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9 788561 016081
O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS
2009
Rio de Janeiro
1=1 edição
eda
Todos os direitos reservados para a Junta de Missões Mundiais da Convenção
Batista Brasileira; Copyright © Convicção Editora Ltda.
ISBN: 978-85-61016-08-1
624p. 16cm.
CDD 266.023
1 edição: 2009
Tiragem: 1.500
Prefácio 25
Introdução 31
Missão e missões 31
Origem dos batistas e missões 35
Os batistas no Brasil 37
Missões no coração do brasileiro 39
Referências 521
1. Livros 521
2. Artigos em jornais, livros e revistas especializadas 525
3. Relatórios e atas 560
4. Trabalhos não publicados 570
5. Documentos especiais 571
6. Entrevistas 572
7. Documentos em meio eletrônico e videocassetes 577
Anexos 583
Anexo A — Missionários da JMM 583
Anexo B — Executivos da JMM 597
Anexo C — Presidentes da JMM 598
2 PIPER, John. Let the nations be glad. São Paulo: Cultura Cristã, 1993, p. XX.
profeta Habacuque: "Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e
admirai-vos, porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não cre-
reis, quando vos for contada" (Hc 1.5).
Que os batistas brasileiros reconheçam sua participação neste livro,
percebendo o seu importante papel na emocionante história da Vs./1M,
e que ao lê-lo, sintam-se renovados em suas esperanças, dedicação e
amor pela obra missionária.
Acidália Tymchak
A tarefa de ganhar o mundo para Cristo começou logo depois da or-
dem do Mestre, quando, ao afirmar que tinha toda a autoridade no céu
e na terra, entregou aos seus seguidores a Grande Comissão: "Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações" (Mt 28.19a). Logo antes de
sua assunção, a palavra de Jesus demonstra que na sua autoridade, os
seus discípulos teriam poder para cumprir a missão que lhes designara:
"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e
até os confins da terra" (At 1.18). É a isso que chamamos "missões" ou
"missão", que é a obra a que se entregaram de todo o coração, com fé,
lealdade, coragem e ousadia os primeiros cristãos no primeiro século,
na Idade Média, na Modernidade e continuam até os dias atuais, que
não são menos turbulentos e difíceis do que no passado.
Missão e missões
Cumpre-nos esclarecer que, para alguns estudiosos de missiologia, o
termo correto deve ser "missão", lembrando a universalidade da obra
a que se dedicaram os cristãos mediante a ordem de Jesus. Explicação
sobre o assunto é dada pelo missiólogo David Bosch3, autor de Missão
transformadora:
Temos de distinguir entre missão (no singular) e missões (no plural). O primeiro
conceito designa primordialmente a missio Dei (missão de Deus), isto é, a auto-
revelação de Deus como aquele que ama o mundo, nele se envolve e age,
sendo que nesta ação a igreja tem o privilégio de participar. [...1 Missões [...I
designa formas particulares, relacionadas com tempos, lugares ou necessidades
específicas de participação na missio Dei.
' BRATCHER. L. M. O motivo de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 30,
n. 35, 21 ago. 1930.
" Comissão aqui é o ato de "cometer" ou encarregar" as igrejas ou os cristãos de proclamar o
evangelho, conforme o "ide" deixado por Jesus em Mateus 28.19 e 20.
conforme se expressa John R. W. Stott9 : "Missão quer dizer atividade
divina que emerge da própria natureza de Deus. [...] A missão da Igreja
resulta da missão de Deus e nela tem de ser modelada". Por tudo isso,
este livro se propõe a cultivar ainda mais no coração do povo brasileiro
o amor a missões, sabendo que a Junta de Missões Mundiais, iniciada
oficialmente em 1907, é uma obra criada sob a iluminação divina, com
o objetivo de levar a mensagem do evangelho até os confins da terra.
Ao falar em missão e missões, é mister que haja a compreensão de
que não são missionários apenas aqueles que estão nos campos dis-
tantes, obedecendo ao chamado específico de Deus para a sua vida.
Missionário é todo aquele que cumpre o "ide" de Jesus, independen-
temente de ir para outras terras ou permanecer no próprio local onde
se encontra. Entretanto, mesmo que não se desloque de sua cidade, o
missionário sempre "vai", ou segue adiante para levar a outros a men-
sagem do evangelho. O importante é fazer o que Deus determina que
os seus obedientes servos realizem. Nesse sentido, Márcia Venturini de
Souza10, que partiu para a glória em 2007, escreveu:
Um missionário não é como uma árvore, que nasce, cresce e morre
no mesmo lugar. Os missionários são como pássaros, mas não como
qualquer pássaro. Sua rota é traçada pelo Criador e a cada inverno há
uma rota diferente. São pássaros sem destino certo porque seguem as
linhas que Deus quer. Missionários são como o sangue do corpo de
Cristo, porque levam o alimento a todos as outras partes.
Assim o missionário não fica dentro de si mesmo, mas segue adiante para alcan-
çar outros, podendo também ter o seu destino mudado segundo a orientação
de Deus. Portanto, são missionários os que vão para lugares distantes por um
período, podendo depois ser remanejados para um local diferente ou retornar
para a sua própria terra, a fim de assumir outras atividades na Causa de Deus.
São missionários os que deram parte importante de sua vida e se aposentaram
no próprio campo ou no seu país de origem, onde servem a Deus de forma
diferente, mas continuam vivendo missões. Finalmente, são missionários os
que sustentam as cordas dos que descem às minas, mantendo a obra através
da igreja local ou de uma agência missionária que, representando o corpo de
" STOTT, John R. W. A base bíblica da evangelização. In: GRAHAM, Billy et al. A missão da Igreja
no mundo de hoje. 2. ed. Tradução de José Gabriel Said. São Paulo: ABU; Belo Horizonte: Visão
Mundial, 1984, p. 35.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo: memórias açorianas de Márcia Venturi-
ni. São Paulo: Autora, 2002, p. 35.
Cristo, envia e sustenta o obreiro no campo. Essa responsabilidade, que é de
todos os cristãos, é feita com muito amor e fé, não somente através de bens
materiais, cujo valor maior ou menor depende do coração de cada um, como
pela promoção, conquistando outros para também fazerem a sua parte no cum-
primento da missão e, de modo especial, por meio do apoio espiritual expresso
na oração, que é a mola propulsora da obra missionária aqui na terra. Na reali-
dade, o cristão realiza missões quando atua em integral obediência ao Senhor,
servindo onde quer que seja e da forma como for designado pelo Espírito Santo,
sempre cumprindo com discernimento a vontade de Deus.
" OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. Liberdade e exclusivismo: ensaios sobre os batistas ingleses.
Rio de Janeiro: Horizonal; Recife: STBNB Edições, 1997, p. 27-68.
Id. O nome batista. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 105, n. 20, 15 maio 2005.
" Id. Os batistas: versão histórica de sua origem. Reflexão e Fé, Recife: STBNB Edições, ano 4,
n. 4, p. 9-17, dez. 2002.
a partir do século XVIII, primeiramente pelos Irmãos Morávios, depois,
de forma mais definida e continuada, por batistas ingleses de posição
calvinista moderada. Esse grupo iniciou o movimento de missões mo-
dernas, com a criação da ainda hoje ativa Sociedade Missionária Batista
Britânica em 02 de outubro de 179214. Esta incentivou os protestan-
tes, principalmente os batistas, tanto da Inglaterra como dos Estados
Unidos, a cumprirem a ordem de Cristo,
levando o evangelho ao mundo.
Os batistas no Brasil
Com a organização da Convenção Ba-
tista do Sul dos Estados Unidos, em 1845,
missões passou a ser para eles uma tôni-
ca. Em 1860, foi enviado Thomas Jeffer-
son Bowen como o primeiro missionário
no Brasil da Junta de Missões Estrangeiras
da Convenção Batista do Sul dos Estados
Unidos (Junta de Richmond)15. Infelizmen-
te esse missionário logo mais retornou à
sua pátria, levando a impressão de que o
campo neste país não era propício para o
trabalho de missões, ao escrever: "É incon-
veniente fazer qualquer nova tentativa, no
momento presente, de manter uma Mis-
são naquele país'.
TORBET, Robert C. A history of the Baptists. Valley Forge / Chicago / Los Angeles: The Judson
Press, 1963, p. 81.
Junta de Richmond é o nome como no Brasil ainda hoje é conhecida a Junta de Missões Estran-
geiras (Foreign Mission Board) da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, que atualmente
tem o nome de International Mission Board (IMB). Doravante, ao nos referirmos a esse órgão,
usaremos quase sempre o nome "Junta de Richmond".
BROADUS, J. A. et al. Report on the Mission to Brazil. Proceedings of the Southern Baptist
Convention at its eighth biennial session, 1861. Richmond, Virginia: Macfarlane & Ferguson,
1861, p. 61. Deve-se dizer que T. J. Bowen antes foi missionário na África e amava o povo afri-
cano, pelo que no Rio de Janeiro se aproximou de escravos, cuja língua original (yorubá) era sua
conhecida. Mas isso gerou desconfiança dos grupos dominadores. A sua contribuição, no que se
refere ao papel dos batistas no Brasil sobre a escravatura, é importante e deve ser ressaltada.
Após a Guerra da Secessão (1861-1865)1 ', vários norte-americanos
vieram ao Brasil para estabelecer colônias, destacando-se a de Santa
Bárbara em São Paulo, onde um grupo de batistas organizou a primeira
igreja batista no Brasil, em 10 de setembro de 1871. Ela era compos-
ta de americanos que não dominavam a língua portuguesa, mas des-
de o início apresentou o propósito de servir
aos americanos ali estabelecidos e divulgar o
evangelho ao povo brasileiro, solicitando des-
de 1872 que a Junta de Richmond voltasse a
mandar missionários para o Brasil". Em 1879,
nova igreja foi organizada na mesma cidade,
conhecida como Igreja Batista da Estação, que
mesmo sendo também composta de america-
nos, recebeu a 20 de junho de 1880 o primei-
ro batista brasileiro, o ex-padre que na oca-
sião estava cooperando com os metodistas,
Antonio Teixeira de Albuquerque, que ali foi
batizado e recebeu imposição de mãos para
o ministério'".
Aquelas duas primeiras igrejas organizadas
no Brasil, além do trabalho do General Ale-
xandre T. Hawthorne, foram os principais elos
de ligação com a Junta de Richmond, para um
novo despertamento quanto a um trabalho
missionário no Brasil20 . Foi assim que, em 1881, chegou o casal William
Buck Bagby e Ana Luther Bagby e, em 1882, Zacarias Clay Taylor e Kate
Stevens Taylor, que juntamente com Antonio Teixeira de Albuquerque,
'- A Guerra da Secessão foi a guerra civil nos Estados Unidos da América, entre os estados do
Norte e os do Sul, com motivos econômicos, estando envolvida principalmente a questão da
abolição da escravatura. Foi vencida pelos estados do Norte, causando frustração e desânimo em
donos de terra no sul, que dependiam do trabalho escravo. Isso motivou a ida de muitos america-
nos para outros países, inclusive o Brasil.
1 d' CRABTREE, A. R. Historia dos Baptistas do Brasil: até o anno de 1906. V. 1. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora Baptista, 1937, p. 39.
'" OLIVEIRA, Betty Antunes de. Antonio Teixeira de Albuquerque: o primeiro pastor batista
brasileiro — 1880 (uma contribuição para a história dos batistas no Brasil). Rio de Janeiro: Edição
da autora, 1882, p. 75.
"' OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. Batistas no Brasil: marco inicial. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 106, n. 13, p. 2, 26 mar. 2006; n. 15, p. 14, 09 abr. 2006.
organizaram em 15 de outubro de 1882 a Igreja Batista na Bahia, que
se tornou a terceira igreja batista no Brasil21, inclusive recebendo os
seus membros fundadores por carta das igrejas de Santa Bárbara e da
Estação22. Isso representou uma nova diretriz, com resultados extraordi-
nários para a difusão do evangelho no Brasil, que hoje conta com cerca
de sete mil igrejas e, incluindo os congregados das várias convenções,
mais de dois milhões de batistas.
Brasileira.
Não foi sem razão que em janeiro de 2002, na 58a assembléia da
CBB, em Recife, o Diretor Executivo da Junta de Missões Mundiais,
Waldemiro Tymchak25, um dos maiores estrategistas de missões de to-
dos os tempos, falou referindo-se ao desafio missionário e à tarefa que
o Senhor colocou sob a responsabilidade dos batistas brasileiros, o que
ele chamou de "nova aurora missionária". Assim ele se expressou:
Chegou a nossa vez. Este é o momento de Deus para nós. Deus está
levantando uma nova potência missionária, no meio das nações do
chamado "terceiro mundo". As igrejas batistas brasileiras não podem
perder a paixão missionária, não podem separar a cruz da missão. Mis-
sões nasceu no coração de Deus, antes da Igreja, como que a sinalizar
o propósito da Igreja no mundo.
Portanto, recebemos a grande incumbência de chegar aos confins da
terra como testemunhas de Jesus Cristo. Urge, pois, que O MUNDO
NO CORAÇÃO DE DEUS se torne cada vez mais "o mundo no coração
dos batistas brasileiros", que cedo perceberam a sua responsabilidade
para o cumprimento das palavras de Jesus: "Este evangelho do reino
será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e
então virá o fim" (Mt 24.14).
25 Convenção Batista Brasileira, 82, 2002, Recife/Olinda, ata da 10a sessão. Convenção Batista
Brasileira: 83?- assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 55 e 56. O grifo é nosso.
neinsmo e Expansão da
o Missionária (1907-197
Coiro
(1 0 -1955)
CRABTREE, A. R. Historia dos Baptistas do Brasil: até o anno de 1906. V. 1. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora Baptista, 1937, p. 109.
Ibid., p. 162.
ENTRE irmãos e entre egrejas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 5, n. 1, p. 3, 10 jan. 1905.
2' SOCIEDADE Missionária Baptista do Rio. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 5, n. 33, p.
2, 30 nov. 1905. Cf. também SOCIEDADE Missionária Baptista do Rio. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 6, n. 3, p. 7, 15 fev. 1906.
O mesmo ideal é visto na primeira convenção batista estadual do
Brasil, criada em 1901, em Pernambuco, por Salomão Ginsburg, cha-
mada inicialmente União Baptista Leão do Norte e, mais tarde, União
Baptista Pernambucana30. O interesse por missões do novo órgão era
tão grande que, em 1906, foram aprovados os estatutos de uma jun-
ta missionária e, em sua reunião em março de 1907, portanto, antes
da primeira assembléia da Convenção Batista Brasileira, o assunto foi
discutido amplamente. Na ocasião, a expressão "Junta Missionária" foi
definida como "reunião de muitas egrejas [sic] da mesma fé e ordem,
representadas por uma Directoria [sic] executiva, para evangelizar um
estado, um paiz [sia ou 'muitas nações' em obediência ao texto em
Mateus 28.19 e 20".
BAGBY, W. B. et al. Constituição provisória da Convenção das Egrejas Baptistas do Brazil. Cons-
tituição, actas e pareceres da primeira convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de
Janeiro: CPB, 1907, p. 5.
'" Ibid.
'6 A Junta de Missões Estrangeiras teve este nome até agosto de 1979, quando passou a ser cha-
mada de Junta de Missões Mundiais. Doravante ao nos referirmos à Junta de Missões Estrangeiras
usaremos a sigla JME, que é a hoje conhecida Junta de Missões Mundiais, nome para o qual
usaremos a sigla JMM.
'7 BAGBY, W. B. et al. Missões no estrangeiro. Constituição provisória da Convenção das Egrejas
Baptistas do Brazil. Constituição, actas e pareceres da primeira convenção das egrejas baptis-
tas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1907, p. 27 e 28.
oferta para missões estrangeiras foi tirada ainda na primeira assembléia,
que entre promessas e dinheiro recebido somou a quantia de 800$000
(oitocentos mil réis)".
O primeiro presidente da Junta de Missões
Estrangeiras foi William Henry Cannada e o
primeiro Executivo, Salomão Louis Ginsburg.
Ambos serviam na ocasião como missioná-
rios em Pernambuco. Os demais membros
incluíam William Buck Bagby, Eurico Alfredo
Nelson, João Borges da Rocha, Pedro Falcão
e José Paulino, portanto, no total eram qua-
tro missionários norte-americanos da Junta
de Richmond e três brasileiros. O objetivo
inicial era trabalhar em colaboração com a
Junta dos Batistas do Sul dos Estados Unidos
e a primeira visão de campo foi Portugal,
pelo que o jovem português João Jorge de
Oliveira, estudante na Universidade Baylor,
EUA, foi solicitado a informar sobre o traba-
Salomão louls lho naquele país39. Contudo, já que este ideal
Cinsburg, idéaliz dor'
da ConvençOp Bata seria apenas para o futuro, projetou-se uma
Brasileir e iro viagem do missionário William Buck Bagby
Diretor.
da Junta)dees para visitar o Chile como emissário dos batis-
Estrangeiras tas brasileiros. Assim o Chile seria o primeiro
campo missionário adotado pela CBB. Na-
quela ocasião a Junta de Richmond não tinha a mesma condição que
adquiriu mais tarde, nem era fácil para a novel Convenção no Brasil as-
sumir aquela responsabilidade. Assim, o Executivo da nova organização
missionária, Salomão Ginsburg, escreveu dizendo que aquela viagem
38 TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Primeira Convenção das Egrejas Baptistas do Brazil. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n. 24, p. 2, 04 jul. 1907. Os valores em moeda antiga não serão
colocados no equivalente para a moeda corrente, tendo em vista que todos as tentativas de cál-
culos não condizem com a realidade. O valor acima referido foi calculado como cerca de US$
248.00 (duzentos e quarenta e oito dólares), mas esse valor também não corresponde à realidade
de hoje.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
7, n. 26, p. 4, 18 jul. 190T
estava projetada para janeiro de 1908, e apelou para a cooperação das
igrejas batistas do Brasil.
Uma palavra digna de nota é que a Primeira Igreja do Recife já
havia decidido que 5% do seu rendimento seria destinado a Missões
Estrangeiras, e outros 5% a Missões Nacio-
nais40. Essa é a primeira notícia que ante-
cipa o futuro Plano Cooperativo da CBB.
Logo a seguir, Ginsburg menciona ofer-
tas pessoais de Joaquim Fernandes Lessa
e quatro outros irmãos, e que a Primeira
Igreja de São Paulo resolveu quadruplicar
a oferta antes prometida para Missões Es-
trangei ras41.
Esse foi o início da hoje chamada Junta
de Missões Mundiais, cuja primeira reunião
ocorreu no dia 18 de julho de 1907, em
Salvador, Bahia. Na sua trajetória centená-
ria, a Junta tem atravessado momentos difí-
ceis e conflituosos que abalaram o mundo,
tais como duas guerras mundiais, a Revo-
lução Russa, a Grande Recessão de 1929,
guerras civis em vários países, regimes tota-
litários impostos que reprimiam a liberdade Eurico Alfredo Nelson,
membro da Junta de
religiosa, reação de outras religiões cristãs Missões Estrangeiras
e não-cristãs, além de catástrofes naturais quando foi organizada
como terremotos e tsunamis, que geraram
desemprego, fome e miséria. Deve-se mencionar também as diversas
variações cambiais que houve no Brasil, assim como em vários outros
países onde os missionários atuavam, dificultando a remessa de recur-
sos para o exterior.
No período houve o desenvolvimento da ciência, da educação, do
direito e de outras áreas, gerando profundas mudanças sociais, econô-
'" Id. Junta de Missões Estrangeiras: Notas do Sec. Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 7, n. 34, p. 5, 12 set. 1907.
41 Id. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 7, n. 37, p. 5, 10 out. 1907.
micas e políticas. A própria geografia foi totalmente alterada e alguns
dos grandes valores do passado deram lugar a uma nova visão de so-
ciedade e de mundo. Cidades, nações e regiões de grande expressão
hoje estão ofuscadas, enquanto novas situações geopolíticas surgiram,
dando nova feição ao globo terrestre. Houve uma verdadeira revolução
na comunicação, tornando o mundo pequeno, quando através do som
e da imagem temos conhecimento imediato de tudo o que acontece
na terra. Com tudo isso, a Junta já completou cem anos como uma das
mais pujantes e bem estruturadas instituições missionárias do mundo,
com cerca de 600 missionários atuando em todos os continentes. É
uma história notável que tem empolgado o Brasil e o mundo inteiro. A
Professora Nancy Dusilek42 assim se expressa:
São milhares de vezes que o poder de Deus tem se manifestado. Foram, são e
serão homens e mulheres vocacionados para anunciar as boas novas do evan-
gelho a todos os povos. São cem anos de história com centenas de protagonistas
e milhares de cenas emocionantes. Algumas de grandes perigos, outras de em-
polgantes vitórias. No entanto, é humanamente impossível registrá-las todas por
duas simples razões: o espaço gráfico é pequeno e, muitas delas, só saberemos
na eternidade.
DUSILEK, Nancy. JMM: 100 anos fazendo missões. Rio de Janeiro: JMM, 2006, É 9. Digitado.
2. Um campo com obreiros da terra
A República do Chile, com o seu território comprido e estreito no
oeste da América do Sul, possui um dos mais altos percentuais de pro-
testantes entre os países latinos, com cifras oficiais de cerca de 25%.
Também lá está a região considerada mais seca do planeta, que é o De-
serto de Atacama. Somente em 19 de fevereiro de 1918, ano em que
os batistas brasileiros estavam deixando provisoriamente o Chile como
campo missionário, houve a proclamação da República.
O Chile foi o primeiro país a receber o apoio da Junta de Missões Estran-
geiras da CBB, embora não houvesse neste período inicial qualquer missio-
nário brasileiro realizando o trabalho in loco. O início do trabalho batista
no Chile tem a ver com o missionário escocês William Daniel Thomas
MacDonald, que era batista e chegou ao Chile em 1888, unindo-se à obra
da Aliança Cristã e Missionária em 1899, quando ali chegou o missionário
menonita Henry Weiss. A Aliança não era batista, mas fora iniciada com
um núcleo alemão que o era assim como grande parte dos seus missioná-
rios. Entretanto, houve uma séria discussão entre MacDonald e os líderes
da Aliança sobre a questão do batismo de crentes, que terminou em rup-
tura em 1908. Muitos pastores do Chile já haviam sido convencidos pe-
los argumentos do missionário escocês e o acompanharam no grupo que
rompeu com a Aliança. "Materialmente não possuíam nada. Tinham, sim,
suas convicções, sua fé e a confiança mútua"'". Meses antes havia passado
no Chile um pastor alemão, Karl Roth, que antes esteve em São Paulo e
aconselhou MacDonald a que entrasse em contato com o missionário W.
B. Bagby do Brasil. Assim aconteceu. Bagby recebeu uma carta do missio-
nário escocês logo antes da primeira assembléia da CBB, solicitando que os
orientasse sobre a organização de uma convenção batista no Chile".
4 ' MOORE, Roberto Cecil. Hombres y hechos bautistas de Chile. Santiago: Editoriales Evange-
licas Bautistas, s.d., p. 11.
44 Ibid.
para visitar os batistas ali existentes e verificar se aquele país deveria
ser realmente o primeiro campo missionário dos batistas brasileiros'".
Do Chile, o experimentado pastor escocês, que por quase 20 anos
já vinha atuando ali como colportor e missionário," William Daniel
Thomas MacDonald, escreveu que os batistas chilenos estavam espe-
rando ansiosamente o missionário Bagby, para que fosse organizada a
Convenção Batista'''. Conforme correspondência de Ginsburg no final
do ano de 1907, as igrejas do Brasil tinham
sido desafiadas pela JME para ajudarem nas
despesas de viagem de Bagby ao Chile, e só
faltava um sexto do valor total previsto para
aquela finalidade. Também dizia que a Junta
de Richmond já lhe havia concedido licença
de três meses para este intento".
O relatório financeiro da Junta, apresen-
tado na assembléia de 1908, registra oferta
significativa, vinda de 14 estados brasileiros.
A maior parte do valor seria destinada à via-
gem de W. B. Bagby ao Chile, e cerca de
um oitavo deveria ser entregue como ajuda
ao pastor chileno, Wenceslao Valdivia, que
VVilliam Bucl. Bagby foi deixara de receber salário da Aliança Cristã
com sua esposa o terceiro
casal de missionários da Missionária, à qual os batistas do Chile esta-
Junta de Richmond no vam vinculados, antes de se organizarem em
Brasil
Convenção".
-'3 CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 1a, 1907, Salvador, acta n. 6. Constituição, actas e parece-
res da primeira convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1907, p. 20.
• MOORE, op. cit., p. 10-11. O nome do missionário W. D. T. MacDonald é descrito em es-
panhol como Guillermo Daniel Thomas MacDonald, havendo vários documentos em que a sua
assinatura aparecia como Gmo. D. T. MacDonald.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 7, n. 39, p. 5, 31 out. 1907.
48 Id. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O Jornal Baptista, Rio
" Neste trabalho nem sempre é usado o termo "autóctone", tendo em vista evitar qualquer
conotação nativista. Na maioria das vezes, ao em vez dele, preferimos usar "obreiro da terra" ou
"missionário da terra".
'- O registro no final de setembro de 2008 apontava 275 brasileiros, incluindo 4 Fazedores de
Tendas, para 304 obreiros da terra. Cf. QUADRO de obreiros. In: JUNTA DE MISSÕES MUN-
DIAIS. Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 28 set. 2008.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretario Correspondente
para o anno de 1907 e 1908. Constituição, actas e pareceres da segunda convenção das egre-
jas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1908, p. 22.
'" CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 2a, 1908, Rio de Janeiro, acta n. 3. Constituição, actas
e pareceres da segunda convenção das egrejas baptistas do Brazil. Rio de Janeiro: CPB, 1908,
p. 13.
h" GINSBURG, Salomão L. Missões Estrangeiras: duas palavras pelo Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 9, n. 27, p. 3, 29 jul. 1909.
Id. Missões Estrangeiras: nota do secretario correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,
ano 9, n. 6, p. 3, 11 fev. 1909.
México, para a realização de um trabalho conjunto62. Essa sugestão foi
acatada pela assembléia da CBB em junho de 1909, que também deci-
diu ajudar o missionário escocês, W. D. T. MacDonald, que não estava
recebendo a cooperação norte-americana como era esperado. Assim,
ao lado de Wenceslao Valdivia, ele também se tornou missionário dos
batistas brasileiros". No mesmo ano, a Convenção Batista do México
respondeu que iria tomar uma decisão sobre o assunto, e os batistas
da Argentina resolveram contribuir mensalmente com o valor de US$
50.00 (cinqüenta dólares)64.
Em 1910, Francisco Soren, que estava em Louisville, Estados Unidos,
repetiu o apelo para que houvesse ofertas no Dia de Missões Estran-
geiras, que era o terceiro domingo de janeiro, afirmando ser aquela
Junta a "predileta da nossa Convenção"". No mesmo ano, nosso mis-
sionário MacDonald" escreveu uma carta, lamentando haver poucos
missionários e limitado meio de sustento para que o trabalho crescesse
mais ainda. Ele dizia: "Oh! Como almejo ver mais alguns missionários
batistas nesta República!".
As notícias referentes a 1910 foram muito animadoras, uma vez que
a assembléia convencional do Chile, realizada no mês de dezembro,
teve uma reunião jamais vista, com 580 pessoas. Houve, no ano, 62
batismos, chegando o total de membros de igrejas a 665. Naquela
ocasião, como ainda hoje acontece, os batistas chilenos expressaram "a
sua gratidão através de um voto de profundo agradecimento aos irmãos
brasileiros e argentinos pelo valioso auxílio que lhes dispensaram"67. No
relatório apresentado na Convenção em Campos, em 1911, que foi a
quinta da CBB, o Executivo apelou para que houvesse empenho para a
continuação do trabalho no Chile, dizendo:
62 Id. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario-Correspondente. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 9, n. 18, p. 5, 06 maio 1909.
"' CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 3á, 1909, Recife, acta n. 3. Convenção Baptista Brazi-
leira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1909, p. 7 e 8.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira: notas
do Secr. Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 9, n. 37, p. 6, 07 out. 1909.
SOREN, Francisco E Missões Estrangeiras e educação baptista brazileira. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 10, n. 2, p. 7, 13 jan. 1910.
GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 10, n. 24, p. 5, 16 jun. 1910.
Id. Notas e noticias de Salomão. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 11, n. 11, p. 6, 16
mar. 1911.
Os irmãos chilenos, confiados na palavra do nosso representante, separaram-se
sofrendo privações e perseguições, sem recuar uma linha sequer. [...] Lá está o
ancião MacDonald, trabalhando dia e noite, com um fervor e zelo que deve
envergonhar a muitos dos mais moços. Ele recebia um salário regular da agre-
miação a que pertencia. Por amor aos princípios batistas sacrificou seu sustento,
e foi forçado a pegar na lavoura para não ver seus filhinhos morrer à fome6".
Progresso e indecisões
Em outubro de 1911, MacDonald69 relatou uma experiência alta-
mente inspiradora em trabalho realizado na fazenda de um crente:
"Os fazendeiros da vizinhança, vendo que os evangélicos não perdem
a segunda nem a terça-feira por causa da embriaguez, mas que podem
contar com eles seis dias na semana, estão nos pedindo iniciar trabalho
evangélico também nas suas fazendas". No mesmo ano, MacDonald
demonstrou o seu temor de que os batistas brasileiros abrissem mão
do trabalho no Chile para transferir todo o seu sustento aos irmãos da
Argentina e do México. Ele explicou a necessidade do auxílio brasileiro,
ao mencionar o extraordinário crescimento do trabalho em três anos
e a urgência de terem pelo menos 10 pregadores ao invés dos 5 que
existiam70. Entretanto, aquele receio foi provado não ter fundamento,
pois o auxílio dos brasileiros prosseguiu conforme notícias posteriores,
pelo que o mesmo missionário escreveu no início de 1912: "Os ir-
mãos batistas da Argentina, Brasil e México têm nos ajudado bastante.
Sem o seu liberal e constante sustento seria impossível continuarmos o
trabalho".
Depois da Convenção de Belém, em janeiro de 1912, o missionário
Ernesto A. Jackson, que foi eleito novo Secretário Correspondente da
JME, deu notícias sobre o andamento do trabalho no Chile" e, no mes-
68 Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro:
1912.
JACKSON, Ernesto A. Junta de Missões Estrangeiras: notas do Secretario Correspondente. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 8, p. 6, 22 fev. 1912.
mo ano, Ginsburg apelou ao novo Executivo e aos batistas brasileiros,
para que mantivessem o compromisso assumido pela CBB com o Chile
através de seu emissário, W. B. Bagby, tendo em vista que a Junta de
Richmond havia decidido não assumir mais aquela responsabilidade73.
Naquele ano já havia 19 igrejas, 12 congregações e um total de 802
membros nas igrejas'''. Tendo em vista o interesse de preparar uma
nova liderança, três jovens chilenos estavam estudando em seminários
na Argentina e no Brasil75. Percebe-se que com o relativamente peque-
no auxílio da JME, ano a ano o número de batismos e de membros de
igrejas aumentava de forma animadoram.
Por causa da Revolução Mexicana", os irmãos daquele país foram,
em 1913, impedidos de contribuir para o trabalho no Chile". Parte da-
quela contribuição, porém, foi suprida pela Junta de Richomond, que
voltou a cooperar financeiramente com aquela obra". Durante o ano,
Wenceslao Valdivia continuava sendo "sustentado pela nossa Junta" e,
conforme seu relatório, "viajou 368 léguas, pregou 125 vezes e batizou
24 candidatos"80.
GINSBURG, Salomão L. Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 41,
p. 5, 10 out. 1912.
74 Id. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 9, p. 4, 27 fev.
1913.
JACKSON, Ernesto A. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazi-
leira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1913, p. 25.
MacDONALD, W. D. T. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 14, n. 6, p. 6, 05 fev. 1912.
A Revolução Mexicana teve início em 1910, culminando com a promulgação de uma nova
constituição em 1917. Mas os conflitos e os surtos de violência se estenderam até o final da dé-
cada de 1920.
Id. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
6, p. 6, 05 fev. 1914.
Id. O trabalho Baptista no Chile durante 1913. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
6, p. 6, 05 fev. 1914.
8" JACKSON, Ernesto A. Junta de Missões Estrangeiras: Relatório annual, 1913-1914. Convenção
Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1914, p. 38.
uma doença séria a que quase sucumbiu"81. Na realidade, além das
fragilidades financeiras refletidas no campo, todo o trabalho da JME
sofreu conseqüências negativas da Primeira Guerra Mundial iniciada
na Europa. Na América do Sul, o desemprego e a inflação de produtos
alimentícios, que chegou ao índice de 150%82, dificultaram profunda-
mente, não só o trabalho missionário, como toda a dinâmica socioe-
conômica dos países do mundo ocidental. Não obstante tal situação,
sentia-se o reflexo da dependência de Deus entre os batistas brasileiros,
como é expresso nas palavras de Menandro Martins83, que no final de
1914 atuava como Executivo Interino da JME: "Irmãos, não quero dizer
que assumimos um compromisso com Portugal e Chile para sua evan-
gelização, quero antes afirmar, convicto, de que temos assumido um
compromisso com o nosso Deus". Essa posição dos nossos líderes, de
colocarem o trabalho missionário nas mãos de Deus, foi no passado e
continua sendo no presente um dos principais motivos de termos ven-
cido tantos problemas e vicissitudes, para se chegar às vitórias que hoje
são conhecidas. "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade" (FI 2.13).
Assim, apesar das dificuldades, o trabalho no Chile continuava
em ascensão, pelo que em 1915 já havia 21 igrejas, com 1.168
membros, e o programa radiofônico dos batistas mantinha conta-
to com 4.000 pessoas84. Contudo, as ofertas dos brasileiros para
o Chile começaram a falhar em decorrência da crise gerada pela
Guerra, que não somente influía negativamente no ganho e nas
contribuições dos crentes, como no contato com os campos. Até
agosto daquele ano, os batistas do Chile nada tinham recebido,
embora uma oferta generosa já tivesse sido remetida pela Junta.
É que os meios de comunicação que já eram precários haviam se
Id. A Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 39, p. 2, 24
set. 1914.
"2 MacDONALD, W. D. T. Aos baptistas brazileiros. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
46, p. 7, 12 nov. 1914.
8 ' MARTINS, Menandro. A Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
14, n. 48, p. 5, 26 nov. 1914.
MADDOX, O. P Relatorio annual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista
Brazileira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista Brazileira,
1916, p. 64.
agravado com a crise mundial. MacDonald85 escreveu: "O irmão
Valdívia e sua grande família acham-se em condições deploráveis.
[...] Contudo, tendes sido os melhores e os mais seguros contri-
buintes para o nosso trabalho". Jessie MacDonald, a esposa de W.
D. T. MacDonald, de forma bastante enfática, escreveu uma carta
dirigida à União Geral das Sociedades de Senhoras do Brasil (hoje
UFMBB), relatando a situação difícil enfrentada pela sua família e
a de Valdívia86.
O experimentado missionário MacDonald87, logo depois mandou
uma correspondência, narrando as grandes dificuldades na ocasião, e
lamentando que as circunstâncias levaram os brasileiros a não ter con-
dições de ajudar o trabalho como faziam tão regularmente no passado.
Ele apresenta a extensão daquela obra no norte e no sul do Chile, de
onde os campos apelavam para novos obreiros. Tais referências ex-
pressam as contradições existentes no contexto de Guerra. Na realida-
de, as condições financeiras da população mundial, e especificamente
do bloco latino-americano, tiveram implicações diretas nas igrejas da
CBB.
Na assembléia de 1916, houve uma proposta para que houvesse
a fusão das duas juntas missionárias no Brasil. Isso pode parecer uma
visão muito precoce, mas reflete a situação difícil da ocasião. Sugestões
semelhantes têm sido apresentadas através dos anos pelos órgãos da
CBB, inclusive recentemente. Nada podemos falar sobre o presente e
menos ainda sobre o futuro a esse respeito, mas aquela proposta feita
há mais de 90 anos foi rejeitada. Ainda em 1916, foi aprovada a trans-
ferência da sede da JME de Recife para o Rio de Janeiro88, em virtude
de morar nessa última cidade o missionário Otis Pendleton Maddox,
que se tornara Executivo em 191589.
"' MacDONALD, W. D. T. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
15, n. 36, p. 5, 16 set. 1915.
"`' MacDONALD, Jessie. Carta do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16, n. 28, p. 7, 20
jul. 1915. Percebe-se que Valdivia ainda era missionário dos batistas brasileiros.
17 MacDONALD, W. D. T. A Missão Baptista do Chile. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16,
GINSBURG, Salomão L. Noticias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 17, n. 28, p. 7, 12
jul. 1917.
'" Id. Noticias missionarias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 17, n. 44, p. 8, 01 nov. 1917.
JOHNSON, L. L. Notas do Secretário Correspondente. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
18, n. 14, p. 6, 04 abr. 1918.
`" JOHNSON, L. L. Junta de Missões Estrangeiras. Actas e relatórios da Convenção Baptista
Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1919, p. 63.
A sugestão foi considerada muito oportuna, tanto para os batistas do
Chile como de Portugal, pelo que o plenário da Convenção resolveu
acatá-la, remetendo através do Executivo uma carta à Junta de Rich-
mond, agradecendo por ela ter aceitado tão grande responsabilidade94.
Por outro lado o missionário MacDonald' escreveu à CBB, mencio-
nando o valioso auxílio dos batistas norte-americanos e agradecendo o
"constante e generoso auxílio prestado pelos argentinos e brasileiros"
durante o ano de 1918. Como resultado dessa prestimosa colabora-
ção, houve 122 batismos em 1918, e o número de membros de igrejas
chegou a 1.467. Mas essas vitórias não vieram sem sacrifício e espírito
de superação, conforme muito bem relata o missionário W. D. T. Ma-
cDonald96:
Foi um ano de grande ansiedade, pois o custo de vida manteve-se muito ele-
vado, devido à guerra, e a estação invernosa intensa, o que perturbou os meios
de comunicação, produzindo grande transtorno. Muitas vezes nossos pastores
tiveram de fazer viagens a pé, oito a dez léguas, pregando nos vales e florestas.
'") MAURICIO, Antonio. Missão Baptista Portuguesa. Porto: Autor, 1925, p. 9-16. Cf. OLIVEIRA,
João Jorge de. O trabalho da Convenção Brazileira na cidade de Porto. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 13, n. 17, p. 6, 24 abr. 1913.
"' MAURICIO, Missão Baptista Portuguesa, p. 14-17.
1 "' CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, :0, 1909, Recife, acta 9á. Convenção Baptista Brazi-
leira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1909, p. 17.
"'2 Id., 4á, 1910, São Paulo. Acta n. 7. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Edi-
tora Baptista, 1910, p. 19.
"" RAMOS ANDRÉ, João Virgilio. A obra missionária em Portugal. Rio de Janeiro: JUERP, 1981,
P. 23.
OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho baptista em Portugal: uma grande victoria. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 12, n. 44, p. 5, 31 out. 1912.
à disposição da Igreja a sua propriedade em Requezende, uma bela
casa-templo, para o serviço divino, e continua mantendo uma escola
primária para as crianças dos crentes e interessados". Bem mais tarde,
em maio de 1927, Antonio Maurício105 escreveu sobre a influência de
Jones no trabalho de Portugal:
Há mais de cinqüenta anos que este amado ancião vem trabalhando pela salva-
ção de nossa pátria. 1...1 Temos de confessar que a obra batista se levanta sobre
os alicerces que ele, com tanta abnegação, tem lançado. f...1 Incontestavelmen-
te é o batista que em Portugal melhor conhece as Escrituras Sagradas.
Primeiro casal de
missionários
A grande notícia de 1911
foi a nomeação do jovem
português, João Jorge de
Oliveira, e sua esposa, a per-
nambucana Prelidiana Frias
de Oliveira, como primeiros
missionários dos batistas bra-
sileiros em Portugal, deven-
do seguir para a cidade de João Jorge de Oliveira, português,
Porto logo após a assembléia e Prelidiana Frias de Oliveira,
pernambucana, primeiro casal missionário
convencional em Campos, enviado a Portugal em 1911
onde foi consagrado para
p. 6, 03 fev. 1910.
1Id. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O Jornal Baptista, Rio de
CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 58, 1911, Campos, acta M. Convenção Baptista Bra-
zileira. Rio de Janeiro: Casa Editora Baptista, 1911, p. 19.
GINSBURG, Junta de Missões Estrangeiras: relatório. Convenção Baptista Brazileira, 1911,
p. 60 e 61.
'16 RAMOS ANDRÉ, op. cit., p. 33 e 34.
11- OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho batista em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro,
12 " OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho baptista na pátria lusitana: portas abertas e perspectivas
risonhas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 5, p. 8, 30 jan. 1913.
12 ' Id. 692 metros e 80 centímetros quadrados de terra baptista no Porto, Portugal. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 13, n. 9, p. 7, 27 fev. 1913.
JACKSON, Ernesto A. Missões Estrangeiras: o gozo do sacrificio. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 13, n. 33, p. 5, 14 ago. 1913.
' 2 ' COSTA, Thomaz Lourenço da. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 13, n. 52, p. 5, 25 dez. 1913.
124 OLIVEIRA, João Jorge de. Missão Baptista em Portugal: um episodio na missão do Porto. O
OLIVEIRA, João Jorge de. Notícias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n.
9, p. 5, 26 fev. 1914.
12 " JONES, Joseph. O templo no Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 14, p. 6, 02
abr. 1914.
'2" OLIVEIRA, João Jorge de. Uma nova Egreja Baptista em Vizeu. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 14, n. 20, p. 3, 13 maio 1914.
Tenho um desejo veemente de me fazer um bom cristão e, para isso, julgo
indispensável fazer um estudo prévio, não só da Bíblia, como dos principais
fatos que se relacionam com o evangelismo. Ainda tenho algumas dúvidas que
necessito banir do meu espírito, para ingressar conscientemente na sua religião.
Senhor desses conhecimentos, estou apto para rebater quaisquer argumentos
de indivíduos de religiões contrárias, tendentes a apoucar os sãos princípios de
moral em que assenta o protestantismo.
Dificuldades e vitórias
Em 1914, foi iniciada a Guerra Franco-Prussiana, que seria o pre-
lúdio da Primeira Guerra Mundial, gerando uma inflação em Portugal
de 20% no material de construção, o que dificultaria a construção do
Tabernáculo Batista132. Essa inflação iria aumentar logo mais os custos
das obras em 40 a 50%, além de causar desemprego para muitos
chefes de família133. Contudo, apesar de tantas dificuldades, João Jor-
ge de Oliveira134 relatou uma experiência memorável ocorrida após
mensagem que ele pregou no dia 04 de outubro, na Igreja Batista do
Porto:
H° Id. Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 27 e 28, p. 7, 09 jul.
1914.
Id. Salvemos Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 20, p. 5, 13 maio 1914.
"2 Id. A guerra européa e o Tabernáculo Baptista no Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
14, n. 38, p. 3, 17 set. 1914.
'" TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 14, n. 43, p. 3, 22 out. 1914.
"4 OLIVEIRA, João Jorge de. A maior reunião que tem tido logar na Igreja do Porto, Portugal. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 14, n. 46, p. 8, 12 nov. 1914.
Ao terminar o sermão, expôs [o pregador] como um irmão dos mais pobres da Igreja,
tinha trazido para as obras do templo, um anel, de muito pouco valor, mas que re-
presentava da parte do doador uma grande dedicação à Causa do Senhor, pois esse
irmão foi além do que pôde. [ ] A seguir, juntou o pregador a sua aliança de casa-
mento ao anel que previamente tinha sido oferecido, e convidou os irmãos da Igreja
a colocarem sobre a mesa, em frente ao púlpito, qualquer oferta que desejassem.
Ibid.
JACKSON, Ernesto A. Noticias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 1, p.
7, 07 jan. 1915.
OLIVEIRA, João Jorge de. O Tabernáculo do Porto. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15,
n. 5, p. 3, 04 fev. 1915.
Mede 22,5m de comprimento por 12m de largo. É um edifício construído com
o melhor material. A pedra é da mais rija; as paredes estão feitas com rigorosa
solidez. A madeira é pinho de Riga, pinho nacional e castanho. Tudo o que
se está fazendo tem em vista mais o futuro do que propriamente o presente.
A rigor, o Tabernáculo do Porto tem 25 divisões destinadas ao culto público,
reuniões de oração, residência pastoral, escolas diárias e dominicais, quartos
para os candidatos ao batismo, galeria etc. A frontaria é lindíssima; as colunas
jônicas, que já estão em seu lugar, dão um efeito magnífico. 1...].
' '" Id. Portugal: várias notícias. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 11, p. 6, 18 mar. 1915.
Id. Regressando a Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 15, n. 30, p. 5, 05 ago. 1915.
14" Id. Notícias de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 16, n. 3, p. 6, 20 jan. 1916.
141 MAURÍCIO, Antonio. Obrigado, batistas brasileiros. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
7, n. 27, p. 24, out./dez.1972.
mil réis, últimas economias de um ano de campanha na África, pois meu pai
nada me dera, antes me dissera que não mais o chamasse pai, visto eu vir
estudar no Seminário aqui para pregar o evangelho. Paguei cinco mil réis
pela hospedagem de um dia no Hotel Europa, ali em frente ao cais, restando-
me, portanto, dez mil réis, que jamais se acabaram; e passados são quase
57 anos.
Quando terminei o curso, ele me contou tudo e acrescentou que Deus não
só lhe tinha dado o suficiente para pagar o que havia pedido emprestado para
eu poder continuar estudando, como ainda lhe deu para comprar uma casa e
oferecê-la à Igreja em Mara( (MG), restando-lhe alguns contos em caixa. Glória
a Deus que é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Id. O evangelho em Portugal: uma visita abençoada e abençoadora. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 29, n. 14, p. 9, 04 abr. 1929.
'-" MADDOX, O. P Relatorio annual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista
Brazileira. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista Brazileira,
1916, p. 64.
'" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 25.
no Tabernáculo'. Em novembro de 1916, houve a organização da
quarta igreja batista em Portugal, em Parceiros, município de Leiria,
após duas semanas de trabalho de evangelização e a ministração de
treze batismos' 46 .
Enquanto isso, o trabalho em Vizeu e Tondella estava sendo reali-
zado com bons resultados por Bráulio José Ferreira da Silva, que veio
das hostes congregacionais, e após estudar nossos princípios, tornou-se
batista e pastor naquelas duas cidades'''. Infelizmente o pastor Bráulio
Silva repentinamente faleceu em abril de 1917, após um ano e meio
de atividades com os batistas. Ele se apresentava como uma grande
esperança para o trabalho em Portugal, pelo que a consternação foi
geral. "O nosso irmão era estimado pela sua bondade e caráter, o que
foi comprovado no testemunho de apreço que crentes e descrentes
man ifestaram"148.
Em novembro de 1917, o missionário João Jorge de Oliveira149 au-
gura o final da Guerra Mundial, tendo em vista o reflexo negativo na
manutenção do trabalho em Portugal. Diz ele:
Durante seis anos têm as igrejas brasileiras mantido verdadeiro sacrifício E...]
para manterem a obra batista em Portugal. 1...] Em face disso, os irmãos que
estavam sendo sustentados com as vossas orações e pecúlios não podiam trair-
vos, e faziam sacrifícios para cumprir as vossas ordens; assim iam estendendo
os campos de batalha.
GINSBURG, Salomão L. A décima primeira convenção. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
18, n. 49, p. 4, 19 dez. 1918.
'' JOHNSON, L. L. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 19, n.
29, p. 5 e 6, 17 jul. 1919.
MAURÍCIO, Antonio. Duas palavras de despedida. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 20,
n. 18, p. 7, 29 abr. 1920.
julho do mesmo ano a Portugal154, deixando o campo em Porto com
Maurício e se fixando em Vizeu.
No parecer da Comissão sobre Missões Estrangeiras da assembléia
convencional de 1920, houve a autorização para criar uma classe teo-
lógica com a finalidade de preparar trabalhadores da terra, e que a Jun-
ta ajudasse na publicação do jornal O Christão Baptista'55. Logo mais,
no mesmo ano, Antonio Maurício156 escreveu missiva demonstrando o
seu entusiasmo e disposição na obra, quando visitava vários locais na
terra lusa. Dentre outras de suas expressões, ele diz:
Voltei mais uma vez a Leomil, onde cheguei pouco depois da meia-noite, tendo
percorrido a pé uns 30 quilômetros com subidas e descidas de montanhas bas-
tante alcantiladas. Eram duas horas da madrugada quando nessa mesma noite
me levantei para voltar a Viseu, chegando às oito horas da manhã, cansado,
queimado do sol e cheio de poeira e frio, mas muito alegre por todo o trabalho
feito!
'" MARTINS, Menandro. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Bra-
sileira. Actas e relatórios da 124. Reunião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro:
CPB, 1920, p. 43 e 44.
1 " COSTA, Thomaz Lourenço da; DUCLERC, Coriolano C. Parecer sobre o relatório da J. M. Es-
trangeiras. Actas e relatórios da 124. Reunião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro:
CPB, 1920, p. 29.
156 MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: novos campos de trabalho. O Jornal Baptis-
ta, Rio de Janeiro, ano 20, n. 34, p. 9, 26 ago. 1920.
1 " OLIVEIRA, João Jorge de. A primeira Convenção Baptista Portugueza. O Jornal Baptista, Rio
de Janeiro, ano 21, n. 1, p. 9 e 10, 06 jan. 1921.
de protestar nos jornais da terra e de casa em casa contra a discrimi-
nação religiosa, obtendo o apoio das autoridades civis e do povo158. O
missionário Antonio Maurício159 relata fato interessante sobre a queima
de porções das Escrituras:
Do auto de fé que os "meninos seminaristas"fizeram de alguns exemplares da
Palavra de Deus, urna folha foi arrastada pelo vento a alguma distância da fo-
gueira. Foi apanhada por um crente debaixo de vaias, apupos e insultos. Estava
queimada nas baitas e chamuscada, mas tinha todos os dizeres intactos. Era,
pois visível a promessa contida no capítulo 5 de Mateus, versos 10 e 11 : "Bem-
aventurados os que padecem perseguição por amor à justiça; porque dele é o
reino dos céus. Bem-aventurados sois quando vos injuriarem, e disserem todo
mal contra vós,mentindo por meu respeito". Deste modo singular, Jesus reafir-
mou a sua promessa que sempre está de pé e nunca falha.
''" Id. Relatório do missionário João Jorge de Oliveira ao Secretario Correspondente da Junta. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 21, n. 19, p. 6, 12 maio 1921.
'" MAURÍCIO, Antonio. Grande Campanha Baptista Portuguesa. O Jornal Baptista, Rio de Janei-
ro, ano 21, n. 36, p. 7, 08 set. 1921.
''" OLIVEIRA, João Jorge de. Bilhete postal de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
21, n. 34, p. 6, 25 ago. 1921.
:"' Id. Carta-bilhete de Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 21, n. 41, p. 5, 13 out.
1921.
tuguesa, que já existia em Porto162, tendo publicado anteriormente o
Hinário Baptista e pelo menos 30 mil exemplares de seis folhetos, com
sugestivos títulos para evangelização. Antonio Mauricio'", diretor da
Casa, escreveu repleto de entusiasmo: "Vamos, pois, inundar Portugal
da sã literatura". Por outro lado, ele lamenta as dificuldades existentes
na ocasião no país: "A crise econômica é mesmo pavorosa. A vida está
caríssima. [...1 A miséria é espantosa, devido à especulação escandalosa
dos açambarcadores e falta de trabalho".
A Associação do Texas
Logo mais, em maio do mesmo ano, João Jorge de Oliveira conversou
com representantes da Associação Missionária Batista do Texas, levan-
do a sugestão de que mantivessem trabalho permanente em Portugal.
A Junta daquele órgão aceitou a proposta, pelo que Oliveira se dispôs
a entrar em contato pessoal com a CBB no Brasil, com a finalidade
de acertar sobre a cooperação entre os batistas brasileiros e os norte-
americanos em Portugal164. Isso levou vários líderes, na assembléia da
Convenção reunida em junho de 1922 no Rio de Janeiro, a criticar a
ingerência do missionário quanto à participação da Associação Batista
do Texas em Portugal. Entretanto, no final, a mesma assembléia o agra-
ciou como missionário honorário dos batistas brasileiros em Portugal,
ao mesmo tempo em que decidiu apoiar a Casa Publicadora, o jornal
O Christão Baptista e a classe teológical".
Ao regressar ao seu país, João Jorge anunciou oficialmente o final
de sua cooperação com a Junta de Missões Estrangeiras da CBB, in-
formando dentre outros pontos: (1) que as propriedades compradas
em nome da CBB continuavam sob a responsabilidade dos batistas
brasileiros; (2) que o salário que lhe era pago poderia ser revertido em
1" Id. Lutas renhidas em Viseu, Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22, n. 8, p. 5,
23 fev. 1922.
MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22, n.
8, p. 5 e 6, 23 fev. 1922.
'm OLIVEIRA, João Jorge de. O trabalho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 22,
n. 23, p. 5, 08 jun. 1922.
CONVENÇÃO BAPTISTA BRAZILEIRA, 13á, 1922, Rio de Janeiro, acta n. 7. Actas e relatórios
da 13-4 Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade
Baptista, 1922, p. 20.
benefício de um novo missionário brasileiro; (3) o seu desejo de que
mesmo com mais de uma junta atuando em Portugal, todo o trabalho
deveria ter como base "uma frente única, fraternal e bem adestra-
da"; (4) a sua disposição de ceder o seu lugar em Viseu a qualquer
enviado da CBB, para que ele assim pudesse abrir novos campos; (5)
o seu profundo agradecimento pelo apoio que recebeu dos batistas
brasileiros166.
No dia 20 de agosto de 1922, foi organizada a Primeira Igreja Batista
em Lisboa. Antonio Maurício narra como se deu este evento, mencio-
nando o trabalho realizado por Paulo Irwin Torres e a igreja de base con-
gregacional organizada por ele. Depois de várias tentativas para atraí-lo
para uma cooperação com os batistas, finalmente, após estudos sobre a
doutrina do batismo, ele e a Igreja aderiram, sendo batizadas 20 pessoas
e recebidos três irmãos por carta. O irmão Torres recebeu, na ocasião,
imposição de mãos para o ministério, tornando-se pastor da Igreja. Es-
tavam presentes no concílio os pastores A. Maurício, J. J. de Oliveira e
Alberto W. Luper. O acerto foi que a manutenção do trabalho fosse divi-
dida em partes iguais pelos batistas brasileiros e americanos167.
A obra em Portugal prosseguiu de forma aparentemente saudável,
com novas igrejas e muitos batismos. Inclusive, somente no mês de ju-
nho de 1923 houve 50 batismos no país, com a atuação de João Jorge,
Antonio Maurício, Alberto Luper, Raul de Carvalho e Paulo Torres168.
O relatório referente ao ano apresenta duas novas igrejas organizadas,
chegando a seis igrejas e 113 batismos, alcançando o número de 255
membros de igrejas. Esses dados demonstram um crescimento de 78%
durante o ano, o que é algo extraordinário, principalmente por ocorrer
em um país onde há dificuldade para se pregar o evangelho, tendo
em vista a religiosidade tradicional, que engessa as mentes e dificulta
as possíveis mudanças de vida condizentes com os ensinamentos da
Palavra de Deus169.
'"6 OLIVEIRA, João Jorge de. O nosso trabalho em Portugal e a minha attitude. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 22, n. 26, p. 6, 06 jul. 1922.
16- MAURÍCIO, Antonio. Organização da Primeira Igreja Baptista em Lisboa. O Jornal Baptista,
"'" RELATÓRIOS da Missão Baptista Portuguesa. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 24, n. 28,
p. 6 e 7, 10 jul. 1924.
A cooperação entre as duas juntas missionárias em Portugal foi vá-
rias vezes contestada, principalmente porque as dificuldades no Brasil
referentes ao movimento chamado Radical, chegava ao seu ponto
mais crítico, e a Associação Batista do Texas passou a cooperar com
o grupo dissidente dos missionários norte-americanos no Brasil, ou
seja, dos missionários da Junta de Richmond. Na realidade, o cha-
mado Movimento Radical, que surgiu no Nordeste e se espalhou
por quase todo o país, teve reflexos negativos no trabalho de Missões
Estrangeiras, inclusive contribuindo para que por mais de dois anos
não houvesse reuniões da sua Junta. É bom lembrar que isso aconte-
ceu pelo fato da sede da Junta ser a cidade do Recife, onde estava o
maior foco do movimento, quando Radicais (contra os missionários
de Richmond) e Construtivos (favoráveis) se digladiavam, além de ou-
tros irmãos que eram neutros. Isso trouxe dificuldades imensas para
a continuidade do trabalho missionário realizado pelo nosso missio-
nário Antonio Maurício, que deixou por algum tempo de receber o
seu salário e a ajuda para a manutenção do trabalho em Portugal. En-
tretanto, mesmo com as dificuldades a obra continuou, inclusive em
alguns lugares onde a perseguição religiosa era intensa, como acon-
teceu em Ranhados, quando vários irmãos foram feridos, obrigando
as autoridades a processar 14 pessoas de um grupo que excedia 100
perseguidores17°
Finalmente, em outubro de 1924, houve a esperada reunião da Jun-
ta, quando foi reeleito como seu Tesoureiro o irmão Thomaz Lourenço
da Costa e houve a decisão de autorizar a ida de Antonio Maurício
para o Brasil, a fim de manter contato direto com a Convenção e com
as igrejas'''. A resposta do missionário sobre o que estava acontecendo
foi muito animadora: "Eram dolorosas as condições em que estávamos.
[...1 O Todo-Poderoso veio em nosso socorro, e hoje podemos dizer
que não temos mais déficit. [...] Pagamos todas as dívidas, antes fecha-
mos o mês corrente com saldo! l
17" CARVALHO, Raul Pinto de. Frutos do Romanismo. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 24,
1 '111 COSTA, Thomaz Lourenço da. Circular às igrejas baptistas da Convenção Baptista Brasileira. O
Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 25, n. 16, p. 9, 16 abr. 1925.
MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: por terras de Santa Cruz. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 25, n. 28, p. 12, 09 jul. 1925.
1 " CONVENÇÃO BAPTISTA BRASILEIRA, 10, 1925, Rio de Janeiro, acta n. 7. Actas da 10 reu-
nião da Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade
Baptista, 1925, p. 38.
'-'' Id., 10, 1925, Rio de Janeiro, acta n. 5. Actas da 144 reunião da Convenção Baptista Brasi-
leira. Rio de Janeiro: Junta de Escolas Dominicais e Mocidade Baptista, 1925, p. 27-28.
1 ' Id., 15, 1926, Recife, acta n. 2. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Baptista do Brasil, 1926, p. 21 e 22.
esposa de João Jorge de Oliveira, missionária
Prelidiana Frias de Oliveira, era pernambuca-
na da cidade de Garanhuns. A Igreja Batista
Vila do Rio Novo, no Estado do Espírito San-
to, decidiu pagar o salário da esposa do novo
missionário, sendo essa "a primeira igreja a
adotar a filosofia da adoção missionária"' 78 . A
disposição dos novos missionários é expres-
sa na véspera de sua partida para o campo:
"Uma certeza temos e esta muito nos consola
e anima, é que Aquele que nos manda pre- Barbosa, esposo
Djanira Schuller Barbosa
gar o evangelho até os confins da terra estará • primeiro casal
conosco, para não nos deixar desfalecer em 'toiros em Portuga,
meio aos embates desta difícil missão"179.
Logo mais se realizou outra assembléia da
Convenção Batista Portuguesa, com 70 mensageiros, quando assumiu a
Secretaria Executiva da Junta o missionário Antonio Maurício, a direção
do Colégio e Seminário, Achilles Barbosa, a função de Secretário Cor-
respondente, João Jorge de Oliveira e como missionário da Convenção,
Raul Pinto de Carvalho180. O missionário da Associação do Texas, João
Jorge de Oliveira181, ex-missionário dos batistas brasileiros, demonstrou
a sua satisfação com a chegada do casal Barbosa e escreve:
Com a retirada do casal Luper para Texas, ficou vaga a direção do nosso colégio
e seminário. Após uma reunião de oração, foi eleito com expressiva alegria de
todos os trabalhadores o casal Barbosa para dirigir os interesses educacionais de
nossa Convenção, e todos estamos satisfeitíssimos com a escolha, pois achamos
que estes irmãos vieram numa ocasião muito necessária, preencher uma lacuna
muito grande.
1 " CONVENÇÃO BAPTISTA BRASILEIRA, 168, 1927, São Paulo, acta n. 6. Convenção Baptista
Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1927, p. 26 e 27.
'"" Ibid., p. 26.
1"" COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Bap-
tista Brasileira. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista
do Brasil, 1927, p. 43.
19 ' Id. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brasileira. Convenção
Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1928, p. 86.
192 NASCIMENTO, Francisco. De Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n. 2, p. 7,
12 jan. 1928.
Os momentos que seguiram a divisão do trabalho em Portugal fo-
ram difíceis, mas havia confiança no apoio dos batistas brasileiros para
uma cooperação mais eficiente. O pastor Raul Pinto de Carvalho"'
escreveu de Porto: "Confio em vós, amados irmãos, de que as nos-
sas necessidades hão de merecer-vos especial atenção. O trabalho
que começastes e foi mantido, apesar de todas as dificuldades, há de
prosseguir triunfante". Infelizmente houve momentos quando o nosso
missionário precisou apelar fortemente para que os atrasos no envio
das verbas para a manutenção do trabalho não viessem prejudicar o
andamento da obra, pois havia necessidade para "obrigações mensais
de aluguéis, Seminário, publicações, obreiros etc."194
Em fevereiro de 1927, houve o agravamento da revolução inicia-
da no ano anterior em Portugal, que entre outubro de 1910, quando
foi instaurada a república, até aquela ocasião, tivera nada menos
do que 9 presidentes. O conflito ocorreu entre os republicanos no
Norte e os bolchevistas no Sul, e culminou com a instituição do
Estado Novo em 1933 e o início do regime autoritário dirigido por
António de Oliveira Salazar, cujo poder se estendeu até 1968195. No
momento referido acima, no início de 1927, apesar das ameaças, os
crentes portugueses nada sofreram, além de prejuízos materiais. A
casa do Pastor Raul Pinto de Carvalhol96 foi atacada com granadas,
mas ele e os que com ele estavam ficaram ilesos, segundo seu pró-
prio testemunho:
A terceira granada furou a parede por detrás da minha estante de livros, os
quais, como a estante, ficaram reduzidos a migalhas. As pessoas que têm verifi-
cado os estragos feitos na minha residência são unânimes em dizer que só por
um milagre é que as pessoas que estavam em casa escaparam. Às minhas Bíblias
que estavam na estante que foi destruída, nada lhes aconteceu. A Bíblia que
a Igreja do Meyer me ofereceu quando fui consagrado, estava dentro de uma
caixa de papelão, sendo esta destruída, mas a Bíblia ficou intacta!"
I"' CARVALHO, Raul Pinto de. Convenção Baptista Brasileira: aos mensageiros à sua l& reunião.
O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 27, n. 1, p. 7, 06 jan. 1927.
"4 MAURÍCIO, Antonio. O evangelho em Portugal: o clamor das almas. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 27, n. 30, p. 9, 28 jul. 1927.
PORTUGAL. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 06 out. 2008.
CARVALHO, Raul Pinto de. A Revolução em Portugal: soccorro na angustia. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 27, n. 11, p. 13, 17 mar. 1927.
Manoel Avelino de Souza197, que esteve em Portugal como emis-
sário da JME para conhecer a situação dos batistas ali após a cisão
com a Associação do Texas, escreveu sobre a revolução:
De fato é impossível descrever os horrores de tal revolução, que se espalhou
por quase todo o país. [...1 Enquanto no norte a revolução era feita pelos repu-
blicanos, com o fim de salvar a República da ditadura, em Lisboa o elemento
bolchevista influiu grandemente, chegando a levantar sua bandeira de miséria
e de horror! Eis a razão porque se no norte o povo lamentava a derrota revo-
lucionária, no sul davam-se graças ao Governo pela vitória completa contra a
revolução.
Mais uma vez Deus agiu para que a vida de um servo seu se pro-
longasse por mais alguns dias, para a sua glória. Jones veio a falecer
pouco mais de um ano depois, em 19 de julho de 1928, com quase
80 anos de idade. Sendo filho de britânicos, ele se converteu aos 23
anos de idade por instrumentalidade de suas irmãs em Portugal, e se
197 SOUZA, Manoel Avelino de. Nossa viagem a Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
27, n. 23, p. 11, 09 jun. 1927.
'9" MAURICIO, Antonio. O evangelho em Portugal: a vitória da fé. O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 27, n. 25, p. 19, 23 jun. 1927.
dirigiu a Londres, onde foi batizado pelo irmão de Charles H. Spur-
geon, no Tabernáculo Batista, após mensagem proferida por Jorge
Müller. Sobre a igreja que ele fundou no Porto em 1888, e sobre sua
adesão à cooperação dos batistas brasileiros em 1908, já houve re-
lato em páginas anteriores. Também já são conhecidas a sua libera-
lidade e sua disposição em deixar de ser pastor e se tornar diácono,
com serviços inesquecíveis à Causa de Deus em Portugal. Apesar de
ser comum fazer elogios a pastores e diáconos que partiram para a
presença de Deus, o que Antonio Maurício199 escreveu sobre Jones
vai muito além do corriqueiro, pois demonstra a riqueza do legado
deixado por esse servo de Deus a seus pósteros:
Foi o primeiro homem que em Portugal pregou o evangelho em sua pureza.
[...1 Perdeu a Convenção Batista Portuguesa o maior dos seus obreiros, o seu
tão respeitado Presidente Honorário; perdeu a Primeira Igreja Batista do Porto,
a sua coluna mais inabalável, e perdemos nós o melhor conselheiro, um dos
melhores amigos, o mais humilde dos servos de Deus que tínhamos na igreja.
Durante o nosso pastorado nunca encontramos um irmão que fosse mais fiel a
Deus, mais fiel à igreja, mais fiel aos pecadores e mais fiel ao seu pastor que
o verdadeiro fundador do trabalho batista em Portugal, o incansável diácono
Joseph Jones.
1 " Id. A bemaventurança do irmão Joseph Jones. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n.
36, p. 4 e 5, 06 set. 1928.
20 ' NASCIMENTO, Francisco; ALVES, Aureliano; MADDOX, O. P Parecer de Missões Estrangeiras.
Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1928,
P. 31.
201 COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio de maio. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 25,
n. 25, p. 12, 18 jun. 1925.
instituições e participando de reuniões na capital federal e nos estados
de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Per-
nambuco. Como resultado, houve a disposição dos batistas brasileiros
cooperarem com a construção do templo daquela igreja202. Também
nesse ano, após a Campanha do mês de setembro, foi saldado o alto
déficit da Junta que vinha rolando por algum tempo, e ainda ficou su-
perávit203.
Em 1929, a sede da Junta foi transferida para o Rio de Janeiro, tendo
em vista a mudança para aquela cidade do Executivo, Thomaz Lou-
renço da Costa204. A recessão, que partiu dos Estados Unidos nesse
mesmo ano, teve seus reflexos na Europa e no mundo inteiro. Antonio
Maurício205 escreveu de Portugal: "O mundo está em crise, sabe-o toda
a gente. A crise do Brasil é um reflexo da crise mundial, que igualmen-
te se faz sentir muito em Portugal". Assim nos anos de 1930 e 1931
houve muitas dificuldades para a JME manter o trabalho, que incluía o
sustento completo do missionário Maurício e quase que integral de oito
famílias e duas pessoas solteiras. Em março de 1931, nosso missionário
informa que foi obrigado "a reduzir 10% nos salários dos obreiros"206.
Enquanto isso ocorria, em 1930 os dois missionários da Associação Ba-
tista do Texas, Alberto Luper e João Jorge de Oliveira, se retiraram para
os Estados Unidos207.
Um acontecimento importante ocorreu em 1931, com a ida para
Angola do Pastor Manoel Ferreira Pedras e Justina das Dores Pedras,
como missionários da Igreja Batista de Valença. De certa forma, era
a continuidade do trabalho dos batistas brasileiros em Portugal. Ele se
converteu com o trabalho de Maurício, quando se encontrava como
preso político, ainda em 1923. Esteve degredado em Angola e mais
Id. Relatório de abril. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 28, n. 20, p. 7, 17 maio 1928.
20 ' TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Glória! Glória! Aleluia! O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano
28, n. 43, p. 3, 25 out. 1928.
214 MESQUITA, Antonio Neves de; TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. Parecer sobre Missões Estran-
geiras. Convenção Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil,
1929, p. 85.
277 MAURÍCIO, Antonio. Soldados heróis! O clamor dos perdidos! O Jornal Baptista, Rio de
Janeiro, ano 31, n. 15, p. 6, 09 abr. 1931.
20 `' TEIXEIRA, Theodoro Rodrigues. O nosso trabalho em Portugal — situação afflictiva. O Jornal
Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 15, p. 3, 09 abr. 1930.
207 NASCIMENTO, Francisco. Reunião da Junta. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 3,
p. 10, 15 jan. 1930.
tarde voltou para lá para pregar o evangelho. Retornou a Portugal por
motivo de saúde da esposa, e finalmente recebeu imposição de mãos
para o ministério pastoral em Valença e foi enviado como missionário
para onde estivera antes20II.
O cristão não é vencido pelos vendavais que muitas vezes nos as-
solam. Pelo contrário, eles ajudam a fortalecer o nosso caráter cristão.
Muito bem lembrou o apóstolo Paulo, que nem "tribulação, ou angús-
tia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada" poderá
separar-nos do amor de Cristo (Rm 8.35).
208 MAURÍCIO, Antonio. Os primeiros missionários portugueses para a África. O Jornal Baptista,
Rio de Janeiro, ano 32, n. 5, p. 10, 04 fev. 1932.
2I" Id. O evangelho em Portugal. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 31, n. 50, p. 9, 10 dez. 1931.
210 MEIN, João; UNDOSO, Lívio; PEREIRA, Lycurgo. Parecer sobre Missões Estrangeiras. Convenção
Baptista Brasileira: actas. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Baptista do Brasil, 1932, p. 28.
2" PITROWSKY, Ricardo; MOREIRA, Victorino; ARAÚJO, Ernesto C. de. Parecer sobre Missões
Estrangeiras. Convenção Baptista Brasileira: actas e relatórios. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Baptista do Brasil, 1934, p. 22.
Nunca o trabalho batista teve tão grande progresso, nunca se apresentou tão
unido e com tão boa perspectiva como agora, e também pela graça de Deus,
ao festejarmos as bodas de prata [sic], a nossa denominação, a mais nova em
Portugal, alcançou o primeiro lugar quanto ao número de igrejas, de obreiros
e templos212 .
212 COSTA, Thomaz Lourenço da. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Bap-
tista Brasileira. Convenção Baptista Brasileira: actas e relatórios. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Baptista do Brasil, 1934, p. 60.
"' ANTONIO DE OLIVEIRA SALAZAR. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em:
<http:/pt.wikipedia.org>. Acesso em 11 out. 2008.
214 LOTA, Dinê René Delgado. Trabalho missionário batista brasileiro em Portugal de 1980 a
2 ' 6 Id. Seminário Baptista Português. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 32, p. 7, 09
ago. 1934.
1Id. Coisas que animam. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 35, p. 7, 30 ago. 1934.
218 COSTA, Tomaz Lourenço da. Junta de Missões Estrangeiras da C. B. Brasileira. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 34, n. 5, p. 10 e 11, 08 fev. 1934.
O período de maio de 1934 a junho de 1935, Antonio Maurício
passou no Brasil, onde sua atividade promocional teve resultados ex-
traordinários. Ele visitou 201 igrejas e pregou 397 vezes, percorren-
do 30.508 quilômetros219. Foram alcançados os estados do Amazonas,
Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os frutos foram imensos,
tendo as igrejas despertado para missões e surgido muitas novas voca-
ções. O missionário relata, dentre outras, a seguinte experiência:
Uma irmã queria fazer sua oferta, mas não tinha dinheiro. Pediu ao Senhor que
não deixasse terminar o dia sem que ela pudesse fazer a sua parte. Era quase
noite e nada tinha ainda recebido, quando entra no consultório em que traba-
lha alguém pedindo informações. A pessoa se retira, mas de repente volta e en-
trega àquela boa irmã vinte mil réis, que ela correu logo a entregar na Primeira
Igreja de São Paulo para que ela fizesse seguir o seu destino22°.
O casal Gobira
Em 1936, foram aceitos como novos missionários brasileiros em Por-
tugal Eduardo e Herodias Gobira 221, sendo ele baiano e ela fluminense.
Eles seguiram para o campo no mês de junho de 1937. Na ocasião,
belo testemunho foi dado sobre Eduardo Gobira pelo seu professor no
Seminário do Norte em Recife, Lívio Lindoso222 :
Ele é um incansável e dedicado obreiro, tipo inconfundível do chamado de
Deus, abundante no serviço, sincero na palavra, correto no trato, exemplar
no procedimento, hábil na pregação, brilhante na mente, espiritual como
obreiro e como crente, caráter sem jaça e irrepreensível.
219 MAURÍCIO, Antonio. 30 mil quilômetros no Brasil. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 36,
n. 36, p. 8, 03 set. 1936.
22 " Id. 30 mil quilômetros no Brasil. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 36, n. 35, p. 7, 27
ago. 1936.
2 " PITROWSKY, Ricardo. Relatorio da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Bra-
sileira. Convenção Baptista Brasileira. Rio de Janeiro: CPB, 1936, p. 38-40.
222 LINDOSO, Lívio. Apud SILVEIRA, Moysés. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1952,
p. 121.
mais foi pastoreada pelo
novo missionário. O casal
Gobira de início morou em
Abrantes, mas resolveu se
mudar para Castelo Bran-
co, cidade mais central e
que oferecia melhores con-
dições para a família. Ali foi
alugado um excelente salão
para realização dos cultos,
mas no momento em que
iria inaugurar, com a pre-
sença de irmãos que vieram de Lisboa, Leiria e outros locais, a polícia
proibiu a abertura ao público. Não adiantaram os apelos às autoridades
locais e ao Governador"'.
Havia na ocasião dois casais de missionários no país, mais oito pas-
tores, um evangelista e seis pregadores auxiliares, além do casal nor-
te-americano William e Helena Hatcher224, que trabalhava de forma
independente também como missionários. Contudo, a situação da
Junta em 1938 e 1939 foi muito difícil, a ponto de haver atraso no
envio das verbas, gerando, principalmente da parte dos trabalhadores
da terra, situações quase chocantes225. Contudo, em apelos feitos ao
povo brasileiro, o ex-Executivo Thomaz Lourenço da Costa lembrou
que a evangelização de Portugal era um glorioso privilégio dos batistas
brasileiros, reconhecido pela Aliança Batista Mundial e pela Junta de
Richmond226.
Antonio Maurício foi aos Estados Unidos em 1939, sendo ali sur-
preendido pelo início da Guerra, que dificultou seu regresso imediato
a Portugal. Nesse ínterim, recebeu proposta para se demorar em Lou-
'"; MAURÍCIO, Antonio. Missionários Gobira. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 38, n. 31,
p. 8, 04 ago. 1938.
"4 NASCIMENTO, Francisco. Informações sobre o trabalho Baptista em Portugal. O Jornal Bap-
tista, Rio de Janeiro, ano 37, n. 32, p. 3, 12 ago. 1937.
223 CARVALHO, Raul Pinto de. Quase sucumbidos. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 39, n.
12, p. 13, 23 mar. 1939.
226 COSTA, Thomaz Lourenço da. Às igrejas batistas. O Jornal Baptista, Rio de Janeiro, ano 39,
n. 26, p. 10, 29 jun. 1939.
isville, a fim de concluir seu curso de doutorado em Teologia, no que
teve consentimento da Junta, devendo retornar em maio ou junho do
ano seguinte. Com a sua ausência, o trabalho em Portugal ficou a cargo
de vários irmãos, que em harmonia com a Junta resolveram com todo
amor atender às necessidades mais urgentes227 . Na realidade, o período
nos Estados Unidos foi prorrogado, pelo que o retorno de Maurício só
ocorreu em novembro de 1940, após 16 meses de intensos estudos228.
Eduardo Gobira, que estava em Chança, mudou para Porto em 1939,
a fim de ensinar no Seminário. Infelizmente, em dezembro desse ano
foi acometido de súbita enfermidade, que mais tarde foi comprovada
ser de caráter psiquiátrico. Isso o levou para tratamento especial em
um dos hospitais de Porto, ficando ali por cerca de um ano, quando,
finalmente, foi providenciado o seu retorno ao Brasil, onde só chegou
em 1941. Na ocasião, sua esposa, Herodias Gobira, ficou com a res-
ponsabilidade de fazer trabalho de promoção entre as igrejas no Brasil.
Conseguiu-se, para o missionário Gobira, internamento em uma boa
casa de saúde em Jacarepaguá, na especialidade de sua enfermida-
de229 . É lamentável que a pertinaz doença que o acometeu persistiu
até o seu falecimento, ocorrido em 02 de janeiro de 1952 230. Como
será visto adiante, Herodias permaneceu fiel aos ideais da JMM até o
final de sua vida, voltando mais tarde a colaborar diretamente como o
trabalho missionário.
Atritos e pacificação
Ainda em 1941, a Junta tomou várias resoluções, visando ao desen-
volvimento do trabalho em Portugal. Entre elas, o missionário Maurício
foi orientado a se envolver somente com o trabalho de evangelização,
2 " PITROWSKY, Ricardo. Resoluções da Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de
Brasileira, referente a 1941. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios, pareceres etc. Rio de
Janeiro: CPB, 1942, p. 83.
PITROWSKY, Ricardo. Novos horizontes da Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 42, n. 24, p. 6, 11 jun. 1942.
2“ SILVEIRA, Moysés. Relatório n. 8 — Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 31
ATIVIDADES batistas em Portugal. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 46, n. 12, p. 1, 21
mar. 1946.
2 '2 LINDOSO, Lívio; JOHNSON, L. L.; SILVA, João Norberto da. Parecer n. 7 — Missões Estrangei-
ras. Convenção Batista Brasileira: 31?- assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1947, p. 21.
Convenção Batista de Portugal243, e aprovado pela assembléia da CBB
em janeiro de 1948, com a recomendação: "Que a Junta prossiga o seu
trabalho segundo 'As bases de cooperação reafirmadas',244. Deve ser
mencionado que, mais tarde, em 07 de outubro do mesmo ano, houve
uma reunião de pacificação muito proveitosa para o trabalho em Portu-
gal, entre os pastores Antonio Maurício e Manoel Cerqueira245.
»' SILVEIRA, Moysés. Relatório referente ao ano de 1947. Convenção Batista Brasileira: 324
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1948, p. 56-58.
' 4 PAULA, José Francisco de; MacNEALY, Walter B.; OLIVEIRA, Antônio Ambrósio de. Parecer
sobre a Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 324 assembléia anual. Rio
de Janeiro: CPB, 1948, p. 110.
24' SILVEIRA, Moysés. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1949, p. 57 e 58.
SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
m' JUNTA DE MISSOES MUNDIAIS, atas. Livro 5, f. 92 e 93v, 10 abr. 1953.
para trabalharem na Angola: "Entrarão no mesmo pé de igualdade dos
missionários ingleses, com os mesmos vencimentos e regalias. [...] Ao
fim de dois anos, se convier a ambas as partes a efetivação, os obrei-
ros passarão à categoria de associados da So-
ciedade Batista Missionária de Londres"248.
Também há explicação sobre a forma como
a JME ajudava o trabalho: "Em Portugal, além
do auxílio a cada igreja para pagamento de
seus obreiros, ajudamos na manutenção de
várias missões e no aluguel de casas de culto,
e boa verba é destinada para o sustento do
Seminário Batista" 249 .
Em 25 de outubro de 1953, seguiu para
Portugal o novo casal de missionários, Hélcio
da Silva Lessa e Odete Faria Lessa250, fato esse
que se tornou um marco, pois por 15 anos
não havia missionários brasileiros naquele
Hélcio da Silva Lessa, país251. Na ocasião havia em Portugal 22 igre-
missionário em Portugal
jas com 1.520 membros, 16 pastores da terra
entre 1953 e 1962
e 7 missionários norte-americanos252. O casal
Lessa se propôs em fazer ali um trabalho de
aglutinação dos batistas, que ainda tinham resquícios das diferenças
que os levou à divisão do trabalho.
Em 1954 foi aprovado um Plano Qüinqüenal para o trabalho coo-
perativo em Portugal, que dentre outros itens incluía o envio de mis-
sionários às colônias portuguesas na África, Angola e Moçambique, e
a nomeação de dois novos casais de missionários para o continente253.
218 QUEIROZ, Emanuel Fontes de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente a 1949 e
1950. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1951, p. 71.
Id. Até os confins da terra. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 51, n. 2, p. 6, 10 jan. 1951.
23" DESPEDIDA. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 53, n. 49, p. 8, 03 dez. 1953.
"' ZAMBROTTI, Raphael. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente ao ano de 1952.
Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, p. 95.
NOSSA parte na conquista do mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 54, n. 4, p. 4 e
5, 28 jan. 1954.
23 ' ZAMBROTTI, Raphael. Relatório das atividades da Junta de Missões Estrangeiras da Conven-
ção Batista Brasileira, referente ao ano de 1954. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e
pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 115.
A JME foi autorizada pela assembléia convencional de 1955 "a en-
trar em contato com a Junta de Richmond, para que esta estudasse
a possibilidade de considerar Portugal como campo de trabalho"254 .
O pensamento não era entregar o trabalho
àquela entidade, mas ampliá-lo, tendo em
vista a extensão do campo.
Apesar da JME ter nomeado o primeiro
casal de missionários em Portugal apenas
em 1911, pode-se considerar que os ba-
tistas brasileiros iniciaram suas atividades
nesse país ainda em 1908, quando Zaca-
rias Taylor para lá seguiu como emissário da
CBB. Como visto anteriormente, na ocasião
Taylor orientou a organização da chamada
Primeira Igreja Baptista Portuguesa. Nos
quase três anos que se seguiram, a colabo-
ração brasileira foi muito limitada, até que
João Jorge de Oliveira e esposa iniciaram
suas atividades como missionários. Os 47
primeiros anos de trabalho foram repletos
de encontros e desencontros envolvendo lí-
deres e igrejas, além de crises políticas e sociais e as duas grandes
guerras. Não obstante tal conjuntura, o Senhor foi fiel e fez a multi-
plicação do seu povo na terra dos nossos pais. Na realidade, a graça
superabundante de Deus que excede todo o entendimento e que
não leva em conta as falhas humanas, se fez presente, levando os
batistas brasileiros a prosseguirem com novas metodologias, mesmo
com a colaboração importante dos batistas do Sul dos Estados Uni-
dos. É isso que será visto nos itens referentes a Portugal em capítu-
los que seguem. A terra de nossos pais continuou no coração dos
batistas brasileiros, que expandiram o seu trabalho no mundo, ao
cumprir a ordem deixada por Jesus.
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 38a, 1955, Porto Alegre, ata da 10' sessão. Convenção
2 '4
Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 35.
4. Atravessando as fronteiras na América do Sul
A Bolívia não tem litoral e concentra no seu território uma população
de condições sócio-econômicas precárias, sendo considerada um dos
mais pobres e menos desenvolvidos países da América do Sul. Apesar
disso, ela possui a segunda maior reserva de gás natural do continente.
A população é predominantemente indígena ou de origem indígena,
pelo que a cultura tem forte influência inca, inclusive na religião. O
trabalho batista na Bolívia data de 1898, através dos batistas do Canadá
que atuaram na região ocidental. O Oriente Boliviano só teve trabalho
*batista a partir da década de 1940255.
'" BRATCHER, L. M. Notas animadoras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 42, n. 9, p. 6, 26
fev. 1942.
20° Fausto de Vasconcelos aqui se refere ao ex-missionário da Junta de Missões Nacionais, hoje na
presença do Senhor. Seu filho, Fausto Aguiar de Vasconcelos, foi presidente da Convenção Batista
Brasileira por oito vezes, e desde 2006, tem assumido função de alto nível na sede da Aliança
Batista Mundial.
2 ' JUNTA DE MISSÕES NACIONAIS, atas, livro 5, 12 jun. 1943. Cf. OLIVEIRA, Zaqueu Moreira
de. Desafios e conquistas missionárias, p. 64.
2 '2 COMES, Pedro. Resumo dos trabalhos da reunião plenária de 20 de maio p. p. O Jornal Ba-
"' Id. O trabalho batista na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 82, n. 26, p. 2, 27 jun.
1982.
SILVEIRA, Moysés. Síntese do relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras, referente a
1943. Convenção Baptista Brazileira. Rio de Janeiro: CPB, 1914, p. 3 e 4.
VASCONCELOS, Fausto de. Primeiras atividades dos batistas brasileiros na Bolívia. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 43, n. 30, p. 3, 29 jul. 1943.
'" SILVEIRA, Moysés. Junta de Missões Estrangeiras: relatório referente a 1945. Convenção Batis-
ta Brasileira: 30a assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1946, p. 66 e 67.
datos para o trabalho na Bolívia, sendo
nomeados pela Junta no dia 26 de abril
do mesmo ano269 . Eles seguiram para o
campo três meses depois, na certeza
de que o Senhor haveria de orientá-los
naquela missão pioneira.
Waldomiro de Souza Motta e sua
esposa foram os primeiros missionários
nessa nova fase de trabalho da Junta
de Missões Mundiais. Ele nasceu em Waldorniro de Souza Motta
Lobato de Souza Mata,
1922. Ainda seminarista, casou-se em pioneiros na Boi
1941 com a grande serva de Deus, Ly-
gia Lobato de Souza. Após três anos no
abençoado pastorado da Igreja Batista em São Caetano do Sul, São
Paulo, o chamado missionário que já existia voltou a incomodar. Lygia
Motta279 comenta: "A Igreja ainda tentou dissuadir, pois estávamos lá
por um período relativamente curto e a Igreja estava crescendo. Mas o
chamado foi muito mais forte". A JME só estava esperando que se apre-
sentasse um obreiro a fim de realizar o trabalho dos batistas brasileiros
na Bolívia, quando por ocasião da Convenção de 1946, após apelo do
Secretário Executivo Moisés Silveira, Waldomiro se apresentou timida-
mente para aquela tarefa. Conforme referido antes, ele partiu no mes-
mo ano, juntamente com a esposa e os três filhos do casal, Creuzinha,
Paulinho e Rozélia, de três, dois e um ano de idade respectivamente,
além de um no ventre da mãe. Viajaram inicialmente por terra até Co-
rumbá em Mato Grosso, e de lá até Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia,
de avião'''.
As dificuldades encontradas pelos Motta ao chegarem são incríveis, a
partir da falta de local adequado para se hospedarem. Como a comu-
nicação era difícil, o primeiro salário só foi recebido seis meses depois
"'"' Id. Dia de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 46, n. 19, p. 7, 09 maio
1946.
'7" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
27 Id. Quando se serve ao Deus vivo. Rio de Janeiro: Autora, s.d., p. 31 e 32. Há divergências
de datas entre os documentos da época e o livro citado aqui, mas usamos no texto as datas dos
documentos da ocasião.
que estavam no campo. Mas em nenhum momento Deus deixou de
providenciar o necessário para a família. Sem que conversassem com
alguém sobre o assunto, o Senhor tocou no coração de um missionário
norte-americano, que entregou ao Pastor Waldomiro cinco mil boli-
vianos. Na ocasião, esse valor era equivalente a dois meses do salário
mensal que recebiam272.
A situação dos missionários se complicou ao ocorrer um movimento
revolucionário na cidade. No momento mais crítico, quando o missio-
nário percebeu que estavam arrombando tudo no hotel, ele se ajoelhou
e orou, pedindo a proteção divina e principalmente que Deus guardas-
se a esposa e as crianças, para que essas não acordassem assustadas. No
dia seguinte, Creuzinha perguntou se a Revolução já tinha ido embora,
dizendo que havia ouvido o pai em sua prece e, por isso, dizia ela: "Eu
não acordei" (!!!). Mais tarde Waldomiro Motta273 escreveu sobre o
grande livramento de Deus naquela noite, segundo o que ele ouviu na
manhã do dia seguinte:
Bateram à nossa porta. Era a senhora do gerente. Trêmula e aflita, explicou
que levaram tudo, nem sequer deixaram uma xícara sobrar para se tomar café.
1...1 E ela não tinha explicações como pouparam o hotel e, mais ainda, como
não entraram em nosso quarto. Haviam procurado seu esposo até debaixo da
cama. 1...1 Um senhor, hóspede do hotel que estava de pijama, pois roubaram
todos os seus pertences, explicou-nos o que acontecera. Dois varões vestidos de
ternos brancos se postaram um à direita e outro à esquerda da porta de nosso
quarto. Impediram a invasão ao nosso dormitório dizendo: "Não entrem neste
quarto. Aí está uma família brasileira e a senhora está muito enferma. Qualquer
coisa que lhe acontecer poderá trazer dificuldades diplomáticas com o Brasil
e prejudicar a causa da revolução". Quando intentaram entrar pela janela, os
mesmos desconhecidos impediram a depredação. O curioso é que ninguém os
vira antes, nem tampouco foram vistos depois daquelas tristes ocorrências. A
explicação que não podia ser compreendida por eles está na Bíblia: "O anjo do
Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra" (SI 34.7).
2- = Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de
Janeiro, 13 set. 2007.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: um grande livramento. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 4, p. 19, jan./mar. 1967.
o deslocamento entre os vários locais onde se realizava a obra. Den-
tre outras experiências nestes dias iniciais, relata o missionário como
os bêbados propositadamente atrapalhavam os cultos. Diz Waldomiro
Motta274 o que aconteceu em uma dessas ocasiões:
Eu estava pregando, quando chegaram vários bêbados, o que não falta aqui e
se puseram a cantarolar na nossa porta. O mesmo velho que se tornara amigo
da Creuzinha entrou fumando e fazendo barulho. [...I. Lígia começou a orar e
Creuzinha abaixou a cabeça, pedindo a Deus que nos livrasse. Deus respondeu
na mesma hora a petição de nossa filhinha. O velho ficou comportado em seu
lugar e os outros bêbados, na rua, por incrível que pareça, se ajoelharam na
calçada e quietos escutaram o sermão que eu pregava.
274 Id. Primeiros frutos de nosso trabalho missionário na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 47, n. 4, p. 1, 23 jan. 1947.
27 ' Id. Memórias de um missionário. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, p. 4, jul./
set. 1966.
276 Id. Memórias de um missionário: começando a obra. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
2 "" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: provações e mais provações. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 3, n. 9, p. 9, abr./jun. 1968.
ganizou a Associação das Igrejas Batistas do Oriente Boliviano280. Com
a Associação, surgiu a Junta de Missões Nacionais, cuja "meta principal
era a evangelização da pátria boliviana, através de obreiros nacionais
vocacionados para a obra missionária"281. A formação de uma liderança
local e o estímulo para que os obreiros da terra assumissem o trabalho,
foi no passado como tem sido no presente um dos traços marcantes dos
missionários batistas brasileiros.
Em 1948, com a permanência por um mês em Santa Cruz de la
Sierra da imagem de Nossa Senhora de Cotoca, o prefeito da cidade,
Lórgio Serrate, baixou um decreto proibindo a pregação do evangelho
naquele período. Waldomiro Motta resolveu entrar em entendimento
com as autoridades e falar diretamente com o edil, argumentando que
o decreto era contra os direitos constitucionais. Isso levou o prefeito a
esmurrar a mesa e chamar os policiais, ordenando que prendessem o
missionário por 48 horas de forma incomunicável. Ao perceber a rea-
ção de Motta, que continuava a provar o que afirmara, com a Constitui-
ção nas mãos, o prefeito perdeu o controle, avançando como uma fera
sobre o missionário, jogando a Constituição no chão e o esmurrando, a
ponto de quebrar as lentes dos óculos, ferindo com profundidade a sua
fronte. Waldomiro Motta282 narrou essa dura experiência: "De minhas
narinas começou a jorrar sangue. [...] Minha calma foi tamanha que
nem sequer esbocei a mínima atitude de defesa. [...] O rosto começou
a inchar. A ferida aberta pelas lentes sangrava profusamente".
Assim ele foi jogado em uma masmorra gelada, sem cama, sem co-
mida e sem água. Somente no dia seguinte às 11 horas, o cabo Lauro
de Souza, fardado com o uniforme da aeronáutica brasileira, logrou os
guardas e lhe jogou um grande sanduíche. Na ocasião Motta283 escre-
veu: "Oh! Irmãos, como é saboroso um pão com carne dentro, comido
com lágrimas, depois de passar 20 e tantas horas de fome!"
27" SILVEIRA, Moysés. Relatório referente ao ano de 1947. Convenção Batista Brasileira: 32
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1948, p. 56-58.
2 "1 ROCHA, Teremar Lacerda de. Memorias dei cincuentenario. historia de los 50 anos de la
obra bautista en el Oriente Boliviano, 1946-1996. Santa Cruz de la Sierra: Convención Bautista
Boliviana, 1996, p. 28.
112 MOITA, Waldomiro de Souza. Aventuras em terras bolivianas: autobiografia. Rio de Janeiro:
JUERP, 1977, p. 57.
Id. Apud. BRETONES, Lauro. O jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 48, n. 18, p. 1, 29 abr.
1948.
Ao ser visitado pelo coronel Fabriciano Pacheco, da Comissão Mista
de Petróleo Brasil-Bolívia, Motta foi informado que havia um processo
de expulsão contra ele, quando "testemunhas" haviam declarado que
o vira desacatar e esmurrar o prefeito em seu gabinete. O missionário
respondeu que cria na providência divina, sendo interrompido pelo
coronel, que afirmava não haver escapatória para ele e que não exis-
tia providência divina. Mais tarde veio um fiscal do Governo, que
também afirmava que ele estava sendo processado por desacato à
autoridade e por ter espancado o prefeito. Motta lhe mostrou o rosto,
pedindo que verificasse o ferimento na mão direita do prefeito, obtido
ao quebrar a lente de seus óculos. O fiscal prometeu que se isso fosse
comprovado, ele seria transferido para a Biblioteca da cadeia, pas-
sando a receber visitas e ser medicado. De fato, isso aconteceu com
a intervenção da Embaixada Brasileira em La Paz. Waldomiro Mot-
ta284 então narra: "Foi quando ocorreu o quadro mais emocionante
da minha vida. A igreja em peso, além de outros missionários e irmãos
entraram em fila, soluçando ao olhar o meu rosto. Creio que o meu
estado era impressionante, porque todos choravam copiosamente ao
abraçar-me".
De forma objetiva e minuciosa, Waldomiro Motta285 continuou a re-
latar o que aconteceu:
A expectativa era de expulsão a qualquer momento. Não havia esperança, afir-
mavam. Uma comunicação diplomática levaria uns 15 dias. Eu continuava a
afirmar: "Creio na providência divina". O time de futebol do Botafogo que
estava jogando no Peru, ao regressar passou em Santa Cruz, quando o avião
teve uma pane. [...] Os jogadores foram me visitar e se prontificaram a levar
a reclamação diplomática ao Itamarati no dia seguinte. Foi assim que Deus
providenciou. O que deveria levar quinze dias levou vinte e quatro horas. [...1
Os que esperavam a minha expulsão receberam telegrama do Presidente da
Bolívia: "Soltem súdito brasileiro Waldomiro Motta, dando-lhe garantias cons-
titucionais". Saí da reclusão voluntária para a pregação na estação de rádio.
Quando foi anunciado o meu programa, o povo na praça bateu palmas. Uma
beata correu à casa do Bispo para avisar que eu estava pregando. O prelado,
de forma mal-humorada, gritou: "Então a senhora não sabe que há liberdade
religiosa na Bolívia?"
'84 Ibid.
"2 MOITA, Waldomiro de Souza. Maravilhas do evangelho na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 51, n. 47, p. 5, 22 nov. 1951.
''" NOVAS DE Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 52, n. 5, p. 4, 31 jan.
1952.
-" ESTAMOS completando vinte e cinco anos de obra missionária na Bolívia. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 6, n. 22, p. 3 e 4, jul./set. 1971.
MOITA, Waldomiro de Souza. Memórias de um missionário: a Igreja de Los Quemados. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 24, abr./jun. 1970.
por se sentir ameaçado pela coragem e firmeza de nosso irmão. As atas
da JME relatam:
Era um índio chiquitano, cujo testemunho de conversão levou quase 100 pes-
soas a Cristo. Dedicava-se ao serviço voluntário de evangelização. No início
de novembro de 1952, depois de viajar 120km para pregar o evangelho a um
irmão que vivia em Lãs Haras, escravo do álcool, Pedro foi barbaramente assas-
sinado, enquanto dormia, por um cruel fazendeiro2%.
"' PROFESSOR Moysés Silveira. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 27, p. 35 e 36,
out./dez.1972.
" GONÇALVES, Almir dos Santos. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 52, n. 45, .p. 2, 06 nov. 1952.
NOVOS missionários para a Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 54, n. 38, p. 2, 23
set. 1954.
"" PEREIRA, José dos Reis. Pastor Raphael Zambrotti. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 55,
n. 25, p. 5, 23 jun. 1955.
batistas brasileiros não apenas Chile, Portugal e Bolívia, mas o mundo
inteiro. Conforme será visto nos capítulos a seguir, só faltava dar mais
alguns passos para que essa visão fosse concretizada, a ponto de che-
garmos até aos confins da terra. "E será pregado este evangelho do reino
por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o
fim" (Mt 24.14).
O título que encima este capítulo foi o slogan usado pelo Executivo
da JME Alcides Telles de Almeida, que atuou com grande visão da obra
entre 1955 e 1979. Além dos dois campos que continuavam a receber
missionários batistas brasileiros, o trabalho se expandiu para outros pa-
íses da América Latina e da Europa, alcançando a África e a América
do Norte. Ao terminar a sua gestão em janeiro de 1979, o quadro de
missionários abrangia 11 novos campos, além dos dois já existentes.
"4 PITROWSKY, Ricardo. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras referente ao ano de 1955.
Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1956, p. 91.
KEY, Jerry Stanley. Apud AMARAL, Othon Ávila. Alcides Telles de Almeida, o executivo que
recuperou a Junta de Missões Mundiais. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br > em 15
set. 2008.
'' PEREIRA, José dos Reis. O consolidador do trabalho de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 70, n. 10, p. 1, 08 mar. 1970.
de 1952, fez uma viagem a Bo-
lívia e ficou encantado com a
terraw.
Durante seu trabalho de 24
anos como Executivo na Junta
de Missões Estrangeiras, pros-
seguiu incentivando o trabalho
em Portugal e Bolívia e esten-
deu as cortinas ao ampliar a vi-
são para outros países, sempre
usando a divisa que se tornou
característica de seu período
como Executivo da JME: "O
campo é o mundo". Os outros
campos alcançados pelo traba-
lho liderado por Alcides Telles
de Almeida foram: Paraguai,
Moçambique, Rodésia (Zimbá-
bue), Angola, Açores (Portugal
Insular), Uruguai, Argentina, Prirri~ inúmero da revista
Venezuela, França, Espanha e O Campo é o Mundo
Canadá.
Foi o Pastor Alcides que, após prolongado planejamento, iniciou a
revista da JME que recebeu o título que ele sempre usava como slogan
para a Junta de Missões Estrangeiras, O Campo é o Mundo. O primeiro
número saiu em abril de 1966, quando era presidente da Junta José
dos Reis Pereira", que descreveu a sua visão do que a revista deve-
ria publicar para os batistas brasileiros: "(1) Informações sobre a obra
missionária que os batistas brasileiros estão realizando no estrangeiro;
(2) notícias enviadas pelos nossos missionários; (3) artigos inspirativos
e doutrinários sobre missões; (4) dados históricos acerca da obra que
estamos realizando; (5) biografias de grandes missionários". Mais tarde,
"'7 Id. O que encaneceu promovendo Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
65, n. 12, p. 1, 21 mar. 1965.
"' PEREIRA, José dos Reis. Apresentamo-nos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1,
p. 1, abr./jun. 1966.
em 1979, João Falcão Sobrinho3°9 escreveu sobre aquele órgão missio-
nário: "Quanta inspiração e quantos resultados para a obra do Senhor
já trouxe esta publicação".
Um dos casais de missionários que trabalhou com Pastor Alcides tes-
temunha:
Pastor Alcides era muito agradável como pessoa, mas um pouco imprevisível e
até impulsivo. Na época não havia ainda estratégia de missões, pelo que o mis-
sionário chegava ao campo, levava o evangelho, batizava as pessoas convertidas
e organizava igrejas. Também nos seus dias a Junta organizou escolas batistas
e um seminário. Mas o missionário precisava fazer de tudo um pouco, mesmo
se não tivesse preparo para isso. A força do trabalho missionário era a igreja e
a evangelização. Entretanto, essas dificuldades não impediram a realização de
grande obra e a extensão das cortinas das habitações370.
09 FALCÃO SOBRINHO, João. Apud AMARAL, Othon Ávila. Alcides Telles de Almeida, o executivo
que recuperou a Junta de Missões Mundiais. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em
15 set. 2008.
"" WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
3 " ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
'12 LOPES, Antonio. O editorial inacabado. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano
4, n. 8, p. 1, jan./abr. 1979.
" Ibid.
114 VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 219.
que ocorreram nas terras lusas, tanto no continente como no arquipé-
lago, conforme relatos no capítulo anterior.
Portugal Continental
Na assembléia convencional de 1957, foi votada a intensificação e
ampliação do trabalho missionário em Portugal, "dada a situação de
inferioridade de nossa moeda em face à moeda portuguesa"'. Ainda
em 1957, houve novos entendimentos com a Junta de Richmond, que
dentre outros itens aceitou suplementar o auxílio às igrejas e enviar a
Portugal o casal A. R. Crabtree, que por muitos anos havia trabalhado
no Brasil316.
O ideal e a visão do missionário Antonio Maurício o levou a Coim-
bra em 1957, quando ele percebeu naquela cidade universitária um
grande potencial para o crescimento do evangelho no país. O objetivo
era não somente atingir os seus moradores permanentes, como os fa-
miliares dos estudantes e novos profissionais ali formados, que pode-
riam levar para outras cidades de Portugal a mensagem do evangelho.
O fato é que Maurício iniciou suas atividades de evangelização ali em
outubro de 1957, com um culto que teve apenas a presença dele, de
sua primeira esposa e de dois netos. Cinco anos depois, em 22 de
outubro de 1962, surgiu a notícia alvissareira da organização da Igreja
Batista de Coimbra, com 7 membros. Porém Maurício"' continuou
sonhando com uma grande obra naquela importante cidade portu-
guesa, pelo que escreveu mais tarde: "Um futuro glorioso teremos em
breve, quando daqui saírem médicos, advogados, professores e outros
profissionais".
Em 1959, foi muito significativa a proposta na Convenção realizada
no Recife, para que se colocasse de lado qualquer dúvida sobre as re-
lações entre o missionário aposentado Antonio Maurício e a JME, uma
vez que circunstâncias, outrora existentes nesse particular, já se encon-
"' CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 40?-, 1957, Belo Horizonte, ata da 11á sessão. Conven-
ção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1957, p. 29.
i"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 87.
MAURÍCIO, Antonio. O clamor de Coimbra. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n.
8, p. 13, jan./mar. 1968.
travam totalmente superadas31 8 . É bom lembrar que por dificuldades de
relacionamento com a Junta no Brasil, Maurício foi afastado da função
de missionário no campo ainda em 1942, mas continuou vinculado à
Junta, sendo mantido o seu salário até a sua aposentadoria pela Junta
de Beneficência, em 1946. Como resultado dos novos entendimentos,
na assembléia da Convenção Batista Portuguesa, realizada em Lisboa
nos dias 30 de setembro e 19- de outubro de 1959, a JME homenageou
o Ministério Batista Português na pessoa de Antonio Maurício, entre-
gando-lhe um diploma que muito o emocionou319, pois lhe era conce-
dido o título de Missionário Emérito. Assim o amor prevaleceu, levando
a vitória para a Causa de Cristo. Na realidade, o que poderia parecer
obstáculo no relacionamento de cristãos se tornou bênção. Certamente
as lágrimas daquele servo do Senhor refletiam o imensurável amor de
Deus. Ele ainda tinha muito a oferecer ao serviço missionário.
Hélcio e Odete Lessa, que no período anterior se tornaram missionários
em Portugal, após oito anos de profícua atividade retornaram definitiva-
mente ao Brasil em 1962. Dentre outras realizações exercidas pelo casal,
duas igrejas foram organizadas, inclusive a Terceira Igreja Batista de Lisboa,
em 1956, que é um marco entre os evangélicos portugueses, sendo hoje
a maior igreja batista em Portugal. Também com a atuação desses missio-
nários, o trabalho se reestruturou, e houve uma busca de harmonia entre
os obreiros, com efeitos extraordinários: "Hélcio Lessa foi o diplomata que
usou de sua habilidade já conhecida de conciliação para unir dois grupos
que, direta ou indiretamente estavam ligados ao Brasil — União Batista Por-
tuguesa (UBP) e Convenção Batista Portuguesa (CBP)"320. Lessa também
se tornou o grande idealizador, incentivador e promotor de congressos de
mocidade em Portugal. Na Convenção da CBB de 1963, foi "consignado
em ata um voto de apreciação pelo trabalho de solidificação e expansão
da obra missionária em Portugal, realizado pelo casal Hélcio e Odete Les-
sa, nos anos que ali permaneceu como nosso casal de missionários"321.
41 " CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 424, 1959, Recife, ata da 64 sessão. Convenção Batista
tista Brasileira: quadragésima quinta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 192.
Apesar do período relativamente curto de trabalho em Portugal, o plano
de Deus havia se cumprido entre os batistas portugueses através do casal
Lessa, com a coesão da obra ali realizada, que estava antes em perigo
de esfacelamento. Assim o seu ministério continuaria em outras atividades
concentradas no pastorado a ser exercido no Brasil, cujos resultados foram
igualmente grandiosos, para a glória de Deus.
Mesmo sem a presença de um missionário brasileiro atuando em
Portugal, o trabalho dos batistas brasileiros não cessou, embora parale-
lamente crescesse a inestimável ajuda da Junta de Richmond322. O amor
dos batistas brasileiros pelo campo português continuou a ser demons-
trado de formas diversas. Um acontecimento notável ocorreu em 1966,
quando a Junta decidiu criar a bolsa de estudos Francisco Manuel do
Nascimento, para manter um estudante batista português vocacionado
para o ministério, podendo ele escolher um dos três seminários da CBB
para estudar. O estudante teria também as suas passagens de ida e vol-
ta para o Brasil pagas, assumindo ele o compromisso de retornar para
trabalhar no campo português ao concluir os estudos323.
Três anos após a criação da bolsa de estudos, em 06 de outubro de
1969, foi organizado o Seminário Teológico Batista Português, com oito
alunos, sendo dois da África. O acontecimento demonstra a estreita
relação nos trabalhos dirigidos pela JME e a Junta de Richmond, tendo
ambas a perspectiva de fortalecer as igrejas em Portugal. O primei-
ro diretor do Seminário foi o ex-missionário norte-americano no Brasil
Lester Be11324, que pouco antes escreveu sobre o que seria a instituição:
'A escola oferecerá cursos em nível superior e estará bem integrada na
administração e no trabalho da Convenção Batista Portuguesa"325.
O campo português recebeu em 1971, depois da ausência por alguns
anos de obreiros brasileiros, a missionária Lucy Gonçalves Guimarães,
que para lá seguiu com a responsabilidade de ensinar Grego e Hebrai-
ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
anais da Sia assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1971, p. 260.
'22 GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. Grandes coisas fez o Senhor em Portugal. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 6, n. 24, p. 21, jan./mar. 1972.
'2" Id. Novas dos campos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 6, n. 23, p. 7,
out./dez.1971.
'29 Id. Os batistas portugueses realizam XXXVII Convenção. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 6, n. 23, p. 8, out./dez.1971.
a sua presença, com 87 anos de idade. Ele havia recebido da JMM o
título de Missionário Emérito conforme referido anteriormente e, nos
últimos anos de sua vida, morou no Brasil, em um dos apartamentos
do Seminário do Sul na cidade do Rio de Janeiro. Sobre ele, escreveu o
então presidente da Junta, José dos Reis Pereira"°:
Cidadão português, dizia-se também cidadão brasileiro; porém, acima de tudo
era cristão dos céus, onde ele já está gozando as bem-aventuranças. Pregou
em Portugal, no Brasil, nos Açores, nas Bermudas, nos Estados Unidos, em Mo-
çambique, na África do Sul, mas especialmente em Portugal que percorreu in-
cessantemente, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Levou a Cristo milhares de
pessoas, batizou centenas, a dezenas despertou para o ministério da Palavra,
fundou um grande número de igrejas. [...1 Dr. Maurício: dou graças a Deus por
ter conhecido um dos maiores missionários que já viveram nestes 2.000 anos
de cristianismo.
''° PEREIRA, José dos Reis. O nosso grande missionário. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 5-7, maio/ ago. 1980.
Id. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da 555 assembléia. Rio
de Janeiro: CPB, 1973, p. 84.
'" CAVALCANTI, Herodias Neves. De Portugal. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 75, n. 36,
p. 8, 07 set. 1975.
Portugal Insular (Açores)
Como mencionado anteriormente, o arquipélago dos Açores é cha-
mado de Portugal Insular. Na realidade não é África e nem mesmo
Europa. As ilhas estão mais próximas da Europa e a sua ligação é
maior com esse continente através de Portugal. Entretanto, "as ilhas
não pertencem a nenhum dos dois sistemas
orográficos"333. São nove ilhas no meio do
Oceano Atlântico Norte, a dois mil quilôme-
tros de Lisboa, entre a Europa e a América do
Norte. No grupo central do arquipélago está a
Ilha Terceira, que exerceu grande importância
no trabalho dos batistas brasileiros. A popula-
ção dos Açores é de 300.000 habitantes, mas
há milhares de açorianos nos Estados Unidos
e no Canadá.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, foi
instalada uma base militar nos Açores, haven-
do entre eles batistas, que mais tarde foram
chamados por Márcia Venturini de Souza de
missionários mudos, por não poderem se co-
municar com o povo, tendo em vista não fala-
rem a língua portuguesa334. Em 1971, o Pastor
Lester Bell, ex-missionário no Brasil, passou nos
Açores, e com os moradores americanos da ilha
organizou a Igreja Batista Americana. Em 1974,
os irmãos americanos da base aérea estabele-
cida na Ilha Terceira, em Açores, apelaram para que os portugueses
mandassem missionários para aquele arquipélago. Mas não houve da
parte deles a pessoa certa para ser enviada'. Assim é que o apelo
chegou ao Brasil.
AÇORES. In: ENCICLOPÉDIA Brasileira Mérito. V 1. São Paulo: Editora Mérito, 1959, p.
164.
"4 VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 17.
"'' GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 18, n. 58, p. 15,
jun. 1983.
Ainda em 1974, foi para os Açores o primeiro casal de batistas brasilei-
ros, Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza336, sendo ele
formado em teologia pelo STBNB e ela em Educação Religiosa pelo IBER.
Mas ambos eram também especialistas em trabalho com crianças, em cur-
sos da APEC (Aliança Pró-evangelização de Crianças)337. Eles estavam se
preparando para servir na Ilha da Madeira, quando foram incentivados
pela missionária em Portugal, Lucy Gonçalves Guimarães, a irem para os
Açores338. A convicção sobre o campo, porém, não ocorreu simultanea-
mente para os dois. Primeiramente, o Pastor Sousa sentiu que aquele era
o local determinado por Deus para servirem naquele momento. Entretan-
to, Márcia não tinha ainda segurança sobre o assunto, pelo que resolveu
implorar ao Senhor para que enchesse o seu coração de amor por aquele
povo. Logo os jovens da Igreja Batista de Nova Iguaçu ofertaram um órgão
para que levassem ao campo, atitude essa que tocou profundamente o
coração de Márcia339.
Assim, o casal Souza seguiu para o campo e se estabeleceu na Ilha
Terceira. Ao chegar, Márcia começou a se relacionar com o povo, pas-
sando a amá-lo profundamente. Era a resposta de Deus às suas ora-
ções. A experiência que no Brasil tinha com programas de rádio levou
o Pastor Souza a iniciar um programa em estação que tinha capacidade
de alcançar as 9 ilhas do arquipélago340. Mesmo com o preconceito
existente contra os protestantes, com menos de um ano de atividade,
a Voz Batista Açoriana já tinha recebido cerca de 2.000 cartas. Már-
cia Venturini de Souza"' afirmou: "Muitas pessoas escreviam dizendo
que estavam impressionadas com o programa, principalmente pelo fato
de não ser católico. Pastor Souza ficou muito satisfeito ao ler algumas
cartas, porque sempre houve em Açores muito preconceito por tudo
aquilo que não partia da Igreja Romana". Além do preconceito vencido
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 578
assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1975, p. 198.
"- AVANÇANDO pelo mundo rumo aos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 9, n.
35, p. 1, out./dez. 1974.
"" GUIMARÃES, Lucy Gonçalves. O amor é o motivo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
18, n. 58, p. 15, jun. 1983.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 21.
"" ATÉ os confins da terra através dos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n.
38, p. 21, jul./set. 1975.
"' VENTURINI DE SOUZA, Márcia. No meio do mundo, p. 37.
através das ondas hertzianas, aconteceu com os Souza, assim como
ocorria com outros missionários, que muitos se aproximavam deles em
virtude do testemunho de vida dominada pelo amor, o qual era visto
não somente no momento quando pregava o evangelho, como no dia-
a-dia da vida familiar e relacionamento com o próximo. Assim o evan-
gelho era anunciado com resultados positivos, para a glória de Deus.
O novo missionário foi alertado sobre as dificuldades que teria nos Aço-
res, onde deveria levar cerca de 10 anos para surgir uma igreja. Mas em 10
meses, completados em setembro de 1975, duas igrejas foram organizadas
no arquipélago açoriano. Uma na Horta, em Faial, e a outra na Praia da
Vitória, na Ilha Terceira342. Francisco Antônio de Souza343 narrou essa ex-
periência e entusiasmado exclamou: "Isso é Deus, meus irmãos! Não há
homem que possa fazer isso em lugares onde nada havia de evangelho.
Quando Deus chama, Ele vai à frente, vai atrás e vai de lado. Ele nos guarda
e realiza tudo. Nós somos apenas instrumentos seus". A família Souza ficou
nos Açores até 1983, quando foi transferida para Portugal Continental.
Na assembléia convencional de 1976, foram apresentados alguns dos
missionários já nomeados pela JME no ano anterior. Dentre eles, estava
o casal Francisco Nicodemos Sanches e Olívia de Almeida Drummond
Sanches, que seguiu em agosto do mesmo ano para Faial, nos Açores,
depois de longa espera de licença por parte do Governo português344.
Antes de ir para o campo missionário, Francisco Nicodemos atuava
como professor na Universidade Gama Filho e no STBSB, além de pas-
torear a Igreja Batista Central de São João de Meriti. Sua visão missio-
nária o levou a deixar tudo para cumprir o chamado de Deus. Após
quase um ano e meio nos Açores, o trabalho realizado pelos Sanches,
embora árduo, não apresentava maiores resultados visíveis. Eles não se
desanimaram, antes se dispuseram a prosseguir a caminhada no serviço
do Senhor, sabendo que a conversão de uma alma é obra do Espírito
Santo. Assim o casal foi vencendo as dificuldades iniciais e permaneceu
nos Açores até 1980, atuando nas áreas de evangelização, distribuindo
`42 BATISTAS através do mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 75, n. 39, p. 7, 28 set.
1975.
''" SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, Se 29 out. 2007.
'44 COISAS maravilhosas nos Açores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 11, n. 42, p. 20,
jul./set. 1976.
literatura de casa em casa. Também ele ajudou o pastor Francisco de
Souza no programa de rádio, foi presidente da Associação Batista Aço-
riana e Diretor do jornal O Batista Açoreano345 .
Lucy Gonçalves Guimarães foi transferida de Portugal para os Açores
em 1977, localizando-se na Ilha de São Miguel, onde foi organizada a
Igreja Batista de Ponta Delgada. Como foi referido anteriormente, ela
teve atuação preponderante, ainda em 1974, para que o casal Souza
fosse convencido a iniciar seu ministério missionário nos Açores.
Em junho de 1978, Elton Rangel Pereira e Miriam Baldassare Rangel
Pereira foram remanejados do Paraguai para os Açores, trabalhando na
Ilha de São Miguel, onde já existia a Igreja Batista de Ponta Delgada, re-
sultado do trabalho da missionária Lucy Guimarães346. O período em que
a família Rangel Pereira esteve nos Açores não foi fácil, mas o Senhor
terminou por conceder vitórias, que vieram através do relacionamento
cristão e testemunho de vida de toda a família. Algo da difícil experiência
no campo açoriano é relatado por Elton Rangel347, que sofreu forte perse-
guição, quando os emissários da Igreja Romana quebraram portas, janelas
e tentaram destruir o templo e explodir o carro do missionário. Diz ele:
Ao ir à polícia, fui informado que só havia duas alternativas: aceitar calado a
perseguição ou ir embora. A situação continuou tensa. Depois que o padre
tentou impedir que eu pregasse em praça pública, foi iniciada uma polêmica
pelo jornal da cidade. No decorrer dos acontecimentos, convidei aos 123 pa-
dres da Ilha para fazermos um debate público, analisando as doutrinas da Igreja
Romana e as evangélicas à luz da Bíblia. Certamente eles não aceitaram. Mas
o bispo conseguiu impedir a publicação de meus artigos no jornal e colocar
uma reportagem na televisão contra a nossa presença nos Açores. A situação foi
muito estressante para toda a família, que era sempre abordada pelos curiosos
que acompanhavam o debate.
'" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 39a, 1956, Rio de Janeiro, ata da 8a- sessão. Convenção
Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1953, p. 32 e 33.
14 ' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista
Brasileira, referente ao ano de 1956. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres.
Rio de Janeiro: CPB, 1957, p. 62.
'5" MOITA, Waldomiro. A oitava Convenção Boliviana. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 56,
n. 3, p. 8, 19 jan. 1956.
boração preciosa dos batistas brasileiros. A missionária Teremar351, ao
escrever a história dos batistas bolivianos, afirma:
Pastor Waldomiro Motta, homem de visão e fundador nato de uma grandiosa
obra. [...1 Andava ora a cavalo, ora a pé, ora em carroça; até que Deus per-
mitiu ter uma camioneta que a batizou com o nome de 'missionária de ferro',
pois podia entrar nos lugares mais distantes, mesmo sem estradas, para levar, a
aqueles que desejavam, a preciosa mensagem da salvação.
BERNARDES, Dacyr de Souza. Uma vida que desafia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
56, n. 46, p. 7, 15 nov. 1956.
LIMA, Margarida de Oliveira. O Jornal Batista entrevista. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
57, n. 4, p. 4, 24 jan. 1957.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Trabalho na Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 57, n.
4, p. 4, 24 jan. 1957.
''" VOSSOS filhos e vossas filhas profetizarão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 58, n. 14, p.
1, 03 abr. 1958.
OLIVEIRA, Nelly Alves de. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 60, n. 17, p. 6, 28 abr.
1960.
Nelly fala de seu chamado para Missões, quando tinha ainda 15 anos
de idade e pensava que iria para a África. Mas Deus a preparou de várias
formas, tanto no lar como nas instituições educacionais, para ir ao campo
boliviano. Bem mais tarde, em entrevista, Nelly explica que na ocasião
de sua chegada ao campo não havia asfalto em Santa Cruz de la Sierra,
nem condições de conforto. Passou a trabalhar no Colégio e mais tarde
foi mandada para Trinidad, para dirigir a Igreja ali, onde ficou até 1961.
Em Trinidad viajou muito, utilizando o tipo de transporte que lhe era
possível, tal como costas de cavalo e de boi. Mas resolveu também iniciar
uma enfermaria para utilizar os seus conhecimentos obtidos no Hospital
Evangélico do Rio, onde estagiou quando estudava no ITC (Instituto de
Treinamento Cristão), hoje CIEM. Na enfermaria muitas pessoas eram
atendidas e ela era convocada para atender pessoas fora com proble-
mas de saúde, chegando a fazer partos e pequenas cirurgias em pessoas
acidentadas. Depois de alguns anos, Nelly se casou com um boliviano e
deixou oficialmente o trabalho da JMM, pois na ocasião não era aceito o
obreiro da terra como missionário, mas continuou trabalhando na Bolívia
com Missões Nacionais e no Colégio Batista, onde ensinou educação
Física, Educação Cristã, Economia Doméstica, Higiene, Enfermagem e
outras disciplinas. Ao ser entrevistada em sua casa, na Bolívia, em 2007,
Nelly36° mandou um recado para os jovens: "Não tenham medo de res-
ponder ao chamado de Deus, nem de ir para Missões, seja qual for o
lugar para onde Ele mandar. Aquele que Deus chama, sustenta".
Ao terminar o seu período de férias no Brasil, o casal Tiago Nunes
Lima e Creusa Jacques Lima, que atuara na Bolívia desde 1950, entre-
gou uma carta escrita no dia 10 de janeiro de 1959, solicitando seu
desligamento das funções de missionário da JME, tendo em vista ter
aceito a função de Diretor do Departamento de Escolas Dominicais
e Mocidade da CBB, que se tornaria a Junta de Educação Religiosa e
Publicações (JUERP)3°l. A Junta apresentou um voto de apreciação pe-
los serviços prestados pelo casal, inclusive a construção do Edifício das
Moças e do Colégio Batista na propriedade adquirida em Santa Cruz
Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa
Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
LIMA, Tiago Nunes. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 59,
n. 8, p. 4, 19 fev. 1959.
de la Sierra362. O jovem Tiago Lima tinha na ocasião 34 anos de idade.
No Brasil, além de suas atividades na denominação, foi pastor de várias
igrejas nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, partindo para
a presença do Senhor em agosto de 2006363.
Entre 1960 e 1962, o trabalho na Bolívia foi grandemente fortalecido
com novos missionários, que passaram a trabalhar em várias atividades
como plantação de igrejas, educação ministerial e preparo de líderes,
além de eles próprios exercerem cargos de liderança na denomina-
ção. Assim, em 1960, três novos missionários chegaram ao país: Hen-
rique Wedemann Filho, Anete Silveira Wedemann e Celita de Lima
Coradello. Pastor Wedemann se tornou logo mais o Secretário Geral
da Junta Executiva da Convenção Batista Boliviana. O Instituto Batista
do Oriente Boliviano, cuja sede foi construída com muito sacrifício,
constando "de 7 salas de aulas, escritório e salão de assembléia, intei-
ramente mobiliados", teve suas atividades iniciadas em 1961 364. Nesse
mesmo ano, seguiram como missionários, Edson Salles e Yvone Duarte
Salles, além do jovem Ageo Ferraz Ribeiro, que se casou com a missio-
nária do campo, Rita de Miranda Pinto3". Em 1962, dois casais e duas
missionárias solteiras foram também para a Bolívia: Agnelo Guimarães
Barbosa Filho e Ruth Genúncio Barbosa, Ezequias Mendonça e Silva-
nira Garcia Mendonça, Ana da Silva Lança e Décia Barbosa Lopes'''.
Para ilustrar o início do trabalho de alguns desses missionários, registra-
se que o casal Agnelo e Ruth Barbosa, ao chegar à Bolívia, foi trabalhar
em El Torno, nas proximidades de Santa Cruz de la Sierra, onde havia
uma igreja com apenas uma família. Após três anos de atividade, a
Igreja chegou a ter 60 membros. Mais tarde outras igrejas foram por
eles organizadas. Em 1965, depois de três anos de atuação na Bolívia,
ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 88.
MARTINS, Mário Ribeiro. Missionários americanos e algumas figuras do Brasil evangélico.
Goiânia: Kelps, 2007, p. 341.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, 1959 e 1960. Conven-
ção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 103 e 104.
Id. Junta de Missões Estrangeiras. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 62, n. 4, p. 4, 25 jan.
1962; EDUCAÇÃO teológica na Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 6,
abr./jun. 1966.
Id. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasileira, 1962.
Convenção Batista Brasileira: quadragésima quinta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1963,
p. 115.
onde certamente muito aprendeu sobre o trabalho missionário, o casal
Barbosa foi remanejado para o Paraguai367.
Na assembléia de 1964, decidiu-se que a Junta estudasse "a possibi-
lidade de entregar toda a ajuda financeira enviada ao campo boliviano
à Junta Executiva da Convenção Batista do Oriente Boliviano"368. Com
isso, a JME passaria a cuidar exclusivamente dos interesses dos nossos
missionários naquele país.
Deixaram as suas atividades como missionários durante o ano de
1964, Sebastião e Anterina de Souza, depois de sete anos e meio de
profícua atividade; Celita de Lima Coradello, após três anos de traba-
lho; Décia Barbosa Lopes, temporariamente para se casar com o pastor
Daniel Cardoso Machado'n retornando em junho de 1965 juntamente
com seu esposo, que iniciou sua atividade como missionário e assumiu
a direção do Seminário Teológico Batista Boliviano370.
A formatura da primeira turma do Seminário Teológico Batista Bo-
liviano ocorreu em 04 de dezembro de 1965, com três estudantes,
sendo dois homens e uma mulher, a saber, Damian Sesary, Nicácio
Medina e Bertha Anez Pedrial. Eles passaram a se enquadrar entre os
obreiros do país371. Depois da formatura da segunda turma no ano se-
guinte, com cinco concluintes, Daniel Cardoso Machado"' discorreu
sobre os seis anos de existência do Seminário, explicando o objetivo
da Instituição: "Preparar dignamente aqueles que se apresentam com
um chamado divino, buscando um conhecimento teológico adequan-
do para a realização de um ministério eficiente na obra do Mestre
no Oriente Boliviano, que tanto necessita de colaboradores". A edu-
cação ministerial sempre foi um ponto forte do trabalho missionário
em todos os tempos. Na Bolívia não poderia ser diferente, pelo que
BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
"'' WEDEMANN, Walter et al. Trabalho na Bolívia. Convenção Batista Brasileira: quadragésima
sexta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1964, p. 185.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras, 1964. Convenção Batista Brasilei-
ra: quadragésima sétima assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1965, p. 82.
Id. Mais um casal para a Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 65, n. 41, p. 2, 10 out.
1965.
'-' Id. Formatura do Seminário Batista Boliviano. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 66, n. 2,
p. 2, 09 jan. 1966.
'-= MACHADO, Daniel Cardoso. Entrevista. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n. 5,
p. 15, abr./jun. 1967.
atualmente já existe uma forte liderança de obreiros nacionais, que
têm condições de levar adiante a obra, com a direção do Senhor. Não
é sem razão que o apóstolo Paulo preparou jovens como Timóteo e
Tito, que foram pastores em Éfeso (1Tm 1.3) e Creta (Tt 1.5), receben-
do toda a confiança do apóstolo, pois estavam aptos para conduzir o
rebanho do Senhor dignamente.
Depois do período acima referido, outros missionários segui-
ram para a Bolívia, destacando-se quatro que foram nomeados
no ano de 1970: Silas Luiz Gomes, Aldair Ribeiro Gomes, Milzede
de Moura Barros e Jailce Silveira Santos. Importante é perceber a
forma como os novos missionários atuavam nos campos, não só
iniciando trabalhos e plantando igrejas, como se integrando nas
atividades já existentes. Assim é que pouco depois de sua chegada,
Milzede Barros se tornou Secretária Executiva da União Feminina
Missionária373.
Silas Luiz Gomes e Aldair Ribeiro Gomes foram para a Bolívia em
janeiro de 1971, trabalhando primeiro em
Trinidad, capital do Beni, depois, em 1974,
em Guayaramirim, de onde Silas viajava para
o interior em moto, inclusive às vezes levan-
do os familiares. Essas viagens eram verda-
deiras aventuras, pois além das dificuldades
das estradas e do desconforto da condução,
eram atravessadas áreas inóspitas e insalu-
bres, com o perigo de serem afetados por
enfermidades comuns na região. É maravi-
lhoso como o Senhor usa seus servos, que na
sua simplicidade e comprometimento com o
reino, não medem esforços para ultrapassa-
rem grandes barreiras374. De Guayaramirim
a família Gomes foi transferida para Santa
Cruz de la Sierra, onde atuou entre 1978 e
BARROS, Milzede de Moura. Viagem a Nuevo Horizonte. O Campo é o Mundo, Rio de Janei-
ro, ano 6, n. 23, p. 20, out./dez.1971.
'74 GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
1987, quando foi para Antofagasta, na entrada do deserto do Ataca-
ma, no Chile"'.
É impressionante a convicção de chamado do casal Gomes. Silas
menciona algo sobre a sua vocação, tendo recebido grande influência
de Waldomiro Motta. Teve experiência pastoral no Brasil, mas missões
estava no seu coração. Em certa ocasião, adoeceu gravemente, mas
Deus atuou na sua cura. Isso reforçou a convicção de sua vocação
missionária, dando-lhe a certeza que mesmo com saúde frágil, Deus
não o abandonaria em seu trabalho. Casou-se com Aldair, que tinha
um amor muito grande pela África, mas o casal se colocou nas mãos
de Deus, dispondo-se a seguir para onde Ele enviasse. Terminou indo
para a Bolívia, onde foi pioneiro o seu herói quando era Embaixador
do Rei, Waldomiro Motta. Foram 16 anos de trabalho abençoado na
Bolívia. Aldair recebeu o chamado de Deus ainda criança, quando
Mensageira do Rei. Teve marcantes experiências com Deus. Ela afir-
ma que foi chamada desde o ventre de sua mãe e desde cedo na sua
vida teve marcantes experiências com Deus. O Senhor de Missões foi
se revelando em pequenas coisas. Sendo de uma família muito pobre,
Aldair não tinha condições de comprar sapatos para usar em uma
reunião especial na Igreja. Ela não comentava a sua necessidade e já
estava conformada quando, de repente, alguém bateu à sua porta,
ofertando-lhe exatamente um par de sapatos novos, que se ajustava
perfeitamente aos seus pés e aos seus sonhos. Tudo o que lhe acon-
teceu contribuiu para fortalecer a sua fé e confirmar o seu chamado
missionário 376
Em 1972, após o período de férias no Brasil, Ageu e Rita Ribeiro so-
licitaram rescisão de seu contrato. Eles eram na ocasião o mais antigo
casal que atuava na Bolívia, mas foram impossibilitados de continuar
no campo em virtude da saúde da esposa17. No final de 1971, Daniel
e Décia Machado estiveram em férias no Brasil, que deveriam ser
de três meses, mas as exigências do trabalho obrigaram o retorno ao
'-' Id. Resumo da trajetória e obra dos missionários Comes. Arquivo Comes, Antofagasta, 06 jun.
2007. Digitado.
'' COMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
'-- NOTICIAS da Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 27, p. 26, out./dez.
1972.
campo um mês e meio mais cedo. Neste período no Brasil, ele serviu
como paraninfo da turma de concluintes do Seminário de Educação
Cristã (SEC) e ela foi homenageada como ex-aluna daquela instituição.
Ambos foram para o Recife e voltaram ao Rio de Janeiro em ônibus378.
Deve-se destacar o crescimento do trabalho, quando o número de
igrejas na Bolívia, em 1972, chegou a 12, com 600 membros, após
26 anos do início do trabalho e 25 da organização da Primeira Igreja
Batista de Santa Cruz de la Sierra'79.
Na Convenção de 1973, foram apresentados os novos missionários
Horácio Wanderley da Silva e sua noiva, Ana Maria Lemos Montei-
ro 380, que após casamento foram para a
Bolívia. Ao chegarem em Santa Cruz de
la Sierra, em maio, logo seguiram para
o seu campo de trabalho que era a ci-
dade de Cobija e suas adjacências, no
Departamento de Pando, que ficava na
fronteira com o Acre'''. Cobija era um
lugar na floresta amazônica para onde
nem os obreiros da Bolívia queriam ir,
por ser muito isolado e sem meios de
comunicação, inclusive sem água en-
canada e sem energia elétrica. Logo o
casal soube que ali era a prisão aber-
ta da Bolívia e só iam para lá pessoas
punidas. Diz Horácio382 que ao chega-
rem ficaram em um hotel de madeira
"mil estrelas", porque o teto era cheio
de buracos e eles podiam do próprio
'Th NOTÍCIAS da Bolívia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 7, n. 28, p. 7, jan./mar.
1973.
PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
554 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 85.
'"" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 554, 1973, Recife, ata da 64 sessão. Convenção Batista
Brasileira: 554 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 290.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 564
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
k12
WANDERLEY DA SILVA, Horácio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 18 ago. 2007.
quarto ou da cama contemplar as estrelas. Foi ali que Horácio e Ana
Maria se instalaram e, pela graça de Deus, realizaram um importante
trabalho.
Já no primeiro mês de atividade do casal Wanderley, mesmo ainda
em lua de mel, os dois tiveram 120 conversas evangelísticas e realiza-
ram 80 visitas. Conforme relatório de 1973, nos primeiro meses, ainda
em 1973, eles estenderam suas atividades para Porvenir, onde alguns
frutos foram colhidos, e Filadélfia, centro produtor de borracha. Ali,
pela instrumentalidade dos missionários, 20 pessoas já tinham feito a
sua decisão para seguir a Cristo383. Horácio relata que ao chegarem no
campo, levaram dinheiro suficiente para três meses, tendo em vista a
dificuldade de comunicação e transporte. Assim compraram alimentos
em sacas, como açúcar, arroz e sal. Logo fizeram muitas amizades com
as pessoas que visitavam, pelo que muitos lhes presenteavam frutas,
ovos, frangos e algo mais. Mas no final dos três meses, o mantimento
havia acabado. Ao chegar em casa, Ana Maria tinha um ovo na mão,
dizendo em seu característico bom humor que aquele era o último que
tinham, mas no dia seguinte chegaria um avião trazendo o seu salário.
Essa palavra de fé expressa por sua esposa o animou bastante. Entre-
tanto, no outro dia houve um temporal que impediu o avião de pousar.
Quando, frustrado, Horácio retornou, Ana tinha nas mãos o primeiro
ovo da galinha que tinham recebido de presente. Até que tudo norma-
lizasse, cada dia havia um novo ovo posto por aquela galinha. Assim
Deus supriu as necessidades de forma maravilhosa para os seus servos.
Sim, Deus é fiel!
A Bolívia continuava sendo prioridade para a JME, pelo que em no-
vembro de 1975 foram nomeados como missionários para aquele cam-
po, Isaías Ramos da Costa e Maria Lúcia Nunes da Costa, José Carlos
Gerhard Matos e Sílvia Almeida Matos. O casal Costa chegou na Bolívia
em janeiro de 1976, seguindo para Puerto Suárez em março do mesmo
ano. Ali encontrou apenas dois adolescentes e 12 pessoas da Assem-
bléia de Deus, que logo depois deixaram o trabalho. Após um período
desanimador sem aparentes resultados, começaram a surgir os frutos,
sendo organizada a Igreja em maio de 1978 com 27 membros. Ali per-
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 56,'
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
maneceu o casal até 1981, quando foi transferido para Santa Cruz de la
Sierra 384. Como já foi referido anteriormente, os resultados do trabalho
não podem levar os missionários ao desânimo, pois são resultado da
ação do Espírito Santo de Deus, e no momento certo surgirão os frutos
de uma forma ou de outra, como diz o texto bíblico: "Porque Deus não
é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que eviden-
ciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos"
(Hb 6.10).
Em 1978, depois de se apresentar e se preparar para ir para a Espa-
nha, a Junta mudou o plano e mandou para a Bolívia o casal Samuel
Mitt e Marlene Serrão Mitt, que aquiesceu ao convite para dirigir o Se-
minário Teológico Batista Boliviano355. Eles ficaram na Bolívia até 1981,
quando pediram desligamento da Junta.
No mesmo ano de 1978, o casal Silas Luiz Gomes e Aldair Ribeiro
Gomes foi transferido de Guayaramirim, onde organizou a Primeira
Igreja Batista da cidade, para Santa Cruz de Ia Sierra. O casal Gomes
permaneceu 9 anos nessa cidade, onde dirigiu o Colégio por um ano e
pastoreou a Terceira Igreja Batista, além de ministrar aulas no Seminá-
rio, sendo depois remanejado para a região do deserto de Atacama, no
Chile, onde continuou sendo uma grande bênção nas mãos de Deus.
As maravilhas realizadas por Deus na Bolívia, através de Silas e Aldair
e de vários outros missionários da JMM, serão relatadas em capítulos
que seguem.
COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
I" BOLÍVIA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p. 9, maio/ago.
1978.
quatro países no continente sul-americano: Paraguai, Uruguai, Argen-
tina e Venezuela.
Paraguai
A República do Paraguai é um dos dois países da América do Sul que
não tem saída para o mar. O nome significa "um grande rio". Além da
cultura e práticas religiosas do jesuitismo, o Paraguai tem o guarani,
não somente na língua, como nos costumes, incluindo a religião. O
idioma guarani goza de completa aceitação social, sendo usado como
linguagem doméstica, assim como se usa o espanhol na vida oficial e
comercial. A Guerra do Paraguaia" ocorreu entre 1864 e 1870, quando
a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai derrotou
o Paraguai. Esse conflito marcou o país, que se tornou um dos menos
desenvolvidos da América do Sul. Ainda hoje há ressentimento contra
brasileiros, que são acusados de tentar impor a sua economia no Para-
guai.
A presença dos batistas no Paraguai data do século XIX, cerca de
1880, quando chegaram no país vários colonos alemães. Rogelio Du-
artei87 afirma que "a notícia certa se refere à família Gerding, que se
estabeleceu em uma companhia da cidade de Itá". Depois outros ba-
tistas também se estabeleceram no país. Houve o apelo para que os
argentinos enviassem missionários para Assunção, até que em 1919 a
Convenção Batista Argentina tomou a decisão de mandar como missio-
nário o seu presidente Maximino Fernandez, juntamente com sua es-
posa. Quando os missionários argentinos encontraram aqueles primei-
ros irmãos alemães, deixaram-nos muito alegres, afirmando que por 40
anos esperavam a presença dos batistas ali. Assim o trabalho foi iniciado
com muito afinco, e a 24 de outubro de 1920 foi organizada a Primeira
Igreja Batista no Paraguai, com 14 membros.
A Guerra do Paraguai foi iniciada quando o ditador paraguaio, Francisco Solano Lopez, in-
vadiu o Mato Grosso e depois tentou conquistar o Rio Grande do Sul, passando pela Argentina.
Assim o Brasil, a Argentina e o Uruguai se uniram contra as investidas das forças paraguaias, que
finalmente foi vencidas em 1870, após vitórias comandadas pelo Duque de Caxias e Conde D'Eu.
Cf. GUERRA do Paraguai. In: HISTORIA DO BRASIL. Disponível em <http:/www.historiadobrasil.
net>. Acesso em 07 out. 2008.
PÉREZ, Rogelio Duarte. Historia y mensage de los bautistas en el Paraguay. Asunción: Au-
tor, 2001, p. 57.
Os batistas brasileiros fizeram a primeira investida para entrar no
campo paraguaio em 1948, quando houve aprovação do parecer sobre
Missões Estrangeiras, o qual dizia: "Que se cogite desde já a abertura
de um trabalho batista no Paraguai"388. Uma vez que os argentinos já
atuavam no país desde 1919, o pensamento era trabalhar em parceria,
ficando os argentinos na capital e os brasileiros na fronteira389. Também
os Batistas do Sul dos Estados Unidos mantinham trabalho à margem
direita do rio Paraguai, com uma equipe que incluía médico, enfermei-
ra e professoras, tendo o plano de estabelecer um hospital em Assun-
ção390. Na assembléia de 1949, houve a decisão de continuar o "estudo
das possibilidades de iniciar trabalho missionário no Paraguai'''. Entre-
tanto, somente 15 anos depois seguiram para aquele país os primeiros
missionários brasileiros.
Assim é que em novembro de 1963 a Junta nomeou como primeiros
missionários brasileiros no Paraguai William de Souza e Creuza Rangel
de Souza', que seguiram para o campo em março do ano seguinte.
Seis meses depois, em 05 de setembro de 1964, organizou-se a Primei-
ra Igreja Batista em Saltos del Guairá. Mais tarde foi criada uma escola
batista, e depois um ambulatório, que não somente distribuía medica-
mentos, como fornecia roupas para a população carente393.
Na assembléia da CBB de 1964, houve uma decisão curiosa quanto
aos indígenas, considerando o grande número deles no Paraguai. A
recomendação foi que a Junta verificasse a situação dos índios, com o
objetivo de no futuro alcançá-los, tendo em vista que "nos campos de
'"" PAULA, José Francisco de; MacNEALY, Walter B.; OLIVEIRA, Antônio Ambrósio. Parecer sobre
a Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 32a assembléia anual. Rio de Ja-
neiro: CPB, 1948, p. 110.
l"ll SILVEIRA, Moysés. Novas portas se abrem. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 48, n. 36, p.
5, 02 set. 1948.
'`'° Id. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e
pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1949, p. 59.
''" SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção
Batista Brasileira, 1963. Convenção Batista Brasileira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio
de Janeiro: CPB, 1964, p. 143.
ll" GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Paraguai: Jubileu de Prata. O Campo é o Mundo, Rio de Ja-
neiro, ano 24, n. 77, p. 16 e 17, jul. 1989.
Missões Estrangeiras, afastados da civi-
lização e sob condições que a miséria
física, moral e espiritual impõe — esta-
vam milhares de índios desprezados,
esquecidos e sem esperança"394.
Em fevereiro de 1965, a missionária
Maria Silva Ferraz, que havia atuado
por cinco anos na Bolívia, após dois
anos no Brasil em férias e licença, foi
enviada para o campo paraguaio395 .
Também o casal Agnelo Guimarães Bar-
bosa Filho e Ruth Genúncio Barbosa, depois de um abençoado ministé-
rio na Bolívia, seguiu em outubro do mesmo ano para o Paraguai, com
a finalidade de substituir William e Creuza de Souza, que por motivo
de enfermidade de Creuza, deixaram suas atividades missionárias396.
Os missionários Souza deixaram no Paraguai uma Igreja com um belo
templo, uma escola e um ambulatório médico. Por sua vez, a família
Barbosa, ao chegar, teve grande ajuda de Maria Silva Ferraz, que tam-
bém era enfermeira, pelo que ela e Ruth Genúncio Barbosa realizaram
grande trabalho no ambulatório. Mais tarde, em 1976, Agnelo e Ruth
foram para o Uruguai, retornando ao Paraguai para uma nova etapa
entre 1981 e 1987.
Dalva Santos de Oliveira iniciou suas atividades no Paraguai em maio
de 1968397, realizando um belo ministério no campo missionário até
1991. Ela relata algo de seu chamado, quando desejava fazer o curso
de Odontologia, mas o Senhor não permitiu. Era líder de missões em
sua Igreja, mas não sentia que Deus a queria como obreira em missões.
Certa ocasião, um dentista não crente, a quem pregava o evangelho,
I" ROCHA. Gerson; HALSELL, Thomas E.; AMORIM, Capitulino Lázaro. Parecer sobre Missões
Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio de Janeiro:
CPB, 1964, p. 184.
ALMEIDA, Alcides Telles de. Novas da Bolívia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 65, n. 11,
p. 3, 14 mar. 1965.
II"' Id. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasileira, 1965.
Convenção Batista Brasileira: quadragésima oitava assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Exe-
cutiva da CBB, 1966, p. 55.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Mais uma obreira parte para os campos missionários. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 68, n. 5, p. 4, 04 fev. 1968.
perguntou porque ela estava perdendo seu tempo ali, pois o seu lugar
era no campo missionário. Dalva'" narra: "Eu gelei. Mas como Deus
fez a mula falar, estava também usando aquele homem não cristão para
tocar o meu coração". Depois de muitos questionamentos, Dalva foi
se preparar e seguiu para o Paraguai, segundo a orientação divina. Ela
trabalhou de início em locais onde o acesso era extremamente difícil,
pelo que andava a cavalo ou em carroças para realizar a obra. Nesse
período, ela abriu 8 pontos de pregação em fazendas e uma escola na
Colônia Borba. Também Dalva foi obrigada a cuidar da saúde do povo,
pois não havia posto médico, mas ela conseguia remédios e atendia
situações quase incríveis, com a ajuda do Senhor. Na realidade, sua
experiência como funcionária pública na área de saúde lhe foi muito
útil no campo missionário.
Somente em 1970, seguiram mais três missionários para o Paraguai:
Dilson Ramos Moraes, Maria Abreu
Moraes e Maria Luíza Ferreira. Em
1972, o número de igrejas no Para-
guai chegava a quatro. Dalva de Oli-
veira teve de passar um bom período
no Brasil, para recuperação de grave
doença que chegou a paralisar os
membros inferiores'9', mas após lon-
go tratamento, se recuperou e retor-
nou completamente restabelecida em
1974 para o campo de trabalho. Após
01¥m Ramos e Paula Maria Abreu
melindrosa cirurgia, ela escreveu que raesr duas vidas dedicadas ‘,1
o médico lhe falou que não acredi- Obra missionária no Paraguai
''' Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife,
26 out. 2007.
PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
55a assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 82.
i(' OLIVEIRA, Dalva Santos de. E o milagre aconteceu. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
7, n. 27, p. 30, out./dez. 1972.
Ele [o médico] não podia crer, mas me fez sair da cadeira de rodas e dar alguns
passos para que se certificasse da verdade. A surpresa foi tão grande que ao
sair do quarto foi buscar outro médico para que visse o que eles achavam im-
possível. Ambos me tomaram pela mão e enquanto caminhávamos, um deles
exclamava: "Isto é maravilhoso!" E com grande alegria pude responder-lhes: "O
que podermos esperar de um Deus maravilhoso senão maravilhas?"
"" FERREIRA, Maria Luíza. No Paraguai: espancada por causa do evangelho. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 73, n. 35, p. 5, 02 set. 1973.
família Rangel Pereira no Paraguai, destaca-se uma, quando foi solici-
tado a ir a uma aldeia para falar do evangelho:
Era um lugar de difícil acesso, mas fomos. A casa era de chão batido, coberta de
sapé. Havia muita miséria, mas o local estava cheio de gente. Ele colocou todos
em fila indiana e cada um que passava por mim eu ia abençoando, pois essa era
uma prática quando por ali chegava o padre. Ao começarmos o culto, eu ensi-
nei um cântico em guarani, pois era a única língua que falavam. Pedi então que
cantassem sozinhos. Quando terminaram de cantar eu me emocionei muito e
comecei a chorar, enquanto questionava: "O que seria daquele povo esquecido
naquela mata, se a Junta de Missões Mundiais não nos enviasse? Talvez nunca
tivesse ouvido falar de Jesus'''.
Uruguai
O Uruguai, que tem sido chamado "Suíça da América do Sul", ten-
do em vista seu clima temperado e alta expectativa de vida, é um
"" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
dos países mais cultos do continente. Por outro lado, o humanismo
e o materialismo têm ali proliferado, tornando-se um difícil campo
para se pregar o evangelho103. As primeiras atividades de batistas no
Uruguai ocorreram ainda no século XIX, mas a primeira igreja batista
só foi organizada em 1911, na cidade de Montevidéu. Quando os
batistas brasileiros ali chegaram, a grande força missionária era dos
Batistas do Sul dos Estados Unidos, pelo que já havia ali mais de 40
igrejas, uma dezena de casais de missionários norte-americanos e
quase 2.000 batistas404.
A JME começou a atuar no Uruguai em 1975, quando a missioná-
ria Eunice de Brito, por não poder continuar seu trabalho na Angola,
por causa da guerra, foi para aquele país por um curto período. No
mesmo ano, também foram para o Uruguai Marinete Vanderlei de
Lima, que ficou ali até 1981, e o casal Geraldo Rangel e Elvira Maria
Gonçalves Rangel, que permaneceu no Uru-
guai até 2004. O trabalho dos dois últimos
foi sempre em cooperação com a Convenção
Batista Uruguaia. Eles atuaram na organização
e revitalização de igrejas e na liderança de-
nominacional, assim como organizaram uma
Escola de Missões, que tem mandado missio-
nários para o exterior. O filho de Geraldo e
Elvira, Daniel Gonçalves Rangel e sua esposa
uruguaia, Ana Laura Luzardo Cuello, são mis-
sionários no Uruguai desde 2004, após atua-
rem por seis anos no Chile4°5.
Em 1977, o casal Agnelo Guimarães Barbo-
sa e Ruth Cernindo Barbosa foram transferidos
do Paraguai para o Uruguai, pois se sentiam
vocacionados para abrir novos campos. Talvez
isso explica o fato deles terem atuado em vários
40 ' TYMCHAK, Waldemiro. Uruguai, o mais difícil campo sul-americano. O Campo é o Mundo,
Rio de Janeiro, ano 18, n. 59, p. 4, dez. 1983.
"" GOMES, Evódia Barbosa. Uruguai, país indiferente ou carente? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 18, n. 59, p. 7, dez. 1983.
40 ' RANGEL, Elvira Maria Gonçalves. Carta manuscrita escrita em 18 jun. 2007.
países. Apesar do trabalho
não ser fácil, o casal Barbo-
sa conseguiu excelentes re-
sultados no Uruguai, inclu-
sive em momentos de crise
política, com intervenção
de forças comunistas. A
missionária Ruth Genúncio
Barbosa406 fala: alda Rangel e Elvira Maria Gonçalyesikan
Quando chegamos ali, pioneiros né tárru
,
o país tinha passado por
uma ameaça muito grave
de comunismo. Éramos muito vigiados e foi muito difícil pregar o evangelho
para aquele povo ateu, mas com três anos, para a glória de Deus, tivemos a
igreja organizada e conseguimos conquistar a confiança do povo, que deixou
de nos vigiar.
Argentina
A República da Argentina, que é o segundo maior país em extensão
da América do Sul, é também o país da América Latina com maior
renda per capita e de mais elevado índice de desenvolvimento hu-
mano (IDH). O primeiro culto evangélico realizado na Argentina é
registrado como sendo em 19 de novembro de 1819, celebrado pelo
inglês James Thompson, que era professor e pregador leigo batista.
""' BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
417 GOMES, Evódia Barbosa. Uruguai, país indiferente ou carente? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 18, n. 59, p. 11, dez. 1983.
Thompson foi um dos especialistas no método lancasteriano408, sendo
contratado pelo Governo argentino. Mas ele aproveitava a oportuni-
dade para distribuir a Bíblia como colportor, ensinar a Palavra de Deus
e testemunhar do evangelho. Ele esteve também em vários outros paí-
ses da América do Sul, América Central e Ilhas do Caribe. O início do
trabalho batista na Argentina data de 1881, através do missionário suí-
ço Pablo Besson, que era homem de grande conhecimento, chegando
a traduzir uma versão do Novo Testamento diretamente do grego.
Logo mais, em novembro de 1883, chegou o primeiro missionário da
Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos,
Sidney M. Sowelrg.
Mesmo sendo os batistas argentinos parceiros
dos brasileiros no seu trabalho inicial do Chile,
a JME resolveu em 1966 estender seu trabalho
missionário à Argentina, começando por Posa-
das e Encarnación, na fronteira com o Brasil em
Foz do Iguaçu410. Entretanto só bem mais tarde
a JME entrou nesse país. Márcia Ah-lai Vargas
foi nomeada para trabalhar na Argentina em ja-
neiro de 1975, tendo ficado ali até 1988. Em
junho de 1975, a Junta nomeou também para
a Argentina o casal Francisco Cid e Raquel Gon-
zález Cid411, que iniciaram suas atividades em
janeiro de 1976, na cidade de Villa Maria, na
Província de Córdoba, onde ficou até 1980 e
organizou uma igreja. Na ocasião havia apenas 10 igrejas, quase todas
O método lancasteriano ou ensino mútuo, ou ainda sistema monitoria', teve sua origem no
século XIX. O nome é devido ao inglês Joseph Lancaster, e consiste principalmente no fato do
aluno mais adiantado ajudar o professor na tarefa do ensino. Originalmente um aluno treinado
deveria ensinar um grupo de 10 outros alunos, sob a supervisão de um inspetor. Cf. MÉTODO
Lancasteriano. In: DICIONÁRIO INTERATIVO DA EDUCAÇÃO. Disponível em: <http:/www.
educabrasil.com.br>. Acesso em 07 out. 2008.
"'" CID, Francisco. Argentina. Rio de Janeiro: Consulta Sobre Missões, 1981, f. 43-45. Mimeo-
grafado.
PAISES que nos esperam. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 2, p. 2, jul./set.
1966.
411 ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 58a
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1976, p. 156.
pequenas, para uma população da cidade de Córdoba de um milhão e
duzentos mil habitantes. O casal Cid permaneceu no campo argentino,
em lugares diferentes, até julho de 1991, quando foi transferido para o
Paraguai412, dando continuidade ao projeto missionário da JMM.
No início de 1976, Noêmia Tavares
dos Santos, que foi nomeada inicial-
mente para Portugal e esteve por pouco
tempo no Uruguai, foi transferida para
a Argentina. No mesmo ano, Francisco
Cie' escreveu sobre as missionárias na
Argentina: "Márcia Ah-lai Vargas, que
já havia estado na Argentina espiando a
terra, depois de uma breve permanência
no Brasil, já voltou para o campo. Estará
ao lado de sua companheira, missionária
Noêmia Tavares dos Santos, realizando a
excelente obra na cidade que Deus lhes
indicar". Mais tarde, em 1984, Márcia se
encontrava sozinha em Chacabuco, im-
plantando uma igreja. Ela permaneceu na
Argentina até 1988. As dificuldades do trabalho inicial, quando havia
necessidade de licença do Governo para a realização de cultos, foi
narrada em 1977 pelo missionário Francisco Cid414:
Dentro de alguns dias deveremos obter o registro de cultos para a nossa Igreja.
Entretanto, nosso templo já abre suas portas três vezes por semana para o culto
a Deus. Foi com emoção que abrimos suas portas, feitas por nossas próprias
mãos. Fizemos também o biombo da entrada, que é tão necessário para o frio
daqui que já anda com geadas seguidas há quatro dias. Ainda nesta semana co-
meçaremos a fazer os bancos e em seguida o batistério e o púlpito. Queremos
inaugurar oficialmente o templo em julho.
H' CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Junta de Missões Mundiais, Hor-
tolândia, 28 jun. 2007. Digitado.
4 ' Id. Coisas maravilhosas na Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 15, set./dez.
1976.
11-' Id. Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 21, maio/ago. 1977.
Venezuela
A Republica Bolivariana da Venezuela está situada no norte da Amé-
rica do Sul. O atual presidente, Hugo Chávez, está no poder desde
1999, tendo sido reeleito por duas vezes e liderado muitas mudanças
na vida política do país. Sua tendência socialista tem desagradado al-
guns governos de outros países do bloco ocidental, inclusive os Estados
Unidos da América. Com sua política econômica, o país deixou de ser
membro do Pacto Andino em dezembro de 2005, e em julho de 2006
se filiou ao Mercosu1415.
Quanto aos batistas na Venezuela, em maio de 1977 chegaram os
primeiros missionários batistas brasileiros naquele país, José Calixto Pa-
trício e Sueli Mieko Sirasawa Patrício, que tinham sido nomeados ainda
no ano de 1976. Por 17 anos a família Calixto esteve em terras venezue-
lanas. A ida àquele campo foi resposta ao apelo da Convenção Batista
da Venezuela, que solicitou missionários para atuarem na plantação
de igrejas. O casal conta que chegou à Venezuela em uma madruga-
da, pelo que não esperava que alguém estivesse no aeroporto, mas
para surpresa havia cerca de 20 pessoas que faziam uma grande festa
ao apresentar uma faixa com os dizeres em "portunhol": "Bienvindos
misioneros brasileros patricios. Recibam los saludos de la Convención
Nacional Bautista de la Venezuela"416. Assim Deus providenciou o calor
humano na terra desconhecida e a família do missionário pôde sentir o
aconchego do povo da terra, mediante a graça de Deus, que tudo pro-
videncia para o bem dos seus servos. Logo depois o casal se dirigiu para
a região de Barcelona e Puerto La Cruz, onde não havia igrejas batistas.
Ao chegarem ao campo, surgiram dificuldades que foram enfrentadas
de forma altaneira. O missionário José Calixto417 relembra aqueles dias:
"A Junta nos ofereceu um valor para usarmos em aluguel, mas só era su-
ficiente para uma casinha na favela. Assim, durante um mês moramos
em um quarto de hotel que mal cabia nós dois. Nesse tempo, começa-
mos a fazer visitas para iniciar uma congregação". Foi assim que o casal
"" PATRÍCIO, Sueli Mieko Sirasawa. Um desafio chamado Venezuela. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, dez. 1992/jan. 1993.
Algo a ser mencionado é que uma boa parte da África foi alcançada
pelos cristãos nos primeiros séculos. A tradição fala que "Simeão, por
sobrenome Niger" (At 13.1), foi pregar o evangelho naquele continen-
te, pelo que hoje está ali um país que recebeu o seu nome (Níger).
Também afirma que o etíope evangelizado por Felipe, voltou para a
sua terra para anunciar a mensagem de Cristo. Deixando de lado a tra-
dição, sabe-se que em Alexandria, no Norte da África, esteve uma das
mais importantes escolas de pensamento cristão por alguns séculos. No
tempo do teólogo Agostinho de Hipona (354-430), o cristianismo era
fortíssimo naquela região. Infelizmente, fatores diversos, como as dis-
cussões teológicas e a construção de suntuosos templos e monumentos
de pedra e de barro receberam a primazia, em detrimento da evange-
lização e de missões, levando a Igreja de Cristo a perder o seu objetivo
principa1419. Assim não foi difícil para os maometanos conquistarem o
Norte da África e muitas outras partes do mundo, a partir do século VII.
O que ocorreu com os judeus, que perderam o privilégio de serem o
povo escolhido de Deus (Mt 21.43), aconteceu também naquela região
antes tão bem "evangelizada". Algo semelhante está acontecendo hoje
em alguns dos países mais ricos do mundo, que em um passado próxi-
mo foram verdadeiros luzeiros do evangelho, mas hoje muitas igrejas
estão deixando de existir e seus templos sendo totalmente fechados ou
vendidos. O nosso apelo é que cumpramos a missão para a qual fomos
designados e jamais permitamos que algo semelhante venha a ocorrer
com os batistas brasileiros, para não recebermos a mesma advertência
dirigida à Igreja de Éfeso: "Volta à prática das primeiras obras; se não,
venho a ti e moverei de seu lugar o teu candeeiro" (Ap. 2.5b).
Moçambique
A República de Moçambique é um país da costa oriental da África
Austral. Foi colonizada pelos portugueses, sendo por muito tempo uma
província ultramarina de Portugal. Alcançou a sua independência somen-
te em 1975. A sua cultura é mesclada por árabes e europeus e a língua
oficial é a portuguesa, embora existam vários dialetos de origem bantu.
"° GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Missões, ajustando o foco da Igreja. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 108, n. 37, p. 10, 14 set. 2008.
Moçambique possui belas praias atraentes para turistas, que se encantam
com o clima e a simpatia do povo da terra. Contudo, a guerra civil que
permeou esse processo permaneceu até 1992, deixando um milhão de
mortos e profundos problemas sociais e políticos que vêm se arrastando
até os dias atuais. "O país tem 18 milhões e 600 mil habitantes, cer-
ca de 80% praticam a agricultura de subsistência e mais da metade é
analfabeta"420 . Como se não bastassem os problemas reproduzidos pela
guerra, que configuram um país falido, enchentes e vendavais têm atin-
gido Moçambique, deixando 600 mil mortos e mais de um milhão de
desabrigados, além de prejudicar e destruir estradas, redes elétricas, sis-
tema de águas, hospitais, escolas, rebanhos e plantações, aumentando os
problemas da fome, saúde, analfabetismo, falta de habitação e outros.
Apesar de tudo isso, o antigo sonho dos batistas brasileiros manda-
rem missionários à África começou com Moçambique. Em 1971, José
dos Reis Pereira escreveu que ainda em 1896 os batistas da Guanabara,
do Estado do Rio e de Minas Gerais, reunidos em Associação, votaram
uma verba para sustento de um obreiro na África. Na sua análise, Reis
Pereira'' concluiu: "74 anos depois vemos concretizado aquele sonho
dos pioneiros". Na realidade, a JME projetou ainda em 1954 um plano
de enviar missionários para Angola e Moçambique. Depois houve a
tentativa frustrada dos candidatos a missionários na África, Sebastião
e Anterina de Souza, que terminaram indo para a Bolívia. Após mui-
tos apelos, finalmente, em 1971, seguiu como missionária dos batistas
brasileiros no continente africano Valnice Milhomens Coelho, que foi
trabalhar em Moçambique.
O relatório da Junta, apresentado à assembléia convencional de
1971, celebrou o acontecimento: "O grande desejo do povo batista
brasileiro, graças a Deus, foi realizado; é com alegria que a Junta en-
viará a primeira brasileira à África. É um auspicioso acontecimento que
deve ser motivo de louvor a Deus"422 . Certamente a missionária no-
"1" TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
"1 PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras: palavra do Presidente. Convenção Ba-
tista Brasileira: anais da 53S assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB,
1971, p. 260.
"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira:
anais da 53á assembléia anual, 1971. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1971, p. 260.
meada, assim como muitos outros
que depois foram trabalhar no con-
tinente africano através dos anos e
em diferentes países, sabiam das
dificuldades do trabalho. Somen-
te em Moçambique há 33 etnias e
apenas 7 ou 8 delas têm a Bíblia ou
porções da Palavra de Deus. Nancy
Dusilek423 comenta:
O trabalho na África não é fácil. O misti-
cismo é muito forte, levando as pessoas a
terem medo de tudo. A compreensão do
plano de salvação leva tempo e a pessoa
precisa ser bem discipulada para não mis-
turar com as crendices populares. Muitos
aceitam a Cristo nominalmente, não pelo
arrependimento, mas pelo medo que algo
ruim lhes aconteça. O missionário enfrenta muitas pressões espirituais.
42 ' COELHO, Valnice Milhomens. Novas que vêm da África. O Campo é o Mundo, Rio de Janei-
ro, ano 6, n. 21, p. 9, abr./jun. 1971.
127 Id. Gritos e gemidos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 6, n. 22, p. 8, jul/set.1971.
PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
ra Igreja Batista da Beira, em Moçambique,
que era constituída de europeus. A visão mis-
sionária de Gaivão fê-lo ampliar a obra. Ele
mencionou de modo especial a extensão do
trabalho, alcançando os portugueses em Sa-
lisbury (hoje Harare), capital da Rodésia (hoje
Zimbábue)420, para onde ele ia mensalmente.
Outras atividades, em locais diferentes, fo-
ram realizadas em Moçambique por Gaivão,
que explica: "O trabalho com africanos dava
muito resultado, pois havia sempre uma res-
posta maciça. Esse foi um período muito fe-
cundo, quando em três anos batizei cerca de
150 pessoas"430. Diga-se de passagem, que
na ocasião ele ainda não era missionário vin-
culado à JME. A saída da família Gaivão de
Moçambique ocorreu um pouco antes da independência, em 1975,
porque tendo ele nacionalidade portuguesa, poderia ser visto como
suspeito, pelo que foi aconselhado pelo próprio Governo a sair, pois
havia o risco de represália. Voltou para o Brasil e foi naturalizado bra-
sileiro, só retornando ao campo de Missões Mundiais em 1979, para a
Espanha.
Em agosto de 1973, seguiu para Moçambique mais uma missionária
nomeada pela JME, Albertina Ramos da Silva, que centralizou sua ativi-
dade com portugueses, indianos e africanos431. No ano seguinte, Maria
Ivonete da Costa Lopes foi trabalhar em Moçambique, ficando ali até
1976, quando foi remanejada para a Rodésia.
Na Convenção de 1975, o programa inspirativo da JME teve como
oradora a missionária em Moçambique Valnice Milhomens, que en-
tusiasmou a congregação com sua mensagem, que foi seguida de de-
-'"' PEREIRA, José dos Reis. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: anais da
55.2 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 85 e 86. Mais tarde, Salisbury passou a ter o nome
de Harare e Rodésia, Zimbábue.
"' GAIVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
'" ALMEIDA, Alcides Telles de. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: 56a
assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1974, p. 163.
zenas de decisões para o trabalho missionário432 . O Pastor João José
Soares Filho' escreveu: "Foi um espetáculo emocionante que moveu
a nossa alma, embargou a nossa voz, a ponto de em certos momentos
não podermos cantar. O povo vibrava, as almas se alegravam, os olhos
estavam umedecidos. Era uma alegria santa!"
Ainda em 1978, a revista O Campo é o Mundo comenta sobre a
saída dos missionários de Moçambique em virtude da situação política
e a permanência de Valnice. "Ficou apenas Valnice. Lá permanece por
milagre divino. A obra que realiza é maravilhosa! Evangeliza, doutrina,
prepara para o futuro os obreiros que deverão continuar a obra que os
batistas brasileiros ali implantaram com o auxílio divino"434. A perspi-
cácia da obreira se revelou claramente, tendo em vista a instabilidade
política no país. Embora Valnice continuasse o trabalho em todas as
áreas como era a sua característica, ela concentrou sua atenção no pre-
paro de obreiros da terra, para garantir, que mesmo sem a presença de
missionários de outros países no futuro, a obra não sofresse solução de
continuidade43s.
Rodésia (Zimbábue)
O nome Rodésia era em honra ao seu colonizador, o inglês Cecil
John Rhodes. A mudança de nome para Zimbábue ocorreu em 18 de
abril de 1980, ao obter independência política da Inglaterra. No idioma
shona, uma das línguas tribais mais faladas no país, Zimbábue significa
"casa de pedra"436. A sua população é de cerca de 11 milhões de ha-
bitantes, dos quais 40% crêem em espíritos maus e praticam religiões
tribais.
Rodésia foi o segundo país da África a receber missionários batistas
brasileiros, embora em momento difícil. Como mencionado anterior-
mente, desde 1972 os portugueses que se encontravam na Rodésia
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 574, 1975, Rio de Janeiro, ata da 11 á sessão. Convenção
Batista Brasileira: 57'3 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1975, p. 288.
" SOARES FILHO, João José. Grande manifestação de amor a Missões e à Missionária Valnice. O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n. 37, p. 4, abr./jun. 1975.
ÁFRICA. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, nova série, ano 3, n. 6, p. 26, maio/ago.
1978.
4 " MOÇAMBIQUE. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 23, maio/ago. 1976.
Angola
A República da Angola é um dos países da costa ocidental da Áfri-
ca. Antiga colônia portuguesa, só alcançou a sua independência em
1975. O português é a língua oficial, embora o umbundo seja falado
por 26% da população. É um país agrícola, mas rico em minerais. A
população é uma das mais pobres do continente, embora seja o se-
gundo maior produtor de petróleo e diamante da região sub-Saara da
África438. Na realidade, acontece ali essa aparente contradição como
em outros países, pois a exploração da riqueza natural em si nunca foi
garantia de redução da desigualdade social. Pelo contrário, contribui
para a reprodução da pobreza, que pode chegar a níveis profundos.
Contudo, tratando-se especificamente da Angola, é incontestável a sua
carência espiritual.
Os primeiros missionários que chegaram em Angola foram da So-
ciedade Missionária Batista Britânica439 . Mas melhores resultados sur-
giriam através dos portugueses. Assim, em 1934, a Convenção Batista
Portuguesa nomeou o casal de missionários Manuel Ferreira Pedras e
Justina das Dores Pedras para aquele país, depois de terem atuado ali
desde 1931 como missionários da Igreja Batista de Valença em Portu-
"- PINHEIRO, José Nite. De Moçambique para o Alentejo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 18, set./dez. 1976.
ANGOLA. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 16 set. 2008.
BOORNE, A. Anthony. E a África? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 1, n. 4, p. 4 e
5, jan./mar. 1966.
gal. Em 1963, os Pedras foram substituídos por Antonio Tiago de Souza
Pereira e Maria do Carmo Pereira440. Nesse mesmo ano, a Sociedade
Missionária Batista Britânica (BMS), que mantinha trabalho na Angola,
cogitou sobre a possibilidade dos batistas do Brasil trabalharem em An-
gola na área de educação, com a proposta de atuarem ali no mesmo
pé de igualdade dos ingleses, e após dois anos, se houvesse interesse
de ambas as partes, serem aceitos como obreiros, na categoria de as-
sociados da BMS. O parecer da Convenção foi: "Que a Convenção
apóie a decisão da Junta em aceitar o convite de cooperação com a
Sociedade Missionária Batista de Londres, ao solicitar-nos missionários
para o seu campo em Angola"441. As dificuldades no Brasil, inclusive
para encontrar os candidatos para esse trabalho, retardaram o envio de
missionários.
O missionário português Antonio Tiago de Souza Pereira"' escreveu
em 1967: "Estamos aqui em Nova Lisboa, província de Angola, ainda
num campo pioneiro para a obra batista. Eu e minha esposa somos o
único casal de missionários batistas para 7 igrejas, sendo 5 compostas
de pessoas da terra e 2 de europeus e alguns nativos da cidade, num
total de 328 membros".
Em 1998, em uma atividade da JMM, o casal Zaqueu e Edelweiss
de Oliveira teve a oportunidade de participar de uma campanha de
evangelização em Portugal, quando visitou a cidade de Tomar, onde se
encontrava o Pastor Antonio Tiago e sua esposa, Maria do Carmo Pe-
reira. Ela narrou uma das experiências quando viveram em Angola, em
período de guerra. Certo dia, enquanto o Pastor Antônio Tiago estava
viajando para a realização de trabalho em aldeias, a missionária perce-
beu uma intensa movimentação na vizinhança, quando constatou que
era o exército de revolucionários, o qual costumava invadir as casas,
saquear todo o estoque de alimentos e roupas, e às vezes se apossar
das mulheres para abusar sexualmente. Maria do Carmo se prostrou e
'"' ALMEIDA, Alcides Telles de. Histórico do trabalho batista português em Angola e Moçambi-
que. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 69, n. 8, p. 4, 23 fev. 1969.
'4' SILVA, Antônio Deraldo da; ALMEIDA, Waldemira; DIAS, Esther Silva. Parecer sobre o relató-
rio da Junta de M. Estrangeiras. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de
Janeiro: CPB, 1949, p. 61.
'12 PEREIRA, Antônio Tiago de Souza. África. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8,
p. 14, jan. mar. 1968.
rogou a proteção de Deus e, logo a seguir, foi com muita coragem até a
porta. Ao abrir, viu que um grupo de soldados armados se aproximava
e, ao olhar para ela, deram as costas e começaram a correr em sentido
contrário. A missionária concluiu: "É como se eles tivessem visto o exér-
cito de anjos ao redor da casa onde eu me encontrava com as crian-
ças". Isso a fez lembrar a história do profeta Eliseu, que foi protegido do
ataque dos sírios por cavalos e carros de fogo (2Rs 6.16 e 17).
Na realidade, Angola não conheceu a paz entre 1961 e 2002. De
início era a luta contra o domínio colonial português. Depois, a partir
de 1975, foi a guerra civil entre dois grupos que lutavam pelo poder.
Antes mesmo dos batistas brasileiros chegarem em Angola, a situação
já era difícil, pelo que os missionários agiram como verdadeiros heróis
conforme será visto adiante.
Na assembléia convencional da Convenção Batista Brasileira, rea-
lizada no ano de 1973, foram apresentados como missionários bra-
sileiros, já nomeados para Angola, Levy Barbosa da Silva e Elizabeth
Barbosa da Silva443. Eles seguiram no mês de abril e dentro de quatro
meses organizaram duas igrejas, sendo uma em Caála e outra em Lu-
anda. Em 1975, após momentos difíceis em virtude da situação polí-
tica e guerra civil, o casal retornou para o Brasil, antecipando as férias
que só ocorreriam no ano seguinte. Ainda na Angola ele escreveu: "O
povo vive fugindo de um lado para outro, sem saber onde há de se
esconder"444. No curto período em que Levy esteve na Angola, foram
batizadas 61 pessoas".". Enquanto isso, a missionária Eunice de Brito,
que se encontrava como missionária na Angola desde abril de 1974,
conseguiu com dificuldade sair do país e foi trabalhar no Uruguai
por algum tempo, desligando-se da Junta em 1976. Os problemas na
Angola continuaram, mas mesmo assim foi mantido o trabalho dos
batistas brasileiros, em uma demonstração admirável de ousadia e
coragem dos nossos missionários.
'" CONVENÇAO BATISTA BRASILEIRA, 55', 1973, Recife, ata da V sessão. Convenção Batista
Brasileira: 555 assembléia. Rio de Janeiro: CPB, 1973, p. 290.
ATÉ os confins da terra através de Angola. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 10, n.
38, p. 21, jul./set. 1975.
"' FLASHES missionários. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 76, n. 6, p. 5, 08 íev. 1976.
6. Missões no mundo da tradição e da riqueza
Aqui será visto o trabalho dos batistas brasileiros em três países, sen-
do dois deles da Europa, França e Espanha, que são países que têm
uma grande tradição na história do mundo ocidental. O terceiro país
é o Canadá, na América do Norte, considerado um dos mais ricos do
mundo, onde o protestantismo é forte pela influência britânica. Deve-
se considerar que nestes países, principalmente França e Canadá, o
cristianismo se encontra misturado com uma onda de liberalismo, ceti-
cismo e materialismo, pelo que o espírito religioso tem sido conservado
como uma simples tradição.
França
No período Moderno, a França se tornou o primeiro país na Eu-
ropa a ter sua formação como Estado, quando a Revolução Francesa
instalou uma república em 1789. A democracia, hoje dominante no
mundo ocidental, deve muito à França pelas mudanças ocorridas no
final do século XVIII. Hoje ela é uma república democrática semi-
presidencialista. Com a Alemanha e o Reino Unido, ela disputa a
liderança da economia da União Européia, sendo considerado o
sexto país mais rico do mundo em termos de PIB, depois dos Esta-
dos Unidos, Japão, Alemanha, China e Reino Unido, embora dados
mais recentes do FMI coloquem a França como a oitava economia
do mundo. O Cristianismo se instalou no seu território ainda nos sé-
culos II e III. Hoje a França é oficialmente um estado laico, com 51%
de católicos romanos, 31% de ateus e apenas 2% de protestantes446.
Esses dados representam a grande indiferença religiosa existente em
significativa parte dos países da Europa Ocidental.
Em congresso realizado na Europa na década de 70, o presidente
da Federação das Igrejas Batistas Francesas, André Thobois, e o presi-
dente da JME, José dos Reis Pereira, entabularam conversação sobre
missões, e com ela houve a solicitação de ajuda dos brasileiros para
trabalhar na França. Assim, Paulo Roberto Sória e sua esposa, Carmem
FRANÇA já está recebendo as boas novas de salvação proclamadas por missionários brasilei-
ros. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 31, maio/ago. 1977.
"" PEREIRA, José dos Reis. O primeiro missionário dos batistas brasileiros à França. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 77, n. 29, p. 5, 17 jul. 1977.
"" PRODONOFF, Victor. Evangelismo reativado na França. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p, 20, set./dez. 1978.
''" SÓRIA, Paulo Roberto. França desperta para o evangelho. O Campo é o Mundo, Rio de Ja-
neiro, p. 11, dez. 1981.
Espanha
A Espanha de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, conhecidos no
século XVI como reis católicos, não permitiu a entrada de protestantes
por centenas de anos. Os espanhóis estavam satisfeitos com a Reforma
Católica Romana liderada pelo Cardeal Ximenes de Cisneros no país,
ainda no final do século décimo quinto e início do décimo sexto451.
Somente depois de três séculos houve alguma brecha para a entrada de
evangélicos, graças aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade es-
palhados no mundo pela Revolução Francesa, e, mais tarde, ao exem-
plo das democracias britânica e norte-americana. Foi muito importante
para os espanhóis a ênfase sobre os direitos humanos na ocasião, até
porque, como em outras partes do mundo, muitos liberais eram tam-
bém anti-clericais. Sob essa influência, houve em 1868 uma revolução
no país, que garantiu tolerância religiosa aos não-católicos. Foi neste cli-
ma que chegou à Espanha o primeiro batista norte-americano, William
I. Knapp, que esteve no país inicialmente como independente e depois
como missionário da União Batista Missionária Americana, entre 1867
e 1876. Nesse período, além de outras realizações, fundou a Igreja
Batista de Madri, em 1870. Entretanto, a instabilidade política o forçou
a deixar a Espanha e retornar aos Estados Unidos. Depois dele, outros
missionários estiveram no país, inclusive Enrique Lund, que atuou de
1881 a 1900, como obreiro da mesma agência missionária de Snapp.
Mais tarde, na década de 1920, os Batistas do Sul dos Estados Unidos
assumiram a maior parte do trabalho na Espanha. Após a ascensão do
General Francisco Franco ao poder, que se proclamou chefe (caudillo)
e Primeiro Ministro em janeiro de 1938452, os privilégios concedidos à
Igreja Católica Romana, que se tornou religião do Estado, resultaram em
falta de liberdade religiosa no país, quando não eram permitidas ceri-
mônias externas ou manifestações, a não ser da Igreja Oficial. Apesar da
perseguição, o período entre 1945 e 1952 foi o de maior crescimento
OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. História do cristianismo em esboço. 2. ed. Recife: STBNB
Edições, 2005, p. 186 e 187.
"2 FRANCO, Francisco. In: ENCICLOPÉDIA Brasileira Mérito. V. 9. São Paulo: Editora Mérito,
1959, p. 341.
para os batistas''. Depois de 1952, a tentativa de proibir a realização de
qualquer culto que não fosse da Igreja Romana resultou em igrejas serem
fechadas, além de outras formas de repressão, como multas e prisão de
pastores. Só em 1964, houve uma declaração do General Franco sobre
tolerância religiosa, que levou a própria Igreja de Roma a buscar diálogo,
tanto que o ano de 1965 foi considerado, pelos batistas espanhóis, como
um ano de oportunidades sem precedentes para se pregar o evangelho.
O momento foi bem aproveitado, inclusive pelos Batistas do Sul dos Es-
tados Unidos, que aumentaram o número de seus missionários.
Finalmente, em abril de 1968, ainda no período de Franco, o Mi-
nistério da Justiça regulou a lei que concedia liberdade religiosa, em-
bora com algumas restrições. Na ocasião houve também um esforço
das igrejas batistas em obterem sua própria manutenção, tanto que em
1975, 44 das 58 igrejas batistas da Espanha tinham sustento próprio454.
Com a morte do General Franco em 20 de novembro de 1975, e a
coroação do Rei João Carlos, o caminho para total liberdade religiosa
foi aberto, tanto que na nova Constituição de 1978, foi proclamada
liberdade de ideologia, religião e culto dos indivíduos e comunidades,
sem qualquer limitação. Foi nesse período que chegaram na Espanha
os primeiros missionários batistas brasileiros.
Em novembro de 1977, foram nomeados Carlos Alberto Pires e Abe-
gair Lopes Pires, como pioneiros da CBB na Espanha, seguindo para
o campo em junho de 1978. Logo, em agosto do mesmo ano, eles se
estabeleceram em Orense, região da Galícia. Quando a comunidade
tinha 15 irmãos, aconteceu o milagre de receberem de mão beijada um
local para realizarem os cultos. Carlos Alberto Pires455 relata:
Não tínhamos dinheiro, nem para alugar um salão, e muito menos para com-
prar. Um dia chega em nossa casa um pastor pentecostal, dizendo que havia
uma pequena capela do grupo, mas devido a problemas, ela iria fechar. Mas
Deus falou ao coração dos irmãos que a capela deveria ser cedida aos batistas.
Continuou dizendo que não se preocupassem com aluguel, pois seria muito
barato e que poderiam usar também as cadeiras, as mesas e o púlpito, pois tudo
pertencia a Deus.
HUGHEY, I. David. Los Bautistas en Espana. Tradução de D. Pedro Bonet. Barcelona: C asa
Bautista de Publicaciones, 1985, p. 98 e 99.
''' Ibid., p. 149.
"' PIRES, Carlos Alberto. Memórias de Abegair. Madri: Autor, 2001, f. 30. Digitado.
A despeito da Espanha ser um país euro-
peu, o momento quando chegaram os novos
missionários era difícil, tendo em vista a ne-
cessidade do povo se adaptar às mudanças da
ditadura para a democracia. Em 1982, Carlos
Alberto Pires"' comentou: "Com a morte de
Franco, produziu-se uma explosão política
de transformação radical. Alcançou-se uma
democracia que para muitos é algo novo e
teórico, e para outros é produto de uma nova „Ç.atJes Atbetto:Pires
eAbetzali itoes Pires
política de esperança com relação ao futu- foranl wssospk)neiros;
ro do país". Para os missionários em países na Espârává.'
.1. 4
da Europa Ocidental, inclusive a Espanha, o
trabalho missionário era um verdadeiro desafio. Antonio Joaquim de
Matos Gaivão"' argumenta:
Geralmente o povo espanhol é aberto ao diálogo religioso, ao mesmo tempo
que é também cético, e isso se deve ao fato de haver sido manipulado duran-
te largos anos pela igreja oficial. 1...1 Aqui neste velho continente, da histórica
e aventureira Península Ibérica, donde saíram as intrépidas naus com seus
marinheiros a descobrir um mundo novo, clamamos com um gemido sumido
na garganta: "Que aportem aqui as naus do evangelho, com seus destemidos
marinheiros, a anunciarem ao povo desta península as boas novas de salva-
ção!".
Canadá
Canadá tem extensão territorial maior do que os Estados Unidos,
sendo nesse aspecto o segundo maior país do mundo, embora sua
população seja apenas um décimo do número de habitantes de seu
vizinho ao sul. É uma das nações mais ricas do mundo. O país é uma
Federação independente formada de 10 províncias e três territórios,
sendo uma república socialista democrata com um governo parla-
mentarista. O Primeiro Ministro e os membros do Parlamento são os
que governam o país. A religião predominante é o catolicismo roma-
'6 Id. Espanha 1982! O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17, n. 54, p. 13, jun. 1982.
GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Levantai os olhos à Espanha. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 17, n. 54, p. 29, juin. 1982.
no, mas os protestantes são fortes também, contando-se entre estes
os batistas458.
Há muitos imigrantes em Canadá, chegando a um percentual de
16% dos habitantes, incluindo um elevado número de pessoas vindas
de países de língua portuguesa. Na década de 1950, a falta de trabalho
em Portugal levou milhares de portugueses a emigrarem para outros
países, inclusive Estados Unidos e Canadá, onde havia necessidade de
mão-de-obra, principalmente na agricultura e construção civil. Assim,
na década de 1980 havia cerca de 300.000 portugueses, tanto do con-
tinente como das ilhas dos Açores, estando a maioria na Província de
Ontário. Muitos desses portugueses são analfabetos e semi-analfabetos,
além de serem muito apegados às tradições de origem latina da Igreja
Católica Romana. Por outro lado, eles são trabalhadores bem dispos-
tos, pelo que encontram emprego com relativa facilidade, conseguindo
uma razoável condição material para a família459.
Nas grandes cidades canadenses, a mudança de muitos imigrantes de
língua portuguesa para bairros novos e mais distantes tem contribuído
para que igrejas definhem e morram. Atualmente, entre os batistas, o
numero de igrejas que estão fechando as suas portas é de duas por ano.
A ida dos batistas brasileiros para o Canadá aconteceu em parceria com
a Convenção Batista de Ontário e Quebec ou com igrejas locais, tendo
em vista atender a necessidade daqueles imigrantes. Assim, em junho
de 1978, seguiu para o Canadá os missionários João Carlos Keidann e
Gláucia Vasconcelos Keidann, que se localizaram em Toronto, onde
estão milhares de portugueses. Foram empossados em 10 de setembro
do mesmo ano no ministério em português da Igreja Batista Olivet.
João Carlos Keidann46° narra como foi surpreendido com o chamado
missionário:
'8 SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá. Cambridge, Canadá:
JMM, 2007, f. 3 e 4. Digitado.
-"" GARCIA, João Fernandes. Imigrantes portugueses: um desafio aos batistas brasileiros. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 18, n. 58, p. 22 e 23, jun. 1983.
KEIDANN, João Carlos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Toronto — Canadá, 14 abr. 2007.
uma experiência extraordinária. Olhei para
minha mão quando apontava para as pessoas,
conclamando-as para que fossem evangeliza-
dores, missionários e discípulos que fizessem
discípulos. Percebi que um dedo apontava
para a congregação, um apontava para o céu
e três apontavam para mim. Naquele mo-
mento senti que Deus queria algo especial,
mas pedi que Ele não fizesse aquilo comigo,
pois eu me sentia muito feliz como Professor
do Seminário e pastor daquela Igreja. Mas
era o chamado de Deus e tive de obedecer,
e logo mais fui sondado para ir ao Canadá,
tornando-me o primeiro missionário dos ba-
tistas brasileiros naquele país.
KEIDANN, Gláucia Vasconcelos. Canadá. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 28, set./
dez. 1978.
GARCIA, João Fernandes. Notícias do Canadá. Notícias do Canadá. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 83, n. 21, p. 10, 29 maio 1983.
crentes ou aqueles que têm condição social e econômica mais cômoda.
A visão missionária não é nem será excludente, pois todos no mundo,
incluindo os que se encontram em países ricos, estão no coração de
Deus. Isso nos leva a "pregar o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).
2// c/6
1, /1e /17
/
ef-J-d10670-
Em 1979, até a posse de
Waldemiro Tymchak, respon-
deu pela Secretaria Geral da
Junta o seu presidente, José
dos Reis Pereira, pelo que não
houve solução de continuida-
de no trabalho, destacando-
se o fato da Junta de Missões
Estrangeiras ter decidido ain-
da em junho, portanto, antes
da posse do novo Executivo,
mudar o seu nome para Junta
de Missões Mundiais, decisão
essa confirmada no dia 26 de
janeiro de 1980, por ocasião
da assembléia convencio-
na1463. Diga-se de passagem
que José dos Reis Pereira foi
presidente da JMM por 28
anos, em três momentos, a saber, 1949 a 1966, 1970 a 1974 e 1977 a
1982. Uma curiosidade é que no interregno entre o segundo e o tercei-
SANTOS, José Guedes dos; CRUZ, Epaminondas; LIMA, Josué Nunes de. Parecer nQ 19: Junta
de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta
Executiva da CBB, 1980, p. 334.
ro momento de Reis Pereira, Haydée Suman Gomes foi presidente da
Junta, sendo ela a única mulher a exercer esta importante função.
Esta parte do livro, que inclui os capítulos III, IV e V, é dedicada de
modo especial ao trabalho da JMM realizado sob a direção de Wal-
demiro Tymchak, que não apenas foi um missiólogo, como tinha uma
visão profunda do mundo e da responsabilidade que os batistas bra-
sileiros tinham na obra missionária. Sobretudo ele não trabalhava por
obrigação ou simplesmente para cumprir um mandato que recebeu
da Convenção Batista Brasileira, mas por amor que infundia nele, na
sua equipe e em todos os que com ele se relacionavam um senso de
dever na evangelização dos povos em todo o mundo. Para ele os ba-
tistas do Brasil receberam de Deus uma incumbência, tendo em vista
a facilidade que o brasileiro tem de se adaptar a novos ambientes e
costumes. Ele também via a responsabilidade missionária partindo das
igrejas, pois foram elas que receberam do Senhor Jesus a Grande Co-
missão que impulsionou os primeiros cristãos a chegarem até os confins
da terra. Waldemiro Tymchak foi Diretor Executivo da JMM a partir de
23 de agosto de 1979, até 20 de abril de 2007, quando Deus o chamou
para o gozo eterno.
4 '4 TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
Depois dos momentos difíceis de criança, aprendeu o ofício de al-
faiate, que exerceu até os 23 anos, o que explica o seu bom gosto e sua
forma invejável de trajar, que manteve até o final de sua vida terrena.
Estudou Ciências Sociais por dois anos na Universidade Federal do Para-
ná, mas Deus o chamou quando era membro da Primeira Igreja Batista
de Curitiba, pelo que após relutar, seguiu para o Rio de Janeiro, a fim
de estudar no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), aos
24 anos de idade. Terminou seu curso teológico em 1965. No ano se-
guinte foi para a Inglaterra, a fim de se especializar em Novo Testamento
no Spurgeon's College e concomitantemente na Universidade de Lon-
dres465. Enquanto estava estudando na Inglaterra, chegaram dois russos,
com quem fez amizade e, por conhecer a língua russa, teve condição de
ajudá-los. Logo mais Waldemiro visitou vários países da Europa, inclusi-
ve, a convite dos ex-colegas, esteve na Rússia. Na ocasião ainda havia o
poder soviético em toda a sua plenitude, que o tornou "profundamente
impressionado com a realidade religiosa, política e social do país de seu
pai". Isso o levou a escrever em O Jornal Batista uma série de 16 artigos
que ainda hoje impressiona os batistas brasileiros, com o título: "Eu cho-
rei na Rússia"466. Conta Acidália que, quando entrou na Rússia, ele tinha
bíblias na bagagem, o que não era permitido. Waldemiro já havia deci-
dido dizer somente a verdade durante a fiscalização. Ao ser interpelado
pelos policiais, confiando em Deus, ele disse que tinha duas bíblias em
russo, quando foi bruscamente interrompido pelo policial que lhe pediu
as bíblias. O policial perguntou se tinha libras e ele respondeu que sim,
assim como alguns rublos. Com isso Waldemiro recebeu ordem para que
o acompanhasse. O susto durou até que outro policial determinasse a
devolução das bíblias e a sua liberação. Ele entendeu o diálogo dos poli-
ciais em russo e louvou a Deus pelo livramento467.
Tymchak retornou ao Brasil em 1971, indo trabalhar na Congregação
de Pilarzinho, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, enquanto ensinava
41i' PEREIRA, José dos Reis. O novo Secretário da Junta de Missões Mundiais. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, p. 1, maio/ago. 1979.
4 " WALDEMIRO TYMCHAK: uma biografia missionária. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, nú-
mero especial, p. 16, jul. a ago. 1999. A série "Eu chorei na Rússia" foi publicada entre 23 de
novembro de 1969 e 24 de maio de 1970, em O Jornal Batista.
467 TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
também no Instituto Batista A. B. Deter,
hoje Faculdade Teológica Batista do Pa-
raná. No mesmo ano esteve na assem-
bléia da CBB em Campos, quando viu
de longe a jovem baiana Acidália, que
o deixou encantado, e veio a encontrá-
la pessoalmente seis meses depois, em
um Congresso da Mocidade, em Goi-
ânia. Depois da difícil conquista, que
só se efetivou em fevereiro de 1972,
quando começou o namoro, noivaram
oficialmente em agosto do mesmo ano. Ele dizia que o casamento já
estava marcado no céu468. Waldemiro e Acidália se casaram em 20 de
janeiro de 1973, na Igreja Batista Sião, em Salvador, BA, em cerimônia
ministrada pelo Pastor Valdívio de Oliveira Coelho. Logo depois, em
agosto, foi pastorear a Igreja Batista Boas Novas, uma igreja russa com
elevado espírito missionário. Mais tarde o casal recebeu duas mara-
vilhosas bênçãos, os filhos Nelson e Thaís, que dos pais receberam a
valiosa herança do evangelho de Cristo e amor a missões.
Não há maior felicidade para o homem do que ter uma esposa que
é ao mesmo tempo mulher e serva fiel de Deus. Isso aconteceu com
Pastor Waldemiro. Ela sempre levou a sério a sua profissão e trabalho,
mas a prioridade era a família. Acidália estava sempre ao lado de seu
esposo, dando a sua importante e indispensável parcela de contribui-
ção para a obra missionária. "Tudo o que ele realizou na obra do Se-
nhor, sempre fez junto com ela, com ela ao seu lado, mesmo quando
distantes, geograficamente falando, milhares de quilômetros"469. É o
próprio Waldemiro Tymchak47° que, ao dar apoio a um casal de mis-
sionários, escreveu sobre o seu relacionamento com Acidália, inclusive
no trabalho:
TYMCHAK. Acidália. Um lindo e maravilhoso sonho de amor. Casal Feliz. Rio de Janeiro, ano
20, n. 86, p. 12-15, out./dez. 2008.
""' FALCÃO SOBRINHO, João. Tymchak, um santo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n.
18, p. 5, 06 maio 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Carta de apoio a missionários. Arquivo Tymchak, (Rio de Janeiro, 15
fev. 2006. Digitado. Documento recebido por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 out. 2007.
Ela me dá todo o apoio e tem prazer em batalhar comigo nessa tarefa. Não
sabemos fazer nada sozinhos. Não há entre nós competição, pelo contrário, um
ajuda o outro, vibramos com as vitórias e sucessos um do outro. Compartilha-
mos todas as coisas e não há nada que lhe seja escondido e vice-versa. E isso
é tão bom! Como nós gostamos de estar juntos, conversar, ler a Bíblia e buscar
nela novos ensinamentos. Eu confesso que não agüentaria o peso se não fosse o
apoio dela. Entretanto, é bíblico que o homem seja o líder, não o ditador, mas
o líder da casa.
FERNANDES, Humberto Viegas. Uma escolha aprovada por Deus. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 2, n. 5, p. 4, maio/jun. 2005.
COELHO, Valdívio de Oliveira. Que é isto? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 6, set./
dez. 1979. Tem havido engano sobre a data de posse, conforme alguns registros mais recentes,
que colocam o dia 13 de julho (Ver WALDEMIRO Tymchak, uma biografia missionária. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 16, p. 4, maio/jun. 2007). Entretanto, os documentos de 1979
apresentam a data como sendo 23 de agosto daquele ano.
uma profecia do quanto fará com a graça de Deus, o Pastor Waldemiro
Tymchak"476. Na ocasião, dentre outras belas expressões, falou:
A Junta de Missões Estrangeiras não é um fim, mas o meio das igrejas promove-
rem a obra. Por conseguinte, não é um organismo para onde se enviam ofertas
uma vez por ano. A JME tem sido e será muito mais, uma bênção e inspiração
para as igrejas. [...] Nós ainda não nos levantamos para sacudir a Europa e a
África. Estamos apenas no começo! Eu creio que nós enviaremos missionários,
inclusive para os países comunistas! [...1 A Junta depende das igrejas locais. A
igreja local terá um lugar especial no nosso coração. É claro que o missionário
terá o primeiro lugar. A Junta também existe para ele, para possibilitar que
exerça o seu ministério de forma alegre, feliz, sabendo que será amparado e
amado'.
'6 CULTO solene de posse do novo Secretário Executivo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
p. 3, maio/ago. 1979.
"7 TYMCHAK, Waldemiro. Palavras ditas na posse. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 28 ago.
1979. Digitado.
47" Id. Clamores e temores do Leste Europeu. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 82, p. 1,
set. 1991.
"' Id. É a sua igreja quem faz Missões Mundiais. Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 83, p. 1,
jan. 1992.
4 '"' Id. O terrorismo dificultará a obra missionária mundial? Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
12, nov./dez. 2001.
Se essas três instituições trabalharem em harmonia, cada uma dedicando-se
com zelo e ardor, a obra missionária local e global deslanchará: as igrejas cres-
cerão e todas as outras áreas serão abençoadas. Nós não teremos tantas crises,
não enfrentaremos problemas de natureza financeira ou administrativa porque
estaremos envolvidos com o ministério principal, razão fundamental da igreja
de Cristo na face da terra: a obra de missões.
'"' Id. As razões porque o Senhor está abençoando a obra de Missões Mundiais. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 83, n. 11, p. 6, 13 mar. 1983.
'"' Id. Minha visão para a expansão missionária no mundo através dos batistas brasileiros. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 63, p. 11, mar. 1985.
"l Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais — 63á assembléia. Rio de
Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 41.
l' BERNARDO, Salovi. A palavra do presidente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21,
n. 71, p. 10-11, out. 1986.
com juntas, movimentos de missões no mundo tem contribuído para desenvol-
ver programas cooperativos de grandes perspectivas para o futuro.
4 "' OLIVEIRA, Daisy Santos Correia de. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Reci-
fe, 22 jul. 2008. Estavam no congresso o presidente da CBB, Paulo Roberto Seabra, Darci Dusilek,
Fausto de Aguiar Vasconcelos, Daisy Santos Correia de Oliveira, Arthur Gonçalves, Samuel Cardo-
so Machado, Nancy Dusilek e outros líderes batistas do Brasil.
""' TYMCHAK. Acidália. Um lindo e maravilhoso sonho de amor. Casal Feliz. Rio de Janeiro, ano
20, n. 86, p. 18 e 19, out./dez. 2008.
THOME, César. Junta de Missões Mundiais: introdução. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: atas e pareceres - 7Q8 assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 375.
medicina. E continuou: "Se na época em que você foi operado, alguém
dissesse que estaríamos conversando 17 anos depois, eu o chamaria de
mentiroso //488.
Waldemiro489 continuou olhando para o Brasil como o celeiro mis-
sionário do mundo. Assim é que em 2002 escreveu:
A multiplicidade de raças e nações que formam o nosso povo e que aqui vivem
pacificamente nos torna singulares. As diferenças não se resumem ao patro-
nímico; estão nos olhos, cabelos, estatura, cor da pele etc. Não consigo me
convencer de que o Brasil é assim por mero acaso. Também não é por acaso
que o nosso país abriga, no momento, o terceiro maior contingente de evan-
gélicos do mundo, depois dos EUA e da China. Esses fatos revelam que Deus
tem abençoado o nosso povo e nos preparado para uma tarefa especial. Termos
milhões de crentes com a cara do mundo inteiro significa que somos um celeiro
de missionários com perfil e gabarito para evangelizar toda e qualquer nação
do planeta!
Pastor Tymchak ainda pôde ver muitos dos seus sonhos realizados,
inclusive o de manter missionários entre os povos não alcançados e, de
modo especial, o de ver a extinção do regime soviético no Leste Euro-
peu, proporcionando-lhe a oportunidade de iniciar, em nome dos ba-
tistas brasileiros, trabalho missionário na Rússia. Em 2001, relembrando
a série de artigos de sua autoria, publicados em O Jornal Batista em
1969 e 1970, ele pôde escrever:
Para a glória de Deus, posso sorrir ao saber que o povo russo, que tanto amo,
já entoa em seu hino nacional o nome de Deus. Em 2000, através de nossos 20
missionários autóctones na Rússia, alcançamos 194 decisões e 120 batismos.
Em vários países da ex-União Soviética temos 140 obreiros autóctones e seis
missionários efetivos que realizaram 529 batismos490.
4 "" TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
"'" TYMCHAK, Waldemiro. O Brasil tem a cara do mundo. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 02
fev. 2002. Digitado.
-1`"' Id. Missões Mundiais: chorei na Rússia! O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 101, n. 2, p. 7,
08 a 14 jan. 2001.
abalou. A sua fragilidade física e mesmo as suas profundas dores eram
enfrentadas por ele como se nada estivesse acontecendo. Certa ocasião
ele foi acometido de uma trombo-flebite, que leva o doente a uma dor
imensa. Conta Acidália491:
Quando me aproximei dele, ao perceber o seu sofrimento, ele falou que es-
tava muito preocupado. Perguntei-lhe qual era a sua tão grande preocupação.
Como se nada estivesse lhe acontecendo naquele momento, ele respondeu que
era com a maxi-desvalorização do dólar e a política econômica do país".
49' TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 25
out. 2007.
492 TYMCHAK, Waldemiro. Carta do pr. Waldemiro aos missionários. O Jornal Batista, Rio de
2. Firmando as estacas
"Firma bem as tuas estacas" (Is 54.2c). Tomando como base o texto
de Isaías, aqui veremos como as estacas foram firmadas. Trata-se do
trabalho iniciado pelos batistas brasileiros nos vários campos, os quais
receberam da JMM o mesmo apoio, acrescido de novas perspectivas
e outras estratégias. Assim o trabalho prosseguiu com o mesmo entu-
siasmo, recebendo as alterações necessárias, de acordo com o mo-
mento, as circunstâncias, as oportunidades e a visão missiológica do
40'' MARTELETTO, Luiz Cláudio. MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
Executivo e seus auxiliares. As decisões tomadas pela Junta se trans-
formavam em realizações, que eram espalhadas nas igrejas do Brasil
e do mundo através de relatórios, reportagens, artigos, depoimentos,
diálogos, correspondências, programas missionários, testemunhos e
outras formas.
Portugal Continental
Se antes a rigidez religiosa em Portugal era uma dificuldade para
a proclamação do evangelho, hoje a modernidade tem trazido novos
desafios à difusão da Palavra. Existe o argumento de que os princípios
cristãos estão presentes no catolicismo romano, mesmo no período da
hegemonia católica no país. Portanto, a idéia é que a mensagem evan-
gélica nada tem a acrescentar ao povo português.
No continente europeu, o trabalho de missionários remanejados de
outros campos foi importante, tendo em vista o acervo de experiência
já ganho. Assim é que ainda em 1979, ano em que houve a mudança
de Executivo, foi transferido da Bolívia para Portugal o casal José Carlos
Gerhard Matos e Sílvia de Almeida Matos. Atuaram ali até 1985, quan-
do foram remanejados para a Espanha.
Em 1981, interessante experiência de José
Nite Pinheiro", missionário em Portugal des-
de 1976, é narrada em O Campo é o Mun-
do. Ele anunciava o evangelho a um casal de
idade avançada. O senhor era um soldado
aposentado do exército português, que se re-
cuperava de um derrame e tinha uma idéia
muito intelectual sobre religião: Ele disse ao
pastor Nite: "Tenho um amigo que fez uma
pesquisa sobre religião e provou que Jesus é
o quinto filho de Deus e entre os outros filhos
estão incluídos Maomé e Buda". O missionário respondeu: "Então eu
acredito apenas no quinto filho de Deus, pois Ele está vivo, enquanto
os outros estão nos seus respectivos túmulos". Depois o pastor Nite teve
oportunidade de ser ouvido ao falar de Jesus ao casal.
Dentre alguns remanejamentos feitos no próprio país, menção é feita
ao casal Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza que,
depois de um profícuo trabalho no arquipélago, deixaram os Açores
para trabalhar em Portugal Continental, onde permaneceram até 1996,
quando foram transferidos para Cabo Verde, na África. Pastor Francis-
co501 explica que foi para o Minho, onde tudo era difícil: "Lá havia uma
igreja quase morta, outra já trancada e uma missão pequena. Em pou-
co tempo, a quase morta era uma igreja com 70 membros de grande
poder aquisitivo, a outra foi ressuscitada e a missão se transformou em
igreja".
Em 1985, foram nomeados como missionários Renato Cordeiro de
Souza e Jane Cristina Barbosa de Souza, que seguiram para Portugal
em maio de 1986. Renato aceitou o desafio lançado pelo Executivo
da Junta para trabalhar no Seminário em Lisboa. Entretanto, terminou
indo para Porto, onde estava a Igreja Batista das Antas, com invejável
estrutura representada por um templo, um salão de jogos, um teatro e
casa pastoral. Mas tudo vazio. A freqüência média da Igreja era de 8
''' SKELTON, Martha. Jesus — o quinto filho de Deus. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
16, n. 51, p. 11, ago. 1981.
"' SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
pessoas, incluindo o irmão Francisco Gonçalves, que era cego, e sua
esposa que sofria de artrose. Começaram a orar pelos perdidos. Assim
as pessoas que estavam afastadas foram retornando e os não crentes
chegavam e se convertiam. Em uma cidade vizinha, o casal começou
um estudo bíblico com churrasco para jogadores de futebol. Logo mais
havia 12 famílias de jogadores no estudo. Nos domingos em que não
havia jogos, eles iam para a Igreja. Em tempo relativamente curto, havia
na Igreja das Antas cerca de 80 pessoas na EBD. Depois de dois anos
em Porto, o casal foi para o Seminário em Lisboa, onde passou 10 anos,
retornando para o Brasil em 1998502.
Um fato significativo ocorreu em 1985, com a atuação de Elton Ran-
gel Pereira como presidente da Junta de Missões Nacionais em Portugal,
pois viajou 28 vezes de um lado a outro do país, no período de doze
meses. Naquele ano, pela primeira vez foi nomeada por aquela Jun-
ta portuguesa uma jovem como missionária e dois seminaristas como
obreiros auxiliares5°3. O despertamento missionário nos campos onde
os batistas brasileiros atuam é uma tônica em vários países, quando o
exemplo do que se realiza através da JMM passa a ser seguido, mesmo
que seja de forma ainda limitada.
Naquele mesmo período, Elton Rangel foi pastor de uma igreja em
Braga, com 50 membros, que chegou a adotar 7 famílias de missioná-
rios, mesmo quando estava envolvida na compra de uma propriedade
e construção do templo. Isso levou a igreja a crescer e estender o tra-
balho para outras localidades. Pouco tempo depois, a igreja já tinha
118 membros. Outra atividade realizada pelo casal Rangel Pereira na
ocasião foi com dentistas brasileiros, chegando a Igreja em Braga a ter 7
ou 8 dentistas crentes que serviam ao povo da comunidade504.
O casal Diné René Lóta e Leila Regina Delgado Lóta, que estava nos
Açores, foi transferido em julho de 1986 para a cidade de Caldas da
Rainha em Portugal Continental, onde realizou um trabalho de revita-
Iização de igrejas. Ali ficou até 1991, quando retornou ao Brasil para
502 SOUZA, Renato Cordeiro de; SOUZA, Jane Cristina Barbosa de. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
50 ' SOUZA, Samuel Rodrigues de. Os batistas brasileiros através do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 86, n. 2, p. 5, 12 jan. 1986.
504 RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
pastorear a Igreja Batista de Fonseca, em Niterói, embora a obra de
missões tivesse permanecido viva em seu coração. Depois de pouco
mais de 20 anos ele retornou ao campo, dessa feita ao Canadá, onde
continua atuando como Missionário Associado. Assim cumpre-se na
prática o dístico de alguns amigos de missões: "uma vez missionário,
sempre missionário".
Deixaram o trabalho da Junta, em julho de 1988, José Nite Pinhei-
ro e Cilcéia da Cunha Pinheiro, que atuaram por 17 anos em Mo-
çambique, Zimbábue e Portugal, enquanto retornava a Portugal, para
substituí-los, o casal Samuel Mitt e Marlene Serrão Mitt. Samuel se tor-
nou coordenador do trabalho em vários países europeus, que incluía
Portugal continental e insular (Açores), Espanha e França, função essa
antes assumida por José Nite Pinheiro. É importante o depoimento dos
batistas portugueses através do presidente da Associação Baptista do
Norte que, depois de mencionar o importante trabalho do casal Nite,
agradece de forma carinhosa a atuação dos batistas brasileiros no norte
de Portugal:
Desejamos testemunhar aos nossos amados irmãos brasileiros, e em particular,
à JMM da CBB, que a nossa dívida de gratidão para os irmãos se pode melhor
avaliar pela circunstância de, durante vários anos e até bem presentemente,
todo o trabalho do norte do Porto ter estado exclusivamente sob a responsabili-
dade de missionários brasileiros, que têm vindo a desenvolver e consolidar uma
obra notável na província do Minho5°5.
'''' PEGO, Silas. Batistas portugueses agradecem ao casal Nite. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 88, n. 52, p. 12, 25 dez. 1988.
Ali tem feito palestras, convivido na comunidade, trabalhado com crian-
ças, participado de programas desportivos e discipulado os novos conver-
tidos, sempre buscando contatar os moradores. A calma e a firmeza da
missionária têm corroborado para que o trabalho batista prossiga ainda
hoje, mas com novos formatos, incluindo a realização de parcerias.
Ao ser solicitada para narrar uma experiência marcante no campo
missionário, Rosa lAcia506 resumiu falando algo que aconteceu em Por-
tugal Continental a Isabel, que foi a primeira nova convertida como
resultado de seu trabalho no continente. Ela relatou: "Não existe ex-
periência mais forte do que ouvirmos da boca de um novo convertido:
'Desde o dia em que ouvi falar do que Jesus fez por mim, não paro de
louvá-lo'. Creio que essas palavras resumem tudo que fazemos em um
trabalho missionário".
Açores
O trabalho dos batistas nos Açores também teve o seu prosseguimen-
to no período Tymchak. Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini
de Souza organizaram, em 1979, uma igreja e um instituto bíblico na
Ilha Terceira. A mensagem do evangelho era anunciada a todas as ilhas
do arquipélago e à Ilha da Madeira, através do programa de rádio Voz
Batista Açoriana. Pastor Sousa relata que resolveu dar o seu endereço
aos ouvintes, pelo que logo a seguir começaram a chegar cartas. Nos
lugares mais distantes, "as pessoas estavam sendo tocadas e o precon-
ceito contra o evangelho ia se dissipando"507.
Por sua vez, antes de ir para o continente, encontrava-se na Ilha de
São Miguel, realizando excelente trabalho, o casal Elton Rangel Pereira
e Miriam Baldassare Rangel Pereira. Na Ilha do Faial atuavam na Igreja
em Horta, desde 1976, Francisco Nicodemos Sanches e Olívia de Al-
meida Drummond Sanches", que foram substituídos em abril de 1980
SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br> em 17 ago. 2007.
"7 SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, Se 29 out. 2007.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 141.
por Diné René Lóta e Leila Regina Delgado Lota. O casal Lóta ficou
nessa ilha até 1983, quando foi trabalhar na Ilha Terceira, assumindo as
atividades iniciadas por Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturi-
ni de Souza, que foram transferidos dos
Açores para Portugal Continental.
As idas e vindas dos missionários de
um campo para outro se dava, ora por
atendimento a uma solicitação da lide-
rança no campo, ora por cumprimento
ao planejamento da JMM. Muitas vezes
eles sofriam com essas mudanças, mas
entendiam ser esse um dever. Pastor
Francisco Sousa509, quando foi entrevis-
tado, já sem a presença de sua amada
esposa que partira para a glória meses
antes, entre choros de saudade e sorri-
so de satisfação pelo dever cumprido,
afirmou: "Um missionário não é como
uma árvore que nasce cresce e morre
no mesmo lugar. Não é para criar raiz. O missionário é como pássaro,
não há itinerário. Sua rota é traçada pelas mãos do Criador e a cada
inverno há uma rota diferente".
Lúcio Casassanta de Souza Pereira e Cirlei Queiroz Casassanta Pereira
seguiram para os Açores em maio de 1986. Também têm sido missioná-
rios nos Açores, Narciso da Silva Braga e Mardilene Tinoco da Silva Braga,
que permanecem ali desde 1997. Por sua vez, Rosa Lúcia de Freitas Silva
havia antes atuado como Missionária Temporária na África do Sul por três
anos, entre 1986 e 1989, tornando-se efetiva em 1994, quando se radi-
cou na Ilha Terceira, Açores. Ali atuou em áreas diversas como evange-
lismo, discipulado, ensino e direção do Seminário Baptista por Extensão,
rádio e liderança na Associação Baptista Açoreana510. A sua atividade nos
Açores foi entre 1994 e 2004, seguindo de lá para Portugal Continental,
'"" SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
'1 " SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 17 ago. 2007.
O Batista Açoreano
conforme já mencionado. As-
sim o trabalho tem se firmado
EDITORIAL A MENSAGEM DE
e estendido pelo continente e —"VOZ BATISTA AÇOREANA"
A TUA PALAVRA
ilhas portuguesas. É A VERDADE
2.2 Firmando na
América do Sul
Semelhantemente ao que
aconteceu em Portugal, as ativi-
dades iniciadas anteriormente
nos campos sul-americanos fo-
ram continuadas no período de
Waldemiro Tymchak, quando
se firmaram com novos obrei-
ros e também com novas ênfa-
ses. Abriram-se outros campos
no continente, que serão abor-
dados em outra seção.
Bolívia
Conforme o relatório apresentado à assembléia da CBB em janeiro
de 1980, em Goiânia, GO, referente ao ano de 1979, houve a seguinte
resolução da Junta quanto à continuação do trabalho na Bolívia:
(1) Que continuemos a expandir a obra através de evangelização, visando à edi-
ficação de igrejas em cidades estratégicas: (2) que solidifiquemos as igrejas exis-
tentes; (3) que as igrejas fundadas por missionários brasileiros sejam entregues
a pastores nacionais; (4) que a Junta solicite à liderança boliviana que elabore
com a nossa Missão e, se possível, com os missionários da Junta de Richmond,
um plano de evangelização; (5) que seja entregue aos batistas bolivianos, a
médio prazo, a direção do Colégio e do Seminário511 .
WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
'' COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
Em abril de 1982, vítima de acidente automobilístico, faleceu o mis-
sionário Jader Malafaia, que juntamente com sua esposa havia deixado
as atividades da Junta no ano anterior. Ele trabalhou na Bolívia entre
1979 e 1981, "período em que atuou magnificamente na solução da
transferência do Colégio Batista Boliviano Brasileiro para as mãos dos
nacionais"514. Iniciaram suas atividades missionárias em 1983 na Bolí-
via, José Sélio de Andrade e Elizabeth Mota de Andrade, que ali perma-
neceram até 1985, quando foram remanejados para o Equador.
Em 1984, foram nomeados também para a Bolívia, José Cenário Al-
ves da Rocha e Teremar Lacerda de Rocha, ali chegando em janeiro de
1985. Eles se radicaram e permanecem nesse campo até o presente,
tendo sido usados por Deus para
a organização de várias igrejas,
que depois de se firmarem foram
entregues para a liderança de
pastores da terra. Eles chegaram
no final do governo de Hernan
Siles Suazo (1982-1985), quan-
do houve uma grande desvalo-
rização da moeda. Esse governo
ainda era considerado como de
transição depois da ditadura de
Hugo Banzer (1971-1978), que
foi derrubado do poder por Juan
Pereda Asbún 515. Como na oca-
sião não havia ainda a campanha
de erradicação da coca, a Bolívia
estava livre da ditadura militar,
mas presa à ditadura das drogas.
O difícil começo do trabalho dos nossos missionários foi na cidade de
Montero, em dia de festa da Igreja Católica Romana, quando a grande
parte da população participava de uma procissão. O casal foi à janela
ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
"' ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
remar. Depois de 18 anos no campo, o ninho ficou vazio, pois o mais
velho foi estudar medicina e a filha se casou com um jovem boliviano.
Mas o Senhor deu ao casal uma nova visão: "Foi aí que Deus colocou
no nosso coração: 'Amem a Bolívia ou deixem-na'. Entendemos que
Deus estava nos chamando atenção para o primeiro amor e que o Se-
nhor nos trouxe para a Bolívia de corpo e alma"518.
O preparo de liderança tem sido uma estratégia usada pelos missio-
nários, que treinam pessoas para se tornarem discipuladores. Por isso,
Pastor Genário519 diz: "Cada igreja sempre achou um pastor ou um líder
bem preparado que levasse o trabalho adiante. Não ficamos dependen-
do de dinheiro de fora ou da Junta de Missões Nacionais da Bolívia". Ho-
je520, Pastor Cenário tem utilizado com grandes resultados a metodologia
de trabalho com grupos pequenos ou células que se reúnem em casas. A
missionária Teremar Lacerda de Rocha"' testemunha:
Quando chegamos na Bolívia, ouvíamos sempre a mesma história: "Sai o mis-
sionário, a igreja morre". Temos batido na tecla de que cada crente é um mis-
sionário. Não é preciso ter um chamado especial, ou um salário, ou ir a um
campo no interior ou no exterior. O crente tem de fazer discípulo porque essa
é a ordem de Jesus. Nessa perspectiva, pode sair o missionário ou o pastor e o
trabalho continua, porque o líder treinado absorveu a visão do trabalho.
'1H ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
'''' ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
'2" No caso e em outros locais deste trabalho, os termos "hoje", "atualmente" e outros análogos,
referem-se ao ano de 2008, quando a pesquisa e o escrito deste livro foram concluídos.
"21 ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70P assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 379.o coração
misericórdia, atuou através de tratamento no Brasil, e ela foi curada,
retornando à Bolívia em janeiro de 1994, quando escreveu: "O milagre
de Deus foi realizado. Aqui estou eu, sua serva, para louvar e glorificar
o Seu poder"523.
A missionária Décia Barbosa, após 40 anos no campo boliviano, re-
cebeu aposentadoria em 2003. O Jornal de Missões festeja e comenta:
"Ela deixa o seu nome na história do povo batista boliviano e seus 40
anos como missionária a coloca na galeria dos poucos obreiros que al-
cançaram esta marca histórica"524. Depois de aposentada, Décia passou
alguns anos no Brasil, mas recentemente retornou à Bolívia por sentir
saudade daquela terra à qual dedicara grande
parte de sua vida. É assim que Deus trabalha
com os missionários. De estrangeiros nos cam-
pos, tornam-se conterrâneos amados, e muitos
dos seus filhos se casam com moças e rapazes
da nova terra adotada. Assim aconteceu com
os filhos de pastor Carlos Alberto e Lídia Klawa
no Paraguai, José Cenário e Teremar na Bolívia,
Silas e Aldair no Chile, Horácio e Ana Maria na
Espanha e vários outros.
O terreno da Missão em Santa Cruz de la
Sierra foi adquirido ainda em 1950, em loca-
lização privilegiada na cidade. Ali se construiu
a sede da missão e o templo da Primeira Igreja
Décia Barbosa, Batista. Mas, em 1961, passou a ser cobiçado
heroína da
persistência no campo pelo governo boliviano, com o objetivo de que
boliviano ali estivesse a sede do Palácio da Justiça. Depois
de uma grande e demorada batalha judicial, o
governo designou um novo terreno, também em boa localização, para
a sede da Missão Batista Brasileira, além de uma indenização de 181
mil dólares para a construção do Colégio Batista 525 .
2 ' BARBOSA, Décia. Minha gratidão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 94„n. 16, p. 12, 24
abr. 1994.
"4 DUAS vidas e uma história de dedicação a missões. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5,
maio/jun. 2003.
ROCHA, José Cenário Alves da. Cristo ganhou a batalha. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
91, n. 31, p. 12, 04 ago. 1991.
Em 1992, o casal Waldomiro e Lygia Motta e uma das filhas, Rozélia,
retornaram a Bolívia, 46 anos depois de terem iniciado o trabalho em
Santa Cruz de la Sierra. Lygia526 escreveu dizendo que a visita gerou
muitas lágrimas de gozo e saudade. Ela observou que ainda havia falta
de obreiros, pois "os campos são muito vastos, as distâncias são longas
e os recursos dos batistas bolivianos insuficientes para que se tornem
independentes e possam abrir mão dos recursos brasileiros".
Os batistas comemoraram 50 anos do trabalho iniciado pelo casal
Motta na Bolívia, em 1996, estando presente como convidada especial
Lygia Motta, sozinha na ocasião, tendo em vista que Waldomiro havia
falecido em fevereiro daquele mesmo ano. Um outro acontecimento
digno de nota, ocorrido cinco anos depois, em agosto de 2001, foi o
ato de conferir o título de Missionária Emérita a Lygia Lobato de Souza
Motta. Com muita razão, ainda hoje ela é incluída com destaque na
lista de missionários da JMM.
A Convenção Batista Boliviana tem mantido um bom ritmo de cres-
cimento e a cooperação dos batistas brasileiros continua sendo útil,
embora tenha diminuído numericamente, já que tem crescido o nú-
mero de líderes da própria terra. Em 2005, houve uma divisão, tendo
em vista a chegada por lá do G12. Trata-se do conhecido movimento
neo-pentecostal iniciado por César Castellanos, fundador da Missão
Carismática Internacional na Colômbia, o qual tem contribuído para
divisão em algumas denominações de vários países, inclusive do Bra-
sil, em virtude de posições que desvirtuam o ensinamento bíblico, tais
como maldição hereditária e sopro do poder, além da unção especial
que elitiza alguns em detrimento da maioria dos cristãos"'. Conforme
testemunho do presidente da Convenção, 17 igrejas se afastaram em
2005, mas entre 2006 e 2007, 5 retornaram e 4 já estavam em vias de
voltar, observando-se que dos 12 pastores de igrejas ainda afastadas,
8 não estudaram no Seminário Batista. Algumas igrejas da Convenção
usam o método de células, que é uma metodologia de crescimento de
igrejas, que por si pode ser usada em qualquer igreja sem ferir os princí-
pios batistas. Assim o problema tem sido contornado inteligentemente
''" MOITA, Lygia Lobato de Souza. Quando se serve ao Deus vivo, p. 81.
OLIVEIRA, Zaqueu Moreira de. C12. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 100, n. 44, Cader-
no OJB, p. 2b, 30 out. a 05 nov. 2000.
pela Convenção Boliviana. No momento, explica Ruben Dario Ganella
Duran528, "três igrejas usam células de 12 pessoas e uma utiliza uma
metodologia mista entre G12 e Igreja com Propósitos".
Duas observações sobre o trabalho na Bolívia: A primeira é que na
Convenção, em 2007, havia 50 igrejas, 34 congregações e 60 pontos
de pregação, lideradas por 40 pastores que pertencem à Ordem e
mais 20 outros que colaboram com os outros pastores, mas não es-
tão ainda filiados à Ordem. Geralmente os seminaristas e líderes das
igrejas trabalham nos pontos de pregação. A segunda observação é
que o Colégio Batista contribui mensalmente com um valor fixo para
o Plano Cooperativo da Convenção Batista Boliviana. Essa informação
demonstra a firme consciência denominacional implantada lá pelos
brasileiros, embora essa prática nunca tenha sido usada pelas insti-
tuições batistas brasileiras. Quem sabe se a lição chegará um dia ao
Brasil?
Paraguai
Quanto ao trabalho no Paraguai, em 1979 a JMM decidiu continuar
a dar ênfase à obra de evangelização ali iniciada, pelo que foram no-
meados para aquele país o casal João Ferreira de Almeida e Berenice
Bastos de Almeida, e as jovens Olinda Silva de Abreu e Raquel Barce-
los529. Enquanto isso, Terezinha de Souza Bastos, que vinha atuando no
Paraguai desde 1975, deixou provisoriamente o país"°, embora tenha
sido reconduzida pela JMM no ano seguinte. Em abril de 1981, iniciou
suas atividades no Paraguai, Jonas Borges da Luz e Eth Ferreira Borges
da Luz. No mesmo ano, Agnelo Guimarães Barbosa Filho e Ruth Ge-
núncio Barbosa deixaram o Uruguai para trabalhar no Paraguai, ficando
ali até 1987. Entre 1985 e 1987, foram para o Paraguai dois casais de
missionários e duas jovens solteiras.
DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santa Cruz de Ia Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
"2" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 620- assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 140-42.
'"' PEREIRA, José dos Reis; TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras. Convenção
Batista Brasileira: 62 assembléia anual — anais. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 135 e 142.
Os 25 anos de atividades dos batistas brasileiros no Paraguai foram
comemorados em 1990, através de um convênio entre as igrejas da
Associação do Litoral Paulista e a Convenção Batista Paraguaia. Como
resultado, em novembro daquele ano seguiram 44 pastores e líderes de
São Paulo para realizarem campanhas de evangelização no paísl.
Dalva Santos de Oliveira foi uma missionária que vinha atuando no
Paraguai desde 1968 e prosseguiu ali até 1991. No capítulo anterior ela
é mencionada, inclusive com o relato de alguns momentos preciosos
de sua atividade missionária. Uma de suas experiências, ainda no Pa-
raguai, foi com uma criança que se converteu aos seis anos e meio de
idade em uma EBF, conforme seu testemunho:
Depois de sua conversão, a primeira coisa que Rosana pediu ao pai foi uma
Bíblia, pois já era crente e estava na escola. Como no Paraguai havia o hábito
de fazer sesta, quando o pai ia descansar depois do almoço, ela era obrigada a
ir também para a cama. Mas pegava a Bíblia e começava a ler em voz alta. Isso
a fez desenvolver de tal forma a leitura, que a professora chamou a mãe para
dizer que a menina era muito nova e os pais não deveriam exigir tanto dela. A
mãe explicou que nada exigiam, mas que sozinha ela gostava de ler. A mestra
questionou sobre o que lia, e a mãe disse que era a Bíblia. Ela me pediu para
ler a Bíblia na Igreja, o que fez com admirável precisão e muita emoção. Isso
certamente encheu meu coração de incontável alegria, porque hoje ela é a es-
posa do pastor da Igreja, onde trabalha com jovens. Rosana é também psicóloga
e professora na Faculdade'''.
SANTOS, Joabson dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
cirurgia com duas pontes de safena, uma mamária e a radial do braço
esquerdo 4.
Em dezembro do mesmo ano de 1992, foi a vez do casal Antonio Jo-
aquim de Matos Gaivão e Deolinda Veloso de Matos Gaivão seguir para
o Paraguai, ficando ali até julho de 1993, quando pastor Galvão foi
remanejado para a sede da JMM, onde assumiu a Divisão de Missões
Regionais. Mais tarde escreveu o Pastor Antonio Galvão535, referindo-se
a Waldemiro Tymchak: "Ele achava que não havia alguém melhor do
que um missionário para assumir a área de missões e atender em cheio
aos anseios e necessidades dos obreiros nos campos".
No final de 1995, chegou ao Paraguai Ana Maria da Costa, que em
seguida foi para São Tomé e Príncipe, voltando para o Paraguai no final
de 2003, para estudar medicina. Ana Maria536 fala de sua experiência
que a impulsionou a retornar para o Paraguai.
Na África tive experiências muito tristes, pois como enfermeira tinha limites no
atendimento à saúde. Só havia dois médicos na localidade. A experiência com
uma gestante que perdeu seu filho por falta de um médico me trouxe muito
pesar. Embora soubesse fazer o parto cesariano, não podia acudir aquela se-
nhora que implorava para que não a deixasse morrer. Só deu tempo de lhe falar
de Jesus. Antes de sua partida ela se encontrou com o Senhor. Esse fato foi o
impulsionador para que voltasse para o Paraguai, pois fui autorizada pela Junta
a estudar medicina, para então retornar para a África.
41 CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Junta de Missões Mundiais, Hor-
Argentina
Sobre a Argentina, considerando a sua extensão geográfica, a Jun-
ta decidiu em 1979: (1) Que o trabalho fosse concentrado em uma
determinada área do país; (2) que em vez de abrir novos campos, os
missionários se dedicassem a reedificar trabalhos falidos; (3) que fossem
'42 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Con-
venção Batista Brasileira: 62á assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980,
p. 140.
enviados casais e moças, formando equipes, com um programa bem
definido543.
O casal Francisco Cid e Raquel González Cid, que estava desde 1976
em Villa Maria na Argentina, foi transferido em 1980 para Villa Azalais,
no mesmo pais, onde permaneceu até 1984. Ali reconstruiu a Igreja,
ampliou o templo e construiu a casa pastoral. Em Posadas, Província
de Misiones, para onde se transferiu em 1985, foi também organizada
uma igreja, assim como aconteceu na Villa de Yaciretá, onde o casal
iniciou a Igreja de Ituzaingó, Província de Corrientes. As atividades do
Pastor Cid foram muitas, inclusive atuando na denominação em diver-
sas funções544. Da mesma forma, a missionária Raquel assumiu várias
responsabilidades, não apenas no trabalho das igrejas como nas uniões
femininas. O número de pessoas batizadas pelo Pastor Cid, nos vários
locais onde trabalhou na Argentina, foi de 156, além de adquirir pro-
priedades e construir vários templos e casas pastorais545.
Entre 1982 e 1991 estiveram também na Argentina os casais Eli Bento
Correia e Maria Cristina Rodrigues Correia, Antonio Joaquim de Matos
Gaivão e Deolinda Veloso de Matos Gaivão, Idimar Finco e Gerusa Duarte
Finco, Élbio Delfi Márquez Guimarães e Adilene Monteiro Márquez Gui-
marães, Eliseu Roque do Espírito Santo e Luciene do Espírito Santo, além
da jovem Narriman Soares Guimarães. Dentre eles, o casal Gaivão, que
foi remanejado da Espanha para a Argentina, assumiu em 1986 a Coorde-
nadoria dos Países do Cone Sul, ficando ali até 1992. Além da Coordena-
doria, Pastor Gaivão, nos quatro primeiro anos na Argentina, pastoreou as
igrejas de Muniz e Santa Brígida, na Grande Buenos Aires, sendo depois
transferido para a cidade de Córdoba, onde iniciou o trabalho em Jardim
Espinosa, que dois anos mais tarde se organizou em igreja.
Venezuela
Também houve continuidade do trabalho na Venezuela, onde se en-
contrava o pastor José Calixto Patrício desde 1977. Em 1979, ele idea-
'1' Id. Junta de Missões Estrangeiras: relatório do Secretário Executivo. Convenção Batista Brasi-
leira: 62 assembléia anual. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1980, p. 140.
"" CID, Francisco. Carta à Redação do Jornal de Missões. Arquivo Cid, Hortolândia, 28 jun.
2007. Digitado.
"' Id. Resenha das atividades missionárias. Rio de Janeiro: JMM, 12 set. 1990. Digitado.
lizou o lema em forma de acróstico com a palavra "Cristo", para gerar
resultados duradouros na área do discipulado: "Crescer integralmente;
Reproduzir filhos espirituais; Ir em busca de almas perdidas; Servir a
Deus; Testificar do evangelho; Orar sem cessar"546.
O missionário organizou igrejas e ampliou o trabalho batista na Ve-
nezuela. Em 1987, saíram da Igreja Memorial, a primeira fundada pelos
missionários brasileiros, 17 membros para organizar uma congregação
em Puerto La Cruz, cidade vizinha, que era uma comunidade muito
pobre e difícil de se trabalhar. José Calixto informa que durante seis
meses não houve qualquer resultado. Foi quando uma irmã ofereceu a
garagem de sua casa para os trabalhos. Na sua franqueza venezuelana,
certa ocasião ela disse ao Pastor Calixto que ele era um grande missio-
nário, com excelente pregação, mas tinha um defeito: não era um ho-
mem de oração. Ela o desafiou a convocar a Igreja para orar diariamen-
te entre 6 e 7 horas da manhã. Era o horário do melhor sono e o casal
tinha ainda uma criança de apenas dois anos, que incomodava os pais
durante a noite. Mas ele acatou a sugestão, passando a orar todos os
dias de segunda a sexta-feira. José Calixto"7 concluiu seu testemunho:
Criamos um alvo de 100 pessoas na congregação até o final do ano. Certo dia
orei dizendo ao Senhor que Ele sabia do nosso propósito; já era maio e não
tínhamos ganho uma só alma para Jesus. Vários irmãos oraram também com
muito fervor, havendo um verdadeiro clamor para que Deus mostrasse qual
a estratégia que deveríamos usar. De repente o Espírito Santo falou ao meu
coração, dizendo-me que eu pedisse que todos se ajoelhassem e ficassem em
silêncio, porque Ele iria falar. Assim aconteceu por 10 ou 15 minutos, quando
tive uma visão de um terreno na beira da praia da cidade, onde deveria ser
colocada uma lona e se convidasse quatro pastores batistas venezuelanos para
pregarem de segunda-feira até domingo, seguindo uma campanha de evangeli-
zação de 30 noites. Conseguimos tudo e realizamos a conferência. Quando ter-
minamos o trabalho depois de trinta dias, o Senhor nos havia dado 103 novos
convertidos. A Igreja foi organizada em novembro de 1984 com 79 membros
fundadores. A Igreja chegou a ser a primeira da Convenção em contribuição
para o Plano Cooperativo, teve 12 alunos no Seminário, manteve 7 congre-
gações em 7 cidades diferentes, sendo considerada no Paraguai, uma igreja
missionária modelo para todas as denominações. Louvado seja Deus por essa
vitória!
"R Ibid.
Em uma entrevista ainda em 1992, o missionário José Calixto Pa-
trício549, que se encontrava ainda na Venezuela, fez uma importante
declaração sobre a consciência missionária que deve invadir as igrejas
de Cristo: "É tempo de deixarmos esta etapa infantil de estarmos dis-
cutindo se é necessário ou não enviar missionários para outros países,
e nos coloquemos numa atitude de obediência e de fé. Sejamos por
excelência um povo missionário para que todos os povos vejam a Luz".
Belo depoimento de quem tem missões no coração.
Moçambique
Mesmo no contexto profundamente adverso, em clima de guerra, a
notícia que se teve de Moçambique em 1979, foi de que Valnice Milho-
mens Coelho continuava trabalhando na Beira e no Dondo. Por outro
Id. Precisamos escutar o que o Espírito tem a dizer. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n.
83, p. 21, jan. 1992.
lado, Marlene Baltazar Nóbrega foi nomeada para este campo, mas não
chegou a ir, certamente pela situação política em que se encontrava o
país. Contudo, durante o ano houve dezenas de batismos como resul-
tado do trabalho de Valnice. Waldemiro Tymchak"°, escrevendo mais
tarde sobre Moçambique, deu interessante testemunho sobre o traba-
lho desenvolvido por Valnice, a única missionária que permaneceu em
1982 no campo, a despeito das profundas crises políticas aprofundadas
com a guerra civil:
Valnice é, sem dúvida, uma pessoa extraordinária. É alguém cuja vida manifesta
a glória do Senhor. É alguém que Deus moldou para trabalhar com o povo afri-
cano. É uma missionária exemplar, admirável, cheia de virtudes. Realiza uma
obra singular na aldeia em que trabalha. [...1 Ela chega quase a ser adorada pela
população. Eles a amam, a imitam, colocam seu nome em suas filhas. l...1 Ela
exerce seu ministério em uma aldeia. Aliás, com exceção de algumas lindas
cidades, Moçambique é uma grande aldeia. Em muitos lugares não há ruas,
mas caminhos. Não há casas, mas palhoças. Não há móveis dentro das casas,
mas esteiras. Quase não há velhos, pois a expectativa de vida é de somente 44
anos. Um mundo triste, cheio de crianças sorrindo. Estes são os caminhos de
Valnice.
TYMCHAK, Waldemiro. A terra de Valnice. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17, n.
53, p. 16-18, mar. 1982.
"' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro:
Junta Executiva da CBB, 1984, p. 135.
pois de atuar em São Tomé e Príncipe, Elias Balbino de Lima e Marta de
Jesus Nogueira de Lima foram enviados para somar à equipe de Mapu-
to, em Moçambique. Elias552 registrou o seguinte comentário:
Existem muitas dificuldades na questão da liderança daqueles que estavam sen-
do preparados para serem futuros pastores e se afastaram da igreja. Por isso,
temos o objetivo de trabalhar preparando líderes e também na solidificação das
igrejas já existentes, pois existe falta de pastores em Moçambique. Atualmente,
na região sul, só temos dez igrejas e quatro delas sem pastor.
Zimbábue
Por motivos políticos, os trabalhos em Zimbábue foram temporaria-
mente descontinuados em 1982. Em 1988, foi remanejado da África do
Sul para Zimbábue o casal Ronald Rutter e Ana Augstroze Rutter, que
ali permaneceu até 1991. No período, ele ensinou no Departamento
em Português do Seminário Batista de Zimbábue, e depois também no
Departamento em Inglês. Enquanto isso Ana Rutter ministrava na área
de música. Nos finais de semana o casal estava envolvido no trabalho
das igrejas, quase sempre fazendo conferências evangelísticas ou dou-
trinárias. Ronald Rutter relata uma de suas experiências no período em
que atuava em Zimbábue, quando viajava por terra com dois alunos
LIMA, Elias Balbino de. África. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, maio 2003. 1 vide-
ocassete.
"B CESSITO, Noêmia Gabriel. Crianças são vítimas de traficantes de órgãos humanos. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 5, set./out. 1998.
do Seminário e pararam para almoçar. Como o costume da terra era
sempre se dirigir ao mais velho de um grupo, o garçom lhe perguntou
se os dois jovens eram irmãos. A resposta foi: "Sim, nós somos filhos
do mesmo Pai. E se você quiser pode também fazer parte da família de
Jesus"554. Assim todas as oportunidades eram aproveitadas pelo missio-
nário para divulgar o evangelho de Cristo. Outra experiência envolveu
seu encontro com um moçambicano, que ao passar na livraria batista
da cidade de Gweru, viu uma Bíblia em português e ficou muito inte-
ressado pelo fato de ser na língua de Camões. O fato motivou o início
de um estudo bíblico, como escreveu o Pastor Rutter555 : "Esse estudo
já começou na Igreja de Gweru, sendo dirigido pelo pastor angolano
José Chama. O homem está muito entusiasmado. Já está procurando
trazer outros". Certamente essa e outras atividades geraram frutos para
o reino de Deus.
Em 1997, Evenos Luz e Jane Luz tiveram os seus vistos expirados,
sendo a sua renovação dificultada pelo Departamento de Imigração de
Zimbábue. Finalmente conseguiram regularizar a situação e continu-
aram no país até 2004. Conforme dados apresentados pela Junta, na
ocasião havia em Zimbábue 11 milhões de habitantes, dos quais 40%
criam em espíritos maus e praticavam religiões tribais. As atividades
dos nossos missionários incluíam "campanhas de mordomia, clínicas
de evangelismo explosivo, coordenação dos autóctones, treinamento
de líderes e apoio às três igrejas e cinco congregações"556. Trabalharam
também em Zimbábue Maria das Dores Santos, de 1998 a 2000, e o
casal David Hoffman Alencastre e Sheila Alencastre, de 2003 a 2005.
Angola
Anteriormente explicitamos que o trabalho batista em Angola foi ini-
ciado pela Sociedade Missionária Britânica (BMS) e assumida desde
1931 pelos portugueses. Desde 1961, a instabilidade política era muito
RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"3 Id. Zimbábue: uma oportunidade que surge. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 24,
n. 77, p. 15, jul. 1989.
'3' MISSIONÁRIOS precisam de visto para continuarem pregando no Zimbábue. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 97, n. 46, p. 11, 17 a 23 nov. 1997.
grande. Nessa situação difícil foi que ali estiveram os nossos primeiros
missionários, Levy e Elizabeth Barbosa da Silva, e a jovem Eunice de
Brito, entre 1973 e 1975, quando foram obrigados a se retirar em virtu-
de da guerra civil. Mas de uma forma ou de outra houve a continuidade
da obra, mesmo em meio ao fervilhar das armas.
Antes de haver a categoria de missionários Fazedores de Tendas, Pas-
tor Eliezer Menezes de Oliveira atuou como tal, sendo o primeiro mis-
sionário Fazedor de Tendas dos batistas brasileiros no exterior, embora
não estivesse vinculado oficialmente à JMM. Ele foi para Angola em
janeiro de 1981 como técnico de construção civil, depois de conse-
guir o segundo lugar em um concurso com 42 candidatos. Embora não
fosse missionário da JMM, sua ida teve o apoio do Pastor Waldemiro
Tymchak. Ao chegar, houve a desconfiança de pessoas do Governo de
que se tratava de um falso técnico, pois souberam que ele era pastor
evangélico. Assim, depois de sua segunda viagem missionária, quando
foi a Lobito, Pastor Eliezer foi expulso do país, com o prazo de um mês
para se retirar. Entretanto, logo após o anúncio de sua punição, ele teve
a oportunidade de orientar pessoas do Governo sobre a produção de
gesso, que era um produto que eles importavam do Brasil, tendo com
isso a permissão para demorar por mais algum tempo. Assim passaram-
se mais três meses, voltando ao Brasil em setembro de 1981, por moti-
vo de enfermidade e com direito de retornar a Angola557.
Como aconteceu em Zimbábue em 1982, também por motivos po-
líticos, os trabalhos em Angola tinham sido temporariamente desconti-
nuados. Contudo, mediante alguns fatos que só podem acontecer com
a intervenção divina, houve nova abertura para a entrada de missio-
nários, pelo que em 1983 Sueny da Costa Pinto seguiu para a Angola
como missionária, reabrindo algumas atividades que tinham sido in-
terrompidas em virtude da complicada situação política reinante no
país desde 1974. O objetivo desse retorno oficial da JMM era preparar
obreiros jovens para a continuidade da obra no momento em que não
mais fosse possível o trabalho de estrangeiros no país. Em outubro de
1983, Francisco Antônio de Souza e Márcia Venturini de Souza foram
transferidos dos Açores para a Angola. Foram também para ali Talita
'" OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
de Souza Rodrigues, em 1984, e em 1988 o casal Waldecir Anacleto e
Adelioneide Feitosa de Brito Anacleto. Enquanto isso, a jovem Sueny
da Costa Pinto foi remanejada de Angola para Moçambique, também
em 1988.
Após 16 anos de guerra civil na Angola, ocorreu uma trégua com um
acordo de paz em 31 de maio de 1991. No momento de trégua em
1991, houve esperança quanto à liberdade para pregação do evange-
lho, embora a mensagem a ser anunciada fosse um verdadeiro desafio.
Na ocasião, o missionário Waldecir Anacleto558 escreveu: "Mesmo no
contexto de paz, a Igreja terá uma árdua missão de pregar a mensagem
da reconciliação e perdão, pois os corações estão feridos. Há muito
ódio, desconfiança e tribalismo, coisas que só o sangue de Jesus poderá
apagar". Logo mais, o mesmo obreiro prosseguiu: "Durante os longos
anos de guerra, o coração deste povo ficou profundamente ferido pela
dor do sofrimento. A Igreja trabalhou com muita dificuldade e limita-
ção. {...} Angola é um campo branco para a ceifa. Quem chegar pri-
meiro irá obter uma grande colheita"559.
Quando tudo parecia calmo no país, logo após as eleições em todo
o país, voltou a guerra civil, quando "a paz foi substituída pelo diálogo
das metralhadoras, canhões e morteiros. Que horror! [...] A luta em
Angola não era apenas humana e partidária. Era diabólica e infernal.
Só com a pronta intervenção de Deus haveria de cessar totalmente"56°.
Entretanto, lembrando a obra de Deus no coração humano e o que Ele
tem feito em meio aos vendavais na Angola, a missionária Rosângela
Ferro Dias"' escreveu a bela frase: "Aquilo que Deus fez no coração,
nenhuma bomba atômica, por mais potente que seja, destruirá". Para
se ter idéia da destruição em Angola, nosso missionário ali, João Tibúr-
cio562, informou que entre 30 de outubro de 1991 e 07 de março de
1993 houve 15 mil mortos, sendo 12 mil em Huambo, onde ele estava
"" ANACLETO, Waldecir. Angola em festa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 34, p.
12, 25 ago. 1991.
Id. Angola, um campo branco para a ceifa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 52, p.
10, 29 dez. 1991.
'6O ANGOLA urgente. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 1, p. 12, 03 jan. 1993.
'h' DIAS, Rosângela Ferro. Tratado de paz. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 18, p. 12,
02 maio 1993.
'62 TIBÜRCIO, João. A obra prossegue em Angola. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n.
28, p. 12 , 11 jul. 1993.
antes atuando, mas terminou por se retirar com sua família no mo-
mento certo, instalando-se em Lubango. Ele menciona a continuidade
do trabalho: "Batizamos 36 novos convertidos e contamos hoje 150
conversões".
Em 1991, Analzira Pereira do Nascimen-
to foi aceita como missionária da JMM em
Angola, onde já se encontrava desde 1985
como missionária independente. Ela havia
organizado o Seminário Teológico Batista de
Huambo, em 1986. Antes de trabalhar para
a JMM, Analzira, que também era enfermei-
ra, passou a ser conhecida como tal e como
brasileira. Trabalhou para um médico do Go-
verno, que era diretor nacional do Instituto
de Pesquisa e Investigação em Saúde, pelo
que a missionária afirma que era sustentada
pelo Governo comunista. É aí que ela fala
de seu novo conceito sobre missionário, in-
clusive aquele que pode no próprio campo
trabalhar em sua profissão563.
Fato notável ocorrido também em 1991
foi a vinda ao Brasil do Coral Central Evangé-
lico de Luanda (COCEVAL), composto de 50
homens membros da Igreja Evangélica Bap-
tista em Angola (IEBA). O coral cantava em
português, francês, inglês e vários dialetos africanos, particularmente ki-
kongo, que era a língua materna dos coristas564. A repercussão dessa ati-
vidade foi muito boa, principalmente sabendo-se que os componentes
do coro eram provenientes de um país abalado por conflitos internos.
Depois de muitos anos de guerra civil na Angola, com um saldo de
350 mil mortos, houve um acordo de paz. No mês de setembro de
"" KREGNESS, Curtis A. África: amor e dor — uma mulher responde a Castro Alves. São Paulo:
Vida Nova, 2005, p. 102.
'04 CANTANDO Missões através da cultura angolana. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n.
26, p. 12 e 8, 30 jun. 1991. Kikongo era a língua africana do antigo Reino do Congo. Na Angola
é falada no norte, nas províncias de Cabinda, Uíge e Zaire.
1992 houve eleições, cujos resultados foram considerados livres e jus-
tos pela própria Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto,
no mês de outubro a guerra retornou por três dias de forma brutal,
ceifando milhares de vidas. Essa situação de instabilidade prosseguiu
até o ano de 2002. Um missionário que estava ali na ocasião quando
retornou o quadro de guerra, relatou como suas crianças fugiam para se
esconder debaixo da cama; mas foram momentos quando a fé se forta-
leceu e os crentes puderam sentir a presença do Senhor565 . Conforme
Ezequias Santana566, nossa missionária Analzira Pereira do Nascimento
"foi chamada, em meio aos bombardeios, para fazer um parto, quando
até o pai da criança saiu correndo, deixando Analzira e a mãe com o
bebê que estava nascendo. Foram 55 dias de bombardeios, conhecidos
como 'holocausto".
Apesar da guerra, o missionário Enoch Quiavaúca menciona que hou-
ve em 1993, em Angola, 400 decisões ao lado de Cristo, 48 batismos
e 20 estavam se preparando para o batismo567. A missionária Analzira
esteve desaparecida por um bom período. Quando voltou para o seu
apartamento, "foi uma choradeira o encontro com a amiga alemã com
quem morava. A amiga tinha se escondido no porão do prédio, com
outros moradores, e achava que ela tinha morrido, porque viu muito
fogo na área da Igreja"5". Foi com muita insistência que a missionária
retornou ao Brasil para gozo de férias e tratamento de saúde. A chega-
da dos brasileiros que estavam em Angola foi registrada pela imprensa.
O Estado de São Paulo reporta que Analzira foi recebida com cânticos
religiosos e falou aos repórteres que mesmo com todos os problemas
ocorridos, ela pretendia voltar a Huambo, onde morou por oito anos.
Completou: "Minha vida foi construída naquela cidade"569. Logo que
foi possível voltou para a Angola, onde além do apoio às igrejas locais,
trabalhava arduamente na área teológica e social.
PESSANHA, Liliane. A guerra dos três dias. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, dez./jan.
1993.
'"h SANTANA, Ezequias. Angola: dias de holocausto. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, set./
out. 1993.
QUIAVAHCA, Enoch; QUIAVAÚCA, Márcia N. O momento da colheita em Angola. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 94, n. 6, p. 12, 06 fev. 1994.
368 KREGNESS, op. cit., p. 29.
'6 RYDLE, Carlos. Brasileiros voltam sem falar muito da guerra civil. Estado de São Paulo, São
Paulo, 01 Jul. 1993.
Em 1997, Waldemiro Tymchak57° analisa as dificuldades enfrentadas
pelos missionários em Angola:
Quem visita Angola jamais se esquece da dor, da pobreza, das doenças, dos
mutilados, da morte prematura e das injustiças sociais. [...] É no meio dessa
gente que os nossos missionários trabalham. Gente sofrida, para quem tudo é
impossível. Analzira Pereira do Nascimento, nossa missionária, é um milagre de
Deus. Está reformando uma antiga fábrica de sabão, bem no centro de Huam-
bo, para abrigar um seminário, salão de cultos e reuniões cívicas, além de salas
de aula para alfabetizar os egressos da guerra.
TYMCHAK, Waldemiro. Missões Mundiais na "Terra dos Impossíveis". Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 10, set./out. 1997.
"' GUERRA civil volta a afligir angolanos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, jan./fev. 1999.
ANGOLA: a guerra que ninguém vê. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, set./out. 1999.
"-' NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Boas idéias ajudam projetos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
Em 2002, a missionária Analzira, depois de um grande trabalho por
17 anos na Angola, quando tantas vezes enfrentou os terrores da guer-
ra, retornou para o Brasil. Conforme referido anteriormente, na sua tra-
jetória em Angola, ela chegou a desobedecer ordens da própria Junta
para que saísse depressa do país, mas preferiu permanecer, inclusive
em 1993, quando ficou debaixo de um bombardeio intenso durante
55 dias na cidade de Huambo. Um dos maiores marcos de seu traba-
lho foi o Seminário Teológico Batista de Huambo, onde "ela passava a
maior parte do seu tempo com os alunos, numa espécie de discipulado
intensivo, e só voltava para casa por volta das 22h574".
Em 2005, foi criado o Movimento de Plantação de Igrejas, com
um planejamento para organizar até 2017 um total de 1.340 igrejas.
Com o final da guerra civil em 2002, houve a possibilidade dos mis-
sionários se mobilizarem no país. A grande necessidade passou a ser
o preparo teológico dos angolanos, para que eles pudessem assumir
cargos de responsabilidade. Atualmente os missionários da JMM di-
rigem dois seminários, sendo um Uíge e outro em Huambo, além de
cooperar com um seminário móvel da Convenção Batista da Angola.
Com isso o preparo da liderança local tem alcançado altos níveis nos
últimos anos, chegando o número de líderes preparados a cerca de
sete mil575 .
MARTELETTO, Luiz Cláudio. Adeus, Angola. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, set./
out. 2002.
PARCERIA Angola-Brasil visa à capacitação de líderes. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
108, n. 12, p. 7, 23 mar. 2008.
considerada. Por outro lado, os valores pós-modernos contribuem para
que as pessoas se afastem cada vez mais dos valores cristãos.
França
Em 1979, continuava atuando na França o casal Paulo Roberto Sória
e Carmem Lúcia Bernardes Sória, levando a mensagem a portugueses e
franceses em Massy e Versailles. Ela inclusive mantinha um abençoado
trabalho com crianças, denominado Club D'Enfants Mercredi576.
Em dezembro de 1987, os Sória retornaram para o Brasil, deixando
suas atividades como missionários da JMM. Na França foram alçança-
das três cidades: Versailles, onde se organizou uma igreja; Le Mans, em
que houve uma distribuição massiva de folhetos, aproveitando a opor-
tunidade para contatar muitos crentes com vistas a uma nova frente
missionária; e Bordeaux, onde se iniciou um trabalho em língua portu-
guesa, que se transformou em uma igreja bilíngüe.
Baseado em sua experiência, mais tarde o missionário fez algumas
considerações sobre a obra missionária em países como a França, que
são válidas para outros países com situação semelhante. Quando no
campo, ele sentiu necessidade do estabelecimento de uma igreja em
língua nacional, "pois os filhos de imigrantes estão mais ligados ao lugar
onde estão, onde nasceram, do que aquele de onde vieram seus pais.
Mas o estabelecimento de igreja em língua francesa não impediu a
criação de atividades em português e espanhol"57. Assim, o trabalho foi
descontinuado até 2001. Em 2002, foram nomeados dois casais, Eliseu
e Dagmar Freitas, e Walter e Alzira Freire, para trabalhar com os povos
muçulmanos radicados na França, ficando ali por dois anos.
Espanha
O casal Carlos Alberto e Abegair Lopes Pires, que estava na Espa-
nha desde 1978, registra em 1979 a realização de importante trabalho
3- " RODRIGUES, Alcilene Teixeira. Espanha — capital do mundo por 29 dias. O Campo é o Mun-
Canadá
Conforme referido no capítulo anterior, a parceria com a Convenção
Batista de Ontário e Quebec e com igrejas no Canadá continuou no
período de Waldemiro Tymchak. Assim, na cidade de Toronto, o casal
João Carlos e Gláucia Vasconcelos Keidann, que se encontrava ali desde
o ano anterior, continuava colaborando com a Igreja Olivet. Em setem-
bro de 1979, chegaram no Canadá como novos missionários da JMM,
João Fernandes Garcia e Lucimar Calvelo Garcia, que se localizaram
em London, para trabalhar com portugueses e canadenses na Igreja
Batista da Rua Adelaide (Adelaide Street Baptist Church). London fica a
""' O Projeto está dividido em quatro partes: (1) Implantação de uma igreja em Huelva; (2) im-
plantação da visão de educação cristã e preparo de professores em Semillas; (3) treinamento
teológico através do Centro Batista de Educação Teológica (CEBET) na Província de Andalucia;
evangelismo (Talita Cumi) através da obra social nos países do norte da África e Leste Europeu,
principalmente Marrocos. Cf. AME a Espanha. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível
em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 21 out. 2008.
200 quilômetros de Toronto, na Província de Ontário. Nas décadas de
50, 60 e 70, milhares de portugueses, principalmente dos Açores, fo-
ram para o Canadá, fazendo desse país o seu Eldorado; e muitos deles
se estabeleceram em London. Ainda por ocasião da Páscoa de 1979,
antes da vinda dos missionários para a cidade, houve uma conferência
e foi iniciada uma importante parceria com a Igreja Batista Olivet, de
Toronto584. Logo o Departamento de Missões da Convenção Batista de
Ontário e Quebec fez pedido à JMM para a vinda de uma família mis-
sionária para atingir a comunidade portuguesa de London.
Uma nota interessante foi que os irmãos batistas naquela cidade já
haviam colocado o templo à venda, quando chegou o casal Garcia, mas
em 1980, como resultado do trabalho dos missionários, mudaram de
idéia. Naqueles primeiros anos de atividade, Pastor Garcia teve a pers-
picácia de pesquisar em catálogos os nomes de pessoas em língua por-
tuguesa, para visitar todos os portugueses da cidade, indo de casa em
casa. Em 1983, quando o grupo de fala inglesa continuava diminuindo,
voltou a idéia de vender o templo, o que logo mais aconteceu. Isso fez
com que os de fala portuguesa resolvessem buscar autonomia e adquirir
uma propriedade. Assim, depois de muita luta, o novo templo do grupo
português, chamado inicialmente Igreja Batista Portuguesa de London e
depois Igreja Batista Novos Horizontes, foi inaugurado em maio de 1984.
Ainda hoje, é o templo de melhores e maiores acomodações no Canadá
entre as igrejas de língua portuguesa585. O trabalho intenso realizado pelo
Pastor Garcia586 teve resultados positivos, conforme ele mesmo afirma:
"Eu me envolvia com tudo: com hospital, com polícia, com o governo na
ajuda aos imigrantes; fazia até traduções e interpretações".
Com as críticas sobre o trabalho missionário em um país rico, em
fevereiro de 1981, Waldemiro Tymchak587 explica a situação do campo
e dos missionários brasileiros no Canadá, que ainda hoje não é dife-
rente:
'4 SILVA, Alya Gonçalves da. Informações complementares sobre os batistas no Canadá: Igre-
ja Batista Portuguesa em London. Cambridge, Canadá: JMM, 2007, f. 1 e 2. Digitado.
Id. História do trabalho batista no Canadá, f. 28.
'"'' GARCIA, João Fernandes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Toronto — Canadá, 12 abr. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Porque estamos também no Canadá. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 81, n. 5, p. 2, 01 fev. 1981.
O missionário trabalha em português com os mais velhos e em inglês com os
filhos destes que não desejam saber da língua e cultura dos pais. Como acon-
tece na Europa, o evangelho envelheceu com o tempo. Muitas igrejas estão
diminuindo, outras estão sendo vendidas — é o caso do templo em que o Pastor
João Garcia se reúne com os seus. O templo estava à venda. Nesta situação, de
decadência e desânimo, nossos obreiros em dois anos de trabalho batizaram
cerca de 40 convertidos. Isso em termos canadenses é um milagre.
"" SILVA, Ubirajara Pereira da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Cambridge — Canadá, 12 abr. 2007.
'"" SILVA, Alya Gonçalves da. Olivet tem sido celeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 92,
n. 6, p. 12, 09 fev. 1992
estava a Igreja Batista da King Street, que começava um ministério com
pessoas de língua portuguesa. Mais tarde eles deram ênfase ao trabalho
com casais e família. Com o passar do tempo, os membros da Igreja,
tanto de língua inglesa como portuguesa, haviam diminuído muito em
virtude de se mudarem para outros locais. Assim o Pastor Strini assumiu
o pastorado dos dois grupos, passando os cultos a serem bilíngües. Em
2001, o casal foi desligado da JMM, mas continuou no pastorado da
Igreja, indo mais tarde para outra província.
Em maio de 1987, foi a vez de seguir para o campo missionário
canadense, Jackson Roberto Rondini e Noemi Francisco da Silva Ron-
dini, indo trabalhar com portugueses na Igreja Batista em Strathroy, nas
proximidades de London. O trabalho fora iniciado pelo pastor João
Fernandes Garcia. O casal Rondini permaneceu no trabalho até 2004,
quando deixou a Junta para voltar a trabalhar no Brasil.
A cidade de Oakville, vizinha de Toronto, tinha uma comunidade de
mais 1.500 famílias de portugueses. Assim foi que o casal João Garcia
e Lucimar, ao regressarem de um período de férias no Brasil, se dirigiu
em 1987 para aquele local, onde desenvolveu importante ministério
com portugueses. João Fernandes Garcia59° testemunha: "Éramos qua-
tro pessoas e assim começamos os cultos em português na Central Bap-
tist Church. Com a visitação na comunidade, distribuição de literatura,
estudos bíblicos em algumas casas e reuniões de oração, o ministério
foi crescendo". Assim o trabalho se desenvolveu e o ministério bilíngüe
na Igreja passou a atender às crianças em inglês, enquanto os pais cul-
tuavam e estudavam a Bíblia em sua língua materna.
Em 2003, sendo João e Lucimar Garcia os mais antigos missionários
brasileiros no Canadá, ele preparou e dirigiu as comemorações dos 25
anos dos batistas de língua portuguesa no país. A celebração ocorreu no
dia 18 de abril daquele ano. Houve o desfile das bandeiras cio Brasil,
Portugal, Açores, Ilha da Madeira e Angola, levadas por seus legítimos
representantes. O orador oficial foi o então presidente da JMM, Mar-
cílio Gomes Teixeira591 . O casal Garcia, depois de excelente trabalho
no campo missionário por 29 anos, solicitou em 2007 aposentadoria,
"' GARCIA, João Fernandes. Apud SILVA, Alya Gonçalves da. Informações complementares
sobre os batistas no Canadá, f. 17.
"' SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 37-39.
que se concretizou no ano seguinte. O ca-
sal, por questões familiares, resolveu conti-
nuar no Canadá, mas não pensa em parar,
ficando "à disposição para trabalhar volun-
tariamente na mobilização missionária no
Brasil, atuando em treinamentos de voca-
cionados, em congressos missionários e em
despertamento das igrejas da CBB"592.
A cidade de Cambridge, a 100 quilôme-
tros de Toronto, tem 77.000 habitantes,
dos quais 16.000 são imigrantes do con-
tinente português ou dos Açores. Um tra-
balho foi iniciado com portugueses e uma
igreja organizada, sendo reconhecida pela
Convenção Batista de Ontário e Quebec (Baptist Convention of Ontá-
rio e Quebec — BCOQ) em abril de 1985, com o nome de Igreja Ba-
tista Boas Novas. Em um momento difícil da Igreja, em dezembro de
1999, Ubirajara Pereira da Silva assumiu o pastorado. A Igreja conse-
guiu, com a ajuda divina, vencer vários de seus problemas e os obrei-
ros têm prosseguido na obra, ministrando aos seus membros em língua
portuguesa para os mais velhos e inglesa para os mais jovens. Como
quase todas as igrejas de língua portuguesa, há muitos irmãos idosos
que recebem assistência espiritual até a sua partida para a eternidade,
mas os jovens preferem usar a língua inglesa. Assim, há uma tendência
de diminuir o número de membros, pois o movimento imigratório de
portugueses não tem sido renovado nos últimos anos, e os imigrantes
mais novos preferem ir para as grandes cidades. Além disso, há uma
reação muito forte dos portugueses contra a mensagem do evangelho,
preferindo eles manter a tradição religiosa de seus pais593. Difícil traba-
lho, exigindo dos missionários muita criatividade para alcançar novos
convertidos.
Com os missionários e outros obreiros no Canadá, foram organizadas
novas igrejas em Montreal, Cambridge, Eastview, Kingston, e mais tarde
CANADÁ: fim de um ciclo, não de uma história. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
5, n. 21, p. 10, mar./abr. 2008.
`" SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 48 e 49.
Brampton e Bradford. Os pastores das igrejas portuguesas tinham as
suas reuniões de confraternização, até que, em um retiro dirigido pelo
Pastor Ubirajara Pereira da Silva em 1998, foi discutido sobre a viabi-
lidade de organizar uma associação. Assim é que logo mais foi organi-
zada a Associação das Igrejas e Ministérios em Língua Portuguesa do
Canadá594. Isso veio ao encontro dos anseios da Convenção de Ontário
e Quebec (BCOQ), que tem incentivado a organização de associações
por grupos culturais.
Os questionamentos sobre o trabalho no Canadá continuaram e con-
tinuam. Em 1999, o Jornal de Missões apresenta artigo que menciona
os missionários que ali atuam, destacando o casal Ubirajara Pereira da
Silva e Alya Gonçalves da Silva, na Igreja em Olivet, Toronto, onde an-
tes trabalhou João Carlos Keidann. Diz o texto:
A congregação é formada por portugueses, canadenses e vietnamitas. Quando
olhamos para o Canadá, vislumbramos grandes desafios. Sua carência espiritual
é tremenda. Este é o principal motivo pelo qual os batistas brasileiros, há 20
anos, mantêm obreiros nesse país através da Junta de Missões Mundiais. Cana-
dá é um país tão rico, mas tão pobre de Deus"".
'" Ibid., f. 8.
MISSIONÁRIOS lutam contra a frieza espiritual e a idolatria. Jornal de Missões, Rio de Janei-
ro, p. 7, jan./fev. 1999.
''' SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá, f. 62 e 63.
Em 2007, um membro da Junta de Missões Mundiais menciona o
trabalho no Canadá, lembrando a dificuldade e o sacrifício dos missio-
nários ali para ganhar uma alma para Cristo. Diz ele:
Em um campo árido como o Canadá, que foi ceifado pelo liberalismo teológico,
ser cristão é viver entre a tensão das tradições dos pais e as propostas modernas
de seitas contemporâneas, ou ainda fugir de um ceticismo oco e sem sentido.
Num cenário com esse desenho — onde levar uma única alma aos pés de Jesus
pode ser trabalho de décadas; onde tomar uma decisão genuína ao lado de
Cristo pode representar o rompimento com os amigos de infância ou compro-
meter o afeto dos parentes — é o que vive os nossos missionários Pastor João e
Lucimar Garcia e Pastor Ubirajara e Alya da Silvas'".
MORAES, Márcio Alexandre. Quanto vale uma vida? Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
4, n. 14, 8, p. 7, jan./fev. 2007.
Equador
A República do Equador é um dos menores
países da América do Sul e, com o Chile, um
dos dois que não têm fronteiras com o Brasil.
No século XV, seu território foi conquistado pe-
los incas, e estes derrotados pelos espanhóis em
1534. A população indígena foi praticamente
dizimada por doenças das quais não era imu-
ne. Tornou-se independente em 1822, unindo-
se à Colômbia e Venezuela na Grã-Colômbia,
da qual se separou em 1830. O principal fator
de sua economia está nas reservas de petróleo,
que respondem por um terço das receitas do
Governo598.
Em outubro de 1981, Levy José Penido e Léa
de Souza Penido seguiu para o Equador como
missionários pioneiros. Ali já havia quase 4.000
batistas, sendo este o primeiro país da América
do Sul a receber os batistas brasileiros no perío-
do de Waldemiro Tymchak. Em 1985, houve o
remanejamento de alguns missionários para ou-
tros países, inclusive José Sélio de Andrade e Elizabeth Mota de Andra-
de, que saíram da Bolívia para o Equador. Levy e Léa Penido deixaram
em março de 1987 a Junta para pastorear a Primeira Igreja Batista de
Língua Portuguesa em Nova York. Em 1988, foram para o Equador os
missionários Heinrich Friesen e Olga Schmidtke Friesen, que iniciaram
suas atividades na cidade de Guayaquil, com estudos bíblicos e através
de um recenseamento, além de ensinarem no Seminário local599. Em
1992 eles foram de lá transferidos para a Romênia.
Dentre algumas experiências missionárias ocorridas em 1995, destaca-
se a viagem do missionário Josias Cardoso Machado, que se encontrava
Peru
Foi no território da República do Peru que se abrigou o maior esta-
do da América pré-colombiana, conhecido como o Império Inca. No
século XVI, o Peru foi elevado a vice-reinado pelo Império Espanhol.
A sua população é uma mistura de vários povos, incluindo ameríndios,
europeus, africanos e asiáticos. A economia é baseada na extração de
minérios, principalmente prata, cobre, zinco e estanho. A mistura de
tradições tem seu reflexo nas várias áreas culturais, inclusive nas práti-
cas religiosas601.
Sobre o trabalho batista no Peru, cumpre dizer que há evangélicos
naquele país desde o século XIX. Antes de chegarem ali os batistas bra-
sileiros, já estavam os do Sul dos Estados Unidos, desde 1948, com o
missionário David Oats, que iniciou em Lima suas atividades, organi-
zando em 1950 a primeira igreja batista com o nome de Igreja Batista
Ebenezer de Miraflores602.
Carlos Roberto de Oliveira e sua esposa Mônica Malfetana Bonfim
de Oliveira foram os primeiros missionários batistas brasileiros no Peru,
tendo seguido para aquele país em julho de 1982, para onde se trans-
feriu, também no mesmo ano, Lucy Gonçalves Guimarães, que estava
nos Açores. Na ocasião havia 53 igrejas e 5.314 membros de igrejas
no Peru. O casal Oliveira era especialista na área de saúde, sendo ele,
além de pastor, enfermeiro, e ela, dentista. A missionária Mônica603
deu um convincente testemunho do seu chamado para o trabalho mis-
(001 MACHADO, Josias Cardoso. Avança trabalho autóctone no Equador. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 96, n. 8, p. 6, 03 mar. 1996.
''"' PERU. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso
em 17 set. 2008.
02 PERU: batistas peruanos avançam na evangelização. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 1, n. 3, p. 3, out./dez. 1966.
i."' OLIVEIRA, Mônica Malfetana Bonfim de. Por que missões? O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 19, n. 62, p. 14 e 15, dez. 1984.
sionário, em que se pode perceber a sua convicção e como o Senhor
honra aos que dele dependem:
Tinha meu consultório, um emprego fixo no sindicato dos empregados do co-
mércio no Rio, carro, jóias, duas secretárias, convite para seguir lecionando na
faculdade, dois cursos de especialização, tese defendida e publicada, muitos
pretendentes, condição de viajar para o exterior quando eu quisesse, enfim,
tudo que pode querer uma jovem de 24 anos. Faltava, porém, uma coisa. Deus
queria mais do que dinheiro ou bens materiais. Ele queria minha vida. Deixei
tudo: emprego, consultório, família, posição, tudo. Hoje tenho um lindo lar
com tudo o que desejo: esposo maravilhoso, três lindos filhos, um trabalho
apaixonante. Faço o que mais gosto de fazer. Estou plenamente realizada em
minha vida profissional.
`'"' OLIVEIRA, Carlos Roberto de. As alegrias e dificuldades de um trabalho diferente. O Campo
é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 19, n. 62, p. 11, dez. 1984.
""3 SOUZA, Jane Esther Monteiro de. Eis-me aqui no Peru. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
85, n. 1, p. 8, 06 jan. 1985.
6°`' OLIVEIRA, Carlos Roberto de. Um Deus de impossíveis. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 18, n. 59, p. 28, dez. 1983.
com a miséria e a necessidade do povo. Eles permaneceram ali até
1991, quando após 28 anos como missionários da JMM, tendo atuado
na Bolívia, Paraguai, Uruguai e Peru, deixaram o trabalho da Junta para
se aposentar. Ele foi o primeiro missionário da JMM a se aposentar no
limite de idade delimitado pela Junta". Como tem acontecido com
outros obreiros que se aposentaram, Pastor Agnelo continuou bastante
ativo no Brasil, falando em muitas igrejas nas campanhas de Missões
Mundiais e testemunhando do evangelho na cidade onde passou a re-
sidir. Conforme Ruth Barbosa, ele não ficava um só dia sem pregar o
evangelho. Seu amor por Jesus o constrangeu a agir assim até o dia do
seu encontro na eternidade com o Senhor de Missões".
Colômbia
A República da Colômbia é o segundo país mais populoso da Amé-
rica do Sul, com 47 milhões de habitantes, e é considerado o terceiro
mais rico. Sua economia é a terceira maior do continente sul-america-
no, sendo seus principais produtos de exportação o café e o petróleo.
Sua cultura resulta da mestiçagem dos povos nativos com a influência
colonizadora espanhola. A maior parte da população é constituída
de eurameríndios, europeus ibéricos e eurafricanos. Por outro lado, a
Colômbia é o maior produtor de coca e derivados do mundo e tem
um dos conflitos de guerrilhas mais duradouros do hemisfério ociden-
tal. Grande parte da ação dos guerrilheiros é financiada pelo narco-
tráfico. O país é conhecido como um dos mais violentos do planeta,
tanto que em 2001 foi denominado como a capital dos seqüestros.
Somente 0,5% dos crimes são punidos. O povo é religioso, havendo
supostamente apenas 2% de ateus. A grande maioria é católica, mas
o número de protestantes tem crescido nos últimos anos. Desde 1991
há oficialmente liberdade religiosa, mas as perseguições ainda são
muitas, tanto da parte da Igreja da maioria como dos representantes
do crime. Estatísticas indicam 400 igrejas fechadas e 150 pastores as-
"- VIDAS a serviço de Deus. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 9, p. 12, 03 mar.
1991.
`'"" BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Itapira, Se 29 out. 2007.
sassinados pelos guerrilheiros desde 1998. "Aqueles que se convertem
ao protestantismo são considerados traidores, e alguns assassinados.
Missionários são ameaçados, seqüestrados, e às vezes mortos. Muitos
cristãos têm sido martirizados por assumirem posições contrárias ao
cri me"6".
Em 1983, foi para a Colômbia Idelfonso Alexandrino dos Santos e Mi-
riam Thompson Moraes dos Santos, que, conforme dito anteriormente,
atuaram de início por quatro meses na Venezuela em um pequeno es-
tágio de aprendizado sobre a cultura hispânica com o pastor José Calix-
to Patrício, o que lhes foi muito útil. Na Colômbia, foram inicialmente
para Bogotá, onde realizaram estudos bíblicos em sua própria casa, mas
o trabalho cresceu bastante até 1993. Em outubro desse ano, Pastor
Idelfonso foi vítima de ataque cardíaco na Colômbia, vindo a falecer.
Waldemiro Tymchal<61° escreveu sobre ele, dizendo ser um exemplo de
missionário no campo: "Pastor Idelfonso foi à Colômbia porque Deus
o chamou e permaneceu lá até o dia em que Deus o levou para si. Ele
e a esposa tiveram alegrias no campo missionário, porém passaram por
muitas lutas. É verdade que nunca lhes faltou o essencial, mas tiveram
muitos limites".
Em 1984, foram do Uruguai para a Colômbia os novos missionários
Alceir Inácio Ferreira e sua esposa, Cenilza Andrade Ferreira, que reali-
zaram um grande trabalho até 2005, quando foram remanejados para
a África. Outros obreiros trabalharam ali e hoje ainda estão atuando,
como efetivos, um casal e três missionárias solteiras, além de uma mis-
sionária associada e outra temporária-ministerial.
Chile (retorno)
A partir das últimas décadas do século XX, o crescimento dos
evangélicos no Chile tem sido algo extraordinário, a ponto deles
representarem hoje cerca de 20% da população. É verdade que esse
crescimento deve-se aos pentecostais, mas o fato em si demonstra o
IGREJA perseguida na Colômbia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:i
www.portasabertas.org.br >. Acesso em 17 set. 2008.
`"" TYMCHAK, Waldemiro. O missionário que partiu para o céu. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, p. 6, jan./fev. 1994.
quanto a propagação do evangelho tem sido aceita, inclusive através
de outros grupos denominacionais.
No final de 1985, foram nomeados para o Chile William Wo-
jcicki e Sônia Regina da Silva Wojcicki, para iniciarem suas ati-
vidades em 1986, mas por motivo de desastre em ônibus, não
chegaram a partir para o campo. Essa ocorrência levou a JMM a
solicitar ao Pastor Carlos Alberto Pires e Abegair Lopes Pires, que
atuavam na Espanha, que fossem substituir o casal Wojcicki. Final-
mente, houve o feliz retorno às origens do trabalho missionário de
nossa Junta, quando a família Pires, embora reagindo inicialmente
quanto à mudança, foi remanejada da Espanha para o Chile em
fevereiro de 1986, ficando ali por 10 anos, quando voltou para a
Espanha. Carlos Alberto611 mais tarde co-
menta: "Fui para o Chile, passei 10 anos e
foi uma bênção. Apaixonei-me pelo Chi-
le e já estava tão bem que pensava em
terminar a minha carreira missionária por
lá mesmo, voltando para o Brasil somente
para me aposentar". Entretanto, a vonta-
de suprema não é do missionário, mas de
Deus, que determinou o seu retorno para
a Espanha por mais alguns anos.
Antes da ida de Carlos Alberto e Abegair
para o Chile, ainda em 1985, foi nomeada
a jovem Narriman Soares Guimarães. Entre-
tanto, de início ela foi para a Argentina, es-
perando que no Chile chegasse um casal de
missionários brasileiros. Sua transferência
aconteceu em outubro do ano seguinte. O
Narriman Soares
seu chamado foi algo bem definido, quan- Guimarães, vida
do Deus colocou na sua mente o Chile. dedicada à obra
missionária no Chile
Em 1987, Narriman612 escreveu sobre sua
6 " PIRES, Carlos Alberto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2007.
"2 NUNEZ, Narriman Soares Guimarães. Apud PIRES, Carlos Alberto. Mais além dos Andes. O
Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 87, n. 32, p. 12, 116 ago. 1987.
experiência ao se dirigir para aquele país, ao qual tanto se adaptou:
"Quando cruzei a Cordilheira dos Andes, rumo ao Chile, senti as
respostas de Deus às minhas orações, pois agora estava chegando ao
país para o qual Deus havia me chamado. E ali nos picos brancos da
imponente cordilheira eu dizia ao meu Senhor: Muito obrigada".
A missionária Narriman se fixou inicialmente na cidade de Cupia-
có, realizando um extraordinário trabalho, e depois em Arica. Em
abril de 2002, casou-se com o obreiro da terra, Juan Carlos Nunez
Romero, e os dois continuam trabalhando como missionários da
JMM sediados em Arica, no Norte do Chile. Na região há vários
casais de missionários da terra, que se doam ao trabalho, o qual
é realizado com muito amor. Em 2005, o informativo A Colheita
menciona o Projeto Tarapacá para Cristo realizado pelo casal, que,
percebendo que a região dos Andes tem vários povos indígenas não
alcançados, se dispôs a preparar um programa evangelístico para
alcançar essas etnias no Deserto de Atacama. O Projeto já abriu cin-
co frentes missionárias entre o povo Aymará, sendo três na cidade
de Arica e dois em (quique. Ele é aproveitado também para tentar
minorar as necessidades daqueles povos mediante um trabalho so-
cial613. A JMM foi pioneira nesse trabalho com os Aymará. O casal
Nunez relata muitas bênçãos recebidas entre 05 de julho e 02 de
setembro de 2008, quando recebeu várias equipes do Brasil, que
deram importante apoio ao trabalho na região, tanto na área da
evangelização como na social614.
Em 1987, foi também para o Chile a jovem Marta Ramos do
Nascimento e, em abril do mesmo ano, Silas Luiz Gomes e Aldair
Ribeiro Gomes foram transferidos da Bolívia para Antofagasta, Chi-
le, na entrada do deserto do Atacama. Logo ao chegar, Pastor Silas
apresentou um projeto à associação regional para missões urbanas,
pois a cidade de Antofagasta era muito grande, e após 50 anos de
trabalho só havia 5 igrejas para uma população de 250 mil habitan-
tes. A obra se expandiu e novas igrejas foram organizadas. Contudo,
a atividade do casal ia muito além, pois a vasta região norte tinha
GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
Id. Deus e o Diabo em Antofagasta. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 25, n. 78, p.
10, jan. 1990.
`17 CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
dia para orar e ajudar pessoas que o procuram para se livrarem da
opressão do inimigo"618.
Em 2000, Armando de Oliveira Neto e Catarina Jacobsen de Oliveira
foram trabalhar no Seminário em Santiago do Chile, na área de música
e evangelismo, onde têm realizado um importante trabalho reconhe-
cido pela liderança dos batistas chilenos. Ele é formado em Teologia e
Música Sacra pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Foi ali que
em 1982 sentiu o chamado para missões. Trabalhou como seminarista
no interior de São Paulo. Em 1986, um ano depois de formado, foi
para o Rio de Janeiro. Lá atuou na Primeira Igreja Batista de São João
do Meriti, onde se casou, indo depois para a Primeira de Moça Bonita.
Quando estava nessa última, ele e a esposa se apresentaram à Junta
ainda em 1996, mas somente em 2000 o casal seguiu para o campo.
Chegaram a considerar que o local de trabalho seria a África, Portugal
ou Espanha, mas finalmente, em um processo natural, Deus os orientou
para o Chile. Antes disso, Catarina recebeu o chamado de Deus para
missões em 1978. Por algum tempo, antes de se casar, foi missionária
da Junta de Missões Nacionais, obtendo profunda experiência na área
de missões. Ela se refere à sua visão missionária com muita alegria: "Te-
nho vivido as duas experiências: Missões Nacionais, dentro do contexto
brasileiro que me fez sentir em casa, e Missões Mundiais, em um mun-
do diferente, mas com um apoio fora do comum tanto da Junta como
dos batistas brasileiros"619.
Vários foram os líderes que entrevistamos no Chile em nossa viagem
missionária no ano de 2007. Ouvimos muitas palavras de agradecimen-
to e entusiasmo pelo trabalho do casal Oliveira em Santiago. Ele tem
servido tanto em atividades da Convenção Batista Chilena, ampliando
o trabalho missionário da terra, como na área de educação ministerial.
O Reitor do Seminário Batista Chileno, Oscar Pereira Garcia, apresen-
tou um belo testemunho, lembrando a ajuda dos batistas brasileiros
desde 1908. Ele demonstra profunda gratidão pelo apoio na área de
educação, lembrando o trabalho de Carlos Alberto Pires e, desde o
618 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75?- assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 406.
619 OLIVEIRA NETO, Armando de; OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida
a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
ano 2000, do casal Armando de Oliveira Neto e Catarina Jacobsen de
Oliveira. Oscar Garcia62° conclui: "
O Seminário Batista Chileno tem uma dívida sentimental e moral de muita gra-
tidão aos batistas do Brasil, porque até hoje continuam nos ajudando na área
teológica e de evangelização, pois estes jovens missionários são mais evangelis-
tas e plantadores de igrejas do que teólogos ou docentes de escritório.
"2" GARCIA, Oscar Pereira. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
de outras agências interdenominacionais e terminou por se tornar mis-
sionário da JMM em 2005, dando sempre ênfase a missões transcultu-
rais. O amor por missões tem levado o casal a trabalhar em um espaço
bastante peculiar, não por acumular alto índice de pobreza, pois é um
dos locais mais ricos da região, conforme explica nosso missionário:
As dificuldades ali não são econômicas, porque a situação financeira é boa. O
salário é bem mais elevado do que a média do Chile e cada pessoa tem dois
carros e casa. O problema é mais social. Muitas pessoas saíram do Sul, sendo
grãnde parte delas indígenas que vieram para trabalhar na mina. Lá no Sul o nível
social é baixo e aqui, alto. Muitos nem sabem o que fazer com tanto dinheiro.
Mas essa nova condição os leva aos vícios, incluindo droga, álcool e outros mais.
A estratégia que usamos não é a de impactos evangelísticos nas ruas, mas fazer
amizades, sentar com eles, tomar um café juntos, conversar às vezes até tarde da
noite. Assim conseguimos nos aproximar. Em outros lugares, temos trabalhado
com escolinhas de futebol para assim ganhar a confiança da comunidade'.
Guiana
A chamada República Cooperativa da Guiana foi colonizada inicial-
mente por holandeses, no século XVII, passando a ser colônia britânica
em 1831, quando se tornou o único país de colonização britânica na
América do Sul. Só chegou a ser república em 1970. Pouco mais da
metade da população é de cristãos. Dentre eles, 31% são protestantes
e 11% católicos romanos. Tendo em vista que a maior parte dos ha-
bitantes é de descendência indiana, 33% dos guianenses são hinduís-
tas622. Os muçulmanos constituem 10% da população. Em 2002 havia
10 igrejas no país, com mais de mil batistas.
Em agosto de 1989, foi nomeado como missionário para trabalhar
na Guiana por um período inicial de quatro anos, mediante convênio
com a Sociedade Missionária Batista Britânica, João Luís da Silva Manga
e Célia Miranda Borges Manga. Deve-se dizer que entre 1983 e 1984,
João Luís Manga, ainda seminarista, havia participado de uma equipe
de missionários temporários na Bolívia. Atuou em Trinidad, Guayarami-
LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo. Entrevista con-
cedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun.
2007.
`'" GUIANA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 19 jul. 2008.
rim e Cobija, obtendo importante experiência para as atividades que
iria assumir depois em outros campos.
Os missionários Manga, que na ocasião foram os únicos a obterem
permissão para abrir uma congregação batista no país, seguiram para o
campo em outubro de 1990, localizando-se em Linden, que era uma
cidade mineradora de bauxita. O casal terminou por permanecer oito
anos no país. No primeiro período de trabalho dos missionários, até
1994, a pequena igreja em Linden aumentou de 25 para 125 mem-
bros. Entre 1992 e 1994, a equipe na Guiana foi reforçada com o casal
Elierte e Maria Pereira, que realizou belo trabalho com o Ministério do
Silêncio, quando deficientes auditivos foram alcançados para Cristo.
No segundo período de atividade da família Manga, houve o fortaleci-
mento de uma congregação, que se tornou igreja após quatro anos, e
o trabalho de formação de líderes. Em 1998, os missionários Manga, já
com maior experiência, foram remanejados para El Salvador.
América do Norte
Os Estados Unidos da América é a maior potência econômica e mi-
litar do planeta. Sua posição privilegiada é reconhecida no mundo in-
teiro, exercendo influência política, econômica, científica, tecnológica,
militar e cultural no hemisfério ocidental. Mesmo com as limitações im-
postas para a entrada de estrangeiros, há um índice elevado de pessoas
que vão de outros países, sendo a maioria com entrada ilegal. Dentre
esses se destacam os hispânicos, que hoje compreendem 13,4% da
população, com 64% desse percentual do México, formando a maior
minoria étnico-racial nos Estados Unidos. A imigração de portugueses
e seus descendentes tem também importância, pois a população luso-
americana chega a um milhão e 300 mil, com maior concentração na
Califórnia, onde estão as cidades de Los Angeles e São Francisco, e
Massachussets, onde se localiza a cidade de Boston. Ao contrário do
que aconteceu nas décadas de 70 e 80, a imigração legal e ilegal de
portugueses não tem hoje grande significado. O número de católicos
nos Estados Unidos tem crescido com a imigração de latinos, chegando
a 21%, contra 57,9% de pessoas consideradas protestantes623.
Em junho de 1981, em convê-
nio com a North American Baptist
General Conference (Conferência
Geral Batista Norte-Americana),
foram para os Estados Unidos os
missionários Humberto Viegas
Fernandes e Marilena Andreo-
ni Fernandes, para participar no
que foi considerado "Missões em
retribuição"624. Eles foram traba-
lhar com os portugueses em Nova
Jersey, nomeados e orientados
Humberto Viegas Fernandes e
Marilena Andreoni. Femandes, pela JMM, mas com salário, mo-
missio~ donveniados•nos radia e carro cedido pelos norte-
americanos. No final do ano an-
terior, em entrevista concedida à
redação da revista O Campo é o Mundo, o vice-presidente da Junta
de Richmond625, Bill O'Brien, declarou que eles receberiam de braços
abertos missionários brasileiros nos Estados Unidos, lembrando que o
empreendimento missionário é de dimensão globa1626.
Em 1983, houve a decisão de não mais ter missionários nos Estados
Unidos, pelo que Humberto e Marilena Fernandes deixaram de ser
missionários da JMM. A Junta lamentou não ter sido possível efetivar
IMIGRAÇÃO portuguesa nos Estados Unidos da América. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre.
Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso em 18 set. 2008.
624 NOSSOS novos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 6, abr.
1981.
624 Na ocasião o nome da Junta era Foreign Mission Board (Junta de Missões Estrangeiras), que
passou a ser hoje International Mission Board (Junta de Missões Internacionais).
ENTREVISTA com a redação de Bill O'Brien. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 15,
n. 49, p. 30, dez. 1980.
um convênio com a Junta de Missões Nacionais dos Batistas do Sul
nos Estados Unidos, mas se colocou à disposição para selecionar can-
didatos a fim de trabalhar com pessoas de língua portuguesa através
daquela entidade. Por outro lado, foram mantidos os convênios com a
Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Canadense e com
a Igreja Batista de Germinston, na África do Sul627. O casal Fernandes
decidiu continuar à frente da Igreja de portugueses e brasileiros recém-
organizada por ele em Nova York.
Todavia, em 1994, os batistas brasileiros voltaram a trabalhar através
de convênio nos Estados Unidos, quando José Calixto e Suely Mieko
Patrício foram remanejados da Venezuela para a região de São Francis-
co, Califórnia, onde há um grande número de residentes de fala portu-
guesa. Em 1996, eles foram mais uma vez remanejados, dessa vez para
Costa Rica.
Uma observação é que nem sempre as transferências de missionários
ocorriam com naturalidade, pois às vezes havia problemas pessoais ou
familiares. No caso da família Patrício, o maior obstáculo ocorreu com a
reação de um dos filhos, que já se encontrava adaptado à vida america-
na e engajado na escola em atividades esportivas. Com a ida da família
para Costa Rica, na sua contrariedade, aquele rapaz se envolveu com
drogas. Mas o Senhor, na sua misericórdia, terminou por transformar
aquele problema em bênção, pois depois de muito sofrimento e oração
da parte dos pais, o filho pródigo voltou para casa e hoje é missionário
entre drogados na Espanha. Em 2002, quando o filho estava em trata-
mento, o casal Patrício, solicitou desligamento da JMM e retornou aos
Estados Unidos, para trabalhar com latinos em uma igreja na Califór-
nia, na qual ainda hoje se encontra realizando um excelente trabalho.
Deve-se ressaltar uma palavra especial do pastor José Calixto Patrício628
com referência à família, que deve ser levada em consideração por
aqueles que servem ao Senhor:
Todo o período em que servi como missionário da JMM, foram anos de muita
luta para abrir espaços, quando me entreguei de corpo e alma ao trabalho. Com
Áustria
A Áustria é um país montanhoso localizado na Europa Central, em
posição limítrofe com o Leste Europeu. Algumas das personalidades
mais famosas na área da música eram austríacas, tais como Wolfgang
Amadeus Mozart, Johann Strauss e outros. Também nasceram na Áus-
tria o grande nome da psicanálise, Sigmund Freud, e o famoso estadista
e chanceler da Alemanha, Adolf Hitler. Hoje a Áustria é uma república
parlamentarista.
Em 1989, a Áustria se tornou a base de trabalho do casal Paulo Mo-
reira Filho e Virgínia Bonfim Moreira, que foi nomeado pela JMM em
convênio com a Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo. O objetivo
era de lá alcançar países do Leste Europeu, principalmente a Romê-
""' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 8CP assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1999, p. 427.
nia6 ", conforme adiante será relatado, mas não se pode esquecer que
oficialmente eram missionários na Áustria. Esse tipo de parceria com
igrejas, como aconteceu com a Igreja do Morumbi, foi muito importan-
te para o trabalho da JMM. Aquela agência do reino de Deus mandou
vários missionários inteiramente por conta própria e outros com apoio
da Junta e, no caso, exerceu excelente contribuição para a tentativa
inicial de alcançar o Leste Europeu. Ela também teve missionários entre
os muçulmanos, como o Pastor Marcos Amado, que será mencionado
em tópico posterior.
Itália
A Itália, com sua história milenar, tem como capital Roma, de onde
surgiu o Império Romano, que por séculos dominou o mundo. Roma
tem sido uma cidade global historicamente importante, sobretudo
como centro do Império e núcleo da Igreja Católica Romana. Na Idade
Média foram na Itália instalados os Estados Pontifícios ou Estados Pa-
pais, que exerceram grande influência na história do mundo ocidental.
Eles continuaram sua existência até a unificação da Itália em 1870,
sendo reconstituídos em 1929 por Benito Mussolini como Vaticano,
no coração de Roma. Hoje o Vaticano é um estado independente en-
cravado dentro do território italiano, de onde o papa governa a Igreja
Católica Romana. A Itália é o berço do Renascimento. Alguns dos mais
importantes personagens da intelectualidade do mundo medieval e
moderno foram italianos, tais como Dante Alighieri, Boccacio, Petrarca,
Maquiavel, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Galileu, Palestrina, Rossi-
ni, Paganini e Vivaldi. Hoje a Itália é considerada um país desenvolvido,
alcançando o décimo PIB mais elevado em 2007637 .
Como primeiros missionários brasileiros na Itália, seguiu em agosto
de 1991 para este país o casal Luiz Carlos dos Santos e Marisa Costa
dos Santos, para trabalhar em convênio com a Europe for Christ (Eu-
ropa para Cristo). O convênio durou dois anos. Logo ao chegar, Luiz
"3" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres - 70a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 380.
"" ITÁLIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Aces-
so em 18 set. 2008.
Carlos632 escreveu de Roma, apresentando os desafios de um campo
minado, onde a indiferença religiosa é o maior obstáculo:
O aspecto cosmopolita está presente em todos os quadrantes da cidade. [...] Se
religião fosse resposta para o problema do homem, esta cidade deveria chamar-
se Paraíso. Mas a realidade diante de nossos olhos está mais para Babilônia por
causa das drogas, prostituição, homossexualismo, idolatria e um sem número
de religiões falsas que disputam a alma e o coração do povo nas ruas. Cremos
que o maior obstáculo a ser vencido é a indiferença do povo. Eles não nos
atiram pedras, não nos perseguem, não dizem calúnias a nosso respeito; sim-
plesmente agem como se não existíssemos.
"32 SANTOS, Luiz Carlos dos. A deprimente Roma. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, n. 83,
p. 8, jan. 1992.
"" NICODEMO, Fabiano. Pequena no tamanho, grande nos desafios. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 6, mar./abr. 2002.
no país em um verdadeiro avivamento espiritual. Quando o povo de
Deus ora, as portas se abrem. Louvado seja o seu nome para sempre!
Costa Rica
Foi remanejado do Peru para Costa Rica, em maio de 1991, o casal
Carlos Roberto de Oliveira e Mônica Malfetana Bonfim de Oliveira,
passando a atuar neste país até 1996, quando foram remanejados, des-
sa vez para o México, país que tinha sido parceiro do Brasil e da Argen-
tina no trabalho missionário realizado no Chile no início do século XX.
Os missionários, ela médica e ele enfermeiro, procuraram atender às
necessidades físicas enquanto transmitiam valores espirituais. Em 1996,
foi a vez de José Calixto e Suely Mieko Patrício irem para Costa Rica,
remanejados dos Estados Unidos, conforme referido antes.
Costa Rica foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1502, mas só
foi conquistada pelos espanhóis em 1530. Obteve independência em
1821. As principais fontes de economia hoje são turismo, agricultura e
produtos eletrônicos. Em 1997, Pastor Carlos Roberto de Oliveira"34 co-
654 MÉXICO: grande em desafios e oportunidades. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11, jul./
ago. 1997.
mentou sobre o país: "Há tanta pobreza e marginalidade, especialmen-
te entre os povos indígenas, que um ministério como o nosso encontra
infinitas oportunidades".
Panamá
O Panamá se tornou país mediante interesse dos Estados Unidos em
abrir o canal que tomou o mesmo nome. Até o ano 2000, o Canal de
Panamá, que divide o país ao meio, era controlado pelos Estados Uni-
dos. O setor econômico mais importante hoje é o de serviços. Embora
seja um país de maioria católica romana, o per-
centual de protestantes chega a 19,3%.
Em 1995, o Panamá se tornou um dos no-
vos campos da JMM, quando foi transferido da
Argentina o casal Élbio Márquez Guimarães e
Adilene Monteiro Márquez Guimarães, que ali
permaneceu até 1999. Em 1996, seguiu como
nova missionária, Rita de Fátima Oliveira, que
ali trabalhou até 1997. Depois deste período o
trabalho neste campo foi descontinuado.
Étbkti Má
Guimarães MI El Salvador
Monteiro Márquez
Guirnarães,pri El Salvador foi o novo campo aberto na Amé-
missionários da
no Panamá!
rica Central em maio de 1998, com os missio-
nários João Luís da Silva Manga e Célia Miranda
Borges Manga. A República de El Salvador é um
pequeno país da América Central, com a maioria da população mestiça
e economia agrícola, onde a cultura do café é proeminente. A gran-
de maioria é católica romana, mas o numero de protestantes abrange
22,2% da população. Entre 1980 e 1992 houve uma guerra civil que
ceifou a vida de 75.000 pessoas, cujas conseqüências desastrosas ainda
hoje persistem no país, pois provocou falta de alimentos, fuga de capi-
tais e deterioração das estruturas socioeconômicas6".
República Dominicana
A República Dominicana é um dos países do Caribe. O seu território
foi o primeiro a ser descoberto por Cristóvão Colombo em 1492. Além
do domínio espanhol, por muito tempo a região esteve sob o poder
da França, sendo recuperada em 1814 pela Espanha, apenas sete anos
antes da proclamação da independência. A população é representada
por 79% de católicos romanos e apenas 7% de protestantes, mas nos
últimos anos tem sido muito expressivo o crescimento dos protestantes,
assim como de judeus e muçulmanos637.
Para a República Dominicana foi, no mês de setembro de 1991, o
casal Mimar Finco e Gerusa Duarte Gomes Finco, que estava na Ar-
gentina desde novembro de 1988. Conforme escreveu o missionário,
em 1996 houve dificuldades no trabalho na República Dominicana,
inclusive com a falta de água para realizar batismos. Entretanto, os pro-
blemas foram resolvidos com a ajuda do Senhor: "Ficamos quase uma
semana sem água. Depois de várias tentativas em lugares diferentes, foi
permitida a realização de batismos na piscina de um clube. Os presen-
tes ficaram curiosos com aquela cena e puderam perceber que éramos
Cuba
Cuba é um país insular no Norte do Caribe. Foi colônia espanhola
até 1898, quando houve guerra entre Espanha e Estados Unidos. Assim
Cuba ficou dependente dos Estados Unidos por quatro anos. A partir
" FINCO, Idimar. Falta d'água não impede batismos na República Dominicana. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 11, 17 a 23 fev. 1997.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
de 1902 se tornou protetorado até 1933, ano em que Fulgencio Batista
derrubou a ditadura de Geraldo Machado. Em 1940, Batista foi eleito
presidente da República. No final da década de 1950, o jovem Fidel
Castro liderou um movimento revolucionário de estudantes, sendo
vencido e preso. Entretanto, foi logo depois liberto, quando conheceu
o guerrilheiro argentino Ernesto Guevara, conhecido como Che, que
ajudou Fidel na formação do movimento revolucionário de 26 de Julho
(1956). A luta durou 25 meses e, em 19 de janeiro de 1959, Batista
fugiu. Fidel passou a liderar a Revolução Cubana, tornando-se chefe
de Governo e, a partir de 1976, chefe de Estado64°. Cuba se tornou o
único país socialista do Ocidente e logo de início, com a Revolução,
houve restrição à liberdade religiosa. Essa situação tem sido abrandada
ao longo do processo revolucionário, sendo hoje possível ter reuniões
religiosas mediante autorização do Ministério de Assuntos Religiosos.
Todavia, muitos dos templos que foram confiscados no período da Re-
volução, nunca retornaram para o uso das igrejas.
Em 1 9 de agosto de 2006, por motivo de saúde, Fidel Castro deixou
o Governo, assumindo interinamente seu irmão Raul Castro, que com
a saída definitiva de Fidel no início de 2008, foi eleito, como candidato
único, presidente de Cuba. O país era tradicionalmente católico roma-
no, mas no último censo, apenas 38,8% se apresentaram como tais,
enquanto 35,4% se diziam ateus, 17% da religião yoruba (santeira),
6,6% protestantes e 2,2% de outras religiões641. Apesar desses números,
existe hoje em Cuba uma verdadeira avidez da parte do povo para
receber a mensagem do evangelho.
Os batistas chegaram a Cuba ainda em 1898, mas tiveram um cres-
cimento lento até a chegada dos brasileiros em 1995. Por ocasião da
Revolução de Cuba, alguns jovens batistas se tornaram mártires revolu-
cionários. O historiador cubano Roy Acosta Garcia"' afirma: "A Igreja
Batista Cubana, à semelhança dos outros grupos evangélicos estabele-
cidos no país, repudiou com todas as suas forças o governo ditatorial
64 " HISTÓRIA de Cuba. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.
org>. Acesso em 11 ago. 2008.
i41 CUBA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>. Acesso
1
em 11 ago. 2008.
GARClA, Roy Acosta. História y teologia de Ia Convención Bautista de Cuba Oriental. San-
tiago de Cuba: Sinai, s.d., p. 5.
encabeçado por Fulgencio Batista e seus generais, e apoiou de manei-
ra entusiasta a nova ordem que se instalava a primeiro de janeiro de
1959". Houve muita alegria e esperança da parte dos evangélicos com
a vitória da Revolução, conforme atesta um dos líderes batistas na oca-
sião: "É a hora de Cuba e é também a hora dos batistas e dos evangéli-
cos em geral. É a hora da Revolução e da Reforma Agrária e é também
a hora do evangelismo, da mordomia e das missões"643. Na teoria, o
ideal revolucionário tinha em comum com o cristianismo a perspectiva
de superar a exploração do ser humano, mas, na prática, os primeiros
momentos da Revolução Cubana já trouxeram grande perplexidade
aos esperançosos evangélicos, devido a algumas medidas que foram
tomadas pelo novo Governo, tais como a ocupação de templos, a proi-
bição do ensino em escolas evangélicas e a restrição para se pregar o
evangelho.
Entre 05 e 10 de abril de 2007, estivemos em Cuba juntamente com
o Pastor Antonio Gaivão, quando ouvimos e entrevistamos líderes,
obreiros da terra e outros irmãos batistas. As principais cidades visita-
das foram Santiago, Las Tunas e Florida. Em uma das cidades conver-
samos longamente com um médico, filho de pastor já falecido, que no
período da Revolução era ainda criança. Sua casa havia sido ocupada
pelos revolucionários, mas foi restituída. Suas lembranças são marcan-
tes. Ele afirmou que muitos dos seus colegas evangélicos na Universi-
dade negaram a fé, pois os estudantes eram obrigados a responder se
criam em Deus ou na Revolução. Eles tinham medo das conseqüências
negativas se não falassem o que os revolucionários queriam ouvir. Ele
também foi questionado várias vezes. Antes de responder ele sem-
pre lembrava do texto: "Eu sei em quem tenho crido e estou certo de
que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (2Tm
1.12). Assim, aquele estudante respondia com firmeza que cria em
Deus. Ele afirma que não foi posto em frente de batalha pela miseri-
córdia e ação de Deus. Era um dos melhores alunos do curso e tinha
as melhores notas em sua turma, o que contribuiu para que ele con-
seguisse terminar com brilhantismo os seus estudos. Mas não usufruiu
como médico dos privilégios que seriam normais para um excelente
DEULOFEU, Samuel. Editorial. El Mensajero, ano 15, n. 15 e 16, p. 23, maio./jun. 1959.
aluno. Nunca chegou a ter cargos de direção, embora tenha se torna-
do um dos melhores especialistas em sua área. Ele perdeu a oportu-
nidade de se projetar, mas não se arrepende de ter testemunhado de
sua fé com determinação. Graças a Deus por sua coragem e opção de
vida ao lado de Cristo, a quem devemos todo o louvor. 'A ele honra e
poder eterno. Amém!" (1Tm 6.16b).
O início do trabalho da JMM em Cuba está relacionado com as ten-
tativas de se realizar campanhas de evangelização. Dentre as campa-
nhas que ano a ano havia em campos diversos, destaca-se a tentativa
em Cuba, no mês de novembro de 1992, a convite da Junta de Rich-
mond, quando 11 pastores brasileiros se candidataram e seguiram até
Miami. O Presidente dos Estados Unidos havia decretado o bloqueio
econômico a Cuba exatamente naquele período, pelo que os vistos já
assinados ou pendentes de turistas que iriam para Cuba, provenien-
tes de países que concordaram com o bloqueio, foram cancelados por
Fidel Castro. No caso, os brasileiros foram incluídos por estarem nos
Estados Unidos. Assim, de última hora as portas foram fechadas para a
entrada dos pastores'.
Em 1994, nova tentativa de pastores brasileiros e argentinos irem a
Cuba foi negada pelo Ministério de Assuntos Religiosos de Cuba, por
não ser permitido o visto na categoria de religiosos. Só em 1995 houve
sucesso para a entrada de 27 brasileiros, sendo 26 pastores e uma es-
posa de pastor, para uma Campanha de Evangelização, quando apenas
10 deles entraram como religiosos, ficando os demais como turistas645.
Por ocasião desse evento, o presidente da Convenção Batista Cubana
afirmou que aquele era o primeiro grupo batista a visitar Cuba após a
Revolução de 1959. Os brasileiros entrevistaram o vice-ministro de cul-
to e perguntaram sobre a possibilidade de se mandar missionários bra-
sileiros para Cuba, obtendo resposta negativa. Logo mais, em 1996, a
JMM iniciou oficialmente sua atividade em Cuba, quando o missionário
Antonio Gaivão, Diretor da Divisão de Missões Regionais da Junta, foi
àquele país para definir a adoção de missionários da terra, sendo adota-
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75á assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: Conselho de Planejamento e Coordenação da CBB, 1994, p. 447.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 175.
dos na ocasião 13 obreiros646. Os primeiros contatos foram no Ociden-
te de Cuba, mas ainda em 1996, houve a opção de se fazer convênio
com a Convenção Batista de Cuba Oriental, já que os norte-americanos
estavam dando apoio aos batistas de Cuba Ocidental. Também, na oca-
sião, o nosso missionário José Calixto Patrício atuava em Costa Rica e,
pela proximidade da ilha cubana, ele deu grande ajuda neste momento
inicial do trabalho dos brasileiros em Cubam'.
No Jornal de Missões, o presidente da JMM em 1996, Hélio
Schwarts Lima648, lançou apelo para que os batistas brasileiros ajudas-
sem os obreiros da terra, aproveitando uma oportunidade ímpar que
se abria em Cuba:
Por parte da JMM há o interesse de sondar a possibilidade de firmarmos con-
vênios de cooperação com nossos irmãos cubanos visando o fortalecimento e
multiplicação das igrejas naquele país. Eles estão motivados para crescer. [...I
As igrejas batistas do Brasil poderiam sustentar um exército de obreiros que se
dedicasse, de tempo integral ao ensino, à pregação e ao discipulado dos novos
crentes.
IGREJAS da CBB entram em Cuba. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1 mar./abr. 1996.
"- CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
`'" LIMA, Hélio Schwartz. Cuba pede socorro. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3, jan./fev/
1996.
`"° BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
gunda maior cidade do país, Santiago, conduzindo faixas com mensa-
gens evangelísticas e cantando louvores a Deus. Um estudante cubano
de teologia no Rio de Janeiro comentou o fato emocionado, dizendo
que sua igreja passou a noite orando pelo evento. "Essa grande celebra-
ção foi transmitida ao vivo pelas rádios e a TV estatal. Os evangélicos
de Cuba foram mobilizados e no culto de encerramento, em Havana,
havia mais de 100 mil pessoas ouvindo o evangelho pregado por um
pastor cubano"65°.
Em 2001, o presidente da Convenção Batista de Cuba Oriental, Roy
Acosta García6", relata algo da história dos batistas em Cuba e como
estavam crescendo nos últimos anos desde que os batistas brasileiros
iniciaram a sua efetiva ajuda naquele país. Segundo Garcia, os batis-
tas chegaram em Cuba em 1898,
quando foi organizada a primeira
igreja. Mas somente em 1923 foi
organizada outra igreja. Entretanto,
entre 1995 e 2000 nove igrejas fo-
ram organizadas somente na cidade
de Santiago de Cuba e adjacências,
tendo nesse período praticamente
dobrado a membresia das igrejas.
Em uma das cidades que visita-
mos em Cuba, tivemos a oportuni-
dade de conhecer uma família com
três filhos. Conversamos com a mais
velha que tinha 8 anos. Apesar de
sua tenra idade, demonstrou a sua fé
em Jesus, o verdadeiro revolucioná-
rio capaz de transformar vidas. Mas
o seu conhecimento da história da
Revolução Cubana lhe dava também
muito orgulho. Os seus olhos brilha-
MORAES, Luiz Paulo de Lira. O nome de Jesus é exaltado nas praças e na TV. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 7, jul./ago. 1999.
6 " GARCIA, Roy Acosta. Cuba: o maior avivamento da América Latina. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 4, mar./abr. 2001.
vam quando mencionava os expoentes da Revolução. Cantou o hino de
Cuba, recitou poesias de um famoso escritor da terra e mostrou as fotos
dos líderes revolucionários, falando dos seus principais feitos. Em seguida
mostrou a história de Davi lutando contra o gigante filisteu. E disse: "Sabe
de uma coisa, no meu livro só tem uma parte dessa história; não conta
que de Davi, nasceu Jesus o nosso Redentor! Sabe? Na Bíblia a história é
verdadeira e mais completa". Olhamos para aquela menina e sentimos o
quanto é poderosa a mensagem do evangelho. Mesmo que sentimentos
patrióticos estejam presentes e sejam bem fortes, a Palavra de Deus não
volta vazia e supera qualquer espírito de civismo ou heroísmo que os
poderes terrenos tentam impor na mente e no coração do ser humano.
Graças a Deus pela "palavra da fé que pregamos" (Rm 10.8b).
Em Cuba tudo é controlado pelo Governo, que orienta sobre a cota
de alimentação e vestuário, determina a moradia e limita a própria
locomoção do povo. Os carros são muito antigos, havendo alguns da
década de 1940 que ainda transitam. Atualmente o turismo é incenti-
vado, portanto, para os estrangeiros há uma elevada taxa de entrada e
outra maior ainda para saída do país. Não lhes é permitido andar em
carros particulares, nem se hospedarem em residências de cubanos,
pois tudo isso contribuiria para diminuir a receita do próprio Governo.
A alimentação diária de quase todos os cubanos é carne de porco,
podendo também ser consumido frango, carneiro ou bode. Com exce-
ção dos enfermos, que podem consumir carne de gado bovino, esta é
reservada para uso dos restaurantes e hotéis, para onde vão os turistas.
Tal medida tem o objetivo de gerar riqueza através do estrangeiro, e as-
sim garantir a alimentação mínima para todos os cubanos. Embora haja
uma tolerância maior do que em anos anteriores, não há liberdade re-
ligiosa. Reuniões em locais abertos ou destinados ao público em geral,
incluindo praças, ruas ou mesmo teatros, clubes ou estádios, só podem
ocorrer mediante permissão oficial. Entretanto, é impressionante per-
ceber a alegria e o vigor espiritual dos crentes, louvando a Deus.
Os cânticos que presenciamos em Cuba nos fizeram lembrar os nos-
sos dias de criança, quando os crentes eram atacados por emissários
dos padres do interior do Brasil, que destruíam portas, bancos, púlpitos,
atacavam impiedosamente pessoas a pedradas e cacetes, queimavam
Bíblias e folhetos. Entretanto, a resposta dada por crianças, adolescen-
tes, jovens, adultos e idosos, além de orações fervorosas, era o entusias-
mo ao cantar. Semelhantemente, em Cuba é impressionante a vibração
dos irmãos, que mesmo sem plena liberdade para pregar o evangelho,
demonstram uma grande alegria no Senhor, provocando curiosidade
nos vizinhos e abrindo portas para que
pessoas ouçam a mensagem do evangelho
de Cristo. Além disso, tudo é "feito com
decência e ordem" (1Co 14.40). No caso
da visita à cidade de Florida, mencionada
acima, a ordem no culto e o coro dirigido
por um haitiano foi algo que deixou todos
os presentes comovidos.
Desde o início da Revolução Cubana,
em 1959, não tem sido permitida pelo
Governo a construção de novos templos
no país. Mas pela providência divina tem
havido uma verdadeira manifestação do
Espírito Santo, e o trabalho evangélico e,
de modo especial, batista, tem crescido
grandemente. O Governo, para demons-
trar a sua "abertura", permitiu reuniões
evangélicas em casas, certamente supon-
do que isso não traria qualquer resultado
positivo para o povo evangélico. Não sabiam eles que, no primeiro
século, quando não havia liberdade para a pregação do evangelho, as
casas se tornaram os locais onde as igrejas se reuniam (At 16.40,20.20,
1Co 16.19), havendo um crescimento fora do comum dos cristãos. As-
sim surgiu em Cuba o que foi chamado de "casa-culto". Para o funcio-
namento das casas-culto, ainda hoje a exigência é o preenchimento e
encaminhamento de um formulário, assinado pelo representante da
Convenção e o pastor da Igreja, com os dados do local da residência,
seus ocupantes, nome do pastor ou auxiliar, número de pessoas a par-
ticiparem e horários dos cultos"2. Com algo tão simples, não havia a
ALMEIDA, Irismênio Ribeiro de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Santia-
gom — Cuba, 09 abr. 2007.
' Id. Resposta solicitada. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br > em 12 out. 2008.
Somente células de oração há 1.112, que se multiplicam em todo o
país e logo se transformam em igrejas nos lares.
Algo muito importante existente em Cuba é o acampamento em uma
propriedade de 7.000 quilômetros quadrados, em Villa Teresita, onde
a Convenção pretende construir o Centro de Capacitação Missionária,
que dará treinamento a pastores e leigos. A construção desse Centro é
um trabalho de parceria, com participação tríplice da Convenção Batis-
ta de Cuba Oriental, JMM e o próprio acampamento6 .
Deve-se ressaltar também que, como acontece em outros países onde
os brasileiros atuam, a visão missionária já foi despertada nas igrejas de
Cuba. Um dos obreiros que entrevistamos am Santiago testemunhou
sobre a influência dos batistas brasileiros no trabalho em Cuba:
O apoio dos batistas brasileiros para a Convenção Batista de Cuba Oriental não
é somente para o sustento de missionários da terra, mas recebemos também
ajuda para a nossa compreensão de igrejas em casas (células), na formação de
nossos obreiros e no privilégio de levarmos o evangelho também ao mundo,
com a visão de missões mundiais. Atualmente já cooperamos no sustento de
um obreiro na Africa656.
Por sua vez, a Quarta Igreja em Santiago, pastoreada por Osbel Gu-
tierrez, que juntamente com sua esposa estudou no Rio de Janeiro,
adota 100 estudantes de 14 nacionalidades, os quais se reúnem e são
acompanhados no Culto das Nações, onde se agregam evangélicos e
não-evangélicos. Este é um projeto promissor, pois a perspectiva é que
ao retornarem para seus lares, aqueles estudantes já como profissio-
nais se tornem multiplicadores da mensagem do evangelho. Resultados
desse tipo de trabalho já existe, inclusive na pessoa de Samuel Bayssa
Erena, que sendo etíope foi estudar em Cuba, onde aceitou a Jesus
como seu Salvador. Depois de se preparar, ele retornou para a sua terra
já como missionário da Convenção Batista de Cuba Oriental em con-
vênio com a JMM, a fim de pregar o evangelho aos seus familiares, que
também foram salvos pela graça de Cristo, e a tantos outros que não co-
nheciam o plano de salvação. Na realidade, ao decidir mandar Samuel
Bayssa para a África, não tendo condição de mantê-lo integralmente,
!'" MOVER de Deus em Cuba! PAM, Rio de Janeiro, p. 1-3, jun. 2007.
BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira — Cuba, 06 abr. 2007.
os cubanos pediram a ajuda da JMM, que se dispôs a fazer a maior
parte com muita alegria, contanto que a visão missionária dos batistas
de Cuba fosse mantida e ampliada. Esse era o ideal sempre expresso
por Waldemiro Tymchak para os países onde realizamos Missões Mun-
diais. No caso específico da Quarta Igreja em Santiago e algumas outras
igrejas cubanas, a visão é preparar estudantes, a fim de compartilhar o
evangelho nos seus países de origem. Pastor Osbel Gutierrez657, nosso
missionário da terra em Cuba, deu o seguinte testemunho:
No último batismo que houve em nossa Igreja, 6 estudantes estrangeiros foram
imersos nas águas. Há vários outros em nossa classe para batismos. Nós cha-
mamos o lugar onde moram estes estudantes convertidos, "moradas luz". Hoje
temos reuniões de oração ali e todas as sextas-feiras no Culto das Nações inter-
cedemos pelos países e familiares dos estudantes. Cada jovem é adotado por
membros da Igreja. Nosso desejo é que eles retornem a seus países com a visão
missionária, servindo ao Senhor e ao próximo através de suas profissões.
"3- GUTIERREZ, Osbel. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
foi feita pelo famoso evangelista Oswald J. Smith. Ele menciona algu-
mas religiões e crenças como o islamismo, o fetichismo e o animismo,
com o intuito de mostrar que elas não satisfazem a necessidade espiri-
tual do ser humano. Por esse motivo elas, em nome de Deus, cometem
atrocidades como a mutilação própria, o sacrifício de crianças, a morte
de viúvas e até o extermínio dos seguidores de outras religiões. Oswald
Smith 655 conclui: "São religiões do medo. Ignoram completamente o
que seja paz e o que seja amor. Não têm esperança. Somente o cristia-
nismo é que lhes oferece a vida, e vida plena que satisfaz o coração".
A sede de Deus e a ignorância religiosa se misturam na grande maio-
ria dos povos da África. Isso é ilustrado na experiência de um missio-
nário brasileiro naquele continente, que certo dia recebeu a visita de
alguns nativos de uma distante tribo em Nova Guiné, quando o repre-
sentante se dirigiu ao missionário e disse: "O nosso povo soube que
Deus tem feito maravilhas neste local porque aqui há um missionário.
Desejamos "comprar" um para falar de Jesus, e para que também seja-
mos abençoados"659. De um lado está o desejo de receber os eflúvios
de um Deus verdadeiro, mas totalmente desconhecido daquele povo;
de outro os resultados do trabalho missionário, visto em transformação
de vidas pela ação do Espírito Santo.
Os estudos antropológicos colocam uma séria questão, quando de-
fendem a manutenção da cultura de cada povo. E se a cultura inclui
atos como o homicídio representado por sacrifício de crianças e viúvas,
além de outros costumes que quebram a lei moral ou os Dez Manda-
mentos? Ao comparar a cultura ocidental com a cosmovisão de uma
tribo africana, para a qual deuses e espíritos são tão reais como objetos
e pessoas, Ronaldo Lidório66° escreveu:
O antropologismo defende a pureza natural das culturas intocadas, o que pode,
em certa instância, influenciar a comunicação transcultural; entretanto, missio-
logicamente é necessário ser lembrado que o pecado é cultural. Ele não ocorre
em um plano supra-humano, mas brota do coração do homem envolto em seus
6 " SMITH, Oswald J. Paixão pelas almas. 2. ed. Rio de Janeiro: JMM, s.d., p. 71.
RAVANI, Julio César. "Compra-se" um missionário. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102,
n. 29, p. 10, 15 a 21 jul. 2002.
''''" LIDORIO. Ronaldo Almeida. Comunicacão missionária: comparando a cultura ocidental
com a cosmovisão Konkomba — um estudo de caso. São Paulo: Junta de Missões Estrangeiras —
IPB, p. 33.
conceitos e costumes, caindo no mesmo abismo que foi aberto desde o início:
a separação entre o homem caído e o Deus santo. O pecado manifesta-se cul-
turalmente e o homem, em sua cultura, necessita de redenção. Os Konkombas
procuram redenção nos sacrifícios, ídolos, amuletos, tabus, magias, rituais de-
moníacos e penitências. Entendo que a redenção está em Jesus; a mensagem é
o evangelho e entregá-lo a outros chama-se missões.
África do Sul
A África do Sul foi descoberta pelos portugueses, mas colonizada
por holandeses, sendo marcante a influência destes e de grande nú-
mero dos seus descendentes chamados africânder. Depois chegaram
os franceses, fugindo da perseguição religiosa e, finalmente, os ingle-
ses, passando o país a pertencer ao Império Britânico e a adotar a
língua inglesa como oficial. Com os ingleses, a partir de 1819, chega-
ram os primeiros batistas. Outros grupos foram para a África do Sul,
inclusive portugueses, sendo a Primeira Igreja Batista Portuguesa or-
TYMCHAK, Waldemiro; AZEVEDO, luarez de. Missões em questão. Rio de Janeiro: JMM,
1997, p. 15.
""= APOIO aos campos missionários carentes. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 93, n. 20, p.
12 e 11, 16 maio 1993.
ganizada em novembro de 1964 em Johannesburg663. Assim há uma
miscigenação de várias culturas, embora tenha sido o português o gru-
po que mais se misturou com o africano. Na realidade há 11 línguas
oficiais na África do Sul, sendo as mais faladas o inglês, o africâner e o
zulu. Este último representa a maior tribo do país. As principais rique-
zas encontram-se nos recursos minerais, como o carvão, cobre, ouro,
diamante e outros. Entretanto, a exploração de minérios é liderada
pela extração do ouro, havendo em uma grande região verdadeiras
estradas subterrâneas, por onde é transportado o minério.
Quando se fala em África do Sul, geralmente se lembra do apar-
theid. "É uma palavra de origem africana que significa 'vida separa-
da', oficialmente adotada em 1948 na África do Sul, para designar
que os brancos tinham o poder e os povos restantes eram obrigados
a viver separadamente"664. Na realidade, a segregação existia de for-
ma total no país em todos os setores da vida humana, até que esse
regime foi abolido em 1990, com o Presidente F. W. Klerk. Como
resultado, o negro Nelson Mandela, que tinha sido condenado à
prisão perpétua em 1964, foi eleito e empossado Presidente do país
em 1994.
Em 1979, portanto, ainda no regime do apartheid, foram nome-
ados como primeiros obreiros dos batistas brasileiros para a África
do Sul Ronald Rutter e Ana Augstroze Rutter, que por algum tempo
serviram às igrejas em Germinston e Johannesburg. Vale aqui re-
gistrar o chamado do casal Rutter, missionário que se destaca pela
intimidade que tem com o Senhor de Missões. Desde jovem, ainda
adolescente, ele teve a experiência de dialogar com Deus665. No
seu chamado especial, os diálogos com o Senhor tiveram respostas
repetidas, porém, incisivas. Muitas de suas indagações foram res-
pondidas com a palavra, "aguarde". Assim Deus nunca deixou de
responder, embora às vezes era necessário paciência do seu servo.
Segundo ele, ainda em setembro de 1966, ele se deparou com a re-
Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
esperou alguma resposta que também não chegou até meia-noite.
Mas imediatamente depois, Pastor Rutter recebeu de um colega a
informação de que tentaram lhe ligar da Junta, para lhe dizer que o
visto surpreendentemente tinha ido via telex, algo que nunca acon-
tecera antes. O missionário se alegrou muito, pois mais uma vez
Deus lhe confirmou o que havia dito. Conclui o missionário: "Foi as-
sim que Deus trabalhou na nossa vida, mostrando-nos que para Ele
nada é impossível, e que Ele pode fazer todas as coisas de maneira
maravilhosa"667. Sim, Ele é soberano! É comum não usarmos a virtu-
de da paciência para ouvir a Sua voz e aguardar o momento certo
da ação. Isso tem levado obreiros ao insucesso na obra que realizam
em nome do Senhor. "Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do
Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da
terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas" (Tg 5.7).
Conforme o missionário Rutter, ele seguiu com sua esposa para
o campo a fim de cumprir a vontade de Deus, assumindo logo de
início o pastorado da Igreja Batista de Germiston. Ao chegarem, en-
contraram uma igreja quase morta. Mas Deus em sua sabedoria deu
para aqueles missionários as estratégias que deveriam ser desenvol-
vidas. Uma flauta, piano, sorriso, tudo foi usado para a glória do Se-
nhor. Das classes de música surgiram os novos convertidos e a igreja
passou a ter freqüência, obtendo vitórias. Nem tudo foi fácil para
o cumprimento da tarefa que Deus lhes designou668. Para vencer
problemas, que certamente existiram, tanto na área material como
espiritual, a dependência de Deus era o segredo. "Graças a Deus,
que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo"
(1 Co 15.57).
Ronald Rutter fala em entrevista que todas as situações eram apro-
veitadas para testemunhar de Cristo. Narra então uma experiência,
quando certa ocasião saiu para fazer uma visita evangelística. Ao
bater em uma porta e ser atendido por uma senhora, disse-lhe que
tinha algo muito importante para ela. Logo a mulher o interrompeu
para dizer que não queria conversar sobre religião. Ele então fa-
lou que não estava ali para falar sobre religião, mas sobre salvação,
Id. Vendo o invisível, p. 75.
`'''" Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
perguntando logo se ela tinha certeza de sua salvação. Com isso a
senhora permitiu a sua entrada e veio o esposo e um irmão, que
ouviram a mensagem do Evangelho. Continua o Pastor Rutter669: "O
marido então perguntou qual era a minha igreja, ao que respon-
di que não estava ali para falar em igreja, mas sobre salvação. Isso
causou muita admiração à família, pois nunca alguém havia chega-
do ali para comunicar algo tão maravilhoso". Após a apresentação
do plano de salvação, eles aceitaram a Jesus como Salvador. Assim
conclui o nosso missionário: "Como estávamos mudando de cam-
po na ocasião, não tivemos oportunidade de acompanhá-los para o
fortalecimento na fé, mas cremos que o Espírito Santo trabalhou no
coração de cada um e certamente voltaremos a nos encontrar na
eternidade"67°.
Em outubro de 1987, seguiu para a África do Sul o casal Lauro
Mandira e Thereza Campaner Mandira, para trabalhar na Igreja de
Germinston, onde o pastor Ronald Rutter havia iniciado o seu mi-
nistério missionário. Era ainda a época do aphartheid, mas como o
país era cristão, podia-se pregar o evangelho. Havia um programa
na televisão da Igreja Cristã Reformada, que incluía cântico coral,
noticiário evangélico e mensagem bíblica.
Ao tomar conhecimento do duro trabalho nas minas, Pastor Lauro
aproveitou a oportunidade para anunciar a Palavra aos trabalhado-
res. Ele afirma que estes chegavam ao local de trabalho às 4h da
manhã e saíam às 15 horas, quando se recolhiam aos alojamentos,
para onde o missionário se dirigia a fim de testemunhar do evange-
lho. Lauro Mandira671 deu o seguinte depoimento:
Nosso trabalho iniciou naquela cidade na referida igreja, mas ao tomar conheci-
mento que trabalhavam nas minas muitos negros provenientes de outros paises
africanos, e que alguns falavam português, projetamos nos aproximar deles.
Iniciamos por levar refrigerantes e bolos para recebê-los depois do pesado dia
de trabalho. Logo começamos a falar de Jesus e muitos se converteram.
6'
Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"" Ibid.
6-2 Ibid.
da parte do seu sucessor6 . Por sua vez, Rosa Lúcia674 explica o am-
biente que encontrou no país, ainda no período do apartheid: "As
raças viviam completamente separadas. Os indianos de um lado, os
árabes de outro e os ingleses ainda de outro. Não havia como juntá-
los. Depois que Nelson Mandela obteve liberdade é que muita coisa
mudou".
Atualmente há um casal de missionários efetivos na África do Sul:
Diego Romeiro Lopes e Stella Christiana Mesquita Lopes, pois no início
de 2009 foram desligados os casais Edimar Guimarães Pereira e Va-
nusa Viana de Souza Guimarães, Jairo Alves e Leonézia Cunha Alves,
Sebastião Lúcio Guimarães e Rosalee Elbert Guimarães. Já em 2008
tem havido uma grande onda de violência no país, que não consiste
em conflitos entre pretos e brancos, mas lutas étnicas entre diferentes
grupos africanos com ataques xenofóbicos. Sobre o assunto, o missio-
nário Edimar Guimarães Pereira675 escreveu: "Todos estão assustados.
O pânico tomou conta da população nas ruas, nas casas, em toda par-
te. Ninguém está seguro. Só pela graça de Deus podemos permanecer
firmes em nossas trincheiras". Mas de qualquer forma, com ou sem
dificuldade, o evangelho tem sido proclamado e pessoas são salvas pela
graça de Cristo. "No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão
dos pecados, segundo a riqueza de sua graça, que Deus derramou abun-
dantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência" (Ef 1.7 e 8).
Botsuana
Um dos campos alcançados pela JMM no ano de 1993 foi Botsuana,
na África, com o missionário da terra Chris Gumunyus. Botsuana é um
país localizado na África Meridional, em uma região semi-árida, onde
está o deserto de Kalahari. Seu idioma oficial é o inglês, mas o setswa-
no é considerado a língua nacional. A chuva é para os seus habitantes
tão importante que a moeda nacional é chamada "pula", que significa
67 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 16
set. 2008.
SILVA, Rosa Lúcia de Freitas. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 14 ago. 2007.
` 7' GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Ataques de xenofobia abalam o país da Copa. Mensagem
recebida por <zedel@uol.com.br > em 27 maio 2008.
"chuva" na língua setswana. A população é de um milhão e 600 mil
habitantes. Apesar de ser um dos maiores produtores de diamante do
mundo, o povo é pobre e luta contra o desemprego e as condições
precárias de vida. As estatísticas indicam que 36% dos seus habitantes
estão contaminados com o HIV, sendo um dos maiores índices do vírus
da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) no mundo. Tam-
bém 38% do povo praticam uma religião baseada no culto aos parentes
mortos, havendo muita opressão demoníaca676.
Em virtude dos graves problemas sociais que assolam o território de
Botsuana, em 2000 foi para aquele país a Tenda da Esperança, que an-
tes se encontrava em Moçambique. Esse importante trabalho será tra-
tado sob o tópico "Projetos sociais" em capítulo posterior. De antemão
deve ser mencionado o casal Alceir Inácio Ferreira e Cenilza Andrade
Ferreira, que foram transferidos da Colômbia para Botsuana em 2005,
para trabalhar com a Tenda. Em 2006, Girlan Sérgio Ferreira da Silva e
Denise Costa Ferreira da Silva foram de Moçambique para Botsuana, a
fim de treinar obreiros. No período da Tenda em Botsuana, seguiu para
lá uma equipe de missionários efetivos, liderados
pelo pastor Sérgio de Oliveira e sua esposa Jani-
ce. Dessa equipe fez parte também Otília da Sil-
va, que foi missionária temporária no Uruguai de
1985 a 1987, sendo logo depois efetivada para
trabalhar em Moçambique no ministério social e
de apoio às igrejas. Foi também para Botsuana
a médica Maria da Conceição Antônio, que em
2005 deixou sua clínica particular e o emprego
do INSS em Mato Grosso para trabalhar na Ten-
da. Hoje se encontra em Moçambique. Por fim,
o casal Fabiano e Patrícia Araújo compôs a equi-
Maria da Conceição pe em Botsuana como missionários temporários.
Antônio, mis$ionária No final de 2007 a Tenda da Esperança retornou
médica em
Botsuana e hbje em para Moçambique.
Moçambique
TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
Cabo Verde
Apesar de estar no meio do Atlântico, e mesmo sendo uma posses-
são de Portugal, colocamos Cabo Verde aqui como se fosse da África,
tendo em vista a sua cultura e a sua maior proximidade, pois fica a 500
quilômetros do continente africano. Cabo Verde é um arquipélago de
10 ilhas de origem vulcânica na zona equatorial do Oceano Atlântico.
Está na Janela 10/40, e é um dos mais pobres e menos industrializados
países do mundo, com 400 mil habitantes. O idioma falado é o portu-
guês, mas a língua crioula é usada no dia-a-dia o677.
Houve em 1950 um apelo do Pastor Manoel Ramos, da Igreja Batista
de São Vicente, em Cabo Verde, para os batistas brasileiros ajudarem
na construção do templo ali678. Somente depois de 46 anos os brasilei-
ros chegaram lá, quando em 1996, Francisco Antônio de Souza e Már-
cia Venturini de Souza, que por 20 anos atuaram em Portugal, seguiram
para aquele país. O casal Souza demorou apenas um ano em Cabo
Verde. Ele deixou organizada a Igreja Batista da Praia, na capital de
Cabo Verde. Foram substituídas pelo casal Jorge Edmundo Sarria Tejada
e Dulcerly Judson Pires Sarria Tejada, que estão hoje no Chile.
Entre 2001 e 2002 esteve em Cabo Verde o casal Paulo César Paga-
ciov e Teresa Cristina Pagaciov, que iniciaram o Projeto POPE (Programa
de Odontologia Preventiva e Educativa), indo depois para o Paraguai.
Dimas de Souza Filho e Lília Rita Venturini de Souza, sendo ela filha
do casal Francisco e Márcia de Souza, estiveram como missionários em
Cabo Verde entre 2001 e 2005, quando retornaram para o Brasil. Eles
antes estiveram no Paraguai e em janeiro de 2007 foram para o Equa-
dor. Ana Loide Soares Leão e Carmem Lígia Ferreira de Andrade, que
antes atuaram na Bolívia e República Dominicana, foram missionárias
em Cabo Verde entre 2001 e 2004, onde implantaram uma igreja e
fizeram um belo trabalho com crianças.
Também foram em 2004 para esse país Carlos David Arcos Paez e
Shirley Alves Arcos, que ainda continuam no mesmo campo. Ele é chi-
°" SOUZA, Francisco Antônio de; VENTURINI DE SOUZA, Márcia. Deus abre as portas em Cabo
Verde. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3, set./out. 1996.
67" NOVAS dos campos missionários no estrangeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 49, n.
17, p. 5, 28 abr. 1949.
leno e estudou no Brasil, sendo o casal nomeado como missionários na
Guiné Equatorial, onde serviram entre 2001 e 2003. Vários outros mis-
sionários nossos atuaram e outros ainda hoje atuam em Cabo Verde.
República da Guiné
A República da Guiné ou simplesmente Guiné é também chama-
da de Guiné-Conacri, para distinguir de sua vizinha, Guiné-Bissau.
Foi mais um novo campo entre povos não alcançados da Janela
10/40, aberto em 1999. Localiza-se na África Ocidental e foi colô-
nia francesa até 1958. Menos de 20% da população falam francês,
que é o idioma oficial, embora haja oito línguas no país. Quase 90%
da população seguem o islamismo, tendo em vista que a maioria
é da etnia fula, constituída de muçulmanos. Tendo em vista que o
trabalho dos batistas brasileiros neste país é mais na área social e
educacional, nós o mantemos entre os países africanos e não entre
os povos muçulmanos.
A primeira missionária na República da Guiné foi Kerley Permí-
nio de Souza, que já era missionária desde 1994 através de outra
agência, quando em 1998 foi nomeada pela JMM em convênio com
a Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo, para trabalhar com o
povo susu, principalmente através do Programa de Educação Pré-
Escolar (PEPE)679. A missionária Kerley680 relata algo do trabalho com
aquele povo:
O senso de privacidade não existe e as pessoas vivem em comunidade 24 horas
por dia. A nossa casa tem que estar sempre aberta. Eles podem entrar, comer,
dormir, mexer em tudo que estiver na casa que não há qualquer problema.
Durante a semana eu moro perto deles, numa casa com dois quartinhos. Lá
dentro eu só tenho dois baldes, um par de chinelos havaianas, um pote para
colocar comida, cadeiras e uma cama. As pessoas entram, mexem, fazem o que
querem. Eu aprendo muito com a cultura deles e
as pessoas se sentem mais à vontade comigo. GIR411.1
eget
Em julho de 2006, foi transferida do Sene- file
gal para Guiné-Conacri a misisonária Ana Ui-
Illi gg Meai
cia Rosa Pereira, para substituir a missionária le Re
Kerley Perminio, que deu continuidade ao 11111“
ministério com o PEPE. Hoje, já foram duas
equipes do Radical África, para através dos
projetos sociais abrirem novas frentes.
Guiné Equatorial fi
Para Guiné Equatorial seguiu em 2001 o Kerley Perinfnio de
Souza foi a pioneira na
casal Carlos David Arcos Paez e Shirley Alves República da Guiné
Arcos, ficando lá até 2003, sendo remaneja-
"7" DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 188. Ver adiante detalhes sobre o PEPE.
67" SOUZA, Kerley Permínio de. Não é fácil o trabalho na Guiné. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 15, mar./abr. 2002.
dos para Cabo Verde em 2004. Ela já tinha sido missionária no Chile
quando solteira. Guiné Equatorial está na África Ocidental e tem uma
população de cerca de 370.000 pessoas. O país foi colonizado pela Es-
panha, alcançando sua independência em 1968, sendo línguas oficiais
o espanhol, o francês e o português. Anos atrás, quando sondava vários
campos visando ao trabalho futuro, Waldemiro Tymchak681 escreveu:
Guiné Equatorial poderia ser chamada de "penúltimo mundo". Ver a fome,
miséria, injustiça, tristeza, nos decepciona e provoca compaixão por esse povo
tão sofrido. A situação econômica causa uma corrupção moral muito grande,
uma vez que as meninas são levadas à prostituição e os homens se vendem por
qualquer preço.
Etiópia
Em 2005, um dos campos que recebeu destaque foi a Etiópia, com o
pastor Samuel Bayssa Erena e Woinshet Ketema. Ele é um etíope que saiu
ainda jovem do país para estudar em Cuba, conforme relato anterior,
graduando-se como Técnico em Oftalmologia, por isso pôde trabalhar
em seu país como obreiro da terra através de sua especialidade. Samuel
Bayssa se converteu e foi batizado em 1991 em Cuba, depois de gran-
des dilemas. Sentindo chamado para o ministério, estudou no Seminário
Batista de Cuba Oriental, concluindo em 2002 e se tornando pastor por
dois anos em Cuba, quando o chamado missionário para trabalhar na sua
terra foi muito forte, terminando por obedecer e seguir para a Etiópia682.
A Etiópia fica no Nordeste da África e 52,8% de seus habitantes per-
tencem à Igreja Ortodoxa da Etiópia, que antes foi associada com a
Igreja Copta do Egito. Outros grupos de cristãos constituem 4,5% da
população e os muçulmanos, 31,4%683 . A Etiópia e a Libéria são os dois
`'"' TYMCHAK, Waldemiro. O penúltimo mundo. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 17,
n. 53, p. 4, mar. 1982.
"" MISSIONÁRIO ajuda etíopes a entender o evangelho. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
ano 5, n. 22, p. 9, maio/jun. 2008.
`'"' ETIÓPIA. In: PORTA BRASIL. Disponível em: <www.portabrasil.net>. Acesso em 03 out.
2008.
únicos países da África que não foram coloni-
zados por potências européias. Os cultos, di-
rigidos pelo missionário ao ar livre, são trans-
mitidos em português, aramaico e oreno, e
algumas pessoas andam até duas horas para
chegar ao local. Dentre outras atividades, há
cultos nos lares à semelhança do que ocor-
re em Cuba (casa-culto) e o Projeto Felipe,
Samuel Bayssa Erena e
voltado para meninos aprenderem futebol e Woinshet Katona foram
a Palavra de Deus. O objetivo é que sejam os pioneirt„is na ei
4. Alongando as cordas
Alonga as tuas cordas" (Is 54.2c). Mesmo ampliando o lugar das tendas,
a visão dos batistas brasileiros foi mais adiante, alongando as cordas que
desciam às minas para chegar àqueles que eram considerados não alcan-
çados. Nesta secção, serão abordados povos em regiões onde prevalecem
algumas das religiões antigas como o budismo e o hinduísmo, assim como
os países onde predominou o regime comunista, além de etnias animistas
e, de modo especial, nações e grupos dominados pelo islamismo.
Um dos alvos de destaque de Waldemiro Tymchak foi alcançar com
o trabalho dos batistas brasileiros a Janela 10/40, também chamada Cin-
turão de Resistência, assunto esse levado à assembléia convencional de
1993. Como o nome sugere, a Janela 10/40 está localizada entre os pa-
ralelos 10 e 40 do globo terrestre, um espaço comparado a uma janela
"' BAYSSA ERENA, Samuel. Etiópia. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, 19 jan. 2008. 1
videocassete.
''"5 PRIMEIROS brasileiros na Etiópia. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 16, jul./
ago. 2007.
retangular, que vai do oeste da África ao leste da Ásia. Ali se encontra o
maior número dos povos não alcançados, sendo considerado o maior
desafio ao trabalho de missões mundiais. Além do Cristianismo, as três
religiões maiores e que mais crescem, budismo, islamismo e hinduísmo,
encontram-se nessa área. É nessa região, onde se localizam a China e a
Índia, que são os dois países mais populosos do mundo, e alguns dos mais
pobres localizados na África. Também ali acontece o maior número de
guerras e tragédias, há um alto índice de analfabetismo e de mortalidade
infantil, e um dos mais baixos índices de renda per capita do planeta686.
Macau
Para Macau foram nomeados no final de 1983, mas só seguiram em
novembro de 1984, Francisco Aguiar do Amaral e Risemar Confessor do
Amaral. Ele estava antes pastoreando a Primeira Igreja Batista de Madurei-
ra no Rio. Macau era uma dependência ultramarina de Portugal no litoral
da China, com 500.000 habitantes, cujo idioma oficial é o cantonês, em-
bora 3% da população fale o português. Macau é considerado o país mais
densamente povoado do mundo. A religião predominante é a budista,
no entanto, há muita ignorância religiosa e tendências animistas. Sobre
o novo campo asiático, Macau, que representa uma experiência nova
para a JMM, destacamos as seguintes informações: "O povo é por demais
supersticioso. [...] Aqui se usa muita coisa para espantar espíritos. [...] Por
outro lado, há uma preocupação enorme com o bem-estar dos ancestrais.
China
Em 2006 a JMM retornou à China através do obreiro Lian Godoi
(pseudônimo), que no ano anterior esteve lá com o Pastor Waldemiro
Tymchak, pelo que já tinha mantido contato com a realidade e a cultu-
l'"7 OLIVEIRA, Celso de; OLIVEIRA, Alice Neves de. DA China para o Brasil. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 82, n. 32, p. 16, 08 ago. 1982.
`"" TYMCHAK, Waldemiro. Macau, portal da glória. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
19, n. 60, p. 20 e 21, mar. 1984.
""" AMARAL, José Francisco Aguiar do. Chegamos a Macau, a porta para a imensa China. O Cam-
po é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 5, ago. 1985.
6`") SOUZA, Eliézer Ribeiro de. Igreja apóia o envio de missionários à China comunista. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 24, p. 4, 10 a 16 jun. 2002.
ra do povo chinês. Interessante que nessa excursão o Diretor Executivo
disse no início que a China era um projeto para longo prazo; depois
de conhecer muita coisa, ele falou que era de médio prazo; finalmente
ele percebeu que era de curto prazo691. E assim aconteceu. Lian Godoi
informa que 42% do povo ali não professa qualquer religião, já que
por muito tempo a Revolução Cultural proibiu o culto e qualquer ma-
nifestação religiosa. Nesse período, funcionavam as igrejas nas casas,
que atuavam clandestinamente. Entretanto, com as reformas econô-
micas na década de 1980, deram abertura às reformas democráticas e
à fé cristã. Hoje, mesmo ainda havendo dificuldade para a penetração
do evangelho, a China está aberta. O objetivo do missionário Godoi
é preparar líderes chineses para serem enviados ao interior do país692.
Ele entrou na China com visto de estudante, pelo que está estudando
mandarim na Universidade de Pequim. Lian Godoi693 fala sobre algu-
mas das dificuldades encontradas nas igrejas da China:
Um dos grandes problemas lá é a divisão familiar. O crescimento econômico
leva à dispersão das famílias, porque o pai vai para uma cidade e a mãe para
outra, contribuindo para a destruição das famílias. Outro problema é o cresci-
mento das doutrinas heréticas e das seitas. Por exemplo, existe uma seita que
afirma que Jesus veio em forma de mulher e raptam pastores para torturar. Esse
grupo é repelido pelo Governo, tendo em vista que suas práticas se assemelham
às terroristas. Mas tudo isso é fruto da falta de conhecimento bíblico. Um ter-
ceiro problema é a perseguição, que não é estritamente religiosa, mas decorre
da instabilidade social gerada com práticas de grupos religiosos. As igrejas não
podem se reunir fora dos locais apropriados e fora do horário estabelecido
oficialmente. Assim, reuniões nas casas são ilegais. Este ano já houve mais de
100 missionários extraditados e 5 que foram mortos. O cristianismo em si não
é ilegal, mas várias de suas atividades que são normais em outros países, lá são
proibidas.
" GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
"2 MISSÕES Mundiais de volta ao maior desafio do mundo: a China. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 3, n. 11, p. 19, jul./ago. 2006.
GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
Observa-se que a entrevista ocorreu antes das Olimpíadas de Pequim.
São mais de 500 etnias divididas em mais de 50 regiões de um país cuja
população chega a um bilhão e 400 milhões de habitantes694. Infeliz-
mente, ainda há na China muita ignorância religiosa e, com ela, práticas
anti-cristãs. Assim é que a família vê o deficiente como algo negativo,
e uma criança deficiente é aprisionada em sua própria casa. Também a
mulher que engravida pela segunda vez paga uma multa equivalente a
cerca de 10 mil dólares. Para satisfazer os que já morreram, é comum
se ver pessoas reunindo papéis e, entre eles, algumas cédulas, para
queimar na rua e favorecer os mortos695.
Lembrando a série de artigos escritos nos anos de 1979 e 1980, Wal-
demiro Tymchak696 escreveu em 1989 interessante artigo sobre a China,
referindo-se às dificuldades e ao mesmo tempo à fidelidade dos cristãos
chineses. Dentre outros itens ele lembra o apego à Palavra de Deus, a
disposição de sofrer por Cristo e a forma de orar: "As orações são, em ge-
ral, de joelhos, demoradas, e Deus as ouve". A crença no sobrenatural foi
outro item apontado pelo Executivo da )MM: "Os crentes estão amorda-
çados; não podem abrir a boca. Mas Deus não está. Deus é poder. Nós,
aqui no Ocidente, perdemos muito da fé num grande e poderoso Deus".
Lembrando como passaram a atuar em uma igreja do povo, Waldemiro
Tymchak afirmou que ficaram 40 anos sem missionários, que foram em-
bora ou mortos, mas sem aqueles líderes de outra cultura, "aos poucos
foi renascendo uma igreja aculturada, contextualizada, autóctone, ou
seja, uma igreja de Cristo inserida na cultura do povo".
Em 2005, Waldemiro Tymchak697, após viagem à China, escreveu
sobre aquele país, como sendo o maior desafio missionário do pre-
sente século, com 490 etnias a serem alcançadas. O crescimento do
renascente cristianismo após a abertura econômica na década de 1980
é algo extraordinário, sendo hoje a China o lugar onde o cristianismo
mais cresce no mundo. Ele explica a razão deste fenômeno: "A igreja
694 GRANDE desafio missionário da atualidade. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 10, jan./fev. 2008.
"''" MUITAS brechas na China. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 21, p. 7, mar./
abr. 2008.
"'''' TYMCHAK, Waldemiro. Eu chorei na China. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 19,
p. 12, 07 maio 1989.
697 Id. China, um império a ser conquistado. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 5, p.
"8 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 78a assembléia. Rio de Janeiro:
7 () NOGUEIRA, André Alves. Índia: o futuro depende de nós. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 23, n. 75, p. 7, jul. 1988.
7"' Hoje a população chega a cerca de um bilhão e 200 milhões.
"2 GAIVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Pastor Tomé. Mensagem recebida por <zedel@uol.
707 EVANGELHO para o povo hindu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 3, ago.
7111 CALDEIRA, Jônatas Enéias; CALDEIRA, Juscelândia Septimio. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Campinas, SP, 30 out. 2007.
11 " Id.; id. Carta missionária. Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 15 jun.
2008.
72" MASIH, Mohan. Informativo missionário — índia. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Dispo-
nível em: <http:/www.pam@jmm.org.br >. Acesso em 22 jul. 2008.
721 FERNANDES, Tomé Antônio; FERNANDES, Elenice Chepuck. Norte da índia e Caxemira.
JMM, Rio de Janeiro, maio 2008. Digitado.
seguidos, logo após um assalto que resultou em assassinato de um sa-
cerdote hindu, líder do Conselho Hindu Mundial. A culpa do crime foi
colocada nos cristãos pelos indianos, havendo verdadeiros massacres e
mesmo mortes. A intervenção da polícia e a ação de forças armadas do
governo federal não foram suficientes para deter as perseguições, que se
estenderam para mais cinco estados do país, atingindo principalmente
representantes da Missão Good News India722. A perseguição continuou,
mesmo depois que religiosos da filosofia maoísta reivindicaram a res-
ponsabilidade do assassinato. Em cerca de um mês, os radicais hindus
incendiaram 10 igrejas, destruíram uma centena de casas de cristãos e
colocaram abaixo um albergue para missionários723. Contudo, sabemos
que o Senhor transforma as circunstâncias negativas em bem para os que
o amam (Rm 8.28), "porque na esperança somos salvos". (Rm 8.24).
Japão
Japão é um país insular do extremo Oriente. Seu nome é de origem
chinesa, Ji-pen, que significa "raiz do sol", com a variação japonesa,
nippon, donde o nome nipônico, que significa literalmente "origem do
sol" ou "terra do sol nascente". O Japão tem a segunda maior economia
do mundo, superado apenas pelos Estados Unidos, sendo hoje uma
monarquia constitucional, embora o imperador seja apenas chefe de
Estado, com poderes limitados, ficando o maior poder com o primeiro
ministro, que é chefe de governo724.
No final de 1999, Helga Kepler Fanini 725 escreveu uma reportagem
sobre o Japão, em que informa que os primeiros missionários ali che-
gados foram da Junta de Richmond, em 1886, mas no final da Segun-
da Guerra Mundial não havia igrejas. Entretanto, em 1999 havia "332
igrejas e congregações batistas, 300 pastores e 25 mil membros" em
três convenções.
ONYEBUCHI, Daniel. Pedido urgente de oração. Mensagem recebida por <InformativoBatis-
ta@yahoogrupos.com.br > em 25 set. 2008.
SITUAÇÃO permanece crítica para os cristãos na índia. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS.
Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 25 set. 2008.
JAPÃO. In: PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE. Disponível em: <http:/www.girafamania.
com.br >. Acesso em 19 set. 2008.
FANINI, Helga Kepler. Japão: a 40, viagem promocional do Presidente da Aliança Batista Mun-
dial. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 99, n. 51, p. 8 e 9, 20 a 26 dez. 1999.
No início do século XX, os japoneses emigraram para o Brasil em
grande número para trabalhar nas fazendas de café, tendo em vista que
em 1908, o Governo dos Estados Unidos proibiu a entrada de orientais
no país. Em 2004, a colônia japonesa no Brasil era constituída de um
milhão e quatrocentas mil pessoas. Nas duas últimas décadas do mes-
mo século, houve a inversão, quando os descendentes de japoneses
no Brasil se dirigiram para o Japão em busca de emprego. Isso levou os
batistas brasileiros a sentirem necessidade de mandar missionários para
aquele país. Um dos desafios no início do século XXI partiu da necessi-
dade de professores brasileiros para filhos de japoneses que desejavam
estudar a língua portuguesa para obterem condições de emprego quan-
do retornassem para o Brasil726.
Hoje o Japão é a segunda maior colônia de brasileiros no exterior,
depois dos Estados Unidos, com 260 mil brasileiros. O Coordenador
da área Ásia e Norte da África, Renato Reis de Oliveira727, da JMM,
comenta: "As igrejas no Japão estão infectadas pelo secularismo e frieza
espiritual pelo que muitas estão fechando as suas portas. Daí a impor-
tância do trabalho com imigrantes do Brasil".
Um grupo de cristãos na cidade de Kakamigahara apelou no início
da década de 1990 para a ida de missionários a fim de atender às suas
necessidades. Assim é que, em dezembro de 1992, foram como pri-
meiros missionários brasileiros para o Japão Elias Costa Lacerda e Val-
dete Pinheiro Lacerda. Em 1992, Elias728 apelou aos brasileiros: "Passa
a Kakamigahara e ajuda-nos". Mas a igreja nesse local só foi organizada
em 1997. Mais tarde ele escreve sobre o trabalho que estava sendo
realizado naquele país e a ligação do trabalho dos batistas brasileiros
com o que já existia ali:
Nosso objetivo é realizar dois cultos dominicais. Um só em japonês pela manhã,
e outro, só em português, à noite. Quanto à Missão, iniciamos o ano [19961
com 36 membros e uma classe de doutrina com cinco alunos. Nosso trabalho
está envolvido com os objetivos nacionais. A Missão participa de atividades
denominacionais e se identifica com seus propósitos. Um dos alvos da Con-
Taiwan
O nome Taiwan significa República da China, diferentemente da
República Popular da China que é a China Continental. Taiwan, que
no passado era conhecida como Formosa, é uma grande ilha a 300
quilômetros da costa da China, em um arquipélago de 78 ilhas. 70%
da população é budista, além de forte influência do confucionismo e
do taoísmo, que dão ênfase à veneração de ancestrais. Depois da ilha
ser disputada por chineses, portugueses, holandeses e japoneses, ficou
nas mãos dos chineses. Entretanto, apesar desses considerarem Taiwan
como parte de seu território, o país funciona como sendo independen-
te.
Id. A expansão do evangelho no Japão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 96, n. 8, p. 7,
03 mar. 1996.
CELEBRANDO a vida no Japão. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 17, nov./
dez. 2007.
Taiwan foi um dos campos onde a )MM iniciou trabalho missionário
em 1995, através de Luiz Amaro da Silva e Orleusa Arruda da Silva, que
já moravam ali desde 1989, mas só se tornaram nossos missionários em
1995, mediante parceria com várias igrejas. O trabalho foi iniciado usan-
do a estratégia do esporte através do futebol. Entretanto, diferentemen-
te da China continental, é possível entrar como missionário em Taiwan,
embora não haja propriamente liberdade para se pregar o evangelho. O
próprio Governo apelou aos cristãos para abrirem escolas que ministras-
sem aulas de orientação moral e cívica731.
Tailândia
A Tailândia, que fica localizada no sudeste asiático, é um país com
forte tradição budista, cujos seguidores chegam a 83%da população.
Há 6,8% de islamitas e apenas 2,2% de cristãos.
Em 1995, Gladimir e Márcia Nunes Fernandes foram nomeados como
missionários na Tailândia, mas antes estiveram na Inglaterra, a fim de ob-
terem treinamento especial para realização do
trabalho, pelo que só chegaram ao campo em
1997. Eles continuam lá, trabalhando na área
de esportes, onde montaram uma escola de
futebol. Os missionários logo iniciaram estu-
dos bíblicos com participação de seguidores de
Buda e passaram a cooperar com uma igreja de
universitários, discipulando e ajudando no cres-
cimento espiritual dos novos convertidos. A lín-
gua thai é considerada uma das mais difíceis, e
a sua cultura, uma das mais ricas do mundo732.
Timor-Leste
Dentre os novos campos em 2001 está ' ir.e Márcia Nunes
Nveancies chegam à
a República Democrática do Timor-Leste, lailàndia corno novo
campo em 1997
7 " SILVA, Luiz Amaro da. A cultura se opõe, mas o evangelho penetra em Taiwan. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, ano 28, n. 107, p. 8, nov./dez. 1996.
742 CINTURÃO começa a ceder. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, jul./ago. 2000.
conhecida no passado como Timor Português, que fica na parte
oriental da ilha de Timor, localizada no sudeste asiático. Mesmo
ficando na Ásia, embora alguns a ligavam à Oceania, é um país
de maioria católica romana, mas há uma forte tradição composta
por lendas e mitologias, incluindo a influência das grandes religi-
ões orientais que dominam a Ásia. Foi colonizado por Portugal até
1975, tornando-se parte do território português entre 1975 e 1999,
quando alcançou independência, que só foi reconhecida em 2002.
As línguas oficiais são o português e o tétum, mas a mais falada é
a bahasa indonésio, que é considerada idioma de trabalho, junta-
mente com o inglês'''.
Para Timor-Leste se dirigiu em 2001 o casal Denison Augusto Bap-
tista e Patrícia Barradas Lobo Baptista, que antes participaram de pro-
jetos missionários na África, no interior do Brasil e no Paraguai, e
chegaram ao novo campo no mês de abril. Eles porém não permane-
ceram no campo por causa de uma enfermidade da Patrícia.
O Timor-Leste, país destroçado pela guerra, é considerado um dos
países mais jovens e também mais pobres do mundo734. Timor-Leste é
um campo aberto para projetos sociais, e para lá seguiram em 2005 o
casal Evaldo e Vanete Teixeira e a missionária Silvânia Maria da Costa.
Esta foi com o objetivo de implantar o PEPE e ministrar aulas em uni-
versidades735. O fato de Silvânia e sua equipe ter uma gramática em
língua portuguesa, publicada pela Secretaria de Educação do Timor-
Leste, facilitou a obtenção de seu visto.
z''' FORMAÇÃO do Estado Soviético. In: COLÉGIO RAINHA DA PAZ. Disponível em: <http:/
www.rainhadapaz.com.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
7'7 UNIÃO Soviética. In: IDADE CONTEMPORÂNEA. Disponível em: <http:/www.historiado-
mundo.com.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
Sabe-se que na época do domínio comunista houve muito sofrimen-
to dos cristãos. "As pessoas eram batizadas nas florestas, com tempe-
ratura abaixo de zero, por causa da perseguição. Nas igrejas, mesmo
funcionando com a permissão do Governo, eram colocados agentes
da KGB para vigiarem o que acontecia nos cultos"738. Falando especi-
ficamente sobre a Rússia do período soviético, Waldemiro Tymchak739
escreveu em 1969 sobre a sede de Deus e da sua Palavra:
Quando se lê a Palavra de Deus o povo devora cada palavra pronunciada com
os olhos. Alguns abrem a boca e esquecem de fechá-la. Outros choram, outros
são possuídos de um gozo espiritual tal qual nunca visto. Quando se ora no culto,
a congregação toda ora com o pregador ou com a pessoa do auditório. Não há
gritaria como acontece nas igrejas pentecostais. É apenas um murmúrio silencioso
vibrante cheio de fé e fervor. O "amém", no final da oração, ecoa através do salão
e o mesmo acontece quando o pregador termina a oração; o "amém" é obrigató-
rio e a congregação responde. Ser crente na Rússia é uma luta diária. Eu repito, é
uma luta intensa. Você é ou não é crente. Não há meio termo.
-'" COMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 9, jan./fev. 2008.
TYMCHAK, Waldemiro. Eu chorei na Rússia! O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 69, n. 47,
p. 4, 23 no. 1969.
-' NUNES, Macéias. A hora e a vez do Leste Europeu (A). O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
90, n. 4, p. 8, 28 jan. 1990.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC e Coordenação, 1989, p. 380.
para evangelizar, pregar e entregar literatura. Paulo Moreira Filho742
escreveu em 1990:
Seitas! Seitas! Seitas! Elas estão chegando com tudo na Romênia: mórmons,
testemunhas de Jeová e "New Age" são apenas alguns exemplos. O perigo é
enorme por causa do vácuo espiritual que o ateísmo só fez realçar no país e
devido às desinformação dos crentes a respeito.
Romênia
A Romênia viveu sob o regime comunista a partir de 1947 com a
ocupação soviética, mas uma política externa independente da URSS foi
MOREIRA FILHO, Paulo. Apud TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: 71 áassembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1990, p. 340 e 341.
74 ' TYMCHAK, Waldemiro. Clamores e temores do Leste Europeu. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, n. 82, p. 1, set. 1991.
"^ Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 76- assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1995, p. 390-93.
adotada na década de 1980, culminando com
uma revolução em 1989 em busca da demo-
cracia, que levou o país à ruína econômica.
Entretanto, em 1991, foi promulgada pelo
Parlamento uma Constituição democrática745.
No mês de julho de 1992, após quase
quatro anos de trabalho, foram remanejados
do Equador, onde atuaram desde 1988, para
a Romênia, o casal Heinrich Friesen e Olga
Schmidtke Friesen, com a proposta de se-
rem sustentados pela Primeira Igreja Batista
de Niterói através do PAM. Houve antes, em
1937, um primeiro contato com a Romênia
de um batista norte-americano que foi mis-
sionário no Brasil por muitos anos, quando
H. H. Muirhead deu um Curso por Extensão
para professores de Escola Bíblica no Semi-
nário de Bucareste e na Igreja Chisnau746. Os
desafios enfrentados pelos missionários tornaram-se grandes com os
problemas econômicos. Também a necessidade de aprender uma ou
duas línguas, tendo em vista que ali se falava o romeno e o húngaro,
dificultou o trabalho missionário. Em novembro de 1991 havia na Ro-
mênia 8 pastores para 53 igrejas batistas, o que denota carência de
obreiros e líderes747.
O casal de missionários na Romênia desde 1995, Gerson Tomaz
Pereira e Sônia Maria da Silva Tomaz748, escreveu em 2002 que na-
quele país estava a maior comunidade de ciganos do mundo com um
milhão e meio de pessoas e que a maior necessidade ali era a forma-
ção de líderes ciganos. O plano era que o trabalho de evangelização
Ucrânia.
A Ucrânia foi desde o século IX o centro da civilização eslava orien-
tal. No século XX, após quatro anos de independência que seguiu à Re-
volução Russa, integrou-se à URSS. Após o colapso da União Soviética,
tornou-se um Estado soberano. Sua economia hoje é considerada um
mercado livre emergente. A religião predominante é a Católica Orto-
CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 820, 2002, Recife/Olinda, ata da 100 sessão. Convenção
Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 55.
TOMAZ PEREIRA, Gerson; TOMAZ, Sônia Maria da Silva. Carta da Romênia. Mensagem rece-
bida por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 abr. 2008.
doxa, sendo a Igreja Ortodoxa Ucraniana vinculada ao Patriarcado de
Moscou7".
No ano de 1993, a Junta iniciou o trabalho na Ucrânia, com mis-
sionários da terra através de convênios. No final do mesmo ano, o
pastor Dmytro Bucky, da Igreja Batista Ucraniana de São Caetano
do Sul, SP, viajou para a Ucrânia com apoio da JMM, para passar
ali alguns meses dando apoio ao trabalho realizado no país. Como
resultado de seu trabalho, foi organizada a Igreja Batista Boas Novas
com 40 membros, houve mais de 80 decisões, vários batismos e foi
formulado um convênio com a JMM, inicialmente para o sustento
de quatro obreiros da terra752. Em 1994 o número de missionários na
Ucrânia chegou a 10.
O Jornal de Missões apresenta um depoimento sobre a Ucrânia:
"Com a dissolução das Repúblicas Socialistas Soviéticas e sua extinção
do partido comunista em 1991, a Ucrânia se tornou uma das mais
importantes portas para a pregação do evangelho de Jesus Cristo para
o mundo pós-marxista"753. O número de evangélicos no país chega a
300.000, sendo batistas cerca de metade desse número. A situação dos
evangélicos na Ucrânia no período de dominação soviética era muito
difícil, e apesar de hoje haver facilidade para a penetração do evange-
lho, aqueles momentos traumáticos do passado ainda hoje têm seus
reflexos. O missionário especial Anatoliy Schmilikhovskyy, que estudou
no Brasil, teve em seu pai, que foi diácono e depois pastor batista, um
exemplo de coragem e firmeza. Anatoliy754 relata uma das experiên-
cias de seu pai, explicando a importância da Bíblia naquele período na
União Soviética:
A Bíblia era um livro proibido na Ucrânia, e as pessoas que possuíam Bíblias
eram muito perseguidas. Meu pai me contou que certa ocasião foi à estação
ferroviária para receber um saco de Bíblias. Ele pegou aquela sacola cheia de
Bíblias e colocou no porta-malas do carro. Ao dirigir, percebeu que havia outro
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 77a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 411.
naram à Ucrânia em 2004 como missionários especiais756. Em 2006, os
dois missionários especiais coordenavam o ministério de missionários da
terra em 12 países do Leste Europeu. Eles, que aprenderam e absorveram
o ardor missionário no Brasil, passaram a realizar congressos missionários,
tentando despertar a visão missionária entre o seu povo757.
Em novembro de 2004, foi realizado o primeiro "Proclamai" ucra-
niano, orientados pelos jovens missionários Anatoliy e Lyubomyr, com
mais de mil pessoas presentes. Os objetivos foram "despertar, unir e
envolver as igrejas na obra missionária para o crescimento do Reino de
Deus em todo o Leste Europeu"758.
Conforme Lyubomyr, o atual presidente da Ucrânia, Viktor
Yushchenko, eleito em dezembro de 2004, é da Igreja Ortodoxa, que
agrega a maioria dos cristãos no país. Há liberdade religiosa na Consti-
tuição, mas com privilégios para a Igreja Ortodoxa. Por outro lado, há
quem estranhe a situação hoje, porque no período soviético ninguém
pagava escola, moradia, alimento, tratamento de saúde e várias outras
coisas, assim como não havia rico e pobre, pois todos recebiam a mes-
ma cota. O Governo controlava tudo. Por outro lado, às vezes faltava
o produto, inclusive alimento, embora as pessoas tivessem o dinheiro.
Também não havia liberdade religiosa e isso era o pior que poderia
acontecer. Lyubomyr Matveyev759 explica:
No período de dominação soviética nos reuníamos escondidos em uma casa
comum. As janelas eram fechadas com cortinas pretas. Somente havia pre-
gação, não cantávamos, porque a polícia secreta vigiava 24 horas por dia.
Quando alguém ia à Igreja, ouvia a Palavra de Deus que prometia libertação e
o povo se emocionava muito e chorava. A alegria era expressa com lágrimas.
Id. Convenção Batista Brasileira: 89 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 78-81. Lyu-
bomyr e Anatoliy foram estudar no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB), me-
diante convênio entre a JMM e aquela instituição, na ocasião dirigida por Zaqueu Moreira de
Oliveira. Mais tarde, Lyubomyr se casou com Natasha, e foi feito novo convênio com o Seminário
de Educação Cristã (SEC), para que ela fizesse o Curso de Educação Religiosa. Eles retornaram à
Ucrânia, mas os rapazes continuam voltando anualmente ao Brasil, pois estão fazendo o Curso de
Mestrado em Teologia através de módulos, no STBNB.
MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Região 2 — Europa. Convenção Batista Brasi-
leira: 87á assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 116 e 117.
SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Mais de mil pessoas no primeiro Proclamai. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 9, jan./fev. 2005.
MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
O meu pai, que era um pastor, tinha bom humor, mas ao mesmo tempo era
um chorão. Ele viveu fortemente a perseguição, e ele mesmo foi perseguido.
O comunismo prometia um belo futuro na terra, mas sem Deus. Por outro
lado no capitalismo há liberdade para alguém ir à Igreja. Então, quando há
problema, você vai até lá, paga ao sacerdote e "resolve" tudo. Obviamente
isso é ilusório! Infelizmente hoje a distribuição de folhetos e campanhas de
evangelização não têm o mesmo resultado, porque antes se fazia tudo com o
coração entregue a Deus, havia fidelidade ao evangelho, mesmo sabendo do
perigo que corriam. O evangelismo que agora funciona é o evangelismo sem
palavras, de comportamento, de ação, de vida. Este produz mais resultados do
que qualquer campanha promovida pelas igrejas ou com grandes expoentes
da evangelização. As teorias sociais, econômicas e políticas são muito bonitas,
mas falhas. Só o evangelho é o poder de Deus e a verdadeira liberdade é a que
nos ensina a Palavra de Deus.
"2 DIDEK, Vasiliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
os poderes deste mundo, possamos ouvir de Jesus: "Tens pouca força,
entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome" (Ap.
3.8b).
Albânia
A Albânia, situada na península dos
Bálcãs, não se integrou à URSS. Durante
a Segunda Guerra Mundial, entre 1939
e 1943, esteve sob o domínio da Itália
de Benito Mussolini. Em junho de 1994,
Manoel Florêncio Filho e Raquel Carnei-
ro Florêncio foram, através de convênio,
para a Albânia, que era considerada na
ocasião "o país mais comunista e mais fe-
chado ao evangelho de toda a Europa"763.
Por isso a colocamos aqui nesse bloco, e
não entre os povos muçulmanos, embora
os seguidores do islamismo ali cheguem
a 65% da população. Quando a família
Florêncio chegou ali, já havia missionários
brasileiros de outras missões. Eles estavam
Manoel Florêncio Filho e
na Albânia desde 1994, e depois de pou- Raquel Carneiro Florêncio
co mais de três anos foram forçados a sair an am a Albânia em 1994
7 " BROWN, David Alan. Albânia — a Macedônia do ano 2000. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 7, maio/jun. 1994.
764 CONFLITOS ameaçam igreja na Albânia. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, maio/jun.
1997.
bânia, a família Florêncio trabalhou em parceria com a Missão Batista
Conservadora e deixou duas frentes missionárias. Ao sair foi par a Ma-
cedônia, no sudeste da Europa765, e no ano seguinte para a Itália. O
missionário relata como foi a sua saída da Albânia:
Os depósitos de armas do exército foram saqueados e estabeleceu-se o caos.
Decidimos sair juntos com os missionários de outras agências, na madrugada
do dia 14. Soubemos que uma rede de intercessores brasileiros estava orando
por nós e, de fato, fomos muito abençoados, pois não encontramos nenhum
obstáculo no caminho. Chegamos em Custódia, na Grécia, às oito da manhã e
ficamos sabendo que em Korça, onde estávamos, até os hospitais e a materni-
dade foram saqueados66.
-6 ' SANTANA, Esequias. Missionários deixam a Albânia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97,
n. 13, p. 11, 31 mar. 06 abr. 1997.
FLORÉNCIO FILHO, Manoel. Conflitos ameaçam igreja na Albânia. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, maio/jun. 1997.
-6- PECHOTO, Henrique Davanso. Informativo missionário — Albânia. In: JUNTA DE MISSÕES
MUNDIAIS. Disponível em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 04 nov. 2008.
TYMCHAK, Waldemiro. Convenção Batista Brasileira: 80r assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
1999, p. 425-432.
Joel Costa'", que em 2000 coordenava 97 obreiros da terra na Rússia,
Ucrânia e Bielo-Rússia. Ele lembra a forte influência da tradição cristã
ortodoxa na Bielo-Rússia, e que no país há somente 1,1% de evangélicos,
incluindo 240 igrejas batistas com 14 mil membros. Os 20 missionários
autóctones ali batizaram 50 novos crentes em 1998 e 33 em 1999.
Em 1997, chegamos com obreiros da terra à Moldávia em maio e à
Polônia em julho. No mesmo ano, interessante comentário sobre a ex-
União Soviética é feito por Waldemiro Tymchak"°:
O que os comunistas fizeram para difundir o marxismo, Deus está usando para
disseminar o evangelho da salvação. Na ex-União Soviética todos foram obri-
gados a falar o russo. Além disso, o sistema comunista impôs em cada vila ou
aldeia uma casa de cultura onde eram realizadas conferências e congressos
para propagar a ideologia marxista. Hoje, o fato de em qualquer lugarejo se
falar o russo, torna a tarefa missionária mais fácil e, como se isso não bastasse,
as casas de cultura estão sendo cedidas para as reuniões evangelísticas e para os
cultos. É o milagre de Deus! É a sabedoria de Deus nos mostrando na prática as
palavras de Cristo: "Contra a minha igreja as portas do inferno não prevalecerão"
(Mt 1 6.1 8b).
COSTA, Joel. Capacitação dos obreiros faz obra crescer. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
5, mar./abr. 2000.
77" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 7E0 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1997, p. 401.
7" GOMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-
—3 MARTELETTO, Luiz Cláudio. A hora de ceifar no Leste Europeu. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 20, jan./fev. 2000.
ARMÊNIA. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.org>.
Acesso em 19 jul. 2008.
RAVANI, Júlio César. Como ouvirão? O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 7, p. 3, 15
fev. 2004.
O relatório da JMM referente a 2004 faz referência à Moldávia, que
tem o grupo batista que mais cresceu em toda a Europa e se tornou a
primeira nação da ex-União Soviética a formar uma Junta de Missões
Mundiais. Outro destaque é o "Proclamai" russo, realizado naquele ano
sob orientação do pastor Rubin Voloshin, que se inspirou no Proclamai
realizado no Rio de Janeiro em 2001. O relatório faz ainda menção à
atividade dos batistas brasileiros na Romênia, Cazaquistão, Polônia e
nos países bálticos: Lituânia, Letônia e Estônia"6.
Em agosto de 2006, foi para a Letônia Hans Gilson Behrsin e Elaine
Behrsin, sendo ele descendente de letos. Chegaram à capital, Riga, em
11 de setembro, quando foi logo convidado para integrar uma equipe da
União das Igrejas Batistas da Letônia, e assumir o centro de treinamento
para líderes recém-formados em seminários. O
projeto é que em 10 anos sejam plantadas 100
igrejas nas principais cidades do país e na frontei-
ra com a Lituânia, Estônia, Rússia e Bielo-Rússia,
onde não há trabalho evangélicom.
Entre 29 de outubro e 10 de novembro de
2007, o pastor Wander Ferreira Gomes esteve
na Ucrânia, Rússia e Romênia, enviado por sua
Igreja, a Batista do Recreio dos Bandeirantes,
no Rio de Janeiro, em convênio com a JMM. Ele
trouxe um belo relatório do trabalho naqueles
Hans Gilson Behrsin e
países, publicado no Jornal de Missoes"8. Elaine Behrsin chegam à
Nem tudo são flores nos países ex-soviéticos, Letônia em 2006
776 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 89 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 78-81.
7 '7 LETÔNIA: 100 novas igrejas. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 4, set./out. 2007.
77" GOMES, Wander Ferreira. Leste Europeu: portas abertas à Palavra de Deus. Jornal de Mis-
Considerações gerais
Em 1990, um trabalho sobre os muçulmanos publicado na Revista
Teológica do Seminário do Sul foi adaptado para O Campo é o Mun-
do. O autor lembra que na ocasião havia 900 milhões de muçulma-
nos e mais de 70 países com população islâmica. Segundo o autor,
metade da população da África era maometana. E continua: "O islã
continua ainda hoje tendo o objetivo de remodelar a vida política,
econômica, as leis e hábitos sociais em nome da religião"781. O !sia-
7"4 JUNQUEIRA, Eduardo. O mundo é de Alá. In: VEJA. Disponível em: <http:/veja.abril.com.
br>. Acesso em 03 out. 2008.
ISLAM hoje. In: ISLAM. Disponível em: <http:/www.islam.org.br>. Acesso em 03 out. 2008.
7"4 MARTELETTO, Luiz Cláudio. Muçulmanos: eles precisam conhecer o rei Jesus. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 11, mar./abr. 1999.
relatou em 2003 a sua experiência ao criar o Movimento Árabe Cristão
(MAC), que se tornou Ministério, ajudando na organização da Igreja
Árabe de Foz do Iguaçu e o funcionamento do Centro de Treinamen-
to para Evangelização do Árabe. Mencionou ainda os Núcleos Árabes
Cristãos por ele criados, tendo em vista implantar igrejas no meio dos
árabes. É digno de nota o treinamento para evangelização de árabes
que esses missionários têm realizado, através do MAC, que dentre ou-
tras atividades em 2002 criou um projeto de treinamento de emprega-
das para trabalharem nas casas dos árabes785.
Outra informação é que somente na Índia, com sua população atual
de um bilhão e 200 milhões de habitantes, há 160 milhões de muçul-
manos, sendo grande parte deste total na Caxemira, onde após 20 anos
de atuação dos batistas, há 70 famílias seguindo a Cristo. Uma curio-
sidade é que de 30 mil missionários na índia, somente 300 trabalham
com muçulmanos. Como referido anteriormente, o trabalho da JMM
nesse país é feito através de parceria com a Agência Al-Bashir, nome
este que significa "Mensageiros de boas novas'.
Oriente Médio
O Oriente Médio é urna área com 270 milhões de habitantes, em
15 países localizados na Ásia, África e Europa, com variadas culturas,
religiões e etnias, estando ali a grande força da religião muçulmana.
Tem sido uma das principais áreas de conflitos no mundo, não so-
mente por motivos religiosos, como econômicos, políticos e sociais.
Ali se encontra a maior riqueza mineral da Ásia, o petróleo, que le-
vou a ser criado no Iraque, em 1960, um dos mais fortes organismos
internacionais: a Organização dos Países Exportadores do Petróleo
(OPEP)787.
Antes de 1981, seguiu para o Iraque o primeiro missionário dos
batistas brasileiros naquele país, João Soares Fonseca, indo a sua
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 83a assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 150-169.
FERNANDES, Tomé Antônio. Promoção Brasil 2008. Documento recebido por <zedel@uol.
com.br> em 17 nov. 2008.
ORIENTE MÉDIO. In: BRASIL ESCOLA. Disponível em: <http:/www.brasilescola.com>. Aces-
so em 19 set. 2008.
esposa, Eliana Bess d'Alcântara Fonseca, no início de 1982. A con-
sagração do casal para o trabalho missionário ocorreu em 11 de
novembro de 1981. A notícia veiculada em O Jornal Batista é que
na ocasião moravam mais de 4.000 brasileiros no Iraque, ligados à
Construtora Mendes Jr., sendo 120 deles evangélicos, na maioria
batistas. A referida construtora estava empenhada na construção da
ferrovia para a fronteira da Síria, onde havia fosfato788. A região onde
está hoje o Iraque, no Oriente Médio, era a Mesopotâmia, que foi
o centro da civilização na Antiguidade. Apesar de ser um dos maio-
res produtores de petróleo do mundo, a economia iraquiana ficou
arrasada com a guerra contra o Irã (1980-1988), a Guerra do Golfo
(1991) e o embargo econômico em 2001789, que culminou com a
invasão do país pelos norte-americanos em 2003.
O missionário Marcos Stier Calixto79° analisa algo a respeito do
mundo árabe, com o qual tem atuado desde 1993:
Com respeito ao mundo árabe e ao Oriente Médio, por causa do deserto e
das areias daquela região, há missões que os têm associado como Muralha de
Areia. Associamos areia à realidade do mundo árabe e muralha por causa da-
quilo que precisa ser derrubado: a resistência ao evangelho. Eu creio que o úl-
timo desafio, antes da volta do Senhor Jesus Cristo, é a queda desta muralha.
7 " BRASIL envia missionários para o Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 82, n. 1, p. 10,
03 jan. 1982.
"''' SAMARA, Khalil. Iraque, uma história de conflitos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11,
mar./abr. 2003.
CALIXTO, Marcos Stier. Mundo árabe: a última muralha. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 7, jul./ago. 2003.
7'" MORAES, Luiz Paulo de Lira. A vitória que vence o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 96, n. 32, p. 12, 24 ago. 1996.
é ser muçulmano, por isso deixar o islamismo seria o mesmo que
trair a pátria. Há um sentimento de desconfiança em relação ao
estrangeiro"792 . Na Turquia a religião foi separada do Estado, mas
como 97% da população são muçulmanos, a cultura islâmica predo-
mina em tudo. Os cristãos são apenas 0,6% dos habitantes, sendo a
maior parte deles maronitas, conhecidos como católicos do Líbano.
O número de batistas chega a 4.500 pessoas793.
Em outros países como a Jordânia, não há discriminação religio-
sa de acordo com a Constituição, mas o próprio governo proíbe a
evangelização de muçulmanos, que ao se converter a outras religi-
ões são considerados apóstatas, podendo inclusive ser punidos com
pena de morte794.
Em 1997, o missionário na Palestina, cujo nome é omitido por se-
gurança, deseja atender o clamor dos jovens drogados, criando uma
casa de recuperação de viciados e meninos de rua795 . A Palestina foi
proclamada Estado em 1988 pelo Conselho Nacional Palestino, que
é o organismo legislativo da Organização para a Libertação da Pales-
tina (OLP). Apesar do Estado ser reconhecido pela Liga Árabe e por
cerca de metade dos governos mundiais, não tem soberania sobre
qualquer território e nem é reconhecido pela ONU796.
Três novos campos foram abertos em 1999 entre povos não al-
cançados da Ásia na Janela 10/40, a saber, Israel, Afeganistão e Tur-
quia797. Obviamente Israel não é um país muçulmano, pois 80% da
população seguem o judaísmo. Entretanto, 14% são islamitas e ape-
nas 4% seguem as religiões ditas cristãs. Desses, menos de 10 mil são
protestantes, estando a maioria deles entre os árabes palestinos.
-"2 PRESSÃO islâmica tenta impedir avanço missionário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7,
jan./fev. 2002.
"3 IGREJA perseguida na Turquia. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/www.
portasabertas.org.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
MISSÕES em um mundo sem fronteira. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM, 2005. 1
videocassete.
NA PALESTINA, jovens viciados em drogas clamam: "Façam alguma coisa por nós!" O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 45, p. 11, 10 a 16 nov. 1997.
'°6 ESTADO da Palestina. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/pt.wikipedia.
org>. Acesso em 18 jul. 2008.
^'`'' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Crise econômica: até que ponto ela afeta a obra missionária?
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 14, nov./dez. 1999.
O Afeganistão já foi chamado de "encruzilhada da Ásia Central",
tendo em vista o seu ponto de ligação entre a índia e o Oeste da
Ásia. Embora alguns neguem que seja parte do Oriente Médio, tem
o seu elo com essa região, pelo que muitas vezes é designado como
um país da Ásia Central, Ásia Meridional e Oriente Médio. O nome
completo é República Islâmica do Afeganistão, sendo um dos países
mais pobres do mundo, que tem passado por grandes turbulências
na área econômica. O país sofreu com a invasão da União Soviética
em 1979, mas em fevereiro de 1989 houve a retirada dos exércitos
vermelhos e, em 1992, a queda do regime comunista798. Quanto à
religião, 99% da população são de muçulmanos e apenas 0,01% de
grupos ditos cristãos799.
No ano de 2000, reportagem sobre a Jordânia fala sobre as dificul-
dades para alcançar os muçulmanos, que constituem 92% da popu-
lação. Informa que a melhor maneira de anunciar-lhes o evangelho
naquela região "é através de evangelismo pessoal ou de massa por
meio de rádio ou TV. Outra boa maneira é testemunhando através
de um modo de vida que faça eeuueaiïirüMnnlnrF■
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O Oriente Médio, que tem 11111111MMIBILIIM11111111111
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sido marcado por tensão cons- 1111111111111111111
7'8 HISTÓRIA do Afeganistão. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: <http:/
pt.wikipedia.org>. Acesso em 18 jul. 2008.
799 IGREJA perseguida no Afeganistão. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/
www.portasabertas.org.br >. Acesso em 18 jul. 2008.
"'' DIB, Antoine. Desafios de uma região de maioria muçulmana. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 7, set./out. 2000.
para alcançar o quanto antes outros países como a Tunísia e a Mau-
ritânia, para depois estender o trabalho para Marrocos, Nigéria e
Líbia".
A missionária Miriam Karima esteve por dois anos no Norte da
África, em países como o Egito, Síria, Marrocos e outros. Dentre
outros povos, na maioria muçulmanos, ela fala sobre os beduínos,
que formam uma população de 20 milhões de pessoas espalhadas
na Síria, Líbano, Jordânia, Líbia, Egito e Israel. Vivem no deserto
e praticam uma cultura milenar. Não têm o evangelho de Cristo,
mas conhecem muito bem a geografia bíblica, inclusive a hipotética
rocha onde Moisés tocou com sua vara, no Sinai, que continua jor-
rando águas cristalinas".
Na assembléia da CBB de 2002, em Olinda, Pernambuco, o mis-
sionário MZ relatou a sua experiência, tendo sido iniciado na guerri-
lha em organizações que tinham como objetivo a independência da
Palestina. Foi torturado, preso e exilado na Europa, onde continuou
sua militância na causa palestina e divulgação do islamismo. Na Ar-
gentina, em 1992, foi alcançado pelo evangelho. Depois de receber
preparo para o trabalho missionário, passou a pregar na região onde
antes atuava, inclusive a Faixa de Gaza, já havendo uma igreja na
Palestina.
Um fato entre dezembro de 2002 e janeiro de 2003 foi a prisão
do missionário MZ, na Jordânia, ficando incomunicável por quatro
dias, numa cela escura, sem qualquer tipo de alimentação. Pressio-
nado a negar a fé em Jesus, manteve-se firme diante das autorida-
des. Após passar por vários momentos de dor e sofrimento, o go-
verno do país decidiu deportá-lo. Ele falou de sua ida ao aeroporto
quando saiu da cela algemado e encapuzado, sendo conduzido por
policiais que receberam a mensagem do evangelho. MZ803 concluiu
uma entrevista dizendo:
""' BOAS notícias que vêm do Oriente Médio. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, maio/
jun. 2002.
""' KARIMA. Miriam. Uma viagem entre os não-alcançados. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 11, set./out. 2002.
8°' MZ. O preço por não negar a Jesus. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 6 e 7, jan./fev. 2003.
"'" ^ SAMARA, Khalil. Iraquianos buscam abrigo em igrejas evangélicas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 10, mar./abr. 2003.
organizada a Primeira Igreja Batista de Bag-
dá no dia 16 de setembro daquele ano".
A Igreja cresceu tanto que resolveram em
2004 organizar uma outra Igreja, ficando
a Primeira com 400 membros e a Segunda
com 200"6.
Por outro lado, dentre outras notícias sobre
o Iraque, artigo no Jornal de Missões fala da
cidade de Baachica, onde a maioria das pes-
soas é adepta de uma seita que adora Sata-
Renato Reis de Oliveira nás. "Deus usou poderosamente os obreiros.
participou em 2003 da
O resultado foi que mais de 120 pessoas se
organização da PIB de
Bagdá, no Iraque converteram. Atualmente, na própria casa de
um ex-sacerdote dessa seita, estão sendo re-
alizados cultos evangelísticos"807.
Nem todas as notícias são alvissareiras sobre o trabalho na Janela
10/40 onde está também o Oriente Médio, uma vez que continuam
as restrições para que se pregue a mensagem do evangelho. Assim é
que há a informação de que em 2006, no Iraque, um ex-missionário
que tinha sido apoiado por dois anos pela JMM foi seqüestrado e
logo depois morto pelos seqüestradores8°8 . Em países do Oriente
Médio, como o Iraque, Egito, Jordânia e Líbano, o cristão pode se
converter ao islamismo, mas o inverso é proibido. Daí as notícias
freqüentes de perseguição religiosa contra cristãos. Depois de qua-
tro anos atuando no Egito, no norte da África, tendo ido com visto
de estudante, Ana Thais foi expulsa de lá em 2008, retornando para
o Brasil.
Em 2007, um grupo de pastores, incluindo o representante da
JMM em São Paulo, Adilson Ferreira dos Santos, os coordenadores
do trabalho da JMM no Oriente Médio e na Ásia e Norte da África,
8"5 OLIVEIRA, Renato Reis de. Tempo de anunciar a paz no Oriente Médio. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, p. 3, jan./fev. 2004.
80" Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 28 maio 2007.
8°- IGREJAS foram preservadas durante a guerra. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, maio/
jun. 2003.
8"8 MISSIONÁRIOS assassinados na índia e no Iraque. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4,
"'" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Presentes de Deus recebidos no Iraque. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 107, n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
"'" Id. Presentes de Deus recebido no Iraque. O Jornal Batista, Ano 107, n. 41, p. 9, 14 out.
2007.
"" OLIVEIRA, Renato Reis de. Deus enxerga o Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107,
n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
claro no final da visita que Deus continua enxergando a região com seu
olhar de graça e misericórdia. As experiências de brasileiros em viagens
missionárias como essa devem ficar na memória do povo batista brasi-
leiro para sempre. Adilson Ferreira dos Santos812 relatou mais algumas
ocorrências no Oriente Médio:
Em nossa viagem, recebemos vários livramentos nas fronteiras militares, que são
abundantes. No trajeto do aeroporto até o local da conferência, passamos por
oito barreiras militares em uma hora de viagem. Na maioria das vezes, a camisa
do Brasil era o nosso passaporte. Em alguns lugares da visita, jogamos futebol e
doamos uniformes esportivos. Joguei basquetebol no Colégio Batista de Amam,
na Jordânia, e demos os primeiros passos para um intercâmbio missionário-
esportivo-pedagógico com o nosso Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo.
Pastoreamos nossos missionários efetivos em três países e conhecemos os seus
projetos de trabalho.
8 " SANTOS, Adilson Ferreira dos. Presentes de Deus recebidos no Iraque. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 107, n. 41, p. 9, 14 out. 2007.
8 " SAMARA, Khalil. Informativo missionário — Líbano. Mensagem recebida por <edelfalcao@
yahoo.com.br > em 05 ago. 2008.
"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Recife, 17 mar. 2008.
aconteceu em março do mesmo ano. Sobre o seu trabalho, foi regis-
trado o testemunho: "A Junta de Missões Mundiais louva a Deus pelo
ministério do missionário MZ e pelo tempo dedicado à obra missioná-
ria da JMM. Sua atuação em campos de refugiados, bem como suas
viagens de treinamento e apoio missionário, renderam muitos frutos
para o reino de Deus"815.
Entre 23 de setembro e 08 de outubro, mais uma equipe de pastores
brasileiros foi ao Oriente Médio para dar apoio aos obreiros da terra
que ali atuam. Foram 16 pastores de São Paulo, Bahia, Rio e Janei-
ro e Minas Gerais, liderados por Antonio Joaquim de Matos Gaivão e
Khalil Samara. Os países visitados pelo grupo completo foram Líbano
e Iraque, ficando ainda uma parte da equipe para visitar a Síria. Mais
uma vez houve cerca de 30 batismos entre os 200 novos convertidos.
Como acontece em outras partes do mundo onde os cristãos sofrem
com a pobreza ou a falta de plena liberdade para pregar o evangelho,
é impressionante como os iraquianos cantam. Já no primeiro culto, os
pastores brasileiros foram contagiados pelo entusiasmo que os batistas
daquela terra apresentavam nos cânticos: "Um louvor contagiante e
muito alegre. Na perseguição, nas lutas e nos sofrimentos, os irmãos
louvam a Deus de forma a nos emocionar facilmente"816.
Dentre outras experiências de conversão no Oriente Médio, relata-
mos a da médica, Dra. Bernadete, que se converteu pelo testemunho
de seu irmão, que ao ser tratado de diabetes, teve uma experiência de
conversão por meio de fitas com programas evangélicos gravados. Um
dos componentes da equipe, Lécio Dornas817, da Igreja Batista Dois de
Julho, em Salvador, BA, escreveu:
Ele ouviu a mensagem e se converteu. Em virtude da perseguição iminente, du-
rante um longo período nada falou dentro de casa sobre sua conversão. Apenas
procurou viver o evangelho. Sua irmã sofreu o impacto da mudança de vida do
seu mano e, depois de muita insistência, conseguiu que ele pregasse para ela.
Então Dra. Bernadete entregou sua vida a Jesus. Em casa começou uma igreja
que se reunia escondida. Os irmãos não podiam cantar e nem orar em voz alta.
"" MISSIONÁRIO MZ pede desligamento da JMM. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 21, p. 10, mar./abr. 2008.
016 DORNAS, Lécio. Milagres em Duhok: caindo na graça dos iraquianos. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 108, n. 43, p.3, 26 out. 2008.
"" Ibid.
Para discipulado, eles só tinham a Bíblia e as mesmas fitas que ouviam repetidas
vezes. Ela nos disse que a Bíblia era o pastor e conselheiro deles. A Bíblia era
tudo para eles. Uma vida aos pés de Jesus. Um testemunho de cristã genuína
que convive com perseguições e ameaças. Estando sob vigilância contínua, fica
firme em sua fé. Quando fomos orar em seu favor, Dra. Bernadete nos disse que
não tivéssemos pena dela e nem nos preocupássemos com ela ou sua família,
mas que orássemos pelos perseguidores, pois eles precisavam muito mais das
nossas orações.
Senegal
Em junho de 1994, o casal Adoniram
Judson Pires e Raquel Pires, e a jovem
Veralúcia Ferreira da Rocha foram para
o Senegal, país da Janela 10/40, onde
99% da população são muçulmanos.
O país tem 8 milhões de habitantes e
mais de 30 etnias. Senegal é um país
da África Ocidental, onde a língua ofi-
cial é o francês, tendo alcançado inde-
pendência da França em 1960. Dentre
as várias etnias, a maior delas é a dos
wolof, com 40% da população. Os por-
tugueses estiveram lá no século XV, mas
foram os franceses, no século XVII que
marcaram mais a cultura senegalesa.
Quando Adoniram Judson Pires recebeu a informação sobre Senegal
como o possível campo para trabalhar, Waldemiro Tymchak lhe men-
cionou como sendo um "campo para gigantes", tendo em vista a força
muçulmana no país818. Foi muito carinhoso o estilo da carta escrita pelo
Executivo da JMM, quando soube da chamada de alguém que seria a
"I" PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
segunda geração de missionários da CBB. Assim escreveu Pastor Walde-
miro819 ainda em dezembro de 1992:
Surpreendi-me ontem, quando seu pai, falando comigo através do telefone,
falou-me sobre o irmão e o fato de estar sendo sondado pelos espanhóis para
ir à África pela Junta de Missões dos Batistas europeus. Ora, eu que vinha pen-
sando, lutando com Deus pelo irmão e seu futuro, disse ao seu pai que o irmão
é prata da casa. E que não há nada mais importante do que ver o filho do mis-
sionário tornar-se missionário. Diante disso, eu lhe peço que não considere ser
missionário dos batistas europeus e sim de sua Junta de Missões Mundiais, do
seu povo brasileiro.
"''' TYMCHAK, Waldemiro. Carta missionária. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 14 dez. 1992.
Digitado.
"z" PIRES, Adoniram Judson. Aldeia inteira se converte no Senegal. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 96, n. 8, p. 7, 03 mar. 1996.
"21 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Madri
— Espanha, 16 ago. 2007.
ao Senegal com os dois filhos, pois tinha a convicção de que havia ain-
da uma missão a cumprir: "Reorganizar a missão batista que havia sido
abandonada tão repentinamente, em virtude do que aconteceu"822. Na
ocasião, um senegalês comentou: 'Agora eu entendo que verdadeira-
mente os missionários brasileiros amam o Senegal. Nem o vale da som-
bra da morte foi impedimento para a volta deles"823 . Neste retorno de
grande amor à terra senegalesa, Adoniram e os filhos demoraram um
ano. De lá se dirigiram para a Espanha em uma nova etapa do trabalho
missionário.
Adoniram afirma que Senegal está no poder do mal e o que acon-
teceu com sua esposa era evidência dessas forças diabólicas. Contudo,
foi lendo a reportagem sobre o acidente em 1997 que o casal Jailson
Serpa Pereira e Ana Cristina de Araújo Serpa Pereira teve certeza do
chamado para o Senegal. Assim os dois seguiram para esse campo no
ano 2000. Jailson disse que o Senegal não era um país para eles, mas
"o" país. Ele logo percebeu como a força satânica era grande naquela
terra. Somente no primeiro ano de atividades, ele teve 10 pequenos
acidentes de trânsito e percebeu outras manifestações do poder do mal
atuando contra seu trabalho missionário824. Contudo, ele testemunha
sobre o trabalho: "Deus colocou em nosso coração o desejo de plantar
igrejas, que era o mesmo projeto que Ele havia colocado no coração
de Adoniram: formar obreiros, plantar igrejas e dar visão missionária à
igreja. Graças a Deus que conseguimos esses objetivos"825.
Em abril de 2006, a missionária Ana Cristina, esposa do Pastor Jail-
son, foi vítima fatal de um acidente de carro826, que provocou também
a morte de uma senhora crente e do motorista. Era quase uma repe-
tição do desastre ocorrido com a família Pires. A Junta providenciou o
traslado do corpo da missionária e deu todo o apoio à família. Seme-
lhantemente ao que ocorreu com Adoniran, a família do missionário foi
"" PIRES, Carlos Alberto. Memórias de Abegair. Madri: Autor, 2001, f. 90. Digitado.
"' PIRES, Abegair Lopes. Bênçãos no retorno da família missionária. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 7, mar./abr. 1999.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 165.
"' SERPA PEREIRA, Jailson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Salvador, 20 out.
2007.
52 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Junta de Missões Mundiais: palavra do Presidente. Convenção
Batista Brasileira: 87a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 99.
ao Brasil para o sepultamento, mas no mesmo ano, Jailson Serpa voltou
com os filhos para o Senegal. Ele conta que Ana Cristina sentiu em seu
coração que algo iria lhe acontecer, mas como o apóstolo Paulo que foi
aconselhado a não ir a Jerusalém, pois ali seria preso, ela resolutamente
seguiu o seu caminho. Pastor Jailson827 escreveu sobre o motivo que o
levou a retornar ao Senegal:
Tenho plena convicção de que nada acontece por acaso. Embora não compre-
enda, tenho plena convicção em afirmar que o Deus que mudou a minha vida,
que me chamou para o ministério, não comete erros. Quando saímos do Se-
negal, já havíamos determinado retornar. Na verdade, o retorno é natural para
nós, pois a nossa casa é o Senegal. Eu confesso que esse retorno não é fruto de
uma coragem, de um heroísmo. Mas de um coração que quer simplesmente
servir ao Senhor.
Guiné-Bissau
Guiné-Bissau é um pequeno país no oeste da África, onde há vários
dialetos, entretanto, o crioulo é o mais falado. Em 1961 o país, que
era colônia portuguesa, foi devastado por uma guerra civil, até que em
1973 proclamou a sua independência. Religiosamente, cerca de 50%
da população é constituída de muçulmanos e 40% de animistas, em-
bora haja abertura para a entrada de missionários828. Entre os animistas
existe o culto dos antepassados, assim como a ênfase na força física e
na feitiçaria.
Guiné-Bissau se tornou um dos novos campos dos batistas brasileiros
em 1995, com o trabalho missionário de Joed Venturini de Souza e Ida
Helena Mazoni Venturini de Souza, sendo ele médico e filho dos mis-
sionários Francisco e Márcia Venturini de Souza. Antes os dois serviram
por dois anos como missionários temporários em Açores, onde tam-
"27 SERPA PEREIRA, Jailson. "O Senegal é a nossa casa". Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
3, n. 13, p. 22, nov./dez. 2006.
02" FIGUEIRA, Nilcilene. Guiné-Bissau. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, maio/jun. 1995.
bém ele fez a sua residência médica.
Saúde, educação e agricultura são as
áreas mais carentes em Guiné-Bissau.
Quando Joed e Ida Helena chega-
rem ali, havia um missionário batista
norte-americano, que deixou o país
em menos de um ano. Assim foram os
nossos missionários que organizaram
a primeira igreja batista, tornando-se
pioneiros do trabalho. Logo de início
ena Venturini de em Guiné-Bissau, Joed e Ida Helena829
a.Guiné-Bissau
escreveram:
Estamos chegando a Guiné-Bissau onde não há
igrejas batistas. Os muçulmanos estão investin-
do intensamente, pois recentemente chegaram 50 missionários da Argélia de
uma só vez. [...1 Um dos nossos objetivos aqui é abrir uma escola batista dentro
de um ano. Também pretendemos desenvolver um trabalho de atendimento
médico às populações carentes.
y2" VENTURINI DE SOUZA, Joed; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Dois contra cin-
qüenta. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jan./fev/ 1996.
"" Id; id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio
de Janeiro, 29 out. 2008.
daquele ano. Com eles saíram também Analita Dias dos Santos, que
tinha sido missionária temporária no Chile e foi para Guiné-Bissau em
1996, e Edna Ferreira Dias, que havia chegado como missionária em
1997831. Em 1999, Joed retornou sozinho para verificar a situação em
Bafatá, onde trabalhava, e escreveu: "Há falta de tudo. Não há luz,
água, gás, nem telefone na cidade. A alimentação é escassa e os remé-
dios estão caríssimos"832. Mais tarde a esposa, os filhos e as duas missio-
nárias solteiras, Analita Dias dos Santos e Edna Ferreira Dias, também
retornaram.
Em 2000, o pastor médico Joed Venturini de Souza lançou o desafio
da Rádio Jam Jammaa (Paz para o povo) para os fulas, com o objetivo de
alcançar melhor a maior etnia de Guiné-Bissau. Ele lembra que Guiné-
Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com 66% de analfabetos,
alto índice de mortalidade infantil e renda per capita de 230 dólares
anuais833 . Joed expressa sua admiração com os bons e imediatos resulta-
dos depois da guerra, quando batizou 11 novos crentes, inclusive um ex-
muçulmano que "percorreu 30 km numa bicicleta com um pneu furado"
para chegar a tempo, dar a sua bela profissão de fé e ser batizado834.
Em 2002, o Executivo da JMM esteve em vários países, inclusive da
Janela 10/40. Ao falar sobre Guiné-Bissau, onde trabalha o casal Ven-
turini de Souza, menciona a temperatura que chega de dia a 50 graus
dentro de casa. Outro item por ele referido é o poder do mal, com a
atuação de "missionários", bruxos e feiticeiros. Mas "os nossos missio-
nários enfrentam este problema com jejum e oração e Deus tem ope-
rado de maneira extraordinária"835.
O apoio de igrejas a determinados projetos no campo missionário é
visto no exemplo da Segunda Igreja Batista do Plano Piloto em Brasília,
em 2004, quando os membros da Igreja prepararam 400 uniformes
para a Escola Batista de Bafatá, em Guiné-Bissau. A missionária Ida
"" SANTANA, Esequias. Guerra civil na Guiné-Bissau traz missionários de volta ao Brasil. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 30, p. 11, 27 jul. a 02 ago. 1998.
"2 INFORME missionário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, maio/jun. 1999.
"" BOAS-NOVAS para 1 milhão de pessoas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, maio/jun.
2000.
"1 VENTURINI DE SOUZA, Joed. Sementes que brotam em solo árido. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Lutas e vitórias na Janela 10/40. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 10, jul./ago. 2002.
Helena Venturini de Souza836 escreveu: "Ao chegar na Igreja soube que
nos últimos dez dias, dezenas de pessoas se empenharam na confec-
ção dos uniformes, que não foram só camisetas pintadas, mas calções,
ambos em malha de qualidade. Nunca as crianças de Bafatá viram uni-
formes tão bonitos".
Em 2007, a missionária Analita Dias dos Santos passou os oito pri-
meiros meses fazendo um curso de Lingüística em Brasília, e quando
estava já com passagem comprada para voltar a Guiné-Bissau, precisou
fazer exames médicos por causa de um mal-estar que a incomodava,
quando veio o diagnóstico de que era câncer. Em menos de um mês,
em 02 de novembro daquele ano, ela partiu para a presença do Se-
nhor. Sobre ela escreveu Joed Venturini de Souza837:
Ela brilhava em seu trabalho, que era feito sempre com esmero, conquistando
seus alunos pelo carinho e pela qualidade do ensino. Sua liderança espiritual
era respeitada por todos, inclusive os homens da Igreja. Ela abriu mão de todo
o conforto para servir a Deus na Guiné-Bissau. Sofreu conosco a falta de eletri-
cidade, de água e de boas comunicações. De sua vida emanava a luz de Jesus,
e ela brilhou intensamente. Brilhou até o fim.
""' VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Igreja apaixonada por missões. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 11, jan./fev. 2005..
VENTURINI DE SOUZA, Joed. Analita, missionária que brilhou até o fim. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 5, n. 20, p. 8, jan./fev. 2008.
8'8 Id.; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
"'" Id. Missões no estilo paulino. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5, n. 22, p. 11, maio/
jun. 2008.
te na sala de espera. Calculamos que mais de 20 mil pessoas ouviram o evangelho
desse modo. [...] Líderes locais foram estabelecidos e o missionário deve seguir
adiante para que a igreja e seus novos pastores desenvolvam seu pleno potencial.
Do lado familiar temos a escolaridade de nossos filhos. [...] Agora que chegaram
os anos finais do segundo grau, vemos que nossos filhos precisam de outro nível
de ensino para estarem em condições de enfrentar as lutas do ensino superior.
Para dar continuidade à clínica médica criada pelo Dr. Joed, a JMM
enviou para Guiné-Bissau a Dra. Lílian Marina Benites Grance, mem-
bro da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, MS. Ela esteve antes
por um ano em Maputo, Moçambique, como voluntária, dando apoio
médico às crianças no orfanato dirigido pelos missionários Edivaldo e
Adriana Pereira Marcolinom°.
""' MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13
maio 2008.
"4' AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. São Paulo, 28 out. 2007.
de religiões tribais, nas quais predomina o animismo842. No Sudão o
Governo proíbe pregar em praça pública, mas permite em igrejas or-
ganizadas. Quando a missionária Ludmila chegou ali, havia uma igreja
batista que estava praticamente fechada. Na primeira reunião que ela
convocou, havia apenas quatro irmãs que estavam afastadas. Em pou-
cos meses houve vários batismos e a freqüência alcançou o número de
30 pessoas. No mesmo período, o número de crianças na EBD chegou
a 1508".
Uma norma usada para os missionários que se candidatavam para
trabalhar com os povos muçulmanos é que eles deveriam passar por
um período chamado de imersão total, que seria de seis meses em uma
região de domínio muçulmano, morando na casa de uma família isla-
mita e estudando a língua árabe em tempo integral. Em julho de 2007,
a missionária Sophia Bas'ma foi para o Norte da África para esse tipo
de experiência844. Por outro lado, grupos têm sido organizados entre
lideres brasileiros, com o objetivo de impactar uma área, sendo essa
mais uma das estratégias usadas no período de Waldemiro Tymchak
na JMM, com respostas altamente positivas em diferentes campos do
mundo inteiro, incluindo povos muçulmanos. Esforços como esses têm
apoio da JMM e das igrejas batistas brasileiras e resultam na salvação de
muitos, embora outros, perplexos, poderão reclamar, dizendo: "Estes
que têm transtornado o mundo chegaram também aqui" (At 1 76b).
IGREJA perseguida no Sudão. In: MISSÃO PORTAS ABERTAS. Disponível em: <http:/www.
portasabertas.org.br >. Acesso em 21 jul. 2008.
R" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Os desafios do Sudão. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
106, n. 13, p. 9, 26 mar. 2006.
"" NORTE da África: trabalho entre muçulmanos. A Colheita, Rio de Janeiro, p. 4, set./out.
2007.
para o trabalho no mundo inteiro ou para as igrejas batistas do Brasil,
pelo fato de terem partido do coração de Deus. Da mesma forma,
referimo-nos a números e testemunhos que demonstram a realidade
da obra que se realiza e refletem o pensamento e a visão de homens
e mulheres integrados no todo ou em parte do trabalho de missões
mundiais. Alguns dados são repetidos com novos algarismos ou novas
versões daquilo que passou a acontecer nos vários momentos da his-
tória. Eles podem falar do sucesso da obra que Deus realizou com o
seu poder e autoridade através dos seus missionários na sede ou no
exterior. Por último, são divulgados acontecimentos com pessoas vin-
culadas direta ou indiretamente à JMM, assim como eventos especiais
ligados ao trabalho missionário. A repercussão e os resultados do que
acontece são vistos como aprovação do Senhor de Missões ao serviço
dos seus servos, que são apenas instrumentos nas mãos do Senhor
para a realização de sua obra, pois a nossa capacidade vem de Deus.
"Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa,
como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de
Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança"
(2Co 3.5 e V).
846 LAGES, Norton Riker; ASSIS, Edísio de; CAMPOS, Eraldo Sena. Pareceres: Missões Mundiais.
Convenção Batista Brasileira: Atas e pareceres — 67a assembléia — 1986. Rio de Janeiro: CPC,
1986, p. 70.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 77á assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 417.
84 ' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Parcerias entre Missões Mundiais e Missões Nacionais. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 3, nov./dez. 1997.
Por outro lado, a anti-
ga proposta de fusão ou
de trabalho conjunto das
duas juntas missionárias
voltou à tona em várias
ocasiões. Na assembléia
convencional de 2002,
houve decisão contrária 111111111111111111111111111111
a essa unificação, embora Da esquerda para'a direita: o corretor Isaías
favorável à criação de um Francisco do Couto, o tabelião que lavrou o
documento, Ivo Augusto Seitz, ~iro
Programa Integrado de ,Tymcilak, Bdardim de Amorim Pirnentel e
"'" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 834 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 149.
"'" Id. Carta para Edelweiss Falcão de Oliveira. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 26 set. 2005.
Digitado.
da Diretoria da Convenção as decisões, que seriam homologadas pelo
Conselho Geral851.
"'I ESTATUTO da Convenção Batista Brasileira. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da
CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 10-16.
"" BERNARDO, Salovi. A palavra do presidente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21,
n. 71, p. 10 e 11, out. 1986.
"" AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Missões Mundiais: hora de dar. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 87, n. 12, p. 12, 22 mar. 1987.
" 1 Id. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8,
24 dez. 1989.
NOGUEIRA, André Alves. Missões — um desafio do tamanho do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 89, n. 18, p. 9, 30 abr. 1989.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Editorial — A JMM e os desafios do ano 2000, Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 2, nov./dez. 1993.
"" CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 768, 1995, São Luís, ata da 11á sessão. Convenção Ba-
tista Brasileira: 778 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 82.
nela 10/40, a abertura de novas missões, campanhas de evangelização
no Leste Europeu e o fato do Plano Decenal, projetado para os anos de
1991 a 2000, já ter alcançado as suas metas em apenas cinco anos858.
A JMM encantava os irmãos batistas, que através de suas igrejas ou por
conta própria se envolviam com missões, orando e contribuindo.
No relatório de 1998, apresentado à assembléia convencional em
Serra Negra, São Paulo, há a informação de que havia no final do ano
529 missionários, incluindo 359 autóctones, e que houve no decorrer
do ano 51 igrejas organizadas e 3.643 batismos859. Esta virada, com a
inversão dos números quanto aos obreiros da terra, foi algo que contri-
buiu para os maiores resultados do trabalho, demonstrando ao mesmo
tempo sabedoria vinda do alto para a gerência de recursos, pois seria
necessário um investimento bem maior com os missionários brasileiros
do que com os chamados autóctones. Por outro lado, os missionários
da terra, em certas circunstâncias, têm condições de alcançar melhor os
seus patrícios do que os estrangeiros.
Waldemiro Tymchak define a JMM como uma junta abençoada por
Deus, considerando que em 1994 havia 170 missionários e em 2000 o
número chegou a 513, incluindo obreiros na Turquia, Afeganistão, Jor-
dânia e Síria, na Ásia, e República da Guiné, Guiné Equatorial e Sudão,
na África880.
O número de missionários em 2001 era de 532, em 55 países, tendo
eles batizado 4.601 novos crentes e organizado 88 igrejas. Em 2002,
mesmo com as dificuldades financeiras, foram nomeados 51 novos
obreiros, sendo 11 efetivos, 12 temporários e 14 obreiros da terra e 14
de outras categorias. O número de batismos durante o ano chegou a
3.735, e de igrejas organizadas a 64. A ênfase do trabalho não apenas
nos países da Ásia e do Leste Europeu, como em outras regiões como a
África e a América Latina, tem sido o treinamento de obreiros861.
8'8 CONVENÇÃO BATISTA BRASLEIRA, 1996, Natal, ata da 11a sessão. Convenção Batista
Brasileira: 78a assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 1997, p. 72 e 73.
LAURINDO FILHO, José. Convenção Batista Brasileira: 80a assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
1999, p. 423.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Vitória retumbante. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 10 e 11,
jul./ago. 2000.
"1 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 2003, p. 150-169.
No ano de 2003 a JMM superou suas metas e seus próprios recor-
des, nomeando 97 novos missionários, sendo 44 brasileiros e 53 da
terra. Com isso a Junta totalizou 570 missionários em 63 campos. O
total de batismos nos campos chegou a 1.974 e foram organizadas 84
igrejas.
Em 2005 houve 123 novos missionários nomeados, sendo 16 efeti-
vos, 4 profissionais, 3 associados, 33 da Terra, 6 temporários, 61 do Pro-
jeto Radical. O número total de Missionários da Terra chegou a 325. Na
área promocional, foram realizados 18 congressos missionários "Procla-
mai" e mais de 700 igrejas foram visitadas pelos missionários862.
Em 2006, o número de países chegou a 63 (incluindo Açores), e
de missionários, 598 em quatro continentes, sendo 259 efetivos, 333
obreiros da terra e 6 fazedores de tendas. Deve-se dizer que no nú-
mero total estão incluídos 10 missionários no Programa Esportivo Mis-
sionário (PEM) e 77 nos três Projetos Radicais, a saber, África, Latino-
Americano e Luso-Africano. Ainda os relatórios apresentam 34 igrejas
organizadas e 1.803 novos crentes batizados. Houve durante o ano, 72
novos missionários nomeados e enviados aos vários campos, sendo 27
efetivos, 13 obreiros da terra, 4 temporários e 28 radicais. O total de
missionários chegou a 598, em 62 países863.
Quatro novos campos foram abertos: Moldávia e Palestina, em
maio, Polônia em julho e Tailândia, em setembro864. O relatório do
ano apresenta o total de 58 campos em 57 países, tendo sido nome-
ados 99 missionários, a saber, 4 efetivos, 2 associados, 3 temporários,
56 obreiros da terra e 34 radicais. O total de missionários chegou a
560, sendo 247 brasileiros, 6 fazedores de tendas e 307 obreiros da
terra. Como resultado do trabalho, dentre outros itens foram regis-
trados 1.784 batismos e organizadas 1.069 frentes missionárias e 61
novas igrejas865. Conforme o relatório da JMM apresentado ao Con-
"" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 86@- assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2006, p. 68-76.
"" ANO de grande avanço nos campos missionários. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de
Janeiro: JMM, 2006, p. 5.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 426.
"` NOVAS frentes missionárias e igrejas organizadas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 20, p. 14, jan./fev. 2008.
selho Geral da CBB em novembro de 2008, havia na ocasião o total
de 591 missionários, sendo 269 brasileiros, 4 fazedores de tendas
e 318 obreiros da terra866. Para os anos de 2008 e 2009, a meta foi
alcançar 15 novos campos e organizar 150 novas igrejas. Para isso,
além dos missionários já em atuação, deverão ser nomeados nos dois
anos referidos, 150 novos missionários, incluindo efetivos, radicais,
temporários e da terra867.
O que podemos dizer com números tão expressivos? Eis a resposta:
"O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o
poder, e a força sejam ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!"
(Ap 7.12).
"'''' MANDIRA, Lauro. Gerência de Missões: relatório anual. Documento recebido por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 07 nov. 2008.
"' JUNTA DE MISSOES MUNDIAIS. Planejamento estratégico 2006-2009. Rio de Janeiro: JMM,
2005, p. 16.
"" WAGNER, C. Peter. Palavra preliminar. In: DAYTON, Edward R. O desafio da evangelização
do mundo: uma contribuição metodológica. Tradução de Amantino Adorno Vassão. Belo Hori-
zonte: Betânia, 1982, p. 8.
"'''' JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Planejamento estratégico 2006-2009. Rio de Janeiro: JMM,
2005, p. 5.
Uma observação, de acordo com Bryant L. Myers870, é que a popu-
lação do mundo no tempo de Jesus era de 250 milhões de pessoas, e
só duplicou depois de 1.500 anos. Daí em diante o período é cada vez
menor para duplicar de novo, chegando hoje a mais de 6 bilhões de
pessoas, das quais 2 bilhões e 100 milhões desse número são cristãos,
incluindo a grande maioria de apenas nominais. Além desses "cristãos"
sem evangelho e sem salvação, há no mundo cerca de 1 bilhão e 200
milhões de muçulmanos, 1 bilhão de não religiosos, cujo número cres-
ce proporcionalmente mais que a população mundial; 860 milhões de
hindus; 360 milhões de budistas; 240 milhões de outros grupos; e 260
milhões que se identificam como ateístas. Por outro lado, os dados so-
ciais apontam para a desumanidade no globo terrestre. Há 800 milhões
de adultos analfabetos; 520 milhões de moradores de favelas; 100 mi-
lhões de meninos de rua, dos quais 25% dormem nas ruas. Tudo isso
tem levado a que as agências missionárias mudem as estruturas e es-
tratégias e, sobretudo, tem desviado o foco das instituições tradicional-
mente hierarquizadas do primeiro mundo, para organizações missio-
nárias do segundo e terceiro mundo, onde está incluído o Brasil. Mais
uma vez cresce o nosso dever como cristãos para alcançar tantos, que
estão sem Deus e sem salvação, e muitos outros atingidos pelas catás-
trofes e misérias que dominam grande parte da população mundial.
O desafio do Cinturão de Resistência ou Janela 10/40 foi apresentado à
assembléia convencional de 1993, como objetivo a ser alcançado durante
aquela década. Como já mencionado, a região se estende desde a África
Ocidental até a Ásia, entre os graus 10 e 40 no norte da linha do Equador
e ali se encontra a maior concentração não-cristã do mundo. Nesse re-
tângulo encontra-se uma terça parte do território do mundo e dois terços
da população, inclusive 99% dos países mais pobres. São "4 bilhões de
pessoas escravizadas por falsas crenças, filosofias e superstições"871. O
curioso é que em toda essa área, encontram-se apenas 8% da força mis-
sionária mundial. Assim escreveu Waldemiro Tymchak872 :
"7" MYERS, Bryant L. O desafio urgente de Missões Mundiais. Tradução de Heloísa Helena
Gonçalves Dusilek. Belo Horizonte: Missão Editora, 1995, p. 9-44.
"71 DESAFIO da Janela 10/40. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1, abr./maio 1993.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 738 assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1992, p. 461.
Dos bilhões de pessoas não alcançadas, a grande maioria está numa área do
mundo conhecida como o Cinturão de Resistência ou Janela 10/40. 97% dos
países menos evangelizados estão nesta janela, onde encontramos as três reli-
giões mais fortes e resistentes ao cristianismo: Islamismo, Induísmo e Budismo;
nesta janela vivem 80% das pessoas mais pobres do mundo. Das 50 mega-
cidades menos evangelizadas do mundo, todas estão nesta janela. Que grande
desafio para nós os batistas brasileiros!!!
BROWN, David Alan. Janela 10/40: os não alcançados — quem são? Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 7, jul./ago. 1993.
" 4 FREITAS, Zilmar Ferreira. Adote um povo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 90, n. 38, p.
12, 23 set. 1990.
"-' FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
Igreja cresceu e se desenvolveu"876. O nosso braço é curto para atingir
a tantos sem o evangelho. Mas a mão de Deus chega até os confins da
terra. É Ele que nos usa para chegarmos até lá com a mensagem de es-
perança para os necessitados e luz para os que estão em trevas.
Um depoimento é apresentado em 1981 pela missionária Maria Ste-
la Lopes Bonfim877, quando fala em frustrações que às vezes surgem
na vida do missionário, principalmente ao contemplarem um relatório
sem grandes números. Mas ela lembra das vezes quando o pastor é
chamado, até de madrugada, para orar, socorrer, confortar, apaziguar
casais, aconselhar. Os atendidos são crentes, não-crentes, ateus, católi-
cos, humildes, ricos, jovens e adultos. Continua a missionária:
Surge uma família muito pobre. Lá o pastor vai semanalmente levar o pão mate-
rial e espiritual porque ninguém o faz. Aquele homem, de alta posição na cida-
de, ninguém sabe que ele tem problemas, mas o pastor sabe e vai orar com ele.
Esses todos não vão à igreja atendendo ao seu convite; não ajudam a encher o
salão nos cultos; não ajudam a molhar o batistério seco; não chegam a levantar
a sua mão respondendo a um apelo. Essas são algumas lacunas no relatório do
missionário. Alguns pequenos trabalhos que ninguém quase vê ou sabe que se
faz, mas que vale a pena sentir o resultado.
"'h CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 745, 1993, São Paulo, ata da 65 sessão. Convenção Ba-
tista Brasileira: 755 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 76.
"" BONFIM, Maria Stela Lopes. O lado pequeno do trabalho missionário. O Campo é o Mundo,
Rio de Janeiro, ano 16, n. 51, p. 23, ago. 1981.
17" PINHEIRO, José Nite. Compartilhando as bênçãos de 1987. O Campo é o Mundo, Rio de
"-" TYMCHAK, Waldemiro. Razões para não contribuir. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 92,
n. 9, p. 13, 01 mar. 1992
8"" MISSÕES no ano 2000: tornar-se celeiro. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 10, p.
10, 10 a 16 mar. 1997.
'8' AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
"" BARROS, Luiz Carlos de. A visão que permanece. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3,
set./out. 1999.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Missões em um mundo sem fronteiras. Arquivo Tymchak, Rio de
Janeiro, 21 jan. 2005. Digitado.
Guilherme Carey disse certa vez: "Se os pecadores serão condenados, que pelo
menos pulem para o inferno por cima dos nossos corpos, e que ninguém entre
ali sem ser avisado e sem que se tenha intercedido por essa pessoa".
""' NÚMEROS que mostram a fidelidade de Deus. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de
Janeiro: JMM, 2006, p. 51.
88 ' MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Ja-
""z SANTOS, Izilda Portela de Miranda. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 30 maio 2008.
""" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Mensagem recebida por <batistas@egrupos.net> em 14 fev.
2008.
escreveu Bill Ichter889: "Trabalhava, viajava,
pregava, promovia e falava sobre Missões
como se tivesse 20 anos. [...I Herodias era a
própria encarnação da palavra MISSIONÁ-
RIA".
No final de 1985, a Junta concedeu o
título de Missionária Emérita à funcionária
que trabalhou nos escritórios da JMM por
30 anos, e na ocasião se aposentava, Ali-
na Câmara Costa: "Por ter feito de seu tra-
Herodias Cavalcanti, balho entre nós não apenas um emprego,
Missionária emérita que mas um verdadeiro e exemplar ministério.
partiu em 107 para a
presença do Senhor Eficiência, dedicação, amor, perseverança
sempre foram qualidades presentes no dia-
a-dia dessa querida irmã" 89°. Por ocasião da
assembléia da CBB, realizada em janeiro de 1986 em Campo Grande,
MS, Alina Câmara Costa recebeu das mãos o Executivo uma placa co-
memorativa891.
Em 05 de dezembro de 1985, o casal Antônio Barbosa Reis e lima
Lessmeier Reis, ele médico e ambos já convocados para a presença do
Senhor, fez doação à JMM de uma chácara no município de Campinas,
medindo 23.634m2, com os objetivos básicos de "funcionamento de um
Centro de Treinamento Missionário e cessão de terrenos para missioná-
rios aposentados de Junta que queiram construir suas residências"892. A
propriedade hoje está escriturada, legalizada e registrada, com cláusula
específica que menciona a edificação de casas para missionários que
encerram a sua carreira nos campos de Missões Mundiais e a constru-
ção do referido Centro. Há a infra-estrutura necessária no estilo de um
condomínio fechado e sete casas já foram construídas, havendo quatro
"" ICHTER, Bill. "Sair é uma palavra missionária". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 22,
n. 73, p. 7, out. 1987.
89" MISSIONÁRIA emérita. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21, n. 70, p. 30, jan.
1986.
"' CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 1986, Campo Grande, ata da 11á sessão. Conven-
ção Batista Brasileira: 67á assembléia. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1986, p. 20.
8" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
"" BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
"" AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8, 24 dez. 1989.
"" LOUVOR e gratidão marcam os 20 anos do Pr. Waldemiro Tymchak à frente da JMM. Jornal
de Missões, Rio de Janeiro, número especial, p. 16, set./out. 1999.
tagens da tecnologia. Em março de 1999, foram lançadas as teleconfe-
rências missionárias, um programa transmitido através da TV Executiva
da Embratel, levando para todo o Brasil notícias e desafios missionários
mundiais. Desde 1982, a JMM trabalhava através de planejamento e
em 1996 concluiu as obras de sua nova sede, no bairro da Praça da
Bandeira:
A JMM louva a Deus pelos 20 anos de um abençoado convívio com o Pastor
Waldemiro Tymchak. Sua liderança forte abriu caminhos e ainda hoje confirma
a direção do Senhor em sua vida. Diante de crises inflacionárias, mudanças da
moeda, enfermidade e desestímulos, o compromisso com o Senhor de Missões
sempre falou mais alto8`36.
"99 SANTOS FILHO, Utahy Caetano dos Santos. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 35,
p. 9, 29 ago. 2004.
°"" ALERJ homenageia o Pastor Waldemiro Tymchak. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 3,
mar./abr. 2004.
ÇP-1,?I'atio-9e-
1GB?r6D c
/
Desde o início de sua gestão, Waldemiro Tymchak expressou seus
grandes ideais e uma visão missiológica fora do comum, resultando
na adoção de novos projetos, que deram uma feição diferente ao
trabalho dos batistas brasileiros na área de missões mundiais. Aqui
serão mencionados alguns desses projetos, a ousadia como eles fo-
ram lançados e executados e o resultado para o sonho brasileiro de
chegar até os confins da terra.
`'01 WALDEMIRO Tymchak, uma biografia missionária. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4,
n. 16, p. 4 e 5. maio/jun. 2007..
'112 TYMCHAK, Waldemiro. A missão da Igreja e o Plano de Adoção. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 5, abr. 1981.
estratégia que permitiria aos crentes e às igrejas participarem direta e
intensivamente na obra missionária mundial. 20 anos depois, uma re-
portagem especial esclarece sobre o assunto:
O compromisso de orar e de colaborar com ofertas seria selado através do Pro-
grama de Adoção Missionária ou, simplesmente, PAM. A Igreja Batista XV de
Novembro, de Guadalupe, Rio de Janeiro, foi a primeira a ingressar no progra-
ma. O primeiro casal de missionários adotado foi o Pastor Antonio Joaquim de
Matos Galvão e sua esposa, Deolinda, na época, obreiros na Espanha903.
'" PAM: 20 anos depois. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 14, maio/jun. 2001. A menção
aqui à primeira igreja adotante e ao primeiro casal adotado, refere-se ao Programa aprovado
pela JMM na gestão Tymchak, pelo que não entra em choque com outros registros referentes a
períodos precedentes.
TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
Id. A Junta de Missões Mundiais e a igreja local. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
16, n. 51, p. 2, ago. 1981.
Em setembro de 1982, a revista O Campo é o Mundo informa que
as igrejas do Rocha e do Méier no Rio de Janeiro, e Cambuí, em Cam-
pinas, se foram as primeiras a adotar missionários, mesmo quando não
havia ainda oficialmente o Programa, mas na ocasião já havia cerca
de 40 igrejas que se haviam comprometido a contribuir nas bases do
Programa de Adoção906.
Em 1985, o Plano de Adoção foi reformulado, estimulando um con-
tato direto ou indireto entre o adotado e a Igreja que o adotou, a qual
deveria receber foto colorida, correspondência e visita do missionário
quando este viesse ao Brasil. "As bênçãos advindas desse relacionamen-
to já estão sendo experimentadas por várias igrejas e missionários"907.
Em 1988, o Coordenador do PAM escreveu sobre o Programa, es-
timulando as igrejas e os batistas em geral a adotarem missionários.
Assim esclareceu Zilmar Ferreira Freitas908: "É uma nova forma de en-
volver sua igreja com missões, levando-a a participar diretamente no
sustento de um missionário, acompanhando o seu trabalho através de
cartas, fotos e relatórios pessoais". Dois anos mais tarde, novo escla-
recimento sobre o PAM foi dado pelo seu Coordenador, mostrando a
responsabilidade e a participação das igrejas:
A responsabilidade de evangelizar o mundo é das igrejas, pois foi com a Igreja que o
Senhor Jesus deixou a grande comissão. Também é das igrejas que saem os missio-
nários e de onde vem o sustento. [...] Através do Programa de Adoção Missionária a
Igreja passa a ter um envolvimento maior na obra missionária mundial".
`''' MOREIRA, Loide Silveira. Missões hoje: uma nova dimensão de trabalho. O Campo é o Mun-
do, Rio de Janeiro, ano 17, n. 55, p. 28, set. 1982.
`1O BERNARDO, Salovi; TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista
Brasileira: atas e pareceres — 674 assembléia. Rio de Janeiro: Conselho de Planejamento e Coor-
denação, 1986, p. 279.
`"' FREITAS, Zilmar Ferreira. Um desafio urgente. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 75, p. 14, jul. 1988.
""" Id. A importância do PAM. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 90, n. 52, p. 12, 30 dez.
1990.
`"" GUERRA, Edmilson Meireles. A importância do Programa de Adoção Missionária na vida de
um missionário. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91, n. 24, p. 12, 16 jun. 1991.
receber o missionário como filho, dispensando a ele todo o cuidado e atenção,
compartilhando bem de perto o trabalho que desenvolve, demonstrando que
o ama e se interessa por ele. O Programa de Adoção Missionária permite que a
Igreja tenha um envolvimento deste nível.
" ' OLIVEIRA, Renato Reis de. PAM — sua igreja transformando o mundo. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 93, n. 8, p. 12, 21 fev. 1993.
"2 VÁ através do PAM e evangelize o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 96, n. 13, p.
2. Intercessão Missionária
O relacionamento com as igrejas e com o povo de Deus é impres-
cindível para que a JMM cumpra a sua tarefa no mundo inteiro. Não
há melhor forma de estabelecer este contato do que através da oração,
pois é essa a forma pela qual todos os cristãos em qualquer lugar do
mundo e em qualquer ocasião estão ligados a Deus. A oração é a arma
mais poderosa da batalha missionária. No momento em que pessoas,
mesmo em lugares e ocasiões diferentes no extenso Brasil ou no mundo
inteiro se ligam a Deus pela intercessão, o povo de Deus forma uma
única força, capaz de transportar montanhas, de mover máquinas as
mais complexas e de levar corações ao quebrantamento da entrega
total ao Senhor e ao seu trabalho. É neste sentido que a JMM iniciou
uma rede de intercessão através do Programa de Intercessão Missioná-
ria (PIM), que foi implementado com o objetivo de oferecer suporte
espiritual ao trabalho dos obreiros e envolver os crentes na obra missio-
nária através da oração por motivos gerais ou específicos.
Obviamente este programa tem sua ligação com o PAM, onde há
a tentativa de fazer com que os adotantes tenham conhecimento das
atividades dos adotados e com eles mantenham contato sistematica-
mente. Isso não teria sentido sem o compromisso de orar pelo obreiro
`"- PIM — Programa de Intercessão Missionária. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível
em: <http:/www.jmm.org.br >. Acesso em 27 jul. 2008.
918 Ibid.
"'" AMARAL, André Luís Teixeira Ávila. Junta de Missões Mundiais: Coordenação de Projetos e
Desenvolvimento de Recursos. Convenção Batista Brasileira: 884 assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2008, p. 125.
92 " GINSBURG, Salomão L. Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Baptista Brazileira. O
"21 CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA, 29á, 1945, Rio de Janeiro, ata da W- sessão; ata da 9â
sessão. Convenção Batista Brasileira. Rio de Janeiro: CPB, 1945, p. 26 e 33.
922 TYMCHAK, Waldemiro. O privilégio de sustentar "terceiros". O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ll" NOVO tempo para o Leste Europeu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, jul./ago. 2000.
COSTA, Joel. Missões alcançam ex-repúblicas soviéticas. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 6, jan./fev. 2002.
TOMAZ PEREIRA, Gerson. Trabalhando com as portas abertas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 6, jan./fev. 2002.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 775 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CBB, 1996, p. 411.
total de obreiros chegou a 334 em 40 cam pos929. Dentre os vários cam-
pos, anotamos que a Ilha de Páscoa foi durante quatro anos um campo
dos batistas brasileiros, em convênio com a Convenção Batista do Chi-
le. O trabalho era realizado por um obreiro da terra, que neste período
exerceu importante ministério. Mais tarde, por dificuldades locais, este
campo foi fechado93°.
No início de 1997, o Executivo escreveu sobre os missionários au-
tóctones, lembrando que a JMM começou a contratá-los em Moçambi-
que, estendendo o trabalho para Angola, Zimbábue, Botsuana, Equa-
dor, Chile, Cuba, Ucrânia, Rússia, Índia e Líbano. Ele diz: "No Leste
Europeu, onde temos 46 missionários autóctones, não faríamos em 50
anos pelos métodos tradicionais o que fizemos em dois!931" Mais tar-
de, ainda no mesmo ano, há nova informação: "As igrejas e os crentes
batistas brasileiros, através do PAM, sustentam 102 missionários autóc-
tones em países do Leste Europeu. Destes, 54 estão na Ucrânia e 22 na
Bielo-Rússia"932.
No relatório referente ao ano de 1997 aparece mais uma lista de
obreiros da terra ajudados financeiramente pela JMM, sendo 1 no Para-
guai e 10 na África, principalmente Moçambique. O plano era estender
esta ajuda para Angola, Peru, Equador e outros países933. No mesmo
ano, os 280 autóctones em 24 países organizaram 20 igrejas e batiza-
ram 3.272 pessoas. Durante o ano foram aceitos 106 novos obreiros da
terra nos vários campos da Junta934.
Em 2000 havia 336 missionários autóctones, sendo a maior concen-
tração no Leste Europeu com 137 e em Cuba com 101. Como resulta-
do desse trabalho, houve na índia 105 batismos realizados e 9 igrejas
organizadas, entre outubro de 1998 e setembro de 1999; em Cuba,
Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 78á assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 1997, p. 397-98.
'''" CALVA°, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
''" TYMCHAK, Waldemiro. Missionários autóctones, uma estratégia divina. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, p. 2, maio/jun. 1997.
32 MAIS conversões com missionários autóctones. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 4, set./
out. 1997.
`"' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 71 assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1990, p. 349 e 350.
"1 Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1998, p. 421 e 426, p. 428-456.
254 batismos realizados e 2 igrejas organizadas; no Leste Europeu, 953
batismos e 17 novas igrejas. Explicação sobre o objetivo desse trabalho
é dada: "A ênfase tem sido a implantação de igrejas auto-sustentáveis,
auto-propagáveis e auto-governáveis"935 .
Sobre as atividades dos obreiros da terra em Cuba, país onde não há
liberdade para a entrada de missionários de outros países, havia 121
missionários, que levaram 2.568 pessoas aos pés de Cristo, organizaram
11 igrejas, abriram novas frentes missionárias e batizaram 190 novos
crentes, somente entre outubro de 2004 e janeiro de 20059 . Esse nú-
mero de obreiros da terra no Oriente Cubano foi levemente acrescido
para 128 em 2007, dando ênfase ao trabalho de pequenos grupos ou
células, com as chamadas casas-culto. Conforme Antonio Gaivão, em
sua viagem em abril desse mesmo ano a Cuba, o desafio era estender a
obra até o Ocidente do país, lembrando que oficialmente não se pode
ter novas igrejas, mas as casas-culto, que são permitidas pelo Governo,
e terminam sendo transformadas em igrejas. "O Projeto Ocidente é
considerado como o mais desafiador de toda a Convenção e tem como
meta alcançar 2 milhões de pessoas na região central de Cuba, o setor
menos evangelizado do país"937.
"' AUTÓCTONES, uma estratégia que dá certo. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9, jul./
ago. 2000.
RÁPIDAS. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 3, maio/jun. 2005.
"'- MOVER de Deus em Cuba! PAM, Rio de Janeiro, p. 2, jun. 2007.
Em 1980, já no período de Waldemiro Tymchak, para ampliar e re-
gulamentar o ministério missionário através do mundo, a Junta resolveu
estabelecer categorias e critérios de sustento de seus obreiros, estan-
do incluídos "missionários sustentados em convênios com as igrejas do
Brasil e missionários sustentados em convênios com instituições do país
onde o obreiro trabalha"938.
Novas terminologias foram determinadas em 1998, onde estão inclu-
ídos Missionários em Convênio "com a Junta de Missões Nacionais ou
com juntas estaduais, para trabalho em cidades fronteiriças, com organis-
mos de outros países, que arcam com parte do sustento missionário"939 .
O primeiro grande convênio realizado pela Junta de Missões Mun-
diais no período Tymchak, foi ainda em junho de 1981, com a North
American Baptist General Conference (Conferência Geral Batista Nor-
te-Americana), que favoreceu a ida dos missionários Humberto Viegas
Fernandes e Marilena Andreoni Fernandes para trabalhar com portugue-
ses em Nova Jersey, EUA. Pelo convênio, que foi chamado "Missões em
retribuição"940, os obreiros, embora nomeados e orientados pela JMM,
recebiam salário, moradia e carro dos norte-americanos. Esta parceria
chegou ao seu término em 1983. Por outro lado, foram mantidos os con-
vênios já existentes com a Convenção Batista do Canadá, desde 1978,
e com a Igreja Batista de Germinston, na África do Sul". Em 1994, os
batistas brasileiros voltaram a trabalhar em parceria nos Estados Unidos,
com José Calixto Patrício e Suely Mieko Sirasawa Patrício, na região do
São Francisco, Califórnia. Esse convênio funcionou somente até 1996.
Em 1989, a Igreja Batista do Morumbi, em São Paulo, nomeou em
convênio com a JMM o casal Paulo Moreira Filho e Virgínia Bonfim
Moreira como missionários na Áustria, com o objetivo de alcançar o
Leste Europeu942.
'" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais —634
assembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 42.
"'" FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 74, p. 4, mar. 1988.
"4" NOSSOS novos missionários. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 50, p. 6, abr.
1981.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 654- assem-
bléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1984, p. 155 e 156.
"4' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres - 704 assem-
bléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 380.
Tomé Antônio Fernandes, filho de indianos, foi inicialmente à Índia,
em 1988, para estudar o ambiente e as possíveis estratégias para que
entrasse no país como missionário. Ele entrou em contato com algumas
agências missionárias, e recomendou que se fizesse convênios com a
Convenção de Mahastra e a North West Baptist Association (Associação
Batista do Noroeste), sendo esta dos Estados Unidos. O Executivo da
JMM afirmou que através desses dois convênios o trabalho seria inicia-
do na Índia, mantendo-se o sustento de pastores indianos com o custo
dez vezes menor do que se fosse um casal de brasileiros943.
O casal Fernandes se tornou missionário efetivo em 1992 e ficou
oito anos na Índia, trabalhando em parceria com a índia Every Home
Crusade, para trabalhar com os hindus. Outra parceria foi feita com o
objetivo de alcançar os mulçumanos, com a Agência Al-Bashir. O nome
é uma palavra em Hudu, língua dos muçulmanos na índia, que signifi-
ca "Mensageiros de boas novas". A JMM tem dado a sua contribuição
nessas parcerias com a visão de plantação de igrejas e discipulado. "Há
hoje 35 novas comunidades na Índia, sendo 31 entre os hindus em Uttar
Pradesh e 4 entre os muçulmanos em Caxemira. Desde 1999 há uma
associação batista que cuida das 31 igrejas em Uttar Pradesh. O sucesso
de nosso trabalho deve-se à metodologia usada com parcerias"944.
O Centro Batista de Treinamento Missionário, com o objetivo de trei-
nar os candidatos para as juntas missionárias dos batistas brasileiros, foi
criado em convênio com a Junta de Missões Nacionais em 1988945. Em
12 de outubro de 1997 houve uma reunião entre representantes das
duas juntas missionárias do Brasil, com o objetivo de estabelecerem
parcerias em várias áreas de trabalho, a saber: treinamento de obrei-
ros, seleção de candidatos, publicações, evangelização de colônias es-
trangeiras no Brasil e praças missionárias por ocasião das assembléias
convencionais946.
"" Id. Relatório anual da Junta de Missões Mundiais da CBB. Convenção Batista Brasileira: atas
e pareceres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1989, p. 366.
II" FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 385.
""' MORAES, Luiz Paulo de Lira. Parcerias entre Missões Mundiais e Missões Nacionais. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 3, nov./dez. 1997.
Em 23 de junho de 2004, novo convênio foi assinado, dessa vez pela
Junta de Missões Mundiais, Junta de Missões Nacionais e União Femi-
nina Missionária Batista do Brasil (UFMBB) através do Centro Integrado
de Educação e Missões (CIEM), pelo qual cada junta missionária mante-
ria dois coordenadores na área de treinamento de obreiros ministrada
através do CIEM. "Pela aliança formada, o CIEM torna-se o maior cen-
tro de missiologia da América Latina"947.
O missionário João Luís da Silva Manga e sua esposa, Célia Miranda
Borges Manga foram para a Guiana em outubro de 1990, mediante
convênio pelo período de quatro anos com a Sociedade Missionária
Batista Britânica (BMA). O casal ficou por oito anos naquele país.
Outro convênio ocorreu em 1990, por ocasião das comemorações
dos 25 anos de trabalho batista brasileiro no Paraguai, em que estive-
ram envolvidas a Associação do Litoral Paulista e a Convenção Batista
Paraguaia. Através dele, 44 pastores e líderes paulistas foram ao Para-
guai e ali realizaram campanhas de evangelização948.
Na Itália, a JMM iniciou trabalho em convênio com Europe for Christ
(Europa para Cristo), quando em agosto de 1991 foi para aquele país
o casal Luís Carlos dos Santos e Marisa Costa dos Santos. Esta parceria
teve a duração de dois anos.
O trabalho em Cuba tem sido realizado mediante convênio com
a Convenção Batista de Cuba Oriental, desde 1996. Hoje os líderes
cubanos se regozijam com o progresso do trabalho e não têm dúvida
que o progresso em parte é devido ao apoio dado pelos batistas bra-
sileiros. Este convênio tem sido renovado de várias formas, inclusive
com novas perspectivas, como aconteceu na resolução de manter um
missionário na África, e recentemente com o projeto de construção
do Centro de Capacitação Missionária, mediante parceria da JMM e a
Convenção Batista de Cuba Oriental.
Novo convênio foi firmado em 1997 com o Seminário Teológico
Batista do Norte do Brasil (STBNB), que passou a oferecer 5 bolsas
SOUZA, Sócrates Oliveira de; MEDEIROS, Gilton. Batistas brasileiros têm o maior centro de
missiologia da América Latina. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 104, n. 27, p. 9, 04 jul.
2004.
`"" FREITAS, Zilmar Ferreira. Intercâmbio internacional Brasil (Santos) X Paraguai. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 91, n. 1, p. 12, 06 jan. 1991.
por semestre para alunos dos campos missionários e 4 bolsas de pós-
graduação para missionários da JMM949.
A missionária na Guiné, Kerley Permínio de Souza já era missionária
desde 1994 através de outra agência. Em 1998 foi nomeada pela JMM,
em convênio com a Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo, para
trabalhar com o povo sussu, começando depois a usar o Programa de
Educação Pré-Escolar950.
Dentre os convênios durante o ano de 2001, destaca-se "Moçambi-
que para Cristo", firmado entre a Convenção Batista de Pernambuco,
Convenção Batista de Moçambique e Junta de Missões Mundiais951.
Os primeiros missionários na China comunista foram Ricardo Carva-
lho Rocha e Adriana Sotelo Morari Rocha, enviados em maio de 2002
pela JMM, em convênio com a Igreja Batista do Balneário Camboriú,
SC952. Também em 2002, fez-se uma parceria entre o Projeto Gol e a
Missão Atletas de Cristo, através do missionário Ezequiel Batista da Luz,
conhecido como Pastor Zick953.
Em novembro de 2005, a missionária Terezinha Candieiro, que des-
de 1991 atuava em Moçambique, retornou ao Brasil, com a finalidade
de assumir a Coordenadoria Geral do PEPE, em um trabalho de parce-
ria entre a Junta de Missões Mundiais, a Sociedade Missionária Batista
Britânica e a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH), como de fato aconteceu.
O presidente e o Diretor Executivo da Junta Missionária da Con-
venção Batista de Cuba Oriental apresentaram, em 2007, o resultado
do convênio firmado desde 1996 e renovado em 05 de dezembro de
2006, com a Convenção Batista Brasileira. Os números referentes aos
11 anos de trabalho são: Igrejas organizadas, 142, missões em processo
de se tornarem igrejas, 305, decisões por Cristo, 149.172, batismos re-
alizados, 13.410. Os dois líderes terminaram o relatório expressando:
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79á assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 421 e 426, p. 428-456.
DUSILEK, Nancy, op. cit., f. 188. Ver adiante detalhes sobre o PEPE.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 82á assem-
bléia anual. Rio de Janeiro: CBB, 2002, p. 256.
SOUZA, Eliézer Ribeiro de. Igreja apóia o envio de missionários à China comunista. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 24, p. 4, 10 a 16 jun. 2002.
"' LUZ, Ezequiel Batista da. Correndo juntos para alcançar a muitos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4, mar./abr. 2004.
Como podemos observar, a influência da Junta de Missões Mundiais da CBB
tem sido excelente e de grande alcance para o desenvolvimento da obra evan-
gélica na Convenção Batista de Cuba Oriental, pelo que expressamos nossa
mais profunda gratidão a Deus por colocar no coração dos irmãos do Brasil o
trabalho em Cuba. Hoje contamos com o apoio a 130 missionários autóctones
e o trabalho evangelístico se estende por todo o país. É bom destacar que a
maior parte do crescimento de nossa obra missionária deve-se à essa colabora-
ção da Junta de Missões Mundiais da CBB. A Deus toda a glória!954
5. Fazedores de Tendas
Em 1980, o Executivo lançou o Projeto Tempo para Deus, convocan-
do profissionais da área de saúde (médicos, odontólogos e enfermeiros)
para darem parte de seu tempo em serviço voluntário nos campos mis-
sionários. Os primeiros países a receberem esse projeto foram Paraguai
e Bolívia956. Esse foi o prelúdio do Projeto Fazedores de Tendas, com
resultados dos mais animadores.
No período de janeiro a setembro de 1981, esteve em Angola o que
poderíamos chamar de primeiro missionário fazedor de tendas, que
embora não tivesse ido oficialmente como missionário da JMM, atuou
nessa categoria voluntariamente e com o apoio dos líderes de Missões
Mundiais. Ele foi em período de guerra como técnico de construção
civil, e depois de profundas e difíceis experiências, retornou ao Brasil
por ter adoecido com certa gravidade. Mas a experiência ficou para a
""4 CASTELLANOS, Enio L. Navarro; DURÁN, Aníbal Hernández. Resultado del apoyo de la Junta
de Misiones Miundiales de la CBB. Convención Bautista de Cuba Oriental, Santiago — Cuba, 07
abr. 2007.
" MISSÕES mundiais amplia parceria na Malásia. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5,
n. 21, p. 7, mar./abr. 2008.
"Th TYMCHAK, Waldemiro. "Tempo para Deus". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, p. 32,
maio/ ago. 1980.
continuação deste tipo de trabalho em lugares onde não havia liberda-
de para a entrada de religiosos como tais957.
A participação de leigos voluntários que iam aos campos missionários
para exercer alguma atividade secular, enquanto testemunhavam do
evangelho, tornou-se um fato notável no trabalho da JMM, a partir de
1981. Assim surgiram as primeiras equipes de construção que atuaram
na Argentina e no Paraguai, e as primeiras equipes médicas, no Para-
guai e na Bolívia. Em 1982, apelo especial foi publicado em O Jornal
Batista, solicitando a apresentação de missionários voluntários:
Se o irmão é um profissional liberal, ou ainda professor universitário ou secun-
dário, ou mesmo se o irmão tem uma formação na área biomédica ou na área
de engenharia, comunique-se conosco. O irmão poderá se realizar profissional-
mente e servir a Deus, contribuindo assim para "que toda língua confesse que
Jesus é o Senhor'8.
'"- OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
"'" JUNTA de Missões Mundiais procura missionários voluntários. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 82, n. 11, p. 7, 14 mar. 1982.
'''" NOVOS desafios à Junta de Missões Mundiais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 83, n.
40, p. 5, 02 out. 1983.
''''" TYMCHAK, Waldemiro. Deus está revolucionando a Junta de Missões Mundiais. O Campo é
o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 25-27, ago. 1985.
campos tradicionais, onde é difícil a entrada de missionários: "Eles
podem servir como temporários, utilizando suas atividades profissio-
nais como "ponte" para anunciar as boas novas"961.
O Projeto Missionários Fazedores de Tendas foi lançado oficial-
mente em 1988, no intuito de aproveitar profissionais em países
que não aceitam o trabalho de religiosos como tais: "Os países que
dificultam e até proíbem a entrada de missionários estão com as
portas abertas para crentes, desde que possuam o preparo profissio-
nal desejado"962.
No mesmo ano de 1988, uma reportagem sobre projetos espe-
ciais apresentada por Zilmar Ferreira Freitas963 fala sobre os de Ação
Comunitária:
Dentre outros projetos mencionamos os de Ação Comunitária, quando leigos
dedicam suas profissões ao trabalho nos vários campos. Dentre estes se desta-
cam: (1) Equipe de Construtores, que ajudam na construção de templos onde os
recursos econômicos não são disponíveis. As modalidades de profissionais são
pedreiros, pintores, marceneiros, eletricistas, encanadores e outros; (2) Equipe
Médica, com profissionais da saúde e assistentes sociais, que vão em grupos a
um campo missionário e dão assistência a uma população carente, enquanto
também evangelizam. Neste projeto os profissionais são médicos, bioquímicos,
dentistas, enfermeiros e assistentes sociais.
"I NOVA estratégia missionária da JMM. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 17, set./out.
2000.
"2 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pa-
receres. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1989, p. 376.
"' FREITAS, Zilmar Ferreira. Projetos especiais — alternativa necessária. O Campo é o Mundo, Rio
de Janeiro, ano 23, n. 74, p. 28 e 29, mar. 1988.
Cantor popular, compositor e poeta brasileiro, que morreu em julho de 1990 vítima de AIDS.
Seu nome era Agenor Miranda de Araújo Neto.
"5 ENFERMEIRA de Cazuza vai para o campo de missões. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
5, nov./dez. 1995.
médico para fazer uma cirurgia de emergência. Certa ocasião, em um
só dia morreram 8 crianças por falta de atendimento. Voltou ao Para-
guai em 2003. Em virtude das experiências na África, decidiu fazer o
curso de Medicina, com o objetivo de retornar depois para São Tomé
e Principe966.
Ao escrever sobre os bivocacionados em 2000, a Coordenadora
de Recursos Humanos da )MM mencionou a necessidade de pessoas
preparadas nas áreas de esporte, educação e saúde se apresentarem
para o serviço missionário. Ela disse que este tipo de missionário pre-
cisa ir além de um eficiente preparo profissional em sua área. Tam-
bém "deve ter uma vida comprometida com Deus e com a sua igreja
local, sentir paixão pelas almas perdidas e ter disponibilidade para
trabalhar em missões. Para seguirem aos campos, mesmo sem o pre-
paro teológico, os bivocacionados necessitarão de um treinamento
transcu Itu ral "967.
Em 2002, o missionário em Angola Gilberto Campos968, fala sobre o
Posto Médico Amor de Deus na Primeira Igreja Batista de Uíge, com
dois técnicos em enfermagem, um técnico em laboratório e um aten-
dente, que ofereciam medicamentos e vários tipos de exames, aten-
dendo um grande número de pessoas.
O jogador Lamartine Fernandes foi para a Tailândia em 2002, a fim
de ajudar como auxiliar técnico o Amém Futebol Clube, time formado
por empresários cristãos969. Em menos de um ano o ministério no país
ganhou novo impulso, com acampamentos para aprendizado de fute-
bol, clínicas para crianças aprenderem sobre esporte, valores morais
e, sobretudo, a Palavra de Deus. Também foi realizado um curso para
treinadores97°.
COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
"6- SOUZA, Shirlésia Maria de. Bivocacionados: profissionais a serviço de missões. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 19, maio/jun. 2000.
"hR CAMPOS, Gilberto. Vitória silenciosa. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jul./ago. 2002.
%9 FERNANDES, Lamartine. Amém, mais uma porta que se abre! Jornal de Missões, Rio de
BERNARDO, Salovi; CÂMARA, Uirassú Tupinambá Mendes; SANTOS, Ivênio dos. Parecer
sobre relatório da Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: Livro do Mensageiro
— 66a assembléia —1985. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1985, p. 383.
TYMCHAK, Waldemiro. Deus está revolucionando a Junta de Missões Mundiais. O Campo é
o Mundo, Rio de Janeiro, ano 20, n. 64, p. 25-27, ago. 1985.
97 ' SILVA, Rosa Lúcia Freitas. Resumo do trabalho missionário. Mensagem recebida por <edelfal-
cao@yahoo.com.br > em 17 ago. 2007.
Em 1988, Terezinha Aparecida Candieiro seguiu para o Uruguai
como missionária Temporária por dois anos. Como tem acontecido
com muitos outros que atuam inicialmente como temporários e depois
são efetivados, Terezinha se tornou missionária efetiva em 1991. Assim
atuou em Moçambique por 14 anos e meio, para depois, a partir de
2006, tornar-se a Coordenadora Geral e Internacional do PEPE. Em
Moçambique se casou com o missionário Daipa Candieiro em 1993,
que faleceu em plena atividade no ano 2000, vítima de acidente auto-
mobilístico. Foi depois da perda do esposo que, ao lado de seu filho,
Davi Candieiro, Terezinha começou a trabalhar com o PEPE, ainda em
Moçambique974.
Em 1991, Joed Venturini de Souza, filho dos missionários efetivos
Francisco Antônio e Márcia Venturini de Souza, foi nomeado pelo pe-
ríodo de dois anos como missionário temporário em Açores, onde teve
oportunidade de fazer residência médica975. Mais tarde ele e sua espo-
sa Ida Helena Venturini de Souza se tornaram missionários efetivos em
Guiné-Bissau.
Entre fevereiro e novembro de 1987, atuaram como missionários
temporários na África do Sul Jezimiel Norberto da Silva e Marlu Lin-
doso da Silva, servindo interinamente à Igreja de Germiston. Em abril
de 1992, foi a vez de irem também como temporários para a África do
Sul Miquéias da Paz Barreto e Dione de Almeida Barreto, servindo em
Germinston, e ao chegar comentaram que a maior necessidade no país
não era a material: "Há uma grande confusão espiritual que chega a
contaminar alguns atingidos pelo evangelho de Cristo" 976 . Mais tarde,
os missionários efetivos naquele país, Oswaldo Luiz e Eliane Jacob977
mencionam: "Recebemos apoio substancial do Pastor Miquéias Bar-
reto e esposa. 1...1 O tempo que ficaram aqui foi de reconstrução no
Senhor".
CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São Paulo, 01 mar.
2007. Digitado.
VENTURINI DE SOUZA, Márcia. Esse missionário nós criamos. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 92, n. 1, p. 12, 05 jan. 1992.
BARRETO, Miquéias da Paz; BARRETO, Dione de Almeida. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 92, n. 42, p. 12, 18 out. 1992
JACOB, Oswaldo Luiz; JACOB, Eliane. Recado de Germiston. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, p. 5, jan./fev. 1994.
Em 1993, uma nova categoria de missionários foi criada, designada
Missionário de Apoio, que se refere a pessoas talentosas, que através
do multiministério cristão poderão atuar temporariamente no apoio ao
ministério de outros obreiros".
Depois de uma profunda experiência de chamado para missões, Cris-
tiane de Jesus Oliveira foi como voluntária para a Angola em 1996, com
um grupo de colegas do Seminário do Sul. Aproveitaram a ausência da
missionária Analzira Pereira do Nascimento, que estava em período de
férias no Brasil, para que o seu trabalho não tivesse solução de continui-
dade. Assim foi desenvolvida uma atividade de atendimento a feridos
de guerra, enquanto também apoiavam as igrejas locais, principalmen-
te na obra de evangelização. No ano seguinte Cristiane retornou ao
campo, mas na África do Sul, adquirindo novas experiências que lhe
seriam úteis no seu ministério missionário posterior. Com ela não foi
diferente de tantos outros, pelo que se tornou missionária efetiva em
2002, trabalhando exatamente onde foi o seu primeiro campo, Angola.
Hoje Cristiane se encontra como missionária pioneira em Burkina Faso,
na África Ocidental, um dos campos abertos pela JMM em 2008. Que
bom é andar nos caminhos do Senhor!
Em julho de 2000, jovens da JUBAM e da JUMOC, em parceria com
a JMM, participaram do Projeto Angola, prestando serviços de evange-
lização e assistência social com atendimentos médicos, treinamento de
liderança, campanhas educativas e outras atividades".
Por ser o ano Internacional do Voluntário, uma das ênfases da JMM
no ano 2001 foi o trabalho do Missionário Voluntário, que era enviado
por sua igreja, com despesas de viagem pagas por ela ou assumidas por
ele mesmo. "O voluntário é uma modalidade de missionário temporá-
rio, que segue ao campo por um período de até seis meses para apoiar
o ministério de um obreiro efetivo"980. O Missionário Voluntário vai por
conta própria, ou de alguma igreja, ou ainda de irmãos mantenedores.
Hoje é considerado Missionário Temporário o que fica por um período
'''" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75?- assem-
bléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 407 e 408.
DUSILEK, Sérgio. Projeto Angola: um sonho realizado. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
100, n. 34, p. 7, 21 a 27 ago. 2000.
''"" MISSÕES também é coisa de voluntário. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 15, jul./ago.
2001.
maior e a Junta ajuda no seu sustento por até dois anos. Muitos faze-
dores de Tendas são também missionários temporários e muitos dos
missionários efetivos foram inicialmente ao campo como temporários.
Em 2007, a Coordenação de Voluntários, sob a direção de Mayrinkelli-
son Peres Wanderley, adquiriu a sua autonomia no processo de se-
leção e envio de missionários. Durante o ano foram aos campos 35
voluntários, sendo 12 pastores, para realizar conferências ou pastorear
missionários, e 23 outros irmãos que seguiram para apoiar os obreiros,
ficando as despesas sob a responsabilidade dos próprios voluntários.
Ao todo foram 35 países visitados. O Coordenador comenta: "Uma
inovação foi a ida de alguns não-batistas, que voltaram entusiasmados
contando grandiosas experiências vividas nos campos visitados. Outra
coisa boa foi a visita de pastores a vários países e a ida de caravanas de
pregadores, o que tende a aumentar nos próximos anos"981.
Obviamente os missionários chamados Radicais são todos voluntá-
rios e, pelo menos durante cada projeto, temporários. Tendo em vista
a expressão dos três projetos, o Radical África, o Luso-Africano e o
Latino-Americano, o assunto será tratado no item a seguir.
""' IGREJAS da CBB enviarão 150 missionários à África. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 1,
set./out. 2002.
PROJETO Radical África segue etapa de seleção. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 11,
nov./dez. 2002.
"5 TYMCHAK, Waldemiro. Por que Radical? Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 15 fev. 2006.
Digitado.
rado por pessoas de toda tribo, raça e nações da terra"986. Finalmente,
em 2004 seguiram para o Sahel 18 jovens, que formaram a primeira
equipe do Projeto Radical África. Ainda em convênio com a União
Batista Latino-Americana (UBLA) e a Sociedade Missionária Batista Bri-
tânica, já em 2004 começou o preparo para o Projeto Radical Latino.
Naquele ano, o plano era que este e o Projeto Radical Luso-Africano
deveriam ser realizados em 2005 e 2006, como de fato aconteceu.
O primeiro visava a alcançar a periferia de grandes centros urbanos
como Bogotá, Cali, Lima, Caracas, Assunção e Quito. O segundo era
uma forma de jovens aproveitarem a língua comum, portuguesa, para
evangelizar os caboverdianos, moçambicanos, angolanos, sãotomenses
e guineenses987.
No ano de 2005, seguiu para a América Latina a primeira turma dos
Radicais Latinos-Americanos, formada por 33 jovens, sendo 17 do Bra-
sil, 3 da Espanha, 1 do Chile, 3 do Peru, 1 do Uruguai, 5 da Inglaterra,
`" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. "Radicais": pioneiros entre os povos do Sahel. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 8, jul./ago. 2003.
'' DESAFIOS radicais. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 12, maio/jun. 2004.
2 da Escócia e 1 do País de Gales". Por sua vez, em novembro do
mesmo ano, o grupo Radical Luso-Africano, composto de 14 pessoas,
terminou seu treinamento, seguindo para o campo em 2006.
Interessante testemunho sobre o Projeto Radical África é dado pela
missionária Kerley Permínio de Souza, da Guiné. Ela confessa que tinha
os seus temores sobre o trabalho dos radicais. Entretanto, após receber
um pequeno grupo deles, ela que se considera uma veterana com os
seus 10 anos no campo, escreveu: "O novo e o velho juntos para o
Reino de Deus. Já estou vendo que vai ser difícil deixá-los partir e com
certeza já estou me mexendo para pedir mais. Porque agora me tornei
'veterana Radical!"989
Durante o ano de 2006, foi o quarto grupo de vocacionados para o
Projeto Radical África, o segundo para o Radical Latino-Americano e o
primeiro para o Luso-Africano. O grupo de Radicais Latinos esteve na
Bolívia, Peru e Equador por um período de seis meses. Em 2007, o se-
gundo grupo latino, além dos países mencionados, foram também para
Uruguai e Paraguai, passando oito meses de trabalho efetivo nos campos.
Eram 21 jovens do Brasil, Peru, Espanha, Guatemala, Uruguai e Equador,
liderados pelo missionário locado no Paraguai, Élbio Márquez. Como re-
sultado houve 58 igrejas apoiadas, com 1.105 decisões ao lado de Cris-
to, 423 pessoas discipuladas e 64 batismos990. Em dezembro de 2007,
após retornarem dos campos para o Brasil, 24 componentes da primeira
turma do Projeto Radical Luso-Africano e da segunda turma do Projeto
Radical África receberam certificados no Rio de Janeiro".
O Projeto Radical Luso-Africano foi iniciado em abril de 2006, com a
chegada das primeiras equipes a Moçambique e São Tomé e Príncipe, a
fim de fortalecer igrejas e realizar projetos de saúde, esportes e educa-
ção992. Em 29 e 30 de novembro de 2006, a primeira equipe do Projeto
"" DIAS, Sérgio. Radicais vão impactar a América Latina. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano
3, n. 8, p. 8 e 9, jan./fev./ 2006.
""9 SOUZA, Kerley Permínio de. Radical África. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 105, n. 11,
p. 2, 13 mar. 2005.
"91) WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Junta de Missões Mundiais: Américas. Convenção Batista
Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 100.
'' MISSÕES mundiais entrega certificados. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 7, jan./fev. 2008.
992 TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de Ja-
neiro, ano 4, n. 14, p. 13, jan./fev. 2007.
Radical — Voluntários Sem Fronteiras chegou de volta da África, depois
de três anos de atividade. O grupo foi dividido em quatro equipes, atu-
ando no Senegal, em Níger, na Guiné e em Marrocos. A Coordenadora
do Projeto, Analzira Pereira do Nascimento993, comentou:
Embora tenha consciência de que este é um Projeto com riscos, pelo perfil da
juventude, ao mesmo tempo constatamos, cada vez mais, que este paradigma
de trabalhar em equipe veio para ficar. Vale a pena investir neles. Pude ter a
confirmação de que Deus está nesta "loucura" quando ouvimos os relatos do
grupo que retornou no retiro que organizamos para descanso e avaliação do
Projeto. Estivemos durante quatro dias juntos ouvindo as experiências, choran-
do juntos, rindo muitas vezes.
""` NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Uma loucura que contagia. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 5, jan./fev. 2007.
"4 TYMCHAK, Waldemiro. Carta do pr. Waldemiro aos missionários. O Jornal Batista, Rio de
venção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 92-96.
ser de adaptação, quando começam a fazer amizades e compartilhar a
mensagem do evangelho997. A informação oficial, de 2008, do site da
JMM sobre o Projeto, diz:
Os Radicais sem Fronteiras que integram as equipes do Projeto Radical África
estão espalhados por vários países da região norte do continente, desenvolven-
do seus ministérios e abençoando a vida da população local através de traba-
lhos nas áreas esportiva, médica, educacional e espiritual"'.
8. Projetos sociais
Algumas atividades na área social são alvos de nossa atenção aqui.
Dizemos algumas, porque os projetos educacionais são omitidos neste
tópico, por serem tratados no item a seguir. Também não serão mencio-
nados muitos da área de saúde, pelo fato de estarem incluídos no item
que apresentou os Fazedores de Tendas.
A urgência de se realizar trabalho com os povos não alcançados é
apresentada pelo Jornal de Missões, de março/abril de 1996, lembran-
do que dos 222 missionários da JMM, 20% trabalhavam em países onde
povos ainda não tiveram oportunidade de ouvir sobre Jesus, a saber,
Taiwan, Índia, Japão, Senegal, Guiné-Bissau e Albânia. Lembra o texto
ainda que a previsão para o ano 2000 era que haveria 1 bilhão e 200
milhões de muçulmanos no mundo. Finalmente o artigo relata a triste
situação de pobreza de grande parte da população mundial, quando um
bilhão e meio de pessoas não tinham acesso a qualquer forma de ajuda
médica, o percentual de 40% da população mundial era constituído de
mal-nutridos e 20% viviam em situação de profunda pobreza999.
Em julho de 2000, jovens da JUBAM e da JUMOC, em parceria com
a JMM, participaram do Projeto Angola, prestando serviços de evange-
lização e assistência social, com atendimentos médicos, treinamento de
liderança, campanhas educativas e outras atividades'"
NASCIMENTO, Analzira Pereira do. Boas idéias ajudam projetos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 5, set./out. 2000.
10°2 CAMPOS, Gilberto. Vitória silenciosa. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 5, jul./ago.
2002.
""" MARTELETTO, Luiz Cláudio. Missões Mundiais de mãos dadas com o social. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 103, n. 7, p. 12, 16 fev. 2003.
O Projeto Tenda da Esperança, iniciado na África em 1996, realiza
um importante trabalho social e de evangelização, pois os missionários
anunciam o amor de Cristo através de cursos profissionalizantes, cui-
dados médicos, estudos bíblicos e treinamento de líderes. Após quatro
anos de atividades do Projeto em Moçambique, com elevado número de
atendimentos médicos, dentários e outros na área social, além de cerca
de 13.000 decisões, foi decidido que a partir de 2000 ela seria implan-
tada em Botsuana, enquanto os missionários em Moçambique ficariam
empenhados na consolidação das novas missões e igrejas. A Tenda da
Esperança é considerada o projeto mais ousado na área social. Os seus lí-
deres, Sérgio e Janice de Oliveira, passaram a residir em Botsuana1004 . Até
2004, 5.000 pessoas foram atendidas pela Tenda em Botsuana, realiza-
dos 1.400 estudos bíblicos, foram visitadas 200 famílias e batizados 126
novos crentes1 ". A notícia de 2005 era de que 400 pessoas receberam
cursos profissionalizantes nas especialidades de garçom, corte e costura,
ponto de cruz, crochê, tricô, tapeçaria, manicure, cabeleireiro, datilogra-
fia, primeiros socorros, eletricidade e informátical 006 . Em 2006, o número
de igrejas implantadas através desse ministério chegava a 6. Pastor Wal-
demiro Tymchak1007 comentou: 'Antes da Tenda chegar, as igrejas leva-
vam anos para serem organizadas e já nasciam raquíticas, com menos de
10 membros". Ainda em 2006, a equipe formada por uma médica, uma
enfermeira, um pastor que também é protético e sua esposa, atendeu
1.054 pessoas carentes na área de saúde, treinou obreiros, discipulou e
batizou1008 . No final de 2007, a Tenda retornou para Moçambique.
Em 2005, o casal Humberto Chagas e Elisângela Andrade Medeiros
Chagas, ele médico ortopedista, ela cirurgiã-dentista, foram para o Se-
negal. Ele menciona as dificuldades iniciais de adaptação e do cumpri-
HEI TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79á as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 466.
Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 81á assembléia. Rio de Janeiro: CBB,
2000, p. 263.
1055 TENDA continua na África. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, p. 18, set./out.
2004.
n"' JMM mantém Tenda da Esperança na África. A Colheita, ano 2, n. 5, p. 2, ago./set. 2005.
1017 TYMCHAK, Waldemiro. Anunciai paz às nações. Produção da JMM. Rio de Janeiro: JMM,
maio 2003. 1 videocassete.
""' ÁFRICA: vidas transformadas para o reino de Deus. Revista Avanço Missionário 2006, Rio
de Janeiro: JMM, 2006, p. 24.
mento das exigências para poderem praticar a
profissão. Finalmente passaram a gozar de mui-
to respeito no hospital onde atuam. Através do
Projeto Fábrica de Esperança, que é um centro
médico-esportivo voltado para meninos de rua,
eles realizam um importante trabalho na co-
munidade, onde normalmente os meninos são
muito maltratados e passam o dia mendigando
nas ruas. Ele testemunha: "De tudo o que te-
Hur~o,
(médico) e_ mos vivido, e o que ainda viveremos, podemos
Andrade Ni- ros afirmar com toda a convicção que vale a pena
Chagas (~ogal,
missionáriosino Senegal servir ao Deus vivo. Estamos muito felizes no
desde 20051 Senegal, porque temos absoluta certeza de que
é aqui que Ele nos quer neste tempo
Em 2006, os missionários Edivaldo e Adriana Marcolino passaram
a atuar em Moçambique através do Projeto Videira, com a finalidade
de alcançar crianças, adolescentes e jovens. Moçambique continuava
sendo marcado pela miséria, fome, sofrimento, corrupção e outros
males que caracterizam a sociedade de países pobres. Além de estu-
dos bíblicos e discipulado, o Projeto oferece ensino de qualidade e
providencia palestras sobre higiene e cuidado com o corpo, além de
orientar as crianças sobre alimentação. Também crianças órfãs ou em
situação de risco são acolhidas através do Centro Arco-Íris Macha-
valolo.
Na região do Deserto de Atacama, no Chile, o casal de missionários
Juan Carlos Nunez Romero e Narriman Guimarães Nunez, realizam um
trabalho de cunho social com o povo aymará. O casal vai às comuni-
dades acompanhado de vários profissionais como dentistas e médicos,
para atender aos que precisam de tratamento. Também levam roupas e
material escolar, aproveitando a oportunidade para anunciar a mensa-
gem do evangelho. Algumas comunidades indígenas que estão a 5.000
metros de altitude têm sido alcançadasm".
"''' CHAGAS, Humberto. Tempo de paz e esperança no Senegal. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 5, n. 21, p. 13, mar./abr. 2008.
mn PROJETO Videira. A Colheita, ano 3, n. 10, p. 1, jul./ago. 2006.
101 PROJETO Tarapacá para Cristo. A Colheita, ano 2, n. 3, p. 2, maio/jun. 2005.
Em Antofagasta, Chile, a missionária Maria Ilza Lopes Pereira ini-
ciou em 2003 a Casa Batista da Amizade (CABAMI), usando o lema,
"Ensinamos a pescar, e não somente damos o peixe". O Projeto serve
à população carente de um dos bairros pobres da cidade através de
cursos técnicos, esporte, atendimento a moradores de rua, orientação
para idosos e outros projetos. 15 cursos são oferecidos por profissionais
voluntários e crentes. A casa é totalmente administrada pela nossa mis-
sionária, que de tudo faz para o crescimento do trabalho missionário
naquela terra do mais seco deserto do mundo. Ela adapta os espaços
conforme as necessidades, pinta o imóvel, ensina bijuterias, flores, bor-
dados e muito mais, além do empenho e criatividade em levar o evan-
gelho para crianças e suas famílias. A Casa da Amizade ensina mães a
realizarem trabalhos manuais que ajudam na renda familiar e desenvol-
ve classes de estudos para crianças. Dentre outras atividades ressalta-
mos a Madrugada de Carinho com Deus, atendendo aos necessitados
que perambulam e pernoitam nas ruas, oferecendo-lhes alimento, rou-
pa e apoio para sua integração na família e na sociedade. O testemu-
nho cristão e a mensagem do evangelho estão presentes em todas as
atividades, que são sempre iniciadas com um momento devocional1012.
Para atender a carência de atenção e amor da parte de adolescentes e
jovens em local distante da cidade, Maria Ilza iniciou uma escolinha de
futebol, sendo ela mesma a "técnica", embora confesse que entende
pouco de futebol'°". Mas o amor vence barreiras!
A maior concentração de surdos no mundo está no Oriente Médio,
em virtude dos casamentos arranjados. Na cultura árabe, o pai compra
a noiva para o filho. Quando o filho é surdo, o pai consegue uma noiva
ouvinte e do casamento nascem vários filhos surdos. Se uma menina
nasce surda, está condenada a ser relegada como se não fosse parte
da família, pelo que não recebe educação como os irmãos, mas é tra-
tada como empregada ou escrava. Quando os filhos são apresentados
como parte de uma família, a surda não participa, ficando no fundo da
casa, porque é uma vergonha. Isso levou a JMM a iniciar trabalho com
os surdos e já se projeta um Projeto Radical do Silêncio. Na Jordânia
'"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Recife, 17 mar. 2008.
10 " TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
101' Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: atas e pareceres. Rio de Janei-
ro: CPC, 1987, p. 414.
ser efetivado através do programa contido na Proposta para uma Ação
Missionária Estratégica na América do Sul. Referimo-nos ao Programa
de Evangelizar Alfabetizando".
Ao completar 90 anos, em 1997, a JMM anuncia vários projetos no-
vos, inclusive o Projeto Alfa-Beta, pelo qual o método educacional de
Paulo Freire foi adaptado para alcançar portugueses com o trinômio,
evangelização / alfabetização / conscientização1017. Esse importante
Projeto é realizado com grandes resultados na Angola, para onde a
missionária Lea Teixeira do Nascimento viajou em fevereiro de 1998,
para ensinar alfabetizadores a utilizarem a cartilha Leitura é vida.
O objetivo era ensinar adultos angolanos a ler e escrever, enquan-
to eram também evangelizados. Ela aproveitou a oportunidade para
também ministrar didática aos alunos do Seminário Teológico Batista
de Huambo, onde era deã acadêmica a missionária Analzira Pereira
do Nascimento1018. O Projeto foi aceito pelo Governo da Angola, que
apelou para que cada igreja se transformasse em uma escola. Mais
tarde o Projeto foi reconhecido por órgãos internacionais, inclusive a
ONL 1019. Na realidade o Alfa-Beta é um trabalho de alfabetização de
adultos, visando a reduzir o índice de analfabetismo em vários países
africanos.
O Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE) nasceu em julho de
1992, em uma favela de São Paulo, através de uma missionária da So-
ciedade Batista Missionária Britânica. Até setembro de 2001, havia uma
rede de 47 PEPE's instalados em São Paulo. O primeiro campo a ser
alcançado pela JMM foi Moçambique, onde já havia nove núcleos em
2003. De lá a obra se estendeu para outros países da América do Sul e
África. Luiz Cláudio Marteletto102° comenta: "As crianças são alcançadas
de maneira integral, ou seja, social, educacional e espiritualmente".
Quando Lídia Klava da Silva conheceu em São Paulo o Projeto, ela o
10 " FIGUEIRA, Nilcilene. 90 anos fazendo missões no mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 97, n. 23, p. 12, 09 a 15 jun. 1997.
'"'" PROJETO Alfa-Beta, em Angola, entra em fase de treinamento de educadores. O Jornal Ba-
tista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 8, p. 16, 23 fev. a 01 mar. 1998.
'"''' ALFA-BETA ajuda a reduzir o analfabetismo em Angola. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
p. 17, mar./abr. 2002.
102 " MARTELETTO, Luiz Cláudio. PEPE impulsiona trabalho em alguns campos de Missões Mun-
diais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 103, n. 12, p. 3, 23 mar. 2003.
adotou com grandes resultados no Paraguai. Lídia1021 analisa: "O PEPE
proporciona à igreja local uma maneira prática e relevante de suprir as
carências humanas e espirituais dos necessitados e estreitar suas rela-
ções com a comunidade, tornando-a conhecida, valorizada e respeita-
da no local onde está inserida". Terezinha Candieiro1022 escreveu sobre
o projeto em Moçambique:
A guerra civil de Moçambique, em 1992, deixou um milhão de mortos e
graves conseqüências sociais. Devido à crise, atualmente o Governo não
tem condições de oferecer nem mesmo a educação básica para todas as
crianças. Esses fatores impulsionam a implantação de projetos sociais e
de educação que, por sua vez, têm servido para le-
var muitas vidas a Cristo. Em 2001 implantamos, em
três igrejas da província de Nampula, o Programa de
Preparo Educacional Pré-Escolar (PEPE). Minha parte
nesse programa é a de formar missionários educadores
nas igrejas para serem professores de crianças.
dez. 2004.
"'" POPE — Programa de Odontologia Preventiva e Educativa. Revista Avanço Missionário 2006,
Rio de Janeiro: JMM, 2005, p. 8.
102" CESSITO, Noêmia Gabriel. E já são quase 20 anos. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9,
jul./ago. 2003.
familiares, como é o caso de Moçambique mencionado acima, que
atendia a filhos de muçulmanos1°29. Em 2005, o PEPE foi considera-
do o trabalho social de maior alcance na América Latina, funcionan-
do no Paraguai, Peru e Bolívia com 42 unidades. "Foram treinadas
18 missionárias educadoras. Mais de 400 famílias foram alcançadas
e 621 crianças atendidas. Houve 126 decisões por Jesus de pais de
alunos,1030.
Após dois anos como missionária temporária no Uruguai e 14 anos
como efetiva em Moçambique, Terezinha Candieiro retornou ao
Brasil em novembro de 2005, para se tornar, a convite da Junta de
Missões Mundiais (JMM) e da Sociedade Missionária Britânica (BMS),
Coordenadora Geral do PEPE, em trabalho de parceria desses dois
órgãos com a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH). Na ocasião o Programa tinha sido implantado em 12 países,
a iniciar com o Brasil em 19921031. O plano da Coordenadora é lançar
uma rede de PEPE's para o mundo.
No final de 2007, o PEPE já estava implantado em 14 países, aten-
dendo 6.366 crianças em 240 unidades, através de 523 educadores.
Além do Brasil, os países servidos pelo PEPE eram: na África, Angola,
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Senegal, Guiné e Ser-
ra Leoa; na América Latina, Paraguai, Bolívia, Chile, Equador, Colômbia
e Peru. Na ocasião, o PEPE já tinha sido desenvolvido em 5 países de
língua portuguesa, 6 de espanhola, 2 de francesa e 1 de língua inglesa.
Como já mencionado, todo esse trabalho foi e continua sendo realiza-
do pela JMM em parceria com a Sociedade Missionária Batista Britâ-
nica (BMS) e a Associação Brasileira de Incentivo e Apoio ao Homem
(ABIAH), sendo esta a iniciadora do movimento em 1992, ao atender
25 crianças de 5 e 6 anos de idade em São Paulo1032. O Programa
tem "a missão de capacitar igrejas evangélicas a expressar, por meio da
T"''' MARTELETTO, Luiz Cláudio. 2004: conquistas em Missões Mundiais. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 7, jan./fev. 2005.
I'" PEPE na América Latina. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de Janeiro: JMM, 2005,
p. 8.
1("1 PROGRAMA de Educação Pré-Escolar PEPE, educando para a vida. Revista Avanço Missio-
nário 2006, Rio de Janeiro: JMM, 2006, p. 35.
103 ' CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. PEPE: levando esperança ao coração da criança.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 18, nov./dez. 2007.
educação infantil (crianças de 4 a 6 anos), sua fé em amor e ação, a
comunidades carentes"1033 .
De acordo com a Coordenadora do PEPE, o Programa deve ajudar
as crianças a vencer as suas adversidades, buscando uma formação que
estimule o seu desenvolvimento social e espiritual, pelo que a visão
como rede do PEPE é "ser um instrumento missionário eficaz e faci-
litador que ajuda a igreja local a cumprir sua missão integral em um
mundo cheio de necessidades"1034.
Ao ser indagado em 2007 sobre os vários projetos usados para servir
em países mais pobres, Waldemiro Tymchakm" mencionou principal-
mente os PEPE's, dizendo:
É uma estratégia perfeitamente viável, pois qualquer igreja, por mais pobre que
seja, pode ter um núcleo. Basta abrir as portas do templo e fornecer um rápido
preparo aos membros que desejarem trabalhar com esse projeto. Em Moçam-
bique, apenas uma missionária liderou o trabalho em três capitais daquele país.
Eram quase 1.100 crianças atendidas diariamente. Através do PEPE a criança
pobre é atendida e torna-se uma cidadã. A comunidade sente a presença da
igreja e, desta forma, a família da criança é alcançada.
I"" PARCERIA firmada amplia o alcance do PEPE. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n.
18, p. 14, set./out. 2007.
1044 CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Junta de Missões Mundiais: Programa de Educa-
ção Pré-Escolar — PEPE. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro:
CBB, 2008, p. 110.
'"'' TYMCHAK, Waidemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
103 (' Edson Arantes do Nascimento, conhecido como o rei do futebol e, para muitos, o maior
jogador de futebol de todos os tempos.
para lá se dirigiram a fim de abrir escolas de futebol. Assim surgiu o
Projeto Gol, que cresceu e se tornou o Programa Esportivo Missionário,
com o objetivo de usar o esporte como ferramenta no trabalho missio-
nário do mundo. Suas atividades iniciadas na Ásia se estenderam para
a África, Europa e América Latina1037.
Dentre alguns destaque em 1989, menciona-se que o missioná-
rio Renato Cordeiro atuava em Portugal com jogadores de futebol,
obtendo bons resultados desse trabalho. No início do ano seguinte,
Miriam Baldassare Rangel Pereira1038 escreveu sobre o uso desse re-
curso em missões: "É essencial que nossos missionários no exterior
tenham condições de diversificar seu ministério a ponto de prestar
assistência espiritual a profissionais brasileiros que trabalham em ou-
tros países".
Em 1997, quando a Junta completava 90 anos, é explicado sobre a
razão de ser do Projeto Gol ligado ao Programa Esportivo Missionário.
Ele foi criado após a excursão de uma equipe formada de jogadores
profissionais no sudeste da Ásia, ocorrida em março de 1997, a convite
de autoridades locais que se encantavam com o nosso futebol. A finali-
dade do Programa era utilizar esportes como estratégia para entrar em
países comunistas e muçulmanos, estendendo-se para outros países.
Por sua vez o Projeto Gol tomou forma especial também em 1997,
usando o contexto esportivo para anunciar o evangelho em países da
Ásia que impedem a entrada de missionários. Assim atletas de várias
áreas, mas principalmente do futebol, usam o talento que Deus lhes
deu para testemunhar e evangelizar1039.
Em 1998, havia seis jogadores profissionais de futebol, crentes e
comprometidos com missões, atuando como Fazedores de Tendas em
países da Ásia, através da JMM. Eles são contratados por times asiáticos,
ganham seu sustento e aproveitam todas as oportunidades para falar
de Cristo. "Apaixonados pelo futebol do Brasil, os asiáticos lotam os
estádios para ver nossos atletas, que acabam ganhando popularidade
07 OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janei-
104 " MORAES, Luiz Paulo de Lira. Missionários bons de bola dão de goleada na evangelização da
Ásia. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 98, n. 23, p. 9, 08 a 14 jun. 1998.
7041 SOUZA, Renato Cordeiro de. O primeiro grupo de Atletas de Cristo. Jornal de Missões, Rio
de Janeiro, p. 16, jan./fev. 1999.
1 "42 TYMCHAK, Waldemiro. Bênçãos e perspectivas. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102,
n. 15, p. 2, 08 a 14 abr. 2002.
'"" LUZ, Ezequiel Batista da. Correndo juntos para alcançar a muitos. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4, mar./abr. 2004.
1 044
GRAVA VASCONCELOS, Marcos. Futebol brasileiro derruba muralhas na China. Jornal de
Missões, Rio de Janeiro, p. 6, set./out. 2002.
2003, menção é feita ao programa esportivo
com o Projeto Gol na Tailândia, Espanha, Ro-
mênia, Macedônia, Egito, Itália, Japão, Malá-
sia e China.
Por algum tempo o PEM foi coordenado
por Renato Reis de Oliveira, e hoje, Marcos
Grava Vasconcelos, formado em Educação Fí-
sica, com especialidade em Ministério Espor-
tivo nos Estados Unidos, é o seu supervisor.
Ele está radicado em Santo André, Se onde
Marcos Grava Vasconcelos, ministra sobre o assunto aos missionários da
atual supervisor do
Programa Esportivo JMM, além de ensinar também no Centro de
Missionário Formação de Líderes para a América Latina
1
(CEFLAL), que desde 2004 já formou mais de
300 líderes para o ministério esportivo. O motivo do Projeto Gol é ex-
plicado por Marcos Gravam':
O futebol, esporte mais popular do mundo, em seus diferentes níveis de prá-
tica independente de idade, sexo, religião ou nível social de seus praticantes e
espectadores, apresenta-se como uma linguagem universal, fomentando con-
versas e encontros sociais, possibilitando, assim momentos de recreação ativa
(entre familiares, amigos e vizinhos) e passiva (diante dos aparelhos de rádio
e televisão). Potente gerador de relacionamentos, o futebol permite ainda a
criação de um vínculo entre seus participantes, motivando a socialização e
transpondo as barreiras existentes na comunicação inter-pessoal.
"" Id. Informações ministeriais. JMM, Santo André, fev. 2007. Digitado.
'"" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Mensagem recebida por <batistas@egrupos.net > em 01 fev.
2008.
lhetos distribuídos e 7.576 decisões por Jesus. Houve o envolvimento
de dezenas de denominações, seminários teológicos e agências missio-
nárias. Marcos Grava Vasconcelos1047 conclui: "Creio que esta foi uma
excelente preparação para um projeto semelhante que poderemos re-
alizar no Brasil, em 2014, quando nosso país será a sede da Copa do
Mundo de Futebol".
Que o Projeto de 2014 e inúmeros outros sejam elaborados e exe-
cutados para que o evangelho seja anunciado até os confins da terra.
"Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para
glória de Deus Pai" (FI 2.10 e 11).
I"'" GRAVA VASCONCELOS, Marcos. Junta de Missões Mundiais: Programa Esportivo Missioná-
rio — PEM. Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p.
109.
A estrutura e o funcionamento da JMM podem não representar
algo perfeito, pois neles estão seres humanos que, por certo, têm
as suas falhas. Entretanto, sem qualquer dúvida, a Junta de Missões
Mundiais tem sido nos últimos anos o mais bem organizado órgão
da CBB. Certamente, deve-se isso a dois líderes que com eficiência
e eficácia atuaram por algumas décadas na JMM. O primeiro deles
é o Diretor Executivo, Waldemiro Tymchak, que desde 20 de abril
de 2007 está na presença de Deus; o segundo é o Gerente Admi-
nistrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros, que continua a gerir a
área administrativo-financeira. No período que ora tratamos, o tino
administrativo desses dois homens, aliado à competência, à dedica-
ção e à dependência de Deus, foram usados pelo Senhor para que,
mesmo com crises econômico-financeiras no Brasil e no mundo, e
com problemas enfrentados pela própria denominação através de
alguns dos seus órgãos, os batistas brasileiros levassem a mensagem
do evangelho até os confins da terra.
1. Vencendo os desafios
"O Senhor Deus irá na sua frente; ele mesmo estará com você e não o
deixará, não o abandonará. Não se assuste, nem tenha medo" (Dt 31.8
- NTLH). Este foi um dos textos que acompanhou o nosso Executivo
e o Gerente Administrativo-Financeiro da JMM no enfrentamento das
turbulências da inflação, do mercado financeiro e das crises cambiais
com a maxi-desvalorização do dólar.
Na introdução ao relatório referente a 1983, quando o cruzeiro foi
desvalorizado "em mais de 280% em 12 meses", um belo texto de es-
perança foi escrito pelo Executivo da JMM, lembrando dificuldades no
período, mas sempre seguidas de novas perspectivas e vitórias:
Nestes últimos tempos, temos enfrentado períodos sombrios, vários obstáculos,
momento em que não vemos o sol nascer. Mas somente o escuro e sombrio en-
tardecer, quando o "homem já não pode mais trabalhar". Mas, apesar de tudo,
as manhãs têm surgido cheias de sol e esperança e assim vamos navegando em
um mundo onde as circunstâncias mudam rapidamentem".
'"'' TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 650 as-
sembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1984, p. 132.
1'4" Id. Assombrando o mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 84, n. 11, p. 4, 11 mar.
1984.
1 '" SOUZA, Samuel Rodrigues de. "A Junta de Missões Mundiais representa a minha vida 24
horas por dia". O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 21, n. 71, p. 12, out. 1986.
"''' BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
sões Mundiais em um saudável contexto de estabilidade e realismo econômico.
Tenho prazer em dizer que o missionário nunca foi penalizado em razão das
grandes oscilações cambiais. O sustento do missionário nunca chegou atrasado
uma semana sequer, porque sempre foi prioridade por excelência. Como servo
na área financeira de Missões Mundiais, eu identifico o esforço do povo de Deus,
mobilizado numa experiência de fé, entregando para missões, todos os anos,
cinco pães e dois peixinhos, que na obra missionária são multiplicados de tal
forma que permite alcançar muitos povos da terra e ainda é possível ter reserva
ou provisão.
10'- Ibid.
promotores devidamente capacitados para esse trabalho. As dificuldades
financeiras nunca foram obstáculo para que a JMM deixasse de investir
nos seus promotores, na comunicação com as igrejas, ou para que a Jun-
ta estivesse junto aos batistas brasileiros, sempre colocando em prática a
convicção do Executivo de que são as igrejas que realizam missões.
Também a promoção chegava aos campos, incentivando aos de países
que recebiam a nossa ajuda a se disporem a fazer sua parte na obra mis-
sionária, sabendo que mais bem-aventurado é dar do que receber e que
missões é responsabilidade de todos. É emocionante ver esse desperta-
mento nas pessoas ou grupos sem maiores condições financeiras, mas
que aprenderam a amar e a servir no cumprimento da Grande Comissão,
a tal ponto de iniciarem por lá um trabalho de Missões Mundiais.
Não foi só uma vez que ouvimos, em nossas viagens missionárias,
belas afirmações de executivos ou presidentes de convenções, como a
do vice-presidente da Convenção Batista da Ucrânia: "Sabemos que o
Brasil é um país que concentra um grande número de pessoas pobres;
é um país em desenvolvimento; mas vocês como pertencentes ao povo
de Deus compartilham com muito amor no sustento de nossos obreiros
aqui"'°". Registramos também palavras de reconhecimento da lideran-
ça chilena, boliviana e paraguaia. Em todos os lugares em que paramos
e entrevistamos líderes da terra, escutamos palavras de gratidão e amor
aos batistas brasileiros. Em entrevista coletiva que tivemos com os pas-
tores e líderes de Cuba, ouvimos: "Os brasileiros nos despertaram para
a visão missionária. Nosso país tem sido abençoado com a presença de
vocês conosco. Por favor, não deixem de nos acompanhar e dar respal-
do na realização da obra em nossa terra"1054.
2. Planejamento e treinamento
Desde a década de 1980, a JMM trabalha com planos e programas.
As ações planejadas têm ajudado na elaboração de metas arrojadas,
com excelentes resultados no que concerne à expansão da obra mis-
10 'I STAPANOVICT, Antonyuk Valeriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
10" TYMCHAK, Waldemiro. Novos rumos para a Junta de Missões Mundiais. O Campo é o Mun-
'"''' FREITAS, Zilmar Ferreira. Desafios para a década. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 91,
n. 3, p. 12, 20 jan. 1991.
""'" TYMCHAK, Waldemiro. A JMM e os desafios do ano 2000. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
abr./maio 1993.
''''' PROGRAMAS para execução do Plano Quadrienal de Metas. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 4 e 5, set./out. 1996.
DESAFIO da Janela 10/40. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 15, 17 a 23 fev.
1997.
da Junta ter 1.000 missionários e 60 campos no ano 2000. "Povos, me-
tas, estratégias e objetivos se fundem na corrida contra o tempo"1063.
No ano 2000, foi lançado o Plano Qüinqüenal de Avanço Missio-
nário Rumo ao Terceiro Milênio, que deveria se estender até o ano
2005. No período, 25 novos campos deveriam ser alcançados e 275
novos missionários enviados aos campos, incluindo efetivos, temporá-
rios, autóctones e outras categorias. A grande ênfase foi colocada no
"treinamento de pastores que fossem capazes de reproduzir líderes nos
campos missionários. Ou seja, preparar obreiros autóctones ou mesmo
leigos, capacitados para plantarem igrejas pelo mundo afora"1°64.
Entre os dias 29 de janeiro e 1° de fevereiro de 1996, o casal Grei-
ton Falcão de Oliveira e Nolvia Adriana Herrera de Oliveira prestou
consultoria à JMM sobre Gestão de Qualidade Total, com o objetivo de
"melhorar o conceito administrativo, propiciando maior participação
do recurso humano em qualquer patamar que seja e, efetivamente,
buscar a qualidade em todos os setores, o que é mais do que nossa
obrigação como cristãos"1065. Waldemiro Tymchak1066 avaliou o encon-
tro como produtivo, buscando dinamizar o trabalho promovido junto
às igrejas e missionários: "Precisamos aprender a mudar os paradigmas
quando se faz necessário, deixando o romantismo e oferecendo um
trabalho técnico e produtivo para a obra missionária". Na realidade,
essa tônica esteve sempre presente no trabalho de Tymchak à frente da
JMM, que procurou aprimorar ainda mais com o passar dos anos, de tal
maneira que a Junta de Missões Mundiais tem sido considerada a mais
eficiente organização da CBB, e para alguns, uma organização modelo.
No relatório de 1997, confirmando o compromisso com a qualidade e
a excelência,
Waldemiro Tymchak convocou o pessoal do escritório à consagração total, cujo
compromisso para o Reino de Deus, a denominação e os missionários é o de
estabelecer a melhor infra-estrutura e os melhores serviços para promover o
I"`" FIGUEIRA, Nilcilene. 90 anos fazendo missões no mundo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 97, n. 23, p. 12, 09 a 15 jun. 1997.
RAVANI, Liliane Pessanha. JMM lança novo Plano de Metas para os próximos cinco anos.
Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 10 e 11, jul./ago. 2000.
JMM faz Qualidade Total. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 7, mar./abr. 1996.
TYMCHAK, Waldemiro. JMM promove consultoria em Qualidade. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 96, n. 11, p. 11, 24 mar. 1996.
trabalho missionário no mundo, com excelência. O sucesso da obra, em pri-
meiro lugar depende de Deus, segundo da satisfação dos crentes. O irmão ou
a irmã fica satisfeito quando recebe de sua Junta um serviço sério, responsável
e de qualidade'''.
Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 798 assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 1998, p. 466.
'"'" MANGA, João Luís da Silva. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção
Batista Brasileira: 84P assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 92.
o CIEM para a capacitação missionária, que durou três anos. A partir de
2007 mediante convênio, essa preparação de obreiros passou a ser nas
dependências do Seminário do Sul1069.
Em 2004, assumiu a Gerência de Missões o pastor Lauro Mandira,
posição essa que mantém até o presente. Ele, juntamente com o Ge-
rente Administrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros, ficou responsá-
vel pela condução dos trabalhos da JMM após a partida de Waldemiro
Tymchak, até que assumiu interinamente a direção da Junta, Sócrates
Oliveira de Souza1070.
Em 2007, as regiões do trabalho da JMM estavam restritas a qua-
tro: Região 1 com 9 países nas Américas, tendo como coordenador,
Mayrinkellison Peres Walderley; Região 2 com 20 campos em 19 países
na Europa, tendo como coordenador, Lauro Mandira; Região 3 com II
países na África Ocidental e Sul, tendo também como coordenador,
Lauro Mandira; Região 4 com 18 países no Norte da África, Ásia e
Oriente Médio, tendo como coordenador, Renato Reis de Oliveira1071 .
Além dos coordenadores acima referidos, Mayrinkellison acumula a
coordenação de Voluntários; Analzira Pereira do Nascimento coorde-
na o Projeto Radical — Voluntários sem Fronteiras; Marcos Grava Vas-
concelos coordena o Programa Esportivo Missionário (PEM); Terezinha
Aparecida de Lima Candieiro coordena o Programa de Educação Pré-
Escolar (PEPE). Quanto às outras duas gerências, até o final do ano con-
vencional em 2007, era Gerente de Comunicação e Marketing, Cal-
né de Oliveira, hoje assumida por Luiz Cláudio Marteletto, e Gerente
Administrativo-Financeiro, Luiz Carlos de Barros1072, que continua até
o presente.
O Planejamento Estratégico em vigor, para os anos de 2006 a 2009,
apresentou como metas organizar 260 igrejas, implantar 260 novos
projetos e batizar 16.100 pessoas. No primeiro ano do Planejamento
10 `'° DIAS, Sérgio. Excelência na preparação de missionários. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção Batista Bra-
sileira: 88'2 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 88-89. 88a assembléia da CBB. Rio
de Janeiro: CBB, 2007, p. 88 e 89.
"71 SOUZA, Sócrates Oliveira de. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 884
assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2007, p. 85-144.
Quadrienal, as metas foram ultrapassadas, sendo enviados 72 missio-
nários aos campos, quando a previsão era de 55, e no início de 2007
havia 600 missionários em 63 camposmn.
1".' FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Missões Mundiais quer chegara a sete novos países. O Jornal
Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 11, p. 3, 18 mar. 2007.
1"-4 TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: anais —
6Y- assembléia. Rio de Janeiro: Junta Executiva da CBB, 1981, p. 42.
FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano
23, n. 74, p. 4, mar. 1988.
Associados, fazendo com que houvesse sete tipos de missionários, con-
tando com os Efetivosu".
Em 1993, uma nova categoria de missionários foi criada, designada
Missionário de Apoio, que se referia a pessoas talentosas, que atra-
vés do multiministério cristão poderiam apoiar o ministério de outros
obrei rosl°77. rrw
A amplitude do trabalho, com 110 missioná-
rios em 16 países e 18 campos, levou à criação,
em 1985, da Divisão de Missões Regionais, des-
centralizando a administração do Executivo. As-
sim surgiram as areas1078, com os seguintes co-
ordenadores: José Calixto Patrício para os Países
Bolivarianos; José Nite Pinheiro para os Países
Europeus, sendo mais tarde, em 1988, substi-
tuído por Samuel Mitt, que retornou do campo
missionário em Portugal; Bill H. Ichter, interi-
namente para os Países da América do Norte,
África e Ásia; de início não houve decisão para
Bill Ichter foi diretor
a escolha do Coordenador dos países do Cone adjunto da JMM e
Sul1079, mas em 1986 assumiu interinamente, redator assistente da
revista O Campo é o
Loide Silveira Moreira, e em 1987, Antonio Joa- Mundo
quim de Matos Gaivão.
Houve posteriormente várias reformulações,
não somente quanto aos coordenadores, como no que se refere ao nú-
mero de áreas. Assim em 1997 havia sete áreas, coordenadas por Josias
Cardoso Machado, Gerando Rangel, José Calixto Patrício, Maria Ivone-
te da Costa Lopes, Paulo Moreira, Jorge Schutz e Antonio Galvão1°8°.
101' BROWN, David Alan. Divisão de recursos humanos. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro,
Bolívia; (2) Países do Cone Sul: Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile; (3) Países Europeus: Portugal
Continental e Insular (Açores), Espanha e França; (4) Países da América do Norte, África e Ásia:
Canadá, Angola, Moçambique, África do Sul e Macau.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 75S as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CPC da CBB, 1994, p. 306 e 307.
107" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79S assembléia da CBB. Rio de
"" SILVA, Maria Bernadete da. Autóctones: unindo forças na colheita de vidas. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, p. 11, set./out. 1999.
MANGA, João Luís da Silva. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção
Batista Brasileira: 844 assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 92 e 93.
""" TYMCHAK, Waldemiro. Juntas de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 844 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 95-113.
'""' MANDIRA, Lauro. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Missões. Convenção Batista Bra-
sileira: 854 assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2005, p. 71-87.
aos esforços que partiam da sede e eram transmitidos aos missionários
nos campos, e da efetivação dos vários projetos. Contudo, "ainda mui-
tíssima terra ficou para se possuir" as 13.1b). Resta-nos vencer os obstá-
culos que por certo ainda surgem, sempre "olhando firmemente para o
Autor e Consumador da fé, Jesus" (Hb 12.2a).
4. Visão administrativo-financeira
De certa forma já se tocou no
assunto no primeiro tópico deste
capítulo. Mas aqui fazemos uma
alusão especial a alguém, que du-
rante toda a gestão de Waidemi-
ro Tymchak como Executivo da
JMM, atuou na área administrativo
financeira. Luiz Carlos de Barros
começou a trabalhar em 07 de ja-
neiro de 1976, ainda na adminis-
tração de Alcides Telles de Almei-
da, quando iniciava o seu curso no Wakiemiro Tymob
Bam>s e Edgard Haliock, quando
STBSB. A sua atuação inicial era o atual Gerente Administrativo
como voluntário, dando suporte Financeito dava os primeiros passos
com o novo Diretor Executivo
à contabilidade. Ele vinha de uma
bem sucedida experiência por 11
anos, trabalhando em uma grande empresa. Em 1979, aquele jovem
recebeu do presidente da Junta, José dos Reis Pereira, a incumbência
de assumir a área de contabilidade, para logo mais ampliar ainda mais a
sua responsabilidade na área financeira. Na década de 1980, a inflação
chegou a ser mais de 80% ao mês, mas na sua sabedoria e dependência
de Deus, os obstáculos das altas defasagens cambiais foram vencidos.
Na virada do século, nova ameaça surgiu com a nossa moeda, mas
pelo profissionalismo a serviço do ministério, novas vitórias surgiram.
Ao falar nas crises financeiras administradas por ele, ainda em 2005,
Luiz Carlos1085 diz ser "indispensável a versatilidade para enfrentar os
'""`"' BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janeiro, 11 maio
2005.
recordes cambiais, inflações, regras que mudam a todo momento e os
altos e baixos das economias de outros países". Mais tarde, já em 2008,
a questão econômica, as operações cambiais e outros itens referentes
ao envio de verbas para o exterior são dissecados por Luiz Carlos1086:
A legislação que regulamenta "remessa de valores para o exterior" é extrema-
mente ampla, com grande alcance disciplinar. Nós temos um imenso cuidado
em zelar pela legalidade e finalidade das ofertas missionárias que se destinam
para o sustento da obra. No processo, a origem e a clareza nos aspectos con-
tábeis e finalidade dos recursos obtidos são o que determina prioritariamente
a legalidade junto ao Sistema Financeiro Nacional. Não há fórmulas ou articu-
lações, e sim o cumprimento das determinações governamentais. O sistema
não proíbe; pelo contrário, facilita as trocas comerciais e financeiras, tornando
cada vez mais livre a circulação de bens e serviços entre os países envolvidos. A
comunicação e a interdependência internacional levaram o mundo a funcionar
como um sistema global. Trabalhamos o envio de recursos para os projetos
missionários com a máxima segurança possível, dentro das normas do Sistema
Financeiro.
As operações cambiais são feitas na instituição financeira (banco). Esta organi-
zação observa rigorosamente a legislação e as regulamentações vigentes. As po-
líticas bancárias - os fortes investimentos em processos, os sistemas de controles
e o monitoramento de operações - permitem a identificação de operações atí-
picas. Esta segurança, compatível com as normas estatutárias de Missões Mun-
diais, protege a obra em suas operações de envio de recursos para os projetos
missionários que são desenvolvidos pelas igrejas batistas da Convenção Batista
Brasileira.
'6 Id. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 15 ago. 2008.
10
708-RANGEL PEREIRA, Elton. "Braço direito" no trabalho missionário. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, p. 15, nov./dez. 2001.
ros no mundo. Passamos momentos aflitivos, você aí na retaguarda, e nós aqui,
na linha de frente. Como o Senhor está sempre no controle da nossa Junta, tudo
foi superado. Deus o colocou no lugar certo para "administrar as cordas" para
que nós, os que estamos no campo, possamos "descer às minas"1088.
'""" Id. Carta ao amigo Luiz Carlos de Barros. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 19, p.
11, 13 maio 2007.
'"" BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janeiro, 11 maio
2005.
119 " FREITAS, Zilmar Ferreira. Por que 120 milhões? O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 23,
n. 74, p. 5, mar. 1988. IAPAS hoje seria INSS.
THOMÉ, César. Junta de Missões Mundiais: introdução. Junta de Missões Mundiais. Conven-
ção Batista Brasileira: atas e pareceres - 70a assembléia. Rio de Janeiro: CPC, 1989, p. 375.
1092 AZEVEDO, Juarez Pascoal de. Dez anos com Waldemiro Tymchak. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 89, n. 52, p. 8, 24 dez. 1989.
1988 e 1992. Mesmo no interregno dos dois períodos e depois de
1992, Juarez atuou como assessor no desenvolvimento do planejamen-
to estratégico, acompanhando os seus resultados na área administrati-
vo-financeira da Juntam".
Houve um momento mais difícil para a Junta, quando o Real foi
desvalorizado em 60%, pelo que um apelo se estendeu às igrejas, no
sentido de que dobrassem os seus alvos em 1999. Foi mencionada a
necessidade da obra prosseguir sem solução de continuidade, lembran-
do os trabalhos de Joed Venturini de Souza, filho de missionários que
se tornou médico e pastor para se dedicar a missões, em Guiné-Bissau
e MZ entre os muçulmanos1094.
Não é fácil lidar com tamanha contradição, a necessidade de se
investir mais e mais nos campos e, a escassez de dinheiro por conta do
desequilibro financeiro do país. Não obstante, o presidente da Junta na
ocasião, Marcílio Gomes Teixeira1095, na Introdução ao relatório pres-
tado à assembléia convencional em janeiro de 2001, testemunha: "As
pressões decorrentes da situação econômica do Brasil foram grandes,
mas, pela providência de Deus, a obra não se tornou inviável, pois a
Junta pôde manter todos os seus compromissos financeiros em dia. Em
nenhum momento o sustento dos missionários foi prejudicado".
A maior dificuldade durante o ano de 2001, deve-se à acelerada e
crescente desvalorização da taxa de câmbio, já que mais de 80% dos
compromissos da Junta eram formalizados em dólar. Contudo, o Ge-
rente Administrativo-Financeiro pôde dizer no final do período: "Não
temos dívida em dólares"1096.
No final de 2002, o Gerente Administrativo-Financeiro da JMM es-
creveu um artigo sobre as dificuldades da Junta em virtude da varia-
ção cambial. Dentre outras informações, ele disse que para realizar os
sonhos e esperanças do povo batista do Brasil era preciso transformar
""i BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
SANTANA, Esequias. Missões Mundiais: ainda há tempo. O Jornal Batista, Rio de Janeiro,
ano 99, n. 15, p. 11, 12 a 18 abr. 1999.
Iii"' TEIXEIRA, Marcílio Sebastião Gomes. Junta de Missões Mundiais: palavra do presidente. Con-
venção Batista Brasileira: 83á assembléia. Rio de Janeiro: CBB, 2003, p. 148.
TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 82á as-
sembléia anual. Rio de Janeiro: CBB, 2002, p. 283.
reais em dólares. Lembrou que o dinheiro brasileiro de 1942 a 2002 já
havia mudado de nome oito vezes e concluiu:
A moeda Botsuana (África Austral) chama-se "pula" e a moeda em São Tomé e
Príncipe (África Ocidental) chama-se "dobra". Parafraseando: a sua Junta mis-
sionária "pula, dobra e cai no Real". Em janeiro de 1999 vimos o dólar pular der
R$ 1,10 para R$ 1,90 (de um dia para o outro tivemos a desvalorização do real
em 70%). Em 2002 vimos o mesmo salto de R$ 2,40 para R$ 4,001097.
lu' BARROS, Luiz Carlos de. O dólar e a 1MM. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 102, n. 48,
p. 14, 01 dez. 2002.
TYMCHAK, Waldemiro. Juntas de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 84-4 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2004, p. 95-113.
""''' BARROS, Luiz Carlos de. Junta de Missões Mundiais: Gerência Administrativo-Financeira.
Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 132.
101 Id. Sobre o Conselho Fiscal. Documento recebido por <zedel@uol.com.br > em 09 nov.
2008.
ações foram fundamentais para o progresso da Junta como instituição e, acima
de tudo, para o Reino do Senhor.
Por que em período de tanta turbulência as vitórias têm sido tão cla-
ras e continuadas na JMM? A resposta está na certeza de que o verda-
deiro condutor da obra não é o homem, mas Deus. O Senhor está em
todo o processo que norteia a obra missionária. É Ele que dá sabedoria
aos gestores da JMM. E a submissão destes é indispensável para que as
águas corram com tranqüilidade sem se desviar do seu leito. "Há um rio
cujas correntes alegram a cidade de Deus" (SI 46.4a). Deus está no meio
dessa cidade que jamais será abalada (SI 46.5). Foi o Senhor que colo-
cou como timoneiro no trabalho de Missões Mundiais realizado pelos
batistas brasileiros, Waldemiro Tymchak, um homem de fé que sabia
lidar com os seus subalternos com todo o respeito, tratando-os como
verdadeiros companheiros na obra do Senhor. Certamente isso deu co-
ragem, disposição, alegria e amor ao seu braço direito, Luiz Carlos101,
que explica o segredo do que os homens chamariam de sucesso:
Eu comparo a trajetória de Waldemiro Tymchak na obra missionária com a "tor-
rente de águas vivificantes", conforme uma das mais sublimes passagens proféticas
encontrada em Ezequiel 47.1-12. Este texto é uma belíssima figura das influências
benignas de Cristo, a procederem do trono e a se espalharem pelo mundo afora,
abençoando as nações. Pastor Waldemiro, com a sua visão e paixão, renovou no
coração das pessoas o ideal maior de tornar Cristo conhecido a todos os povos da
Terra. Como as "torrentes de águas vivificantes", o trabalho missionário foi cres-
cendo, crescendo, crescendo e milhares de pessoas encontraram vida em Jesus.
A sua visão transcendia as potencialidades econômicas do país, pois, segundo ele
afirmava, cremos em um Deus de poder, amor e sabedoria, cujas qualidades vão
muito além dos números e dos limites de um planejamento. Ele foi meu amigo,
pastor, diretor, companheiro. De fato ele era o Sr. Missões.
5. Promoções missionárias
Em 1985, destaca-se a atuação da missionária emérita da Junta, He-
rodias Neves Cavalcanti, que realizou excelente trabalho de promoção,
visitando as convenções do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e
falando em igrejas nos estados de São Paulo e Pernambuco103.
""' Id. Carta ao Presidente e Diretor Executivo da 0313. Junta de Missões Mundiais, Rio de
Janeiro, 17 set. 2007. Digitado.
"1"' SOUZA, Samuel Rodrigues de. Os batistas brasileiros através do mundo. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 86, n. 6, p. 5, 09 ago. 1986.
JORNAL da JMM
Ôt- Ano - 5 I NOS F.N1BRO 01,./KM OH O IPoI ;
Itaata
No ano de 1992 foi criado o
Ol I. I ANIMO,
‘1 VS DA JMM Jornal de Missões, com o ob-
jetivo de substituir a revista O
Campo é o Mundo, tendo em
vista a possibilidade de maior
tiragem e, conseqüentemente,
maior divulgação do trabalho de
Missões Mundiais. Ao contrário
da revista que estava se tornan-
do bastante cara, o Jornal tem
a possibilidade de se auto-sus-
tentar. No ano de 1993, houve
cinco números com a tiragem
de 200 mil exemplares.
Na Campanha Missionária
de 2000, a JMM lançou pela
primeira vez as Videoconfe-
Wt. Far-simile +à: rências Missionárias. Em 2001,
a meu ainc nova série foi apresentada,
dando ênfase à evangeliza-
ção de africanos muçulmanos e animistas na Guiné-Bissau, Sene-
gal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Nesse vídeo estão cenas
inesquecíveis, fatos e depoimentos emocionantes, como de Ndéye
Dramé, uma ex-muçulmana, que foi "proibida de fazer refeições
em casa e foi abandonada pela família; perdeu seus quatro filhos e
teve de mudar de cidade. Ainda assim, ela prossegue firme, amando
e seguindo a Jesus"104. A partir de 2005, para as igrejas que têm
ministério com surdos foi preparado o Videomissões em Libras. Em
2006, o videomissões focalizou a obra no Egito, Senegal e Marrocos
sob forma de documentário. Para se ter idéia da seriedade no prepa-
ro de vídeos pela JMM, em 2006, pela primeira vez o Videomissões
foi produzido na própria JMM, ficando apenas a computação gráfica
e os desenhos terceirizados. "Para o Videomissões 2007 foram rea-
lizadas pesquisas, decupagens, 28 entrevistas, mais de 550 imagens
110' FIGUEIRA, Nilcilene. Missões como você nunca viu. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p.
""' RESUMO das atividades realizadas. Revista Avanço Missionário 2006, Rio de Janeiro: JMM,
2006, p. 43.
106 OLIVEIRA, Calné de. Junta de Missões Mundiais: Gerência de Comunicação e Marketing.
Convenção Batista Brasileira: 88a assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 116-124.
o elo entre a igreja local e a jmm107. Missões Mundiais tem realizado
Acampamentos de Promotores em várias partes do Brasil. Entre novem-
bro e dezembro de 2007, eles aconteceram em Curitiba, para a Região
Sul; no Acampamento Batista Capixaba, em Viana, ES, para o Sudeste; e
no Acampamento da Convenção Batista Goiana, para o Centro-Oeste.
Os três acampamentos deixaram os promotores motivados para fazerem,
com eficiência, a obra missionária108. Considerando que em 2007 houve
300 novos Promotores de Missões, a meta colocada para 2008 foi treinar
1.500 novos promotores, incluindo os que já existiam e os novos, com a
finalidade de alcançar o maior número possível de igrejas em todo o país.
6. Congressos de missões
Logo no primeiro ano de trabalho de Waldemiro Tymchak, foram
iniciados os congressos missionários, prelúdio dos atuais "Proclamai",
com a finalidade de despertar a consciência missionária dos batistas
brasileiros para a sua responsabilidade com o resto do mundo. Assim,
no ano de 1980, houve 22 congressos missionários no Brasil, sendo 2
em cidades do Nordeste, 5 no Centro-Oeste, 11 no Sudeste e 4 no Sul.
Os resultados foram extraordinários, incluindo grande número de deci-
sões para Cristo e para o trabalho missionário109. Como hoje acontece
com os "Proclamai", missionários em férias eram aproveitados para fa-
zer o trabalho. A missionária Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley1110
menciona a atuação de seu esposo naquela ocasião: "Durante seis me-
ses o Pastor Horácio fez parte da equipe que ele próprio dirigiu, visitan-
do igrejas e convenções estaduais do Norte ao Sul do Brasil. A equipe
viajava durante dias inteiros a lugares como Rio, Curitiba, Campo Gran-
de, Brasília, Porto Alegre, Campinas, Salvador, Recife e outras cidades".
Através dos anos, muitos congressos missionários foram realizados, mas
vamos nos centralizar em alguns dos congressos "Proclamai".
10- PROMOTOR Missões Mundiais. In: JUNTA DE MISSÕES MUNDIAIS. Disponível em: < http:/
www.jmm.org.br >. Acesso em 01 ago. 2008.
11 " JMM faz acampamentos de promotores. O Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 5, n. 20,
p. 4, jan./fev. 2008.
"°" CONGRESSOS missionários em marcha pelo Brasil batista. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, p. 18 e 19, maio/ ago. 1980.
111 WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro Wanderley. Waldemiro Tymchak — herói da fé.
Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 set. 2007.
Entre 19 e 21 de abril de 1997, aconteceu a primeira conferência
missionária do "Proclamai", na Primeira Igreja Batista de Vitória, Espíri-
to Santo, reunindo pessoas do Sudeste com 651 conferencistas inscritos
e uma presença de 2.000 participantes. A ênfase foi nos povos árabes,
na África e na China1111 . Em abril de 1998, foram realizados dois con-
gressos "Proclamai", sendo o primeiro em Recife para o Nordeste, com
433 inscritos, e o segundo em Goiânia, para o Centro-Oeste, com 95
inscritos. Pela primeira vez se fez paralelamente em Recife o Proclamai
Infantil, com 40 crianças participantes, estimuladas a amar missões. No
relatório referente ao ano, há as devidas explicações sobre o significado
do "Proclamai":
Os Congressos Missionários Proclamai são eventos promovidos pela Junta de
Missões Mundiais, que procuram envolver toda a equipe da sede como uma
movimentação de dentro para fora. São realizados em cidades previamente
determinadas, contando com uma comissão local para apoio. Com a partici-
pação de missionários e pastores, são promovidos grupos de interesse, louvor
etc. no sentido de despertar o ardor missionário em todos os participantes. Só
quem tem consciência da realidade do mundo e a necessidade de anunciar
Jesus às pessoas e assume compromisso pessoal pode se envolver através da
oração, contribuição e participação direta, quer como voluntário, quer como
missionário efetivo"12.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 79:3 as-
sembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 1998, p. 459.
Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 80,2 assembléia. Rio de Janeiro:
CBB, 1999, p. 447.
"" Id. Proclamai: o grito do profundo da alma da JMM. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 9,
set./out. 2000.
Em carta escrita em 2002, Waldemiro Tymchak114 delineia a forma
como a Junta procurava divulgar o seu trabalho nas igrejas e fazer pro-
moções. Diz ele:
Se há algo que temos buscado na administração da Junta é estreitar os laços de nos-
so relacionamento com as igrejas. Muitos têm sido os canais, entre outros, podemos
citar: site na Internet; serviço de informações via e-mail, através do qual os crentes
podem pedir informações, tirar dúvidas, fazer reclamações, sugestões etc.; telema-
rking; Jornal de Missões com uma tiragem de 200 mil exemplares; promoção em
encontros de pastores; mobilização de promotores, que chegam a mais de mil nas
igrejas locais; associações e convenções, que promovem missões nas igrejas; reuni-
ões com promotores das igrejas mais atuantes para avaliar a nossa campanha.
"1" Id. Tirando dúvidas. Arquivo Tymchak, Digitado. Rio de Janeiro, 16 abr. 2002. Digitado.
"" Id. Junta de Missões Mundiais. Convenção Batista Brasileira: 86a assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2006, p. 68-76.
Id. Carta a candidato. Arquivo Tymchak, (Rio de Janeiro, 15 fev. 2006. Digitado. Documento
recebido por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 30 out. 2007.
"" FIGUEIREDO, Ailton de Faria. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 23, jul./
ago. 2007.
"'8 PROCLAMAI Regionais. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 3, set./out. 2007.
7. Evangelização e despertamento nos campos
Em 1988, uma reportagem sobre projetos especiais dá ênfase aos de
evangelização, mostrando algo da filosofia desta atividade nos campos
missionários:
Os Projetos Evangelísticos têm como meta dar oportunidades aos pastores
e estudantes de teologia, educação religiosa e música sacra, que desejam
colocar suas vidas a serviço de missões mundiais. Atualmente temos alguns
projetos dentro dessa classificação: (1) Operações Missionárias — quando jo-
vens são enviados a campos de missões mundiais para realizar uma operação
de impacto, com distribuição de folhetos, visitação, reuniões evangelísticas,
recenseamento religioso, treinamento de evangelistas e líderes, tudo visando
à instalação de uma obra missionária. Em janeiro e fevereiro de 1988 foram
realizadas operações missionárias no Uruguai, Argentina e Paraguai; (2) Cam-
panhas Evangelísticas — com a finalidade de suprir as carências de material
humano nos campos missionários, campanhas são realizadas com pastores,
estudantes de teologia e outros que falem o idioma daquele país onde é rea-
lizada a campanha' "9.
3, mar./abr. 1986.
12 ' RODRIGUES, Alcilene Teixeira. Portugal é abalado por "Cristo, a verdade que liberta"! O
Campo é o Mundo, Rio de Janeiro, ano 16, n. 51, p. 16, ago. 1981.
Em 1983 foi realizada na África uma Campanha de Evangelização,
com a participação de Nilson do Amaral Fanini e 8 outros importantes
pastores brasileiros, alcançando milhares de pessoas em Angola, Mo-
çambique e África do Sul. Essa Campanha registrou 2.000 decisões ao
lado de Cristo e foram distribuídos 10.500 Novos Testamentos, 10.200
revistas, milhares de folhetos, além de peças de roupa, material escolar,
livros e outros objetos usados. Somente na África do Sul, 50.000 casas
foram visitadas122. No ano de 1984, foram realizadas campanhas de
evangelização em Portugal, Espanha, França, Equador e Peru, alcançan-
do 5 países em vez de 3 como era a meta do Plano Qüinqüenal.
O Projeto Trans, que já vinha atuando, enviou para a Argentina, em
dezembro de 1985, mais uma equipe de 5 jovens, que foi para a cida-
de de Rio Terceiro, onde alcançaram mil casas e distribuíram três mil
folhetos123. Eles realizaram o trabalho entre 19 de dezembro de 1985
e 12 de janeiro de 1986. Em maio do mesmo ano foi realizada uma
Campanha de Evangelização na Venezuela.
Nos meses de janeiro e fevereiro de 1987, por 40 dias, uma equipe
de jovens esteve no Paraguai participando da Trans-Paraguai. Os jovens
eram alunos das seguintes instituições de ensino teológico: STBRN (RN),
STBSB (RJ), STBE (PA) e IBER (RJ). Em novembro de 1987 houve mais
uma campanha de evangelização, dessa vez no Chile, com a participa-
ção de 44 pregadores brasileiros, que atuaram em 44 igrejas e 3 con-
gregações da Convenção. Como resultado, 986 pessoas manifestaram o
desejo de aceitar a Cristo como Salvador pessoal, 686 consagraram suas
vidas ao serviço do Senhor, incluindo vários para o ministério"24.
Em 1988, 30 brasileiros, incluindo pastores, seminaristas, líderes e
leigos foram ao Uruguai para uma campanha de evangelização, quan-
do houve 437 decisões por Cristo, 340 dedicações de vida e várias
decisões para o ministério. O tema da Campanha foi "Vida Nueva".
Enquanto isso, o trabalho em Moçambique, na África, utilizou com
muito êxito a estratégia de cursos bíblicos por correspondência, tendo
l'" NOVOS desafios à Junta de Missões Mundiais. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 83, n.
40, p. 5, 02 out. 1983.
CORREA, Eli Bento. Operação Trans Rio Terceiro — Argentina. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 21, n. 71, p. 20, out. 1986.
"" FREITAS, Zilmar Ferreira. Campanha evangelística no Chile. O Campo é o Mundo, Rio de
Janeiro, ano 23, n. 74, p. 10-12, mar. 1988.
à frente a missionária Rosa Lúcia Freitas da Silva. Como resultado desse
trabalho, houve no ano 370 decisões por Cristo"". Mais tarde essa
missionária foi transferida para Portugal.
Houve duas campanhas de evangelização em 1989, sendo a pri-
meira na República Dominicana, e outra na Europa, incluindo Portugal
e Espanha. Na República Dominicana, com Fanini, foi de 19 a 30 de
outubro, havendo 180 decisões por Cristo, 150 dedicações de vida e
28 decisões para o ministério. Em Portugal foi de 18 a 29 de outubro;
houve 350 decisões por Cristo e 100 dedicações de vida. Na Espanha,
no mesmo período da Campanha em Portugal, houve 23 pessoas que
se decidiram ao lado de Cristo e 18 dedicaram suas vidas ao trabalho
de Deus1126.
Nos dias 15 a 29 de setembro de 1990, realizou-se nova campa-
nha de evangelização, dessa vez no Peru, com a participação de 23
pastores, 2 esposas de pastores, 1 diácono e 1 evangelista, havendo
380 decisões por Cristo, 102 reconciliações e 54 vidas dedicadas ao
ministério127. No ano seguinte, entre os dias 30 de junho e 07 de julho
de 1991, a Junta promoveu mais uma campanha de evangelização, na
Colômbia, com a participação de 18 pastores brasileiros, 1 médico e
1 diácono. Como resultado houve 1.136 decisões ao lado de Cristo,
além do fortalecimento das igrejas e muitas dedicações de vida para o
serviço cristão" 28 .
Depois de duas tentativas frustradas de pastores brasileiros irem a
Cuba para pregar em igrejas do país, em 1992 e 1994, finalmente, em
1995 houve sucesso para a entrada de 27 brasileiros para realizar uma
Campanha de Evangelização, embora apenas 10 deles conseguiram
visto como religiosos, ficando os demais como turistas' 129 . Entretanto, o
presidente da Convenção Cubana afirmou que aquele era o primeiro
grupo de batistas a entrar no país após a Revolução Cubana de 1959.
11" PROCLAMAI às nações a sua salvação. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 89, n. 12, p. 8,
19 mar. 1989.
'12' MISSÕES Mundiais promove campanhas evangelísticas. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano
89, n. 51, p. 12, 17 dez. 1989.
SANTOS, Liliane Pessanha dos. Abençoada campanha evangelística no Peru. O Jornal Batis-
ta, Rio de Janeiro, ano 90, n. 45, p. 12 e 11, 11 nov. 1990.
12" FREITAS, Zilmar Ferreira. Campanha evangelística na Colômbia. O Jornal Batista, Rio de
Janeiro, ano 91, n. 47, p. 12, 24 nov. 1991.
DUSILEK, Nancy, op. cit., L. 175.
De 06 a 25 de setembro de 1997, uma equipe de 16 pastores, líderes
e profissionais foi para o Leste Europeu para atividades de evangelismo
e treinamento de líderes. Os países visitados foram Moldávia, Romênia,
Bielo-Rússia e Ucrânia1130.
Em Moçambique, Terezinha Candieiro1 , missionária desde 1991,
que se casou em 1993 com o obreiro da terra que mais tarde morreu
em acidente, Daipa Candieiro, menciona a realização e os excelentes
resultados de um importante congresso de evangelismo pioneiro na-
quele sofrido país, no ano de 1996: "Tivemos 190 líderes participando,
vindos das 70 congregações e duas igrejas batistas de Nampula".
A Igreja Batista de Sevilha, na Espanha, dirigida pelo Pastor Elton
Rangel Pereira, tem realizado congressos anuais de missões, visando
ao despertamento dos crentes para a obra missionária. O primeiro
deles ocorreu entre 24 e 26 de setembro de 1999, dando ênfase à
prática de missões no continente europeu. O segundo foi nos dias 22
a 24 de setembro de 2000, tendo como tema, "Missões, uma questão
de paixão e compromisso", e a divisa, "Dai - lhes vós de comer" (Mt
14.16b). Em 2001, o terceiro congresso foi realizado entre 19 e 21 de
outubro, com o mesmo tema do anterior e a divisa baseada em Isaías
54.2: 'Alarga o espaço da tua tenda, alonga as tuas cordas e firma bem
as tuas estacas".
Um destaque especial deve ser dado ao "Proclamai" russo realizado
em 2004, sob orientação do pastor Rubin Voloshin, que se inspirou no
"Proclamai" realizado no Rio de Janeiro em 2001. Também, em no-
vembro de 2004 foi realizado o primeiro "Proclamai" ucraniano, como
resultado do aprendizado missionário dos jovens Anatoliy e Lyubomyr
no Brasil, com a presença de mais de mil pessoas. Escreveu Anatoliy
Schmilikhovskyy1132: "O Primeiro 'Proclamai' na Ucrânia foi uma gran-
de bênção! Em março queremos realizar mais um com a participação
de todos os membros das igrejas e não apenas os jovens, pois sentimos
que os batistas ucranianos também desejam levar o evangelho aos po-
""' EQUIPE missionária foi apoiar evengelismo em países do Leste Europeu. O Jornal Batista, Rio
de Janeiro, ano 97, n. 47, p. 11, 24 a 30 nov. 1997.
"" CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Nossa luta é de oração e jejum. O Jornal Batista,
Rio de Janeiro, ano 97, n. 7, p. 14, 17 a 23 fev. 1997.
" SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Mais de mil pessoas no primeiro Proclamai. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, p. 9, jan./fev. 2005.
vos de outras nações". Além dos congressos "Proclamai" realizados na
Rússia e na Ucrânia, o terceiro país ligado à JMM que realizou "Pro-
clamai" foi o Equador, nas cidades de Guaiaquil, Quito e Paján, em
2006, sob a coordenação dos missionários Heinrich e Olga Friesen, e
Richarles e Vanda Rampásio"". Como resultado, cerca de 50 irmãos se
decidiram para a obra missionária"". Outros países da América do Sul
realizaram congressos "Proclamai". Dentre eles pode ser mencionado o
Chile, ajudando a desenvolver a visão missionária entre os batistas chi-
lenos. Até o primeiro semestre de 2007 já tinham sido realizados mais
de 10 congressos "Proclamai" ao redor do mundon".
Na Colômbia, com a chegada das missionárias Carmem Lígia Fer-
reira de Andrade e Ana Loide Soares Leão, o Projeto Calçada foi
implantado. Ele surgiu com a necessidade de encontrar alternativas
para levar o evangelho às crianças de rua, abandonadas e em situa-
ção de alto risco. "Assim, centenas de crianças e mães solteiras estão
tendo oportunidade de conhecer Jesus"1136.
Em 2007, o casal Juan Carlos e Narriman Nuriez, juntamente com
obreiros da terra, realizaram uma campanha de evangelização na região
de Arica e (quique, no Chile, onde estão mais de 200 comunidades da
etnia aymará. Como resultado, muitas pessoas aceitaram a Cristo e mais
quatro comunidades foram alcançadas1137.
Em outubro de 2007, Pastor Antonio Gaivão, representante de Mis-
sões Mundiais na Convenção Batista Carioca, levou 10 pastores do Rio
de Janeiro para realizar uma campanha em Cuba, tendo como resulta-
do mais de 200 decisões e reconciliações por Cristo e 220 dedicações
de vida' 138 .
"" PROCLAMAI na Ucrânia e no Equador. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 14, p.
5, jan./fev./ 2007.
"" TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 12, jan./fev. 2007.
H" WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 27 maio 2007.
"16 TYMCHAK, Waldemiro. Projeto Radical: bênçãos incontáveis. Jornal de Missões, Rio de
Janeiro, ano 4, n. 14, p. 12, jan./fev. 2007.
1117 CHILE: campanha evangelística. A Colheita, Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 4, set./out.
2007.
"'" GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. O mover de Deus em Cuba continua. Jornal de Mis-
sões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 19, p. 16, nov./dez. 2007.
8. Prosseguindo para o alvo
Avançando para as coisas que estão diante de mim, prossigo para
o a/vo" (FI 3.13b e 14a). Foi no dia 20 de abril de 2007, após quase
28 anos como Executivo da JMM, que Waldemiro foi chamado para a
presença do Senhor. "A Junta de Missões Mundiais, sob sua liderança,
teve notável crescimento e constantes avanços diante das mais diver-
sas circunstâncias"1139. No seu período, o trabalho se estendeu para
África do Sul, Afeganistão, Albânia, Armênia, Azerbaijão, Bielo-Rússia,
Botsuana, Cabo Verde, Cazaquistão, Chile (retorno), China, Colômbia,
Costa Rica, Cuba, Egito, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Estônia,
Etiópia, Geórgia, Guiana, Guiné, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, índia,
Iraque, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Líbano, Lituânia, Macau,
Macedônia, Marrocos, México, Moldávia, Palestina, Panamá, Peru, Po-
lônia, República Dominicana, Romênia, Rússia, São Tomé e Príncipe,
Senegal, Síria, Sudão, Tadjiquistão, Tailândia, Taiwan, Timor-Leste, Tu-
nísia, Turcomenistão, Turquia, Ucrânia e Uzbequistão. São 59 países al-
cançados pelo evangelho com a liderança de um homem, que como o
Senhor de Missões, tinha o mundo no seu coração. De 40 missionários
em 1979, o número chegou a quase 600 em 2007 e 2008.
A valorização que Tymchak dava aos missionários foi um dos segre-
dos do sucesso de seu trabalho. Já no final de sua vida terrena, no
último número do Jornal de Missões que ele administrou, Waldemiro
Tymchak114° apresentou um belo testemunho de amor e reconheci-
mento aos missionários da JMM:
Felizmente, o grande patrimônio da Junta de Missões Mundiais não é constitu-
ído pelas finanças, mas pelos missionários. Deus tem nos enviado os melhores
de nossa família. São homens e mulheres ungidos por Deus que deixam tudo,
renunciam às suas próprias vidas e se jogam de corpo e alma para a obra de
evangelização, discipulado e plantação de igrejas, e igrejas com visão missio-
nária.
"' ICHTER, Bill. A última conversa. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 21, p. 13, 27
maio 2007.
""' TYMCHAK, Waldemiro. Cem anos de Missões Mundiais. Jornal de Missões, Rio de Janeiro,
ano 4, n. 15, p. 2, mar./abr. 2007.
no número que publicou a notícia da sua convocação para o gozo eter-
no. Assim escreveu Utahy Caetano dos Santos Filho141:
Um homem quando é identificado com uma causa nobre, cumpriu sua missão
na vida. Não há batista que pense em Missões e não se lembre de Waldemiro
Tymchak. Imagine, só imagine, quantas pessoas em todo o globo terrestre foram
alcançadas pelo trabalho desenvolvido por Waldemiro Tymchak.
Tudo isso é o que ocorre com uma vida inteiramente entregue nas
mãos de Deus, que é o Senhor de Missões.
O mundo ficou vazio quando uma peça preciosa dele foi retirada.
Mas ela não era deste mundo e como aconteceu com Enoque, "Deus
para si a tomou" (Gn 5.24). Na ocasião quando Deus levou Waldemiro
Tymchak, muitos artigos foram escritos a respeito daquele que neste li-
vro chamamos de Pastor Missões. Foram importantes declarações feitas
nos jornais e revistas da denominação, além de declarações de líderes
batistas do Norte ao Sul do Brasil e do mundo inteiro, que expressavam
não apenas pesar, como apreciação pelo seu trabalho e gratidão a Deus
por sua vida. O Jornal de Missões de maio/junho de 2007 registra
23 dessas declarações, que incluem pessoas do Oriente Médio, dos
Estados Unidos, da Espanha, África do Sul, Uruguai, Senegal, Bolívia
e Cuba1142. O presidente da CBB, Oliveira de Araujo", reanimou os
brasileiros a prosseguirem na luta da conquista do mundo para Cristo:
"Waldemiro partiu, mas a obra missionária não terminou. O coman-
dante é o mesmo e o campo continua sendo o mundo todo. Vamos,
então, permanecer juntos na realização da grande tarefa. O Senhor de
Missões espera o melhor de nós. Não podemos falhar". Dentre outros
momentos especiais, houve no dia 21 de maio do mesmo ano um culto
de gratidão a Deus promovido por seus familiares, na Primeira Igreja
Batista do Rio de Janeiro, tendo como orador o Pastor Roberto Amorim,
da Igreja Batista do Farol, em Alagoas.
Logo após a partida do Pastor Waldemiro, o trabalho ficou sob a
responsabilidade do Gerente de Missões, Lauro Mandira, e o Geren-
i'41 ATÉ breve, Sr. Missões. O Jornal Batista, Rio de Janeiro, ano 107, n. 17, p. 1, 29 abr. 2007.
11 '2 PALAVRAS de líderes batistas. jornal de Missões, Rio de Janeiro, ano 4, n. 16, p. 3-6, maio/
jun. 2007.
114 ' ARAÚJO, Oliveira de. Carta aberta aos missionários de Missões Mundiais. Jornal de Missões,
Rio de Janeiro, ano 4, n. 17, p. 21, jul./ago. 2007.
te Administrativo-Financeiro, Luiz
Carlos de Barros, com a supervisão
do Conselho Geral da CBB, repre-
sentado principalmente pelo seu
Presidente e o Diretor Executivo.
Em novembro de 2007, foi escolhi-
do como Executivo Interino, Pastor
Sócrates Oliveira de Souza, acumu-
lando com as funções de Diretor
Executivo do Conselho Geral da
CBB. Assim, ele se tornou o único
líder batista brasileiro a dirigir as
Pastor Socrates Otiv.eira de Souza, duas juntas missionárias: a JMN, en-
Diretor Exeçuti41' sino da JMM
tre 2006 e 2007, e a JMM até a es-
colha do novo Executivo efetivo. As
outras pessoas que dirigiram em momentos distintos os dois órgãos fo-
ram os missionários da Junta de Richmond, Salomão Ginsburg e Letha
Saunders, sendo esta também interinamente. Ao assumir a direção de
Missões Mundiais, Pastor Socrates1144 disse: "Não quero mudar nada do
que foi orientado pelo Pastor Waldemiro. Tentaremos atingir todas as
metas previstas para o ano". Isso aconteceu, mas ao mesmo tempo as
providências foram tomadas para o avanço da obra. No ano de 2008,
novo planejamento foi feito, com a meta de se chegar nos próximos
quatro anos a 800 missionários e abrir 18 novos campos de trabalho,
totalizando 80. Ele mencionou o potencial missionário dos batistas bra-
sileiros, ao dizer: "Nós temos a responsabilidade de liderar o mundo na
área de missões".
Em 2008, alcançamos mais 3 países: Haiti, Filipinas e Burkina Faso.
Também foram nomeados 100 novos missionários, sendo 27 efetivos,
6 efetivos radicais, 31 obreiros da terra, 11 temporários e 25 radicais.
Assim no novo quadro de missionários da JMM estão 60 países e o
total de 591 missionários, sendo 269 brasileiros, 4 fazedores de tendas
e 318 obreiros da terra. Como resultado do trabalho houve 50 igrejas
organizadas e 2.049 batismos.
"44 SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 29 out. 2008.
Muito mais teríamos para compartilhar com os irmãos nesta parte do
livro. O pouco que aqui registramos é apenas algo do que foi o esplen-
dor da obra realizada nos últimos 29 anos da JMM. Pode até parecer
que houve exagero nas referências ao Pastor Missões. Contudo, sua
vida foi um testemunho autêntico. Ele transpirava, pensava, transmitia
e vivia missões. O mundo no coração de Deus foi também o mundo
em sua mente e seu coração. Waldemiro Tymchak era em si Missões
Mundiais. Entretanto, sabemos que toda a glória pertence ao Senhor.
"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois,
glória eternamente. Amém!" (Rm 11.36).
Todo cristão e, de modo especial, cada servo de Deus que cum-
pre com fidelidade o seu ministério, tem algumas experiências que
marcaram a sua vida. Obviamente, o missionário não é diferente, e
se houvesse espaço não teríamos registrado aqui apenas um, dois ou
três desses acontecimentos da parte de cada um, mas muitos outros.
Eles são inspirativos e muitos chegam a emocionar profundamente o
leitor. Neste capítulo e nos dois que o seguem estão 78 experiências
apresentadas por 54 missionários. Muitas outras já foram apresentadas
nos relatos do trabalho missionário dos capítulos anteriores. Elas são
frutos da fé e dedicação a Deus, que de modo especial cuida daqueles
a quem chamou para servi-lo. Algumas experiências são muito pesso-
ais, mas levaram o servo do Senhor ao crescimento na confiança em
Deus, resultando em uma nova visão da obra que realiza. Outras são
extensivas aos familiares do missionário, sabendo-se que eles são parte
integrante de seu ministério. Também muitas apresentam os resultados
da obra evangelizadora, que é uma das principais tarefas do obreiro no
seu campo de trabalho. Finalmente, pessoas são abençoadas material
e espiritualmente, e vidas são edificadas pelo serviço realizado com
muito amor e dedicação pelo missionário.
Dentre os obreiros que relatam suas experiências, estão incluídos
missionários em categorias diversas, tais como: efetivos, associados,
temporários, voluntários, fazedores de tendas, especiais, radicais e ou-
tros. Quão maravilhosos são os relatos de jovens, que estiveram no
campo como radicais e retornaram ao Brasil, onde se preparam para
uma nova etapa de serviço ao Senhor como missionários efetivos, asso-
ciados ou de outra categoria, mas sempre cumprindo o chamado para
uma vida inteiramente entregue a Deus.
O fato de um missionário deixar o campo, depois de um período
maior ou menor de dedicação, para exercer um ministério diferente
no Brasil ou em outra parte do mundo, não diminui a importância do
trabalho realizado. Ele é vocacionado para servir a Deus a vida inteira,
mas o chamado para um campo específico pode ter um período limita-
do. Os exemplos estão aí de homens e mulheres que foram e voltaram
ao Brasil, para continuar sendo muito úteis em funções diversas como
pastorado, ensino teológico, direção executiva ou gerência de organi-
zações da CBB, de convenções estaduais ou de outros órgãos igualmen-
te importantes. Quem pode minimizar o trabalho e a vida de gigantes
do ministério como Waldomiro Motta, Tiago Lima, Hélcio Lessa, José
Nite Pinheiro, Paulo Roberto Sória, Renato Cordeiro de Souza e tantos
outros?
Com o preâmbulo acima, deixamos claro que nesta parte do livro
vários fatos são narrados por missionários que estiveram ou ainda es-
tão nos campos por longo período, mas inclui também outros que
retornaram para servir em setores diferentes da Causa, ligados ou não
à JMM. Alguns, ao concluírem a sua missão em determinado espaço
de tempo, retornaram ao Brasil ou foram para outros campos, mas
continuaram atuando como missionários em funções que Deus lhes
entregou no exterior ou no seu país de origem. Outros estão se pre-
parando melhor para assumirem novas formas de servir ao Senhor.
Igualmente, há experiências de missionários que já estão na eternida-
de, assim como de obreiros que hoje gozam merecida aposentadoria.
O missionário que se aposenta jamais deixa de ser missionário, pois
sua vida e seu testemunho de fé continuam sendo bênção para os que
entram em contato com ele. Ele prossegue brilhando ao testemunhar
do evangelho e expressar a sua fé, proveniente de uma vida entregue
ao serviço do Senhor. Sempre o que ele fala ou o que faz transpira
missões.
O objetivo desta parte do livro é que as lições transmitidas sejam
bem aproveitadas para o crescimento cristão de muitos. As expressões
de fé e amor, contidas nas pequenas narrativas expostas, poderão ser
inspiração para uma participação efetiva na divulgação da mensagem
de Cristo a todos os povos. Que o leitor sinta e viva as experiências aqui
narradas, permitindo que o Espírito o impulsione a sempre servir com
integridade e fidelidade ao Senhor de Missões.
1. Experiências na Bolívia
É Deus quem providencia"45
Aldair Ribeiro Comes1146
Na Bolívia, Silas viajava muito pelos rios, mas
nem sempre eu o acompanhava, tendo em vis-
ta que as crianças ainda eram muito pequenas.
Certo dia ele me fez um desafio para ir com ele
a um local à beira do rio para realizar uma EBF.
Aceitei, mas pedi algumas coisas para levar, a
fim de ter o mínimo necessário para proteger os
filhos, a saber, um filtro, uma panela grande e
um fogareiro para ferver água para as crianças.
Só que Deus me deu uma lição. Ao chegarmos
no povoado, minha filha já se encontrava do-
ente, com a boca muito inchada. Ela piorava a
cada momento e eu já estava realizando a EBF,
sendo necessário continuar. Resolvemos orar
a Deus pedindo-lhe socorro imediato. Às cin-
co horas da manhã, chegou naquele povoado
uma embarcação trazendo um médico e uma
enfermeira. Havia muito tempo que eles não
apareciam no local.
Era muito cedo e as crianças da EBF viram o barco chegando e foram
bater à minha porta, dizendo: "Tia, tia, chegou o barco com um médi-
co para sua filha". Nós a levamos ao médico e foi diagnosticado que o
"1' GOMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
"^" Juntamente com seu esposo, Silas Luiz Gomes, foi missionária entre 1971 e 1987 em Tri-
nidad, Guayaramerim e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Em 1987 o casal foi transferido
para Antofagasta, na entrada do Deserto de Atacama, no Norte do Chile, onde ainda hoje se
encontra.
problema era carência de vitamina C. Como nada havia para comprar,
a não ser peixe, o médico deixou alguns medicamentos. Ela foi melho-
rando e logo mais já conseguia comer alguma coisa. Assim conseguimos
atendê-la e tivemos condição de concluir os trabalhos.
Deus me ensinou que o nosso planejamento de nada vale sem a sua
ajuda, pois é Ele quem cuida dos seus servos. Levamos os apetrechos
necessários para que as crianças não adoecessem, mas Deus agiu dife-
rentemente do que esperávamos, mostrando que Ele está no controle
de tudo. "Porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5c).
O Senhor é fiel"
Isaías Ramos da Costa148
Em março de 2004 eu me encontrava em Recife, há quase cinco me-
ses, com os meus filhos Tercio Marco e Eliana Simea, e Tatiana Jalil, es-
posa de Tercio. Aguardávamos o momento para a
realização de um transplante de rins, quando Elia-
na seria a doadora e Tercio o receptor. A operação
estava marcada para aquele mês. Já havíamos gasto
todas as nossas reservas e ajudas de parentes, ami-
gos e igrejas com passagens, estada, análises, exa-
mes, consultas etc. Quase nada me restava mais.
No dia marcado o médico havia solicitado um úl-
timo e sofisticado exame no valor de R$ 6.200.00
(seis mil e duzentos reais). Buscamos uma cotação
em três hospitais credenciados. A mais baixa foi a
do Hospital Português que solicitava R$ 4.500 (qua-
tro mil e quinhentos reais) em duas parcelas. Ao
Missionário Isaías chegar em casa de minha sogra, sentei-me no chão
Ramos da Costa e derrotado comecei a chorar. Naquele momento
chegou o meu filho Diego, que vive em Caruaru, e
"" COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
148 Com sua esposa, Maria Lúcia Nunes da Costa, foi missionário da JMM na Bolívia de 1976 a
1987 e entre 1993 e 2005. No intervalo dos dois períodos, continuou na Bolívia como missionário
voluntário de 1988 a 1993.
colocando a mão sobre a minha cabeça, perguntou: "Que passou? Tercio
está pior?" Respondi: "Não, ele está bem. Temos que conseguir pelo me-
nos R$ 4.500.00 (quatro mil e quinhentos reais) para o último exame e só
tenho R$ 800.00 (oitocentos reais). Então ele voltou a perguntar: "O nosso
Deus morreu? Ele não se chama Jeová Jiré?" Aquele gesto e as perguntas
me deram novo ânimo. Pedi perdão ao Senhor e naquele momento me
recordei de um amigo e companheiro de mocidade da Primeira Igreja de
Boa Viagem, médico, cardiologista e pastor, Esdras Gaspar, que não o via
por mais de 20 anos.
Eu e Diego, depois de muitas buscas, finalmente localizamos Esdras
na Clinica Nuclear do Coração. Contei-lhe o problema e de imediato
ele pediu para examinar o Tercio. Depois de examiná-lo, falou com
um médico amigo e este se prontificou a realizar o exame sem nenhum
custo. O Senhor é sempre fiel e no momento certo nos atende.
No dia marcado, Tercio recebeu o transplante, e apesar do temor da
Junta Médica, tudo saiu bem. Hoje ele goza saúde, mesmo antes de
ter perdido a visão em virtude de diabetes. É pastor da Quarta Igreja
Batista em Santa Cruz de la Sierra. Tem servido no nosso Seminário e
está concluindo com excelentes resultados o curso de Licenciatura em
Teologia. Glorificado seja Deus!
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
Missionária no Paraguai entre 1968 e 1991, e na República Dominicana entre 1999 e 2002,
quando se aposentou e passou a fazer promoções missionárias nas igrejas.
situação. Mais de 60 pessoas haviam passado por aquele corredor. Eu
respondi que eu era simplesmente filha de Deus e que todos que me
procuravam eram meus irmãos em Cristo; foi por isso que a cirurgia foi
um sucesso, pois todos estavam orando por mim e pelo médico.
Ainda continuei sem movimentar as pernas, mas dia-a-dia Deus ia me
mostrando que Ele estava no controle. Numa madrugada, Deus me acor-
dou e mandou que eu mexesse a perna. Chamei minha companheira
e pedi que ela me virasse. Então Deus disse: "Levante uma perna". Eu
levantei. Continuou: "Levante a outra". E assim fiz eu. Quando vi que
estava com os movimentos de volta, quase não podia me conter.
Continuei no hospital fazendo tratamento e já estava andando, mas
não tinha permissão para sair, pois precisava de autorização médica.
Quando o médico foi ao hospital, eu lhe disse que queria autorização
para andar. Ele não acreditou e falou que seria impossível, pois minhas
pernas ainda não estavam boas. Mas pediu que eu tentasse me levantar.
No momento em que fiquei de pé e comecei a andar mesmo com difi-
culdade, ele começou a gritar: "Isso é maravilhoso, isso é maravilhoso".
Aproveitei para falar que o que estava acontecendo era obra de Deus.
Ele retrucou dizendo que tinha de admitir que ele apenas foi usado por
esse Deus.
Fiquei muito feliz em ver que o Senhor foi glorificado na vida daque-
le homem, que antes sempre fazia cara feia quando eu falava em Deus.
Naquele momento ele reconhecia que tinha sido apenas instrumento
nas Suas mãos. Foi assim que recebi alta e regressei para o campo mis-
sionário para anunciar que nosso Senhor faz milagres, "porque para
Deus nada será impossível" (Lc 1.37).
CID, Francisco. Deus nos prova, mas não nos abandona. Arquivo Cid, Hortolândia, 29 out.
2007. Digitado.
II" Juntamente com sua esposa, Raquel González Cid, foi missionário da JMM na Argentina, de
1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999. Hoje o casal se encontra em Hortolândia, São
Paulo, gozando merecida aposentadoria.
chegando abaixo de zero e a água congelava no encanamento. A Junta
de Missões Mundiais nos mandava o sustento, mas a agência do Banco
o retinha em Buenos Aires. Naquela noite fria de 17 de junho de 1977,
sentamo-nos à mesa para jantar. Era a última provisão que tínhamos.
Raquel fez uma sopa com água e sal, "engrossada" com as migalhas que
sobravam do corte do pão na tábua de cortá-lo. No campo missionário
a gente aprende a não desperdiçar, pelo que guardávamos todos os
dias o que sobrava em um pote que ficava na geladeira. Era tudo o que
tínhamos para comer naquele jantar. Para o dia seguinte havia apenas
um pedaço de pão e meio litro de leite que seriam dados aos nossos
filhos antes de irem ao Colégio.
Naquela noite, que se tornaria memorável em nossa família, demo-
nos as mãos para agradecer a Deus pela comida. Nossa oração foi
esta: "Senhor Deus! Até aqui nós temos solucionado os nossos pro-
blemas, mas a partir de agora a solução deles é Tua! Em nome de
Cristo, amém!!!" Fomos dormir mais cedo para não voltar a ter fome.
No dia seguinte Raquel repartiu o leite e o pão, que foram guardados,
em três partes iguais; e assim servimos fraternalmente aos filhos. Nós
dois não tínhamos nada para comer e não haveria almoço em casa.
Naquela manhã de 18 de junho eu disse para Raquel: "Vou caminhar
por aí; só Deus poderá nos trazer o almoço". Ali pelas 09h30min
voltei à nossa casa e Raquel me disse: "O carteiro veio e trouxe carta
do Levi, seu irmão". Ela já havia lido e sabia do seu conteúdo. Retirei
a carta do envelope sem prestar muita atenção se havia alguma outra
coisa. Ao terminar a leitura o papel foi colocado no envelope, que era
transparente. Então notei que havia algo dentro e ao abrir de novo
vi que era uma nota de US$ 50.00 (cinqüenta dólares). Quatro dias
antes da oração em que transferíamos a solução dos nossos proble-
mas para Deus, meu irmão Levi, que morava no Rio de Janeiro e era
gerente de vendas de uma empresa, estava na rua e sentiu vontade
de me escrever uma carta. Ao chegar ao Correio para despachá-la,
algo lhe moveu o coração para colocar aqueles dólares no envelope
da carta. O Correio poderia retê-la. Qualquer pessoa que a tivesse
em mãos, fosse o carteiro ou outro funcionário, se percebesse alguma
coisa estranha, era só olhar contra a luz e saberia que era dinheiro.
Nada disso aconteceu, porque quatro dias antes da oração, Deus
já havia se antecipado e pôs no coração do meu irmão Levi que
ele deveria enviar o socorro que necessitávamos. E cuidou da carta
para que ela chegasse ao seu destino.
Troquei o dólar por moeda corrente na Argentina e voltei depressa
para casa, a fim de pegar o carrinho de feira. Não fui com o carro
porque estava sem gasolina. Fui ao supermercado e trouxe a provisão
para vários dias. Ao meio-dia as crianças chegaram do Colégio e, ao
sentirem cheiro de comida na casa, saltavam e diziam: "Que bom!
Temos comida!!!" Raquel contou-lhes a história da carta do tio Levi e
como Deus abençoa àqueles que O servem. Aquela provisão durou
até o final do mês, quando chegou o aviso do Banco, informando
sobre um deposito em nosso nome. Eram três meses atrasados que
foram liberados pelo Banco. Nosso Deus prova os seus servos, mas
não os abandona!!!
Filhos pastores" 53
Elton Rangel Pereira'15 a
Por incrível que pareça, nesses 60 anos de vida com a família, espe-
cificamente com os filhos, nunca houve um problema muito grande. A
nossa vida foi sempre muito tranqüila, como conseqüência do hábito
de entregar tudo ao Senhor em oração. Ao longo dos anos, eu tinha
uma obsessão para que meus filhos fossem pastores. De fato, não era
uma questão de opção. Eu me levantava todos os dias às 3 da manhã
e me ajoelhava em oração para clamar ao Senhor. Entrava no carro e
pedia a Deus que chamasse os meus filhos. Em qualquer lugar onde eu
estivesse eu repetia essa oração. Até que um dia o Pastor Salvador Soler,
depois de pregar, fez o apelo para o ministério, e todos os quatro filhos
aceitaram o desafio. Mas continuei orando, porque eu via o ministério
como o melhor de todos os trabalhos, e em vez de orar para que Deus
despertasse os filhos dos outros eu orava para que isso acontecesse com
os meus próprios filhos.
"" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
Iweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
"" Ele e sua esposa, Miriam Baldassare Rangel Pereira, foram missionários no Paraguai de 1976
a 1978, quando foram para os Açores, ali permanecendo até 1985. Estiveram então em Portugal
Continental entre 1985 e 1991 e retornaram para o Brasil. Depois de um período no Brasil, o casal
retornou para o campo missionário, no caso, para a Espanha, onde se encontra desde 1995.
Certa madrugada, ouvi o Espírito de Deus me mandando parar
de orar pelos filhos, porque eles seriam pastores. Naquela noite eu
insisti com Deus, suplicando que fossem pastores de verdade, que
vestissem a camisa do ministério e amassem a Jesus e à Sua Causa.
Deus respondeu a minha prece e hoje são encantados de Jesus e
apaixonados pelo ministério. Trabalham com entusiasmo e alegria e
isso me traz muita satisfação. Hoje, os três filhos servem ao Senhor
como pastores em Ponta Grossa, Curitiba e Rio de Janeiro, e a filha
como ministra de música nos Estados Unidos. Creio que não pode
existir maior felicidade para qualquer pai ou mãe do que essa. Que
o nome do Senhor, que nos chamou pela sua graça, seja para sempre
glorificado!
''" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida
a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago.
2007.
3. Experiências no Chile e Equador
Um cinema para pregar156
Silas Luiz Gomes""
Deus sempre cumpre o que diz. Às vezes não temos a fé suficiente
para crer e receber. Para dizer a verdade, temos gigantes dentro de nós
que são as dúvidas, a incredulidade, o medo, a desconfiança e a falta
de ousadia.
Em 1992, ao passar cada dia pelo centro da cidade de Antofagasta,
víamos fechado um antigo cinema pornográfico. Deus me inquietou e
senti o desafio de orar por aquele lugar, onde poderia ser instalado um
dos principais centros para propagar o evangelho na cidade e na região.
Colocávamos as mãos na porta e orávamos sozinho ou acompanhado,
sempre pedindo o lugar para o Senhor.
Passado um tempo, fiquei convencido de que somente orar não era
suficiente. A Palavra dizia que o Senhor daria todo lugar que os pés do
seu povo pisassem. Além de orar eu tinha que caminhar, saber quem
era o dono e pedir-lhe o lugar. Fiquei estremecido! Quem seria o dono?
Como reagiria ao meu insólito e inusitado pedido? Estava dando lugar
aos gigantes. Sentia temor do fiasco quando descobri que o dono era o
presidente da Câmara de Comércio da cidade que não era tão genero-
so. E assim o gigante do medo crescia mais.
Cheguei à conclusão que precisaria avançar e enfrentar a situação,
ou retroceder e ficar apenas com a teoria de que Deus dá tudo que
pedimos. Vi-me entre a cruz e a espada. A Palavra me lembrava que
Deus não se agrada dos que retrocedem. Portanto, só ficava uma op-
ção: avançar. Mas para avançar eu precisei ter minha crise de fé. Tinha
que vencer os gigantes no nome do Senhor! Lembro-me que reuni com
alguns irmãos de confiança e fomos ao templo para orar. Ali o Senhor
me quebrantou o coração e ao levantar a vitória já estava garantida.
Um diácono se ofereceu para ir comigo ao local de trabalho do pro-
prietário, porque o conhecia, mas eu rejeitei porque não se podia divi-
GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
Missionário entre 1971 e 1987 em Trinidad, Guayaramerim e Santa Cruz de la Sierra, na
Bolívia. Em 1987 foi transferido para Antofagasta, na entrada do Deserto de Atacama, no Norte
do Chile, onde ainda hoje se encontra.
dir a glória do Senhor com ninguém. Era melhor ir alguém desconheci-
do como eu, um estrangeiro, sem dinheiro, sem argumentos próprios,
porque humanamente a possibilidade de conseguir algo era zero. Mas
aquela empreitada vinha de Deus e seria realizada sem ajuda humana
para que a Sua glória fosse manifesta.
Cabe salientar que o referido cinema estava à venda por muitos mi-
lhares de dólares ou para ser alugado por cerca de uns dois mil dóla-
res mensais. Marquei uma reunião com o proprietário, afirmando que
iria tratar de negócios. Quando conversei com ele, fiquei sabendo que
havia quatro interessados na compra do cinema e um deles já estava
examinando os papéis.
Ele ficou boquiaberto ao saber que nem eu nem a organização à
qual eu pertencia tínhamos qualquer dinheiro para iniciar ou realizar
uma grande transação. A minha proposta parecia maluca, pois sugeri
que me entregasse a propriedade e no dia em que alguém decidisse
comprá-la, eu lhe devolveria imediatamente. Era melhor que alguém
cuidasse do prédio do que mantê-lo fechado. Em momento algum ne-
guei que era pastor e que o objetivo era usar o local para a pregação do
evangelho. Deus se manifestou pondo palavras corretas na minha boca
e o homem respondeu que iria pensar.
Semanas depois, no dia de meu aniversário, pedi a Deus um pre-
sente que seria a decisão da entrega daquela propriedade. Dirigi-me
ao homem que pediu as chaves a um funcionário. Juntos fomos ao
cinema, ele abriu todas as portas e me entregou as chaves, sem assinar
qualquer papel, sem que eu pagasse nada e por tempo indefinido, até
que ele me pedisse de volta. Disse-lhe que era necessário que fosse
assinado um documento para garantia do proprietário. Ele respondeu
que não, pois confiava na palavra de um homem de Deus. Aproveitei a
oportunidade e orei com ele ao meu lado agradecendo a bênção.
Naquele local, grandes coisas aconteceram, e muitas pessoas de de-
nominações diferentes começaram a freqüentá-lo. Eram cristãos assem-
bleianos, metodistas, batistas, presbiterianos e outros que iam ali orar,
formando uma bela união evangélica. Quando fui a um programa de
rádio não cristão para falar do que estava acontecendo, o impacto na
cidade foi grande e pessoas drogadas, prostitutas e outras necessitadas
chegavam até ali para que orássemos por elas. Chorei muitas vezes
como quando ouvi de uma prostituta, que desde seus oito anos de ida-
de, sua mãe havia lhe ensinado aquela vida. Mas tive a oportunidade
de crescer muito.
A propriedade permaneceu à venda e meses mais tarde consegui-
mos ajuda de pessoas do exterior e do país. Entretanto, grande parte
da verba para comprar veio de uma campanha que estimulava pessoas
do Chile a ofertar a irrisória quantia de um peso chileno. Deus fez pro-
dígios e compramos o terreno com o valor que parecia ser impossível
obter. Já se passaram sete anos e o ex-cinema continua aberto, sendo
hoje um importante centro para a divulgação do evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Vale a pena crer! A Sua Palavra não passará jamais.
"Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo
o que pede recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á"
(Mt 7.7-8).
"'" LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo. Entrevista con-
cedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun.
2007.
Missionária no Chile desde 1997, que se casou em 1999 com o colombiano Hugo Guillermo
La Banca. Ele também se tornou missionário da JMM em 2005.
também ir para o Uruguai, mas não deu certo. Ao terminar o curso tive
três meses de estágio no Paraguai. Mas quando retornei, Deus disse
que o local seria o Chile. Entretanto, ainda esperei cinco anos, quando
fiquei como missionária local na minha igreja de origem, onde fazia de
tudo um pouco. Era a continuação do meu preparo antes de me dirigir
para o campo.
Quando chegou o momento certo, a Igreja não queria que eu fos-
se por haver ainda muito para fazer no local. Mas Deus confirmou
que era a hora. Assim fui para o Deserto de Atacama, onde aprendi
muito com a missionária Narriman Guimarães Nuliez e pude crescer
ainda mais. Passei a realizar trabalhos os mais variados possíveis,
conforme o Senhor designava, capacitando-me segundo a Sua sobe-
rana vontade. "Quem faz a boca do homem? Ou quem faz o mudo,
ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?" (Êx
4.11).
Filhos missionários"6°
Catarina Boone Jacobsen de Oliveira1161
Quando chegamos ao Chile, David tinha 7 anos e Samuel, 3. So-
nhamos com a plantação de uma igreja e seus resultados para a glória
de Deus, tendo em vista que Providência, o bairro onde moramos,
tem 350 mil habitantes, sem nenhuma igreja batista, mas somente
uma anglicana e outra luterana. Eu e Armando estivemos conversan-
do sobre o próximo aniversário de 5 anos de Samuel. Em dado mo-
mento, quando estávamos ajoelhados em nosso apartamento, oran-
do, com o desejo de que uma igreja nascesse, mas sem saber como,
veio de imediato ao meu coração uma voz muito forte que disse
assim: "Comemore o aniversário de Samuel, mas convide todos os
colegas de sua classe e os pais". Samuel tinha cerca de 45 colegas na
escola. Foi um choque naquele momento. Mas senti fortemente que
era algo que vinha de Deus. Começamos a trabalhar e 15 dias antes
decidimos realizar a festa de aniversário no Seminário. Foi a primeira
OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
Ela e seu esposo, Armando de Oliveira Neto, são missionários desde 2000 em Santiago do
Chile, trabalhando na área de evangelização, ensino e música.
vez que entendemos o que Deus estava nos ensinando: Tudo que
você celebra na vida tem propósito missionário, para que outros se-
jam abençoados. Alugamos sala no Seminário e convidamos todos os
colegas e familiares. No dia havia cerca de 130 pessoas e creio que
nesse dia nasceu a Igreja de Providência. Sentimo-nos muito agrade-
cidos, porque Deus estava usando a vida de nosso filho para a Sua
glória. Assim, todo o trabalho nosso aqui em Providência tem a ver
com as crianças. Jogo de futebol, aniversários, escola, colegas, curso
de violino, hino do Colégio, tudo tem sido através delas.
Em outro momento fizemos um encontro com o curso do David.
Convidamos os colegas para passar uma tarde no Seminário. Fizemos
um almoço e vieram todos com os pais, no total de 170 pessoas. Após
o almoço apresentamos uma peça de teatro para as crianças. Enquanto
elas brincavam com o palhaço, nós ficamos com os pais. Reunimos
numa sala e começamos com uma dinâmica, quando cada pai contava
experiências pessoais e narrava problemas. Quando chegou a minha
vez e de Armando, contei a respeito do gigante que a Bíblia fala: "Eu sei
amemeatana.
que vocês têm gigantes também, que são pro-
blemas fortes de separação, dificuldade econô-
mica e outros". Então falei do gigante que nós
havíamos enfrentado na vida, que foi o gigante
de perder um filho e de como Deus havia nos
dado o processo de restauração de nossas vi-
das. Naquele momento, a professora do David,
que era uma pessoa muito católica, disse que
pela primeira vez havia sentido a presença de
Deus.
Vejam como um golpe tão forte como a
morte de um filho é transformada em oportu-
nidade para testemunhar do poder de Deus.
Catarina Boone
Seis meses antes da morte de nossa filha De-
Jacobsen dePliwira borah, nós havíamos participado de um con-
gresso missionário, quando sentimos que de-
víamos entregar nossos filhos à obra de Deus. Foi uma experiência
muito forte de entrega absoluta! Deborah morreu seis meses depois.
E questionávamos: "Senhor, como pode? Ela morreu, acabou!"
Nessas instâncias de início da Igreja, sempre o que mais nos aproxi-
mou das pessoas foi o conhecimento dessa experiência do falecimento
de uma filha. O acontecimento chamava a atenção das pessoas. Isso
nos fez entender que mesmo que um filho morra, Deus vai utilizar a se-
mente. Na realidade, David e Samuel aqui na terra, e Deborah, lá com
o Senhor, seguem cumprindo a missão de Deus. Tudo o que acontece
poderá resultar no louvor a Deus: "Para que se conheça na terra os seus
caminhos, e entre todas as nações a sua salvação. Louvem-te, ó Deus, os
povos; louvem-te os povos todos" (SI 67.2 e 3).
4. Experiências na África
Resposta completa de Deus164
Antonio Joaquim de Matos Galvão1165
Com esta experiência aprendi que Deus nunca dá a benção pela
metade. Ela é completa. Em 1973, havia iniciado o trabalho na Vila do
Dondo em Moçambique. Eu pastoreava a Igreja da Beira. O trabalho
ali no Dondo teve um crescimento impressionante. Reuníamos em casa
de um casal de membros de nossa Igreja todos os domingos à tarde. A
sala que usávamos não cabia as pessoas, especialmente os jovens que
iam ao culto. Preocupado, procurei saber com o irmão Abílio qual se-
ria o preço para adquirir um terreno e nele construir uma espécie de
barracão onde pudéssemos acolher todas as pessoas. Ele trabalhava na
Prefeitura local, era mestre de obras e me disse que a Prefeitura tinha
várias áreas à venda. Fomos ver algumas e me interessei por uma em
'164 GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 13 nov. 2008.
'lb' Juntamente com sua esposa, Deolinda Veloso de Matos Gaivão, foi missionário independente
em Moçambique de 1976 a 1979, e da JMM nos campos da Espanha, Argentina e Paraguai, de
1980 a 1993, quando passou a servir na sede da JMM como Coordenador Geral de Missões,
Coordenador da Área da América Latina, e representante da JMM na Convenção Batista Carioca,
além de dar apoio à Junta em várias outras áreas, inclusive no trabalho em Cuba.
área periférica do centro da cidade. O valor, segundo o irmão Abílio,
chegava a 7 mil escudos moçambicanos, que era quase o salário que
eu recebia da Igreja.
Levei o assunto à Igreja e esta não aprovou, dizendo-me que as prio-
ridades da Igreja eram outras, e não o trabalho com africanos. E mais:
"Se eu quisesse trabalhar com os africanos, o problema era meu, não
da Igreja". Essa declaração de um dos diáconos me deixou arrasado,
mas eu tinha de respeitar a decisão.
Confesso que fiquei frustrado a ponto de não conseguir dormir nos
próximos dias. Em uma noite, cerca de 11h, não agüentei. Levantei-me
e fui para o templo. Ali tive o meu "vau de Jaboque" com Deus. Orava,
cantava, lia a Bíblia em voz alta. De joelhos, por volta das 4h da madru-
gada, ouvi claramente a voz de Deus sussurrar em meu coração, dizen-
do: "Vai dormir. Você já tem o terreno no Dondo". Assim fiz. Dormi até
cerca de 9h e fui para o Dondo. Rodei os 35km sem notar a ansiedade
que me dominava. Ao chegar em casa do irmão Abílio, disse-lhe que
Deus me afirmara que eu tinha um terreno no Dondo. Ele me respon-
deu: "Pastor, aqui os terrenos todos são da Prefeitura". Eu falei: "Então
vamos falar com o prefeito". Ele me levou à sala do prefeito, e depois
da apresentação, disse-lhe que Deus tinha me falado que ele me daria
um terreno para iniciar ali uma Igreja na cidade. Ele ficou estupefato e
me perguntou: "O senhor tem certeza que Deus lhe disse isso?" Res-
pondi afirmativamente. Resumo da história: Ele me deu o terreno; não
o que eu havia escolhido, mas um que estava vazio na praça principal
da cidade. Deus tem sempre o melhor para nos dar.
Um casal de missionários americanos, ao tomar conhecimento
de minha luta para conseguir aquele terreno, decidiu me ajudar
na construção. Em segredo escreveu à sua Junta, contando minha
"pequena odisséia", perguntando se eles teriam uma "migalha" para
me ofertar da oferta de Natal que as igrejas batistas dos USA levan-
tariam para missões. O resultado foi o envio de um cheque de 6 mil
dólares, para construir o templo no Dondo. Hoje ali, Igreja e templo
estão firmes como uma rocha, testemunhando do amor e providên-
cia de Deus. O Senhor de Missões não dá nada pela metade, nem à
prestação. "Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa"
(Jo 11.24b).
Ação de Deus166
Eliezer Menezes de Oliveira167
No curto período em que estive em Angola, ainda em 1981, dei
um curso de liderança, no qual participaram pessoas vindas de lu-
gares distantes. Quando eu e Daniel Soares Correia, presidente da
Convenção Batista Angolana, chegamos em Luanda, havia um grande
problema, pois os rebeldes tinham enchido o aeroporto de panfletos
subversivos. A polícia desconfiava de todos que chegavam, mas fui
bem recebido. Preguei em uma igreja e ao chegar em uma segunda
igreja também para pregar, tudo estava fechado. Não sabíamos o que
estava acontecendo. De repente, a porta se abriu e três irmãos entra-
ram correndo abaixados, dizendo que a guerrilha tinha se agravado e
que o caminhão baú estava arrastando quem estivesse na rua. Então,
verificando a situação desfavorável, resolvemos orar para logo depois
sair. Ao terminar a oração, abrimos os olhos e nos deparamos com sol-
dados apontando fuzis para nós. Aconteceu naquele momento algo
que pode parecer misterioso para incrédulos, mas entendemos ser a
providência de Deus.
Na ocasião, a expectativa de vida em Angola era de apenas 40 anos
e os que tinham ultrapassado essa idade eram chamados de "mais ve-
lhos". Segundo a Lei, os mais velhos não podiam ser presos. As únicas
pessoas ali com mais de 40 anos era eu e o Pastor Daniel. Os demais
tinham entre 20 e 30 anos. Os soldados olharam para o rosto de cada
um e disseram: "São todos velhos". Na realidade, eles só viram "ve-
lhos" e ninguém foi preso. Apenas pediram que saíssemos dali, pois
não era permitido nos reunir naquele lugar, pelo que entramos no carro
e nos retiramos.
No dia seguinte, eu ia pregar em uma das missões da Igreja, no
lugar onde estava uma área agrícola mantida por americanos. Eu não
havia conseguido dormir na noite anterior, mas permaneci em oração,
pois não sabia o que estava acontecendo com os irmãos. Ao chegar o
OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
16 Missionário Fazedor de Tendas que trabalhou como técnico de construção civil e pastor em
Angola de janeiro a setembro de 1981. Como ainda não havia essa categoria de missionários, ele
seguiu voluntariamente como técnico de construção civil, não vinculado oficialmente à JMM, mas
com o seu apoio.
momento da pregação, chegaram dois homens que ficaram na parte
de trás do salão. Eles tinham nos braços um enorme "relógio". Mas
eu sabia que de fato eram gravadores e não relógios, pois eles tinham
a missão de gravar tudo o que eu iria falar. Preguei, falei muito bem
da cidade e do país, convidei os dois para que entrassem e ficassem
mais na frente. Eles se aproximaram e quando terminei de pregar
foram embora sem tomar qualquer atitude contra nós. Mais uma vez,
Deus agiu para que pudéssemos prosseguir na obra, apresentando o
testemunho do evangelho de Cristo. Glorificado seja o Seu nome para
sempre!
O milagre da água168
Eliezer Menezes de Oliveira
Em julho de 1981, em plena ocasião de guerra, quando comunistas
lutavam com outros comunistas para assumirem o poder, fui orador
oficial da Convenção Batista Angolana, realizada em Luanda em subs-
tituição ao Pastor Waldemiro Tymchak. Na ocasião, houve uma terrível
falta de água por três dias seguidos. Ninguém podia tomar banho e os
vasos sanitários estavam insuportáveis. Eu e alguns líderes resolvemos
entrar no batistério e orar, por não encontrar um recanto mais propí-
cio. Enquanto orávamos, alguém bateu fortemente na porta de entrada.
Eram alguns irmãos da Igreja que vieram avisar que havia um caminhão
do exército empacado na estrada, e os soldados estavam solicitando
ajuda. Mesmo com a indecisão de ajudar ou não os comunistas, não
era conveniente desobedecer as ordens dos militares. Então eu disse
que Deus estava ali para atender a nós e a eles, pelo que deveríamos
prestar aquele serviço. Ao chegarmos no local, o sargento disse que o
carro estava muito pesado e não podia ser empurrado. Por isso eles
iriam esvaziar o caminhão para que pudesse ser empurrado. Como
estávamos sem água há três dias, poderíamos aproveitar e juntar a água
para o nosso uso. Enchemos os tambores, lavamos os banheiros, as pri-
vadas, tomamos banho e foi aquela alegria. Deus estava respondendo
a nossa oração.
H" OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 jul, 2007.
Depois que o caminhão estava quase vazio, o sargento orientou para
que a chave fosse ligada, a fim de que os homens pudessem empurrar
o caminhão. Houve então uma grande surpresa, porque o motor pe-
gou imediatamente. Na verdade, não houve qualquer problema com o
caminhão, mas o Senhor providenciara aquele incidente para atender
a nossa necessidade e as orações do seu povo. Nossa vida foi enrique-
cida, pois fomos abençoados e pudemos presenciar mais um milagre
de Deus que jamais abandona os seus servos.
Espere em Deus"'
Ronald Rutter17°
Quando me encontrava na África do Sul, certo dia um irmão chegou
a mim dizendo que um irmão da Igreja estava caluniando o pastor,
pelo que eu deveria tomar as devidas providências. Mas o informante
não queria se envolver no assunto. Se eu falasse pessoalmente com o
acusado, poderia simplesmente ser desmentido, não tendo condição
de tratar o problema do pecado. Que fazer? Resolvi pedir orientação
ao Senhor da obra. Ao consultá-lo, ele falou comigo: "O que você tem
a fazer é primeiramente perdoar o irmão; em segundo lugar continuar
a amá-lo; e em terceiro, entregar o problema a mim, pois eu cuidarei
dele". Com isso, veio-me à mente o texto no Salmo 37.5: "Entrega
o teu caminho ao Senhor , confia nele, e o mais ele fará". A seguir,
Deus me fez lembrar Romanos 12.19: "Não vos vingueis a vós mes-
mos, amados, porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu
é que retribuirei, diz o Senhor". Finalmente o Senhor colocou diante
dos meus olhos o verso: "Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo"
(Hb 10.31). E o Senhor voltou a me falar: "Você nada tem a fazer com
aquele irmão. Deixe-o comigo, pois eu saberei como cuidar dele e de
toda a situação". E assim, no tempo próprio o problema foi resolvido
pela graça de Deus.
ii" RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
"r° Juntamente com sua esposa, Ana Augstroze Rutter, foi missionário da JMM na África do Sul
de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e 1991, estando hoje aposentado
na cidade do Rio de Janeiro.
Encontro providencial"'
Paulo César Pagaciov172
Chegamos em Cabo Verde em 2001 e começamos trabalhos de pre-
venção com crianças, até que um dia conheci ali um rapaz que estava
dirigindo uma ONG. Eu me apresentei como missionário, e em um
ponto da conversa ele perguntou se eu não conhecia algum dentista. Eu
disse que era dentista. Ele explicou que estava precisando de um para
ser seu sócio, pois tinha verba para comprar três equipamentos, mas
não entendia nada de odontologia. Precisaria de um especialista de
confiança que o assessorasse. Ao perguntar se eu poderia fazer aquele
trabalho, entrei em contato com a Junta que permitiu que fosse realiza-
do o acordo. Trabalhamos três meses com essa ONG, quando aprendi
com aquele jovem a fazer projetos. Isso despertou em mim a idéia que
gerou o Projeto do POPE. Comuniquei ao Pastor Waldemiro que se en-
tusiasmou com ele. Voltei ao Brasil e divulguei o Projeto na assembléia
da CBB em Vitória, em janeiro de 2003. É maravilhoso como Deus
coloca em nosso caminho pessoas chaves, para fazer gerar algo que se
torna uma bênção no trabalho missionário.
Providência divina1173
Renata Santos de Oliveira" 74
Em Moçambique, trabalhei no Projeto Nutrição, com multimistura,
atendimento de crianças recém-nascidas e filhas de mães soropositivas.
Lá muitas dessas mães ficam debilitadas, não produzem leite para ali-
mentar a criança e nós não tínhamos leite suficiente para dar para a
essas crianças recém-nascidas.
Todas as equipes que estavam em Moçambique sempre se reuniam
às sextas-feiras para orar. Naquele dia eu estava tratando especifica-
mente de um bebê recém-nascido, cujo irmão já tinha falecido por
17 ' PAGACIOV, Paulo César; PAGACIOV, Teresa Cristina. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
172 Missionário no Paraguai desde 2003. Iniciou o Projeto POPE em Cabo Verde, onde trabalhou
"-' MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
"-" Com sua esposa, Natasha Matveyev, é missionário especial desde 2004 na Ucrânia, onde
coordena o trabalho promovido pela ]MM com missionários da terra.
também se dizia pastor batista e, para comprovar, demonstrava que sa-
bia tudo sobre o seu interlocutor, assim como minúcias sobre o trabalho
batista na Ucrânia. Assim meus pais fizeram um esforço muito grande
para que ele se sentisse bem e lhe ofereceram um lauto banquete, além
de conversarem bastante sobre os evangélicos em geral e os batistas
em particular. Meu pai abriu o coração, falando sobre problemas e di-
ficuldades que sentia no trabalho que realizava. Obviamente o homem
saiu depois e nunca mais foi visto por meus pais. Passou um tempo não
muito longo e papai descobriu que aquele senhor era um dos principais
representantes do Governo na Ucrânia. Logo a seguir houve a queda
do domínio soviético, quando dentre outras notícias, foram divulgados
os nomes das pessoas que estavam destinados a serem executados bre-
vemente, sendo o nome de meu pai o segundo da lista. Isso o deixou
comovido, pois na sua misericórdia, o Senhor o livrou, assim como
muitos outros mensageiros do evangelho. No ano em curso [2007],
Deus o chamou para o gozo eterno. Mas damos glória ao Senhor por
ter permitido que continuasse conosco por mais 16 anos.
O cuidado de Deus"'
Renato Reis de Oliveira178
Em uma de minhas viagens, ao sair do Brasil fiz uma oração a Deus
e pedi por meus filhos que eram pequenos, pois o menor tinha dois
anos de idade e minha filha quatro. Minha esposa iria ficar sozinha
com eles. Viajei, e na metade da viagem liguei para casa. Mônica me
disse que nosso filho Renan tinha sido picado por um mosquito e que
uma bactéria havia se alojado no seu organismo. Isso tirou o meu sono
e questionei a Deus por estar acontecendo aquilo, pois meu pedido foi
exatamente que Ele guardasse meus filhos e minha esposa.
Eu estava na China, e no dia seguinte fui almoçar com um bisneto
de Hudson Taylor. No almoço chinês quem paga é o mais velho, que
também escolhe o prato. Na conversa, ele me contou uma história sem
que eu tivesse narrado minha experiência do dia anterior. Ao falar de
OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janei-
ro, 28 maio 2007.
17" Missionário que tem atuado na sede da JMM desde 1992, exercendo várias funções. Atual-
Ao ouvir isso, chorei e contei minha história para que ele percebes-
se como Deus estava trabalhando na minha vida naquele momento.
Quando retornei ao Brasil, Renan não tinha sequer uma cicatriz do
problema que o afetou. "Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados" (1Co
1 9a).
Dificuldades em Turcomenistão179
Anatoliy Schmilikhovskyy1180
Na última viagem que fiz à Ásia Central, fui pela primeira vez à Tur-
comenistão que é um país muito fechado. Há em todo o seu territó-
rio apenas 10 igrejas batistas, sendo 9 clandestinas. Portanto, apenas
uma é oficialmente permitida pelo Governo. O pastor dessa igreja é o
presidente da Convenção, que tem somente 5 missionários autóctones
para o país inteiro. Na ocasião encontrei um irmão, que me contou a
realidade do trabalho ali, deixando-me bastante chocado. Eles se con-
gregavam em uma igreja que de repente sumiu, porque o Governo
mandou fechar.
O presidente do país criou sua própria religião e escreveu um livro,
em que dizia ser mais sagrado do que a Bíblia e do que o Alcorão. Ele
escreveu outros livros sobre a sua religião, e fez com que todos os cida-
dãos jurassem sobre este livro, e que se não o fizessem, seriam amaldi-
çoados. É um país muito grande e lá ninguém podia entrar ou sair. Era
11-`1 SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
"3" Com sua esposa, lryna Shimilikhovskyy, é missionário especial na Ucrânia desde 2004, de
onde coordena o trabalho promovido pela 1MM em 7 países da ex-União Soviética, inclusive a
Rússia.
um verdadeiro absurdo. Ele literalmente fechou todos os hospitais do
país, deixando apenas um para ele e sua família.
Foi essa a primeira vez que eu tive contato direto com alguém de
Turcomenistão. Não tenho condições de contatar os irmãos ali e nem
posso pedir relatórios dos trabalhos, pois se isso ocorrer, eles poderão
ser presos e até mortos. A única forma de encontrá-los é através de con-
gressos ou em espírito. "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a
qual esquadrinha..." (Pv 20.27).
""' PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
1182 Missionário no Senegal de 1994 a 1999. Continua como missionário da JMM na Espanha,
desde 1999.
f...1 Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse. (.4 Fiz-me fraco para com
os fracos, com o fim de ganhá-los. Fiz-me tudo para com todos, com o
fim de, por todos os modos, salvar alguns" (1Co 9.20-22).
Livramento de Deus184
mz1185
Hm PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
11" MZ. Uma vida marcada. Jornal de Missões, Rio de Janeiro, p. 8, maio/jun. 2002.
"" MZ serviu por alguns anos como missionário da JMM aos povos árabes, deixando a Junta
em 2008. Era de família muçulmana e lutava pela libertação da Palestina. Hoje é um soldado de
Cristo. Para segurança do missionário são usadas apenas as iniciais.
endereço de várias pessoas e enviava esse material para suas casas. De
1997 até maio de 2001, estive preso 17 vezes na Palestina por causa
de minha conversão, de meu ministério e do meu testemunho público
de fé em Jesus Cristo.
Em maio de 2000, fui preso por membros da jihad186 islâmica. Eles
queriam que eu negasse a Jesus, pois sabiam quem eu fui antes. E me
torturaram por várias horas, desafiando-me a invocar o nome de Jesus
para que me libertasse. Nesses momentos me lembrava das palavras
dos companheiros de Daniel antes de serem jogados na fornalha; "Não
necessitamos de te responder sobre esse negócio" (Dn 3.16b). Como
aqueles homens de Deus, convictos de sua fé, suportei muitas dores.
Minutos depois um míssil atravessava Israel e entrava na Faixa de Gaza,
derrubando o quartel-general onde eu estava preso. Foi uma providên-
cia do Senhor! No quartel, muitas pessoas que estavam próximas de
mim ficaram feridas, mas eu fiquei intacto. Nesse momento fui liberto
e pude ir embora. [...1 Eu aprendi na minha vida que, em meio a lutas e
batalhas, o maior perigo é não estar fazendo a vontade de Deus.
A armadura de Deus187
Jailson Serpa Pereira188
Eu defino o Senegal como um país animista vestido de islamismo.
Ao compartilhar o evangelho, sempre encontramos dificuldades. Certa
ocasião eu estava em frente ao prédio que utilizávamos para realizar os
projetos e os cultos, quando um rapaz passou muito tempo em frente
ao prédio e me chamou. Eu o atendi e ele me disse: "Preste atenção
no que eu vou falar para você". Respondi: "Estou prestando atenção".
Ele repetiu a mesma coisa várias vezes. Percebi que havia algo anormal
11 "6 O termo jihadtem como origem árabe o verbo jahada, que significa "luta" ou "briga". Muitos
o traduzem equivocadamente como "guerra santa". No Oriente Médio é usado para descrever
uma chamada aos muçulmanos para lutar contra os não muçulmanos na defesa do Islam. Cf.
CONCEPT of Jihad in Islam. In: RELIGIOUS TOLERANCE. Disponível em: <http:/www.religious-
tolerance.org>. Acesso em 21 jul. 2008.
"1" SERPA PEREIRA, Jailson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Salvador, 20
out. 2007.
""" Juntamente com sua esposa, Ana Cristina de Araújo Serpa Pereira, Jailson foi missionário no
Senegal a partir de 2000. Em 2006, ele perdeu a esposa em acidente no Senegal, veio ao Brasil e
depois retornou ao campo, passando lá nove meses. Atualmente é um dos representantes da JMM
no Nordeste, abrangendo os estados da Bahia, Alagoas e Sergipe.
nele. Ou era louco ou tinha alguma perturbação no reino espiritual.
Então ele olhou para mim e disse: "Você vai morrer". Fiquei todo arre-
piado e senti a presença do inimigo me ameaçando. Não sou agressivo
quando anuncio o evangelho, mas na ocasião olhei para ele e falei:
"Eu sei que vou morrer um dia, porém, se eu morrer, mesmo que seja
hoje, tenho plena convicção de que estarei com o meu Deus. Mas se
você morrer hoje sem Jesus no seu coração, você vai para o inferno".
Quando falei o nome Jesus ele avançou para mim gritando: "Que Jesus
que nada, aqui é terra de mulçumano". E continuou gritando e gritando
na rua.
Esse acontecimento me marcou muito, porque os muçulmanos sen-
tem como se estivéssemos invadindo o seu terreno. E na verdade isso
acontece. Mas ao mesmo tempo, aquela experiência me levou a de-
pender mais de Deus, buscando as armas espirituais para resistir o dia
mau e permanecer firme, "porque a nossa luta não é contra o sangue
e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os domina-
dores deste mundo tenebroso, contras as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes" (Ef 6.12).
Em nossa viagem ao Oriente Médio, conhecemos no Iraque a Dra.
Bernadete. Ela é médica. Converteu-se pelo testemunho de seu irmão,
que ao ser tratado de diabetes, teve uma experiência de conversão por
meio de fitas com programas evangélicos gravados. Ele ouviu a mensa-
gem e se converteu. Em virtude da perseguição iminente, durante um
longo período nada falou dentro de casa sobre sua conversão. Apenas
procurou viver o evangelho. Sua irmã sofreu o impacto da mudança
de vida do seu mano, e depois de muita insistência, conseguiu que ele
pregasse para ela. Então Dra. Bernadete entregou sua vida a Jesus. Em
sua casa começou uma igreja, que se reunia escondida. Os irmãos não
podiam cantar e nem orar em voz alta. Para discipulado eles só tinham
a Bíblia e as mesmas fitas que ouviam repetidas vezes. Ela nos disse que
a Bíblia era o pastor e conselheiro deles. A Bíblia era tudo para eles.
Uma vida aos pés de Jesus. Um testemunho de cristã genuína, que
convive com perseguições, ameaças e está sob vigilância contínua, mas
fica firme em sua fé. Quando fomos orar em seu favor, Dra. Bernadete
nos disse que não tivéssemos pena dela e nem que nos preocupásse-
mos com ela ou com sua família, mas que orássemos pelos perseguido-
res, pois eles precisavam muito mais das nossas orações. Que coragem!
Que altruísmo! Que firmeza no Senhor! Na sua obediência à Palavra de
Deus não poderia ser diferente. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a
verdade e vestindo-vos com a couraça da justiça" (Ef 6.14).
Jelfte-6IW
A última oportunidade191
Milzede de Moura Barros Albuquerque192
Eu era membro da Tercera Iglesia Bautista de Sta. Cruz de la Sierra. Tra-
balhava com música, educação religiosa e evangelismo. Todos os domin-
gos, à tarde, pegava o meu acordeão e saía para evangelizar de casa em
""'' MOITA, Waldomiro de Souza. Aventuras em terras bolivianas: autobiografia. 2. ed. Rio de
Janeiro: JUERP, 1977, p. 103-04.
19" Juntamente com sua esposa, Lygia Lobato de Souza Motta, foi missionário pioneiro da JMM
na Bolívia de 1946 a 1956, quando retornou para o Brasil para atuar no ministério pastoral e na
educação teológica. Ele faleceu em 1996 e ela, como Missionária Emérita da JMM, continua dan-
do o seu testemunho de vida e ministério dedicado ao Senhor.
""' ALBUQUERQUE, Milzede de Moura Barros. A última oportunidade. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 24 out. 2008.
'19 = Missionária na Bolívia entre julho de 1970 e outubro de 1972, atuando como capelã do Colé-
gio Batista Boliviano e professora do Seminário em Santa Cruz de la Sierra. Mais tarde no Brasil se
casou com o pastor Edwart C. Albuquerque, hoje na presença do Senhor. , passando a ter o nome
Milzede de Moura Barros Albuquerque.
casa com alguns jovens da igreja. Certo domingo,
após o culto público na estação ferroviária, fomos
de casa em casa apresentando o plano de salva-
ção e convidando para o culto noturno. Uma das
jovens me indicou a casa de uma prima, pedin-
do-me que fosse falar com ela. Lá chegando, ela
nos atendeu muito bem, embora não tivéssemos
sido convidadaos a entrar. Mas conversamos lon-
gamente em frente à casa. Com a Bíblia aberta, ex-
pusemos o plano de salvação, ressaltando o amor
de Deus, o perdão e a vida eterna por meio da fé
Missionária Milzede
em Jesus. A senhora, ainda jovem, acompanhava de Moura Barros
com atenção. Ao final, lancei-lhe o convite para Albuquerque
"" Ela e seu esposo, Horácio Wanderley da Silva, foram missionários desde 1973 na Bolívia. Em
1980 foram transferidos para a Espanha, onde se encontram até o presente.
'" WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago. 2007.
mo sendo o catolicismo a religião oficial, resolveu
denunciar ao Diretor de Educação. Uma semana
depois chegou um documento do Governo oficiali-
zando o Novo Testamento, O mais importante é o
amor, como livro texto para todas as escolas. Assim
a situação foi revertida e nós mesmos ajudamos a
entregar os Novos Testamentos nas escolas. Depois
disso ela foi nomeada Diretora da Educação do Es-
tado e terminou por se converter. Quando saímos
de Cobija, o Governador era membro da Igreja,
assim como a mencionada Diretora de Educação,
Missionária Aná
um professor do Instituto Universitário e a Diretora Maria Monteiro
Wanderley
de um Centro Social.
"`" RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
lweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
"96 Missionário de 1976 a 1991 no Paraguai, Açores e Portugal Continental, e na Espanha desde
1995 até o presente.
nos Açores. Expliquei-lhe que era pastor evangélico. Ao chegar, apresentei
meus filhos e ele demonstrou interesse em ir à Igreja. Naquele mesmo dia
ele foi e pedi a um dos meus filhos para sentar-se perto dele para ajudá-lo
a encontrar os textos bíblicos. Preguei uma mensagem evangelística e de-
pois fomos jantar em casa, onde passamos a conversar longamente sobre
o evangelho. Às três horas da manhã, ele estava de joelhos aceitando a
Cristo como Salvador de sua vida. Levantou-se chorando e me disse que
estava ao mesmo tempo contente e triste. A mulher que havia tirado o
pão de sua boca para ajudá-lo, que era sua mãe, estava perdida, pois não
tinha Jesus. Ela estava na Angola e eu me dispus a lhe mandar uma fita e
contatar pastores que poderiam visitá-la. Assim aconteceu.
Certo dia Serrão me telefonou e disse que sua mãe estava naquele
momento com ele em Lisboa, perguntando-me sobre a possibilidade
de eu chegar até lá. Fui em um domingo e à noite tivemos um delicioso
jantar feito pela esposa, que antes já tinha se convertido, e a mãe. De-
pois perguntei à mãe se tinha condições de me ouvir por um momento.
Apresentei-lhe o plano de salvação e o horário se estendeu por algumas
horas. Cerca de quatro horas da manhã, estavam os três abraçados e
chorando, enquanto ela aceitava a Cristo. Quando secaram as lágrimas,
disse-me que tinha um filho médico e uma nora engenheira nos EUA e
que iria apresentar-lhes o plano de salvação. Pela graça de Deus toda a
família aceitou a Cristo, cumprindo-se a palavra de Paulo ao carcereiro
de Filipos: "Serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31). Ernesto Serrão se
tornou presidente dos Gideões Internacionais em Lisboa Sul, passan-
do a atuar durante muitos anos como pregador do evangelho e líder,
tornando-se mais tarde pastor. Assim a semente que caiu na boa terra
tem produzido frutos a cem por um (Mt 13.23).
''' ROCHA, Teremar Lacerda de. A vida de Bonifacio Blanco e sua família. Mensagem recebida
por <edelfalcao@yahoo.com.br > em 26 ago. 2008.
11 " Juntamente com seu esposo, José Cenário Alves da Rocha, é missionária na Bolívia desde
janeiro de 1985.
nos contou a sua história. Em 1982, ele foi acometido de tuberculose.
Esteve três anos interno no Hospital Geral de Montero. Como a do-
ença estava muito avançada e por falta de persistência no tratamento,
Bonifacio foi desenganado pelos médicos, que afirmavam que ele não
podia sobreviver, porque já não tinha pulmões. Foi mandado para casa,
onde teria no máximo três meses de vida. Ele e sua esposa procuraram
ajuda de médicos e curandeiros, chegando a buscar um feiticeiro do
Peru, mas nada de melhora. Bonifacio resolveu comprar injeções que
eram usadas por pessoas que queriam morrer. Como vomitava sangue,
foi para um lugar distante de casa onde tomou a injeção e se deitou no
chão esperando a morte. Desmaiou, mas não morreu, pois Deus tinha
um plano para a sua vida.
A esposa não sabia o que havia acontecido. Ele voltou para casa à
noite, ligou o rádio e começou a escutar um programa em que era
repetido o texto bíblico: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; nin-
guém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Sozinho ali começou a me-
ditar sobre esta nova vida. Deus tocou em seu coração e ele resolveu
crer em Jesus. No dia seguinte, estava bem e depois de uma semana foi
ao médico, que ficou surpreso com a sua nova condição física. Man-
dou fazer radiografias e não podia crer no que estava ocorrendo. Foi
um verdadeiro milagre! Disse ele: "Não tinha mais nada, nunca mais
coloquei sangue pela boca, já faz 26 anos".
O irmão Bonifácio se dedicou a pregar, mesmo sem conhecer a Bí-
blia. Contava seu testemunho, repetindo o que lhe havia acontecido.
Ele explica: "Eu era um louco, falava de Cristo a todos, em voz forte. As
pessoas diziam que eu tinha pacto com o Diabo, mas o pacto era com
Cristo. O Dr. Orellana me escutou pregando em voz alta por aí e me
pediu para ir ao Hospital. Fiz todos os exames e radiografias de novo e
não deu nada". Encontrou uma Bíblia no seu trabalho, enrolada num
jornal, provavelmente esquecida por alguém. Começou a lê-la e viu
que só falava de Cristo. Continua Bonifácio: "Eu queria comer aquela
Bíblia. Meu filho de quatro anos também se interessou pelo livro, pois
já aprendera a ler".
Maria, esposa de Bonifacio era muito católica e tinha uma "santa".
Ela não estava contente com a conversão do marido. Mas ele não
agüentava mais ver aquela imagem ocupando lugar muito importante
na casa, pois seu coração havia sido tomado pelo amor de Deus. Cer-
to dia, quando Maria foi trabalhar, ele pegou a "santa", jogou dentro
de um forno à lenha e colocou fogo. Quando a esposa chegou, o fato
já se havia consumado. Ela também se converteu e se tornou uma
bênção.
Interessante é que o irmão Bonifacio passou um ano depois de con-
vertido, sem conhecer qualquer igreja evangélica. Certa ocasião saiu
com o filho de quatro anos para procurar uma igreja. A primeira que
encontrou, entrou. Era a Igreja Batista de Montero. Ali ele deu de cara
com a enfermeira que lhe aplicava as injeções no Hospital, e se admi-
rou: "Ela é crente e nunca falou de Cristo para mim!" Depois viu o
diretor da Escola Bíblica Dominical que trabalhava com ele em constru-
ção. Ficou surpreso porque ele também estava na igreja e nunca havia
lhe falado sobre Jesus. Bonifacio foi apresentado à Igreja pelo pastor e
logo queria sair para evangelizar.
Neste ínterim, chegamos à Bolívia e decidimos levar a Igreja de Mon-
tero a abrir novos trabalhos, quando conhecemos o irmão Bonifácio.
Começamos a trabalhar em sua casa com ele, a esposa e os três filhos.
Logo surgiu uma igreja que cresceu, para a glória de Deus. Ele fala so-
bre o início dessa obra: "Eu saía com o Pastor Cenário para evangelizar.
Ele ainda não falava espanhol e eu falava quéchua e espanhol. Eu lia o
texto; então ele apresentava o plano de salvação em "portunhol" (por-
tuguês e espanhol), e eu repetia em "quéchua". Só mesmo o Espírito
Santo para se encarregar da conversão".
Havia um pequeno quarto que Bonifácio construíra em frente de sua
casa, para a esposa colocar uma venda depois da sua morte, pois as
crianças eram pequenas e assim ela teria algo para trabalhar e ganhar.
Mas graças a Deus se transformou em um lugar de adoração a Deus.
O quarto onde nos reuníamos era muito pequeno, e ele começou a
construir ali uma casa, com um salão maior para os cultos. Tivemos o
privilégio de acompanhar e ver aquele salão ir se enchendo de pessoas
salvas. Depois houve a compra de um terreno onde foi construído um
templo com capacidade para mais de 300 pessoas, com salas para EBD
e casa pastoral. O esforço foi grande e os resultados vieram a mãos
cheias. Alguns plantam, outros regam, mas o crescimento vem de Deus.
Ele é o Senhor que faz maravilhas!
Deus fala e age quando oramos199
José Calixto Patrício12°°
Porto da Cruz, na Venezuela, era uma comunidade muito pobre e
difícil para se trabalhar. Passamos seis meses sem ver qualquer resulta-
do, quando uma irmã ofereceu a garagem de sua casa para os traba-
lhos. Na sua franqueza venezuelana, certa ocasião ela me disse que
eu era um grande missionário, com excelente pregação, mas tinha um
defeito. Não era um homem de oração. Ela me desafiou a convocar a
Igreja para orar diariamente entre 6 e 7 horas da manhã. Era o horário
do melhor sono e ainda tínhamos uma criança de apenas dois anos que
incomodava os pais durante a noite. Mas acatei a sugestão, passando a
orar todos os dias de segunda a sexta-feira.
Tínhamos um alvo de 100 pessoas na congregação até o final do ano.
Certo dia orei dizendo ao Senhor que Ele sabia do nosso propósito; já era
maio e não tínhamos ganhado nenhuma alma para Jesus. Vários irmãos
oraram também com muito fervor, havendo um verdadeiro clamor para
que Deus mostrasse qual a estratégia que deveríamos usar. De repente o
Espírito Santo falou ao meu coração, dizendo-me que eu pedisse que to-
dos se ajoelhassem e ficassem em silêncio porque Ele iria falar. Assim acon-
teceu por 10 ou 15 minutos, quando tive uma visão de um terreno na bei-
ra da praia da cidade, onde deveria ser colocada uma lona e se convidasse
quatro pastores batistas venezuelanos para pregarem de segunda-feira até
domingo, seguindo uma campanha de evangelização de 30 noites. Con-
seguimos tudo e realizamos a conferência. Quando terminamos o trabalho
no final dos trinta dias, o Senhor nos havia dado 103 novos convertidos. A
Igreja foi organizada em novembro de 1984 com 79 membros fundado-
res. A Igreja chegou a ser a primeira da Convenção em contribuição para o
Plano Cooperativo, teve 12 alunos no Seminário, manteve 7 congregações
em 7 cidades diferentes, sendo considerada igreja missionária modelo para
todas as denominações. Louvado seja Deus por essa vitória!
PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
120"' Pastor Calixto e sua esposa, Suely Mieko Sirasawa Calixto, foram missionários na Venezuela
entre 1977 e 1994, quando seguiram para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde ficaram por dois
anos. Em 1996 foram remanejados para Costa Rica, onde atuaram como missionários até 2002.
O casal retornou para os Estados Unidos, onde hoje é pastor da Primeira Igreja Batista de Língua
Portuguesa, na cidade de Elizabeth, Nova Jersey.
PEPE alcança família'"
Lídia Sônia Klawa da Silva1202
Em treinamento de missionários educadores do PEPE no Peru, ouvi o de-
poimento de uma das missionárias presentes sobre um menino de 5 anos
chamado Javier, matriculado no PEPE por sua mãe, senhora Júlia. Quando
seu esposo soube que o projeto era na Igreja dos evangélicos, disse a D.
Júlia que se não tirasse Javier imediatamente do PEPE, ele a mataria. Ela
falou com a educadora sobre o ocorrido, complementando que o filho era
"burro" mesmo e seria perder tempo na escola. A educadora respondeu
que iria orar pelo seu esposo. Passaram vários dias e D. Júlia foi espancada
muitas vezes por manter o menino no PEPE. O garoto aprendeu a orar,
memorizou os cânticos e o Salmo 23 que ensinou à sua mãe, mas o pai
continuava a ameaçar o filho, dizendo: "Para que perder tempo indo ao
PEPE. Você é um inútil. Nunca vai aprender qualquer coisa mesmo". Às
vezes Javier chegava ao PEPE correndo desesperado e dizendo: "Socorro,
socorro, meu pai está borracho [bêbado]. Não deixem que ele me bata.
Vamos orar para que meu papai não seja mais um bêbado". Não demorou
muito e a mãe aceitou a Cristo. Hoje o pai de Javier aprendeu o Salmo 23,
vai algumas vezes à Igreja e já não olha os evangélicos com desconfiança.
E o suposto "burro" Javier é o melhor aluno daquele PEPE. Deus está es-
crevendo uma nova história naquela família. Glória ao Senhor!
120 ' SILVA, Carlos Alberto da; SILVA, Lídia Sônia Klawa. Socorro, meu pai está borracho. Mensa-
gem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br> em 05 mar. 2008.
1202 Ela e seu esposo, Carlos Alberto da Silva, são missionários no Paraguai desde 1978. Atual-
mente ele é pastor da Igreja Batista em Ilha Bogado na cidade de Luque, e ela é coordenadora
nacional do PEPE no Paraguai.
' 2"' CID, Francisco. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
04 Missionário na Argentina de 1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999.
equipes de evangelização que saíam de dois em dois. Como resulta-
do, batizei 13 vizinhos do templo, ou seja, o evangelho alcançou 13
famílias naquela comunidade. Mas um deles, Carlos, não gostava que
a esposa fosse à Igreja. Ela só ia quando ele não estava, pois trabalhava
viajando e ficava 15 dias fora de casa. Em uma dessas viagens, a esposa
marcou com Raquel uma reunião na sua casa. Mas ele chegou antes
do dia previsto, pelo que ela foi correndo desmarcar a reunião. Raquel
não aceitou a mudança, porque acreditava que Deus tinha algo muito
especial para fazer naquela ocasião. Na hora da reunião ele estava dor-
mindo, porque viajou a noite toda e estava cansado. Acordou com as
mulheres cantando, mas não pôde sair do quarto porque a porta dava
para a sala onde as mulheres estavam. Assim ele ficou preso ali ouvindo
tudo. Ao terminar o culto, se converteu. No domingo seguinte, ele foi
com a esposa à Igreja para fazer a decisão pública. Eu o batizei e mais
tarde ele se tornou diácono da Igreja. Hoje ele é pastor. Como é mara-
vilhosa a ação de Deus no coração humano.
A conversão do chefe1205
Elton Rangel Pereira12°6
Quando estávamos no Paraguai, em Saltos del Guairá, dirigimo-nos
a Capitan Soza. Como anunciei pelo programa de rádio a minha ida,
havia muita expectativa, porque as pessoas queriam conhecer o "pa-
dre" evangélico. Cada aldeia tinha um chefe. Ali o chefe era Daniel
Prado (nome fictício), que representava o Partido Colorado e era o
maior proprietário da região. Fomos à loja dele onde expliquei que
era pastor evangélico e que tinha ido ali para falar de Jesus. Ele pediu
que eu me sentasse um pouco com ele. Chegou então o primeiro
freguês e ele mandou que sentasse; chegou o segundo e ele ordenou
também que sentasse. Ele não pedia, mandava. De repente havia 12
pessoas ali sentadas. Ele me perguntou se era suficiente e então cha-
mou a sua mãe a sua esposa e duas irmãs, que se juntaram ao grupo
ali reunido.
'2"' RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Minam Baldassare. Entrevista concedida a Ede-
Iweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevilha — Espanha, 25 ago. 2007.
Missionário de 1976 a 1991 no Paraguai, Açores e Portugal Continental, e na Espanha desde
1995 até o presente.
Naquela mesma manhã, Daniel Prado aceitou a Cristo, juntamente
com as duas irmãs e outras pessoas. Ele me perguntou o que era preciso
para termos uma igreja. Eu disse que primeiramente precisava de um
terreno. Logo ele doou o terreno e outra pessoa ofereceu a mão-de-
obra. Depois de 15 dias voltei lá e Daniel falou que o terreno não seria
mais aquele, porque ele tinha vendido a sua moto e comprado um ter-
reno bem maior, onde já havia duas casas construídas, além de ser em
um lugar privilegiado na aldeia. Marcamos o dia do batismo de Daniel
e avisamos pelo programa de rádio. Mais uma vez as pessoas ficaram
curiosas e saíam para ver como era um "padre" evangélico. Eu estava
de gravata, com uma bota de borracha por causa das cobras, chapéu de
palha e minha Bíblia na mão. Foi assim que eles conheceram o "padre"
evangélico. No local do batismo havia muitas pessoas que tinham vindo
de longe, pois estavam querendo saber se Daniel havia mesmo muda-
do de religião. Elas não entendiam o que era alguém aceitar a Cristo.
No momento havia muito barulho. Ele pediu que fizessem silêncio e
todo mundo se calou. Ao lhe perguntar se cria que Jesus Cristo era o
seu único Salvador, ele levantou a voz gritando. "Eu creio, sim, eu creio
que Cristo é meu Salvador". Foi algo espetacular.
Daniel se converteu de verdade. la com a gente para visitar. Ao che-
garmos às portas, ele batia palma. Quando o dono da casa chegava, eu
contava o que tinha acontecido com ele e o que o tinha tornado tão
diferente. Daniel não era mais aquele homem duro que as pessoas co-
nheceram antes. Assim eu começava a falar de Jesus, apresentava o pla-
no de salvação e fazia apelo. Quase sempre havia conversões, embora
eu não soubesse se era o Espírito Santo que atuava ou era a presença
do Daniel. Continuamos acompanhando seu crescimento espiritual e
preparando para o serviço. A Igreja cresceu e hoje ele é o seu pastor.
Dia da verdade'207
Silas Luiz Gomes12"
A mentira é o do Diabo, mas a verdade é de Deus. O inimigo é o pai
do engano e se alegra com o seu invento. Nossa entrada no Chile desde
12' GOMES, Silas Luiz. Resumo da trajetória e obra dos missionários Gomes. Arquivo Gomes,
Antofagasta, 06 jun. 2007. Digitado.
'208 Missionário desde 1971 na Bolívia e no Norte do Chile.
o inicio foi confrontada com a mentira. Tínhamos acabado de chegar
como missionário em Antofagasta, no Chile, e fomos morar perto do
presídio. Por essas coisas da vida, onde a mão do Senhor está presente,
liguei o radio para saber as notícias e acostumar-me com a linguagem
local. Aquilo que escutei me deixou pasmado: naquele dia iriam açoi-
tar vários presos no pátio do cárcere. Confesso que aquela noticia me
tocou o coração, fui até a esquina do presídio e fiquei a escutar se per-
cebia gemidos e gritos pelos açoites aplicados. Não ouvi nada; absolu-
tamente nada. Depois comentei minha preocupação com um irmão e
ele se pôs a rir. Disse-me que eu tinha caído no "Dia dos Inocentes", ou
seja, o equivalente a 12 de abril, Dia da Mentira, no Brasil, que no Chile
tem data diferente. Não gostei, mas logo o Senhor transformou o mal
em bem e a mentira em verdade. Como? Minha atenção se despertou
pelos presos e fui com os outros irmãos visitá-los. Observei que não ha-
via qualquer atividade evangélica dentro da prisão. Comecei o trabalho
e fiz as diligencias para obter uma carteirinha de evangelista, que me
dava a liberdade de entrar fora do horário de visitas e falar de Cristo.
Fomos testemunhas de conversões e batismos de presos no cárcere,
que eram realizados em um batistério portátil e com a assistência das
autoridades máximas da prisão, da polícia civil e militar e do poder
judiciário. Depois entregamos o trabalho a um irmão batista que traba-
lhava comigo; sua liderança foi reconhecida pela Associação de Igrejas
Batistas da Região. Após muitos anos o trabalho continua e já existe
uma igreja organizada dentro da prisão. Nisso não há engano, mas a
verdade de Deus. "E Sabemos que todas as coisas concorrem para o
bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito" (Rm 8.28). Deus seja glorificado em tudo!
120 ' OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
121" Missionária no Paraguai entre 1968 e 1991 e na República Dominicana de 1999 a 2002.
pegar um revólver e dar um tiro na cabeça. Eu lhe disse que isso iria
complicar mais seus problemas, que passariam a ser eternos. Perguntei
então por que ele não experimentava entregar todos esses problemas a
alguém que o amasse muito. E respondeu: "Mas quem?" Eu lhe disse:
"Deus". Ele imediatamente respondeu: "Ora, Deus? Ele está tão ocu-
pado em cuidar do universo tão grande que nem sabe que eu existo".
Expliquei que Ele sabe e o conhece por nome e só Deus tem a solução
para qualquer dificuldade, embora tudo dependa dele próprio. Procu-
rei saber se ele gostaria de conhecer esse Deus estudando a Sua Pala-
vra. Respondeu afirmativamente. Então começamos a estudar a Bíblia e
a visitá-lo e ele logo pediu que realizássemos cultos em sua casa. Logo
levou a esposa e os filhos para a Igreja. Certo domingo à noite, ele foi
sozinho à frente e depois de ficar bem calado e pensativo exclamou:
"Como é bom ter Jesus, como é bom ter Jesus; eu não sabia e nem co-
nhecia, mas como é bom ter Jesus". Eu chorei de alegria com ele, por
saber que alguém que incitado pelo Diabo queria dar um tiro na ca-
beça, deixando a esposa viúva com três órfãos, agora era um fiel servo
do Senhor. Logo ele se batizou e levou sua família a Cristo, tornando-se
uma bênção para muitos. Louvado seja Deus!
3. Frutos no Canadá
A história de Solange Barbieri12"
Alya Gonçalves da Silva1212
Solange Barbieri e três colegas brasileiras vieram de São Paulo para
o Canadá, no final da década de 1980. Solange era formada em Quí-
mica, mas estava com dificuldade para encontrar trabalho em sua área.
Adoeceu e foi hospitalizada para uma operação de um tumor na ca-
beça. Enquanto estava no hospital, foi visitada algumas vezes por uma
jovem senhora brasileira, professora, crente, que havia saído do espi-
ritismo e era membro da Igreja Batista Olivet, pastoreada pelo mis-
sionário Ubirajara da Silva. Solange era tradicionalmente espírita. Pela
ocasião do Natal, a Igreja Olivet ofereceu um almoço de Natal a muitos
12 " SILVA, Alya Gonçalves da. História de Kathrine Acomba. Mensagem recebida por edelfal-
cao@yahoo.com.br em 01 maio 2008.
Missionária no Canadá desde 1984, esposa do missionário Ubirajara Pereira da Silva.
1212
imigrantes que estavam longe de suas fa-
mílias. Muitos trouxeram visitantes. Houve
cânticos, pregação, muitos perus e bolos,
e a confraternização se prolongou até a
noite. Solange, com seu gorro de lã para
cobrir a cabeça sem cabelos, encantou-se
com a alegria e amizade de todos. Como
se sentia solitária, doente e desemprega-
da, recebeu todo o conforto que precisava
e nunca mais deixou a Igreja. Converteu-
se, batizou-se, fez vários outros cursos e
trabalhou em muitos empregos, mas nun- Missionária Alya
Gonçalves da Silva
ca em sua especialização.
Sempre buscando a orientação de Deus,
Solange mudou-se para uma igreja inglesa, freqüentada por uma mis-
sionária que lhe dava moradia em troca de alguns serviços domésticos.
Sentiu-se chamada para o ministério. Fez um curso bíblico e foi aceita
como missionária de uma organização da Igreja, da qual faz parte e
continua nos novos rumos que Deus deu à sua vida, servindo ao Se-
nhor. Os frutos do trabalho entre imigrantes no Canadá, só Deus há de
avaliar, pois a colheita é dele.
Mensageiro do amor1214
João Fernandes Garcia1215
Em Junho de 1995, com alegria e emoção, batizamos os irmãos João
e Maria Almeida. Por vários anos os dois estavam separados. Cada um
vivia a sua vida longe de Deus, em pecado. Pela graça do Senhor, um
dia Maria veio à igreja, ouviu o evangelho, aceitou a Jesus e nunca mais
deixou de seguí-lo. Estávamos sempre em oração pelo seu esposo que
ainda vivia fora de casa. Numa sexta-feira, logo após o Estudo Bíblico,
um jovem me procurou. Era o João, esposo da Maria. Contou-me do
seu desejo de mudar de vida e voltar para casa, reconciliar-se com sua
esposa e novamente ser o pai de seus filhos.
Falamos por muito tempo sobre Jesus e o Seu amor por nós. Ele acei-
tou a Jesus, começou a seguí-lo e voltou para casa. Maria o aceitou de
volta, ambos foram batizados e hoje temos visto o crescimento espiritu-
Apud SILVA, Alya Gonçalves da. História do trabalho batista no Canadá. Cambridge, Cana-
dá: JMM, 2007, p. 37. Digitado.
Pastor Garcia e sua esposa, Lucimar Callvelo Garcia foram missionários no Canadá entre 1979
e início de 2008.
al na vida dos dois, a alegria dos filhos ao verem os pais juntos e o poder
de Jesus manifesto na vida de um casal que antes vivia longe de Deus.
Louvado seja o nome do Senhor pelo seu muito amor por nós!"
4. Frutos na Europa
A semente produziu frutos1216
Diné René Lóta1217
Em Portugal Insular, a Associação Batista Aço-
riana, constituída de quatro igrejas, tinha um
programa de rádio e um jornal, ficando este sob
a minha responsabilidade. Era uma espécie de
folheto evangelístico, que distribuíamos por cor-
respondência ou de mão em mão no mercado.
Colocava esses jornais nas caixas de correio quan-
do íamos evangelizar na freguesia Castelo Bran-
co, no interior da Ilha. Uma dessas caixas era do
professor primário Manoel Faria. Recebi então
uma carta dele dizendo que estava interessado
na aquisição de um livro que eu tinha citado em
um dos editoriais. Fui à Livraria Batista em Lisboa
Missionário Diné e consegui o livro, entregando-o pessoalmente
René Lóta em sua casa. Isso contribuiu para iniciarmos uma
amizade, a ponto de freqüentarmos a casa um
do outro. Faria era estudioso da Bíblia, chegando a fazer todos os cursos
bíblicos por correspondência que havia em Portugal, incluindo batistas
e de outras denominações. Mas ele era católico catequista, líder de
adolescentes e de jovens no Fayal. Freqüentava a nossa Escola Bíblica
Dominical, e em nossa casa discutia assuntos bíblicos conosco. Mas
quando falávamos sobre a necessidade de salvação, ele dizia: "amigos,
amigos, religião à parte".
' 21' LOTA, Diné René. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de
Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
121 Foi missionário nos Açores entre 1980 e 1986, e em Portugal Continental entre 1986 e 1991.
Retornou ao Brasil para pastorear a Igreja Batista de Fonseca, em Niterói, até 2007, sendo hoje
pastor na cidade de Oakville, Canadá, como missionário associado da JMM, em parceria com a
Igreja Batista de Oakville e a Convenção Batista de Ontário e Quebec.
Durante mais de dois anos, nós sempre aproveitávamos as oportuni-
dades para falar de Cristo ao Faria e ele freqüentava a nossa igreja. Com
isso teve sérios problemas com a Igreja Católica e o padre o expulsou
da catequese. Mas houve um movimento de seus alunos para que o
padre solicitasse a sua volta, o que aconteceu depois que se casou. Mas
o casamento começou a desagregar, porque a esposa não admitia que
ele freqüentasse uma igreja protestante, pois ela era professora em uma
escola de freiras. Passaram os anos e eu fui visitar a Ilha Terceira. Ali
fui informado que ele tinha se divorciado e mudado para Lisboa, onde
deu continuidade aos seus estudos na Universidade. Em julho de 1991,
quando retornávamos para o Brasil, vi o Faria em um supermercado de
Lisboa. Ele estava acompanhado de uma senhora grávida e aquilo nos
confundiu um pouco. Mas à medida que nos aproximamos, não tive dú-
vidas. Quando ele me viu, foi uma alegria. Ele disse que estava freqüen-
tando juntamente com a esposa uma igreja batista perto de Lisboa.
Já no Brasil, em 2001, recebi um e-mail do pastor Rubem Couto, que era
um jovem pastor da Igreja Evangélica Batista da Praia da Vitória, nos Açores,
que me dizia que Manoel Faria desejava entrar em contato comigo com ur-
gência. Logo enviei uma mensagem para ele. Na sua resposta, Faria me disse
que a semente que eu tinha plantado germinou e deu frutos 20 anos depois.
Assim ele me convidava para o seu batismo, da sua esposa e de sua filha.
Tive a oportunidade de voltar a Portugal e visitá-lo. Ele já era dou-
tor e professor da Universidade. Disse-me que faltavam seis anos para
a sua aposentadoria, quando iria se dedicar inteiramente ao trabalho
missionário. Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não vol-
tará para mim vazia" (Is 55.11).
GRAVA VASCIONCELOS, Marcos. Informações ministeriais. JMM, Santo André, fev. 2007.
Digitado.
1219
Sendo formado e especializado na área de Educação Física, Grava tem usado o esporte como
estratégia para testemunhar do evangelho. Encontra-se hoje em Santo André, SP, como o Coorde-
nador do Programa Esportivo Missionário (PEM) da JMM.
do Mundo de Futebol, em 2006. Eu e outros 25 delegados represen-
távamos vários países, que nos próximos seis anos iriam sediar grandes
eventos esportivos. Estávamos lá para aprender o que pode ser feito em
um evento como aquele, pelo que nosso propósito era observar. No
penúltimo dia, estávamos participando de uma reunião composta de
adolescentes alemães, estudantes de inglês, que teriam a oportunidade
de ouvir relatos de diferentes nações e culturas ali presentes. Apesar de
não estar escalado para falar, pedi ao coordenador uma oportunida-
de. Ele concordou, mas sabendo do meu desejo de compartilhar a fé,
advertiu-me para que eu fosse discreto em minhas palavras, para não
causar algum tipo de desconforto aos alunos e professores.
No microfone falei de algumas características do Brasil. Então desafiei
aqueles jovens a apresentarem um competidor na execução de embaixa-
das com a bola de futebol. Um deles ofereceu-se motivado pelos demais.
Sua função era executar o maior número de toques de bola sem deixá-la
cair. Logo em seguida, seria minha vez e, caso não o vencesse, teria de
realizar um exercício físico como punição pelo insucesso. O garoto era
hábil e conseguiu realizar 23 embaixadas. Mostrando certa confiança,
peguei a bola e comecei minha série, até que deliberadamente, deixei
a bola cair por volta do vigésimo toque. Como combinado, eu deve-
ria cumprir a dívida. Como se estivesse constrangido, inclinei-me para
começar o exercício quando, de longe, surgiu meu amigo venezuelano
orientado previamente por mim, que se aproximou e, gesticulando, dis-
se: "Pare, Marcos, deixe que eu pago em seu lugar".
Os demais alunos, inflamados por um companheiro nosso ao mi-
crofone, diziam: "Não é justo". Mas meu amigo parecia determinado
a cumprir a pena em meu lugar. Isso deixou aqueles jovens perplexos,
já que o combinado era que eu deveria pagar a dívida. Mediante a
insistência do venezuelano, aproveitei a oportunidade para transformar
o momento em uma ilustração. Contei a todos os presentes a história
de um grande amigo que pagou a pena reservada para a humanidade,
e da necessidade que cada um de nós tem de desenvolver um relacio-
namento pessoal com ele. "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre
o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça" (1 Pe 2.24). Só na eternidade constataremos os
resultados de um testemunho como este.
Testemunho pelo batismo122°
Gelson Atílio Ferreira Nogueira1221
Quando chegamos em Raén, a Igreja se reunia no centro, em uma
rua apertada no bairro cigano da cidade. Vi que não havia progresso no
trabalho, pelo que resolvemos sair dali. Compramos um galpão em ou-
tro local, e enquanto estávamos construindo, nos reuníamos no melhor
hotel da cidade. Mas o poder da Igreja Romana conseguiu nos tirar de
lá após um ano e meio. Com dificuldade continuamos na construção.
As dificuldades, entretanto, contribuíram para que a Igreja se reani-
masse e passasse a evangelizar. Algo que estava no meu coração por
muito tempo era inaugurar o templo com batismos, mesmo quando
ainda não havia convertidos para serem batizados. Seis meses antes da
inauguração, começou a chegar gente na Igreja e, pela graça de Deus,
conseguimos fazer 10 batismos no dia da inauguração. Isso é um verda-
deiro milagre aqui na Espanha. Foi uma noite memorável com duzentas
pessoas presentes, quando éramos como igreja apenas 90 pessoas. Os
batismos foram realizados em um pátio aberto que era parte da pro-
priedade, sendo tudo divulgado pelo serviço de alto falante. Um irmão
teve a idéia de soltar foguetes de regozijo após cada batismo, levando
toda a comunidade a ter conhecimento da celebração do novo nasci-
mento. Foi um verdadeiro impacto no bairro. Por muito tempo, pessoas
influentes perguntavam o que tinha acontecido naquela ocasião e, por
curiosidade, vinham até à Igreja e ouviam a mensagem do evangelho,
passando a haver maior simpatia para com o nosso trabalho.
"22" NOGUEIRA, Gelson Atílio Ferreira; Nogueira, Cláudia Almeida Matos. Entrevista concedida a
Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Jaén — Espanha, 17 ago. 2007.
121 ' Ele e sua esposa, Cláudia Almeida Matos Nogueira, são missionários na Espanha desde 1995,
tendo atuado em Tarragona e Jaén. No momento encontram-se em Barcelona.
' 222 BONDARENKO. Andre. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
' 22 ' Jovem obreiro da terra na Ucrânia desde 2006, sendo portador de HIV há sete anos desde
antes da sua conversão.
de Deus. Trabalho com dependentes químicos e com portadores do
Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). A Ucrânia é considerada o
país no mundo que tem o maior número de portadores de AIDS. Ofi-
cialmente são registradas na Ucrânia 121 mil vítimas de HIV, embora
alguns afirmem que o número correto é dez vezes maior. Conforme as
estatísticas, a maioria dos portadores de AIDS é constituída de pessoas
entre 18 a 30 anos de idade, mas no decorrer dos últimos meses mu-
dou para 14 a 28 anos, ou seja, são jovens e adolescentes.
O Governo me dá direito de penetrar nas escolas publicas onde faço
palestras. Compreendo que a juventude de hoje é o nosso futuro e que
o Cristianismo pode fazer uma grande diferença no trabalho com jo-
vens, investindo neles e lhes concedendo educação. Sei que os irmãos
do Brasil estão sempre orando por nós. O sustento que nos é oferecido
nos propicia a oportunidade de deixar os trabalhos seculares para nos
dedicar ao ministério. Eu sei também que os portadores de AIDS têm
menor chance de ouvir o evangelho e crer em Jesus. Mas quando chega
alguém como eu que tenho o mesmo problema deles, cerca de 90%
dos portadores de AIDS se prontificam a dizer "sim" para Jesus. Isso me
encoraja e me leva a aproveitar o tempo levando a muitos a mensagem
do evangelho de Cristo.
5. Frutos na África
Não distinguem a mão direita da esquerda1224
José Nite Pinheiro1225
Em Moçambique estive em uma tribo dos Muchopes. Fui apresenta-
do a uma senhora e demorei ali cerca de quatro horas à espera de meu
intérprete que tinha ido visitar alguns de seus familiares. Mas aquela
senhora fitava os olhos em mim durante todo o tempo. Ela era bem
idosa, dominada pelo vício da bebida. Quando o meu intérprete che-
gou, comecei o trabalho de evangelização com ela. Pedi que ele lhe
1 '24 PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
1 "' Foi missionário por 17 anos, sendo de 1972 a 1975 em Moçambique, em 1976 em Rodésia
(Zimbábue), e de 1976 a 1989 em Portugal Continental. Retornou ao Brasil para pastorear a Igreja
Batista de Rio da Prata, no Rio de Janeiro, onde permaneceu até o final de 2007, deixando o
pastorado para se aposentar.
perguntasse qual a sua mão direita e qual a sua esquerda. Ela levantou
as duas mãos e ficou indecisa olhando para uma e outra. Finalmente
disse: "Eu não sei". Virei para o meu intérprete e disse: "Deus tenha
compaixão deste povo que não sabe fazer distinção entre a mão direita
e a esquerda". Isso me levou a pregar com maior vigor naquele país,
tentando alcançar alguns dos oito milhões de moçambicanos.
' 226 RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
Missionário na África do Sul de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e
1991.
Depois de me contar a sua história, orei com ela e a confortei. Em-
bora abatida, estava emocionada e feliz. Foi uma grande batalha, mas
foi vitoriosa em sua fidelidade ao marido e ao Senhor Jesus! E Dona
Madalena foi batizada naquela tarde. Ao voltar para casa, realmente o
marido não estava, mas logo voltou.
Ela continuou fiel a Jesus em uma caminhada que já conta algumas
dezenas de anos, e tem sido um grande esteio para o marido em todos
os momentos de sua vida. Enquanto isso, ele mesmo sem fazer a sua
decisão, tem sido um amigo da Igreja, sempre ajudando dentro de suas
habilidades profissionais. Antes, importa obedecer a Deus do que aos
homens" (At 5.29b).
178 RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
12 " Juntamente com seu esposo, Ronald Rutter, foi missionária da JMM na África do Sul de 1979
a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e 1991, estando o casal hoje aposentado na
cidade do Rio de Janeiro.
tão, Mariana passou a freqüentar regularmente a Igreja juntamente
com as filhas. O pai também muitas vezes ia. Como resultado, ela
e depois as filhas foram batizadas. Em nosso período ali, o pai de-
monstrava que amava ao Senhor Jesus, embora nunca tivesse feito a
sua decisão publicamente. Uma das filhas foi organista da Igreja por
muito tempo e a família permaneceu fiel a Jesus, a quem devemos
todo o louvor.
O poder de Deus:um
Miquéias da Paz Barreto1231
Quando fui designado pela Junta de Missões Mundiais para ajudar
aquela pequena Igreja na cidade de Germiston (grande Johanesbug),
tive informações muito negativas sobre a reação que os de fala portu-
guesa faziam ao trabalho dos missionários brasileiros. Não aceitei de
início ser contagiado por este sentimento negativo, visto que ouvindo
a confirmação do Senhor, tinha completa certeza de que Deus me
abençoaria no período que iria passar com aquele pequeno grupo
de 8 pessoas. Ficamos durante dois meses visitando os irmãos e os
estimulando a participarem dos cultos, já que havia uma certa frieza
espiritual em algumas famílias, devido a problemas anteriores na vida
daquela Igreja.
Eu já estava até meio desanimado com a resposta que o povo estava
dando. Quase ninguém acreditava no que dizíamos, inclusive do que o
Senhor iria fazer na vida daquela comunidade tão sofrida. Entretanto,
em uma visita de domingo à tarde na casa de uma família que estava se
integrando à Igreja, fui contestado por um genro da família que, muito
cético, duvidou que pudéssemos colher frutos com a nossa maneira
simples de pregar o evangelho. Ele disse: "Não creio no que estás a
dizer, e posso te provar que não estás certo no que afirmas à Igreja".
Eu perguntei: "Que provas são essas que você tem?" Ele, com voz um
tanto desafiadora, disse-me: "Tenho um casal de moçambicanos aqui
do lado da casa de meus sogros. Eles não crêem em nada de religião,
121 ' BARRETO, Miquéias da Paz. Relato breve de nossa viagem à África. Mensagem recebida por
<zedel@uot.com.br > em 25 set. 2008.
12 51 '
Miqu é ias da Paz Barreto e Dione de Almeida Barreto foram missionários Temporários na
12 '2 COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
12 " Foi missionária Fazedora de Tendas no Paraguai em 1995, sendo depois efetivada. Esteve
entre 2001 e final de 2003 em São Tomé e Príncipe e voltou como missionária ao Paraguai, onde
faz Medicina com o intuito de retornar a São Tomé e Príncipe.
A armadura de Deus'234
Lauro Mandira12"
Uma de minhas primeiras experiências na África do Sul foi quando
encontrei um jovem que sempre ficava olhando os cultos de longe. Ele
era muito alto e muito fechado, de pouca conversa. Um dia o convidei
para entrar e ele rispidamente perguntou o que ganharia se entrasse.
Respondi que ele só saberia se entrasse e ouvisse o que seria dito. Ele
começou a freqüentar o culto e, pela graça de Deus, aceitou Jesus.
Logo mais ele me contou que com 8 anos de idade estava em Mo-
çambique na escola com sua irmã quando chegaram ali alguns homens
e disseram que os meninos iriam aprender a dirigir locomotivas. Ele en-
tão seguiu aqueles homens numa vontade imensa de aprender a dirigir
caminhões, mas nunca mais viu seus pais. A única coisa que se lembra
é que entrou no avião e eles o levaram a Cuba, onde cresceu. Ali nunca
ensinaram a dirigir locomotivas ou caminhões, mas ensinaram a contro-
lar metralhadoras, revólveres e canhões, preparando-o para a guerra.
Ele disse que na sua vida não teve mãe nem carinho, e o que apren-
deu foi matar gente. Mas quando conheceu o evangelho, sua vida foi
transformada. Antes não entendia a nossa presença ali querendo levar
algo para o bem das pessoas, porque ele nunca tinha recebido nada
bom. Hoje ele é um crente fiel, e com a nova arma que recebeu, a Es-
pada do Espírito, tem ganho muitas pessoas através do seu testemunho.
"Tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra
de Deus" (Ef 6.17).
Semeando a Palavra1236
Lauro Mandira
Na África do Sul fomos para uma mina próxima à Igreja, onde realiza-
mos trabalhos evangelísticos. Ali um jovem, meio embriagado, ouvindo-
me falar português, aproximou-se. Aproveitamos a oportunidade para lhe
A história de Dirque'237
Terezinha Aparecida de Lima Candieiro1238
Dirque pertencia a uma família muçulmana numa comunidade mui-
to pobre de Moçambique. Devido à falta de opção, os pais, mesmo
sendo muçulmanos, matricularam Dirque no Pepe que funcionava em
uma das igrejas evangélicas. Enquanto freqüentava o Pepe, sendo de-
senvolvido física, emocional, social e espiritualmente, Dirque aceitou a
Jesus no seu coração e aprendeu a orar. Quando voltava para casa pe-
dia ao pai: "Papai, podemos orar a Jesus antes da refeição?" O pai ficou
furioso dizendo: "Não é nossa doutrina". Mas Dirque instia, até que um
dia o pai falou: "Eu não sei orar como vocês oram na sua escolinha".
Dirque respondeu: "Então papai, vai à escolinha comigo e pede ao
tio João. Ele é a pessoa que pode lhe ensinar a orar". O pai ficou com
1° CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São Paulo, 01 mar.
2007. Digitado.
""' Terezinha foi missionária temporária no Uruguai por dois anos entre 1988 e 1990. Em 1991
se tornou missionária efetiva em Moçambique, onde ficou até 2005. A partir de 2006 está no
Brasil como coordenadora geral do PEPE, mediante convênio entre a JMM, a BMS e a ABIAH.
aquele pedido na mente e no dia seguinte
foi ao Pepe. Chegou lá encontrou tio João,
viu seu amor pelas crianças, sua dedicação,
e sentiu-se tocado pelas orações das crian-
ças. Tio João começou a cultivar amizade,
até que um dia, sendo os pais de Dirque
convidados para ir à Igreja, aceitaram. O
tempo passou até que o pai, a mãe e toda
a família de Dirque aceitaram a Jesus e se
integraram na Igreja. Aleluia!
Missionária Terezinha
Aparecida de Lima Tudo começou com um pedido: "Papai,
Candieiro podemos orar?" Deus ouve as orações das
crianças. Elas são um referencial para a en-
trada no Reino, necessitam de salvação e
são agentes para a salvação dos que a cercam. "Deixai os pequeninos,
não os embaraceis de vira a mim, porque dos tais é o reino dos Céus"
(Mt 1 9.1 4).
12 " PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Mo-
reira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
'2 "' Missionário no Senegal entre 1994 e 1999 e na Espanha desde 1999.
velhas veio a mim dizendo que já conhecia o evangelho, pois quando
era pequenina houve uma fome e chegou um caminhão de crentes
evangélicos com tanto arroz que dava 12 quilos para cada pessoa. Eles
não podiam falar a língua do grupo porque não tinham permissão, mas
anunciaram com atos e a vida o nome de Jesus. Agora estávamos co-
lhendo os frutos daquele tempo tão distante.
Continuamos a dar assistência àqueles novos irmãos e hoje há uma
igreja ali. Voltei depois de alguns anos, e um irmão lamentava porque
tínhamos um bom grupo, tínhamos estudos bíblicos, mas não havia um
lugar para construir um templo. Eu lhe respondi que não desanimasse,
porque Deus iria abrir uma porta. Quando encontrei o chefe da aldeia
que era meu amigo, ele logo me disse: "Se eu soubesse que vocês esta-
vam aqui hoje, levaria vocês para pisar no terreno que vou dar a vocês
para construírem o templo". Deus não falha. "As suas misericórdias não
têm fim" (Lm 3.22b).
SOUZA, Kely Aline da Silva. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
1242
Kely é esposa de Josué Rodrigues Pacheco e participou com ele do Projeto Radical África,
ele atuando em Guiné-Conacri e ela no Niger. Retornou ao Brasil em novembro de 2006 e tem
participado nas promoções de Missões Mundiais.
há quanto tempo ela estava sentindo aquela dor. Então comprei água,
peixe e pão para ela se alimentar, pois não vinha se alimentando con-
venientemente. Pedi permissão para tocar a sua barriga e perguntei se
eu poderia orar em nome de Jesus. Ela permitiu. Depois deixei com ela
uma fita cassete e um folheto que falava sobre as mulheres da BÍBLIA.
Prossegui na viagem e, de certa forma, esqueci o ocorrido.
Depois de oito meses, quando faltavam apenas três semanas para
voltarmos ao Brasil, fui ao Posto de Saúde que eu freqüentava todas
as segundas-feiras. Ali uma senhora veio em minha direção gritando.
Percebi que era aquela mesma mulher por quem orei naquela ocasião.
E ela dizia com o tom de alegria: "Você orou por minha filha". Assim
ela mesma começou a falar de Jesus dizendo que Ele tinha curado a sua
filha. Disse também que tinha falado de mim para toda a aldeia e que
eu precisava ir lá. Atendi ao convite e fui à aldeia onde ela e as outras
mulheres tinham preparado uma festa para mim. Recebi vários presen-
tes, inclusive duas galinhas. Isso me marcou muito porque foi somente
um dia e um momento que eu estive com a mulher e fiz apenas uma
oração. Mas a Palavra não voltou vazia, e o mais importante é que o
nome de Cristo foi anunciado. Glória a Deus!
'' MENDES, Geoesley Negreiros. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
I"' Geoesley foi do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado na Guiné-Conacri. Foi para o
campo em maio de 2005 e retornou ao Brasil em dezembro de 2007, tendo trabalhado na mobi-
lização missionária de Missões Mundiais no início de 2008.
outras aldeias vizinhas onde há estudos mais avançados. Assim eles po-
dem concluir o ensino médio e depois ingressar na Universidade da
capital. Os alunos saíam das suas aldeias e iam à cidade onde moráva-
mos. Com isso, tivemos muito contato com estudantes. Como eles não
estavam perto dos pais, sentiam-se mais à vontade para ouvir a men-
sagem do evangelho. De qualquer maneira havia dificuldade para eles
permitirem que falássemos de Jesus. Mas estando o país em guerra, eles
ficavam mais sensíveis e susceptíveis à mensagem do evangelho.
A estratégia que usamos foi dizer que Deus tinha um plano muito es-
pecial para aquele país. Aos estudantes falávamos que eles, como nova
geração, poderiam ajudar a mudar o país para melhor. Às vezes tínha-
mos de insistir para que nos ouvissem, assim como nos dispúnhamos
para ouvi-los. Insistíamos que a nossa tarefa era anunciar uma nova
mensagem e não uma nova religião. Pouco a pouco eles foram abrindo
as suas mentes e já procuravam um espaço maior em nossa casa para
estudar a Palavra de Deus. Conseguimos distribuir Bíblias para muitos
jovens que sabiam da reação de seus pais, a ponto de não permitir que
entrassem em casa com aquele livro e muito menos que o lessem. Um
desses moços ganhou uma Bíblia. Como não podia levar para dentro
de casa, ficou sentado do lado de fora lendo até às duas da manhã. Isso
nos impressionou muito, porque sabíamos que eles eram tocados pela
mensagem, mas os entraves sociais e familiares eram muito grandes.
Apesar de tudo, alguns terminaram por não resistir o toque do Espírito
de Deus e se converteram. Mas a permanência no evangelho requer
muita renúncia, disposição e fé. "Porque no evangelho é revelada, de
fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé"
(Rm 1.17).
" SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Recife, 17 mar. 2008.
1 '4" Desde janeiro de 2002, Pastor Adilson é representante da JMM no Estado de São Paulo, tendo
feito várias viagens aos campos, dando apoio aos nossos missionários em vários países.
fez a cirurgia. Enquanto se recuperava, teve certa noite um sonho. En-
quanto lia o Alcorão uma página começou a pegar fogo. Ele tentou apa-
gar o fogo, mas não conseguiu. A brasa se estendeu para todo o Alcorão
que se consumiu totalmente. Após destruir o livro, o fogo aumentou e
começou a escrever: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida". Ele nun-
ca tinha visto nem ouvido aquela frase. O líder acordou e pela manhã
estava desesperado porque o Alcorão tinha se queimado. Mas aquela
sentença martelava a sua cabeça incessantemente. De repente, entra
uma enfermeira no quarto e ele pergunta se já tinha ouvido aquela
frase. Ela sorriu e disse que sim; era um dos ensinamentos de Jesus que
afirmava ser ele o verdadeiro caminho. Aquele líder pediu a explicação
do seu significado. Ela respondeu que não sabia explicar, mas que o
seu pastor poderia fazê-lo. Perguntou então se ele aceitava uma visita.
A resposta foi afirmativa. Assim o pastor foi visitá-lo, expôs o plano de
salvação, e o enfermo terminou por aceitar a Cristo como seu Salvador.
Nos últimos anos esse homem já distribuiu mais de 600 mil cópias do
filme "Jesus" na Arábia Saudita. O amor de Jesus não tem limite!
O Senhor nos enviou para "fazer discípulos de todas as nações" (Mt
28.19a). A responsabilidade de discipular tem sido um dos pontos
fortes do trabalho missionário dos batistas brasileiros, quando o povo
da terra é treinado para assumir a liderança com o seu povo, pros-
seguindo a obra iniciada pelo obreiro de outro país. Nesse mister,
o discípulo é preparado para multiplicar a sementeira, levando ou-
tros a também aceitarem a mensagem do evangelho. Este trabalho,
contudo, é acompanhado da tarefa de levar o discípulo a crescer na
vida cristã, sendo edificado segundo a doutrina do Senhor, sem artifí-
cios humanos, mas se colocando nas mãos de Deus como servo fiel.
Quando o Senhor escolhe alguém para o seu serviço, não o faz ape-
nas para que ele seja abençoado, mas para que abençoe a muitos,
conforme Deus falou a Abraão: "Sê tu uma bênção" (Gn 12.2c).
1247 PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira
'''" GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Experiências missionárias. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br > em 13 nov. 2008.
12 '" Missionário em Moçambique, Espanha, Argentina e Paraguai, de 1976 a 1993, quando pas-
sou a servir na sede da JMM em várias coordenadorias.
cebi um telefonema do Pastor Ernandes, para me contar a vitória da irmã
Maria. Naqueles dias aconteceu o Carnaval, e a patroa dela foi passar
esse período na região dos lagos. Pediu que ficasse na casa de sua mãe,
em Ipanema, para ajudá-la. Maria aproveitou a ocasião para lhe falar do
amor de Jesus e lhe contou muitas histórias bíblicas. O Carnaval passou e
a irmã Maria voltou à sua rotina de trabalho. Certo dia a patroa foi visitar
a mãe e esta lhe disse: "Gostei demais da tua empregada. Você sabe que
ela me contou histórias maravilhosas sobre a Bíblia e sobre Jesus? Gostei
tanto que separei uma lembrancinha para ela". E lhe entregou um enve-
lope. Mais tarde, depois do jantar, a patroa lhe disse: "Maria, obrigada
por teres tratado tão bem a mamãe. Por isso vou te dar um aumento este
mês. A propósito, mamãe mandou esta lembrança para você".
Depois de arrumar a cozinha, a irmã Maria foi para seu quarto, abriu
o envelope, e imaginem o que estava lá dentro: 500 cruzeiros. Exata-
mente a oferta que Deus lhe pedira. Quando Deus pede, ELE só quer
que confiemos em Sua palavra, o mais ELE faz. "A fidelidade do Senhor
subsiste para sempre. Aleluia!" (SI 117.2b).
A bênção de contribuir1253
David Tavares Pina'254
Na qualidade de representante da JMM no Nordeste, temos sido tes-
temunhas de como Deus realiza maravilhas através do amor a missões
demonstrado pelas igrejas. Na cidade de Feira de Santana, Bahia, uma
igreja tinha o alvo de R$ 12.000,00 (doze mil reais) para a Campanha
de Missões Mundiais. Na semana que iniciaram a Campanha houve
PINA, David Tavares. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 20 out.
2007.
'2'4 Desde 2003 é representante da JMM no Nordeste, abrangendo hoje os estados do Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
um vendaval muito forte que destruiu todo o telhado da Igreja. O or-
çamento para repor o telhado era de R$ 14.000,00 (catorze mil reais).
Pensei que naquela emergência, eles usariam o dinheiro da Campanha,
pois era um momento critico. O pastor me chamou para conversar
e disse que a Igreja concordou em não mexer no dinheiro da oferta
missionária, assim como não aceitava dar um valor menor que o do
telhado que precisavam repor. Então os irmãos resolveram fazer duas
campanhas simultaneamente, sendo uma para a compra do telhado
e outra para missões. E assim aconteceu. Eles alcançaram na ocasião
certa os R$ 14.000,00 (catorze mil reais) para a compra do telhado e
mais R$ R$ 16.600 (dezesseis mil e seiscentos reais) para a oferta de
Missões Mundiais. Ficaram mais do que felizes por terem honrado o
compromisso missionário que tinham assumido.
É bom ver que as igrejas envolvidas na obra missionária são muito
abençoadas. Isso me faz lembrar que na Igreja de Penedo, interior de
Alagoas, um garoto adotou uma missionária e disse que ia lutar para
que a sua oferta de missões fosse a maior da Igreja. Começou a batalhar
moeda após moeda, e no final a sua oferta foi a mais elevada de todas.
E mesmo que não o fosse quantitativamente, seria qualitativamente,
como aconteceu com a oferta da viúva pobre elogiada por Jesus (Lc
21.1-4). Quando se abre o coração para missões, Deus nos cobre com
as suas bênçãos, tanto neste mundo como na eternidade, como diz o
apóstolo Paulo: "Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para
alimento, também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará
os frutos da vossa justiça". (2Co 9.10).
'2 " PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Morei-
ra de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
1256 Juntamente com sua esposa Sueli Mieko Sirasawa Patrício, foi missionário na Venezuela de
1976 a 1994, na Califórnia, EUA, entre 1994 e 1996, e em Costa Rica, de 1996 a 2002.
uma irmã cedeu sua casa a fim de realizarmos os cultos. Ao comprar
aquela casa, essa irmã suplicava ao Senhor o envio de um missionário
batista para começar ali uma obra. Iniciamos então o trabalho na sala,
depois abrimos uma classe na cozinha, mais tarde outra na lavanderia
e por fim um dos quartos foi utilizado para mais uma classe. O traba-
lho não tinha mais para onde crescer. Então ainda havia um pequeno
jardim ao lado da casa; pedimos para que ali fizéssemos uma garagem,
a fim de começarmos a congregação. Ela prontamente nos cedeu e foi
assim que começamos a nossa atuação naquela região venezuelana.
Nossos dízimos que estavam guardados, desde maio até agosto, foi in-
vestido nesta obra.
Em três anos Deus nos abençoou e compramos aquela casa com re-
cursos do próprio trabalho, pois havíamos ensinado aos novos crentes
sobre mordomia. A liberalidade dos irmãos, embora pobres, foi sufi-
ciente para continuarmos o trabalho. Assim, de modo festivo, orga-
nizou-se a Igreja em julho de 1980, com 56 membros fundadores. A
nova grei recebeu o nome de Igreja Batista Memorial de Barcelona, em
homenagem e agradecimento ao povo batista brasileiro, pelo apoio e
envio de missionários. É assim que Deus abençoa a sua obra, "porque
eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas,
se mostraram voluntários, [...] e não somente fizeram como nós esperá-
vamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor" (2Co
8.3-5).
123 OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
125 CID, Francisco. Missões no Paraguai: uma obra de fé. Arquivo Cid, Hortolândia, 29 out.
2007. Digitado.
1" Missionário na Argentina de 1976 a 1991 e no Paraguai entre 1991 e 1999.
minhos. O gado andava solto, bem como os porcos e galinhas. Não
havia água encanada nem luz elétrica. O templo era uma pequena
capela sem nenhuma estrutura, a não ser uma vigota de madeira na
cumeeira, de onde partiam os caibros até as paredes laterais. Havia
uma curvatura perigosa no telhado, que qualquer vendaval poderia
jogar tudo por terra. Nossa primeira providência foi fazer o escora-
mento do teto e da capela, a fim de proteger as vidas dos que partici-
pavam nos cultos. A EBD se reunia embaixo das árvores quando não
chovia. Os cultos de oração e estudos bíblicos eram feitos nas casas.
Não havia banheiros.
Certo dia, reuni a Igreja e disse que precisávamos construir ba-
nheiros e salas para a EBD. Tínhamos algum dinheiro para comprar
parte do material de construção, mas eu disse aos irmãos que sou
pastor de não pagar mão-de-obra para os de fora; o trabalho seria
feito através de mutirão. Um irmão perguntou quem iria fazer esse
mutirão. Eu lhe respondi que éramos todos nós. Outro irmão retru-
cou que ninguém sabia construir, e eram apenas peões (serventes) os
que trabalhavam em construção. Perguntei se não queriam aprender.
A resposta foi positiva, mas veio acompanhada da pergunta: "Quem
vai nos ensinar?" Completei: "Eu". Certamente me valeria do que
aprendi com o meu pai desde menino e depois no SENAI, onde fiz
o curso e tornei-me instrutor de ofícios. Começamos a construção.
Nos feriados e domingos, após a EBD, lá ficávamos todos trabalhan-
do: homens, senhoras, jovens e crianças. Meia hora antes do culto
parávamos, e após nos limparmos, tomávamos um lanche; era uma
confraternização completa. Construímos banheiros completos (femi-
nino e masculino), cinco salas para EBD, um pequeno salão social
e, na parte superior, um apartamento com sala, cozinha, banheiro
e três quartos, para futuramente a Igreja oferecer como moradia ao
pastor. Avançamos com a construção, fazendo a estrutura do templo
com colunas, vigas e laje de concreto, batistério, sala pastoral e outra
para secretaria.
As casas dos membros da Igreja eram muito precárias, constituídas
apenas de um quarto e cozinha. No quarto havia a cama do casal e
ao lado outra de igual tamanho, onde dormiam todos os filhos, me-
ninos e meninas. Não havia banheiro; apenas do lado de fora uma
precária latrina sem porta. Ao construirmos o templo através de mu-
tirões, os membros da Igreja se despertaram para reformar suas casas,
usando o mesmo sistema. Todos aprenderam o oficio de pedreiro
conosco ali no templo. Roque, o que mais estudos tinha, tornou-se
mestre de obras numa construtora; Nery, que era guarda-noturno
num laboratório, passou a empreitar construções por conta própria;
Abraão era servente de pedreiro e se tornou construtor; Oscar era
jardineiro e passou a realizar pequenas construções. Os filhos desses
irmãos aprenderam o oficio e passaram a ajudar os pais. Todos eram
dizimistas e, quando lhes faltava trabalho fora, vinham trabalhar no
templo e a Igreja lhes dava a provisão de uma cesta básica de ali-
mentos.
Foi assim que os irmãos da Ilha Bogado melhoraram suas mora-
dias, ampliando-as com mais quartos em que podiam separar os
meninos das meninas, com sala, cozinha digna e banheiro. Havia
alegria quando compartilhavam as bênçãos que o Senhor lhes con-
cedeu, ao permitir que construíssem ou melhorassem suas próprias
casas. Assim a Igreja e as famílias foram abençoadas mediante a
orientação e ensino ministrado pelos missionários. A Deus pertence
toda a glória!
Testemunho no sofrimento1261
Armando de Oliveira Neto1262
Em uma festa de 18 de setembro, que é o Dia da Pátria no Chile,
chegou uma senhora completamente acabada. Ela era jovem, junta-
mente com o marido, mas por conta de uma situação difícil, estava
desesperada. Soube que aqui na Igreja havia um pastor e sua esposa
que tinham perdido uma filha. Essa senhora também tinha passado
por situação semelhante com a morte de um filho de 3 anos de idade.
Ela tinha sido informada que o filho tinha morrido em conseqüência
de um pecado que ela havia cometido. Assim nos deparamos com
uma pessoa completamente destruída. Quando a senhora nos viu, sa-
'"' OLIVEIRA NETO, Armando de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
1262 Ele e sua esposa, Catarina Boone Jacobsen de Oliveira, são missionários desde 2000 em San-
Resposta às orações1263
Juan Carlos Nunez Romero1264
Uma experiência muito especial ocorreu em Punta Arenas, últi-
ma cidade do Chile na Patagônia Chilena. A cidade è caracterizada
por provocar nas pessoas um estado de depressão que gera muitos
suicídios, devido à solidão, ao frio e ao isolamento geográfico. Eu
pastoreava a Igreja Batista de Praia Norte, onde havia um jovem
universitário membro da Igreja que enfrentava um terrível quadro
depressivo. Seus familiares já não sabiam o que fazer. Comecei a
aconselhá-lo, enquanto orava e jejuava por esta situação tão difí-
cil, pois era uma grande luta espiritual. Com a sabedoria de Deus,
passei a acompanhar de perto aquele jovem. Depois de meses, ele
começou a mostrar mudanças positivas no seu comportamento. Foi
grande a minha alegria. Hoje ele é um membro ativo da Igreja, um
profissional que tem excelente trabalho, casado e pai de família. É
126 ' NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NUNEZ ROMERO, Juan Carlos. Experiência inspirati-
va. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em 30 maio 2007.
1264 Missionário no Chile, esposo da missionária Narriman Soares Guimarães Nunez desde abril
de 2002.
um lindo exemplo daquilo que Deus pode fazer quando nos colo-
camos nas suas mãos para servi-lo. "É por Cristo que temos tal con-
fiança em Deus" (2Co 3.4).
Terremoto no Chile1265
Narriman Soares Guimarães Nufiez1266
Uma experiência que me tocou profundamente foi por ocasião
do terremoto no Norte do Chile, ocorrido em junho de 2005. Era
cerca de 19 horas quando começou o grande movimento telúrico
na cidade de Pozo Almonte, em pleno Deserto do Atacama. Parecia
que seria o fim do mundo. Já estávamos acostumados com os tremo-
res de terra diariamente, mas naquele dia foi muito diferente.
Depois do grande pânico na cidade, saímos de imediato para ver
nossos irmãos nas comunidades indígenas, na zona urbana daquela
cidade. Quando chegamos ali, vimos um quadro inédito. As famílias
indígenas que já conheciam o evangelho estavam em uma tranqüili-
dade fora do comum, apesar de suas casas não mais existirem. Todas
estavam no chão; perderam tudo. Mas quando perguntamos como
se sentiam, eles responderam: "Estamos bem, missionária. Não se
preocupe conosco, pastor. Deus cuidou de nós". Que maravilha!
Que diferença... Apenas a algumas quadras, na mesma aldeia, ha-
via vozes de desespero, pois ainda não conheciam a paz que só
Jesus pode dar. E no meu coração veio o pensamento: "Não foi em
vão viajar mil quilômetros por semana para ensinar a Palavra
de Deus a estas pessoas. Vale a pena! Jesus sempre fez e fará a
diferença".
Nós ficamos sem casa para reunião e até hoje estamos recuperando
aqueles lugares atingidos pelos terremotos. Mas o Senhor providenciou
recursos através de chilenos e brasileiros, para recuperarmos o que ha-
víamos perdido. Isso é missões! Louvado seja Deus!
NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NU1CJEZ ROMERO, Juan Carlos. Experiência inspirati-
va. Mensagem recebida por <zedel@uol.com.br> em 30 maio 2007.
1266 Missionária no Chile desde 1986, casou-se em abril de 2002 com o obreiro da terra, Juan
Carlos Nunez Romero, hoje também missionário efetivo da JMM.
Dedicação completa ao Senhor
Edelweiss Falcão de Oliveira1267
O Governo cubano, em uma atitude de abertura para com os evan-
gélicos, tem permitido o surgimento das denominadas casas-culto,
que são o que chamamos cultos nos lares, ou seja, residências onde
se permite louvar a Deus, orar ou mesmo anunciar a mensagem do
evangelho. Como resultado, cada casa-culto tem se transformado em
uma igreja. Quando estivemos em Cuba em abril de 2007, como parte
da pesquisa para o preparo deste livro, ouvimos a história a seguir que
muito nos comoveu.
Certa senhora orava a Deus para que o Governo de Cuba lhe cedes-
se um espaço para moradia, até que isso aconteceu. Ela disponibilizou
a pequena casa para o louvor de Deus. O local de culto foi se esten-
dendo e paredes foram demolidas, como acontecia na casa de outros
irmãos. Mas ela tinha um belo jardim que era a sua alegria e lazer, pois
cuidava das plantas com muito desvelo. Certo dia o pastor lhe pergun-
tou se havia a possibilidade de usar aquele espaço para um trabalho
com crianças, pelo que foi repreendido por sua esposa, pois percebia
o quanto aquele jardim era amado e regado pela dona da casa. Isso
significaria o fim daquelas tão belas flores. Entretanto, quando a senho-
ra soube da necessidade para a obra, de pronto respondeu que todo
o espaço ali estava à disposição da Igreja, pois tinha dedicado tudo ao
Senhor e nada era mais importante do que servi-lo. E assim aconteceu
para a glória de Deus. O jardim de flores se transformou em um jardim
de crianças que com alegria aprendiam sobre o infinito amor de Deus.
Existe algo mais belo? "Deixai vir a mim os pequeninos e não os emba-
raceis" (Lc 18.16b).
Quando hoje se vê tanto apego ao bem-estar pessoal e ao conforto
familiar, esse exemplo deixa muitos corados de vergonha. Afinal de
contas, o crescimento do número de igrejas e do número de batistas
em Cuba pode deixar muitos espantados, mas isso se deve ao amor
l"" Entre fevereiro de 2007 e início de novembro de 2008, Edelweiss Falcão de Oliveira e seu
esposo, Zaqueu Moreira de Oliveira, dedicaram seus esforços ao preparo do livro do centenário
da JMM, como sendo um desafio que veio de Deus através do Pastor Waldemiro Tymchak. No
período, visitaram 10 países das três Américas, da Europa Ocidental e do Leste Europeu. Eles se
consideraram missionários privilegiados na realização deste trabalho.
sem limites à causa de Deus e o desejo incontido de levar adiante a
mensagem do evangelho de Cristo. "Porque o amor de Deus é derra-
mado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm
5.5b). "Pois o amor de Cristo nos constrange" (2Co 5.14a).
'2' RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
' 2" Missionário na África do Sul de 1979 a 1988 e 1991 a 2000, e em Zimbábue, entre 1988 e
1991.
De acordo com suas palavras, "muitos estarão no céu por causa do
seu púlpito".
Casamento arranjado'2"
Tomé Antônio Fernandes1271
Conheci D. Devaraju em 1994, quando dava os primeiros passos em
seus estudos teológicos no Colégio Bíblico de Calcutá (CBC). Ele nasceu
no Estado de Andra Pradesh, mas foi criado em Mumbai, a capital eco-
nómica da Índia, onde aceitou a Cristo em uma igreja batista. Sentindo
o chamado de Deus, deixou o seu trabalho e foi se preparar no CBC,
uma instituição da Igreja Batista Carey de Calcutá, que recebeu apoio
financeiro da JMM entre 1993 e 1995.
O jovem Devaraju e sua família eram seguidores do deus Guru Dev,
muito popular em Andra Pradesh. Daí o seu nome. Depois que acei-
tou a Cristo, seu desejo era servir a Deus no Norte da Índia. Em uma
de nossas conversas em Calcutá, ofereci-lhe a oportunidade de estar
conosco no trabalho que estava sendo desenvolvido em Uttar Pradesh,
o estado indiano com a maior população: 166 milhões de pessoas.
Devaraju aceitou o desafio. Ao terminar o curso no início de 1998,
seguiu para aquele campo. Procurei ajudá-lo em sua adaptação à nova
realidade e em sua formação missionária.
Era um jovem dedicado e solteiro. Várias vezes perguntei-lhe acer-
ca de seu casamento. Sendo ele órfão de pai e mãe, era lacônico. Na
cultura da Índia, o costume é o casamento arranjado pelos pais. Eu não
sabia, mas Devaraju entendia que eu tinha de arrumar a esposa para
ele, pelo fato de ser o seu líder. Só consegui perceber isso em julho de
1999, cerca de um ano depois de sua chegada à região. Na ocasião,
meu tempo estava bastante escasso, pois no mês seguinte eu e minha
família estaríamos retornando de férias para o Brasil. Tentei fazer o que
podia. Solicitei ajuda de algumas pessoas. Resolvi telefonar para o Pas-
tor Mateus, um amigo e parceiro no ministério da índia e lhe pedi que
12 " SANTOS, Edilon Moreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
Edilon foi da primeira turma do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado em São Tomé e
Príncipe. Retornou ao Brasil em dezembro de 2007 e participou da Mobilização Missionária de
Missões Mundiais no início de 2008.
a oportunidade e apresentamos um vídeo, cuja música dizia que um
milagre pode acontecer. Contudo, eu passei a dizer que o milagre re-
almente aconteceu. Na realidade, Deus não se limitou a nós com as
nossas fraquezas e dificuldades. Ele fez a obra. "Porque Deus é o que
opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vonta-
de" (El 2.13).
NASCIMENTO, liana Corrêa do. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 14 maio 2008.
'2" liana foi da primeira turma do Projeto Radical Luso-Africano, tendo atuado em Moçambique.
1226 GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Bênçãos, vitórias e livramento em meio a grande conflito. O
12 '" GUIMARÃES PEREIRA, Edimar. Notícias de Welkom — África do Sul. Mensagem recebida por
<zedel@uol.com.br> em 04 mar. 2008.
aí que ele se levantou lá de trás e começou a liderar a congregação
cantando: "Xiquembo Xilulamile" — "Deus é tão bom pra mim." Aquele
homem estava todo quebrado, sem um braço e chegou espontanea-
mente diante da congregação cantando "Deus é tão bom" e "Obrigado
Jesus". Não pude conter as lágrimas. É fantástico ver o que Deus tem
feito na vida daqueles homens. Depois daquela lição, saí dali louvando
ao Senhor pela vida e o testemunho de Fernando Chitlongo. Cheguei
em casa e compartilhei com Vanusa e as crianças. A palavra de Deus
pregada aos corações nunca volta fazia. O irmão Fernando Chitlongo
tem aprendido a depender da graça de Deus e a reconhecer a direção
e a presença do Senhor em todas as circunstâncias da vida. O discípulo
aprendeu e depois ainda serviu de inspiração para o mestre e toda e
congregação.
119 GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
'=" Lian Godoi (pseudônimo) é missionário na China desde 2006.
Perseguidos como Jesus128'
Lian Godoi
Na China há líderes que sofreram muito e foram torturados por causa
do evangelho. Conheci um deles que plantou várias igrejas e trabalha
com contrabando de Bíblias há mais de 20 anos. Foi preso várias vezes
e agora está preparando missionários para ir a outros países. Por isso fui
chamado para ajudá-lo nesta atividade, porque ele mesmo não tem o
preparo necessário. Esse líder conta que na última vez em que foi pre-
so, a policia amarrou suas mãos para trás, o suspendeu e bateu tanto
nele, a ponto de quebrar as pernas, deixando-o 24 horas pendurado.
Esse líder perguntou a Deus por que Ele permitiu que isso aconte-
cesse. Por que deixou que as pessoas o humilhassem tanto? Ele teve
naquele momento uma visão que não lhe ficou clara se era sonho ou
realidade. Cristo lhe apareceu e disse: "Eu também fui suspenso da ter-
ra". Naquela hora o missionário deixou de reclamar, e disse que se Cris-
to tinha sofrido daquela forma, ele também aceitava e pedia perdão ao
Senhor. Assim decidiu que seguiria somente os passos de Cristo.
Esse homem foi liberto daquela cadeia. Tivemos o privilégio de co-
nhecê-lo e treinar as pessoas que ele levou para aquele curso que es-
távamos ministrando. Entendi que as vítimas de perseguição por causa
do evangelho são bem-aventuradas, conforme Jesus falou, mas quando
elas compartilham a sua experiência, a mesma felicidade se estende a
muitos. "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem
e vos perseguirem. [...] Pois assim perseguiram aos profetas que viveram
antes de vós" (Mt 5.11 e 12).
2" GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís, 19 jan. 2008.
12"2
MATVEYEV, Lyubomyr; SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Fal-
cão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 06 fev. 2007.
'282 Missionário Especial na Ucrânia desde 2004.
nia, um dos choques culturais foi percebermos a diferença na Ucrânia,
onde ninguém falava em missões. Falava-se em propriedades, constru-
ção de templos ou algo semelhante. Quando íamos a um encontro de
lideres, nada se ouvia sobre plantação de igrejas ou atividade missioná-
ria. Na realidade nos deparamos com igrejas mais preocupadas nelas
próprias do que em ser uma bênção para outros.
Começamos a orar muito sobre o assunto e colocar em prática o
que aprendemos no Brasil sobre amor a missões. Assim, reunimos uma
equipe de jovens e desafiamos a liderança a levar as igrejas locais a
compreenderem que a obra missionária não se restringe ao missioná-
rio, mas é da Igreja, quando uns saem para os campos e outros susten-
tam as cordas. Algo novo começou a surgir, quando igrejas passaram a
ter vigílias de oração e a falar em missões, com projetos de abrir novas
igrejas. As senhoras oravam, os jovens oravam, os adolescentes oravam
e havia o compartilhar, quando saíamos de nossas quatro paredes para
interceder por outros que têm problemas ou que realizam a obra, mes-
mo não pertencendo à nossa congregação.
Lá não é difícil que as pessoas dêem ofertas generosas, mas a compre-
ensão do que é missões ainda precisa ser desenvolvida. Entretanto, muitas
pessoas hoje já fazem a diferença, quando contribuem especificamente
para a obra missionária. Há novos projetos como o "Escola sem Parede",
onde se dá oportunidade a pessoas que desejam estudar durante 12 me-
ses, usando uma vez por mês o dia inteiro para aprender sobre missões.
Uma senhora de setenta anos que participava das atividades deste Pro-
jeto, em uma das reuniões, interrompeu a aula e fez a observação: "Eu
estou na igreja há mais de sessenta anos, mas nunca alguém me falou
que eu posso ser útil como missionária". Assim, com o dinheiro de sua
aposentadoria, ela começou a sustentar missionários da terra na Ucrânia.
Sua primeira oferta tinha o valor equivalente a US$ 20.00 (vinte dólares),
que ela me pediu para mandar para JMM no Brasil, dizendo: "Ela investiu
em mim aqui na Ucrânia, e agora queremos investir no Brasil". Enviamos
a oferta para o Rio de Janeiro, e o Pastor Tymchak devolveu, dizendo que
era interessante que ela desenvolvesse o que aprendeu, mas por enquan-
to investisse mesmo na Ucrânia. Isso já faz quatro anos e ela contribui
mensalmente para o trabalho missionário. Consideramos isso uma rea-
daptação de vida cristã para o cumprimento da ordem de Cristo.
5. Edificando vidas em países muçulmanos
Novo PEPE na etnia susu12"
Adilson Ferreira dos Santos1285
Depois de seis meses em uma aldeia
de etnia susu, em Guiné-Conacri, na
África, o líder Radical avisou à equipe
que no dia seguinte eles iriam ajudar na
colheita de arroz, que é a base princi-
pal de alimentação deles. Na realidade,
os Radicais precisavam interagir com
o povo, e sendo a colheita uma festa,
aquela era uma boa oportunidade. O lo-
cal era de difícil acesso e os participan-
tes precisariam entrar em um alagadiço
com lama até os joelhos. Levantaram de
madrugada, oraram e foram para aque-
le primeiro dia festivo. Quando o líder
da aldeia os viu, ordenou que fossem
embora, pois não precisavam de ajuda.
O líder dos Radicais explicou que não
era propriamente ajuda, mas eles queriam participar daquele evento tão
importante, terminando por convencer o chefe da aldeia.
Quando mais tarde a missionária Kerley Permínio de Souza chegou à
aldeia, o chefe veio correndo e gritando: "Os brasileiros, os brasileiros".
Ela ficou preocupada, pensando que eles haviam feito alguma coisa erra-
da. Mas o grito era de euforia, pois todos ficaram impressionados com os
jovens radicais. O líder da etnia susu ali complementou para Kerley:
partir de hoje esses jovens não são apenas brasileiros, eles também são
susus; são do nosso povo". E o chefe chamou Josué Rodrigues Pacheco,
o líder dos Radicais, para tomar chá na casa dele. Esse ato, na cultura
muçulmana, significava que a partir daquele momento, eles queriam for-
SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Recife, 1 7 mar. 2008.
' 2"' Desde janeiro de 2002, Pastor Adilson é representante da JMM no Estado de São Paulo, tendo
feito várias viagens aos campos, dando apoio aos nossos missionários em vários países.
mar um laço de amizade com os radicais. No meio da conversa, o chefe
perguntou se eles estavam precisando de alguma coisa. Josué, iluminado
pelo Espírito de Deus, disse que era necessário ter um lugar para fazer
uma escolinha para as crianças. O chefe ficou entusiasmado pelo fato de-
les se interessarem pelas crianças. E Josué disse que a equipe iria ajudá-
las a melhorar de vida e aprender muitas coisas. O chefe perguntou o
que era preciso. Josué respondeu que precisavam de um terreno. O líder
da aldeia prosseguiu dizendo que ele poderia escolher o melhor lugar e
que seria de graça. Assim foi construído o local para a escola, oferecendo
todas as condições para o funcionamento do PEPE, e dando a oportuni-
dade para que naquele local fosse plantada mais uma igreja.
Josué disse que precisaria de dois jovens que falassem fluentemente
o francês e o susu, pois eles iriam ensinar ao professores em francês e
eles ensinariam as crianças em susu. E tudo aconteceu da melhor for-
ma possível, usando-se a Bíblia como livro texto. Dos dois professores
solicitados, um já é convertido. No dia da formatura da primeira turma
estavam todas as crianças uniformizadas e a Igreja cheia com a presen-
ça dos pais. No meio da cerimônia, o chefe se levantou, bateu palmas
e cinco jovens entraram pelo canto do corredor. Kerley perguntou o
que estava acontecendo, pois o grupo desejava abrir mais escolas. Veio
então a explicação: "Esses quatro jovens serão os futuros professores e
queremos que vocês os treinem". Assim, através do ensino, o nome de
Jesus tem sido proclamado para a glória de Deus.
A graça de Deus1286
Ana Thai& 287
Em novembro de 2007, um missionário da terra, ex-muçulmano, foi
"convidado" no horário de 23 horas, sendo interrogado até às 4h30min
do dia seguinte. Foi liberado e intimado a retornar na semana seguinte,
pois suas respostas não foram consideradas convincentes. Tendo em
vista que tínhamos reuniões em sua casa, sua esposa me chamou, e
'286 THAIS, Ana. Informativo missionário. Mensagem recebida por <edelfalcao@yahoo.com.br >
em 10 ago. 2008.
128- Ana Thais (pseudônimo) tem sido missionária entre muçulmanos por quatro anos no Egito,
Norte da África. Entre agosto e setembro de 2007 foi intimada pelas autoridade a se retirar do país,
retornando ao Brasil para aguardar definição sobre o seu novo campo de trabalho.
alegando problema de saúde dele e questão de segurança, solicitou
que deixássemos de realizar reuniões por um período. Concordei e fui
avisar sobre a decisão a todos que participavam, mas que eles deve-
riam continuar orando em casa. No dia marcado da outra audiência, o
obreiro da terra soube que a reunião em sua casa havia sido suspensa.
Isso o deixou contrariado, pelo que falou que não importava o que
houvesse, mas no dia seguinte a reunião em sua casa seria realizada.
Voltei às residências dos participantes para informar que haveria a reu-
nião. Ficamos em oração naquela noite do interrogatório.
Na delegacia, após as perguntas, o obreiro foi transferido para a de-
legacia de "torturas". Ele imaginou que nunca mais voltaria para a sua
residência. Na delegacia compareceu um alto oficial que lhe fez as per-
guntas de praxe, e depois pediu que ele explicasse qual era a forma usa-
da para evangelizar uma pessoa. O irmão respondeu que em primeiro
lugar ele falava sobre o Messias, depois entregava uma Bíblia para que a
pessoa aprendesse sobre Jesus. O oficial questionou sobre que parte da
Bíblia ele entregava primeiro. O irmão falou que era o Novo Testamento,
porque fala sobre a graça. O interrogatório continuou até às 4 horas da
manhã, quando o missionário falou sobre a graça de Deus para o oficial.
Depois foi liberado e chegou em casa muito feliz pela oportunidade de
testemunhar do evangelho. À noite daquele dia houve a reunião con-
forme planejado, para alegria de todos. É maravilhoso como Deus, na
sua graça, livrou nosso missionário, e como o nome de Jesus foi por ele
proclamado com muita coragem.
Fortalecendo a fé1288
Lécio Dornas1289
Khalil Samara é coordenador dos obreiros da terra no Oriente Mé-
dio, realizando um grande trabalho entre muçulmanos. Seu sogro tam-
bém é pastor e missionário autóctone dos batistas brasileiros, atuando
em Beirute, no Líbano. Deus colocou no seu coração a direção para
1288
DORNAS, Lécio. Fortalecendo a fé para entrarmos no Iraque. O Jornal Batista, Rio de Janei-
ro, ano 108, n. 42, p. 3, 19 out. 2008.
'28') Lécio Dornas é pastor da Igreja Batista Dois de Julho em Salvador, BA. Participou de uma
equipe composta de 16 pastores, que fez uma viagem missionária ao Oriente Médio, entre 23 de
setembro e 08 de outubro de 2008.
comprar um táxi e conseguir permissão para trabalhar exatamente na
área da cidade controlada pelo Hezbolá, que é o partido político que
está no poder. Sem dúvida ali se encontrava um dos contextos mais
perigosos de evangelização em todo o mundo. Mas Deus o chamou e
ele obedeceu.
Nosso obreiro nos contou que certo dia entrou em uma área que
estava sob intensa vigilância da guarda do Hezbolá. Ele entrou, come-
çou a distribuir folhetos e evangelhos e falar do amor de Deus. Quando
terminou e ia saindo, ouviu uns gritos, mas não ligou. Escutou, então,
estampidos de três tiros. Ele nos disse que não deu muita importância,
pois era comum ouvir gritos e tiros naquela região. Saiu, atravessou a
rua e entrou em uma barbearia. Estava falando com o barbeiro quando
sentiu alguém batendo em seu ombro. Olhou para trás e era um solda-
do do Hezbolá que lhe disse:
Como você se atreve a entrar nessa área e entregar estes papéis? Eu gritei para
você parar e você não parou. Tenho ordem para atirar em quem não pára quan-
do chamo. Atirei em você, dei três tiros. Vi o sangue saindo do seu corpo, então
você precisa morrer. Morre, morre!
12 % No site da JMM, o número total de países onde há missionários é 57, mas contando os cam-
pos onde o trabalho dos batistas brasileiros realizado anteriormente foi descontinuado, são cerca
de 70 países.
lívia. Não creio que seja o melhor momento, porque há problemas na Conven-
ção; existe também no país a tentativa de elementos de esquerda influenciarem
as autoridades governamentais. Assumimos a responsabilidade do trabalho ago-
ra e se houver cooperação de fora, será sempre bem-vinda, embora saibamos
que o Senhor nos ajudará de qualquer formal '.
12 "' DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
""`' COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Se estes se calarem... O Jornal Batista, 108, n. 31, p. 5, 03
ago. 2008.
SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 29 out. 2008.
jogará por terra o dia mau (Ef 6.13). Resta-nos permanecermos inaba-
láveis no cumprimento da missão que vem dele. Há muita terra para se
possuir, mas o Senhor está no comando. Ele não quer que o pecador
seja condenado, mas que se arrependa e creia no evangelho, conforme
nos diz o texto: "Não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor
Deus. Portanto, convertei-vos e vivei" (Ez 18.32).
Os anjos, como mensageiros de Deus estão ao nosso redor para nos
guardar (SI 34.7). Mas não foram eles que receberam a incumbência
de pregar a mensagem de arrependimento e fé aos pecadores perdi-
dos. Somos nós, como Igreja de Deus, que temos o dever de cumprir
a Grande Comissão deixada por Jesus. O mundo no coração de Deus,
que se transformou em mundo no coração de tantos que foram e es-
tão indo para missões, precisa ser ganho para Cristo. Temos feito algo,
mas ainda é muito pouco. À nossa frente está o novo século da história
da JMM, mas a volta de Cristo poderá ocorrer a qualquer momento,
quando nos julgará pelo que fizemos ou deixamos de fazer. O Senhor
falou à Igreja de Filadélfia sobre as obras que deveriam ser conservadas,
referindo-se ao fato de manter a Palavra com perseverança: "Venho
sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua co-
roa". Ap 3.11). A responsabilidade missionária é nossa e precisamos
com urgência cumprir a ordem de Jesus. A Rede de Intercessão está aí
com milhares de participantes. Entretanto, compreendemos que é mui-
to importante clamar ao Senhor, mas oração sem ação faz visionários,
enquanto oração com ação faz missionários. Cumpre-nos agir com o
melhor de nossas forças. A palavra do Senhor aos israelitas que queriam
parar ou andar par trás, quando reclamavam e clamavam ao Senhor,
foi muito clara: "Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que
marchem" (Ex 1 4.1 5).
O trabalho missionário tem sido feito muitas vezes através de con-
vênios. Eles são hoje, principalmente em certos países, indispensáveis
para o sucesso das realizações no campo. Mas antes disso a nossa par-
ceria principal é com Deus. Foi Ele que nos deu o ministério da recon-
ciliação: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra
da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo,
como se Deus exortasse por nosso intermédio" (2Co 19 e 20a). É este
Deus com o mundo em seu coração, que nos fez "ministros de Cristo"
(1Co 4.1 b). O que Ele requer de nós é fidelidade a toda a prova e que
também abracemos o mundo com amor, refletindo o que tem sido dis-
cutido neste livro: O MUNDO NO CORAÇÃO DE DEUS.
Para concluir, uma palavra pessoal que envolve aquele que, ilumi-
nado pelo Espírito de Deus, idealizou o escrito deste livro. A história
da JMM já estava por algum tempo no coração do Pastor Waldemiro
Tymchak. O seu rosto se encheu de esplendor e os olhos brilharam
quando começamos a traçar os planos e as diretrizes deste trabalho.
Para nossa primeira reunião em um dos hotéis da cidade do Rio de
Janeiro, ele e Acidália foram ao nosso encontro, e ali anotamos as pri-
meiras linhas do que viria a ser o projeto dos cem anos da JMM. Como
fomos abençoados pelo pouco tempo em que fizemos parte da equipe
de Missões Mundiais, usufruindo do calor humano, da paz e do carinho
que o Pastor Missões transmitia tão bem aos seus comandados!
Ele, que se tornara o pai de muitos, era nosso companheiro, pos-
suidor de conhecimento, traquejo e experiências mais profundas nas
lides missionárias. Mas logo na primeira viagem que realizamos, em
abril de 2007, quando encontrávamos geograficamente bem distantes,
ele partiu. Está nas delícias celestiais que um dia também haveremos
de gozar. Por isso, com a devida adaptação, repetimos a expressão que
o imortalizou logo após a sua partida para a eternidade: "Até breve,
Pastor Missões!"
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3. Relatórios e atas
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rente ao ano de 1955. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pare-
ceres. Rio de Janeiro: CPB, 1956, p. 90-95.
. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista Brasi-
leira, referente ao ano de 1956. Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios
e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1957, p. 59-65.
. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras. Convenção Batista Brasi-
leira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1959, p. 86-91.
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bléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1963, p. 113-127.
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WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Junta de Missões Mundiais: Coordenação
de Voluntários. Convenção Batista Brasileira: 88ã assembléia da CBB. Rio de
Janeiro: CBB, 2008, p. 92.
. Junta de Missões Mundiais: Américas. Convenção Batista Brasileira:
88ã assembléia da CBB. Rio de Janeiro: CBB, 2008, p. 97-100.
WEDEMANN, Walter et al. Trabalho na Bolívia. Convenção Batista Brasi-
leira: quadragésima sexta assembléia anual. Rio de Janeiro: CPB, 1964, p.
185.
ZAMBROTTI, Raphael. Relatório anual da Junta de Missões Estrangeiras da
Convenção Batista Brasileira referente a 1952. Convenção Batista Brasileira:
atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1953, p. 119-123.
. Relatório da Junta de Missões Estrangeiras, referente ao ano de 1953.
Convenção Batista Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro:
CPB, 1954, p. 93-98.
. Relatório das atividades da Junta de Missões Estrangeiras da Con-
venção Batista Brasileira, referente ao ano de 1954. Convenção Batista
Brasileira: atas, relatórios e pareceres. Rio de Janeiro: CPB, 1955, p. 113-
119.
5. Documentos especiais
BARROS, Luiz Carlos de. Carta ao Presidente e Diretor Executivo da CBB. Jun-
ta de Missões Mundiais, Rio de Janeiro, 17 set. 2007. Digitado.
CANDIEIRO, Terezinha Aparecida de Lima. Informes missionários. JMM, São
Paulo, 01 mar. 2007. Digitado.
CASTELLANOS, Enio L. Navarro; DURÁN, Aníbal Hernández. Resultado del
apoyo de Ia Junta de Misiones Miundiales de la CBB. Convención Bautista de
Cuba Oriental, Santiago — Cuba, 07 abr. 2007.
CID, Francisco. Resenha das atividades missionárias. JMM, Rio de Janeiro, 12
set. 1990. Digitado.
. Carta à Redação do Jornal de Missões. Arquivo Cid, Hortolândia, 28
jun. 2007. Digitado.
. Deus nos prova, mas não nos abandona. Arquivo Cid, Hortolândia,
29 out. 2007. Digitado.
. Missões no Paraguai: uma obra de fé. Arquivo Cid, Hortolândia, 29
out. 2007. Digitado.
CONVENCIÓN BAUTISTA DE CUBA ORIENTAL. Planillla para la legalizacion
del funcionamiento de las casas-culto. Convención Bautista de Cuba Orien-
tal, Santiago — Cuba, 07 abr. 2007.
FERNANDES, Tomé Antônio; FERNANDES, Elenice Chepuck. Norte da Índia e
Caxemira. JMM, Rio de Janeiro, maio 2008. Digitado.
GOMES, Silas Luiz. Resumo da trajetória e obra dos missionários Gomes. Ar-
quivo Gomes, Antofagasta, 06 jun. 2007. Digitado.
GRAVA VASCONCELOS. Marcos. Informações ministeriais. JMM, Santo An-
dré, fev. 2007. Digitado.
PEREIRA, Maria Ilza Lopes. Proyecto CABAMI: Casa Bautista de la Amistad.
Antofagasta — Chile, nov. 2003.
RANGEL, Elvira Maria Gonçalves. Carta manuscrita escrita em 18 jun. 2007.
TYMCHAK, Acidália. A vida é um conto ligeiro: uma homenagem ao Pr. Wal-
demiro Tymchak. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 17 jan. 2008. Digitado.
TYMCHAK, Waldemiro. Palavras ditas na posse. Arquivo Tymchak, Rio de
Janeiro, 28 ago. 1979. Digitado.
. Carta missionária. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 14 dez. 1992.
Digitado.
. O Brasil tem a cara do mundo. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 02
fev. 2002. Digitado.
. Tirando dúvidas. Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 16 abr. 2002.
Digitado.
. Missões em um mundo sem fronteiras. Arquivo Tymchak, Rio de Ja-
neiro, 21 jan. 2005. Digitado.
. Carta para Edelweiss Falcão de Oliveira. Arquivo Tymchak, Rio de
Janeiro, 26 set. 2005. Digitado.
. Por que Radical? Arquivo Tymchak, Rio de Janeiro, 15 fev. 2006.
Digitado.
6. Entrevistas
ALMEIDA, Irismênio Ribeiro de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira. Havana — Cuba, 09 abr. 2007.
AMADO, Marcos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. São Paulo, 28 out. 2007.
ARAÚJO, Marcos Vinicius Bomfim de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. La Linea de la Concepción — Espa-
nha, 21 ago. 2007.
BARBOSA, Ruth Genúncio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Itapira, SP 29 out. 2007.
BARROS, Luiz Carlos de. Entrevista concedida a Nancy Dusilek. Rio de Janei-
ro, 11 maio 2005.
. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro,
15 ago. 2008.
BATISTAS em Cuba. Entrevista coletiva concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
BONDARENKO. Andre. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
CALDEIRA, Jônatas Enéias; CALDEIRA, Juscelândia Septimio. Entrevista conce-
dida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Campinas,
SP, 30 out. 2007.
CID, Francisco. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
COSTA, Ana Maria da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
COSTA, Isaías Ramos da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun.
2007.
DANYK, Emanuil. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
DIDEK, Vasiliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
DUPONT, Joel L. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
DURAN, Aníbal Hernandez. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
DURAN, Ruben Dario Ganella. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de Ia Sierra — Bolívia, 03
jun. 2007.
FERNANDES, Tomé Antônio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 16 ago. 2007.
GALVÃO, Antonio Joaquim de Matos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Florida — Cuba, 08 abr. 2007.
GARCIA, Alex. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu
Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
GARCIA, João Fernandes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Toronto — Canadá, 12 abr. 2007.
GARCIA, Oscar Pereira. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
GODOI, Lian. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. São Luís,
19 jan. 2008.
GOMES, Aldair Ribeiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
GOMES, Silas Luiz. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 06 jun. 2007.
GUTIERREZ, Osbel. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
KEIDANN, João Carlos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Toronto — Canadá, 14 abr. 2007.
LA BANCA, Eliana Neves dos Santos LA BANCA LEDESMA, Hugo Guillermo.
Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Antofagasta — Chile, 05 jun. 2007.
LOTA, Diné René. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
MANDIRA, Lauro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio de
Janeiro, 13 maio 2008.
MARTELETTO, Luiz Cláudio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 14 set. 2007.
MASALKOVSTIY, Vladimyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
MATVEYEV, Lyubomyr. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
; SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Fal-
cão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 06 fev. 2007.
MENDES, Geoesley Negreiros. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
MIGALKO, Yuriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
MOTTA, Lygia Lobato de Souza. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 set. 2007.
NASCIMENTO, (lana Corrêa do. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
NAVARRO, Enio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Za-
queu Moreira de Oliveira. Santiago — Cuba, 06 abr. 2007.
NOGUEIRA, Gelson Atílio Ferreira; Nogueira, Cláudia Almeida Matos. Entre-
vista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira.
Jaén — Espanha, 17 ago. 2007.
NUNEZ, Narriman Soares Guimarães; NUNEZ ROMERO, Juan Carlos. Entre-
vista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Belém, 09 out. 2007.
OLIVEIRA, Catarina Boone Jacobsen de. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun.
2007.
OLIVEIRA, Daisy Santos Correia de. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de
Oliveira. Recife, 22 jul. 2008.
OLIVEIRA, Dalva Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 26 out. 2007.
OLIVEIRA, Eliezer Menezes de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira. Rio de Janeiro, 14 jul, 2007.
OLIVEIRA, Nelly Alves de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 03 jun. 2007.
OLIVEIRA, Renata Santos de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 15 maio 2008.
OLIVEIRA, Renato Reis de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 28 maio 2007.
OLIVEIRA NETO, Armando de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santiago — Chile, 08 jun. 2007.
PAGACIOV, Paulo César; PAGACIOV, Teresa Cristina. Entrevista concedida a
Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Para-
guai, 29 maio 2007.
PATRÍCIO, José Calixto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Providence, RI — USA, 19 abr. 2007.
PEREIRA, Maria Ilza Lopes. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Antofagasta — Chile, 05 jun. 2007.
PINA, David Tavares. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de Oliveira. Re-
cife, 20 out. 2007.
PINHEIRO, José Nite. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 12 set. 2007.
PIRES, Adoniram Judson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Madri — Espanha, 16 ago. 2007.
PIRES, Carlos Alberto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2007.
PRIETO, Maria Esther Vera. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
RANGEL PEREIRA, Elton; RANGEL PEREIRA, Miriam Baldassare. Entrevista
concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Sevi-
lha — Espanha, 25 ago. 2007.
ROCHA, José Cenário Alves da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
ROCHA, Teremar Lacerda de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira
e Zaqueu Moreira de Oliveira. Santa Cruz de la Sierra — Bolívia, 02 jun. 2007.
RUTTER, Ronald; RUTTER, Ana Augstroze. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira. Rio de Janeiro, 13 maio 2008.
SANCHES, Francisco Nicodemos. Entrevista concedida a Zaqueu Moreira de
Oliveira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
SANTOS, Adilson Ferreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Recife, 17 mar. 2008.
SANTOS, Edilon Moreira dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
SANTOS, Izilda Portela de Miranda. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira. Rio de Janeiro, 30 maio 2008.
SANTOS, Joabson dos. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 29 maio 2007.
SAVCHENKO, Vladimir. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 29 ago. 2007.
SCHMILIKHOVSKYY, Anatoliy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
SERPA PEREIRA, Jailson. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira.
Salvador, 20 out. 2007.
SILVA, Carlos Alberto da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Assunção — Paraguai, 30 maio 2007.
SILVA, Rosa Lúcia de Freitas. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Lisboa — Portugal, 14 ago. 2007.
SILVA, Ubirajara Pereira da. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra e Zaqueu Moreira de Oliveira. Cambridge — Canadá, 12 abr. 2007.
SOUZA, Francisco Antonio de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Hortolândia, SP, 29 out. 2007.
SOUZA, Kely Aline da Silva. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Olivei-
ra. Rio de Janeiro, 14 maio 2008.
SOUZA, Renato Cordeiro de; SOUZA, Jane Cristina Barbosa de. Entrevista
concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio
de Janeiro, 14 set. 2007.
SOUZA, Sócrates Oliveira de. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
STAPANOVICT, Antonyuk Valeriy. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Kiev — Ucrânia, 28 ago. 2007.
TYMCHAK, Acidália. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Rio
de Janeiro, 25 out. 2007.
TYMCHAK, Waldemiro. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e
Zaqueu Moreira de Oliveira. Rio de Janeiro, 02 abr. 2007.
VEIGA, Augusto. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira. Assun-
ção — Paraguai, 28 maio 2007.
VENTURINI DE SOUZA, Joed; VENTURINI DE SOUZA, Ida Helena Mazoni.
Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oli-
veira. Rio de Janeiro, 29 out. 2008.
WANDERLEY, Ana Maria Lemos Monteiro. Entrevista concedida a Edelweiss
Falcão de Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 20 ago.
2007.
WANDERLEY, Mayrinkellison Peres. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão
de Oliveira. Rio de Janeiro, 27 maio 2007.
WANDERLEY DA SILVA, Horácio. Entrevista concedida a Edelweiss Falcão de
Oliveira e Zaqueu Moreira de Oliveira. Málaga — Espanha, 18 ago. 2007.
Data Data N2 de
Nome Campo
Ida Volta anos
João Jorge e Prelidiana Frias de Portugal 1911 1919 8
Oliveira
Antonio Maurício/Alice Mignot Portugal 1919 1980 61
Maurício/Adalgisa Wanderley
Maurício Portugal 1966 1966 37
1970 1980
Achilles e Djanira Shchüller Portugal 1925 1926 2
Barbosa
Eduardo e Herodias Neves Portugal 1936 1941 5,5
Gobira
Waldomiro e Lygia Lobato de Bolívia 1946 1956 10
Souza Motta
Maria Bezerra do Nascimento Bolívia 1948 1954 6
Tiago Nunes e Creusa Jacques Bolívia 1949 1958 9
Lima
' `"' Esta relação dos missionários foi preparada por Nancy Dusilek, na pesquisa que realizou sobre
Missões Mundiais, no que se refere aos anos de 1911 a 2003. A lista foi complementada nos 5
últimos anos por Othon Ávila Amaral. Apenas os missionários efetivos nomeados nas reuniões da
Junta estão no quadro. Assim, não são incluídos os voluntários, temporários, radicais, membros
de equipes, estagiários, especiais e obreiros promocionais. Para cada casal foram mencionados os
dois nomes. São 521 missionários, sendo que 18 deles não chegaram ao campo. Há pequenas di-
ferenças de datas entre as informações deste quadro e o que está no texto. Isso deve-se ao fato de
aqui ser quse sempre considerado o ano de nomeação do missionário e não o da ida ao campo.
Hélcio da Silva e Odete Faria Portugal 1953 1961 8
Lessa
Japhet e Elcy Carelly Fontes Bolívia 1954 1957 3
Sebastião e Anterina Cunha de Bolívia 1955 1964 9
Souza
Margarida de Oliveira Bolívia 1958 1960 2
Maria da Silva Ferraz Bolívia 1958 1968 10
Nelly Alves de Oliveira Bolívia 1958 1966 8
Rita de Miranda Pinto Bolívia 1958 1972 14
Celita de Lima Coradello Bolívia 1960 1964 4
Henrique Wedeman Filho e Bolívia 1960 1966 6
Anete Silveira Wedeman
Edson e Ivone Duarte Salles Bolívia 1961 1969 8
Ageu Ferraz Ribeiro Bolívia 1962 1972 10
Agnelo Guimarães Barbosa Filho Bolívia 1962 1965 3
e Ruth Cernindo Barbosa Paraguai 1965 1976 11
Uruguai 1976 1981 5
Paraguai 1981 1988 7
Peru 1988 1990 2
Ana da Silva Lança Bolívia 1962 1966 4
Ezequias e Silvanira Garcia Bolívia 1962 1969 7
Mendonça
William e Creuza Rangel de Paraguai 1964 1965 1
Souza
Daniel Cardoso Machado Paraguai 1965 1989 24
Décia Barbosa Bolivia 1990 2002 12
Loide de Souza Silveira Paraguai 1965 1981 16
Maria Francisca Soares Bolívia 1966 1971 5
Dalva Santos de Oliveira Paraguai 1968 1991 23
Rep. Dominicana 1996 2002 6
Dilson Ramos e Paula Maria Paraguai 1970 1999 19
Abreu de Moraes
Jailce Silveira Santos Bolívia 1970 1981 11
Lucy Gonçalves Guimarães Portugal 1970 1976 6
Açores 1976 1982 6
Peru 1982 ? ?
Maria Luiza Ferreira Paraguai] 1970 1998 28
Rp.Dominicana 1999 2002 3
Milzede de Moura Barros Bolívia 1970 1972 2
Silas Luiz e Aldair Ribeiro Go- Bolívia 1970 1986 16
mes Chile 1987
Valnice Milhomens Coelho Moçambique 1970 1983 13
José Nite e Cilcéia Cunha Moçambique 1971 1976 5
Pinheiro Rodésia 1976 1977 1
Portugal 1978 1988 10
Oswaldo Ferreira e Maria Stela Portugal 1972 1985 13
Lopes Bomfim
Albertina Ramos da Silva Moçambique 1973 1976 4
Açores 1976 1977
Horácio Wanderley da Silva Bolívia 1973 1980 7
e Ana Maria Lemos Monteiro Espanha 1980
Wanderley
Levi Barbosa e Elizabeth B. da Angola 1973 1975 2
Silva
Eunice Brito Angola 1974 1976 2
Francelino Ferreira e Lourdes Paraguai 1974 1995 21
Rosa Barbosa
Francisco Antônio e Márcia Açores 1974 1983 9,5
Venturini de Souza Angola 1983 1983
Portugal 1983 2
Cabo Verde 1996 1998
Geraldo e Elvira Maria Rangel Uruguai 1974
Maria Ivonete da Costa Lopes Moçambique 1974 1976 2
Rodésia 1976 1077 1
Portugal 1978 2002 24
Marinete Wanderly de Lima Uruguai 1974 1981 7
Terezinha de Souza Bastos Paraguai 1974 1979 5
1981 1988 7
Arildo Mota dos Reis Pessoa e Paraguai 1975
Alice Maria D. Mota Portugal
Eldas Caldeira da Silva Paraguai 1975 1979 4
Elizabete Maria das Neves Novo Açores 1975 1977 2
Elton e Miriam Baldassare Ran- Paraguai 1975 1977 2
gel Pereira Açores 1977 1985 8
Portugal 1985 1991 6
Espanha 1997
Francisco e Raquel Gonzalez Cid Argentina 1975 1991 16
Paraguai 1991 1999 8
Francisco Nicodemos e Olívia , Açores 1975 1980 15
de Almeida Drummond Sanches Africa do Sul 1988
Hermezilha Pedrosa 1975
Isaías Ramos e Maria Lúcia da Bolívia 1975 1988 13
Costa 1993
José Carlos Gerhard e Silvia de Bolívia 1975 1980 5
Almeida Matos Portugal 1980 1985 5
Espanha 1985 1987 2
Juracy Lemos Argentina 1975 1988 13
Márcia Ah-Lai Vargas Moçambique 1996 2000
Rep.Dominicana 2001
Maria de L. Fernandes da Silva Paraguai 1975 1985 10
Noêmia Tavares dos Santos Uruguai 1975 1975 1
Argentina 1976 1982 6
José Calixto e Suely Mieko Sira- Venezuela 1976 1994 18
zawa Patrício Estados Unidos 1994 1996 2
Costa Rica 1996 2002 5
Estados Unidos 2002
Osvaldo e Anésima Bezerra Paraguai 1976 1980 4
Ganev
Carlos Alberto da Silva e Paraguai 1977
Lídia Sônia Klawa da Silva
Carlos Alberto e Abegair Lopes Espanha 1977
Pires Chile 1996
Espanha 1996 2001
Paulo Roberto e Carmem Lúcia França 1977 1987 10
Bernades Soda
Samuel e Marlene Serrão Mitt Bolívia 1977 1980 3
Portugal 1987 1996 9
Evódia Barbosa Gomes Uruguai 1978 1980 2
Uruguai 1981 1986 5
João Carlos e Gláucia Vasconce- Canadá 1978 1983 5
los Keidann
Olinda Silva Abreu Paraguai 1978
Jáder e Noemi Lucília Lopes Bolívia 1979 1981 2
Malafaia
João Fernandes e Lucimar Cal- Canadá 1979
vello Garcia
João Ferreira e Berenice Bastos Paraguai 1979 1992 13
de Almeida
Marides Leite Quintino Paraguai 1979 1982 3
Marlene Baltazar Nóbrega Moçambique 1979
Raquel Barcelos Paraguai 1979 1985 6
Moçambique 1985 1998 13
Ronald e Ana Augstroze Rutter África do Sul 1979 1988 9
Zimbábue 1988 1990 2
África do Sul 1991 2000 9
Antonio Joaquim e Deolinda Espanha 1980 1987 7
Veloso de Matos Gaivão Argentina 1987 1993 6
Paraguai 1993 1993 0,5
Diné René e Leila Lóta Açores 1980 1986 6
Portugal 1986 1991 5
Canadá 2008
Humberto Viegas e Marilene EUA 1980 1983 3
Andreone Fernandes
Jonas e Eth E Borges da Luz Paraguai 1980 1991 10
Levy José e Léa Souza Penido Equador 1981 1987 6
Sônia Pereira Pinto Venezuela 1981 1984 3
Carlos Roberto e Mônica Malfe- Peru 1982 1991 9
tana B. de Oliveira Costa Rica 1991 1996 5
México 1996 2000 4
Eli Bento e Maria Cristina R. Argentina 1982 1989 7
Corrêa
Idelfonso Alexandrino dos San- Colômbia 1982 1993 11
tos Francisco e Miriam Thomp-
son M. Santos
José Célio e Elizabet Mota de Equador 1982 1994 12
Andrade
Jussara Padovani Moçambique 1982 1984 2
Cristóvão Nunes Borges Bolívia 1983 1986 3
Josileuza Borges Costa Rica 1993 1998 5
Denise Pinto dos Santos Bolívia (T) 1983 1986 2
Genésio Custódio Neto (T) 1983
Isaura Monteiro Barbosa Bolívia (T) 1983 1986 2
Ivany Alves de Oliveira Uruguai (T) 1983 1984 1
Jeferson Roberto Mendes Paraguai (T) 1983 1986 2
João Batista da Costa Bolívia (T) 1983 1984 1
João Luis da Silva e Célia Borges Bolívia (T) 1983 1984 1
Manga Guiana 1990 1998 8
El Salvador 1998 2002 4
José Francisco e Risemar Confes- Macau 1983 1987 4
sor do Amaral
José Ramos da Costa Equador (T) 1983 1986 3
Maristela Duleba Uruguai (T) 1983 1984 1
Marta Oliveira Bolívia (T) 1983
Marta Ramos do Nascimento Bolívia 1983 1984 1
Chile 1987 1990 3
Miriam Pereira Ramos Uruguai (T) 1983 1986 2
Nadir Nunes das Neves Uruguai (T) 1983 1986 2
Noêmia Gabriel da Silva Moçambique 1983 1990 7
1995
Osvaldo de Jesus Moraes Paraguai (T) 1983 1986 2
Rosana Baptista Bolívia (T) 1983 1986 2
Sebastião Lúcio e Rosalee Elbert Moçambique 1983 1988 5
Guimarães
Sueny da Costa Pinto Angola 1983 1988 5
Moçambique 1988 1994 6
Ubirajara Pereira e Alya Gonçal- Canadá 1983
ves da Silva
Flávio Strini e Neusa Esperandio Canadá 1984 2000 16
dos Santos
José Arlindo e Raquel Costa dos Uruguai 1984 2001 17
Santos
José Cenário Alves da Rocha e Bolívia 1984
Teremar Rocha
Narriman Soares Guimarães Chile 1984
Nilo Pinheiro de Moura Equador 1984 1986 2
Pedro Alves Cardoso e Walkiria África do Sul 1984 1986 2
de Azevedo Cardoso
Regineide Menezes de Lima Paraguai 1984 1991 7
Rosa Maria Lopes de Abreu Paraguai 1984 1986 2
Silas Araújo Matos e Maria Regi- 1984
na S. Matos
Talita de Souza Rodrigues Angola 1984 1986 2
Ana Loide Soares Leão Bolívia 1985 1987 2
Bolívia 1988 1993 5
Rep. Dominicana 1993 2000 7
Cabo Verde 2001
Ana Maria Faria Alcântara Venezuela 1985 1988 3
1989 1992 3
Ilzete Santos da Silva Paraguai 1985 1987 2
Chile 1988 1989 1
Jacy de Souza Peru (T) 1985 1987 1
Jane Ferreira Pontes Peru (T) 1985 1986 1
Lúcio Casasanta de S. e Cirlei Açores 1985 1993 8
Queiroz C. Pereira , Portugal 1993 1996 3
Africa do Sul 1996 1999 3
Marise do Bonfim Pereira Bolívia 1985 1987 2
Bolívia 1991 1994 3
Rp. Dominicana 1994 1996 2
Ranulfo Gomes dos Santos Bolívia (T) 1985 1987 2
Renato Cordeiro e Jane Cristina Portugal 1985 1998 13
Barbosa de Souza
William e Sônia Regina da Silva Chile 1985
Wojcicki
Almyr Ricardo Chaffin e Suely Venezuela 1986 1995 9
Valentim Martins
Carlos e Shirley Alves Arcos Uruguai 1986 1988 2
Chile 1989 1992 3
Guiné Equat.l 2001
Ceila Ferreira Borges da Luz Bolívia 1986 1988 2
Eliseu Roque e Luciene S.F. do Paraguai 1986 1989 3
Espírito Santo Argentina 1991 1994 3
Érica Gerli Linauer Chile (T) 1986 1988 2
Paraguai 1989 1990 1
Chile 1991
Evenos Luz Nunes Bolívia 1986 1988 2
Jane de Carvalho Luz Zimbábue 1995
Heloisa Batista Amaro Paraguai 1986 1987 1
Joezer Lima e Diná Portela de Espanha 1986 1996 10
O. L . de Aguiar
Odenir Figueiredo Junior Paraguai 1986 2001 15
Eliana Cordeiro Figueiredo
Otília da Silva Uruguai 1986 1988 2
Bolivia 1989 1990 1
Moçambique 1990 2000 10
Botsuana 2000
Analita Dias dos Santos Chile (T) 1987 1989 2
Guiné-Bissau 1996
Heinrich e Olga S. Friesen Equador 1987 1991 4
Romênia 1992 1999 7
Equador 2002
Lauro e Thereza Campaner África do Sul 1987 1989 2
Mandira 1999
Maria das Dores Santos Bolívia (T) 1987 1989 2
Moçambique 1991 1998 7
Zimbábue 1998 2000 2
Noeme Braga Barcelos Bolívia 1987 1988 1
Ruth Martins Bolívia (T) 1987 1989 2
Bolívia 1989 1998 9
Tomé S. C. F. e Elenice Chepuck Inglaterra 1987 1991 4
Fernandes India 1992 1999 7
Portugal/índia 2000
Waldeci Anacleto e Adelioneide Angola 1987 h 1994 7
E de Brito
Carmem Lígia E de Andrade Bolívia 1988 1991 3
Bolívia 1991 1993 2
Rp. Dominicana 1993 2000 7
Cabo Verde 2001
Idimar e Gerusa Duarte Gomes Argentina 1988 1991 3
Finco Bolívia 1983 1984 1
Rp. Dominicana 1991 2001 10
Jackson Roberto Rondini Canadá 1988
Noemi E da Silva Rondini
Marlene Tiede Paraguai 1988 1989 1
Chile (T) 1989 1991 2
Chile 1991
Maura Ramos de Oliveira Bolívia 1988 1990 2
Bolívia 1991 1992 1
Rosângela Ferro Dias Uruguai 1988 1990 2
Angola 1991 1993 2
Angola 1995
Terezinha Aparecida Lima Uruguai 1988 1990 2
Moçambique 1991 1993 2
Moçambique 1995
Alaíde M. de Oliveira Inglaterra (T) 1989 1992 3
Davi Liepken Bolívia (T) 1989 1991 2
Paulo e Virginia Moreira Leste 1989 1999 10
Europeu
Paulo Ribeiro e Telma M. Almei- Peru 1989 1998 9
da Simões
Alceir Inácio e Cenilza Ferreira Uruguai 1990 1993 3
Colômbia 1993
Analzira Pereira do Nascimento Angola 1990
Aparecida Lina Camelo 1990
Davi Lins e Edna Mota Leão de Chile 1990 1992 2
Oliveira
Élbio Délfi Márquez Guimarães Argentina 1990 1995 5
e Adilene Vieira M. de Márquez Panamá 1995 2000 5
Venezuela 2000 2002
Eliane Soares Cerqueira Chile 1990 1994 4
Moçambique 1994 1997 3
Ester Penha da Silva Uruguai 1990
Cabo Verde 1997 1998 1
João Osmar Bento e Valdisa de Açores 1990 2002
Oliveira
João e Sônia Tibúrcio da Silva Angola 1990 1994 4
Rosemary Rodrigues Uruguai 1990
Joabson e Maria Lina dos Santos Paraguai (T) 1991 1997 6
1997 2000 3
2001
Joed e Ida Helena M. Venturini Portugal 1991 1994 3
de Souza Guiné Bissau 1994
Luiz Carlos e Mariza Costa dos Itália 1991 1993 2
Santos
Anália da Silva Queiroz Venezuela 1992 1992 1
Elias Costa e Valdete Pinheiro Japão 1992 1998 6
Lacerda
Josias Cardoso e Lícia Marlene E Equador 1992
Machado
Miquéias da Paz e Dione de África do Sul 1992 1993
Almeida Barreto
Rosa Lúcia de Freitas Silva África do Sul(T) 1993
Açores
Dimas de Souza Filho Paraguai (T) 1993 1997 4
Lilia Rita Venturini de Souza Paraguai 1997 2000 3
Cabo Verde 2001
Eliana Neves dos Santos La Chile (T) 1993 1997 4
Banca Chile 1997
José Carlos de Castro Paiva Venezuela 1993 2001 7
Maria Eni Paiva
Marcos Stier e Silvana Leoni Paraguai 1993
Calixto Povos Arabes
Oswaldo Luiz Gomes e Eliana África do Sul 1993 1994 1
Pitzer Jacob Botsuana 1998 1998
Adoniram Judson e Raquel Senegal 1994 1997 3
Porcides Pires Espanha 1999
Elierte e Maria Marinati Pereira Guiana (T) 1994 1996 2
Eray Proença Muniz Rep.Dominicana 1994 1995 0,5
Gerson Tomaz e Sônia Maria da Romênia 1994
Silva Tomaz
Gladimir Nunes e Márcia (sane Inglaterra 1994
S. Fernandes Tailândia 1997
Jair Reis e Rawlianne Rangel Portugal 1994 1999 5
Campos
Jânio C. e Marlene Nunes Portugal 1994
Joel Santos e Susana S. Costa Ucrânia 1994
Luiz Amaro e Orleusa Arruda Taiwan 1994 2002
da Silva
Manoel Florêncio Filho e Albânia 1994 1998 4
Raquel Carneiro Florêncio Itália 1998
Rikuo Suzuki (Dr.) Portugal 1994 1996 2
Sebastião Carlos e leda Cardoso EUA 1994 1999 5
Baptista
Sérgio da Silva e Janice de Car- Moçambique 1994 2000 6
valho Oliveira Botsuana 2000
Veralúcia Ferreira da Rocha Senegal (T) 1994 1997 3
1997
Alex Ojcius Leste Europeu 1995 1999
Carlos Flávio e Estela Mary Egito 1995
Siqueira Freitas
Cirlei Bispo de Moura Rep. Dominicana 1995 1997 3
Equador 1997 2000 3
Claudia Renata Pereira Guaiana 1995 1997 2
Paraguai 1997 1998 1
Egito 2000
Darcy Ferreira Santos Guiana 1995 1997 1,5
Elias Balbino e Marta de Jesus Moçambique 1995 1997 2
Nogueira de Lima São Tomé 1998 2000 2
Moçambique 2002
Gelson e Claúdia Nogueira Espanha (T) 1995 1997 2
Espanha 1997
Narciso e Mardilene Tinoco da Açores 1995
Silva Braga
Ricardo Ramos Silva e Peru 1995
Marilza Pena Ramos
Amariz Brás Correia Bolívia 1996 1998 2,5
Ana Maria Costa Paraguai (T) 1996 1998 2
São Tomé 1999 2002
Paraguai 2003
Daniel Duarte e Clélia Kerne de Uruguai 1996
Oliveira
Jonas Darq e Regina de Souza Angola 1996 2000 4
Moisés Pinheiro Menezes Júnior Chile (T) 1996 1998 2
e Sali Waldow Menezes Ucrânia 1998 2001 3
Rita de Fátima de Oliveira Panamá 1996 1997 1
Rep. Dominicana 1997 1999 2
Roselene Nogueira Paraguai 1996
Zilmar Ferreira Freitas África do Sul 1996 1997 1
Adjamar e Adrianie T. Goudard Inglaterra 1997 1998 1
da Silveira India 1998 2000 2
Antonio da Silva e Rosinalva Equador 1997 2001 4
Figueiredo
Celmi Ledo Rodrigues Equador 1997
Edna Ferreira Dias Guiné Bissau 1997
Eliane da Silva Pinheiro Japão 1997
Ismail Gurgel Pereira e EUA 1997 1999 2
Regina Célia Carvalho Gurgel
Jorge Edmundo e Dulcerly Pires Cabo Verde 1997 2000 3
Sarria Tejada Rep. Dominicana 2001
José Aparecido Ferreira e Nicéa Inglaterra 1997 1998 1
de Hollanda Lopes Egito 1998 2001 3
Leno Lúcio Souza e Raquel Bolívia 1997 2001 4
Priscila Rissete Franco Ucrânia 2002
Marcos Barbosa e Penha S. Alves EUA 1997 1999 2
Maristela Almeida da Costa Angola 1997
Neli Carvalho da Conceição Bolívia 1997 2001 4
Vera Lúcia Gonçalves Ferreira Polônia 1997 1998 1
Miguel Zugger Palestina 1997
Wellida Ney Rangel Veiga 2000
Fabiano e Anne Muniz Costa Itália 1998
Nicodemo
Gilberto Gonçalves e Jaqueline Angola 1998
Campos
Girlan Sérgio e Denise Costa Moçambique 1998
Ferreira da Silva
Ivonete Maria dos Reis Senegal 1998
Khalil e Tereza Samara Oriente 1998
Médio
Marcos Grava Vasconcelos Hong Kong 1998
Maria Aparecida França da Silva Bolívia 1998 2000 2
Colômbia 2001 2001 1
Bolívia 2002
Maria Bernadete da Silva Itinerante 1998 1999 1
Vitor Hugo e Linéa Mendes de EUA 1998 2000 2
Sá
Jorge Schutz Dias Promocional 1999 2002
Kerley Permínio de Souza Guiné Conakri 1999
Marco Antonio P e Regina Turquia 1999
Sant'anna Diógenes
Maria do Socorro Cândido Afeganistão 1999 2002
Shinobu e Izabel Cristina Hino Japão 1999
Walter e Alzira Freire Senegal 1999 2001 2
França 2002
Adriana Pereira Moçambique 2000 2002
2002
Armando de Oliveira Neto e Chile 2000
Catarina B. Jacobsen de Oliveira
Corneliu Boingeanu Romênia (Esp.) 2000
Daniel e Ana Laura Rangel Chile 2000
Jailson e Ana Cristina Serpa Senegal 2000
Joel e Lúcia Martiniano Peru 2000
Maria Ilza Lopes Chile 2000
Melquizedeque e Evangilene Venezuela 2000
Valdicilene M. Nascimento Bolívia 2000
Waudeque Felismino e Ana Japão 2000 2001 1
Maria
Cléber e Elaine Balaniuc África do Sul 2001
Denison e Patrícia Timor Leste 2001 2001
Ezequiel Batista e Ione Batista Portugal 2001
da Luz
Herodiel Mendes Bastos O. Promocional 2001
Ivanete Maria de Gama Bolívia 2001
Joabson e Maria Lina Paraguai 2001
Jônatas Enéias e Juscelândia Sep- Índia 2001
tímio Caldeira Filipinas 2008
Josué e Maria Izabel Ferreira Angola 2001
Maria Alice Chagas Índia 2001
Maria Aparecida Moysés Moçambique 2001
Othon Ávila Amaral Promocional 2001
Paulo e Tereza Pagaciov Cabo Verde 2001 2002
Paraguai 2002
Rosângela Batista São Tomé 2001
Sílvia Santana Silva Turquia 2001
Eliseu e Dagmar Freitas Pov.Ára. França 2002
Amo Húbner Promocional 2002
Cristiane de Jesus Oliveira Angola 2002
Burkina Faso 2008
Eugênio e Esther Wolyniec Ucrânia 2002
Fábio Pegas Peres Itália 2002
Helio e Maria Miúra Japão 2002
Jurandir e Luzinete Pereira China 2002
Lamartine e Kátia Fernandes Tailândia 2002
Luci mar de Souza Peru 2002
Ricardo e Adriana Rocha China 2002
Antonio e Shirley da Silva Brasil/Bolivia 2003
Parceria c/JMN
David e Sheila H. Alencastre Moçambique 2003
Flávio e Carla Jordânia 2003
Hans e Úrsula Fucks Angola 2003
Samira dos Santos Pacheco Cazaquistão 2003
Luiz Fernando e Kezia Lima Brasil/Venezuela 2003-
Parceria c/JMN 05-15
Ilca Gomes Guedes São Tomé e Princ Abr/03
Altair e Neila Prevedello Japão Abr/03
João Caio e Astride Bottega Itália Jan/03
Marcos Vinicius e Sylvia Araujo Espanha Mai/03
Fabiano e Patrícia da Silva África do Sul 2004
Betânia Maria de Albiuquerque Sudão 2004
Richarles e Vanda Rampázio Equador Jor- 2004
dânia
Ilva Rocha Araújo de Oliveira Indonésia 2004
Hans e Úrsula Fuchs Angola 2004
Jairo e Leonésia Alves África do Sul 2004
Edimar e Vanusa Guimarães África do Sul 2005
Maria da Conceição Antonio África do Sul 2005
Adriana Noeme da Silva Egito 2005
Filipe Cunha Teixeira Portugal 2005
Joseane de Souza Lima Peru 2005
Humberto e Elizângela Chagas Senegal 2005
Milton e Patrícia Sanches Portugal 2005
Erly e Fátima Gonçalves Moçambique 2005
Karina de Paula Gonçalves Alves Angola 2005
Silvânia Maria da Costa Timor Leste 2005
Regina Célia de Oliveira Romênia 2005
Vládia Maria Silva Soares Peru 2006
Ricardo e Priscila Magalhães Portugal 2006
Roberto Bragança Romão Malásia 2006
Evaldo e Vanete Teixeira Timor Leste 2006
Hans e Elaine Behrsin Letônia 2006
Leandro e Flaviana Tinoco China 2006
Maria Regina Corrêa Tunísia 2006
Vera Lúcia Corrêa Tunísia 2006
Valdecir e Eliane de Freitas Malásia 2006
Lílian Marina Benitez Grance Guiné-Bissau 2006
Antonio e Sirley da Silva Bolívia 2006
Roberto e Elizabeth Macharet Espanha 2006
Henrique e Henriqueta Davanso Albânia 2006
Pechoto
Cláudio e Andréia Azevedo Peru 2007
Cláudio e Carla Mendes Etiópia 2007
Oswaldo e Denise Mattos Romênia 2007
Inis Quirino Santos Egito 2007
Diego e Stella Lopes África do Sul 2007
Deivison e Ana Luíza Costa Marrocos 2007
Maria Lucinalva Dias de Oliveira Guiné Equatorial 2008
Nely Soares de Souza Guiné Equatorial 2008
Fernando e loni Pasi Itália 2008
William e Márcia Carrilho Chile 2008
Odete Dossi Peru 2008
Levy e Lúcio Godinho São Tomé e 2008
Príncipe
Maria Alice Delleve Chagas China 2008
Fernando e Cristalina Félix Japão 2008
Milton e Patrícia Sanches Portugal 2008
Gleyce Guimarães Meirelles Cazaquistão 2008
Antônio e Aline Álvares Chile 2008
Andréia Conceição dos Santos Senegal 2008
Crisóstomo
Jefferson e Ivanice das Chagas China 2008
Maria Rejane do Nascimento Paraguai 2008
Joseane de Souza Lima Equador 2008
Ronaldo e Ana Paula Lourenço Senegal 2008
Flaviana Tenório de Mendonça China 2008
Ti noco
José Antônio e Maria Isabel Jordânia 2008
Mostacato
Roberto e Aline Romão Malásia 2008
Vládia Maria Silva Soares Paraguai 2008
Adriana Justina do Nascimento Angola 2008
Eula Maria Gonçalves Peru 2008
Fladimir e Miriã Souza Malásia 2008
Ricardo e Priscilla Magalhães Portugal 2008
Jonilza Gomes Costa Angola 2008
Ana Lúcia Ferreira Gonçalves Colômbia 2008
Roberto Carlos e Edna dos África do Sul 2008
Santos Rocha Carmona
Danielle Ferreira de Souza Senegal 2008
Renata Santos de Oliveira ? 2008
Aline Christine Caetano Siqueira ? 2008
ANEXO B — Executivos da JMM
Salomão Louis Ginsburg — 1907 a 1911
Ernesto Alonzo Jackson — 1912 a 1915
Menandro Martins (interino) — 1914
Otis Pendleton Maddox — 1915 a 1917
Salomão Louis Ginsburg (interino) — 1916 e 1917
Leônidas Lee Johnson — 1918 a 1919
Menandro Martins — 1919 a 1924
Thomaz Lourenço da Costa — 1924 a 1933
Francisco Manoel do Nascimento (interino) —1930
Ricardo Pitrowsky — 1934 a 1936
Francisco Manoel do Nascimento — 1936 a 1942
Egidio Gioia (interino) — 1942
Manoel Correa Monteiro — 1942 e 1943
Pedro Gomes (interino) 1943
Moysés Silveira — 1943 a 1953
Emanuel Fontes de Queiroz (interino) — 1951
Moysés Silveira (interino) 1952
Raphael Zambrotti — 1952 a 1955
Letha Myrtle Saunders (interina) — 1955
Alcides Telles de Almeida — 1956 a 1979
José dos Reis Pereira (interino) 1979
Waldemiro Tymchak — 1979 a 2007
Sócrates Oliveira de Souza (interino) — 2007 e 2008
ANEXO C — Presidentes da JMM
William Henry Cannada — 1907 e 1908
William Buck Bagby — 1909
1908 a 1913 não encontrado
João Augusto de Gouveia — 1914
William Edwin Entzminger — 1915
Francisco Fulgêncio Soren — 1916
1917 e 1918 não encontrado
Harvey Harold Muirhead — 1919
1920 a 1924 não encontrado
Maxcy Greco White - 1925
Manoel Ignácio Sampaio — 1926
Severo M. Pazo — 1927 e 1928
Ricardo Pitrowsky — 1929 e 1930
Francisco Miranda Pinto — 1931 a 1934
Thomaz Lourenço da Costa — 1935 a 1938
Pedro Gomes de Melo — 1939 e 1940
Ricardo Pitrowsky — 1941
Edgard Soren — 1942 e 1943
1944 a 1946 não encontrado
Alberto Araújo — 1947
1948 não encontrado
José dos Reis Pereira — 1949 a 1966
Alberto Blanco de Oliveira 1967
Roque Monteiro de Andrade — 1968
Hélcio da Silva Lessa — 1969
José dos Reis Pereira — 1970 a 1974
Suman Gomes — 1975 e 1976
José dos Reis Pereira — 1977 a 1982
Hélcio da Silva Lessa — 1982 e 1983
José Alves da Silva Bittencourt — 1984
Salovi Bernardo — 1985 a 1987
Jezimiel Norberto da Silva — 1988
César Thomé — 1989
José Almeida Guimarães — 1990
Josué Melo Salgado — 1991
Hartmut Richard Glaser — 1992
Belardim de Amorim Pimentel — 1993 e 1994
Helio Schwartz Lima — 1995 e 1996
José Laurindo Filho — 1997 e 1998
Oliveira de Araújo — 1999
Marcilio Sebastião Gomes Teixeira — 2000 e 2004
Miquéias da Paz Barreto — 2005 e 2006
Abegair Lopes Pires, 59, 162, 215, 354, 399
218, 231, 235, 515 Aldair Ribeiro Gomes, 133-34,
Achilles de Vasconcelos Barbosa, 137, 194, 232, 425
78-80 Alfredo Dagis, 110
Acidália Tymchak, 22, 171-74, Alina Câmara Costa, 340
177, 179, 346, 520 Altair Prevedello, 286
Adelioneide Feitosa de Brito Ana- Alya Gonçalves da Silva, 221, 224-
cleto, 210 25, 467
Adilene Monteiro Márquez Gui- Alzira Freire, 215
marães, 202, 244 Ana Augstroze Rutter, 207, 259,
Adilson Ferreira dos Santos, 312- 476
14, 339, 485, 509 Ana Cristina de Araújo Serpa Pe-
Adjamar Silveira, 280 reira, 318-19
Adoniram Judson Pires, 217-18, Ana da Silva Lança, 131
305, 316-18, 447-48, 482 Ana Laura Luzardo Cuello, 144,
Adriana Pereira Marcolino, 323, 201
374 Analita Dias dos Santos, 305, 320-
Adriana Silveira, 280 22
Adriana Sotelo Morari Rocha, Ana Loide Soares Leão, 246, 268,
273, 358 415
Agenor Miranda de Araújo (Cazu- Ana Lúcia Rosa Pereira, 269
za), 361 Analzira Pereira do Nascimento,
Ageo Ferraz Ribeiro, 131 211-15, 365, 367, 370, 372,
Agnelo Guimarães Barbosa Filho, 395
131, 140, 145, 196, 228, 351 Ana Maria da Costa, 268, 361,
Agostinho de Hipona, 150 479
Alceir Inácio Ferreira, 201, 230, Ana Maria Felismino, 286
266 Ana Maria Lemos Monteiro Wan-
Alcides Telles de Almeida, 26, derley, 135, 180, 190, 194,
110, 113-18, 138, 166, 260, 216, 408, 456
Ana Thais, 312, 510 Brown, David, 334, 342
Anatoliy Schmilikhovskyy, 179-80, Brown, Sheila, 342
294-97, 301, 414, 446, 507
Andréa Chrysostomo, 142, 370 Calixto Patrício, José, 148, 202-
André Bondarenko, 297 05, 230, 239, 243, 250, 355,
Anduino Nunes Correia, 61 397, 461, 491
Anésia Ganev, 143 Calné de Oliveira, 395
Anete Silveira Wedemann, 131 Cannada, Willliam Henry, 46
Anne Muniz Costa Nicodemo, Carey, Guilherme, 257, 338
242 Carla Decorelli Mendes, 271
Anterina Lopes da Cunha Souza, Carlos Alberto da Silva, 143, 199,
129, 132, 151 200
Antônio Barbosa Reis, 340 Carlos Alberto Pires, 59, 162-63,
Antonio Lopes, 117 215, 218, 231, 234-35, 515
Antonio Tiago de Souza Pereira, Carlos David Arcos Paez, 268,
157 270
Armando de Oliveira Neto, 234, Carlos Flávio Freitas, 307
435-36, 495 Carlos Roberto de Oliveira, 227-
Augusto Veiga, 200 28, 240, 243-44
Carmem Lígia Ferreira de Andra-
Bagby, Ana Luther, 38 de, 246, 268, 415
Bagby, William Buck, 38, 46 Carmem Lúcia Bernardes Sória,
Balbino Mercado, 110 160, 215
Banzo, Hugo, 191 Catarina Boone Jacobsen de Oli-
Bayssa Erena, Samuel, 256, 270-71 veira, 234-35, 435
Behrsin, Hans Gilson, 303 Célia Miranda Borges Manga, 236,
Bell, Lester, 120, 123 244, 357
Benedita Caeyrama, 286 Celita de Lima Coradello, 131-32
Berenice Bastos de Almeida, 196 Cenilza Andrade Ferreira, 201,
Bertha Afiez Pedrial, 132 230, 266
Boccacio, Giovanni, 241 Chris, Gumunyus, 266
Bonifacio Blanco, 458-60 Cilcéia da Cunha Pinheiro, 153,
Bosch, David, 31 156, 186
Bowen, Thomas Jefferson, 37 Cirlei Moura, 247
Bratcher, Lewis Malen, 33, 98 Cirlei Queiroz Casassanta Pereira,
Bráulio Silva, 71 188
Claros Mercado, 110, 127 Denison Augusto Baptista, 288
Cláudia Almeida Matos Nogueira, Deolinda Veloso de Matos Gaivão,
218 153, 156, 199, 202, 216, 346
Cláudia Renata Pereira, 305 Deter, A. B., 39, 172, 388
Cláudio Luiz Mendes, 271 Diego Monteiro Lopes, 265
Clélia Kerne de Oliveira, 201 Dilson Ramos Moraes, 141-42
Colombo, Cristóvão, 245 Dimas de Souza Filho, 267
Crabtree, A. R., 118 Diná Portela de Oliveira Lima de
Creusa Jacques Lima, 107, 130 Aguiar, 217
Creusa Rangel de Souza, 139-40 Diné René Lota, 181, 185, 188,
Creuza Motta, 470, 490
Cristiane Amaral Félix Dias, 286 Dione de Almeida Barreto, 264,
Cristiane de Jesus Oliveira, 265, 364
372 Djanira Schüller Barbosa, 78, 80
Dmytro Bucky, 294
Dagmar Freitas, 215 Dulcerly Judson Pires Sarria Teja-
Daipa Candieiro, 414 da, 235, 246, 267
Dalva Santos de Oliveira, 140-41, Dunstan, A. L., 45
197, 246, 427, 465, 492 Duran, Dario Ganella, 196
Damian Sesary, 132
Daniel Cardoso Machado, 132, Eanes, António Ramalho, 87
135, 193 Edelweiss Falcão de Oliveira, 29,
Daniel Duarte de Oliveira, 201 157, 182, 254, 298, 327, 498
Daniel Gonçalves Rangel, 144, Edileuza da Silva, 320
201 Edilon Moreira dos Santos, 502
Daniel Prado, 463-64 Edimar Guimarães Pereira, 265,
Dante Aliguieri, 241 504, 505
Davi Candieiro, 364 Edivaldo da Silva, 320
David Jacobsen de Oliveira, 436 Edivaldo Marcolino, 323, 374
David Hoffman Alencastre, 208 Edmilson Meireles Guerra, 347
Deborah Jacobsen de Oliveira, Edna Ferreira Dias, 305, 320, 321
436-37, 496 Edson Arantes do Nascimento
Décia Barbosa Lopes, 131-32, (Pelé), 25, 381
193-94 Edson Saltes, 131
Denise Costa Ferreira da Silva, Eduardo Teixeira de Mattos, 65
266 Elaine Behrsin, 303
Élbio Delfi Márquez Guimarães, Engels, Friedrich, 289
202, 244, 369 Enoch Quiavaúca, 212
Elcy Carelli Fontes, 110 Enoque Medrado, 100, 417
Eldas Caldeira da Silva, 143 Entzminger, William Edwin, 121
Elenice Chepuck Fernandes, 277, Ernandes Pinheiro, 488
279-80 Ernesto Serrão, 457-58
Eliana Bess d'Alcântara Fonseca, Esdras Gaspar, 427
307 Estela Mary Siqueira Freitas, 307
Eliana Neves dos Santos La Banca, Ester Pires, 515
235, 434 Esther Vera Prieto, Maria, 437
Eliana Simea da Costa, 426 Evaldo Teixeira, 288
Eliane Jacob, 364 Evenos Luz, 208
Elias Balbino de Lima, 207, 268 Evódia Barbosa Gomes, 145, 201
Elias Costa Lacerda, 285 Ezequias Mendonça, 131
Eli Bento Correia, 202 Ezequias Santana, 212
Elierte Pereira, 237 Ezequiel Batista da Luz, 358, 383
Eliezer Menezes de Oliveira, 209,
441-42 Fabiano Araújo, 267
Eliseu Freitas, 215 Fabiano Nicodemo, 242
Eliseu Roque do Espírito Santo, Falcão Sobrinho, João, 116
202 Fanini, Nilson do Amaral, 411-13
Elizabete Guimarães Macharet, Fausto Aguiar de Vasconcelos,
219 343
Elizabeth Barbosa da Silva, 158, Fausto de Vasconcelos, 99-100
209 Fabriciano Pacheco, 106
Elizabeth Mota de Andrade, 191, Fernando Félix Dias, 286
226 Fidel Castro, 247, 249
Elizangela Andrade Medeiros Cha- Flávio Strini dos Santos, 221
gas, 373 Francelino Ferreira Barbosa, 142
Eloi Coelho, 456 Francisco Aguiar do Amaral, 272-
Elton Rangel Pereira, 122, 126, 73
142-43, 185, 187, 217, 400, Francisco Antônio de Souza, 124-
414, 430-31, 457, 463 26, 184, 187-88, 209, 267, 364
Elvira Maria Gonçalves Rangel, Francisco Cid, 146-47, 198, 202,
144 428, 462, 493
Emanuil Danyk, 514 Francisco Gonçalves, 185
Francisco Manuel do Nascimento, Hatcher, Helena, 90
81, 120 Hatcher, William, L., 88
Francisco Nicodemos Sanches, Hawthorne, Alexandre T., 38
125, 187, 264 Hélcio da Silva Lessa, 96, 119,
Franco, Francisco, 162 424
Friesen, Heinrich, 226, 292, 415 Hélio Schwarts Lima, 250
Helga Kepler Fanini, 285
Galileu Galilei, 241 Hélio Akira Miura, 286
Gaivão, Antonio Joaquim de Ma- Helwys, Tomás, 35-36
tos, 153, 156, 163, 199, 202, Henrique Davanso Pechoto, 300
216, 277, 346, 351, 398-97, Henriqueta Cunha Nogueira Pe-
438, 488 choto, 300
Garcia, João Fernandes, 219, 222, Herodias Neves Cavalcanti, 122,
469 339, 405
Gelson Atílio Ferreira Nogueira, Hiebert, Paul G., 32
218, 473 Hitler, Adolf, 240
Cenário Alves da Rocha, José, Horácio Wanderly da Silva, 135-
191-94, 460 36, 180, 190, 216
Geoesley Negreiros Mendes, 484 Hugo Chávez, 148
Geraldo Machado, 247 Hugo Guillermo La Banca Ledes-
Geraldo Rangel, 144 ma, 325
Gerson Tomaz Pereira, 292-93, Humberto Chagas, 373
351-52 Humberto Viegas Fernandes, 238,
Gerusa Duarte Gomes Finco, 245 355
Gilberto Campos, 362, 372
Ginsburg, Salomão Louis, 39, 44- Ichter, Bill, 340, 397
46, 52, 58, 63-65, 121, 418 Ida Helena Mazoni Venturini de
Girlan Sérgio Ferreira da Silva, 266 Souza, 305, 319-22, 364
Gláucia Vasconcelos Keidann, Idelfonso Alexandrino dos Santos,
165, 219, 221 204, 230
Glaudimir Fernandes, Idimar Finco, 202, 245
Gobira, Eduardo, 89, 91 liana Corrêa do Nascimento, 503
Gobira, Herodias , 89-91, 122 lima Lessmeier Reis, 340
Gorbachev, Mikhail, 289, 290 Ilza Lopes Pereira, Maria, 235,
Greiton Falcão de Oliveira, 393 375
Guevara, Ernesto (Che), 247 Isabel Cristina Hino, 286
Isaías Ramos da Costa, 136, 190, Joel Santos Costa, 295, 301, 351-
426-27 52, 398
Irismênio Ribeiro de Almeida, 254 Joezer Lima de Aguiar, 217
Ivonete da Costa Lopes, Maria, Johnson, L. L., 58-72
154, 156, 186, 397 Johnson, Roberto Elton, 93,
Izilda Portela Miranda Santos, 23- Jônatas Enéias Caldeira, 281, 283
339 Jones, Joseph, 60-62, 66, 70, 83-
84
Jackson, Ernesto A., 54, 68 Jorge Edmundo Sarria Tejada, 235,
Jades Malafaia, 190-91 246, 267
Jailce Silveira Santos, 133 José Arlindo dos Santos, 201
Jailson Serpa Pereira, 318-39, 449 José Carlos Gerhard Matos, 136,
Jairo Alves, 265 183, 217
Jane Cordeiro de Souza, 383 José Chama, 208
Jane Cristina Barbosa de Souza, José Sélio de Andrade, 191, 226
184 Josias de Almeida Lira, 349
Jane Luz, 208 Josué Rodrigues Pacheco, 509-
Janice de Oliveira, 266, 373 10
Japhet Fontes, 110 Juan Carlos Nuriez Romero, 232,
Jerónimo Teixeira de Sousa, 60-61 374, 415, 496
Jésus Silva Gonçalves, 348 Juarez Pascoal de Azevedo, 341,
Jezimiel Norberto da Silva, 264, 401
364 Júlio César Ravani, 302
Joabson dos Santos, 197 Juscelândia Septímio Caldeira,
João Almeida, 469 281, 83
João Borges da Rocha, 46 Jussara Luzia Padovani, 206
João Ferreira de Almeida, 196 Justina das Dores Pedras, 85, 95,
João Jorge de Oliveira, 46, 61, 63, 156
66-67, 69, 70-72, 74-76, 79,
93, 97, 350 Katherine Acomba, 467-69
João José Soares Filho, 155 Keidann, João Carlos, 164-65,
João Luís da Silva Manga, 236, 221, 224
244-45, 357, 394 Kely Aline da Silva, 483
João Tibúrcio, 210 Kerley Permínio de Souza, 269,
Joed Venturini de Souza, 305, 358, 369, 509
319-22, 364, 372, 402 Key, Jerry Stanley, 114
Khalil Samara, 309, 311, 313-15, Lucimar Calvelo Garcia, 219, 222,
511 225
Klerk, J. W, 259 Lúcio Casassanta de Souza Perei-
Knapp, William I., 161 ra, 188
Lucy Gonçalves Guimarães, 120-
Lamartine Fernandes, 362 21, 124, 126, 227-28
Lauro de Souza, 105 Ludmila Gaspar Schmidt, 323-24
Lauro Mandira, 23, 262-64, 395, Luís Carlos dos Santos, 336, 357
398, 417 Luiz Amaro da Silva, 287, 381
Léa de Souza Penido, 226 Luiz Carlos de Barros, 22, 27, 337,
Lea Teixeira do Nascimento, 377 342, 387-89, 394
Lécio Dornas, 315, 511 Luiz Carlos dos Santos, 241
Leila Regina Delgado Lota, 185, Luiz Cláudio Marteletto, 302, 372,
188 377, 395
Lênin, Vladimir, 289 Luiz de Carvalho, 411
Leno Lúcio Souza Franco, 219 Luiz Rodrigues, 152
Leonardo da Vinci, 241 Lund, Enrique, 161
Leonézia Cunha Alves, 265 Luper, Alberto W., 76, 79, 85
Levy Barbosa da Silva, 158, 209 Luz Cea, 317
Levy José Penido, 226 Lygia Lobato de Souza Motta,
Leygue, Pedro, 107-09 100-01, 103-04, 109, 127-28,
Lian Godoy, 274, 276, 338, 506- 195, 454
07 Lyubomyr Matveyev, 295-98, 304,
Lídia Sônia Klawa da Silva, 143, 414, 444
194, 199-200, 377, 379, 462
Lidório, Ronald, 258 MacDonald, Jessie, 57
Liliane Pessanha Ravani, 394 MacDonald, William D. T., 49-50,
Lílian Marina Bentes Grance, 53, 57, 59
323 Maddox, Otis Pendleton, 57, 83
Lília Rita Venturini de Souza, 267 Mandela, Nelson, 259, 265
Lívio Lindoso, 89 Manoel Avelino de Souza, 83
Loide Silveira Moreira, 397 Manoel Faria, 470-71
Lórgio Serrate, 105 Manoel Florêncio Filho, 242, 299
Lourdes Rosa de Oliveira Barbosa, Manoel J. Cerqueira, 88
142 Manoel Ramos, 267
Luciene do Espírito Santo, 202 Maquiavel, Nicolau, 241
Márcia Ah-lai Vargas, 146-47, Maria Pereira, 237
247 Maria Silva Ferraz, 129, 140
Márcia Nunes Fernandes, 287 Maria Stela Silveira Lopes Bonfim,
Márcia Venturini de Souza, 34, 122, 335
123-24, 184, 187-88, 209, Marides Leite Quintino, 190
267, 320, 364, 489 Marilena, Andreoni Fernandes,
Marcílio Gomes Teixeira, 222, 238, 355
402 Marinete Vanderlei de Lima, 144
Marcos Amado, 241, 323, 336 Marisa Costa dos Santos, 241,
Marcos Grava Vasconcelos, 383- 357
85, 395, 471 Marise do Bonfim Pereira, 247
Marcos Stier Calixto, 305, 307 Marlene Baltazar Nóbrega, 206
Marcos Vinícius Bonfim de Araú- Marlene Serrão Mitt, 137, 186
jo, 219 Marlene Tiede, 201, 233
Mardilene Tinoco da Vilva Braga, Marlu Lindoso da Silva, 264, 364
188 Marta de Jesus Nogueira de Lima,
Marestella Porcides Pires, 218 207, 268
Margarida de Oliveira, 129 Marta Ramos do Nascimento,
Maria Abreu Moraes, 141 232
Maria Almeida, 469 Marx, Karl, 289
Maria Aparecida Miura, 286 Maurício, Antonio, 62, 69, 70,
Maria Aparecida Moysés, 320 72-74, 77-81, 83-85, 88-89,
Maria Bernadete da Silva, 398 92-93, 95, 118-19, 121, 152,
Maria Costa dos Santos, 336 350
Maria Cristina Rodrigues Correia, Maximino Fernandez, 138
202 Max Rojas Arandia, 110
Maria das Dores Santos, 208 Mayrinkellison Peres Wanderley,
Maria de Lourdes Fernandes da 200, 366, 395
Silva, 143 Menandro Martins, 56, 72
Maria do Carmo Pereira, 157-58 Michelangelo Buonarroti, 241
Maria José de Almeida, 152 Mihail Zhdan, 301
Maria Lúcia Nunes da Costa, 190, Milzede de Moura Barros Albu-
136 querque, 133, 454
Maria Lucinalva Dias de Oliveira, Miquéias da Paz Barreto, 264,
270 364, 477
Maria Luíza Ferreira, 141-43, 247 Miranda Pinto, José de, 114
Miriam Baldassare Rangel Pereira, 424, 474, 487
126, 143, 187, 217, 382 Noêmia Gabriel Cessito, 206-07,
Miriam Karima, 310 379, 444
Miriam Thompson Moraes dos Noêmia Tavares dos Santos, 147
Santos, 204, 230 Noemi Francisco da Silva Rondini,
Mohan Masih, 283 222
Moll, Rob, 276 Noemi Lucília Lopes Malafaia,
Mônica Malfetana Bonfim de Oli- 190
veira, 227, 240, 243 Nolvia Adriana Herrera de Olivei-
Moisés Menezes, 351 ra, 393
Moysés Silveira, 95, 109
Muirhead, H. H., 292 Oats, David, 227
Muller, Jorge, 84 O'Brien, Bill, 238
Mussolini, Benito, 299, 241 Odete de Oliveira Almeida, 114
Myers, Bryant L., 333 Odete Fernandes Lessa, 119
MZ, 310, 314-15, 402, 448 Olga Schmidtke Friesen, 226, 292,
415
Nancy Gonçalves Dusilek, 48, 70, Olinda Silva de Abreu, 143, 196
152, 394 Oliveira de Araújo, 22
Narriman Soares Guimarães Nunez, 0k/ia de Almeida Drummond
202, 231-32, 235, 374, 415, Sanches, 125, 187, 264
435 Orleusa Arruda da Silva, 287
Narciso da Silva Braga, 188 Osbel Gutierrez, 255-56
Natasha Matveyev, 295 Oscar Lima, 110
Ndéye Dramé, 406 Oscar Pereira Garcia, 234-35
Neila Prevedello, 286 Osvaldo Ganev, 143
Nelly Alves de Oliveira, 129-30 Oswaldo Ferreira Bonfim, 122
Nelson, Eurico Alfredo, 45-46 Oswaldo Luiz Jacob, 364
Nelson Tymchak,
Nely Soares de Souza, 270 Pablo Besson, 146
Neuza Esperândio dos Santos, Paganini, Nicolà, 241
221 Palestrina, Giovanni Pierluigi da,
Nicácio Medina, 132 241
Nicolau Zeferino de Jesus, 352 Patrícia Araújo, 267
Nite Pinheiro, José, 153, 156, Patrícia Barradas Lobo Baptista,
184, 186, 277-78, 335, 397, 288
Paulino, José, 46 Renato Reis de Oliveira, 285, 311,
Paulo César Pagaciov, 199, 267, 313, 348, 384, 395
378, 443 Rhodes, Cecil John, 155
Paulo Freire, 377 Ricardo Carvalho Rocha, 273,
Paulo Moreira Filho, 240, 291, 358
355, 397 Richarles Rampásio, 415
Paulo Motta, Rinaldo de Mattos, 391
Pedras, Manoel Ferreira, 85, 95, Risemar Confessor do Amaral,
156 272
Pedro Falcão, 46 Rita de Miranda Pinto, 129,131
Pedro Gomes, 99 Roberto Amorim, 417
Pedro Sebastião Barboza, 98 Roberto Vieira Macharet, 219
Pereda Asbún, Juan, 191 Rogelio Duarte, 138
Petrarca, Francesco, 241 Rondini, Jackson Roberto, 222
Pina, David Tavares, 391,490 Rosalee Elbert Guimarães, 206,
Piper, John, 28 265
Pitrowsky, Ricardo, 114 Rosa Lúcia de Freitas Silva, 186-
Prelidiana Frias de Oliveira, 63, 88, 263-65, 413
79, 350 Rossini, Gioachino, 241
Roth, Karl, 49
Rachel Costa dos Santos, 201 Roy Acosta Garcia, 248, 251
Raquel Barcelos, 196 Rozélia Mona, 101, 195
Raquel Carneiro Florêncio, 242, Rubin Voloshin, 303, 414
299 Ruth Genúncio Barbosa, 131,
Raquel González Cid, 147, 198, 140, 145, 196, 228-29
202 Rutter, Ronald, 207-08, 259-62,
Raquel Pires, 316, 317 264, 442, 475, 499
Raquel Priscilla Rissete Franco, 219 Ruvin Voloshin, 301, 303, 414
Raul Pinto de Carvalho, 79, 82
Ray, T. B., 58 Salazar, António de Oliveira, 82,
Reis Pereira, José dos, 39, 115, 87
122, 151, 160, 169, 174, 260, Sali Menezes, 351
341, 399 Salovi Bernardo, 176, 328
Renata Santos de Oliveira, 443 Salvador Soler, 430
Renato Cordeiro de Oliveira, 181, Samuel Jacobsen de Oliveira, 435
184, 382, 424 Samuel Mitt, 137, 186, 397
Samuel Rodrigues de Souza, 388 Stella Christiane Mesquita Lopes,
Saunders, Letha, 110, 418 265
Sebastião de Souza, 129, 132, Stott, John R. W., 34
151 Stroessner, Alfredo, 432
Sebastião Lúcio Guimarães, 206, Suazo, Hernan Siles, 191
265 Suely Mieko Sirasawa Patrício,
Sérgio de Oliveira, 266, 373 204, 239, 243, 355
Shabanov Gamid, 304 Sueny da Costa Pinto, 206, 209-
Shedd, Russell, 409 10
Sheila Alencastre, 208 Susana Stepuniuk Costa, 395
Shinobu Hino, 286 Sylvia Ramiro de Araújo, 219
Shirley Alves Arcos, 268, 270
Silas Luiz Gomes, 133-34, 137, Talita de Souza Rodrigues, 209
232-33, 432, 464 Tatiana Jalil da Costa, 426
Silvana Leoni Calixto, 305 Taylor, Kate Stevens, 38
Silvânia Maria da Costa, 288 Taylor, Zacarias Clay, 38, 60-62,
Silvanira Garcia Mendonça, 131 97
Sílvia Almeida Matos, 136, 183, Tercio Marco da Costa, 426-27
217 Teremar Lacerda de Rocha, 191-
Smith, Oswald J., 257 94, 458
Smyth, João , 35-36 Teresa Cristina Pagaciov, 199, 267,
Sócrates Oliveira de Souza, 22, 378-79
276, 395, 418, 518 Terezinha Aparecida de Lima Can-
Solange Barbieri, 466-67 dieiro, 358, 364, 378, 380,
Sônia Maria da Silva Tomaz, 292- 395, 414, 481
93 Terezinha de Souza Bastos, 142,
Sônia Regina da Silva Wojcicki, 196
231 Thaís Tymchak, 173
Soren, Francisco Fulgencio, 45, Thereza Campaner Mandira, 262,
53 264
Soren, João Filson, 98 Thobois, André, 160
Sória, Paulo Roberto, 160, 215 Thomaz Lourenço da Costa, 63,
Sowell, Sidney M., 146 77-78, 85, 88, 90
Spilsbury, João, 36 Thompson, James, 146
Spurgeon, Charles H., 84 Tiago Nunes Lima, 107, 129-30,
Stalin, Josef, 289 424
Tomé Antônio Fernandes, 186, 75, 278, 280, 290-91, 295,
277-80, 282-83, 356 301, 316, 324, 327-30, 333,
Torres, Paulo lrwin, 76, 80, 84 335, 337-39, 341-43, 345-46,
Trotski, Leon, 289 349, 351, 354, 363, 373, 376,
381, 383, 387-88, 391-93, 395,
Ubirajara Pereira da Silva, 221, 398-400, 404-05, 407-10, 416-
223-25 17, 419, 441, 514, 518, 520
Utahy Caetano dos Santos Filho,
417 Waldomiro de Souza Mona, 100-
10, 127-28, 134, 195, 424, 454
Valdete Pinheiro Lacerda, 285 Walter Freire, 215
Valdivia, Wenceslao, 50-53, 55, 58 Wander Ferreira Gomes, 303
Valdívio de Oliveira Coelho, 172- Waudeque Felismino, 286
74 Wedemann Filho, Henrique, 131
Valnice Milhomens Coelho, 151- Weiss, Henry, 49
55, 205-06, 351, 503 Westwood, Eric, 391
Vanda Rampásio, 415 William de Souza, 139-40
Vanete Teixeira, 288 William Wojcicki, 231
Vanusa Viana de Souza Guima- Woinshet Ketema, 270
rães, 265
Vasiliy Didek, 298 Ximenes de Cisneros, 161
Veralúcia Ferreira da Rocha, 305,
316 Yeltsin, Boris, 289
Virgínia Bonfim Moreira, 240, 355 Young, Reginald, 60, 62
Vivaldi, Antonio, 241 Yuriy Migalko, 514
Vladimir Savchenko, 514 Yushchenko, Viktor, 296
Vladimyr Masalkovstiy, 514 Yvone Duarte Saltes, 131