos de 1991 a 2000, sendo o ano de

10" TYMCHAK, Waldemiro. Novos rumos para a Junta de Missões Mundiais. O Campo é o Mun-

do, Rio de Janeiro, ano 17, n. 55, p. 33, set. 1982.


'ft"' BERNARDO, Salovi; TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista
Brasileira: atas e pareceres — 67á assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1986, p. 265.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e
pareceres - 7Q5 assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 385.
1" WESTWOOD, Eric. Centro Batista de Treinamento Missionário. O Campo é o Mundo, Rio de

Janeiro, ano 23, n. 75, p. 13, jul. 1988.


1990 dedicado à preparação. Os pontos gerais do plano, conforme
delineados por Zilmar Ferreira Freitas1059, eram: (1) Participar do es-
forço mundial para chegar aos povos não alcançados; (2) desenvolver
o trabalho missionário na América Latina; (3) atacar grandes centros
populacionais na América Latina e em outras partes do mundo; (4)
despertar vocações e colaborar na formação de vocacionados; (5) fazer
o trabalho missionário, sempre que possível, através de convênios; (6)
fundar trabalhos entre grupos latinos localizados nos países desenvolvi-
dos e atingir grupos de língua portuguesa localizados em outros países;
(7) usar em grande escala, missões a baixo custo. Mais tarde Waldemiro
Tymchak106° explica:
Para enfrentar a última década do milênio, a Junta de Missões Mundiais elabo-
rou um documento denominado Plano Estratégico Decenal, que não é apenas
uma declaração de opções e sim uma definição de princípios metodológicos
a serem seguidos nos anos de 1991 a 2000. Nele constam, entre outros, os
seguintes objetivos: Envio de missionários aos povos não alcançados, onde exis-
tem multidões que não conhecem a Jesus, países fechados ao evangelho, países
com religiões hostis ao evangelho, países abertos à pregação do evangelho e
sociedades pós-marxistas.

Para complementar o trabalho do Plano Decenal aprovado em 1990,


uma vez que as metas foram alcançadas bem antes dos 10 anos, ou
seja, em 5 anos, a Junta lançou em 1996 um Plano Quadrienal de
Metas (PQM), com programas nas áreas de adoção, abertura de frentes
pioneiras, evangelização, treinamento, promoção e fortalecimento do
trabalho nos campos tradicionais. No período, que vai de outubro de
1996 até o ano 2000, além de outros campos pioneiros, objetivava-se
alcançar São Tomé e Príncipe, Rússia e Palestina1061. Um ponto especi-
ficado no Plano era o "recrutamento de emigrantes ou descendentes de
emigrantes, que seriam enviados aos países de origem como missioná-
rios na Janela 10/40"1062. Também no Plano de Metas havia o objetivo

'"''' FREITAS, Zilmar Ferreira. Desafios para a década. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91,
n. 3, p. 12, 20 jan. 1991.
""'" TYMCHAK, Waldemiro. A JMM e os desafios do ano 2000. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
abr./maio 1993.
''''' PROGRAMAS para execução do Plano Quadrienal de Metas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4 e 5, set./out. 1996.
DESAFIO da Janela 10/40. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 15, 17 a 23 fev.
1997.
da Junta ter 1.000 missionários e 60 campos no ano 2000. "Povos, me-
tas, estratégias e objetivos se fundem na corrida contra o tempo"1063.
No ano 2000, foi lançado o Plano Qüinqüenal de Avanço Missio-
nário Rumo ao Terceiro Milênio, que deveria se estender até o ano
2005. No período, 25 novos campos deveriam ser alcançados e 275
novos missionários enviados aos campos, incluindo efetivos, temporá-
rios, autóctones e outras categorias. A grande ênfase foi colocada no
"treinamento de pastores que fossem capazes de reproduzir líderes nos
campos missionários. Ou seja, preparar obreiros autóctones ou mesmo
leigos, capacitados para plantarem igrejas pelo mundo afora"1°64.
Entre os dias 29 de janeiro e 1° de fevereiro de 1996, o casal Grei-
ton Falcão de Oliveira e Nolvia Adriana Herrera de Oliveira prestou
consultoria à JMM sobre Gestão de Qualidade Total, com o objetivo de
"melhorar o conceito administrativo, propiciando maior participação
do recurso humano em qualquer patamar que seja e, efetivamente,
buscar a qualidade em todos os setores, o que é mais do que nossa
obrigação como cristãos"1065. Waldemiro Tymchak1066 avaliou o encon-
tro como produtivo, buscando dinamizar o trabalho promovido junto
às igrejas e missionários: "Precisamos aprender a mudar os paradigmas
quando se faz necessário, deixando o romantismo e oferecendo um
trabalho técnico e produtivo para a obra missionária". Na realidade,
essa tônica esteve sempre presente no trabalho de Tymchak à frente da
JMM, que procurou aprimorar ainda mais com o passar dos anos, de tal
maneira que a Junta de Missões Mundiais tem sido considerada a mais
eficiente organização da CBB, e para alguns, uma organização modelo.
No relatório de 1997, confirmando o compromisso com a qualidade e
a excelência,
Waldemiro Tymchak convocou o pessoal do escritório à consagração total, cujo
compromisso para o Reino de Deus, a denominação e os missionários é o de
estabelecer a melhor infra-estrutura e os melhores serviços para promover o

I"`" FIGUEIRA, Nilcilene. 90 anos fazendo missões no mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 97, n. 23, p. 12, 09 a 15 jun. 1997.
RAVANI, Liliane Pessanha. JMM lança novo Plano de Metas para os próximos cinco anos.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 10 e 11, jul./ago. 2000.
JMM faz Qualidade Total. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, mar./abr. 1996.
TYMCHAK, Waldemiro. JMM promove consultoria em Qualidade. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 96, n. 11, p. 11, 24 mar. 1996.
trabalho missionário no mundo, com excelência. O sucesso da obra, em pri-
meiro lugar depende de Deus, segundo da satisfação dos crentes. O irmão ou
a irmã fica satisfeito quando recebe de sua Junta um serviço sério, responsável
e de qualidade'''.

Em janeiro de 2000, na Convenção realizada em Manaus, o relató-


rio do ano anterior apresenta pela primeira vez as atividades em três
gerências: (1) Gerência de Missões, com Nancy Gonçalves Dusilek,
coordenando o processo de seleção, envio, treinamento e acompa-
nhamento dos missionários, além do apoio com voluntários, estagiários
e projetos especiais. O trabalho ficou dividido em Coordenação de
Missões Regionais e Coordenação de Recursos Humanos, estando os
coordenadores de área ligados a essa gerência. (2) Gerência de Comu-
nicação e Marketing, com Liliane Pessanha Ravani, que tinha a respon-
sabilidade sobre campanhas missionárias, propaganda, inclusive publi-
cações, produção de mídia eletrônica e eventos, e pesquisa de opinião
e patrocínios. (3) Gerência administrativo-financeira, com Luiz Carlos
de Barros, assumindo todas as responsabilidades nessa área, incluindo
orçamento, serviços, contabilidade, projetos, convênios e outros. Em
2003, a Gerência de Missões passou a ser exercida por João Luís da
Silva Manga, ex-missionário na Guiana e El Salvador. Durante o ano
de 2003, o Centro Integrado de Educação e Missões continuou a ser o
local de treinamento dos missionários para a obra transcultural, incluin-
do missionários efetivos, temporários, voluntários e 19 jovens para o
Projeto Radical Áfricam".
Artigo no jornal de Missões explica sobre o treinamento dos mis-
sionários, antes de seguir para os campos, registrando a importância da
vocação e da convicção do chamado, mas que o processo de entrada
no quadro de obreiros não se resume apenas ao chamado missionário.
Há o preenchimento de requisitos importantes sobre o próprio candi-
dato, inclusive realização de exames médicos e psicológicos e um trei-
namento intensivo que inclui áreas missiológicas, de relacionamento
inter-pessoal e de vida devocional. Em 2004 houve um convênio com

Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 798 assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1998, p. 466.
'"'" MANGA, João Luís da Silva. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção
Batista Brasileira: 84P assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 92.
o CIEM para a capacitação missionária, que durou três anos. A partir de
2007 mediante convênio, essa preparação de obreiros passou a ser nas
dependências do Seminário do Sul1069.
Em 2004, assumiu a Gerência de Missões o pastor Lauro Mandira,
posição essa que mantém até o presente. Ele, juntamente com o Ge-
rente Administrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros, ficou responsá-
vel pela condução dos trabalhos da JMM após a partida de Waldemiro
Tymchak, até que assumiu interinamente a direção da Junta, Sócrates
Oliveira de Souza1070.
Em 2007, as regiões do trabalho da JMM estavam restritas a qua-
tro: Região 1 com 9 países nas Américas, tendo como coordenador,
Mayrinkellison Peres Walderley; Região 2 com 20 campos em 19 países
na Europa, tendo como coordenador, Lauro Mandira; Região 3 com II
países na África Ocidental e Sul, tendo também como coordenador,
Lauro Mandira; Região 4 com 18 países no Norte da África, Ásia e
Oriente Médio, tendo como coordenador, Renato Reis de Oliveira1071 .
Além dos coordenadores acima referidos, Mayrinkellison acumula a
coordenação de Voluntários; Analzira Pereira do Nascimento coorde-
na o Projeto Radical — Voluntários sem Fronteiras; Marcos Grava Vas-
concelos coordena o Programa Esportivo Missionário (PEM); Terezinha
Aparecida de Lima Candieiro coordena o Programa de Educação Pré-
Escolar (PEPE). Quanto às outras duas gerências, até o final do ano con-
vencional em 2007, era Gerente de Comunicação e Marketing, Cal-
né de Oliveira, hoje assumida por Luiz Cláudio Marteletto, e Gerente
Administrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros1072, que continua até
o presente.
O Planejamento Estratégico em vigor, para os anos de 2006 a 2009,
apresentou como metas organizar 260 igrejas, implantar 260 novos
projetos e batizar 16.100 pessoas. No primeiro ano do Planejamento

10 `'° DIAS, Sérgio. Excelência na preparação de missionários. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,

ano 5, n. 22, p. 14, maio/jun. 2008.


17" Este assunto será apresentado em outra seção deste livro.

MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção Batista Bra-
sileira: 88'2 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 88-89. 88a assembléia da CBB. Rio
de Janeiro: CBB, 2007, p. 88 e 89.
"71 SOUZA, Sócrates Oliveira de. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 884
assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 85-144.
Quadrienal, as metas foram ultrapassadas, sendo enviados 72 missio-
nários aos campos, quando a previsão era de 55, e no início de 2007
havia 600 missionários em 63 camposmn.

3. Trabalho nos campos


Em 1980, para ampliar e regulamentar o ministério missionário atra-
vés do mundo, a Junta resolveu estabelecer categorias e critérios de
sustento de seus obreiros:
(1) Missionários sustentados totalmente pela Junta de Missões Mundiais; (2) mis-
sionários mantidos mediante convênios com as igrejas do Brasil; (3) missionários
sustentados em convênios com instituições do país onde o obreiro trabalha; (4)
missionários voluntários, que poderão ir ao campo sem qualquer ônus para a
Junta, contanto que sejam recomendados por ela; (5) missionários especiais,
ou seja, que não se enquadram nas normas pré-determinadas pela Junta de
Missões Mundiais'.

Em 1988, a terminologia usada para os missionários nos campos foi


diversificada, pelo que além dos Missionários Efetivos, que entregavam
as suas vidas nos campos, havia cinco outros tipos de missionários:
(1) Missionários Temporários — de dois a dois, solteiros ou casados sem filhos,
para trabalhar na América do Sul, sob a supervisão de obreiros efetivos, espe-
cificamente na evangelização; (2) Missionários Voluntários — irmãos maduros
e responsáveis (aposentados), que desejam utilizar seus rendimentos e deixa-
rem o Brasil para trabalhar nos campos de Missões Mundiais; (3) Missionários
Fazedores de Tendas — que se auto-sustentam através de um trabalho secular,
fazendo de suas casas no estrangeiro um verdadeiro centro de pregação do
evangelho; (4) Missionários em Convênio — com a Junta de Missões Nacionais
ou com juntas estaduais, para trabalho em cidades fronteiriças; com organismos
de outros países, que arcam com parte do sustento missionário; (5) Missionários
Especiais — enviados para suprir uma necessidade de emergência, ou aqueles da
própria terra, sustentados em países de difícil penetração de estrangeiros1075.

Mais tarde, em 1990, os missionários conveniados para trabalhar em


cidades fronteiriças com outros países foram chamados Missionários

1".' FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Missões Mundiais quer chegara a sete novos países. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 11, p. 3, 18 mar. 2007.
1"-4 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais —
6Y- assembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 42.
FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
23, n. 74, p. 4, mar. 1988.
Associados, fazendo com que houvesse sete tipos de missionários, con-
tando com os Efetivosu".
Em 1993, uma nova categoria de missionários foi criada, designada
Missionário de Apoio, que se referia a pessoas talentosas, que atra-
vés do multiministério cristão poderiam apoiar o ministério de outros
obrei rosl°77. rrw
A amplitude do trabalho, com 110 missioná-
rios em 16 países e 18 campos, levou à criação,
em 1985, da Divisão de Missões Regionais, des-
centralizando a administração do Executivo. As-
sim surgiram as areas1078, com os seguintes co-
ordenadores: José Calixto Patrício para os Países
Bolivarianos; José Nite Pinheiro para os Países
Europeus, sendo mais tarde, em 1988, substi-
tuído por Samuel Mitt, que retornou do campo
missionário em Portugal; Bill H. Ichter, interi-
namente para os Países da América do Norte,
África e Ásia; de início não houve decisão para
Bill Ichter foi diretor
a escolha do Coordenador dos países do Cone adjunto da JMM e
Sul1079, mas em 1986 assumiu interinamente, redator assistente da
revista O Campo é o
Loide Silveira Moreira, e em 1987, Antonio Joa- Mundo
quim de Matos Gaivão.
Houve posteriormente várias reformulações,
não somente quanto aos coordenadores, como no que se refere ao nú-
mero de áreas. Assim em 1997 havia sete áreas, coordenadas por Josias
Cardoso Machado, Gerando Rangel, José Calixto Patrício, Maria Ivone-
te da Costa Lopes, Paulo Moreira, Jorge Schutz e Antonio Galvão1°8°.
101' BROWN, David Alan. Divisão de recursos humanos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,

ano 25, n. 79, p. 3, jul. 1990.


l 077 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 758 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 407 e 408.
107" Na ocasião, as áreas eram: (1) Países Bolivarianos: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e

Bolívia; (2) Países do Cone Sul: Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile; (3) Países Europeus: Portugal
Continental e Insular (Açores), Espanha e França; (4) Países da América do Norte, África e Ásia:
Canadá, Angola, Moçambique, África do Sul e Macau.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75S as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 306 e 307.
107" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assembléia da CBB. Rio de

Janeiro: CBB, 1998, p. 421 e 426, p. 428-456.


Em 1999, a Coordenadora do trabalho missionário na Europa e res-
ponsável pelo treinamento dos obreiros, Maria Bernadete da Silva1081,
escreveu sobre alguns dos benefícios desse trabalho:
O primeiro é o desenvolvimento da visão missionária dos nacionais nos campos.
Hoje, vários países têm suas missões porque foram adotados por nós. Eles crescem
com a visão e aprendem a realizar a obra de forma independente até que tenham
condições de sustento próprio. Outro benefício é o treinamento de missionários.

No relatório de 2003, o treinamento de líderes nos campos é colo-


cado pelo Gerente de Missões, que escreve sobre o trabalho do mis-
sionário Joel Costa, na Ucrânia. Quando ele iniciou sua atividade ali
em 2000, dando ênfase ao treinamento e discipulado, havia no país
57 igrejas com 1.100 membros, e em quatro anos o número chegou
a 87 igrejas com 2.400 membros. No período foi aberto o Seminário
Teológico Batista da Ucrânia. Referência é feita a 9 outras instituições
no Chile, Uruguai, Equador, Cazaquistão, Bolívia, África do Sul, Angola
e no Ministério Árabe Cristão (MAC) na América Latinal082.
Ainda no relatório de 2003 os destaques dados referem-se às viagens
missionárias de Renato Reis de Oliveira aos povos árabes da Jordânia
Iraque e Líbano; de Antonio Joaquim de Matos Gaivão ao Chile e Peru;
de Lauro Mandira à Namíbia, Botsuana, Zimbábue e África do Sul;
de Waldemiro Tymchak ao Quênia, Tanzânia, Sudão, Egito, Paraguai e
Uruguai, Portugal, Açores, Espanha, França, Itália, Inglaterra e Escócia.
No ministério social são destacados vários projetos1083.
O Gerente de Missões, Lauro Mandira, no seu relatório referente a
2004, faz menção ao sucesso dos vários projetos da JMM, inclusive o
Projeto Radical, o PEPE, o POPE, o PEM (Projeto Esportivo Missionário),
Ministério com Surdos e muitos outros1084.
Vê-se claramente que o sonho do trabalho com os povos não alcan-
çados ia se tornando uma tônica, com resultados animadores, graças

"" SILVA, Maria Bernadete da. Autóctones: unindo forças na colheita de vidas. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 11, set./out. 1999.
MANGA, João Luís da Silva. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção
Batista Brasileira: 844 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 92 e 93.
""" TYMCHAK, Waldemiro. Juntas de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 844 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 95-113.
'""' MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção Batista Bra-
sileira: 854 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 71-87.
aos esforços que partiam da sede e eram transmitidos aos missionários
nos campos, e da efetivação dos vários projetos. Contudo, "ainda mui-
tíssima terra ficou para se possuir" as 13.1b). Resta-nos vencer os obstá-
culos que por certo ainda surgem, sempre "olhando firmemente para o
Autor e Consumador da fé, Jesus" (Hb 12.2a).

4. Visão administrativo-financeira
De certa forma já se tocou no
assunto no primeiro tópico deste
capítulo. Mas aqui fazemos uma
alusão especial a alguém, que du-
rante toda a gestão de Waidemi-
ro Tymchak como Executivo da
JMM, atuou na área administrativo
financeira. Luiz Carlos de Barros
começou a trabalhar em 07 de ja-
neiro de 1976, ainda na adminis-
tração de Alcides Telles de Almei-
da, quando iniciava o seu curso no Wakiemiro Tymob
Bam>s e Edgard Haliock, quando
STBSB. A sua atuação inicial era o atual Gerente Administrativo
como voluntário, dando suporte Financeito dava os primeiros passos
com o novo Diretor Executivo
à contabilidade. Ele vinha de uma
bem sucedida experiência por 11
anos, trabalhando em uma grande empresa. Em 1979, aquele jovem
recebeu do presidente da Junta, José dos Reis Pereira, a incumbência
de assumir a área de contabilidade, para logo mais ampliar ainda mais a
sua responsabilidade na área financeira. Na década de 1980, a inflação
chegou a ser mais de 80% ao mês, mas na sua sabedoria e dependência
de Deus, os obstáculos das altas defasagens cambiais foram vencidos.
Na virada do século, nova ameaça surgiu com a nossa moeda, mas
pelo profissionalismo a serviço do ministério, novas vitórias surgiram.
Ao falar nas crises financeiras administradas por ele, ainda em 2005,
Luiz Carlos1085 diz ser "indispensável a versatilidade para enfrentar os

'""`"' BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janeiro, 11 maio
2005.
recordes cambiais, inflações, regras que mudam a todo momento e os
altos e baixos das economias de outros países". Mais tarde, já em 2008,
a questão econômica, as operações cambiais e outros itens referentes
ao envio de verbas para o exterior são dissecados por Luiz Carlos1086:
A legislação que regulamenta "remessa de valores para o exterior" é extrema-
mente ampla, com grande alcance disciplinar. Nós temos um imenso cuidado
em zelar pela legalidade e finalidade das ofertas missionárias que se destinam
para o sustento da obra. No processo, a origem e a clareza nos aspectos con-
tábeis e finalidade dos recursos obtidos são o que determina prioritariamente
a legalidade junto ao Sistema Financeiro Nacional. Não há fórmulas ou articu-
lações, e sim o cumprimento das determinações governamentais. O sistema
não proíbe; pelo contrário, facilita as trocas comerciais e financeiras, tornando
cada vez mais livre a circulação de bens e serviços entre os países envolvidos. A
comunicação e a interdependência internacional levaram o mundo a funcionar
como um sistema global. Trabalhamos o envio de recursos para os projetos
missionários com a máxima segurança possível, dentro das normas do Sistema
Financeiro.
As operações cambiais são feitas na instituição financeira (banco). Esta organi-
zação observa rigorosamente a legislação e as regulamentações vigentes. As po-
líticas bancárias - os fortes investimentos em processos, os sistemas de controles
e o monitoramento de operações - permitem a identificação de operações atí-
picas. Esta segurança, compatível com as normas estatutárias de Missões Mun-
diais, protege a obra em suas operações de envio de recursos para os projetos
missionários que são desenvolvidos pelas igrejas batistas da Convenção Batista
Brasileira.

Todos que conhecem Luiz Carlos admiram a sua competência na área


administrativo-financeira, aliada ao seu amor à obra missionária. Não é
sem razão que ele foi colocado como o braço direito do também eficien-
te Executivo, Waldemiro Tymchak. O missionário Elton Rangel Pereira"'
escreveu sobre o trabalho de Luiz Carlos na JMM: "No silêncio do escri-
tório, ele controla as finanças da grande obra que os batistas brasileiros
realizam no mundo, para que não ultrapassemos os limites das nossas
reais possibilidades de expansão". Anos mais tarde, já em 2007, em carta
aberta ao seu amigo por 30 anos, o mesmo missionário complementa:
Na retaguarda, sem muito ruído, sem muito alarde, você tem sido um dos pilares
mais importantes no desenvolvimento da obra missionária dos batistas brasilei-

'6 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 15 ago. 2008.
10

708-RANGEL PEREIRA, Elton. "Braço direito" no trabalho missionário. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 15, nov./dez. 2001.
ros no mundo. Passamos momentos aflitivos, você aí na retaguarda, e nós aqui,
na linha de frente. Como o Senhor está sempre no controle da nossa Junta, tudo
foi superado. Deus o colocou no lugar certo para "administrar as cordas" para
que nós, os que estamos no campo, possamos "descer às minas"1088.

Conforme o Gerente Administrativo- Financeiro, "o sustento missio-


nário sempre foi e é prioridade por excelência, utilizando uma política
compatível com a realidade brasileira em consonância com o povo lo-
cal, no contexto da transculturação"1089. Em 1988, Zilmar Ferreira Frei-
tas1990, Chefe da Divisão de Comunicações da JMM, escreveu sobre
a manutenção do obreiro, apresentando a política adotada que ainda
hoje é a mesma:
Mensalmente a Junta repassa as ofertas e doações para o sustento missionário.
O sustento é cuidadosamente fixado na moeda local de conformidade com o
contexto sócio-econômico do país em que trabalha o missionário. E...] Todo
missionário está vinculado à Previdência Social, e a Junta recolhe mensalmente,
em carne, o seu IAPAS, à parte do que remete para o campo, além do fundo
missionário.

Não há como nos esquecer que em 1989, houve a drástica mu-


dança no padrão monetário brasileiro, com o surgimento das BTNs,
acarretando "da noite para o dia, um acréscimo superior a 100% nos
compromissos da Junta"1091. Apesar disso, no final do ano, quando se
comemorava os dez anos da administração Tymchak na JMM, Juarez de
Azevedo destacou a vitória em números e prioridade no investimento,
quando mencionou que o valor usado para administração da JMM era
equivalente a apenas a 9% da receita, sendo usados 91% diretamente
nos campos1092. Poucas empresas conseguiam ou conseguem manter
este percentual. É justo mencionar a assessoria prestada por Juarez de
Azevedo à JMM. Ele foi membro da Junta de 1981 a 1985, e entre

'""" Id. Carta ao amigo Luiz Carlos de Barros. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 19, p.
11, 13 maio 2007.
'"" BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janeiro, 11 maio
2005.
119 " FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 74, p. 5, mar. 1988. IAPAS hoje seria INSS.
THOMÉ, César. Junta de Missões Mundiais: introdução. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: atas e pareceres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 375.
1092 AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8, 24 dez. 1989.
1988 e 1992. Mesmo no interregno dos dois períodos e depois de
1992, Juarez atuou como assessor no desenvolvimento do planejamen-
to estratégico, acompanhando os seus resultados na área administrati-
vo-financeira da Juntam".
Houve um momento mais difícil para a Junta, quando o Real foi
desvalorizado em 60%, pelo que um apelo se estendeu às igrejas, no
sentido de que dobrassem os seus alvos em 1999. Foi mencionada a
necessidade da obra prosseguir sem solução de continuidade, lembran-
do os trabalhos de Joed Venturini de Souza, filho de missionários que
se tornou médico e pastor para se dedicar a missões, em Guiné-Bissau
e MZ entre os muçulmanos1094.
Não é fácil lidar com tamanha contradição, a necessidade de se
investir mais e mais nos campos e, a escassez de dinheiro por conta do
desequilibro financeiro do país. Não obstante, o presidente da Junta na
ocasião, Marcílio Gomes Teixeira1095, na Introdução ao relatório pres-
tado à assembléia convencional em janeiro de 2001, testemunha: "As
pressões decorrentes da situação econômica do Brasil foram grandes,
mas, pela providência de Deus, a obra não se tornou inviável, pois a
Junta pôde manter todos os seus compromissos financeiros em dia. Em
nenhum momento o sustento dos missionários foi prejudicado".
A maior dificuldade durante o ano de 2001, deve-se à acelerada e
crescente desvalorização da taxa de câmbio, já que mais de 80% dos
compromissos da Junta eram formalizados em dólar. Contudo, o Ge-
rente Administrativo-Financeiro pôde dizer no final do período: "Não
temos dívida em dólares"1096.
No final de 2002, o Gerente Administrativo-Financeiro da JMM es-
creveu um artigo sobre as dificuldades da Junta em virtude da varia-
ção cambial. Dentre outras informações, ele disse que para realizar os
sonhos e esperanças do povo batista do Brasil era preciso transformar

""i BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
SANTANA, Esequias. Missões Mundiais: ainda há tempo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 99, n. 15, p. 11, 12 a 18 abr. 1999.
Iii"' TEIXEIRA, Marcílio Sebastião Gomes. Junta de Missões Mundiais: palavra do presidente. Con-
venção Batista Brasileira: 83á assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 148.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 82á as-
sembléia anual. Rio de Janeiro: CBB, 2002, p. 283.
reais em dólares. Lembrou que o dinheiro brasileiro de 1942 a 2002 já
havia mudado de nome oito vezes e concluiu:
A moeda Botsuana (África Austral) chama-se "pula" e a moeda em São Tomé e
Príncipe (África Ocidental) chama-se "dobra". Parafraseando: a sua Junta mis-
sionária "pula, dobra e cai no Real". Em janeiro de 1999 vimos o dólar pular der
R$ 1,10 para R$ 1,90 (de um dia para o outro tivemos a desvalorização do real
em 70%). Em 2002 vimos o mesmo salto de R$ 2,40 para R$ 4,001097.

Felizmente, a partir de 2003 a área financeira teve uma posição de


equilíbrio no que se refere ao câmbio, dando um alívio à Juntai",
situação essa que deu o sabor de estabilidade e permitiu o avanço e
ampliação do trabalho. Em 2007, o Gerente Administrativo-Financeiro
informa que o ambiente econômico permitiu a continuidade do nível
de atividade econômica de Missões Mundiais: "O dólar se firmou em
taxas atrativas, refletindo também na taxa do euro. Já nos adaptamos
com o atual câmbio e estamos desenvolvendo a obra missionária den-
tro dos padrões de equilíbrio financeiro"1099.
Uma palavra deve ser dita sobre o Conselho Fiscal da CBB, que tem
funcionado desde 1999. Os membros desse órgão realizam um trabalho
voluntário, sem custo para os organismos da CBB, a não ser os deslo-
camentos para as reuniões. O Conselho implementa a sua gestão para
a escrituração contábil em todos os seus aspectos, dentro das normas
brasileiras de Contabilidade, além de instruir as instituições da CBB a tra-
balharem dentro do orçamento. O Conselho Fiscal tem sempre apoiado
e elogiado todo o trabalho administrativo-financeiro da JMM, que de-
monstra a eficácia como os seus líderes atuam. Luiz Carlos"°° comenta:
A gestão do Conselho Fiscal garante que os serviços das instituições batistas
sejam executadas com o nível de qualidade e satisfação, igual ou superior às
mais rigorosas exigências do mercado. Com referência à JMM, sempre agiu
profissionalmente, com liberdade, sinalizando as ocorrências e apontando sem-
pre os caminhos alternativos e sólidos de melhoria escriturai e contábil. As suas

lu' BARROS, Luiz Carlos de. O dólar e a 1MM. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 48,
p. 14, 01 dez. 2002.
TYMCHAK, Waldemiro. Juntas de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 84-4 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 95-113.
""''' BARROS, Luiz Carlos de. Junta de Missões Mundiais: Gerência Administrativo-Financeira.
Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 132.
101 Id. Sobre o Conselho Fiscal. Documento recebido por <zedel@uol.com.br > em 09 nov.
2008.
ações foram fundamentais para o progresso da Junta como instituição e, acima
de tudo, para o Reino do Senhor.

Por que em período de tanta turbulência as vitórias têm sido tão cla-
ras e continuadas na JMM? A resposta está na certeza de que o verda-
deiro condutor da obra não é o homem, mas Deus. O Senhor está em
todo o processo que norteia a obra missionária. É Ele que dá sabedoria
aos gestores da JMM. E a submissão destes é indispensável para que as
águas corram com tranqüilidade sem se desviar do seu leito. "Há um rio
cujas correntes alegram a cidade de Deus" (SI 46.4a). Deus está no meio
dessa cidade que jamais será abalada (SI 46.5). Foi o Senhor que colo-
cou como timoneiro no trabalho de Missões Mundiais realizado pelos
batistas brasileiros, Waldemiro Tymchak, um homem de fé que sabia
lidar com os seus subalternos com todo o respeito, tratando-os como
verdadeiros companheiros na obra do Senhor. Certamente isso deu co-
ragem, disposição, alegria e amor ao seu braço direito, Luiz Carlos101,
que explica o segredo do que os homens chamariam de sucesso:
Eu comparo a trajetória de Waldemiro Tymchak na obra missionária com a "tor-
rente de águas vivificantes", conforme uma das mais sublimes passagens proféticas
encontrada em Ezequiel 47.1-12. Este texto é uma belíssima figura das influências
benignas de Cristo, a procederem do trono e a se espalharem pelo mundo afora,
abençoando as nações. Pastor Waldemiro, com a sua visão e paixão, renovou no
coração das pessoas o ideal maior de tornar Cristo conhecido a todos os povos da
Terra. Como as "torrentes de águas vivificantes", o trabalho missionário foi cres-
cendo, crescendo, crescendo e milhares de pessoas encontraram vida em Jesus.
A sua visão transcendia as potencialidades econômicas do país, pois, segundo ele
afirmava, cremos em um Deus de poder, amor e sabedoria, cujas qualidades vão
muito além dos números e dos limites de um planejamento. Ele foi meu amigo,
pastor, diretor, companheiro. De fato ele era o Sr. Missões.

Assim como José do Egito conseguiu administrar os tempos das vacas


gordas para ter a provisão necessária no período das vacas magras, Luiz
Carlos teve a sabedoria de juntar o dólar necessário para enfrentar pos-
síveis crises que surgissem no Brasil ou no mundo. Com a crise econô-
mica mundial que se alastra em 2008, dificultando as operações cam-
biais de forma inusitada, poderíamos pensar em situação por demais
difícil para a manutenção da obra de Missões Mundiais. Mas antes que
a crise chegasse, o nosso José do Egito, com a sabedoria que Deus lhe
101 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 15 ago. 2008.
deu, já havia providenciado o mantimento para superar a possível fome
que atingiria o mundo. Um dos textos bíblicos muito utilizados por Luiz
fala da sua própria missão: "Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos
e admirai-vos, porque realizo em vossos dias uma obra tal, que vós não
crereis, quando vos for contada" (Hc 1.5).
Em 2007, Luiz Carlos de Barros informou ao Conselho da CBB a
sua decisão de prosseguir na função administrativo-financeira da JMM
somente até janeiro de 2009. Antes, em 2005, ele havia externado
ao Executivo da Junta a sua decisão de deixar aquele trabalho com o
trigésimo balanço e resultado financeiro. Mas com forte apelo de Wal-
demiro Tymchak, ele continuou por mais algum tempo. Após a partida
do Executivo, de quem ele foi a mão direita aqui na terra, Luiz Carlos
de Barros1102 reafirma aquela posição e explica:
Ainda que o futuro seja desconhecido, estou firme na convicção de terminar
bem, encerrando este capítulo e descer com segurança do pico. Chegou o tem-
po de entregar a Deus, colocar em suas mãos aquilo que ele um dia me deu.
O próprio Senhor conduzirá outro para esta função. Encerrar um capítulo de
bênçãos e sucesso não significa o fim de nossa utilidade.

Com muita fé e oração, o povo batista brasileiro acompanha este


processo, com a certeza de que o Pai das Luzes iluminará a mente dos
que na terra estão conduzindo este imenso navio, que é a CBB, para
que os dirigentes e mentores da obra de Missões Mundiais no Brasil se-
jam escolhidos segundo a graça, a misericórdia e, sobretudo, a vontade
do Senhor. Que possamos experimentar "a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus" (Rm 12.2b).

5. Promoções missionárias
Em 1985, destaca-se a atuação da missionária emérita da Junta, He-
rodias Neves Cavalcanti, que realizou excelente trabalho de promoção,
visitando as convenções do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e
falando em igrejas nos estados de São Paulo e Pernambuco103.

""' Id. Carta ao Presidente e Diretor Executivo da 0313. Junta de Missões Mundiais, Rio de
Janeiro, 17 set. 2007. Digitado.
"1"' SOUZA, Samuel Rodrigues de. Os batistas brasileiros através do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 86, n. 6, p. 5, 09 ago. 1986.
JORNAL da JMM
Ôt- Ano - 5 I NOS F.N1BRO 01,./KM OH O IPoI ;
Itaata
No ano de 1992 foi criado o
Ol I. I ANIMO,
‘1 VS DA JMM Jornal de Missões, com o ob-
jetivo de substituir a revista O
Campo é o Mundo, tendo em
vista a possibilidade de maior
tiragem e, conseqüentemente,
maior divulgação do trabalho de
Missões Mundiais. Ao contrário
da revista que estava se tornan-
do bastante cara, o Jornal tem
a possibilidade de se auto-sus-
tentar. No ano de 1993, houve
cinco números com a tiragem
de 200 mil exemplares.
Na Campanha Missionária
de 2000, a JMM lançou pela
primeira vez as Videoconfe-
Wt. Far-simile +à: rências Missionárias. Em 2001,
a meu ainc nova série foi apresentada,
dando ênfase à evangeliza-
ção de africanos muçulmanos e animistas na Guiné-Bissau, Sene-
gal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Nesse vídeo estão cenas
inesquecíveis, fatos e depoimentos emocionantes, como de Ndéye
Dramé, uma ex-muçulmana, que foi "proibida de fazer refeições
em casa e foi abandonada pela família; perdeu seus quatro filhos e
teve de mudar de cidade. Ainda assim, ela prossegue firme, amando
e seguindo a Jesus"104. A partir de 2005, para as igrejas que têm
ministério com surdos foi preparado o Videomissões em Libras. Em
2006, o videomissões focalizou a obra no Egito, Senegal e Marrocos
sob forma de documentário. Para se ter idéia da seriedade no prepa-
ro de vídeos pela JMM, em 2006, pela primeira vez o Videomissões
foi produzido na própria JMM, ficando apenas a computação gráfica
e os desenhos terceirizados. "Para o Videomissões 2007 foram rea-
lizadas pesquisas, decupagens, 28 entrevistas, mais de 550 imagens

110' FIGUEIRA, Nilcilene. Missões como você nunca viu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.

11, mar./abr. 2001.


M11,14 Doere

digitalizadas e produzidos inú- Ele cumpriu a sua missão


meros roteiros ,1105.
A importância da comunica-
ção com as igrejas e os batistas
em geral tem feito a Gerência
de Comunicação e Marketing
se desdobrar em suas ativida-
des, pois fazer missões é co-
municar o evangelho e isso não
acontece dentro de quatro pa- 100 anos de missões no Brasil e no mundo
redes. É mister que haja a par- 1
ticipação direta de todo o povo
de Deus nas mais de 9.000
igrejas do Brasil, para que as
nações sejam alcançadas. A
comunicação da Junta para as
igrejas é feita através dos meios
mais simples como o Correio, rac-Símile do atual Jornal de Missôes, que
em 1992 substituiu O Campo é o Mundo
assim como de alguns dos mais
sofisticados, usados pela mídia,
como a Internet. Assim é que
foi implementado em 2006 o novo Portal da JMM, propiciando um
crescimento de 250% nas visitas no ano de 2007, chegando a um total
de 49.883, o que dá uma média diária de 1.662. Somente em um dia,
quando o Pastor Waldemiro Tymchak faleceu, houve 5.000 acessos.
Eventos, como os jogos Pan-Americanos, têm sido aproveitados para
intensificar as promoções. O kit da Campanha para o Dia Especial em
2008 incluiu: cartaz oficial, quadro de obreiros, fichas de oração, revis-
tas e DVD's1106.
Promotor de Missões é um programa de ação missionária que visa a
criar grupos de divulgadores de missões em todo o Brasil. A tarefa é aju-
dar a igreja a desenvolver a sua consciência missionária. O promotor é

""' RESUMO das atividades realizadas. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de Janeiro: JMM,
2006, p. 43.
106 OLIVEIRA, Calné de. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Comunicação e Marketing.

Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 116-124.
o elo entre a igreja local e a jmm107. Missões Mundiais tem realizado
Acampamentos de Promotores em várias partes do Brasil. Entre novem-
bro e dezembro de 2007, eles aconteceram em Curitiba, para a Região
Sul; no Acampamento Batista Capixaba, em Viana, ES, para o Sudeste; e
no Acampamento da Convenção Batista Goiana, para o Centro-Oeste.
Os três acampamentos deixaram os promotores motivados para fazerem,
com eficiência, a obra missionária108. Considerando que em 2007 houve
300 novos Promotores de Missões, a meta colocada para 2008 foi treinar
1.500 novos promotores, incluindo os que já existiam e os novos, com a
finalidade de alcançar o maior número possível de igrejas em todo o país.

6. Congressos de missões
Logo no primeiro ano de trabalho de Waldemiro Tymchak, foram
iniciados os congressos missionários, prelúdio dos atuais "Proclamai",
com a finalidade de despertar a consciência missionária dos batistas
brasileiros para a sua responsabilidade com o resto do mundo. Assim,
no ano de 1980, houve 22 congressos missionários no Brasil, sendo 2
em cidades do Nordeste, 5 no Centro-Oeste, 11 no Sudeste e 4 no Sul.
Os resultados foram extraordinários, incluindo grande número de deci-
sões para Cristo e para o trabalho missionário109. Como hoje acontece
com os "Proclamai", missionários em férias eram aproveitados para fa-
zer o trabalho. A missionária Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley1110
menciona a atuação de seu esposo naquela ocasião: "Durante seis me-
ses o Pastor Horácio fez parte da equipe que ele próprio dirigiu, visitan-
do igrejas e convenções estaduais do Norte ao Sul do Brasil. A equipe
viajava durante dias inteiros a lugares como Rio, Curitiba, Campo Gran-
de, Brasília, Porto Alegre, Campinas, Salvador, Recife e outras cidades".
Através dos anos, muitos congressos missionários foram realizados, mas
vamos nos centralizar em alguns dos congressos "Proclamai".

10- PROMOTOR Missões Mundiais. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível em: < http:/
www.jmm.org.br >. Acesso em 01 ago. 2008.
11 " JMM faz acampamentos de promotores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 4, jan./fev. 2008.
"°" CONGRESSOS missionários em marcha pelo Brasil batista. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, p. 18 e 19, maio/ ago. 1980.
111 WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley. Waldemiro Tymchak — herói da fé.
Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 set. 2007.
Entre 19 e 21 de abril de 1997, aconteceu a primeira conferência
missionária do "Proclamai", na Primeira Igreja Batista de Vitória, Espíri-
to Santo, reunindo pessoas do Sudeste com 651 conferencistas inscritos
e uma presença de 2.000 participantes. A ênfase foi nos povos árabes,
na África e na China1111 . Em abril de 1998, foram realizados dois con-
gressos "Proclamai", sendo o primeiro em Recife para o Nordeste, com
433 inscritos, e o segundo em Goiânia, para o Centro-Oeste, com 95
inscritos. Pela primeira vez se fez paralelamente em Recife o Proclamai
Infantil, com 40 crianças participantes, estimuladas a amar missões. No
relatório referente ao ano, há as devidas explicações sobre o significado
do "Proclamai":
Os Congressos Missionários Proclamai são eventos promovidos pela Junta de
Missões Mundiais, que procuram envolver toda a equipe da sede como uma
movimentação de dentro para fora. São realizados em cidades previamente
determinadas, contando com uma comissão local para apoio. Com a partici-
pação de missionários e pastores, são promovidos grupos de interesse, louvor
etc. no sentido de despertar o ardor missionário em todos os participantes. Só
quem tem consciência da realidade do mundo e a necessidade de anunciar
Jesus às pessoas e assume compromisso pessoal pode se envolver através da
oração, contribuição e participação direta, quer como voluntário, quer como
missionário efetivo"12.

O único "Proclamai" Nacional foi realizado no Rio de Janeiro en-


tre 24 e 27 de janeiro de 2001, ano esse considerado Internacional
do Voluntário. Houve uma freqüência de cerca de quatro mil pes-
soas, quando foi lançada a Campanha Missionária 2001: "Proclamai
às nações a glória de Deus". Conforme Waldemiro Tymchak1113, o
objetivo foi enaltecer a pessoa de Jesus Cristo através do louvor e das
mensagens, da oração e dos desafios missionários. Para esse evento
vieram pregadores da Romênia, Rússia, Jordânia, Guiné-Bissau, An-
gola, Índia e Itália, além do Brasil. O orador oficial foi o Pastor Russell
Shedd.

"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79:3 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 459.
Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 80,2 assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 1999, p. 447.
"" Id. Proclamai: o grito do profundo da alma da JMM. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9,
set./out. 2000.
Em carta escrita em 2002, Waldemiro Tymchak114 delineia a forma
como a Junta procurava divulgar o seu trabalho nas igrejas e fazer pro-
moções. Diz ele:
Se há algo que temos buscado na administração da Junta é estreitar os laços de nos-
so relacionamento com as igrejas. Muitos têm sido os canais, entre outros, podemos
citar: site na Internet; serviço de informações via e-mail, através do qual os crentes
podem pedir informações, tirar dúvidas, fazer reclamações, sugestões etc.; telema-
rking; Jornal de Missões com uma tiragem de 200 mil exemplares; promoção em
encontros de pastores; mobilização de promotores, que chegam a mais de mil nas
igrejas locais; associações e convenções, que promovem missões nas igrejas; reuni-
ões com promotores das igrejas mais atuantes para avaliar a nossa campanha.

Em 2005, foram realizados 18 congressos missionários "Proclamai" e


700 igrejas foram visitadas pelos missionários1115. O Executivo demons-
tra a sua alegria sobre os resultados dos vários congressos no Brasil e,
em carta, lamenta a indiferença de igrejas quanto à obra de Missões
Mundiais: "É com alegria que vemos chegar os frutos dos 'Proclamai'.
O Espírito Santo tem trabalhado e levantado pessoas para dedicarem
suas vidas à obra de redenção do mundo, apesar de muitos crentes e
igrejas manterem a visão atrofiada"1116.
No ano do centenário, 2007, a JMM comemorou os dez anos de
"Proclamai" ao realizar cinco "Proclamai" regionais, reunindo 11.800
irmãos em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR),
São Luís (MA) e Manaus (AM). Além do número dos participantes aci-
ma, quase 3.000 pessoas assistiram pelo menos parte de algum dos
congressos através do Portal da JMM. "Milhares de irmãos foram impac-
tados com as mensagens proferidas pelos cinco preletores oficiais e mais
de 20 missionários, juntamente com a primeira turma do Projeto Radi-
cal África, presente nos cinco congressos"1117. O Proclamai Kids reuniu
mais de 1.000 crianças, 600 igrejas estiveram representadas e cerca de
1.500 pessoas fizeram algum tipo de decisão para missões1118.

"1" Id. Tirando dúvidas. Arquivo Tymchak, Digitado. Rio de Janeiro, 16 abr. 2002. Digitado.
"" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 86a assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2006, p. 68-76.
Id. Carta a candidato. Arquivo Tymchak, (Rio de Janeiro, 15 fev. 2006. Digitado. Documento
recebido por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 out. 2007.
"" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 23, jul./
ago. 2007.
"'8 PROCLAMAI Regionais. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 3, set./out. 2007.
7. Evangelização e despertamento nos campos
Em 1988, uma reportagem sobre projetos especiais dá ênfase aos de
evangelização, mostrando algo da filosofia desta atividade nos campos
missionários:
Os Projetos Evangelísticos têm como meta dar oportunidades aos pastores
e estudantes de teologia, educação religiosa e música sacra, que desejam
colocar suas vidas a serviço de missões mundiais. Atualmente temos alguns
projetos dentro dessa classificação: (1) Operações Missionárias — quando jo-
vens são enviados a campos de missões mundiais para realizar uma operação
de impacto, com distribuição de folhetos, visitação, reuniões evangelísticas,
recenseamento religioso, treinamento de evangelistas e líderes, tudo visando
à instalação de uma obra missionária. Em janeiro e fevereiro de 1988 foram
realizadas operações missionárias no Uruguai, Argentina e Paraguai; (2) Cam-
panhas Evangelísticas — com a finalidade de suprir as carências de material
humano nos campos missionários, campanhas são realizadas com pastores,
estudantes de teologia e outros que falem o idioma daquele país onde é rea-
lizada a campanha' "9.

A forma como as campanhas de evangelização eram realizadas nos


vários campos é explicada em O Jornal de Missões, ao lembrar que
mesmo sendo elas promovidas pela JMM, as despesas de hospedagem
e alimentação eram providenciadas no próprio país pela liderança lo-
cal. Enquanto isso, as igrejas no Brasil ou os próprios obreiros assumiam
o custo das passagens1120. Algumas dessas campanhas, assim como ou-
tras atividades ligadas à evangelização e ao despertamento das igrejas
nos campos, são mencionadas neste tópico.
Em maio de 1981, 22 pastores brasileiros e mais o cantor Luiz de
Carvalho realizaram uma campanha de evangelização em Portugal,
pregando em 53 igrejas e preparando o povo para as concentrações,
que tiveram como orador, Nilson do Amaral Fanini. Quase seis mil pes-
soas assistiram às conferências nas igrejas, resultando em mais de mil e
duzentas decisões para Cristo1121 .

FREITAS, Zilmar Ferreira. Projetos especiais — alternativa necessária. O Campo é o Mundo,


Rio de Janeiro, ano 23, n. 74, p. 28 e 29, mar. 1988.
12" CAMPANHA evangelística na Venezuela. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 5, p.

3, mar./abr. 1986.
12 ' RODRIGUES, Alcilene Teixeira. Portugal é abalado por "Cristo, a verdade que liberta"! O

Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 51, p. 16, ago. 1981.
Em 1983 foi realizada na África uma Campanha de Evangelização,
com a participação de Nilson do Amaral Fanini e 8 outros importantes
pastores brasileiros, alcançando milhares de pessoas em Angola, Mo-
çambique e África do Sul. Essa Campanha registrou 2.000 decisões ao
lado de Cristo e foram distribuídos 10.500 Novos Testamentos, 10.200
revistas, milhares de folhetos, além de peças de roupa, material escolar,
livros e outros objetos usados. Somente na África do Sul, 50.000 casas
foram visitadas122. No ano de 1984, foram realizadas campanhas de
evangelização em Portugal, Espanha, França, Equador e Peru, alcançan-
do 5 países em vez de 3 como era a meta do Plano Qüinqüenal.
O Projeto Trans, que já vinha atuando, enviou para a Argentina, em
dezembro de 1985, mais uma equipe de 5 jovens, que foi para a cida-
de de Rio Terceiro, onde alcançaram mil casas e distribuíram três mil
folhetos123. Eles realizaram o trabalho entre 19 de dezembro de 1985
e 12 de janeiro de 1986. Em maio do mesmo ano foi realizada uma
Campanha de Evangelização na Venezuela.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 1987, por 40 dias, uma equipe
de jovens esteve no Paraguai participando da Trans-Paraguai. Os jovens
eram alunos das seguintes instituições de ensino teológico: STBRN (RN),
STBSB (RJ), STBE (PA) e IBER (RJ). Em novembro de 1987 houve mais
uma campanha de evangelização, dessa vez no Chile, com a participa-
ção de 44 pregadores brasileiros, que atuaram em 44 igrejas e 3 con-
gregações da Convenção. Como resultado, 986 pessoas manifestaram o
desejo de aceitar a Cristo como Salvador pessoal, 686 consagraram suas
vidas ao serviço do Senhor, incluindo vários para o ministério"24.
Em 1988, 30 brasileiros, incluindo pastores, seminaristas, líderes e
leigos foram ao Uruguai para uma campanha de evangelização, quan-
do houve 437 decisões por Cristo, 340 dedicações de vida e várias
decisões para o ministério. O tema da Campanha foi "Vida Nueva".
Enquanto isso, o trabalho em Moçambique, na África, utilizou com
muito êxito a estratégia de cursos bíblicos por correspondência, tendo

l'" NOVOS desafios à Junta de Missões Mundiais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 83, n.
40, p. 5, 02 out. 1983.
CORREA, Eli Bento. Operação Trans Rio Terceiro — Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 21, n. 71, p. 20, out. 1986.
"" FREITAS, Zilmar Ferreira. Campanha evangelística no Chile. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 23, n. 74, p. 10-12, mar. 1988.
à frente a missionária Rosa Lúcia Freitas da Silva. Como resultado desse
trabalho, houve no ano 370 decisões por Cristo"". Mais tarde essa
missionária foi transferida para Portugal.
Houve duas campanhas de evangelização em 1989, sendo a pri-
meira na República Dominicana, e outra na Europa, incluindo Portugal
e Espanha. Na República Dominicana, com Fanini, foi de 19 a 30 de
outubro, havendo 180 decisões por Cristo, 150 dedicações de vida e
28 decisões para o ministério. Em Portugal foi de 18 a 29 de outubro;
houve 350 decisões por Cristo e 100 dedicações de vida. Na Espanha,
no mesmo período da Campanha em Portugal, houve 23 pessoas que
se decidiram ao lado de Cristo e 18 dedicaram suas vidas ao trabalho
de Deus1126.
Nos dias 15 a 29 de setembro de 1990, realizou-se nova campa-
nha de evangelização, dessa vez no Peru, com a participação de 23
pastores, 2 esposas de pastores, 1 diácono e 1 evangelista, havendo
380 decisões por Cristo, 102 reconciliações e 54 vidas dedicadas ao
ministério127. No ano seguinte, entre os dias 30 de junho e 07 de julho
de 1991, a Junta promoveu mais uma campanha de evangelização, na
Colômbia, com a participação de 18 pastores brasileiros, 1 médico e
1 diácono. Como resultado houve 1.136 decisões ao lado de Cristo,
além do fortalecimento das igrejas e muitas dedicações de vida para o
serviço cristão" 28 .
Depois de duas tentativas frustradas de pastores brasileiros irem a
Cuba para pregar em igrejas do país, em 1992 e 1994, finalmente, em
1995 houve sucesso para a entrada de 27 brasileiros para realizar uma
Campanha de Evangelização, embora apenas 10 deles conseguiram
visto como religiosos, ficando os demais como turistas' 129 . Entretanto, o
presidente da Convenção Cubana afirmou que aquele era o primeiro
grupo de batistas a entrar no país após a Revolução Cubana de 1959.

11" PROCLAMAI às nações a sua salvação. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 12, p. 8,
19 mar. 1989.
'12' MISSÕES Mundiais promove campanhas evangelísticas. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
89, n. 51, p. 12, 17 dez. 1989.
SANTOS, Liliane Pessanha dos. Abençoada campanha evangelística no Peru. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 90, n. 45, p. 12 e 11, 11 nov. 1990.
12" FREITAS, Zilmar Ferreira. Campanha evangelística na Colômbia. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 91, n. 47, p. 12, 24 nov. 1991.
DUSILEK, Nancy, op. cit., L. 175.
De 06 a 25 de setembro de 1997, uma equipe de 16 pastores, líderes
e profissionais foi para o Leste Europeu para atividades de evangelismo
e treinamento de líderes. Os países visitados foram Moldávia, Romênia,
Bielo-Rússia e Ucrânia1130.
Em Moçambique, Terezinha Candieiro1 , missionária desde 1991,
que se casou em 1993 com o obreiro da terra que mais tarde morreu
em acidente, Daipa Candieiro, menciona a realização e os excelentes
resultados de um importante congresso de evangelismo pioneiro na-
quele sofrido país, no ano de 1996: "Tivemos 190 líderes participando,
vindos das 70 congregações e duas igrejas batistas de Nampula".
A Igreja Batista de Sevilha, na Espanha, dirigida pelo Pastor Elton
Rangel Pereira, tem realizado congressos anuais de missões, visando
ao despertamento dos crentes para a obra missionária. O primeiro
deles ocorreu entre 24 e 26 de setembro de 1999, dando ênfase à
prática de missões no continente europeu. O segundo foi nos dias 22
a 24 de setembro de 2000, tendo como tema, "Missões, uma questão
de paixão e compromisso", e a divisa, "Dai - lhes vós de comer" (Mt
14.16b). Em 2001, o terceiro congresso foi realizado entre 19 e 21 de
outubro, com o mesmo tema do anterior e a divisa baseada em Isaías
54.2: 'Alarga o espaço da tua tenda, alonga as tuas cordas e firma bem
as tuas estacas".
Um destaque especial deve ser dado ao "Proclamai" russo realizado
em 2004, sob orientação do pastor Rubin Voloshin, que se inspirou no
"Proclamai" realizado no Rio de Janeiro em 2001. Também, em no-
vembro de 2004 foi realizado o primeiro "Proclamai" ucraniano, como
resultado do aprendizado missionário dos jovens Anatoliy e Lyubomyr
no Brasil, com a presença de mais de mil pessoas. Escreveu Anatoliy
Schmilikhovskyy1132: "O Primeiro 'Proclamai' na Ucrânia foi uma gran-
de bênção! Em março queremos realizar mais um com a participação
de todos os membros das igrejas e não apenas os jovens, pois sentimos
que os batistas ucranianos também desejam levar o evangelho aos po-

""' EQUIPE missionária foi apoiar evengelismo em países do Leste Europeu. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 97, n. 47, p. 11, 24 a 30 nov. 1997.
"" CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Nossa luta é de oração e jejum. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 14, 17 a 23 fev. 1997.
" SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Mais de mil pessoas no primeiro Proclamai. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 9, jan./fev. 2005.
vos de outras nações". Além dos congressos "Proclamai" realizados na
Rússia e na Ucrânia, o terceiro país ligado à JMM que realizou "Pro-
clamai" foi o Equador, nas cidades de Guaiaquil, Quito e Paján, em
2006, sob a coordenação dos missionários Heinrich e Olga Friesen, e
Richarles e Vanda Rampásio"". Como resultado, cerca de 50 irmãos se
decidiram para a obra missionária"". Outros países da América do Sul
realizaram congressos "Proclamai". Dentre eles pode ser mencionado o
Chile, ajudando a desenvolver a visão missionária entre os batistas chi-
lenos. Até o primeiro semestre de 2007 já tinham sido realizados mais
de 10 congressos "Proclamai" ao redor do mundon".
Na Colômbia, com a chegada das missionárias Carmem Lígia Fer-
reira de Andrade e Ana Loide Soares Leão, o Projeto Calçada foi
implantado. Ele surgiu com a necessidade de encontrar alternativas
para levar o evangelho às crianças de rua, abandonadas e em situa-
ção de alto risco. "Assim, centenas de crianças e mães solteiras estão
tendo oportunidade de conhecer Jesus"1136.
Em 2007, o casal Juan Carlos e Narriman Nuriez, juntamente com
obreiros da terra, realizaram uma campanha de evangelização na região
de Arica e (quique, no Chile, onde estão mais de 200 comunidades da
etnia aymará. Como resultado, muitas pessoas aceitaram a Cristo e mais
quatro comunidades foram alcançadas1137.
Em outubro de 2007, Pastor Antonio Gaivão, representante de Mis-
sões Mundiais na Convenção Batista Carioca, levou 10 pastores do Rio
de Janeiro para realizar uma campanha em Cuba, tendo como resulta-
do mais de 200 decisões e reconciliações por Cristo e 220 dedicações
de vida' 138 .

"" PROCLAMAI na Ucrânia e no Equador. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 14, p.
5, jan./fev./ 2007.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 12, jan./fev. 2007.
H" WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 27 maio 2007.
"16 TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 12, jan./fev. 2007.
1117 CHILE: campanha evangelística. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 4, set./out.
2007.
"'" GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. O mover de Deus em Cuba continua. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 16, nov./dez. 2007.
8. Prosseguindo para o alvo
Avançando para as coisas que estão diante de mim, prossigo para
o a/vo" (FI 3.13b e 14a). Foi no dia 20 de abril de 2007, após quase
28 anos como Executivo da JMM, que Waldemiro foi chamado para a
presença do Senhor. "A Junta de Missões Mundiais, sob sua liderança,
teve notável crescimento e constantes avanços diante das mais diver-
sas circunstâncias"1139. No seu período, o trabalho se estendeu para
África do Sul, Afeganistão, Albânia, Armênia, Azerbaijão, Bielo-Rússia,
Botsuana, Cabo Verde, Cazaquistão, Chile (retorno), China, Colômbia,
Costa Rica, Cuba, Egito, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Estônia,
Etiópia, Geórgia, Guiana, Guiné, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, índia,
Iraque, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Líbano, Lituânia, Macau,
Macedônia, Marrocos, México, Moldávia, Palestina, Panamá, Peru, Po-
lônia, República Dominicana, Romênia, Rússia, São Tomé e Príncipe,
Senegal, Síria, Sudão, Tadjiquistão, Tailândia, Taiwan, Timor-Leste, Tu-
nísia, Turcomenistão, Turquia, Ucrânia e Uzbequistão. São 59 países al-
cançados pelo evangelho com a liderança de um homem, que como o
Senhor de Missões, tinha o mundo no seu coração. De 40 missionários
em 1979, o número chegou a quase 600 em 2007 e 2008.
A valorização que Tymchak dava aos missionários foi um dos segre-
dos do sucesso de seu trabalho. Já no final de sua vida terrena, no
último número do Jornal de Missões que ele administrou, Waldemiro
Tymchak114° apresentou um belo testemunho de amor e reconheci-
mento aos missionários da JMM:
Felizmente, o grande patrimônio da Junta de Missões Mundiais não é constitu-
ído pelas finanças, mas pelos missionários. Deus tem nos enviado os melhores
de nossa família. São homens e mulheres ungidos por Deus que deixam tudo,
renunciam às suas próprias vidas e se jogam de corpo e alma para a obra de
evangelização, discipulado e plantação de igrejas, e igrejas com visão missio-
nária.

O nome Sr. Missões, atribuído ao Pastor Waldemiro ainda em abril


de 2007, foi explicado pelo secretário de redação de O Jornal Batista,

"' ICHTER, Bill. A última conversa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 21, p. 13, 27
maio 2007.
""' TYMCHAK, Waldemiro. Cem anos de Missões Mundiais. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
ano 4, n. 15, p. 2, mar./abr. 2007.
no número que publicou a notícia da sua convocação para o gozo eter-
no. Assim escreveu Utahy Caetano dos Santos Filho141:
Um homem quando é identificado com uma causa nobre, cumpriu sua missão
na vida. Não há batista que pense em Missões e não se lembre de Waldemiro
Tymchak. Imagine, só imagine, quantas pessoas em todo o globo terrestre foram
alcançadas pelo trabalho desenvolvido por Waldemiro Tymchak.

Tudo isso é o que ocorre com uma vida inteiramente entregue nas
mãos de Deus, que é o Senhor de Missões.
O mundo ficou vazio quando uma peça preciosa dele foi retirada.
Mas ela não era deste mundo e como aconteceu com Enoque, "Deus
para si a tomou" (Gn 5.24). Na ocasião quando Deus levou Waldemiro
Tymchak, muitos artigos foram escritos a respeito daquele que neste li-
vro chamamos de Pastor Missões. Foram importantes declarações feitas
nos jornais e revistas da denominação, além de declarações de líderes
batistas do Norte ao Sul do Brasil e do mundo inteiro, que expressavam
não apenas pesar, como apreciação pelo seu trabalho e gratidão a Deus
por sua vida. O Jornal de Missões de maio/junho de 2007 registra
23 dessas declarações, que incluem pessoas do Oriente Médio, dos
Estados Unidos, da Espanha, África do Sul, Uruguai, Senegal, Bolívia
e Cuba1142. O presidente da CBB, Oliveira de Araujo", reanimou os
brasileiros a prosseguirem na luta da conquista do mundo para Cristo:
"Waldemiro partiu, mas a obra missionária não terminou. O coman-
dante é o mesmo e o campo continua sendo o mundo todo. Vamos,
então, permanecer juntos na realização da grande tarefa. O Senhor de
Missões espera o melhor de nós. Não podemos falhar". Dentre outros
momentos especiais, houve no dia 21 de maio do mesmo ano um culto
de gratidão a Deus promovido por seus familiares, na Primeira Igreja
Batista do Rio de Janeiro, tendo como orador o Pastor Roberto Amorim,
da Igreja Batista do Farol, em Alagoas.
Logo após a partida do Pastor Waldemiro, o trabalho ficou sob a
responsabilidade do Gerente de Missões, Lauro Mandira, e o Geren-

i'41 ATÉ breve, Sr. Missões. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 17, p. 1, 29 abr. 2007.
11 '2 PALAVRAS de líderes batistas. jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 16, p. 3-6, maio/
jun. 2007.
114 ' ARAÚJO, Oliveira de. Carta aberta aos missionários de Missões Mundiais. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 21, jul./ago. 2007.
te Administrativo-Financeiro, Luiz
Carlos de Barros, com a supervisão
do Conselho Geral da CBB, repre-
sentado principalmente pelo seu
Presidente e o Diretor Executivo.
Em novembro de 2007, foi escolhi-
do como Executivo Interino, Pastor
Sócrates Oliveira de Souza, acumu-
lando com as funções de Diretor
Executivo do Conselho Geral da
CBB. Assim, ele se tornou o único
líder batista brasileiro a dirigir as
Pastor Socrates Otiv.eira de Souza, duas juntas missionárias: a JMN, en-
Diretor Exeçuti41' sino da JMM
tre 2006 e 2007, e a JMM até a es-
colha do novo Executivo efetivo. As
outras pessoas que dirigiram em momentos distintos os dois órgãos fo-
ram os missionários da Junta de Richmond, Salomão Ginsburg e Letha
Saunders, sendo esta também interinamente. Ao assumir a direção de
Missões Mundiais, Pastor Socrates1144 disse: "Não quero mudar nada do
que foi orientado pelo Pastor Waldemiro. Tentaremos atingir todas as
metas previstas para o ano". Isso aconteceu, mas ao mesmo tempo as
providências foram tomadas para o avanço da obra. No ano de 2008,
novo planejamento foi feito, com a meta de se chegar nos próximos
quatro anos a 800 missionários e abrir 18 novos campos de trabalho,
totalizando 80. Ele mencionou o potencial missionário dos batistas bra-
sileiros, ao dizer: "Nós temos a responsabilidade de liderar o mundo na
área de missões".
Em 2008, alcançamos mais 3 países: Haiti, Filipinas e Burkina Faso.
Também foram nomeados 100 novos missionários, sendo 27 efetivos,
6 efetivos radicais, 31 obreiros da terra, 11 temporários e 25 radicais.
Assim no novo quadro de missionários da JMM estão 60 países e o
total de 591 missionários, sendo 269 brasileiros, 4 fazedores de tendas
e 318 obreiros da terra. Como resultado do trabalho houve 50 igrejas
organizadas e 2.049 batismos.

"44 SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 29 out. 2008.
Muito mais teríamos para compartilhar com os irmãos nesta parte do
livro. O pouco que aqui registramos é apenas algo do que foi o esplen-
dor da obra realizada nos últimos 29 anos da JMM. Pode até parecer
que houve exagero nas referências ao Pastor Missões. Contudo, sua
vida foi um testemunho autêntico. Ele transpirava, pensava, transmitia
e vivia missões. O mundo no coração de Deus foi também o mundo
em sua mente e seu coração. Waldemiro Tymchak era em si Missões
Mundiais. Entretanto, sabemos que toda a glória pertence ao Senhor.
"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois,
glória eternamente. Amém!" (Rm 11.36).
Todo cristão e, de modo especial, cada servo de Deus que cum-
pre com fidelidade o seu ministério, tem algumas experiências que
marcaram a sua vida. Obviamente, o missionário não é diferente, e
se houvesse espaço não teríamos registrado aqui apenas um, dois ou
três desses acontecimentos da parte de cada um, mas muitos outros.
Eles são inspirativos e muitos chegam a emocionar profundamente o
leitor. Neste capítulo e nos dois que o seguem estão 78 experiências
apresentadas por 54 missionários. Muitas outras já foram apresentadas
nos relatos do trabalho missionário dos capítulos anteriores. Elas são
frutos da fé e dedicação a Deus, que de modo especial cuida daqueles
a quem chamou para servi-lo. Algumas experiências são muito pesso-
ais, mas levaram o servo do Senhor ao crescimento na confiança em
Deus, resultando em uma nova visão da obra que realiza. Outras são
extensivas aos familiares do missionário, sabendo-se que eles são parte
integrante de seu ministério. Também muitas apresentam os resultados
da obra evangelizadora, que é uma das principais tarefas do obreiro no
seu campo de trabalho. Finalmente, pessoas são abençoadas material
e espiritualmente, e vidas são edificadas pelo serviço realizado com
muito amor e dedicação pelo missionário.
Dentre os obreiros que relatam suas experiências, estão incluídos
missionários em categorias diversas, tais como: efetivos, associados,
temporários, voluntários, fazedores de tendas, especiais, radicais e ou-
tros. Quão maravilhosos são os relatos de jovens, que estiveram no
campo como radicais e retornaram ao Brasil, onde se preparam para
uma nova etapa de serviço ao Senhor como missionários efetivos, asso-
ciados ou de outra categoria, mas sempre cumprindo o chamado para
uma vida inteiramente entregue a Deus.
O fato de um missionário deixar o campo, depois de um período
maior ou menor de dedicação, para exercer um ministério diferente
no Brasil ou em outra parte do mundo, não diminui a importância do
trabalho realizado. Ele é vocacionado para servir a Deus a vida inteira,
mas o chamado para um campo específico pode ter um período limita-
do. Os exemplos estão aí de homens e mulheres que foram e voltaram
ao Brasil, para continuar sendo muito úteis em funções diversas como
pastorado, ensino teológico, direção executiva ou gerência de organi-
zações da CBB, de convenções estaduais ou de outros órgãos igualmen-
te importantes. Quem pode minimizar o trabalho e a vida de gigantes
do ministério como Waldomiro Motta, Tiago Lima, Hélcio Lessa, José
Nite Pinheiro, Paulo Roberto Sória, Renato Cordeiro de Souza e tantos
outros?
Com o preâmbulo acima, deixamos claro que nesta parte do livro
vários fatos são narrados por missionários que estiveram ou ainda es-
tão nos campos por longo período, mas inclui também outros que
retornaram para servir em setores diferentes da Causa, ligados ou não
à JMM. Alguns, ao concluírem a sua missão em determinado espaço
de tempo, retornaram ao Brasil ou foram para outros campos, mas
continuaram atuando como missionários em funções que Deus lhes
entregou no exterior ou no seu país de origem. Outros estão se pre-
parando melhor para assumirem novas formas de servir ao Senhor.
Igualmente, há experiências de missionários que já estão na eternida-
de, assim como de obreiros que hoje gozam merecida aposentadoria.
O missionário que se aposenta jamais deixa de ser missionário, pois
sua vida e seu testemunho de fé continuam sendo bênção para os que
entram em contato com ele. Ele prossegue brilhando ao testemunhar
do evangelho e expressar a sua fé, proveniente de uma vida entregue
ao serviço do Senhor. Sempre o que ele fala ou o que faz transpira
missões.
O objetivo desta parte do livro é que as lições transmitidas sejam
bem aproveitadas para o crescimento cristão de muitos. As expressões
de fé e amor, contidas nas pequenas narrativas expostas, poderão ser
inspiração para uma participação efetiva na divulgação da mensagem
de Cristo a todos os povos. Que o leitor sinta e viva as experiências aqui
narradas, permitindo que o Espírito o impulsione a sempre servir com
integridade e fidelidade ao Senhor de Missões.

1. Experiências na Bolívia
É Deus quem providencia"45
Aldair Ribeiro Comes1146
Na Bolívia, Silas viajava muito pelos rios, mas
nem sempre eu o acompanhava, tendo em vis-
ta que as crianças ainda eram muito pequenas.
Certo dia ele me fez um desafio para ir com ele
a um local à beira do rio para realizar uma EBF.
Aceitei, mas pedi algumas coisas para levar, a
fim de ter o mínimo necessário para proteger os
filhos, a saber, um filtro, uma panela grande e
um fogareiro para ferver água para as crianças.
Só que Deus me deu uma lição. Ao chegarmos
no povoado, minha filha já se encontrava do-
ente, com a boca muito inchada. Ela piorava a
cada momento e eu já estava realizando a EBF,
sendo necessário continuar. Resolvemos orar
a Deus pedindo-lhe socorro imediato. Às cin-
co horas da manhã, chegou naquele povoado
uma embarcação trazendo um médico e uma
enfermeira. Havia muito tempo que eles não
apareciam no local.
Era muito cedo e as crianças da EBF viram o barco chegando e foram
bater à minha porta, dizendo: "Tia, tia, chegou o barco com um médi-
co para sua filha". Nós a levamos ao médico e foi diagnosticado que o

"1' GOMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
"^" Juntamente com seu esposo, Silas Luiz Gomes, foi missionária entre 1971 e 1987 em Tri-
nidad, Guayaramerim e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Em 1987 o casal foi transferido
para Antofagasta, na entrada do Deserto de Atacama, no Norte do Chile, onde ainda hoje se
encontra.
problema era carência de vitamina C. Como nada havia para comprar,
a não ser peixe, o médico deixou alguns medicamentos. Ela foi melho-
rando e logo mais já conseguia comer alguma coisa. Assim conseguimos
atendê-la e tivemos condição de concluir os trabalhos.
Deus me ensinou que o nosso planejamento de nada vale sem a sua
ajuda, pois é Ele quem cuida dos seus servos. Levamos os apetrechos
necessários para que as crianças não adoecessem, mas Deus agiu dife-
rentemente do que esperávamos, mostrando que Ele está no controle
de tudo. "Porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5c).

O Senhor é fiel"
Isaías Ramos da Costa148
Em março de 2004 eu me encontrava em Recife, há quase cinco me-
ses, com os meus filhos Tercio Marco e Eliana Simea, e Tatiana Jalil, es-
posa de Tercio. Aguardávamos o momento para a
realização de um transplante de rins, quando Elia-
na seria a doadora e Tercio o receptor. A operação
estava marcada para aquele mês. Já havíamos gasto
todas as nossas reservas e ajudas de parentes, ami-
gos e igrejas com passagens, estada, análises, exa-
mes, consultas etc. Quase nada me restava mais.
No dia marcado o médico havia solicitado um úl-
timo e sofisticado exame no valor de R$ 6.200.00
(seis mil e duzentos reais). Buscamos uma cotação
em três hospitais credenciados. A mais baixa foi a
do Hospital Português que solicitava R$ 4.500 (qua-
tro mil e quinhentos reais) em duas parcelas. Ao
Missionário Isaías chegar em casa de minha sogra, sentei-me no chão
Ramos da Costa e derrotado comecei a chorar. Naquele momento
chegou o meu filho Diego, que vive em Caruaru, e

"" COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
148 Com sua esposa, Maria Lúcia Nunes da Costa, foi missionário da JMM na Bolívia de 1976 a

1987 e entre 1993 e 2005. No intervalo dos dois períodos, continuou na Bolívia como missionário
voluntário de 1988 a 1993.
colocando a mão sobre a minha cabeça, perguntou: "Que passou? Tercio
está pior?" Respondi: "Não, ele está bem. Temos que conseguir pelo me-
nos R$ 4.500.00 (quatro mil e quinhentos reais) para o último exame e só
tenho R$ 800.00 (oitocentos reais). Então ele voltou a perguntar: "O nosso
Deus morreu? Ele não se chama Jeová Jiré?" Aquele gesto e as perguntas
me deram novo ânimo. Pedi perdão ao Senhor e naquele momento me
recordei de um amigo e companheiro de mocidade da Primeira Igreja de
Boa Viagem, médico, cardiologista e pastor, Esdras Gaspar, que não o via
por mais de 20 anos.
Eu e Diego, depois de muitas buscas, finalmente localizamos Esdras
na Clinica Nuclear do Coração. Contei-lhe o problema e de imediato
ele pediu para examinar o Tercio. Depois de examiná-lo, falou com
um médico amigo e este se prontificou a realizar o exame sem nenhum
custo. O Senhor é sempre fiel e no momento certo nos atende.
No dia marcado, Tercio recebeu o transplante, e apesar do temor da
Junta Médica, tudo saiu bem. Hoje ele goza saúde, mesmo antes de
ter perdido a visão em virtude de diabetes. É pastor da Quarta Igreja
Batista em Santa Cruz de la Sierra. Tem servido no nosso Seminário e
está concluindo com excelentes resultados o curso de Licenciatura em
Teologia. Glorificado seja Deus!

2. Experiências nos países ',latinos


O Deus do impossível"
Dalva Santos de Oliveira"
Em uma das minhas atividades no Paraguai, sofri um acidente; ma-
chuquei a coluna e o problema se agravou. Perdi a sensibilidade dos
membros inferiores, pelo que fiquei sem poder andar. Os médicos nada
conseguiram fazer para me recuperar. Conversei com Deus dizendo que
os médicos não podiam me curar, mas Ele poderia. Submeti-me a uma
cirurgia muito delicada. No dia seguinte vieram me perguntar quem eu
era, porque a cada instante iam pessoas ali para perguntar sobre a minha

OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
Missionária no Paraguai entre 1968 e 1991, e na República Dominicana entre 1999 e 2002,
quando se aposentou e passou a fazer promoções missionárias nas igrejas.
situação. Mais de 60 pessoas haviam passado por aquele corredor. Eu
respondi que eu era simplesmente filha de Deus e que todos que me
procuravam eram meus irmãos em Cristo; foi por isso que a cirurgia foi
um sucesso, pois todos estavam orando por mim e pelo médico.
Ainda continuei sem movimentar as pernas, mas dia-a-dia Deus ia me
mostrando que Ele estava no controle. Numa madrugada, Deus me acor-
dou e mandou que eu mexesse a perna. Chamei minha companheira
e pedi que ela me virasse. Então Deus disse: "Levante uma perna". Eu
levantei. Continuou: "Levante a outra". E assim fiz eu. Quando vi que
estava com os movimentos de volta, quase não podia me conter.
Continuei no hospital fazendo tratamento e já estava andando, mas
não tinha permissão para sair, pois precisava de autorização médica.
Quando o médico foi ao hospital, eu lhe disse que queria autorização
para andar. Ele não acreditou e falou que seria impossível, pois minhas
pernas ainda não estavam boas. Mas pediu que eu tentasse me levantar.
No momento em que fiquei de pé e comecei a andar mesmo com difi-
culdade, ele começou a gritar: "Isso é maravilhoso, isso é maravilhoso".
Aproveitei para falar que o que estava acontecendo era obra de Deus.
Ele retrucou dizendo que tinha de admitir que ele apenas foi usado por
esse Deus.
Fiquei muito feliz em ver que o Senhor foi glorificado na vida daque-
le homem, que antes sempre fazia cara feia quando eu falava em Deus.
Naquele momento ele reconhecia que tinha sido apenas instrumento
nas Suas mãos. Foi assim que recebi alta e regressei para o campo mis-
sionário para anunciar que nosso Senhor faz milagres, "porque para
Deus nada será impossível" (Lc 1.37).

Provas e bênçãos de Deus151


Francisco Cid"'
Estávamos no ano de 1977, na cidade de Villa Maria, Província de
Córdoba, na Argentina. Eram dias difíceis aqueles. O frio era intenso,

CID, Francisco. Deus nos prova, mas não nos abandona. Arquivo Cid, Hortolândia, 29 out.
2007. Digitado.
II" Juntamente com sua esposa, Raquel González Cid, foi missionário da JMM na Argentina, de
1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999. Hoje o casal se encontra em Hortolândia, São
Paulo, gozando merecida aposentadoria.
chegando abaixo de zero e a água congelava no encanamento. A Junta
de Missões Mundiais nos mandava o sustento, mas a agência do Banco
o retinha em Buenos Aires. Naquela noite fria de 17 de junho de 1977,
sentamo-nos à mesa para jantar. Era a última provisão que tínhamos.
Raquel fez uma sopa com água e sal, "engrossada" com as migalhas que
sobravam do corte do pão na tábua de cortá-lo. No campo missionário
a gente aprende a não desperdiçar, pelo que guardávamos todos os
dias o que sobrava em um pote que ficava na geladeira. Era tudo o que
tínhamos para comer naquele jantar. Para o dia seguinte havia apenas
um pedaço de pão e meio litro de leite que seriam dados aos nossos
filhos antes de irem ao Colégio.
Naquela noite, que se tornaria memorável em nossa família, demo-
nos as mãos para agradecer a Deus pela comida. Nossa oração foi
esta: "Senhor Deus! Até aqui nós temos solucionado os nossos pro-
blemas, mas a partir de agora a solução deles é Tua! Em nome de
Cristo, amém!!!" Fomos dormir mais cedo para não voltar a ter fome.
No dia seguinte Raquel repartiu o leite e o pão, que foram guardados,
em três partes iguais; e assim servimos fraternalmente aos filhos. Nós
dois não tínhamos nada para comer e não haveria almoço em casa.
Naquela manhã de 18 de junho eu disse para Raquel: "Vou caminhar
por aí; só Deus poderá nos trazer o almoço". Ali pelas 09h30min
voltei à nossa casa e Raquel me disse: "O carteiro veio e trouxe carta
do Levi, seu irmão". Ela já havia lido e sabia do seu conteúdo. Retirei
a carta do envelope sem prestar muita atenção se havia alguma outra
coisa. Ao terminar a leitura o papel foi colocado no envelope, que era
transparente. Então notei que havia algo dentro e ao abrir de novo
vi que era uma nota de US$ 50.00 (cinqüenta dólares). Quatro dias
antes da oração em que transferíamos a solução dos nossos proble-
mas para Deus, meu irmão Levi, que morava no Rio de Janeiro e era
gerente de vendas de uma empresa, estava na rua e sentiu vontade
de me escrever uma carta. Ao chegar ao Correio para despachá-la,
algo lhe moveu o coração para colocar aqueles dólares no envelope
da carta. O Correio poderia retê-la. Qualquer pessoa que a tivesse
em mãos, fosse o carteiro ou outro funcionário, se percebesse alguma
coisa estranha, era só olhar contra a luz e saberia que era dinheiro.
Nada disso aconteceu, porque quatro dias antes da oração, Deus
já havia se antecipado e pôs no coração do meu irmão Levi que
ele deveria enviar o socorro que necessitávamos. E cuidou da carta
para que ela chegasse ao seu destino.
Troquei o dólar por moeda corrente na Argentina e voltei depressa
para casa, a fim de pegar o carrinho de feira. Não fui com o carro
porque estava sem gasolina. Fui ao supermercado e trouxe a provisão
para vários dias. Ao meio-dia as crianças chegaram do Colégio e, ao
sentirem cheiro de comida na casa, saltavam e diziam: "Que bom!
Temos comida!!!" Raquel contou-lhes a história da carta do tio Levi e
como Deus abençoa àqueles que O servem. Aquela provisão durou
até o final do mês, quando chegou o aviso do Banco, informando
sobre um deposito em nosso nome. Eram três meses atrasados que
foram liberados pelo Banco. Nosso Deus prova os seus servos, mas
não os abandona!!!

Filhos pastores" 53
Elton Rangel Pereira'15 a
Por incrível que pareça, nesses 60 anos de vida com a família, espe-
cificamente com os filhos, nunca houve um problema muito grande. A
nossa vida foi sempre muito tranqüila, como conseqüência do hábito
de entregar tudo ao Senhor em oração. Ao longo dos anos, eu tinha
uma obsessão para que meus filhos fossem pastores. De fato, não era
uma questão de opção. Eu me levantava todos os dias às 3 da manhã
e me ajoelhava em oração para clamar ao Senhor. Entrava no carro e
pedia a Deus que chamasse os meus filhos. Em qualquer lugar onde eu
estivesse eu repetia essa oração. Até que um dia o Pastor Salvador Soler,
depois de pregar, fez o apelo para o ministério, e todos os quatro filhos
aceitaram o desafio. Mas continuei orando, porque eu via o ministério
como o melhor de todos os trabalhos, e em vez de orar para que Deus
despertasse os filhos dos outros eu orava para que isso acontecesse com
os meus próprios filhos.

"" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
Iweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
"" Ele e sua esposa, Miriam Baldassare Rangel Pereira, foram missionários no Paraguai de 1976
a 1978, quando foram para os Açores, ali permanecendo até 1985. Estiveram então em Portugal
Continental entre 1985 e 1991 e retornaram para o Brasil. Depois de um período no Brasil, o casal
retornou para o campo missionário, no caso, para a Espanha, onde se encontra desde 1995.
Certa madrugada, ouvi o Espírito de Deus me mandando parar
de orar pelos filhos, porque eles seriam pastores. Naquela noite eu
insisti com Deus, suplicando que fossem pastores de verdade, que
vestissem a camisa do ministério e amassem a Jesus e à Sua Causa.
Deus respondeu a minha prece e hoje são encantados de Jesus e
apaixonados pelo ministério. Trabalham com entusiasmo e alegria e
isso me traz muita satisfação. Hoje, os três filhos servem ao Senhor
como pastores em Ponta Grossa, Curitiba e Rio de Janeiro, e a filha
como ministra de música nos Estados Unidos. Creio que não pode
existir maior felicidade para qualquer pai ou mãe do que essa. Que
o nome do Senhor, que nos chamou pela sua graça, seja para sempre
glorificado!

Liberdade para pregar"55


Elton Rangel Pereira
Uma experiência marcante foi quando após uma pregação em
determinado local no Paraguai, chegou a polícia, procurando saber
quem era o responsável pelo que estava acontecendo. Ao ser apon-
tado, fui conduzido para a delegacia, onde o delegado mandou me
prender, saindo logo depois. Fiquei preso por oito horas, enquanto
fora o povo tentava quebrar a delegacia para me soltar. Quando o
delegado voltou, perguntou se eu tinha autorização para fazer aquele
culto. Eu antes tinha escrito uma carta ao Presidente Alfredo Stroess-
ner, solicitando permissão para abrir um trabalho evangélico ali, carta
essa que nunca me foi respondida. Mas percebi que o delegado era
analfabeto e respondi que ele mesmo olhasse a permissão, dando-lhe
imediatamente cópia do documento que eu havia remetido. Com a
pressa lhe entreguei o documento de cabeça para baixo. Ele pegou o
papel da forma como lhe dei, ficou olhando como se estivesse lendo,
e logo me liberou. Nunca mais o delegado tentou atrapalhar os cren-
tes e o seu trabalho.

''" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida
a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago.
2007.
3. Experiências no Chile e Equador
Um cinema para pregar156
Silas Luiz Gomes""
Deus sempre cumpre o que diz. Às vezes não temos a fé suficiente
para crer e receber. Para dizer a verdade, temos gigantes dentro de nós
que são as dúvidas, a incredulidade, o medo, a desconfiança e a falta
de ousadia.
Em 1992, ao passar cada dia pelo centro da cidade de Antofagasta,
víamos fechado um antigo cinema pornográfico. Deus me inquietou e
senti o desafio de orar por aquele lugar, onde poderia ser instalado um
dos principais centros para propagar o evangelho na cidade e na região.
Colocávamos as mãos na porta e orávamos sozinho ou acompanhado,
sempre pedindo o lugar para o Senhor.
Passado um tempo, fiquei convencido de que somente orar não era
suficiente. A Palavra dizia que o Senhor daria todo lugar que os pés do
seu povo pisassem. Além de orar eu tinha que caminhar, saber quem
era o dono e pedir-lhe o lugar. Fiquei estremecido! Quem seria o dono?
Como reagiria ao meu insólito e inusitado pedido? Estava dando lugar
aos gigantes. Sentia temor do fiasco quando descobri que o dono era o
presidente da Câmara de Comércio da cidade que não era tão genero-
so. E assim o gigante do medo crescia mais.
Cheguei à conclusão que precisaria avançar e enfrentar a situação,
ou retroceder e ficar apenas com a teoria de que Deus dá tudo que
pedimos. Vi-me entre a cruz e a espada. A Palavra me lembrava que
Deus não se agrada dos que retrocedem. Portanto, só ficava uma op-
ção: avançar. Mas para avançar eu precisei ter minha crise de fé. Tinha
que vencer os gigantes no nome do Senhor! Lembro-me que reuni com
alguns irmãos de confiança e fomos ao templo para orar. Ali o Senhor
me quebrantou o coração e ao levantar a vitória já estava garantida.
Um diácono se ofereceu para ir comigo ao local de trabalho do pro-
prietário, porque o conhecia, mas eu rejeitei porque não se podia divi-

GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
Missionário entre 1971 e 1987 em Trinidad, Guayaramerim e Santa Cruz de la Sierra, na
Bolívia. Em 1987 foi transferido para Antofagasta, na entrada do Deserto de Atacama, no Norte
do Chile, onde ainda hoje se encontra.
dir a glória do Senhor com ninguém. Era melhor ir alguém desconheci-
do como eu, um estrangeiro, sem dinheiro, sem argumentos próprios,
porque humanamente a possibilidade de conseguir algo era zero. Mas
aquela empreitada vinha de Deus e seria realizada sem ajuda humana
para que a Sua glória fosse manifesta.
Cabe salientar que o referido cinema estava à venda por muitos mi-
lhares de dólares ou para ser alugado por cerca de uns dois mil dóla-
res mensais. Marquei uma reunião com o proprietário, afirmando que
iria tratar de negócios. Quando conversei com ele, fiquei sabendo que
havia quatro interessados na compra do cinema e um deles já estava
examinando os papéis.
Ele ficou boquiaberto ao saber que nem eu nem a organização à
qual eu pertencia tínhamos qualquer dinheiro para iniciar ou realizar
uma grande transação. A minha proposta parecia maluca, pois sugeri
que me entregasse a propriedade e no dia em que alguém decidisse
comprá-la, eu lhe devolveria imediatamente. Era melhor que alguém
cuidasse do prédio do que mantê-lo fechado. Em momento algum ne-
guei que era pastor e que o objetivo era usar o local para a pregação do
evangelho. Deus se manifestou pondo palavras corretas na minha boca
e o homem respondeu que iria pensar.
Semanas depois, no dia de meu aniversário, pedi a Deus um pre-
sente que seria a decisão da entrega daquela propriedade. Dirigi-me
ao homem que pediu as chaves a um funcionário. Juntos fomos ao
cinema, ele abriu todas as portas e me entregou as chaves, sem assinar
qualquer papel, sem que eu pagasse nada e por tempo indefinido, até
que ele me pedisse de volta. Disse-lhe que era necessário que fosse
assinado um documento para garantia do proprietário. Ele respondeu
que não, pois confiava na palavra de um homem de Deus. Aproveitei a
oportunidade e orei com ele ao meu lado agradecendo a bênção.
Naquele local, grandes coisas aconteceram, e muitas pessoas de de-
nominações diferentes começaram a freqüentá-lo. Eram cristãos assem-
bleianos, metodistas, batistas, presbiterianos e outros que iam ali orar,
formando uma bela união evangélica. Quando fui a um programa de
rádio não cristão para falar do que estava acontecendo, o impacto na
cidade foi grande e pessoas drogadas, prostitutas e outras necessitadas
chegavam até ali para que orássemos por elas. Chorei muitas vezes
como quando ouvi de uma prostituta, que desde seus oito anos de ida-
de, sua mãe havia lhe ensinado aquela vida. Mas tive a oportunidade
de crescer muito.
A propriedade permaneceu à venda e meses mais tarde consegui-
mos ajuda de pessoas do exterior e do país. Entretanto, grande parte
da verba para comprar veio de uma campanha que estimulava pessoas
do Chile a ofertar a irrisória quantia de um peso chileno. Deus fez pro-
dígios e compramos o terreno com o valor que parecia ser impossível
obter. Já se passaram sete anos e o ex-cinema continua aberto, sendo
hoje um importante centro para a divulgação do evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Vale a pena crer! A Sua Palavra não passará jamais.
"Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo
o que pede recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á"
(Mt 7.7-8).

Nossa capacidade vem de Deus158


Eliana Neves dos Santos La Banca159
Com dois anos de convertida, senti o chamado de Deus. Eu era
muito tímida e achava que não poderia aceitar o desafio. Foi nessa
situação que me deparei com Êxodo 4, quando Moisés se julgava
incapaz de realizar a tarefa para a qual o Senhor o designara. Deus
lhe mostrou que a obra era dele, sendo Moisés apenas servo. Fiquei
envergonhada diante de Deus e lhe respondi: "Eis-me aqui". Deixei
meu trabalho secular e fui para o IBER me preparar. Recebi apoio de
minha igreja e me coloquei à disposição do Senhor para seguir para
onde Ele determinasse.
No terceiro ano de estudos no Seminário, comecei a estudar espa-
nhol e senti que Deus me queria em uma terra de língua hispânica.
Chegou para estudar uma jovem de Honduras. Ela me disse que o seu
país precisava de uma missionária brasileira. Cheguei a me inscrever na
Junta, mas na ocasião ela não me mandou por eu ser solteira. Queria

"'" LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo. Entrevista con-
cedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun.
2007.
Missionária no Chile desde 1997, que se casou em 1999 com o colombiano Hugo Guillermo
La Banca. Ele também se tornou missionário da JMM em 2005.
também ir para o Uruguai, mas não deu certo. Ao terminar o curso tive
três meses de estágio no Paraguai. Mas quando retornei, Deus disse
que o local seria o Chile. Entretanto, ainda esperei cinco anos, quando
fiquei como missionária local na minha igreja de origem, onde fazia de
tudo um pouco. Era a continuação do meu preparo antes de me dirigir
para o campo.
Quando chegou o momento certo, a Igreja não queria que eu fos-
se por haver ainda muito para fazer no local. Mas Deus confirmou
que era a hora. Assim fui para o Deserto de Atacama, onde aprendi
muito com a missionária Narriman Guimarães Nuliez e pude crescer
ainda mais. Passei a realizar trabalhos os mais variados possíveis,
conforme o Senhor designava, capacitando-me segundo a Sua sobe-
rana vontade. "Quem faz a boca do homem? Ou quem faz o mudo,
ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?" (Êx
4.11).

Filhos missionários"6°
Catarina Boone Jacobsen de Oliveira1161
Quando chegamos ao Chile, David tinha 7 anos e Samuel, 3. So-
nhamos com a plantação de uma igreja e seus resultados para a glória
de Deus, tendo em vista que Providência, o bairro onde moramos,
tem 350 mil habitantes, sem nenhuma igreja batista, mas somente
uma anglicana e outra luterana. Eu e Armando estivemos conversan-
do sobre o próximo aniversário de 5 anos de Samuel. Em dado mo-
mento, quando estávamos ajoelhados em nosso apartamento, oran-
do, com o desejo de que uma igreja nascesse, mas sem saber como,
veio de imediato ao meu coração uma voz muito forte que disse
assim: "Comemore o aniversário de Samuel, mas convide todos os
colegas de sua classe e os pais". Samuel tinha cerca de 45 colegas na
escola. Foi um choque naquele momento. Mas senti fortemente que
era algo que vinha de Deus. Começamos a trabalhar e 15 dias antes
decidimos realizar a festa de aniversário no Seminário. Foi a primeira

OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
Ela e seu esposo, Armando de Oliveira Neto, são missionários desde 2000 em Santiago do
Chile, trabalhando na área de evangelização, ensino e música.
vez que entendemos o que Deus estava nos ensinando: Tudo que
você celebra na vida tem propósito missionário, para que outros se-
jam abençoados. Alugamos sala no Seminário e convidamos todos os
colegas e familiares. No dia havia cerca de 130 pessoas e creio que
nesse dia nasceu a Igreja de Providência. Sentimo-nos muito agrade-
cidos, porque Deus estava usando a vida de nosso filho para a Sua
glória. Assim, todo o trabalho nosso aqui em Providência tem a ver
com as crianças. Jogo de futebol, aniversários, escola, colegas, curso
de violino, hino do Colégio, tudo tem sido através delas.
Em outro momento fizemos um encontro com o curso do David.
Convidamos os colegas para passar uma tarde no Seminário. Fizemos
um almoço e vieram todos com os pais, no total de 170 pessoas. Após
o almoço apresentamos uma peça de teatro para as crianças. Enquanto
elas brincavam com o palhaço, nós ficamos com os pais. Reunimos
numa sala e começamos com uma dinâmica, quando cada pai contava
experiências pessoais e narrava problemas. Quando chegou a minha
vez e de Armando, contei a respeito do gigante que a Bíblia fala: "Eu sei
amemeatana.
que vocês têm gigantes também, que são pro-
blemas fortes de separação, dificuldade econô-
mica e outros". Então falei do gigante que nós
havíamos enfrentado na vida, que foi o gigante
de perder um filho e de como Deus havia nos
dado o processo de restauração de nossas vi-
das. Naquele momento, a professora do David,
que era uma pessoa muito católica, disse que
pela primeira vez havia sentido a presença de
Deus.
Vejam como um golpe tão forte como a
morte de um filho é transformada em oportu-
nidade para testemunhar do poder de Deus.
Catarina Boone
Seis meses antes da morte de nossa filha De-
Jacobsen dePliwira borah, nós havíamos participado de um con-
gresso missionário, quando sentimos que de-
víamos entregar nossos filhos à obra de Deus. Foi uma experiência
muito forte de entrega absoluta! Deborah morreu seis meses depois.
E questionávamos: "Senhor, como pode? Ela morreu, acabou!"
Nessas instâncias de início da Igreja, sempre o que mais nos aproxi-
mou das pessoas foi o conhecimento dessa experiência do falecimento
de uma filha. O acontecimento chamava a atenção das pessoas. Isso
nos fez entender que mesmo que um filho morra, Deus vai utilizar a se-
mente. Na realidade, David e Samuel aqui na terra, e Deborah, lá com
o Senhor, seguem cumprindo a missão de Deus. Tudo o que acontece
poderá resultar no louvor a Deus: "Para que se conheça na terra os seus
caminhos, e entre todas as nações a sua salvação. Louvem-te, ó Deus, os
povos; louvem-te os povos todos" (SI 67.2 e 3).

Aprendendo sobre higiene"62


Maria Esther Vera Prieto163
O Projeto Latino é bem curto. Só ficamos três meses no país. Quan-
do chegamos no Equador, senti-me quase desesperada, pois o lugar
onde morávamos era muito precário, sem água encanada nem qual-
quer saneamento básico. Os esgotos eram todos expostos. De início
foi uma experiência chocante, não apenas por ser algo que eu nunca
tinha visto, mas por eu ter de morar ali e conviver com essa realidade.
Logo no primeiro dia, oramos a Deus e pedimos fortaleza emocional
para superarmos o que estávamos vendo, sem que isso se tornasse
uma barreira para distanciar os missionários do povo. Precisávamos
nos misturar com as pessoas que se sentiam felizes mesmo com aque-
la situação.
Nós morávamos na sala de EBD da Igreja, que deixava muito a dese-
jar. No período, que era o verão, chovia muito. Ao acordarmos após a
segunda noite, as nossas malas estavam nadando na água. Eu era líder
e teria de manter o grupo em alta para que não houvesse desistência.
Começamos a fazer períodos de oração intensiva. Contudo, percebe-
mos que urgentemente precisávamos de um banheiro para atender às
nossas necessidades. Como o meu pai era arquiteto, liguei para ele
PRIETO, Maria Esther Vera. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janei-
ro, 14 maio 2008.
Esther, que é espanhola, participou do Grupo Radical Latino-Americano, indo da Espanha
para participar do Projeto Radical Latino-Americano. Ela atuou no Equador e logo depois veio
para o Brasil, onde a partir de 2007 trabalha no treinamento de novos radicais no grupo de co-
ordenação do Projeto, no Rio de Janeiro, como Missionária Associada, em parceria com a União
Evangélica Batista da Espanha.
a fim de pedir orientação sobre construção. Assim, com muita luta,
conseguimos construir um banheiro. Ao terminarmos, as pessoas do
bairro nos perguntavam o que era preciso para eles construírem outros.
Quando saímos daquele lugar, muitos esgotos já não eram mais expos-
tos na rua e as pessoas entenderam que era importante fazer banheiros
higiênicos, pois seriam mais benéficos para a saúde das famílias. Todo o
bairro foi contagiado pela idéia.
O meu escrúpulo em não querer usar aqueles banheiros em situação
tão precária foi transformado por Deus em bênção. Hoje sabemos que
na comunidade todas as casas têm o seu banheiro com uma fossa para
onde escoa o esgoto. Obviamente isso contribuiu positivamente para a
saúde, principalmente das crianças. Essa experiência me faz lembrar os
heróis da fé que com a ajuda de Deus e para a sua glória, "da fraqueza
tiraram forças (Hb 11.34b).

4. Experiências na África
Resposta completa de Deus164
Antonio Joaquim de Matos Galvão1165
Com esta experiência aprendi que Deus nunca dá a benção pela
metade. Ela é completa. Em 1973, havia iniciado o trabalho na Vila do
Dondo em Moçambique. Eu pastoreava a Igreja da Beira. O trabalho
ali no Dondo teve um crescimento impressionante. Reuníamos em casa
de um casal de membros de nossa Igreja todos os domingos à tarde. A
sala que usávamos não cabia as pessoas, especialmente os jovens que
iam ao culto. Preocupado, procurei saber com o irmão Abílio qual se-
ria o preço para adquirir um terreno e nele construir uma espécie de
barracão onde pudéssemos acolher todas as pessoas. Ele trabalhava na
Prefeitura local, era mestre de obras e me disse que a Prefeitura tinha
várias áreas à venda. Fomos ver algumas e me interessei por uma em

'164 GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 13 nov. 2008.
'lb' Juntamente com sua esposa, Deolinda Veloso de Matos Gaivão, foi missionário independente
em Moçambique de 1976 a 1979, e da JMM nos campos da Espanha, Argentina e Paraguai, de
1980 a 1993, quando passou a servir na sede da JMM como Coordenador Geral de Missões,
Coordenador da Área da América Latina, e representante da JMM na Convenção Batista Carioca,
além de dar apoio à Junta em várias outras áreas, inclusive no trabalho em Cuba.
área periférica do centro da cidade. O valor, segundo o irmão Abílio,
chegava a 7 mil escudos moçambicanos, que era quase o salário que
eu recebia da Igreja.
Levei o assunto à Igreja e esta não aprovou, dizendo-me que as prio-
ridades da Igreja eram outras, e não o trabalho com africanos. E mais:
"Se eu quisesse trabalhar com os africanos, o problema era meu, não
da Igreja". Essa declaração de um dos diáconos me deixou arrasado,
mas eu tinha de respeitar a decisão.
Confesso que fiquei frustrado a ponto de não conseguir dormir nos
próximos dias. Em uma noite, cerca de 11h, não agüentei. Levantei-me
e fui para o templo. Ali tive o meu "vau de Jaboque" com Deus. Orava,
cantava, lia a Bíblia em voz alta. De joelhos, por volta das 4h da madru-
gada, ouvi claramente a voz de Deus sussurrar em meu coração, dizen-
do: "Vai dormir. Você já tem o terreno no Dondo". Assim fiz. Dormi até
cerca de 9h e fui para o Dondo. Rodei os 35km sem notar a ansiedade
que me dominava. Ao chegar em casa do irmão Abílio, disse-lhe que
Deus me afirmara que eu tinha um terreno no Dondo. Ele me respon-
deu: "Pastor, aqui os terrenos todos são da Prefeitura". Eu falei: "Então
vamos falar com o prefeito". Ele me levou à sala do prefeito, e depois
da apresentação, disse-lhe que Deus tinha me falado que ele me daria
um terreno para iniciar ali uma Igreja na cidade. Ele ficou estupefato e
me perguntou: "O senhor tem certeza que Deus lhe disse isso?" Res-
pondi afirmativamente. Resumo da história: Ele me deu o terreno; não
o que eu havia escolhido, mas um que estava vazio na praça principal
da cidade. Deus tem sempre o melhor para nos dar.
Um casal de missionários americanos, ao tomar conhecimento
de minha luta para conseguir aquele terreno, decidiu me ajudar
na construção. Em segredo escreveu à sua Junta, contando minha
"pequena odisséia", perguntando se eles teriam uma "migalha" para
me ofertar da oferta de Natal que as igrejas batistas dos USA levan-
tariam para missões. O resultado foi o envio de um cheque de 6 mil
dólares, para construir o templo no Dondo. Hoje ali, Igreja e templo
estão firmes como uma rocha, testemunhando do amor e providên-
cia de Deus. O Senhor de Missões não dá nada pela metade, nem à
prestação. "Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa"
(Jo 11.24b).
Ação de Deus166
Eliezer Menezes de Oliveira167
No curto período em que estive em Angola, ainda em 1981, dei
um curso de liderança, no qual participaram pessoas vindas de lu-
gares distantes. Quando eu e Daniel Soares Correia, presidente da
Convenção Batista Angolana, chegamos em Luanda, havia um grande
problema, pois os rebeldes tinham enchido o aeroporto de panfletos
subversivos. A polícia desconfiava de todos que chegavam, mas fui
bem recebido. Preguei em uma igreja e ao chegar em uma segunda
igreja também para pregar, tudo estava fechado. Não sabíamos o que
estava acontecendo. De repente, a porta se abriu e três irmãos entra-
ram correndo abaixados, dizendo que a guerrilha tinha se agravado e
que o caminhão baú estava arrastando quem estivesse na rua. Então,
verificando a situação desfavorável, resolvemos orar para logo depois
sair. Ao terminar a oração, abrimos os olhos e nos deparamos com sol-
dados apontando fuzis para nós. Aconteceu naquele momento algo
que pode parecer misterioso para incrédulos, mas entendemos ser a
providência de Deus.
Na ocasião, a expectativa de vida em Angola era de apenas 40 anos
e os que tinham ultrapassado essa idade eram chamados de "mais ve-
lhos". Segundo a Lei, os mais velhos não podiam ser presos. As únicas
pessoas ali com mais de 40 anos era eu e o Pastor Daniel. Os demais
tinham entre 20 e 30 anos. Os soldados olharam para o rosto de cada
um e disseram: "São todos velhos". Na realidade, eles só viram "ve-
lhos" e ninguém foi preso. Apenas pediram que saíssemos dali, pois
não era permitido nos reunir naquele lugar, pelo que entramos no carro
e nos retiramos.
No dia seguinte, eu ia pregar em uma das missões da Igreja, no
lugar onde estava uma área agrícola mantida por americanos. Eu não
havia conseguido dormir na noite anterior, mas permaneci em oração,
pois não sabia o que estava acontecendo com os irmãos. Ao chegar o

OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
16 Missionário Fazedor de Tendas que trabalhou como técnico de construção civil e pastor em
Angola de janeiro a setembro de 1981. Como ainda não havia essa categoria de missionários, ele
seguiu voluntariamente como técnico de construção civil, não vinculado oficialmente à JMM, mas
com o seu apoio.
momento da pregação, chegaram dois homens que ficaram na parte
de trás do salão. Eles tinham nos braços um enorme "relógio". Mas
eu sabia que de fato eram gravadores e não relógios, pois eles tinham
a missão de gravar tudo o que eu iria falar. Preguei, falei muito bem
da cidade e do país, convidei os dois para que entrassem e ficassem
mais na frente. Eles se aproximaram e quando terminei de pregar
foram embora sem tomar qualquer atitude contra nós. Mais uma vez,
Deus agiu para que pudéssemos prosseguir na obra, apresentando o
testemunho do evangelho de Cristo. Glorificado seja o Seu nome para
sempre!

O milagre da água168
Eliezer Menezes de Oliveira
Em julho de 1981, em plena ocasião de guerra, quando comunistas
lutavam com outros comunistas para assumirem o poder, fui orador
oficial da Convenção Batista Angolana, realizada em Luanda em subs-
tituição ao Pastor Waldemiro Tymchak. Na ocasião, houve uma terrível
falta de água por três dias seguidos. Ninguém podia tomar banho e os
vasos sanitários estavam insuportáveis. Eu e alguns líderes resolvemos
entrar no batistério e orar, por não encontrar um recanto mais propí-
cio. Enquanto orávamos, alguém bateu fortemente na porta de entrada.
Eram alguns irmãos da Igreja que vieram avisar que havia um caminhão
do exército empacado na estrada, e os soldados estavam solicitando
ajuda. Mesmo com a indecisão de ajudar ou não os comunistas, não
era conveniente desobedecer as ordens dos militares. Então eu disse
que Deus estava ali para atender a nós e a eles, pelo que deveríamos
prestar aquele serviço. Ao chegarmos no local, o sargento disse que o
carro estava muito pesado e não podia ser empurrado. Por isso eles
iriam esvaziar o caminhão para que pudesse ser empurrado. Como
estávamos sem água há três dias, poderíamos aproveitar e juntar a água
para o nosso uso. Enchemos os tambores, lavamos os banheiros, as pri-
vadas, tomamos banho e foi aquela alegria. Deus estava respondendo
a nossa oração.

H" OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
Depois que o caminhão estava quase vazio, o sargento orientou para
que a chave fosse ligada, a fim de que os homens pudessem empurrar
o caminhão. Houve então uma grande surpresa, porque o motor pe-
gou imediatamente. Na verdade, não houve qualquer problema com o
caminhão, mas o Senhor providenciara aquele incidente para atender
a nossa necessidade e as orações do seu povo. Nossa vida foi enrique-
cida, pois fomos abençoados e pudemos presenciar mais um milagre
de Deus que jamais abandona os seus servos.

Espere em Deus"'
Ronald Rutter17°
Quando me encontrava na África do Sul, certo dia um irmão chegou
a mim dizendo que um irmão da Igreja estava caluniando o pastor,
pelo que eu deveria tomar as devidas providências. Mas o informante
não queria se envolver no assunto. Se eu falasse pessoalmente com o
acusado, poderia simplesmente ser desmentido, não tendo condição
de tratar o problema do pecado. Que fazer? Resolvi pedir orientação
ao Senhor da obra. Ao consultá-lo, ele falou comigo: "O que você tem
a fazer é primeiramente perdoar o irmão; em segundo lugar continuar
a amá-lo; e em terceiro, entregar o problema a mim, pois eu cuidarei
dele". Com isso, veio-me à mente o texto no Salmo 37.5: "Entrega
o teu caminho ao Senhor , confia nele, e o mais ele fará". A seguir,
Deus me fez lembrar Romanos 12.19: "Não vos vingueis a vós mes-
mos, amados, porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu
é que retribuirei, diz o Senhor". Finalmente o Senhor colocou diante
dos meus olhos o verso: "Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo"
(Hb 10.31). E o Senhor voltou a me falar: "Você nada tem a fazer com
aquele irmão. Deixe-o comigo, pois eu saberei como cuidar dele e de
toda a situação". E assim, no tempo próprio o problema foi resolvido
pela graça de Deus.

ii" RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"r° Juntamente com sua esposa, Ana Augstroze Rutter, foi missionário da JMM na África do Sul
de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e 1991, estando hoje aposentado
na cidade do Rio de Janeiro.
Encontro providencial"'
Paulo César Pagaciov172
Chegamos em Cabo Verde em 2001 e começamos trabalhos de pre-
venção com crianças, até que um dia conheci ali um rapaz que estava
dirigindo uma ONG. Eu me apresentei como missionário, e em um
ponto da conversa ele perguntou se eu não conhecia algum dentista. Eu
disse que era dentista. Ele explicou que estava precisando de um para
ser seu sócio, pois tinha verba para comprar três equipamentos, mas
não entendia nada de odontologia. Precisaria de um especialista de
confiança que o assessorasse. Ao perguntar se eu poderia fazer aquele
trabalho, entrei em contato com a Junta que permitiu que fosse realiza-
do o acordo. Trabalhamos três meses com essa ONG, quando aprendi
com aquele jovem a fazer projetos. Isso despertou em mim a idéia que
gerou o Projeto do POPE. Comuniquei ao Pastor Waldemiro que se en-
tusiasmou com ele. Voltei ao Brasil e divulguei o Projeto na assembléia
da CBB em Vitória, em janeiro de 2003. É maravilhoso como Deus
coloca em nosso caminho pessoas chaves, para fazer gerar algo que se
torna uma bênção no trabalho missionário.

Providência divina1173
Renata Santos de Oliveira" 74
Em Moçambique, trabalhei no Projeto Nutrição, com multimistura,
atendimento de crianças recém-nascidas e filhas de mães soropositivas.
Lá muitas dessas mães ficam debilitadas, não produzem leite para ali-
mentar a criança e nós não tínhamos leite suficiente para dar para a
essas crianças recém-nascidas.
Todas as equipes que estavam em Moçambique sempre se reuniam
às sextas-feiras para orar. Naquele dia eu estava tratando especifica-
mente de um bebê recém-nascido, cujo irmão já tinha falecido por
17 ' PAGACIOV, Paulo César; PAGACIOV, Teresa Cristina. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
172 Missionário no Paraguai desde 2003. Iniciou o Projeto POPE em Cabo Verde, onde trabalhou

entre 2001 e 2002.


17 ' OLIVEIRA, Renata Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de

Janeiro, 14 maio 2008.


174 Renata, que é nutricionista, foi da primeira turma do Projeto Radical Luso-Africano, tendo

atuado em Moçambique. Retornou ao Brasil em dezembro de 2007 e participou da Mobilização


Missionária de Missões Mundiais no início de 2008.
falta de alimentação. Senti no meu coração o desejo de enviar o nosso
Projeto Nutrição para a Nestlé nos apoiar. Passei o dia inteiro pensando
sobre isso e à noite coloquei esse pedido para que orássemos. No final
da reunião, um irmão me perguntou se eu já tinha o projeto pronto,
pois eu estava pedindo em oração, mas precisava agir. Fiquei cons-
trangida, porque estava somente orando, mas sem uma ação objetiva.
No dia seguinte fui ao hospital para cuidar de uma criança desnutrida.
Quando eu estava dando orientação para a mãe da criança, parou uma
senhora em frente de mim e me perguntou por que eu estava ali, se
não trabalhava no hospital. Expliquei que era voluntária brasileira e
mostrei exatamente o que eu fazia ali. Ela me perguntou o que iria fazer
por aquela criança, e eu falei das crianças que eram atendidas através
do Projeto Nutrição. Mencionei também as outras crianças que eu aju-
dava no Posto de Saúde. Quando terminei de falar, ela tirou do bolso
um cartão e disse: "Meu nome é Sara. Sou representante da Nestlé em
Moçambique. Nós queremos apoiar o seu Projeto".
Alguns diriam que Sara apareceu por acaso, mas nós sabemos que foi
pela providência divina e resposta às nossas orações. Eu não tinha seu en-
dereço postal nem eletrônico, e muito menos a conhecia. Mas Deus cui-
dou no momento certo. Logo de início, ela nos apoiou com 700 latas de
leite e agora apóia financeiramente o Projeto. Hoje os Radicais não estão
mais lá, mas o Projeto continua com a direção da missionária Noêmia
Gabriel Cessito. Às vezes nós cochilamos, deixando de agir, mas Deus
não dorme e não nos abandona na missão que ele nos destinou. "Eis que
não cochilará nem dormirá aquele que guarda a Israel" (SI 121.4).

5. Experiências no Leste Europeu e na Ásia


Livramento do Senhorms
Lyubomyr Matveyev" '6
Meu pai era também pastor e viveu no tempo do poder da URSS
sob muita tensão. Certa ocasião ele recebeu a visita de um homem que

"-' MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
"-" Com sua esposa, Natasha Matveyev, é missionário especial desde 2004 na Ucrânia, onde
coordena o trabalho promovido pela ]MM com missionários da terra.
também se dizia pastor batista e, para comprovar, demonstrava que sa-
bia tudo sobre o seu interlocutor, assim como minúcias sobre o trabalho
batista na Ucrânia. Assim meus pais fizeram um esforço muito grande
para que ele se sentisse bem e lhe ofereceram um lauto banquete, além
de conversarem bastante sobre os evangélicos em geral e os batistas
em particular. Meu pai abriu o coração, falando sobre problemas e di-
ficuldades que sentia no trabalho que realizava. Obviamente o homem
saiu depois e nunca mais foi visto por meus pais. Passou um tempo não
muito longo e papai descobriu que aquele senhor era um dos principais
representantes do Governo na Ucrânia. Logo a seguir houve a queda
do domínio soviético, quando dentre outras notícias, foram divulgados
os nomes das pessoas que estavam destinados a serem executados bre-
vemente, sendo o nome de meu pai o segundo da lista. Isso o deixou
comovido, pois na sua misericórdia, o Senhor o livrou, assim como
muitos outros mensageiros do evangelho. No ano em curso [2007],
Deus o chamou para o gozo eterno. Mas damos glória ao Senhor por
ter permitido que continuasse conosco por mais 16 anos.

O cuidado de Deus"'
Renato Reis de Oliveira178
Em uma de minhas viagens, ao sair do Brasil fiz uma oração a Deus
e pedi por meus filhos que eram pequenos, pois o menor tinha dois
anos de idade e minha filha quatro. Minha esposa iria ficar sozinha
com eles. Viajei, e na metade da viagem liguei para casa. Mônica me
disse que nosso filho Renan tinha sido picado por um mosquito e que
uma bactéria havia se alojado no seu organismo. Isso tirou o meu sono
e questionei a Deus por estar acontecendo aquilo, pois meu pedido foi
exatamente que Ele guardasse meus filhos e minha esposa.
Eu estava na China, e no dia seguinte fui almoçar com um bisneto
de Hudson Taylor. No almoço chinês quem paga é o mais velho, que
também escolhe o prato. Na conversa, ele me contou uma história sem
que eu tivesse narrado minha experiência do dia anterior. Ao falar de

OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janei-
ro, 28 maio 2007.
17" Missionário que tem atuado na sede da JMM desde 1992, exercendo várias funções. Atual-

mente é o Coordenador da Região 4: Ásia e Norte da África.


sua vida, ele disse : "Quando eu tinha sete anos de idade aconteceu
uma guerra e todos os missionários na China foram convidados a dei-
xar o país. Meu pai era chinês e se tornou o único que podia optar em
permanecer ali. Ele orou e Deus lhe respondeu: 'Você cuida dos meus
filhos e eu cuido dos seus—. Continuou nosso anfitrião:
Meu pai ficou e quando completei 9 anos, morreu. Então Deus mandou alguém
que fundou um orfanato, e a primeira criança a ser abrigada fui eu. Ele cuidou
de mim melhor do que meu pai poderia fazer, pois meu pai viajava muito e
nós ficávamos sozinhos. Ao cuidar de mim e de meus irmãos, pudemos ver que
Deus cumpriu o que havia prometido a meu pai.

Ao ouvir isso, chorei e contei minha história para que ele percebes-
se como Deus estava trabalhando na minha vida naquele momento.
Quando retornei ao Brasil, Renan não tinha sequer uma cicatriz do
problema que o afetou. "Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados" (1Co
1 9a).

Dificuldades em Turcomenistão179
Anatoliy Schmilikhovskyy1180
Na última viagem que fiz à Ásia Central, fui pela primeira vez à Tur-
comenistão que é um país muito fechado. Há em todo o seu territó-
rio apenas 10 igrejas batistas, sendo 9 clandestinas. Portanto, apenas
uma é oficialmente permitida pelo Governo. O pastor dessa igreja é o
presidente da Convenção, que tem somente 5 missionários autóctones
para o país inteiro. Na ocasião encontrei um irmão, que me contou a
realidade do trabalho ali, deixando-me bastante chocado. Eles se con-
gregavam em uma igreja que de repente sumiu, porque o Governo
mandou fechar.
O presidente do país criou sua própria religião e escreveu um livro,
em que dizia ser mais sagrado do que a Bíblia e do que o Alcorão. Ele
escreveu outros livros sobre a sua religião, e fez com que todos os cida-
dãos jurassem sobre este livro, e que se não o fizessem, seriam amaldi-
çoados. É um país muito grande e lá ninguém podia entrar ou sair. Era
11-`1 SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
"3" Com sua esposa, lryna Shimilikhovskyy, é missionário especial na Ucrânia desde 2004, de
onde coordena o trabalho promovido pela 1MM em 7 países da ex-União Soviética, inclusive a
Rússia.
um verdadeiro absurdo. Ele literalmente fechou todos os hospitais do
país, deixando apenas um para ele e sua família.
Foi essa a primeira vez que eu tive contato direto com alguém de
Turcomenistão. Não tenho condições de contatar os irmãos ali e nem
posso pedir relatórios dos trabalhos, pois se isso ocorrer, eles poderão
ser presos e até mortos. A única forma de encontrá-los é através de con-
gressos ou em espírito. "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a
qual esquadrinha..." (Pv 20.27).

6. Experiências nos países muçulmanos


Aprendendo a amar"81
Adoniram Judson Pires"82
Não posso esquecer o dia quando chegamos ao Senegal. As casas
eram diferentes das nossas no Brasil. Eu subi e fiquei no terraço, olhan-
do as muitas pessoas passando por ali, pois era perto da feira. Orei ao
Senhor e disse: "Senhor, depois de tantos anos de chamado estou aqui,
pronto para cumprir o que nos ensina a tua Palavra. E agora? O que
vou fazer? Como posso me comunicar em uma língua diferente? Eu
não entendo o que essas pessoas falam, pois todos conversam de forma
diferente!". Foi quando o Senhor me fez lembrar aquele texto de João,
quando Jesus pergunta a Pedro: "Simão, filho de João, tu me amas?" (Jo
21.17a) O Senhor me fez a mesma pergunta "Adoniram, tu me amas?"
Como Pedro, eu respondi: "Tu sabes que eu te amo" (Jo 21.17b). Ele
então completou: "Então você tem que amar esse povo, cuidar desse
povo". Logo a seguir, desci as escadas e me reuni com minha esposa e a
outra missionária, Vera Lúcia. Falei o que Deus tinha me dito e reforcei
que deveríamos amar aquele povo. O mais importante no caso para o
missionário é aprender a amar pessoas, mesmo que tenham costumes
tão diferentes. Mas não se ama apenas com palavras, mas com atos. As-
sim decidimos diante de Deus aprender a cultura, conhecer as pessoas
e quebrar todas as barreiras. "Procedi, para com os judeus, como judeu.

""' PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
1182 Missionário no Senegal de 1994 a 1999. Continua como missionário da JMM na Espanha,
desde 1999.
f...1 Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse. (.4 Fiz-me fraco para com
os fracos, com o fim de ganhá-los. Fiz-me tudo para com todos, com o
fim de, por todos os modos, salvar alguns" (1Co 9.20-22).

A porta sem retorno"83


Adoniram Judson Pires
Quando chegamos ao Senegal, uma das visitas obrigatórias turistica-
mente foi uma ilha chamada Gore, que tem muitas histórias curiosas,
inclusive que a princesa Isabel ficou hospedada ali em uma de suas
viagens à Europa. Essa ilha foi um dos maiores pontos de tráfico de
escravos para a Europa e a América. Quando cheguei nesse lugar, en-
tramos na "Casa dos Escravos", que é um local por onde passaram mais
de seis milhões de africanos, sendo que muitos morreram no trajeto
para outros continentes. As famílias ficavam separadas. Por exemplo,
as crianças iam para o Brasil, o pai para Cuba e a mãe para os Estados
Unidos. É uma história miserável do ser humano e do pecado. Quando
olhei aquela porta que é chamada "A PORTA SEM RETORNO", saben-
do que por ela saíram mais de seis milhões de africanos totalmente des-
truídos, separados e já com nomes diferentes, senti-me muito chocado,
pois tenho ascendência européia. Eu questionava como é possível um
ser humano fazer isso com o seu semelhante. Comecei então a orar
no sentido de que pela mesma porta por onde saíram tantos para a
escravidão, Deus trouxesse o evangelho da liberdade e da paz em Jesus
Cristo. Toda a equipe orou ali comigo, para que o Senegal fosse uma
das portas para a entrada do evangelho na África.

Livramento de Deus184
mz1185

O evangelismo na Palestina é proibido, por isso tive que desenvol-


ver um trabalho secreto, colocando folhetos, Bíblias e material sobre
salvação embaixo das portas das casas. Através dos Correios conseguia

Hm PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
11" MZ. Uma vida marcada. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, maio/jun. 2002.
"" MZ serviu por alguns anos como missionário da JMM aos povos árabes, deixando a Junta
em 2008. Era de família muçulmana e lutava pela libertação da Palestina. Hoje é um soldado de
Cristo. Para segurança do missionário são usadas apenas as iniciais.
endereço de várias pessoas e enviava esse material para suas casas. De
1997 até maio de 2001, estive preso 17 vezes na Palestina por causa
de minha conversão, de meu ministério e do meu testemunho público
de fé em Jesus Cristo.
Em maio de 2000, fui preso por membros da jihad186 islâmica. Eles
queriam que eu negasse a Jesus, pois sabiam quem eu fui antes. E me
torturaram por várias horas, desafiando-me a invocar o nome de Jesus
para que me libertasse. Nesses momentos me lembrava das palavras
dos companheiros de Daniel antes de serem jogados na fornalha; "Não
necessitamos de te responder sobre esse negócio" (Dn 3.16b). Como
aqueles homens de Deus, convictos de sua fé, suportei muitas dores.
Minutos depois um míssil atravessava Israel e entrava na Faixa de Gaza,
derrubando o quartel-general onde eu estava preso. Foi uma providên-
cia do Senhor! No quartel, muitas pessoas que estavam próximas de
mim ficaram feridas, mas eu fiquei intacto. Nesse momento fui liberto
e pude ir embora. [...1 Eu aprendi na minha vida que, em meio a lutas e
batalhas, o maior perigo é não estar fazendo a vontade de Deus.

A armadura de Deus187
Jailson Serpa Pereira188
Eu defino o Senegal como um país animista vestido de islamismo.
Ao compartilhar o evangelho, sempre encontramos dificuldades. Certa
ocasião eu estava em frente ao prédio que utilizávamos para realizar os
projetos e os cultos, quando um rapaz passou muito tempo em frente
ao prédio e me chamou. Eu o atendi e ele me disse: "Preste atenção
no que eu vou falar para você". Respondi: "Estou prestando atenção".
Ele repetiu a mesma coisa várias vezes. Percebi que havia algo anormal

11 "6 O termo jihadtem como origem árabe o verbo jahada, que significa "luta" ou "briga". Muitos
o traduzem equivocadamente como "guerra santa". No Oriente Médio é usado para descrever
uma chamada aos muçulmanos para lutar contra os não muçulmanos na defesa do Islam. Cf.
CONCEPT of Jihad in Islam. In: RELIGIOUS TOLERANCE. Disponível em: <http:/www.religious-
tolerance.org>. Acesso em 21 jul. 2008.
"1" SERPA PEREIRA, Jailson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Salvador, 20
out. 2007.
""" Juntamente com sua esposa, Ana Cristina de Araújo Serpa Pereira, Jailson foi missionário no
Senegal a partir de 2000. Em 2006, ele perdeu a esposa em acidente no Senegal, veio ao Brasil e
depois retornou ao campo, passando lá nove meses. Atualmente é um dos representantes da JMM
no Nordeste, abrangendo os estados da Bahia, Alagoas e Sergipe.
nele. Ou era louco ou tinha alguma perturbação no reino espiritual.
Então ele olhou para mim e disse: "Você vai morrer". Fiquei todo arre-
piado e senti a presença do inimigo me ameaçando. Não sou agressivo
quando anuncio o evangelho, mas na ocasião olhei para ele e falei:
"Eu sei que vou morrer um dia, porém, se eu morrer, mesmo que seja
hoje, tenho plena convicção de que estarei com o meu Deus. Mas se
você morrer hoje sem Jesus no seu coração, você vai para o inferno".
Quando falei o nome Jesus ele avançou para mim gritando: "Que Jesus
que nada, aqui é terra de mulçumano". E continuou gritando e gritando
na rua.
Esse acontecimento me marcou muito, porque os muçulmanos sen-
tem como se estivéssemos invadindo o seu terreno. E na verdade isso
acontece. Mas ao mesmo tempo, aquela experiência me levou a de-
pender mais de Deus, buscando as armas espirituais para resistir o dia
mau e permanecer firme, "porque a nossa luta não é contra o sangue
e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os domina-
dores deste mundo tenebroso, contras as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes" (Ef 6.12).
Em nossa viagem ao Oriente Médio, conhecemos no Iraque a Dra.
Bernadete. Ela é médica. Converteu-se pelo testemunho de seu irmão,
que ao ser tratado de diabetes, teve uma experiência de conversão por
meio de fitas com programas evangélicos gravados. Ele ouviu a mensa-
gem e se converteu. Em virtude da perseguição iminente, durante um
longo período nada falou dentro de casa sobre sua conversão. Apenas
procurou viver o evangelho. Sua irmã sofreu o impacto da mudança
de vida do seu mano, e depois de muita insistência, conseguiu que ele
pregasse para ela. Então Dra. Bernadete entregou sua vida a Jesus. Em
sua casa começou uma igreja, que se reunia escondida. Os irmãos não
podiam cantar e nem orar em voz alta. Para discipulado eles só tinham
a Bíblia e as mesmas fitas que ouviam repetidas vezes. Ela nos disse que
a Bíblia era o pastor e conselheiro deles. A Bíblia era tudo para eles.
Uma vida aos pés de Jesus. Um testemunho de cristã genuína, que
convive com perseguições, ameaças e está sob vigilância contínua, mas
fica firme em sua fé. Quando fomos orar em seu favor, Dra. Bernadete
nos disse que não tivéssemos pena dela e nem que nos preocupásse-
mos com ela ou com sua família, mas que orássemos pelos perseguido-
res, pois eles precisavam muito mais das nossas orações. Que coragem!
Que altruísmo! Que firmeza no Senhor! Na sua obediência à Palavra de
Deus não poderia ser diferente. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a
verdade e vestindo-vos com a couraça da justiça" (Ef 6.14).
Jelfte-6IW

É fora de dúvida, que levar uma pessoa ao conhecimento de Jesus,


é uma das tarefas mais importantes para o cristão. A vida eterna só é
possível para o ser humano através de Cristo. Por isso, as Escrituras nos
falam do "evangelho da salvação" (Ef 1.13), e o apóstolo Paulo excla-
mou: 'Ai de mim se não pregar o evangelho!" (1Co 916). Certamen-
te, atividades como consolo, socorro, edificação e outras são também
valiosas. Entretanto, neste capítulo serão relatadas várias experiências
marcantes na condução de pessoas a Cristo, usando-se metodologias
variadas, mas sempre aproveitando as oportunidades que Deus con-
cedeu para que fosse anunciado o evangelho de Cristo. Os resultados
que surgem como resposta do Senhor ao anseio do missionário é obra
do Espírito Santo, sabendo-se que nem sempre a terra é boa para dar
"fruto a cem, a sessenta e a trinta por um" (Mt 13.8). Mas em qualquer
circunstância, a pregação do evangelho é um dever que se nos impõe.
Que possamos orar e acompanhar de perto o trabalho que está sendo
ou foi realizado pelos missionários, certos de que mesmo com as difi-
culdades características a cada campo, os frutos surgirão e serão multi-
plicados até a volta de Cristo.
1. Frutos na Bolívia, Venezuela e Perú
Eu creio189
Waldomiro de Souza Motta19°
Havia um judeu alemão de nome Peter Kuppenweiss, que morava
com sua esposa a alguns quilômetros distante da nossa casa. Ambos
eram já velhinhos. Nós o visitamos muitas vezes testificando sempre
do evangelho, mas sem resultado prático. Certo dia, testificando-lhe,
fiquei estarrecido com a resposta do ancião: "O senhor está perdendo
o seu tempo. Eu sou ateu. Deus não existe". Contudo, Lygia continuou
a visitar o casal e lhe demos uma Bíblia em alemão.
Certo dia, ficou muito mal o velhinho. Vendo que morreria se não
chegassem recursos, caiu de joelhos e orou: "Ó Deus de D. Lygia e do
Pastor Motta, se tu existes, envia os teus servos aqui para que me sal-
vem". Naquele momento Lygia em casa sentiu uma grande aflição, um
desejo intenso de visitar o casal. Falou com Maria e ambas foram de
jipe em visita ao enfermo. Quando o homem as viu chegar, começou a
dizer em alta voz: "Eu creio, agora creio, meu Deus, perdoa-me!" Ele
foi trazido para nossa casa, onde durante quinze dias esteve entre a
vida e a morte. Por fim sarou. Agora ele prega esta mensagem a todos
os seus conhecidos e proclama: "Eu creio! Agora eu creio!"

A última oportunidade191
Milzede de Moura Barros Albuquerque192
Eu era membro da Tercera Iglesia Bautista de Sta. Cruz de la Sierra. Tra-
balhava com música, educação religiosa e evangelismo. Todos os domin-
gos, à tarde, pegava o meu acordeão e saía para evangelizar de casa em

""'' MOITA, Waldomiro de Souza. Aventuras em terras bolivianas: autobiografia. 2. ed. Rio de
Janeiro: JUERP, 1977, p. 103-04.
19" Juntamente com sua esposa, Lygia Lobato de Souza Motta, foi missionário pioneiro da JMM
na Bolívia de 1946 a 1956, quando retornou para o Brasil para atuar no ministério pastoral e na
educação teológica. Ele faleceu em 1996 e ela, como Missionária Emérita da JMM, continua dan-
do o seu testemunho de vida e ministério dedicado ao Senhor.
""' ALBUQUERQUE, Milzede de Moura Barros. A última oportunidade. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 24 out. 2008.
'19 = Missionária na Bolívia entre julho de 1970 e outubro de 1972, atuando como capelã do Colé-
gio Batista Boliviano e professora do Seminário em Santa Cruz de la Sierra. Mais tarde no Brasil se
casou com o pastor Edwart C. Albuquerque, hoje na presença do Senhor. , passando a ter o nome
Milzede de Moura Barros Albuquerque.
casa com alguns jovens da igreja. Certo domingo,
após o culto público na estação ferroviária, fomos
de casa em casa apresentando o plano de salva-
ção e convidando para o culto noturno. Uma das
jovens me indicou a casa de uma prima, pedin-
do-me que fosse falar com ela. Lá chegando, ela
nos atendeu muito bem, embora não tivéssemos
sido convidadaos a entrar. Mas conversamos lon-
gamente em frente à casa. Com a Bíblia aberta, ex-
pusemos o plano de salvação, ressaltando o amor
de Deus, o perdão e a vida eterna por meio da fé
Missionária Milzede
em Jesus. A senhora, ainda jovem, acompanhava de Moura Barros
com atenção. Ao final, lancei-lhe o convite para Albuquerque

receber Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador


e, ali mesmo, ela declarou que estava recebendo a Cristo. Todo o grupo
deu as mãos em volta dela e pedimos que ela repetisse conosco a oração
de entrega. Depois, perguntei-lhe onde estava Jesus naquele momento,
e ela, sorrindo entre lágrimas, respondeu, levando a mão ao peito: "En
mi corazón". Despedimo-nos e saímos muito felizes, convidando-a a ir à
igreja para confirmar a sua decisão. Na quarta-feira à noite, ao chegar ao
culto de oração, encontrei a jovem Dalcy, seminarista que me levara até
sua prima no domingo anterior, que chorava e estava vestida de luto. Per-
guntei-lhe o que acontecera. Em pranto ela me respondeu: "Senhorita,
aquela minha prima que você levou a Jesus no domingo à tarde, faleceu
na mesma noite, com um ataque cardíaco". Fiquei ao mesmo tempo Entre
assustada, surpresa e triste, com a notícia da morte súbita de uma mulher
de apenas 30 anos, com a qual conversara pela primeira e última vez ape-
nas três dias antes. Ao mesmo tempo me senti regozijada no Senhor, por
Ele ter colocado no coração de Dalcy a preocupação pela salvação de sua
prima, e por nos ter usado como porta-vozes da sua salvação. Certamente
foi a última chance de salvação para aquela simpática boliviana. Abraçan-
do Dalcy e chorando com ela, eu, jovem missionária de apenas 24 anos
de idade, pude perceber, mesmo de vez, embora de forma dramática e
impactante, a grandeza do amor de Deus e a urgência de se testemunhar
sobre o evangelho. Esta experiência marcou a minha atuação no período
restante naquele campo e no meu ministério no Brasil.
O "santo" de barro
Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley""
Em nossos primeiros dias de trabalho em Cobija, Bolívia, resolve-
mos reunir crianças em uma pequena área externa de nossa casa, que
era feita de madeira e barro. Os meninos se sentavam em uma escada
velha que lhes servia de banco. O menino Eloi foi um dos primeiros
a se interessar por aprender sobre a Bíblia, pois eu lhes apresentava
histórias bíblicas. Quando contei a história de Moisés, aproveitei a
oportunidade para ensinar sobre os 10 Mandamentos explicando que
não se devia adorar imagens, pois são feitas pelos homens e são de
barro. Depois daquele dia, Eloi deixou de freqüentar o grupo. Cer-
to ocasião, eu o encontrei casualmente e lhe perguntei o que havia
acontecido para determinar a sua ausência. Ele me disse que os "san-
tos" não eram de barro e que acreditava neles, por isso não queria
mais ouvir aquelas histórias. Respondi que ele mesmo poderia veri-
ficar. Após essa conversa, o garoto foi para a Igreja Católica e pegou
em suas mãos um dos santinhos. Começou a passar a unha para ver se
tirava um pedaço. Qual não foi a sua surpresa quando percebeu que,
de fato, o "santo" era de barro. Aquilo foi o suficiente para o garoto
retornar correndo para os encontros de estudos bíblicos. Logo ele
aceitou Jesus, e hoje é um dos pastores líderes do campo. O pastor
Eloi Coelho chegou a ser Secretário Executivo e Presidente da Con-
venção Batista Boliviana.

Portas abertas em Cobija"94


Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley
Cobija era um local onde havia muita carência, situado na fronteira
da Bolívia com o Acre. A primeira convertida foi uma menina filha de
uma professora do Estado que era coordenadora de um núcleo de es-
colas. Ela mesma pediu que pregássemos o evangelho para as crianças,
pelo que dávamos aulas de Bíblia enquanto ela atendia aos professores.
Como o padre soube que ela facilitava a nossa entrada nas escolas, mes-

"" Ela e seu esposo, Horácio Wanderley da Silva, foram missionários desde 1973 na Bolívia. Em
1980 foram transferidos para a Espanha, onde se encontram até o presente.
'" WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
mo sendo o catolicismo a religião oficial, resolveu
denunciar ao Diretor de Educação. Uma semana
depois chegou um documento do Governo oficiali-
zando o Novo Testamento, O mais importante é o
amor, como livro texto para todas as escolas. Assim
a situação foi revertida e nós mesmos ajudamos a
entregar os Novos Testamentos nas escolas. Depois
disso ela foi nomeada Diretora da Educação do Es-
tado e terminou por se converter. Quando saímos
de Cobija, o Governador era membro da Igreja,
assim como a mencionada Diretora de Educação,
Missionária Aná
um professor do Instituto Universitário e a Diretora Maria Monteiro
Wanderley
de um Centro Social.

Frutos a cem por um195


Elton Rangel Pereira" 96
Nos Açores havia muita necessidade material. Através do Progra-
ma de Assistência a Portugal, pessoas da Holanda mandavam leite em
pó, queijo e manteiga para outros países. Como eu era da diretoria da
Convenção Batista Portuguesa, aproveitei a oportunidade para pegar
alimentos a fim de levar para os Açores. Quando ia embarcar no avião,
eu estava com três caixas de 20 quilos cada, quando só era permitido
levar o total de 20. Ainda no táxi, comecei a orar intensamente a Deus,
pedindo-lhe uma solução para aquele problema. No momento em que
me encontrava na fila do check-in, dei a minha vez a um jovem, porque
eu precisava que alguém me ajudasse a levar parte de minha bagagem.
Espontaneamente ele me perguntou se eu tinha excesso e disse que
poderia me ajudar. Para minha surpresa, ele passou em seu nome todas
as caixas e não apenas uma, pois era engenheiro da TAP e tinha direito
de conduzir bagagem além do limite permitido.
Conversamos muito durante a viagem. Ele se apresentou como Ernesto
Serrão, disse que estava viajando a serviço e me perguntou o que eu fazia

"`" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
"96 Missionário de 1976 a 1991 no Paraguai, Açores e Portugal Continental, e na Espanha desde
1995 até o presente.
nos Açores. Expliquei-lhe que era pastor evangélico. Ao chegar, apresentei
meus filhos e ele demonstrou interesse em ir à Igreja. Naquele mesmo dia
ele foi e pedi a um dos meus filhos para sentar-se perto dele para ajudá-lo
a encontrar os textos bíblicos. Preguei uma mensagem evangelística e de-
pois fomos jantar em casa, onde passamos a conversar longamente sobre
o evangelho. Às três horas da manhã, ele estava de joelhos aceitando a
Cristo como Salvador de sua vida. Levantou-se chorando e me disse que
estava ao mesmo tempo contente e triste. A mulher que havia tirado o
pão de sua boca para ajudá-lo, que era sua mãe, estava perdida, pois não
tinha Jesus. Ela estava na Angola e eu me dispus a lhe mandar uma fita e
contatar pastores que poderiam visitá-la. Assim aconteceu.
Certo dia Serrão me telefonou e disse que sua mãe estava naquele
momento com ele em Lisboa, perguntando-me sobre a possibilidade
de eu chegar até lá. Fui em um domingo e à noite tivemos um delicioso
jantar feito pela esposa, que antes já tinha se convertido, e a mãe. De-
pois perguntei à mãe se tinha condições de me ouvir por um momento.
Apresentei-lhe o plano de salvação e o horário se estendeu por algumas
horas. Cerca de quatro horas da manhã, estavam os três abraçados e
chorando, enquanto ela aceitava a Cristo. Quando secaram as lágrimas,
disse-me que tinha um filho médico e uma nora engenheira nos EUA e
que iria apresentar-lhes o plano de salvação. Pela graça de Deus toda a
família aceitou a Cristo, cumprindo-se a palavra de Paulo ao carcereiro
de Filipos: "Serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31). Ernesto Serrão se
tornou presidente dos Gideões Internacionais em Lisboa Sul, passan-
do a atuar durante muitos anos como pregador do evangelho e líder,
tornando-se mais tarde pastor. Assim a semente que caiu na boa terra
tem produzido frutos a cem por um (Mt 13.23).

O milagre da libertação física e espiritual""


Teremar Lacerda de Rochal198
Na cidade de Montero, ao norte de Santa Cruz de la Sierra, quan-
do iniciávamos um novo trabalho, conhecemos Bonifacio Blanco, que

''' ROCHA, Teremar Lacerda de. A vida de Bonifacio Blanco e sua família. Mensagem recebida
por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 26 ago. 2008.
11 " Juntamente com seu esposo, José Cenário Alves da Rocha, é missionária na Bolívia desde
janeiro de 1985.
nos contou a sua história. Em 1982, ele foi acometido de tuberculose.
Esteve três anos interno no Hospital Geral de Montero. Como a do-
ença estava muito avançada e por falta de persistência no tratamento,
Bonifacio foi desenganado pelos médicos, que afirmavam que ele não
podia sobreviver, porque já não tinha pulmões. Foi mandado para casa,
onde teria no máximo três meses de vida. Ele e sua esposa procuraram
ajuda de médicos e curandeiros, chegando a buscar um feiticeiro do
Peru, mas nada de melhora. Bonifacio resolveu comprar injeções que
eram usadas por pessoas que queriam morrer. Como vomitava sangue,
foi para um lugar distante de casa onde tomou a injeção e se deitou no
chão esperando a morte. Desmaiou, mas não morreu, pois Deus tinha
um plano para a sua vida.
A esposa não sabia o que havia acontecido. Ele voltou para casa à
noite, ligou o rádio e começou a escutar um programa em que era
repetido o texto bíblico: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; nin-
guém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Sozinho ali começou a me-
ditar sobre esta nova vida. Deus tocou em seu coração e ele resolveu
crer em Jesus. No dia seguinte, estava bem e depois de uma semana foi
ao médico, que ficou surpreso com a sua nova condição física. Man-
dou fazer radiografias e não podia crer no que estava ocorrendo. Foi
um verdadeiro milagre! Disse ele: "Não tinha mais nada, nunca mais
coloquei sangue pela boca, já faz 26 anos".
O irmão Bonifácio se dedicou a pregar, mesmo sem conhecer a Bí-
blia. Contava seu testemunho, repetindo o que lhe havia acontecido.
Ele explica: "Eu era um louco, falava de Cristo a todos, em voz forte. As
pessoas diziam que eu tinha pacto com o Diabo, mas o pacto era com
Cristo. O Dr. Orellana me escutou pregando em voz alta por aí e me
pediu para ir ao Hospital. Fiz todos os exames e radiografias de novo e
não deu nada". Encontrou uma Bíblia no seu trabalho, enrolada num
jornal, provavelmente esquecida por alguém. Começou a lê-la e viu
que só falava de Cristo. Continua Bonifácio: "Eu queria comer aquela
Bíblia. Meu filho de quatro anos também se interessou pelo livro, pois
já aprendera a ler".
Maria, esposa de Bonifacio era muito católica e tinha uma "santa".
Ela não estava contente com a conversão do marido. Mas ele não
agüentava mais ver aquela imagem ocupando lugar muito importante
na casa, pois seu coração havia sido tomado pelo amor de Deus. Cer-
to dia, quando Maria foi trabalhar, ele pegou a "santa", jogou dentro
de um forno à lenha e colocou fogo. Quando a esposa chegou, o fato
já se havia consumado. Ela também se converteu e se tornou uma
bênção.
Interessante é que o irmão Bonifacio passou um ano depois de con-
vertido, sem conhecer qualquer igreja evangélica. Certa ocasião saiu
com o filho de quatro anos para procurar uma igreja. A primeira que
encontrou, entrou. Era a Igreja Batista de Montero. Ali ele deu de cara
com a enfermeira que lhe aplicava as injeções no Hospital, e se admi-
rou: "Ela é crente e nunca falou de Cristo para mim!" Depois viu o
diretor da Escola Bíblica Dominical que trabalhava com ele em constru-
ção. Ficou surpreso porque ele também estava na igreja e nunca havia
lhe falado sobre Jesus. Bonifacio foi apresentado à Igreja pelo pastor e
logo queria sair para evangelizar.
Neste ínterim, chegamos à Bolívia e decidimos levar a Igreja de Mon-
tero a abrir novos trabalhos, quando conhecemos o irmão Bonifácio.
Começamos a trabalhar em sua casa com ele, a esposa e os três filhos.
Logo surgiu uma igreja que cresceu, para a glória de Deus. Ele fala so-
bre o início dessa obra: "Eu saía com o Pastor Cenário para evangelizar.
Ele ainda não falava espanhol e eu falava quéchua e espanhol. Eu lia o
texto; então ele apresentava o plano de salvação em "portunhol" (por-
tuguês e espanhol), e eu repetia em "quéchua". Só mesmo o Espírito
Santo para se encarregar da conversão".
Havia um pequeno quarto que Bonifácio construíra em frente de sua
casa, para a esposa colocar uma venda depois da sua morte, pois as
crianças eram pequenas e assim ela teria algo para trabalhar e ganhar.
Mas graças a Deus se transformou em um lugar de adoração a Deus.
O quarto onde nos reuníamos era muito pequeno, e ele começou a
construir ali uma casa, com um salão maior para os cultos. Tivemos o
privilégio de acompanhar e ver aquele salão ir se enchendo de pessoas
salvas. Depois houve a compra de um terreno onde foi construído um
templo com capacidade para mais de 300 pessoas, com salas para EBD
e casa pastoral. O esforço foi grande e os resultados vieram a mãos
cheias. Alguns plantam, outros regam, mas o crescimento vem de Deus.
Ele é o Senhor que faz maravilhas!
Deus fala e age quando oramos199
José Calixto Patrício12°°
Porto da Cruz, na Venezuela, era uma comunidade muito pobre e
difícil para se trabalhar. Passamos seis meses sem ver qualquer resulta-
do, quando uma irmã ofereceu a garagem de sua casa para os traba-
lhos. Na sua franqueza venezuelana, certa ocasião ela me disse que
eu era um grande missionário, com excelente pregação, mas tinha um
defeito. Não era um homem de oração. Ela me desafiou a convocar a
Igreja para orar diariamente entre 6 e 7 horas da manhã. Era o horário
do melhor sono e ainda tínhamos uma criança de apenas dois anos que
incomodava os pais durante a noite. Mas acatei a sugestão, passando a
orar todos os dias de segunda a sexta-feira.
Tínhamos um alvo de 100 pessoas na congregação até o final do ano.
Certo dia orei dizendo ao Senhor que Ele sabia do nosso propósito; já era
maio e não tínhamos ganhado nenhuma alma para Jesus. Vários irmãos
oraram também com muito fervor, havendo um verdadeiro clamor para
que Deus mostrasse qual a estratégia que deveríamos usar. De repente o
Espírito Santo falou ao meu coração, dizendo-me que eu pedisse que to-
dos se ajoelhassem e ficassem em silêncio porque Ele iria falar. Assim acon-
teceu por 10 ou 15 minutos, quando tive uma visão de um terreno na bei-
ra da praia da cidade, onde deveria ser colocada uma lona e se convidasse
quatro pastores batistas venezuelanos para pregarem de segunda-feira até
domingo, seguindo uma campanha de evangelização de 30 noites. Con-
seguimos tudo e realizamos a conferência. Quando terminamos o trabalho
no final dos trinta dias, o Senhor nos havia dado 103 novos convertidos. A
Igreja foi organizada em novembro de 1984 com 79 membros fundado-
res. A Igreja chegou a ser a primeira da Convenção em contribuição para o
Plano Cooperativo, teve 12 alunos no Seminário, manteve 7 congregações
em 7 cidades diferentes, sendo considerada igreja missionária modelo para
todas as denominações. Louvado seja Deus por essa vitória!

PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
120"' Pastor Calixto e sua esposa, Suely Mieko Sirasawa Calixto, foram missionários na Venezuela
entre 1977 e 1994, quando seguiram para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde ficaram por dois
anos. Em 1996 foram remanejados para Costa Rica, onde atuaram como missionários até 2002.
O casal retornou para os Estados Unidos, onde hoje é pastor da Primeira Igreja Batista de Língua
Portuguesa, na cidade de Elizabeth, Nova Jersey.
PEPE alcança família'"
Lídia Sônia Klawa da Silva1202
Em treinamento de missionários educadores do PEPE no Peru, ouvi o de-
poimento de uma das missionárias presentes sobre um menino de 5 anos
chamado Javier, matriculado no PEPE por sua mãe, senhora Júlia. Quando
seu esposo soube que o projeto era na Igreja dos evangélicos, disse a D.
Júlia que se não tirasse Javier imediatamente do PEPE, ele a mataria. Ela
falou com a educadora sobre o ocorrido, complementando que o filho era
"burro" mesmo e seria perder tempo na escola. A educadora respondeu
que iria orar pelo seu esposo. Passaram vários dias e D. Júlia foi espancada
muitas vezes por manter o menino no PEPE. O garoto aprendeu a orar,
memorizou os cânticos e o Salmo 23 que ensinou à sua mãe, mas o pai
continuava a ameaçar o filho, dizendo: "Para que perder tempo indo ao
PEPE. Você é um inútil. Nunca vai aprender qualquer coisa mesmo". Às
vezes Javier chegava ao PEPE correndo desesperado e dizendo: "Socorro,
socorro, meu pai está borracho [bêbado]. Não deixem que ele me bata.
Vamos orar para que meu papai não seja mais um bêbado". Não demorou
muito e a mãe aceitou a Cristo. Hoje o pai de Javier aprendeu o Salmo 23,
vai algumas vezes à Igreja e já não olha os evangélicos com desconfiança.
E o suposto "burro" Javier é o melhor aluno daquele PEPE. Deus está es-
crevendo uma nova história naquela família. Glória ao Senhor!

2. Frutos no Paraguai e no Chile


Ação de Deus no coração humano'203
Francisco Cid12°4
Uma experiência marcante ocorreu na Villa Azalais, que era uma
comunidade muito pobre e simples no Paraguai. Nós ali preparávamos

120 ' SILVA, Carlos Alberto da; SILVA, Lídia Sônia Klawa. Socorro, meu pai está borracho. Mensa-
gem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 mar. 2008.
1202 Ela e seu esposo, Carlos Alberto da Silva, são missionários no Paraguai desde 1978. Atual-
mente ele é pastor da Igreja Batista em Ilha Bogado na cidade de Luque, e ela é coordenadora
nacional do PEPE no Paraguai.
' 2"' CID, Francisco. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
04 Missionário na Argentina de 1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999.
equipes de evangelização que saíam de dois em dois. Como resulta-
do, batizei 13 vizinhos do templo, ou seja, o evangelho alcançou 13
famílias naquela comunidade. Mas um deles, Carlos, não gostava que
a esposa fosse à Igreja. Ela só ia quando ele não estava, pois trabalhava
viajando e ficava 15 dias fora de casa. Em uma dessas viagens, a esposa
marcou com Raquel uma reunião na sua casa. Mas ele chegou antes
do dia previsto, pelo que ela foi correndo desmarcar a reunião. Raquel
não aceitou a mudança, porque acreditava que Deus tinha algo muito
especial para fazer naquela ocasião. Na hora da reunião ele estava dor-
mindo, porque viajou a noite toda e estava cansado. Acordou com as
mulheres cantando, mas não pôde sair do quarto porque a porta dava
para a sala onde as mulheres estavam. Assim ele ficou preso ali ouvindo
tudo. Ao terminar o culto, se converteu. No domingo seguinte, ele foi
com a esposa à Igreja para fazer a decisão pública. Eu o batizei e mais
tarde ele se tornou diácono da Igreja. Hoje ele é pastor. Como é mara-
vilhosa a ação de Deus no coração humano.

A conversão do chefe1205
Elton Rangel Pereira12°6
Quando estávamos no Paraguai, em Saltos del Guairá, dirigimo-nos
a Capitan Soza. Como anunciei pelo programa de rádio a minha ida,
havia muita expectativa, porque as pessoas queriam conhecer o "pa-
dre" evangélico. Cada aldeia tinha um chefe. Ali o chefe era Daniel
Prado (nome fictício), que representava o Partido Colorado e era o
maior proprietário da região. Fomos à loja dele onde expliquei que
era pastor evangélico e que tinha ido ali para falar de Jesus. Ele pediu
que eu me sentasse um pouco com ele. Chegou então o primeiro
freguês e ele mandou que sentasse; chegou o segundo e ele ordenou
também que sentasse. Ele não pedia, mandava. De repente havia 12
pessoas ali sentadas. Ele me perguntou se era suficiente e então cha-
mou a sua mãe a sua esposa e duas irmãs, que se juntaram ao grupo
ali reunido.

'2"' RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Minam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
Iweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
Missionário de 1976 a 1991 no Paraguai, Açores e Portugal Continental, e na Espanha desde
1995 até o presente.
Naquela mesma manhã, Daniel Prado aceitou a Cristo, juntamente
com as duas irmãs e outras pessoas. Ele me perguntou o que era preciso
para termos uma igreja. Eu disse que primeiramente precisava de um
terreno. Logo ele doou o terreno e outra pessoa ofereceu a mão-de-
obra. Depois de 15 dias voltei lá e Daniel falou que o terreno não seria
mais aquele, porque ele tinha vendido a sua moto e comprado um ter-
reno bem maior, onde já havia duas casas construídas, além de ser em
um lugar privilegiado na aldeia. Marcamos o dia do batismo de Daniel
e avisamos pelo programa de rádio. Mais uma vez as pessoas ficaram
curiosas e saíam para ver como era um "padre" evangélico. Eu estava
de gravata, com uma bota de borracha por causa das cobras, chapéu de
palha e minha Bíblia na mão. Foi assim que eles conheceram o "padre"
evangélico. No local do batismo havia muitas pessoas que tinham vindo
de longe, pois estavam querendo saber se Daniel havia mesmo muda-
do de religião. Elas não entendiam o que era alguém aceitar a Cristo.
No momento havia muito barulho. Ele pediu que fizessem silêncio e
todo mundo se calou. Ao lhe perguntar se cria que Jesus Cristo era o
seu único Salvador, ele levantou a voz gritando. "Eu creio, sim, eu creio
que Cristo é meu Salvador". Foi algo espetacular.
Daniel se converteu de verdade. la com a gente para visitar. Ao che-
garmos às portas, ele batia palma. Quando o dono da casa chegava, eu
contava o que tinha acontecido com ele e o que o tinha tornado tão
diferente. Daniel não era mais aquele homem duro que as pessoas co-
nheceram antes. Assim eu começava a falar de Jesus, apresentava o pla-
no de salvação e fazia apelo. Quase sempre havia conversões, embora
eu não soubesse se era o Espírito Santo que atuava ou era a presença
do Daniel. Continuamos acompanhando seu crescimento espiritual e
preparando para o serviço. A Igreja cresceu e hoje ele é o seu pastor.

Dia da verdade'207
Silas Luiz Gomes12"
A mentira é o do Diabo, mas a verdade é de Deus. O inimigo é o pai
do engano e se alegra com o seu invento. Nossa entrada no Chile desde

12' GOMES, Silas Luiz. Resumo da trajetória e obra dos missionários Gomes. Arquivo Gomes,
Antofagasta, 06 jun. 2007. Digitado.
'208 Missionário desde 1971 na Bolívia e no Norte do Chile.
o inicio foi confrontada com a mentira. Tínhamos acabado de chegar
como missionário em Antofagasta, no Chile, e fomos morar perto do
presídio. Por essas coisas da vida, onde a mão do Senhor está presente,
liguei o radio para saber as notícias e acostumar-me com a linguagem
local. Aquilo que escutei me deixou pasmado: naquele dia iriam açoi-
tar vários presos no pátio do cárcere. Confesso que aquela noticia me
tocou o coração, fui até a esquina do presídio e fiquei a escutar se per-
cebia gemidos e gritos pelos açoites aplicados. Não ouvi nada; absolu-
tamente nada. Depois comentei minha preocupação com um irmão e
ele se pôs a rir. Disse-me que eu tinha caído no "Dia dos Inocentes", ou
seja, o equivalente a 12 de abril, Dia da Mentira, no Brasil, que no Chile
tem data diferente. Não gostei, mas logo o Senhor transformou o mal
em bem e a mentira em verdade. Como? Minha atenção se despertou
pelos presos e fui com os outros irmãos visitá-los. Observei que não ha-
via qualquer atividade evangélica dentro da prisão. Comecei o trabalho
e fiz as diligencias para obter uma carteirinha de evangelista, que me
dava a liberdade de entrar fora do horário de visitas e falar de Cristo.
Fomos testemunhas de conversões e batismos de presos no cárcere,
que eram realizados em um batistério portátil e com a assistência das
autoridades máximas da prisão, da polícia civil e militar e do poder
judiciário. Depois entregamos o trabalho a um irmão batista que traba-
lhava comigo; sua liderança foi reconhecida pela Associação de Igrejas
Batistas da Região. Após muitos anos o trabalho continua e já existe
uma igreja organizada dentro da prisão. Nisso não há engano, mas a
verdade de Deus. "E Sabemos que todas as coisas concorrem para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito" (Rm 8.28). Deus seja glorificado em tudo!

Quase suicida encontra Jesus1209


Dalva Santos de Oliveira121°
Em visita a um hospital, fui apresentada a um engenheiro como mis-
sionária. Ele me chamou a um canto e disse que tinha tantos problemas
sem solução que já não sabia o que fazer da vida, pelo que queria

120 ' OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
121" Missionária no Paraguai entre 1968 e 1991 e na República Dominicana de 1999 a 2002.
pegar um revólver e dar um tiro na cabeça. Eu lhe disse que isso iria
complicar mais seus problemas, que passariam a ser eternos. Perguntei
então por que ele não experimentava entregar todos esses problemas a
alguém que o amasse muito. E respondeu: "Mas quem?" Eu lhe disse:
"Deus". Ele imediatamente respondeu: "Ora, Deus? Ele está tão ocu-
pado em cuidar do universo tão grande que nem sabe que eu existo".
Expliquei que Ele sabe e o conhece por nome e só Deus tem a solução
para qualquer dificuldade, embora tudo dependa dele próprio. Procu-
rei saber se ele gostaria de conhecer esse Deus estudando a Sua Pala-
vra. Respondeu afirmativamente. Então começamos a estudar a Bíblia e
a visitá-lo e ele logo pediu que realizássemos cultos em sua casa. Logo
levou a esposa e os filhos para a Igreja. Certo domingo à noite, ele foi
sozinho à frente e depois de ficar bem calado e pensativo exclamou:
"Como é bom ter Jesus, como é bom ter Jesus; eu não sabia e nem co-
nhecia, mas como é bom ter Jesus". Eu chorei de alegria com ele, por
saber que alguém que incitado pelo Diabo queria dar um tiro na ca-
beça, deixando a esposa viúva com três órfãos, agora era um fiel servo
do Senhor. Logo ele se batizou e levou sua família a Cristo, tornando-se
uma bênção para muitos. Louvado seja Deus!

3. Frutos no Canadá
A história de Solange Barbieri12"
Alya Gonçalves da Silva1212
Solange Barbieri e três colegas brasileiras vieram de São Paulo para
o Canadá, no final da década de 1980. Solange era formada em Quí-
mica, mas estava com dificuldade para encontrar trabalho em sua área.
Adoeceu e foi hospitalizada para uma operação de um tumor na ca-
beça. Enquanto estava no hospital, foi visitada algumas vezes por uma
jovem senhora brasileira, professora, crente, que havia saído do espi-
ritismo e era membro da Igreja Batista Olivet, pastoreada pelo mis-
sionário Ubirajara da Silva. Solange era tradicionalmente espírita. Pela
ocasião do Natal, a Igreja Olivet ofereceu um almoço de Natal a muitos

12 " SILVA, Alya Gonçalves da. História de Kathrine Acomba. Mensagem recebida por edelfal-
cao@yahoo.com.br em 01 maio 2008.
Missionária no Canadá desde 1984, esposa do missionário Ubirajara Pereira da Silva.
1212
imigrantes que estavam longe de suas fa-
mílias. Muitos trouxeram visitantes. Houve
cânticos, pregação, muitos perus e bolos,
e a confraternização se prolongou até a
noite. Solange, com seu gorro de lã para
cobrir a cabeça sem cabelos, encantou-se
com a alegria e amizade de todos. Como
se sentia solitária, doente e desemprega-
da, recebeu todo o conforto que precisava
e nunca mais deixou a Igreja. Converteu-
se, batizou-se, fez vários outros cursos e
trabalhou em muitos empregos, mas nun- Missionária Alya
Gonçalves da Silva
ca em sua especialização.
Sempre buscando a orientação de Deus,
Solange mudou-se para uma igreja inglesa, freqüentada por uma mis-
sionária que lhe dava moradia em troca de alguns serviços domésticos.
Sentiu-se chamada para o ministério. Fez um curso bíblico e foi aceita
como missionária de uma organização da Igreja, da qual faz parte e
continua nos novos rumos que Deus deu à sua vida, servindo ao Se-
nhor. Os frutos do trabalho entre imigrantes no Canadá, só Deus há de
avaliar, pois a colheita é dele.

A história de Katherine Acomba'213


Alya Gonçalves da Silva
Seu nome era Mary Acomba e era filha de imigrantes poloneses que
viviam em Montreal. Estudou numa escola católica de estilo bem an-
tigo, embora seu pai fosse contrário a qualquer religião. Tornou-se in-
crédula e apavorada a qualquer assunto relacionado com Deus. Conta
que, quando estudante, estava na missa numa igreja com teto muito
alto. Um morcego passou voando ao redor de sua cabeça. Pensou que
era um espírito que veio atormentá-la e o medo tornou-se em aversão
pelas coisas espirituais.
Certa vez ficou internada num hospital por três semanas, sem ver os
pais que não compareciam na hora das visitas; pensou que tinha sido
' SILVA, Alya Gonçalves da. História de Kathrine Acomba. Mensagem recebida por edelfal-
cao@yahoo.com.br em 01 maio 2008.
abandonada. Nunca mais quis ir ao hospital. Mais tarde, precisou de
uma operação para tirar as amígdalas e o pai chamou um médico, seu
antigo amigo dos tempos de guerra, que operou a menina em casa, na
mesa da cozinha. Isto fez o pavor aumentar.
Casou-se com um homem tão austero quanto seu pai. Ela, como
outros da família, entregou-se à bebida e chegou a passar dias na rua.
Seus dois filhos se envergonhavam dela. Esteve internada para desinto-
xicação várias vezes. Deixou o marido e passou a viver só.
Já com mais de 50 anos, depois de um tratamento intensivo para
desintoxicação, aconselharam-na a procurar- me para ver se poderia se
integrar num trabalho voluntário de ajuda a mulheres e crianças vítimas
de violência na família. Eu estava dando um curso de treinamento de
voluntárias. Depois da primeira conversa, chegamos à conclusão que
ela precisava mais do que alguma coisa para fazer, pois tinha muitos
conflitos e traumas para serem tratados. De início, ela decidiu que não
seria mais chamada de Mary. Queria uma nova vida. Seria Katherine.
Encontramo-nos uma ou duas vezes por semana por quase um ano.
Definitivamente não queria ouvir sobre o evangelho. Pedi a Deus que
me ajudasse a testemunhar sem as palavras convencionais de evangeli-
zação, mas que estivesse pronta a responder, sob a orientação do Espí-
rito, a qualquer pergunta que me fizesse. Quando chegou o domingo
de Páscoa ela aceitou vir tomar o café que a Igreja Olivet, em Toronto,
fazia todos os anos depois do culto da Ressurreição realizado do lado
de fora da Igreja.
Como Katherine resolveu que voltaria a estudar, tomou um emprés-
timo do Governo e matriculou-se numa faculdade para um curso de
aconselhamento para serviços comunitários. Com pouco dinheiro, pre-
cisou de um lugar menor e mais barato para morar. Decidimos pedir a
uma senhora bem idosa, nossa vizinha, que também era polonesa, para
alugar-lhe um apartamento que tinha em sua casa, no segundo andar.
Antes de falarmos com aquela senhora, disse a Katherine que gostaria
de pedir a Deus ajuda naquela conversa, pois a mullher havia dito que
não queria ninguém mais no apartamento, pois queria sossego. Falei
com Deus, num pedido muito direto, que Ele nos orientasse; argumen-
tei com Deus sobre as necessidades da Katherine e as vantagens de nos
tornarmos vizinhas. Ao final da oração, Katherine estava muito admira-
da, pois nunca tinha visto alguém falar assim com Deus. Tudo deu certo
e ela mudou-se para a vizinhança de nossa Igreja.
Depois aceitou participar de um grupo de jovens não crentes que
estavam estudando a Bíblia em inglês muito informalmente em nos-
sa casa. A participação de Katherine era engraçada e difícil, com seus
comentários desafiadores e incrédulos. Eram 12 pessoas no grupo e
alguns começaram a frequentar a igreja e foram fazendo suas decisões.
Em um sábado, numa noite evangellstica para jovens, ela compare-
ceu e, para surpresa nossa, na hora do apelo foi à frente muito alegre.
Cumprimentou o pastor com um "give me tive" e exclamou: "Hoje eu
quero fazer a minha proclamação para Deus!". Foi assim que Katherine
se tornou uma crente em Jesus. Sua história é cheia de experiências
interessantes.
Depois de terminar seu curso, Katherine dedicou-se à recuperação
de alcoólatras num Centro de Assistência a viciados, em lqaluit, cidade
de esquimós, na ilha de Bafim, no Norte do Canadá. Sua vida tem sido
uma bênção para muitas pessoas ali.

Mensageiro do amor1214
João Fernandes Garcia1215
Em Junho de 1995, com alegria e emoção, batizamos os irmãos João
e Maria Almeida. Por vários anos os dois estavam separados. Cada um
vivia a sua vida longe de Deus, em pecado. Pela graça do Senhor, um
dia Maria veio à igreja, ouviu o evangelho, aceitou a Jesus e nunca mais
deixou de seguí-lo. Estávamos sempre em oração pelo seu esposo que
ainda vivia fora de casa. Numa sexta-feira, logo após o Estudo Bíblico,
um jovem me procurou. Era o João, esposo da Maria. Contou-me do
seu desejo de mudar de vida e voltar para casa, reconciliar-se com sua
esposa e novamente ser o pai de seus filhos.
Falamos por muito tempo sobre Jesus e o Seu amor por nós. Ele acei-
tou a Jesus, começou a seguí-lo e voltou para casa. Maria o aceitou de
volta, ambos foram batizados e hoje temos visto o crescimento espiritu-

Apud SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá. Cambridge, Cana-
dá: JMM, 2007, p. 37. Digitado.
Pastor Garcia e sua esposa, Lucimar Callvelo Garcia foram missionários no Canadá entre 1979
e início de 2008.
al na vida dos dois, a alegria dos filhos ao verem os pais juntos e o poder
de Jesus manifesto na vida de um casal que antes vivia longe de Deus.
Louvado seja o nome do Senhor pelo seu muito amor por nós!"

4. Frutos na Europa
A semente produziu frutos1216
Diné René Lóta1217
Em Portugal Insular, a Associação Batista Aço-
riana, constituída de quatro igrejas, tinha um
programa de rádio e um jornal, ficando este sob
a minha responsabilidade. Era uma espécie de
folheto evangelístico, que distribuíamos por cor-
respondência ou de mão em mão no mercado.
Colocava esses jornais nas caixas de correio quan-
do íamos evangelizar na freguesia Castelo Bran-
co, no interior da Ilha. Uma dessas caixas era do
professor primário Manoel Faria. Recebi então
uma carta dele dizendo que estava interessado
na aquisição de um livro que eu tinha citado em
um dos editoriais. Fui à Livraria Batista em Lisboa
Missionário Diné e consegui o livro, entregando-o pessoalmente
René Lóta em sua casa. Isso contribuiu para iniciarmos uma
amizade, a ponto de freqüentarmos a casa um
do outro. Faria era estudioso da Bíblia, chegando a fazer todos os cursos
bíblicos por correspondência que havia em Portugal, incluindo batistas
e de outras denominações. Mas ele era católico catequista, líder de
adolescentes e de jovens no Fayal. Freqüentava a nossa Escola Bíblica
Dominical, e em nossa casa discutia assuntos bíblicos conosco. Mas
quando falávamos sobre a necessidade de salvação, ele dizia: "amigos,
amigos, religião à parte".

' 21' LOTA, Diné René. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
121 Foi missionário nos Açores entre 1980 e 1986, e em Portugal Continental entre 1986 e 1991.
Retornou ao Brasil para pastorear a Igreja Batista de Fonseca, em Niterói, até 2007, sendo hoje
pastor na cidade de Oakville, Canadá, como missionário associado da JMM, em parceria com a
Igreja Batista de Oakville e a Convenção Batista de Ontário e Quebec.
Durante mais de dois anos, nós sempre aproveitávamos as oportuni-
dades para falar de Cristo ao Faria e ele freqüentava a nossa igreja. Com
isso teve sérios problemas com a Igreja Católica e o padre o expulsou
da catequese. Mas houve um movimento de seus alunos para que o
padre solicitasse a sua volta, o que aconteceu depois que se casou. Mas
o casamento começou a desagregar, porque a esposa não admitia que
ele freqüentasse uma igreja protestante, pois ela era professora em uma
escola de freiras. Passaram os anos e eu fui visitar a Ilha Terceira. Ali
fui informado que ele tinha se divorciado e mudado para Lisboa, onde
deu continuidade aos seus estudos na Universidade. Em julho de 1991,
quando retornávamos para o Brasil, vi o Faria em um supermercado de
Lisboa. Ele estava acompanhado de uma senhora grávida e aquilo nos
confundiu um pouco. Mas à medida que nos aproximamos, não tive dú-
vidas. Quando ele me viu, foi uma alegria. Ele disse que estava freqüen-
tando juntamente com a esposa uma igreja batista perto de Lisboa.
Já no Brasil, em 2001, recebi um e-mail do pastor Rubem Couto, que era
um jovem pastor da Igreja Evangélica Batista da Praia da Vitória, nos Açores,
que me dizia que Manoel Faria desejava entrar em contato comigo com ur-
gência. Logo enviei uma mensagem para ele. Na sua resposta, Faria me disse
que a semente que eu tinha plantado germinou e deu frutos 20 anos depois.
Assim ele me convidava para o seu batismo, da sua esposa e de sua filha.
Tive a oportunidade de voltar a Portugal e visitá-lo. Ele já era dou-
tor e professor da Universidade. Disse-me que faltavam seis anos para
a sua aposentadoria, quando iria se dedicar inteiramente ao trabalho
missionário. Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não vol-
tará para mim vazia" (Is 55.11).

Testemunhando através do esporte1218


Marcos Grava Vasconcelos1219
Eu estava na Alemanha a convite das igrejas de lá, que decidiram
realizar um mega projeto conjunto de evangelização durante a Copa

GRAVA VASCIONCELOS, Marcos. Informações ministeriais. JMM, Santo André, fev. 2007.
Digitado.
1219
Sendo formado e especializado na área de Educação Física, Grava tem usado o esporte como
estratégia para testemunhar do evangelho. Encontra-se hoje em Santo André, SP, como o Coorde-
nador do Programa Esportivo Missionário (PEM) da JMM.
do Mundo de Futebol, em 2006. Eu e outros 25 delegados represen-
távamos vários países, que nos próximos seis anos iriam sediar grandes
eventos esportivos. Estávamos lá para aprender o que pode ser feito em
um evento como aquele, pelo que nosso propósito era observar. No
penúltimo dia, estávamos participando de uma reunião composta de
adolescentes alemães, estudantes de inglês, que teriam a oportunidade
de ouvir relatos de diferentes nações e culturas ali presentes. Apesar de
não estar escalado para falar, pedi ao coordenador uma oportunida-
de. Ele concordou, mas sabendo do meu desejo de compartilhar a fé,
advertiu-me para que eu fosse discreto em minhas palavras, para não
causar algum tipo de desconforto aos alunos e professores.
No microfone falei de algumas características do Brasil. Então desafiei
aqueles jovens a apresentarem um competidor na execução de embaixa-
das com a bola de futebol. Um deles ofereceu-se motivado pelos demais.
Sua função era executar o maior número de toques de bola sem deixá-la
cair. Logo em seguida, seria minha vez e, caso não o vencesse, teria de
realizar um exercício físico como punição pelo insucesso. O garoto era
hábil e conseguiu realizar 23 embaixadas. Mostrando certa confiança,
peguei a bola e comecei minha série, até que deliberadamente, deixei
a bola cair por volta do vigésimo toque. Como combinado, eu deve-
ria cumprir a dívida. Como se estivesse constrangido, inclinei-me para
começar o exercício quando, de longe, surgiu meu amigo venezuelano
orientado previamente por mim, que se aproximou e, gesticulando, dis-
se: "Pare, Marcos, deixe que eu pago em seu lugar".
Os demais alunos, inflamados por um companheiro nosso ao mi-
crofone, diziam: "Não é justo". Mas meu amigo parecia determinado
a cumprir a pena em meu lugar. Isso deixou aqueles jovens perplexos,
já que o combinado era que eu deveria pagar a dívida. Mediante a
insistência do venezuelano, aproveitei a oportunidade para transformar
o momento em uma ilustração. Contei a todos os presentes a história
de um grande amigo que pagou a pena reservada para a humanidade,
e da necessidade que cada um de nós tem de desenvolver um relacio-
namento pessoal com ele. "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre
o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça" (1 Pe 2.24). Só na eternidade constataremos os
resultados de um testemunho como este.
Testemunho pelo batismo122°
Gelson Atílio Ferreira Nogueira1221
Quando chegamos em Raén, a Igreja se reunia no centro, em uma
rua apertada no bairro cigano da cidade. Vi que não havia progresso no
trabalho, pelo que resolvemos sair dali. Compramos um galpão em ou-
tro local, e enquanto estávamos construindo, nos reuníamos no melhor
hotel da cidade. Mas o poder da Igreja Romana conseguiu nos tirar de
lá após um ano e meio. Com dificuldade continuamos na construção.
As dificuldades, entretanto, contribuíram para que a Igreja se reani-
masse e passasse a evangelizar. Algo que estava no meu coração por
muito tempo era inaugurar o templo com batismos, mesmo quando
ainda não havia convertidos para serem batizados. Seis meses antes da
inauguração, começou a chegar gente na Igreja e, pela graça de Deus,
conseguimos fazer 10 batismos no dia da inauguração. Isso é um verda-
deiro milagre aqui na Espanha. Foi uma noite memorável com duzentas
pessoas presentes, quando éramos como igreja apenas 90 pessoas. Os
batismos foram realizados em um pátio aberto que era parte da pro-
priedade, sendo tudo divulgado pelo serviço de alto falante. Um irmão
teve a idéia de soltar foguetes de regozijo após cada batismo, levando
toda a comunidade a ter conhecimento da celebração do novo nasci-
mento. Foi um verdadeiro impacto no bairro. Por muito tempo, pessoas
influentes perguntavam o que tinha acontecido naquela ocasião e, por
curiosidade, vinham até à Igreja e ouviam a mensagem do evangelho,
passando a haver maior simpatia para com o nosso trabalho.

Portadores do HIV recebem o evangelho'222


Andre Bondarenkol 223
Sou jovem e posso falar representando a juventude. O tipo de mi-
nistério que estou realizando aqui é novo, mas vai crescer para a glória

"22" NOGUEIRA, Gelson Atílio Ferreira; Nogueira, Cláudia Almeida Matos. Entrevista concedida a
Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Jaén — Espanha, 17 ago. 2007.
121 ' Ele e sua esposa, Cláudia Almeida Matos Nogueira, são missionários na Espanha desde 1995,
tendo atuado em Tarragona e Jaén. No momento encontram-se em Barcelona.
' 222 BONDARENKO. Andre. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
' 22 ' Jovem obreiro da terra na Ucrânia desde 2006, sendo portador de HIV há sete anos desde
antes da sua conversão.
de Deus. Trabalho com dependentes químicos e com portadores do
Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). A Ucrânia é considerada o
país no mundo que tem o maior número de portadores de AIDS. Ofi-
cialmente são registradas na Ucrânia 121 mil vítimas de HIV, embora
alguns afirmem que o número correto é dez vezes maior. Conforme as
estatísticas, a maioria dos portadores de AIDS é constituída de pessoas
entre 18 a 30 anos de idade, mas no decorrer dos últimos meses mu-
dou para 14 a 28 anos, ou seja, são jovens e adolescentes.
O Governo me dá direito de penetrar nas escolas publicas onde faço
palestras. Compreendo que a juventude de hoje é o nosso futuro e que
o Cristianismo pode fazer uma grande diferença no trabalho com jo-
vens, investindo neles e lhes concedendo educação. Sei que os irmãos
do Brasil estão sempre orando por nós. O sustento que nos é oferecido
nos propicia a oportunidade de deixar os trabalhos seculares para nos
dedicar ao ministério. Eu sei também que os portadores de AIDS têm
menor chance de ouvir o evangelho e crer em Jesus. Mas quando chega
alguém como eu que tenho o mesmo problema deles, cerca de 90%
dos portadores de AIDS se prontificam a dizer "sim" para Jesus. Isso me
encoraja e me leva a aproveitar o tempo levando a muitos a mensagem
do evangelho de Cristo.

5. Frutos na África
Não distinguem a mão direita da esquerda1224
José Nite Pinheiro1225
Em Moçambique estive em uma tribo dos Muchopes. Fui apresenta-
do a uma senhora e demorei ali cerca de quatro horas à espera de meu
intérprete que tinha ido visitar alguns de seus familiares. Mas aquela
senhora fitava os olhos em mim durante todo o tempo. Ela era bem
idosa, dominada pelo vício da bebida. Quando o meu intérprete che-
gou, comecei o trabalho de evangelização com ela. Pedi que ele lhe

1 '24 PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
1 "' Foi missionário por 17 anos, sendo de 1972 a 1975 em Moçambique, em 1976 em Rodésia
(Zimbábue), e de 1976 a 1989 em Portugal Continental. Retornou ao Brasil para pastorear a Igreja
Batista de Rio da Prata, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até o final de 2007, deixando o
pastorado para se aposentar.
perguntasse qual a sua mão direita e qual a sua esquerda. Ela levantou
as duas mãos e ficou indecisa olhando para uma e outra. Finalmente
disse: "Eu não sei". Virei para o meu intérprete e disse: "Deus tenha
compaixão deste povo que não sabe fazer distinção entre a mão direita
e a esquerda". Isso me levou a pregar com maior vigor naquele país,
tentando alcançar alguns dos oito milhões de moçambicanos.

Fidelidade a Jesus' 226


Ronald Rutterl 227
Quando chegamos à África do Sul e assumimos o pastorado em
Germinston, Dona Madalena já freqüentava a Igreja por algum tempo.
Mas foi no início do nosso ministério ali que ela aceitou a Jesus. Nós a
preparamos para o batismo e ela ficou muito feliz. Tão logo marcamos
a data, Madalena comunicou à família a notícia e convidou o marido
para o grande dia. Ele logo disse que ela não estava "autorizada" a ser
batizada.
O batismo deveria ser na tarde de um domingo, uma vez que não
tínhamos batistério e usávamos o batistério de outra igreja. Nos traba-
lhos da manhã daquele domingo, ela não esteve no culto. Estranhei,
mas na hora do batismo ela estava lá e nos contou a sua história. Não
viera à Igreja pela manhã porque ficara em casa preparando o almoço.
À tarde quando começou a se aprontar, o marido lhe perguntou aonde
iria, pois ainda não era hora do culto. Ela respondeu que ia se batizar.
Em tom firme, ele falou: "Mas eu já lhe disse que você não está auto-
rizada a se batizar". Ao que ela respondeu: "Sim, você disse! Mas eu
tenho uma ordem superior à sua para ser batizada, e esta é do Senhor
Jesus. Você é meu marido, e eu lhe obedeço. Mas só é meu marido até
o túmulo. Depois você não poderá mais me ajudar. Só o Senhor Jesus
poderá cuidar de mim. E é dele que eu tenho essa ordem". Com esse
desafio, o homem lhe falou em tom ameaçador, que quando ela voltas-
se não o encontraria mais em casa. Ela retrucou: "Se assim é, o Senhor
Jesus que me salvou continuará a cuidar de mim!".

' 226 RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
Missionário na África do Sul de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e
1991.
Depois de me contar a sua história, orei com ela e a confortei. Em-
bora abatida, estava emocionada e feliz. Foi uma grande batalha, mas
foi vitoriosa em sua fidelidade ao marido e ao Senhor Jesus! E Dona
Madalena foi batizada naquela tarde. Ao voltar para casa, realmente o
marido não estava, mas logo voltou.
Ela continuou fiel a Jesus em uma caminhada que já conta algumas
dezenas de anos, e tem sido um grande esteio para o marido em todos
os momentos de sua vida. Enquanto isso, ele mesmo sem fazer a sua
decisão, tem sido um amigo da Igreja, sempre ajudando dentro de suas
habilidades profissionais. Antes, importa obedecer a Deus do que aos
homens" (At 5.29b).

Família atraída pela música para Jesus1228


Ana Augstroze Rutter1229
Tão logo chegamos à África do Sul, nossos irmãos portugueses ao
descobrirem que eu tinha habilidades musicais, desejaram que seus fi-
lhos aprendessem piano e órgão. Alguns deles adquiriram instrumentos
e seus filhos aprenderam a tocar. Eu ensinava não apenas a pessoas das
igrejas. As aulas aconteciam nas casas, mas também nas igrejas portu-
guesas.
Uma das situações de vidas salvas e abençoadas foi a de Mariana e
seus familiares. Ela era amiga de uma família da Igreja, e tendo conhe-
cimento sobre as aulas de música, perguntou se a professora poderia
ensinar a suas filhas, mesmo ela não pertencendo à Igreja. A resposta
foi positiva e as duas meninas começaram o aprendizado.
Na metodologia que eu usava, os alunos deveriam apresentar um
pequeno recital na Igreja, como parte de um culto. Logo que as duas
meninas tinham aprendido algumas músicas do Cantor Cristão, no
primeiro recital de alunos pedi que elas convidassem à mãe e ao pai
para assistirem a apresentação. Assim eles foram à Igreja e ficaram
encantados com as suas filhas tocando publicamente. A partir de en-

178 RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
12 " Juntamente com seu esposo, Ronald Rutter, foi missionária da JMM na África do Sul de 1979

a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e 1991, estando o casal hoje aposentado na
cidade do Rio de Janeiro.
tão, Mariana passou a freqüentar regularmente a Igreja juntamente
com as filhas. O pai também muitas vezes ia. Como resultado, ela
e depois as filhas foram batizadas. Em nosso período ali, o pai de-
monstrava que amava ao Senhor Jesus, embora nunca tivesse feito a
sua decisão publicamente. Uma das filhas foi organista da Igreja por
muito tempo e a família permaneceu fiel a Jesus, a quem devemos
todo o louvor.

O poder de Deus:um
Miquéias da Paz Barreto1231
Quando fui designado pela Junta de Missões Mundiais para ajudar
aquela pequena Igreja na cidade de Germiston (grande Johanesbug),
tive informações muito negativas sobre a reação que os de fala portu-
guesa faziam ao trabalho dos missionários brasileiros. Não aceitei de
início ser contagiado por este sentimento negativo, visto que ouvindo
a confirmação do Senhor, tinha completa certeza de que Deus me
abençoaria no período que iria passar com aquele pequeno grupo
de 8 pessoas. Ficamos durante dois meses visitando os irmãos e os
estimulando a participarem dos cultos, já que havia uma certa frieza
espiritual em algumas famílias, devido a problemas anteriores na vida
daquela Igreja.
Eu já estava até meio desanimado com a resposta que o povo estava
dando. Quase ninguém acreditava no que dizíamos, inclusive do que o
Senhor iria fazer na vida daquela comunidade tão sofrida. Entretanto,
em uma visita de domingo à tarde na casa de uma família que estava se
integrando à Igreja, fui contestado por um genro da família que, muito
cético, duvidou que pudéssemos colher frutos com a nossa maneira
simples de pregar o evangelho. Ele disse: "Não creio no que estás a
dizer, e posso te provar que não estás certo no que afirmas à Igreja".
Eu perguntei: "Que provas são essas que você tem?" Ele, com voz um
tanto desafiadora, disse-me: "Tenho um casal de moçambicanos aqui
do lado da casa de meus sogros. Eles não crêem em nada de religião,

121 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Relato breve de nossa viagem à África. Mensagem recebida por
<zedel@uot.com.br > em 25 set. 2008.
12 51 '
Miqu é ias da Paz Barreto e Dione de Almeida Barreto foram missionários Temporários na

África do Sul em 1992. Ele também serviu como presidente da JMM.


e quero ver como dizes que o evangelho que pregas tem poder para
modificar a vida de pessoas como essas". Eu respondi: "Não sei até
onde Satanás cegou-lhes o entendimento para não receberem a men-
sagem de Jesus, mas, apesar disso, o evangelho continua sendo o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crê". Ele então me disse:
"Vou chamá-los para que pregues a eles". Eu disse: "Fique à vontade.
Eu terei prazer em lhes apresentar o recado de Deus, mesmo que eles
não o aceitem". Ele então chamou aquele casal de engenheiros mo-
çambicanos. Ao nos apresentarmos, fui logo tratando de demonstrar
a minha preocupação espiritual com o destino de suas almas. Eles, fi-
losoficamente, se desculparam muito para dizer que não podiam crer
naquilo que estávamos dizendo, visto que não podiam aceitar a Bíblia
como livro de Deus.
Passamos a pregar o evangelho simples de Jesus: (1) A necessida-
de de crer no nome de Jesus; (2) necessidade de se arrepender dos
pecados cometidos; (3) necessidade de confessar humildemente seus
pecados; (4) necessidade de invocar o nome do Senhor para ser sal-
vo; (5) necessidade de abrir o coração para deixar Jesus morar em sua
vida. Exatamente nessa ordem e com essa simplicidade, apresentei a
mensagem àquele casal. Os dois ouviram com respeito e aceitaram o
meu convite de ir naquela mesma noite ao culto da nossa Igreja, que
começaria às 19h. Ali chegando, eu os apresentei aos poucos irmãos
que comigo estavam cultuando a Deus. Havia mais umas 5 pessoas nos
visitando naquela noite.
Pregamos a Palavra, repetindo quase tudo o que lhes havia dito
naquela tarde, e começamos a fazer o apelo que era algo com o qual
eles não estavam acostumados. Eles demoraram cerca de 10 minutos
para fazer a decisão, mas de modo muito emocionante, ambos vieram
à frente chorando, entregando seus corações a Jesus. Naquela noite,
Deus começou a fazer a obra na vida daquela pequena Igreja. Seis
pessoas se entregaram a Jesus, e, dali em diante, todos os domingos
víamos pessoas confessando a Jesus como Salvador e Senhor. A nossa
passagem por aquela Igreja marcou profundamente a nossa vida e o
ministério, tanto meu como da minha família. Eu pude ver aqueles
6 se batizando alguns meses depois e se firmando no evangelho de
Cristo.
O feiticeiro' 232
Ana Maria da Costa'"'
Em São Tomé e Príncipe, ao lado do nosso templo estava uma casa
de feitiçaria, onde havia muito sincretismo religioso. Iniciamos um tra-
balho social entregando medicamentos. O ambulatório cresceu e con-
seguimos o trabalho de vários médicos, mesmo sem serem evangéli-
cos. Houve um caso de pneumonia que atacou uma família inteira que
era justamente a família do feiticeiro. O filho dele quase morreu, mas
recebeu todo o apoio e assistência de nossa parte. O feiticeiro ficou
impactado com a nossa atitude, pois sendo nós evangélicos não deixá-
vamos de apoiar um feiticeiro. Muitas mulheres que antes levavam seus
doentes ao feiticeiro, passaram a ir à igreja e ao ambulatório. As pessoas
diziam que ele ia me matar porque eu estava tomando a sua clientela.
Mas a esposa dele adoeceu de pneumonia e depois ele próprio, e nós
os tratamos com todo amor.
Certo dia eu estava pregando e o feiticeiro estava presente com
uma faca na cintura. Disseram-me que ele iria me matar depois do
culto, mas eu fiquei tranqüila porque era normal aos homens anda-
rem com uma foice ou uma faca grande. Recebi de alguém um bilhe-
te, avisando-me que ele estava me olhando muito e aquele era o dia
quando atendia pessoas em sua casa. Contudo, ao fazer o apelo, foi
ele o primeiro a aceitar a Cristo. E dizia: "Quero esse Deus, porque
a minha seita já não vale mais nada. Eu adoeci e precisei de médico.
Quero esse Deus, porque ele é mais poderoso do que eu". Foi mara-
vilhoso ver o Senhor Antônio que antes servia a Satanás, entregando
a sua vida a Jesus e se tornando um firme anunciador do evangelho
de Cristo.

12 '2 COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
12 " Foi missionária Fazedora de Tendas no Paraguai em 1995, sendo depois efetivada. Esteve
entre 2001 e final de 2003 em São Tomé e Príncipe e voltou como missionária ao Paraguai, onde
faz Medicina com o intuito de retornar a São Tomé e Príncipe.
A armadura de Deus'234
Lauro Mandira12"
Uma de minhas primeiras experiências na África do Sul foi quando
encontrei um jovem que sempre ficava olhando os cultos de longe. Ele
era muito alto e muito fechado, de pouca conversa. Um dia o convidei
para entrar e ele rispidamente perguntou o que ganharia se entrasse.
Respondi que ele só saberia se entrasse e ouvisse o que seria dito. Ele
começou a freqüentar o culto e, pela graça de Deus, aceitou Jesus.
Logo mais ele me contou que com 8 anos de idade estava em Mo-
çambique na escola com sua irmã quando chegaram ali alguns homens
e disseram que os meninos iriam aprender a dirigir locomotivas. Ele en-
tão seguiu aqueles homens numa vontade imensa de aprender a dirigir
caminhões, mas nunca mais viu seus pais. A única coisa que se lembra
é que entrou no avião e eles o levaram a Cuba, onde cresceu. Ali nunca
ensinaram a dirigir locomotivas ou caminhões, mas ensinaram a contro-
lar metralhadoras, revólveres e canhões, preparando-o para a guerra.
Ele disse que na sua vida não teve mãe nem carinho, e o que apren-
deu foi matar gente. Mas quando conheceu o evangelho, sua vida foi
transformada. Antes não entendia a nossa presença ali querendo levar
algo para o bem das pessoas, porque ele nunca tinha recebido nada
bom. Hoje ele é um crente fiel, e com a nova arma que recebeu, a Es-
pada do Espírito, tem ganho muitas pessoas através do seu testemunho.
"Tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra
de Deus" (Ef 6.17).

Semeando a Palavra1236
Lauro Mandira
Na África do Sul fomos para uma mina próxima à Igreja, onde realiza-
mos trabalhos evangelísticos. Ali um jovem, meio embriagado, ouvindo-
me falar português, aproximou-se. Aproveitamos a oportunidade para lhe

MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13


maio 2008.
''" Juntamente com sua esposa, Thereza Campaner Mandira, foi missionário na África do Sul nos
períodos de 1987 a 1989 e 1999 a 2004. Retornou ao Rio de Janeiro para trabalhar na sede da
JMM, onde hoje ocupa a importante função de Gerente de Missões.
MANDIRA, Lauro; MANDIRA, Thereza Campaner. Carta aberta. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 23, n. 74, p. 14, mar. 1988.
entregar um Evangelho de João e também tes-
temunhar de Jesus. O moço ficou tão empolga-
do que nos levou a todos os seus colegas que
falavam português. Naquela tarde atingimos
18 pessoas com o testemunho do evangelho
e com literaturas. Eles gostaram tanto que nos
convidaram a voltar no domingo seguinte. Lá
estivemos e reunimos um grupo em torno de
uma grande mesa e pregamos-lhes a Palavra.
Após a mensagem, três deles fizeram sua públi-
ca decisão aceitando a Jesus como Salvador e
Missionário Lauro Mandira
Senhor. Estes três irmãos nos convidaram para
realizarmos no seu quarto mais um núcleo de
estudo bíblico para que os seus colegas também pudessem ouvir o evan-
gelho. E assim os que ouvem também anunciam. A semente vai sendo
espalhada, não só na África do Sul, mas através dessas pessoas que voltam
aos seus países de origem, e levam a Palavra aos parentes e amigos.

A história de Dirque'237
Terezinha Aparecida de Lima Candieiro1238
Dirque pertencia a uma família muçulmana numa comunidade mui-
to pobre de Moçambique. Devido à falta de opção, os pais, mesmo
sendo muçulmanos, matricularam Dirque no Pepe que funcionava em
uma das igrejas evangélicas. Enquanto freqüentava o Pepe, sendo de-
senvolvido física, emocional, social e espiritualmente, Dirque aceitou a
Jesus no seu coração e aprendeu a orar. Quando voltava para casa pe-
dia ao pai: "Papai, podemos orar a Jesus antes da refeição?" O pai ficou
furioso dizendo: "Não é nossa doutrina". Mas Dirque instia, até que um
dia o pai falou: "Eu não sei orar como vocês oram na sua escolinha".
Dirque respondeu: "Então papai, vai à escolinha comigo e pede ao
tio João. Ele é a pessoa que pode lhe ensinar a orar". O pai ficou com

1° CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São Paulo, 01 mar.
2007. Digitado.
""' Terezinha foi missionária temporária no Uruguai por dois anos entre 1988 e 1990. Em 1991
se tornou missionária efetiva em Moçambique, onde ficou até 2005. A partir de 2006 está no
Brasil como coordenadora geral do PEPE, mediante convênio entre a JMM, a BMS e a ABIAH.
aquele pedido na mente e no dia seguinte
foi ao Pepe. Chegou lá encontrou tio João,
viu seu amor pelas crianças, sua dedicação,
e sentiu-se tocado pelas orações das crian-
ças. Tio João começou a cultivar amizade,
até que um dia, sendo os pais de Dirque
convidados para ir à Igreja, aceitaram. O
tempo passou até que o pai, a mãe e toda
a família de Dirque aceitaram a Jesus e se
integraram na Igreja. Aleluia!
Missionária Terezinha
Aparecida de Lima Tudo começou com um pedido: "Papai,
Candieiro podemos orar?" Deus ouve as orações das
crianças. Elas são um referencial para a en-
trada no Reino, necessitam de salvação e
são agentes para a salvação dos que a cercam. "Deixai os pequeninos,
não os embaraceis de vira a mim, porque dos tais é o reino dos Céus"
(Mt 1 9.1 4).

6. Frutos em países muçulmanos


Aldeia inteira aceita a Cristo1239
Adoniram Judson Pires124°
Depois que já tínhamos uma igreja estruturada no Senegal, tivemos
um sonho de fazer uma viagem missionária a uma das aldeias no país.
Queríamos ter um Natal diferente na aldeia. Todos diziam ser impos-
sível, porque no Senegal era muito difícil pregar o evangelho e que
iríamos perder nosso tempo. Mas sentimos que era ordem de Deus e
precisávamos obedecer. Levamos uma pessoa daquela etnia para in-
terpretar. Passamos o filme "Jesus" e foi uma experiência impactante.
No momento da crucificação, todos se levantaram em uma demons-
tração de repulsa pelo que estava acontecendo, e alguns gritavam que
não fizessem aquilo, que aqueles homens eram maus. No final toda a
aldeia, umas duzentas pessoas, foram à frente. Uma senhora das mais

12 " PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
'2 "' Missionário no Senegal entre 1994 e 1999 e na Espanha desde 1999.
velhas veio a mim dizendo que já conhecia o evangelho, pois quando
era pequenina houve uma fome e chegou um caminhão de crentes
evangélicos com tanto arroz que dava 12 quilos para cada pessoa. Eles
não podiam falar a língua do grupo porque não tinham permissão, mas
anunciaram com atos e a vida o nome de Jesus. Agora estávamos co-
lhendo os frutos daquele tempo tão distante.
Continuamos a dar assistência àqueles novos irmãos e hoje há uma
igreja ali. Voltei depois de alguns anos, e um irmão lamentava porque
tínhamos um bom grupo, tínhamos estudos bíblicos, mas não havia um
lugar para construir um templo. Eu lhe respondi que não desanimasse,
porque Deus iria abrir uma porta. Quando encontrei o chefe da aldeia
que era meu amigo, ele logo me disse: "Se eu soubesse que vocês esta-
vam aqui hoje, levaria vocês para pisar no terreno que vou dar a vocês
para construírem o templo". Deus não falha. "As suas misericórdias não
têm fim" (Lm 3.22b).

Oração respondida' 241


Kely Aline da Silval242
Uma experiência que me marcou quando estávamos no Projeto Radi-
cal, no Niger, foi uma viagem que fizemos para a capital. Para chegarmos
lá era preciso usar o transporte comunitário que era uma Van muito an-
tiga. Também tínhamos de pegar uma barca que só passava de hora em
hora. Por isso, tínhamos de sair cedo para aproveitar bem o dia.
A nossa barca estava quase no horário de saída e o motorista da Van
se atrasara. No meio do caminho, um homem pediu que o motorista
parasse o carro, porque a esposa estava em trabalho de parto. O mo-
torista ficou constrangido, pois não queria esperar e a mulher estava
andando com muita dificuldade. Ela entrou no carro sentindo muitas
dores, mas todos perdemos a barca. Lá no Niger, a mulher não fala
quando está grávida, porque tem medo que os espíritos façam algum
mal à criança. Eu me aproximei dela e comecei a conversar. Perguntei

SOUZA, Kely Aline da Silva. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
1242
Kely é esposa de Josué Rodrigues Pacheco e participou com ele do Projeto Radical África,
ele atuando em Guiné-Conacri e ela no Niger. Retornou ao Brasil em novembro de 2006 e tem
participado nas promoções de Missões Mundiais.
há quanto tempo ela estava sentindo aquela dor. Então comprei água,
peixe e pão para ela se alimentar, pois não vinha se alimentando con-
venientemente. Pedi permissão para tocar a sua barriga e perguntei se
eu poderia orar em nome de Jesus. Ela permitiu. Depois deixei com ela
uma fita cassete e um folheto que falava sobre as mulheres da BÍBLIA.
Prossegui na viagem e, de certa forma, esqueci o ocorrido.
Depois de oito meses, quando faltavam apenas três semanas para
voltarmos ao Brasil, fui ao Posto de Saúde que eu freqüentava todas
as segundas-feiras. Ali uma senhora veio em minha direção gritando.
Percebi que era aquela mesma mulher por quem orei naquela ocasião.
E ela dizia com o tom de alegria: "Você orou por minha filha". Assim
ela mesma começou a falar de Jesus dizendo que Ele tinha curado a sua
filha. Disse também que tinha falado de mim para toda a aldeia e que
eu precisava ir lá. Atendi ao convite e fui à aldeia onde ela e as outras
mulheres tinham preparado uma festa para mim. Recebi vários presen-
tes, inclusive duas galinhas. Isso me marcou muito porque foi somente
um dia e um momento que eu estive com a mulher e fiz apenas uma
oração. Mas a Palavra não voltou vazia, e o mais importante é que o
nome de Cristo foi anunciado. Glória a Deus!

O Jesus do Alcorão e o Jesus da Bíblia1243


Geoesley Negreiros Mendes1244
A minha maior experiência na Guiné-Conacri foi comprovar o fato
de que as pessoas, nos países islâmicos não conhecem o verdadeiro
Jesus. Quando cheguei lá tive um choque quando percebi que eles só
conhecem o Jesus do Alcorão, que é apenas um profeta como qualquer
outro da Bíblia, mas não o Filho de Deus. Falar do Jesus da cruz era
para eles uma novidade.
Nós trabalhamos em uma cidade bem pequena que era considerada
uma cidade estudantil, por que na maior parte das aldeias os alunos
estudam até a sexta série e se quiserem continuar os estudos, vão para

'' MENDES, Geoesley Negreiros. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
I"' Geoesley foi do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado na Guiné-Conacri. Foi para o
campo em maio de 2005 e retornou ao Brasil em dezembro de 2007, tendo trabalhado na mobi-
lização missionária de Missões Mundiais no início de 2008.
outras aldeias vizinhas onde há estudos mais avançados. Assim eles po-
dem concluir o ensino médio e depois ingressar na Universidade da
capital. Os alunos saíam das suas aldeias e iam à cidade onde moráva-
mos. Com isso, tivemos muito contato com estudantes. Como eles não
estavam perto dos pais, sentiam-se mais à vontade para ouvir a men-
sagem do evangelho. De qualquer maneira havia dificuldade para eles
permitirem que falássemos de Jesus. Mas estando o país em guerra, eles
ficavam mais sensíveis e susceptíveis à mensagem do evangelho.
A estratégia que usamos foi dizer que Deus tinha um plano muito es-
pecial para aquele país. Aos estudantes falávamos que eles, como nova
geração, poderiam ajudar a mudar o país para melhor. Às vezes tínha-
mos de insistir para que nos ouvissem, assim como nos dispúnhamos
para ouvi-los. Insistíamos que a nossa tarefa era anunciar uma nova
mensagem e não uma nova religião. Pouco a pouco eles foram abrindo
as suas mentes e já procuravam um espaço maior em nossa casa para
estudar a Palavra de Deus. Conseguimos distribuir Bíblias para muitos
jovens que sabiam da reação de seus pais, a ponto de não permitir que
entrassem em casa com aquele livro e muito menos que o lessem. Um
desses moços ganhou uma Bíblia. Como não podia levar para dentro
de casa, ficou sentado do lado de fora lendo até às duas da manhã. Isso
nos impressionou muito, porque sabíamos que eles eram tocados pela
mensagem, mas os entraves sociais e familiares eram muito grandes.
Apesar de tudo, alguns terminaram por não resistir o toque do Espírito
de Deus e se converteram. Mas a permanência no evangelho requer
muita renúncia, disposição e fé. "Porque no evangelho é revelada, de
fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé"
(Rm 1.17).

A Bíblia faz a diferença1245


Adilson Ferreira dos Santos1246
Um fato marcante ocorreu na Arábia Saudita quando um líder mu-
çulmano teve um câncer e foi se tratar na Europa. Chegou no hospital e

" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Recife, 17 mar. 2008.
1 '4" Desde janeiro de 2002, Pastor Adilson é representante da JMM no Estado de São Paulo, tendo
feito várias viagens aos campos, dando apoio aos nossos missionários em vários países.
fez a cirurgia. Enquanto se recuperava, teve certa noite um sonho. En-
quanto lia o Alcorão uma página começou a pegar fogo. Ele tentou apa-
gar o fogo, mas não conseguiu. A brasa se estendeu para todo o Alcorão
que se consumiu totalmente. Após destruir o livro, o fogo aumentou e
começou a escrever: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida". Ele nun-
ca tinha visto nem ouvido aquela frase. O líder acordou e pela manhã
estava desesperado porque o Alcorão tinha se queimado. Mas aquela
sentença martelava a sua cabeça incessantemente. De repente, entra
uma enfermeira no quarto e ele pergunta se já tinha ouvido aquela
frase. Ela sorriu e disse que sim; era um dos ensinamentos de Jesus que
afirmava ser ele o verdadeiro caminho. Aquele líder pediu a explicação
do seu significado. Ela respondeu que não sabia explicar, mas que o
seu pastor poderia fazê-lo. Perguntou então se ele aceitava uma visita.
A resposta foi afirmativa. Assim o pastor foi visitá-lo, expôs o plano de
salvação, e o enfermo terminou por aceitar a Cristo como seu Salvador.
Nos últimos anos esse homem já distribuiu mais de 600 mil cópias do
filme "Jesus" na Arábia Saudita. O amor de Jesus não tem limite!
O Senhor nos enviou para "fazer discípulos de todas as nações" (Mt
28.19a). A responsabilidade de discipular tem sido um dos pontos
fortes do trabalho missionário dos batistas brasileiros, quando o povo
da terra é treinado para assumir a liderança com o seu povo, pros-
seguindo a obra iniciada pelo obreiro de outro país. Nesse mister,
o discípulo é preparado para multiplicar a sementeira, levando ou-
tros a também aceitarem a mensagem do evangelho. Este trabalho,
contudo, é acompanhado da tarefa de levar o discípulo a crescer na
vida cristã, sendo edificado segundo a doutrina do Senhor, sem artifí-
cios humanos, mas se colocando nas mãos de Deus como servo fiel.
Quando o Senhor escolhe alguém para o seu serviço, não o faz ape-
nas para que ele seja abençoado, mas para que abençoe a muitos,
conforme Deus falou a Abraão: "Sê tu uma bênção" (Gn 12.2c).

1. Edificando vidas em países de língua portuguesa


A Campanha do Ouro1247
José Nite Pinheiro1248
Em Porto, Portugal, havia um grupo de crentes muito dedicados e ami-
gos. A gente não podia dizer que gostava de alguma coisa, porque eles
traziam para a nossa casa. Tudo o que precisávamos eles iam buscar onde

1247 PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira

de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.


124" Missionário de 1972 a 1989 em Moçambique, Zimbábue e Portugal Continental.
estivesse. Diziam que eram a nossa Filipenses. A Igreja cresceu e alugamos
uma oficina de automóveis. Então unimos as forças e compramos um terre-
no no centro do bairro. Hoje está ali um santuário muito bonito e grande.
Temos uma bela história sobre a compra daquela propriedade. Fize-
mos a campanha do ouro. Foi muito lindo! No dia da entrega, tínha-
mos uma bandeja dourada em cima da mesa e todos iam cantando e
chorando para entregar o ouro. Na hora, perante o auditório, tiravam
o colar ou o cordão do pescoço e as largas pulseiras dos braços e de-
positavam perante o Senhor. O português usa muito ouro. Assim eles
encheram aquela bandeja de tal maneira que deu para comprar o pré-
dio inteiro. Houve a construção e a casa ficou muito bonita. Havia um
casal muito nosso amigo que tomou conta do piso, e o colocou todo
vem cortiça. Você pode andar ali sem fazer qualquer barulho.
Ficamos 8 anos em Porto, naquela pequena Igreja, mas ao sairmos
havia quase 90 membros. Deus usou as nossas potencialidades de for-
ma maravilhosa e nós dedicamos tudo para a glória do Senhor.

Maria entregou o que Deus lhe pediu!1249


Antonio Joaquim de Matos Galvão125°
No inicio de 1977, preguei na abertura da Campanha de Missões na
Igreja de Jardim Colégio, no Rio de Janeiro. Ao final, como é costume
meu, peço que cada pessoa pergunte a Deus qual a oferta que Ele lhe
solicita. Na porta do templo, despedindo os irmãos junto com o pastor
Ernandes Pinheiro, uma irmã de certa idade me disse: "Pastor como
eu gostaria de dar para missões o que Deus me pediu nesta noite". Eu
falei: "Se Deus lhe pediu é porque a irmã pode dar. Ele não pede nada
a seus filhos que estes não possam dar". Ela respondeu: "Não posso,
Pastor, é muito dinheiro. Deus me pediu 500 cruzeiros. Meu filho que
me ajudava foi servir o Exército. Mas graças a Deus, consegui um em-
prego há duas semanas numa casa de família em Copacabana".
Depois de saber seu nome, disse-lhe: "Irmã Maria, ore, porque a irmã
vai dar o que Deus lhe pediu". Fui embora e cerca de um mês depois re-

'''" GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
12 '" Missionário em Moçambique, Espanha, Argentina e Paraguai, de 1976 a 1993, quando pas-
sou a servir na sede da JMM em várias coordenadorias.
cebi um telefonema do Pastor Ernandes, para me contar a vitória da irmã
Maria. Naqueles dias aconteceu o Carnaval, e a patroa dela foi passar
esse período na região dos lagos. Pediu que ficasse na casa de sua mãe,
em Ipanema, para ajudá-la. Maria aproveitou a ocasião para lhe falar do
amor de Jesus e lhe contou muitas histórias bíblicas. O Carnaval passou e
a irmã Maria voltou à sua rotina de trabalho. Certo dia a patroa foi visitar
a mãe e esta lhe disse: "Gostei demais da tua empregada. Você sabe que
ela me contou histórias maravilhosas sobre a Bíblia e sobre Jesus? Gostei
tanto que separei uma lembrancinha para ela". E lhe entregou um enve-
lope. Mais tarde, depois do jantar, a patroa lhe disse: "Maria, obrigada
por teres tratado tão bem a mamãe. Por isso vou te dar um aumento este
mês. A propósito, mamãe mandou esta lembrança para você".
Depois de arrumar a cozinha, a irmã Maria foi para seu quarto, abriu
o envelope, e imaginem o que estava lá dentro: 500 cruzeiros. Exata-
mente a oferta que Deus lhe pedira. Quando Deus pede, ELE só quer
que confiemos em Sua palavra, o mais ELE faz. "A fidelidade do Senhor
subsiste para sempre. Aleluia!" (SI 117.2b).

O terremoto nos Açores'251


Márcia Venturini de Souza1252
Lilia correu para abraçar a mãe. O prédio de três andares parecia
uma caixa de fósforos diante do estrondo. Alguém falou: "É melhor
deixarmos o prédio". Pensei que seria o fim. Um edifício tão grande e
bem estruturado poderia vir abaixo? Fátima começou a passar mal e,
de repente, o terremoto cessou.
Naquele dia escureceu cedo e não havia luz elétrica. Mas agradeci
sinceramente a Deus pelas vidas poupadas. Havia sete famílias da Igreja
desabrigadas e isso era o mínimo em relação ao estrago que o terremo-
to causou. Com a ajuda de Deus, a provisão que estava chegando de
várias partes seria suficiente para o atendimento dos desabrigados.
Naquela primeira noite houve ainda mais sete abalos, dos quais dois fo-
ram grandes, mas nada comparados ao primeiro. Trinta e dois segundos fo-
12" VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo: memórias açorianas de Márcia Ventu-
rini. São Paulo: Autora, 2002, p. 171-187.
' 2" Juntamente com seu esposo, Francisco Antônio de Souza, foi missionária em Açores de 1974
a 1983, Angola em 1983, Portugal Continental, entre 1984 e 1996 e Cabo Verde, em 1996 e
1997. Foi chamada à presença do Senhor em 27 de fevereiro de 2007.
ram suficientes para que quatro ilhas do arquipélago fossem chacoalhadas:
Graciosa, São Jorge, Faial e Terceira. A Ilha Terceira foi a que mais sentiu,
pois 60% do que havia nela foi destruído. Apenas cinco templos católicos fo-
ram preservados. Algumas mortes, muitos feridos e inúmeros desabrigados.
Durante dois meses a situação era caótica na Ilha Terceira. O povo
ainda estava alarmado, mas tendas começaram a ser erguidas para a
população se acomodar melhor. O desemprego era crescente, fábricas
fechavam e quase todos tiveram o seu comércio perdido. Nós deci-
dimos visitar as pessoas de casa em casa, dando-lhes o conforto da
Palavra de Deus. Pudemos perceber que apesar de toda a tristeza, a ca-
tástrofe terminou por conduzir mais pessoas a Deus. Logo mais tivemos
conferências de evangelização com o Pastor Diné René Lota, e muitas
pessoas aceitaram a Jesus como o seu Salvador.
Fiquei muito feliz porque naquele ano o orgulho de Portugal foi aba-
lado. Mas não foi somente casas que o terremoto destruiu. Por intermé-
dio dele, o Senhor derrubou vários muros de resistência. Deus abalou
o orgulho e preconceito de homens, mulheres e crianças, quando rece-
beram ajuda dos protestantes. E muitos entenderam que havia apenas
um Deus, e era somente através de Cristo que o ser humano poderia
ter acesso a Ele. Pessoas descrentes vinham a nós, pedindo que orás-
semos por elas e houve o fortalecimento da fé daqueles que já tinham
recebido a Jesus. A provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tg 1. 3 e 4).

A bênção de contribuir1253
David Tavares Pina'254
Na qualidade de representante da JMM no Nordeste, temos sido tes-
temunhas de como Deus realiza maravilhas através do amor a missões
demonstrado pelas igrejas. Na cidade de Feira de Santana, Bahia, uma
igreja tinha o alvo de R$ 12.000,00 (doze mil reais) para a Campanha
de Missões Mundiais. Na semana que iniciaram a Campanha houve

PINA, David Tavares. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 20 out.
2007.
'2'4 Desde 2003 é representante da JMM no Nordeste, abrangendo hoje os estados do Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
um vendaval muito forte que destruiu todo o telhado da Igreja. O or-
çamento para repor o telhado era de R$ 14.000,00 (catorze mil reais).
Pensei que naquela emergência, eles usariam o dinheiro da Campanha,
pois era um momento critico. O pastor me chamou para conversar
e disse que a Igreja concordou em não mexer no dinheiro da oferta
missionária, assim como não aceitava dar um valor menor que o do
telhado que precisavam repor. Então os irmãos resolveram fazer duas
campanhas simultaneamente, sendo uma para a compra do telhado
e outra para missões. E assim aconteceu. Eles alcançaram na ocasião
certa os R$ 14.000,00 (catorze mil reais) para a compra do telhado e
mais R$ R$ 16.600 (dezesseis mil e seiscentos reais) para a oferta de
Missões Mundiais. Ficaram mais do que felizes por terem honrado o
compromisso missionário que tinham assumido.
É bom ver que as igrejas envolvidas na obra missionária são muito
abençoadas. Isso me faz lembrar que na Igreja de Penedo, interior de
Alagoas, um garoto adotou uma missionária e disse que ia lutar para
que a sua oferta de missões fosse a maior da Igreja. Começou a batalhar
moeda após moeda, e no final a sua oferta foi a mais elevada de todas.
E mesmo que não o fosse quantitativamente, seria qualitativamente,
como aconteceu com a oferta da viúva pobre elogiada por Jesus (Lc
21.1-4). Quando se abre o coração para missões, Deus nos cobre com
as suas bênçãos, tanto neste mundo como na eternidade, como diz o
apóstolo Paulo: "Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para
alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará
os frutos da vossa justiça". (2Co 9.10).

2. Edificando vidas em países hispânicos


A liberalidade dos irmãos1255
José Calixto Patrício1256
Quando chegamos à Venezuela, havia sério problema quanto à mo-
radia, assim como em se conseguir local para os trabalhos. Foi quando

'2 " PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
1256 Juntamente com sua esposa Sueli Mieko Sirasawa Patrício, foi missionário na Venezuela de

1976 a 1994, na Califórnia, EUA, entre 1994 e 1996, e em Costa Rica, de 1996 a 2002.
uma irmã cedeu sua casa a fim de realizarmos os cultos. Ao comprar
aquela casa, essa irmã suplicava ao Senhor o envio de um missionário
batista para começar ali uma obra. Iniciamos então o trabalho na sala,
depois abrimos uma classe na cozinha, mais tarde outra na lavanderia
e por fim um dos quartos foi utilizado para mais uma classe. O traba-
lho não tinha mais para onde crescer. Então ainda havia um pequeno
jardim ao lado da casa; pedimos para que ali fizéssemos uma garagem,
a fim de começarmos a congregação. Ela prontamente nos cedeu e foi
assim que começamos a nossa atuação naquela região venezuelana.
Nossos dízimos que estavam guardados, desde maio até agosto, foi in-
vestido nesta obra.
Em três anos Deus nos abençoou e compramos aquela casa com re-
cursos do próprio trabalho, pois havíamos ensinado aos novos crentes
sobre mordomia. A liberalidade dos irmãos, embora pobres, foi sufi-
ciente para continuarmos o trabalho. Assim, de modo festivo, orga-
nizou-se a Igreja em julho de 1980, com 56 membros fundadores. A
nova grei recebeu o nome de Igreja Batista Memorial de Barcelona, em
homenagem e agradecimento ao povo batista brasileiro, pelo apoio e
envio de missionários. É assim que Deus abençoa a sua obra, "porque
eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas,
se mostraram voluntários, [...] e não somente fizeram como nós esperá-
vamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor" (2Co
8.3-5).

A esperança está em Deus1257


Dalva Santos de Oliveira1258
No Paraguai, trabalhei em uma região onde havia muita carência,
levando-me a fazer de tudo, inclusive tratar enfermos. Vivi situações
nunca imaginadas, onde só Deus podia trazer as soluções. Certa oca-
sião eu estava em casa, já à noite, quando um jovem foi me chamar
para ajudar o trabalho de parto de sua esposa. Expliquei que isso não
era algo que eu poderia fazer e que procurassem uma parteira. Ele

123 OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu

Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.


12 " Missionária no Paraguai entre 1968 e 1991, e na República Dominicana entre 1999 e 2002,

quando se aposentou e passou a fazer promoções missionárias nas igrejas.


explicou que ela já vinha sentindo contrações
por alguns dias e precisava de ajuda imediata.
O local era muito longe e de difícil acesso, mas
senti que Deus estava me ordenando ir. Con-
segui um jipe na fazenda e fui. A viagem foi
terrível. Quando lá cheguei, a família veio ao
meu encontro gritando: "Chegou a nossa es-
perança, chegou a nossa esperança". Respondi
que não era esperança de ninguém, que não
confiassem em mim, pois nada sou. Eu disse: nária Dalva Santos
"Vocês precisam confiar em Deus". de Oliveira.
Quando entrei na casa, encontrei aquela
mulher pálida, desfalecida, sem qualquer re-
ação. Perguntei às pessoas que estavam ali se criam em Deus e no
poder da oração. Responderam afirmativamente. Demos as mãos ao
redor dela e comecei a orar: "Senhor, tu estás vendo esta situação;
tu me trouxeste aqui. E agora? Que devo fazer?" Quando terminei de
orar, ela reagiu, levantou-se e começou a andar. Mas as contrações
reiniciaram, apesar de não haver qualquer dilatação. Aparecia a cabe-
cinha da criança, porém não tinha como sair. Sugeri que a levassem
ao hospital, mas o marido entrou em prantos. Clamei a Deus e ouvi
como se Deus estivesse falando: "Corta, corta". Eu não podia. Mas
Deus insistia: "Corta, corta". Assim eu fiz o que Ele mandou e no
final deu tudo certo. A mulher reagiu muito bem e a criança nasceu.
Depois acompanhei toda a sua recuperação. Essa foi apenas a primei-
ra experiência desse tipo, mas outras surgiram. Eu por mim mesma,
nada podia fazer, mas o Senhor me usou. "Posso todas as coisas na-
quele que me fortalece" (Fp 4.13).

Os construtores na Ilha Bogado'259


Francisco Cid126°
A Ilha Bogado ficava na cidade de Luque que era parte da Grande
Assunção, no Paraguai. Ao chegarmos ali não havia ruas; apenas ca-

125 CID, Francisco. Missões no Paraguai: uma obra de fé. Arquivo Cid, Hortolândia, 29 out.
2007. Digitado.
1" Missionário na Argentina de 1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999.
minhos. O gado andava solto, bem como os porcos e galinhas. Não
havia água encanada nem luz elétrica. O templo era uma pequena
capela sem nenhuma estrutura, a não ser uma vigota de madeira na
cumeeira, de onde partiam os caibros até as paredes laterais. Havia
uma curvatura perigosa no telhado, que qualquer vendaval poderia
jogar tudo por terra. Nossa primeira providência foi fazer o escora-
mento do teto e da capela, a fim de proteger as vidas dos que partici-
pavam nos cultos. A EBD se reunia embaixo das árvores quando não
chovia. Os cultos de oração e estudos bíblicos eram feitos nas casas.
Não havia banheiros.
Certo dia, reuni a Igreja e disse que precisávamos construir ba-
nheiros e salas para a EBD. Tínhamos algum dinheiro para comprar
parte do material de construção, mas eu disse aos irmãos que sou
pastor de não pagar mão-de-obra para os de fora; o trabalho seria
feito através de mutirão. Um irmão perguntou quem iria fazer esse
mutirão. Eu lhe respondi que éramos todos nós. Outro irmão retru-
cou que ninguém sabia construir, e eram apenas peões (serventes) os
que trabalhavam em construção. Perguntei se não queriam aprender.
A resposta foi positiva, mas veio acompanhada da pergunta: "Quem
vai nos ensinar?" Completei: "Eu". Certamente me valeria do que
aprendi com o meu pai desde menino e depois no SENAI, onde fiz
o curso e tornei-me instrutor de ofícios. Começamos a construção.
Nos feriados e domingos, após a EBD, lá ficávamos todos trabalhan-
do: homens, senhoras, jovens e crianças. Meia hora antes do culto
parávamos, e após nos limparmos, tomávamos um lanche; era uma
confraternização completa. Construímos banheiros completos (femi-
nino e masculino), cinco salas para EBD, um pequeno salão social
e, na parte superior, um apartamento com sala, cozinha, banheiro
e três quartos, para futuramente a Igreja oferecer como moradia ao
pastor. Avançamos com a construção, fazendo a estrutura do templo
com colunas, vigas e laje de concreto, batistério, sala pastoral e outra
para secretaria.
As casas dos membros da Igreja eram muito precárias, constituídas
apenas de um quarto e cozinha. No quarto havia a cama do casal e
ao lado outra de igual tamanho, onde dormiam todos os filhos, me-
ninos e meninas. Não havia banheiro; apenas do lado de fora uma
precária latrina sem porta. Ao construirmos o templo através de mu-
tirões, os membros da Igreja se despertaram para reformar suas casas,
usando o mesmo sistema. Todos aprenderam o oficio de pedreiro
conosco ali no templo. Roque, o que mais estudos tinha, tornou-se
mestre de obras numa construtora; Nery, que era guarda-noturno
num laboratório, passou a empreitar construções por conta própria;
Abraão era servente de pedreiro e se tornou construtor; Oscar era
jardineiro e passou a realizar pequenas construções. Os filhos desses
irmãos aprenderam o oficio e passaram a ajudar os pais. Todos eram
dizimistas e, quando lhes faltava trabalho fora, vinham trabalhar no
templo e a Igreja lhes dava a provisão de uma cesta básica de ali-
mentos.
Foi assim que os irmãos da Ilha Bogado melhoraram suas mora-
dias, ampliando-as com mais quartos em que podiam separar os
meninos das meninas, com sala, cozinha digna e banheiro. Havia
alegria quando compartilhavam as bênçãos que o Senhor lhes con-
cedeu, ao permitir que construíssem ou melhorassem suas próprias
casas. Assim a Igreja e as famílias foram abençoadas mediante a
orientação e ensino ministrado pelos missionários. A Deus pertence
toda a glória!

Testemunho no sofrimento1261
Armando de Oliveira Neto1262
Em uma festa de 18 de setembro, que é o Dia da Pátria no Chile,
chegou uma senhora completamente acabada. Ela era jovem, junta-
mente com o marido, mas por conta de uma situação difícil, estava
desesperada. Soube que aqui na Igreja havia um pastor e sua esposa
que tinham perdido uma filha. Essa senhora também tinha passado
por situação semelhante com a morte de um filho de 3 anos de idade.
Ela tinha sido informada que o filho tinha morrido em conseqüência
de um pecado que ela havia cometido. Assim nos deparamos com
uma pessoa completamente destruída. Quando a senhora nos viu, sa-

'"' OLIVEIRA NETO, Armando de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
1262 Ele e sua esposa, Catarina Boone Jacobsen de Oliveira, são missionários desde 2000 em San-

tiago do Chile, trabalhando na área de evangelização, ensino e música.


bendo que tivemos uma experiência de perda igual à dela, mas Deus
estava trabalhando a nossa mente e coração dolorido, ela começou o
processo de restauração de sua vida. Na verdade, Deus trabalhou de
forma maravilhosa a partir daquele momento.
Hoje os dois estão firmes na Igreja e preparados para servir ao Se-
nhor. A experiência que nós vivemos, com a morte de Deborah em
janeiro de 1999 e os momentos que seguiram, foi muito significativa,
porque éramos pessoas que podiam falar de sofrimento na mesma
língua deles. Hoje vemos o irmão Rodrigo e a irmã Zaida como líderes
na Igreja, inteiramente comprometidos. Isso nos traz uma grande ale-
gria. E Deus abençoou o casal ainda mais. Tinha uma menina maior
e agora tem também um menino de dois anos, pois no processo de
restauração ela engravidou e o Senhor lhe deu outro filho. A fidelidade
de Deus não tem limites. "Bom é render graças ao Senhor, 1-.4 anunciar
de manhã a sua misericórdia e, durante as noites a sua fidelidade" (SI
92.1 e 2).

Resposta às orações1263
Juan Carlos Nunez Romero1264
Uma experiência muito especial ocorreu em Punta Arenas, últi-
ma cidade do Chile na Patagônia Chilena. A cidade è caracterizada
por provocar nas pessoas um estado de depressão que gera muitos
suicídios, devido à solidão, ao frio e ao isolamento geográfico. Eu
pastoreava a Igreja Batista de Praia Norte, onde havia um jovem
universitário membro da Igreja que enfrentava um terrível quadro
depressivo. Seus familiares já não sabiam o que fazer. Comecei a
aconselhá-lo, enquanto orava e jejuava por esta situação tão difí-
cil, pois era uma grande luta espiritual. Com a sabedoria de Deus,
passei a acompanhar de perto aquele jovem. Depois de meses, ele
começou a mostrar mudanças positivas no seu comportamento. Foi
grande a minha alegria. Hoje ele é um membro ativo da Igreja, um
profissional que tem excelente trabalho, casado e pai de família. É

126 ' NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NUNEZ ROMERO, Juan Carlos. Experiência inspirati-
va. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em 30 maio 2007.
1264 Missionário no Chile, esposo da missionária Narriman Soares Guimarães Nunez desde abril
de 2002.
um lindo exemplo daquilo que Deus pode fazer quando nos colo-
camos nas suas mãos para servi-lo. "É por Cristo que temos tal con-
fiança em Deus" (2Co 3.4).

Terremoto no Chile1265
Narriman Soares Guimarães Nufiez1266
Uma experiência que me tocou profundamente foi por ocasião
do terremoto no Norte do Chile, ocorrido em junho de 2005. Era
cerca de 19 horas quando começou o grande movimento telúrico
na cidade de Pozo Almonte, em pleno Deserto do Atacama. Parecia
que seria o fim do mundo. Já estávamos acostumados com os tremo-
res de terra diariamente, mas naquele dia foi muito diferente.
Depois do grande pânico na cidade, saímos de imediato para ver
nossos irmãos nas comunidades indígenas, na zona urbana daquela
cidade. Quando chegamos ali, vimos um quadro inédito. As famílias
indígenas que já conheciam o evangelho estavam em uma tranqüili-
dade fora do comum, apesar de suas casas não mais existirem. Todas
estavam no chão; perderam tudo. Mas quando perguntamos como
se sentiam, eles responderam: "Estamos bem, missionária. Não se
preocupe conosco, pastor. Deus cuidou de nós". Que maravilha!
Que diferença... Apenas a algumas quadras, na mesma aldeia, ha-
via vozes de desespero, pois ainda não conheciam a paz que só
Jesus pode dar. E no meu coração veio o pensamento: "Não foi em
vão viajar mil quilômetros por semana para ensinar a Palavra
de Deus a estas pessoas. Vale a pena! Jesus sempre fez e fará a
diferença".
Nós ficamos sem casa para reunião e até hoje estamos recuperando
aqueles lugares atingidos pelos terremotos. Mas o Senhor providenciou
recursos através de chilenos e brasileiros, para recuperarmos o que ha-
víamos perdido. Isso é missões! Louvado seja Deus!

NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NU1CJEZ ROMERO, Juan Carlos. Experiência inspirati-
va. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em 30 maio 2007.
1266 Missionária no Chile desde 1986, casou-se em abril de 2002 com o obreiro da terra, Juan
Carlos Nunez Romero, hoje também missionário efetivo da JMM.
Dedicação completa ao Senhor
Edelweiss Falcão de Oliveira1267
O Governo cubano, em uma atitude de abertura para com os evan-
gélicos, tem permitido o surgimento das denominadas casas-culto,
que são o que chamamos cultos nos lares, ou seja, residências onde
se permite louvar a Deus, orar ou mesmo anunciar a mensagem do
evangelho. Como resultado, cada casa-culto tem se transformado em
uma igreja. Quando estivemos em Cuba em abril de 2007, como parte
da pesquisa para o preparo deste livro, ouvimos a história a seguir que
muito nos comoveu.
Certa senhora orava a Deus para que o Governo de Cuba lhe cedes-
se um espaço para moradia, até que isso aconteceu. Ela disponibilizou
a pequena casa para o louvor de Deus. O local de culto foi se esten-
dendo e paredes foram demolidas, como acontecia na casa de outros
irmãos. Mas ela tinha um belo jardim que era a sua alegria e lazer, pois
cuidava das plantas com muito desvelo. Certo dia o pastor lhe pergun-
tou se havia a possibilidade de usar aquele espaço para um trabalho
com crianças, pelo que foi repreendido por sua esposa, pois percebia
o quanto aquele jardim era amado e regado pela dona da casa. Isso
significaria o fim daquelas tão belas flores. Entretanto, quando a senho-
ra soube da necessidade para a obra, de pronto respondeu que todo
o espaço ali estava à disposição da Igreja, pois tinha dedicado tudo ao
Senhor e nada era mais importante do que servi-lo. E assim aconteceu
para a glória de Deus. O jardim de flores se transformou em um jardim
de crianças que com alegria aprendiam sobre o infinito amor de Deus.
Existe algo mais belo? "Deixai vir a mim os pequeninos e não os emba-
raceis" (Lc 18.16b).
Quando hoje se vê tanto apego ao bem-estar pessoal e ao conforto
familiar, esse exemplo deixa muitos corados de vergonha. Afinal de
contas, o crescimento do número de igrejas e do número de batistas
em Cuba pode deixar muitos espantados, mas isso se deve ao amor

l"" Entre fevereiro de 2007 e início de novembro de 2008, Edelweiss Falcão de Oliveira e seu
esposo, Zaqueu Moreira de Oliveira, dedicaram seus esforços ao preparo do livro do centenário
da JMM, como sendo um desafio que veio de Deus através do Pastor Waldemiro Tymchak. No
período, visitaram 10 países das três Américas, da Europa Ocidental e do Leste Europeu. Eles se
consideraram missionários privilegiados na realização deste trabalho.
sem limites à causa de Deus e o desejo incontido de levar adiante a
mensagem do evangelho de Cristo. "Porque o amor de Deus é derra-
mado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm
5.5b). "Pois o amor de Cristo nos constrange" (2Co 5.14a).

3. Edificando vidas na África


Faça do seu consultório um pülpito'268
Ronald Rutter1269
Dra. Antonieta, embora nascida em Moçambique, fez o seu Curso
de Medicina na Universidade de Coimbra, em Portugal. Casando-se
com Dr. Manuel, depois da independência de Moçambique foram fixar
residência na África do Sul. Quando os conhecemos, ele era funcioná-
rio público da Prefeitura de Johannesburg e ela médica do Estado, em
clínicas, na grande cidade dos negros, nos arredores de Johannesburg.
Nós os conhecemos em um acampamento da Igreja. Não eram cristãos.
Depois o casal se interessou em ter estudo em sua casa, e não demorou
muito, os dois se entregaram a Jesus.
Ela aspirava ter o seu próprio consultório e precisava decidir onde o
estabeleceria. Em Johannesburg já havia vários médicos portugueses.
Descobriu então que em Vanderbijlpark, cidade próxima, havia neces-
sidade de médicos de língua portuguesa. Decidiu abrir o seu consultó-
rio ali. Oramos para que o "melhor agente imobiliário" a dirigisse para
o local apropriado. E Ele o fez.
Enquanto isso, nós a instruímos no sentido de que fizesse de seu
consultório um púlpito, e desse também assistência espiritual às pes-
soas de sua clientela, atendendo a ordem de Jesus: "Ensinado-as a
guardar todas as coisas que vos tenho mandado" (Mt 28.20). Dra. An-
tonieta incorporou plenamente este senso de missão. Ela o fez com
muita sabedoria e eficiência, e muitas pessoas foram abençoadas por
ela. Anos depois a encontramos, quando nos disse que aquilo que eu
lhe havia ensinado, ela passou a colocar em prática continuamente.

'2' RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
' 2" Missionário na África do Sul de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e
1991.
De acordo com suas palavras, "muitos estarão no céu por causa do
seu púlpito".

Casamento arranjado'2"
Tomé Antônio Fernandes1271
Conheci D. Devaraju em 1994, quando dava os primeiros passos em
seus estudos teológicos no Colégio Bíblico de Calcutá (CBC). Ele nasceu
no Estado de Andra Pradesh, mas foi criado em Mumbai, a capital eco-
nómica da Índia, onde aceitou a Cristo em uma igreja batista. Sentindo
o chamado de Deus, deixou o seu trabalho e foi se preparar no CBC,
uma instituição da Igreja Batista Carey de Calcutá, que recebeu apoio
financeiro da JMM entre 1993 e 1995.
O jovem Devaraju e sua família eram seguidores do deus Guru Dev,
muito popular em Andra Pradesh. Daí o seu nome. Depois que acei-
tou a Cristo, seu desejo era servir a Deus no Norte da Índia. Em uma
de nossas conversas em Calcutá, ofereci-lhe a oportunidade de estar
conosco no trabalho que estava sendo desenvolvido em Uttar Pradesh,
o estado indiano com a maior população: 166 milhões de pessoas.
Devaraju aceitou o desafio. Ao terminar o curso no início de 1998,
seguiu para aquele campo. Procurei ajudá-lo em sua adaptação à nova
realidade e em sua formação missionária.
Era um jovem dedicado e solteiro. Várias vezes perguntei-lhe acer-
ca de seu casamento. Sendo ele órfão de pai e mãe, era lacônico. Na
cultura da Índia, o costume é o casamento arranjado pelos pais. Eu não
sabia, mas Devaraju entendia que eu tinha de arrumar a esposa para
ele, pelo fato de ser o seu líder. Só consegui perceber isso em julho de
1999, cerca de um ano depois de sua chegada à região. Na ocasião,
meu tempo estava bastante escasso, pois no mês seguinte eu e minha
família estaríamos retornando de férias para o Brasil. Tentei fazer o que
podia. Solicitei ajuda de algumas pessoas. Resolvi telefonar para o Pas-
tor Mateus, um amigo e parceiro no ministério da índia e lhe pedi que

2 FERNANDES, Tomé Antônio. Casamento arranjado. Mensagem recebida por <zedel@uol.


com.br> em 21 nov. 2008.
Juntamente com sua esposa, Elenice Chepuck Fernandes, foi missionário radicado na índia
entre 1988 e 2000, e em Portugal a partir de 2001. Mesmo com residência na Europa, continua
como missionário na índia e orientor estratéegico pastoral da JMM para a Ásia.
orasse pela minha difícil tarefa de arrumar esposa para o Devaraju. Pas-
tor Mateus me disse: "há dois anos eu oro por uma moça daqui de Ma-
dras, a pedido de seus pais". Fiquei perplexo. Era uma segunda-feira.
Disse-lhe: "avisa aos pais dela que eu estarei aí no próximo sábado".
Entretanto, percebi que eu tinha muitas tarefas a cumprir antes de ir
para o Brasil, e que uma das pendências era tentar conseguir o retorno
de 850 dólares de aluguel do telefone. Era dinheiro de Deus e das ofer-
tas das igrejas do Brasil. Não dava para deixar. Só que vencer a burocra-
cia era difícil e eu estava cansado. Assim, na quarta-feira liguei para o
Pastor Mateus e disse: "não dá para viajar, não consigo". Ele entendeu
minha luta e situação. Só que não consegui dormir nem naquela noite,
nem na seguinte. Percebi que algo estava errado. Na sexta-feira cedo li-
guei para o Mateus e disse: "amanhã, sábado, estou chegando aí. Pode
me esperar no aeroporto e me levar à casa dos pais da moça? Preciso
que me ajude e me interprete na conversa com a família".
Cheguei em Madras (hoje Chenai), no Sul, em viagem de três horas
de avião. Pastor Mateus me esperava. Logo depois já estávamos na casa
dos pais da "noiva". Eles só falavam o Tamil, que era a língua local.
Foram duas horas de conversa. Depois pedi aos pais para conversar
com a filha, Sheela. Foram mais 45 minutos. Falei sobre o Norte, sobre
a comida e o clima agreste, que era algo bem diferente do que ela
conhecia. Sheela me disse: "o que meus pais decidirem, está feito. Eu
estou pronta para ir ao Norte da índia".
Assim, em duas horas e meia o casamento estava acertado. No dia
seguinte, peguei o avião de volta para o Norte, alegre e com muita paz
no coração. Encontrei-me com Devaraju alguns dias depois e disse:
"agora você vai com algum parente seu a Madras e acerte a data do
casamento". Devaraju se encontrou com os pais de Sheela e com ela
em fins de setembro de 1999. O casamento se deu em novembro do
mesmo ano. Eles são hoje os coordenadores da Associação Batista Vida
e Luz em Uttar Pradesh, uma entidade formada pelos batistas brasilei-
ros no Norte da Índia, que cuida das comunidades plantadas ali em
quatro grupos étnicos. Os dois estão felizes e grandemente comprome-
tidos com Deus e seu Reino. O bairro onde moram está mudando com
a presença e testemunho deles e uma nova igreja está surgindo no seu
lar. Já têm dois filhos, de 7 e 5 anos de idade.
Posteriormente tive conhecimento do motivo de não ter conseguido
dormir por duas noites: a mãe de Sheela estava em oração e o Senhor
no mesmo momento me incomodava. Ainda bem que fui sensível à
voz do coração e de Deus sobre este propósito. Aquela senhora é uma
mulher de oração. Acorda diariamente cerca das 5 horas da manhã
para orar. Logo se tornou também uma de nossas intercessoras. Que
o exemplo do apóstolo Paulo nos estimule a "orar noite e dia, com o
máximo empenho", sabendo que toda a glória é devida ao Senhor de
Missões.

É Deus quem opera1272


Edilon Moreira dos Santos1273
Chegamos a São Tomé e Príncipe em abril de 2006, e antes do
final do ano chegou um pastor americano que me pediu uma fonte
de computador que eu tinha em casa. Logo que ele pegou a fonte,
descobriu que o fusível estava queimado, sendo essa a razão do com-
putador estar parado. Assim troquei o fusível e o computador ficou
perfeito. Tivemos então a idéia de dar aulas de computação, pelo
que compramos mais um computador e começamos as aulas usando
a apostila do Windows 95. Logo mais adquirimos um terceiro com-
putador e já tínhamos quarenta alunos. Outros desejavam participar
das aulas, mas não tínhamos mais horário disponível. Mantive contato
com o PAM, que divulgou a nossa necessidade. Muitos irmãos leram
a notícia e procuraram nos ajudar. Uma única família em São Paulo
nos doou quatro laptops. Logo mais chegamos a ter 80 alunos. Nas
quartas-feiras fazíamos estudos e foi muito interessante, porque tive-
mos acesso aos alunos, e pudemos nos relacionar bem e ganhar deles
a confiança.
Assim a visão de Cristianismo entre eles mudou muito. No primeiro
sábado de 2007, fizemos o encerramento e entregamos certificados.
Não sabíamos quem estava mais feliz, se eles ou nós. Aproveitamos

12 " SANTOS, Edilon Moreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
Edilon foi da primeira turma do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado em São Tomé e
Príncipe. Retornou ao Brasil em dezembro de 2007 e participou da Mobilização Missionária de
Missões Mundiais no início de 2008.
a oportunidade e apresentamos um vídeo, cuja música dizia que um
milagre pode acontecer. Contudo, eu passei a dizer que o milagre re-
almente aconteceu. Na realidade, Deus não se limitou a nós com as
nossas fraquezas e dificuldades. Ele fez a obra. "Porque Deus é o que
opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vonta-
de" (El 2.13).

Construindo o templo e edificando a Igreja'274


liana Corrêa do Nascimento1275
Uma experiência marcante que tive no Projeto Radical Luso-Africa-
no, em Moçambique, foi com a Igreja Batista da Manga, que tinha sido
organizada por Valnice Milhomens, no período em que atuava em Mo-
çambique como missionária da JMM. Mas a Igreja passou por muitas
dificuldades. Quando eu estava no campo, Deus nos deu um presente,
pois há 24 anos os irmãos se reuniam em um templo muito pequeno.
Os irmãos disseram que estavam orando para solucionar o problema de
local. Certo dia nos reunimos e oramos para que Deus mostrasse a Sua
vontade, e confirmasse o que nos ensina o livro de Neemias. Logo Deus
motivou um irmão norte-americano que trabalhava por trinta anos em
construções de igrejas. Como já estava com 78 anos de idade, ele dizia
que poderia ser a última construção que ele fazia. Ele foi à Igreja, co-
nheceu as pessoas e logo todos começaram a cooperar, trabalhando no
que era possível. A Igreja americana resolveu ajudar financeiramente
os irmãos que eram voluntários. Em pouco tempo, a Igreja na África
cresceu e começou a estudar com afinco a Palavra de Deus, inclusive
o livro de Neemias. Aprendemos que o Senhor nos ajuda a construir
não apenas os templos, mas a Igreja como templo do Espírito Santo.
Compreendemos então o significado do texto: "O Deus do céu é quem
nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos"
(Ne 2.20).

NASCIMENTO, liana Corrêa do. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
'2" liana foi da primeira turma do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado em Moçambique.

Retornou ao Brasil em dezembro de 2007 e participou da Mobilização Missionária de Missões


Mundiais no início de 2008.
As minas de Welkom1276
Edimar Guimarães Pereira1277
Numa única semana passamos por experiências
que nos levaram a extremos. Enfrentamos a tristeza
da morte e da guerra, e logo depois a alegria de
reencontrar nossos irmãos sobreviventes. Ao mes-
mo tempo, recebíamos uma equipe do Brasil para
um treinamento especial de liderança, onde fomos
todos enriquecidos.
Nos dias 14 e 15 de novembro de 2007, uma
manifestação convocada por dois sindicatos dos tra-
balhadores das minas de Welkom, para reivindicar
melhores salários, terminou em tragédia. O ato pú-
blico aconteceu a poucos metros do nosso local de
reuniões para cultos e estudos do Instituto Bíblico
Missionário Edimar
Pereira Welkom. Os dois sindicatos que representam tam-
bém duas das mais fortes etnias sul-africanas — os
Zulus e os Shotos — já trazem consigo as marcas da
rivalidade e de históricas batalhas pelo poder. Essa rivalidade acontece
também na esfera sindical e, recentemente, explodiu durante a mani-
festação pública que resultou em dois dias de intensos conflitos dentro
da área da Mina Orix, bem como na morte de 12 pessoas e dezenas
de feridos.
Na sexta-feira e no sábado, dois dias após os conflitos, carros-tan-
que do exército ainda guarneciam Orix Mine. Eu andava ali no meio
dos operários e podia sentir o medo, a insegurança e a desconfiança
no ar. Todos estavam muito assustados. A aquela altura, muitos operá-
rios ainda estavam desaparecidos, inclusive alguns irmãos em Cristo,
companheiros nossos. Aguardávamos as buscas. Mas, a vida começava
a voltar à normalidade. Todos precisavam trabalhar. Oramos com o
grupo de irmãos, deixamos uma palavra de encorajamento e partimos
com alguns deles para Beatrix Mine, onde haveria treinamento de li-
derança.

1226 GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Bênçãos, vitórias e livramento em meio a grande conflito. O

Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 108, n. 1, p. 7, 06 jan. 2008.


12 " Missionário em Welkom. África do Sul, desde 2004.
Foram dias muito difíceis, de muita tensão e grande expectativa, mas
podemos dizer como o apóstolo Paulo: "O Senhor nos assistiu e nos
encheu de força" (2 Tm 4.17a). A tensão e a preocupação na Mina
Orix continuam. Aquilo é um barril de pólvora que pode explodir a
qualquer momento e preciso estar ali toda semana. Meu acesso nunca
foi dificultado. Pelo contrário, sempre fui muito respeitado. Mas, num
país que vez por outra surpreende com sérios conflitos étnicos e raciais,
precisamos ter todo cuidado e proteção do Deus dos céus.

Dando graças a Deus na adversidade12"


Edimar Guimarães Pereira
Nos trabalhos de discipulado na Mina Orix sempre cantamos em
nossas reuniões, "Deus é tão bom" ou "Xiquembo Xilulamie", em
Shangana, assim como "Obrigado Jesus". Entoamos em cinco dialetos
ou línguas africanas, além do português e do inglês. Na verdade isso era
iniciativa dos irmãos shanganas que sempre cantam essas canções de
gratidão quando o missionário chega e entra na sala.
Eles me recebem com esses cânticos como sendo uma espécie de
saudação. Eu passei a pedir que cantassem no fim das aulas, como uma
forma de agradecer a Deus o que Ele nos deu no culto. Mas, hoje, no
início da reunião, levei um choque quando entrou no salão de culto o
irmão Fernando Chitlongo. Ele é um novo crente muito convicto; re-
almente convertido e transformado. Ele entrou apoiado numa muleta,
e pude ver que estava sem um dos braços e todo ferido. Não conse-
gui cantar mais. Quando a música terminou, perguntei o que houve.
Ele então falou do grave acidente que aconteceu durante o período
em que estive na Conferência de Ministérios Esportivos, preparando
as igrejas sul-africanas para evangelizarem durante a Copa de 2010.
Fiquei realmente chocado. Oramos pelo irmão Fernando e sua família
naquele mesmo instante. Achei interessante que apesar de tudo, o ir-
mão Chitlongo tinha na face um semblante sereno e sorridente.
No momento final eu já ia encerrando o culto com uma oração, e
nem me lembrei dos cânticos de costume. Estava tão triste com o que
aconteceu com o Chitlongo, pois ele é uma pessoa muito querida. Foi

12 '" GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Notícias de Welkom — África do Sul. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 04 mar. 2008.
aí que ele se levantou lá de trás e começou a liderar a congregação
cantando: "Xiquembo Xilulamile" — "Deus é tão bom pra mim." Aquele
homem estava todo quebrado, sem um braço e chegou espontanea-
mente diante da congregação cantando "Deus é tão bom" e "Obrigado
Jesus". Não pude conter as lágrimas. É fantástico ver o que Deus tem
feito na vida daqueles homens. Depois daquela lição, saí dali louvando
ao Senhor pela vida e o testemunho de Fernando Chitlongo. Cheguei
em casa e compartilhei com Vanusa e as crianças. A palavra de Deus
pregada aos corações nunca volta fazia. O irmão Fernando Chitlongo
tem aprendido a depender da graça de Deus e a reconhecer a direção
e a presença do Senhor em todas as circunstâncias da vida. O discípulo
aprendeu e depois ainda serviu de inspiração para o mestre e toda e
congregação.

4. Edificando vidas na China e na Ucrânia


Nos confins da terra'279
Lian Godoi128°
Uma experiência marcante foi ouvir um missionário americano que se
tornou meu amigo e me recomendou para trabalhar entre os chineses.
Ele subiu uma montanha para chegar a uma cidade, onde havia uma
minoria étnica. A notícia que se tinha era de que ali estava um povo
não alcançado. Foram cinco a seis dias subindo a montanha. Ao chegar,
procurou o líder através de um intérprete que falava o mandarim. Logo
ele ficou sabendo que nessa aldeia havia pessoas cristãs. Perguntou como
elas haviam conhecido o evangelho e se algum missionário tinha ido até
lá. A resposta foi que eles nem sabiam o que era missionário, mas que
um deles tinha ido à cidade e comprou um livro de capa preta, que
tinha todas as respostas para o que eles precisavam: "Assim nós aceita-
mos a Jesus". O missionário ficou muito alegre e demorou algum tempo
ajudando-os a se firmarem na fé. Eu sei que há muitos povos que nunca
ouviram a mensagem da Palavra de Deus, mas me convenci que o evan-
gelho já está chegando "até aos confins da terra" (At 1.8).

119 GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
'=" Lian Godoi (pseudônimo) é missionário na China desde 2006.
Perseguidos como Jesus128'
Lian Godoi
Na China há líderes que sofreram muito e foram torturados por causa
do evangelho. Conheci um deles que plantou várias igrejas e trabalha
com contrabando de Bíblias há mais de 20 anos. Foi preso várias vezes
e agora está preparando missionários para ir a outros países. Por isso fui
chamado para ajudá-lo nesta atividade, porque ele mesmo não tem o
preparo necessário. Esse líder conta que na última vez em que foi pre-
so, a policia amarrou suas mãos para trás, o suspendeu e bateu tanto
nele, a ponto de quebrar as pernas, deixando-o 24 horas pendurado.
Esse líder perguntou a Deus por que Ele permitiu que isso aconte-
cesse. Por que deixou que as pessoas o humilhassem tanto? Ele teve
naquele momento uma visão que não lhe ficou clara se era sonho ou
realidade. Cristo lhe apareceu e disse: "Eu também fui suspenso da ter-
ra". Naquela hora o missionário deixou de reclamar, e disse que se Cris-
to tinha sofrido daquela forma, ele também aceitava e pedia perdão ao
Senhor. Assim decidiu que seguiria somente os passos de Cristo.
Esse homem foi liberto daquela cadeia. Tivemos o privilégio de co-
nhecê-lo e treinar as pessoas que ele levou para aquele curso que es-
távamos ministrando. Entendi que as vítimas de perseguição por causa
do evangelho são bem-aventuradas, conforme Jesus falou, mas quando
elas compartilham a sua experiência, a mesma felicidade se estende a
muitos. "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem
e vos perseguirem. [...] Pois assim perseguiram aos profetas que viveram
antes de vós" (Mt 5.11 e 12).

Vivendo missões' 282


Anatoliy Schmilikhovskyy1283
O Brasil é uma nação muito especial, muito abençoada por Deus.
Não quero dizer que é pobre, mas não é rica. Mesmo assim, faz um
grande trabalho em missões estaduais, nacionais e mundiais. Todo o
mundo batista percebe isso e admira. Quando retornamos para a Ucrâ-

2" GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
12"2
MATVEYEV, Lyubomyr; SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Fal-
cão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 06 fev. 2007.
'282 Missionário Especial na Ucrânia desde 2004.
nia, um dos choques culturais foi percebermos a diferença na Ucrânia,
onde ninguém falava em missões. Falava-se em propriedades, constru-
ção de templos ou algo semelhante. Quando íamos a um encontro de
lideres, nada se ouvia sobre plantação de igrejas ou atividade missioná-
ria. Na realidade nos deparamos com igrejas mais preocupadas nelas
próprias do que em ser uma bênção para outros.
Começamos a orar muito sobre o assunto e colocar em prática o
que aprendemos no Brasil sobre amor a missões. Assim, reunimos uma
equipe de jovens e desafiamos a liderança a levar as igrejas locais a
compreenderem que a obra missionária não se restringe ao missioná-
rio, mas é da Igreja, quando uns saem para os campos e outros susten-
tam as cordas. Algo novo começou a surgir, quando igrejas passaram a
ter vigílias de oração e a falar em missões, com projetos de abrir novas
igrejas. As senhoras oravam, os jovens oravam, os adolescentes oravam
e havia o compartilhar, quando saíamos de nossas quatro paredes para
interceder por outros que têm problemas ou que realizam a obra, mes-
mo não pertencendo à nossa congregação.
Lá não é difícil que as pessoas dêem ofertas generosas, mas a compre-
ensão do que é missões ainda precisa ser desenvolvida. Entretanto, muitas
pessoas hoje já fazem a diferença, quando contribuem especificamente
para a obra missionária. Há novos projetos como o "Escola sem Parede",
onde se dá oportunidade a pessoas que desejam estudar durante 12 me-
ses, usando uma vez por mês o dia inteiro para aprender sobre missões.
Uma senhora de setenta anos que participava das atividades deste Pro-
jeto, em uma das reuniões, interrompeu a aula e fez a observação: "Eu
estou na igreja há mais de sessenta anos, mas nunca alguém me falou
que eu posso ser útil como missionária". Assim, com o dinheiro de sua
aposentadoria, ela começou a sustentar missionários da terra na Ucrânia.
Sua primeira oferta tinha o valor equivalente a US$ 20.00 (vinte dólares),
que ela me pediu para mandar para JMM no Brasil, dizendo: "Ela investiu
em mim aqui na Ucrânia, e agora queremos investir no Brasil". Enviamos
a oferta para o Rio de Janeiro, e o Pastor Tymchak devolveu, dizendo que
era interessante que ela desenvolvesse o que aprendeu, mas por enquan-
to investisse mesmo na Ucrânia. Isso já faz quatro anos e ela contribui
mensalmente para o trabalho missionário. Consideramos isso uma rea-
daptação de vida cristã para o cumprimento da ordem de Cristo.
5. Edificando vidas em países muçulmanos
Novo PEPE na etnia susu12"
Adilson Ferreira dos Santos1285
Depois de seis meses em uma aldeia
de etnia susu, em Guiné-Conacri, na
África, o líder Radical avisou à equipe
que no dia seguinte eles iriam ajudar na
colheita de arroz, que é a base princi-
pal de alimentação deles. Na realidade,
os Radicais precisavam interagir com
o povo, e sendo a colheita uma festa,
aquela era uma boa oportunidade. O lo-
cal era de difícil acesso e os participan-
tes precisariam entrar em um alagadiço
com lama até os joelhos. Levantaram de
madrugada, oraram e foram para aque-
le primeiro dia festivo. Quando o líder
da aldeia os viu, ordenou que fossem
embora, pois não precisavam de ajuda.
O líder dos Radicais explicou que não
era propriamente ajuda, mas eles queriam participar daquele evento tão
importante, terminando por convencer o chefe da aldeia.
Quando mais tarde a missionária Kerley Permínio de Souza chegou à
aldeia, o chefe veio correndo e gritando: "Os brasileiros, os brasileiros".
Ela ficou preocupada, pensando que eles haviam feito alguma coisa erra-
da. Mas o grito era de euforia, pois todos ficaram impressionados com os
jovens radicais. O líder da etnia susu ali complementou para Kerley:
partir de hoje esses jovens não são apenas brasileiros, eles também são
susus; são do nosso povo". E o chefe chamou Josué Rodrigues Pacheco,
o líder dos Radicais, para tomar chá na casa dele. Esse ato, na cultura
muçulmana, significava que a partir daquele momento, eles queriam for-

SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Recife, 1 7 mar. 2008.
' 2"' Desde janeiro de 2002, Pastor Adilson é representante da JMM no Estado de São Paulo, tendo
feito várias viagens aos campos, dando apoio aos nossos missionários em vários países.
mar um laço de amizade com os radicais. No meio da conversa, o chefe
perguntou se eles estavam precisando de alguma coisa. Josué, iluminado
pelo Espírito de Deus, disse que era necessário ter um lugar para fazer
uma escolinha para as crianças. O chefe ficou entusiasmado pelo fato de-
les se interessarem pelas crianças. E Josué disse que a equipe iria ajudá-
las a melhorar de vida e aprender muitas coisas. O chefe perguntou o
que era preciso. Josué respondeu que precisavam de um terreno. O líder
da aldeia prosseguiu dizendo que ele poderia escolher o melhor lugar e
que seria de graça. Assim foi construído o local para a escola, oferecendo
todas as condições para o funcionamento do PEPE, e dando a oportuni-
dade para que naquele local fosse plantada mais uma igreja.
Josué disse que precisaria de dois jovens que falassem fluentemente
o francês e o susu, pois eles iriam ensinar ao professores em francês e
eles ensinariam as crianças em susu. E tudo aconteceu da melhor for-
ma possível, usando-se a Bíblia como livro texto. Dos dois professores
solicitados, um já é convertido. No dia da formatura da primeira turma
estavam todas as crianças uniformizadas e a Igreja cheia com a presen-
ça dos pais. No meio da cerimônia, o chefe se levantou, bateu palmas
e cinco jovens entraram pelo canto do corredor. Kerley perguntou o
que estava acontecendo, pois o grupo desejava abrir mais escolas. Veio
então a explicação: "Esses quatro jovens serão os futuros professores e
queremos que vocês os treinem". Assim, através do ensino, o nome de
Jesus tem sido proclamado para a glória de Deus.

A graça de Deus1286
Ana Thai& 287
Em novembro de 2007, um missionário da terra, ex-muçulmano, foi
"convidado" no horário de 23 horas, sendo interrogado até às 4h30min
do dia seguinte. Foi liberado e intimado a retornar na semana seguinte,
pois suas respostas não foram consideradas convincentes. Tendo em
vista que tínhamos reuniões em sua casa, sua esposa me chamou, e

'286 THAIS, Ana. Informativo missionário. Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br >

em 10 ago. 2008.
128- Ana Thais (pseudônimo) tem sido missionária entre muçulmanos por quatro anos no Egito,
Norte da África. Entre agosto e setembro de 2007 foi intimada pelas autoridade a se retirar do país,
retornando ao Brasil para aguardar definição sobre o seu novo campo de trabalho.
alegando problema de saúde dele e questão de segurança, solicitou
que deixássemos de realizar reuniões por um período. Concordei e fui
avisar sobre a decisão a todos que participavam, mas que eles deve-
riam continuar orando em casa. No dia marcado da outra audiência, o
obreiro da terra soube que a reunião em sua casa havia sido suspensa.
Isso o deixou contrariado, pelo que falou que não importava o que
houvesse, mas no dia seguinte a reunião em sua casa seria realizada.
Voltei às residências dos participantes para informar que haveria a reu-
nião. Ficamos em oração naquela noite do interrogatório.
Na delegacia, após as perguntas, o obreiro foi transferido para a de-
legacia de "torturas". Ele imaginou que nunca mais voltaria para a sua
residência. Na delegacia compareceu um alto oficial que lhe fez as per-
guntas de praxe, e depois pediu que ele explicasse qual era a forma usa-
da para evangelizar uma pessoa. O irmão respondeu que em primeiro
lugar ele falava sobre o Messias, depois entregava uma Bíblia para que a
pessoa aprendesse sobre Jesus. O oficial questionou sobre que parte da
Bíblia ele entregava primeiro. O irmão falou que era o Novo Testamento,
porque fala sobre a graça. O interrogatório continuou até às 4 horas da
manhã, quando o missionário falou sobre a graça de Deus para o oficial.
Depois foi liberado e chegou em casa muito feliz pela oportunidade de
testemunhar do evangelho. À noite daquele dia houve a reunião con-
forme planejado, para alegria de todos. É maravilhoso como Deus, na
sua graça, livrou nosso missionário, e como o nome de Jesus foi por ele
proclamado com muita coragem.

Fortalecendo a fé1288
Lécio Dornas1289
Khalil Samara é coordenador dos obreiros da terra no Oriente Mé-
dio, realizando um grande trabalho entre muçulmanos. Seu sogro tam-
bém é pastor e missionário autóctone dos batistas brasileiros, atuando
em Beirute, no Líbano. Deus colocou no seu coração a direção para

1288
DORNAS, Lécio. Fortalecendo a fé para entrarmos no Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 108, n. 42, p. 3, 19 out. 2008.
'28') Lécio Dornas é pastor da Igreja Batista Dois de Julho em Salvador, BA. Participou de uma
equipe composta de 16 pastores, que fez uma viagem missionária ao Oriente Médio, entre 23 de
setembro e 08 de outubro de 2008.
comprar um táxi e conseguir permissão para trabalhar exatamente na
área da cidade controlada pelo Hezbolá, que é o partido político que
está no poder. Sem dúvida ali se encontrava um dos contextos mais
perigosos de evangelização em todo o mundo. Mas Deus o chamou e
ele obedeceu.
Nosso obreiro nos contou que certo dia entrou em uma área que
estava sob intensa vigilância da guarda do Hezbolá. Ele entrou, come-
çou a distribuir folhetos e evangelhos e falar do amor de Deus. Quando
terminou e ia saindo, ouviu uns gritos, mas não ligou. Escutou, então,
estampidos de três tiros. Ele nos disse que não deu muita importância,
pois era comum ouvir gritos e tiros naquela região. Saiu, atravessou a
rua e entrou em uma barbearia. Estava falando com o barbeiro quando
sentiu alguém batendo em seu ombro. Olhou para trás e era um solda-
do do Hezbolá que lhe disse:
Como você se atreve a entrar nessa área e entregar estes papéis? Eu gritei para
você parar e você não parou. Tenho ordem para atirar em quem não pára quan-
do chamo. Atirei em você, dei três tiros. Vi o sangue saindo do seu corpo, então
você precisa morrer. Morre, morre!

Nosso obreiro falou: "Como morrer? Não fui atingido!" O barbeiro,


então, interveio sugerindo que lhe tirasse a camisa para ver se foi ou
não atingido pelas balas. Assim aconteceu e não havia qualquer sinal
de projétil balístico. Naquele momento, enquanto o obreiro estava en-
curvado, o Senhor Jesus falou ao seu coração: "Meu filho, o soldado
não está mentindo. Ele atirou mesmo em você, mas eu segurei as balas
com a minha mão e as mostrarei a você na glória". Nosso obreiro foi
até o soldado e lhe disse que o Senhor Jesus havia segurado as balas e o
livrou da morte. E continuou: "Ele pode livrar você da perdição eterna
com o mesmo poder que me livrou das balas que você atirou. Você
precisa entregar a sua vida a Jesus".
Então o soldado começou a andar para trás, sem tirar os olhos dele,
atravessou a rua andando de costas, assustado. A partir deste dia o
obreiro passou a ter acesso e respeito na região controlada pelo Hez-
bolá, e anuncia com alegria e ousadia a Palavra de Deus. Experiências
como essa fortalecem a nossa fé. Deus é tremendo!
com
"E como ouvirão, se não há quem pregue?" (Rm 10.14c). Os cem
anos da Junta de Missões Mundiais foram celebrados no ano de 2007.
Aqui percorremos algumas centenas de páginas rememorando e cele-
brando as bênçãos que o Senhor tem dado às igrejas batistas da CBB,
no decorrer dessas 10 décadas. Ao término da tarefa que nos foi entre-
gue de colocar no papel a história da JMM, sentimo-nos com orgulho
santo de sermos parte dessa trajetória, que tem feito a diferença para
cerca de 70 países do mundo1290. Rever todos os caminhos tomados,
desde o sonho dos nossos missionários americanos para levarmos ao
mundo a mensagem do evangelho, faz-nos refletir algo mais sobre o
nosso país, e como estamos nos colocando hoje perante o desafio de
vivermos a coerência do evangelho com humildade, perseverança e
coragem, para sermos testemunhas "até os confins da terra" (At 1.8).
Não vamos repetir aqui o que já foi mencionado em todo o livro.
Contudo, é animador saber que a obra missionária realizada pelos
batistas brasileiros em outros países continua gerando frutos, para o
engrandecimento do reino de Deus. Apesar de já terem sido mencio-
nados anteriormente alguns depoimentos de líderes do Chile, Cuba e
Ucrânia, aqui registramos mais algumas palavras de agradecimento e
reconhecimento pelo que os batistas brasileiros têm realizado em vários
campos; ao mesmo tempo apelam para que continuemos a atuar nos
seus países. Assim em 2007, o presidente da Convenção Batista Bolivia-
na fez a seguinte declaração:
Conhecemos o evangelho através dos missionários brasileiros que vieram para
cá. Atualmente a Junta de Missões Mundiais está tirando os missionários da Bo-

12 % No site da JMM, o número total de países onde há missionários é 57, mas contando os cam-
pos onde o trabalho dos batistas brasileiros realizado anteriormente foi descontinuado, são cerca
de 70 países.
lívia. Não creio que seja o melhor momento, porque há problemas na Conven-
ção; existe também no país a tentativa de elementos de esquerda influenciarem
as autoridades governamentais. Assumimos a responsabilidade do trabalho ago-
ra e se houver cooperação de fora, será sempre bem-vinda, embora saibamos
que o Senhor nos ajudará de qualquer formal '.

Em entrevistas feitas com obreiros da terra na Ucrânia, houve una-


nimidade dos entrevistados sobre a importância do trabalho realizado
pelos batistas brasileiros naquele país. Nos depoimentos há menção do
estímulo que os brasileiros têm dado para o surgimento de um espírito
missionário nas igrejas, assim como eles insistem para que haja conti-
nuidade da obra que ali realizamos. Vladimyr Masalkovstiy1292 falou:
"Precisamos da ajuda de vocês, não somente financeira como da sua
presença para nos ensinar. Voltem com seus familiares para trabalhar-
mos juntos nesta terra". No mesmo país, Vladimir Savchenko1293 disse:
Graças à ajuda da Junta de Missões Mundiais eu tive a oportunidade de me entre-
gar 100% para o trabalho. Assim ampliamos nossa visão e começamos a trabalhar
em várias direções, inclusive com surdos e com orfanatos. Nunca faltou o neces-
sário para a manutenção de minha família com seis filhos. Muito obrigado!

Yuriy Migalko1294, romeno radicado na Ucrânia, é pastor e já orga-


nizou três igrejas, pelo que também agradece de coração a presença
dos brasileiros no trabalho que realiza. Ele lembra que ainda hoje há
perseguição religiosa, se bem que da parte dos católicos ortodoxos,
que muitas vezes derrubam as portas e quebram as vidraças das janelas
nos templos. Mas a obra continua, graças à visão que foi demonstrada
por Waldemiro Tymchak e o apoio dos irmãos batistas do Brasil. Por
sua vez, Emanuil Danyk1295 fala do encorajamento proporcionado por
pastores brasileiros que têm ido à Ucrânia, e da indispensável ajuda
concedida para o trabalho no país:

12 "' DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu

Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.


''"' MASALKOVSTIY, Vladimyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
12 "3 SAVCHENKO, Vladimir. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-

ra de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.


12 '" MIGALKO, Yuriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de

Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.


DANYK, Emanuil. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
Desejaria que a JMM nos assistisse não somente em finanças; também que
venham ou que mandem pastores mais vezes para que pessoalmente aqui nos
transmitam preciosos ensinamentos para a glória de Deus. Mesmo que a Jun-
ta pare de nos sustentar financeiramente, a obra vai prosseguir, porque é do
Senhor. Já trabalhamos no passado sem qualquer sustento, mas Deus nunca
nos abandonou. Finanças nunca foi a minha prioridade. Tinha uma profissão
que deixei, uma casa que vendi, uma propriedade que foi desfeita, para me
entregar ao serviço do Mestre. O Deus do passado é o mesmo de hoje e eter-
namente. Isso eu ensino aos jovens, incentivando-os a prosseguirem firmes no
Senhor, pois somente assim terão um futuro risonho e feliz. Muito obrigado por
sua parte na manutenção de nosso trabalho.

Depoimentos como esses são animadores para os batistas brasileiros,


e nos estimulam a prosseguir com maior avidez para atingir os campos
que estão brancos para a ceifa 00 4.35).
Com referência ao trabalho que ora entregamos ao público batista
brasileiro, cumpre-nos fazer algumas considerações. Depois de uma
longa jornada, vivendo missões no dia—a-dia através de etapas distintas
da história da obra de Missões Mundiais, chegamos a pensar que foi
uma árdua "missão cumprida", considerando que realizamos o traba-
lho de coletas de dados, sistematização e elaboração do livro em um
ano e nove meses, incluindo as viagens missionárias.
O livro agora está sendo entregue aos leitores, com acontecimentos nar-
rados, que expressam a vida de centenas de missionários, brasileiros ou da
terra, de procedência rica ou pobre, brancos ou mestiços, de ascendência
européia, negra ou indígena, nascidos em grandes centros ou no sertão,
provenientes de famílias estruturadas ou sem família, jovens ou idosos, e
até crianças que cresceram vivendo missões e ingressaram no quadro de
missionários. Por isso, já temos uma segunda geração de missionários e já
aponta a terceira, cumprindo a Palavra que diz: "Herança do Senhor são
os filhos; o fruto do ventre, seu galardão" (SI 127.3). Quão abençoado foi
ouvir na Espanha, Ester, neta dos nossos missionários Carlos Alberto e Abe-
gair Pires, ela já na glória. Ester foi vítima de acidente no Senegal, quando
sua mãe partiu para a presença de Deus e ela ficou por algum tempo em
coma. Hoje Ester declara o seu desejo de se tornar missionária, dando con-
tinuidade ao trabalho de seus avós e pais. Louvado seja Deus!
No texto que escrevemos, fizemos referência aos pioneiros no Chile,
em Portugal, na Bolívia. Detemo-nos na visão de que o campo é o mun-
do, estendendo as cortinas e expandindo o trabalho de forma admirável.
Expomos a ação de firmar as estacas, ampliar as tendas e alongar as cor-
das, sabendo que mesmo não alcançando todos os milhões de pessoas
que ainda não receberam a mensagem do evangelho, poderíamos chegar
até os confins da terra. Tudo isso nos encheu de alegria por sermos parti-
cipantes ativos no serviço do Senhor como membros do corpo de Cristo.
Gostaríamos de compartilhar este sentimento com todos os que estão na
linha de frente ou na retaguarda, fazendo acontecer os projetos da JMM,
e igualmente com os que diretamente ou através de suas igrejas seguram
as cordas, sustentando com orações e ofertas esta obra gloriosa.
Com a satisfação de um lado e o cansaço físico do outro, somos ten-
tados a falar de novo sobre "missão cumprida". Mas como? Não! Este
foi apenas mais um começo. A tarefa concluída foi uma parte da missão
que Deus nos entregou. Referimo-nos a 100 anos que já se estenderam
para o segundo século de existência da JMM. Muita coisa foi feita, mas
"ainda muitíssima terra ficou para se possuir" (Js 13.1b). Verdadeiras
maravilhas se realizaram através dos seus servos nestes 20 lustros. Às
vezes Deus agiu de forma incompreensível para nós, pois não entende-
mos os Seus desígnios, "pois quem és tu ó homem, para discutires com
Deus?" (Rm 9.20a); e em outras ocasiões, a ação do Senhor foi mais do
que clara, a ponto de ficarmos eufóricos com as incontáveis bênçãos
derramadas sobre nós e nosso ministério.
Olhando para o nosso planeta, ninguém diria que um povo de tercei-
ro mundo pudesse vencer tantas barreiras e tantos obstáculos expressos
em catástrofes naturais, assim como em conflitos nacionais ou guerras
mundiais, além dos furacões das crises econômicas que ainda hoje nos
rodeiam. Alguns questionariam que os batistas brasileiros não teriam
condições de acudir tantos necessitados no mundo em todas as áreas,
principalmente a espiritual. Talvez até ouvíssemos palavras de ironia:
"Como é que o sujo quer limpar o mal lavado?" Mas existe algo que
tem feito a diferença. É que já fomos redimidos pelo sangue do nosso
Senhor Jesus Cristo, que nos impulsiona para grandes realizações, além
de agirmos em atendimento a um chamado que vem de Deus. É isso
que nos permitiu chegar aos países mais pobres da terra, ou a alcançar-
mos povos da Janela 10/40, onde vivem milhares de etnias, estando a
maioria em situação de fome e miséria.
Temos o desafio de ganhar para Cristo os que estão de olhos veda-
dos, seguindo as grandes religiões que se espalham no mundo, como
o hinduísmo, o budismo e o islamismo, que ocultam a graça de Deus
concedida através do sacrifício de Jesus. Muitas vezes somos informa-
dos sobre o que esses religiosos fazem em nome de Deus, destruin-
do as obras dedicadas ao Senhor, além de perseguir e até executar
os mensageiros do evangelho. Isso sem falar em milhares de crianças,
jovens e adultos que são sacrificados aos seus deuses, atos esses que
escravizam o ser humano e embotam a perspectiva de direito à vida,
negando as potencialidades de autonomia do ser, criado à imagem e
semelhança de Deus. Mas quem diria que na antiguidade a grande ár-
vore que representava o poder de Nabucodonozor em Babilônia seria
um dia jogada por terra? (Dn 4.23 e 33). Da mesma forma, ninguém
poderia pensar que chegaria o momento da queda do muro de Berlim
e de todo o poder soviético, tão bem "estruturado" nas teorias do ma-
terialismo. Como conseguimos ultrapassar as "inexpugnáveis" muralhas
da China? É verdade! Fomos longe! Chegamos a alguns dos lugares
mais distantes e de difícil acesso. Não pela nossa própria força. Damos
graças à convicção de líderes que mostraram a nossa responsabilidade
ao expressar que "o campo é o mundo", ou que tiveram a visão de se
alcançar todos os povos, chegando aos confins da terra.
Um dos pontos mais importantes, que liga missões à Igreja, é que
o sistema eclesiástico batista, com igrejas independentes, determina
maior responsabilidade para a igreja local na obra missionária, sabendo
que somos parte de um todo e onde estivermos somos a Igreja que
recebeu do Senhor de Missões a responsabilidade para proclamar o
evangelho a todas as nações.
As dificuldades enfrentadas em muitos campos, onde estão missioná-
rios anunciando o nome de Jesus, não é motivo de maior preocupação,
mesmo sabendo que alguns são perseguidos, chegando mesmo a serem
mortos pelo simples motivo de serem cristãos. O que nos preocupa é
a existência de tantas etnias, que representam verdadeiras nações, não
estarem recebendo qualquer mensagem da Palavra de Deus. Sabemos
que chegará o momento quando "será pregado o evangelho do reino
por todo o mundo, para testemunho a todas as nações" (Mt 24,14a).
Hoje há mais de dois bilhões e meio de pessoas que nunca ouviram a
mensagem do evangelho, constituindo 13.000 povos e 2.000 línguas
sem qualquer porção da Palavra de Deus traduzida, Isso nos leva a
sentir a urgência no cumprimento da missão, sabendo que "missões é
obra da Igreja para que o mundo inteiro ouça a voz de Deus, voz que
se encarnou na pessoa de Jesus. É uma obra que desafia a todos os
cristãos e que exige engajamento de toda a Igreja"1296.
O trabalho não acabou! O inspirador deste livro já partiu para a pre-
sença do Senhor, no entanto, o seu entusiasmo missionário que empol-
gou a todos os batistas do Brasil e do mundo inteiro ainda permanece,
para abençoar os cristãos cônscios de sua responsabilidade missionária.
Ele partiu dizendo: "chegamos lá". Todavia, percebemos a sua sede de
alcançar mais ainda.
No dia anterior à partida de Waldemiro Tymchak para a presença do
Senhor, Pastor Sócrates Oliveira de Souza viajou para representá-lo no
Congresso Missionário em Minas Gerais. Perguntou então sobre que
mensagem ele gostaria que fosse transmitida ali. A resposta foi: "Meu
irmão, fale da China. Encante o povo brasileiro para missões na China.
Este é o grande desafio do momento"1297 . Assim, mesmo na sua fragi-
lidade física, ele tirava a poeira dos pés, abria o caminho e falava aos
circunstantes: "China!". Era a sede de alcançar os bilhões ainda sem
Cristo e sem salvação. Estas palavras estrondam e ressoam em nosso
coração e de todo o povo batista brasileiro.
Sentimo-nos como anões em meio a tantos gigantes que se entrega-
ram e se entregam à obra de missões. O que aprendemos no período
de menos de dois anos em que estivemos envolvidos diretamente com
missões mundiais, inclusive em campos missionários, gostaríamos que
fosse transmitido aos batistas brasileiros, não apenas com tinta, papel
ou letras, mas com o Espírito de Deus, que é o Senhor de Missões. Sim,
este mundo tenebroso dominado pelos principados e potestades, que
são forças espirituais do mal nas regiões celestes (Ef 6.12), precisa ser
conquistado. Apesar de Deus permitir que o poder da maldade conti-
nue agindo neste mundo (1Jo 5.19), chegará o momento quando Ele

""`' COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Se estes se calarem... O Jornal Batista, 108, n. 31, p. 5, 03
ago. 2008.
SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 29 out. 2008.
jogará por terra o dia mau (Ef 6.13). Resta-nos permanecermos inaba-
láveis no cumprimento da missão que vem dele. Há muita terra para se
possuir, mas o Senhor está no comando. Ele não quer que o pecador
seja condenado, mas que se arrependa e creia no evangelho, conforme
nos diz o texto: "Não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor
Deus. Portanto, convertei-vos e vivei" (Ez 18.32).
Os anjos, como mensageiros de Deus estão ao nosso redor para nos
guardar (SI 34.7). Mas não foram eles que receberam a incumbência
de pregar a mensagem de arrependimento e fé aos pecadores perdi-
dos. Somos nós, como Igreja de Deus, que temos o dever de cumprir
a Grande Comissão deixada por Jesus. O mundo no coração de Deus,
que se transformou em mundo no coração de tantos que foram e es-
tão indo para missões, precisa ser ganho para Cristo. Temos feito algo,
mas ainda é muito pouco. À nossa frente está o novo século da história
da JMM, mas a volta de Cristo poderá ocorrer a qualquer momento,
quando nos julgará pelo que fizemos ou deixamos de fazer. O Senhor
falou à Igreja de Filadélfia sobre as obras que deveriam ser conservadas,
referindo-se ao fato de manter a Palavra com perseverança: "Venho
sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua co-
roa". Ap 3.11). A responsabilidade missionária é nossa e precisamos
com urgência cumprir a ordem de Jesus. A Rede de Intercessão está aí
com milhares de participantes. Entretanto, compreendemos que é mui-
to importante clamar ao Senhor, mas oração sem ação faz visionários,
enquanto oração com ação faz missionários. Cumpre-nos agir com o
melhor de nossas forças. A palavra do Senhor aos israelitas que queriam
parar ou andar par trás, quando reclamavam e clamavam ao Senhor,
foi muito clara: "Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que
marchem" (Ex 1 4.1 5).
O trabalho missionário tem sido feito muitas vezes através de con-
vênios. Eles são hoje, principalmente em certos países, indispensáveis
para o sucesso das realizações no campo. Mas antes disso a nossa par-
ceria principal é com Deus. Foi Ele que nos deu o ministério da recon-
ciliação: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra
da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo,
como se Deus exortasse por nosso intermédio" (2Co 19 e 20a). É este
Deus com o mundo em seu coração, que nos fez "ministros de Cristo"
(1Co 4.1 b). O que Ele requer de nós é fidelidade a toda a prova e que
também abracemos o mundo com amor, refletindo o que tem sido dis-
cutido neste livro: O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS.
Para concluir, uma palavra pessoal que envolve aquele que, ilumi-
nado pelo Espírito de Deus, idealizou o escrito deste livro. A história
da JMM já estava por algum tempo no coração do Pastor Waldemiro
Tymchak. O seu rosto se encheu de esplendor e os olhos brilharam
quando começamos a traçar os planos e as diretrizes deste trabalho.
Para nossa primeira reunião em um dos hotéis da cidade do Rio de
Janeiro, ele e Acidália foram ao nosso encontro, e ali anotamos as pri-
meiras linhas do que viria a ser o projeto dos cem anos da JMM. Como
fomos abençoados pelo pouco tempo em que fizemos parte da equipe
de Missões Mundiais, usufruindo do calor humano, da paz e do carinho
que o Pastor Missões transmitia tão bem aos seus comandados!
Ele, que se tornara o pai de muitos, era nosso companheiro, pos-
suidor de conhecimento, traquejo e experiências mais profundas nas
lides missionárias. Mas logo na primeira viagem que realizamos, em
abril de 2007, quando encontrávamos geograficamente bem distantes,
ele partiu. Está nas delícias celestiais que um dia também haveremos
de gozar. Por isso, com a devida adaptação, repetimos a expressão que
o imortalizou logo após a sua partida para a eternidade: "Até breve,
Pastor Missões!"
1. Livros
AMARAL, Othon Ávila. Marcos batistas pioneiros. Rio de Janeiro: Artes Grá-
ficas Quintanilha, 2001. 250 p.
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BÍBLIA. Bíblia do obreiro. Tradução de João Ferreira de Almeida revista e
atualizada. Barueri: SBB, 2007. 1760 p.
BÍBLIA. BÍBLIA SAGRADA. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri:
SBB, 2001. 1458 p.
BÍBLIA. BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida revista de
acordo com os melhores textos em hebraico e grego. São Paulo: Hagnos; Rio
de Janeiro: JUERP, 2002. 1098 p.
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ÁFRICA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p. 26,
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ATÉ breve, Sr. Missões. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 17, p. 1,
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ATÉ os confins da terra através dos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Ja-
neiro, ano 10, n. 38, p. 20 e 21, jul./set. 1975.
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bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 421-482.
. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 80? assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1999, p. 423-465.
.Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 81? assem-
biela. Rio de Janeiro: CBB, 2000, p. 252-327.
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bléia anual. Rio de Janeiro: CBB, 2002, p. 237-314.
. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 83ã assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 148-187.
. Juntas de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 84ã as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 91-128.
. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 85ã assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 70-105.
. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 86ã assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2006, p. 66-99.
GRAVA VASCONCELOS, Marcos. Junta de Missões Mundiais: Programa Es-
portivo Missionário — PEM. Convenção Batista Brasileira: 88ã assembléia da
CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 109.
WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Junta de Missões Mundiais: Coordenação
de Voluntários. Convenção Batista Brasileira: 88ã assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2008, p. 92.
. Junta de Missões Mundiais: Américas. Convenção Batista Brasileira:
88ã assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 97-100.
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leira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1964, p.
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Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro:
CPB, 1954, p. 93-98.
. Relatório das atividades da Junta de Missões Estrangeiras da Con-
venção Batista Brasileira, referente ao ano de 1954. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 113-
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4. Trabalhos não publicados


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LOTA, Dinê René Delgado. Trabalho missionário batista brasileiro em Por-
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em Teologia), Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Rio de Janeiro,
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PIRES, Carlos Alberto. Memórias de Abegair. Madri: Autor, 2001. Trabalho
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tista Portuguesa em London. Cambridge, Canadá: JMM, 2007. Digitado. 17 f.

5. Documentos especiais
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ta de Missões Mundiais, Rio de Janeiro, 17 set. 2007. Digitado.
CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São
Paulo, 01 mar. 2007. Digitado.
CASTELLANOS, Enio L. Navarro; DURÁN, Aníbal Hernández. Resultado del
apoyo de Ia Junta de Misiones Miundiales de la CBB. Convención Bautista de
Cuba Oriental, Santiago — Cuba, 07 abr. 2007.
CID, Francisco. Resenha das atividades missionárias. JMM, Rio de Janeiro, 12
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. Carta à Redação do Jornal de Missões. Arquivo Cid, Hortolândia, 28
jun. 2007. Digitado.
. Deus nos prova, mas não nos abandona. Arquivo Cid, Hortolândia,
29 out. 2007. Digitado.
. Missões no Paraguai: uma obra de fé. Arquivo Cid, Hortolândia, 29
out. 2007. Digitado.
CONVENCIÓN BAUTISTA DE CUBA ORIENTAL. Planillla para la legalizacion
del funcionamiento de las casas-culto. Convención Bautista de Cuba Orien-
tal, Santiago — Cuba, 07 abr. 2007.
FERNANDES, Tomé Antônio; FERNANDES, Elenice Chepuck. Norte da Índia e
Caxemira. JMM, Rio de Janeiro, maio 2008. Digitado.
GOMES, Silas Luiz. Resumo da trajetória e obra dos missionários Gomes. Ar-
quivo Gomes, Antofagasta, 06 jun. 2007. Digitado.
GRAVA VASCONCELOS. Marcos. Informações ministeriais. JMM, Santo An-
dré, fev. 2007. Digitado.
PEREIRA, Maria Ilza Lopes. Proyecto CABAMI: Casa Bautista de la Amistad.
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RANGEL, Elvira Maria Gonçalves. Carta manuscrita escrita em 18 jun. 2007.
TYMCHAK, Acidália. A vida é um conto ligeiro: uma homenagem ao Pr. Wal-
demiro Tymchak. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 17 jan. 2008. Digitado.
TYMCHAK, Waldemiro. Palavras ditas na posse. Arquivo Tymchak, Rio de
Janeiro, 28 ago. 1979. Digitado.
. Carta missionária. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 14 dez. 1992.
Digitado.
. O Brasil tem a cara do mundo. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 02
fev. 2002. Digitado.
. Tirando dúvidas. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 16 abr. 2002.
Digitado.
. Missões em um mundo sem fronteiras. Arquivo Tymchak, Rio de Ja-
neiro, 21 jan. 2005. Digitado.
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. Por que Radical? Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 15 fev. 2006.
Digitado.

6. Entrevistas
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Oliveira. Havana — Cuba, 09 abr. 2007.
AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. São Paulo, 28 out. 2007.
ARAÚJO, Marcos Vinicius Bomfim de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. La Linea de la Concepción — Espa-
nha, 21 ago. 2007.
BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Itapira, SP 29 out. 2007.
BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janei-
ro, 11 maio 2005.
. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
BONDARENKO. Andre. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
CALDEIRA, Jônatas Enéias; CALDEIRA, Juscelândia Septimio. Entrevista conce-
dida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Campinas,
SP, 30 out. 2007.
CID, Francisco. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun.
2007.
DANYK, Emanuil. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
DIDEK, Vasiliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
DUPONT, Joel L. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
DURAN, Aníbal Hernandez. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de Ia Sierra — Bolívia, 03
jun. 2007.
FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
GARCIA, Alex. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
GARCIA, João Fernandes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Toronto — Canadá, 12 abr. 2007.
GARCIA, Oscar Pereira. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís,
19 jan. 2008.
GOMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
GUTIERREZ, Osbel. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
KEIDANN, João Carlos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Toronto — Canadá, 14 abr. 2007.
LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo.
Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Antofagasta — Chile, 05 jun. 2007.
LOTA, Diné René. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 13 maio 2008.
MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
MASALKOVSTIY, Vladimyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
; SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Fal-
cão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 06 fev. 2007.
MENDES, Geoesley Negreiros. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
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MIGALKO, Yuriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
MOTTA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
NASCIMENTO, (lana Corrêa do. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
NAVARRO, Enio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
NOGUEIRA, Gelson Atílio Ferreira; Nogueira, Cláudia Almeida Matos. Entre-
vista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira.
Jaén — Espanha, 17 ago. 2007.
NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NUNEZ ROMERO, Juan Carlos. Entre-
vista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Belém, 09 out. 2007.
OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun.
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OLIVEIRA, Daisy Santos Correia de. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de
Oliveira. Recife, 22 jul. 2008.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira. Rio de Janeiro, 14 jul, 2007.
OLIVEIRA, Nelly Alves de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
OLIVEIRA, Renata Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
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OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
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OLIVEIRA NETO, Armando de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
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PAGACIOV, Paulo César; PAGACIOV, Teresa Cristina. Entrevista concedida a
Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Para-
guai, 29 maio 2007.
PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
PEREIRA, Maria Ilza Lopes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun. 2007.
PINA, David Tavares. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Re-
cife, 20 out. 2007.
PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
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PIRES, Carlos Alberto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2007.
PRIETO, Maria Esther Vera. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista
concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevi-
lha — Espanha, 25 ago. 2007.
ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
SANCHES, Francisco Nicodemos. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de
Oliveira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 17 mar. 2008.
SANTOS, Edilon Moreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
SANTOS, Izilda Portela de Miranda. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2008.
SANTOS, Joabson dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
SAVCHENKO, Vladimir. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
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SOUZA, Kely Aline da Silva. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
SOUZA, Renato Cordeiro de; SOUZA, Jane Cristina Barbosa de. Entrevista
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de Janeiro, 14 set. 2007.
SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
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Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
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TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
VEIGA, Augusto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Assun-
ção — Paraguai, 28 maio 2007.
VENTURINI DE SOUZA, Joed; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni.
Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
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7. Documentos em meio eletrônico


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ALMEIDA, Irismênio Ribeiro de. Resposta solicitada. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 12 out. 2008.
AMARAL, Othon Ávila. Alcides Telles de Almeida, o executivo que recuperou
a Junta de Missões Mundiais. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br>
em 15 set. 2008.
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IGREJA perseguida na Colômbia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível
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IGREJA perseguida na Turquia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível
em: <http:/www.portasabertas.org.br>. Acesso em 18 jul. 2008.
IGREJA perseguida no Afeganistão. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível
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SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy; SCHMILIKHOVSKYY, Iryna. Mensagem recebi-
da por <zedel@uol.com.br> em 30 abr. 2008.
SILVA, Alya Gonçalves da. História de Kathrine Acomba. Mensagem recebida
por edelfalcao@yahoo.com.br em 01 maio 2008.
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borracho. Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 mar.
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TIMOR-LESTE. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/
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TOMAZ PEREIRA, Gerson; TOMAZ, Sônia Maria da Silva. Carta da Romênia.
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TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de
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UNIÃO Soviética. In: IDADE CONTEMPORÂNEA. Disponível em: <http:/
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VENEZUELA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/
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WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Waldemiro Tymchak — herói da fé.
Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 set. 2007.
Anexo A — Missionários da )MM 1298

Data Data N2 de
Nome Campo
Ida Volta anos
João Jorge e Prelidiana Frias de Portugal 1911 1919 8
Oliveira
Antonio Maurício/Alice Mignot Portugal 1919 1980 61
Maurício/Adalgisa Wanderley
Maurício Portugal 1966 1966 37
1970 1980
Achilles e Djanira Shchüller Portugal 1925 1926 2
Barbosa
Eduardo e Herodias Neves Portugal 1936 1941 5,5
Gobira
Waldomiro e Lygia Lobato de Bolívia 1946 1956 10
Souza Motta
Maria Bezerra do Nascimento Bolívia 1948 1954 6
Tiago Nunes e Creusa Jacques Bolívia 1949 1958 9
Lima

' `"' Esta relação dos missionários foi preparada por Nancy Dusilek, na pesquisa que realizou sobre
Missões Mundiais, no que se refere aos anos de 1911 a 2003. A lista foi complementada nos 5
últimos anos por Othon Ávila Amaral. Apenas os missionários efetivos nomeados nas reuniões da
Junta estão no quadro. Assim, não são incluídos os voluntários, temporários, radicais, membros
de equipes, estagiários, especiais e obreiros promocionais. Para cada casal foram mencionados os
dois nomes. São 521 missionários, sendo que 18 deles não chegaram ao campo. Há pequenas di-
ferenças de datas entre as informações deste quadro e o que está no texto. Isso deve-se ao fato de
aqui ser quse sempre considerado o ano de nomeação do missionário e não o da ida ao campo.
Hélcio da Silva e Odete Faria Portugal 1953 1961 8
Lessa
Japhet e Elcy Carelly Fontes Bolívia 1954 1957 3
Sebastião e Anterina Cunha de Bolívia 1955 1964 9
Souza
Margarida de Oliveira Bolívia 1958 1960 2
Maria da Silva Ferraz Bolívia 1958 1968 10
Nelly Alves de Oliveira Bolívia 1958 1966 8
Rita de Miranda Pinto Bolívia 1958 1972 14
Celita de Lima Coradello Bolívia 1960 1964 4
Henrique Wedeman Filho e Bolívia 1960 1966 6
Anete Silveira Wedeman
Edson e Ivone Duarte Salles Bolívia 1961 1969 8
Ageu Ferraz Ribeiro Bolívia 1962 1972 10
Agnelo Guimarães Barbosa Filho Bolívia 1962 1965 3
e Ruth Cernindo Barbosa Paraguai 1965 1976 11
Uruguai 1976 1981 5
Paraguai 1981 1988 7
Peru 1988 1990 2
Ana da Silva Lança Bolívia 1962 1966 4
Ezequias e Silvanira Garcia Bolívia 1962 1969 7
Mendonça
William e Creuza Rangel de Paraguai 1964 1965 1
Souza
Daniel Cardoso Machado Paraguai 1965 1989 24
Décia Barbosa Bolivia 1990 2002 12
Loide de Souza Silveira Paraguai 1965 1981 16
Maria Francisca Soares Bolívia 1966 1971 5
Dalva Santos de Oliveira Paraguai 1968 1991 23
Rep. Dominicana 1996 2002 6
Dilson Ramos e Paula Maria Paraguai 1970 1999 19
Abreu de Moraes
Jailce Silveira Santos Bolívia 1970 1981 11
Lucy Gonçalves Guimarães Portugal 1970 1976 6
Açores 1976 1982 6
Peru 1982 ? ?
Maria Luiza Ferreira Paraguai] 1970 1998 28
Rp.Dominicana 1999 2002 3
Milzede de Moura Barros Bolívia 1970 1972 2
Silas Luiz e Aldair Ribeiro Go- Bolívia 1970 1986 16
mes Chile 1987
Valnice Milhomens Coelho Moçambique 1970 1983 13
José Nite e Cilcéia Cunha Moçambique 1971 1976 5
Pinheiro Rodésia 1976 1977 1
Portugal 1978 1988 10
Oswaldo Ferreira e Maria Stela Portugal 1972 1985 13
Lopes Bomfim
Albertina Ramos da Silva Moçambique 1973 1976 4
Açores 1976 1977
Horácio Wanderley da Silva Bolívia 1973 1980 7
e Ana Maria Lemos Monteiro Espanha 1980
Wanderley
Levi Barbosa e Elizabeth B. da Angola 1973 1975 2
Silva
Eunice Brito Angola 1974 1976 2
Francelino Ferreira e Lourdes Paraguai 1974 1995 21
Rosa Barbosa
Francisco Antônio e Márcia Açores 1974 1983 9,5
Venturini de Souza Angola 1983 1983
Portugal 1983 2
Cabo Verde 1996 1998
Geraldo e Elvira Maria Rangel Uruguai 1974
Maria Ivonete da Costa Lopes Moçambique 1974 1976 2
Rodésia 1976 1077 1
Portugal 1978 2002 24
Marinete Wanderly de Lima Uruguai 1974 1981 7
Terezinha de Souza Bastos Paraguai 1974 1979 5
1981 1988 7
Arildo Mota dos Reis Pessoa e Paraguai 1975
Alice Maria D. Mota Portugal
Eldas Caldeira da Silva Paraguai 1975 1979 4
Elizabete Maria das Neves Novo Açores 1975 1977 2
Elton e Miriam Baldassare Ran- Paraguai 1975 1977 2
gel Pereira Açores 1977 1985 8
Portugal 1985 1991 6
Espanha 1997
Francisco e Raquel Gonzalez Cid Argentina 1975 1991 16
Paraguai 1991 1999 8
Francisco Nicodemos e Olívia , Açores 1975 1980 15
de Almeida Drummond Sanches Africa do Sul 1988
Hermezilha Pedrosa 1975
Isaías Ramos e Maria Lúcia da Bolívia 1975 1988 13
Costa 1993
José Carlos Gerhard e Silvia de Bolívia 1975 1980 5
Almeida Matos Portugal 1980 1985 5
Espanha 1985 1987 2
Juracy Lemos Argentina 1975 1988 13
Márcia Ah-Lai Vargas Moçambique 1996 2000
Rep.Dominicana 2001
Maria de L. Fernandes da Silva Paraguai 1975 1985 10
Noêmia Tavares dos Santos Uruguai 1975 1975 1
Argentina 1976 1982 6
José Calixto e Suely Mieko Sira- Venezuela 1976 1994 18
zawa Patrício Estados Unidos 1994 1996 2
Costa Rica 1996 2002 5
Estados Unidos 2002
Osvaldo e Anésima Bezerra Paraguai 1976 1980 4
Ganev
Carlos Alberto da Silva e Paraguai 1977
Lídia Sônia Klawa da Silva
Carlos Alberto e Abegair Lopes Espanha 1977
Pires Chile 1996
Espanha 1996 2001
Paulo Roberto e Carmem Lúcia França 1977 1987 10
Bernades Soda
Samuel e Marlene Serrão Mitt Bolívia 1977 1980 3
Portugal 1987 1996 9
Evódia Barbosa Gomes Uruguai 1978 1980 2
Uruguai 1981 1986 5
João Carlos e Gláucia Vasconce- Canadá 1978 1983 5
los Keidann
Olinda Silva Abreu Paraguai 1978
Jáder e Noemi Lucília Lopes Bolívia 1979 1981 2
Malafaia
João Fernandes e Lucimar Cal- Canadá 1979
vello Garcia
João Ferreira e Berenice Bastos Paraguai 1979 1992 13
de Almeida
Marides Leite Quintino Paraguai 1979 1982 3
Marlene Baltazar Nóbrega Moçambique 1979
Raquel Barcelos Paraguai 1979 1985 6
Moçambique 1985 1998 13
Ronald e Ana Augstroze Rutter África do Sul 1979 1988 9
Zimbábue 1988 1990 2
África do Sul 1991 2000 9
Antonio Joaquim e Deolinda Espanha 1980 1987 7
Veloso de Matos Gaivão Argentina 1987 1993 6
Paraguai 1993 1993 0,5
Diné René e Leila Lóta Açores 1980 1986 6
Portugal 1986 1991 5
Canadá 2008
Humberto Viegas e Marilene EUA 1980 1983 3
Andreone Fernandes
Jonas e Eth E Borges da Luz Paraguai 1980 1991 10
Levy José e Léa Souza Penido Equador 1981 1987 6
Sônia Pereira Pinto Venezuela 1981 1984 3
Carlos Roberto e Mônica Malfe- Peru 1982 1991 9
tana B. de Oliveira Costa Rica 1991 1996 5
México 1996 2000 4
Eli Bento e Maria Cristina R. Argentina 1982 1989 7
Corrêa
Idelfonso Alexandrino dos San- Colômbia 1982 1993 11
tos Francisco e Miriam Thomp-
son M. Santos
José Célio e Elizabet Mota de Equador 1982 1994 12
Andrade
Jussara Padovani Moçambique 1982 1984 2
Cristóvão Nunes Borges Bolívia 1983 1986 3
Josileuza Borges Costa Rica 1993 1998 5
Denise Pinto dos Santos Bolívia (T) 1983 1986 2
Genésio Custódio Neto (T) 1983
Isaura Monteiro Barbosa Bolívia (T) 1983 1986 2
Ivany Alves de Oliveira Uruguai (T) 1983 1984 1
Jeferson Roberto Mendes Paraguai (T) 1983 1986 2
João Batista da Costa Bolívia (T) 1983 1984 1
João Luis da Silva e Célia Borges Bolívia (T) 1983 1984 1
Manga Guiana 1990 1998 8
El Salvador 1998 2002 4
José Francisco e Risemar Confes- Macau 1983 1987 4
sor do Amaral
José Ramos da Costa Equador (T) 1983 1986 3
Maristela Duleba Uruguai (T) 1983 1984 1
Marta Oliveira Bolívia (T) 1983
Marta Ramos do Nascimento Bolívia 1983 1984 1
Chile 1987 1990 3
Miriam Pereira Ramos Uruguai (T) 1983 1986 2
Nadir Nunes das Neves Uruguai (T) 1983 1986 2
Noêmia Gabriel da Silva Moçambique 1983 1990 7
1995
Osvaldo de Jesus Moraes Paraguai (T) 1983 1986 2
Rosana Baptista Bolívia (T) 1983 1986 2
Sebastião Lúcio e Rosalee Elbert Moçambique 1983 1988 5
Guimarães
Sueny da Costa Pinto Angola 1983 1988 5
Moçambique 1988 1994 6
Ubirajara Pereira e Alya Gonçal- Canadá 1983
ves da Silva
Flávio Strini e Neusa Esperandio Canadá 1984 2000 16
dos Santos
José Arlindo e Raquel Costa dos Uruguai 1984 2001 17
Santos
José Cenário Alves da Rocha e Bolívia 1984
Teremar Rocha
Narriman Soares Guimarães Chile 1984
Nilo Pinheiro de Moura Equador 1984 1986 2
Pedro Alves Cardoso e Walkiria África do Sul 1984 1986 2
de Azevedo Cardoso
Regineide Menezes de Lima Paraguai 1984 1991 7
Rosa Maria Lopes de Abreu Paraguai 1984 1986 2
Silas Araújo Matos e Maria Regi- 1984
na S. Matos
Talita de Souza Rodrigues Angola 1984 1986 2
Ana Loide Soares Leão Bolívia 1985 1987 2
Bolívia 1988 1993 5
Rep. Dominicana 1993 2000 7
Cabo Verde 2001
Ana Maria Faria Alcântara Venezuela 1985 1988 3
1989 1992 3
Ilzete Santos da Silva Paraguai 1985 1987 2
Chile 1988 1989 1
Jacy de Souza Peru (T) 1985 1987 1
Jane Ferreira Pontes Peru (T) 1985 1986 1
Lúcio Casasanta de S. e Cirlei Açores 1985 1993 8
Queiroz C. Pereira , Portugal 1993 1996 3
Africa do Sul 1996 1999 3
Marise do Bonfim Pereira Bolívia 1985 1987 2
Bolívia 1991 1994 3
Rp. Dominicana 1994 1996 2
Ranulfo Gomes dos Santos Bolívia (T) 1985 1987 2
Renato Cordeiro e Jane Cristina Portugal 1985 1998 13
Barbosa de Souza
William e Sônia Regina da Silva Chile 1985
Wojcicki
Almyr Ricardo Chaffin e Suely Venezuela 1986 1995 9
Valentim Martins
Carlos e Shirley Alves Arcos Uruguai 1986 1988 2
Chile 1989 1992 3
Guiné Equat.l 2001
Ceila Ferreira Borges da Luz Bolívia 1986 1988 2
Eliseu Roque e Luciene S.F. do Paraguai 1986 1989 3
Espírito Santo Argentina 1991 1994 3
Érica Gerli Linauer Chile (T) 1986 1988 2
Paraguai 1989 1990 1
Chile 1991
Evenos Luz Nunes Bolívia 1986 1988 2
Jane de Carvalho Luz Zimbábue 1995
Heloisa Batista Amaro Paraguai 1986 1987 1
Joezer Lima e Diná Portela de Espanha 1986 1996 10
O. L . de Aguiar
Odenir Figueiredo Junior Paraguai 1986 2001 15
Eliana Cordeiro Figueiredo
Otília da Silva Uruguai 1986 1988 2
Bolivia 1989 1990 1
Moçambique 1990 2000 10
Botsuana 2000
Analita Dias dos Santos Chile (T) 1987 1989 2
Guiné-Bissau 1996
Heinrich e Olga S. Friesen Equador 1987 1991 4
Romênia 1992 1999 7
Equador 2002
Lauro e Thereza Campaner África do Sul 1987 1989 2
Mandira 1999
Maria das Dores Santos Bolívia (T) 1987 1989 2
Moçambique 1991 1998 7
Zimbábue 1998 2000 2
Noeme Braga Barcelos Bolívia 1987 1988 1
Ruth Martins Bolívia (T) 1987 1989 2
Bolívia 1989 1998 9
Tomé S. C. F. e Elenice Chepuck Inglaterra 1987 1991 4
Fernandes India 1992 1999 7
Portugal/índia 2000
Waldeci Anacleto e Adelioneide Angola 1987 h 1994 7
E de Brito
Carmem Lígia E de Andrade Bolívia 1988 1991 3
Bolívia 1991 1993 2
Rp. Dominicana 1993 2000 7
Cabo Verde 2001
Idimar e Gerusa Duarte Gomes Argentina 1988 1991 3
Finco Bolívia 1983 1984 1
Rp. Dominicana 1991 2001 10
Jackson Roberto Rondini Canadá 1988
Noemi E da Silva Rondini
Marlene Tiede Paraguai 1988 1989 1
Chile (T) 1989 1991 2
Chile 1991
Maura Ramos de Oliveira Bolívia 1988 1990 2
Bolívia 1991 1992 1
Rosângela Ferro Dias Uruguai 1988 1990 2
Angola 1991 1993 2
Angola 1995
Terezinha Aparecida Lima Uruguai 1988 1990 2
Moçambique 1991 1993 2
Moçambique 1995
Alaíde M. de Oliveira Inglaterra (T) 1989 1992 3
Davi Liepken Bolívia (T) 1989 1991 2
Paulo e Virginia Moreira Leste 1989 1999 10
Europeu
Paulo Ribeiro e Telma M. Almei- Peru 1989 1998 9
da Simões
Alceir Inácio e Cenilza Ferreira Uruguai 1990 1993 3
Colômbia 1993
Analzira Pereira do Nascimento Angola 1990
Aparecida Lina Camelo 1990
Davi Lins e Edna Mota Leão de Chile 1990 1992 2
Oliveira
Élbio Délfi Márquez Guimarães Argentina 1990 1995 5
e Adilene Vieira M. de Márquez Panamá 1995 2000 5
Venezuela 2000 2002
Eliane Soares Cerqueira Chile 1990 1994 4
Moçambique 1994 1997 3
Ester Penha da Silva Uruguai 1990
Cabo Verde 1997 1998 1
João Osmar Bento e Valdisa de Açores 1990 2002
Oliveira
João e Sônia Tibúrcio da Silva Angola 1990 1994 4
Rosemary Rodrigues Uruguai 1990
Joabson e Maria Lina dos Santos Paraguai (T) 1991 1997 6
1997 2000 3
2001
Joed e Ida Helena M. Venturini Portugal 1991 1994 3
de Souza Guiné Bissau 1994
Luiz Carlos e Mariza Costa dos Itália 1991 1993 2
Santos
Anália da Silva Queiroz Venezuela 1992 1992 1
Elias Costa e Valdete Pinheiro Japão 1992 1998 6
Lacerda
Josias Cardoso e Lícia Marlene E Equador 1992
Machado
Miquéias da Paz e Dione de África do Sul 1992 1993
Almeida Barreto
Rosa Lúcia de Freitas Silva África do Sul(T) 1993
Açores
Dimas de Souza Filho Paraguai (T) 1993 1997 4
Lilia Rita Venturini de Souza Paraguai 1997 2000 3
Cabo Verde 2001
Eliana Neves dos Santos La Chile (T) 1993 1997 4
Banca Chile 1997
José Carlos de Castro Paiva Venezuela 1993 2001 7
Maria Eni Paiva
Marcos Stier e Silvana Leoni Paraguai 1993
Calixto Povos Arabes
Oswaldo Luiz Gomes e Eliana África do Sul 1993 1994 1
Pitzer Jacob Botsuana 1998 1998
Adoniram Judson e Raquel Senegal 1994 1997 3
Porcides Pires Espanha 1999
Elierte e Maria Marinati Pereira Guiana (T) 1994 1996 2
Eray Proença Muniz Rep.Dominicana 1994 1995 0,5
Gerson Tomaz e Sônia Maria da Romênia 1994
Silva Tomaz
Gladimir Nunes e Márcia (sane Inglaterra 1994
S. Fernandes Tailândia 1997
Jair Reis e Rawlianne Rangel Portugal 1994 1999 5
Campos
Jânio C. e Marlene Nunes Portugal 1994
Joel Santos e Susana S. Costa Ucrânia 1994
Luiz Amaro e Orleusa Arruda Taiwan 1994 2002
da Silva
Manoel Florêncio Filho e Albânia 1994 1998 4
Raquel Carneiro Florêncio Itália 1998
Rikuo Suzuki (Dr.) Portugal 1994 1996 2
Sebastião Carlos e leda Cardoso EUA 1994 1999 5
Baptista
Sérgio da Silva e Janice de Car- Moçambique 1994 2000 6
valho Oliveira Botsuana 2000
Veralúcia Ferreira da Rocha Senegal (T) 1994 1997 3
1997
Alex Ojcius Leste Europeu 1995 1999
Carlos Flávio e Estela Mary Egito 1995
Siqueira Freitas
Cirlei Bispo de Moura Rep. Dominicana 1995 1997 3
Equador 1997 2000 3
Claudia Renata Pereira Guaiana 1995 1997 2
Paraguai 1997 1998 1
Egito 2000
Darcy Ferreira Santos Guiana 1995 1997 1,5
Elias Balbino e Marta de Jesus Moçambique 1995 1997 2
Nogueira de Lima São Tomé 1998 2000 2
Moçambique 2002
Gelson e Claúdia Nogueira Espanha (T) 1995 1997 2
Espanha 1997
Narciso e Mardilene Tinoco da Açores 1995
Silva Braga
Ricardo Ramos Silva e Peru 1995
Marilza Pena Ramos
Amariz Brás Correia Bolívia 1996 1998 2,5
Ana Maria Costa Paraguai (T) 1996 1998 2
São Tomé 1999 2002
Paraguai 2003
Daniel Duarte e Clélia Kerne de Uruguai 1996
Oliveira
Jonas Darq e Regina de Souza Angola 1996 2000 4
Moisés Pinheiro Menezes Júnior Chile (T) 1996 1998 2
e Sali Waldow Menezes Ucrânia 1998 2001 3
Rita de Fátima de Oliveira Panamá 1996 1997 1
Rep. Dominicana 1997 1999 2
Roselene Nogueira Paraguai 1996
Zilmar Ferreira Freitas África do Sul 1996 1997 1
Adjamar e Adrianie T. Goudard Inglaterra 1997 1998 1
da Silveira India 1998 2000 2
Antonio da Silva e Rosinalva Equador 1997 2001 4
Figueiredo
Celmi Ledo Rodrigues Equador 1997
Edna Ferreira Dias Guiné Bissau 1997
Eliane da Silva Pinheiro Japão 1997
Ismail Gurgel Pereira e EUA 1997 1999 2
Regina Célia Carvalho Gurgel
Jorge Edmundo e Dulcerly Pires Cabo Verde 1997 2000 3
Sarria Tejada Rep. Dominicana 2001
José Aparecido Ferreira e Nicéa Inglaterra 1997 1998 1
de Hollanda Lopes Egito 1998 2001 3
Leno Lúcio Souza e Raquel Bolívia 1997 2001 4
Priscila Rissete Franco Ucrânia 2002
Marcos Barbosa e Penha S. Alves EUA 1997 1999 2
Maristela Almeida da Costa Angola 1997
Neli Carvalho da Conceição Bolívia 1997 2001 4
Vera Lúcia Gonçalves Ferreira Polônia 1997 1998 1
Miguel Zugger Palestina 1997
Wellida Ney Rangel Veiga 2000
Fabiano e Anne Muniz Costa Itália 1998
Nicodemo
Gilberto Gonçalves e Jaqueline Angola 1998
Campos
Girlan Sérgio e Denise Costa Moçambique 1998
Ferreira da Silva
Ivonete Maria dos Reis Senegal 1998
Khalil e Tereza Samara Oriente 1998
Médio
Marcos Grava Vasconcelos Hong Kong 1998
Maria Aparecida França da Silva Bolívia 1998 2000 2
Colômbia 2001 2001 1
Bolívia 2002
Maria Bernadete da Silva Itinerante 1998 1999 1
Vitor Hugo e Linéa Mendes de EUA 1998 2000 2

Jorge Schutz Dias Promocional 1999 2002
Kerley Permínio de Souza Guiné Conakri 1999
Marco Antonio P e Regina Turquia 1999
Sant'anna Diógenes
Maria do Socorro Cândido Afeganistão 1999 2002
Shinobu e Izabel Cristina Hino Japão 1999
Walter e Alzira Freire Senegal 1999 2001 2
França 2002
Adriana Pereira Moçambique 2000 2002
2002
Armando de Oliveira Neto e Chile 2000
Catarina B. Jacobsen de Oliveira
Corneliu Boingeanu Romênia (Esp.) 2000
Daniel e Ana Laura Rangel Chile 2000
Jailson e Ana Cristina Serpa Senegal 2000
Joel e Lúcia Martiniano Peru 2000
Maria Ilza Lopes Chile 2000
Melquizedeque e Evangilene Venezuela 2000
Valdicilene M. Nascimento Bolívia 2000
Waudeque Felismino e Ana Japão 2000 2001 1
Maria
Cléber e Elaine Balaniuc África do Sul 2001
Denison e Patrícia Timor Leste 2001 2001
Ezequiel Batista e Ione Batista Portugal 2001
da Luz
Herodiel Mendes Bastos O. Promocional 2001
Ivanete Maria de Gama Bolívia 2001
Joabson e Maria Lina Paraguai 2001
Jônatas Enéias e Juscelândia Sep- Índia 2001
tímio Caldeira Filipinas 2008
Josué e Maria Izabel Ferreira Angola 2001
Maria Alice Chagas Índia 2001
Maria Aparecida Moysés Moçambique 2001
Othon Ávila Amaral Promocional 2001
Paulo e Tereza Pagaciov Cabo Verde 2001 2002
Paraguai 2002
Rosângela Batista São Tomé 2001
Sílvia Santana Silva Turquia 2001
Eliseu e Dagmar Freitas Pov.Ára. França 2002
Amo Húbner Promocional 2002
Cristiane de Jesus Oliveira Angola 2002
Burkina Faso 2008
Eugênio e Esther Wolyniec Ucrânia 2002
Fábio Pegas Peres Itália 2002
Helio e Maria Miúra Japão 2002
Jurandir e Luzinete Pereira China 2002
Lamartine e Kátia Fernandes Tailândia 2002
Luci mar de Souza Peru 2002
Ricardo e Adriana Rocha China 2002
Antonio e Shirley da Silva Brasil/Bolivia 2003
Parceria c/JMN
David e Sheila H. Alencastre Moçambique 2003
Flávio e Carla Jordânia 2003
Hans e Úrsula Fucks Angola 2003
Samira dos Santos Pacheco Cazaquistão 2003
Luiz Fernando e Kezia Lima Brasil/Venezuela 2003-
Parceria c/JMN 05-15
Ilca Gomes Guedes São Tomé e Princ Abr/03
Altair e Neila Prevedello Japão Abr/03
João Caio e Astride Bottega Itália Jan/03
Marcos Vinicius e Sylvia Araujo Espanha Mai/03
Fabiano e Patrícia da Silva África do Sul 2004
Betânia Maria de Albiuquerque Sudão 2004
Richarles e Vanda Rampázio Equador Jor- 2004
dânia
Ilva Rocha Araújo de Oliveira Indonésia 2004
Hans e Úrsula Fuchs Angola 2004
Jairo e Leonésia Alves África do Sul 2004
Edimar e Vanusa Guimarães África do Sul 2005
Maria da Conceição Antonio África do Sul 2005
Adriana Noeme da Silva Egito 2005
Filipe Cunha Teixeira Portugal 2005
Joseane de Souza Lima Peru 2005
Humberto e Elizângela Chagas Senegal 2005
Milton e Patrícia Sanches Portugal 2005
Erly e Fátima Gonçalves Moçambique 2005
Karina de Paula Gonçalves Alves Angola 2005
Silvânia Maria da Costa Timor Leste 2005
Regina Célia de Oliveira Romênia 2005
Vládia Maria Silva Soares Peru 2006
Ricardo e Priscila Magalhães Portugal 2006
Roberto Bragança Romão Malásia 2006
Evaldo e Vanete Teixeira Timor Leste 2006
Hans e Elaine Behrsin Letônia 2006
Leandro e Flaviana Tinoco China 2006
Maria Regina Corrêa Tunísia 2006
Vera Lúcia Corrêa Tunísia 2006
Valdecir e Eliane de Freitas Malásia 2006
Lílian Marina Benitez Grance Guiné-Bissau 2006
Antonio e Sirley da Silva Bolívia 2006
Roberto e Elizabeth Macharet Espanha 2006
Henrique e Henriqueta Davanso Albânia 2006
Pechoto
Cláudio e Andréia Azevedo Peru 2007
Cláudio e Carla Mendes Etiópia 2007
Oswaldo e Denise Mattos Romênia 2007
Inis Quirino Santos Egito 2007
Diego e Stella Lopes África do Sul 2007
Deivison e Ana Luíza Costa Marrocos 2007
Maria Lucinalva Dias de Oliveira Guiné Equatorial 2008
Nely Soares de Souza Guiné Equatorial 2008
Fernando e loni Pasi Itália 2008
William e Márcia Carrilho Chile 2008
Odete Dossi Peru 2008
Levy e Lúcio Godinho São Tomé e 2008
Príncipe
Maria Alice Delleve Chagas China 2008
Fernando e Cristalina Félix Japão 2008
Milton e Patrícia Sanches Portugal 2008
Gleyce Guimarães Meirelles Cazaquistão 2008
Antônio e Aline Álvares Chile 2008
Andréia Conceição dos Santos Senegal 2008
Crisóstomo
Jefferson e Ivanice das Chagas China 2008
Maria Rejane do Nascimento Paraguai 2008
Joseane de Souza Lima Equador 2008
Ronaldo e Ana Paula Lourenço Senegal 2008
Flaviana Tenório de Mendonça China 2008
Ti noco
José Antônio e Maria Isabel Jordânia 2008
Mostacato
Roberto e Aline Romão Malásia 2008
Vládia Maria Silva Soares Paraguai 2008
Adriana Justina do Nascimento Angola 2008
Eula Maria Gonçalves Peru 2008
Fladimir e Miriã Souza Malásia 2008
Ricardo e Priscilla Magalhães Portugal 2008
Jonilza Gomes Costa Angola 2008
Ana Lúcia Ferreira Gonçalves Colômbia 2008
Roberto Carlos e Edna dos África do Sul 2008
Santos Rocha Carmona
Danielle Ferreira de Souza Senegal 2008
Renata Santos de Oliveira ? 2008
Aline Christine Caetano Siqueira ? 2008
ANEXO B — Executivos da JMM
Salomão Louis Ginsburg — 1907 a 1911
Ernesto Alonzo Jackson — 1912 a 1915
Menandro Martins (interino) — 1914
Otis Pendleton Maddox — 1915 a 1917
Salomão Louis Ginsburg (interino) — 1916 e 1917
Leônidas Lee Johnson — 1918 a 1919
Menandro Martins — 1919 a 1924
Thomaz Lourenço da Costa — 1924 a 1933
Francisco Manoel do Nascimento (interino) —1930
Ricardo Pitrowsky — 1934 a 1936
Francisco Manoel do Nascimento — 1936 a 1942
Egidio Gioia (interino) — 1942
Manoel Correa Monteiro — 1942 e 1943
Pedro Gomes (interino) 1943
Moysés Silveira — 1943 a 1953
Emanuel Fontes de Queiroz (interino) — 1951
Moysés Silveira (interino) 1952
Raphael Zambrotti — 1952 a 1955
Letha Myrtle Saunders (interina) — 1955
Alcides Telles de Almeida — 1956 a 1979
José dos Reis Pereira (interino) 1979
Waldemiro Tymchak — 1979 a 2007
Sócrates Oliveira de Souza (interino) — 2007 e 2008
ANEXO C — Presidentes da JMM
William Henry Cannada — 1907 e 1908
William Buck Bagby — 1909
1908 a 1913 não encontrado
João Augusto de Gouveia — 1914
William Edwin Entzminger — 1915
Francisco Fulgêncio Soren — 1916
1917 e 1918 não encontrado
Harvey Harold Muirhead — 1919
1920 a 1924 não encontrado
Maxcy Greco White - 1925
Manoel Ignácio Sampaio — 1926
Severo M. Pazo — 1927 e 1928
Ricardo Pitrowsky — 1929 e 1930
Francisco Miranda Pinto — 1931 a 1934
Thomaz Lourenço da Costa — 1935 a 1938
Pedro Gomes de Melo — 1939 e 1940
Ricardo Pitrowsky — 1941
Edgard Soren — 1942 e 1943
1944 a 1946 não encontrado
Alberto Araújo — 1947
1948 não encontrado
José dos Reis Pereira — 1949 a 1966
Alberto Blanco de Oliveira 1967
Roque Monteiro de Andrade — 1968
Hélcio da Silva Lessa — 1969
José dos Reis Pereira — 1970 a 1974
Suman Gomes — 1975 e 1976
José dos Reis Pereira — 1977 a 1982
Hélcio da Silva Lessa — 1982 e 1983
José Alves da Silva Bittencourt — 1984
Salovi Bernardo — 1985 a 1987
Jezimiel Norberto da Silva — 1988
César Thomé — 1989
José Almeida Guimarães — 1990
Josué Melo Salgado — 1991
Hartmut Richard Glaser — 1992
Belardim de Amorim Pimentel — 1993 e 1994
Helio Schwartz Lima — 1995 e 1996
José Laurindo Filho — 1997 e 1998
Oliveira de Araújo — 1999
Marcilio Sebastião Gomes Teixeira — 2000 e 2004
Miquéias da Paz Barreto — 2005 e 2006
Abegair Lopes Pires, 59, 162, 215, 354, 399
218, 231, 235, 515 Aldair Ribeiro Gomes, 133-34,
Achilles de Vasconcelos Barbosa, 137, 194, 232, 425
78-80 Alfredo Dagis, 110
Acidália Tymchak, 22, 171-74, Alina Câmara Costa, 340
177, 179, 346, 520 Altair Prevedello, 286
Adelioneide Feitosa de Brito Ana- Alya Gonçalves da Silva, 221, 224-
cleto, 210 25, 467
Adilene Monteiro Márquez Gui- Alzira Freire, 215
marães, 202, 244 Ana Augstroze Rutter, 207, 259,
Adilson Ferreira dos Santos, 312- 476
14, 339, 485, 509 Ana Cristina de Araújo Serpa Pe-
Adjamar Silveira, 280 reira, 318-19
Adoniram Judson Pires, 217-18, Ana da Silva Lança, 131
305, 316-18, 447-48, 482 Ana Laura Luzardo Cuello, 144,
Adriana Pereira Marcolino, 323, 201
374 Analita Dias dos Santos, 305, 320-
Adriana Silveira, 280 22
Adriana Sotelo Morari Rocha, Ana Loide Soares Leão, 246, 268,
273, 358 415
Agenor Miranda de Araújo (Cazu- Ana Lúcia Rosa Pereira, 269
za), 361 Analzira Pereira do Nascimento,
Ageo Ferraz Ribeiro, 131 211-15, 365, 367, 370, 372,
Agnelo Guimarães Barbosa Filho, 395
131, 140, 145, 196, 228, 351 Ana Maria da Costa, 268, 361,
Agostinho de Hipona, 150 479
Alceir Inácio Ferreira, 201, 230, Ana Maria Felismino, 286
266 Ana Maria Lemos Monteiro Wan-
Alcides Telles de Almeida, 26, derley, 135, 180, 190, 194,
110, 113-18, 138, 166, 260, 216, 408, 456
Ana Thais, 312, 510 Brown, David, 334, 342
Anatoliy Schmilikhovskyy, 179-80, Brown, Sheila, 342
294-97, 301, 414, 446, 507
Andréa Chrysostomo, 142, 370 Calixto Patrício, José, 148, 202-
André Bondarenko, 297 05, 230, 239, 243, 250, 355,
Anduino Nunes Correia, 61 397, 461, 491
Anésia Ganev, 143 Calné de Oliveira, 395
Anete Silveira Wedemann, 131 Cannada, Willliam Henry, 46
Anne Muniz Costa Nicodemo, Carey, Guilherme, 257, 338
242 Carla Decorelli Mendes, 271
Anterina Lopes da Cunha Souza, Carlos Alberto da Silva, 143, 199,
129, 132, 151 200
Antônio Barbosa Reis, 340 Carlos Alberto Pires, 59, 162-63,
Antonio Lopes, 117 215, 218, 231, 234-35, 515
Antonio Tiago de Souza Pereira, Carlos David Arcos Paez, 268,
157 270
Armando de Oliveira Neto, 234, Carlos Flávio Freitas, 307
435-36, 495 Carlos Roberto de Oliveira, 227-
Augusto Veiga, 200 28, 240, 243-44
Carmem Lígia Ferreira de Andra-
Bagby, Ana Luther, 38 de, 246, 268, 415
Bagby, William Buck, 38, 46 Carmem Lúcia Bernardes Sória,
Balbino Mercado, 110 160, 215
Banzo, Hugo, 191 Catarina Boone Jacobsen de Oli-
Bayssa Erena, Samuel, 256, 270-71 veira, 234-35, 435
Behrsin, Hans Gilson, 303 Célia Miranda Borges Manga, 236,
Bell, Lester, 120, 123 244, 357
Benedita Caeyrama, 286 Celita de Lima Coradello, 131-32
Berenice Bastos de Almeida, 196 Cenilza Andrade Ferreira, 201,
Bertha Afiez Pedrial, 132 230, 266
Boccacio, Giovanni, 241 Chris, Gumunyus, 266
Bonifacio Blanco, 458-60 Cilcéia da Cunha Pinheiro, 153,
Bosch, David, 31 156, 186
Bowen, Thomas Jefferson, 37 Cirlei Moura, 247
Bratcher, Lewis Malen, 33, 98 Cirlei Queiroz Casassanta Pereira,
Bráulio Silva, 71 188
Claros Mercado, 110, 127 Denison Augusto Baptista, 288
Cláudia Almeida Matos Nogueira, Deolinda Veloso de Matos Gaivão,
218 153, 156, 199, 202, 216, 346
Cláudia Renata Pereira, 305 Deter, A. B., 39, 172, 388
Cláudio Luiz Mendes, 271 Diego Monteiro Lopes, 265
Clélia Kerne de Oliveira, 201 Dilson Ramos Moraes, 141-42
Colombo, Cristóvão, 245 Dimas de Souza Filho, 267
Crabtree, A. R., 118 Diná Portela de Oliveira Lima de
Creusa Jacques Lima, 107, 130 Aguiar, 217
Creusa Rangel de Souza, 139-40 Diné René Lota, 181, 185, 188,
Creuza Motta, 470, 490
Cristiane Amaral Félix Dias, 286 Dione de Almeida Barreto, 264,
Cristiane de Jesus Oliveira, 265, 364
372 Djanira Schüller Barbosa, 78, 80
Dmytro Bucky, 294
Dagmar Freitas, 215 Dulcerly Judson Pires Sarria Teja-
Daipa Candieiro, 414 da, 235, 246, 267
Dalva Santos de Oliveira, 140-41, Dunstan, A. L., 45
197, 246, 427, 465, 492 Duran, Dario Ganella, 196
Damian Sesary, 132
Daniel Cardoso Machado, 132, Eanes, António Ramalho, 87
135, 193 Edelweiss Falcão de Oliveira, 29,
Daniel Duarte de Oliveira, 201 157, 182, 254, 298, 327, 498
Daniel Gonçalves Rangel, 144, Edileuza da Silva, 320
201 Edilon Moreira dos Santos, 502
Daniel Prado, 463-64 Edimar Guimarães Pereira, 265,
Dante Aliguieri, 241 504, 505
Davi Candieiro, 364 Edivaldo da Silva, 320
David Jacobsen de Oliveira, 436 Edivaldo Marcolino, 323, 374
David Hoffman Alencastre, 208 Edmilson Meireles Guerra, 347
Deborah Jacobsen de Oliveira, Edna Ferreira Dias, 305, 320, 321
436-37, 496 Edson Arantes do Nascimento
Décia Barbosa Lopes, 131-32, (Pelé), 25, 381
193-94 Edson Saltes, 131
Denise Costa Ferreira da Silva, Eduardo Teixeira de Mattos, 65
266 Elaine Behrsin, 303
Élbio Delfi Márquez Guimarães, Engels, Friedrich, 289
202, 244, 369 Enoch Quiavaúca, 212
Elcy Carelli Fontes, 110 Enoque Medrado, 100, 417
Eldas Caldeira da Silva, 143 Entzminger, William Edwin, 121
Elenice Chepuck Fernandes, 277, Ernandes Pinheiro, 488
279-80 Ernesto Serrão, 457-58
Eliana Bess d'Alcântara Fonseca, Esdras Gaspar, 427
307 Estela Mary Siqueira Freitas, 307
Eliana Neves dos Santos La Banca, Ester Pires, 515
235, 434 Esther Vera Prieto, Maria, 437
Eliana Simea da Costa, 426 Evaldo Teixeira, 288
Eliane Jacob, 364 Evenos Luz, 208
Elias Balbino de Lima, 207, 268 Evódia Barbosa Gomes, 145, 201
Elias Costa Lacerda, 285 Ezequias Mendonça, 131
Eli Bento Correia, 202 Ezequias Santana, 212
Elierte Pereira, 237 Ezequiel Batista da Luz, 358, 383
Eliezer Menezes de Oliveira, 209,
441-42 Fabiano Araújo, 267
Eliseu Freitas, 215 Fabiano Nicodemo, 242
Eliseu Roque do Espírito Santo, Falcão Sobrinho, João, 116
202 Fanini, Nilson do Amaral, 411-13
Elizabete Guimarães Macharet, Fausto Aguiar de Vasconcelos,
219 343
Elizabeth Barbosa da Silva, 158, Fausto de Vasconcelos, 99-100
209 Fabriciano Pacheco, 106
Elizabeth Mota de Andrade, 191, Fernando Félix Dias, 286
226 Fidel Castro, 247, 249
Elizangela Andrade Medeiros Cha- Flávio Strini dos Santos, 221
gas, 373 Francelino Ferreira Barbosa, 142
Eloi Coelho, 456 Francisco Aguiar do Amaral, 272-
Elton Rangel Pereira, 122, 126, 73
142-43, 185, 187, 217, 400, Francisco Antônio de Souza, 124-
414, 430-31, 457, 463 26, 184, 187-88, 209, 267, 364
Elvira Maria Gonçalves Rangel, Francisco Cid, 146-47, 198, 202,
144 428, 462, 493
Emanuil Danyk, 514 Francisco Gonçalves, 185
Francisco Manuel do Nascimento, Hatcher, Helena, 90
81, 120 Hatcher, William, L., 88
Francisco Nicodemos Sanches, Hawthorne, Alexandre T., 38
125, 187, 264 Hélcio da Silva Lessa, 96, 119,
Franco, Francisco, 162 424
Friesen, Heinrich, 226, 292, 415 Hélio Schwarts Lima, 250
Helga Kepler Fanini, 285
Galileu Galilei, 241 Hélio Akira Miura, 286
Gaivão, Antonio Joaquim de Ma- Helwys, Tomás, 35-36
tos, 153, 156, 163, 199, 202, Henrique Davanso Pechoto, 300
216, 277, 346, 351, 398-97, Henriqueta Cunha Nogueira Pe-
438, 488 choto, 300
Garcia, João Fernandes, 219, 222, Herodias Neves Cavalcanti, 122,
469 339, 405
Gelson Atílio Ferreira Nogueira, Hiebert, Paul G., 32
218, 473 Hitler, Adolf, 240
Cenário Alves da Rocha, José, Horácio Wanderly da Silva, 135-
191-94, 460 36, 180, 190, 216
Geoesley Negreiros Mendes, 484 Hugo Chávez, 148
Geraldo Machado, 247 Hugo Guillermo La Banca Ledes-
Geraldo Rangel, 144 ma, 325
Gerson Tomaz Pereira, 292-93, Humberto Chagas, 373
351-52 Humberto Viegas Fernandes, 238,
Gerusa Duarte Gomes Finco, 245 355
Gilberto Campos, 362, 372
Ginsburg, Salomão Louis, 39, 44- Ichter, Bill, 340, 397
46, 52, 58, 63-65, 121, 418 Ida Helena Mazoni Venturini de
Girlan Sérgio Ferreira da Silva, 266 Souza, 305, 319-22, 364
Gláucia Vasconcelos Keidann, Idelfonso Alexandrino dos Santos,
165, 219, 221 204, 230
Glaudimir Fernandes, Idimar Finco, 202, 245
Gobira, Eduardo, 89, 91 liana Corrêa do Nascimento, 503
Gobira, Herodias , 89-91, 122 lima Lessmeier Reis, 340
Gorbachev, Mikhail, 289, 290 Ilza Lopes Pereira, Maria, 235,
Greiton Falcão de Oliveira, 393 375
Guevara, Ernesto (Che), 247 Isabel Cristina Hino, 286
Isaías Ramos da Costa, 136, 190, Joel Santos Costa, 295, 301, 351-
426-27 52, 398
Irismênio Ribeiro de Almeida, 254 Joezer Lima de Aguiar, 217
Ivonete da Costa Lopes, Maria, Johnson, L. L., 58-72
154, 156, 186, 397 Johnson, Roberto Elton, 93,
Izilda Portela Miranda Santos, 23- Jônatas Enéias Caldeira, 281, 283
339 Jones, Joseph, 60-62, 66, 70, 83-
84
Jackson, Ernesto A., 54, 68 Jorge Edmundo Sarria Tejada, 235,
Jades Malafaia, 190-91 246, 267
Jailce Silveira Santos, 133 José Arlindo dos Santos, 201
Jailson Serpa Pereira, 318-39, 449 José Carlos Gerhard Matos, 136,
Jairo Alves, 265 183, 217
Jane Cordeiro de Souza, 383 José Chama, 208
Jane Cristina Barbosa de Souza, José Sélio de Andrade, 191, 226
184 Josias de Almeida Lira, 349
Jane Luz, 208 Josué Rodrigues Pacheco, 509-
Janice de Oliveira, 266, 373 10
Japhet Fontes, 110 Juan Carlos Nuriez Romero, 232,
Jerónimo Teixeira de Sousa, 60-61 374, 415, 496
Jésus Silva Gonçalves, 348 Juarez Pascoal de Azevedo, 341,
Jezimiel Norberto da Silva, 264, 401
364 Júlio César Ravani, 302
Joabson dos Santos, 197 Juscelândia Septímio Caldeira,
João Almeida, 469 281, 83
João Borges da Rocha, 46 Jussara Luzia Padovani, 206
João Ferreira de Almeida, 196 Justina das Dores Pedras, 85, 95,
João Jorge de Oliveira, 46, 61, 63, 156
66-67, 69, 70-72, 74-76, 79,
93, 97, 350 Katherine Acomba, 467-69
João José Soares Filho, 155 Keidann, João Carlos, 164-65,
João Luís da Silva Manga, 236, 221, 224
244-45, 357, 394 Kely Aline da Silva, 483
João Tibúrcio, 210 Kerley Permínio de Souza, 269,
Joed Venturini de Souza, 305, 358, 369, 509
319-22, 364, 372, 402 Key, Jerry Stanley, 114
Khalil Samara, 309, 311, 313-15, Lucimar Calvelo Garcia, 219, 222,
511 225
Klerk, J. W, 259 Lúcio Casassanta de Souza Perei-
Knapp, William I., 161 ra, 188
Lucy Gonçalves Guimarães, 120-
Lamartine Fernandes, 362 21, 124, 126, 227-28
Lauro de Souza, 105 Ludmila Gaspar Schmidt, 323-24
Lauro Mandira, 23, 262-64, 395, Luís Carlos dos Santos, 336, 357
398, 417 Luiz Amaro da Silva, 287, 381
Léa de Souza Penido, 226 Luiz Carlos de Barros, 22, 27, 337,
Lea Teixeira do Nascimento, 377 342, 387-89, 394
Lécio Dornas, 315, 511 Luiz Carlos dos Santos, 241
Leila Regina Delgado Lota, 185, Luiz Cláudio Marteletto, 302, 372,
188 377, 395
Lênin, Vladimir, 289 Luiz de Carvalho, 411
Leno Lúcio Souza Franco, 219 Luiz Rodrigues, 152
Leonardo da Vinci, 241 Lund, Enrique, 161
Leonézia Cunha Alves, 265 Luper, Alberto W., 76, 79, 85
Levy Barbosa da Silva, 158, 209 Luz Cea, 317
Levy José Penido, 226 Lygia Lobato de Souza Motta,
Leygue, Pedro, 107-09 100-01, 103-04, 109, 127-28,
Lian Godoy, 274, 276, 338, 506- 195, 454
07 Lyubomyr Matveyev, 295-98, 304,
Lídia Sônia Klawa da Silva, 143, 414, 444
194, 199-200, 377, 379, 462
Lidório, Ronald, 258 MacDonald, Jessie, 57
Liliane Pessanha Ravani, 394 MacDonald, William D. T., 49-50,
Lílian Marina Bentes Grance, 53, 57, 59
323 Maddox, Otis Pendleton, 57, 83
Lília Rita Venturini de Souza, 267 Mandela, Nelson, 259, 265
Lívio Lindoso, 89 Manoel Avelino de Souza, 83
Loide Silveira Moreira, 397 Manoel Faria, 470-71
Lórgio Serrate, 105 Manoel Florêncio Filho, 242, 299
Lourdes Rosa de Oliveira Barbosa, Manoel J. Cerqueira, 88
142 Manoel Ramos, 267
Luciene do Espírito Santo, 202 Maquiavel, Nicolau, 241
Márcia Ah-lai Vargas, 146-47, Maria Pereira, 237
247 Maria Silva Ferraz, 129, 140
Márcia Nunes Fernandes, 287 Maria Stela Silveira Lopes Bonfim,
Márcia Venturini de Souza, 34, 122, 335
123-24, 184, 187-88, 209, Marides Leite Quintino, 190
267, 320, 364, 489 Marilena, Andreoni Fernandes,
Marcílio Gomes Teixeira, 222, 238, 355
402 Marinete Vanderlei de Lima, 144
Marcos Amado, 241, 323, 336 Marisa Costa dos Santos, 241,
Marcos Grava Vasconcelos, 383- 357
85, 395, 471 Marise do Bonfim Pereira, 247
Marcos Stier Calixto, 305, 307 Marlene Baltazar Nóbrega, 206
Marcos Vinícius Bonfim de Araú- Marlene Serrão Mitt, 137, 186
jo, 219 Marlene Tiede, 201, 233
Mardilene Tinoco da Vilva Braga, Marlu Lindoso da Silva, 264, 364
188 Marta de Jesus Nogueira de Lima,
Marestella Porcides Pires, 218 207, 268
Margarida de Oliveira, 129 Marta Ramos do Nascimento,
Maria Abreu Moraes, 141 232
Maria Almeida, 469 Marx, Karl, 289
Maria Aparecida Miura, 286 Maurício, Antonio, 62, 69, 70,
Maria Aparecida Moysés, 320 72-74, 77-81, 83-85, 88-89,
Maria Bernadete da Silva, 398 92-93, 95, 118-19, 121, 152,
Maria Costa dos Santos, 336 350
Maria Cristina Rodrigues Correia, Maximino Fernandez, 138
202 Max Rojas Arandia, 110
Maria das Dores Santos, 208 Mayrinkellison Peres Wanderley,
Maria de Lourdes Fernandes da 200, 366, 395
Silva, 143 Menandro Martins, 56, 72
Maria do Carmo Pereira, 157-58 Michelangelo Buonarroti, 241
Maria José de Almeida, 152 Mihail Zhdan, 301
Maria Lúcia Nunes da Costa, 190, Milzede de Moura Barros Albu-
136 querque, 133, 454
Maria Lucinalva Dias de Oliveira, Miquéias da Paz Barreto, 264,
270 364, 477
Maria Luíza Ferreira, 141-43, 247 Miranda Pinto, José de, 114
Miriam Baldassare Rangel Pereira, 424, 474, 487
126, 143, 187, 217, 382 Noêmia Gabriel Cessito, 206-07,
Miriam Karima, 310 379, 444
Miriam Thompson Moraes dos Noêmia Tavares dos Santos, 147
Santos, 204, 230 Noemi Francisco da Silva Rondini,
Mohan Masih, 283 222
Moll, Rob, 276 Noemi Lucília Lopes Malafaia,
Mônica Malfetana Bonfim de Oli- 190
veira, 227, 240, 243 Nolvia Adriana Herrera de Olivei-
Moisés Menezes, 351 ra, 393
Moysés Silveira, 95, 109
Muirhead, H. H., 292 Oats, David, 227
Muller, Jorge, 84 O'Brien, Bill, 238
Mussolini, Benito, 299, 241 Odete de Oliveira Almeida, 114
Myers, Bryant L., 333 Odete Fernandes Lessa, 119
MZ, 310, 314-15, 402, 448 Olga Schmidtke Friesen, 226, 292,
415
Nancy Gonçalves Dusilek, 48, 70, Olinda Silva de Abreu, 143, 196
152, 394 Oliveira de Araújo, 22
Narriman Soares Guimarães Nunez, 0k/ia de Almeida Drummond
202, 231-32, 235, 374, 415, Sanches, 125, 187, 264
435 Orleusa Arruda da Silva, 287
Narciso da Silva Braga, 188 Osbel Gutierrez, 255-56
Natasha Matveyev, 295 Oscar Lima, 110
Ndéye Dramé, 406 Oscar Pereira Garcia, 234-35
Neila Prevedello, 286 Osvaldo Ganev, 143
Nelly Alves de Oliveira, 129-30 Oswaldo Ferreira Bonfim, 122
Nelson, Eurico Alfredo, 45-46 Oswaldo Luiz Jacob, 364
Nelson Tymchak,
Nely Soares de Souza, 270 Pablo Besson, 146
Neuza Esperândio dos Santos, Paganini, Nicolà, 241
221 Palestrina, Giovanni Pierluigi da,
Nicácio Medina, 132 241
Nicolau Zeferino de Jesus, 352 Patrícia Araújo, 267
Nite Pinheiro, José, 153, 156, Patrícia Barradas Lobo Baptista,
184, 186, 277-78, 335, 397, 288
Paulino, José, 46 Renato Reis de Oliveira, 285, 311,
Paulo César Pagaciov, 199, 267, 313, 348, 384, 395
378, 443 Rhodes, Cecil John, 155
Paulo Freire, 377 Ricardo Carvalho Rocha, 273,
Paulo Moreira Filho, 240, 291, 358
355, 397 Richarles Rampásio, 415
Paulo Motta, Rinaldo de Mattos, 391
Pedras, Manoel Ferreira, 85, 95, Risemar Confessor do Amaral,
156 272
Pedro Falcão, 46 Rita de Miranda Pinto, 129,131
Pedro Gomes, 99 Roberto Amorim, 417
Pedro Sebastião Barboza, 98 Roberto Vieira Macharet, 219
Pereda Asbún, Juan, 191 Rogelio Duarte, 138
Petrarca, Francesco, 241 Rondini, Jackson Roberto, 222
Pina, David Tavares, 391,490 Rosalee Elbert Guimarães, 206,
Piper, John, 28 265
Pitrowsky, Ricardo, 114 Rosa Lúcia de Freitas Silva, 186-
Prelidiana Frias de Oliveira, 63, 88, 263-65, 413
79, 350 Rossini, Gioachino, 241
Roth, Karl, 49
Rachel Costa dos Santos, 201 Roy Acosta Garcia, 248, 251
Raquel Barcelos, 196 Rozélia Mona, 101, 195
Raquel Carneiro Florêncio, 242, Rubin Voloshin, 303, 414
299 Ruth Genúncio Barbosa, 131,
Raquel González Cid, 147, 198, 140, 145, 196, 228-29
202 Rutter, Ronald, 207-08, 259-62,
Raquel Pires, 316, 317 264, 442, 475, 499
Raquel Priscilla Rissete Franco, 219 Ruvin Voloshin, 301, 303, 414
Raul Pinto de Carvalho, 79, 82
Ray, T. B., 58 Salazar, António de Oliveira, 82,
Reis Pereira, José dos, 39, 115, 87
122, 151, 160, 169, 174, 260, Sali Menezes, 351
341, 399 Salovi Bernardo, 176, 328
Renata Santos de Oliveira, 443 Salvador Soler, 430
Renato Cordeiro de Oliveira, 181, Samuel Jacobsen de Oliveira, 435
184, 382, 424 Samuel Mitt, 137, 186, 397
Samuel Rodrigues de Souza, 388 Stella Christiane Mesquita Lopes,
Saunders, Letha, 110, 418 265
Sebastião de Souza, 129, 132, Stott, John R. W., 34
151 Stroessner, Alfredo, 432
Sebastião Lúcio Guimarães, 206, Suazo, Hernan Siles, 191
265 Suely Mieko Sirasawa Patrício,
Sérgio de Oliveira, 266, 373 204, 239, 243, 355
Shabanov Gamid, 304 Sueny da Costa Pinto, 206, 209-
Shedd, Russell, 409 10
Sheila Alencastre, 208 Susana Stepuniuk Costa, 395
Shinobu Hino, 286 Sylvia Ramiro de Araújo, 219
Shirley Alves Arcos, 268, 270
Silas Luiz Gomes, 133-34, 137, Talita de Souza Rodrigues, 209
232-33, 432, 464 Tatiana Jalil da Costa, 426
Silvana Leoni Calixto, 305 Taylor, Kate Stevens, 38
Silvânia Maria da Costa, 288 Taylor, Zacarias Clay, 38, 60-62,
Silvanira Garcia Mendonça, 131 97
Sílvia Almeida Matos, 136, 183, Tercio Marco da Costa, 426-27
217 Teremar Lacerda de Rocha, 191-
Smith, Oswald J., 257 94, 458
Smyth, João , 35-36 Teresa Cristina Pagaciov, 199, 267,
Sócrates Oliveira de Souza, 22, 378-79
276, 395, 418, 518 Terezinha Aparecida de Lima Can-
Solange Barbieri, 466-67 dieiro, 358, 364, 378, 380,
Sônia Maria da Silva Tomaz, 292- 395, 414, 481
93 Terezinha de Souza Bastos, 142,
Sônia Regina da Silva Wojcicki, 196
231 Thaís Tymchak, 173
Soren, Francisco Fulgencio, 45, Thereza Campaner Mandira, 262,
53 264
Soren, João Filson, 98 Thobois, André, 160
Sória, Paulo Roberto, 160, 215 Thomaz Lourenço da Costa, 63,
Sowell, Sidney M., 146 77-78, 85, 88, 90
Spilsbury, João, 36 Thompson, James, 146
Spurgeon, Charles H., 84 Tiago Nunes Lima, 107, 129-30,
Stalin, Josef, 289 424
Tomé Antônio Fernandes, 186, 75, 278, 280, 290-91, 295,
277-80, 282-83, 356 301, 316, 324, 327-30, 333,
Torres, Paulo lrwin, 76, 80, 84 335, 337-39, 341-43, 345-46,
Trotski, Leon, 289 349, 351, 354, 363, 373, 376,
381, 383, 387-88, 391-93, 395,
Ubirajara Pereira da Silva, 221, 398-400, 404-05, 407-10, 416-
223-25 17, 419, 441, 514, 518, 520
Utahy Caetano dos Santos Filho,
417 Waldomiro de Souza Mona, 100-
10, 127-28, 134, 195, 424, 454
Valdete Pinheiro Lacerda, 285 Walter Freire, 215
Valdivia, Wenceslao, 50-53, 55, 58 Wander Ferreira Gomes, 303
Valdívio de Oliveira Coelho, 172- Waudeque Felismino, 286
74 Wedemann Filho, Henrique, 131
Valnice Milhomens Coelho, 151- Weiss, Henry, 49
55, 205-06, 351, 503 Westwood, Eric, 391
Vanda Rampásio, 415 William de Souza, 139-40
Vanete Teixeira, 288 William Wojcicki, 231
Vanusa Viana de Souza Guima- Woinshet Ketema, 270
rães, 265
Vasiliy Didek, 298 Ximenes de Cisneros, 161
Veralúcia Ferreira da Rocha, 305,
316 Yeltsin, Boris, 289
Virgínia Bonfim Moreira, 240, 355 Young, Reginald, 60, 62
Vivaldi, Antonio, 241 Yuriy Migalko, 514
Vladimir Savchenko, 514 Yushchenko, Viktor, 296
Vladimyr Masalkovstiy, 514 Yvone Duarte Saltes, 131

Wagner, C. Peter, 332 Zambrotti, Raphael, 110


Waldecir Anacleto, 210 Zaqueu Moreira de Oliveira, 29,
Waldemiro Tymchak, 20-21, 25- 157, 182, 254, 298
26, 28, 40, 52, 170, 172-83, Zaur Balaiev, 304
189, 199-200, 205-06, 209, Zilmar Ferreira Freitas, 334, 347,
213-14, 219-20, 225-26, 230, 361, 392, 401
243, 254, 256, 258, 270, 272-
Serite- O'

Zaqueu Moreira de Oli-


veira, nascido em Landri
Sales (PI), é filho de J. J. de
Oliveira Filho e Zilda Moreira de Oliveira, que foram missionários da
JMN, tendo ele sido pastor e ela, professora de primeiro grau e enfer-
meira. Seus avós foram diáconos batistas e pioneiros do trabalho evan-
gélico no Piauí. A sua formação acadêmica inclui cursos de Bacharel
em Teologia, pelo STBNB; Licenciatura em História, pela UFPE; Espe-
cialização (pós-graduação lato sensu) em Planejamento Educacional e
em Planejamento de Ensino, pela UFPA, e em Segurança e Desenvolvi-
mento, pela ADESG-PA; Mestre em Teologia (Th.M.) e Doutor (Ph.D.)
em História, pelo Southwestern Baptist Theological Seminary, no Texas,
Estados Unidos. Os dois últimos títulos são reconhecidos pela UFPA,
sendo o Doutorado também revalidado pela USP-SP, com o diploma
apostilado por delegação e competência do MEC.
Ele é pastor há 50 anos, tendo atuado nos Estados do Ceará, Pernam-
buco e Pará. Como professor ensinou em várias universidades federais
e particulares, também assumindo cargos de administração e assesso-
ria. Serviu no magistério teológico por 48 anos, inclusive como Reitor
e Diretor Geral do STBE e STBNB, além de exercer várias funções:
diretor da Biblioteca, diretor do curso de Teologia, deão acadêmico e
coordenador do Mestrado e Doutorado em Teologia do STBNB; deão
acadêmico e vice-reitor do STBE. Por muitos anos foi vice-presidente
da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ASTE) e membro
de seu Conselho Editorial.
Escreveu 15 livros nas áreas de história, teologia, antropologia e
pastoral, além de inúmeros outros trabalhos publicados em jornais e
revistas especializadas do Brasil e do exterior, incluindo dois verbetes
no Dicionário brasileiro de teologia da ASTE. É membro efetivo da
Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB), ocupando a Cadeira
n9 15. É também membro da Skepsis Academia Semiologia e Direito,
Seção História, como Pensador Skepsis 253.
Tem servido na denominação nos conselhos da JMM, JMN, JUERP,
JUNTIVA, Conselho Geral da CBB. Foi vice-presidente da ABIBET, vice-
presidente da JUERP, membro do Conselho Editorial da JUERP e de O
Jornal Batista, presidente da Convenção Batista do Pará e Amapá e
de seu Conselho, vice-presidente da Convenção Batista Evangelizadora
de Pernambuco e presidente de sua Junta, vice-presidente da Conven-
ção Batista de Pernambuco. Em 1997 recebeu a honra de servir como
orador oficial da assembléia da CBB em Salvador, Bahia. Atualmente é
Presidente Emérito da Convenção Batista de Pernambuco, professor do
STBNB, assessor na STBNB Edições, editor-redator do Caderno Teológi-
co Reflexão e Fé, diretor da Kairós Editora, conferencista especializado
no Brasil e no exterior.
Edelweiss Falcão de Oliveira nasceu em Campina Grande (PB). É
filha de Silas Alves Falcão e Elze Andrade Falcão, tendo ele sido pastor,
professor e diretor de colégios, professor do STBNB e do SEC, além
de autor de vários livros. Ela foi eximia musicista e professora do SEC.
A formação acadêmica de Edelweiss inclui cursos de Graduação em
Serviço Social, pela UFPA; Especialização (pós-graduação lato sensu)
em Planejamento Educacional e em Teoria Básica do Serviço Social,
também pela UFPA; Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento
(UFPA); Doutorado e Pós-Doutorado em Serviço Social, pela UFRJ.
Foi professora da Universidade Federal do Pará entre 1977 e 1992,
quando se transferiu para a Universidade Federal de Pernambuco. Em
ambas as instituições exerceu funções de assessoria e administração. É
pesquisadora do CNPQ e da FINEP. Assim tem participado de muitos
grupos de pesquisa e realizado pesquisas nas áreas social, política e
gerontológica. Trabalhos de sua autoria têm sido publicados no Brasil e
no exterior. Na Igreja, além de sua atuação como esposa de pastor, tem
servido na área de liderança e de aconselhamento. Na denominação
foi membro da JMN, tendo assumido a sua presidência em 2005. Des-
se modo se tornou a primeira e, até o momento, a única mulher a se
tornar presidente da JMN.
Os títulos de nada valem se não forem usados para a glória do Se-
nhor. É, pois, como servos dele que o casal dedica a Deus todos os
seus talentos, pois dele vieram. "Porque o Senhor é bom, a sua miseri-
córdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade"
(SI 100.5). Zaqueu e Edelweiss receberam três heranças do Senhor (SI
127.3): Greiton, pastor plantador de igrejas e engenheiro mecânico;
Gleida, esposa de pastor e médica geriatra; Glênisson, diácono, Doutor
em Química Quântica, pesquisador e professor universitário. Também
ganharam mais três filhos que são as noras (Adriana e Lisa) e o genro
(Luís Gustavo). Por sua vez, Deus presenteou aos filhos e estes deram
ao casal seis lindos netos: Timóteo, Joshua Josias, David Zaqueu, Grei-
ton Gadiel, David Silas e Levi Hadriel. Existe maior bênção do que
ser servo do Senhor e receber dele a geração da geração? "Coroa dos
velhos são os filhos dos filhos" (Pv 17.6a). A Deus, pois, a glória eter-
namente. Amém!" (Rm 11.36b).
Livros, teses, monografias e trabalhos
acadêmicos publicados

1. Zaqueu Moreira de Oliveira


Ecumenismo e os batistas. Expositor Teológico, Recife: STBNB. V. 5, n.
1, p. 1-23, mar. 1962; v. 6, n. 1, p. 17-28, fev. 1963.
Panorama batista em Pernambuco. Recife: Departamento de Educa-
ção Religiosa da Junta Evangelizadora de Pernambuco, 1964. 163 p.
(Co-autor de J. V. Ramos André). Esgotado.
Factors contributing to Baptist growth in Pernambuco (1886-1965).
Orientador: Robert A. Baker. 1968. 132 f. Dissertação. (Mestrado em
Teologia-Th.M.) — Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort Wor-
th, Tx., 1968.
The persecution of Brazilian Baptists and its influence on their deve-
lopment. Orientador: Robert A. Baker. 1971. 252 f. Tese. (Doutorado
em História-Ph.D.) — Southwestern Baptist Theological Seminary, Fort
Worth, Tx., 1971.
Breve história dos batistas em Pernambuco. Recife: Acácia Publica-
ções, 1973, 77 p. Esgotado.
Reflexões sobre o homem. Recife: Gráfica Santa Fé, 1974. 60 p. Es-
gotado.
Richard Furman, father of the Southern Baptist Convention. In: ESTER
William R. (Ed.). The Lord's free people in a free land: essays in Baptist
history in honor of Robert A. Baker. Fort Worth, Tx.: Evans Press, 1976,
p. 87-98.
Transferência da soberania popular aos poderes do Estado na de-
mocracia. Belém: ADESG-PA, 1980. 36 p.
Teologia acadêmica e teologia das igrejas. Missão: revista evangélica
de cultura. Belo Horizonte: Centro de Estudos Cristãos, v. 1, n. 3, p.
37-40, nov. 1987.

Teologia acadêmica e teologia das igrejas. In: MATEUS, Odair Pedroso


(Ed.) Educação teológica em debate. São Paulo: ASTE, 1988, p. 27-31,
37-41.
Messianismo pentecostal. Recife: STBNB Edições, 1997. 26 p.
Sejamos mordomos de Cristo. Recife: STBNB Edições, 1997. 20 p.
Dietrich Bonhoeffer: a questão de Deus. Revista Teológica, Rio de Ja-
neiro: STBNB, v. 12, n. 16, p. 11-24, dez. 1997.
Espírito no Antigo Testamento. Reflexão e Fé, Recife: STBNB Edições,
ano 1 (nova série), n. 1, p. 21-39, ago. 1999.
Educação teológica batista no Brasil: perfil histórico. Recife: STBNB
Edições, 2000, 68 p. Esgotado.
Morte, vida e ressurreição no Antigo Testamento. Reflexão e Fé, Recife:
STBNB Edições, ano 1 (nova série), n. 2, p. 61-85, ago. 2000.
De coração para coração. Recife: STBNB Edições, 2001, 178 p.

Educação teológica batista no Brasil: perfil histórico. In: FERREIRA, Ebe-


nézer Soares (Org.). ABIBET — XIV conferência teológica: teses, históri-
co, informações. Rio de Janeiro: ABIBET, 2001, p. 96-143.
Espiritualidade ontem, hoje e sempre. Rio de Janeiro: JUERF,' 2001. 128 p.
Imposição de mãos... mulheres pastoras? 2. ed. rev. e corrigida, Reci-
fe: STBNB Edições, 2001, 60 p. Preço de capa: R$ 9,00.
ASTE no contexto da educação teológica no Brasil (A). Simpósio, São
Paulo:ASTE, v. 9, ano 34, n. 43, p. 29-58, nov. 2001. Edição especial
40 anos.
ASTE: contexto social, político e religioso da educação teológica no
Brasil. Reflexão e Fé, Recife: STBNB Edições, ano 3 (nova série), n. 3,
p. 45-58, abr. 2002.

Cuidado pastoral em Cipriano. Simpósio, São Paulo:ASTE, ano 35, n.


44, p. 10-21, nov. 2002. Edição especial 40 anos.

Batistas: versão histórica de sua origem (Os). Reflexão e Fé, Recife:


STBNB Edições, ano 4 (nova série), n. 4, p. 9-19, dez. 2002.
História do cristianismo em esboço. 2. ed. rev. e ampliada. Recife:
STBNB Edições, 2005, 254 p.
Isaías: o primeiro dos profetas maiores. Lições de 1 a 13 para a EBD.
Realização: a revista da maturidade cristã. Rio de Janeiro: JUERP, ano
7, n. 28, p. 5-44, 4. trimestre 2005.
Isaías: profeta integral. Lições de 1 a 13 para a EBD. Compromisso:
revista do adulto cristão. Rio de Janeiro: JUERP, p. 15-55, 4. trimestre
2005.
Consolo e missão em Isaías. Reflexão e Fé, Recife: STBNB Edições, ano
7 (nova série), n. 7, p. 21-33, jan. 2006.

Liberdade e exclusivismo: ensaios sobre os batistas ingleses. Rio de


Janeiro: Horizonal; Recife: STBNB Edições, 1997, 212 p.
Repensando... a imposição de mãos sobre candidatos para o ministério
pastoral. In: FERREIRA, Ebenézer Soares (Org.). Repensando a deno-
minação batista brasileira. Rio de Janeiro: ABIBET, 1998, p. 61-84.
Meditações sobre o ministério cristão. Recife: STBNB Edições, 1999,
204 p.
Perseguidos, mas não desamparados: 90 anos de perseguição reli-
giosa contra os batistas brasileiros (1880-1970). Rio de Janeiro: JUERP,
1999. 248 p.
Morte, vida e ressurreição no Antigo Testamento. Reflexão e Fé, Recife:
STBNB Edições, ano 2 (nova série), n. 2, p. 60-85, ago. 2000.

Ousadia e desafios da educação teológica: 100 anos do STBNB


(1902-2002). Recife: STBNB Edições, 2002, 256 p.
Ousadia e desafios: 100 anos do STBNB (1902-2002). Reflexão e Fé,
Recife: STBNB Edições, ano 3 (nova série), n. 3, p. 9-19, abr. 2002.

Panorama do livro de Isaías (Um). Compromisso: revista do adulto


cristão. Rio de Janeiro: JUERP, p. 11-14, out. a dez. 2005.

Relação de gênero: uma reflexão sobre o ministério feminino. Reflexão


e Fé, Recife: STBNB Edições, ano 7 (nova série), n. 7, p. 83-99, jan.
2006. (Co-autor de Edelweiss Falcão de Oliveira).

Princípios e práticas batistas: uma abordagem histórica. 2. ed. Recife:


Kairós Editora, 2006, 96 p.

Desafios e conquistas missionárias: 100 anos da Junta de Missões


Nacionais da CBB. Rio de Janeiro: Convicção Editora, 2007. 414 p.

Teísmo aberto X onisciência de Deus: uma abordagem histórica e bíblica


das tendências teológicas relacionadas com a Grande Comissão. Reflexão
e Fé, Recife: STBNB Edições, ano 9 (nova série), n. 9, p. 7-22, out. 2007.

Batistas. In: BORTOLLETO FILHO, Fernando (Org.). Dicionário brasileiro


de teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p. 92-97.

Protestantismo. In: BORTOLLETO FILHO, Fernando (Org.). Dicionário


brasileiro de teologia. São Paulo: ASTE, 2008. p. 816-822.

2. Edelweiss Falcão de Oliveira


Estudo em torno da prática do Serviço Social desenvolvido no Curso
de 12 Grau do NPI/UFPA. Orientador: Luíza Erundina. 1978. Mono-
grafia. (Especialização em Teoria Básica do Serviço Social) — Universida-
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O impacto do grande capital na Amazônia: trajetória da posse comu-


nitária à propriedade privada formal. São Paulo: V CBAS, 1985. (Co-
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Perspectivas hegemônicas e institucionalização do Serviço Social no


Pará. Orientador: Joaquina Barata Teixeira. 1988. 410 f. Dissertação.
(Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento) — Universidade Fede-
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Projeto reprodução da força de trabalho em área de impacto de
Projeto Transnacional: estudo do processo de proletarização em Bar-
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A política social da Albrás destinada às populações ribeirinhas. In: CAS-
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Trabalho e ser social: a outra fala. In: 8° Encontro Nacional de Pes-
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Fortaleza: Anais, 2004. (Co-autora de S. Martins).
Perfil histórico das lutas sindicais: uma visão sobre Escada. In: XI Con-
gresso Brasileiro de Assistentes Sociais. Fortaleza: Anais, 2004. (Co-
autora de M. P C. Silva e Meyrylande França Lopes).
Questão Social no Contexto Contemporâneo. In: XI Congresso Brasi-
leiro de Assistentes Sociais. Fortaleza: Anais, 2004. (Co-autora de A.
L. Carvalho).
Aparelho privado de hegemonia e ação do intelectual orgânico: uma
abordagem analítica do Serviço Social no Pará. In: IX Encontro Nacio-
nal de Pesquisadores em Serviço Social, Porto Alegre: Anais, 2004.
Creative Approaches Symposium Social Development. In: 14. Interna-
tional Symposium of the InterUniversity Consortium for Internation-
al Social Work. Recife, 2005. (Co-autora de F. Lucena e S. Duarte).
Relação de gênero: uma reflexão sobre o ministério feminino. Reflexão
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2006. (Co-autora de Zaqueu Moreira de Oliveira).
Democracia em Rosa Luxemburg. In: 3° Congresso Latino-Americano
de Ciência Política: democracia & desigualdades. Campinas: ALACIP;
Campinas: UNICAMP, 2006.
Programa de Saúde Ambiental: uma estratégia de enfrentamento as
desigualdades sociais na cidade do Recife. In: 32 International Confer-
ence on Social Welfare, Brasília: ICSW e CBCISS, 2006. (Co-autora de
S. M. Nascimento).
Constituinte, conflitos sociais e cidadania: Brasil 1987. In: 33 Congres-
so Mundial de Escuelas de Trabajo Social: crescimiento, desigualdad.
Santiago: ACHETS e IASSW, 2006. (Co-autora de D. Bernardes e Paula
Veloso Grunpeter).
Este livro foi produzido pela oliverartelucas com as fontes ZapfHumnst BT e
Zapfino Extra LT; impresso no papel de miolo Pólen 70g e
capa Cartão Supremo 250g em agosto de 2009.

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