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CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE SARGENTO

LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR

SUMÁRIO

1. Introdução
2. Princípios aplicáveis ao processo penal militar
2.1 Devido Processo Legal:
2.2 Contraditório
2.3 Ampla defesa
2.4 Duplo grau de jurisdição
2.5 Presunção de inocência
2.6 Publicidade
2.7 Dignidade da pessoa humana
3. Sistema do Processo Penal Militar
4. Aplicação da Lei Processual Penal Militar
4.1 Fontes do código do processo penal militar
4.2 Suprimento dos casos Omissos do Código de Processo Penal Militar
4.3 Territorialidade e extraterritorialidade
5. Aplicação à Justiça Militar Estadual
6. A Justiça Militar na Constituição Federal de 1988
6.1 Justiça Militar da União
6.1.2 Primeira Instância da Justiça Militar da União
6.1.3 Segunda Instância da Justiça Militar da União
6.2 Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e Auditoria de Justiça Militar
do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ
6.2.1 Competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar em processar e
julgar os crimes militares contra civis e as ações contra atos disciplinares.
6.2.2 Primeira Instância da Justiça Militar
Estadual/AJMERJ.
6.2.3 Segunda Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ
7. Exercícios
8. Polícia Judiciária Militar
8.1 Exercício de Polícia Judiciária Militar
8.1.2 Delegação do exercício de Polícia Judiciária Militar
8.2 Competência da Polícia Judiciária Militar
9. Exercícios
10. Inquérito Policial Militar
10.1 Conceito
10.2 Natureza Jurídica
10.3 Finalidade
10.4 Características do Inquérito Policial Militar
10.5 Procedimento indisponível
10.5.1 Instauração de Ofício
10.5.2 Instauração por determinação ou delegação
10.5.3 Instauração por requisição do Ministério Público
10.5.4 Instauração por decisão do Supremo Tribunal Militar
10.5.5 Instauração por requerimento do ofendido, do seu representante legal ou
por uma pessoa que tenha conhecimento de uma infração penal militar
10.5.6 Instauração através de Sindicância
10.6 Superior ou igualdade de posto do infrator
10.7 Providências antes do IPM
10.8 Infrações de natureza não militar
10.9 Indícios contra |Oficial de posto superior ou mais antigo no curso do IPM
11 Encarregado do IPM
11.1 Suspeição do encarregado do IPM
11.2 Atribuições do encarregado do IPM
11.3 Escrivão
11.3.1 Compromisso legal
11.3.2 Atribuições do escrivão
11.4 Incomunicabilidade do indiciado
11.5 Detenção do indiciado
11.6 Prazo para terminação do IPM
11.6.1 Dedução em favor dos prazos
11.7 Relatório
11.8 Solução
11.9 Remessa
11.10 Arquivamento
11.11 Instauração de novo IPM
12 Conclusão
AULA nº 01– Processo Penal Militar e sua aplicação

AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ:

 Conhecer o Processo Penal Militar e sua aplicação;


 Conhecer os Órgãos da Justiça Militar;
 Conhecer as competências e as atribuições da Justiça Militar Estadual.

1 Introdução

O Estado é o verdadeiro titular dos jus puniendi, o ato de punir se materializa


através do Poder Legislativo, na medida em que se inicia a elaboração das leis penais
militares e consequentemente as sanções por elas cominadas. Ocorre que, o ato de punir
poderá levar o militar a ser submedido a privação de sua liberdade. Por certo, a própria
Constituição da República, alicerçada no Estado Democrático de Direito, determinou
que a aplicação do Direito Penal Militar deva por si só obedecer ao devido processo
legal.

Sobre o tema, precisa é a lição do Cícero Robson Coimbra Neves1:

“[...] O processo penal militar constitui-se em um conjunto de atos coordenados,


estabelecedores de uma relação jurídica entre juiz e partes, que tem escopo de compor
justamente uma lide, esta caracterizada, de um lado, pela intenção do Estado em exercer
seu direito de punir o autor de um crime militar, e, de outro, pela resistência do pretenso
autor do fato a essa intenção”.

Por fim, é de suma importância consignar que a lide ora apresentada no Processo
Penal Militar, deverá assegurar ao militar acusado, a plena aplicação dos Direitos e
Garantias Fundamentais, sem que ocorra a efetividade do Sistema Processual Penal
Militar para a segurança coletividade, a manutenção dos princípios da hierarquia e
disciplina e a aplicação da lei penal militar.

2 Princípios aplicáveis ao Processo Penal Militar

2.1 Devido Processo Legal:

A Constituição da República de 1988, em seu art. 5°, inciso LIV estabeleceu que
para a existência de privação da liberdade ou de um bem, tais comprometimentos
deveriam ocorrer mediante ao Devido Processo Legal. Desta forma, o presente Princípio
é um limitador do Poder Estatal, abarcando outras garantias fundamentais, tais como:
ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, razoável duração do processo,
presunção de inocência etc.

2.2 Contraditório:

1
NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 77.
Em consonância ao art 5°, inciso LV CRFB/88 “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

Umas das características marcantes nesse princípio é a participação dialética das


partes, a fiscalização, a informação e a contrariedade dos atos praticados no curso do
processo. Como se percebe, as partes devem ter ciência da demanda e dos argumentos
da parte contraria. Parte da Doutrina denomina o Contraditório como Paridade das
Armas.

2.3 Ampla Defesa:

O Princípio da Ampla Defesa também se encontra no art. 5°, inciso LIV


CRFB/88, no entanto eles não se confundem, uma vez que o contraditório se manifesta
em ambas as partes, já a ampla defesa somente ao réu ou acusado. Verifica-se, então,
que a ampla defesa é a condição do réu ou acusado de levar à baila todas as provas
legais a esclarecer os fatos, omitir-se ou se prevalecer do silêncio.

2.4 Duplo Grau de Jurisdição:

O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não está expresso na Constituição da


República de 1988, mas sim de maneira implícita no art. 5°, inciso LV CRFB/88, que
com os meio e recurso (grifo) a ela inerentes. Faz com que o réu ou o acusado tenha o
direito de recorrer à instância hierarquicamente superior, para fins de reexame da
decisão judicial.

2.5 Presunção de Inocência (ou Não Culpabilidade):

Com a Constituição da República de 1988, a Presunção de Inocência ganhou


status constitucional, uma vez que no art. 5°, inciso LVII CRFB/88 diz: “Ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Esse
direito faz com que o acusado ou o réu seja culpado após o devido processo legal, onde
ele tenha utilizado todos os meios de prova para a sua defesa e ainda desconstruir a tese
acusatória.

2.6 Publicidade:

O acesso a todos aos atos praticados no curso do processo eleva a credibilidade,


a transparência e a fiscalização dos atos dos juízes e das partes. Nesse contexto, o art 93,
inciso IX CRFB/88 “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicas, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo
não prejudique o interesse público à informação”.

2.7 Dignidade da Pessoa Humana:

Além de ser um dos princípios fundamentais da República (art. 1°, inciso III
CRFB/88) e ainda dos direitos e garantias fundamentais (art.5° CRFB/88), a sua
aplicação no Direito Processual Penal Militar esta relacionada ao status libertatis do
militar, optando assim em medidas menos nocivas ao militar.

André Nicolitt2 obervar que,

Como dito, a dignidade é o fim do próprio Estado, dessa maneira, toda


atividade estatal deve estar sempre voltada à tutela, à realização e ao respeito à
dignidade humana, o que não exclui a atividade persecutória do Estado, seja através da
investigação criminal, seja no exercício da ação penal, seja no curso do processo.

3. Sistema do Processo Penal Militar

O Processo Penal Militar adotou o Sistema Acusatório, caracterizado pela


presença de um Juiz, Ministério Público e a Defesa. De modo que as partes (MP e
Defesa) sejam responsáveis pela a produção de provas e cabendo ao magistrado a
imparcialidade e a garantia da liberdade e dos direitos fundamentais. Por fim, existem
ainda outros Sistemas que são o Inquisitorial e o Misto.

4. Aplicação da Lei Processual Penal Militar

4.1 Fontes do Código de Processo Penal Militar

As fontes do Código de Processo Penal Militar são a Constituição da República


e a Lei Processual Penal Comum. Nota-se ainda que o CPPM no art. 1° § 1° consolidou
que as Convenções e os Tratados, no qual o Brasil foi signatário, prevaleceram em
detrimento ao CPPM. Como por exemplo, o Pacto São José da Costa Rica, ratificado
pelo Brasil em 1992, através do Decreto n° 687, que no n° 2 do art. 8 estabelece a
igualdade entre as partes na fase do processo (paridade das armas).

Nesse cenário, o Código de Processo Penal Militar, constitui-se na principal


fonte formal do processo penal militar, valendo lembrar que sua edição somente é
possível por lei lavrada pela União, o que configura o Estado como fonte material do
Direito Processual Penal Militar, nos termos do inciso I do artigo 22 da Constituição
Federal.3

4.2 Suprimento dos casos Omissos do Código de Processo Penal Militar

A omissão do CPPM é dirimida pela interpretação do art 3°, uma vez que traz o
rol de condicionantes para sanar a lacuna existente. Sendo elas: a legislação processual
penal comum (Código de Processo Penal), jurisprudência, usos e costumes militares,
princípios gerais do direito e analogia. No que tange a Legislação Processual Penal
Comum, cabe aqui relatar que, sua utilização não poderá trazer prejuízo ao processo
penal militar, como por exemplo, a aplicação da Lei 9099/95, no qual seus institutos não
são aplicáveis na Justiça Militar, por força da vedação da Lei 9839/99.

4.3 Territorialidade e extraterritorialidade

2
NICOLITT, André. Manual de Processo Penal. São Paulo: RT, 2014, p. 117
3
NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual do direito processual penal militar. 3. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.
O art. 4° CPPM adotou o princípio da territorialidade, onde todo e qualquer
processo penal militar que teve origem no território nacional deve ser equacionado a luz
do Código de Processo Penal Militar, salvo as convenções, tratados e regras de direito
internacional, como por exemplo a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas,
aprovada pelo Decreto Legislativo n° 103/64, e promulgada pelo Decreto n° 56.435/65.

Com a exceção a territorialidade, a extraterritorialidade sobre a aplicação a lei


processual penal militar fora do território brasileiro nos crimes contra as instituições
militares.

5. Aplicação à Justiça Militar Estadual

Pela interpretação do art. 6°, o Código de Processo Penal Militar se aplica nas
Justiças Militares Estaduais, nota-se que a própria Constituição da República de 1988 já
estabeleceu em seu art. 125, § 3° essa possibilidade, na medida em que os Estados
poderão criar o Tribunal de Justiça Militar Estadual. No caso em comendo, o Estado do
Rio de Janeiro não possui o Tribunal de Justiça Militar, tão somente uma Vara
Especializada denominada Auditoria de Justiça Militar/AJMERJ.

6. A Justiça Militar na Constituição Federal de 1988

A construção acerca do foro militar é de vital importância para o entendimento


da Competência das Justiças Militares, visto que no art. 82 CPPM o foro militar é
especial. Importante observarmos as mudanças ocorridas ao longo do tempo em relação
à definição dos crimes militares, sobretudo quando dolosos contra a vida.
Publicada no dia 13 de outubro de 2017, a Lei n.º 13.491/17 alterou o
art. 9º do Código Penal Militar, modificando, sensivelmente, a definição dos crimes
militares e a competência para o julgamento daqueles cometidos por membros das
Forças Armadas, dolosamente, contra a vida de civil, em situações específicas.
Inicialmente, é preciso retroceder ao histórico relativo à questão da competência
jurisdicional para julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares
e à definição dos crimes militares, para entendermos melhor a efetiva mudança.
Na redação originária da CF/88 havia previsão expressa de que os crimes
militares definidos em Lei (sem excepcionar os crimes dolosos contra a vida de civil)
seriam da competência da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar dos Estados,
conforme vínculo do sujeito ativo do delito às Forças Armadas ou às Forças Auxiliares
(Policiais e Bombeiros Militares).
Sucede que, por meio da Lei nº 9.299/96, o Congresso Nacional, atendendo aos
apelos de setores da sociedade e do clamor público, diante de confrontos com resultado
morte (de civil), alterou o art. 9º do CPM e o art. 82 do CPPM, excepcionando da
competência da Justiça Castrense os crimes dolosos contra a vida de civil, atribuindo-a
ao Tribunal do Júri.
Com essa alteração legislativa de 1996, surgiu uma polêmica doutrinária e
jurisprudencial a respeito da constitucionalidade da modificação, haja vista que a CF/88
(em sua redação originária) não continha qualquer tipo de exceção à competência da JM
para julgar os crimes dolosos contra a vida de civil, sendo duvidosa a compatibilidade
vertical daquela legislação com a Carta Magna, quando criou restrições nela não
previstas.
Com a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45 (Reforma do Judiciário)
tal celeuma cedeu, diante da reforma da CF/88, uma vez que nela foi incluída,
expressamente, a competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes
dolosos contra a vida de civil praticados por militares estaduais.
Ressalte-se que, inobstante essa previsão ampliasse a competência do Tribunal
do Júri, expressamente, apenas em relação aos militares estaduais, adotou-se a
interpretação sistemática de que tal norma era aplicável, também aos militares das
Forças Armadas, isso porque o Código Penal Militar, alterado pela Lei nº 9.299/96,
regulamentando o art. 124 da CF/88, já continha previsão nesse sentido (art. 9º, então
parágrafo único).
A partir da EC n.º 45 esse entendimento foi sedimentado.
Porém, isso não impedia que o legislador ordinário, ainda regulamentando o
art. 124 da CF/88, modificasse tal disposição para excepcionar alguma situação
específica.
Foi o que se sucedeu com a aprovação da Lei nº 12.432/11, que retirou do
âmbito do Tribunal Júri a competência para julgar crimes dolosos contra a vida de civil
praticados por militares das Forças Armadas, nas circunstâncias previstas no
art. 303, do Código Brasileiro de Aeronáutica, ou seja, relacionadas com o abate de
aeronave hostil em sobrevoo no espaço aéreo brasileiro e que não obedeça às ordens
para pouso.
Assim, a nova Lei nº 13.491/17, como já havia sido feito também pela Lei nº
12.432/11, ampliou as hipóteses em que a competência para julgamento de crimes
dolosos contra a vida de civil não será mais do Tribunal do Júri, dilatando o espectro de
atuação da jurisdição militar.
É imprescindível frisar que, em regra, os crimes dolosos contra a vida de civil
continuam da competência do Tribunal do Júri, e somente nas circunstâncias
excepcionais incluídas no CPM pelas Leis nºs. 13.491/17 e 12.432/11 é que se atribui à
Justiça Castrense.

6.1 Justiça Militar da União

A Justiça Militar da União pertence ao Poder Judiciário (art. 92 CRFB/88),


estabelecendo que os Órgãos da Justiça Militar serão compostos pelo Superior Tribunal
Militar/STM e os Tribunais e Juízes Militares (art. 122 CRFB/88). Para tanto, possui
competência para processar e julgar os crimes militares definidos em lei, tendo como
agentes os Militares das Forças Armadas e Civis (art. 124 CRFB/88).

Em relação à organização da Justiça da Justiça Militar da União, a Lei 8457/92


estabeleceu a regulamentação e o seu funcionamento.

6.1.2 Primeira Instância da Justiça Militar da União

Os Órgãos de Primeira Instância são as 12 (doze) Circunscrições Judiciárias


Militares, espalhas no território nacional, onde cada Circunscrição possui pelo menos
01(uma) Auditoria.
As auditorias são divididas em Órgãos Julgadores (Conselhos de Justiça):

- Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito), por
um Oficial Superior, que será o Presidente, e 03(três) Oficiais de posto até capitão-
tenente ou capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho
funcionará durante 03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem
competência para processar e julgar Praças e Civis

-Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito) e


04(quatro) Juízes Militares, sob a presidência, dentre estes, de um Oficial General ou
Oficial Superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes. Os Juízes Militares
serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A
composição do Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após
conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais das
Forças Armadas, exceto Oficiais Generais, que cuja competência é originaria do STM.

* Observação: Em caso de concurso de agentes envolvendo oficiais e praças, a


competência para processar e julgar o feito será do Conselho Especial de Justiça.

6.1.3 Segunda Instância da Justiça Militar da União

O Superior Tribunal Militar/STM é o Órgão de Segunda Instância da Justiça


Militar da União, com sede no Distrito Federal e jurisdição em todo território nacional.
A composição do STM é assim disposta: 03 (três) Oficiais Generais da Marinha, 04
(quatro) Oficiais Generais do Exército, 03 (três) Oficiais Generais da Aeronáutica, todos
da ativa e do posto mais elevado, e ainda 03 (três) advogados, 1(um) Juiz Auditor e
01(um) Membro do Ministério Publico Militar, perfazendo 15(quinze) Ministros.

6.2 Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e Auditoria de Justiça Militar do
Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ

A Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal pertence ao Poder Judiciário (art.
125 CRFB/88), estabelecendo, a critério do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
Estadual, construída, em primeiro grau, pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de
Justiça, e de segundo grau os Tribunais Militares ou pelos Tribunais de Justiça, em que
o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

O Estado do Rio de Janeiro não possui um Tribunal de Justiça Militar, no


entanto os crimes militares serão julgados e processados por uma Vara Especializada,
denominada Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ
juntamente com os Conselhos de Justiça. A AJMERJ e os Conselhos de Justiça possuem
competência para processar e julgar os crimes militares praticados pelos Militares
Estaduais, salvo os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil (lei 9299/96), de
competência do Tribunal do Júri. Já nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul, podemos constar a existência do Tribunal de Justiça Militar (órgão de
segunda instância) e as Auditorias Militares (órgão de primeira instância).

6.2.1 Competência singular do Juiz de Direito do


Juízo Militar em processar e julgar os crimes
militares contra civis e as ações contra atos SÚMULA 131 TJRJ
disciplinares.
Ações de impugnação a atos
No que se refere às ações judiciais contra disciplinares . Art. 125, par. 4°,
da Constituição Federal. Norma
atos disciplinares militares, mesmo por força do art.
constitucional dependente de lei
125 § 4° e 5° CRFB/88, com redação da EC n° infraconstitucional para a sua
45/04, que determina a competência da Justiça regulamentação. Competência
Militar, na pessoa do Juiz de Direito do Juízo das Varas Fazendárias.
Militar; no Estado do Rio de Janeiro esta realidade é
“Enquanto não editada a
bem diferente, visto a Súmula n° 131 TJRJ legislação infraconstitucional de
combinado com o art. 97 § 9° Código de que trata o Art. 125, par .4°, da
Organização e Divisão Judiciária do Estado do Rio Constituição Federal, a
de Janeiro (CODJERJ), transferiu esta atribuição competência para julgar as ações
contra atos disciplinares
para as Varas de Fazenda Pública.
militares continua sendo dos
Juízes Fazendários”.
Nesse diapasão, o art. 125 § 5° CRFB/88
estabeleceu a competência singular do Juiz de Referencia: Uniformização de
Direito do Juízo Militar, em processar e julgar os Jurisprudência n°
crimes militares cometido contra civis, e os demais 2006.018.00004 – Julgamento
em 13/11/2006.
crimes militares cabendo os Conselhos de Justiça.
Relatora: Desembargadora
Marianna Pereira Nunes Feteira
Gonçalves. Votação por maioria.
FONTE:
http://portaltj.tjrj.jus.br/web/gues
t/sumulas-131.

6.2.2 Primeira Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ.

O Órgão de Primeira Instância que julga e processa os crimes militares


praticados por integrantes da PMERJ e do CBMERJ é a Auditoria de Justiça Militar do
Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ através dos Conselhos de Justiça, conforme
preceitua o art. 152 CODJERJ.

Nesse compasso, a AJMERJ é constituída pelos Conselhos Permanentes e


Especiais de Justiça, e seus funcionamentos são regulados Lei 8457/92.

- Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar


(Presidente do Conselho), por 01(um) Oficial Superior e 03(três) Oficiais de posto até
capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante
03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para
processar e julgar Praças.

-Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar


(Presidente do Conselho) e 04(quatro) Oficiais. Os Juízes Militares serão de posto
superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do
Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos
seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais.

6.2.3 Segunda Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ

O Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar do Estado do Rio de


Janeiro/AJMERJ é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme
preceitua o art 125 § 3° CRFB/88 combinado com o art. 153 CODJERJ. Cabendo a este
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

7. Exercicios:

1) Mérvio que é Policial Militar, foi condenado na AJMERJ com uma pena de reclusão
de 03(três) anos, pela prática do crime de aliciação para motim ou revolta (art. 154
CPM). Inconformado com a sentença condenatória, o referido Policial Militar deseja
recorre em segunda instância. Qual o Órgão Jurisdicional competente para analisar o
feito:

a) Superior Tribunal Militar.

b) Superior Tribunal de Justiça.

c) Supremo Tribunal Federal.

d) Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – TJERJ.

2) A Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro - AJMERJ é competente


para julgar os crimes militares definidos em lei, praticados por:

a) Policial Militar, Bombeiro Militares e Integrantes das Forças Armadas.

b) Policial Militar e Bombeiro Militar.

c) Policiais Militar e Integrantes das Forças Armadas.

d) Bombeiro Militar e Integrantes das Forças Armadas.

3) Tírcio e Mérvio, ambos Policiais Militares de serviço na UPP MERCÚRIO, após


uma discussão intensa entre eles, Tírcio saca a pistola e efetua disparos contra cabeça de
Mérvio, que cai ao solo sem vida. A quem compete julgar o Policial Militar:

a) Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro - AJMERJ.

b) Superior Tribunal Militar.

c) Justiça Comum – Tribunal do Júri.


d) Qualquer Vara Criminal.

LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR

AULA nº 02– Polícia Judiciária Militar: Exercício e competência.

AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ:

 Conhecer a competência da Polícia Judiciária Militar.

8. Policia Judiciária Militar POLICIA


ADMINISTRATIVA E
Inicialmente, o poder de polícia do Estado JUDICIÁRIA
encontra-se dividido em duas funções: Polícia
Sobre o tema nos
Administrativa e Polícia Judiciária. A primeira ensina Célio Lobão:
possui a função preventiva já a segunda a apuração
dos fatos que já ocorreram. Dito isto, agora no plano Em função de suas
atribuições, a policia das
constitucional, as Forças Armadas possuem funções
corporações militares federais
e Policia Administrativa no que se refere ao art. 142 são adiminstrativas e
CRFB/88(Defesa da Pátria e garantia dos Poderes judiciárias. A primeira
Constitucionais) combinado com a Lei previne e reprime o crime
Complementar 97/99, regulamentado pelo Dec. militar, no âmbito das
respectivas corporações, e
3897/01, que instituiu a aplicação das Forças
excepcionalmente fora dela.
Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No (...). A Policia Judiciária tem
que tange as Policias Militares e Corpos de como atribuição apurar as
Bombeiros Militares, segundo o art. 144, §5° infrações penais militares, a
CRFB/88, realizam também função predominante de fim de oferecer elementos
destinados a propositura da
policia administrativa, uma vez que a Policia Militar
ação penal(...).
consiste no policiamento ostensivo e a preservação
da ordem pública e o Corpo de Bombeiros a defesa Lobão, Célio. Direito
civil. Processual Penal Militar. Rio
de Janeiro: Forense, 2010, p.
45.

Saiba mais...

- Garantia da Lei e da Ordem (GLO)


http://www.defesa.gov.br/arquivos/File/doutrinamilitar/listadepublicacoesEMD/
md33_m_10_glo_1_ed2013.pdf

Não se afastando dessas premissas, essas Instituições exercem atividade de


Policia Judiciária Militar, uma no plano Federal (Marinha, Exercito e Aeronáutica) e no
plano Estadual/Distrital (Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares), no
momento em que ocorre um crime militar, conforme o Código de Processo Penal
Militar no Título II - Capítulo Único da Policia Judiciária Militar, nos artigos 7° e 8.
Ademais, de suma importância consignar, que existe uma vedação expressa no texto
constitucional no que se refere à apuração dos crimes militares pela Policia Civil, no art.
144, § 4° CRFB/88.

André Nicolitt4 preceitua que,

Por fim, a função de policia judiciária, muito embora não figure expressamente
no capitulo das funções essenciais à justiça (arts. 127 a 135, CF/1988), implicitamente
trata-se de função essencial à justiça em razão de fortalecimento do sistema acusatório
na medida em que o juiz está despido da função de investigar o que esta entregue ao
órgão próprio para tanto.

8.1 Exercício da Policia Judiciária Militar (art. 7° CPPM).

O artigo em análise destina-se a indicação das Autoridades de Policia Judiciária


Militar (APJM), assim mencionadas:

 a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território


nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem
como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou
transitória, em país estrangeiro;

b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por
disposição legal, estejam sob sua jurisdição;

c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e


unidades que lhes são subordinados;

d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos,


forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;

e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e
unidades dos respectivos territórios;

f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da


Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;

g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos


nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;

h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.

Em relação às APJM das Policias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares,


nos ensina Cícero Robson Coimbra Neves5:

4
NICOLITT, André. Manual de Processo Penal. São Paulo: RT, 2014, p. 172.

5
NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 210.
No âmbito das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, esse
paralelismo também deve ser procurado, sendo autoridades originariamente competente
para medida de policia judiciária militar, in exemplis, o Comandante-Geral, o
Subcomandante da PM e os Comandantes de Unidade.

Em suma, os Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Policiais


Militares (OPM), serão a APJM no âmbito da PMERJ, tendo como simetria o artigo em
comento.

8.1.2 Delegação do exercício de Policia Judiciária Militar.

Os parágrafos do art. 7° CPPM enumeram as possibilidades de delegação, por


tempo limitado, das atividades de Policia Judiciária Militar aos Oficiais da ativa, no
entanto tais circunstâncias deverão obedecer aos seguintes requisitos:

a) Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá


aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa,
da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
b) Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado,
poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.

c) Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a


antiguidade de posto.

d) Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a


existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro
competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a
instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para
tomar essa providência.

8.2 Competência da Policia Judiciária Militar (art. 8° CPPM).

As competências estabelecidas no rol do art. 8° CPPM é meramente


exemplificativa, na medida em que o legislador infraconstitucional não teve a intenção
de esgotar toda a matéria.

Nesse sentido são as lições de Cícero Robson Coimbra Neves6 quando diz:

Essas atribuições numeradas no rol do art. 8° do CPPM, rol que dever se


considerado exemplificativo, e não taxativo, ao contrário do que entendem alguns
autores. Essa conclusão note-se, decorre da amplitude inerente à apuração de um fato e
da conclusão de que a conjunção de provas pela policia judiciária militar é precária, ou
seja, será refeito sempre que possível, no curso do processo penal militar constitucional,
após o recebimento da denúncia, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

Em decorrência do art. 8° CPPM, passamos agora a analisar as competências da


Policia Judiciária Militar, a saber:

6
NEVES, Cicero Robson Coimbra. Manual de Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 215.
a) Apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos
à jurisdição militar, e sua autoria: Inicialmente, deverá
PRISÃOficar demonstrado a
PREVENTIVA
existência de indícios de uma infração penal militar, e que
consequentemente, tais delitos militares deverão estar Sobre oconsignados
tema nos ensinano
Código Penal Militar (Dec. Lei 1.001/69). No Célio
que se refere à Lei Especial,
Lobão:
não, mas de coadula com os dispositivos constitucionais, na medida em que
(...) Na Justiça Militar Estadual,
o art.30 da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) não recepcionado pela
aplica-se o exposto nos feitos da
CRFB/88.
competência do colegiado. Nos
Importante ressaltar que com a mudança do artigo 9º do Código Penal
crimes da competência singular
Militar, imposta pela lei nº 13.491, de 2017, podem ser considerados crimes
do Juiz de Direito do Juízo
militares os crimes previstos no CPM e os previstos na legislação penal
Militar, a este compete decretar a
comum, conforme podemos observar na nova redação do artigo em
prisão preventiva tela: pré-
na fase
processual e durante a instrução
II – Os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação
criminal.
penal, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado,
Lobão, Célio. contra
Direito Processual
militar na mesma situação ou assemelhado; Penal Militar. Rio de Janeiro:
        b) por militar em situação de atividade ou 2010,
Forense, assemelhado,
p. 312. em lugar
sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
         c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar
sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado,
ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
        d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
        e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o
patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa
militar;

b) Prestar informações do Poder Judiciário e ao Ministério Público: São


informações e diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público,
na fase inquisitorial ou na fase processual. A fim de exemplificar, podemos
citar: oitiva de testemunhas, juntada de documentos, reprodução simulada e
entre outras.
c) Cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar: Essa
competência poderá ser estendida, também, para as Autoridades Judiciárias
da Justiça Comum.

d) Representar pela decretação da prisão


preventiva e pelo reconhecimento de
insanidade mental do indiciado:
Inicialmente, há a necessidade de
esclarecer o instituto da Prisão Preventiva
no CPPM. Como se percebe, o art. 254
CPPM retrata a competência e os
requisitos desta medida cautelar, nesse
compasso tal medida poderá ser
decretada pelo Juiz de Direito do Juízo
Militar ou pelo Conselho de Justiça
(Especial ou Permanente), e ainda a
requerimento do Ministério Público ou
mediante representação do Encarregado
do IPM. Para tanto, a Prisão Preventiva
poderá ser decretada em qualquer fase,
tanto no IPM ou no Processo Criminal.
No que concerne aos requisitos: prova do
fato delituoso (prova/certeza da
existência do crime militar) e indícios
suficientes de autoria (não se exige aqui
a certeza, mas sim a probabilidade de
autoria).

Agora vejamos os fundamentos da Prisão Preventiva (art. 255 CPPM):


garantia da ordem pública (risco do agente solto praticar reiteradamente
crimes militares), conveniência da instrução criminal (quando o agente
solto poderá prejudicar a colheita de elementos de informação ou provas),
periculosidade do indiciado ou acusado (atos que poderiam ameaças a
coletividade e a paz social), segurança da aplicação da lei penal militar
(perigo iminente de fuga do agente) e exigências da manutenção das
normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares (na medida em
que atos desafiadores e desrespeitosos são perpetrados pelo agente em
desfavor de seus superiores hierárquicos). Finalmente, no que tange a
insanidade mental do indiciado (art. 156 § 2° c/c art. 160, parágrafo único,
ambos, CPPM), poderá ser ordenada pelo Juiz de Direito do Juízo Militar
(ofício), a requerimento do MP, defensor, curador, cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão do indiciado e ainda pelo encarregado do IPM.

e) Cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob a sua


guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código:
No caso em comendo, podemos fazer uma referência à Unidade Prisional da
PMERJ-UP/PMERJ, onde seu Diretor ficará sujeito aos ditames da Justiça
Militar (AJMERJ), bem como as referências da Lei de Execução Penal (Lei
7210/84).
f) Solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo: O encarregado
buscará em órgãos externos elementos de informação (documentos,
certidões, filmagens) para elucidar a infração penal militar.

g) Requisitar da Policia Civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e


exames necessários: A PMERJ possui o Centro de Criminalística, que muito
embora seja referência nacional em perícia criminal, infelizmente alguns
exames não são realizados por esta Unidade, como é o caso dos exames de
corpo e delito e necropsia. Nesse sentido, será requisitado aos órgãos da
Policia Civil o devido exame pericial, e que na inobservância desta
requisição poderá o perito responder administrativamente e criminalmente.

h) Atender pedidos de apresentação de militares à autoridade civil: Nesse


dispositivo, a Autoridade de Policia Judiciária Militar deverá apresentar os
Policiais Militares, a seu comando, às autoridades civis, sob pena de
responsabilidade administrativa e criminal.

9 Exercícios:

1) Sobre o exercício da Policia Judiciária Militar é CORRETO afirmar que:

a) São exercidas pelos Comandantes, Chefes e Diretores de OPM.

b) São exercidas pelos Comandantes e Chefes de seção do Estado Maior de


Unidade.

c) São Exercidas pelo Juiz de Direito da AJMERJ e pelos Comandantes de


OPM.

d) São exercidas pelos Comandantes de OPM e pelos Comandantes de


Companhia.

2) Sobre a competência da Policia Judiciária Militar e INCORRETO afirmar que:

a) Apurar as infrações penais militares.

b) Cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça militar.

c) Solicitar das autoridades civis informações.

d) O rol de competências do art. 8° CPPM é taxativo.

3) São requisitos da Prisão Preventiva:

a) Prova do fato delituoso e materialidade criminosa.

b) Prova do fato delituoso e indícios suficientes de autoria.

c) Indícios suficientes de autoria e garantia da lei e da ordem.

d) Indícios suficientes de autoria e conveniência da instrução crimina.


LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR

AULA nº 03– O Inquérito Policial Militar (IPM).

AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ:

 Conhecer os Princípios que regem a realização do IPM;


 Conhecer os aspectos relacionados à forma e ao conteúdo do IPM.

10. Inquérito Policial Militar

Uma das competências da Policia Judiciária Militar é a apuração das infrações


penais militares (art. 8°, alínea “a” CPPM), que se materializa através de um
procedimento administrativo chamado Inquérito Policial Militar.

Nesse sentido, assinala Paulo Rangel7

O inquérito policial, portanto, é o instrumento de que se vale o Estado, através


da policia, órgão integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal com
controle das investigações realizadas do Ministério Público (cf, art.129, VII, da CRFB).

Nesse sentido, a doutrina afirma que o Inquérito Policial Militar é um


mecanismo de se evitar abusos por parte do Estado, evitando assim que um cidadão
responda a um processo criminal, sem que antes se apure as informações que lhe são
imputadas, resguardando os direitos e garantias fundamentais do cidadão.

10.1 Conceito

O Inquérito Policial Militar é um procedimento administrativo de característica


inquisitorial, cujo encarregado exerce as funções de Autoridade de Policia Judiciária
Militar, no qual desenvolve diligências objetivando a coleta de elementos de
informação, indicando o autor (se possível) e possibilitando o oferecimento da peça
acusatória por parte do Ministério Público.
7
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. São Paulo: Atlas, 2013, p. 70.
10.2 Natureza Jurídica
ELEMENTOS DE
Por se tratar de um procedimento administrativo, o Inquérito Policial Militar não
INFORMAÇÃO E PROVA.
contempla a ampla defesa e o contraditório, consagrados no art. 5°, inciso LVI
CRFB/88, pelo simples motivo de não ser um Processo Judicial ou Administrativo.
Nesse sentido aponta
Renato Brasileiro de Lima:
Por derradeiro, o IPM é considerado pela
(...) a palavra prova só pode ser
doutrina e pela jurisprudência uma mera peça
usada para se referir aos
informativa (elementos de informação), e que elementos de convicção
eventuais irregularidades no curso deste produzidos, em regra, no curso
procedimento não tem o condão de contaminar o do processo judicial, e, por
processo penal militar, mas sim a retirada dessa conseguinte, com a necessária
participação dialética das partes,
prova dos autos do processo.
sob o manto do contraditório
(ainda que diferido) e da ampla
10.3 Finalidade
defesa.
A finalidade do Inquérito Policial Militar Por outro lado, elementos de
encontra-se disciplinada no art. 9° CPPM, que em informação são aqueles colhidos
síntese atribui ao IPM à apuração sumária de fato, na fase investigatória, sem a
que configure crime militar e sua autoria. Possui necessária participação dialética
das partes (...)
caráter de instrução provisória, cuja finalidade é
ministra elementos necessários para à propositura da DE LIMA, Renato Brasileiro.
ação penal. Manual de Processo Penal. Rio
de Janeiro: Impetus, 2011, p.
10.4 Características do Inquérito Policial Militar 116.

a) Procedimento escrito

De acordo com o art. 21 CPPM, todas as


peças serão, por ordem cronológicas, reunidas num
só processado e datilografado, com folhas
numeradas e rubricadas pelo escrivão.

b) Procedimento inquisitorial

O entendimento da doutrina e jurisprudência é que o Inquérito Policial Militar


possui caráter inquisitorial, não abarcando os princípios do contraditório e da ampla
defesa. Essa natureza inquisitorial, esta ligada a não comunicação dos atos
investigatórios ao indiciado, fazendo com que, esse procedimento seja eficiente e eficaz,
SÚMULA VINCULATE N° 14
no que concerne a identificação do autor do crime militar.
É direito do defensor, no
Convém destacar, que embora o IPM seja inquisitorial, tal característica não
interesse do representado,
afasta a possibilidade de o indiciado propor a formulação de quesitos nas pericias e
ter acesso amplo aos
exames, conforme preceitua o art. 316 CPPM.
elementos de prova que, já
c) Procedimento sigiloso documentados em
procedimento investigatório
O sigilo do IPM esta consagrado no art. 16 realizado por órgão com
CPPM, momento em que o encarregado pode permitir o competência de policia
acesso dos autos do IPM ao advogado do indiciado. judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de
defesa.
Esta “faculdade” do encarregado, não encontra respaldo
legal na nova ordem jurídica, na medida em que a Lei
8.906/94 (Estatuto da OAB) no seu art. 7°, inciso XIV,
atribui o direito ao advogado de ter acesso os autos do
flagrante e dos inquéritos, combinado com a SV n° 14.

No que tange as demais pessoas, se faz necessário o sigilo, pelo simples motivo
de que o IPM visa investigar as infrações penais militares, buscando assim os elementos
de informação para a identificação da a autoria e a materialidade. Por certo a divulgação
da investigação poderá interferir na efetividade das ações de policia judiciária militar.

d) Procedimento dispensável

Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, poderá ele, dispor do IPM
quando obtiver informações mínimas para o oferecimento da denúncia. Essas
informações constam nos seguintes artigos do CPPM, a saber:

- art. 27 CPPM: Quando o Auto de Prisão em Flagrante for suficiente para a elucidação
do fato e sua autoria;

- art. 28 CPPM: No momento em que o fato e autoria já estiverem esclarecidos por


documentos ou outras provas matérias, nos crimes contra a honra (escritos ou
publicados e seu autor identificado) e nos crimes do art. 341 (desacato) e art. 349
(desobediência de decisão judicial), ambos do Código Penal Militar.

e) Procedimento Oficial

Incumbe a Autoridade de Policia Judiciária Militar (Marinha, Exercito,


Aeronáutica, Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militares) a presidência do IPM.

f) Procedimento oficioso

A Autoridade de Policia Judiciária Militar que tomar conhecimento de uma


noticia crime, ela é obrigada a agir de oficio, independente de provocação da vitima ou
de qualquer outra parte.

g) Procedimento indisponível

Uma vez instaurado o IPM, a Autoridade de Policia Judiciária Militar não


poderá arquivar esse procedimento, visto que compete ao titular da ação penal propor ao
Juiz de Direito o arquivamento do feito.

10.5 Formas de instauração do IPM

A instauração do IPM é mediante Portaria, lavrada pela Autoridade de Policia


Judiciária Militar, conforme preceitua o art. 10 CPPM.

10.5.1 Instauração de Ofício – art. 10, alínea (a) CPPM

É quando a Autoridade de Policia Judiciária Militar conhece diretamente os fatos


que noticiam a infração penal militar.
10.5.2 Instauração por determinação ou delegação - art. 10, alínea (b) CPPM

A Autoridade de Policia Judiciária Militar Superior irá determinar


NOTITIA ou delegar
CRIMINIS
para outra Autoridade, de condição inferior (subordinada) a instauração de IPM.
Nesse sentido aponta
10.5.3 Instauração por requisição do Ministério Renato Brasileiro de Lima:

Público - art. 10, alínea (c) CPPM Notitia criminis é o


conhecimento, espontâneo ou
O Ministério Público irá requisitar provocado, por parte da
diretamente a Autoridade de Policia Judiciária autoridade policial, acerca de
Militar a instauração do IPM. Cabe ainda consignar, um fato delituoso. Subdivide-se
que a própria Constituição da República de 1988 em:
atribui essa competência ao Parquet, conforme art. a) Espontânea: ocorre
129, VIII CRFB/88. quando a autoridade
policial toma
10.5.4 Instauração por decisão do Superior conhecimento do fato
Tribunal Militar - art. 10, alínea (d) CPPM delituoso por meios de
suas atividades
Aplicando a simetria aos Estados, no caso em rotineiras (...).
comendo o Estado do Rio de Janeiro, onde o Órgão
b) Provocada: ocorre
de Segunda Instância da AJMERJ é o Tribunal de quando a autoridade
Justiça, este, poderá decidir em remeter os autos ao policial toma
Ministério Público para fins de instauração do conhecimento da
Inquérito Policial Militar. infração penal através
de um expediente
10.5.5 Instauração por requerimento do ofendido, escrito (...).
do seu representante legal ou por uma pessoa que c) Coercitiva: ocorre
tenha conhecimento de uma infração penal quando a autoridade
militar - art. 10, alínea (e) CPPM policial toma
conhecimento do fato
Os fatos que constituem indícios de infração delituoso através da
penal militar, que são narrados pelo ofendido, seu apresentação do
individuo preso em
representante legal ou qualquer cidadão, deve a
flagrante.
Autoridade de Policia Judiciária Militar apurar os
fatos através do IPM. DE LIMA, Renato Brasileiro.
Manual de Processo Penal. Rio
10.5.6 Instauração através de Sindicância - art. de Janeiro: Impetus, 2011, p.
10, alínea (f) CPPM 143 e 144.

Este meio investigatório pode ser


interpretado de forma extensiva, na medida em que
outros meios como, por exemplo, a averiguação, irá
ensejar em elementos indiciários para a instauração
do IPM.

Saiba mais...

- O Supremo Tribunal Federal proíbe a instauração de Inquérito Policial baseando exclusivamente


em denúncia anônima, devendo o Órgão Policial apurar as informações através procedimentos
preliminares, no julgamento do HC n° 99.490/SP, Relator Ministro Joaquim Barbosa, 23/11/10.

http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=618126
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=
%28HC+95%2E244%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z5m2ms4
10.6 Superior ou igualdade de posto do infrator - art. 10, § 1° CPPM

Quando o infrator for superior ou de igual posto da Autoridade de Policia


Judiciária Militar, em cujo local tenha ocorrido à infração penal militar, deverá este,
comunicar o fato ao seu superior para fins de delegação.

10.7 Providências antes do IPM - art. 10, § 2° CPPM c/c art. 12 CPPM

A Autoridade de Policia Judiciária Militar ou qualquer outro militar que tenha


conhecimento de uma infração penal militar, adotará as seguintes providências, a saber:

- dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das
coisas, enquanto necessário;

- apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;

- efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244 CPPM;

- colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.

10.8 Infração de natureza não militar - art. 10, § 3° CPPM

Se a infração penal não constituir natureza militar, deverá ser comunicado os


fatos a Autoridade de Policia Judiciária e se for o caso apresentar o infrator.

10.9 Indícios contra |Oficial de posto superior ou mais antigo no curso do IPM -
art. 10, § 3° CPPM

Se no curso do IPM, o encarregado verificar a existência de indícios de infração


penal militar, em desfavor de oficial de posto superior ou mais antigo ao seu, deverá
delegar suas atribuições a outro oficial de posto superior ou mais antigo do que o
indiciado.
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR

AULA nº 04– Especificidades de um IPM e seus envolvidos.

AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ:

 Identificar as atribuições do encarregado e do escrivão, bem como as


especificidades do IPM.

11. Encarregado do IPM – art. 15 CPPM


O encarregado do IPM será, sempre que possível (grifo nosso), oficial de posto
não inferior ao de capitão. No entanto a referida locução grifada, não impede que um
oficial subalterno (segundo ou primeiro tenente) exerça as atividades de policia
judiciária militar, por tratar-se de uma clausula discricionária da Autoridade de Policia
Judiciária Militar.
11.1 Suspeição do encarregado do IPM – art 142 CPPM
Não se admite a suspeição do encarregado por parte do indiciado ou pelo seu
advogado, cabendo tão somente ao encarregado do IPM declarar-se suspeito quando
ocorrer motivos que impliquem em sua imparcialidade na condução das investigações.
11.2 Atribuições do encarregado do IPM – art. 13 CPPM
Além das medidas do art. 12 CPPM (item 10.7) o encarregado deverá também
adotas as seguintes atribuições, a saber:
- ouvir o ofendido;
- ouvir o indiciado;
- ouvir testemunhas;
- proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
- determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outros exames e perícias;
- determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou
danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
- proceder a buscas e apreensões e
- tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do
ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor,
ou a independência para a realização de perícias ou exames.
11.3 Escrivão – art. 11 CPPM
A designação do escrivão será de competência do encarregado do IPM, caso não
tenha sido feita pela autoridade que delegou o feito. Nos casos em que o indiciado seja
oficial, recairá sob segundo ou primeiro tenente, e nos demais casos o escrivão será
sargento ou subtenente.
11.3.1 Compromisso legal – art. 11, parágrafo único CPPM
O escrivão deverá prestar o compromisso de manter o sigilo do IPM e de
cumprir as determinações do CPPM.
11.3.2 Atribuições do escrivão – art. 21 CPPM
- datilografar (digitar) as peças do IPM;
- numerar e rubricar as folhas;
- alocar as peças em ordem cronológica;
- lavrar juntada de documentos e
- lavar o recebimento, certidão e conclusão.
11.4 Incomunicabilidade do indiciado – art. 17 CPPM
De acordo com a doutrina e jurisprudência, o artigo em análise não foi
recepcionado, na medida em que a própria Constituição assegura que toda a prisão
deverá ser comunicada imediatamente ao juiz competente (art. 5°, LXII CRFB/88) e o
preso terá o direito à assistência familiar bem como de constituir um advogado (art. 5°,
LXIII CRFB/88). Se no Estado de Defesa (art. 136, § 3°, inciso IV CRFB/88), onde se
verifica diversas restrições no que tange aos direitos fundamentais, a Constituição vedou
a incomunicabilidade do preso, conclui-se então, que esse instituto no Estado
Democrático de Direito não deve prosperar, visto que se prevalece às garantias e os
direitos fundamentais do individuo.
11.5 Detenção do indiciado – art 18 CPPM
Poderá o encarregado, independente de flagrante delito, deter o indiciado por até
30 (trinta) dias, devendo comunicar a presente prisão ao Juiz de Direito. Havendo a
necessidade, devidamente fundamentada e a pedido do encarregado, poderá o
Comandante de Área prorrogar o feito por mais 20 (vinte) dias.
11.6 Prazo para terminação do IPM – art. 20 CPPM

- indiciado preso: 20 (vinte) dias, contado a partir do dia em que se executar a


ordem de prisão.

- indiciado solto: 40 (quarenta) dias, contados a partir da data em que se


instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade
militar superior. A presente prorrogação visa complementar a investigação no que
concerne aos exames, pericias e diligência não concluída. O pedido de prorrogação deve
ser feito em tempo oportuno.

O IPM pode ser devolvido pelo Ministério Público e pelo Juiz de Direito, para
fins de requisição de diligências e preenchimento de formalidades, conforme art. 26
CPPM, e o prazo será fixado por essas autoridades.

11.6.1 Dedução em favor dos prazos - art. 20, § 3° CPPM

São deduzidos dos prazos, quando ocorre no curso do IPM, que o indiciado é
superior ou mais antigo do que o encarregado.

11.7 Relatório – art. 22 CPPM


INDÍCIOS
O IPM será encerrado por um relatório
minucioso, confeccionado pelo encarregado, que irá Definição
concluir se há transgressão da disciplina ou indícios
        Art 382 CPPM. Indício é a
de crime, que neste último, representar pela circunstância ou fato conhecido
conveniência da prisão preventiva. e provado, de que se induz a
existência de outra circunstância
11.8 Solução – art. 22, § 1° CPPM ou fato, de que não se tem
prova.
No caso de delegação, o encarregado enviará
        Requisitos
o IPM à autoridade delegante para fins de
homologação ou não, aplicando, quando necessário,         Art. 383 CPPM. Para que o
penalidade disciplinar ou determinando novas indício constitua prova, é
necessário:
diligências.
        a) que a circunstância ou
11.9 Remessa – art. 23 CPPM fato indicante tenha relação de
causalidade, próxima ou remota,
Por força do Sistema Acusatório adotado com a circunstância ou o fato
pela CRFB/88, o referido artigo não foi indicado;
recepcionado pela nova ordem constitucional, visto
        b) que a circunstância ou
que o Ministério Público (art. 129, inciso I fato coincida com a prova
CFRB/88) é considerado o verdadeiro destinatário resultante de outro ou outros
do IPM. indícios, ou com as provas
diretas colhidas no processo.
11.10 Arquivamento

A autoridade de policia judiciária militar não poderá mandar arquivar o IPM (art.
24 CPPM), todavia o feito poderá ser proposto pelo Ministério Público e endereçado ao
Juiz de Direito que poderá concordar ou não.
11.11 Instauração de novo IPM – art. 25 CPPM
SÚMULA 524 STF
O IPM arquivado poderá ensejar em
Arquivado o inquérito policial,
investigações, se novas provas aparecerem em por despacho do Juiz, a
relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, requerimento do promotor de
justiça, não pode a ação penal
ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da
ser iniciada, sem novas
punibilidade. provas.

Saiba mais...

- O Supremo Tribunal Federal fixou parâmetros para a investigação do MP.

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563

12 Conclusão

Você policial militar é o primeiro defensor dos direitos humanos, um


promotor da igualdade entre as pessoas, seja patrulhando, prevenindo a práticas
delituosas, seja preservando uma pessoa solitária, ferida ou doente nos logradouros.
Todo policial precisa ter conhecimento a respeito do processo penal militar,
pois estes serão de grande valia na sua profissão.

Você tem uma profissão de destaque, que realiza tarefas importantes para a
sociedade, sua comunidade, seus amigos e sua família. Tenha orgulho de ser policial
militar.
Referência Bibliográfica:

ASSIS, Jorge César de. Código de Processo Penal Militar anotado: artigos 1º ao 169.
2. ed. 3. tir. Curitiba: Juruá, 2008. 1º v.

Decreto lei 1.001 de 21de outubro de 1969.

NEVES, Cícero Robson Coimbra. Manual do direito processual penal militar. 3. ed.
– São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

LAZZARINI, Álvaro [org.]. Código de Processo Penal Militar. 4. ed. rev., atualizada
e ampliada. São Paulo: RT, 2003.

LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. São Paulo: Método, 2009

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