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INQUÉRITO POLICIAL
Marília- SP
2023
INQUÉRITO POLICIAL
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Marília- SP
2023
Resumo
1 Introdução
A presente pesquisa visa mostrar como funciona um inquérito policial e quem
pode ter legitimidade para requerer o arquivamento com enfoque na Lei
13.964/2019, e a questão da persecução penal que trouxe a novidade do
acordo de não persecução penal, a quem pode ser ofertado, e como funcionam
todos com fundamento no Código de Processo Penal.
2 Problema
do inquérito policial, uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada,
compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações quanto ao autor do
homicídio de Roberto. Com base apenas nas informações narradas e no que concerne
o tema de inquérito policial da disciplina da Processo Penal, responda:
a fase processual não seria acusatória, deixando a gestão da prova nas mãos dos
magistrados.
Como podemos observar na Constituição de 1988 o sistema adotado pelo Brasil era
misto, norteando para sistema tipicamente acusatório,porém é apenas uma
indicação.
Com as alterações com pacote anti crime, o art 3 do CPP demonstrou de forma mais
clara, uma estrutura acusatória, vedando a iniciativa do juiz na fase de investigação
e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas
a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da
atuação probatória do órgão de acusação.
Neste sentido, o magistrado afastado na fase pré-processual, sem poder ter acesso
aos autos do inquérito policial, após recebida a denúncia pelo Juiz de garantias, o
processo norteia pelo sistema acusatório.Não há sistema plenamente puro, o juiz,
poderá agir de ofício.
4 INQUÉRITO POLICIAL
O Inquérito é uma prática adotada pelo processo penal brasileiro, não podendo ser
confundida com uma investigação criminal.Na verdade, este termo é gênero, do qual
o inquérito policial é espécie, ou seja, umas das formas de produzir e materializar a
investigação no âmbito criminal (CHOUKR, 2001).
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Podemos então entender que inquérito tem por objetivo servir de base para que
Ministério Público para que possa representar o Estado,visando à opinio delicti.
Nada mais é como um instrumento para colher provas entendidas como urgentes e
irrepetíveis, após o cometimento do delito.
Para termos maior entendimento, devemos nos perguntar por que a existência de
uma investigação preliminar sobre a forma de inquérito policial antes de um
processo-crime.
Primeiramente, devemos entender que a necessidade de buscar o fato oculto, ajuda
a atingir indícios suficientes de autoria e materialidade para o oferecimento de
denúncia. Segundo tem a função simbólica que a investigação está sendo feita pelo
Estado, afastando o sentimento de impunidade.Terceiro, é um filtro processual a
investigação preliminar serve como filtro se tratando à persecução criminal que visa
evitar acusações infundadas, quando a conduta do agente não se pautar em
aparente ação criminosa.
Inquérito Policial trata-se de procedimento administrativo, preparatório e
inquisitivo criado pelo decreto imperial 4.824/1871, e previsto no Código de
Processo Penal Brasileiro como fundamental procedimento investigativo da
polícia judiciária brasileira, tendo por finalidade subsidiar o oferecimento da
denúncia ou da queixa pelo titular da ação penal, ou seja, provas da
materialidade do crime e indício de autoria (fumus comissi delicti). O I.P tem
como caracteristicas, quais sejam:
Como já foi explicado em nosso trabalho, o inquérito policial tem início com a
notitia criminis. O inquérito policial pode começar de ofício, por portaria ou auto
de prisão em flagrante; requisição do Ministério Público ou do Juiz; por
requerimento da vítima; mediante representação do ofendido. Art 5º do CPP:
Art. 5º
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I - de ofício;
A sua formalidade, é iniciado por um ato administrativo feito pela autoridade policial,
ao qual determinou sua instauração por meio de uma portaria. A investigação se
concentra no esclarecimento sobre o fato e autoria, não sendo necessária a
identificação prévia de uma pessoa determinada. Esta identificação será feita no
curso da investigação preliminar.
Após o delegado de polícia saber do possível fato, se dirige até o local, visando a
preservação das coisas e do estado que se encontram, aguardando a chegada dos
peritos criminais. Deve-se também, realizar apreensão de objetos que estiverem
relacionados com o fato, liberando, apenas, após a perícia realizada pelos peritos
criminais.
Caminhando, tem que se colher as provas que servem para esclarecer os fatos e
suas circunstâncias.
Deve ouvir o ofendido, por mais que vítima esteja com seu emocional abalado,
quando possível, é extremamente relevante, pois a vítima pode fornecer
informações relevantes para investigação.
A autoridade policial poderá ouvir o indiciado naquilo em que for aplicável o Capítulo
III do Título VII da lei processual, o qual será reduzido a termo e assinado por suas
testemunhas que ouviram a leitura.
O investigado só assume o papel de indiciado, quando após as investigações se
junta elementos suficientes para indícios de princípio de materialidade, por razão a
isso ocorre o indiciamento.
O código de Processo Penal, prevê que inquérito policial tem o prazo deve ser
concluído em 30 dias, caso o investigado esteja em liberdade, e em 10 dias, se ele
estiver preso em razão de constrição cautelar.
Devido a demanda e acúmulo de serviço, faz com que este prazos não sejam
cumpridos. Quando o investigado está em liberdade normalmente, o delegado de
polícia solicita dilação ao Juiz. Tem- se um controle judicial sobre o andamento, mas
não existe prazo certo para terminar uma investigação criminal.
Quando o investigado ou indiciado é preso em flagrante ou preventivamente, o prazo
de 10 dias para a conclusão do inquérito deve ser seguido à risca, pois trata-se de
privação de um direito fundamental que é o de restrição de liberdade. Mesmo
havendo necessidade de promover outras diligências por parte da acusação, os 10
dias são improrrogáveis. O juiz, deverá verificar a necessidade, deferir a realização
e fazer a remessa dos autos à Polícia Civil, relaxar a prisão e colocar o indivíduo em
liberdade. Caso seja necessário sustentar a prisão, a acusação poderá oferecer a
denúncia, desde que haja indícios plausíveis de autoria e materialidade e,
posteriormente, será formado os autos complementares do inquérito policial, o qual
deverá retornar à autoridade policial (NUCCI, 2020).
averiguação, onde se constata o criminoso. Após isso, com objetivo de frear uma
possível investigação abusiva que esteja sendo realizada, se pode se usar o
remédio constitucional chamado Habeas Corpus, visando o trancamento da
persecução investigativa do Estado.
É uma medida de caráter excepcional, haja vista que, esta atividade não entra
necessariamente no mérito, mas em elementos que evidenciem justa causa
para propositura de ação penal. Portanto, o trancamento destina-se a coibir o
abuso e não a atividade essencial de polícia judiciária (NUCCI, 2020).
5 Lei
No caso concreto, vimos que um mês após o arquivamento do inquérito
policial, uma testemunha, que não havia sido anteriormente identificada,
compareceu à delegacia de polícia alegando possuir informações quanto ao
autor do homicídio de Roberto. Nesse caso, surgindo fatos novos, deve a
autoridade policial representar neste sentido, mostrando-lhe que existem fatos
novos que podem dar ensejo a nova investigação. (Sumula 524 STF).
6 Doutrina
A doutrina classifica o inquérito policial como mera peça informativa, sem valor
probatório e totalmente dispensável para o oferecimento de ação penal, seja ela a
denúncia ou queixa-crime. Por sua vez, a doutrina moderna considera o inquérito
policial um processo administrativo, apuratório (e não inquisitivo), informativo e
também probatório, com função preparatória, mas também conservadora. Sendo
um procedimento necessário e eficaz para o início de processo-crime e age como
filtro processual contra acusações infundadas.
7 Jurisprudência
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(Inq 4420 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em
28/08/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-192 DIVULG 12-09-2018 PUBLIC 13-
09-2018)
Ministério Público que é impedida, bem como a remessa dos autos à Procuradoria-
Geral de Justiça para que designe outro órgão do Ministério Público para atuar
naquele procedimento.
O inquérito policial tem por finalidade subsidiar o oferecimento da denúncia ou da
queixa pelo titular da ação penal e tem sido classificado como peça de natureza
administrativa.
Em que pese essa classificação, os procedimentos realizados no inquérito
costumam receber bastante atenção, visto que o delegado de polícia está mais
próximo ao ambiente do delito, o que, consequentemente, facilita a resolução dos
crimes.
É descabido o desarquivamento do inquérito policial sem novas provas. O art. 18 do
Código de Processo Penal ( CPP) dispõe que “depois de ordenado o arquivamento
do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver
notícia.” Em uma interpretação “a contrario sensu”, não são possíveis novas
pesquisas se não houver notícia de outras provas, ou seja, não cabe à autoridade
policial continuar investigando, após o arquivamento do inquérito policial, com o
desiderato de subsidiar o desarquivamento, se não surgirem indicativos de outras
provas.
Na mesma linha do art. 18 do CPP, a súmula nº 524 do STF esclarece que,
“arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de
justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.”Mas o que seriam as
novas provas que fundamentariam o desarquivamento do inquérito policial e
eventual oferecimento da denúncia? Sobre essa questão, o Superior Tribunal de
Justiça (STJ):
HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. CONTINUIDADE DA PERSECUÇÃO PENAL.
ARQUIVAMENTO PROMOVIDO A PEDIDO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, EM
RAZÃO DA AUSÊNCIA DE PROVA DA MATERIALIDADE DELITIVA.
DESARQUIVAMENTO. OFERECIMENTO DE DENÚNCIA. NECESSIDADE DE
NOVAS PROVAS. INEXISTÊNCIA. ENUNCIADO 524 DA SÚMULA DO STF.
ORDEM CONCEDIDA.1. Arquivado o inquérito por falta de indicativos da
materialidade delitiva, a persecução penal somente pode ter seu curso retomado
com o surgimento de novas provas. Enunciado 524 da Súmula do STF. Precedentes
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8 Citação
Grande parte da doutrina entende de outra maneira, conforme Nucci (p. 206, 2020):
Inquérito é, por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite ao
indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa, produzindo e
indicando provas, oferecendo recursos, apresentando alegações, entre outras
atividades que, como regra, possui durante a instrução judicial. Não fosse
assim, teríamos duas instruções idênticas: uma realizada sob a presidência
do delegado; outra, sob a presidência do juiz. Tal não se dá e é, realmente,
desnecessário.
Conclusão
Pudemos verificar neste trabalho o problema apresentado pelo orientador, no qual
houve um inquérito policial para averiguar o homicídio de Roberto, havendo o
arquivamento pela não identificação do autores do crime, quando apareceu uma
nova testemunha afirmando ter informações do autor. Logo após, nós pontuamos a
existência de três tipos de sistemas processuais penais, na qual são chamados de
inquisitivo, acusatório e misto, na qual o Brasil adota o modelo misto que seria mais
voltada ao acusatório.
Nota-se também o inquérito policial, onde seu início vem da notícia criminis, e seu
objetivo é servir de base ao Ministério Público para representar o Estado, visando a
investigação sendo feita pelo Estado, a sua opinião a respeito ao delito, ajuda a
atingir indícios suficientes de autoria e investigação para o oferecimento da
denúncia, e é um filtro processual a investigação para que não hajam precursões
penais sem fundamentos, este inquérito vem antes do processo-crime e trata-se de
um procedimento administrativo, preparatório e inquisitivo.
O mesmo deve ser de caráter escrito, dispensável, sigiloso, deve ser realizado pela
Polícia Judiciária e é um procedimento inquisitivo. A vítima da infração penal pode
requerer diligências, a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira
discricionária pela autoridade policial, que determina o rumo das diligências de
acordo com as peculiariedades do caso. O procedimento oficial é de
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Bibliografia
AVENA, N. Processo penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2020.
LOPES JR, A. Direito processual penal. 17. ed. São Paulo: Editora Saraiva,
2020