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2ª Câmara Criminal
ACÓRDÃO
R E L A T Ó R I O
O Sr. Des. Luiz Gonzaga Mendes Marques.
V O T O
O Sr. Des. Luiz Gonzaga Mendes Marques. (Relator)
Cabe ainda ressaltar que, apesar da recém promulgada Lei nº 14.344/2022 em seu
artigo 29, ter alterado o art. 226 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA -
Lei 8.069/90), tal alteração não abrange qualquer crime cometido contra criança e
adolescente, mas tão somente àqueles crimes previstos no ECA, vejamos:
"Art. 29. Os arts. 18-B, 70-A, 70-B, 136, 201 e 226 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passam a vigorar com as
seguintes alterações:
(...)
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do
Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995. (incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022)." (...)
Veja que o legislador ao definir que aos crimes cometidos contra a criança e o
adolescente não se aplica a Lei nº 9.099/95, o fez no parágrafo primeiro do art.
226, cujo caput faz referência apenas aos crimes definidos naquela lei, o Estatuto
da Criança e do Adolescente. Sendo assim, da atenta leitura da lei, nota-se que,
como o legislador fez alterações em várias outras leis, se sua intenção fosse a de
abranger todo e qualquer crime contra a criança e o adolescente, o teria feito.
Considerando que, tratou de tal limitação de abrangência da Lei 9.099/95 apenas
no tópico da Lei 8.069/90, claro está que, sua intenção foi a de abranger somente
as situações mais graves, ou seja, aquelas que estão previstas no ECA e não os
crimes de menor potencial ofensivo.
Portanto, considerando que, o crime narrado nesses autos, segundo o MPE, seriam
os de injúria e vias de fato, previstos no Código Penal e não no ECA, a
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
competência para analisar e julgar permanece sendo dos Juizados Especiais
Criminais, já que, de menor potencial ofensivo.
Por tais motivos, acolho o parecer ministerial e reconheço a incompetência deste
juízo, determinando-se a remessa, com urgência, dos presentes autos ao Cartório
Distribuidor para redistribuição ao Juizado Especial Criminal desta Comarca.
(…).”
CONCLUSÃO
É como voto.
D E C I S Ã O
Como consta na ata, a decisão foi a seguinte: