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A Cresol

é simples
Simples
porque é feita
por gente como
a gente.

por Camila Morgado


2 Revista Maringá Missão
EDITORIAL

EXPEDIENTE
PRESIDENTE
Caríssimo leitor (a), Dom Severino Clasen

DIRETOR
Iniciamos o mês de março e, como Igreja, adentramos o tempo Pe. Nailson Bacon
litúrgico da Quaresma nos preparando para bem celebrarmos os
sagrados mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo CAPA / FOTO
no Tríduo Pascal. Para melhor aprofundarmos a dimensão cristo- Banco: Timoty P. Schmalz - 2012
lógica desse período, nosso arcebispo nos ajuda a compreender REDAÇÃO / SUPERVISÃO
em sua reflexão mensal que o Filho de Deus foi obediente ao Pai Fabiana Ferreira (MTB 7823)
até a morte de Cruz. Apresentamos ainda, para além da meditação
dos evangelhos dominicais, um artigo acerca do itinerário de uma PROJETO GRÁFICO
quaresma conduzida pelo Espírito Santo e das práticas de oração, Mitra Revista Maringá Missão
jejum e caridade e da Campanha da Fraternidade 2023.
DIAGRAMAÇÃO
A Igreja no Brasil está vivendo o Ano Vocacional, com o tema: Hugo Leonardo
“Vocação: graça e missão”. Na sua Exortação Apostólica Gaudete
et exultate, o Papa Francisco nos recorda que todos nós somos JORNALISTA RESPONSÁVEL
vocacionados de Deus por meio do Batismo e que precisamos dei- Fabiana Ferreira (MTB 7823)
xar que a graça batismal frutifique em nossa vida num caminho de
COLABORADORES
santidade. Nesse sentido, trazemos para você um artigo acerca do Raymundo de Lima, Luiz Alexandre, Denise Nochi,
Ano Vocacional e o testemunho dos nossos diáconos recém-orde-
nados, dos seminaristas que participaram da Semana Missionária EQUIPE DE PAUTA
na Diocese de Guajará-Mirim e dos religiosos que celebraram o 27º Naiara Luana, Marcela Miranda Egito, Flávia Zamoro
dia mundial da Vida Consagrada. Carraro, Adriana Aparecida Siqueira, Fabiana Ferreira,
Durante este mês, no próximo dia 18 de março, celebraremos a Hugo Leonardo, Mario Azanha
solenidade de São José que, neste ano, será antecipada para o dia REVISÃO
anterior ao dia 19 por este coincidir com o IV Domingo da Quares- Maria L. Pelissari Negreiros, Fernanda Carraro
ma. Com “Coração de Pai” São José amou Jesus, nos recorda o
Papa Francisco na Carta Apostólica Patris Corde; com coração de IMPRESSÃO
pai, São José acompanha a Igreja universal como protetor e patro- Gráfica Tuicial
no. Sobre São José, trazemos um artigo com o testemunho de nos- TIRAGEM
sos leitores acerca da devoção a este grande santo e, recordando 6.500 exemplares e Online
no próximo 8 de março o Dia Internacional da Mulher, prestamos
também as elas nossa homenagem, nosso carinho e agradecimen- DISTRIBUIÇÃO
to. Paróquias e livrarias
Por fim, não podemos deixar de recordar os 64 anos da fundação
REDAÇÃO
do Albergue Santa Luiza de Marillac que tanto bem tem feito para os R. Vitório Balani, 240 - Zona 05 - Maringá/PR
nossos irmãos em situações de vulnerabilidade, para a sociedade (44) 3346-5473 / jornalmgamissao@hotmail.com
maringaense e também para nossa arquidiocese. Agradecemos a Fale Conosco: (44) 3346-5473
Deus por essa expressão viva da dimensão caritativa da Igreja jun-
to aos pobres e sofredores, mostrando-se verdadeiramente como DEPARTAMENTO COMERCIAL:
Everton Barbosa - (44) 99952-2324
Igreja em saída, Hospital de campanha e Igreja samaritana. Para
além do testemunho dos religiosos que atuam junto ao albergue,
apresentamos um artigo sobre o despertar dos leigos e o nascer de
um novo olhar para os vulneráveis junto à Caritas.
Desejo a você uma excelente leitura e uma santa quaresma!

Pe. Nailson Bacon


Diretor

Revista Maringá Missão 3


ÍNDICE

6 Reflexão: A prática do amor 18 Educação: Para quem tem 34 Psicologia: Você consegue
como expressão da unidade ouvidos para ouvir, olhos para dizer não?
com Cristo ver e pensar
36 CÁRITAS: O despertar de
8 Evangelhos Dominicais 20 27° Dia Mundial da Vida leigos e o nascer de um novo
Consagrada “Irmãos e Irmãs olhar para os vulneráveis
10 Conselho de Leigos: O laicato para a missão”
e a construção da paz 38 Novos diáconos testemunham
22 RCC: Quaresma conduzida pelo chamado vocacional
11 Notícias da Igreja Espírito Santo
42 Jejum: um convite à conversão
14 São Patrício: o santo que 24 Albergue Santa Luiza de
mudou o destino de um povo Marillac – 64 anos – Acolher, 44 A caridade nos movimenta em
através do evangelho cuidar, servir, para promover! direção ao outro

15 Seminaristas participam 28 SAV: Vocação – Graça e Missão 46 Espiritualidade: Oração, uma


de Semana Missionária na experiência de intimidade
Diocese de Guajará-Mirim-RO 30 São José: patrono da Igreja com Deus
Universal
16 Louvemos a Deus pela bela
criação: a mulher 32 Liturgia: Quaresma, Jejum e
Campanha da Fraternidade

24 30 32 38

ANIVERSARIANTES DE MARÇO
Pe. Paulo Felipe dos Santos.............................................02/03 Pe. Nelson Molina............................................................26/03
Diác. Agostinho Eusébio Scalon....................................05/03 Pe. Gustavo Constantin Florêncio.................................28/03
Pe. Pedro Jorge Delgado Bento.......................................06/03 Ordenação Sacerdotal
Pe. Rodolfo Rodrigo Benedetti......................................17/03 Pe. Pedro Jorge Delgado Bento.........14/03/1998 - (25 anos)
Pe. Nailson Bacon............................................................20/03 Pe. Everaldo da Luz Silva....................14/03/2009 - (14 anos)
Diác. Bento Chinaglia......................................................20/03 Pe. Onildo Luiz Gorla Junior.............16/03/1997 - (26 anos)
Diác. Ademilson de Paula Alves....................................22/03 Pe. Darcy Maximino de Oliveira.......22/03/1981 - (42 anos)

4 Revista Maringá Missão


A VOZ DO PASTOR

Ele foi obediente ao Pai


até a morte de Cruz
A Quaresma é a síntese de toda atividade pastoral forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu, e me
da Igreja. Ao nos prepararmos para a Páscoa do Se- vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e vies-
nhor, somos conduzidos, pela força do Evangelho, que tes até mim” (Mt 25,35-36). Com esse espírito, anime-
propõe um caminho de sinodalidade na vida eclesial. mos as pastorais, a liturgia, os momentos de oração e
Com amor, queremos vencer as dores, a exemplo do de reflexão bíblica para fortalecer a nossa unidade em
Senhor que ultrapassou a morte de Cruz. Jesus Cristo, que padeceu por nós na Cruz.
Na dor, Ele revelou o amor incondicional por toda a Imitemos Jesus Cristo e construamos a fraternida-
humanidade. O mundo vive imerso na contramão do de universal.
amor revelado pelo Senhor. Açoitado, escarniado, cus-
pido, maltratado, não levantou a voz contra os zomba-
dores.
O sofrimento não é a última palavra. A plenitude da
vida surge após a superação de toda a dor e desprezo.
Isaías já havia profetizado: “Não tinha aparência nem
beleza para que o olhássemos, nem formosura que
nos atraísse. Foi desprezado, como o último dos ho-
mens, homem de dores, experimentado no sofrimento,
e quase escondíamos o rosto diante dele; desprezado,
não lhe demos nenhuma importância. Entretanto, ele
assumiu as nossas fraquezas, e as nossas dores, ele
as suporta” (Is 53,3-4).
A Igreja indica o caminho da fraternidade solidária
para que a nossa ação evangelizadora produza frutos
de superação da dor, da miséria, da fome no mundo.
Viver indiferente ao sofrimento dos que passam fome
é negar os sofrimentos de Cristo que deu sua vida para
a nossa salvação. Os exercícios da penitência, nos re-
metem aos nossos semelhantes que gritam por socor-
ro. A sociedade construída apenas sobre os alicerces
dos bens materiais, não tem persistência, pois esvazia
a sensibilidade humana. Negar a dor alheia é negar o
Evangelho de Jesus Cristo. Quando negamos Jesus
Cristo, não podemos celebrar a festa da Páscoa.
Que a nossa ação evangelizadora, do jeito sinodal,
nos preencha de um novo humanismo solidário que
tanto o mundo necessita.
Arrepender-se dos pecados, aproximar-se da confis-
são com o firme propósito de mudar de vida, aumen-
tar a partilha, intensificar a vida de oração, incluir os
menos favorecidos, nos aproximará mais do Cristo, Dom Frei Severino Clasen, OFM
que disse: “pois eu estava com fome, e me destes de ARCEBISPO DE MARINGÁ
comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era

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REFLEXÃO

A prática do amor como expressão da


unidade com Cristo
Leroy_Skalstad-pixabay

Certa vez Jesus disse aos seus amorosa. O Pai ama o Filho, o Filho portamento narcisista, individualista
discípulos o seguinte: “Assim como nos ama e, seguindo essa ‘rede’, de- e autocentrado. Ama-se o outro, no
meu Pai me amou, eu também amei vemos amar uns aos outros. Como projeto de Jesus, doando-se inteira-
vocês: permaneçam no meu amor. seria demonstrado o amor? Jesus mente por todos quantos chamamos
Se vocês obedecem aos meus man- não deixa lugar para dúvida alguma: de irmãos. O Pai, o Filho e os discí-
damentos, permanecerão no meu “da mesma forma que meu Pai me pulos e discípulas formam um rela-
amor, assim como eu obedeci aos amou, eu também amei vocês”. cionamento mútuo de amor, onde a
mandamentos do meu Pai e perma- Não há como pensar a comuni- obediência é alegria espontânea e
neço no seu amor. Eu disse isso a dade sem o amor entre os irmãos não obrigação penosa. Amar, nesse
vocês para que minha alegria esteja e irmãs. O amor, nesse sentido, é sentido, é sair-se de si mesmo e ir ao
em vocês, e a alegria de vocês seja o cimento que dá unidade a todo o encontro das necessidades dos ou-
completa” (João 15,9-11). corpo. E Jesus é preciso em sua ca- tros. Aquele que vive “ensimesmado”
Permanecer em Jesus é funda- tequese: “Ninguém tem amor maior abdicou de amar e de ser amado. Re-
mental. Todavia, o fato de perma- do que aquele que dá a vida pelos fugia-se com medo de si mesmo e de
necer em Jesus nos leva, necessa- amigos”. O que nos lembra do texto todos. Todavia, o amor de Jesus nos
riamente, ao encontro dos outros. de 1° João 3,16: “Nisto conhecemos liberta para que, libertos, tenhamos
Assim, permanecer em Jesus não é o amor, em que Cristo deu a sua vida condições de amar a todos.
uma existência solitária e, sim, um por nós; e devemos dar nossa vida
chamado a viver amorosamente em pelos irmãos”. O padrão que Jesus
comunidade. O compromisso com deseja que apliquemos no amor é,
Jesus se revela na comunhão en- portanto, imensurável. Trata-se de
Prof. Dr. Luiz Alexandre Solano Rossi
tre irmãos e irmãs. Verifica-se, no um amor doador, desprendido, desin-
www.luizalexandrerossi.com.br
texto, uma relação de dependência teressado e a serviço do outro. luizalexandrerossi@yahoo.com.br
amorosa e, ainda, de ‘capilarização’ Afasta-se, dessa forma, o com-

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EVANGELHOS

2° Domingo da Quaresma – 05/03


Jesus está na montanha, lugar onde Deus se dá a conhe-
cer. O rosto de Jesus brilhou como sol e suas roupas ficaram
brancas como a luz (v. 2). Isso demonstra que a justiça do
reino vai triunfar e que Jesus é superior a Moisés. Ele é o ros-
to brilhante do Pai. Sendo assim, Jesus é aquele que trouxe
para nós a nova lei e cumpre as profecias. É o servo de Deus.
b) Jesus é o Filho do Pai
Neste texto da transfiguração de Jesus, ele é proclama-
do pelo Pai como “Filho Amado”, e em seguida Deus ‘man-
da’ escutar o que Ele diz, portanto é um mandato. Deus já
havia afirmado a filiação de Jesus no Batismo. Agora reafir-
ma mediante a missão de salvar a humanidade. A reação
dos discípulos é de medo, pois quando se recebiam grandes
revelações divinas, as pessoas ficavam temerosas. Jesus
Ano A abre-lhes os olhos da fé para não terem mais medo e sim
Evangelho: Mt 17,1-9 coragem. A transfiguração de Jesus é o sinal da ressurreição
Para Mateus, a transfiguração do Senhor serve para mos- do Mestre, vencendo a morte, e a sociedade injusta e violenta
trar que Ele é o novo Moisés, o servo de Javé e o profeta pelo que o matou. Nada e nem ninguém podem deter o projeto de
qual nos chega o Reino da Justiça. Deus, que consiste em liberdade e vida para todos.
Rei, servo e profeta

3° Domingo da Quaresma – 12/03


nho sede” (cf. Jo 19,28), era também meio-dia, segundo São
(08_FB_LUMO_Woman_Samaria_1024)

João. Ele sentado na beira do poço se dá a conhecer como


fonte para toda a humanidade.

Quebrando o preconceito racial


O gesto simples de pedir de beber, quebra o preconcei-
to racial, pois judeus e samaritanos eram inimigos. Para os
judeus, as mulheres samaritanas eram impuras. Jesus não
estava ligado à lei dos homens e pede de beber a samarita-
na. Jesus rompe o sentimento de superioridade dos judeus
e a exclusão das mulheres. A sede é de Jesus, mas a mulher
lhe pede de beber. Peçamos também a Ele que nos conceda
desta água viva (Espírito).
Evangelho: Jo 4,5-42
Jesus se depara com a sede da humanidade representa- Quebrando o preconceito religioso
da na pessoa da mulher samaritana. A samaritana não tem nome, mas certamente a comu-
Ao redor do poço nidade havia lhe dado muitos, por ter tido muitos maridos.
A revelação do amor de Deus se dá na beira do poço, onde Jesus ensina que não é na busca por uma vida desenfreada,
Jesus se encontra com uma mulher samaritana. O poço é como no caso da mulher, que nos encontraremos com a fon-
um sinal forte na história do povo do Antigo Testamento: te da vida, mas no momento em que deixamos tudo para nos
encontro de Abraão e Rebeca, futura esposa de Isaac; Jacó encontrar com aquele que traz o verdadeiro sentido à vida.
encontrou Raquel; Moisés encontrou as filhas de Jetro. No Seis maridos, mas nenhum foi de fato. Seis ídolos, mas Deus
texto, Jesus tem sede e vai ao poço em pleno meio-dia. Esta não estava no centro daquela vida. Jesus agora quer restau-
hora lembra a mesma que Jesus disse na crucificação: “Te- rar aquela que estava perdida.

8 Revista Maringá Missão


4° Domingo da Quaresma - 19/03
Evangelho: Jo 9, 1-41
04_FB_Jesus_Blind_Man_Pharisees_1024

Abrir os olhos. Voltar a enxergar. Pior que ser cego físico é


ser cego espiritual. Um homem cego volta a enxergar e causa
muita inquietação entre os seus. Jesus serve-se do homem
para manifestar a sua glória. Nesta ocasião Jesus se autode-
nomina “Luz do mundo”. Ora, a luz se opõe às trevas. O cego
nada vê senão treva, escuridão. Quem não vê como Jesus,
não sabe discernir nada, pois não enxerga direito. Precisa-
mos também que Jesus abra nossos olhos, para que possa-
mos enxergar as coisas como Ele enxerga. Que possamos
enxergar mais além, no coração das pessoas.
Em Cristo, Luz do mundo, pelo batismo, nos tornamos
também luz. Lutar para nos mantermos na luz, dissipando
de nosso coração as trevas do erro e ajudando outras pesso-
as também a saírem das trevas, é missão de todo batizado.
Para isso não podemos olhar nossos irmãos somente pelas
aparências, mas com outros critérios, sobretudo os da fé, na
dimensão do amor fraterno. Busquemos a luz em Cristo para
que possamos iluminar a vida das pessoas e conduzi-las ao
Cristo e que possam romper com tudo o que constitui treva
em sua vida.

5° Domingo da Quaresma - 26/03


Jo 11,1-45
15_FB_LUMO_Lazarus_2_1024

A certeza da Ressurreição conduz a vida do cristão. Ele


sabe que não termina tudo na morte; sabe que a morte não
vence no final. O centro deste evangelho está nos versículos
25 e 26. “Eu sou a Ressurreição e a vida”. Cristo, o primogê-
nito dentre os mortos, garante que quem nele crê terá a vida
eterna. Com esta narrativa, Jesus procura obter do povo, a fé.
Assim a morte de Lázaro prefigura a Ressurreição de Cristo e
antecipa o que ocorrerá com todo aquele que deposita n’Ele
a sua fé.
Deus nos quer para a vida. Por isso, Cristo se apresen-
ta como essa “porta” abrindo-nos para a vida eterna. Quem
crê em Deus, crê nas suas promessas e crê também no Seu
Filho. Quem crê no Filho, crê e possui a vida eterna. A fé é o
caminho para se ganhar a vida pela Ressurreição.
Somos chamados a vivermos uma vida nova, mortos para
o pecado e renascidos para a vida em Deus. Deixemo-nos
conduzir por esta verdade de fé e pelo Espírito Santo que ha-
bita em nós, para que cheguemos um dia a sermos verdadei-
ramente criaturas novas.

Revista Maringá Missão 9


CONSELHO DE LEIGOS

O laicato e a construção da paz


algo novo e muito especial. Ele chama
a atenção para a importância que tem
a nossa missão de serviço no mundo.
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Nós somos aqueles que são enviados


pelo Senhor, por amor ao mundo para
servir aos outros. O Papa Francisco
quer que nós, como Igreja, recupere-
mos a importância da vocação batis-
mal, para que façamos a diferença no
mundo (Doc. 105).
A participação de leigos e leigas
nas diversas atividades, tais como:
administração das paróquias, da dio-
cese, das diversas pastorais, movi-
mentos, serviços e organismos, assim
como sua atuação profissional como
pessoas preparadas e cristãos autên-
ticos, éticos para atuar na sociedade e
A mensagem do Papa Francisco justiça, superamos os acontecimentos na política (o exercício do poder como
para o Dia Mundial da Paz de 2023, co- mais dolorosos” (Papa Francisco). serviço), que com sua dignidade, com
memorado em 01/01/2023, nos convi- Assim, “somos chamados a enfren- o testemunho, servem ao crescimento
da a pararmos e a nos interrogar, apren- tar com responsabilidade os desafios do reino de Deus no mundo, pois esses
der, crescer e deixar se transformar. A do nosso mundo”, que é cheio de con- são instrumentos para justiça social e a
mensagem traz como tema: “Ninguém tradições. Esse mundo é um campo de construção da paz.
pode salvar-se sozinho. Juntos, reco- ação de todo cristão, em especial do Desta forma, a participação cons-
mecemos a partir da covid-19 para tra- leigo e da leiga, e é onde devemos estar ciente e decisiva dos cristãos em mo-
çar sendas de paz”. presentes e atuantes (Doc. 105 CNBB). vimentos sociais, entidades de classe,
A pandemia causada pela covid-19 Para o desenvolvimento de uma partidos políticos, conselhos de políti-
nos obrigou ao isolamento que nos ação transformadora na Igreja e na so- cas públicas e outros, sempre à luz da
trouxe a solidão e a necessidade de re- ciedade, temos que partir da reflexão Doutrina Social da Igreja, constitui-se
tomar o convívio comunitário. Para uma de uma Igreja em saída, missionária, da num inestimável serviço à humanidade
parcela da sociedade houve um apren- escuta, do diálogo, uma Igreja sinodal e é parte integrante da missão de todo
dizado positivo, que é a valorização da e propor linhas de ação aplicáveis na o povo de Deus, na busca da paz (Doc.
vida e da convivência. “A maior lição nossa missão de leigos e leigas, que 105).
que a covid-19 nos deixa, em herança, pelo batismo somos chamados ao se- A partir dessa reflexão nos inter-
é a consciência de que precisamos uns guimento de Jesus Cristo e a assumir roguemos: Como cristão leigo e leiga,
dos outros, que o nosso maior tesouro a responsabilidade de sermos sujeitos como tem sido meu comprometimento
é a fraternidade humana, fundada na na Igreja e na sociedade, denunciando na construção da paz? Qual caminho
filiação divina comum, e que ninguém as injustiças e buscando o clamor pela tenho trilhado?
pode salvar-se sozinho” (Papa Francis- vida, pela paz e pela justiça (Doc. 105).
co). No capítulo cinco do evangelho de
Desta forma, diz o pontífice, é ur- São Mateus, Jesus, no seu discurso,
gente promover, juntos, os valores uni- chama todos aqueles que o acompa- Cirlene Aparecida Doreto Picolo
versais que traçam o caminho desta nhavam para serem sal da terra e luz do 2ª Secretária do CNLB da AMGÁ
fraternidade humana. “Com efeito, é mundo. Essas palavras reforçam a nos-
Tereza Maria Pauliqui Peluso
junto, na fraternidade e solidariedade, sa missão, porque Jesus coloca o sal e Vice-Presidenta do CNB da AMGÁ
que construímos a paz, garantimos a a luz como elementos capazes de gerar

10 Revista Maringá Missão


Evangelizar, de segunda a sexta-feira. Com a transmissão
pela TV, o horário da missa diária na paróquia não mais será

Notícias
às 18h30 e sim no novo horário, às 18h. Com a mudança,
não haverá mais a Santa Missa na capela da Reconciliação,
que fica na Praça da paróquia, ao lado da gruta de Nossa

da Senhora de Lourdes.
Padre Nailson Bacon, pároco da paróquia Cristo Res-

Igreja
suscitado e responsável pelo Setor de Comunicação da
Arquidiocese de Maringá, diz que a mudança de local da
transmissão irá ampliar a participação dos fiéis na missa
televisionada. “Olhamos com gratidão por todo este tempo
que a Missa foi transmitida da capela. Mas agora, com a
Maringá presente na 42ª Assembleia da OSIB – nova igreja, temos a oportunidade de acolher a estrutura
Organização dos Seminários e Institutos do Brasil técnica para a que TV possa transmitir nossas celebrações”,
comenta. A Santa Missa diária da paróquia Cristo Ressusci-
tado será transmitida para 42 municípios da grande região
de Maringá.
*Criada em 1988 pelo monsenhor Gerhard Schneider,
a TV 3º Milênio passou a ser TV Evangelizar em 2011, em
uma parceria entre a Arquidiocese de Maringá e a Associa-
ção Evangelizar, do padre Reginaldo Manzotti.
*A capela a Reconciliação, também conhecida como
“capela de pedra”, agora ficará aberta durante todo o dia
para que os fiéis possam fazer suas orações.

Entre os dias 23 a 26 de janeiro de 2023 ocorreu a 42ª SETOR FAMÍLIA - MANHÃ DE ESPIRITUALIDADE
Assembleia da OSIB – Organização dos Seminários e Insti-
tutos do Brasil – do Regional Sul II da CNBB. O encontro foi
realizado no Centro Diocesano de Formação, em Umuara-
ma. Formadores e seminaristas refletiram sobre “A Dimen-
são pastoral-missionária na Formação inicial ao ministério
Ordenado”, sob a orientação do padre Leonel Brabo, da Dio-
cese de São José do Rio Preto-SP.
A Arquidiocese de Maringá esteve presente representa-
da pelo padre Sandro Ferreira (reitor do seminário de Teolo-
gia), padre Marcos André de Oliveira (orientador espiritual
do Propedêutico), os seminaristas Carlos Vinícius (prope-
dêutico), Gabriel Anaia (etapa do discipulado) e Thiago Ce-
sar Santiago (etapa da configuração).

Missa na paróquia Cristo Ressuscitado


passa a ser transmitida pela TV Evangelizar

Com o tema “Caminhar unidos pela Família”, o Setor Fa-


mília da Arquidiocese de Maringá irá promover uma manhã
de espiritualidade com a presença do casal Alisson e Solan-
ge, coordenadores da Pastoral Familiar nacional, e de Lucas
Penteado, do Movimento Familiar Cristão (MFC).
Destinado aos agentes e líderes do Setor Família, o en-
contro será realizado dia 19 de março, das 8h às 12h, no
A partir de 01 de fevereiro, a Santa Missa das 18h na pa- Auditório São João Paulo II – Seminário Nossa Senhora da
róquia Cristo Ressuscitado passou a ser transmitida pela TV Glória.

Revista Maringá Missão 11


UBS em Iguatemi passa a se chamar “Padre Thelmo Pastoral teve início em 2017 e hoje conta com os seguintes
Ricardo Favoretto” grupos:
*Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Itambé: Terça-
-feira às19h30 no centro catequético.
*Albergue Santa Luiza de Marillac: Segunda-feira às
19h30.
*Casa de Nazaré: Quinta-feira às 19h30, restrito às mo-
radoras da casa.
Outras informações sobre a Pastoral da Sobriedade po-
dem ser encontradas aqui www.sobriedade.org.br

COMIDI inicia atividades do ano


Manhã de Espiritualidade Missionária
Como gesto de reconhecimento por todo o trabalho rea-
lizado na comunidade de Iguatemi, padre Thelmo Ricardo
Favoretto será nome da Unidade Básica de Saúde (UBS) do
Distrito maringaense. A solenidade pública que marcou o
novo nome da UBS foi realizada às 18h da quinta-feira, 09
de fevereiro.
Padre Thelmo morreu vítima de acidente na noite de 27
de novembro de 2012 na PR-444, entre Arapongas e Ribei-
rão dos Dourados. O carro que ele conduzia colidiu fron-
talmente contra um caminhão. O presbítero era pároco da
paróquia Santa Rosa de Lima, em Iguatemi.
A Lei 10.706/2018 que confere o nome do padre Thle-
mo à UBS de Iguatemi é de autoria do ex-vereador William O Conselho Missionário Diocesano/COMIDI promoveu
Gentil. no dia 06 de fevereiro uma Manhã de Espiritualidade Mis-
*Foto: Padre Thelmo ao lado de Dom Jaime Luiz Coelho, sionária. O encontro foi realizado no Seminário Nossa Se-
na missa do galo na Catedral de Maringá, em 2010 - Mario nhora da Glória contou a presença de aproximadamente 80
Azanha/Arquidiocese de Maringá. pessoas que atuam na dimensão missionária nas paróquias
- Infância e Adolescência Missionária, Juventude Missioná-
Pastoral da Sobriedade tem novo ria, Conselho Missionário Paroquial, entre outras represen-
grupo na Arquidiocese de Maringá tações.
O objetivo do encontro foi possibilitar aos participantes o
espaço tempo da reflexão, meditação e oração - dimensões
tão importantes para todos os discípulos missionários. A
manhã foi orientada pelo padre Obelino Silva de Almeida,
pároco da paróquia Bom Pastor, em Mandaguari, e assessor
arquidiocesano do COMIDI.
Para o vice-coordenador do COMIDI, Márcio Castilho, “o
encontro foi um momento muito rico de reflexão, oração
pessoal e meditação da palavra de Deus”.
“A centralidade de nosso agir missionário proporcio-
Um novo Grupo de Ajuda da Pastoral da Sobriedade foi nou que pudéssemos adentrar no real sentido do sermos
criado na Arquidiocese de Maringá, na paróquia São Mateus missionários, sendo que o primeiro passo que é estar com
Apóstolo, no Parque Residencial Tuiuti. Com início dia 07 de Jesus, na dimensão da experiência. Segundo a dimensão
fevereiro, o grupo será realizado todas as terças-feiras às da comunidade de fé, e por fim o anúncio. Saímos desse
20h, no centro catequético. Trata-se de um grupo de autoa- encontro inspirados e animados para este ano que se ini-
juda com o objetivo de apoiar famílias que tenham quadro cia”, frisou.
de dependência química ou qualquer outro tipo de compul- (Informações de Márcio Castilho – vice-coordenador do
são, como por jogos, internet, etc. A Pastoral da Sobrie- Cff)
dade foi criada no Brasil em 1998, e hoje conta com cerca
de 1.500 grupos pelo país. Na Arquidiocese de Maringá a

12 Revista Maringá Missão


Vejam as fotos: CF 2023 é lançada no
Centro Social Santa Dulce dos Pobres

Em Maringá, a Campanha da Fraternidade 2023 foi lan-


çada dia 22 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, no Centro
Social Arquidiocesano Santa Dulce dos Pobres. “Fraternida-
Ordenação Diaconal 10-02-2023: Anderson Schulter de de e fome” é o tema da CF 2023. No Brasil, a Igreja Católica
Souza, Marcelo Lopes de Medeiros e Rafael Xavier da Silva | já refletiu a mesma temática em outras duas Campanhas
Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória - Maringá/ da Fraternidade (1975 e 1985).
PR O evento teve a presença do Arcebispo de Maringá, Dom
Frei Severino Clasen, de articuladores arquidiocesanos da
Sinodalidade é tema de estudo para o clero e para CF 2023, representantes de entidades católicas e da socie-
lideranças da Arquidiocese de Maringá dade civil que atuam no combate à fome, além de autorida-
des políticas.
A Igreja Católica realiza anualmente a Campanha da
Fraternidade no período da Quaresma - tempo litúrgico
de preparação para a Páscoa. A Quaresma tem início na
Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, 02
de abril, quando a acontece a Coleta da Solidariedade. O
dinheiro coletado nas missas deste final de semana é des-
tinado para o Fundo de Solidariedade, que financia projetos
sociais ligados à temática da CF.
Combate à fome
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2023 é
sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flage-
lo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por
meio de compromissos que transformem esta realidade a
partir do Evangelho de Jesus Cristo.

Durante quatro dias, (de 13 a 16/02), os padres da Ar-


quidiocese de Maringá estiveram reunidos no Seminário Ar-
quidiocesano para a primeira formação do ano de 2023. O
tema discutido pelo assessor, Prof. Dr. Cezar Kuzma, da PU-
C-Rio foi Sinodalidade. De modo geral, a avaliação foi muito
positiva em relação ao tema e ao estudo, que acrescenta no
conhecimento e aprendizado de uma Igreja que tem como
objetivo caminhar juntos.
Não obstante, a formação se estendeu também para o
laicato da Arquidiocese de Maringá com o tema: “O laicato
como sujeito na ação pastoral de uma Igreja sinodal”. As
lideranças participaram do estudo por três noites, no Centro
de Formação Bom Pastor, anexo ao Seminário Arquidioce-
sano Nossa Senhora da Glória.

Revista Maringá Missão 13


SANTOS

São Patrício: o santo que mudou o


destino de um povo através do evangelho
missão perdurou três décadas, o que gravou o nome de São

Patr Patrício na história da Irlanda, na Igreja Católica e na humani-

o dade.
O santo faleceu em 17 de março do ano de 461, na cidade

ício

de Down, hoje chamada de Downpatrick (cidade de Patrício),
em sua homenagem. Atualmente, na Irlanda, existem mais de
duzentos santuários construídos em honra a São Patrício. Ao
enfrentar as armadilhas e relutância do paganismo na Irlanda
compôs e rezou esta oração por sua proteção e êxito na mis-
são:

Oração de São Patrício


Cristo comigo,
Cristo à minha frente,
Cristo atrás de mim,
Cristo em mim,
Cristo embaixo de mim,
Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita,
O dia de São Patrício (St. Patrick’s Day, em inglês), é come- Cristo à minha esquerda,
morado em 17 de março. A data é celebrada com muita festa, Cristo ao me deitar,
na Irlanda, que tem o santo como padroeiro. Cristo ao me sentar,
Consta que Patrício nasceu na Grã-Bretanha e viveu em Cristo ao me levantar,
meados do século IV depois de Cristo. Aos dezesseis anos foi
capturado por piratas e levado para a região onde fica a Irlan- Cristo no coração de todos a quem eu falar,
da. Ali foi escravizado por seis anos. Nesse período voltou-se Cristo na boca de todos os que me falarem,
a Deus e quando conseguiu se libertar voltou para a Grã-Bre- Cristo em todos os olhos que me virem,
tanha, depois viajou para a França e passou por vários mos- Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.
teiros habilitando-se para a vida religiosa. Estudou por doze
anos. A princípio acompanhou um santo chamado Germano Levanto-me, neste dia que amanhece,
e empreenderam uma grande missão apostólica na Grã-Breta- Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
nha, contudo o desejo do coração de Patrício era evangelizar Pela fé na Tríade,
aquele povo pagão da Irlanda que o havia escravizado e, as- Pela afirmação da Unidade,
sim, entregou esse propósito a Deus. Pelo Criador da Criação.
Deus atendeu ao seu desejo! Quando o bispo da Irlanda
faleceu, o Papa Celestino convocou Patrício para assumir a
missão. No ano de 432, sagrado bispo, Patrício viaja para a
Irlanda.
Três traços principais do episcopado de São Patrício: res-
peito à cultura local (tolerância e diálogo), incentivo à confis-
são e a uma vida santa. Através destas características São
Patrício mudou o destino de um povo através do evangelho Fabiana Ferreira/Jornalista
Pesquisa: cruzterrasanta.com.br/historia-
levando à conversão de praticamente toda a Irlanda, respei- de-sao-patricio/365/102/
tando os que optaram em permanecer no paganismo. Essa

14 Revista Maringá Missão


MISSÃO

Seminaristas participam
da Semana Missionária
na Diocese de Guajará-Mirim - RO
Santa Marcelina (linha 85); o seminarista Jonas dos Santos foi
para as comunidades Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa
Senhora Aparecida (linha 33); o seminarista Luiz Felipe Ricciar-
di foi para a Comunidade Santa Rita de Cássia (linha 7) e Co-
munidade Sagrado Coração (linha 6); e o seminarista Paulo Ra-
mires foi para a Comunidade Quilombola de Pedras Negras às
margens do Rio Guaporé e Comunidade de Versalles-Bolívia.
O padre Genivaldo Ubinge, coordenador da Ação Evangeli-
zadora da Arquidiocese de Maringá, também participou da se-
mana missionária. Além das visitas às famílias, foram realiza-
Os seminaristas que integram o quarto ano da etapa da das diversas atividades nas comunidades, como celebrações,
Configuração, Seminário de Teologia Santíssima Trindade, da encontros e partilhas.
Arquidiocese de Maringá, participaram de 29 de janeiro a 5 de A Diocese de Guajará-Mirim é composta por doze paróquias
fevereiro, da Semana Missionária na Diocese de Guajará-Mi- – organizadas em três regiões pastorais. Atualmente, o padre
rim-RO, na Paróquia São Francisco, na cidade de São Francisco Diego Wesley Norberto, do clero de Maringá, está em missão
do Guaporé - RO, distante 2.485 km de Maringá. na diocese na Paróquia Cristo Rei, em Cabixi - RO.
A presença dos seminaristas de Maringá na Diocese de
Guajará-Mirim integra parte dos esforços para colocar em
prática o projeto “Igrejas Irmãs”, aprovado em 1972 pela Con-
ferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), visando com
esta iniciativa missionária, expressar a vitalidade e abertura
missionária das igrejas particulares no país. Enquanto proces-
so formativo inicial, a presença dos seminaristas na diocese
irmã de Guajará-Mirim integra a dimensão pastoral dos futuros
presbíteros.
Devido à pandemia, após três anos, nossos seminaristas
retornaram para esta ação missionária. Motivados pelo 3º Ano
Vocacional do Brasil com o tema: “Vocação: graça e missão” e
o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33),
a semana missionária contou com dezoito missionários, entre
eles o bispo diocesano de Guajará-Mirim, Dom Benedito Araújo,
diáconos, religiosas, leigos e leigas.
A abertura da semana missionária e o envio dos missioná-
rios ocorreram no domingo, 29 de janeiro, na igreja matriz. O
Paulo Ramires
seminarista Drayton Cesar Endrice Massuria foi enviado para a Seminarista de Teologia
Comunidade Nossa Senhora da Salete (linha 95) e Comunidade Arquidiocese de Maringá.

Revista Maringá Missão 15


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HOMENAGEM

Louvemos a Deus pela bela criação:


a mulher!
08 de março – Dia Internacional da Mulher

Todos os serviços desempenhados tir, superar e encarar cada desafio vigente “Quando percebi estava completa-
por mulheres levam a marca do carinho à sua época. mente apaixonada pela agricultura”
e do amor materno, mesmo aqueles tra- Em cada área que atua, a mulher Tânia é solteira, formada em adminis-
balhos ou ações mais comuns ao mundo consegue mudar hábitos, transformar tração, mora e trabalha na propriedade
masculino, quando desempenhados por ambientes e despertar cada indivíduo da família. Na primeira conversa passa
mulheres trazem características peculia- que está ao seu lado, e isso não as trans- a impressão de que é muito simpática, a
res e típicas do traço feminino. Essa con- formam em super-heroínas, mulheres- partir da segunda conversa temos a cer-
quista por espaço, essa força capaz de -maravilhas, ou coisas assim, apesar de teza que além de simpática, é alegre e
diminuir sofrimentos usando apenas pa- que poderiam ser! São profissionais do acolhedora. A família trabalha no plantio
lavras, leva muitos a afirmarem: “Já não mercado de trabalho, esposas, mães, fi- e no cultivo da soja, milho, trigo e aveia.
se faz mulher como antigamente”! lhas, conselheiras, acolhedoras, amigas, Ela conta que o interesse pela agricul-
A delicadeza, a meiguice, a voz mansa fortes, ‘duronas’, corajosas, e precisam tura nasceu do convívio familiar, fazendo
eram sinônimos muito usados para quali- estar em boa forma física, psicológica e uma coisinha aqui, outra ali, participando
ficar uma mulher, e quando se falava em emocional, sempre bem arrumada e ‘bo- de reuniões com seu pai, o Sr. Ângelo, e
habilidades logo repercutiam as frases: nita’. E apesar de todas as ‘exigências’, quando percebeu já estava envolvida e
“Nossa, ela cozinha muito bem”; “lava na maioria das vezes, elas deixam que o completamente apaixonada lavoura. E a
uma roupa como ninguém”; “sua casa é coração fale mais do que a boca. decisão de trocar as tarefas domésticas
impecável”. Contudo, mesmo não deixan- Há décadas era comum ver mulheres pelo cultivo da terra já está completando
do a maioria dessas ‘qualidades’ de lado, exercendo profissões tipicamente ‘femi- ‘bodas de prata’, pois se vão vinte e cinco
as mulheres conquistaram o espaço para ninas’: professora, pedagoga, costureira, anos de trabalhos. Segundo a agricultora,
descontruírem-se e mostrarem um novo psicóloga entre outras, no entanto, elas o preparo para desenvolver a profissão
formato, onde se tornam protagonistas foram ocupando outras áreas, e assim, de também é fruto da lida do dia a dia, a qual
de suas vidas, de suas casas de suas maneira salutar, ocuparam também luga- se inspira em seu pai, o Sr. Ângelo e seu
áreas profissionais. res de destaque na sociedade. irmão Sidnei. “O meu pai e o meu irmão
Ao não se curvarem mais exclusiva- Com a história da agricultura Tânia Sidnei, foram a minha inspiração por todo
mente aos anseios masculinos, as mu- Magali Celestino, da cidade de Ivatuba/ o cuidado e carinho que eles têm com
lheres desta geração permitem-se ser PR, queremos bendizer todas as mulhe- a terra e com a lavoura, além de toda a
mais livres e completas em tudo que se res que lutam, persistem, e deixam na organização e precisão com que traba-
propõem a fazer. Apesar de ainda serem história a marca de carinho; mulheres que lham. Tudo é minuciosamente calculado
taxadas como o ‘sexo frágil’, a vida em so- são obra-prima do Criador, que não têm para não agredir a terra, especialmente
ciedade é marcada pela presença femini- medo ou têm, e enfrentam com coragem o controle de pragas e ervas daninhas.
na, mostrando que são capazes de resis- e amor os desafios impostos. Todo esse cuidado rendeu à propriedade

16 Revista Maringá Missão


da família o certificado de “Proprieda- ternura e o ‘jeitinho’ de fazer as coisas
de do Futuro”, reconhecendo as boas darem certo. “Hoje muitas empresas
práticas de produção”. O certificado estão dando oportunidades e inves-
foi entregue no mês de dezembro de tindo mais no sexo feminino devido ao
2022 pela Cooperativa Cocamar (Rally seu envolvimento e entrega com que
Cocamar de Produtividade)”, comenta desempenham suas funções. Esse é
Tânia. um diferencial da mulher que atua no
A agricultora diz que ajuda no que campo ou em qualquer outra área: é
for necessário dando suporte no pe- cuidadosa, zelosa, atenciosa e desta
ríodo do plantio e da colheita, na or- forma ganha espaço também em pro-
ganização financeira ao que se refere fissões que antes eram restritas ao
a bancos, documentos, orçamentos, mundo masculino. Penso que o papel
notas e além de tudo isso dá aquela da mulher não deve ser de competi-
atenção especial aos seus pais, Sr. Ân- ção com o sexo oposto, mas de estar
gelo e Sra. Luzia Celestino, que já estão preparada para somar, trabalhar jun-
na melhor idade. to. No campo ou na cidade, a mulher
vem para ‘adoçar’, para transformar o
E as barreiras? ambiente deixando-o mais leve e deli-
Tânia relata que no início a sua cado”.
participação nas reuniões e encontros Hoje há vários grupos de mulheres
com agricultores gerava um pouco de agricultoras em todo o país. Elas se en-
estranheza e até certa resistência, pois contram para discutir, refletir e trocar
não davam muita credibilidade a uma experiências. Na região de Maringá, os
mulher: “Tive a experiência de negociar grupos também se reúnem e há uma
com uma empresa a compra de adu- grande reciprocidade entre elas, que a
bos e ao recalcular o valor havia uma partir das experiências pessoais inspi-
alteração de dezoito mil reais. Olhei ram e motivam umas o trabalho das
todos os papéis, orçamentos e real- outras.
mente o valor final estava equivocado.
Outras vezes fui em reunião com meu Mensagem para o Dia da Mulher
pai onde havia somente eu de mulher”. “Primeiro o meu olhar é de grati-
Porém, Tânia é enfática: “Tive que me dão por tudo que me tornei e sou! Para
reconstruir também enquanto mulher todas as mulheres digo que elas se
e acreditar que nós somos muito mais amem, façam aquilo que gostem. Não
do que nos fizeram acreditar que éra- se obriguem a fazer algo que as dei-
mos. Mudando a mim mesma, me tor- xam tristes. Não importam as profis-
nei capaz de mudar o mundo ao meu sões, tenham orgulho de quem vocês
redor e descobri o ‘poder’ que tenho”. são! E façam tudo que estiver ao alcan-
Para a agricultora, é gratificante ce para realizar os seus sonhos. Força,
ver as mulheres atuando nas mais di- fé, saúde, coragem e Deus! Parabéns a
versas áreas profissionais com muita todas as mulheres fortes, determina-
competência, determinação e força, das e delicadas!” Fabiana Ferreira/Jornalista
sem perder a beleza, a delicadeza, a

Revista Maringá Missão 17


EDUCAÇÃO

Para quem tem ouvidos para ouvir,


olhos para ver e pensar
cidade para conhecer, discernir, perceber fatos, lógica,
reflexão. Então, dissonância cognitiva é quando existe
contradição entre duas ou mais ideias/pensamentos em
si, ou entre percepções ou comportamentos na mesma
pessoa. Estas ‘cognições’ contraditórias entre si causam
desconforto, tensão, ansiedade na pessoa, daí ela recor-
re a um mecanismo psíquico para diminuir tal tensão. O
professor Clóvis de Barros Filho sintetiza “Dissonância
cognitiva é a tendência que nós temos de evitar mundos
em desalinho com nossos pontos de vista”. Lembrei-me
da charge: a filha diz ao pai diante da TV “Pai, esta é uma
notícia falsa [fake news]. O pai responde: “Mas como
pode ser notícia falsa se diz exatamente como penso?”.
Ou seja, “Eu estou convicto disso, pronto. Portanto,
desligo, mudo de canal, mudo de assunto, sempre que
sou confrontado com verdade, fatos, evidências que dis-
cordo”. Ou “Se me causa muito desconforto ver imagens
No início da psicoterapia, no Rio de Janeiro, trabalhei de indígenas subnutridos, passando fome e doentes,
na clínica de um médico que fumava escondido, numa principalmente crianças; imagens que lembram o estado
sala reservada. Fiquei surpreso, pois ninguém melhor deplorável de judeus (também Testemunhas de Jeová,
do que um médico para reconhecer que o tabagismo faz ciganos, democratas, deficientes e doentes mentais, etc)
mal à saúde. Mais surpreso ainda fiquei quando ouvi do quando libertados dos campos de concentração nazis-
próprio neurologista brincadeirinhas verbais sobre os be- tas, “eu” acho um argumento [falso] que diz que “aquilo
nefícios do cigarro. não existe”; ou que eu não sou culpado/responsável de
Vez ou outra aparece um falso profeta avisando o fim ter elegido um governo cuja política era eliminação de
do mundo numa data X. Sempre há seguidores que acre- não brancos, chamado “solução final”.
ditam em tudo que “seu” líder diz. Um psicólogo acom- A dissonância cognitiva acontece quando: a) a partir
panhou para ver o que acontecia com o líder e o grupo, da aquisição de uma informação coerente que vai contra
especialmente após a profecia falhar. Elas cairão na rea- suas convicções dogmáticas; b) quando você tem uma
lidade? O falso profeta será desmascarado? Conclusão: atitude/opinião resistente diante de argumentos, fatos,
o falso profeta “informou aos seguidores que acabara de evidências. No fundo a pessoa pressente seu erro, mas
receber uma nova mensagem vindo do planeta Clarion não quer “dar o braço a torcer”, daí precisar inventar uma
explicando que, devido à fé inabalável do grupo, todos resolução (precária, um autoengano).
eles seriam salvos e que por isso o mundo inteiro fora O uso de dissonância cognitiva pode ser leve, exem-
poupado de seu fim trágico”. Fato curioso: a falsidade da plo: mudar de assunto quando a pessoa é confrontada
profecia ao invés de gerar a descrença e a reanálise, o com a verdade ou realidade. Mudar de canal de TV ou
grupo tornou-o ainda mais forte, coeso e alguns casos de redes sociais se são apresentados notícias ou fatos
partiram para a violência? que desmascaram suas convicções políticas. Mas se a
Então, como entender esta e outras loucuras de in- dissonância cognitiva afeta todos os membros de um
divíduos e grupos que continuam confiando em líderes grupo com convicções semelhantes equivocadas, dispa-
charlatões, ainda que fatos comprovem seus erros, má- ra no psiquismo um “vale tudo” para reforçar ainda mais
-fé, enganação, provas? a convicção [falsa], costuma funcionar para reforçar que
Uma teoria publicada em 1957 procura explicar es- “estamos certos”, os “outros estão errados”.
tes fenômenos sociais, do psicólogo social norte-ame-
ricano Leon Festinger: a teoria da dissonância cognitiva.
“Dissonância” significa falta de harmonia, discordância Raymundo de Lima
entre duas ou mais coisas. “Cognitiva” significa capa- Prof. da UEM - Doutor em Educação

18 Revista Maringá Missão


Revista Maringá Missão 19
RELIGIOSOS

27º Dia Mundial da Vida Consagrada


"Irmãos e irmãs para a missão"
No dia 02 de fevereiro, a Igreja abordada em 1994, num Sínodo dos grados vivem esse chamado na for-
celebrou o 27º Dia Mundial da Vida Bispos, e à época, o Papa João Pau- ma de doação total, de acordo com o
Consagrada, na Festa da Apresenta- lo II publicou a Exortação Apostóli- evangelho de Jesus Cristo, que tam-
ção do Senhor. A data foi instituída ca Vita consecrata. Na Exortação o bém doou a sua vida por todos. Em
pelo Papa São João Paulo II com o Papa declarava: “o fundamento evan- 2016, o Papa Francisco dizia num En-
objetivo de ajudar a Igreja a valorizar gélico da vida consagrada há de ser contro com participantes do Jubileu
o testemunho das pessoas que esco- procurado naquela relação especial da Vida Consagrada: “Religiosos e
lheram seguir a Cristo na totalidade que Jesus, durante a sua existência religiosas, isto é homens e mulheres
de suas vidas. Ao mesmo tempo, a terrena, estabeleceu com alguns dos consagrados ao serviço do Senhor
ocasião propicia um momento para seus discípulos, convidando-os não que percorrem na Igreja este cami-
reavivar os sentimentos e propósitos só a acolherem o Reino de Deus na nho de pobreza forte, de amor casto
que devem inspirar a vida de doação sua vida, mas também a colocarem que os leva a uma paternidade e a
ao Senhor. a própria existência ao serviço des- uma maternidade espiritual por toda
Segundo as estatísticas publica- ta causa, deixando tudo e imitando a Igreja, uma obediência [...]. Há no
das pela Agência Fides em 2021, são mais de perto a sua forma de vida” meio de vós homens e mulheres que
mais de 630 mil religiosos no mun- (JOÃO PAULO II. Exortação apostó- vivem uma obediência forte — uma
do. A Igreja reconhece a vida consa- lica pós-sinodal Vita consecrata, n. obediência de doação do coração.”
grada como um dom de Deus que 14). Ao celebrar o Dia Mundial da Vida
enriquece e embeleza os espaços Todos os cristãos são chamados a Consagrada reconhecemos com gra-
que ocupam, por meio da ação do viverem ao serviço do outro, contu- tidão a importância desses homens
Espírito Santo. A vida consagrada foi do, os religiosos e religiosas consa- e mulheres que iluminam as nossas

20 Revista Maringá Missão


vidas por meio dos seus testemu- pírito de serviço, a doação, a alegria tidade e obediência e procuramos,
nhos de fraternidade e trabalhos e a esperança”, destaca a religiosa. no dia a dia, testemunhar o amor
desenvolvidos na Igreja e em outras de Cristo a exemplo de Maria, a sua
diversas áreas. O que é a vida religiosa? Mãe, a vocacionada por excelência”,
expressa.
A vida religiosa na Arquidiocese
de Maringá Qual é a missão da vida religiosa?

canva.com - degin
Irmã Maria Helena Teixeira, da
Congregação das Irmãs Missioná-
Por ocasião da data, a Arquidio- rias do Santo Nome de Maria (IMS-
cese de Maringá gravou uma série NM), explica que a vida religiosa é
de vídeos sobre a Vida Consagrada um seguimento radical e exemplar Para o irmão Joel dos Santos de
presente na Arquidiocese. Dom Frei a Jesus Cristo. Num primeiro mo- Souza, da Congregação dos Irmãos
Severino Clasen, arcebispo metro- mento, surgiu na Igreja como vida da Misericórdia de Maria Auxiliado-
politano, celebrou uma Santa Missa religiosa contemplativa monástica, ra, a vida religiosa consagrada tem
com a presença de todos os religio- ao longo dos anos essa dimensão foi como missão ser um sinal de vida e
sos na Paróquia Cristo Ressuscitado, ampliada em razão das guerras, das de esperança para as pessoas, onde
em Maringá. pestes, pandemias e das pessoas cada congregação, segundo o seu
Segundo a irmã Izabel Gomes da que passavam fome no mundo. Nes- carisma fundacional, expressa esta
Silva, coordenadora da Conferência te contexto, de acordo com a irmã missão de forma eficaz nos espaços
dos Religiosos do Brasil (CRB) na Maria Helena, a vida religiosa foi se onde se encontram. “E nós vivendo
Arquidiocese de Maringá, há dezoito dedicando às causas sociais como esta vocação, à luz do evangelho, o
congregações femininas e masculi- escolas, creches, orfanatos, asilos e, próprio Jesus é o nosso modelo de
nas, mais de cem religiosos que es- posterior ao Concílio Vaticano II, ao missão que nos impulsiona a viver
tão a serviço do povo de Deus, das trabalho pastoral. De modo geral, os esta missão conforme o nosso ca-
mais diversas formas: educação, religiosos estão engajados na vida risma. Que neste ano, todos possam
saúde, pastorais. A irmã salienta da Igreja e da Arquidiocese. rezar pelas vocações e também pe-
que cada uma dessas congregações las vidas consagradas para que con-
possui um carisma próprio, um jeito Como vivem os religiosos? tinuem sendo esse sinal do amor e
característico de ser consagrado e Irmã Maria Helena descreve que os da misericórdia de Deus”, enfatiza o
de se colocar a serviço do povo. “Ao religiosos vivem em comunidades, irmão Joel.
olharmos os consagrados de nos- onde há momentos de oração pes-
sa Arquidiocese podemos observar soal e comunitária. “Trazemos para a
aquilo que identifica cada uma das nossa oração a Igreja e as suas ne- (Entrevistas concedidas
congregações e ao mesmo tempo cessidades, a diocese e a paróquia à Arquidiocese de Maringá)
observar pontos que são comuns em onde vivemos. Como religiosos vi- Disponível em:
www.youtube.com/@ArquidioceseMaringa
todas elas: o amor, a dedicação, o es- venciamos os votos de pobreza, cas-

Revista Maringá Missão 21


RCC

Quaresma conduzida pelo Espírito Santo


tar o nosso deserto interior e chegar à
Páscoa do Senhor purificados. Contudo,
além do jejum e da oração, neste tempo,
o Senhor convida-nos a praticar a cari-
dade aos irmãos mais necessitados.
Este ato de amor ao próximo deixa-nos
mais íntimos com Deus e fortalece a
nossa fé.
Os tempos e os dias de penitência, no
decorrer do ano litúrgico, como o tempo
da Quaresma, são momentos fortes da
prática penitencial da Igreja e são, parti-
O tempo da Quaresma tem como pro- alto monte, onde foi tentado mais uma cularmente, apropriados aos exercícios
pósito nos levar a uma reflexão mais vez. “Dar-te-ei todo este poder e a glória espirituais, às liturgias penitenciais, às
profunda, voltar a criar uma intimidade desses reinos, porque me foram dadas peregrinações em sinal de penitência,
maior com Deus, por meio das nossas e dou-os a quem quero. Portanto, se às privações voluntárias, como o jejum
orações, e é caminho de preparação te prostrares diante de mim, tudo será e a esmola, à partilha fraterna (obras
para a Páscoa do Senhor. Nesse tempo, teu”. E Jesus disse-lhe: “Está escrito: de caridade e missionárias) (CIC 1438).
é vontade do Senhor que caminhemos e adorarás o Senhor teu Deus e a ele só Neste tempo de conversão, explica o
nos deixemos ser conduzidos pelo Es- servirás” (Lucas 1; 6-8). O demônio le- Papa Francisco, que não cansemos de
pírito Santo, lançando nossa vida a um vou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais fazer o bem aos outros, pois esta atitu-
deserto interior, assim como Cristo foi alto do templo e lhe disse: “Se és o filho de liberta-nos das lógicas mesquinhas
levado pelo Espírito ao deserto, onde foi de Deus, lança-te daqui abaixo; porque do egoísmo e participamos da genero-
tentado pelo demônio durante quarenta está escrito: Ordenou aos seus anjos a sidade de Deus.
dias (Lucas 4, 1-2). teu respeito que te guardassem. Jesus Irmãos, que neste tempo quaresmal
Cristo, durante os quarenta dias, nada disse: “Foi dito: Não tentarás o Senhor possamos realmente nos deixar ser
comeu e foi tentado pelo diabo, que dis- teu Deus” (Lucas 1, 9-12). conduzidos pelo Espírito Santo de Deus,
se: “Se és filho de Deus, ordena a esta Eis que Cristo, no deserto, foi levado fazer a vontade Daquele que é o único
pedra que se torne pão”. Jesus respon- a várias tentações, porém, por meio da capaz de salvar nossa alma do pecado
deu: “Está escrito. Não só de pão vive o ação do Espírito Santo, teve força, co- e nos livrar das tentações deste mundo.
homem, mas de toda a palavra que pro- ragem e sabedoria para suportar cada Lembrando que é nossa decisão prati-
cede da boca de Deus” (Lucas 1, 3-4). uma delas. Este percurso Deus nos car estes atos que transformam o nos-
Este jejum é uma das práticas que o Se- permite passar em nossa vida. No dia so coração e nos insere no caminho da
nhor convida-nos a fazer neste tempo. a dia passamos por várias tentações. santidade.
Podemos escolher um alimento ou uma Entretanto, assim como Cristo não es-
bebida, ou, ainda, nos abstermos de tava sozinho, também nós não estamos
Thaís Titato Moreira Biff
algo que praticamos, falamos ou com- sozinhos, o Espírito Santo está sempre
Coord. Arquid. do Ministério para as
pramos sem necessidade. conosco. Precisamos clamar sua ação Crianças e Adolescentes
Mais tarde, Cristo foi levado a um em nós, assim, conseguiremos supor-

22 Revista Maringá Missão


O QUE SÃO AS OFICINAS DE ORAÇÃO E VIDA?

Adaptar-se é relacionar-se com os outros nossos desejos, usando sutis racionaliza- ângulos e controlar as compulsões.
sem dominar e sem ser dominado. É um ções. É esse o nosso azar: dispomos de A adaptação é certamente o problema
processo complexo, mais fácil de descrever uma excelente equipe de mecanismos de mais álgido entre as relações interpesso-
do que de definir. O avanço do amor pres- defesa para recriar todas as coisas de acor- ais. Adaptar-se quer dizer evitar colisões.
supõe que não se esteja preso a si mesmo. do com a nossa medida. Se nossos ramos se entrechocam, com pe-
É, portanto, a capacidade de sair do próprio Acho que há duas instituições que são rigo de incêndio, quantos centímetros você
círculo e de se abrir ao mundo do próximo. verdadeiras escolas de transformação: o terá que cortar, quantos eu terei que cortar,
Nosso mal é que o ser humano tende a casamento e a fraternidade. Porque são para que haja conjunção e não colisão?
adaptar todas as coisas a si mesmo, atra- instituições que, por sua própria estrutura Serei exclusivamente eu o culpado das coli-
vés da racionalização, em vez de se adap- humana, obrigam os membros a entrar em sões? Se estivermos a cinquenta metros de
tar ao todo. Se não fizermos uma severa inter-relação de profundidade. Relacionan- distância, quantos metros tenho que andar
autocrítica, ou se não permitirmos que nos do-se, os membros têm que enfrentar e eu, quantos metros tem que andar você,
critiquem construtivamente, é quase certo confrontar os traços da própria personali- para que haja encontro?
que vamos chegar ao abismo da morte car- dade, obrigando-se a superar as diferenças, Trecho do livro “Suba Comigo”
regando todos os defeitos congênitos de sem invadir e sem se deixar devassar. Frei Ignácio Larranãga
nossa personalidade, aumentados e cresci- Adaptar-se significa deixar se questionar Contatos: Sandra (99972-3391)
dos ao correr de nossos dias. pelos outros e, quando os ângulos de nos- Natalina (98413-3941)
Se as circunstâncias ambientais não nos sa personalidade ficarem descobertos à luz Katia (98807-7080)
pressionam, nós não mudamos nem com o da revisão, da correção fraterna, ou sim- Magali (99920-2126)
noviciado, nem com os retiros ou cursos. plesmente da convivência diária, devemos Sites: www.tovbrasil.com.br
www.tovpil.org
Adaptamos até Deus à nossa medida e aos iniciar um lento processo para polir esses

www.colegiosfxavier.com.br
Revista Maringá Missão 23
Albergue Santa
Luiza de Marillac
Acolher, Cuidar, Servir, para Promover!

Localizado na Rua Fernão Dias desde a sua fundação, o Albergue completa 64 anos
O mais conhecido dicionário de língua portuguesa, des ininterruptas.
o Aurélio (1985), define a palavra albergue como: lugar A fundação do albergue ocorreu em 27 de março de
onde se recolhe alguém por caridade, refúgio ou abrigo, 1959, graças a sensibilidade de Dom Jaime Luiz Coelho,
hospedaria, asilo. No sentido literal, albergue é uma casa três anos após se tornar o primeiro bispo da recém-cria-
de acolhida ou de passagem para aqueles que não têm da ‘Diocese’ de Maringá. Desde o início, o local foi ge-
onde ficar e se encontram em situação de vulnerabilida- renciado por congregações religiosas, sendo a primeira
de social. a das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo
Quem mora em Maringá e região certamente já ou- (Vicentinas), que chegaram à Maringá em 1960, por meio
viu falar ou conhece o Albergue Santa Luiza de Marillac, das Irmãs Sebastiana Domingues, Delfina Gretter e Ivone
localizado próximo ao centro, na rua Fernão Dias. Neste Nazari. As religiosas seguiam os mesmos preceitos de
mês de março a instituição completa 64 anos de ativida- seu fundador, São Vicente de Paulo, que já em 1663, cui-

24 Revista Maringá Missão


dava dos necessitados na França. além de assistências em alimentação, vestuário, higie-
A princípio, o objetivo dos trabalhos era acolher e ne pessoal, acompanhamento psicológico, atendimento
hospedar trabalhadores rurais que vinham em busca de social, cuidados de enfermagem e encaminhamentos
novas oportunidades na jovem Cidade Canção, que neste diversos, especialmente para a elaboração de documen-
período estava em fase de grande desenvolvimento. Nes- tos pessoais, acesso ao mercado de trabalho, à rede so-
te início, a estrutura do albergue era pequena, contudo, cioassistencial e de saúde do município e demais órgãos
a esperança e o desejo de acolher e cuidar dos desam- de garantia de direitos dos indivíduos.
parados e necessitados transformavam qualquer gesto Seu público alvo são pessoas com mais de 18 anos
simples em um grande ato de amor! de idade, de ambos os sexos, em situação de rua; desa-
brigo por abandono, migração e ausência de residência;
Conheça o Albergue ou em trânsito e sem condições de autossustento (sem
Atualmente, o Albergue Santa Luiza de Marillac é ad- renda ou benefícios permanentes), com vínculos familia-
ministrado por diretoria leiga própria, tendo como seu res fragilizados e/ou rompidos.
presidente o Diácono Cesar Ribeiro de Castro, da Paró- Há também uma estrutura de atendimentos externos
quia Santa Isabel de Portugal, em Maringá. Para a gestão a este projeto de acolhimento interno para aqueles que
diária das atividades, conta com a presença permanente não almejam ou não se encontram aptos para a esta pos-
dos religiosos da Associação e Fraternidade São Francis- sibilidade. São diversas assistências permanentes e diá-
co de Assis na Providência de Deus, entidade franciscana rias, com destaque para 28 leitos para hospedagem em
que atua em mais de 70 serviços de assistência e saúde pernoite (acolhimento emergencial), orientações e enca-
em vários estados brasileiros, no Haiti e em Portugal. minhamentos diversos, além de três refeições, banho,
É classificado como um Serviço de Proteção Social trocas de roupas limpas, calçados, materiais de higiene
Especial de Alta Complexidade (SUAS), na modalidade pessoal, agasalhos e cobertores.
“casa de passagem”, onde oferta 75 vagas para hospeda- Entre todos os atendimentos diários, são realizadas
gem em acolhimento interno e provisório por até 90 dias, mais de 800 assistências internas e externas, alcançan-

Revista Maringá Missão 25


do, em média, mais de 200 indivíduos. Tudo é gratuito, e Uma grande obra de fraternidade
todos os que procuram o albergue podem receber as as- A sobrevivência deste serviço de amor se dá, em sua
sistências após devido cadastro e supervisão de equipe maioria, através dos corações generosos e das mãos
qualificada. Atuam diretamente nestes serviços mais de que acalentam e aliviam o sofrimento do próximo, ou
30 colaboradores próprios. (Confira os números de aten- seja, de doações da população de Maringá e região, que
dimentos e oportunidades nos quadros) partilham e transformam o trabalho em uma grande obra
de fraternidade. Além das doações, a instituição conta
Qual a missão do Albergue? com recursos próprios captados por meio de contribuin-
A missão do Albergue Santa Luiza de Marillac é Aco- tes, benfeitores, promoções e campanhas; e recursos
lher, Cuidar, Servir, para Promover! Se constitui a partir do governamentais por meio de convênio com a prefeitura
fervor evangélico capaz de reconhecer o rosto de Cristo municipal. A obra se completa ainda com a assistência
no irmão vulnerável, segundo os próprios ensinamentos espiritual por meio de seus religiosos, diáconos, sacer-
do Divino Mestre: “Pois tive fome e vocês me deram de dotes e apoio incondicional da Arquidiocese de Maringá.
comer, tive sede e me deram de beber, era estrangeiro e
me acolheram, estava nu e me vestiram” [...] “todas as Oportunidade de uma bela página de
vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais Vida Nova!
pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes! (Mt 25, 35- Frei Carlos Burdini, religioso membro da Associação
40). – Ir ao encontro dos mais necessitados, devolvendo- e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de
-lhes a dignidade, o amor e a esperança gerando assim Deus, atual coordenador geral das atividades do alber-
uma oportunidade real de transformação de vida. gue, conta que o trabalho é árduo e complexo, mas por

26 Revista Maringá Missão


possuir objetivos claros e bem organizados, alcança resultados
muito satisfatórios. “O albergue é uma verdadeira casa do abraço!
Todos são felizes por trabalhar aqui. Não se trata de um empre-
go, mas sim de uma nobre missão. Participar da reconstrução da
vida das pessoas é um ofício sagrado, portanto, a presença Dele
é indispensável e nossa maior inspiração. Desta forma, diante de
um mundo cada vez mais egoísta, todos os que chegam até nós
precisam sair daqui com ao menos uma nova gota de esperança e
de fé. Nós acreditamos no ser humano e que, para além dos seus
erros ou cabeçadas na vida, está sua dignidade de filho de Deus.
Cada um é único, cada história é um território santo, todos mere-
cem escrever uma bela página de Vida Nova!”

CASA DE PASSAGEM
• 75 vagas Acolhimentos
• 28 vagas Pernoite
• 5 Refeições/dia (Acolhimento)
• 3 Refeições/dia (Atend. Externo)
• 500 Refeições/Dia
• 100 Banhos quentes/Dia
• 1.500 Kg Roupas Lavadas/Mês
• 2.500 Atendimentos Psicossociais-Enfer-
magem/ Mês
• 3.000 Itens de Doação/Mês (Roupas; Cal-
çados; Utensílios; Cobertores; Prod. Higie-
ne; Móveis)

CASA DE PASSAGEM
• Regularização Documentos
• Grupos Operativos
• Elaboração de Currículos
• Encaminhamentos ao Mercado de Traba-
lho/ Trat. Saúde/ Recuperação Dependên-
cias.
• Cursos Profissionalizantes
• Internet/Informática
• Barbearia/Salão de Beleza
• Biblioteca
• Passeios
• Lazer (Jogos/Cinema)
• Espiritualidade (Missa, Terço, Grupo de
Oração, Catequese, Pastoral da Sobrieda-
de)

Fabiana Ferreira - Jornalista

Revista Maringá Missão 27


SAV

Vocação: Graça e Missão


à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher
os criou” (cf. Gn1,27). Já nascemos com o dom da vida que
brota do coração de Deus, trata-se de um dom que nos faz
únicos, especiais e de singular predileção para Deus.
Quando perscrutamos o Novo Testamento, reconhecemos
que Jesus sempre chama pessoas, de diferentes realidade
e ocupações, para o seu seguimento, manifestando a ação
amorosa de Deus. “Jesus subiu a montanha e chamou os que
ele mesmo quis” (cf. Mc 3,13). Trata-se de uma voz que ecoa
uma graça transformadora. E, responder a este chamado do
Mestre é mudar radicalmente a vida. É deixar-se guiar pelo
mesmo Espírito que conduziu Jesus e os apóstolos. É fazer a
vontade do Pai e deixar-se configurar ao Mestre.
A graça que vem de Deus supera toda miséria humana.
Através do chamado somos despertados para a missão, im-
pregnada do amor gratuito de Deus. Este amor quer perdoar e
libertar o fiel, para uma vida nova, capaz de construir o Reino
de Deus por onde passar. A voz de Jesus fala direto ao cora-
ção da pessoa, é uma voz ativa que desperta uma resposta
de fé. Este é o movimento da graça que age no encontro entre
Deus e cada ser humano.

“Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33)


Este é o lema do 3°Ano Vocacional do Brasil, extraído da
experiência dos discípulos Emaús, narrado pelo evangelista
Lucas. “E diziam um para o outro: não estava ardendo o nosso
coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava
as Escrituras?” (cf. Lc 24,32). Este texto traz a experiência tí-
Neste ano de 2023, as Igrejas do Brasil são chamadas a pica do coração chamado por Deus, que ao ser tocado pela
viver intensamente a temática da vocação, a fim de “promover graça, arde, fica inquieto pelo anseio de santidade e doação
uma cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famí- de si. Isto, porque toda vocação é vida para ser doada, vida
lias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao que jorra além de si, capaz de transformar realidades, pois ali
despertar de todas as vocações, como graça e missão, a ser- está Deus.
viço do Reino de Deus”. É neste intuito que estamos vivendo O coração que encontra Deus, naturalmente, arde e fica in-
o 3° Ano Vocacional no Brasil com o tema: “Vocação: Graça e quieto, porém precisa de uma resposta para, verdadeiramen-
Missão”. Este é um momento oportuno para que as mais va- te, nascer a vocação. E esta resposta é voltada para o cami-
riadas expressões de vocação, presentes na Arquidiocese de nho, para o seguimento de Jesus que chama. Por isso, aquela
Maringá, cheguem aos corações dos fiéis, conscientizando- frase conhecida: “missão é partir” faz muito sentido na vida
-os que a nossa Igreja é formada por pessoas ricas em dons cristã, pois assim como o Mestre, os discípulos são chama-
e carismas que se tornam luzeiros na sociedade, ao passo dos a ser itinerantes, sair de si e fazer o bem, levar esperança
que respondem prontamente ao chamado de Deus e buscam e construir gradativamente o Reino de Deus.
cumprir a sua missão. Contudo, que cada fiel se abra à graça transformadora, para
viver a sua missão, a vocação que nasce do coração de Deus.
Vocação é graça, é dom de Deus
Toda vocação nasce do coração de Deus. Logo, é Deus
quem desperta cada pessoa em sua história para caminhar Pe. João Paulo S. Piller – Assessor do
com ele. Desta forma, podemos reconhecer que a iniciativa Ano Vocacional na Arquidiocese de
é sempre Dele, o Autor da vida. “E Deus criou o ser humano Maringá

28 Revista Maringá Missão


ANO VOCACIONAL E A VIDA
RELIGIOSA CONSAGRADA

Ao falarmos da Vida Religiosa Consagrada, nos re- variados serviços (LG, 46).
ferimos às pessoas que se deixam mover e conduzir No concreto do dia a dia, vemos luz e transforma-
pelo Espírito Santo e testemunham o viver para Deus e ção na presença e atuação dos religiosos em todas
para os outros, com alegria e doação. as frentes de missão. Por exemplo, Educação, saúde,
Os que respondem ao apelo de Deus para seguir pastoral e promoção da vida.
Jesus na Vida Religiosa Consagrada buscam nortear Os religiosos atuam em meio a todas as realidades
suas vidas, tendo como princípio os ensinamentos e desafiadoras. Como explicar a alegria no testemunho
os exemplos de Jesus Cristo, nos conselhos evangéli- dos que seguem a Cristo? Mais do que com palavras,
cos de pobreza, castidade e obediência, à luz dos ca- isso se expressa na vida e nas atitudes dos consagra-
rismas e espiritualidade de cada congregação. dos que partilham o seu ser e a experiência do amor
A Vida Consagrada é sinal da bondade de Deus. E de Deus cotidianamente.
não poderia ser diferente, uma vez que a experiência É certo que o exercício diário da oração, o contato
do encontro com Cristo nos leva a estar em constante com Palavra de Deus e a participação na Eucaristia
movimento em direção a outras pessoas. Acolhidos e ajudam para que permaneçam impregnados e identi-
amados por Ele, somos chamados a colocar Cristo no ficados como pertença a Deus, em seu ser e em sua
centro de nossas vidas. Por isso, nos descentraliza- missão.
mos. Importa ser sinal para aos outros. Quantas vidas são tocadas e beneficiadas diaria-
A Vida Religiosa não é feita de pessoas perfeitas, mente pelo trabalho e pela presença da Vida Religio-
mas de pessoas que buscam constantemente confi- sa! Isso é dom, é graça de Deus! Rezemos para que
gurar-se com Cristo e quanto mais se dedicam nessa os consagrados(as) possam continuar sendo teste-
busca, mais se tornam presentes e imersos na histó- munhas do Deus vivo, promotores de comunhão, da
ria e na realidade de seu tempo e do povo onde estão justiça, da paz, da integridade da criação e nunca se
em missão. Assim afirma a Constituição Dogmática esqueçam de levar por meio de suas vidas a luz de
Lumen Gentium, quando diz que a Vida Religiosa em- Cristo a todas as pessoas.
beleza a Igreja por sua perseverante e humilde fideli- Ir. M. Helena Teixeira
dade à sua consagração e por prestar generosamente Provincial das IMSNM

VENHA PARTICIPAR CONOSCO IRMÃS MISSIONÁRIAS DO


DESTA MISSÃO EVANGELIZADORA SANTO NOME DE MARIA
Revista Maringá Missão
WWW.PBMM.COM.BR 29
DEVOÇÃO

São José:
patrono da Igreja Universal
“Jacó foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo” (Mt1,16)
No dia 19 de março, a Igreja celebra a (Mt1,18), José tinha duas opções, de acor- como ‘homem justo’ ao qual foi confiada a
solenidade de São José, esposo da Vir- do a Lei: ou levar Maria diante do tribunal missão de proteger a vida de Jesus e de Ma-
gem Maria e pai adotivo de Jesus, o Filho ou passar-lhe uma carta privada de repúdio. ria, na qualidade de esposo e pai; portanto,
de Deus. O início do culto ao santo ocorreu José escolhe a segunda opção com o obje- José desempenhou essas funções impor-
com a participação de São Bernardino de tivo de não a difamar e Maria constata que tantes no plano histórico da salvação e é
Sena (1444) que, em seus ensinamentos, José era um homem justo. reconhecido como patrono de toda a Igreja
destacava São José como “escolhido pelo O reconhecimento histórico da figura Universal.
Pai eterno para ser guarda fiel e providente de São José como ‘homem justo’ (Mt1,19)
dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus ultrapassa sua decisão naquele momento, Pe. Claudemir Ricardo
e a Virgem Maria”. pois a fidelidade a Deus, em meio da escuta Pároco Paróquia Santa Teresa de Jesus/
No desenvolvimento histórico da Igreja de sua palavra “José filho de Davi, não tenha Marialva
de Jesus Cristo, a figura de São José perma- medo de receber Maria como sua esposa,
neceu durante séculos às escuras, ou seja, porque ela concebeu pela ação do Espírito Você é devoto de São José?
em seu característico apagamento; somen- Santo. Ela dará à luz um filho, e você lhe Como cultiva a devoção? Qual gra-
te com o Papa Pio IX em 1870, se declarou dará o nome de Jesus”(Mt1,20-21) o insere ça alcançou?
São José Patrono da Igreja universal e, em entre as grandes figuras da Antiga Aliança
1962 o Papa João XXIII mandou inserir o que, por fidelidade a Deus, assume sua mis- Maria de Fátima
nome São José no cânon romano da missa. são no projeto salvífico da humanidade. da Silva
No mistério da encarnação do Verbo, o Assim, após São José ter recebido, em Rocha
evangelista Mateus estrutura a genealogia sonho, o anúncio do anjo, fora-lhe incumbi- Eu sou apaixonada por
(ou origem) de Jesus em quatorze gerações do, como pai, dar o nome ao menino: “você São José e rezo o terço pe-
(Mt1,1-16), na qual se configura as promes- lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai sal- dindo a sua intercessão todos os dias. Peço
sas do povo que se estende de Abraão a Je- var seu povo dos seus pecados” (Mt1,21). a São José pela minha casa, família, pelos
sus, por meio de José. A genealogia atesta Então, o sentido teológico desta perícope meus três filhos, inclusive, tenho a graça de
que José, juridicamente, é o pai de Jesus; é que Jesus (Jeshua significa: o Senhor é um deles ser um sacerdote, o qual ensinei a
por meio dele Jesus pertence, segundo a salvação) é o portador absoluto da salva- amar e a ser devoto. Faço questão de pro-
Lei, à tribo de Davi, cumprindo Jesus de Na- ção, ou seja, que pela encarnação do Filho pagar essa devoção e já recebi inúmeras
zaré a promessa sobre a vinda do messias de Deus instaura-se a presença definitiva do graças. Uma graça que quero testemunhar
esperado. Reino no meio do povo. é que eu tinha uma enfermidade no olho,
Outra dimensão acerca de São José Por fim, como atesta a Escritura “quan- corria certo risco de perder a visão e tive
a ser ressaltada é que era ‘homem Jus- do acordou José fez conforme o anjo do Se- que passar por uma cirurgia. No período
to’(Mt1,19), pois Maria, segundo os precei- nhor havia mandado: levou Maria para casa de recuperação começaram a aparecer al-
tos judaicos, era noiva de José e podia ser e sem ter relações com ela Maria deu à luz gumas manchas no meu olho e fiquei bem
chamada sua esposa e no caso da gravidez, um filho. E José deu a ele o nome Jesus” preocupada, mas logo recorri a São José e
que ocorreu pela ação do Espírito Santo (Mt 1,25), mais uma vez José é apresentado pedi que ele intercedesse pela cura total do

30 Revista Maringá Missão


desse meu problema. Quando retornei ao des financeiras que eu estava passando, e essa situação na minha vida, pois São José
médico, para a Glória de Deus e interces- a necessidade de adquirir um imóvel para conhecia meu coração e sabia o quanto es-
são de São José, ele me disse que estava que eu pudesse me organizar, criar meu tava me fazendo mal, que proporcionasse
tudo bem e a recuperação estava ótima e escritório e trabalhar sem qualquer tipo de o melhor para mim, no outro dia recebi a
hoje estou curada! Obrigada, meu querido incômodo. No dia 19 de março de 2021, ligação de um concurso que havia realiza-
São José! festa de São José, uma pessoa próxima do um ano antes, dizendo que eu estava
da minha família e que conhece muito bem sendo chamada para começar a trabalhar,
Maria Carolina e a minha história e dedicação, me ligou e foi a resposta de São José ao meu pedido.
João Paulo ofereceu o valor como doação para que eu Neste mesmo ano, pedi para São José, que
Somos devotos de São pudesse dar entrada e adquirir a casa pró- mostrasse para mim qual profissão estava
José e cultivamos a de- pria e realizar o sonho de ter o meu próprio preparada para minha vida, pois estava há
voção sempre pedindo a escritório anexo à casa. Eu não aceitei o sete anos tentando entrar para o curso de
sua intercessão. Eu, Maria Carolina, rezei valor como doação, mas fiz um acordo que medicina e não alcançava as vagas dis-
pedindo a São José para ter um esposo, mensalmente iria pagar determinada quan- poníveis. Então, surgiu a oportunidade de
assim como ele foi para Nossa Senhora, tia diante do valor que recebi. Atualmente, concorrer a uma bolsa de estudos para o
e esse ano completo dois anos de casada com a graça de Deus, pela intercessão da curso de odontologia e eu passei, consegui
com o João Paulo. Costumo guardar um Santíssima Virgem Maria e de São José, a bolsa na primeira tentativa, e hoje sou
pacotinho, onde colocamos o nosso di- estou morando na região de Maringá, con- muito realizada com a profissão que me
nheiro e sempre pedimos a São José que segui adquirir minha casa e organizar meu formei, graças a São José. Conseguindo
não nos falte o sustento e nem o trabalho. escritório de trabalho. Algo extraordinário: essa bolsa, tive que mudar de cidade, meu
São José sempre nos ajudou e vai conti- no momento estou contribuindo como de- esposo ficou em uma cidade e eu em outra,
nuar nos ajudando. signer gráfico na divulgação do filme docu- ele por causa do trabalho e eu por causa
mentário "Coração de Pai - Como São José do estudo. Após dois anos não estávamos
Renan Augusto atua hoje?" produzido pela Goya Produções indo bem no nosso casamento, várias coi-
Pedroso Ribeiro e que será distribuído no Brasil pela Kolbe sas nos abalavam. Meu esposo chegou até
Cultivo a devoção a Arte Produções. "Coração de Pai" destaca falar em nos separarmos, mas eu pedi no-
São José pedindo diaria- a intercessão de São José em nossos dias vamente a São José, que também é Espo-
mente a sua intercessão e será lançado exclusivamente nos cine- so, que providenciasse a transferência dele
e, de modo especial, rezando uma oração mas no mês de março. para perto de mim, para que pudéssemos
que o Papa Leão XIII recomendou em sua viver juntos como família, um ao lado do
Carta Encíclica "Quamquam Pluries", de Bruna outro, que o lugar da esposa é ao lado do
15 de agosto de 1889, sobre a devoção ao Tenho muitas bênçãos seu esposo e o lugar do esposo é ao lado
patriarca da Sagrada Família. Não recebi que recebi através da in- de sua esposa. E fui pedindo isso todos os
somente uma graça, mas diversas, o "Ano tercessão e providência de dias e também fiz a novena de São José.
de São José" foi muito importante para a São José e quero testemu- Meu esposo decidiu vir para cá e ir e voltar
Igreja, foi nesse período que eu descobri a nhar algumas delas. No ano da cidade para trabalhar e após três meses
beleza da devoção a São José. Eu tomei a de 2018 estava passando por problemas ele conseguiu a transferência. Essas são
decisão de vir morar em Maringá em 2018, no meu ambiente de trabalho e estava me algumas das providências que São José
devido à faculdade, a mudança ocorreu no causando muito sofrimento, um dia fui ao proporcionou em minha vida, pois sempre
dia 1º de maio do mesmo ano, festa de grupo de oração e ouvi a seguinte frase: "O vem em meu auxílio nas dificuldades e tor-
“São José Operário”, precisei morar em um que você estiver precisando, pede para São na ainda melhor os bons momentos. Obri-
imóvel alugado. Em 2021, tomei a decisão José Dormindo que ele atende seu pedido". gada, São José Operário, São José Dormin-
de rezar a novena em honra a São José pe- Então, na minha oração antes de dormir, do, São José da Sagrada Família.
dindo sua intercessão diante das dificulda- pedi para São José Dormindo que mudasse

Revista Maringá Missão 31


LITURGIA

Quaresma, Jejum
e Campanha da
Fraternidade
A fé nos impulsiona a conside- A cada domingo, atentos à Palavra
canva.com

rarmos a vida para além do plano proclamada, vamos reavivando o


natural, onde estamos fadados aos amor. Os dois primeiros domingos
efeitos vorazes do tempo. À luz da quaresmais apresentam todos os
fé em Jesus Cristo o ser humano é anos as mesmas reflexões: no pri-
situado numa perspectiva de maior meiro fazemos memória das tenta-
beleza: “embora nosso físico vá se ções de Jesus no deserto e no se-
desfazendo, o nosso homem interior gundo, a sua transfiguração. Jesus é
vai se renovando a cada dia” (2Cor exemplo para o penitente, jejua, ora e
4,16). Vamos associando os sinais pode ser contemplado transfigurado
sensíveis do tempo ao mistério pas- em luz. Nossa caminhada de conver-
cal de Cristo através da vivência do são e transformação só tem sentido
tempo litúrgico e sua estrutura sim- à luz de Jesus Cristo.
bólico-sacramental. Pela memória Para os demais domingos da
litúrgica (ação ritual) participamos Quaresma, cada ano litúrgico (ano
da intervenção definitiva de Deus na A de Mateus, B de Marcos ou C de
nossa história em Jesus Cristo. Lucas) apresenta uma reflexão dis-
No ritmo do tempo, o período de tinta. Para o A, que nos encontramos
quarenta dias da Quaresma é um agora, a temática principal apre-
convite para que a Igreja se una ao senta uma perspectiva batismal (o
mistério de Jesus no deserto (Ca- poço da samaritana; o cego de nas-
tecismo da Igreja Católica/CIC, n. cença; a ressurreição de Lázaro). O
540), por meio da escuta da Palavra ano B destaca-se pelo mistério da
de Deus e práticas de penitência, renovação da pessoa humana pela
chamando a atenção para as conse- penitência, seguindo o mistério da
quências sociais do pecado (Cons- cruz de Cristo participaremos de sua
tituição Sacrosanctum Concilium, ressurreição (a restauração do Tem-
n. 109). O deserto é a ausência de plo; Cristo exaltado na cruz; o grão
ruídos, é o nosso calar-se para que de trigo que precisa morrer). Já no
se ouça a Palavra de Deus. Pela peni- ano C, a penitência e a misericórdia
tência, o fiel vai realizando o proces- de Deus para com a humanidade se
so de conversão iniciado no Batismo, mostram necessárias (uma desgra-
praticando os exercícios de penitên- ça não é sinal de castigo, mas apelo
cia individual e social: oração, jejum à conversão; o filho pródigo; a mu-
e a esmola (Mt 6,1-18). Desta forma, lher adúltera).
a Quaresma se torna tempo favorá-
vel de conversão, um caminho que Quanto aos exercícios peniten-
nos conduz ao ápice do tempo litúr- ciais do tempo quaresmal, o Papa
gico, o Mistério Pascal, celebrado no Francisco nos auxilia para melhor
tríduo Pascal. compreensão:
Quaresma é o tempo intenso de “A esmola, a oração e o jejum
preparação, um verdadeiro retiro reconduzem-nos às únicas três
pela liturgia. Tempo de renovação e realidades que não se dissipam. A
conversão, morrer para o pecado e oração liga-nos a Deus; a caridade,
ressurgir transformados com Cristo. ao próximo; o jejum, a nós mesmos.

32 Revista Maringá Missão


Deus, os irmãos, a minha vida: tais tilha com os que necessitam.
são as realidades, que não acabam Para nos auxiliar neste sentido, a
em nada e sobre as quais é preciso Campanha da Fraternidade (CF 2023)
investir. Eis para onde nos convida a propõe para este ano o tema “Frater-
olhar a Quaresma: para o Alto, com a nidade e Fome”, com o lema “Dai-lhes
oração, que liberta duma vida horizon- vós mesmos de comer” (Mt 14,16). O
tal e rastejante, onde se encontra tem- texto-base da CF 2023 já nos adver-
po para si próprio, mas se esquece de te que “não é uma campanha sobre
Deus. E depois para o outro, com a ca- a Quaresma e seus exercícios de pie-
ridade, que liberta da nulidade do ter, dade”... mas sim, “...estimula estes

canva.com
de pensar que as coisas estão bem exercícios e, aproveitando a Quares-
se para mim correm bem. Por último, ma como tempo favorável para a con-
convida-nos a olhar para dentro de versão, aborda-os na perspectiva da
nós mesmos, com o jejum, que liberta conversão pessoal e coletiva, pois a
do apego às coisas, do mundanismo fé tem também uma dimensão social”
que anestesia o coração. Oração, ca- (Texto-base CF 2023, n. 3).
ridade, jejum: três investimentos num
tesouro que dura” (Santa Missa de 6 O texto-base da CF 2023, em seu
de março de 2019, homilia do Papa número 7, nos chama a atenção:
Francisco). “A fome é um contratestemunho
Podemos fazer um aprofunda- que não reconhece de forma prática
mento, destacando a prática do jejum. a dignidade integral das pessoas, não
Criticado pelo profeta Isaías (Is 58), considera a primazia do bem comum
quando desassociado da prática do como o conjunto de todos os bens
direito e da justiça, o jejum só tem ver- necessários para cada pessoa se
dadeiro valor quando nos leva a disci- realizar humanamente, além de gerar
plina, a adquirirmos o domínio sobre toda uma conjuntura que faz com que
nossos instintos e a liberdade de co- a pessoa em situação de fome esteja
ração, a aprendizagem de abandono em menores condições de participa-
de nossas vontades em detrimento as ção, como se fosse indigente, invisí-
do Senhor. Neste sentido, pode-se ci- vel, correndo o risco de reduzir a so-
tar algumas práticas bem específicas: lidariedade ao assistencialismo que,
jejum de língua: cuidar do que se fala; embora ajude nos momentos mais
jejum de passos: o cuidado com os lo- agudos, não transforma as estruturas
cais que se frequenta; jejum da vista: de pecado”.
evitar certas situações e programas A CF 2023, neste sentido, vem re-
de TV, por exemplo; jejum de coração: forçar a urgência de exercícios de pie-
o desapego de coisas que nos afas- dade verdadeiros. Um apelo para culti-
tam do projeto de Jesus. varmos um coração que, assim como
Não percamos, no entanto, a prá- o de Jesus, não habite a indiferença.
tica primeira do jejum, a abstinência Que tenhamos compaixão, que apren-
parcial ou total de alimentos por mo- damos, com os discípulos de Jesus
tivo de penitência ou disciplina. Para narrados no Evangelho, a assimilar a
nós, cristãos católicos, existem dois lógica da partilha e da solidariedade,
dias que devemos realizar uma úni- não podendo assistir indiferentes à
ca refeição completa, a Quarta-Feira fome do mundo. Que nossa partilha,
de Cinzas e a Sexta-Feira Santa. No- mesmo pequena, seja total e que de
vamente, o jejum perde o sentido se, nosso gesto de olhar compassivo, de
ao praticá-lo, a falta do alimento não responsabilidade, de disposição em
Nivaldo Bertolini
nos sensibiliza à dor de tantos irmãos partilhar, de ação de graças a Deus, Membro da Pastoral Litúrgica
e irmãs que são privados de uma ali- possa saciar nossos irmãos e ainda da Arquidiocese de Maringá
mentação digna. Aquilo que deixamos recolhermos doze cestos. Membro da Rede Celebra Núcleo Maringá
de comer deve transformar-se em par-

Revista Maringá Missão 33


PSICOLOGIA

Você consegue dizer não?


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Eis o desafio nosso de cada dia: trar ao mundo que você também pode tas pelo outro, principalmente amigos,
aprender a dizer não. Essa é uma difi- fazer suas próprias escolhas e essas colegas de trabalho, chefe, familiares.
culdade mais corriqueira do que imagi- escolhas precisam ser respeitadas. “É Outras ainda, pela forma com que fo-
namos. Algumas situações evidenciam necessário encontrar um ponto de equi- ram educadas, sua cultura, onde devem
a complexidade em dizer não: comprar líbrio entre dizer sim e não, pois isso faz dizer “sim” a tudo e a todos e serão re-
coisas que não gostou para não desa- toda a diferença e a pessoa vive mais compensadas, como na infância. Essa
gradar o vendedor; não devolver objetos feliz”, aponta a psicóloga. Denise des- situação angustiante também se mani-
adquiridos e que vieram com defeitos taca mais alguns pontos importantes festa em adultos que receberam uma
ou quebrados; deixar que furem a fila na sobre aprender a dizer não. Confira: educação muito severa por parte dos
sua frente; atender a pedidos incabíveis pais. Neste ponto está um dos maio-
de amigos para não perder a amizade; Revista Maringá Missão – Por que res problemas, pois se você já se vê
aceitar convites para festinhas ‘chatas’ é tão difícil dizer não? incomodado com a situação e mesmo
de amigos ou do chefe somente para Denise Liliane Nochi: A maioria das assim não tem a coragem de dizer não,
não dizer não, entre tantas outras oca- pessoas têm receio em dizer não, mas, muito mal pode estar sendo gerado.
siões. conseguem. Outras nunca conseguem
O medo da rejeição, de não agradar dizer “não”. Por vezes, essa dificuldade RMM - Quem gosta de pessoas que
ou de ser mal compreendido estão en- está ligada à baixa autoestima ou à per- não sabem dizer NÃO?
tre algumas razões que levam muitas sonalidade. Geralmente essas pessoas Denise: Geralmente pessoas “es-
pessoas a responder sim a tudo, mes- são aquelas caracterizadas sempre pertalhonas”, que percebem a dificulda-
mo que isso vá contra seus valores, como “boazinhas” e apesar do sofri- de do outro em recusar o que ele está
costumes ou sentimentos. Existe uma mento de dizer sim a tudo, não querem pedindo e começam a se aproveitarem
necessidade de satisfazer o outro, não desagradar a ninguém. Contudo, aquela disso para tirar vantagens.
se indispor ou magoar. Em contraparti- pessoa muito “boazinha” nem sempre é
da, dizer sim a todos e a tudo limita o a mais valorizada, seja na família, no RMM – Como é o “não” nas rela-
indivíduo a não assumir o que pensa, trabalho e no meio social ao qual está ções interpessoais?
pois ele mal consegue perceber o que inserida. Denise: Dizer não pode magoar,
está fazendo a si mesmo. mas se você realmente quer ajudar o
Segundo a psicóloga Denise Liliane RMM – Mesmo sendo prejudica- outro, uma das opções é deixá-lo fazer
Nochi, é preciso ter em mente que qual- das, algumas pessoas não conseguem sozinho, cair e aprender a caminhar
quer relação precisa de limites, pois dizer não. Por quê? com as próprias pernas. Uma vez ou
além da amizade, do amor ou da ca- Denise: Primeiros as pessoas têm outra ajudar é fundamental, mas tornar
maradagem, é a individualidade do su- medo de serem rejeitadas ou rotula- algumas pessoas dependentes do seu
jeito que está em jogo. Logo, aprender das como chatas, por exemplo. Outras sim pode ser mais prejudicial do que
a posicionar-se é uma forma de mos- receiam não serem amadas ou acei- parece. Pense em você também e não

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só nos outros. ta nada, e qualquer dia pode ser você mento de culpa.
quem esteja precisando contar com o 2. Pergunte a si mesmo se o pedido
RMM – A falta do “não” prejudica a sim de alguém. Todavia, é essencial lhe parece razoável e se você quer mes-
saúde mental? que você saiba de seus limites e conhe- mo aceitá-lo ou não. Sempre que tiver
Denise: Sim, pois fazer coisas que ça até onde você pode ir. Agir com equi- dificuldade em se decidir, provavelmen-
não agradam prejudica a pessoa e seus líbrio favorece a todos. te sua vontade sincera é pelo não.
relacionamentos. E, qualquer hora, 3. Se precisar de mais detalhes, pe-
pode levar à frustração e explodir, ge- RMM – Como aprender a dizer ça-os antes de decidir.
rando conflitos. Antes que isso ocorra não sem sentir culpa, medo de perder 4. Se chegar à conclusão de que de-
é preciso tomar consciência das coisas oportunidades ou de ser uma pessoa seja dizer não, faça-o sem rodeios.
que lhe são ou não agradáveis e ir pon- prestativa? 5. Seja breve, dê sempre uma expli-
derando. O estresse e a depressão são Denise: Como dizer não, todos já cação, mas que pareça mesmo uma ex-
alguns problemas emocionais gerados sabemos, mas um dos segredos con- plicação e não uma série de desculpas.
pela falta de saber dizer não, levando à siste em aprender a dizer não de forma 6. Muitas vezes não basta dizer não.
insegurança e baixa autoestima. Há ca- a preservar nossa convivência com o Se desejar ajudar o outro (ainda que não
sos em que essa situação precisa ser próximo e, consequentemente, conos- queira fazer o que lhe pediu), ouça com
tratada com medicamentos e terapias co mesmo. Na realidade, trata-se de atenção o que ele tem a dizer, exponha
de mudança de comportamento. uma maneira de não fazer tudo o que o motivo de sua negativa e veja se pode
nos pedem, sem ter que dizer não os- ajudar a encontrar outra solução para o
RMM – Dizer sim também faz bem? tensivamente, sem sentir-se culpada, problema.
Denise: Sim, ser uma pessoa pres- citando motivos francos e sinceros.
tativa é benéfico para si e para os ou- Para dizer não, algumas regras simples *Denise Liliane Nochi/ Psicóloga
tros. Quando se pode ajudar o outro devem ser observadas: CRP0807099-7
não fará mal, seria até natural, pois 1. Não comece pedindo desculpas. Entrevista: Fabiana Ferreira/Jornalista
em alguns casos realmente não cus- Isso poderá sugerir um eventual senti-

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CÁRITAS

O despertar de leigos e o nascer de um


novo olhar para os vulneráveis

Ao longo dos últimos dois anos (2021- que ampliou o nosso olhar e permitiu que tos e também da caminhada de participa-
2022), enquanto alunos, nos dedicamos aprofundássemos o entendimento sobre ção da igreja-povo. Temos claro que a fé
ao curso de formação “Escola de Cultura, a “igreja-povo” e o necessário engajamen- demanda a ação socialmente consciente,
Fé e Política da Cáritas Arquidiocesana to dos leigos e leigas. Conhecer a DSI foi a partir do momento em que o leigo se
de Maringá” e, desde o princípio, um tema um despertar para o estudo contínuo dos coloca enquanto um observador crítico
permeava as nossas discussões: como documentos, não dissociado do exercício e sujeito transformador, envolvido com
constituir diálogo e despertar consciên- daquilo que institui a Doutrina Social. O segmentos e instituições da sociedade
cia em uma sociedade marcada pela ra- estudo de diferentes encíclicas nos levou que buscam promover ações no sentido
dicalidade de posições e pelo extremismo a perceber que o seu desconhecimento de erradicar as injustiças e a desigualda-
manifesto por parte de alguns? O texto, impede que o leigo se posicione a partir de social.
que ora apresentamos, não ousa respon- do social, do outro, do diferente, do ex- Em nossa formação enquanto sujei-
der a pergunta inicial, mas sim, registra o cluído, do explorado, do subalternizado. tos-leigos e observadores críticos, foi de
caminho que percorremos na revisão de A nosso ver, a Encíclica Rerum Novarum grande importância o entendimento do
nossas percepções e na elaboração de do Papa Leão XIII, sobre a condição dos neoliberalismo enquanto teoria, um mo-
novas formas de pensar e atuar enquanto operários; a Encíclica Laudato Si do Papa mento de reorganização das ideias volta-
leigos na sociedade contemporânea e em Francisco, que trata do cuidado com o das para a reformulação do capitalismo,
defesa do bem viver. Se a sociedade ain- meio ambiente e com todas as pessoas, que marca o processo de desvalorização
da não se transformou ao longo da cami- da relação entre Deus, os seres humanos do trabalho, impõe a intensificação do
nhada que percorremos, nossa maneira e a Terra; a Encíclica Fratelli tutti do Papa consumismo e de reformas estruturais.
de compreendê-la e de nos colocar me- Francisco sobre a fraternidade e a ami- Perceber que o processo de reestrutura-
diante as gritantes contradições sociais zade social; entre outros, oferecem um ção produtiva tem relação com as crises
se modificou. subsídio doutrinário que modifica a orien- políticas e econômicas no pós-guerra,
Certamente, o estudo aprofundado da tação da ação na Igreja. com a intensificação do fordismo (a má-
Doutrina Social da Igreja (DSI) foi encan- A partir do contexto doutrinário, his- quina substituiu o homem), até que a
tador e, principalmente, revelador. A opor- tórico e orientado para a ação social de produção entrasse em novo ritmo e, com
tunidade de conhecer o documento, de leigos e leigas em nossa formação, foi o neoliberalismo, o trabalho adquirisse
analisar seus aspectos e compreendê-lo fundamental o entendimento da socieda- condições ainda mais precárias, transfor-
em sua magnitude, paulatinamente nos de sob a perspectiva histórico-social, para mou a nossa compreensão das coisas na
distanciou da compreensão polarizada melhor compreensão do papel dos movi- realidade. Essas mudanças atingiram não
ou sectária da realidade, na medida em mentos sociais, dos partidos, dos sindica- somente as relações sociais de modo ge-

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ral, mas também as relações familiares. pois gera a fabricação de armas, acirra a apenas a desigualdade e a crueldade da
A aceleração do ritmo de trabalho e de disputa por territórios, controla pessoas e dominação!
concorrência impactou economicamente impõe o medo. A guerra, sempre justifica- O papel da Cáritas e a ação junto aos
na vida das famílias e diminuiu o tempo da de acordo com o interesse de alguns, migrantes e refugiados nos permitiram
de convivência e das formas de conviver. também aparece nas redes sociais, nos compreender a essência do posiciona-
A mulher passou a ter um papel essencial meios de comunicação, na veiculação de mento solidário, não assistencialista. Não
na composição da renda familiar e a re- falsa informação (fake news) e até em se pode ignorar a presente realidade de
lação com filhos se alterou, uma vez que nome da religião. Contudo, toda guerra é vulnerabilidade, sendo forçoso proteger,
as crianças passam a ficar mais tempo um desrespeito à Casa comum. acolher e integrar esses grupos de pes-
sozinhas, pois os pais precisam trabalhar Se de um lado as guerras e o neoli- soas no Brasil e no mundo. Ao nosso ver,
cada vez mais, normalmente para ganhar beralismo proporcionam concentração a expressão de atuação junto aos excluí-
menos. Ou seja, o neoliberalismo dimi- de renda e de poder para poucos, de ou- dos com o objetivo de garantir o olhar
nuiu o papel social do Estado e impactou tro lado, a desvalorização do trabalho, caridoso, cuidadoso para quem está em
nas formas de sociabilidade. A realidade o controle dos territórios e de pessoas, nossa comunidade e que tem voz e ende-
da vida ficou mais dura. produzem a exclusão social e a subal- reço. Esse é somente um dos exemplos
Além disso, na reflexão sobre Guerra ternização de muitos. A desigualdade de sobre a transformação do nosso olhar e
e Paz, fomos levados a perceber que não renda e as injustiças não são frutos do de nossa posição em relação aos vulnerá-
se trata de opostos, mas partes de um acaso, são produzidas no âmbito da so- veis, uma vez que ao final deste curso nos
todo. Toda a guerra é um duelo pelo po- ciedade e pela ausência de políticas com percebemos com a consciência ampliada
der! Na disputa por dinheiro e pelo poder, orientação socioeconômica. Deste modo, e a percepção intelectual modificada, o
a guerra admite o aumento de controle todas as vezes que se fortalece o capita- que faz repensar o verdadeiro sentido da
sobre as pessoas e de territórios autôno- lismo, se intensifica a exclusão social e, ação social na Igreja.
mos. Ora, se a guerra é o fracasso da po- no sentido contrário, toda forma de luta Formandos da turma de 2022 da Escola de
lítica enquanto consenso, a ocorrência da social confronta a lógica de exploração e Cultura, Fé e Política da Cáritas
guerra é lucrativa para quem a promove, de exclusão. Se assim não fosse, restaria Arquidiocesana de Maringá

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VOCAÇÃO

“Farei de vocês
pescadores de gente.” Mt 4,19

O despertar vocacional aconte- processo de formação inicial. Com


ceu em meio à participação na vida isso, participei de inúmeros momen-
de comunidade. Desde criança convi- tos de convivência, de encontros com
vi na Paróquia São Francisco de As- o povo de Deus por meio do estágio
sis, em Maringá. Lá, as Comunidades pastoral, semanas vocacionais mis-
Eclesiais de Base (CEBs) constituem sionárias nas regiões pastorais e a
o modo eficaz de ser Igreja, meus formação acadêmica em filosofia
pais, inseridos no grupo de reflexão, e teologia somadas às constantes
foram os primeiros responsáveis por orações dos fiéis pelas vocações, fo-
promover a minha inserção na vida ram proporcionando-me um coerente
eclesial. Somado a isso, o testemu- caminho de amadurecimento do cha-
nho de vida do meu pároco, no tempo mado a ser padre.
antes do seminário, contávamos com O projeto de vida cristã desejado
o padre Valdir Egea, sua dedicação e por Deus a cada um de nós, irmãos e
alegria ao ministério ordenado foi um irmãs, é que nos dediquemos ao se-
dos primeiros testemunhos da voca- guimento de seu Filho pelo testemu-
ção presbiteral em minha vida. nho e pelo zelo ao servir o próximo.
Meu sonho na adolescência era Agora, em 2023, após um longo pe-
cultivar a vida no campo, tínhamos ríodo vivendo no seminário, a Igreja
uma pequena propriedade rural perto em Maringá aceitou meu pedido de
de Maringá, e assim, eu estava des- ordenação e iniciarei o ministério dia-
cido a viver minha vida. Porém, em conal na Paróquia e Santuário San-
2013, enquanto tentava ingressar na ta Rita de Cássia. Agradeço a Deus
graduação, as atividades da comuni- pelo chamado à vida, pelo chamado
dade paroquial me envolviam signifi- vocacional ao ministério ordenado e
cativamente. Naquele ano, um amigo a Arquidiocese de Maringá, por me
terminou a formação no seminário e acolher e me enviar. Rezo a Deus, por
foi ordenado padre. As partilhas e as meus familiares e amigos que confia-
experiências de Igreja naquele mo- ram no projeto que aceitei para minha
mento, inclusive a sua ordenação, foi vida. Também dedico ao Senhor, mi-
um momento singular do chamado nhas orações e ministério pela por-
vocacional. Ainda em 2013, viven- ção do povo de Deus que Ele confiou
ciamos a preparação para a Jornada a mim. Na caminhada eclesial que já
Mundial da Juventude, no Rio de Ja- acontece, eu me incluirei e continua-
neiro, e a visita pastoral do arcebispo rei a anunciar o Evangelho aos pere-
na paróquia, na época, Dom Anuar grinos e devotos de Santa Rita. Aos
Battisti conviveu 15 dias em nossa paroquianos, os convido a construir-
comunidade com uma intensa agen- mos o discipulado missionário na
da de visitas e celebrações. comunidade, onde todos devem se
Em 2014, ingressei no seminário comprometer com o Reino de Deus.
com o propósito de fazer a experiên-
cia de discernir o chamado de Deus,
mas, ainda não estava descido em
ser padre. Ao longo de nove anos, a Diácono Anderson Schulter de Souza
Colaborador na Paróquia e Santuário
Arquidiocese de Maringá garantiu as Santa Rita de Cássia em Maringá.
condições necessárias para um bom

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VOCAÇÃO

“Ele continua chamando,


nos convidando a fazer a
Sua vontade”
Ao relatar a respeito da minha vo- formação, porém continuei discernindo
cação, recordo-me com certa precisão minha vocação. Para mim esses dois anos
do momento em minha vida que senti o foram únicos, pois me ajudaram a amar
desejo de ser padre, não tendo ainda co- ainda mais a Igreja, me dedicando naqui-
nhecimento suficiente de como buscar os lo que era possível e que me foi confiado
estudos específicos em direção ao minis- em minha comunidade paroquial. Vínculos
tério ordenado. Na ocasião, as sementes foram criados e pude estar mais próximo
da vocação já começavam a crescer. Parti- das pastorais e movimentos.
cipei durante toda a minha infância e ado- O período de seminário, como todo
lescência de um grupo de reflexão com processo, se deu de uma forma muito in-
pessoas que moravam próximas a mim, tensa, de muitas expectativas e de uma
e foi através dos encontros que iniciei in- inserção na Igreja com todo o seu cuida-
ternamente reflexões a respeito da vida do em anunciar o Evangelho. As etapas
presbiteral. Além do grupo, o meu último da formação inicial me fortaleceram, me
ano da catequese foi fundamental, lá senti ajudando a me identificar com a realidade
que deveria dar continuidade, permanecer paroquial, e ao mesmo tempo com o caris-
na Igreja. ma de Jesus Bom Pastor.
Comecei a sentir o chamado para ser Ao chegar ao último ano de seminário,
padre quando completei dezesseis anos, as respostas relacionadas à fé e, sobretu-
momento este crucial para decidir qual o do, a vocação, precisaram ser dadas todos
caminho a se buscar. O chamado ao qual os dias. Quando me deparei que estava na
me recordo veio por meio do grande dese- reta final da preparação imediata para o
jo de participar das atividades da minha diaconato e para o presbiterado, procurei
paróquia de origem, Divino Espírito Santo visitar o começo de tudo, sabendo que foi
de Bom Sucesso - PR. Senti algo profundo Deus quem conduziu em todo esse percur-
que me chamava a me envolver mais e me so de discipulado e de configuração.
doar. Nesse mesmo período, em minha co- No segundo semestre do ano passado,
munidade paroquial, houve uma divulga- eu vivenciei um grande anseio de colabo-
ção a respeito dos encontros vocacionais rar diretamente no anúncio do Reino, e
no seminário. me perguntava: O que a Igreja espera de
Procurei o pároco para dar início ao mim? Pois até aqui possuo a convicção de
discernimento vocacional. Fiz um ano de que valeu a pena me lançar ao encontro
encontros, mas no terceiro já havia decidi- do chamado. Cada dia que passava se tor-
do ingressar no seminário no próximo ano. nava os últimos de um ciclo e ao mesmo
No ano de 2012 iniciei minha caminhada tempo o começo de outro.
formativa no seminário, que tem como No mês de outubro, recebi uma notícia
objetivo formar os futuros padres da Ar- especial, que foi a novidade que consistiu
quidiocese de Maringá. Foram dois anos em ser designado para a Paróquia São
de propedêutico, quatro anos de filosofia Paulo Apóstolo, de Sarandi, uma realidade
e quatro anos de teologia. As etapas men- concreta para evangelizar. Após a ordena-
cionadas são de fato muito especiais em ção diaconal me sinto grato a Deus por es-
meu chamado, pois percebi que Deus cha- tar comigo, por ter me chamado, e como
ma, e mesmo nos momentos mais difíceis, é bom responder positivamente a Jesus
Ele continua chamando, nos convidando a Cristo. Se hoje testemunho a alegria do Diácono Marcelo Lopes de Medeiros
fazer a Sua vontade. itinerário formativo, foi porque Ele esteve Colaborador na Paróquia São Paulo
Apóstolo, em Sarandi.
No anos 2016 e 2017, estive fora da comigo.

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VOCAÇÃO

"Eu dou (para minhas ovelhas)


a vida eterna; Elas jamais hão de
perecer, e ninguém as roubará
de minha mão" (João 10, 27-30)

É incrível o amor de Deus para conosco. Então terminei a catequese e me tornei ca-
Temos um Deus que independente de nossa tequista. Comecei a participar do grupo de
condição, está disposto a nos resgatar com oração Fogo do Alto. Tanto o grupo quanto
Seu amor. No evangelho, Jesus fala que Suas a catequese foram decisivos para minha vo-
ovelhas conhecem Sua voz. Posso dizer que cação. Quanto mais eu estava com Deus e
tive a alegria de ouvir a voz do Bom Pastor. servia na paróquia, mais vontade eu tinha de
Venho de uma família com certa tradição estar com Deus e na paróquia. Os padres que
católica. Um pouco antes de meu nascimen- passaram pela paróquia ajudaram a impul-
to, a parte materna de minha família teve sionar a vocação, pois demonstravam alegria
um contato com a Renovação Carismática na doação e sentido em suas vidas.
Católica (RCC), que nos aproximou um pou- Entrei para o seminário em 2015. Eu que-
co mais da Igreja. Minha família sempre me ria, na realidade, corresponder ao apelo de
encaminhou a participar da Igreja, ensinando me doar mais, além do que Deus já me im-
valores. Por meio de meus pais, meus tios, pelia. No primeiro ano de seminário morei em
minha avó, fui conhecendo mais as coisas da Mandaguaçu e foi extremamente importante
Igreja. Fui criado desde pequeno na paróquia para aprofundar meus conhecimentos sobre
Menino Jesus de Praga, em Maringá, moran- as coisas de Deus e da Igreja. Depois, fiz os
do quase ao lado da igreja. Eu sentia, desde três anos de filosofia em Maringá, que me
criança, uma inquietação pelo ser padre. O serviram para melhorar a convivência com
padre Geraldo Schneider, que era muito pró- os outros seminaristas. A pastoral que fiz no
ximo da família, motivou muito minha vida de hospital Metropolitano de Sarandi e na Pasto-
fé, sendo para mim um grande exemplo, que ral Familiar nesta época, me ajudaram muito
quando criança já queria imitá-lo. Uma coisa a perceber o aspecto servil da Igreja.
marcante que me lembro de minha infância, Por fim, dos quatro anos da teologia em
foi que depois da minha primeira confissão, Londrina, a pandemia marcou praticamente
o padre Luiz Bento disse que se eu pensava dois anos. Vimos a importância de valorizar
mesmo em ser padre, que não desanimasse as coisas essenciais da vida e de crescer in-
e se dispôs a ajudar-me. teriormente. Neste período, tive uma certeza:
Como ovelha de Cristo, eu quis fugir das Jesus Bom Pastor esteve me acompanhando
pastagens seguras de Sua Igreja. Quando era por todo o período. Para confirmar, Ele me
adolescente parei de frequentar a catequese, encaminhou para a paróquia Jesus Bom Pas-
não queria mais saber de ir à missa e colo- tor de Paiçandu para exercer meu ministério
cava em questão os valores que aprendi. A diaconal e, com a graça de Deus, também o
moda que seguimos era a de curtir a juventu- presbiteral. Confio a Ele minha paróquia de
de como se Deus não existisse. Mas Jesus, origem e todas as paróquias que passei na
que disse que conhece Suas ovelhas, me co- pastoral que me deram muitas graças e ami-
nhecendo, sabia que eu não estava feliz da gos. Também confio a Ele e a Nossa Senhora,
maneira como vivia. a nova missão que o Senhor me confiou.
Deus chamou-me para segui-Lo e mani- Rezem por mim!
festava seu amor por mim por vários meios.
Em cada grupo de oração, adoração, missa,
Deus me amava me e recordava que nasci Diácono Rafael Xavier da Silva
para os céus. Numa adoração ao Santíssi- Colaborador na Paróquia Jesus Bom
Pastor, em Paiçandu.
mo, certa noite, percebi o chamado de Deus.

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Formação Pedagógica R2
abre leque para novos professores
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Conteúdo de Marca
A formação de professores ganhou novas possibilidades nova disciplina.
no Brasil desde que foi regulamentada, pelo Conselho Na- A vantagem da R2 é que encurta o caminho. Ao invés do
cional de Educação, a Formação Pedagógica R2. profissional começar do zero uma licenciatura (formação
Mas o que vem a ser a R2? Se você nunca ouviu falar, exigida para a docência), ele pode fazer um curso comple-
que tal ler este texto até o final? mentar em tempo mais curto e começar logo a dar aulas.
A R2 é uma formação complementar para quem já
possui um curso superior, seja de licenciatura (voltado à do- Onde fazer
cência), bacharelado ou tecnólogo, e deseja ampliar o seu O UniCV – Centro Universitário Cidade Verde, começou
campo de trabalho. a oferecer a formação R2 este ano. As opções são para os
É isso mesmo. A R2 é uma espécie de licenciatura em cursos de Artes Visuais, Ciências da Religião, Educação Es-
curto tempo para quem é graduado, deseja dar aulas, mas pecial, Educação Física, Filosofia, Geografia, História, Letras
não possui formação específica no campo pedagógico ou – Português e Espanhol, Letras – Português e Inglês, Letras
para quem já é professor e deseja novas opções para esten- – Português e Libras, Matemática, Pedagogia e Sociologia.
der a atuação em sala de aula. Os cursos são na modalidade a distância e podem ser
A formação permite que bacharéis e tecnólogos façam feitos em oitos meses, com uma carga horária de 1.000 ho-
uma complementação de estudos no campo pedagógico ras/aula, que está acima do mínimo exigido pela legislação.
para que possam dar aulas em áreas correlatas ao seu cam- Bacharéis ou tecnólogos que realizam a Formação Pe-
po de conhecimento. Um profissional formado em adminis- dagógica R2 podem atuar como professor do Ensino Fun-
tração, por exemplo, pode realizar a Formação Pedagógica damental II (6ª a 9ª série) e Médio; no EJA (Educação de
R2 em Matemática e atuar como professor desta matéria Jovens e Adultos), em escolas técnicas e participar de con-
no Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e no Ensino Médio. cursos públicos para licenciados em sua área de atuação.
A complementação também é válida para quem quer Já para dar aulas nas séries iniciais (1º ao 5º ano) é preciso
uma segunda licenciatura. Por exemplo, um professor de que a formação seja em Pedagogia.
história que queira lecionar geografia, filosofia ou alguma

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A caridade nos movimenta
em direção ao outro
“Se desejamos chegar à Páscoa sem dúvidas, sendo um tempo forte mesmos e ao movimento em direção
santificados em nosso ser, devemos de caminho penitencial, nos ajuda a ao outro por meio de gestos concre-
pôr um interesse especialíssimo na este retorno, ao diálogo por meio da tos de ajuda, de auxílio, de amor. E
aquisição desta virtude, que contém oração que nos leva ao encontro do por que não dizer, daquele que mais
em si as demais e cobre multidão de Sagrado, às práticas interiores e ex- sofre, ou ainda, daquele que está
pecados.” Assim nos indica o grande teriores que geram em nós uma fan- mais próximo de nós?
São Leão Magno quando se refere à tástica transformação e, assim, nos O fato é que não é tão fácil por ve-
caridade, especialmente neste belís- encoraja a permanecermos no amor. zes amar o próximo. O outro é capaz
simo tempo de conversão em vista da Destaca-se na Quaresma, junto de revelar as nossas próprias misé-
alegria pascal, a Quaresma. da oração e do jejum, a prática da rias, nossas mazelas, limitações e,
Há em cada um de nós esta ten- caridade. Referimo-nos também à assim, nos paralisa. Aproximar-se
dência ruim de nos afastarmos da caridade como esmola, que no fun- das feridas do irmão, portanto, é ven-
casa do Pai e, portanto, de seu amor, do é este conjunto de ações que nos cer-se a si mesmo. É exatamente aí
por meio do pecado. A Quaresma, levam essencialmente à saída de nós que a caridade entra em cena como

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esta virtude que quebra os precon-
ceitos, rompe os esquemas racionais
e impele-nos em uma decisão cora-
josa e que nos transforma ao nos li-
bertar do pecado.

Vatican News
No século XIII, São Francisco de
Assis experimentou este processo
violento, como dizia. Tomou a firme
decisão de descer de seu cavalo,
símbolo de suas vaidades e riquezas,
e partiu ao encontro daquele pobre
que mais lhe causava nojo, o lepro-
so. Aproximou-se, tocou-o e abra-
çando-o, o beijou! Confessou depois: caridade da Arquidiocese, desde o a caridade. Todos podem saciar a
“aquilo que me era amargo, se me ano de 1959, o albergue se coloca fome. Os que têm sede, podem be-
converteu em doçura da alma e do de maneira concreta e efetiva nesta ber. Os sem roupa, são agasalhados.
corpo”. O pobrezinho de Assis, como contramão ousada em promover a Os fragilizados são amparados e os
ficou conhecido, teve assim sua vida experiência do amor! São infinitos os peregrinos, acolhidos. Para os doen-
transformada por meio deste gesto, exemplos reais de vidas alcançadas tes, se não podemos curar, ao menos
pois quando imaginava estar levan- pela caridade que foram transfor- buscamos aliviar! Ah! E os que esti-

"
do consolo ao irmão doente, acabou madas ao longo destes 64 anos de veram encarcerados? Quando vêm
sendo curado de suas próprias feri- trajetória. ao nosso encontro... abrimos os por-
das, suas lepras. tões!
Percebemos então que a prática Assim, em cada um destes ges-
da caridade, que apesar de desafia- tos, nos perguntamos cotidiana-
dora, não envolve coisas tão extraor- mente se poderia haver experiência
dinárias, leva-nos ao encontro do humana mais próxima ao mandato
próprio Cristo. Gestos pequenos, or- divino do Mestre Jesus à caridade:
dinários, simples, verdadeiros, ami-
gáveis, elevados ao sentido cristão Aproximou- "todas as vezes que fizestes isso a
um destes meus irmãos mais pe-
e evangélico do amor ao próximo, queninos, foi a mim mesmo que o
podem ser o passaporte rumo a uma se, tocou-o e fizestes" (Mt 25, 45). Para mim, por
vida muito mais feliz e realizada. A fim, resta-me dizer: Louvado sejas,
caridade, portanto, é capaz de des- abraçando-o, o meu Senhor! Pois não sou digno de
fazer o rancor, adoçar as amarguras, que entreis em minha morada, ao me
aliviar as tensões, dar cor às triste- beijou!" visitar pessoalmente todos os dias
zas e aquecer o coração. Quem ama, também em cada um destes irmãos
com certeza é muito mais feliz! que batem à nossa porta!
Esta experiência é algo perma- Paz e bem!
nente na realidade vivida em nosso Frei Carlos Burdin - Fraternidade São
querido Albergue Santa Luiza de Ma- No albergue todos são bem-vin- Francisco de Assis na Providência de Deus
Coordenador Geral das atividades do
rillac, de Maringá. Sendo uma das dos! A casa é grande. Há muitas re- Albergue Santa Luiza de Marillc
primeiras obras assistenciais e de gras, é verdade! Mas a maior delas é

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IGREJA

Jejum: um convite à conversão


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A Quaresma é o tempo privilegiado de penitência e je- que se deva guardar “a abstinência e o jejum na Quarta-feira
jum. Para São Paulo, é "o momento favorável" para fazer "um de Cinzas”, que dá início à Quaresma, “e na Sexta-feira da
caminho de verdadeira conversão". Para Santo Agostinho, é Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que precede
o símbolo da vida do homem. Este tempo, iniciado com a a solenidade do Domingo de Páscoa. São esses os dois dias
Quarta-feira de Cinzas, interpela os cristãos a viverem mais em que os fiéis estão obrigados a guardar o jejum.
intensamente o ápice do Ano Litúrgico, o Mistério Pascal.
Jesus convida-nos insistentemente à conversão – este E o que entende a Igreja por jejum?
apelo é parte essencial do anúncio do Reino: “Completou-se O jejum eclesiástico que se deve observar, nos dois dias
o tempo, o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e cre- assinalados, consiste em tomar uma única refeição comple-
de no Evangelho” (Mc 1,15). O desejo do Senhor é que os ta até a saciedade (o que não significa empanturrar-se, mas
seus discípulos descubram a verdadeira conversão que não comer o suficiente segundo a própria condição). Além dessa
se encontra nas obras exteriores, mas na verdadeira conver- refeição única, que pode ser feita à hora do almoço, do jan-
são que se manifesta no coração em formas de penitência tar ou mesmo no café da manhã, a disciplina tradicional da
interior. Igreja reconhece a possibilidade de se tomarem duas outras
O Catecismo da Igreja Católica (CIC n°1434), nos apresen- refeições, ligeiras e bem modestas, ao longo do dia. Essas
ta que a “penitência interior do cristão pode ter expressões refeições complementares têm de equivaler a um pequeno
muito variadas. A Escritura e os padres insistem, sobretudo, lanche, que sirva apenas para “enganar a fome”.
em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem Este é o mínimo que a Igreja nos pede. Nada impede que
a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros”. os que, por terem boa saúde ou se sentirem mais generosos,
abstenham-se por completo de toda comida ou, à hora das
Aprendamos sobre o Jejum1. refeições, se alimentem somente de pão e água.
O Código de Direito Canônico, no Cânon 1251, estabelece A lei da Igreja, no Cânon 1252, especifica ainda que: “à

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lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade”, isto é,
a partir dos 18 anos completos, até terem começado os ses-
senta anos”, isto é, até terem completado os 59 anos. Estão
dispensados da observância do jejum, além dos menores de
idade e dos maiores de 59 anos, as pessoas que têm alguma
dificuldade de saúde ou os que têm como ofício alguma forma
de trabalho braçal. “Todavia”, continua o mesmo Cânon: “os

Canção Nova
pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles
que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da
abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da
penitência”.

O Jejum que agrada a Deus2


Depois de compreendermos a lei eclesiástica sobre o je-
jum, nos resta perguntar: Qual o jejum que agrada a Deus?
Esta é a pergunta que guia, em 16 de fevereiro de 2018, a me-
ditação matutina do Papa Francisco na capela de Santa Marta.
O verdadeiro jejum, enfatiza o papa, é aquele feito com coerên-
cia, não para ser visto. O verdadeiro jejum requer a graça da
coerência. Meu jejum chega a ajudar os outros? Se não chega,
é falso, é incoerente e te leva pelo caminho de uma vida dupla.
Eu finjo ser cristão, justo como os fariseus, como os saduceus.
Mas, por dentro, não o sou.
O jejum verdadeiro é aquele que engloba a vida de todos os
dias. Devemos fazer penitência, devemos sentir um pouco de
fome, devemos rezar mais, disse Francisco, mas se fizermos
muita penitência e não vivermos assim o jejum, o rebento que
nascer dali será a soberba, aquela de quem exibe o próprio
jejum.
Que este tempo favorável nos ajude a uma revisão comple-
ta de vida, pois “a conversão realiza-se na vida quotidiana por
gestos de reconciliação, pelo cuidado dos pobres, o exercício
e a defesa da justiça e do direito, pela confissão das próprias
faltas aos irmãos, pela correção fraterna, o exame de cons-
ciência, a direção espiritual, a aceitação dos sofrimentos, a
coragem de suportar a perseguição por amor da justiça. To-
mar a sua cruz todos os dias e seguir Jesus é o caminho mais
seguro da penitência” (CIC 1435).

Referencias:
Pe. Vinícius Alves Martins
1
Texto retirado do site da Dra. Filó – Disponível em: https://www.drafilo.com.br/
orientacoes-para-jejum-e-abstinencia/ - acesso em 13/02/2023 – 09h28.
Pároco da Paróquia São Sebastião
2
Texto completo, disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/ de Mandaguaçu
cotidie/2018/documents/papa-francesco-cotidie_20180216_verdadeiro-jejum.html Assessor da PASCOM

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ESPIRITUALIDADE

Oração,
uma experiência
de intimidade com Deus!

Dentre os tempos litúrgicos, o qua- encontro, a realidade pascal. Sem dúvida, Como compreender a oração neste
resmal, talvez seja aquele que tem uma o tão conhecido tripé da espiritualidade tempo quaresmal?
proposta de caminhada mais forte, pois é quaresmal – Oração, Jejum e Esmola – Nosso modelo de oração é o próprio
o tempo que nos desafia a olhar a nossa nos direcionam para uma prática espiritual Cristo, que orou em circunstâncias dife-
humanidade a partir da Paixão de Cristo. de todas as nossas atitudes. Com estes rentes e de modo peculiar a cada situação.
Neste tempo acontece um verdadeiro en- exercícios espirituais, quer a Igreja pro- O Evangelho de Lucas aponta-nos todas
contro esponsal entre a misericórdia de por aos fiéis um caminho de santificação elas: diante de todos (11,1-2); com os doze
Deus, que nos encontra em Cristo, e os pessoal, comunitário e social. Caminho (9, 18-22); com apenas alguns escolhidos
limites humanos. Por isso mesmo, a qua- de santificação que não acontece sem um (9, 28-36); e, por fim, a sós (11,1-2). Em
resma é um período de grandes exercícios diálogo franco, claro e honesto com Deus, determinados momentos, Jesus orava
espirituais de toda a Igreja. Numa homi- a Oração. com exultação: “Vos louvo, ó Pai, Senhor
lia, São Leão chama o Tempo da Quares- A oração como experiência da intimi- do Céu e da Terra” (11,1); em outros, com
ma de um “remédio de quarenta dias de dade com Deus e vivência da graça divina sofrimento: “Pai, afasta de mim este cáli-
exercícios que a divina providência muito neste tempo, é a atitude que nos fortalece ce” (22,42).
saudavelmente nos dá”. É tempo da graça para que vivamos, de forma bem encarna- Então, não se pode entender e nem vi-
de Deus agir por meio de atitudes que de- da a realidade da cruz, o caminho do Cal- ver a quaresma sem a prática da oração,
finem a espiritualidade deste tempo: Ora- vário, sem perder o ânimo e mantendo viva já que ela é a maneira mais filial de reco-
ção, Jejum e Esmola. Estas atitudes, se a esperança da Ressurreição. nhecer a presença de um Deus que entra
bem vividas são meios de santificação do O Catecismo da Igreja Católica (CIC) no deserto de nossas vidas, com intuito
homem e do mundo. define a oração com um dos mais objeti- de vencer o inimigo mais feroz que propõe
vos, simples e curtos entre os conceitos. um desvio do Projeto de Deus. Diria, mais
Como podemos viver de forma salutar Diz-nos que a oração “é um impulso da ainda: sem oração não nos animamos
este tempo favorável à nossa santifica- alma para o alto”. Com isso, entendemos para o jejum, para a ascese tão necessá-
ção? que a oração é um movimento humano ria; sem oração, não nos sentimos de co-
Não podemos experimentar toda a ri- para Deus que tomou a iniciativa de nos ração dilatado de amor para a prática da
queza deste tempo sem uma profunda in- encontrar. Todavia, neste tempo, de modo caridade. Sem oração o Tempo Quaresmal
timidade com Deus, com a Trindade, pois especial ela deve ser vivida não como mo- será apenas mais um tempo a se cumprir
a centralidade de todos os tempos litúrgi- vimento verticalista, mas como modelo ritualismos.
cos, e de modo particular o da Quaresma, da Cruz de Cristo, ou seja, movimento de
é a história de uma relação amorosa entre descida de Deus e subida do ser humano Pe. Francisco Gecivam Vieira Garcia -
Deus, que toma iniciativa de nos encontrar, e com uma prática horizontal de mãos que Ms. Espiritualidade
com seu povo que é desafiado a abrir-se se abrem para o próximo. Reitor do Seminário Propedêutico e vigário da
para uma nova realidade que brota deste Paróquia São Sebastião, em Mandaguaçu.

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PORTUGAL COM
SANTIAGO DE COMPOSTELA

DE 18 A 28 DE SETEMBRO 2023
11 DIAS DE VIAGEM

SAÍDA DE MARINGÁ

Visitando :
Lisboa
Cascais, Sintra e Cabo da Roca
Óbidos, Nazaré, Batalha
Fátima
Coimbra , Guimarães e Braga
Santiago de Compostela
Viana do Castelo
Porto com passeio de barco
Vale do Rio Douro e Lamego
Aveiro e Costa Nova

INFORMAÇÕES E RESERVAS:

(44) 99989.3341 ou 99108.0414


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COM A PRESENÇA DO PE. HIAGO IGOR SILVA
Turismo Religioso e Viagens em Grupo
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