Você está na página 1de 106

lOMoARcPSD|9890217

Direito-Processual-Penal

Direito Processual Penal (Universidade de Lisboa)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)
lOMoARcPSD|9890217

DIREITO PROCESSUAL PENAL


AULAS PRÁTICAS – PROF.ª MAFALDA MELIM

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa


Ano Letivo 2017/2018 – Joana Maria Costa Lopes

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ INTRODUÇÃO: ESTRUTURA DO PROCESSO PENAL

O nosso modelo: modelo acusatório mitigado pelo princípio da investigação; - o


processo penal tem de ter em termos adjetivos as mesmas garantias que tem o direito
penal, a ideia de acusatório, quem acusa não pode julgar, uma pessoa que investiga mão
é imparcial no momento em que julga, por um lado a possibilidade de delegar nos
OPC’s certas competências, o MP agora controla o que se passa dentro do inquérito,
mas no dia a dia o procurador ir ao terreno, quem procede a ação penal, são os OPC –
acaba por haver três níveis – OPC + MP (controlo e direção) .

Art. 32/4.º CRP: temos de fazer uma interpretação sistemática;

§ Caso 1 |

A atribuição da titularidade da ação penal ao MP é constitucional? – Considere na


sua resposta o teor do Ac. do TC n.º 7/1987.

§ Matéria Teórica;

 O Código de Processo Penal de 1987;

Surgiu, o CPP de 1987, pondo-se a questão em abstrato, da sua eventual desconformidade


com o art. 32/4.º da CRP, na medida em que o CPP veio atribuir o domínio da chamada fase
de inquérito, na forma de processo comum, ao MP, parecendo reavivar os vínculos com o
sistema do DL n.º 35.007. Afinal cabe perguntar, o CPP da democracia queria voltar ao
regime pré-constitucional? Há explicação para isto?

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

A) Análise do Acórdão do Tribunal Constitucional (Plenário) n.º 7/87

O Ac. em análise tratou da avaliação preventiva e abstrata do CPP de 1987. Essa avaliação foir
realizada a requerimento do Presidente da República, que suscitou a dúvida sobre aa
constitucionalidade de algumas das normas desse diploma. Uma das questões, aliás a
principal, era de facto, a atribuição do domínio do inquérito ao MP.

Juntaram-se-lhes outras questões, tais como o carácter facultativo da instrução nos termos do
art. 286/2.º do CPP, ou da competência dos órgãos de Polícia Criminal (OPC) para realizar
diligências e investigações durante o inquérito, como previsto no art. 270/1.º. Outra questão que
se relacionava com estas era a da suspensão provisória do processo, na medida em que estava
previsto que fosse decidida pelo MP e não pelo juiz da instrução.

No requerimento de avaliação preventiva da constitucionalidade, o Presidente das república


alegou basicamente o seguinte: as diligências processuais que a lei inclui sob designação de
“inquérito” são materialmente, instrutórias, portanto, da competência de um juiz (art. 32/4.º
da CRP).

Numa análise puramente literal, verificamos que a CRO diz que toda a instrução é da
competência do juiz, ao passo que o CPP diz que o inquérito é da competência do MP.
Qualquer que seja o estatuto do MP, mesmo que seja o de uma magistratura, a verdade é que
não corresponde ao de um juiz. Mas, se formos analisar as questões só numa base literal, nunca
chegaremos muito longe.

A questão deve antes ser posta como a pôs o Tribunal Constitucional, no Ac. 7/87 , ou seja: a
questão é de saber porque razão a CRP exige que toda a instrução seja competência do
juiz.

A intervenção do juiz justifica-se para salvaguardar a liberdade e a segurança dos cidadãos


no decurso do processo, designadamente no inquérito. E para garantir que a obtenção da
prova durante as investigações se faça com respeito pelos direitos fundamentais dos
cidadãos. Já sabemos que o direito penal e o direito processual penal contendem de forma
dramática com a esfera de direitos, liberdades, e garantias fundamentais. A CRP atribui, pois, ao
juiz a competência para a instrução para impedir o atropelo destes diretos fundamentais.

O TC entendeu não ser inconstitucional a direção do inquérito pelo MP, por várias razões,
designadamente:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 Nos termos da própria CRP, o art. 224.º (atual 219.º CRP), cabe efetivamente ao MP
exercer a ação penal, o que só pode significar dirigir a investigação;
 Apesar de a direção do inquérito estar cometida ao MP, os atos que contendem com a
esfera de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos são da competência
exclusiva do juiz de instrução, na própria fase de inquérito.
 O arguido, pode sempre requerer a abertura de instrução quando houver acusação,
garantindo assim um controlo jurisdicional dessa decisão do MP.

Se a preocupação do legislador constitucional era salvaguardar os direitos, liberdades e


garantias fundamentais, então o objetivo pretendido terá sido plenamente alcançado em esta
estruturação do CPP. (Neste sentido o Prof. Figueiredo Dias).

O TC também considerou não ser inconstitucional a solução de o MP poder delegar atos do


inquérito nos OPC, pois trata-se de uma delegação de competências e não de subtrair ao MP o
controlo do próprio inquérito.

Quanto à suspensão provisória do processo, o TC manifestou dúvidas porque, embora nada


tivesse a dizer contra a figura, contestava a constitucionalidade de uma suspensão por iniciativa
do próprio MP, especialmente porque esta suspensão provisória do processo acarretava a
imposição de injunções e regras de conduta sem intervenção de um juiz, as quais pareciam, na
prática, corresponder a penas.

Por exemplo, a proibição de frequentar certos sítios é uma limitação à liberdade ambulatória do
arguido. Isto teve consequências no CPP, que atualmente exige a intervenção de um juiz para a
suspensão provisória do processo, como previsto no art. 281/1.º

Em suma, o TC decidiu não considerar inconstitucional a direção do inquérito entregue ao


MP, não considerar inconstitucional o carácter facultativo da instrução, não considerar
inconstitucional a delegação de competências do MP nos OPC, mas considerar
inconstitucional que a suspensão provisória do processo fosse apenas decidida pelo MP.

Este acórdão é importante também nos votos de vencido, alguns conselheiros lavraram votos de
vencido, designadamente um deles com surpreendente veemência.

 O Conselheiro Vital Moreira acusou o legislador do CPP de 1987 de regressar à


pré-constitucionalidade nesta matéria atrvés de uma habilidade grosseira, que seria
uma autêntica burla de etiquetas, sonegava-se a competência ao juiz e atribuía-se ao
MP uma fase que era materialmente idêntica àquela que correspondia à instrução no

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

sistema do código anterior. Portanto, não tinha dúvidas acerca da inscontitucionalidade


da solução consagrada no CPP de 1987.

Os argumentos da inconstitucionalidade:

- nomear inquérito aquilo que era instrução para fugir ao 32/4.º CRP; - não é burla de etiquetas,
a evolução histórica – em 1929 era só instrução, correspondia ao nosso inquérito, era da
competência do juiz e o MP tinha só o seu cargo em diligencias concretas, passou haver em
1945 houve instrução contraditória e instrutória, e nesta fase o MP já exercia que aqui não
estavam limitadas ao juiz de instrução, em 1975 susrgiu o inquérito policial, que era para um
tipo especifico – em 1976 temos o problema do art. 32/4.º CRP, e em 77 –

Não estamos perante burla de etiquetas, já desde 1945 a instrução preparatória era da
competência do MP – já se admitia desde 45 que o MP tinha competências de investigação;

As garantias não são postas em causa com a atribuição da direção do inquérito do MP.

Art. 16/3.º - argumentos rebatidos – não é a criminalidade mais grave, não há violação do p. da
legalidade nem da culpa, admitindo-se que o ordenamento jurídico determina a moldura penal,
não há limite da pena.

O próprio juiz pode-se declarar incompetente e não pronunciar-se sobre o art. 16/3.º o juiz só
pode manifestar-se contra as cosnequencias;

§ CASO PRÁTICO 2

Voto de vencido da Prof. Fernanda Palma: art. 16/3.º CPP- antes do processo determina o limite
máximo da pena aplicável: o Ac. TRL + Ac. TC: o tribunal singular pode sempre declarar-se
incompetente, temos de relacionar o art. 16/3 e o art. 16/4.º CPP.

Existe a fase de intrução apesar de estar limitada no seu objeto, pode dar a volta a esta
impossibilidade, qualquer um dos requerentes pode invocar isso – art- 16/3.º - ter em atenção o
art. 16/3.º CPP.

- O MP não acusa, prossegue a ação penal, se o MP concluir pela não culpabilidade do arguido
(art. 401.º CPP , ) o MP pode recorrer em benefício do arguido, se é sempre? Imaginem que o

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

MP acusou pediu despacho de pronuncia e o arguido foi julgado, o MP pode recorrer? Deve
Recorrer, esta estrutura, não é ao arguido vs. Assistente, e não é arguido vs. MP;

II. – NATUREZA DOS CRIMES;

§ Caso 2

Denuncia vs. Queixa


Denuncia vs. Noticia do crime;

INTRODUÇÃO:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Ao compulsarmos o CP verificamos que relativamente a alguns crimes o Código estabelece que


o procedimento criminal depende de queixa e noutros de acusação particular.
Há assim, crimes em que a lei nada diz quanto ao procedimento criminal, são os que a doutrina
denomina por crimes públicos, noutros diz que depende de queixa e que a doutrina denomina
por crimes semi-públicos, e ainda outros diz que depende de acusação, são os chamados
crimes particulares.
Em termos práticos, há que ver se a norma penal estabelece algo sobre a exigência de queixa ou
acusação particular. Se nada estabelece, o crime é público e consequentemente o MP tem quanto
a ele legitimidade para promover livremente o processo, pelo que a norma penal exigir queixa
ou acusação particular, então o MP não pode promover o processo sem que a queixa e a
acusação dos particulares ocorra – é o que resulta dos artigos 49.º e art. 53.º do CPP.

São várias as razões de política criminal que levam o legislador a exigir que para haver
procedimento criminal seja necessária a queixa ou acusação particular dos «ofendidos», nuns
casos, e a não as exigir, noutros. São razões atinentes à gravidade das infrações, umas vezes, à
natureza dos interesses dos ofendidos, outras, às consequências para o próprio ofendido da
existência de um processo crime, donde pode resultar que a publicidade inerente agrave o dano
que o crime lhe causou.
O critérios para a distinção dos crimes em públicos, semipúblicos e particulares é
essencialmente pragmático (Germano Marques da Silva).
a) Crimes públicos: a grande maioria dos crimes são públicos. Ser crime público significa
que o MP tem quanto a eles legitimidade para, em princípio, promover o processo sem
limitações.

Dizemos que o MP tem legitimidade para, em princípio, promover o processo sem


limitações à atuação do MP, porque relativamente a alguns crimes públicos há algumas
limitações. É o que se sucede com os crimes praticados pelo PR no exercício das suas
funções, pelo que é necessária a deliberação da AR, a quem cabe a iniciativa do
processo (art. 133.º CRP).

Fora destes casos excecionais, nos crimes públicos o MP promove o processo sem
quaisquer limitações, instaura p inquérito, deduz acusação e sustenta-a na instrução e
julgamento, interpõe recursos e promove a execução. – art. 48.º CPP.

b) Crimes semi-públicos e particulares nos crimes semipúblicos -aqueles em que a lei


faz depender o procedimento criminal de queixa -, para que o MP possa exercer a ação
penal é necessária a queixa dos ofendidos ou de outras pessoas para tal legitimidade
(art. 49.º CPP).

c) Nos crimes particulares: aqueles em que a lei faz depender o procedimento criminal
de acusação particular -, para que o MP possa exercer a ação penal é necessário que o
titular do direito de queixa se queixe e se constitua assistente para que o MP possa

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

promover o inquérito e acuse para que o processo possa prosseguir para as fases
posteriores.

§ Art. 113.º CP: titulares do direito de queixa:

 A queixa é um pressuposto positivo da punição;


 O titular do direito de queixa é em regra o ofendido; - considerando-se como tal o
titular dos interesses protegidos pela incriminação, isto é, o portador do bem jurídico
protegido. Por exemplo é ofendido e tem legitimidade para apresentar queixa pelo crime
de dano a pessoa que tenha mero gozo ou fruição da coisa, pois o direito penal protege
o direito destas pessoas.
 Todo aquele que tem legitimidade para apresentar queixa tem também legitimidade para
se constituir assistente, mas o inverso não é verdade pois a legitimidade para deduzir
queixa só pertence ao ofendido ou o ao seu representante. Ao invés a legitimidade
para se constituir como assistente pertence não só ao ofendido como também às pessoas
enunciadas no art. 68.º do CPP.
 A queixa pode ser infundada, manifestamente infundada, insuficiente ou errada.

i) A queixa infundada é aquela que imputa factos criminosos concretos a uma ou


mais pessoas determinas, mas que se verifica não serem os responsáveis pelos
ditos factos, esta falta de fundamento factual da queixa implica o arquivamento
dos autos, salvo se o queixoso ainda estiver em tempo de deduzir nova queixa
contra os responsáveis.
ii) A queixa manifestamente infundada é aquela que não imputa sequer factos
com relevância criminal. Esta queixa implica o arquivamento definitivo do
inquérito.
iii) A queixa insuficiente é aquela que imputa factos criminosos a uma ou mais
pessoas desconhecidas, que deve ser complementada com a identidade dos
respetivos responsáveis. O prazo máximo para o queixoso proceder à sanação
da insuficiência da queixa é de seis meses contados do dia em que conheceu a
identidade dos presumíveis responsáveis.
iv) A queixa errada: é aquela que imputa factos criminosos concretos a uma ou
mais pessoas determinadas, mas os factos são qualificados juridicamente de
modo errado. Este erro jurídico é irrelevante e a queixa vale para os ulteriores
termos do processo – Acórdão do STJ – n.º 4/2012.

O art. 113.º/5.º CP

a) Art. 131.º CP: homicídio - Crime público: Ser crime público significa que o MP tem
quanto a eles legitimidade para, em princípio, promover o processo sem limitações. –
art. 48.º CPP. (princípio da oficiocidade) – art. 241.º CPP

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Dizemos que o MP tem legitimidade para, em princípio, promover o processo sem limitações
à atuação do MP, porque relativamente a alguns crimes públicos há algumas limitações.

b) Art. 143.º CP: Ofensa à integridade física simples – art. 143/2.º CP – o procedimento
criminal depende de queixa: nos crimes semipúblicos -aqueles em que a lei faz
depender o procedimento criminal de queixa -, para que o MP possa exercer a ação
penal é necessária a queixa dos ofendidos ou de outras pessoas para tal legitimidade
(art. 49.º CPP). + art. 113.º CP.

c) Art. 180.º CCP – Difamação; - Art. 188.º CP – o procedimento criminal depende de


acusação particular: aqueles em que a lei faz depender o procedimento criminal de
acusação particular -, para que o MP possa exercer a ação penal é necessário que o
titular do direito de queixa se queixe e se constitua assistente para que o MP possa
promover o inquérito e acuse para que o processo possa prosseguir para as fases
posteriores. + art. 117.º CP acusação particular: + art. 50.º CPP.

 O titular do direito de acusação particular tem de se queixar no prazo de seis meses,


contados nos termos do art. 115/1.º CP. Dito de outra maneira, o regime da queixa é o
mesmo, quer se trate de um crime particular, quer se trate de um crime semipúblico.

 Tratando-se de um procedimento dependente de acusação particular, o ofendido deve


expressar a sua vontade de se constituir como assistente na queixa.
 A apresentação do requerimento para a constituição como assistente deve ter lugar
dentro de dez dias s contar da queixa.
 Mas se o ofendido não expressa na queixa a sua vontade de se constituir como
assistente, pode fazê-lo mais tarde , espontaneamente ou a sugestão do MP (Ac. TRP, de
10.11.1993, e Ac. do TRP de 9-7-2003) – uma vez que a norma do art. 246/4.º CPP é
meramente ordenadora, como resulta do art. 52/2.º CPP.

d) Art. 144.º CP: Ofensa à integridade física grave: Se nada estabelece, o crime é
público e consequentemente o MP tem quanto a ele legitimidade para promover
livremente o processo – art. 48.º CPP.

e) Art. 140/2.º CP: Aborto – quem por qualquer meio e com consentimento da mulher
grávida, a fizer abortar é punido com pena de prisão até 3 anos. Se nada estabelece,
o crime é público e consequentemente o MP tem quanto a ele legitimidade para
promover livremente o processo – art. 48.º CPP.

f) Art. 184.º CP: agravação: Crimes contra a honra: art. 188.º do CP – crime semipúblico
ex vi art. 188/1/a) – depende de queixa: nos crimes semipúblicos -aqueles em que a lei
faz depender o procedimento criminal de queixa -, para que o MP possa exercer a ação
penal é necessária a queixa dos ofendidos ou de outras pessoas para tal legitimidade
(art. 49.º CPP) + art. 113.º CP.

g) Art. 192.º CP: Devassa da vida privada: art. 198.º CP (Queixa) – crime semipúblico
+ art. 49.º CPP + art. 113.º CP.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

h) Art. 193.º CP: Devassa por meio de informática: crime público.

i) Art. 199.º CP: Gravações e fotografias ilícitas: atenção ao art. 199/3.º do CP – pois
temos de atender ao art. 198.º CP, depende de queixa logo é um crime semipúblico, pelo
que temos de ter em conta o art. 49.º do CPP e o art. 113.º do CP.

j) Art. 153.º CP – Ameaça – art. 153/2.º - o procedimento criminal depende de


queixa , logo é um crime semipúblico.

k) Art. 155/1/a) CP – Agravação do crime de ameaça. – Art. 153/2.º CP - o


procedimento criminal depende de queixa , logo é um crime semipúblico.

l) Art. 164.º CP – Violação – Art. 178.º CP – depende de queixa do ofendido, art. 49.º
CPP e art. 113.º CP – em especial o art. 178/2.º CP.

m) Art. 164 + art. 177.º CP – Crime público, não depende de queixa, pelo que temos de
ver o art. 52/1.º CPP?

n) Art. 178/1/in fine do CP + art. 164.º CP: crime público, - art. 52.º CPP / número 1.

o) Art. 328.º CP – Ofensa à honra do Presidente da República: em especial o art.


328/3.º CP: ver art. 51.º CPP.

Na versão originária do CP de 1982, a ofensa à honra do PR integrava um crime público.


Embora tal solução não fosse, de iure condendo e pelas razões que serão expostas, a mais
correta, parece que não era lícito ao interprete configurar esta infração como um crime
particular, à semelhança da generalidade dos crimes contra a honra, nem sequer como um crime
semi-público, à semelhança do que sucedia nos crimes contra a honra de certas pessoas com
funções públicas. (art. 168.º e 174.º do CP de 1982, na sua versão originária.

 Posteriormente, o DL 65/84 de 24 de fevereiro,1 veio atribui natureza de crimes


públicos a crimes de difamação, injúria e outras ofensas contra órgãos de soberania e
respectivos membros. - Artigo 1.º - 1 - Quem verbalmente por gestos ou por qualquer
outro meio de expressão injuriar ou ultrajar um membro de órgão de soberania, ministro
da República ou membro do Governo próprio das regiões autónomas ou do território de
Macau ou magistrado em reunião ou ajuntamento públicos, na presença da pessoa
injuriada ou ultrajada, encontrando-se esta em exercício de funções e desse modo
faltando ao respeito devido à função ou pondo em perigo o prestígio da mesma, será
punido com prisão até 2 anos e multa de 50 a 100 dias.

 Tratava-se , pois, de normas especiais face aos artigos 168.º e 362 do CP de 1982, e
isto num duplo sentido: por um lado a nova incriminação especificava certos objetos da
ação, (entre os quais se contava, naturalmente, o PR, enquanto membro de um órgão de

1Preâmbulo do DL: A legislação penal em vigor, fazendo depender de queixa o procedimento


criminal por ofensas contra a honra e a consideração de membros de órgãos de soberania e outras
entidades que desempenham funções públicas, não assegura eficazmente a protecção do respeito
devido aos órgãos e às funções e o próprio prestígio de uns e outros, que transcendem o interesse da
pessoa concretamente visada.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

soberania). Por outro lado especificava-se também determinada modalidade de ação


(injúria ou ultraje , na presença da pessoa ultrajada, encontrando-se esta em exercício de
funções e desse modo faltando ao respeito devido à função ou pondo em perigo o
prestígio da mesma). Enfim, estes factos tinham a natureza de crime público (assim se
desviando do regime geral dos crimes contra a honra e aproximando-se do regime
previsto para a ofensa à honra do PR), embora se tenha consagrado no art. 1/3.º uma
condição de prosseguibilidade, a saber, a não oposição da pessoa injuriada ou
ultrajada.

 Daqui decorreria que, no que ao nosso problema interessa, a ofensa à honra do PR,
quando praticada nos termos descritos no art. 1/1.º do diploma citado, era menos punida
do que seria ao abrigo do art. 362.º do CP de 1982, e ainda que, nesses casos, o
procedimento criminal ex offcio pelo MP passava a poder cessar caso o PR a ele se
opusesse.

 No preâmbulo do DL 65/84 justificava-se a natureza pública do crime, referindo que A


legislação penal em vigor, fazendo depender de queixa o procedimento criminal por
ofensas contra a honra e a consideração de membros de órgãos de soberania e outras
entidades que desempenham funções públicas, não assegura eficazmente a protecção
do respeito devido aos órgãos e às funções e o próprio prestígio de uns e outros, que
transcendem o interesse da pessoa concretamente visada.

 Mas tal argumentação não podia considerar-se procedente. Desde logo, porque o recorte
típico da incriminação deixava de fora muitas espécies de ofensas relevantes à honra
das ditas entidades: depois e decisivamente, porque a ser assim , a condição de
prosseguibilidade se mostrava incompreensível: como deixar nas mãos das pessoas
concretamente visadas o poder de decidir da continuação do procedimento criminal por
uma ofensa a um bem jurídico supra-individual que transcendia os seus interesses? Pelo
que aquela norma surgiu porque um responsável político , tendo sido publicamente
injuriado, não apresentou a competente queixa por acreditar que se tratava de crime
público, não por força da argumentação invocada no preâmbulo.

 O DL 48/95 de 15 de março, que reviu o CP de 1982, adotou a referida condição de


prosseguibilidade para toda ofensa à honra do PR: alargando assim o seu âmbito de
aplicação, ao mesmo temoo que revogou o DL 65/84. Esta opção legislativa foi muito
discutida no seio da Comissão Revisora, tendo sido aprovada por amioria, com os votos
contrários de Costa Andrade e Figueiredo Dias, que se insurgiram contra a natureza
pública do crime, avançando a ideia de que a consagração da condição de
prosseguibilidade pode, em concreto causar embaraços aos PR.

 E na verdade, por toda a retórica argumentativa que se foi desenvolvendo, não se pode
deixar de repudiar tanto a natureza pública do crime, como a estranha condição de
prosseguibilidade que se prevê no n.º 3 do art. 328.º CP.

i) A primeira porque . diversamente do que sucedia , antes da redação que lhe foi
dada pela Lei 7/2000 de 27 de Maio – nenhuma razão existe para que o MP dê

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

obrigatoriamente início a um procedimento criminal por uma ofensa â honra se


a pessoa visada . ainda que se trate do PR – não mostrou vontade nesse sentido.
ii) Nem se vê que a exigência da queixa,. Nestes casos, implicasse qualquer
humilhação ao PR. – Autor Pedro Caeiro.
iii) A Possibilidade de “desistir do procedimento criminal” relativo a um crime
público lembra de forma irresistível, na sua concreta configuração, a medida de
graça do soberano, que, por ato cometido ao seu puro arbítrio, determina a
cessação da atividade do aparelho judicial iniciada ex officio em cumprimento
de um dever legalmente imposto e sem necessidade de qualquer impulso do
visado.
iv) Esta prerrogativa – potencialmente geradora aliás, de discriminações
inaceitáveis, não se afigura compatível com um Estado direito democrático.

p) Art. 324.º CP: ver o CP anotado.

Como condições de procedibilidade exige o n.1 deste artigo que, salvo tratado ou
convenção internacional em contrário, haja participação do Governo Português. Em
relação aos crimes contra a honra (art. 322/2.º e art. 323.º; também aqui está em causa a
honra de Estado estrangeiro ou de organização internacional), exige-se ainda que também
haja participação do Governo estrangeiro ou do representante da organização internacional.
A participação é o nome que tradicionalmente é atribuído à queixa cuja titularidade
caiba a uma autoridade pública, como é o caso. A especialidade que existia em relação +a
queixa era o facto da participação não poder ser objeto de renúncia nem desistência (art.
115.º do CP na sua versão original), tendo esta especialidade sido objeto de críticas por
parte do Prof. Figueiredo Dias, uma vez que seria uma contradição o legislador, por um
lado, ter considerado um crime como semi-público, apesar do ofendido ser uma
autoridade pública, e por outro, não querer retirar daí as consequências normais. “Não se
compreende a disponibilidade do interesse até ao momento da participação e a sua
indisponibilidade a partir dele”.
Com a revisão do CP eliminou-se aquele dispositivo, a participação fica assim sujeita ao
regime da queixa, pois ela não é mais do que uma queixa feita por uma autoridade pública ,
note-se que o art. 116.º do CP , relativo à renúncia e desistência de queixa, não a proíbe no
caso do procedimento criminal depender de participação de autoridade pública,
contrariamente ao estabelecido no art. 115.,º do CP da versão originária.

q) Art. 203.º CP: Furto – crime semi-público, art. 203/3.º CP: a procedimento criminal
depende de queixa; art. 49.º CPP e art. 113.º do CP.

r) Art. 210.º CP: Roubo – intensidade do bem jurídico;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

s) Art. 203.º + art. 207.º CP: - acusação particular – crime particular: nos termos do
art. 285.º CPP:

t) Art. 219/1/b) CP: Burla relativa a seguros: causando a si próprio, ou a outra pessoa,
lesão da integridade física ou agravando as consequências da lesão da integridade física
provocada por acidente cujo o risco esteja coberto: + art. 219/3.º CP: o procedimento
criminal depende de queixa:

Há concurso? Burla relativa a seguro e ofensa à integridade física? – art. 52.º CPP.

u) Art. 219/4/ a) – se o prejuízo patrimonial provocado for (…)

v) Art. 225.º/1 do CP: Abuso de cartão de garantia ou de crédito: art. 225/3 – é um


crime semi-público porque o procedimento criminal depende de queixa.

w) Art. 225/4.º CP: acusação particular – crime particular se estiveram previstas as


condições do art. 207.º do CP. + art. 50.º CPP.

x) Art. 225/5.º CP: agravação da pena: estudar isto.

Critérios;

a) Critério da disponibilidade do bem jurídico; a vida é não é um bem jurídico para


terceiros, para o próprio é;
b) Interesse público;
c) Proximidade, autor do crime; relação com o bem jurídico – consequências;

Consequências:

Crimes públicos: a regra é o crime ser público, e depois temos em conta que a classificação é
feita atrvés da norma incriminadora mas é sistematicamente considerada;

Arquivamento;

Só faz sentido disntiguir a alteração substancial de factos e a não substancial de factos, só faz
sentido se houver uma acuasação, quando houver uma acusação do MP, de duas uma ou o
assistente quer alterar o objeto, ou concorda com acusação;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Antes da alínea c) do art. 68.º CPP: houve acordaos do STJ que sisseram que a legitimidade do
assistente dependia de uma prévia decisão do objeto, no sentido da condenação: há interesse
na prossecução penal, garante a sua legitimidade, saber se a mera constituição como assistente
era suficiente, traduzia uma itnenção de obter uma decisão condenatória, permita garantir a
legitimidade do assistente, havia doutrina que dizia , agora discute-se , na tese da professora,
problema de saber se a pessoa se podia constituir como assisntente para recorrer do despacho
de não pronúncia. A ideia da alínea c) do número 3 alarga muito a possibilidade do assistente
intervir no processo. Tem uma decisão absolutória. A acusação subordinada é uma garantia de
legitimidade, mas depende dos casos, como amos ver o critério da alteração substancial de
factos e não de factos não é muito obvio, quando uma pessoa quer uma ASF vai obrigar a uma
abertura de uma fase facultativa. Uma alteração substancial dos factos.

§ CASO PRÁTICO 2

a) Furto simples – art. 203/3.º CP, crime semi público, depende de queixa.

b) Furto qualificado – art. 204/1/a) CP – art. 202.º/a) CP, como é furto qualificado
pressupõe-se que é de natureza pública, portanto temos de ter em conta o art.
48.º do CPP. – 50 vezes

O valor elevado, consideravelmente elevado e diminuto, tem por referência a


unidade de conta, estabelecida nos termos do art. 5/2.º do DL n.º 212/89 de
30.6 “ a quantia em dinheiro equivalente a um quarto da remuneração

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

mínima mensal mais elevada, garantida no momento da condenação, aos


trabalhadores por conta de outrem, arredondada quando necessário para o milhar
de escudos mais próximo (…).

c) Furto qualificado nos termos do art. 204/1/b) (metro) CP + art. 204/2/a) valor
consideravelmente elevado; - crime público – atenção ao art. 204/3.º do CP:

Valor consideravelmente elevado: art. 202/b) do CP; 200 vezes …

d) Em princípio seria furto qualificado nos termos do art. 204/1/b) do CP


(porque foi no Metro), mas temos de ter em conta o art. 204/4.º do CP, porque
não há lugar q qualificação se a coisa furtada for de diminuto valor: pelo que
neste caso como eram 70 euros, então será crime semi público nos termos do art.
203.º/3 do CP, ( definição de valor diminuto, consta do art. 202/c) do CP).
e) E f) – art. 204.º CP but art. 207.º /a ) CP portanto é um crime particular, que
depende de acusação particular.

§ CASO 3

Nos crimes públicos, o MP depois de tomar conhecimento da notícia do crime,


promove obrigatória e oficiosamente, o processo penal, dando início à fase do
inquérito (art. 48.º CPP – legitimidade, e art. 262.º- finalidade e âmbito do
inquérito, n.2). Estamos na presença do princípio da oficialidade.
O que é que o MP pode fazer? Nos crimes públicos, e tendo em conta o princípio
da oficialidade, que é o caso do homicídio neste caso, o MP tem o poder-dever de
instaurar o procedimento criminal logo que adquira a notícia do crime (o MP adquire a
notícia do crime por conhecimento próprio, por intermédio dos órgãos de polícia
criminal ou mediante denúncia – art. 241.º CPP), proceder à investigação dos factos
e se for caso disso, sujeitar o arguido a julgamento, atrvés da competente acusação,
valendo aqui o princípio da oficialidade em pleno. Portanto, a atuação do MP não
depende de qualquer impulso ou vontade das partes.
Tendo em conta também o princípio da legalidade, logo que se verifiquem os
respetivos pressupostos de atuação, o MP não pode deixar de promover o processo
penal sob pena de ilegalidade e de omissão de um dever, que pode mesmo constituir
crime de denegação de justiça, nos termos do art. 369.º do CP.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Por outro lado, a falta de promoção do processo pelo MP constitui nulidade


insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento
(art. 48.º e art. 119/b) 1ª parte do CPP). 2
A abertura de inquérito é da competência exclusiva do MP, enquanto único
titular da ação penal (art. 48.º CPP). A aquisição da notícia de um crime (art. 241.º CPP)
obriga por força do princípio da legalidade da ação penal, à abertura de inquérito.

2.º momento: depois de proceder às diligências de investigação, o MP decide,


com plena autonomia, se o arguido deverá ou não ser submetido a julgamento, pelo que
o legislador atribui ao MP a titularidade da ação penal, competindo-lhe colaborar com o
tribunal na descoberta da verdade, e na realização do direito, obedecendo em todas
as intervenções a critérios de estrita objetividade e de legalidade (art. 53.º CPP posição
e atribuições do MP no processo ) e art. 219/1.º da CRP.)

§ APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO:

2 Atenção que, o princípio da legalidade sobre limitações, na medida em que o MP não é obrigado a
submeter o arguido a julgamento, deduzindo acusação, sempre que reúna indícios da prática de crime.
Na realidade, estando em causa pequena ou média criminalidade, o MP pode decidir-se desde que
observados os respetivos requisitos, pelo arquivamento em caso de dispensa da pena (art. 280.º), ou
pela suspensão provisória do processo (art. 281.º e art. 282.º CPP). Neste âmbito vigora o princípio da
oportunidade.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Caso prático:

Momento da prática do crime: julho de 2004:


Abertura do Processo Penal: Julho de 2005;
Prisão preventiva em Julho de 2006;

L1 – (antes do momento da prática do facto) – prazo geral 12 meses;


L2 – Momento da prática do facto – Janeiro de 2004 – passou para 15 meses (agravou).
L3 – (Lei do momento da abertura do processo) – 18 meses;
L4 – (Lei da data da prisão preventiva); - 21 meses;

Pergunta: qual seria o prazo de duração máxima da presião preventia em Agosto de


2007? Temos de ter em conta o art. 5.º do CPP;
Temos em causa o princípio geral tempus regit actum, com assento no art. 5º do
CPP, que é a regra geral, pelo que a esta regra geral sucedem duas excepções consignadas no
n.° 2.
A lei processual penal é de aplicação imediata (…).

§ Ac. STJ 05-03-2008

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

A questão da aplicação temporal da lei processual penal é regulada no art. 5.º do CPP,
sem se fazer distinção entre normas processuais materiais e formais, sendo eixo fundamental
da decisão desta questão o da posição processual do arguido e, nomeadamente, o seu direito de
defesa. Acentua FIGUEIREDO DIAS que a regra de que a lei processual penal só dispõe para o
futuro será respeitada logo que a lei nova se aplique a actos processuais que tenham lugar
já no seu domínio de vigência, mesmo que o processo tivesse sido instaurado (ou a infracção a
que se refere tivesse sido cometida) no domínio da lei antiga.

Para alguma doutrina – que, sendo dominante, não merece o inteiro aplauso daquele
Autor –, o princípio da legalidade só tem incidência substantiva e não processual, e, dado o
carácter instrumental e a natureza publicista das normas processuais, apenas haveria que
ressalvar aqui, como em geral, o valor que a lei antiga atribuiu a actos praticados e a
situações verificadas no seu domínio de vigência e que agora não deveria ser posto em
causa.

Diversamente, adianta FIGUEIREDO DIAS que a circunstância de o processo ser


constituído por uma longa e complexa tramitação, em que os diversos actos se encadeiam uns
nos outros de forma por vezes inextricável, pode conduzir a que se deva aplicar uma alteração
legislativa processual apenas aos processos iniciados na vigência da lei nova, mesmo que a
solução contrária não conduza directamente a pôr em causa o valor de um certo acto ou situação
constituídos à sombra da lei antiga.

E, por outro lado – para além do nulo valor da invocação da «instrumentalidade


do processo» –, o princípio jurídico-constitucional da legalidade estende-se, em certo
sentido, a toda a repressão penal e abrange, nesta medida, o próprio direito processual
penal. Importa, pois, que a aplicação da lei processual penal a actos ou situações que
decorrem na sua vigência, mas se ligam a uma infracção cometida no domínio da lei
processual antiga, não contrarie nunca o conteúdo da garantia conferida pelo princípio da
legalidade.

Daqui resultará que não deve aplicar-se a nova lei processual penal a um acto ou
situação processual que ocorra em processo pendente ou derive de um crime cometido no
domínio da lei antiga, sempre que da nova lei resulte um agravamento da posição
processual do arguido ou, em particular, uma limitação do seu direito de defesa.

§ AC. STJ de 23-09-2009

I -O princípio da aplicação imediata da lei processual penal, sem prejuízo da validade


dos actos realizados na vigência da lei anterior – art. 5.º, n.º 1, do CPP –, sofre, designadamente,
a excepção prevista na al. a) do n.º 2 desse artigo: a lei processual não se aplica aos processos
iniciados anteriormente à sua vigência quando da sua aplicabilidade imediata possa resultar
agravamento sensível e ainda evitável da situação processual do arguido, nomeadamente uma
limitação do seu direito de defesa.
II - Quando ocorre sucessão de normas processuais materiais a questão da
aplicação da lei no tempo a um processo ou a uma determinada fase do processo deverá
ser resolvida por aplicação do regime que se mostre mais favorável ao arguido,

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

analogamente ao disposto no art. 2.º, n.º 4, 1.º segmento, do CP: concretamente, em


matéria de alteração dos prazos da prisão preventiva, o problema da sucessão de leis
penais deve ser resolvido por aplicação do regime que, nessa fase, se mostre mais favorável
ao arguido. – interpretação conforme a CRP – art. 29/4.º da CRP.
III - Só assim se salvaguarda a validade dos actos produzidos pela lei anterior,
quanto aos prazos já decorridos antes da entrada em vigor da lei nova, e se evita que, por
aplicação imediata da lei nova, possa resultar um agravamento da situação processual do
arguido – o que sucederá nos casos em que, por aplicação da lei nova, ocorra um
alargamento dos prazos da prisão preventiva.

Questão complicada: é verdade que as garantias de processo penal constam do


artigo 32 da Constituição da Republica Portuguesa, onde não se preve qualquer principio
de aplicação retroactiva de normas mais favoráveis, mas podemos fazer uma interpretação
sistemática;

Ideia que a prisão preventiva é excecional: pelo que temos de ter em conta o art.
5/1/a) do CPP, o critério que está na alína a), é nemoadamente o exercício de direito de defesa, é
a tutela das garantias do arguido (presunção da inocência); não poderá ser estendida ad eternum
mas em relação às questões das normas processuais penais formais: é dificil que este critério
tenha sentido, o critério pode ser o facto de haver lesão ou não; formas de convocação;
Esta dinstição é posta em causa, o que intereessa em cocnreto são as garantias no
Processo Penal, temos de ver se podemos aplicar or egime no tempo diretamente, há uma lacuna
que tem de ser itnegrada com vista ao art. 4.º do CP; temops de usar as garantias do art. 29.º
CRP, e art. 32.º CRP:
Esta situação não cabe literalmente ne exceção, há uma lacuna; acabo no direito penal
material , pelo que aplicamos o art. 2.º do CP, aqui diríamos no caso 1 que a lei era fundamental
tendo em conta o momento da prática do facto, o porblema do processo penal tem haver com a
retroatividade, porque é que a solução de ser o momento da sentença não viola princípios, o
processo porlougp-se entre 2003 e 2007, o problema em processo penal não há art. 3.º do CP;
O momento da prática do facto em rpocesso penal seria todo o processo: mas no direito
material , se fosse o momentod a prática do facto (aplicando o art. 3.º do CP), enão é obvio que
seja o momento da pratoca do facto !
O probelma não tem haver com a classificação da nroma em si, mas tem haver com o
momento processual em si, como é aplico a lei do momento da prática do facto?. Ou se entendo
que o momento da prática do facto é a duração do processo.
Regra geral: momento da prática do facto, mas se o critério relevante é este: então
temos uma inconstitucionalidade da norma ? Porque o art. 5/1.º é contraditório com o art.
3.º do CP.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

AC. STJ de 20-06-2012, CJ (STJ), 2012, T2, pág.206:


I. O princípio da aplicabilidade imediata das normas processuais penais «proprio sensu»
sofre as três seguintes restrições: a quebra de harmonia e unidade dos vários actos (i); o
agravamento sensível e ainda evitável da posição do arguido, designadamente dos seus
direitos de defesa (ii); a preservação dos actos validamente praticados no domínio da lei
anterior (iii).

E em novembro de 2007? Princípio da necessidade (art. 18/2.º CRP) – aplica-se a lei


posterior mais favorável.

. Ac. TRP de 19-02-2014 :

I. Às normas processuais materiais é aplicável o princípio constitucional da retroactividade da lei


penal mais favorável, e da irretroactividade desfavorável, não valendo, quanto a elas, o principio
tempus regit actum, da aplicação imediata da lei vigente á data da prática dos actos, estabelecido
no artigo 5º, n.º 1 do Código de Processo Penal, cujo âmbito de aplicação se restringe ás leis
processuais de natureza meramente formal.

II. O actual n.º 2 do artigo 207° do Código Penal, ao transformar de semi-públicos, em particulares
alguns tipos legaius, é norma processual material.

III. Porque a nova lei se apresenta como mais favorável ao arguido tem aplicação retroactiva.

IV. No âmbito da lei nova, o Ministério Público carece de legitimidade para prosseguir com a acção
penal pois que a ofendida, que havia apresentado queixa, não se constituiu assistente e nem
deduziu acusação particular.

V. Apesar da alteração legislativa não pode, sem mais, declarar-se a ilegitimidade do Ministério
Público para deduzir a acusação e, em consequência, julgar extinto o procedimento criminal.

VI. Tal solução agrava, de forma insuportável, a posição da ofendida que, também na lei nova,
continua a ser a titular do direito criminalmente protegido e, não obstante, não teve sequer
oportunidade para cumprir os requisitos de que, aquela mesma lei, passou a fazer depender o
procedimento criminal. Deverá, por isso, a ofendida ser advertida da obrigatoriedade de se
constituir assistente e dos procedimentos a observar, nos termos do disposto no n.º 4 do
artigo 246º do Código de processo Penal.

Caso 2
4. Ac. STJ de 7-11-2012 : I. O recurso foi interposto de decisão confirmatória, em parte, de condenação proferida na 1.ª
instância, sendo que é reformulação de um acórdão anterior, que foi anulado, proferidos um e outro, já na vigência do novo
regime de recursos, introduzido pela Lei 48/2007, de 29-08.
II. A lei reguladora da admissibilidade dos recursos é a que vigora no momento em que é proferida a decisão de que se
recorre.
III. Durante muito tempo no STJ discutiu-se o que se devia entender por decisão recorrida, se esta era apenas a decisão
proferida em recurso pelo Tribunal da Relação, atendendo á decisão então em recurso, ou se devia atender-se á data da
decisão proferida na 1.ª instância, por aí nascer o direito ao recurso e haver que garantir a sua efectivação.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

IV. A solução de atender á data da decisão da 1.ª instância foi adoptada como critério a seguir no Ac. de Fixação de
Jurisprudência n.º 4/2009, de 18-02.

Factos praticados em Julho de 2001 – era crime público, passou para semi – público:
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto:

I - O
art.
2o,
n.o 4
do C.
Penal

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

impõe que, entre duas ou mais leis penais que se sucedam no tempo, aplicáveis (ou potencialmente
aplicáveis) à mesma pessoa ou ao mesmo facto, prevalece a de conteúdo mais benévolo, isto é, aplica-se a
que menos comprima direitos, liberdades e garantias.

II - Deve assim ser aplicada a lei nova, surgida depois da acusação, segundo a qual o ilícito em causa
(contrafacção, imitação e uso ilegal de marca) passou a revestir natureza semi-pública (art. 329o do
C.P.I.).

III - Daí que, não tendo o ofendido, após a vigência da nova lei, formalizado ou manifestado o desejo
de procedimento criminal, o MP perde a legitimidade para o exercício da acção penal.

 O actual art° 329° do Código da Propriedade Industrial (aprovado pelo Decreto-Lei n° 36/2003,
de 5 de Março, e alterado pelos Decretos -Leis n°5 318/2007, de 26 de Setembro, e 360/2007, de
2 de Novembro, e pela Lei n° 16/08, de 1 de Abril), ao dispor que o procedimento criminal
pelos crimes previstos nesse Código depende de queixa — instituindo, por isso, uma nova
condição objectiva de punibilidade, não existente à data da prática dos factos — constitui
lei nova mais favorável, como tal prevalecente, de acordo com o princípio do tratamento
mais favorável consagrado no art° 2°, n°4, do Código Penal.

 Compulsados os autos, verifica-se que a legal representante da marca não apresentou


queixa, nem declarou nos autos a sua intenção de prossecução de procedimento criminal
contra o arguido.

§ Argumentos Contra:

a) O referido crime de contrafacção, imitação e uso ilegal de marca, à data dos factos e
quando foi deduzida acusação, revestia natureza pública.
b) O tipo de ilícito passou a ter natureza semi-pública, conforme se alcança dos arts. 324 e
329 do C.P.T.
c) O instituto do direito de queixa tem natureza exclusivamente processual formal, sendo de
aplicação imediata para o futuro, sem qualquer aplicabilidade retroactiva, nos termos do
art. 5/1 do C.P.P.
d) A lei nova não veio alterar os requisitos de punibilidade do crime, pois manteve inalteráveis
os seus elementos constitutivos, e por isso não tem que ser chamado à colação o princípio
da lei mais favorável com recurso ao art. 2° do C.P.
e) A entrada em vigor de uma lei nova que atribui a natureza semi-pública a um crime que
era público não pode ter o sentido de exigir uma queixa que não era necessária à luz da lei
vigente à data da prática dos factos.
f) Se a lei nova vem dizer que o início do procedimento criminal depende de queixa, não faz
sentido a sua aplicação relativamente a processo que já se iniciou e se encontra em fase de
julgamento, embora os seus termos estejam suspensos devido à situação de contumácia do
arguido.
g) No aspecto processual a aplicação da lei nova significa que a partir do momento da entrada
em vigor dessa lei tudo se há-de passar como se o crime tivesse desde o início a natureza
que lhe foi atribuída pela lei mais recente.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

h) Os actos anteriores são válidos e o processo prosseguirá independentemente de qualquer


intervenção do titular do direito de queixa.
i) Nos presentes autos não existe queixa por parte do representante da marca em causa em
Portugal e não era preciso para se iniciar o procedimento criminal.
j) A norma do art. 329 do C.P.I. aprovado pelo DL n° 36/03 de 5- 3, referindo-se apenas à
exigência de queixa como requisito para conferir legitimidade ao M.P.
k) Para iniciar o procedimento criminal (não sendo uma norma incriminadora ou
sancionatória, ou seja, de direito substantivo), não tem aplicação por via do art. 2/4 do C.P.
l) Tal norma, sendo lei exclusivamente processual, não é pois aplicável à questão da
legitimidade do M.P. por a tanto se opor o princípio “tempus regit actum” consagrado no
art. 5/1 do C.P.P.
m) Assim, ao declarar extinto o procedimento criminal quanto ao crime de venda, circulação
ou ocultação de produtos ou artigos contrafeitos actualmente p.p. pelo art. 324 com
referência ao art. 323 do C.P.I., por falta de queixa da representante da marca em
Portugal, violou o Mm° Juiz as disposições constantes nos arts. 5/1 e 48 do C.P.P. e no art.
264 do C.P.I..

§ Argumentos a favor:

1. O Exmo. Juiz recorrido proferiu despacho de sustentação, argumentando: «... o princípio da


aplicação da lei mais favorável (amplamente acolhido no art° 2°, n° 4, do Código Penal) se
aplica não apenas aos elementos do tipo de ilícito e do tipo de culpa de um delito, mas
também às correspectivas condições objectivas de punibilidade, nomeadamente as que
contendem com a natureza semi-pública do crime em apreço, mesmo que essa aplicação
contenda com processos em curso.
2. No sentido por nós propugnado, e na mesma área de criminalidade, pronunciou-se já o Tribunal
da Relação de Coimbra, em acórdão de 29 de Novembro de 2006, no qual se concluiu que “A
queixa, condição do procedimento criminal, constitui um pressuposto processual, de natureza
adjectiva, mas é também uma condição material de responsabilidade penal do agente. Uma lei
que transforma um crime público em semi-público é mais favorável ao arguido do que a anterior,
deixando a promoção do processo criminal de estar na livre disponibilidade do Ministério
Público”.
3. No mesmo sentido, em acórdão de 25 de Janeiro de. 2006, considerou-se no Tribunal da Relação
de Coimbra que “Se a lei antiga estipulava que, para permitir a perseguição criminal, não se
tornava necessário que o titular do interesse jurídico formulasse queixa e a nova lei já o exige, o
procedimento iniciado sob a égide da lei antiga, mais intensa o seu iter persecutório, deve ser
laqueado e o procedimento criminal ser declarado extinto, porque mais favorável ao arguido.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ Fundamentação;

 Em termos lineares, a questão a conhecer no presente recurso, reconduz-se a saber se: deduzida
uma acusação pelo Ministério Público por crime que, à data da prática do facto como à data
por que deduzida acusação, tinha natureza pública, com a alteração legislativa entretanto
operada, que o transforma em crime semi- público – logo, dependente de queixa – o
Ministério Público perde a legitimidade para o exercício da acção penal, se o direito de queixa
não tiver sido ou não for exercido.
 Consabidamente, a queixa é um pressuposto processual. É o acto pelo qual o ofendido ou outra
pessoa com legitimidade para tanto, dá conhecimento do facto penalmente ilícito ao Ministério
Público – ou entidade que tenha a obrigação legal de transmitir àquele – para que este promova o
processo. (Artigo 49.º CPP; Artigo 113.º CP)
 Pressuposto processual que é dizer também, condição de procedimento. Pressuposto,
todavia, cujo “conteúdo contende com o próprio direito substantivo, na medida em que a
sua teleologia e as intenções politico-criminais que lhe presidem têm ainda a ver com condições
de efectivação de punição, que nesta mesma ncontram o seu fundamento e a sua razão de ser”.
“O conteúdo de tal pressuposto é politico-criminalmente cunhado a partir da teoria da
consequência jurídica do crime”
 Quais as motivações (interesses) subjacentes ao instituto?
 Em primeiro lugar que, em atenção ao significado criminal relativamente pequeno do crime
– em particular quando ligado a uma alta medida de disponibilidade do bem jurídico respectivo –
o procedimento criminal só tenha lugar se tal corresponder ao interesse e à vontade do titular do
direito de queixa.
 Depois, o propósito de evitar que o processo penal, prosseguindo sem ou contra vontade do
ofendido, possa, em certas hipóteses, representar uma inconveniente intromissão na esfera das
relações pessoais.
 Finalmente, servir a função de específica protecção da vítima do crime, nomeadamente nos
crimes que afectam de maneira profunda a esfera da intimidade daquela.

Ora é a propósito daquela primeira motivação que se tem entendido que a existência de crimes
semipúblicos e particulares constitui uma forma politico-criminal de não-intervenção ou mesmo, se
se preferir, de descriminalização “de facto”.

 COMO BEM REFERE TAIPA DE CARVALHO,

a) “Há que não esquecer que o próprio legislador se serve, por vezes, destas figuras como
técnica (....) de descriminalização de facto”. “Fazendo depender o processo penal por certo
crime de apresentação da queixa ou da acusação particular, o legislador sabe – e é isso que,
muitas vezes, pretende – que, em muitos casos, tal vai equivaler a uma não penalização do

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

agente, pois as estatísticas lhe indicam que muitos crimes, cujo procedimento depende de queixa,
não chegam a ser julgados precisamente pela não apresentação da queixa” .
b) Não se assiste, com frequência, na prática forense, ao manifesto enfado com que muitas
pessoas, lesadas embora no seu património, são chamadas a depor em tribunal, por via da
natureza pública do ilícito, mas que e conquanto directamente lesadas, nunca
apresentaram queixa nem nunca foi sua intenção fazê-lo?!

c) Como se disse, o conteúdo do pressuposto-criminal-queixa contende com o próprio direito


substantivo na medida em que a sua teleologia e as intenções politico-criminais que lhe presidem
têm ainda a ver com condições de efectivação da punição.

d) Por isso o regime de tal pressuposto é regulado essencialmente na Parte Geral do Código
Penal. Na verdade, sendo condição (positiva) do procedimento criminal, do mesmo modo
condiciona a responsabilidade penal.

e) Importa, também, que sendo ele, embora, estranho ao tipo legal de crime, “possa já relevar para
efeitos de determinação do regime que concretamente se mostre mais favorável ao agente” .

.
f) É sabido que a Constituição da República é a fonte positiva primária e hierarquicamente
superior, o “complexo de normas e princípios jurídicos, actuais e vinculantes” que “dá
validade e fundamento às normas hierarquicamente inferiores”.

g) Por isso se diz que “As leis ou quaisquer outras normas não só devem obedecer às normas e
princípios consagrados na Constituição (princípio da constitucionalidade), como devem ser
interpretadas, no caso de equivocidade ou pluralidade de sentidos, do modo mais conforme com
os princípios fundamentais da Constituição”

h) Princípio constitucional básico de todo o direito sancionatório, de consagração universal, é o


princípio da legalidade, de múltipla formulação: nullum crimen sine, lege scripta (lei em sentido
formal), sine lege praevia (proibição da retroactividade da lei penal desfavorável), sine lege
precisa (tipicidade, cognoscibilidade objectiva ou determinabilidade), sine lege scripta (proibição
da aplicação analógica desfavorável).

i) Qual corolário desse princípio de legalidade, acolhe o Direito Penal o princípio da


aplicação da lei penal favorável, numa dupla formulação: seja da proibição da
retroactividade de lei penal desfavorável, seja da imposição da retroactividade de lei penal
favorável (Artigo 29o /1,3 e 4 Constituição da República).

j) “O Estado de Direito Material, na sua função de protecção da pessoa humana com a decorrente
afirmação da liberdade como princípio geral e fundamental, não apenas proíbe a retroactividade
das leis penais desfavoráveis como também impõe a aplicação retroactiva das leis penais
favoráveis. Quer dizer: o princípio constitucional da liberdade, o favor libertatis é hoje, a matriz
comum e o princípio superior de que derivam não só na irretroactividade in peius, como também
a retroactividade in melius” [4]

k) Princípio que há-de valer, pelo que se deixa dito, tanto para as normas penais com carácter
substantivo, quanto para as que assumam natureza adjectiva. Não apenas quanto àquelas
pois, como diz o S.T.J.: “Não é isso o que lá está”. O preceito fala genericamente em
‘disposições penais’, aliás conforme o Artigo 29o/4 da Constituição da República que,
também sem restrições, manda aplicar retroactivamente às leis penais, quaisquer que
sejam, contanto que favoráveis ao arguido.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

l) “Repare-se que é o Código, como conjunto sistemático de normas que se aplica.

m) Portanto, o juiz ao ter de optar pelo que vigorava à data da infracção ou pelo que veio depois, ....,
não tem que se prender com a natureza deste ou daquele instituto; basta-lhe que ele venha
regulado num dos ditos códigos ou em ambos”. [5]

n) Finalmente, com carácter mais pragmático, na decorrência da apreciação do instituto da


queixa sob a perspectiva daquele princípio da favorabilidade, pela sua linearidade e
clareza, não se resiste à transcrição do seguinte trecho do já citado autor Taipa de
Carvalho:

“Em primeiro lugar, diga-se que há que distinguir, nos institutos da queixa e da acusação particular, as
normas exclusivamente processuais (princípio da aplicação imediata – CPP Artigo 5o) das normas
processuais penais materiais (irretroactividade desfavorável, retroactividade favorável – C.Penal, Artigos
2o/4 e 3o).

Às primeiras pertencem, sem preocupação exaustiva de pormenor, as normas dos artigos 49o a 52o
do CPP; às segundas pertencem, inequivocamente, as normas constantes dos artigos 111o a 116o
(Hoje, 113o a 117o) Daqui, e em segundo lugar, resulta que a LN desfavorável ao infractor ou ao já
arguido pode ser aplicada retroactivamente.

Em terceiro lugar. A LN favorável ao infractor ou ao já arguido, é aplicável retroactivamente. Exemplos:


LA – crime público, LN – crime semi-público;...” .

§ No caso concreto.

Sob consideração o seguinte quadro fáctico-processual e normativo:

1. Os factos a que respeitam os autos foram praticados em 9-7-97.


2. O procedimento criminal iniciou-se em 10-7-97, por denúncia obrigatória da G.N.R. com a
elaboração de auto de notícia e a sua remessa aos serviços do M.P.

3. Em 26-6-98 o arguido foi acusado pela prática de um crime p.p. pelos arts. 193,

4. O referido crime de contrafacção, imitação e uso ilegal de marca, à data dos factos e quando foi
deduzida acusação, revestia natureza pública.

5. Actualmente, tal tipo de ilícito passou a ter natureza semi-pública, conforme se alcança dos arts.
324 e 329 do C.P.I., aprovado pelo DL n° 37/03 de 5-3, entrado em vigor no dia 1 de Julho de
2003.

6. Não consta dos autos qualquer declaração de desejo de procedimento criminal.

7. Quando da dedução da acusação, o ilícito (contrafacção, imitação e uso ilegal de marca)


tinha natureza pública.

Esta sucessão de regimes tem consequências no caso?

 Face ao que se deixou expendido, a resposta não pode deixar de ser no sentido afirmativo, dizer
da retroactividade favorável.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 Com se disse, na ratio da queixa confluem razões públicas politico-criminais e razões pessoais
do ofendido.

 Dos autos não ressuma formalizado – ou informalmente que fosse – qualquer desejo de
procedimento criminal.

E não repugna, antes se impõe, se considerado o quadro normativo substantivo (CP artigo 2o/4) e
fundamental (C. República) deixado referido.

Impõe-no o princípio geral da favorabilidade, segundo a abrangência que se deixou referida. É dizer:
considere-se a natureza adjectiva do instituto ou, antes, como aprece mais correcto, a natureza de “normas
processuais penais”, das que ao mesmo dizem respeito, é óbvia a conclusão da favorabilidade ao arguido
quanto ao regime sobrevindo.

Repercutindo-se o pressuposto processual da queixa ao nível substantivo como condição de procedimento


ou condição de efectivação da punição, ele não pode deixar de relevar “para efeitos de determinação do
regime que concretamente se mostre mais favorável ao agente, como também se deixou referido.

Em termos práticos: não obstante ter sido deduzida acusação pelo MoPo, sem prévia apresentação de
queixa, por ao tempo ter legitimidade, por se tratar de crime público, com a entrada em vigor de um novo
regime que determine que o respectivo procedimento depende de queixa, não sendo esta exercida,
nomeadamente nos seis meses subsequentes à entrada em vigor da nova lei, o MoPo perde a legitimidade
para a acção penal.

Perda de legitimidade que em nada o desprestigia: não há que preservar uma legitimidade que o
legislador (dizer, o Estado que é representado pelo MoPo, o detentor da acção penal) entendeu já
não ter sentido!

Não repugna, pois, antes se impõe a aplicação retroactiva.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ Acórdão TRC 24/04/2010

1.No artigo 5o do CPP consagra-se o princípio do tempus regit actus, isto é a lei processual penal é de
aplicação imediata, aplicando-se mesmo aos processos iniciados antes da sua vigência, a não ser que haja
agravamento sensível e ainda evitável da posição processual do arguido ou conflito entre as normas..

2.É indubitável que a possibilidade de obtenção de prova comprometedora do agente quanto à prática dos
crimes investigados, através da realização da requerida diligência a qual só agora é permitida pela Lei do
Cibercrime, agrava de forma sensível a sua posição processual, pois o mesmo ficará numa posição de
ter de se defender de uma prova obtida por esse meio que lhe pode ser desfavorável, e que caso o
referido diploma não existisse, não se verifica

3, A referência a arguido na norma do artigo 5o do CPP terá de ser entendida de uma forma ampla e
não restrita, abrangendo aqueles contra quem são dirigidas diligências de averiguação ou
investigação, desencadeadas no âmbito de um processo penal.

 Está em causa a investigação de factos susceptíveis de integrar a prática do crime de burla


informática p. e p. pelo arto 221o CP e de um crime de acesso ilegítimo p. e p. pelo arto 7o da
Lei 109/91 de 17/8 e actualmente pelo arto 6o nos 1 e 4 b) da Lei 109/09, que teriam sido
cometidos por meio de sistema informático, sendo que nenhum dos ilícitos é punido com pena
superior a 3 anos de prisão.
 É pois nesse âmbito que se pretendem obter as informações atrás referidas, ao abrigo dos artos
11o no 1 b) e c) e 14o no s e 4 b) da Lei 109/2009 (Lei do Cibercrime).
 O recorrente reconhece que à data da prática dos factos (Novembro de 2008), a diligência
requerida não era admissível, mas entende que com a entrada em vigor da Lei 109/09,
passou a sê-lo, defendendo assim a sua aplicação imediata.
 É pois com tal enquadramento que a questão será abordada. Estamos perante uma questão de
aplicação da lei processual no tempo.

Sobre tal matéria rege o arto 5o do CPP:

“1 — A lei processual penal é de aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos actos realizados na
vigência da lei anterior.

2 — A lei processual penal não se aplica aos processos iniciados anteriormente à sua vigência quando da
sua aplicabilidade imediata possa resultar:

a) Agravamento sensível e ainda evitável da situação processual do arguido, nomeadamente uma


limitação do seu direito de defesa; ou

b) Quebra da harmonia e unidade dos vários actos do processo.”.

Consagra-se no referido preceito o princípio do tempus regit actus, isto é a lei processual penal é de
aplicação imediata, aplicando-se mesmo aos processos iniciados antes da sua vigência, a não ser que haja
agravamento sensível e ainda evitável da posição processual do arguido ou conflito entre as normas.

 No caso em análise, recorde-se, foi com base na alínea a) do no 2 de referido preceito, que o
Sr. juiz indeferiu a diligência requerida, razão pela qual a nossa atenção se centrará na
interpretação a dar a essa norma, tendo em conta o caso sub júdice.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

É que, como resulta da redacção dada à referida alínea, a lei não define o que deve entender-se por
agravamento sensível da situação processual do arguido, ficando por isso ao prudente critério do
julgador a sua determinação perante cada caso em concreto.

 SIMAS SANTOS E LEAL HENRIQUES dizem-nos Código de Processo Penal Anotado, I Vol., pág.
84. “que o agravamento sensível reflecte um sentido simultaneamente quantitativo e
qualitativo, querendo insinuar agravamento palpável, significativo, importante, com repercussão
na esfera jurídica processual do arguido”.

 Ora sendo tal excepção ao princípio do tempus regit actus, de natureza subjectiva, será,
naturalmente, em função dos interesses do arguido que se terá de avaliar se a diligência que se
pretende levar a cabo agrava de uma forma irreversível a sua posição processual.

 A este respeito COSTA PIMENTA Introdução ao Processo Penal, pág. 100 diz- nos que “ São
susceptíveis de causar agravamento sensível da posição processual do arguido todas as normas
que digam respeito a prazos processuais, a nulidades, a proibições de prova, a medidas de
coação e de garantia patrimonial, as restrições ao recurso e, em geral, quaisquer institutos
para os quais vigore o princípio da legalidade”.

 Pois bem neste caso, cremos que é indubitável que a possibilidade de obtenção de prova
comprometedora do agente quanto à prática dos crimes investigados, através da realização da
requerida diligência a qual só agora é permitida pela Lei do Cibercrime, agrava de forma
sensível a sua posição processual, pois o mesmo ficará numa posição de ter de se defender de
uma prova obtida por esse meio que lhe pode ser desfavorável, e que caso o referido diploma
não existisse, não se verificaria.

 Ficaria assim irremediavelmente afectado. Trata-se pois de matéria que contende com o seu
direito de defesa, agravando de forma sensível a sua situação processual. E não se argumente,
como o faz o recorrente que, não havendo ainda arguido, não há limitação do direito de defesa.

 Com efeito pensamos que o legislador ao referir-se a “ arguido”, não terá querido abranger
apenas aqueles que estão constituídos como tal, pois contendo-se a norma do arto 5o nas
disposições Preliminares e Gerais do Código, essa referência terá de ser entendida de uma forma
ampla e não restrita, abrangendo aqueles contra quem são dirigidas diligências de
averiguação ou investigação, desencadeadas no âmbito de um processo penal.

 Daí que concordemos com o Exmo Procurador-Geral Adjunto quando no seu parecer chama à
colação as normas do arto 187º no 4 a) CPP e do no 3 do arto 9o da Lei 32/08, de 17/7, que se
referem igualmente ao suspeito, para defender a interpretação abrangente do termo.

 Em suma concluímos que no caso vertente a realização da pretendida diligência ao abrigo


da Lei 109/2009, agravaria de forma sensível, e, naturalmente, evitável a situação
processual do visado.

Pergunta 2: questão das escutas: interpretação do art. 5/1.º o que resulta da aplicação imediata, já temos
as escutas ao contrário do caso anterior , mas a lei refereque não pode haver escutas naquele
crimeem concreto, as escutas vão ser obtidas mas não vão ser julgadas em julgamento? Aqui as
escutas foram licitamente obtidas.
No art. 5/1.º CPP sem prejuízo das provas que já tinham sido constituídas: sim é um argumento,
mas o problema é que temos de fazer uma interpretação conforme a CRP, e do Direito Penal,
uma coisa é a invalidade ou validade da prova, outra diferente é a utilização da prova no
julgamento, poreque de facto houve uma lei mais favorável, se a prova foi obtida licitamente no
inquérito, foram feitas outras diligencias á volta das escutas, se a escuta é licita:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Disntiguir a validade ou invalidade da prova, ela não pode é ser usada em julgamento, o juiz do
julgamento não vai ter acesso aquela prova.

5/1.º CPP: aplicação imediata, o que é que acontece à escutas anteriores: corremos o risco de
contaminar todas as provas.

§ SUJEITOS PROCESSUAIS;

Matéria teórica;

Os sujeitos processuais no Código de Processo Penal;

PROF. FIGUEIREDO DIAS: define os sujeitos processuais como aqueles participantes a


quem pertencem “direitos (que surgem, muitas vezes, sob a forma de poderes-deveres
ou de ofícios de direito público) autónomos de conformação da concreta tramitação
do processo como um todo, em vista da sua decisão final.

No processo penal português, Prof. Figueiredo Dias defende que há, para além do
tribunal, do MP, e do arguido (assim chamado no CPP), mais dois sujeitos processuais a
saber: o defensor e o assistente;
§ O TRIBUNAL;

1. A função jurisdicional;

Os tribunais são os órgãos do Estado atrvés dos quais é exercida a função soberana de
administração de justiça. A chamada função jurisdicional (art. 110.º/1. CRP e art. 202.º
da CRP).

II. Princípios de administração da justiça;

a) Princípio da independência judicial;


b) Princípio do juiz natural ou legal;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

- O princípio do juiz natural ou legal significa que nenhuma causa pode ser subtraída
ao tribunal cuja competência esteja fixada em lei anterior, o que tem por finalidade
evitar a designação arbitrária ou política de um tribunal ou juiz para resolver
determinado caso determinado (art. 32/9.º da CRP);

III. REGRAS DE COMPETÊNCIA;

Apenas os tribunais comuns, ou judiciais, têm jurisdição em matéria penal (art. 211.º
CRP). A jurisdição penal é depois repartida por diversos tribunais judiciais, em
função de vários critérios de competência. Por isso se diz que a competência de um
tribunal é a medida ou âmbito da sua jurisdição;
A distinção de critérios para a delimitação da competência do tribunal abrange os
seguintes aspetos:
a) A competência em razão da fase do processo (competência funcional);

Quanto à competência funcional, o ponto a destacar é que têm de intervir no processo


pelo menos dois juízes, um para a fase de investigação e outro para a fase de
julgamento, só assim se podendo garantir o princípio da independência judicial.
Nessa conformidade, o art. 40.º determina que “nenhum juiz pode intervir no
julgamento (relativo) a processo em que tiver:
i) Aplicado medida de coação;
ii) Ou presidido o debate instrutório;
b) Competência em razão da espécie ou gravidade do crime ou então da
qualidade do arguido (competência material);

Quanto à competência material, ela desdobra-se em duas vertentes, a competência em


razão da hierarquia do tribunal e a competência em razão da estrutura do
tribunal;
A competência em razão da hierarquia satisfaz a necessidade de entregar aos tribunais
superiores, logo em primeira instância a competência para o julgamento de crimes
praticados por titulares de altos cargos políticos ou magistrados no exercício das suas
funções.
A competência em razão da estrutura reflete a forma como os tribunais das diferentes
hierarquias se organizam para dar conta dos respetivos âmbitos de competência
amterial;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

c) A competência em razão do lugar (competência territorial);

A competência não é assim tão importante;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ Resolução:

1. Quanto ao crime de evasão previsto no art. 352.º do CP praticado por A, B e


C (com autorias paralelas);

- A jurisdição está atribuída aos tribunais portugueses nos termos do art. 202.º da CRP e
211.º da CRP, e art. 1.º da LOFTJ.
- Segundo os critérios de competência funcional (determinação do tribunal competente
em função da fase processual em que o processo se encontre) , seria competente, para o
julgamento, o Tribunal Judicial de 1ª Instância, (contrario sensu dos artigos 11.º.
12.º do CPP3, e art. 33.º a 37.º , 55.º e 56.º da LOFTJ. + 72 e 74.º (artigos que dizem se a
competência é da relação ou do Supremo).
- No que concerne à competência material (determinação do tribunal comptente em
função das qualidades de certos agentes, das matérias específicas, ou dos tipos de
crimes e respetivas penas), dever-se-ia aplicar o critério qualitativo em função do tipo
de crime (contra a autoridade pública) integrando o catálogo do art. 16/2/a) , pelo que
seria competente o Tribunal singular.
Por último, quanto ao critérios de competência territorial , por exclusão de critérios
especiais previstos nos artigos 20.º a 23.º dever-se-ia aplicar a regra geral constante no
artigo 19.º, nomeadamente o seu número 1, seria competente o Tribunal da área da
consumação: Alcoentre, da comarca de Lisboa Norte. Dever-se-ia discutir a eventual
aplicação do art. 19/3.º. Contudo como o crime de evasão não é um crime duradouro,
não parece ser aplicável, o n.º 3 do art. 19.º. Acresce que a maior proximidade de prova
é oferecida pela área do estabelecimento prisional do qual os presos se evadiram – local
da consumação;
 EM conclusão seria competente para o Julgamento o Tribunal judicial de 1ª
instância que de acordo com os mapas anexos ao Regulamento da LOFTJ apenas
tem dois Juízos – art. 100.º - pelo que seria competente op Juízo Criminal, da
comarca do Cartaxo. A competência supra determinada seria válida para
cada processo organizado no âmbito do crime de evasão, ou seja, a
competência seria a mesma para os 3 processos correspondentes aos 3
crimes de evasão.

 Deste modo haveria que determinar se haveria competência por conexão.


Existem (ou poderiam existir) 3 processos distintos embora não exista

3 Para saber se há foro privilegiado;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

pluralidade de tribunais competentes (uma vez que o tribunal competente para


cada processo seria o mesmo).
Poderia haver uma mera apensação de processos? Ou seria necessário aplicar os
critérios de competência por conexão? Neste caso seria possível integrar lacunas por
analogias com as situações típicas de conexão.? A competência por conexão é um
critério autónomo de competência ou uma derrogação das regras gerais de competência?
Se for derrogação, admite a integração de lacunas por analogia com as situações típicas
de conexão?
 Parece que ainda assim, admitir-se a apensação (nos termos do art. 29.º), dos 3
processos relativos ao crime de evasão, com as demais consequências
-nomeadamente a prevista no artigo 31.º CPP.

§ Crime de homicídio:

1. Quanto ao crime de homicídio, nart. 131.º CP – praticado em co-autoria por


A, B, e C:

A resposta anterior seria integralmente v´+alida, com as seguintes exceções:

a) No que concerne à competência material: o Tribunal competente seria o


Tribunal Coletivo, uma vez que se aplica o critério qualitativo: previsto no art.
14/2/a) , o crime de homicídio é necessariamente doloso e a morte de uma
pessoa integra os elementos do tipo objetivo de ilícito respetivo,
prevalecendo o critério qualitativo sobre os critérios quantitativos;

b) Relativamente à competência territorial, por exclusão dos critérios especiais nos


termos do art. 20.º a 23.º, dever-se-ia aplicar a regra geral do artigo 19.º
nomeadamente o n.º2, dado que a morte de uma pessoa é elemento do tipo e o
tribunal da área onde os agentes atuaram estará mais próxima da prova. Seria
assim competente o Tribunal da área da Roliça , correspondente à comarca do
Bombarral;

c) Em conclusão seria competente para o Julgamento, o Tribunal Judicial da


1ª instância, da comarca do Tribunal, que de acordo com os ,mapas anexos ao
Regulamento da LOFTJ, apenas tem um juízo – art- 100.º da LOFTJ – pelo que
seria competente o Tribunal da Comarca (de competência genérica) do
Bombarral que julgaria em coletivo;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

d) A competência supra determinada seria válida para cada processo organizado


no âmbito do crime de homicídio, ou seja, a competência seria a mesma para os
3 processos relativos àquele crime praticado por A, B e C.

e) De igual modo, haveria ainda que determinar se haveria competência por


conexão. Existem (ou poderiam existir 3 processos distintos embora não exista
pluralidade de Tribunais competentes (uma vez que o Tribunal competente para
cada processo seria o mesmo).

f) Haveria conexão conexão entre os processos relativos ao crime de evasão e


aos processos relativos ao crime de homicídio?

Dever-se-ia discutir a admissibilidade de organização de um único processo para


conhecer de todos os factos. Tal depende da aceitação de conexão entre todos os
processos;
§ Requisitos de conexão:

1. Há pluralidade de processos;
2. Há pluralidade de Tribunais competentes – num processo seria o Tribunal
singular da comarca de Lisboa Norte e noutro seria competente o Tribunal
Coletivo da comarca de Leiria;
3. Verifica-se de igual modo uma situação típica de conexão, nos termos doa rt.
24.º e 25.º do CPP , nomeadamente a prevista no art. 24.º/1/d) CPP: respeitando-
se os limites à conexão nos termos doa rt. 26.º do CPP, e iv) pelo que se
pressupõe que exista tramitação concomitante – art. 24/2.º do CPP.
A este propósito dever-se-ia discutir a aplicação dzo art. 24.º/1 d) : efetivamente,
embora discutível, deverá exigir-se sempre a comparticipação como elemento
comum ao funcionamento daquela alínea – No caso em apreço, acresce que
aparentemente , o crime de homicídio foi praticado na mesma ocasião (unidade
temporal).
Por último, poder-se-ia ainda discutir se o facto de o crime de evasão cosntar do
catálogo do art. 16/2/a) obsta à conexão. Haverá limites absolutos ou reservas
absolutas de competência do Tribunal singular?
Embora controvertida, a resposta deve der negativa (João Caires). Na verdade,
nenhum critério de competência (mesmo qualitativo) é absoluto e todas as vantagens
de conexão justificam-se nesta hipótese (prevenção de contradição de casos
julgados, apreciação conjunta da prova, economia processual etc)… Acrece que, por
esta via, se assegura o julgamento num Tribunal Coletivo;
Teriamos de recorrer ao art. 27.º e art. 28.º : Nos termos do art. 27.º do CPP seria
comeptente, em termos amteriais o Tribunal Coeltivo, Tribunal de espécie mais
elevada, Mas territorialmente qual?

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

DOS IMPEDIMENTOS, RECUSAS E ESCUSAS;

A organização judiciária está estruturada na busca de independência dos juízes e tutela


do direito de defesa em ordem em assegurar as máximas garantias de objetiva
imparcialidade da jurisdição.

Quando a imparcialidade da jurisdição possa ser posta em causa, em razão da


ligação do juiz com o processo ou porque nele já teve intervenção noutra qualidade ou
porque tem qualquer relação com os intervenientes que faça legitimamente suspeitar da
sua imparcialidade, há necessidade de o afastar do processo.

O juiz pessoalmente, e não o tribunal, estará então impedido (judex inhabilis) ou pode
ser considerado suspeito (judex suspectus). O juiz está impedido por força da lei e é
suspeito por decisão própria ou por recusa do Ministério Público, do assistente, arguido
ou partes civis, baseada na existência dos factos que fundamentam a suspeição.

§ IMPEDIMENTOS;

Os artigos 39.º e artigo 40.º enumeram os factos que determinam i impedimento do juiz
e que podem agrupar-se em três grupos:

1. Ligação pessoal do juiz ao arguido, ofendido, assistente, ou pessoa com a


faculdade de se constituir como assistente ou parte civil; art. 39/1/a) do CPP +
alínea b).

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

2. Colaboração do juiz no processo; art. 39/1/c) do CPP; e alínea d).

3. Vínculos familiares e equiparados entre juízes;

ART. 40.º DO CPP: IMPEDIMENTO POR PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO;

CASO PRÁTICO 4; ANÁLISE DO ACÓRDÃO DO TC N.º 129/2007;

4.ª Caso Prático;

O caso:

1. A. recorre para este Tribunal do acórdão da Relação de Lisboa,


impugnando a conformidade constitucional da norma constante do
artigo 40º do Código de Processo Penal, quando aplicada no sentido
"de que a circunstância de a juíza-presidente do colectivo
intervir em julgamento, depois de ter procedido ao primeiro
interrogatório do arguido e lhe ter decretado prisão
preventiva, bem como a circunstância de a juíza-adjunta do mesmo
colectivo intervir no julgamento, quando, em fase de inquérito,
procedeu ao reexame da prisão preventiva, mantendo-a, e já
após a acusação, indeferiu um pedido de alteração dessa
medida de coacção, não violam as garantias de defesa do
arguido", regra que, em seu entender, está em
desconformidade com os n.ºs 1 e 5 do artigo 32º da
Constituição.

2. Alegação do recorrente:

Admitido o recurso, concluiu o recorrente a sua alegação nos


seguintes termos:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

I. A Juiz Presidente do Tribunal Colectivo, ao presidir


ao primeiro interrogatório judicial e decidir a
prisão preventiva, como medida coactiva a
aplicar ao caso, conheceu dos factos indiciários
que o arguido vinha denunciado. Analisou-os e
valorou-os.

II. Da mesma forma a Juíza Adjunta deste Tribunal


Colectivo, reexaminou os pressupostos de facto e de direito
que foi necessário tomar em conta, valorou-os e decidiu pela
manutenção da medida coactiva mais gravosa: prisão
preventiva.

III. Posteriormente, a mesma Juiz decidiu do requerimento


de alteração da medida de coacção apresentado pelo arguido,
quando já estava formulada a acusação, quando existiam no
processo todos os elementos que é possível carrear sobre a
autoria dos crimes imputados ao arguido.

IV. As Juizes não se limitaram a praticar, no processo, actos


de mero expediente. Ao invés, tomaram conhecimento de
elementos fulcrais dos autos e praticaram actos materiais no
processo.

V. Sobre ambas as Juízes recaem fortes suspeições de


independência (imparcialidade) quando é sabido que ambas já
formularam juízos de valor sobre a factologia nuclear do
processo.

VI. A intervenção do Juiz que, em sede de inquérito ou


instrução, não se traduza na realização de meros actos
de expediente e implique uma tomada de decisão, com
valoração dos indícios recolhidos, designadamente
aplicando prisão preventiva ao arguido, fica impedido de
participar no julgamento e, se o fizer, verifica-se uma nulidade
insanável determinante da anulação do julgamento

VII. Com o n.° 5, do art. 32.°, da CRP, o que se pretende


é que o arguido a ser submetido a julgamento, tenha um
julgamento independente e imparcial.

VIII. Para decretar qualquer medida de coacção, o


julgador tem de fazer uma avaliação/valoração dos actos
de investigação já realizados e dos indícios já recolhidos
para optar e determinar qual a gravidade da medida a
decretar. Nessa medida, formula um juízo ainda que
provisório, que perdurará na sua mente e que tornará
mais difícil, ainda que involuntariamente, estar
disponível (mente aberta) para uma inversão dos

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

elementos que a prova efectuada em julgamento


permita coligir e para efectuar o bom controlo dos
fundamentos da ideia de condenar (ainda que
involuntariamente).

XII. O julgamento independente e imparcial é, também, uma


dimensão do princípio das garantias de defesa, consagrado no
art. 32°, n.º 1, da CRP.

XIII. O preceito ínsito no art. 40°, do CPP, ao permitir o


entendimento (restritivo) de que apenas o Juiz que no
inquérito ou instrução tiver aplicado e posteriormente
mantido a prisão preventiva do arguido está impedido
de participar no julgamento é inconstitucional por
violação do disposto nos art. 32°, n.º 5 e 1, da
Constituição de República e ainda a de que a sua
aplicação, apenas com esse âmbito, é de recusar, por
inconstitucional.

XIV. Disposições violadas: arts. 40°, 41º, 119° e 122° do C.


Processo Penal; art. 32°, nº 1 e nº 5, da CRP; art. 6°, nº 1 da
Conv. Europeia dos Direitos do Homem.
termos em que deve o presente recurso ser julgado
procedente e, em consequência, ser apreciada e declarada
com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade da norma
constante do artigo 40.°, do CPP, na parte em que permite a
intervenção no julgamento, do juiz que decretou a prisão
preventiva, na parte em que permite a intervenção no
julgamento do juiz que manteve e posteriormente indeferiu, a
alteração dessa mesma medida coactiva de prisão preventiva
e na parte em que permite a intervenção no julgamento de um
tribunal colectivo composto pelo juiz que, findo o primeiro
interrogatório judicial, decretou a prisão preventiva (juiz
presidente desse mesmo colectivo) e, simultaneamente, pela
juiz que lhe manteve e posteriormente indeferiu essa mesma
medida coactiva de prisão preventiva. tudo com as
consequências legais.

 O representante do Ministério Público apresentou alegação


em que concluiu:

Nesta conformidade e face ao exposto, conclui-se:

1. A norma do artigo 40º do Código de Processo Penal não é


inconstitucional quando interpretada no sentido de permitir a
intervenção no julgamento de juiz que na fase inicial do
inquérito procedeu ao interrogatório judicial do arguido

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

detido, tendo-lhe aplicado a medida de coacção de prisão


preventiva.

2. Já o é, porém, por violar as garantias de defesa do artigo


32º, nºs 1 e 5 da Constituição, na interpretação em que
permite a intervenção de juiz que na fase de inquérito,
em momento imediatamente antecedente ao da
formulação de acusação, manteve a medida de prisão
preventiva, tendo posteriormente, a requerimento do arguido,
tomado idêntica posição, analisando os autos e os indícios
recolhidos, em data próxima da do inicio do julgamento.

3. Termos em que deverá o presente recurso proceder


parcialmente.

A Relação de Lisboa decidiu a questão que lhe foi


suscitada da seguinte forma:

 As questões suscitadas pelo recorrente são duas:

a) A da constitucionalidade do art. 40 do Código


Processo Penal;
b) A nulidade do julgamento.

Segundo o recorrente o art. 40º do Código Processo


Penal, ao permitir o entendimento de que apenas o juiz
que no inquérito ou instrução tiver aplicado e
posteriormente mantido a prisão preventiva do arguido
está impedido de participar no julgamento, é
inconstitucional por violação do disposto nos art. 32º,
n.º 5 e n.º 1 da Constituição.

 No caso, como vimos, a Ex.ma juíza presidente


procedeu ao primeiro interrogatório judicial do arguido
e no seu final decidiu aplicar-lhe a medida de coacção
de prisão preventiva. Não teve outra intervenção
antes da fase de julgamento.

 A Ex.ma juíza adjunta, procedeu, ainda em fase de


inquérito, a um reexame dos pressupostos da prisão
preventiva, nos termos do art. 213º do Código Processo
Penal, mantendo-a; depois apreciou requerimento
apresentado pelo arguido, visando a alteração da

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

medida de coacção de prisão preventiva, que indeferiu,


mantendo-o em prisão preventiva.

 Do exposto se conclui que nem a Ex.ma juíza presidente


do colectivo nem a Ex.ma juíza adjunta aplicaram e
posteriormente mantiveram prisão preventiva do
arguido em fase de inquérito ou em instrução.

 Com efeito a Ex.ma juíza presidente aplicou ao arguido


a medida de coacção de prisão preventiva, em inquérito,
não mais sendo chamada a pronunciar-se nos autos
sobre tal medida coactiva, e a Ex.ma juíza adjunta
manteve a prisão preventiva em inquérito, depois de ter
reapreciado os seus pressupostos e pronunciou-se, já
após o encerramento do inquérito, sobre requerimento
apresentado pelo arguido visando a sua revogação,
requerimento que indeferiu, pelo que não aplicou
sequer a medida de prisão preventiva.

 Não se mostra, assim, violado o artigo 40º, do


Código de Processo Penal, ou dito de outro modo,
não se verificam os requisitos exigidos nesse
dispositivo legal para declarar impedida qualquer
das Ex.mas juízas que constituem o tribunal
colectivo que procede ao julgamento. Bem andou
pois, pelo menos de um ponto de vista
estritamente processual penal, a decisão recorrida
ao indeferir os deduzidos impedimentos por
participação em processo.

O arguido reconhece esta realidade, mas não se conforma,


pois, no seu modo de ver, a intervenção do juiz que, em fase
de inquérito ou instrução, não se traduza na realização de
meros actos de expediente e implique uma tomada de
decisão, com valoração dos indícios recolhidos,
designadamente aplicando prisão preventiva ao arguido, deve
desencadear impedimento de participar no julgamento.

É este entendimento restritivo que quer ver seguido,


sustentando que de outro modo se viola o art. 32º n.º1 e 2 da
Constituição. Segundo o recorrente como as Ex.mas juízas
não se limitaram a praticar, no processo, actos de mero
expediente, antes tomaram conhecimento de elementos
fulcrais dos autos e praticaram actos materiais no processo,
sobre ambas recaem fortes suspeitas de independência
(imparcialidade) quando é sabido que ambas formularam
juízos de valor sobre a factologia nuclear do processo. Os
juízos, ainda que provisórios, que formularam perdurarão na

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

sua mente, ficando o arguido à partida em situação de


inferioridade/desigualdade face à acusação, fica
inexoravelmente comprometida a sua independência e
imparcialidade na fase do julgamento. Ora o julgamento
independente e imparcial é, também, uma dimensão do
princípio das garantias de defesa, consagrado no art.32 º,
n.º1 da Constituição.
 Importa, assim, decidir se a concreta aplicação do art
40º do Código Processo Penal ofende a Constituição ou
o art. 6º n.º l da CEDH.

Na determinação dos seus direitos e obrigações civis ou de qualquer acusação


criminal contra si, qualquer pessoa tem direito a um julgamento e audiência
pública dentro de um prazo razoável por um tribunal independente e imparcial
estabelecido por lei (...).
A fórmula da primeira parte do n.º l do art. 32 da Constituição não traduz uma
norma meramente programática. O preceito deve ser interpretado — o art. l6º da
Constituição a tanto obriga - à luz do denominado processo equitativo, na
designação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e do Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos ou do due process of law, na fórmula
da jurisprudência norte-americana, envolvendo como aspectos fundamentais a
consideração do arguido, como sujeito processual a quem devem ser assegurados
todas as possibilidades de contrariar a acusação, a independência e imparcialidade
do juiz ou tribunal e a lealdade do procedimento.
No que ao n.º 5 respeita, cumpre dizer, no essencial, que a estrutura acusatória do
processo significa o reconhecimento do arguido como sujeito processual a quem é
garantida efectiva liberdade de actuação para exercer a sua defesa face à acusação
que fixa o objecto do processo e é deduzida por entidade independente do tribunal
que decide a causa.
Cabendo no caso, já que não se trata de crimes particulares, a acusação ao
Ministério Público, art. 283º do Código Processo Penal, sujeito processual distinto
do tribunal, art. 10º e segts. e 48 e segts. do Código Processo Penal, não
vislumbramos a violação do princípio do contraditório: a acusação que fixa o
objecto do processo foi deduzida por entidade autónoma e totalmente
independente do tribunal. Há uma separação absoluta entre a entidade que acusou
e a que julga. As Ex.mas juízas não carrearam para os autos elementos de prova
susceptíveis de serem utilizados pela acusação, nem sequer dissentiram da medida
de coacção — para mais grave — requerida pelo Ministério Público. A intervenção
da Ex.mas juízas ocorreu numa veste garantística dos direitos do arguido.
A questão suscitada pelo recorrente parece-nos que se situa com mais propriedade
no âmbito da imparcialidade.
Dispõe o artigo 40º do Código de Processo Penal que “nenhum juiz pode intervir
em recurso ou pedido de revisão relativos a uma decisão que tiver proferido ou em
que tiver participado ou no julgamento de um processo a cujo debate instrutório

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

tiver presidido ou em que, no inquérito ou na instrução, tiver aplicado e


posteriormente mantido a prisão preventiva do arguido.”
Já vimos que a actuação concreta das Ex.mas juízas não chega a preencher a
previsão do art. 40º do Código Processo Penal, ficando aquém daquilo que o
legislador estabeleceu como limite a partir do qual, fundada e objectivamente, há
impedimento legalmente tipificado. Por outro lado o recorrente não lança mão do
instituto da recusa do art. 43º n.º 2 do Código Processo Penal, sabido que pode
constituir fundamento de recusa a intervenção do juiz em fases anteriores do
mesmo processo fora dos casos do art. 40º quando correr o risco de ser considerada
suspeita por existir motivo, sério e grave, adequado a gerar desconfiança sobre a
sua imparcialidade

§ EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ART. 40.º DO CPP;

 É conhecida a história legislativa do art. 40º do Código Processo Penal. A


redacção inicial foi declarada inconstitucional, com força obrigatória geral, na
parte em que permitia a intervenção no julgamento do juiz que, na fase de
inquérito, decretou e posteriormente manteve a prisão preventiva do arguido, por
violação do art. 32º n.º 5 da Constituição, pelo Acórdão do Tribunal
Constitucional n.º 186/98, DR I-A série, de 20 de Março de 1998.

 Logo de seguida a Lei n. 59/98, de 25 de Agosto, introduziu na versão


originária a alternativa final — ou em que tiver aplicado e posteriormente
mantido prisão preventiva do arguido. Por sua vez a Lei 3/99, de 13 de
Janeiro, aditou a expressão no inquérito ou na instrução, visando assim,
como esclarece Maia Gonçalves, clarificar o que já antes se afigurava óbvio,
pois que o juiz do julgamento não toma posição sobre prova indiciária. Solução
contrária conduziria ao absurdo de o juiz do julgamento ter de mudar pelo
menos trimestralmente por via da aplicação do art. 2l3º n.º l do Código Processo
Penal.

 A alteração legislativa teve em vista sanar o vício de inconstitucionalidade


declarado pelo Tribunal Constitucional tendo o legislador ponderado na solução
legislativa os pronunciamentos da jurisprudência constitucional seguindo o
caminho aberto pela jurisprudência do Tribunal Constitucional. Acontece que da
génese legislativa do actual preceito, fez o recorrente tábua rasa, batendo na
tecla já reparada pelo legislador, como se ela ainda estivesse gasta.

 A questão aqui posta - saber se viola o artigo 32° n.°s 1 e 5 da Constituição,


a interpretação do artigo 40° do Código de Processo Penal, que permita a
intervenção no julgamento da juíza que, na fase inicial do inquérito, procedeu
ao interrogatório inicial do arguido e decretou a prisão preventiva desse
arguido; saber se viola o artigo 32° n.°s 1 e 5 da Constituição, a interpretação
do artigo 40° do Código de Processo Penal que permita a intervenção no

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

julgamento de outra juíza que em cumprimento do disposto no art. 213° do


Código Processo Penal procedeu ao reexame da prisão preventiva mantendo-a
e já após a acusação indeferiu um pedido de alteração dessa medida de
coacção - não é nova mas recorrente e simétrica àquela que foi colocada e
respondida nos Acórdãos do Tribunal Constitucional n.º 338/99 e 297/2003:

 Como se acentua no Acórdão n.º 135/88, do Tribunal Constitucional, in ATC, 11º


vol., p. 945 e segs. a independência dos juízes é, antes do mais, uma
responsabilidade que terá a “dimensão” ou a “densidade” da fortaleza de ânimo
do carácter e da personalidade moral de cada juiz. Esta é a vertente subjectiva da
imparcialidade, o que se presume segundo o entendimento do TEDH, até que
algo indicie o contrário. Isto não invalida a necessidade de existir um quadro
legal que “promova” e facilite aquela “independência vocacional”, garantindo a
imparcialidade do julgador e assegurando a confiança geral, a confiança do
público naquela imparcialidade. Neste último sentido fala-se de imparcialidade
objectiva. Nesta perspectiva o que se impõe indagar é se o juiz em virtude de
considerações de carácter orgânico ou funcional não apresenta qualquer pré-
juízo ou preconceito em relação à matéria a decidir.

 A jurisprudência do TEDH sobre o art. 6 n.º l da CEDH reflecte a exigência de


um juiz imparcial não apenas numa perspectiva subjectiva, mas também numa
visão objectiva. Como se refere no Acórdão do Tribunal Constitucional n.º
297/2003, deve ser ponderado e avaliado o tipo concreto de intervenção do
julgador na fase do inquérito, relevando a sua dimensão (garantística, ou não) e a
fase em que ela ocorre. Daí que não releve toda e qualquer intervenção no
inquérito. Como se disse no acórdão do Tribunal Constitucional n.º 935/96, a
solução de estender o impedimento do artigo 40º do Código de Processo Penal a
todos os actos isolados susceptíveis de serem praticados pelo juiz de instrução na
fase preliminar do processo penal, como no caso presente pretende o recorrente,
apresentar-se-ia, na generalidade dos casos, totalmente inadequada e
desnecessária, em virtude de muitos deles não colocarem minimamente em
causa as garantias de independência e de imparcialidade do tribunal, ínsitos no
princípio da acusação, consagrado no artigo 32º, n.º 5 da lei fundamental.
Exemplificando: ordenar o contraditório para a admissão de assistente, proferir
despacho a admitir o ofendido a intervir como assistente, será que contaminam a
imparcialidade do juiz que os profere de modo a impedir a sua intervenção no
julgamento?

 Dos sucessivos pronunciamentos do Tribunal Constitucional sobre esta


questão há uma linha de raciocínio que se mantém, deles se retirando com
interesse para o caso que, é do tipo e frequência da intervenção que o
julgador teve, na fase do inquérito, com especial relevância do momento em
que. dentro dessa fase, ela ocorreu (o mesmo acto pode ser valorado de
modo diverso consoante o desenvolvimento da investigação), que há-de
resultar o juízo sobre a isenção, imparcialidade e objectividade do juiz
enquanto julgador.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 Refere o Acórdão 297/03 que, na vigência da versão originária do artigo 40º


do Código Processo Penal, também o Acórdão n.º 338/99 (inédito), se
debruçou sobre questão idêntica à que nos ocupa nos autos, estando em causa
uma interpretação da norma constante daquele preceito legal em termos de
permitir a intervenção no julgamento do juiz que, presidindo ao primeiro
interrogatório dos arguidos, lhes decretou a prisão preventiva.

 Esse acórdão salienta, desde logo, a diferença substancial entre esse caso e o que
determinara a declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral do
art. 40º do Código Processo Penal, no Acórdão n.º 186/98 - neste último estava
em causa uma dupla intervenção sucessiva do juiz na fase de inquérito e, no
caso do Acórdão 339/99, uma intervenção isolada - evidenciando que tal
acórdão expressamente alerta “para a relevância da circunstância, entendida
como decisiva na sua própria lógica argumentativa, de a intervenção do juiz na
fase de inquérito não ser uma intervenção esporádica ou isolada, mas ser, pelo
contrário, uma intervenção reiterada ou repetida” e “de o juiz não se ter
limitado a, findo o primeiro interrogatório judicial do arguido, decretar a
respectiva prisão preventiva”, mas “ter, em data posterior, já bem próximo da
data da acusação, confirmado essa mesma prisão preventiva”.

Tem sido entendimento constante do Tribunal Constitucional que “não é qualquer


intervenção na fase de inquérito por parte do juiz que depois há-de participar no
julgamento que é apta a justificadamente pôr em causa a sua independência e
imparcialidade - ou a confiança do arguido e do público nessa mesma independência e
imparcialidade - em termos de dever considerar-se que a norma que a permita é
inconstitucional por violação do disposto no artigo 32º n.º 5 da Constituição”, Acórdão
n.º 338/99.

Em conclusão: não viola o artigo 32º n.ºs 1 e 5 da


Constituição, a interpretação do artigo 40º do Código de
Processo Penal, que permita a intervenção no julgamento da
juíza que, na fase inicial do inquérito, procedeu ao
interrogatório inicial do arguido e decretou a prisão
preventiva desse arguido, nem a interpretação do mesmo
artigo 40º que permita a intervenção no julgamento de outra
juíza que em cumprimento do disposto no art. 213º do Código
Processo Penal procedeu ao reexame da prisão preventiva
mantendo-a e já após a acusação indeferiu um pedido de
alteração dessa medida de coacção, nem se verifica nulidade
insanável.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

O que é que o TC disse?

O Tribunal Constitucional já se pronunciou sobre esta


matéria, conforme amplamente refere a Relação de Lisboa na
decisão em causa.
Começou por entender (Acórdão n.º 186/98, in DR I-A de
20 de Março de 1998) que o artigo 40º do Código de Processo
Penal, na sua anterior versão, na parte em que permitia a
intervenção no julgamento do juiz que, na fase de inquérito,
decretou e posteriormente manteve a prisão preventiva do
arguido, era inconstitucional por violação do artigo 32º nº 5
da Constituição da República.
Assim sendo, e considerando ainda que o impedimento
previsto no artigo 40º, na parte relevante, se destinava a
evitar que, no julgamento, o juiz pudesse ser
influenciado pelo conhecimento anteriormente
adquirido sobre os factos em causa no processo,
entendeu-se não respeitar os princípios constitucionais
acima indicados uma norma que permitisse a
participação, no julgamento, de um juiz que interviera
na fase do inquérito de forma particularmente intensa.
Considerou-se como tal a intervenção que se traduziu
em decretar a prisão preventiva, findo o interrogatório
judicial do arguido e, em, já na fase final do inquérito,
“já bem perto da data da acusação, confirm[ar] a prisão
preventiva. Ora, aplicada nesta dupla dimensão”,
decidiu-se, “a norma do artigo 40º do Código de
Processo Penal infringe claramente o princípio da
imparcialidade objectiva do juiz, ínsito no princípio do
acusatório, constante do nº 5 do artigo 32º da
Constituição” (transcrição feita pelo acórdão nº 186/98
do acórdão nº 935/96).

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

No Acórdão nº 338/99 (disponível em


www.tribunalconstitucional.pt), julgou-se não inconstitucional
a norma, contida na mesma versão do artigo 40º, “quando
interpretado no sentido de permitir a intervenção no
julgamento do juiz que, findo o primeiro interrogatório
judicial do arguido detido, decretou a prisão preventiva,
não tendo tido ulteriormente qualquer outra
intervenção no decurso do inquérito”.

O Acórdão n.º 423/2000 (Diário da República, II Série,


de 20 de Novembro de 2000), tomando já como referência a
redacção dada ao artigo 40º pelo Decreto-Lei nº 58/95, de 25
de Agosto, julgou não inconstitucional a norma dele
constante “quando interpretado no sentido de permitir a
intervenção no julgamento do juiz que, findo o primeiro
interrogatório judicial do arguido detido, determinou a
respectiva libertação, mediante a adopção de medidas de
coacção não privativas da liberdade, medidas de coacção que
posteriormente manteve no momento em que recebeu a
acusação e marcou o dia para o julgamento”.

Frisando que nos anteriores acórdãos se tinha entendido


“repetidamente” que “um juízo de inconstitucionalidade
da norma que permita a intervenção no julgamento do
juiz que participou numa fase anterior, por violação do
artigo 32º, nº 5, da Constituição, pressupõe que as
intervenções do juiz - pela sua frequência, intensidade
ou relevância - sejam aptas a razoavelmente permitir
que se formule uma dúvida séria sobre as condições de
isenção e imparcialidade desse mesmo juiz ou a gerar
uma desconfiança geral sobre essa mesma
imparcialidade e independência”, observou-se que “a

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

simples decisão pela manutenção do quadro existente em


termos de medidas de coacção, no momento do recebimento
da acusação, não é suficiente para, por si só ou em
conjugação com a intervenção anterior, conduzir à formulação
de uma dúvida séria, razoável, objectiva sobre as condições de
isenção e imparcialidade do juiz ou a gerar uma desconfiança
geral da comunidade sobre essa mesma isenção e
imparcialidade, termos em que não se verifica a alegada
violação inconstitucionalidade.”
Mais recentemente, no Acórdão n.º 297/2003 (DR
II Série de 3 de Outubro de 2003), o Tribunal manteve o
entendimento de julgar não inconstitucional a norma do
mencionado artigo 40º do Código de Processo Penal
interpretada no sentido de permitir a intervenção em
julgamento do juiz que, no início do inquérito,
interrogou os arguidos que lhe são apresentados detidos
e decretou prisão preventiva desses arguidos, autorizando no
mesmo dia uma busca domiciliária. Neste acórdão,
sublinhando que as duas intervenções do juiz – interrogatório
do arguido e autorização da busca – tiveram uma função
predominantemente garantística que visaram assegurar a
tutela dos direitos fundamentais dos arguidos, o Tribunal
ponderou:

Em suma, as intervenções processuais do julgador na


fase de inquérito nem o converteram em órgão de acusação,
nem pela sua frequência, intensidade ou relevância, o
conduzem a pré-juízos ou pré-compreensões sobre a
culpabilidade dos arguidos que firam a sua objectividade e
isenção.
O artigo 40º do Código de Processo Penal, na
interpretação que levou o acórdão recorrido à recusa da sua

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

aplicação, e em contrário do aí decidido, não ofende, pois, o


artigo 32º, n.ºs 1 e 5 da Constituição.

2.5. Pode, portanto, concluir-se que o Tribunal


Constitucional tem mantido o entendimento de que a
prática de actos isolados durante o inquérito não
constitui, em princípio, causa de quebra objectiva da
imparcialidade do juiz, determinante do seu
impedimento no julgamento.

Mas o caso em análise apresenta, ainda, um lado


curioso e original: é que são duas as juízas que,
integrando o colectivo que procedeu ao julgamento do
recorrente, praticaram actos jurisdicionais durante o
inquérito. Ora, se isoladamente consideradas, nenhuma das
juízas se pode considerar impedida de participar no
julgamento, que dizer de um tribunal colectivo em que ambas
participam, e que, portanto, dois dos seus três elementos
praticaram os ditos actos?
A resposta não poderá deixar de ser negativa: os
impedimentos não se somam, porque obviamente
atingem um determinado juiz e é isoladamente em
relação a cada juiz, a cada elemento do tribunal
colectivo, que deve aferir-se da existência das
circunstâncias impeditivas de participação no
julgamento.

Conclui-se, portanto, pela não inconstitucionalidade da


norma em apreciação.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

3. Em face do exposto, o Tribunal Constitucional


decide não julgar inconstitucional a norma do artigo 40º
do Código de Processo Penal, na versão resultante da
Lei n.º 3/99 de 13 de Janeiro, enquanto interpretada no
sentido de permitir a intervenção simultânea, no
julgamento, de juiz que, findo o primeiro interrogatório
judicial do arguido detido, decretou a sua prisão
preventiva e de juiz que, no decorrer do inquérito,
manteve a prisão preventiva e, posteriormente à acusação,
indeferiu o pedido da sua revogação.
Consequentemente, nega-se provimento ao recurso,
confirmando a decisão recorrida quanto à questão de
inconstitucionalidade.

Argumentos mais importantes do Tribunal Constitucional:

 Quanto à única intervenção da Ex.ma juíza presidente em


inquérito — ouviu o arguido em primeiro interrogatório
decretando a sua prisão preventiva — é patente que ocorreu
numa fase embrionária do processo, sendo um pré-juízo,
a roçar quase o preconceito, sustentar que logo aí a
Ex.ma juíza formulou uma convicção segura sobre a
culpabilidade do arguido.
 Perdoe-se-nos a franqueza tal entendimento demonstra
fundamentalmente um desconhecimento das finalidades
do processo penal, do que é o inquérito e o julgamento;
 Dos pressupostos de aplicação de medida de coacção e da
decisão final, da apreciação crítica da prova e dos deveres
acrescidos de fundamentação, como adiante iremos realçar.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 A sua intervenção teve um condão garantístico, apreciou


indícios tendo em vista a aplicação de medida de coacção.
Trata-se, no entanto, de uma avaliação perfunctória e que, ao
ser realizada numa fase inicial do inquérito -
consideravelmente afastada do momento do julgamento -
e sem repetições, é insusceptível de afectar a
imparcialidade do julgador, como se decidiu no citado
Acórdão n.º 338/99, e não mais teve contacto com o
inquérito que decorreu sob a direcção do Ministério
Público.

A Ex.ma juíza adjunta limitou-se a verificar se os pressupostos que


determinaram a prisão preventiva se tinham alterado ou se
mantinham e depois apreciou, indeferindo requerimento do arguido,
para alteração da medida de coacção.

 É que hoje não valem em julgamento, nomeadamente para o


efeito de formação da convicção do tribunal, quaisquer
provas que não tiverem sido produzidas ou examinadas
em audiência, art. 354º n.º l do Código Processo Penal.
As declarações que o arguido presta em primeiro
interrogatório não são um meio de prova. A produção da
prova, que deva servir para fundar a convicção do julgador,
tem de ser realizada na audiência e segundo os princípios
naturais de um processo de estrutura acusatória: os
princípios da imediação, da oralidade e da
contraditoriedade na produção dessa prova.
 Por outro lado o juiz tem de motivar a sua convicção não
valendo hoje a sua íntima convicção, pelo que o arguido está a
coberto das puras subjectividades dos julgadores.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

PERGUNTA 2: PÁG. 232

 A PSP é considerada órgão de polícia criminal (OPC), nos termos do art. 1.º,
alínea c), do CPP, e do art. 3.º, n.º 1, alínea c)¸da Lei n.º 49/2008, de 27 de
agosto.

 Estando em causa a possibilidade de OPC interrogarem arguidos no inquérito,


haveria que distinguir, in casu, duas hipóteses: a hipótese de o arguido se
encontrar detido e a hipótese de o arguido não se encontrar detido.

 Na primeira hipótese (arguido detido), os agentes da PSP não poderiam proceder


ao primeiro interrogatório, uma vez que se trata de um acto da competência
exclusiva do juiz de instrução (art. 268.º, n.º 1, alínea a), do CPP), sendo essa
aliás uma das finalidades da detenção (art. 254.º, n.º 1, alínea a), do CPP).

 Nessa situação, o interrogatório seria, em princípio, judicial, observando o


disposto no art. 141.º do CPP.

 Embora existisse também a possibilidade de o arguido ser interrogado


sumariamente pelo MP, nos termos do art. 143.º do CPP, tal interrogatório
não poderia ser realizado pelos agentes da PSP, uma vez não seria
admissível a delegação desse acto pelo MP.

 Diferentemente em relação aos interrogatórios subsequentes (isto é,


posteriores ao primeiro interrogatório), caso em que poderia haver
delegação da sua realização pelo MP nos agentes da PSP, nos termos dos
arts. 144.º, n.º 2, e 270.º, n.º 2, ambos do CPP.

 Na segunda hipótese (arguido não detido), que parece ser a mais plausível, os
agentes da PSP poderiam interrogar o arguido (tratando-se de primeiro
interrogatório ou de interrogatórios subsequentes) caso tivesse existido
delegação da sua realização pelo MP nos agentes da PSP, nos termos dos arts.
144.º, n.º 2, e 270.º, n.º 2, ambos do CPP

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

3- Considerando que o MP acusou D da prática do crime de homicídio privilegiado


(nos termos do artigo 133.º do CP), poderia ter promovido o julgamento sob forma
de processo sumário?

§ O PROCESSO COMUM E OS PROCESSOS ESPECIAIS:4

A CRP consagra, no artigo 32/2.º da CRP, simultaneamente o princípio da inocência e o


direito ao processo célere, enquanto corolário daquele. A sua consagração na mesma
disposição permite entender que o legislador constitucional reconhece que a demora do
processo penal, não só prejudica a imagem e a realização da justiça, mas tem ainda a
potencialidade de “esvaziar de sentido e retirar conteúdo útil ao princípio da
presunção da inocência”, por permitir o prolongamento – e possivelmente a
consolidação – da suspeição acerca da conduta ilícita, bem como a perpetuação das
medidas de coação aplicadas ao arguido.

A prossecução, do objetivo da celeridade processual é imediatamente temperada no


texto da referida disposição com a necessidade de o prazo de julgamento ser
compatibilizado com a concessão e o respeito pelas garantias de defesa do arguido. Em
causa está a tensão, transversal ao processo penal, entre por um lado i) celeridade e
eficácia na administração da justiça penal e por outro lado o respeito pelas garantias da
pessoa am ela submetida. A harmonização dos termos da prossecução destes objetivos e
dos direitos e princípios a ela subjacentes há-se surgir atrvés da procura de instrumentos
de concordância e ponderação.

É neste contexto que surgem os processos especiais: aparecem como meios de


aceleração processual, conjugados com uma simplificação da tramitação, que encontram
como fundamento da sua aplicação circunstâncias específicas que permitem concluir
pela desnecessidade do recurso a uma forma de processo mais morosa e ritualística.

No que se segue oferecer-se-á tão comente uma visão transversal e sumária do regime
aplicável às formas de processo especiais no direito processual penal português,
completada com uma breve análise da alteração à forma de processo sumário
realizada pela reforma de 2013, e uma exposição sucinta do acórdão do TC n.º

4 Prof. Doutor Rui Soares Pereira, e Mestre David Ramalho; Os processos especiais no direito processual
penal português.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

174/2014 de 18 de fevereiro que declarou “a inconstitucionalidade, com força


obrigatória geral, da norma do artigo 381.º do CPP, na redação introduzida pela
Lei 20/2013 de 21 de fevereiro na interpretação segundo a qual o processo sumário
aí previsto é aplicável a crimes cuja pena máxima abstratamente aplicável é
superior a cinco anos de prisão por violação do art. 32/1/ 2 da CRP;

 As formas de processo no direito processual penal português encontram-se


legalmente classificadas em duas modalidades: a forma de processo comum e
as formas de processo especiais;
 A primeira, tendencialmente mais garantística, mas também mais morosa,
assume uma estrutura fundamentalmente trifásica, comporta pelo inquérito, a
instrução e o julgamento.
 As segundas por partirem da verificação de circunstâncias que justificam menor
solenidade, são tendencialmente me para além de prescindirem da instrução,
podem ver o inquérito suprimido e julgamento acelerado. Integram esta
segunda categoria, dentro do Código Processo Penal, os processos sumário,
sumaríssimo, e desde a reforma de 1998, abreviado.
 A aplica gh b hbyg5rrrrdbilidade das formas de processo especiais, para além
de limitada pelo tipo de crime ou pelo limite máximo da pena abstratamente
aplicável, está dependente da verificação de circunstâncias específicas, como
sejam a detenção em flagrante delito, a especial simplicidade da prova ou o
consenso – rectius, a não oposição por parte o arguido – relativamente à pena a
aplicar.
 A não verificação dos pressupostos de qualquer uma das formas de processo
especiais conduz obrigatoriamente à aplicação subsidiária da forma de processo
comum, sob pena de nulidade insanável5 , nos termos do disposto no artigo
119/ alínea f) do CPP. Daí que o processo comum seja considerado a forma-tipo
aplicável a todos os crimes para os quais a lei não preveja forma especial.

 O requisito da existência de um patamar máximo de gravidade nas formas de


processo especiais conduz a que os crimes mais graves – embora não só estes –
sejam julgados seguindo a forma do processo comum, precisamente por ser esta
a forma de processo que oferece garantias de defesa mais adequadas.

5 Só se tratará de nulidade dependente de arguição quando se aplicar a forma de processo comum em


vez da forma de processo especial – art. 120/2/a) do CPP;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ PROCESSO SUMÁRIO:

 A forma de processo sumário encontra-se regulada nos artigos 381.º do CPP, a


artigo 391.º do CPP. O seu papel central no âmbito das formas de processo
especiais deve-se ao facto de ser o processo tradicionalmente mais apto a
proporcionar respostas céleres e adequadas à pequena e média criminalidade,
quando ocorra detenção em flagrante delito do seu agente. Por esta via se
permite, simultaneamente, oferecer uma solução de pacificação social e de
resposta às expetativas comunitárias, enquanto se cumpre o imperativo
constitucional de respeito pelas garantias do arguido.

1. O primeiro dos requisitos essenciais para a aplicação da forma de processo


sumário é a existência da detenção em flagrante delito do arguido | art. 381.º
do CPP.
2. Tanto basta para afastar a possibilidade de aplicação desta forma de processo,
quer às pessoas coletivas, quer às pessoas singulares no caso de estarem em
causa crimes de natureza particular; (artigo 255.º, n.º4, do CPP);
3. É aliás o facto de haver flagrante delito que justifica a eliminação ou
redução do prazo de investigação, a supressão da fase de instrução e a
simplificação da fase de julgamento.
4. A atualidade da infração e a evidência da prova tendencialmente concomitantes
ao flagrante delito impõem uma resposta célere por parte do sistema penal, que
tudo deverá fazer para permitir uma resposta atempada e adequada à infração.
5. É nesse contexto que surge o flagrante delito, como “instância legitimadora de
simplificação”.
6. Mas a celeridade, contudo, não pode deixar de ser compatibilizada, por um lado
com uma correta visão dos factos que impeça a punição de parcelas isoladas de
uma conduta criminosa mais complexa, e por outro, com as garantias de defesa
do arguido, que deverão ser tanto mais amplas quanto mais grave for o crime
imputado e as respetivas consequências sancionatórias;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

7. A detenção em flagrante delito não se limita, porém, ao flagrante delito em


sentido próprio (artigo 256/1/parte inicial do CPP), mas abrange também o o
quase flagrante delito (art. 256/1/2ªparte do CPP), e a presunção de flagrante
delito – art. 256/2.º do CPP;
8. É necessário que a detenção em flagrante delito tenha sido realizada por
autoridade judiciária ou entidade policial nos termos do artigo 381/a) do
CPP;
9. Outro dos requisitos essenciais da aplicação do processo sumário, é a
necessidade de estar em causa crime cuja pena legal abstratamente não exceda
os 5 anos de prisão (que era o nosso caso prático) , nos termos do artigo 381/1
do CPP: ou caso exceda esse limite, a necessidade de o Ministério Público
entender que não deve ser aplicada, em concreto a pena de prisão superior a
5 anos (art. 381/2.º do CPP; ).
10. Em processo sumário, o suspeito detido em flagrante delito começará por:
i) Ser constituído arguido (art. 58/1/c) do CPP);
ii) Apresentado imediatamente ao MP para interrogatório sumário, se este
julgar conveniente (art. 382/2 .º do CPP);

 O processo sumário concentra-se na fase de julgamento e não prevê a


obrigatoriedade de uma fase destinada à investigação do crime e à descoberta
e recolha da prova (inquérito), ou à comprovação da decisão de acusar ou
arquivar do Ministério Público (instrução).

 Além disso, embora a tramitação da audiência de julgamento obedeça às normas


de processo comum, em processo sumário estas normas são “adaptadas ao
mínimo indispensável ao conhecimento e boa decisão da causa , em ordem a
garantir a celeridade do processo” – artigo 386/2.º do CPP;

 O artigo 390.º do CPP prevê taxativamente as situações em que, por força da


necessária ponderação de valores, o tribunal procederá, por decisão irrecorrível
(artigo 391.º do CPP), ao reenvio dos autos para outra forma de processo;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ PROMOÇÃO DA APLICAÇÃO DE PROCESSOS ESPECIAIS;

 A utilização da forma do processo sumário, depende em princípio da


promoção do Ministério Público;

Essa promoção é aliás, obrigatória, quando estejam reunidos os pressupostos e


requisitos para o recurso a esta forma de processo especial; no sentido de ser um regime
imperativo quando verificados os pressupostos, ALEXANDRE DE SOUSA PINHEIRO E

PAULO SARAGOÇA DA MATTA;

Uma das modificações mais relevantes introduzidas pela reforma de 2013 foi a alteração
de um dos requisitos de recurso à forma de processo sumário em particular a eliminação
da limitação da aplicação do processo sumário a crimes de pequena e média
criminalidade. ,

§ SISTEMATIZAÇÃO:

1. O processo sumário traduz uma forma de processo especial onde estão


subjacentes os princípios da económica e da celeridade processuais;
designadamente porque o detido deve ser julgado no prazo máximo de 48 horas
após a detenção, sendo os atos e termos do julgamento reduzidos ao mínimo
indispensável ao conhecimento e boa decisão da causa (artigo 386/2.º do CPP e
artigo 387.º/1.º do CPP). Nessa medida não existe uma fase de inquérito neste
tipo de processos .
2. Importa referir que só os crimes públicos e semi-públicos podem ser julgados
nesta forma de processo, (ex vi art. 255/4.º do CPP);
3. Por força da Lei 20/2013 de 21 de fevereiro, o processo sumário deixou de estar
vocacionado apenas para a pequena e média criminalidade, tonando-se aplicável
Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

à generalidade dos crimes, com exceção dos mencionados no número 2 do


aetigo 381.º do CPP;
4. Embora do artigo 16/2/c) do CPP confira expressamente competência ao tribunal
singular para julgar os processos que respeitarem a crime que devam ser
julgados em processo sumário, constatamos que a jurisprudência e a doutrina
debatiam -se sobre esta questão , acabando o Tribunal Constitucional , após
inúmeras decisões, por julgar inconstitucional, com força obrigatória geral a
norma do artigo 381/1.º do CPP; na redação da lei 20/2013 na interpretação
segundo a qual o processo sumário aí previsto é aplicável a crimes cuja
pena máxima abstratamente aplicável é superior a cinco anos de prisão, por
violação do artigo 32.º/1 e 2 da CRP.

§ PODERIA O MP DECIDIR-SE, NO FINAL DO INQUÉRITO, PELO ARQUIVAMENTO

EM CASO DE DISPENSA DE PENA?

 DO ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO: artigo 276.º do CPP;

1. Os casos que admitem dispensa da pena são casos de culpa muito diminuta, em
que não se justifica a aplicação de qualquer sanção criminal, podendo o MP
decidir arquivar o processo (desde que observados todos os pressupostos).

2. Refira-se que o art. 280.º do CPP deve ser entendido como uma limitação ao
princípio da legalidade e uma concessão ao princípio da oportunidade , uma via
de per mezzo, uma autêntica terceira via entre a acusação e o arquivamento puro
e simples;

3. O regime previsto no artigo 280.º do CPP é aplicável aos processos especiais


sumário e abreviados nos termos dos artigos 384.º/1 e art. 391.º-B n.º4 ,
respetivamente;

4. A decisão de dispensa de pena pode ser tomada no decurso do inquérito ou de


instrução, sendo certo que, em ambas as fases processuais , conduz ao

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

arquivamento do processo impondo-se, nestes casos, a garantia


constitucional da presunção de inocência do arguido, nos termos do artigo
32/2.º da CRP.

5. O arquivamento em caso de dispensa da pena não é suscetível de impugnação


nos termos do art. 280/3.º do CPP, e não implica o pagamento de taxa de justiça
(artigo 516.º do CPP), nem está sujeita a registo criminal.

6. A decisão de dispensa de pena que for tomada pelo tribunal de julgamento ,


trata-se de uma verdadeira sentença condenatória , na medida em que declara o
arguido culpado. Não obstante não existir qualquer pena a cumprir após o
trânsito em julgado da sentença. Neste caso, o arguido tem a obrigação de
pagar as custas, pelo que também está sujeita a registo criminal.

7. Segundo o disposto no artigo bn v b f 280.º do CP – com a concordância do juiz


de instrução, pode decidir-se pelo arquivamento do processo:

i) Se o processo for por crime relativamente ao qual se encontre


expressamente prevista na lei penal a possibilidade de dispensa de pena –
a dispensa de pena encontra-se prevista, genericamente no art. 74.º do
CP, e em certos casos especiais, como por exemplo no artigo 35.º do
CP, 143/2.º do CP, 148/3.º do CP, art. 186.º do (…);
ii) Se se verificarem os respetivos pressupostos;

A dispensa de pena é admissível quando:

i) O crime em causa for punível com pena de prisão não superior a 6 meses,
com só com multa não superior a 120 dias; - Neste caso o tribunal pode
declarar o arguido culpado mas não aplicar qualquer pena se se observarem
os seguintes requisitos:

a) A ilicitude do facto e a culpa do agente forem diminutas;


b) O dano tiver sido reparado;
c) E à dispensa de pena não se opuserem razões de prevenção; nos
termos do artigo 74/1/a), b) e c) do CP;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Neste caso não estavam preenchidos os pressupostos;

Atenção: se o crime e a responsabilidade do arguido não estiverem suficientemente


indiciadas , a decisão do MP há-se ser tomada no âmbito do art. 277.º do CP, e não no
art. 280.º do CP;

§ EM ALTERNATIVA, PODERIA O MP DECIDIR-SE, NO FINAL DO INQUÉRITO PELA


SUSPENSÃO PROVISÓRIA DO PROCESSO?

Aqui já poderia ser admissível:


 Ao abrigo do artigo 281.º do CPP, se o crime for punível com pena de prisão não
superior a 5 anos, ou com sanção diferente de prisão; o MP (oficiosamente a
requerimento do arguido ou assistente) determina, com concordância do juiz de
instrução, a suspensão do processo, mediante a imposição ao arguido de
injunções e regras de conduta, se se verificarem (cumulativamente) os
seguintes pressupostos:

i) A concordância do arguido e do assistente;


ii) A ausência de condenação anterior por crime da mesma natureza;
iii) A ausência de aplicação anterior de suspensão provisória de processo
por crime da mesma natureza;
iv) Não haver lugar a medida de segurança de internamento;
v) Ausência de um grau de culpa elevado;
vi) Ser de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta
responda suficientemente às exigências de prevenção que no caso se
façam sentir;

Dúvida: o legislador estipulou no art. 178/3.º do CP como requisito para a


suspensão provisória nos crimes contra a liberdade sexual, não ter sido aplicada

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

anteriormente medida similar por crime da mesma natureza. Ora o CPP exige ainda a
ausência de condenação, anterior por crime da mesma natureza;

 Com efeito, existindo uma clara desarmonia dos requisitos previstos no CP e


no CPP, para aplicação deste instituto aos referidos crimes na opinião de Rui do
Carmo, deve interpretar-se que os pressupostos do artigo 178/3.º do CP são
coincidentes com os que constam do artigo 281/8.º do CPP;
 A suspensão do processo pode ir até dois anos, com exceção dos processos por
crime de violência doméstica e contra a liberdade e autodeterminação sexual de
menor – a prescrição não corre no decurso do prazo de suspensão do processo
art. 282/2.º do CPP), voltando a correr a partir do dia em que cessar a causa de
suspensão (artigo 120/6.º do CP).
 Se o arguido cumprir as injunções e as regras de conduta, o MP arquiva o
processo, não podendo ser reaberto – art. 282/3.º do CPP;

Homicídio simples: pode haver suspensão provisoria do processo? Determinação da


pena pelo Ministério público;

§ O MP ESTARIA VINCULADO AOS REQUERIMENTOS PROBATÓRIOS APRESENTADOS

POR D NA FASE DE INQUÉRITO?

Pag. 217.º do livro;

Art. 61/ alínea g) do CPP – no RAI, na constestação; e na audiência ao abrigo do 340.º


do CPC,

§ PODERIA D TER REQUERIDO ABERTURA DE INSTRUÇÃO APENAS PARA QUE FOSSE

INQUIRIDA UMA TESTEMUNHA QUE O MP IGNORAVA EXISTIR?

Em princípio sim: nos termos do artigo 287/2/última parte do CPP; e as causas de


rejeição do RAI, estão tipificadas nos artigo 287/3.º do CPP; (são três as causas), a

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

questão que se coloca é a seguinte: como é que se densifica a inadmissibilidade legal


da instrução?

ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA | 12-03-2009;

1. A inadmissibilidade legal constitui uma das três formas legalmente previstas de


rejeição do requerimento para abertura de instrução.
2. Um dos princípios que presidem às normas processuais é o da economia
processual, entendida esta como a proibição da prática de actos inúteis,
conforme estabelece o art. 137.º CPC, aplicável ao processo penal nos termos do
art. 4.º do CPP, por o princípio que lhe serve de substrato se harmonizar em
absoluto com o processo penal.
3. Há afloramentos deste princípio em diversas normas do CPP,
nomeadamente no art. 311.º, ao permitir ao juiz rejeitar a acusação
manifestamente infundada, e no art. 420.º, que prevê a rejeição do recurso
quando for manifesta a sua improcedência.
4. Dado o paralelismo entre a acusação e o requerimento para abertura da
instrução apresentado pelo assistente, deve aquilatar-se da possibilidade de
aplicação ao requerimento para abertura da instrução do disposto no art.
311.º, que considera manifestamente infundada a acusação: a) quando não
contenha a identificação do arguido; b) quando não contenha a narração dos
factos; c) se não indicar as disposições legais aplicáveis ou as prova que a
fundamentam; d) se os factos não constituírem crime.
5. De igual modo, se, pela simples análise do requerimento para abertura da
instrução, sem recurso a qualquer outro elemento externo, se dever concluir que
os factos narrados pelo assistente jamais poderão levar à aplicação duma pena,
estaremos face a uma fase instrutória inútil, por redundar necessariamente num
despacho de não pronúncia.
6. No conceito de “inadmissibilidade legal da instrução”, haverá, assim, que
incluir, além dos fundamentos específicos de inadmissão da instrução qua
tale, os fundamentos genéricos de inadmissão de actos processuais em geral.

RAI:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Não está sujeito a formalidades especiais, devendo conter as razões de fato e de direito
que conduzem o sujeito processual (assistente ou arguido) a não concordar com a
decisão que foi tomada em sede de inquérito.

Legitimidade para RAI:

o 287º/1/a) – arguido no prazo de 20 dias a contar da notificação da acusação:

a) Do MP – crimes públicos e Semi-públicos do assistente – crimes particulares


o 287º/1/b) – assistente no prazo de 20 dias depois da notificação da decisão
de arquivamento, exceto quando se esteja perante um crime de natureza
particular:
b) Do MP, nos casos do 277º - Quando o assistente queira introduzir fatos
novos que comportem uma ASF, por diferirem do objeto da acusação.

 Do despacho de acusação ou de arquivamento do inquérito não cabe recurso.


Materialmente, o recurso é substituído pela possibilidade de passagem à fase de
instrução (nos termos doa rtigo 286.º do CPP). No fundo, as funções que
caberiam a um recurso são, neste caso cumpridas com um requerimento de
abertura de instrução (RAI), por parte do arguido ou do assistente, conforme os
casos.

A fase de instrução serve para apreciar a bondade da decisão do MP de acusar ou de


arquivar o processo;

A instrução, pode servir, a título complementar, para reformular o próprio objeto do


processo, o princípio da acusação estipula não só que deve haver separação entre a
entidade que acusa e aquela que julga, mas também que deve haver fixação da
matéria que é submetida a julgamento por uma entidade diferente daquela que
julga.

Na verdade , tendencialmente o objeto do processo fixa-se no final do inquérito, com a


acusação;

§ RAI: REQUERIMENTO PARA ABERTURA DA INSTRUÇÃO DO ARGUIDO:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 O arguido pode requerer RAI nos termos do artigo 287/1/a) do CPP, ou seja, o
arguido pode suscitar o controlo jurisdicional da acusação do MP, e não deve de
maneira alguma, impor limites a esta faculade de abertura de instrução, sob pena
de violar o preceito constitucional que diz que a instrução visa a garantia dos
direitos de defesa.
 No entanto a alínea a) parece circunscrever o RAI do arguido à discussão dos
factos. A análise do número 2 não contraria esta impressão, pois diz que o
requerimento deve conter uma súmula das razões de facto e de direito. Este “e”
parece significar que o arguido não pode requerer instrução somente para
discutir a matéria de direito. Mas há argumentos importantes a justificar que o
arguido deva poder requerer a abertura de instrução só para discutir questões de
direito:

a) Pensando na desejável igualdade de armas entre arguido e assistente,


verificamos que o assistente tem sempre oportunidade de discutir se quiser,
só questões de direito.
b) Depois temos o argumento de que a regra é que cabe recurso a todos os
despachos , nos termos do artigo 399.º do CPP; É verdade que não há
recurso do despacho de acusação, mas isso não acontece porque o recurso é,
materialmente, o acesso à fase de instrução.

E repare-se que o requerimento probatório pode incidir sobre matéria factual, apenas ou
matéria de direito, pelo que pode limitar-se a atacar os factos, ou simplesmente, limitar-
se a atacar as qualificações jurídicas da acusação.

§ E se a inquirição tivesse sido requerida por D ao MP na fase de inquérito? Se o


MP ignorasse, a acusação era nula nos termos do artigo 283/3, porque a acusação tem de
conter o rol de testemunhas (alínea d);

Não muda no geral:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

A) REQUISITOS PARA O RAI:

 Não está sujeito a formalidades especiais, devendo conter as razões de facto e de


direito que conduzem o sujeito processual (assistente ou arguido) a não
concordar com a decisão que foi tomada em sede de inquérito.

 Legitimidade para RAI:

o 287º/1/a) – arguido no prazo de 20 dias a contar da notificação da acusação:

1. Do MP – crimes públicos e Semi-públicos;


2. Do assistente – crimes particulares

o 287º/1/b) – assistente no prazo de 20 dias depois da notificação da decisão de


arquivamento, exceto quando se esteja perante um crime de natureza particular:

3. Do MP, nos casos do 277º


4. Quando o assistente queira introduzir fatos novos que comportem uma ASF, por
diferirem do objeto da acusação.

 Despacho de abertura de instrução – 287º o Os sujeitos processuais


envolvidos têm que ser notificados.

§ FUNDAMENTOS DO INDEFERIMENTO;

O RAI só pode ser rejeitado por extemporâneo, por incompetência do juiz ou por
inadmissibilidade legal da instrução (287.o/3 CPP).

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

1.A inadmissibilidade legal constitui uma das três formas legalmente previstas de
rejeição do requerimento para abertura de instrução.

2.Um dos princípios que presidem às normas processuais é o da economia processual,


entendida esta como a proibição da prática de actos inúteis, conforme estabelece o art.
137.º CPC, aplicável ao processo penal nos termos do art. 4.º do CPP, por o princípio
que lhe serve de substrato se harmonizar em absoluto com o processo penal.

3.Há afloramentos deste princípio em diversas normas do CPP, nomeadamente no art.


311.º, ao permitir ao juiz rejeitar a acusação manifestamente infundada, e no art. 420.º,
que prevê a rejeição do recurso quando for manifesta a sua improcedência.

4.Dado o paralelismo entre a acusação e o requerimento para abertura da instrução


apresentado pelo assistente, deve aquilatar-se da possibilidade de aplicação ao
requerimento para abertura da instrução do disposto no art. 311.º, que considera
manifestamente infundada a acusação: a) quando não contenha a identificação do
arguido; b) quando não contenha a narração dos factos; c) se não indicar as disposições
legais aplicáveis ou as prova que a fundamentam; d) se os factos não constituírem
crime.

5.De igual modo, se, pela simples análise do requerimento para abertura da instrução,
sem recurso a qualquer outro elemento externo, se dever concluir que os factos narrados
pelo assistente jamais poderão levar à aplicação duma pena, estaremos face a uma fase
instrutória inútil, por redundar necessariamente num despacho de não pronúncia.

6.No conceito de “inadmissibilidade legal da instrução”, haverá, assim, que incluir,


além dos fundamentos específicos de inadmissão da instrução qua tale, os fundamentos
genéricos de inadmissão de actos processuais em geral.

§ FIM DA INTRUÇÃO;

Encerrado o debate instrutório, o juiz profere a decisão instrutória (307.o CPP):

• Pronúncia (308.º/1, primeira parte, CPP): caso tenham sido recolhidos indícios
suficientes de se terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação ao
arguido de uma pena ou de uma medida de segurança;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

• Não pronúncia (308.o/1, segunda parte, CPP): caso não tenham sido recolhidos
indícios suficientes de se terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação
ao arguido de uma pena ou de uma medida de segurança, ou procedência de questão
processual, prévia ou incidental, que obste ao conhecimento do mérito da causa;

• Arquivamento em caso de dispensa de pena (280.o/2 CPP): com a concordância do


MP e do arguido, mas
não do assistente;

• Suspensão
provisória
do processo
(307.o/2 CPP): com a
concordância
do MP do arguido e
do assistente.

§ ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO INSTRUTÓRIA

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Quando o Juiz de Instrução lavra um despacho de pronúncia em que inclui factos que
constituem uma alteração substancial do objeto do processo, esse despacho é nulo:

• Esta nulidade é sanável, como consta do art. 309.o/2 CPP, porque tem de ser “arguida
no prazo de oito dias contados da data da notificação da decisão”;

• A arguição é para o Juiz de Instrução;

• O Juiz de Instrução pode deferir ou indeferir a reclamação;

• Se tivermos um despacho de indeferimento da arguição danulidade, este sim, é


um despacho recorrível (art. 310.o/3 CPP).

§ REGIME DA PRODUÇÃO DA PROVA; NA FASE DE INSTRUÇÃO; QUAL É O CRITÉRIO?

 Os atos que o requerente pretende que o Juiz de Instrução leve a cabo, a


análise dos meios de prova que não tenham sido considerados no
inquérito e dos factos que, através de uns e de outros, se espera provar.
Não podem ser indicadas mais de 20 testemunhas (287.o/2 CPP).
 Provas admissíveis: 292.º do CPP;

• Os atos concretos que o juiz entenda necessários (288.o/4 CPP).

§ FAZ SENTIDO FALAR DE DESPACHO DE APERFEIÇOAMENTO EM RELAÇÃO AO RAI?

1. Arguição de Nulidade da Decisão Instrutória

Quando o Juiz de Instrução lavra um despacho de pronúncia em que inclui factos que
constituem uma alteração substancial do objeto do processo, esse despacho é nulo:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

• Esta nulidade é sanável, como consta do art. 309.o/2 CPP, porque tem de ser “arguida
no prazo de oito dias contados da data da notificação da decisão”;

• A arguição é para o Juiz de Instrução;

• O Juiz de Instrução pode deferir ou indeferir a reclamação;

• Se tivermos um despacho de indeferimento da arguição danulidade, este sim, é um


despacho recorrível (art. 310.o/3 CPP).

2. RECURSO DA DECISÃO INSTRUTÓRIA

• O despacho de pronúncia válido é recorrível quando incidir sobre factos que não
constam da acusação do MP.

• O art. 310.o/1 CPP é uma regra excecional, que admite interpretação enunciativa a
contrario: fora do caso previsto, o despacho de pronúncia válido é recorrível.

• De resto, é a regra geral do art. 399.o CPP.

 O despacho de não pronúncia é recorrível nos termos gerais do art. 399.o CPP.

7. Poderia C constituir-se assistente no âmbito do referido processo crime


atendendo ao facto de B ter declarado expressamente que não o pretendia
fazer? E E irmão de A? Quem poderia constituir-se Assistente este
processo?

C e B podiam se constituir como assistentes; a inestistencia para a preferência é o


artigo 113/3.º do CP; (argumento sistemático);

Quanto ao Irmão, está no segundo grupo da alínea c) do artigo 68.º do CPP; - temos de
entender o que se entende como na falta deles, é uma falta de exercício ou falta física,
se for falta de exercício.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Ac. TC 136/2007;

Caso:

Houve um recurso de A, do acórdão proferido pela Relação de Lisboa de 11 de maio de


2006 que rejeitou o sue pedido de constituição como assistente. Sustentou o seguinte
requerimento de interposição de recurso:

a) Foi a constituição de assistente requerida pela Recorrente indeferida, em virtude


de, na pespetiva do Juiz de Instrução do Tribunal de Loures. Atenta a sua
qualidade de tia de B, não ter legitimidade ara o efeito, nos termos da lei
processual penal que rege a situação em apreço, concretamente ao rtigo 68/1/c)
dp CPP;
b) Sucede que a intervenção da requerente, naquele procedimento, não foi
requerida na sua qualidade de herdeira e representante da ascendente da
ofendida, C, sobreviva à morte desta, mas falecida no decurso do inuq+erito; -
ao abrigo do art. 2039.º e art. 20142.º do CC;
c) A recorrente havia suscitado que a interpretação restritiva do artigo 68/1/c) do
CPP, operada pelo Juiz de Instrução do Tribuna, de Loures, e a hora, confirmada
pelo Tribunal da Relação de Lisboa, punha em causa o disposto no artigo 20.º/1,
art. 32/7.º da CRP,
d) O recurso foi, nos termos do art. 78-A da LTC, julgado manifestamente
improcedente; - por decisão sumária:

- De nenhum preceito da CRP resulta a obrigação de o legislador ordinário


admitir como assistente em processo penal. No caso de o ofendido morrer sem
ter renunciado à queixa, um tio do ofendido; A invocada doutrina dos artigos
2039.ºCC e 2042,º do CC,que se reportam a uma matéria que nada tem a ver
com este problema, é obviamente imprestável para determinar l alcance da
estatuição constitucional quando ao assunto;
- No caso, o artigo 20/1.º há-de ser interpretado de acordo com o que dispõe o
artigo 32/7.º do CRP, por ser o preceito que se refere especificamente ao direito
do ofendido de intervir no processo; Ora esta norma, não determina , nem de

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

alguma forma modela , o conteúdo do direito do ofendido, limitando-se a


remeter para a lei ordinária a sua concretização;

O Ministério público referiu:

a) A norma questionada atribui legitimidade para a constituição de assistente, no


caso de morte do ofendido, apenas a determinados familiares deste:
1. Conjuges; não separados de pessoas e bens;
2. Descendentes e adotados;
3. Ascendentes e adoptantes;
4. Subsidiariamente, na falta deles, aos irmãos e seus descendentes e à pessoa que
com o ofendido falecido vivesse em situação de união de facto duradoura;

b) Violará algum dos princípios constitucionais elencados pela reclamante a


circunstância de a lei processual penal não outorgar legitimidade para a
constituição de assistente a outros colaterais até ao quarto grau do ofendido
falecido, permitindo aos tios – mesmo que existam familiares tipificados na
norma penal questionada exercer o direito de se constituírem assistentes?

 A resposta não poderá deixar de ser negativa, já que tal solução normativa, não
violou manifestamente o princípio da igualdade já que assenta numa
discriminação fundada na própria hierarquia das classes sucessórias;
 Não atenta contra o preceito constitucional de família, já que permite
amplamente aos familiares , cujo vinculo assenta na família-estirpe;

Ofendido; Tese da Professora + artigo do Augusto Silva Dias;

Conceção restrita pura alargada – Prof. FD;

Conceito amplo de ofendido;

Conceito restritivo alargado;

Ver Acórdão para perceber a evolução;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

+ dois crimes: crime de denuncia caloniosa; 375 do CP; + desobediência qualificada;

Perguntas 7; o assistente; e ofendido;

26 de abril: 13h; -

Estatuto do assistente;

Conceito de ofendido – prof. augusto silva dias – restrito, amplo;

Segunda – feira: arguido;

Pergunta nove;
TESTE DIA 2 DE MAIO;

§ 9. Admitindo que C se constituiu Assistente no âmbito do processo-crime referido


em 7.1 (crime de injúria), poderá requerer abertura da instrução no âmbito do
mesmo por se ter esquecido de um facto essencial para a imputação ao Arguido do
respetivo crime?

Ac. TRP de 21.02.2018 Crime de injúria. Queixa. Assistente. Declaração. I - Na apresentação


de queixa por crime particular, é obrigatória, nos termos do artº 246, n.º 4 CPP a declaração do
denunciante de que pretende constituir-se assistente.II - Apresentada denuncia por escrito
subscrita pelo denunciante, pelo crime do artº 181º CP, sem conter a declaração de que pretende
constituir-se assistente, a mesma não se mostra validamente efectuada.III - Tal falta não pode
ser suprida decorrido o prazo para o exercício do direito de queixa.

Artigo 188.º

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Procedimento criminal
1 - O procedimento criminal pelos crimes previstos no presente capítulo depende de acusação particular, ressalvados
os casos:
a) Do artigo 184.º; e
b) Do artigo 187.º, sempre que o ofendido exerça autoridade pública;
em que é suficiente a queixa ou a participação.
2 - O direito de acusação particular pelo crime previsto no artigo 185.º cabe às pessoas mencionadas no n.º 2 do
artigo 113.º, pela ordem neste estabelecida.

O art. 69.º do CPP, dispõe que os assistentes têm a posição de colaboradores do


Ministério Público, a cuja atividade subordinam a sua intervenção no processo, salvas as
exceções previstas na lei.

A exceções da lei são múltiplas, e de diversa natureza, condicionando a própria ação do


MP, nuns casos e fiscalizando-a noutros;

 Nos crimes particulares, a atividade instrutória do MP é desde logo


condicionada pela própria constituição de assistente, sem a qual o
procedimento não pode prosseguir para além da queixa e a sua prossecução para
além do inquérito depende da acusação particular do assistente;
 Nos crimes semi-públicos e crimes públicos, se o assistente discordar das
decisão do MP, findo o inquérito, pode autonomamente requerer a abertura da
instrução , deduzindo deste modo uma acusação substancialmente diversa da do
MP ou contrária à sua decisão de arquivamento, trata-se de uma função de
fiscalização.
 Nos crimes particulares a posição de colaborador do assistente relativamente ao
MP não é tão clara, mas não deixa de o ser ainda, porquanto se é certo que, em
razão da natureza dos crimes particulares, o assistente pode condicionar o
procedimento, não deduzindo acusação ou delimitando o objeto do processo, o
MP deve submeter também à apreciação do tribunal a sua apreciação fáctico-
jurídica, acompanhando ou não o assistente, e não sofrendo qualquer limitação
nos seus poderes de intervenção processual, sempre e só inspirado pela justa
realização do direito no caso;

§ ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE ÉVORA | 07-03-2017

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

I – A doutrina fixada pelo STJ no seu AUJ n.º 1/2015 deve ser aplicada ao
requerimento de abertura da instrução apresentado pelo assistente.

II – Estando em causa crimes dolosos e verificando-se que o requerimento para abertura


da instrução não obedece à estrutura acusatória do processo, nem assegura as garantias
de defesa dos arguidos, nos termos previstos nos art.ºs 283º, n.º 3, alínea b), e 287º, n.º
2, do C.P.P., sendo omisso em relação aos elementos subjectivos de tais crimes, isto
é, quanto aos elementos constitutivos do dolo, concretamente no que respeita aos
elementos intelectual (representação dos factos), volitivo (vontade de praticar os
factos) e emocional (consciência de estar a agir contra o direito), nenhuma censura
merece a decisão recorrida quando rejeitou o requerimento para a abertura da
instrução.

Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra | 27-04-2016

I - O requerimento de abertura de instrução do assistente deve


estruturar-se, substancialmente, como uma verdadeira acusação, como
uma acusação alternativa à que, na perspectiva do requerente, foi, mas
não devia ter sido, omitida pelo Ministério Público.

II - Do requerimento para abertura da instrução do assistente deve


constar, além do mais, a narração, ainda que sintética, dos concretos
factos imputados ao arguido e as normas legais aplicáveis.

III - Não deve haver lugar ao convite ao aperfeiçoamento do


requerimento para abertura da instrução apresentado pelo assistente,
quando nele tenha sido omitida a indicação das disposições legais
aplicáveis.

IV - Esse requerimento de abertura de instrução enferma de nulidade por


ter omitido a indicação das disposições legais aplicáveis, e determina a
inadmissibilidade legal ou a inexequibilidade da instrução por falta de
objecto.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ 9.1 E o Tribunal poderia suprir tal “deficiência”, em nome da descoberta da


verdade material? E poderia remeter o processo para a fase de inquérito, para o
MP suprir nulidades do inquérito?

Quanto à segunda questão:

 Sumário do Acórdão do STJ de 27 de abril de 2006:


i) Do regime legal resulta, pois, que é autónoma a intervenção do MP no
inquérito e do juiz de instrução na fase eventual que se lhe segue:
ii) E se existe autonomia de atuação, não tem fundamento legal qualquer
“ordem” , nomeadamente do juiz de instrução, para ser cumprida no
Âmbito do inquérito por quem não deve obediência institucional, nem
hierárquica a tal injunção;
iii) O juiz de instrução não pode devolver o processo ao MP para eventual
suprimento de uma nulidade de inquérito;
 Não é curial que o juiz possa intrometer-se na atividade de investigação de
recolha de provas, salvo se se tratar de atos necessários à salvaguarda de direitos
fundamentais. A direção do inquérito pertence ao Ministério Público e só a ele
compete decidir quais os atos que entende dever levar a cabo para realizar as
finalidades do inquérito | GERMANO MARQUES DA SILVA;
 A questão fulcral aqui a discutir consiste em saber se o juiz de instrução em
face de uma alegada nulidade do inquérito, pode devolver o processo ao MP
para eventual suprimento, mantendo-se aberta a instrução e encerrado o
inquérito.
 O STJ pronunciou-se em sentido negativo;
 Encerrado o inquérito e aberta a instrução, abre-se uma fase autónoma do
processado cuja direção radica doravante no juiz de instrução, que, com total
autonomia ordena as diligências que tenha por necessárias ao fim dessa fase
eventual: proferir decisão instrutória;
 Ora se as duas fases processuais em causa são independentes e autónoma a
atuação de quem respetivamente as dirige, cada qual terá de assumir as suas
responsabilidades, isto é, se não se quer cair numa situação inultrapassável de

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

impasse processual, a que sempre haveria que por termo face – nomeadamente
ao regime subsidiário aplicável – art. 6.º e 411.º do CPC (princípio do
inquisitório); - socorrer-se dos meios de que dispõe para, por si só, ultrapassar a
detectada deficiência processual;
 É justamente por isso, que, situando-nos embora, numa fase preliminar do
processo, e grosso modo , em sede preliminar, a lei põe à disposição do juiz de
instrução os poderes necessários para levar a cabo todos os atos processuais que,
segundo a sua livre resolução, possibilitem a decisão que tende o processo:
pronúncia ou não pronúncia. E dentro desses atos, necessariamente os que
possibilitem ultrapassar qualquer nulidade suprível.
 O que o juiz não pode é na lógica, do sistema legal vigente «ordenar» ao
Ministério Público, entidade igualmente com plena autonomia no processo,
na realização dessa ou outras diligências.

11.02 – AULA EXTRA|

§ CASO 11;

DP – art. 308.º CPP; -- válido

Temos de ter em conta o artigo 310/1.º do CPP; é recorrível; SALVO DUPLA


CONFORME; - (regra excecional);

DP  inválido; (art. 309/1.º do CPP)

ASF  nulidade atípica (8 dias) JIC; há indeferimento por exemplo;

Tem de se arguir a nulidade para haver recurso: nos termos do art 310/3.º do CPP;

Quinta feira casos 13, 16, 17, e o 18 e o 19;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Sessões de escalarecimento;

Caso 13 | Poderia o MP confrontar o Arguido com as declarações prestadas por


este durante a fase de inquérito?

§ Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra | 04-02-2015

I- Mesmo antes das modificações introduzidas nos artigos 141.º, n.º 4 , al.
b) e 357.º, al. b), do Código de Processo Penal, pela Lei n.º 20/2013, era
possível utilizar em audiência de julgamento conversas do arguido
noutras fases processuais, mesmo em situações em que o arguido exercia
o direito ao silêncio, como acontecia nas situações de escutas telefónicas
transformadas em prova documental e acontecia com a prova da
reconstituição de factos.
II- O art. 357.º, n.ºs 1 a 3, do Código de Processo Penal, é claro no sentido
de que a valoração das declarações prestadas pelo arguido devidamente
informado nos termos do art.141.º, n.º 4, alínea b), do mesmo Código,
exige a reprodução ou leitura das mesmas em audiência de julgamento,
para cumprimento do contraditório e embora de algum modo limitado,
dos princípios da imediação e da oralidade.
III- Não tendo sido lidas em audiência de julgamento as declarações
prestadas pelo arguido no inquérito, a valoração das suas declarações
constitui valoração proibida de prova, nos termos do art.355.º do C.P.P.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Direitos do arguido: (quantas às declarações):

1. Obrigatoriedade de assistência de defensor em todos os interrogatórios feitos por


autoridade judiciária (art.º 64.º, al. c) do CPP) – incluindo os realizados perante
o MP, mesmo que o arguido se encontre em liberdade – e, bem assim, no debate
instrutório e na audiência (onde só era obrigatório nos casos em que fosse
possível aplicação de pena de prisão ou medida de internamento);
2. Dever de Informação de que não exercendo o direito ao silêncio as declarações
que o arguido prestar poderão ser utilizadas no processo, mesmo que julgado na
ausência, ou não preste declarações em audiência de julgamento, estando
sujeitas à livre apreciação da prova (art.º 141.º, n.º 4, b) do CPP) - alteração da
Lei 20/2013;
3. Permite-se a leitura em audiência de julgamento das declarações do arguido
prestadas durante o inquérito ou instrução, desde que (requisitos
cumulativos): a) Prestadas perante autoridade judiciária (Juiz ou MP);
b.) Com assistência de defensor;
c.) E em que o arguido tenha sido devidamente advertido da possibilidade
da sua futura valoração em julgamento (357.º, n.º 1, alínea b) do CPP,
na redação da Lei 20/2013)

[deixou, pois, de ser necessário que o arguido requeira a leitura, ou preste declarações
em audiência e haja contradições e discrepâncias com as declarações já prestadas
anteriormente]

 As declarações lidas em audiência não valem como confissão nos termos e para
os efeitos do artigo 344.º do CPP, ou seja, ficam, sempre, sujeitas à livre
apreciação judicial – 357.º, n.º 2 do CPP;

§ AS ALTERAÇÕES REFERIDAS ALTERARAM A NATUREZA JURÍDICA DAS DECLARAÇÕES DE


ARGUIDO? SERÃO ELAS, ATUALMENTE, UM MEIO DE PROVA OU MEIO DE DEFESA?

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Pese embora não haja unanimidade na doutrina, a generalidade dos autores tende a
atribuir às declarações do arguido uma dupla natureza: meio de prova e meio de
defesa. Por todos, FIGUEIREDO DIAS, que entende que “qualquer dos
interrogatórios tem de ser revestido de todas as garantias devidas ao arguido como
sujeito do processo – e constitui, nessa medida e naquela outra em que tem de respeitar
a inteira liberdade de declaração do arguido, uma expressão do seu direito de defesa ou,
se quisermos, um meio de defesa.
Mas também qualquer dos interrogatórios visa contribuir para o esclarecimento
da verdade material, podendo nesta medida legitimamente reputar-se um meio de
prova”

As alterações de 2013 – acentuam, em nosso entender, a dimensão de meio de


prova – ao preverem que as declarações prestadas perante autoridade judiciária em fase
de inquérito ou instrução, cumpridos os demais requisitos assinalados, possam ser
reproduzidas e valoradas em sede de audiência de julgamento.

§ DA (IN) CONSTITUCIONALIDADE DA SOLUÇÃO LEGAL:

Concordância prática entre o poder/dever punitivo do Estado, os interesses da vítima


e da comunidade em geral na punição de delinquentes e na reafirmação da norma
jurídica violada e:
- Princípio do acusatório/estrutura acusatória;
- Princípio da proibição da autoincriminação/núcleo “duro” das garantias de
defesa;
- Princípios da igualdade de armas/contraditório, da imediação e oralidade e da
livre apreciação, que é ancorado de forma essencial nestes dois últimos.

Muito breve síntese doutrinária nacional: - PAULO SOUSA MENDES– critica a


solução por colocar em crise a estrutura acusatória do processo penal e ameaçar os
princípios do contraditório, da igualdade de armas, da oralidade e da imediação.

No sentido da conformidade do regime, com exceção do aproveitamento das


declarações prestadas perante o Ministério Público, Joana Boaventura Martins.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ TAL COMO OCORRE COM A PROVA DOCUMENTAL, PODEM AS DECLARAÇÕES

PRESTADAS PELO ARGUIDO SER VALORADAS SEM NECESSIDADE DE EFETIVA

REPRODUÇÃO/LEITURA EM SEDE DE AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO?

Ac. TRC de 4.2.2015, rel. Orlando Gonçalves:


I. O art. 357.º, n.ºs 1 a 3, do Código de Processo Penal, é claro no sentido de
que a valoração das declarações prestadas pelo arguido devidamente
informado nos termos do art.141.º, n.º 4, alínea b), do mesmo Código, exige
a reprodução ou leitura das mesmas em audiência de julgamento, para
cumprimento do contraditório e embora de algum modo limitado, dos
princípios da imediação e da oralidade.
II. Não tendo sido lidas em audiência de julgamento as declarações
prestadas pelo arguido no inquérito, a valoração das suas declarações
constitui valoração proibida de prova, nos termos do art.355.º do C.P.P.

§ SE O JUIZ OU O MP VIOLAREM AS REGRAS PARA A TOMADA DE DECLARAÇÕES AO


ARGUIDO: PRESENÇA DE DEFENSOR E PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO NOS TERMOS E

PARA OS EFEITOS DO DISPOSTO NO ARTIGO 147.º, N.º 4, ALÍNEA B) (DE QUE NÃO

EXERCENDO O DIREITO AO SILÊNCIO AS DECLARAÇÕES QUE O ARGUIDO PRESTAR

PODERÃO SER UTILIZADAS NO PROCESSO, MESMO QUE JULGADO NA AUSÊNCIA, OU

NÃO PRESTE DECLARAÇÕES EM AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO, ESTANDO SUJEITAS À

LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA ), QUAL A CONSEQUÊNCIA?

 “ a omissão ou violação do dever de informação, bem como a falta de assistência


de defensor, determinam a impossibilidade de as declarações serem utilizadas,
assegurando uma decisão esclarecida do arguido quanto a posterior utilização
dessas declarações que, livremente, decide prestar” (Exposição de Motivos da
Proposta de Lei).
 Verdadeira proibição de valoração de prova.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 Efeito à distância das proibições de prova – 122.º, n.º1 do CPP: “As nulidades
tornam invalido o acto em que se verificarem, bem como os que dele
dependerem e aquelas puderam afectar”.
 Análise casuística (p.ex. a falta de defensor desencadeia, em principio, o efeito à
distância/a falta de advertência pode não acarretar, e o seu efeito limitar-se à
impossibilidade de utilização dessas declarações, com aproveitamento das
provas consequenciais)

Nota para reflexão - Regime diferenciado, consoante o arguido preste declarações


perante autoridade judiciária em fases anteriores à audiência ou perante o juiz do
julgamento. - Artigo 345.º, n.º 1 do CPP, em sede de audiência, se se dispuser a prestar
declarações, o “arguido pode, espontaneamente ou a recomendação do defensor, recusar
a resposta a alguma ou a todas as perguntas, sem que isso o possa desfavorecer”. -
Artigo 141.º, n.º 6 “Durante o interrogatório, o Ministério Público e o defensor, sem
prejuízo do direito de arguir nulidades, abstêm-se de qualquer interferência, podendo o
juiz permitir que suscitem pedidos de esclarecimentos das respostas dadas pelo arguido.
Findo o interrogatório, podem requerer ao juiz que formule àquele as perguntas que
entenderem relevantes para a descoberta da verdade. O juiz decide, por despacho
irrecorrível, se o requerimento há-de ser feito na presença do arguido e sobre a
relevância das perguntas”

- Por questões de concordância sistémica do regime, deve hoje aceitarse que no decurso
do primeiro interrogatório judicial e dos restantes interrogatórios perante AJ, após a
informação dos factos imputados e dos elementos do processo que os indiciam, “o
arguido tem o direito de conferenciar com o seu defensor, nomeadamente para o assistir,
esclarecendo-o sobre o seu direito de responder ou não”, na medida em que a lei
assegura ao arguido o direito de assistência por defensor em todos os atos do processo –
como já defendia Germano Marques da Silva. - Deve permitir-se, ainda, breves
interrupções, perante as questões formuladas, para conferência com o defensor, desde
que não obstaculizem a eficácia e decurso normal do interrogatório. - Deve, finalmente,
em nosso entender, conferir-se uma maior amplitude na admissão dos esclarecimentos e
das questões a formular, a final, pelo defensor.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ 15. SE O TRIBUNAL SE TIVESSE CONVENCIDO DE QUE O ARGUIDO MENTIU

(DELIBERADA E DESCARADAMENTE) AO LONGO DO PROCESSO, PODERIA VALORAR

NA SENTENÇA TAL COMPORTAMENTO COMO AGRAVANTE DA PENA?;

Art. 61/1/b) do CPP, Direito a mentir e falsas declarações;

§ 16. Depois de exercido o direito de queixa num crime de injúrias, será possível ao
queixoso, enquanto lesado, intentar uma ação civil autónoma pedindo uma
indemnização civil fundada nos mesmos factos?

 Neste caso temos de ter em conta o art. 71.º do CP, art. 72/1/c) do CPP, e
número 2 do art. 72.º do CPP;
 Temos de ter em conta ainda o art. 75.º do CPP; e art. 77.º do CPP;

Assento.n.º|5/2000
A dedução, perante a jurisdição civil, do pedido de indemnização, fundado nos mesmos factos que
constituem objecto da acusação, não determina a extinção do procedimento quando o referido pedido
cível tiver sido apresentado depois de exercido o direito de queixa se o processo estiver sem
andamento há mais de oito meses após a formulação da acusação.

 Assento do STJ n.º5/2000;

No acórdão recorrido decidiu-se que o art. 72.º do CPP de 1987 « estabelece uma
presunção individual de renúncia tácita a um direito, não distinguindo se antes se depois
do exercício da ação penal»;

 Um renúncia legal imposta por lei, que não é impedida pelo facto de já ter
sido efetuada uma queixa-crime;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

 No acórdão recorrido decidiu-se que o artigo 72.o do Código de Processo Penal


de 1987 «estabelece uma presunção individual de renúncia tácita a um
direito, não distinguindo se antes se depois do exercício da acção penal», o
que equivale a «uma renúncia legal [. . .] imposta por lei, que não é
impedida pelo facto de já ter sido efectuada uma queixa crime».
 Em oposição, no acórdão fundamento decidiu-se que «a renúncia, expressa ou
tácita, voluntária ou imposta por lei, só poderá ter lugar, tratando-se do
direito de queixa, antes de esta ser apresentada» e «mesmo que assim não
sucedesse [. . .] teria de interpretar-se o citado artigo 72.o do Código de
Processo Penal de forma que a renúncia a que se refere o seu n.o 2 só tivesse
eficácia quando o pedido de indemnização cível, ao ser deduzido em separado,
perante o tribunal civil, tivesse fundamento único na alínea c) do seu n.o 1».
 Os dois acórdãos consagram, assim, soluções diametralmente opostas
relativamente à mesma questão de direito, no domínio da mesma legislação — o
artigo 72.o do Código de Processo Penal. Em ambos a questão decidida era a
mesma, a da repercussão que tem numa acção penal a dedução, perante a
jurisdição civil, de um pedido de indemnização fundamentado nos mesmos
factos que são objecto do processo penal, nos casos em que o pedido de
indemnização tenha sido formulado depois de ter sido exercido o direito de
queixa e em que o processo penal está sem andamento por mais de oito meses
após a formulação da acusação.
 Todavia, não devem confundir-se os conceitos, uma vez que a renúncia
incide sobre o direito de indemnização, enquanto a desistência respeita
directamente sobre o pedido formulado.
 Por outro lado, estatui o Código Penal revisto no seu artigo 116.o que o
direito de queixa não pode ser exercido se o titular a ele expressamente tiver
renunciado ou tiver praticado factos donde a renúncia necessariamente se
deduza e o queixoso pode desistir da queixa, desde que não haja oposição do
arguido, até à publicação da sentença da 1.a instância. «A desistência
impede que a queixa seja renovada.»
 Todavia, como decorre do disposto no artigo 116.o, n.os 1 e 2, do Código Penal
revisto, a renúncia e a desistência da queixa não podem confundir-se porquanto
a renúncia incide sobre o direito, pressupondo uma acção efectivável antes de o
procedimento criminal estar instaurado, e a desistência incide sobre o pedido

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

formulado, o que veda a possibilidade de vir a ser renovada, pressupondo que


ela já foi exercida. E, contrariamente ao que sucede com a renúncia, a
desistência da queixa exige a não oposição do arguido para que seja eficaz.
 Na lei processual penal em vigor, contrariamente ao sucedido com o Código de
1929, a possibilidade de deduzir o pedido de indemnização cível em separado
quanto aos crimes semipúblicos e particulares prevê-se, na alínea c) do artigo
72.o citado, como uma hipótese autónoma relativamente às demais situações
referidas no mesmo diploma legal.
 No n.o 2 do artigo 72.o do Código de 1987, o legislador, quando fala em
«renúncia», refere-se à renúncia no sentido estrito do termo, e portanto
circunscrito aos casos em que o direito de queixa ainda não foi exercido. Por
isso, face ao preceituado no n.o 2 do artigo 72.o do Código de 1987, podemos
desde já dar como assente que «a renúncia expressa ou tácita, voluntária ou
imposta por lei só poderá ter lugar, tratando-se do direito de queixa, antes
de este ser exercido».
 Deste modo, uma vez exercido o direito de queixa, e não sendo viável a ele
renunciar, resta somente a possibilidade de desistir da queixa. Mas para que
esta desistência seja válida importa, para além do requisito temporal — até
à publicação da sentença, na 1.a instância —, que o arguido não se oponha.
 Afinal, consistindo a questão em apreço em saber que repercussão tem na acção
penal a dedução, perante a jurisdição civil, de um pedido de indemnização
fundado nos mesmos factos que constituem objecto daquela, quando o referido
pedido de indemnização haja sido apresentado depois de exercido o direito de
queixa e estando o processo sem andamento há mais de oito meses após a
formulação da acusação, e afastada pelo que se disse a possibilidade de falar em
renúncia ao direito de queixa ou de acusação particular, quando o respectivo
titular, tendo-o já exercido, deduzir em separado o pedido de indemnização civil,
resulta que, não determinando extinção de procedimento criminal a mera
dedução em separado do pedido de indemnização, fundado nos mesmos factos
que constituem objecto da acusação, quando o referido pedido civil tiver sido
apresentado depois de exercido o direito de queixa e o processo se encontrar sem
andamento há mais de oito meses, o que sucederá é a extinção da acção penal,
por desistência da queixa, desde que ocorram os pressupostos exigidos pelo
artigo 116.o, n. o2, do Código Penal revisto.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

17 – Imagine que no âmbito de um processo-crime no qual foi deduzido pedido de


indemnização cível, já em sede de audiência de discussão e julgamento, o Arguido
confessa integralmente e sem reservas a prática de um crime de que vinha sido
acusado;

17.1:

 Temos de fazer uma distinção entre o crime, e o pedido de indemnização civil: a


quem entenda que a confissão é suficiente, e há quem entenda que a confissão
por si nunca;
 Art. 344.º CPP;
 Em termos de formalidades da confissão, o artigo 344º do CPP estabelece que
devem ser explicadas ao arguido as consequências da confissão e que a
confissão deve reunir um conjunto de características: ser livre,
incondicional e integral. Se o arguido declarar na audiência que pretende
confessar os factos que lhe são imputados, o juiz deve perguntar-lhe se o faz de
livre vontade e fora de qualquer coação e se quer fazer uma confissão integral e
sem reservas. Se o arguido responder que sim, o juiz deve ainda informar o
arguido dos efeitos jurídicos da confissão.

E) CONSEQUÊNCIAS DA VIOLAÇÃO DAS FORMALIDADES DA CONFISSÃO

As formalidades do artigo 344º do CPP terão que ser cumpridas sob pena de nulidade.
Trata-se de nulidade dependente de arguição, nos termos da alínea a) do nº 3 do artigo

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

120º do CPP. Porém, em casos residuais, poderemos estar perante verdadeira proibição
de prova, designadamente quando a confissão tiver sido obtida mediante tortura, coação,
ofensa da integridade física ou moral ou promessa de vantagem legalmente inadmissível
(cf. artigo 126º, nºs 1 e 2 do CPP)19.

17.2: Análise do art. 82.ºA: Posição do Prof. Paulo Pinto Albuquerque: - só quando o
lesado não deduz oposição;

17.3: Em que termos seria arbitrada essa indemnização: não abrange lucros cessantes,
apenas danos emergente;

VI – OBJETO DO PROCESSO E O PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO TEMÁTICA;

CASO PRÁTICO 2

A foi acusado da prática de um crime de “furto simples” – de um motociclo nos termos


do art. 203.º do CPP. No julgamento , perante prova testemunha produzida, o Tribunal
descobre que o Arguido “para furtar o motociclo , arrancou o canhão da fechadura da
garagem comum do prédio identificado na acusação e descarnou os fioz da fechadura
elétrica, tendo após, acedido ao interior da garagem e de lá retirado e levado consigo o
motociclo” integrando deste, modo o tipo de furto qualificado , nos termos do art.
203.º , n.º1, art. 204/2/e) e art. 202/d) do CP – Como deverá o Tribunal proceder?

1. O OP fixa-se a partir da acusação do MP (art. 283/1.º do CPP) ou do


requerimento para abertura de instrução pelo assistente (art. 287/1/b) do CPP;
2. Em primeiro lugar, estamos perante o regime da alteração substancial dos factos:
art. 1/1/f)

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

O que é um facto processual?

 Naturalistas: pedaço da vida, facto ontologicamente considerado;


 Normativistas: facto valorado jurídico-penalmente, axiologicamente valorado;
 Castanheira Neves: Quid ontológico, (caso concreto da vida real), mas
valorado ontologicamente;
 F. Isasca – Pedaço da vida, real ou hipotético, que se destaca da realidade e se
submete a apreciação judicial;

Os factos são totalmente independentes? Relação entre os factos anteriores e


posteriores – neste caso os factos não são totalmente independentes:

Alteração dos factos: variação na descrição os mesmos factos. + adição de novos


factos;

1. Se houver alteração dos factos, podemos estar perante uma alteração


substancial de factos – art. 1/1/f) ou não; neste caso estamos: porque a ASF tem
dois critérios um qualitativo (crime diverso) e outro quantitativo (agravação dos
limites máximos da moldura abstratamente aplicável), que era o caso, pois
houve uma mudança de crime de furto simples, para furto qualificado, em que a
moldura penal aumentou os seus limites mínimos e máximos; Há uma alteração
substancial de factos, por via do critério quantitativo;
2. Por sua vez , este regime da ASF, é variável, consoante os factos novos forem:

1. Autonomizáveis;

a) Critério do concurso ideal; ( quando há uma única ação, não é separável, se se


separar os crimes, viola-se o ne bis in idem) – temos de ter em conta o concurso
efetivo + ne bis in idem; -

2. Não autonomizáveis; e neste caso são não autonomizáveis; depois de ver


que são factos não autonomizáveis, temos de ver sempre em que fase do
processo estamos!.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Agora dentro do regime da alteração substancial dos factos, temos de justificar


porque é que no caso sub judice, os factos não são autonomizáveis, porque nos factos
autonomizáveis define-se pela possibilidade de os separarmos daqueles que já
constituem o objeto do processo, de tal sorte que, sem se prejudicar o processo em
curso, sejam criadas as condições para se inciar um outro processo penal, sem violação
do ne bis in idem – e se separássemos / desligássemos o crime simples de furto e o
qualificado, íamos estar a pôr em causa o ne bis in idem, nos termos do art. 29/5.º da
CRP, isto porque assim o arguido ia ser julgado, duas vezes pelos mesmos factos.

Portanto o esquema é este:

Há factos novos  Existe Alteração dos Factos Substancial (art. 1/1/f), critério
quantitativo  por factos não autonomizáveis  Julgamento: art. 359/1.º do CPP; *
Sentença – art. 379/1/b) do CPP;

§ JULGAMENTO – TESES:

Antes da reforma de 2007:

1. 1.ª Corrente: irrelevância total desses factos novos: os factos novos não deverão
ser conhecidos: condena-se o arguido pelos factos de que vinha acusado – Paulo
Sousa Mendes, e Teresa Beleza;
2. 2.ª Corrente: Relevância dos factos mas não podendo ser conhecidos de
imediato: Deverá conhecer-se todos os factos em conjunto (os “antigos” e os
novos não autonomizáveis), porém esse conhecimento não poderá ser imediato.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Defendia-se então que que havia uma lacuna: art. 4.º do CPP;

Que fazer então? 2 principais sub-soluções dentro desta corrente:

2.1. Absolviçã
o da Instância, nos termos do art. 288.º do CPC; - Augusto Silva Dias,
Souto Moura, e Simas Santos;

Nesta solução o processo pendente terminaria com uma decisão de forma, - Absolvição
do arguido da instância, devendo o MP abrir novo inquérito por todos os factos (os
antigos e os novos) em conjunto. Considerava-se haver uma exceção dilatória
inominada (devido à falta dum pressuposto processual) que conduzia à absolvição da
isntância, art. 289.º, art. 493/2.º, e art 494.º do CPC ex vi art. 4.º do CPP;

2.2 Anulação do processado; - Jorge Noronha Silveira,

3.ª corrente: relevância dos novos factos como circunstâncias agravantes da pena
do crime de que o arguido vinha acusado: F. ISASCA;

1. TESE DA CONTINUAÇÃO DO PROCESSO; | - os factos novos não deverão ser


conhecidos;
2. TESE DA SUSPENSÃO DA INSTÂNCIA | Art. 276/1/c) + art. 279/1/ in fine do
CPC;
3. TESE DA ABSOLVIÇÃO DA INSTÂNCIA | Art. 289, art. 493/2.º do CPP, art. Art.
393 do CPC, ex vi art. 4.º do CPP,

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

4. TESE DA ANULAÇÃO DO PROCESSADO | art. 10/3.º do CC e art. 119/d) e art.


120/2/d) do CPP;
5. Relevância dos novos factos como circunstâncias agravantes da pena do
crime de que o arguido vinha acusado;

Após a reforma de 2007:

O caso julgado consenso – está limitado pela competência do tribunal, o art. 359/ 3
e 4.º do CPP não se sobrepõe às normas de competência;

Se fosse furto simples, era o tribunal singular, e se fosse furto qualificado, é tribunal
coletivo;

1. PAULO SOUSA MENDES: condenação pelos factos de que o arguido vinha


acusado – neste caso furto simples, e irrelevância dos novos factos – que não
poderão ser conhecidos a nenhum título – furto qualificado;
2. JOÃO CAIRES: a solução adequada , parece ser o retorno ao inquérito no âmbito
do processo penal pendente para conhecer todos os factos em conjunto; analogia
com a anulação do processado art. 120/2/d) do CPP; porque há uma lacuna para
o art. 359/1.º do CPP;

PROBLEMA: caso se trate duma situação de ASF não autonomizável , poderá


considerar-se que o silencia do arguido perante a comunicação da mesma vale como
consenso para efeitos do art. 359/3.º do CPP?

JOÃO CAIRES: Não! O acordo pressuposto no art. 359/3.º do CPP, como garantia de
defesa do arguido, não é assegurado com declarações tácitas ou comportamentos
concludentes.

Tal conclusão corresponderia a uma fraude ao regime expressamente previsto no CPP.


No mesmo sentido pronunciou-se o TC, em sede de fiscalização concreta da
constitucionalidade, no Ac. nº 463/2004.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Acórdão do TC n.º 226/2007;

Sumário: Não julga inconstitucional a norma do artigo 359.º do Código de Processo Penal, na
redacção da Lei n.º 48/2007, de 29 de Agosto, interpretada no sentido de que, perante uma
alteração substancial dos factos descritos na acusação ou na pronúncia, o tribunal não pode
proferir decisão de extinção da instância em curso e determinar a comunicação ao Ministério
Público para que este proceda pela totalidade dos factos.

É um simples postulado dos princípios da estrutura acusatória do processo penal e da sua


consequente vinculação temática, do contraditório e do asseguramento das garantias de
defesa. Contra o respeito por um tal resultado não valem apenas por si, em tal hipótese, os
argumentos do interesse público de celeridade na reparação do mal do crime e do
aproveitamento da actividade desenvolvida pelos sujeitos processuais e pelo tribunal que
são invocados, na outra situação, para justificar a continuação do julgamento no caso de
alteração não substancial dos factos. A situação ofende em tão elevado grau e intensidade
aqueles princípios que o legislador, movendo-se dentro dos critérios dos n.os 2 e 3 do artigo 18.º
da Constituição, não poderia optar por outra solução.

As razões desta opção do legislador pelo prosseguimento do julgamento, com a vinculação


temática resultante da acusação (ou da pronúncia) e consequente sacrifício parcial do
conhecimento da verdade material, são expostas na exposição de motivos da proposta de Lei
109/X, elaborada pela Unidade de Missão, ao consignar que: «[n]o âmbito da alteração
substancial de factos, introduz-se a distinção entre factos novos autonomizáveis e não
autonomizáveis, estipulando-se que só os primeiros originam a abertura de novo processo
(artigo 359.º). Trata-se de uma decorrência dos princípios non bis in idem e do acusatório, que
impõem, no caso de factos novos não autonomizáveis, a continuação do processo sem
alteração do respectivo objecto ...».

 Como as referências contidas na transcrição do Acórdão 237/2007 deixam


entrever, o problema da alteração, em fase de julgamento, dos factos
descritos na acusação ou na pronúncia é um ponto de convergência e tensão
entre os princípios do acusatório e do contraditório, por um lado, e os
princípios da legalidade da acção penal, da verdade material e da
celeridade processual, por outro. Mediante o novo regime, o legislador optou
por conferir mais intensa realização ao princípio do acusatório, com possível
sacrifício da verdade material e da legalidade. Factos que, se incluídos no

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

objecto do processo, teriam como consequência a agravação da


responsabilidade do arguido, mas que não constam da acusação ou da
pronúncia, ficam definitivamente excluídos de perseguição penal, pelo menos
quanto à sua relevância criminal específica de agravação abstracta dos limites da
pena.

 Não pode, todavia, dizer-se que isso conduza à desprotecção penal dos
correspondentes bens jurídicos. Por definição, não se trata de factos susceptíveis,
por si só, de fundamentar uma incriminação autónoma em face do objecto do
processo.

 Pelo contrário, estes factos que ficarão definitivamente impunes formam com os
constantes da acusação (ou da pronúncia, quando a houver) uma tal unidade de
sentido que não permitiria a sua autonomização. Dito de outro modo, o que fica
fora do âmbito de consideração na sentença e, por essa via, escapa
definitivamente à sanção penal, são circunstâncias modificativas especiais que
nunca teriam relevância suficiente para sustentar um processo à parte. O que só
pode significar que o bem jurídico nuclear susceptível de justificar a
incriminação encontra ainda o mínimo de protecção penal, sendo apenas
escamoteados alguns concretos factores de intensificação dessa protecção.

 Ora, no Estado de direito democrático, a busca da verdade material e a


realização do programa punitivo constante das normas incriminadoras só
pode ter lugar com respeito pelas regras e princípios do processo penal.

 Ora, mesmo para quem entenda que, do princípio do Estado de direito ou, mais
imediatamente, do dever de protecção dos direitos e liberdades fundamentais
como tarefa fundamental do Estado [alínea b) do artigo 9.º da Constituição],
pode decorrer a imposição de criminalização daquelas condutas que atentem
contra os valores essenciais à ordem comunitária constitucionalmente
estabelecida, sempre haverá uma ampla margem de liberdade na concretização
dessa tutela penal pelo legislador e na conformação dos instrumentos

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

processuais para lhe assegurar efectividade. O âmbito da legitimidade


criminalizadora e o de imposição de criminalização, embora sendo questões
relacionadas e tendo que decorrer dos mesmos princípios constitucionais, não se
sobrepõem. Os deveres de protecção são sempre mediatizados pela lei, tendo o
legislador uma larga margem de liberdade de avaliação, de modo que só casos
de "más avaliações patentes" podem ser alvo de censura pelos tribunais (Maria
Conceição Ferreira da Cunha, «Constituição e Crime» - Uma Perspectiva da
Criminalização e da Descriminalização, p. 299).

 E, como salienta o Ministério Público, no contexto da decisão recorrida não


poderá dizer-se que a norma recusada implicaria ausência total de tutela penal do
direito de propriedade uma vez que sempre subsistiria a possibilidade de
condenação pela prática do furto simples, forma menos grave mas mesmo assim
protectora do aludido direito.

Este regime da alteração substancial de factos tem de respeitar a estrutura acusatória do


processo penal, a revisão de 2007 do CPP contribui para tornar isso claro, ao afastar
explicitamente as soluções doutrinárias e jurisprudenciais que punham isso em causa: na
verdade o fragmento textual “nem implica a extinção da instância” – que conta quer da parte
final do art. 303/3.º do CPP, quer da parte final do número 1 do art. 359.º do CPP, tem de ser
interpretado no sentido de que a lei afasta agora qualquer decisão meramente formal de extinção
da instância, designadamente a solução da absolvição instância. A lei consagra agora a solução
do prosseguimento da instrução ou do julgamento , com sacrifício dos factos novos não
autonomizáveis, defendendo a solução legal, PAULO PINTO DE ALBUQUERQUE:

A revisão de 2007 ao CPP, no seu art. 359.º do CPP: consagrou a tese da preterição
absoluta do conhecimento da alteração substancial dos factos não autonomizáveis , tanto
na fase de instrução como na fase de julgamento;

IMPORTANTE: A Prof.ª disse estes Acórdão de consulta obrigatória:

Jurisprudência:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Ac. STJ uniformizador 7/2008 de 25 de junho – sobre a preterição do 358/2 e 3 do CPP – se ao


arguido não for comunicada a aplicação de pena acessória a sentença é nula, a violação do art.
358.º gera a nulidade da sentença;

Ac. STJ 11/2013 – a alteração da qualificação jurídica, não pode ocorrer sem produção de
prova, uma AQJ, mesmo que seja reconduzida ao regime do 358.º impõe a produção de prova
quanto aos elementos qualificativos;

Ac. STJ 1/2015 de 20 nov. de 2014, a falta de descrição dos elementos subjetivos – não pode ser
integrado no julgamento, o acórdão uniformizador, se não houver descrição, o tribunal não pode
incluir isto no 358.º do CPP;

TC 337/2007 – julgou não inconstitucional, a possibilidade de não absolvição da instância


quando houve uma alteração de factos não autonomizáveis; 30 de março;

§ AULA PRÁTICA DE 11/05/2018;

Critérios para o crime diverso;

Existem vários critérios com o recurso aos quais se pode preencher a noção de tipo diverso:

i) O critério do tipo legal diverso: crime diverso equivaleria a crime tipicamente


diferente;
ii) Critério do concurso aparente: o crime diverso seria aquele que não estivesse
numa relação de unidade criminosa com o da acusação;
iii) O critério do objeto do processo: crime diverso seria aquele que assentasse numa
relação base de facto diversa da trazida pela acusação; (Mário Tenreiro);

§ Segundo FREDERICO ISASCA: os três critérios para definir crime diverso (art. 1/1/f), 1ª parte do
CPP), são aplicáveis conjuntamente, ao pedaço da vida juntam-se factos novos e dessa alteração
resulta (embora os critérios não sejam cumulativos):

- uma imagem;

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

- ou uma valoração social não idêntica Àquela criada pela acusação; - iii) a possibilidade de
comprometer seriamente a defesa:

§ ROBALO CORDEIRO - O conceito de crime diverso é-nos dado por um “critério misto
normativo-social, que parte da identidade ou coincidência fundamental dos bens
jurídicos – logo, dos tipos legais de crime – sem perder de vista as realidades da vida,
mantendo-se por isso igualmente atento à valoração social dos factos.”

§ SOLUÇÕES DO ART. 359.º DO CPC; | ADF NÃO AUTONOMIZÁVEIS;

Diferentemente dos factos autonomizáveis, os factos não autonomizáveis (não destacáveis ou


inextricáveis) são aqueles em que, existindo uma alteração dos factos, está é qualificada como
substancial, por força da relação entre factos constantes da acusação e os factos novos apurados,
de tal modo que os factos que surgem posteriormente não são cindíveis face ao núcleo inicial.

Ivo Barroso, citando Marques Ferreira: não é muito rigoroso falar de factos novos, pois podem
já estar incluídos na unidade que constitui o objeto do processo, sendo preferível a designação,
“factos não escritos na acusação ou na pronúncia ”. - A Prof.ª Mafalda refere que não faz
sentido;

- Trata-se de uma situação em que os novos factos não podem ser destacados do processo
pendente uma vez que não são suscetíveis de integrar um processo penal autonomamente.
Apenas em conjunto com os factos antigos poderão ser conhecidos de integrar um objeto do
processo penal.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Isolados tais factos são, insuscetíveis de constituir matéria suficiente para um objeto processual
penal.

Qual o regime?

i) Na fase de instrução: estabelece o CPP (após a reforma de 2007) que os novos


factos, além de não poderem ser tomados em conta no processo pendente, não
implicam a “extinção da instância”- nos termos do art. 303/3.º do CPP;

Após a reforma de 2007:

i) A nova redação do art. 303./3.º do CPP de igual modo o art. 359/1.º do CPP, apenas
proíbe a solução de “absolvição da instância”, , pois só esta implica a extinção da
instância;
ii) Assim a suspensão da instância e a anulação do processado continuam a ser
soluções válidas mesmo depois da Reforma de 2007 pois nenhuma delas extingue a
instância. (art. 287.º do CPP);
iii) Por outro lado, com a Reforma de 2007 reconheceu-se expressamente a dicotomia
absolvição da instância vs. Absolvição do pedido em matéria de objeto penal;

Que solução então (Porf. João Caires):

Posição assumida: dependendo da constelação/grupos de casos dependerá a solução pois o


aceto/equilíbrio entre o direito de defesa eficaz (garantias) e o interesse na descpberta da
verdade depende de cada tipo de casos. Embora se possa partir de um critério geral, só
perante cada grupo de casos/tipologia é que se verifica se o critério geral carece de
adaptação;

§ Critério geral:

Paulo Sousa Mendes: pronúncia pelos factos de que o arguido vinha sido acusado e
irrelevância dos novos factos (que não poderão ser conhecidos a nenhum título); o prof. dá o
exemplo de uma mudança de crime simples par crime qualificado, o prof. PSM refere que o
novo facto não pode ser atendido no processo pendente nem noutro, porque não é
autonomizável.

Conclusão: o arguido deveria ser pronunciado pelo crime de homicídio simples;

Pro. Caires discorda: refere que, a solução adequada não parece ser pronunciar o arguido pelo
crime de homicídio simples nos termos do art. 131.º do CP – quando o JIC esteja convencido da
existência de indícios suficientes do crime de homicídio qualificado (art. 132.º do CP) pelos
seguintes razões:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

i) Pronunciar o arguido pelo crime de homicídio simples, não corresponde sequer ao


mínimo da verdade judicial apurada. Pronúncia por homicídio simples corresponde
a uma ficção forçada da verdade, legitimamente, apurada e em tempo e por quem
tinha o poder-dever para tal;
ii) E na fase de instrução, o objeto do processo não está fixado – tendo o JIC poderes
de investigação, nos termos do art. 290.º do CPP – que lhe permitem descobrir
novos factos. Não faria sentido, que depois de os descobrir os “ignorasse” – até
porque isso significaria que o objeto do processo se reduziria à acusação (mormente
MP), o que manifestamente não é rigoroso.
iii) Por outro lado, a estrutura acusatória não impõe uma separação absoluta entre o MP
e JIC, ambos estão “condenados à mais leal colaboração mútua” (Souto Moura) em
nome da descoberta da verdade e da realização da justiça. De igual modo, pergunta
o Prof. Caires (e bem) se a separação entre quem acusa e quem julga fosse absoluta,
porque motivo teria o JIC poderes autónomos de investigação (nos termos doa rt.
290.º do CPP?):

Que solução para este caso:

a) Regressar ao inquérito, no âmbito do processo penal pendente para


conhecer todos os factos em conjunto. – Analogia com a anulação do
processado nos termos do art. 120/2.º do CPP;

O TC em sede de fiscalização concreta e fase à redação anterior dos preceitos em causa


(art. 303.º e 359.º do CPP) – sufragou a não inconstitucionalidade da tese/solução de
absolvição da instância – Ac. TC 237/2007 de 30-03.2007; -

Exemplos de factos novos, em sentido amplo, não autonomizáveis:

i) Aumento do limite máximo da sanção aplicável ;


a) Relação de especialidade: tipo básico: - variante qualificada; quando o furto é
consumido pelo roubo por exemplo.

Marques Ferreira: - factos não autonomizáveis são factos insuscetíveis de valoração jurídico-
penal separados do objeto do processo penal em que foram descobertos.

Os factos não autonomizáveis serão para este efeito:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

1. Nos crimes de trato sucessivo, as condutas ilícitas unificáveis à acusada através da


mesma e única resolução criminosa que contribuam para elevar o limite máximo das
sancões aplicáveis;
2. Os que traduzem numa agravante qualificativa especial; (furto/furto qualificado) ou
num exemplo padrão ;
3. Os que importarem uma alteração do título subjetivo da responsabilidade (ex: no
julgamento de arguido acusado de um homicídio negligente conhece-se factos que
permitem concluir pela atuação dolosa do agente; Neste sentido o Ac. STJ de 17-12-
1997;
4. Os que determinam uma outra foram de cometimento do ilícito (no julgamento de
arguido acusado de crime tentado vem apurar-se a consumação do crime�;
5. Ou um outro grau de participação no cometimento doc rime (no julgamento de arguido
acusado de cumplicidade vêm a apurar-se factos suscetíveis de fundamentar a co-
autoria;)

Nem o arrombamento, nem a relação de parentesco, nem a frieza de ânimo, nem o dolo,
nem a verificação de um resultado, nem a co-autoria, isoladamente fundamentam
qualquer crime. Estamos, por conseguinte , perante factos que por si só não podem
constituir objeto de um processo penal autónomo. (Neste sentido também Prof. Ivo Barroso).

§ ADF não autonomizáveis: (na instrução):

1. Tese da repetição do inquérito;


2. Tese da organização de um novo processo com todos os factos,
3. A tese da continuação do processo;

3.º Caso: alternatividade:

2) Se ADF  nulidade de pronúncia (art. 309/1.º do CPP);

Nulidade atípica  8 dias;

Se ANSF  pronúncia válida;

Caso 3 – e se for o assistente? Não há dupla conforme; - Art. 309/1.º do CPP; Art. 309/2.º do
CPP;  8 dias + art. 810/3.º do CPP; - Alteração substancial de factos: a pronúncia é ou não

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

válida, porque se for inválida temos de arguir a nulidade, sendo válida, como os factos, o crime
de abuso de confiança foi trazido pelo RAI do assistente, não podíamos aplicar a dupla
conforma do art. 310.º do CPP; - art. 287/1/b) do CPC; o assistente tem ao seu serviço o art. 287
e art, 284.º do CPP, 

§ Vícios; (caso 4)

1. Poderá o Tribunal condenar D pela prática de um crime de homicídio simples, nos


termos do art. 131.º do CP?

D foi acusado da prática de um crime de homicídio negligente, nos termos do art. 137.º do CP; -
após a produção de prova, um julgamento, o tribunal fica convicto de que D não agiu com
negligência mas dolo eventual; - (ainda com base nos mesmos factos descritos na acusação:

Os que importarem uma alteração do título subjetivo da responsabilidade; (factos não


autonomizáveis);

Nem o arrombamento, nem a relação de parentesco, nem a frieza de ânimo, nem o dolo,
nem a verificação de um resultado, nem a co-autoria, isoladamente fundamentam
qualquer crime. Estamos, por conseguinte , perante factos que por si só não podem
constituir objeto de um processo penal autónomo. (Neste sentido também Prof. Ivo Barroso).

Solução, tendo em conta a posição do Prof. Paulo Sousa Mendes (que não concordo): D que foi
acusado de homicídio negligente e que em sede de audiência de julgamento se desvenda que,
afinal, D teve intenção de matar e o fez de forma dolosa, com culpa, pelo que devia vir a ser
punido pela prática de um crime de homicídio simples, nos termos do artigo 131.º do Código
Penal.

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Contudo, sucede, neste caso, que o facto indiciado no decorrer do julgamento, tratando-se de
um facto não autonomizável do restante conteúdo da acusação e implicando a agravação dos
limites máximos da pena aplicável a D, fundamenta uma alteração substancial, não podendo
ser atendível pelo tribunal por força do disposto no artigo 359.º do Código de Processo Penal.

Deste modo, o D vai ser condenado pelo crime de homicídio negligente quando, em rigor,
cometeu o crime de homicídio simples…….

Se o tribunal condenasse D pelo crime de homicídio simples no âmbito deste processo, não
existindo o acordo referido no art. 359/2.º do CPP, o acórdão seria nulo nos termos do art. 379.º,
n.º 1, al. b), do CPP, nulidade dependente de arguição (sob pena de sanação), constituindo
fundamento de recurso ordinário (que deveria ser interposto no prazo de 30 dias, nos termos dos
arts. 399.º, 410.º, n.º 3 e 411.º, n.º 1, todos do CPP).

Neste caso: defender a posição do Prof. João Caires (supra); E porque não a posição do Prof.
Paulo Sousa Mendes, de desconsiderar estes factos?

Veja-se a título de exemplo o Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra: | 14-10-2009

Sumário: Constatada na audiência de julgamento uma alteração substancial dos factos da


acusação ( ou da pronúncia ), com factos novos não autonomizáveis, e não havendo acordo dos
intervenientes para a continuação do julgamento com os factos novos --- tudo nos termos do art.
359.º do CPP ----, não pode o julgador remeter o processo para o MP para eventual acusação por
estes factos novos devendo o tribunal proceder ao julgamento apenas com base nos factos
indicados na acusação . (o resultado – a decisão o acórdão acolhe a posição do Prof. Paulo
Sousa Mendes);

Mas veja-se que a solução, só é assim porque:


Mas a verdade é que aquela ficção de que afinal o arguido cometeu o crime pelo qual vinha
acusado, e não um outro crime que afinal se verifica ter praticado, parece resultar da lei
nova.

 Portanto, com a nova redacção dos n.º 1 e 2 do art. 359.º do CodProcPenal parece
resultar que há uma imposição legal de o tribunal ter de proferir decisão de mérito --- de
absolvição ou de condenação ---, com exclusiva referência aos factos descritos na
acusação ou na pronúncia, e assim com desconsideração do efeito agravativo da
responsabilidade criminal que resultaria dos novos factos provados (recte indiciados)

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

em fase de julgamento, quando estes não sejam autonomizáveis em relação ao objecto


do processo.
 Diga-se desde já que, a acolher-se esta solução, ela pode ser em muitos casos chocante e
aparentemente absurda. Suponha-se, por exemplo, que alguém é acusado de um crime
de homicidio por negligência, e em julgamento apura-se que tal pessoa agiu com dolo .
O arguido deve ser julgado pelo crime na forma negligente ?
 Muitos outros exemplos se poderiam invocar para perceber que aquela solução vai
contra valores fundamentais do nosso ordenamento juridico-processual, nomeadamente
da verdade material, da eficácia preventiva das normas penais ( da sua aplicação
correcta ), da defesa dos interesses da vitima.

§ ALTERAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA:

Portanto, na alteração da qualificação jurídica, não há alteração dos factos, a factualidade


permanece intactamente inalterada, pois não se aditam nem se retiram factos constantes do
objeto do processo, nem se substituem uns aos outros. Está apenas em causa a alteração do
modelo subjuntivo de aplicação de cada norma jurídica per si, ao caso concreto. – Apenas se
verifica uma alteração substancial dos factos quando existe um acréscimo de factos aos que
constavam da acusação ou da pronúncia, e não já quando aqueles merecem um diverso
enquadramento jurídico – penal, mesmo que mais gravoso.

a) Deve distinguir-se a convolação de Direito (alteração da qualificação jurídica) dos


factos descritos na acusação, na pronúncia, e a convolidação dos factos (alteração não
substancial de factos) – isto sem prejuízo de o CPP mandar aplicar, na fase de
julgamento o regime da ANSF à alteração da qualificação jurídica.

§ Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra | 22-02-2017

I - A alteração da qualificação jurídica, desde que feita fora da hierarquia do crime base
que visa a protecção do mesmo bem jurídico, fazendo a convolação para uma forma
menos grave que o crime pode revestir (condenação por crime de furto simples, em vez
de crime de fruto qualificado ou condenação por crimes de homicídio simples em vez de
crime de homicídio qualificado), deve ser comunicada previamente ao arguido, tanto na

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

1.ª instância como em sede de tribunal de recurso, por imposição legal do art. 358.º, n.º
1 e 3, do CPP.

Aqui era alteração da qualificação jurídica; Porquê? O caso diz mesmo , sem
alteração dos factos, mas se não dissesse então, (a meu ver, e parte da doutrina
entende que uma alteração quanto ao dolo, ou seja, uma alteração na imputação
subjetiva, implica uma alteração substancial dos factos, mas NÃO
AUTONOMIZÁVEIS); E isto gera problemas porquê? Ninguém tem dúvidas quanto à
solução dos factos autonomizáveis, que vale como denúncia ao MP de um novo crime
certo? Sim. Mas quanto aos factos não autonomizáveis, aqui é que há a discussão
doutrinária quanto ao futuro do processo, ora o Prof. Paulo Sousa Mendes (não
concordo nada com isto), diz que continuasse do processo sem atender aos factos novos,
quer dizer que isto levado ao limite permite que o arguido seja condenado por um
homicídio negligente, quando praticou um homicídio simples… Portanto o Prof. João
Caires defende que se envia/remete o processo para o inquérito outra vez. O Prof. David
Ramalho também não concorda com isto.

Dicas para o teste:

PERGUNTA DO OBJETO: 1. Há factos novos? Como é que sabemos se há factos


novos? VER ACUSAÇÃO!, Temos de ver se são totalmente independentes;

1.1 – Em caso de resposta afirmativa, como poderia o tribunal singular condenar o


arguido por um crime da competência de um tribunal coletivo?

Não podia. Crime de homicídio simples doloso é da competência do tribunal coletivo nos
termos do art. 14/1/a) do CPP (critério qualitativo) – e atenção à ressalva do art. 359/3.º do CPP;
- se estes não determinarem a incompetência do tribunal. Temos de distinguir o art. 358.º e o
art. 359.º do CPP, qual é o problema da competência? Mesmo havendo uma alteração
substancial, há uma possibilidade dos agentes querem continuar com o processo, a não ser que
da alteração dos factos resultar a incompetência do tribunal.

Aqui o juiz do tribunal singular, que visse esta situação , uma vez que ela implicava a
incompetência em razão da matéria do tribunal, que pode ser conhecida oficiosamente até à decisão
final (art.32 nº 1 do CPP). Nada justificava a realização de um julgamento, que, na opinião do sr.
juiz, estaria ferido de nulidade insanável (art. 119 al. e) do CPP).

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Atenção ao art. 34/1.º do CPP, e em especial ao número 2, porque cessa o conflito , logo que o
tribunal singular se declarar incompetente;

Veja-se também o art. 35.º e o art. 36.º do CPP;

§2

§ E se o caso tivesse ocorrido ao contrário e, vindo o arguido acusado por um crime de


homicídio simples, se desvendassem factos em sede de julgamento que indiciavam que o
que ocorrera, na verdade, fora um crime de homicídio negligente? Estar-se-á, aqui,
perante um crime diverso que, portanto, implica uma alteração substancial, neste caso por
factos não autonomizáveis e, como tal, impeditivo do conhecimento, pelo tribunal, desta
alteração e da condenação com fundamento nestas novas circunstâncias (mormente pelo
crime de homicídio negligente)?

Atenção : Contudo, na jurisprudência pode verificar-se já um entendimento pacífico, por


exemplo como dispõe o Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 10.07.2012 34, onde se
afirma que o crime é “materialmente diverso se o bem jurídico violado for distinto do da
acusação ou da pronúncia …. E veja-se que o bem jurídico é exatamente o mesmo, porque o
bem jurídico aqui, é o bem jurídico vida.

Uma alteração da qualificação jurídica, se é mais grave, tem de se dar o prazo para a defesa, 
no Acórdão do STJ só se soube isto numa fase diferente, e não podiam juntar os factos;

No nosso caso prático, não havia o problema da competência; e quando é que se tem de dar o
prazo da defesa? Se é uma pena menos grave , tem de se dar prazo para defesa ou não? Aqui não
havia um problema de competência; a letra da lei não nos dá uma solução. Se se já pronunciou;

TESTE:

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

§ Medidas de Coação: 191, 193, 194 .º do CPP (MUITO); art. 204.º do CPP; LIMITES DAS
PENAS DAS MEDIDAS DE COAÇÃO; ACÓRDÃO QUE A PROFESSORA ENVIOU, LER
OS ACÓRDÃOS DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL; art. 194.º do CPP;

TRAMITAÇÃO; DETENÇÃO, INQUÉRITO; MEDIDAS DE COAÇÃO; não estudar o


assistente, estudar o ARGUIDO; pergunta que não é óbvia;  como é que funciona o processo
penal; acusatório; princípios mas não só; é preciso conhecer o Código para saber que aquilo
existe;

Estrutura: caso prático pequeno: perguntas direcioandas: COTAÇÃO; CINCO


perguntas; dia 5 de junho reunião de notas;

Medidas de Coação;

Art. 193.º com o art. 204.º do CPP; a)  art. 194/2.º

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)


lOMoARcPSD|9890217

Art. 204/b)  194/3.º:  princípio do pedido, a partir de 2013, o juiz pode aplicar uma
medida de coação diversa ainda que não grave, com fundamento das alíneas a) a c), o
juiz aplicou uma prisão preventiva e o MP, outra, TEMOS DEVER O FUNDAMENTO;
se for

Art. 204/c)  194/2.º

Prazos de duração máxima da prisão preventiva;  sair e não puder ser aplicada a
prisão preventiva;

Ler bem as perguntas;

Art. 194/6.º do CPP; nulidade quanto à fundamentação:

Art. 212.º do CPC;

Objeto do Processo: Há acusação: diz uma coisa, deois há pronúcnia, e quando chegar
ao julgamento, chega-se ao saneamento do 311, se houver um problema do objeto,
temos de esperar pelo julgamento por arguir um problema de objeto? Não, o art. 311.º já
é um problema de julgamento, não é necessário esperar;

O art. 311.º só fala da acusação quando há uma alteração substancial:

SABEMOS A RESPOSTA DO OBJETO.

Teste : SAI ATÉ ÀS MEDIDAS DE COAÇÃO; - Processo Penal fazer casos das
medidas de coação; -

Joana Costa Lopes | TA

Descarregado por Matilde Pereira Jesus (teixeira.mati@gmail.com)

Você também pode gostar