Você está na página 1de 41

DENIS VALÉRIO PINTO

INTRODUÇÃO A TEOLOGIA (BATISTA):


RESUMO DO LIVRO – INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA –
DE MILLARD J. ERICKSON

Santo André - SP
2023
DENIS VALÉRIO PINTO

INTRODUÇÃO A TEOLOGIA (BATISTA):


RESUMO DO LIVRO – INTRODUÇÃO À TEOLOGIA SISTEMÁTICA –
DE MILLARD J. ERICKSON

Trabalho de conclusão da disciplina


Introdução a Teologia (Batista) apresentado
ao Pr. Alexandre Sanches do Seminário
Teológico Batista do ABC.

Santo André - SP
2023
3

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta o resumo capítulo a capítulo da 1ª edição


do livro Introdução à Teologia Sistemática, de Millard J. Erickson, publicado pela
Vida Nova em 1997 na cidade de São Paulo. O livro apresenta uma introdução
abrangente, substancial e essencial à teologia sistemática, apresentando que a
teologia não deve ser muito difícil ou abstrata. A obra apresenta uma explicação
sobre o que é teologia e segue através dos principais temas da teologia sistemática,
tais como a doutrina de Deus, de Cristo e do Espírito Santo. O livro é finalizado
tratando a contextualização do evangelho para o mundo contemporâneo. O principal
objetivo do livro é resumir e tornar acessível a teologia sistemática através da
captação da essência dos três volumes da Christian Theology, obra mais completa
de Millard J. Erickson sobre teologia sistemática.
4

CAPÍTULO 1 – O ESTUDO DE DEUS

O capítulo 1 trata o estudo da teologia, ou seja, sobre o estudo de Deus.


Apresenta a natureza da teologia, sendo ela como o estudo da doutrina cristã.
Doutrina está que é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do cristão
e que são as respostas que o cristão dá para as perguntas sobre a vida e a
existência que todos os seres humanos fazem. Algumas características da teologia:
é bíblica e seu conteúdo principal são as Escrituras do Antigo e do Novo
Testamento; é sistemática, não se examina cada livro individualmente, mas como
um todo; é contemporânea, deve ser compreendia pelas pessoas que vivem hoje; e
é prática, deve ser aplicada, vivida pelas pessoas. Algumas razões sobre a
necessidade do estudo da doutrina: crenças doutrinárias corretas são essenciais no
relacionamento entre o cristão e Deus; a doutrina é importante por causa da ligação
entre a verdade e a experiência; e a compreensão correta da doutrina é importante
porque hoje há muitos sistemas de pensamentos religiosos e seculares que
disputam a devoção do ser humano. Não se trata de apenas crer, mas em que crer.
A teologia, pode ser um tópico de estudo, é uma ciência. Não no sentido restrito das
ciências naturais, mas ela atende critérios do conhecimento científico: possui objeto
de estudo definido, possui um método de investigação, tem objetividade no
tratamento dos fenômenos e é coerente entre as proposições do objeto estudado.
Mesmo sendo uma ciência, a teologia cristão tem uma função peculiar e não pode
ser reduzida a nenhuma outra ciência natural ou comportamental. O ponto de partida
para o estudo da doutrina cristã deve ser as Escrituras Sagradas. Elas são a
constituição do cristianismo. Por não ter sido criado pelos humanos, somente Deus
tem autoridade para alterar qualquer coisa que está na Bíblia. Cabe ao ser humano
não alterá-la, mas buscar o entendimento do seu significado fundamental e aplicá-lo
nos dias de hoje. O método da teologia se inicia com a coleta de materiais bíblicos e
depois segue com a unificação dos dados coletados, analisa-se o significado dos
dados e examina-se as interpretações histórias dos mesmos. Tudo isso se faz
necessário para identificar a essência da doutrina. Usa-se também fonte extra
bíblicas, como a geologia, para auxiliar no melhor entendimento. Depois de definir a
essência, busca-se aplicá-la no mundo contemporâneo. Pode ser útil desenvolver
5

um tema central com interpretação própria e também estratificar os temas mais


importantes em tópicos.

CAPÍTULO 2 – A ATUALIZAÇÃO DA MENSAGEM CRISTÃ

O capítulo 2 apresenta a atualização da mensagem cristã e se inicia pelo


contexto contemporâneo da teologia. A forma de fazer teologia tem variado ao longo
da história e tempo de vida de cada linha de pensamento tem se reduzido
drasticamente. A teologia de Agostinho se sustentou por oito séculos, a de Calvino
por quase três séculos. Já a de Rudolf Bultmann por apenas 12 anos. No século XX,
o pensamento teológico de Karl Barth, Paul Tillich e Reinhold Niebuhr duraram
pouco tempo e hoje pode se dizer que é cada teólogo por si mesmo. Mesmo com o
surgimento de diferente abordagens teológicas durante os séculos, a preocupação
dos cristãos é investigar o que a Bíblia diz sobre determinado tema e juntar tudo
num texto ou estudo coerente. E, para isso, é importante ter um equilíbrio entre a
formulação da essencial atemporal da doutrina cristã e a contextualização dela em
uma situação específica. Quanto comparamos o mundo atual com o dos tempos
bíblicos, há diferenças muito significativas, como os meios de transporte e o
conhecimento das ciências naturais e geológicas. O desafio é expressar as verdades
bíblica usando exemplos que façam sentido hoje em dia. Há algumas abordagens
diferentes para atualizar a mensagem cristã para os dias atuais: a primeira defende
que não deve se fazer atualização alguma; a segunda é um contraste extremo da
primeira e defende que deve se alterar tudo; e a terceira fica no meio do caminho e
defende que o conteúdo essencial deve ser mantido, mas deve se buscar
equivalências contemporâneas para os exemplos e aplicações. O essencial é o
elemento permanente (imutável) no cristianismo. Algumas teorias defendem
diferentes propostas para o que é imutável no cristianismo: instituição, experiência,
ações e a doutrina. Ainda que a doutrina talvez não seja todo o elemento
permanente do cristianismo, é um de seus elementos indispensáveis. Para atualizar
a mensagem do cristianismo devemos manter o significado essencial do ensino
bíblico ao mesmo tempo que o aplicamos à situação contemporânea. Muda se a
forma, não o conteúdo. Alguns critérios podem ajudar a distinguir a essência
6

permanente das expressões ou formas temporárias: a presença em várias culturas,


sua aplicação universal, um fator reconhecidamente permanente a base, sua ligação
indissolúvel com uma experiência essencial e sua posição final dentro de revelação
progressiva.

CAPÍTULO 3 – A REVELAÇÃO UNIVERSAL DE DEUS

O capítulo 3 apresenta a revelação universal de Deus e começa pela


natureza da revelação. Sendo seres humanos finitos e Deus, infinito, não podemos
conhecer a Deus, a menos que ele se revele a nós. Essa revelação tem duas
classificações básicas: revelação geral e revelação especial. A revelação geral
refere-se a auto manifestação de Deus por meio da natureza, da história e da
personalidade do homem. A natureza nos mostra que Deus deixou provas a respeito
de si mesmo no mundo que criou. A história mostra que Deus é atuante no mundo e
move-se em direção a certos alvos e objetivos. O homem é a suprema criação de
Deus e sua natureza religiosa revela a Deus. A teologia natural apresenta uma
posição de que é possível construir uma teologia à parte da Bíblia. Ela também
pressupõe que a integridade das pessoas pode ser percebida a partir da criação e
que existe uma congruência entre a mente humana e a criação ao nosso redor. O
ponto principal da teologia natural é a ideia de que é possível chegar a um
conhecimento verdadeiro de Deus baseando-se apenas na razão, sem um
compromisso de fé. Tomás de Aquino apresentou um exemplo notável de teologia
natural na história da igreja. De acordo com ele, todas as verdades pertencem a um
de dois campos: o inferior é o da natureza e o superior é o da graça. Ele também
alegava ser possível provar a existência de Deus de forma cosmológica e
teleológica. Além desses dois argumentos, também apresentou o antropológico e o
ontológico. Apesar da sua relevante história, a teologia natural não possui resultados
importantes, pois se suas provas forem contestadas, podem contestar também a
mensagem cristã. Algumas passagens bíblicas tratam da natureza e da revelação
geral de Deus. Tais são: Salmo 19, Romanos 1 – 2, Atos 14.15-17 e Atos 17.22-31.
A revelação geral, mas sem a teologia natural traz a ideia de que Deus nos deu uma
revelação objetiva, válida e racional acerca de si mesmo. Mas Paulo afirma que o
7

pecado faz com que o ser humano não perceba Deus claramente na revelação
geral. O pecado deforma o testemunho da revelação geral e traz cegueira e
escuridão ao entendimento humano. Para observar a teologia natural, é necessário
usar o que Calvino chamou de óculos da fé. Eles ajudarão os pecadores a verem
melhor as obras de Deus. Com base nos dados bíblicos, chega-se a conclusão de
que existe uma revelação geral objetiva, mas que ela não pode ser usada para
construir uma teologia natural. A responsabilidade humana em meio a revelação
geral está na fé. Implicações da revelação geral: todas as pessoas tem um
conhecimento de Deus; existe uma possibilidade de algum conhecimento da
verdade divina à parte da revelação especial; ninguém é privado de oportunidades
de conhecer a Deus; a revelação geral serve para explicar o fenômeno mundial da
religião e das religiões; e o conhecimento genuíno e a moralidade genuína em seres
humanos descrentes ou crentes não são realizações deles mesmos.

CAPÍTULO 4 – A REVELAÇÃO PARTICULAR DE DEUS

O capítulo 4 apresenta a revelação particular de Deus. Essa é a


automanifestação de Deus para certas pessoas em tempos e lugares definidos,
permitindo que tais pessoas entrem num relacionamento redentor com ele. Os
homens perderam o relacionamento de favor com Deus que possuíam antes da
queda, assim, se fez necessário que conhecessem a Deus de maneira mais plena
para voltarem a condição de comunhão. A revelação especial estava no campo do
relacionamento de Deus com a humanidade e essa revelação busca ser significativa
para a fé em Deus. A revelação particular, ou especial, teve por objetivo tanto
remediar o conhecimento humano quanto o relacionamento com Deus. A revelação
especial também necessita da revelação geral, pois os conceitos básicos do
conhecimento de Deus recebemos na geral. A revelação especial é sobretudo
pessoal. Um Deus pessoal se apresenta a pessoas. Assim, toda a Escritura é
pessoal quanto à sua natureza e focada na revelação de Deus para a fé. A
revelação especial também é antrópica, pois vem em linguagem humana e em
categorias humanas de pensamento e ação. A natureza da revelação especial
também é analógica, pois Deus usa elementos que sejam unívocos em seu universo
8

e no nosso para que possamos compreender suas verdades. Os meios pelos quais
Deus se revela são: eventos históricos, discurso divino e a encarnação. Os eventos
históricos são todos os acontecimentos destacados na Bíblia pelos quais Deus se
fez conhecer, desde grandes acontecimentos até ocorrências rotineiras. O discurso
divino é o falar propriamente dito de Deus e esse pode assumir várias formas, tais
como a fala audível, o ouvir silenciosos e os sonhos. A encarnação é o meio mais
completo da revelação especial de Deus, pois a vida e o discurso de Jesus
revelavam a Deus, quando Jesus falava, era Deus em pessoa falando. Uma vez que
a revelação inclui tanto a presença pessoal de Deus como a verdade informativa,
temos condições de identificar Deus, de conhecer alguma coisa a respeito dele e de
mostrá-lo a outras pessoas.

CAPÍTULO 5 – A PRESERVAÇÃO DA REVELAÇÃO: A INSPIRAÇÃO

O capítulo 5 trata da preservação da revelação divina, dando enfoque a


inspiração. A inspiração das Escrituras é a influência sobrenatural do Espírito Santo
sobre os autores das Escrituras, que converteu seus escritos em um registro preciso
da revelação ou que faz com que seus escritos sejam realmente a Palavra de Deus.
Por todas as Escrituras há uma pressuposição ou até uma afirmação de sua origem
divina ou de sua equivalência com o discurso real do Senhor. A própria Bíblia
testemunha sobre sua origem divina, um exemplo é a opinião dos autores no Novo
Testamento a respeito das Escrituras de sua época, o que hoje chamamos de Velho
Testamento. A mais antiga pregação da igreja através dos apóstolos no Novo
Testamento identifica a frase “está escrito na escritura” com “Deus disse”. O próprio
Jesus durante seu ministério considerava a Escritura inspirada, autorizada e
indestrutível. Há diferente opiniões (ou teorias) sobre a inspiração das Escrituras. A
teoria da intuição defende que a inspiração era como um dom especial. A teoria da
iluminação defende que o Espírito Santo iluminou de maneira especial a mente dos
escritores. A teoria dinâmica trata de uma combinação de elementos divinos e
humanos na escrita. A teoria verbal diz que o Espírito Santo foi além da direção,
chegando a selecionar as palavras usadas. Por fim, a teoria do ditado diz que Deus
ditou cada palavra aos escritores das Escrituras. Os autores do Novo Testamento
9

entendiam que a Escritura estava sendo estendida do período profético para a


época deles. Esses autores, ao usarem o Antigo Testamento, levavam em
consideração cada palavra, sílaba e sinal de pontuação, o que demonstra como era
a intensidade da inspiração das Escrituras para eles. Inclusive, por vezes eles
atribuíram ao próprio Deus algumas palavras escritas no Antigo Testamento.
Quando Jesus citava o Antigo Testamento, ele o apresentava como tendo
autoridade divina. A inspiração do Espírito Santo agia criando pensamentos e
estimulando a compreensão do autor. Por já ter uma intimidade com Deus, o autor
conseguia entender os pensamentos de Deus e descrevê-los a ponto de usar até as
palavras conforme a vontade de Deus. Assim, a inspiração se aplica ao escritor e ao
escrito. O escritor recebe a mensagem e a redige. Porque a Bíblia foi inspirada,
podemos confiar que temos a instrução divina. Temos um guia seguro, que é a
mensagem genuína de Deus para nós.

CAPÍTULO 6 – A CREDIBILIDADE DA PALAVRA DE DEUS: A INERRÂNCIA

O capítulo 6 nos apresenta a credibilidade da Palavra de Deus através da


inerrância, que tem sido discutida a muito tempo pelos cristãos. A inerrância é a
doutrina de que a Bíblia é plenamente confiável em todos os seus ensinos, pois, se
Deus deu uma revelação especial de si mesmo, é necessário ter a garantia de que a
Bíblia é de fato uma fonte fidedigna dessa revelação. Há algumas posições
diferentes sobre a inerrância das Escrituras: a inerrância absoluta sustenta que a
Bíblia é totalmente verdadeira; a inerrância plena também sustenta a mesma tese,
mas defende que as referências históricas e científicas são fenomenais; e a
inerrância limitada considera a Bíblia infalível quanto as doutrinas da salvação. A
Bíblia não se propõe a ensinar ciência nem história, mas dentro dos objetivos para
os quais foi dada, a Bíblia é plenamente verdadeira e inerrante. A inerrância não é
um conceito bíblico, pois na Bíblia o erro é mais uma questão espiritual ou moral do
que intelectual. Essa preocupação com a inerrância nos distrai e nos impede de
ouvir o que a Bíblia nos diz sobre o nosso relacionamento com Deus. Ainda assim, é
importante saber se a Bíblia é plenamente verdadeira nos aspectos teológico,
histórico e epistemológico. A importância teológica se dá através do entendimento
10

que as pessoas do Novo Testamento tinham da autoridade das Escrituras. A


importância histórica mostra que se a doutrina da inerrância for abandonada, outras
doutrinas de vital importância para o cristianismo também podem. A importância
epistemológica mostra que se o nosso fundamento para conhecer e manter qualquer
proposição teológica é o fato de que a Bíblia a ensina, é de fundamental importância
que a Bíblia se prove fidedigna em todas as suas declarações. A crença na
inerrância das Escrituras não é firmada numa análise da natureza de toda a Bíblia,
mas no ensino dos autores bíblicos acerca de sua inspiração. Mesmo contendo
passagens problemáticas que se contrapõe nas Escrituras, devemos continuar nos
atendo a inerrância da mesma. Quanto corretamente interpretada, tendo em
consideração o nível cultural e os meios de comunicação da época em que foi
escrita e com o objetivo para o qual foi escrita, a Bíblia é plenamente fidedigna em
tudo que afirma. A inerrância diz respeito ao que é afirmado ou declarado, não ao
que é apenas registrado. No sentido estrito, a doutrina da inerrância aplica-se
apenas aos originais, mas, no sentido secundário, também se aplica às cópias e às
traduções naquilo que refletem os originais. Se a Bíblia for corretamente
interpretada, ela é plenamente confiável em todos os seus ensinos.

CAPÍTULO 7 – O PODER DA PALAVRA DE DEUS: A AUTORIDADE

O capítulo 7 nos traz o poder da Palavra de Deus através da autoridade.


Por autoridade, entende-se o direito de comandar a fé e/ou a ação. Se Deus é o ser
supremo acima de tudo e de todos, ele tem autoridade para determinar o que
devemos crer e como devemos viver. Por conter a mensagem de Deus, a Bíblia tem
o mesmo peso que ele teria, caso nos desse uma ordem pessoalmente. A revelação
é Deus dando a conhecer sua verdade a humanidade e a inspiração garante que a
Bíblia contém exatamente aquilo que Deus revelou. Porém, precisamos do Espírito
Santos para que haja o entendimento da Bíblia e a crença de que as verdades
contidas na Bíblia veem de Deus. Isso se faz necessário devido há algumas razões:
diferença ontológica entre Deus e os homens; é necessário ter uma certeza sobre as
coisas divinas; e as limitação da tendência pecaminosa. O Espírito Santo trabalha na
regeneração do ser humano. Ele é a verdade e comunica a verdade ao mundo. O
11

ministério do Espírito Santo consiste em elucidar a verdade, criar fé, persuasão e


arrependimento, mas não uma nova revelação. A Palavra objetiva, escrita, inspirada,
juntamente com a palavra subjetiva, a iluminação interior e o arrependimento dados
pelo Espírito Santo, constituem a autoridade do cristão. Alguns defendem que toda a
autoridade está na Bíblia, outros, que está no Espírito Santo, mas é a combinação
dos dois que constituem a autoridade. Embora haja uma auto explicação dentro da
própria Bíblia, ela não nos dará entendimento de todo o sentido da Escritura. Porém,
isso não tira sua suprema autoridade. Mas ainda assim, necessitamos de métodos
hermenêuticos e exegéticos para determinar o significado. A Bíblia possui autoridade
histórica e normativa. Precisamos saber distinguir os dois, para podermos
determinar a essência permanente da mensagem e a sua forma temporária de
expressão. É bem possível que algo tenha autoridade histórica se tem autoridade
normativa.

CAPÍTULO 8 – A DOUTRINA DE DEUS

O capítulo 8 nos apresenta a doutrina de Deus, que é o ponto central de


grande parte do restante da teologia. Pode até se considerar que o conceito de Deus
adotado por uma pessoa define todo o restante da sua vida. Há problemas e
dificuldades em dois níveis para a correta compreensão de Deus. O primeiro nível é
o popular ou prático e o segundo é um nível mais elevado. Independentemente das
dificuldades, deve se ter em mente que o estudo da natureza de Deus deve ser visto
como um meio para obter uma compreensão mais adequada dele e, portanto, um
relacionamento mais íntimo com ele. No processo de conhecer a Deus, devemos
preservar as doutrinas da imanência de Deus em sua criação e de sua
transcendência em relação a ela. O significado da imanência é que Deus está
presente e ativo dentro da sua criação e dentro da raça humana. O significado de
transcendência é que Deus não é uma mera qualidade da natureza ou da
humanidade; ele não é simplesmente o mais elevado dos seres humanos. Ele não é
limitado à nossa capacidade de compreendê-lo. Deus está presente e ativo dentro
da sua criação, ainda assim ele também a transcende, pois ele é um tipo de ser
totalmente diferente. Ele é divino. Algumas implicações da imanência: Deus não se
12

limita a agir diretamente para cumprir seus objetivos; Deus pode usar pessoas e
organizações que não sejam declaradamente cristãs; devemos ter apreço por todas
as coisas criadas por Deus; podemos obter algum conhecimento acerca de Deus por
meio da sua criação; e a imanência de Deus significa que há pontos em que o
evangelho pode fazer contato com o descrente. Algumas implicações da
transcendência: existe algo mais elevado que os seres humanos; Deus nunca pode
ser completamente determinado pelos conceitos humanos; nossa salvação não é
conquista nossa; sempre haverá uma diferença entre Deus e os seres humanos; a
reverência é adequada em nosso relacionamento com Deus; e buscaremos a obra
genuinamente transcendente de Deus. Alguns atributos divinos, tais como a
santidade, a eternidade e a onipotência são expressões do caráter transcendente de
Deus. Outros, com a onipresença, são expressões da imanência. Embora Deus
nunca seja totalmente compreendido por nós por estar muito além de nossas ideias
e formas, ele está sempre ao nosso alcance quando nos voltamos para ele. Para
compreendermos a relação entre Deus e a criação, precisamos compreender sua
natureza. Os atributos de Deus são as qualidades que constituem o que ele é. Deve
se pensar nos atributos de Deus como sua natureza, não como uma coleção de
partes fragmentadas nem como algo que se adiciona à sua essência. Os atributos
morais estão relacionados a ser correto e os naturais aos superlativos amorais Deus,
como conhecimento e poder. Ao invés de natural e moral, será utilizado atributos de
grandeza e atributos de bondade.

CAPÍTULO 9 – A GRANDEZA DE DEUS

O capítulo 9 apresenta os atributos de grandeza de Deus. Espiritualidade:


Deus é espírito, não é composto de matéria. Deus não é limitado a um determinado
ponto geográfico ou espacial. Não é destrutível. Na Bíblia, antropomorfismos e
teofanias são usadas para expressar verdades e manifestações temporárias de
Deus. Vida: Deus está vivo e é caracterizado pela vida. A existência é vista como um
dos aspectos mais básicos de sua natureza. Ele não apenas possui vida, mas sua
vida é totalmente diferente da vida de todos os outros seres vivos, pois não deriva
nem necessita de fonte externa alguma. Ele tem vida em si mesmo. Deus se
13

relaciona conosco por sua escolha e não por necessidade. É para nosso benefício
que ele permite que o conheçamos e o sirvamos, se não fizermos isso, o prejuízo é
nosso. Personalidade: Deus é pessoal, é um ser individual, com autoconsciência e
vontade, capaz de sentir, escolher e ter relacionamentos. Ele possui um nome e se
identifica como o “EU SOU”. Por ser uma pessoa, o relacionamento dos seres
humanos com ele tem uma dimensão de carinho e compreensão. Ele deve ser
tratado como um ser e não como um objeto ou força. Deve ser amado pelo que é e
não pelo que pode fazer. Infinitude: Deus é infinito. Não é apenas ilimitado, mas
ilimitável. Existia antes de haver espaço. Não há lugar em que não possa ser
encontrado. Tempo: o tempo não se aplica a Deus. Ele existia antes de começar o
tempo. Ele está ciente do que está acontecendo, do que aconteceu e do que irá
acontecer e ele distingue todos esses períodos. Conhecimento: seu entendimento é
imensurável. Ele nos vê e nos conhece totalmente, conhece todas as possibilidades
mesmo que pareçam ilimitadas. Deus conhece todas as coisas e sabe o que é bom.
Ele tem acesso a todas as informações. Poder: Deus é onipotente. Ele é capaz de
fazer todas as coisas que sejam dignas de seu poder. Ele criou o universo e controla
o curso da história. Tem poder para mudar a personalidade humana, levando
pecadores a salvação. Seu poder só é restrito para fazer o que é contraditório a sua
essência e as suas promessas. Deus é livre. Constância: ele é imutável. Deus não
muda quantitativamente, pois já é perfeito, e também não muda qualitativamente,
pois sua natureza não sofre modificação. Mas isso não quer dizer que ele seja
estático, mas sim estável. Ele é ativo e dinâmico, mas de uma forma que seja
estável e coerente com a sua natureza.

CAPÍTULO 10 – A BONDADE DE DEUS

O capítulo 10 apresenta os atributos da bondade de Deus. Ele é bom,


nele pode se confiar e amar. Os atributos morais básicos são pureza, integridade e
amor. A pureza moral é a isenção absoluta de Deus em relação a tudo que seja
perverso ou mal e inclui as dimensões santidade, retidão e justiça. Santidade: há
dois aspectos básicos na santidade de Deus: a singularidade de Deus, por ser
totalmente separado de toda a criação e a absoluta pureza ou bondade, pois ele não
14

é atingido pelo mal que há no mundo. A perfeição de Deus é o modelo para o nosso
caráter moral e a motivação para a prática religiosa. Além de ser isento de todo o
mal, Deus também não tolera a presença do mal. Retidão: é a santidade de Deus
aplicada a seu relacionamento com os outros seres. Significa, a cima de tudo, que a
lei de Deus, sendo expressão fiel de sua natureza, é tão perfeita quanto ele. A
retidão também significa que Deus age conforme as leis que ele mesmo
estabeleceu. Justiça: é sua retidão oficial, sua exigência de que os outros agentes
morais obedeçam igualmente os mesmos padrões. Deus aplica de forma justa sua
lei sem favoritismo ou parcialidade. Integridade: está relacionada com a verdade e
se manifesta em três dimensões: genuinidade, veracidade e fidelidade. Genuinidade:
é a dimensão básica da integridade divina. O Senhor de Israel é o Deus verdadeiro.
Ele é real, não é fabricado nem construído. Veracidade: apresenta as coisas como
de fato são. Não pode mentir, pois a mentira é contra sua natureza. Fidelidade: Deus
mantém todas as suas promessas. Ele nunca precisa revisar sua palavra ou renegar
uma promessa. Amor: muitos consideram a própria natureza de Deus. Pode ser
entendido como sua doação ou seu partilhar eterno de si mesmo. A principal
demonstração do amor de Deus foi enviar seu filho para morrer por nós, que não foi
motivado por algum amor anterior por nossa parte. A amor de Deus abrange não
somente os crentes, mas toda a humanidade. Graça: Deus, ao lidar com as pessoas,
não se baseia em méritos, valor ou merecimento, mas em suas necessidades. Ele
age com bondade e generosidade. Deus nos supre de favores imerecidos e não
cobra nada de nós. Se Deus dessem a todos o que merecem, ninguém seria salvo.
Misericórdia: é a compaixão terna e amorosa pro seu povo. Se a graça vê os
homens pecadores, culpados e condenados, a misericórdia os vê miseráveis e
necessitados. Persistência: oferecer salvação e graça por longos períodos. Sua
longanimidade pode ser vista em não abandonar os seus servos que o pecaram e o
desapontaram. O ponto possível de tenção que se destaca entre os atributos de
Deus é a relação entre o amor de Deus e sua justiça. Porém, a justiça de Deus é
uma justiça de amor e o amor, um amor justo. Não pode haver uma compreensão
plena do amor, a não ser que se veja que ele inclui a justiça. Se o amor não inclui a
justiça, é mero sentimentalismo. A oferta de Jesus Cristo como expiação pelo
15

pecado significa que tanto a justiça como o amor de Deus são mantidos. Deus é
justo e amoroso, ele mesmo deu o que exige.

CAPÍTULO 11 – A TRIUNIDADE DE DEUS: A TRINDADE

O capítulo 11 trata da doutrina da Trindade, umas das doutrinas que


distinguem o cristianismo, pois alega que Deus é um, mas que, ao mesmo tempo, há
três pessoas que são Deus. Ela é crucial para o cristianismo, pois define quem é
Deus, como ele trabalha e como podemos ter acesso a ele. Há três tipos de indícios
bíblicos distintos mas que se relacionam entre si sobre a trindade: a unidade de
Deus, a deidade dos três e a triunidade. A unidade de Deus: a fé judaica sempre foi
rigorosamente monoteísta e a Bíblia tanto no Antigo quanto no Novo Testamento
apresenta diversas passagens que defendem a unidade de Deus. A deidade dos
três: a própria Bíblia apresenta que três pessoas são Deus. Pouco se discute sobre
a deidade do Pai, porém há discussões sobre a deidade de Jesus, mesmo a Bíblia o
identificando como Deus; o Espírito Santo também é identificado nas Escrituras
como Deus. A triunidade: após refletir sobre as questões doutrinárias da Bíblia, a
igreja chegou à conclusão de que Deus deve ser compreendido como três em um,
ou triúno. Essas três pessoas são associadas em unidade e aparente igualdade.
Mesmo não sendo declarada de forma expressa, há várias indícios na Bíblia, em
especial no Novo Testamento, sobre a doutrina da trindade. Nos dois primeiros
séculos após Cristo, houve pouco esforço para entender a doutrina da trindade. Em
Hipólito e Tertuliano vemos a perspectiva econômica da trindade, onde pouco se
estudou sobre as relações entre os três, mas sobre suas ações na criação e na
redenção. Nos séculos II e III houveram outras tentativas de elaborar um definição
no relacionamento entre Cristo e Deus através do monarquianismo, que se dividiu
em duas linhas de pensamento. A primeira, o dinâmico, sustentava que havia uma
força de Deus atuando sobre Cristo, mas que não era a presença real de Deus. A
segunda, o modalista, defendia que existia apenas uma Divindade que se
manifestava nas formas de Pai, Filho e Espírito Santo. Já a formulação ortodoxa veio
através do Concílio de Constantinopla, que explicitou a doutrina sendo uma
substância em três pessoas. A Divindade única existe indivisível em pessoas
16

divididas. Por Deus ser simples e não composto, cada uma das pessoas é distinta e
não podem ser somadas para formar três entidades. Há alguns elementos
essenciais sobre a doutrina da trindade: Deus é um, não vários; Pai, Filhos e Espírito
Santo são Deus, no que se refere a qualidade, todos são iguais; a triplicidade e a
unidade de Deus não dizem respeito ao mesmo pormenor; a Trinidade é eterna; a
função de um membro da Trindade pode, por vezes, subordinar-se a um ou aos dois
membros, mas isso não significa que algum deles possa ser inferior em essência; e
a Trindade é incompreensível. Várias analogias foram buscadas para entender
melhor a doutrina da Trindade, algumas explicam melhor ou trazem empecilhos para
o entendimento. Mas a doutrina da Trindade é um ingrediente crucial da fé cristã.

CAPÍTULO 12 – O PLANO DE DEUS

O capítulo 12 apresenta o plano de Deus e que Deus está atuando em


tudo para concretizar seu plano. Esse plano, é a decisão eterna de Deus que torna
concreta todas as coisas que virão a acontecer. Muitos teólogos usam duas palavras
ao tratarem do plano de Deus: predestinar e preordenar. Na concepção apresentada
no livro, predestinar ficará reservado para a questão da salvação e condenação
eterna e preordenar, além das mesmas definições sobre salvação e condenação,
também será usado de forma mais ampla. O Antigo Testamento apresenta a obra
divina de planejar e ordenar muito ligada a aliança que o Senhor fez com o seu povo
e disso apresentam-se duas verdades: Deus é supremamente poderoso e também é
pessoal. Deus cria o mundo, dirige toda a história e tudo isso é um plano de ter
comunhão com o seu povo. O Novo Testamento também apresenta o plano e
propósito de Deus. O cumprimento do plano de Deus e da profecia do Antigo
Testamento é proeminente nos evangelhos de Mateus e João. Os apóstolos também
declaram o propósito divino em todas as coisas. Algumas características gerais do
plano de Deus: 1. O plano de Deus é desde a eternidade; 2. Da parte de Deus, o
plano de Deus e as decisões nele contidas são livres; 3. Em última análise, o
propósito do plano de Deus é a glória de Deus; 4. O plano de Deus é totalmente
inclusivo; 5. O plano de Deus é eficaz; 6. O plano de Deus diz respeito às suas
ações e não tanto à sua natureza; 7. O plano de Deus diz respeito basicamente ao
17

que Deus mesmo faz quanto à criação, preservação, direção e redenção; 8. O plano
de Deus também incluí os atos humanos; e 9. O plano de Deus em seus aspectos
específicos é imutável. Pela lógica, deve se considerar se o plano de Deus ou a
ação humana tem prioridade. Segundo os calvinistas, o plano de Deus é
logicamente anterior e as decisões humanas são consequência. Já segundo os
arminianos, a liberdade humana é mais valorizada e Deus permite e espera que os
seres humanos exerçam a vontade que receberam. Isso eles chamam de
presciência de Deus. Apesar dessas dificuldades em relacionar a soberania divina
com a liberdade humana, a Bíblia apresenta que o plano de Deus é incondicional.
Ainda é preciso discutir se Deus pode criar seres livres e ainda assim assegurar que
tudo aconteça conforme os seus planos. Deus garante que uma pessoa que poderia
agir de outro jeito age, de fato, de um jeito específico. O ser humano é livre para
escolher entre várias opções, mas sua escolha será influenciada por aquilo que ele
é, pois ele é uma consequência da decisão e da atividade de Deus. Garantir as
decisões é compatível com a liberdade humana, pois o indivíduo poderia ter tomado
outra decisão, mesmo não a tendo tomado. É necessário fazer distinção entre dois
sentidos diferentes da vontade de Deus: anseio e vontade de Deus. Anseio é a
intenção geral de Deus, os valores com que se agrada. O segundo é a intenção
específica em dada situação, o que ele decide que deve de fato acontecer. O plano
de Deus não remove a ação dos indivíduos, como no caso de alcançar os perdidos.
Deus preordenou que deve se testemunhar a todos, não sabemos quem será salvo
ou não, mas a vontade conhecida de Deus é que todos devem ouvir as boas novas
do evangelho. Há opiniões negativas e positivas sobre o caminhar da história. As
religiões ocidentais, filósofos da catástrofe e o existencialismo caminham para a
deterioração do planeta. Já o darwinismo e o comunismo apregoam um futuro
melhor. A doutrina cristã do plano divino afirma que um Deus totalmente sábio,
poderoso e bom, planejou, desde a eternidade, tudo o que deve ocorrer e que a
história está cumprindo seu propósito.

CAPÍTULO 13 – A OBRA GERADORA DE DEUS: A CRIAÇÃO


18

O capítulo 13 apresenta que o plano de Deus pode ser entendido como


os planos e desenhos do arquiteto para um prédio que deve ser construído. Mas não
é um simples plano, pois ele foi trazido a realidade pelos próprios atos de Deus. Há
diversas razões para estudar a doutrina da criação: 1. A própria Bíblia lhe confere
grande significado; 2. Ela ocupa uma parte significativa da igreja; 3. É importante
para o entendimento de outras doutrinas; 4. Ajuda a distinguir o cristianismo de
outras religiões e cosmovisões; 5. É um diálogo entre o cristianismo e a ciência
natural; e 6. É preciso entendê-la profundamente devido as discordâncias que
ocorrem no âmbito cristão. A criação ocorreu de forma imediata, Deus trouxe a
existência e depois moldou o que originalmente criou, Ele não moldou nem adaptou
nada que existia independentemente dele. Deus tem o poder de simplesmente
desejar que as coisas ocorram e elas ocorrem de imediato, exatamente como ele
desejou. A criação foi um ato do desejo de Deus e toda a realidade veio a existência
por um ato seu. Todo o universo surgiu desse ato de Deus. Há diversas referencias
bíblicas de que a criação é uma obra do Deus Triúno. O Pai fez surgir tudo, mas o
Espírito e o Filho que moldaram e cuidaram dos detalhes. O propósito da criação é
glorificar a Deus e faz isso cumprindo sua vontade. Significado teológico da doutrina
da criação: 1. Tudo que não é Deus derivou dele; 2. O ato original da criação divina
é singular; 3. Nada do que foi feito é intrinsicamente mau; 4. A doutrina da criação
também impõe uma responsabilidade sobre a raça humana; 5. Evita que se deprecie
a encarnação de Cristo; 6. Nos ajuda a evitar o ascetismo; 7. Há ligação e afinidade
entre as várias partes da criação; 8. Ela exclui o monismo que entende o mundo
como uma emanação de Deus; e 9. Destaca as limitações inerentes às criaturas,
pois ninguém jamais pode igualar-se a Deus, pois ele ocupa um lugar único, de
modo que somente ele deve ser adorado. Há um conflito sobre a idade da terra.
Segundo um historiador bíblico, a terra foi criada a cerca de seis mil anos, contra
estudos geológicos que dizem que a terra possui bilhões de anos. Entre as diversas
teorias sobre a idade da terra, o autor defende que a mais satisfatória é a que
sustenta que Deus criou a terra numa série de atos que ocuparam longos períodos e
que isso aconteceu numa data indefinida. Outro tema relevante em relação a criação
é o desenvolvimento. Entre várias considerações, o autor defende o criacionismo
progressista como a que melhor se encaixa com a Bíblia e as ciências naturais.
19

Deus teria criado o primeiro membro de um grupo de criaturas e, no decorrer de um


longo período, outras criaturas semelhantes evoluírem desse primeiro ser. A doutrina
da criação exerce um impacto significativo sobre o nosso modo de ver a vida, o
mundo e de lidar com eles: 1. Tudo que existe tem valor; 2. A atividade criadora de
Deus inclui não só a atividade inicial, mas suas obras indiretas posteriores; 3. Há
justificativa para investigar cientificamente a criação; e 4. Nada, exceto Deus, é auto-
suficiente ou eterno.

CAPÍTULO 14 – A OBRA CONTÍNUA DE DEUS: A PROVIDÊNCIA

O capítulo 14 fala da providência de Deus, sendo esta sua obra contínua


com o universo. A providência é a ação contínua de Deus pela qual ele preserva a
existência da criação que ele fez surgir e a dirige para os propósitos que ele
designou para ela. Em certos aspectos, ela é central para a condução da vida cristã,
pois permite que o ser humano viva tendo a certeza de que Deus está presente e
ativo na sua vida. Pode-se pensar na providência sob dois aspectos: (1) obra divina
para preservar a existência da criação e (2) atividade divina que guia e dirige o curso
dos acontecimentos para que se cumpram o propósito que Deus tem em mente. A
Preservação é a proteção divina da sua criação, evitando danos e destruição.
Numerosas passagens bíblicas falam que Deus preserva a criação como um todo.
Tanto a origem como a continuação de todas as coisas estão sujeitas à vontade e à
atividade divina. Tanto em Jesus como em Paulo, um destaque importante no ensino
sobre a preservação é a inseparabilidade entre os filhos de Deus e o seu amor e
cuidado. Deus não afasta o cristão do perigo ou provação, mas o preserva em meio
a ele. Deus está direta e pessoalmente interessado e envolvido na continuidade de
sua criação. Por governo de Deus entende-se sua atividade no universo, de modo
que todos os seus acontecimentos cumpram seu plano. Isso estende-se sobre várias
áreas, inclusive o controle da natureza. Deus guia e dirige a criação animal, a
história humana e o destino das nações, e as circunstâncias da vida dos indivíduos.
Até os atos pecaminosos dos homens fazem parte da obra providencial de Deus. Há
várias formas como Deus se relaciona com o pecado do homem: (1) Deus pode
prevenir o pecado humano; (2) Deus às vezes permite o pecado; (3) Deus pode
20

dirigir o pecado; e (4) Deus pode limitar o pecado. Aspectos mais importantes e
implicações da doutrina da atividade governamental de Deus: (1) é universal; (2) não
se estende apenas ao seu povo; (3) Deus é bom em seu governo; (4) Deus está
pessoalmente interessado nos seus; (5) atividade humana e divina são se excluem
mutuamente; (6) Deus é soberano em seu governo; e (7) deve-se ter cuidado com
relação a o que é identificado como providência de Deus. Um problema que tem
ocupado cristãos sérios quando consideram a natureza da providência é o papel da
oração. A oração não muda o que Deus se propôs a fazer, mas ela é o meio pelo
qual ele atinge seu alvo. Orar é criar no ser humano a atitude correta com relação a
vontade de Deus. Não é conseguir fazer com que Deus atenda um desejo pessoal,
mas demonstrar que o ser humano está interessado tanto quanto Deus na
concretização de sua vontade. Os milagres são obras admiráveis e incomuns de
Deus que são claramente sobrenaturais, obras que não podem ser explicadas
segundo os padrões normais da natureza. Há pelo menos três opiniões quanto à
relação entre os milagres e as leis naturais: (1) os milagres são manifestações de
leis naturais poucos conhecidas ou desconhecidas; (2) os milagres quebram as leis
da natureza; e (3) quando os milagres ocorrem, as forças naturais são contidas pela
força sobrenatural. Os propósitos dos milagres são: glorificar a Deus, estabelecer
base sobrenatural das revelações divinas e satisfazer necessidades humanas.

CAPÍTULO 15 – O MAL E O MUNDO DE DEUS: UM PROBLEMA ESPECIAL

O capítulo 15 fala sobre o problema do mal no mundo, que é uma sobra


que recai sobre o bom plano de Deus para o mundo. O problema do mal pode ser
entendido como um conflito que envolve três conceitos: o poder de Deus, a bondade
de Deus e a presença do mal no mundo. O mal pode ser natural, quando não
envolve a vontade e a ação humana; e pode ser moral, quando atribuído à escolha e
à ação de agentes morais livres. A forma religiosa do mal ocorre quando algum
acontecimento faz com que o indivíduo questione a grandeza e a bondade de Deus.
A forma teológica do mal se preocupa com o mal em geral. Há formas que são
buscadas para resolver a tensão do mal no mundo, uma busca diminuir o poderio de
Deus, outra questiona a bondade de Deus e ainda outra rejeita a realidade do mal.
21

Porém, uma solução completa do problema do mal está além da capacidade


humana. O mal pose ser um efeito secundário necessário da criação da
humanidade. O mal geral pode ser uma consequência do pecado em geral e o mal
específico uma consequência de pecados específicos. Boa parte do mal relatado
nas Escrituras sobreveio às pessoas em decorrência de seu próprio pecado, ou
pecado de alguém próximo a elas. O pecado da humanidade é doloroso ou
prejudicial para Deus. Porém, Deus é companheiro do indivíduo nos sofrimentos do
mal deste mundo, logo, é capaz de livrar a este do mal.

CAPÍTULO 16 – AGENTES ESPECIAIS DE DEUS: OS ANJOS

O capítulo 16 fala sobre os anjos. Segundo as Escrituras, Deus criou


esses seres espirituais e decidiu realizar muitos de seus atos por meio deles. Foram
criados acima da humanidade, alguns permanecem fiéis e servem a Deus e outros
perderam sua condição santa e agora se opõe a Deus. O significado básico de anjo
é mensageiro, são seres espirituais e não possuem corpo físico ou material. Quando
aparecem nas Escrituras, devem ser considerados aparências assumidas na
ocasião. Existe um número muito grande de anjos. São apresentados como seres
pessoais, possuem inteligência sobre humana, mas não ilimitada; possuem grande
conhecimento, mas não onisciência; e também grande poder, mas não onipotência.
Agem apenas para cumprir as ordens de Deus. Suas atividades são: louvar e
glorificar continuamente a Deus; revelar e comunicar a mensagem de Deus para os
homens; ministrar aos crentes; executar julgamento sobre os inimigos de Deus; e
participarão da segunda vinda de Cristo. A Bíblia diz muito pouco sobre os anjos
maus e sua origem. Antes de se tornarem demônios, eram anjos criados por Deus e
bons, mas pecaram e se tornaram maus, sendo lançados às trevas. Satanás é o
chefe dos anjos caídos e é adversário de Deus. Ele se opõe as obras de Deus e
tenta influenciar os homens, principalmente enganando-os. Apesar de ser poderoso,
ele é limitado. Os demônios realizam o trabalho de Satanás no mundo. Um dos
trabalhos são as possessões demoníacas, onde eles atacam uma pessoa e buscam
destruí-la física, emocional ou espiritualmente. Jesus expulsou demônios apenas
mandando-os sair do corpo que possuíam. A doutrina dos anjos traz vários
22

benefícios para o cristão: consolo e incentivo em saber que numerosos e poderosos


serem podem nos ajudar nas necessidades; são um exemplo de como devemos nos
conduzir; alerta para não cairmos em pecado; e mesmo sendo poderosos, há limites
no que podem fazer.

CAPÍTULO 17 – INTRODUÇÃO À DOUTRINA DA HUMANIDADE

O capítulo 17 traz o início à doutrina da humanidade, que um assunto


para estudar e utilizar no diálogo com o mundo não-cristão. Para isso, é necessário
ter conhecimento de pelo menos três ideias mais difundidas sobre a humanidade.
Homens como máquinas: as pessoas são vistas como coisas e tem valor apenas
enquanto são úteis. Homens como animais: os homens primeiramente são membros
do reino animal, não há diferença qualitativa entre os demais seres e os homens, há
apenas diferença de grau. Homens como peões do universo: as pessoas estão a
mercê das forças do universo que lhes controlam o destino mas não tem interesse
por eles. Em contraste as ideias seculares, a perspectiva cristã da humanidade diz
que todos as pessoas são criaturas de Deus, feitas à imagem de Deus. Não foram
criadas aleatoriamente, mas pelo desejo de Deus. Foram criadas por um Deus
eterno e têm um futuro eterno. O quadro bíblico da criação humana é que um Deus
totalmente sábio, poderoso e bom criou a raça humana para amá-lo e servi-lo, e
para desfrutar de um relacionamento com ele. A igreja e a ciência têm tido disputas
sobre a origem da raça humana. O mais importante é que o homem foi criado de
forma direta e total por Deus, ele não foi uma evolução. O significado teológico da
criação humana traz vários pontos de atenção e interpretação: 1. O fato de os
homens terem sido criados significa que eles não têm existência independente; 2. A
humanidade faz parte da criação; 3. A humanidade, no entanto, ocupa um lugar
singular na criação; 4. Há um vínculo comum entre todos os seres humanos; 5. Há
limitações definidas sobre a humanidade; 6. A limitação não é inerentemente má; e
7. Os homens são algo maravilhosos. Pode se dizer que os homens foram feitos
pelo melhor e mais sábio de todos os seres, Deus. Um Deus capaz de fazer uma
criatura tão maravilhosa é de fato um grande Deus.
23

CAPÍTULO 18 – A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM

O capítulo 18 apresenta a imagem de Deus no homem. O verdadeiro


homem não é o que se encontra na sociedade humana. O verdadeiro homem é o
ser que surgiu da mão de Deus, intocado pelo pecado e pela queda. Os únicos
serem humanos verdadeiros foram Adão e Eva, antes da queda, e Jesus. Todos os
outros são exemplares deformados, distorcidos, corrompidos da humanidade. Dessa
forma, é necessário olhar para os homens em seu estado original e para Cristo a fim
de avaliarmos corretamente o que significa ser homem. O principal conceito é que a
imagem de Deus faz do homem um humano. Várias passagens bíblicas no Antigo e
Novo Testamentos falam da imagem de Deus. É preciso chegar a algum tipo de
definição da imagem de Deus e há três maneiras gerais de entende-la. A concepção
substantiva defende o fato de a imagem ser identificada como alguma característica
ou qualidade definida, dentro da constituição humana. Nesse caso, a razão é essa
característica singular que distingue os homens das outras criaturas. A concepção
relacional defende a imagem de Deus como a vivência de um relacionamento, no
caso, o relacionamento do homem com Deus. Ela também defende que a imagem
de Deus é universal, ou seja, é encontrada em todos os seres humanos. A
concepção funcional traz a ideia de que a imagem consiste em algo que o homem
faz, trata-se da função de domínio sobre a criação. Conclusões a respeito da
natureza da imagem de Deus nos homens: 1. A imagem de Deus é universal em
toda a raça humana; 2. A imagem de Deus não se perdeu em consequência do
pecado; 3. Não há indicação de que a imagem esteja presente em maior grau numa
pessoa que em outra; 4. A imagem não está relacionada com nenhuma variável; 5. A
imagem deve ser entendida como algo principalmente substantivo ou estrutural; e 6.
A imagem diz respeito aos elementos que, na constituição dos serem humanos,
permitem-lhes o cumprimento do seu destino. Para responder ao questionamento do
por que os homens são feitos a imagem de Deus, é necessário avaliar as ações de
Jesus, que foi o exemplo perfeito do que a natureza humana deveria ser: 1. Jesus
tinha perfeita comunhão com o Pai; 2. Jesus obedeceu perfeitamente a vontade do
Pai; e 3. Jesus sempre demonstrou um grande amor pelos homens. Implicações da
doutrina: 1. Todos pertencem a Deus; 2. Todos devem se moldar ao exemplo de
24

Jesus; 3. A plena humanidade só pode ser experimentada no relacionamento com


Deus; 4. Existe virtude na aprendizagem e no trabalho; 5. O homem é valioso; e 6. A
imagem é universal na humanidade. Todo ser humano é criatura de Deus feita a
imagem de Deus.

CAPÍTULO 19 – A NATUREZA CONSTITUCIONAL DO HOMEM

O capítulo 19 traz respostas para a várias perguntas sobre a humanidade,


entre elas, qual a constituição humana. Há três concepções básicas da constituição
humana. O tricotomismo declara que os homens são compostos de três elementos:
corpo físico, alma e espírito, e é o espírito que nos distingue nos demais seres vivos.
O dicotomismo apresenta o homem sendo composto por dois elementos: o corpo e a
alma ou espírito. Já o monismo defende o fato de que não se pode, de forma
alguma, pensar no homem como um ser composto de partes ou entidades distintas,
mas, antes, como uma unidade radical. Os registros bíblicos retratam os homens
como seres unitários, porém, não é de modo algum necessário concluir que o ensino
bíblico rejeita a possibilidade de algum tipo de caráter composto. Passagens bíblicas
destacam o aspecto imaterial do ser humano que é separável de sua existência
material. A melhor concepção para a constituição humana é a unidade condicional,
onde o estado normal do homem é um ser unitário materializado. Implicações da
unidade condicional: 1. Cada homem deve ser tratado como uma unidade; 2. Os
homens são serem complexos; 3. Os diferentes aspectos da natureza humana
devem ser atendidos e respeitados; 4. O progresso ou a maturidade religiosa não
consiste em subjugar uma ou outra parte da natureza humana; e 5. A natureza
humana não é incompatível com o ensino bíblico de uma existência pessoal
consciente entre a morte e a ressurreição.

CAPÍTULO 20 – A NATUREZA E A FONTE DO PECADO

O capítulo 20 mostra a dificuldade de discutir o pecado, pois, como a


morte, não é um assunto agradável ou divertido, e ainda é um conceito estranho
para muitas pessoas. Também tem havido uma correspondente perda do sentimento
25

de culpa pois, sem um ponto de referência transcendente, teísta, não há nenhum


outro ser, exceto os próprios humanos, a quem deve se responder ou prestar contas.
A perspectiva bíblica da natureza do pecado: 1. Pecado é uma inclinação interior, é
a incapacidade de viver de acordo com o que Deus espera da humanidade no que
diz respeito ao fazer, pensar e ser; 2. Pecado é rebelião e desobediência; 3. Pecado
implica incapacidade espiritual; 4. Pecado é o cumprimento incompleto dos padrões
de Deus; e 5. Pecado é desalojar Deus, é colocar outra coisa no lugar supremo que
pertence a Deus. Há várias concepções sobre a fonte do pecado. Estudiosos,
cientistas e teólogos possuem diferentes definições, tais como a fonte do pecado é a
natureza animal; a fonte do pecado é a ansiedade causada pena finitude humana; e
a fonte do pecado é a luta econômica. Da perspectiva bíblica, o problema está no
fato de que os homens são pecadores por natureza e vivem num mundo em que
forças poderosas os induzem a pecar. Todos os homens tem um série de desejos
naturais que, embora bons em si e por si, são áreas potenciais para a tentação e o
pecado: o desejo de desfrutar coisas, o desejo de obter coisas e o desejo de fazer
coisas. A incapacidade de aceitar esses desejos conforme foram constituídos por
Deus e, portanto, submetê-los ao controle divido, é pecado. E o pecado é uma
escolha da pessoa que o comente. Pode até haver indução externa, mas o indivíduo
é basicamente responsável. Já a cura para o pecado precisa vir por meio de uma
mudança produzida sobrenaturalmente na natureza humana e também por meio da
ajuda divina para fazer frente à força da tentação.

CAPÍTULO 21 – AS CONSEQUÊNCIAS DOS PECADO

O capítulo 21 apresenta as consequências do pecado. O impacto do


pecado tem várias dimensões. Consequências que afetam o relacionamento com
Deus: 1. Desfavor divino: ao pecar, o homem se coloca do lado oposto de Deus e se
torna de fato seu inimigo. Deus olha o pecado com desfavor, pois o pecado lhe
causa ira, indignação ou desprazer, pois o pecado é contra a própria natureza de
Deus. Sua santidade rejeita o pecado automaticamente; 2. Culpa: é o estado
objetivo de ter violado o propósito de Deus para a humanidade e, assim, estar
sujeito à punição; 3. Punição: a possibilidade do castigo divino é outra consequência
26

do pecado. Em se tratando de punição de Deus para os pecadores, retribuição se


encaixa melhor do que vingança; e 4. Morte: uma das consequências mais óbvias do
pecado. Possuí vários aspectos: 4.a. Morte física: o potencial da morte estava na
criação desde o início. Mas o potencial da vida eterna também estava presente. O
pecado, resulta em que a morte já não é potencial, mas real; 4.b. Morte espiritual: é
a separação da pessoa, em toda a sua natureza, de Deus; e 4.c. Morte eterna: é a
extensão e a finalização da morte espiritual. Se alguém chega à morte física estando
ainda espiritualmente morto, separado de Deus, esta condição torna-se permanente.
Efeitos do pecado sobre o pecador: Escravização: o pecado torna-se um hábito ou
até vício; Fuga da realidade: falta de disposição para encarar a realidade; Negação
do pecado: todas as desculpas e explicações oferecidas pelas ações do pecados
são sinais da profundidade do pecado; Auto-engano: é o problema de quando se
nega o pecado; Insensibilidade: quando se torna insensível aos chamados da
consciência; Egocentrismo: foco em si mesmo e desconsideração dos outros; e
Inquietação: a satisfação completa do pecado nunca ocorre. Efeitos sobre o
relacionamento com outras pessoas: Competição: prolifera a competição entre os
homens devido ao egocentrismo e egoísmo; Incapacidade de ser empático:
preocupação apenas consigo mesmo; Rejeição da autoridade: rejeita tudo que pode
interferir nas realizações próprias; e Incapacidade de amar: não consegue agir em
prol dos outros.

CAPÍTULO 22 – A MAGNITUDE DO PECADO

O capítulo 22 fala da extensão e da intensidade do pecado. A extensão


do pecado é universal. Todos os homens, sem exceção, são pecadores. O Antigo
Testamento apresenta várias declarações da pecaminosidade universal da raça
humana. O Novo Testamento diz que cada pessoa, pelo fato de ser humana, é
considerada pecadora, precisando arrepender-se e nascer de novo. Tanto o pecado
quanto a morte são universais. Para a intensidade do pecado, é necessário
examinar os ensinos bíblicos, interpretá-los e integrá-los. O Antigo Testamento fala
do pecado mais que da pecaminosidade; do pecado como um ato, mais que como
um estado ou disposição. Em todos os aspectos, o motivo do pecado era tão
27

importante quanto o ato em si. O pecado também era retratado como uma doença
espiritual que aflige o coração. No Novo Testamento, Jesus falou que a disposição
interior é má e o pecado é muito mais um problema de pensamentos e intenções.
Em todo o ser humano existe uma forte inclinação para o mal, uma inclinação com
efeitos definidos. A depravação total pressupõe que o pecado afeta cada aspecto de
nossa pessoa, que nossos bons atos não são feitos inteiramente em razão de um
perfeito amor por Deus e que somos completamente incapazes de nos deslindar
dessa condição pecaminosa. Há algumas teorias sobre o pecado original, sobre a
influência adâmica no pecado dos homens. O pelagianismo afirmava que a alma,
criada por Deus especialmente para cada pessoa, não é maculada por nenhuma
suporta corrupção ou culpa. A influência, caso exista, do pecado de Adão sobre os
seus descendentes é apenas o de um mal exemplo. Assim, por meio das realizações
próprias, os homens poderiam evitar cair numa condição pecaminosa. O
Arminianismo diz que o homem recebeu de Adão um natureza corrompida e que
todos os seres humanos são incapazes de cumprir os mandamentos espirituais de
Deus. A graça preveniente de Cristo removeu toda a culpa do pecado de Adão de
sobre os homens. O calvinismo defende que existe uma ligação definida entre o
pecado de Adão e todas as pessoas de todos os tempos. Por meio do pecado de um
homem, todos tornaram-se pecadores. Toda a natureza humana, tanto a parte física
quanto a espiritual, foi recebida dos ancestrais por meio da descendência do
primeiro casal de seres humanos. Dessa forma, todos participaram do pecado de
Adão. Recém-nascidos e crianças não são considerados pecadores e culpados. O
ser humano se torna responsável e culpável pelo pecado de Adão quando aceita ou
aprova sua natureza corrompida.

CAPÍTULO 23 – A DIVINDADE DE CRISTO

O capítulo 23 a divindade de Cristo. Ao estudar a divindade de Cristo,


encontra-se o centro da teologia cristã. Além de crucial, o tópico também é
controverso. O testemunho da Escritura é o centro de partida do estudo. A
autoconsciência de Jesus aponta para sua divindade. Jesus não fez nenhuma
alegação direta de ser Deus, mas suas alegações seriam impróprias se Ele não
28

fosse Deus. Jesus alegou: perdoar pecados, julgar a terra, redefinir o valor do
sábado, ser um com o Pai e existir antes de Abraão. Jesus se considerava igual ao
Pai e possuidor do direito de fazer coisas que apenas Deus tem o direito de fazer. O
Evangelho de João, a Carta aos Hebreus e os escritos de Paulo também
reconhecem a divindade de Jesus. O termo “Senhor” utilizado no Novo Testamento
significa a divindade aplicada a Jesus. A prova da ressurreição de Cristo, baseada
na sua historicidade, também prova a divindade de Jesus. Paralelamente a
compreensão da igreja sobre Jesus, surgiram também crenças e concepções
heréticas sobre Cristo. O Ebionismo negava a divindade de Jesus. O Arianismo
defendia que Jesus era criado por Deus. E a cristologia funcional dava ênfase
apenas nas ações de Jesus e não no que ele é. Implicações da divindade de Cristo:
1. Pode se ter um conhecimento real de Deus; 2. A redenção está à disposição de
todos; 3. Deus e a humanidade foram religados; e 4. É correto adorar a Cristo.

CAPÍTULO 24 – A HUMANIDADE DE CRISTO

O capítulo 24 nos apresenta a humanidade de Cristo. É praticamente


certo que Jesus foi humano e a importância disso é para fechar a lacuna entre a
humanidade e Deus. Essa lacuna é ontológica e também espiritual e moral. Para ser
ter comunhão com Deus é preciso estar unido a Ele e isso foi realizado pela
encarnação, onde a divindade e a humanidade foram unidas em uma pessoa. Há
várias indicações na Bíblia que Jesus era plenamente humano. Ele possuía todos os
elementos essenciais encontrados em qualquer humano: nasceu, possuía natureza
física humana, tinha necessidades físicas, sofreu e morreu. A manifestação de Jesus
era plenamente física. Ele era capaz de sentir aflição e remorso e apenas possuía
um conhecimento de passado, presente e futuro que não era permitido aos demais
humanos. Ele orava e se sentia dependente do Pai para obter direção, força e para
ser preservado do mal. Cedo na igreja houveram heresias sobre a humanidade de
Jesus. O docetismo afirmava que Jesus só parecia ser homem, pois Deus, que era
bom, não poderia se tornar matéria, que era mal. Já o apolinarismo apresentava
Jesus como uma unidade composta: apenas a carne era humana, o psicológico (ou
a alma) eram divinos. Jesus nasceu de uma virgem. Maria engravidou por meio de
29

uma influência sobrenatural do Espírito Santo. Mateus 1 e Lucas 1 garantem que


Jesus realmente teve um nascimento virginal. Há várias doutrinas teológicas sobre o
nascimento virginal de Jesus, mas essa doutrina dá apoio para outras. O nascimento
virginal: 1. Lembra que a salvação é sobrenatural; 2. A salvação divina é uma dádiva
da graça; 3. Prova a singularidade de Jesus; e 4. Indica o poder e a soberania de
Deus sobre a natureza. A Bíblia testemunha de maneira uniforme a impecabilidade
de Jesus. Embora Ele pudesse pecar, era certo que não pecaria. Jesus não é
apenas tão humano quanto os seres humanos, Ele é mais humano. Implicações da
humanidade de Jesus: 1. A morte expiatória pode ter de fato proveito para os seres
humanos; 2. Jesus pode realmente ter empatia e interceder por todos; 3. Jesus
manifesta a verdadeira natureza da humanidade; 4. Jesus pode ser o exemplo para
todos; 5. A natureza humana é boa; e 6. Deus não é totalmente transcendente.

CAPÍTULO 25 – A UNIDADE DA PESSOA DE CRISTO

O capítulo 25 apresenta que Jesus era plenamente divino e plenamente


humano, logo, fala da unidade da pessoa de Cristo e sua relação. A transposição do
abismo metafísico, moral e espiritual entre Deus e os homens depende da unidade
entre a divindade e a humanidade em Jesus Cristo. Na Bíblia não há nenhuma
afirmação direta acerca da relação entre as duas naturezas. Mas há referências que
focalizam a obra de Jesus de tal maneira que deixam claro que se trata de uma
função não exclusiva do humano ou do divino, mas de um objeto único. Assim,
tende-se em vista uma pessoa unificada cujos atos pressupõe tanto humanidade
como deidade. Nenhuma das referências bíblicas contradiz a posição de que uma
única pessoa, Jesus Cristo, era tanto homem terreno como ser divino preexistente
que se encarnou. Alguns desvios antigos sobre a interpretação da unidade de Cristo:
o nestorianismo afirma que Maria não foi mãe de Deus, mas ela deu a luz um
homem que era veículo para Deus; o eutiquianismo endossava o nascimento virginal
e afirmava que Cristo era simultaneamente Deus perfeito e homem perfeito, que
havia duas naturezas antes da encarnação e uma depois; o adocionismo afirma que
Jesus era um mero homem nos primeiros anos de vida e depois foi adotado por
Deus, possivelmente no momento do batismo; a doutrina do kenosis defendia que
30

Jesus se esvaziou da forma de Deus e de seus atributos divinos para assumir


qualidades humanas; a doutrina da encarnação dinâmica defendia que a
encarnação deve ser entendida como a presença ativa do poder de Deus no interior
do homem Jesus. Alguns pontos principais que ajudarão a compreender o ministério
da unidade de Cristo: 1. A encarnação foi mais uma aquisição de atributos humanos
que uma desistência de atributos divinos e, apesar de Jesus não deixar de ser como
o Pai no que diz respeito à natureza, ele se tornou funcionalmente subordinado ao
Pai durante o período de encarnação; 2. A união das duas naturezas significa que
eles não atuaram independentemente. Jesus não foi homem em alguns momentos e
Deus em outros; 3. Deve-se pensar na encarnação como tanto a humanidade
quanto a deidade são conhecidos da forma mais completa possível em Cristo; 4. A
iniciativa da encarnação vem do alto e não de baixo; e 5. É útil pensar em Jesus
como uma pessoa muito complexa, pois ele possuía uma personalidade que, além
das características da natureza divina, tinha também todas as qualidades ou
atributos da natureza humana perfeita e sem pecado.

CAPÍTULO 26 – INTRODUÇÃO À OBRA DE CRISTO

O capítulo 26 apresenta a introdução à obra de Cristo. A revelação bíblica


nos diz quem e o que é Jesus Cristo. A obra de Cristo foi realizada em dois estágios:
a humilhação, que passa pela encarnação e pela morte; e a exaltação, que passa
pela ressurreição, a ascensão e o assento a direita do Pai e culminará com a
segunda vinda. Jesus possui três classificações (ou ofícios): profeta, sacerdote e rei.
Como profeta, Jesus revela o Pai e a verdade celestial; como rei, Jesus governa
sobre todo o universo; como sacerdote, ele torna possível a salvação do ser
humano. A salvação se dá devido a total depravação do homem e sua necessidade
de expiação. Há múltiplas teorias sobre a expiação, tais como: a teoria sociniana,
que apresenta a expiação como um exemplo; a teoria da influência moral, que
mostra a expiação como demonstração do amor de Deus; a teoria governamental,
que defende a expiação como demonstração da justiça divina; a teoria do resgate,
que apresenta a expiação como vitória sobre as forças do pecado e do mal; e a
teoria da satisfação, que apresenta a expiação como compensação ao Pai e a teoria
31

que trata com maior clareza o objetivo e efeito principal da morte de Cristo, pois Ele
morreu para satisfazer um princípio na própria natureza de Deus Pai.

CAPÍTULO 27 – O TEMA CENTRAL DA EXPIAÇÃO

O capítulo 27 traz o tema central da expiação e para isso inicia com


fatores básicos para o entendimento da doutrina: a natureza de Deus, o lugar da Lei,
a condição humana e Cristo são brevemente explicados. Mostra também que a
morte de Cristo deve ser vista dentro do panorama do sistema sacrificial do Antigo
Testamento. No Novo Testamento há muito mais detalhes da expiação de Cristo,
principalmente nos evangelhos e nos escritos paulinos. Os temas básicos da
expiação são: sacrifício, propiciação, substituição e reconciliação. A ideia de que
Cristo morreu para satisfazer a justiça da natureza de Deus é denominada teoria da
substituição penal. Há diversas objeções a essa teoria. A teoria substitutiva da morte
expiatória de Cristo apresenta implicações importante para o entendimento da
salvação: 1. A teoria da substituição penal confirma o ensino bíblico da depravação
total de todos os homens; 2. A natureza de Deus não possui uma faceta única e
também não há nenhuma tensão entre seus diferentes aspectos; 3. Não há outro
meio de salvação, se não pela graça e, especificamente, pela morte de Cristo; 4. Há
segurança para o crente em seu relacionamento com Deus, pois a base desse
relacionamento, a morte sacrificial de Cristo, é completa e permanente; e 5. Nunca
deve se menosprezar a salvação recebida. Embora seja gratuita, é também cara,
pois custou a Deus o sacrifício extremo.

CAPÍTULO 28 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO

O capítulo 28 apresenta a pessoa do Espírito Santo e se inicia com a


importância da doutrina do Espírito Santo para todos os crentes. O Espírito Santo é
o ponto em que a Trindade se torna pessoal para o que crê. Há dificuldades para a
compreensão do Espírito Santo, pois na Bíblia há revelações menos explícitas sobre
Ele do que sobre o Pai e o Filho. Além disso, por ser intangível, é difícil visualizar e
exemplificar o Espírito. A natureza do Espírito Santo pode ser detalhada na sua
32

divindade, pois o Espírito Santo é Deus nos mesmos moldes e no mesmo grau do
Pai e do Filho; e na sua personalidade, pois Ele é uma pessoa e possui todas as
qualidades inerentes a isso. Implicações da doutrina do Espírito Santo: 1. O Espírito
Santo é uma pessoa, não uma força vaga; 2. O Espírito Santo, sendo plenamente
divino, deve receber a mesma honra e respeito que é dispensada ao Pai e ao Filho;
3. O Espírito Santo é um com o Pai e o Filho; e 4. Deus não está distante pois, no
Espírito Santo, o Deus Triúno chega perto do ser humano.

CAPÍTULO 29 – A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

O capítulo 29 apresenta a obra do Espírito Santo, que é a forma pessoal


que Deus se envolve e atua na vida do crente. É difícil identificar o Espírito Santo
dentro do Antigo Testamento, pois este reflete os primeiros estágios da revelação
progressiva. No AT, o termo mais usado é Espírito de Deus e ele está presente na
criação, na transmissão de profecias e na capacitação para tarefas. Já no Novo
Testamento, a ação do Espírito Santo é maciça e poderosa. Ele está no batismo de
Jesus, na condução do ministério de Jesus e em todo o NT. Na vida do cristão, a
atividade do Espírito Santo é essencial tanto na conversão quanto na regeneração.
No decorrer da vida cristão, o Espírito Santo atua dando poder, habitando no crente,
ensinando, intercedendo, santificando e capacitando com dons os crentes. Os dons
mais frequentes são a cura pela fé, o exorcismo e a glossolalia. No final do século
XIX, surgiram movimentos que deram o lugar máximo da Teologia ao Espírito Santo.
Desses grupos surgiram as igrejas pentecostais. Não é possível determinar com
clareza se os fenômenos carismáticos dos movimentos pentecostais são realmente
dons do Espírito Santos. Ser cheio do Espírito não é tanto uma questão de obter
mais do Espírito, mas de ele possui um fatia maior da vida do cristão. Assim, o amor,
a alegria e a paz na vida de um indivíduo são os sinais mais inequívocos de uma
experiencia vital com o Espírito. Implicações da obra do Espírito Santo: 1. Os dons
são concedidos pelo Espírito Santo; 2. O Espírito Santo fortalece os crentes na vida
e no serviço cristão; 3. Ele é sábio e soberano ao dispensar seus dons à igreja; 4.
Nenhum dos dons é para todos e nenhuma pessoa possuí todos os dons; 5. Pode
se crer que o Espírito Santo dará entendimento da Palavra de Deus e guiará os
33

cristãos ao conhecimento de sua vontade; e 6. É correto dirigir orações ao Espírito


Santo, assim como ao Pai e ao Filho, bem como ao Deus Triúno.

CAPÍTULO 30 – CONCEPÇÕES DE SALVAÇÃO

O capítulo 30 apresenta as concepções de salvação, sendo esta a


aplicação da obra de Cristo na vida do indivíduo. Existem detalhes que diferem as
concepções de salvação, sendo elas a dimensão do tempo, a natureza e o lugar da
necessidade, o meio, a direção do movimento e a extensão da salvação. Há também
diversas concepções correntes de salvação, tais como teologias da libertação,
teologia existencialista, teologia secular, teologia católica romana contemporânea e
a teologia evangélica. A salvação tanto restabelece o relacionamento do ser humano
com Deus como transforma a natureza radicalmente corrupta do coração desse
mesmo ser humano. A Palavra de Deus, quer lida quer pregada, é o meio pelo qual
Deus apresenta ao homem a salvação encontrada em Cristo e a fé é o meio pelo
qual o homem aceita essa salvação.

CAPÍTULO 31 – O ANTECEDENTE DA SALVAÇÃO: A PREDESTINAÇÃO

O capítulo 31 apresenta a predestinação, que refere-se à escolha divina


de indivíduos para a vida eterna ou para a morte eterna. Eleição é a seleção de
alguns para a vida eterna e reprovação para a morte eterna. As duas concepções
mais relevantes (e contrastantes) da doutrina da predestinação são o calvinismo e o
arminianismo. O calvinismo é resumido por 5 pontos: depravação total,
predestinação incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança. O
arminianismo defende que Deus deseja que todos sejam salvos e que qualquer um,
que desejar, pode ser salvo. Uma proposta para solucionar esse conflito é entender
que não é que os chamados sejam obrigados a atender, mas Deus torna tão
atraente a oferta, que eles desejam atender. Implicações da doutrina: 1. Pode-se ter
confiança de que aquilo que foi decidido por Deus ocorrerá; 2. Não pode-se criticar
quando alguns rejeitam a Cristo; 3. A predestinação não anula o incentivo para a
34

evangelização e as missões; e 4. A graça é absolutamente necessária. Não há nada


no individuo que persuada Deus a garantir sua salvação.

CAPÍTULO 32 – O INÍCIO DA SALVAÇÃO: OS ASPECTOS SUBJETIVOS

O capítulo 32 traz os aspectos subjetivos da salvação. O chamado eficaz


é uma obra especial de Deus nos eleitos, dando-lhes condições de reagir com
arrependimento e fé, e fazendo com que de fato assim reajam. É a obra de
iluminação do Espírito Santo, dando ao receptor a capacidade de compreender o
verdadeiro significado do evangelho. A conversão é o primeiro passo da vida cristã.
É o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-se para Cristo em fé. O
arrependimento é o abando ou o repúdio do pecado. A fé é o ato de apossar das
promessas e da obra de Cristo. Tanto o arrependimento quanto a fé são obras da
graça de Deus na vida do que crê. A regeneração é a transformação que Deus
opera nos indivíduos que creem, Ele reverte suas tendências naturais, dá uma nova
vitalidade espiritual à vida deles e, assim, restaura-os ao que se desejava de início
que fossem. As descrições bíblicas do novo nascimento são numerosas, viva e
variadas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Implicações: 1. A natureza
humana não pode ser mudada por reformas sociais ou pela educação; 2. Ninguém
pode predizer ou controlar quem vai experimentar o novo nascimento; 3. O início da
vida cristã exige um reconhecimento de que se é pecador e uma decisão de
abandonar o estilo de vida egocêntrico; 4. A fé salvadora exige uma crença correta
acerca da natureza de Deus e do que ele fez; 5. A experiência da conversão de um
pode ser radicalmente diferente da de outro; e 6. O novo nascimento não é
percebido quando ocorre.

CAPÍTULO 33 – O INÍCIO DA SALVAÇÃO: OS ASPECTOS OBJETIVOS

O capítulo 33 apresenta os aspectos objetivos da salvação. A união com


Cristo é o ser humano estar em Cristo e Cristo no ser humano. Há três
características dessa união: judicial, espiritual e vital. Através dessa união, o homem
é considerado justo e vive no poder de Cristo e, futuramente, reinará com Cristo. A
35

Justificação é o ato de Deus declarar que, aos seus olhos, os pecadores são justos.
A justificação é uma restauração do indivíduo ao estado de justiça. Ela é uma ação
forense ou declarativa de Deus, como a de um juiz absolvendo o acusado. A
genuinidade da fé leva à justificação e evidencia-se nos resultados que dela brotam.
Se não há boas obras, não houve fé verdadeira nem justificação. A adoção é a
transferência do estado de alienação e hostilidade para um estado de aceitação e
favor de Deus. Ela ocorre ao mesmo tempo que a conversão, regeneração,
justificação e união com Cristo. Através da adoção, o ser humano é restaurado ao
relacionamento que o homem já teve com Deus mas perdeu. Os benefícios da
adoção são: perdão, reconciliação, cuidado paterno de Deus e boa vontade do Pai.
Não pode-se esquecer que a disciplina também é dos aspectos da adoção.

CAPÍTULO 34 – A CONTINUAÇÃO E A COMPLEMENTAÇÃO DA SALVAÇÃO

O capítulo 34 complementa o tema salvação. A santificação é a obra


contínua de Deus na vida do crente, tornando-o realmente santo, ela é o Espírito
Santo aplicando na vida do cristão a obra realizada por Jesus Cristo. A santificação
é uma obra sobrenatural e progressiva na vida do crente. Seu alvo é a semelhança
do próprio Cristo. O cristão também faz parte da santificação, lutando contra o
pecado e buscando a santificação. A perseverança diz respeito a segurança do
Cristão sobre a sua salvação. A concepção calvinista defende que os eleitos por
Deus não podem perder a salvação. Já a concepção arminiana defende que todos
são livres em seus atos e podem perder a salvação por suas más obras. Deus não
torna impossível a apostasia, mas sua graça é tão poderosa que os cristãos não
cairão em apostasia. A glorificação é o estágio final do processo de salvação e é o
momento da segunda vinda de Cristo, quando os cristãos receberão um novo corpo.
Quando glorificados, os cristãos serão em tudo como Deus queria que fossem.

CAPÍTULO 35 – A NATUREZA DA IGREJA

O capítulo 35 fala sobre a natureza da igreja. No Novo Testamento, a


palavra igreja tem dois sentidos: todos os crentes em Cristo em todas as épocas e
36

lugares e um grupo de crentes em dada localidade geográfica. A unidade da igreja


significa uma unidade orgânica. Figuras bíblicas da igreja: o povo de Deus, o corpo
de Cristo e o templo do Espírito Santo. Implicações doutrinárias: 1. A igreja não deve
ser concebida primeiramente como um fenômeno sociológico, mas como uma
instituição estabelecida por Deus; 2. A igreja existe por causa do seu relacionamento
com o Deus Triúno; 3. A igreja é a continuação da presença e do ministério do
Senhor no mundo; 4. A igreja deve ser uma comunhão de crentes regenerados que
demonstram as qualidades espirituais do seu Senhor; e 5. Embora seja uma criação
divina, a igreja é composta de seres humanos imperfeitos.

CAPÍTULO 36 – O LUGAR E O GOVERNO DA IGREJA

O capítulo 36 traz as funções e as formas de governo da igreja. A igreja


foi criada para cumprir o propósito do Senhor para ela, para dar continuidade ao
ministério do Senhor no mundo. As funções da igreja: evangelização (levar o
evangelho para todas as pessoas), edificação (através da instrução ou ensino),
adoração (centrar as pessoas no Senhor) e a preocupação social (compaixão com
crentes e não crentes). O centro do ministério da igreja é o evangelho. Tudo que a
igreja faz deve ter por base a Palavra de Deus. Há diferentes formas de governo da
igreja. A episcopal apresenta a autoridade centrada no bispo. A presbiteriana tem a
autoridade dividida entre os presbíteros. A congregacional destaca o papel do
cristão como indivíduo e tem a igreja local como centro de autoridade. A sem
governo são grupos que buscam eliminar todo tipo de governo. Um sistema de
governo eclesiástico para hoje, segundo o autor, seria a forma congregacional, pois
leva em consideração o sacerdócio de todos os crentes.

CAPÍTULO 37 – AS ORDENANÇAS DA IGREJA: O BATISMO E A CEIA DO


SENHOR

O capítulo 37 apresenta as ordenanças de Jesus para a igreja: o batismo


e a ceia do Senhor. O batismo é o rito de iniciação da igreja, o rito de iniciação da
vida cristã. Concepções básicas do batismo: é o meio da graça salvadora de Cristo e
37

o sinal e selo da aliança. O batismo é em si um ato de fé e compromisso e deve ser


aplicado nos crentes. A forma que mais preserva e completa mais plenamente o
significado do batismo é a imersão. A ceia do Senhor é o rito contínuo da igreja. Há
diferentes concepções da ceia. A católica romana tradicional defende que há uma
mudança metafísica dos elementos. A concepção luterana nega a transubstanciação
católica, mas que as substâncias estão juntas. Já a concepção reformada sustenta
que Cristo está presente na ceia do Senhor, mas não em forma física ou corpórea.
Por fim, a concepção zwingliana afirma que a ceia do Senhor é apenas uma
comemoração. A ceia do Senhor é um lembrete da morte de Cristo e de seu caráter
sacrificial em favor da humanidade, um símbolo da ligação vital do ser humano com
o Senhor e um testemunho de sua segunda vinda.

CAPÍTULO 38 – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS E ESCATOLOGIA INDIVIDUAL

O capítulo 38 apresenta as questões introdutória sobre escatologia. A


escatologia é o estudo das últimas coisas, a complementação da obra de Deus no
mundo. O propósito das verdades escatológicas na Palavra de Deus é dar ao
indivíduo consolo e segurança. Considerações sobre escatologia: 1. É um tópico
importante na teologia sistemática; 2. Suas verdades merecem atenção e estudo
cuidadoso; 3. Ela não pertence exclusivamente ao futuro; 4. Há elementos de
profecia prenunciativa que não podem ser considerados cumpridos; 5. As passagens
bíblicas sobre escatologia irão ocorrer; 6. Temos responsabilidade com eventos
escatológicos que irão ocorrer; 7. Suas verdades devem produzir vigilância e
esperança no crente; 8. Eventos escatológicos podem variar quanto a importância; e
9. É necessário salientar seu significado espiritual e sua aplicação prática. A primeira
morte é inegável como futuro de todas as pessoas. Mas ela não deve ser entendida
como a extinção, mas como a transição para um modo diferente de existência. A
segunda morte é um período infinito de punição e separação da presença de Deus.
O estado intermediário refere-se à condição dos homens entre a morte e a
ressureição. Há diversas concepções sobre esse estado, entre elas o sono da alma,
o purgatório e a ressureição instantânea. Entre a morte e a ressureição, há um
38

estado intermediário em que crentes e incrédulos experimentam, respectivamente, a


presença e ausência de Deus.

CAPÍTULO 39 – A SEGUNDA VINDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O capítulo 39 apresenta a segunda vinda de Cristo e sua consequências.


A segunda vinda junto com suas consequências: ressureição e julgamento final
estão entre os eventos mais importantes da escatologia. A segunda vinda é a base
da esperança cristã, o evento que marcará o início do complemento do plano de
Deus. O tempo da segunda vinda não é claro, mas ela será cumprida. Ela será
pessoal, física, visível, inesperada, triunfante e gloriosa. A segunda vinda ocorrerá
num único evento e é iminente. A ressureição, do ponto de vista da escatologia
individual, é o resultado principal da segunda vinda. Todos os membros da Trindade
estão envolvidos na ressureição dos crentes. Quando Cristo retornar, o corpo
original será levantado e transformado; a forma humana será mantida e também
glorificada. A ressureição será de crentes e incrédulos, para que todos participem do
julgamento final. Nesse julgamento futuro, todos serão julgados de acordo com a
sua vida terrena e o padrão é a vontade revelada de Deus. O julgamento será
permanente e irrevogável.

CAPÍTULO 40 – CONCEPÇÕES MILENISTAS E TRIBULACIONISTAS

O capítulo 40 apresenta as concepções milenistas e tribulacionistas,


essas que fazem parte das discussões acerca da relação cronológica entre a
segunda vinda de Cristo e alguns outros eventos. A discussão ocorre entre dois
temas: 1. Haverá um milênio, um reinado terreno de Cristo? e 2. Cristo removerá a
igreja do mundo antes da grande tribulação ou ele só voltará após a tribulação?
Dentro das concepções milenistas, há o pós-milenismo, o pré-milenismo e o
amilenismo. O Pós-milenismo é uma concepção otimista onde o mundo todo se
converterá ao evangelho e o início do milênio mal poderá ser percebido. Embora
fisicamente ausente, Jesus reinará sobre a terra. O Pré-milenismo defende um
reinado terreno de Cristo por cerca de mil anos onde os santos reinarão com Cristo e
39

praticamente não haverá mal na terra. Já o amilenismo é a ideia de que não haverá
milênio. Segundo o autor, a concepção mais adequada as passagens bíblicas é a
Pré-milenista. As concepções tribulacionistas buscam responder se a igreja passará
ou não pela tribulação e são divididas principalmente em pré-tibulacionismo e pós-
tribulacionismos. O pré-tribulacionismo defende que Cristo virá no início da grande
tribulação e arrebatará sua igreja. O pós-tribulacionismo defende que a vinda de
Cristo não ocorrerá até a conclusão da grande tribulação. Há também posições
intermediárias, como a que defende que Cristo voltará no meio da grande tribulação
para buscar sua igreja. Segundo o autor, a concepção que melhor interpreta as
passagens escatológicas da Bíblia é a pós-tribulacionisma.

CAPÍTULO 41 – ESTADOS FINAIS

O capítulo 40 traz os estados finais dos seres humanos segundo o grande


julgamento. O estado final dos justos é morar eternamente com Deus no céu. A
natureza básica do céu é a presença de Deus; a vida no céu consistirá em
descanso, adoração e serviço. O estado final dos ímpios é a punição eterna. Eles
não serão extintos, mas estarão eternamente longes do Senhor. O resultado do
julgamento final será irreversível. Implicações doutrinárias: 1. As decisões tomadas
nesta vida dirigirão a condição futura por toda a eternidade; 2. As condições desta
vida são transitórias; 3. A natureza dos estados futuros é muito mais intensa que
qualquer coisa da vida presente; 4. A satisfação no céu não será uma simples
intensificação dos prazeres desta vida; 5. O inferno é a consequência natural da vida
de pecados daqueles que rejeitam a Cristo; e 6. Parece que haverão graus de
premiação e punição.

CONCLUSÃO

As doutrinas que os indivíduos adotam afetarão suas atitudes, perspectiva


de vida, a maneira pela qual se relacionam e a maneira pela qual reagem a Deus.
Elas também ajudam a fazer com que o cristianismo seja algo que possa ser vivido
40

hoje. A doutrina é o ponto de ligação entre os eventos e ensinos passados na Bíblia


e a situação presente da humanidade.
41

REFERÊNCIAS

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Tradução Lucy Yamakami.


São Paulo: Vida Nova, 1997.

Você também pode gostar