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Este princípio refere-se à ação penal pública, no qual o Ministério Público não

pode desistir da ação penal já instaurada, conforme o art. 576 do CPP. "O
Ministério Público não poderá desistir de recurso que tenha interposto.” Vale
ressaltar que a principal função do órgão ministerial está ligada ao interesse
público, bem como a proteção da sociedade. Como parte do processo possui
direito ao contraditório, contribuindo para uma melhor decisão jurisdicional.

Entretanto como destaca Aury Lopes Jr, é um equívoco tratar o ministério


público como uma parte “imparcial” e tampouco acreditar que ao pedir a
absolvição do réu estaria violando o princípio da indisponibilidade, visto que a
atuação do MP deve visar não apenas a condenação do réu, mas sim a
apuração real dos fatos.

Então, quando o MP pede a absolvição, não o faz por “imparcialidade” e


tampouco por dispor da ação penal, senão que, como agente público, está
obrigado à estrita observância dos princípios da objetividade, impessoalidade
e, principalmente, legalidade. Logo, é absolutamente ilegal acusar alguém, ou
pedir a condenação no final do processo, quando não existe justa causa,
punibilidade concreta ou prova suficiente de autoria e materialidade. (Lopes Jr.,
Aury 2019).

Já a perempção consiste em uma punição destinada ao querelante por deixar


de promover o andamento processual. E no processo penal se difere das
demais, pois só poderá ocorrer nos processos em que a ação penal é privada,
ou seja, nos processos em que a ação não é de titularidade do ministério
público, devendo a vítima apresentar queixa crime em face do autor do crime
cometido contra ela.

O particular é titular de uma pretensão acusatória e exerce o seu direito de


ação, sem que exista delegação de poder ou substituição processual. Em
outras palavras, atua um direito próprio (o de acusar) da mesma forma que o
faz o Ministério Público nos delitos de ação penal de iniciativa pública.
Existem algumas divergências em relação ao sistema processual penal
utilizado no Brasil, grande parte da doutrina fala em um sistema processual
misto, sendo a primeira fase inquisitivo, inquérito policial que consiste em um
procedimento pré-processual administrativo e se aproxima do sistema
inquisitivo, por se trata de procedimento sigiloso, no qual não há exigência do
princípio do contraditório e ampla defesa. E a fase processual seria baseada
no sistema acusatório.

Segundo Lopes Junior, todos os sistemas, atualmente, são classificados como


mistos, não existindo mais um sistema totalmente puro. O autor ainda afirma
que em sua essência, o sistema brasileiro é inquisitório, pois detém inúmeras
características desse sistema, mesmo que a Constituição demarcasse, por
meio de princípios, “a adoção do sistema acusatório” (LOPES JUNIOR, 2017,
p. 186).

Contudo, com a vigência da Lei n. 13.964/2019 foi definido que o sistema


processual penal brasileiro no art. 3º, A, do CPP preconiza que “o processo
penal terá estrutura acusatória, desta forma a lei que conhecida como pacote
anticrime promoveu algumas mudanças no modo de pensar e desenvolver a
persecução penal.

E para que o sistema acusatório seja realmente adotado, é necessário que se


entenda que a iniciativa do juiz (quanto a certos atos) é vedada não só na fase
investigatória como também na fase processual, a fim de manter sua
imparcialidade. No art. 311, do CPP, era previsto que a prisão preventiva,
durante o curso do processo penal, poderia ser decretada de ofício pelo juiz.
Permitindo que o magistrado exercesse uma atividade além das suas
atribuições. Agora ao adotar o sistema acusatório o magistrado só poderá agir
através de provocação, princípio da inércia.

LOPES JR., Aury. Direito processual penal. São Paulo: Saraiva, 2021.

NEVES, L. J.; RESENDE, R. C. O código de processo penal brasileiro e o sistema acusatório


implementado pela lei n. 13.964/19. Dom Helder Revista de Direito, v.3, n.6, p. 123-141,
Maio/Agosto de 2020

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