Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Conteúdo
AULA DE 06/10/2021 – Introdução e compra e venda ................................................................. 1
AULA DE 18/10/2021 – transmissão da posse .............................................................................. 6
AULA DE 20/10/2021 – reserva de propriedade ........................................................................... 8
AULA 03/11/2021- venda de bens futuro; compra e venda de coisas sujeitas a pesagem,
medição e contagem ................................................................................................................... 21
AULA 09/11/2021 – Venda a contento ....................................................................................... 27
AULA EXTRA 13/11/2021 – VENDA A PRESTAÇÕES .................................................................... 30
AULA 15/11/2021 VENDA DE BENS ALHEIOS .............................................................................. 32
Aplica-se a 939.º.
Analise, de forma autónoma das demais, cada uma das seguintes situações:
a) B recebe o smoking em casa uma semana depois.
1. interpelado para pagar, B diz que não tem o dever de o fazer, quer por não ser
o fim do mês, quer ainda, sobretudo, porque não foi fixado preço algum, motivo
pelo qual nada é devido. Terá razão?
Não obstante, a determinação do preço pode ser cometida a terceiro, que tem
apenas como função completar o negócio, ou a uma das partes – conforme, aliás,
estipula o artigo 400º. Não tendo sido outros critérios estabelecidos, estabelecer-
se-ia o preço através de juízos de equidade.
Equidade em sentido forte → justiça no caso concreto
Equidade em sentido fraco → atende às valorações do Direito positivo
ML e companhia → aplicam o 280.º/1 com o 400.º/2 – sob pena do 280.º/1 ser
inútil o negócio indeterminável é nulo
Nunca haverá indeterminabilidade dado que o objeto é determinável através de
critérios de equidade.
Poder-se-ia considerar haver aqui abuso de Direito. O terceiro não tem o direito
a determinar o preço – está a exercer uma posição jurídica (234.º).
Então devem ser aceites os 100 mil euros? Perturbação da determinação.
Existiam critérios → o 3º não os seguiu → então o ato do 3.º é inválido (nulo) →
a determinação nunca chegou a existir → tribunal determina de acordo com
juízos de equidade.
É uma situação análoga a uma determinação defeituosa.
O abuso de direito seria se o terceiro estivesse a exercer uma posição jurídica
legalmente(?). Ele tem de ter o direito, mas não o poder exercer – neste caso ele
nem tinha direito.
----------------------------------------------------------------------------------------------
A CP segue o sistema do título → mera celebração do contrato transfere o direito.
Aula 13/10/2021
Caso 3
No início do mês, Anacleto venda a Bento o seu apartamento e automóvel. Ficou
acordado que a entrega seria realizada na semana seguinte e o pagamento do
preço no fim do mês.
Considere as seguintes questões de forma autónoma:
1. Bento recusa cumprir o contrato, invocando que o negócio foi celebrado por
documento escrito.
874.º → O automóvel é um bem móvel, por isso não é necessária forma para que
o negócio seja válido, seguindo a liberdade de forma do 219.º.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Havia que considerar aqui que havia uma declaração de incumprimento definitivo
e que, portanto, já não se estaria em mora, mas em incumprimento definitivo.
Segundo o 886.º, transmitida a propriedade (que se transmitiu por mero efeito
do contrato) e feita a sua entrega, o vendedor não pode resolver o contrato por
falta de pagamento do preço. Esta regra é uma exceção ao 801.º e 808.º.
Só se poderia resolver o contrato de compra e venda com fundamento no não
pagamento em 3 situações:
• Tendo isso sido convencionado
• Não tendo ainda havido entrega da coisa
• No caso de o vendedor reservar a propriedade para si nos termos do 409.º
Já se verificou a entrega da coisa e/ou a transferência do direito de propriedade,
então não há lugar à resolução do contrato, apenas poderá, o credor do
pagamento do preço, recorrer à ação de incumprimento para pagamento do
preço (817º) e exigir os juros moratórios (806º).
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Nota: tudo isto está correto se resolvermos estas questões de forma autónoma
uma das outras. Todavia, se tivéssemos em conta a nulidade quanto ao imóvel,
já teríamos de resolver através do artigo 289.º e 286.º.
3. Anacleto contratou uma transportadora para proceder ao envio das chaves do
apartamento e do automóvel. Agora, pretende que Bento suporte o valor
correspondente.
Nota:
• Ação de reivindicação → proteção da propriedade e outros direitos reais.
• Ações possessórias → proteção da posse
Se houver um contrato de CV sobre um bem futuro, quando é que a posse se transmite?
Quando o vendedor adquira a coisa desde que esteja preenchido o requisito de ter a
posse da coisa.
Caso 4
No dia 1 de setembro de 2020, Ana, residente em Lisboa, compra a Beatriz,
residente no Porto, uma guitarra portuguesa que pertencera à Amália Rodrigues,
por 5 mil euros.
1. No dia 2 de setembro, há um incêndio no prédio de Beatriz que destrói por
completo a guitarra. Pode Ana recusar o pagamento do preço?
Nos termos do 408.º, 874.º e do 879.º, a propriedade transfere-se por mero efeito
do contrato válido.
No que toca à transferência da posse, se não se assistir a uma tradição,
simbólica e material da coisa, a posse só poderá ser transferida por constituto
possessório1 (1263.º e 1264.º).
Esta não é uma opinião linear na Doutrina.
→ ML afirma que o cumprimento da obrigação da entrega opera a transmissão
da respetiva posse para o comprador. Assim, será efetivamente se ele não for já
possuidor. O problema suscitado está em saber se, por norma, a CV não opera
a transmissão da coisa por constituto possessório, mesmo sem a entrega da
coisa (1263.º/c e 1264.º). Esta possibilidade é admitida por ML, mas não como
regra. Face à conceção objetivista da posse (1251.º), entende ser de considerar
o vendedor como possuidor em todas as hipóteses nas quais exerce poderes de
facto sobre a coisa, apenas passando a detentor se for convencionado q passará
a possuir em nome do comprador (1253.º/c). No entanto a conceção objetivista
da posse está longe de ser dominante na doutrina.
Regente crê que nada impede a possibilidade de o constituto possessório operar
sem necessidade de qualquer convenção nesse sentido, não havendo nenhum
impedimento à transmissão da posse com base no simples contrato/consenso
sem dependência de qualquer convenção reconhecendo ao antigo titular a
possibilidade de continuar a deter a coisa.
Aqui estávamos perante uma impossibilidade objetiva (790.º). Neste caso o risco
corria pela compradora nos termos do 796.º/1, assim Ana não poderia recusar o
pagamento do preço.
a. Suponha que as partes acordaram a entrega da coisa até ao fim do mês, já
que Beatriz pretendia colocar a peça em exposição, num museu, por 15 dias. A
sua resposta seria diferente?
1
O constituto possessório é uma forma de aquisição da posse sem necessidade de ato material ou
simbólico que a revele e que assenta em acordo no sentido da manutenção da detenção da coisa pelo
antepossuidor ou por terceiro.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
2
Contrato de mútuo é aquele que trata da transferência de bens fungíveis, móveis, que podem ser
substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade. As partes envolvidas são chamadas
mutuante e mutuário. O mutuante é aquele que empresta ou transfere a propriedade do bem fungível.
3
Se tivéssemos dois contratos autónomos um do outro, o vendedor não podia alegar o incumprimento
do contrato de mútuo para resolver o contrato de CV.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Artigo 104.º
Venda com reserva de propriedade e operações semelhantes
1 - No contrato de compra e venda com reserva de propriedade em que o vendedor seja o insolvente, a outra
parte poderá exigir o cumprimento do contrato se a coisa já lhe tiver sido entregue na data da declaração da
insolvência. NORMA EXCECIONAL
2 - O disposto no número anterior aplica-se, em caso de insolvência do locador, ao contrato de locação financeira e
ao contrato de locação com a cláusula de que a coisa locada se tornará propriedade do locatário depois de
satisfeitas todas as rendas pactuadas.
3 - Sendo o comprador ou o locatário o insolvente, e encontrando-se ele na posse da coisa, o prazo fixado ao
administrador da insolvência, nos termos do n.º 2 do artigo 102.º, não pode esgotar-se antes de decorridos cinco
dias sobre a data da assembleia de apreciação do relatório, salvo se o bem for passível de desvalorização
considerável durante esse período e a outra parte advertir expressamente o administrador da insolvência dessa
circunstância.
4 - A cláusula de reserva de propriedade, nos contratos de alienação de coisa determinada em que o comprador seja
o insolvente, só é oponível à massa no caso de ter sido estipulada por escrito, até ao momento da entrega da coisa.
5 - Os efeitos da recusa de cumprimento pelo administrador, quando admissível, são os previstos no n.º 3 do
artigo 102.º, entendendo-se que o direito consignado na respectiva alínea c) tem por objecto o pagamento, como
crédito sobre a insolvência, da diferença, se positiva, entre o montante das prestações ou rendas previstas até final
do contrato, actualizadas para a data da declaração de insolvência por aplicação do estabelecido no n.º 2 do artigo
91.º, e o valor da coisa na data da recusa, se a outra parte for o vendedor ou locador, ou da diferença, se positiva,
entre este último valor e aquele montante, caso ela seja o comprador ou o locatário.
4
Não parece ser o que resulta do artigo 104.º CIRE (PA).
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
5
Relembre-se que só não será assim, e portanto a resolução operará de um modo automático, sem
necessidade de interpelação admonitória, na hipótese de as partes terem estipulado uma clausula
resolutiva, uma condição resolutiva ou termo essencial.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
1 - Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos
termos da lei substantiva, respondem pela dívida exequenda.
2 - Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de terceiro,
desde que a execução tenha sido movida contra ele.
3 - A penhora limita-se aos bens necessários ao pagamento da dívida exequenda e das
despesas previsíveis da execução, as quais se presumem, para o efeito de realização da
penhora e sem prejuízo de ulterior liquidação, no valor de 20 %, 10 % e 5 % do valor da
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Artigo 601.º
(Princípio geral)
Pelo cumprimento da obrigação respondem todos os bens do devedor suscetíveis de penhora, sem prejuízo dos
regimes especialmente estabelecidos em consequência da separação de patrimónios.
6
Isto é: independentemente do respetivo titular pedir o cancelamento do registo.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
7
Na reserva de propriedade assiste-se realmente à afetação de uma coisa corpórea ao beneficiário da
reserva com vista à satisfação de um crédito.
8
O 827.º indica que se a prestação consistir na entrega de coisa determinada, o credor tem a faculdade
de requerer, em execução, que a entrega lhe seja feita.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Artigo 1306.º
(«Numerus clausus»)
1. Não é permitida a constituição, com carácter real, de restrições ao direito de propriedade ou de figuras
parcelares deste direito senão nos casos previstos na lei; toda a restrição resultante de negócio jurídico, que não
esteja nestas condições, tem natureza obrigacional. → O QUE FARIA COM QUE Não TIVESSE OS EFEITOS REAIS QUE
DECORREM DOS ARTIGOS 408.º, 874.º E 879.º/a (transmissão da propriedade)
2. O quinhão e o compáscuo constituídos até à entrada em vigor deste código ficam sujeitos à legislação anterior.
Artigo 694.º
(Pacto comissório)
É nula, mesmo que seja anterior ou posterior à constituição da hipoteca, a convenção pela qual o credor fará sua a
coisa onerada no caso de o devedor não cumprir.
6. Imagine que o automóvel não foi entregue a Anacleto e que o stand decide
vender e entregar a viatura a Carlos. Pode Anacleto reivindicar o automóvel?
9
Ou seja, portanto porque não utilizar simplesmente essa figura?
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Vendendo o detentor o seu direito a terceiro, sendo que o adquirente não é titular
de propriedade plena, aqui teríamos uma venda de bens alheios pelo art. 892º
adquirindo aqui, todavia, um direito real de aquisição pelo que ficaria pelo menos
aqui um espelho desse direito real.
Se o comprador restituir o capital em divida e fizer o pagamento dos juros
remuneratórios → convalidação do contrato 885.º
esperança) o preço é devido mesmo que não se efetive a transmissão total da coisa, a
risco da não concretização da esperança pertence ao comprador.
Coloca-se a questão de saber se é necessário que as partes declarem expressamente
que quem atribuir caráter aleatório ao negócio? O prof. Pedro Albuquerque considera
que não bastando extrair da interpretação do negócio segundo o artigo 236º e ss. No
caso parece que as partes quiseram atribuir o caráter aleatório ao negócio, na medida
em que não é certo que A tenha a mesma produção todos os meses. O que B compra é
uma esperança. Nestes termos seria o comprador que acarreta com o risco do negócio,
sendo devida a totalidade do preço ao vendedor. A culpa neste caso presumir-se-á, mas
será ilidível (799º) - devia afastar a presunção de culpa. O Professor PA diz que na dúvida,
devemos considerar ser CV de bem futuro.
Neste caso, havia que interpretar o contrato no sentido de ser aleatório, nos termos
do 880.º/2, dado que as partes não convencionaram CV de x toneladas por mês, mas
sim da produção de cada mês. ORA, saber a produção de cada mês é aleatório, não se
sabe qual será o volume de produção de cada mês que virá – tendo contratado apenas
sobre o total da produção mensal, seja qual for o seu volume, convenciona-se sobre
bens futuros aleatórios. O objeto da venda é uma mera esperança (neste caso até
podíamos considerar que a esperança era de ser 1 tonelada já que era sabido que por
mês era o que produzia em médio) e o preço será devido mesmo se a efetiva transmissão
da coisa ou bem futuro se não efetivar (na CV normal de bens futuros, o preço só é
devido se a coisa vier a existir; nos contratos aleatórios, o risco da não concretização da
esperança pertence ao comprador). O preço é devido por inteiro 880.º/2.
O contrato era de compra e venda da produção. Não de 1 tonelada por mês. A obrigação
do vendedor é uma obrigação de meio → só fica obrigado às diligencias necessárias, não
fica obrigado ao resultado. Ele cumpriu com a prestação dele, por isso não se pode dizer
que houve uma impossibilidade parcial, já que houve um cumprimento total.
CV de bens futuros aleatória → PA: a natureza aleatória do contrato não abrange
os defeitos da coisa (o comprador admite o pagamento do preço mesmo se a
coisa não chegar a existir).
Não havia sequer aqui uma impossibilidade parcial não imputável ao vendedor, e,
portanto, não se aplicaria o 793º/1, que determina o cumprimento parcial e redução do
preço na medida proporcional.
b) Imagine agora, em alternativa que Aníbal apenas tinha produzido 700 kg de
alface no mês de abril por não ter utilizado nos meses de fevereiro e de março as
dosagens adequadas de pesticidas. Quid iuris?
10
Significa poder em certos cenários faltar essa obrigação. Assim sucede, p.e., se a especificação depender
de um ato de terceiro ou do próprio comprador como, por hipótese, na eventualidade de competir a este
o corte das arvores compradas.
11
Ac. Proc. 3093/16.5T8AVR.P1: a indemnização pelo dano positivo destina-se a colocar o lesado na
situação em que se encontraria se o contrato fosse cumprido, reconduzindo-se, assim, aos prejuízos que
decorrem do não cumprimento definitivo do contrato ou do seu cumprimento tardio ou defeituoso; a
indemnização pelo dano negativo tende a repor o lesado na situação em que estaria se não houvesse
celebrado o contrato, ou mesmo iniciado as negociações com vista à respetiva conclusão, assistindo-lhe
o direito a ser ressarcido do que despendeu na expectativa da consumação do negócio.
12
Surge logo na esfera do vendedor a obrigação de adquirir a coisa.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
13
P.e., vender-se um imóvel afirmando-se ter 2000m2, por 50 000€, mas dps observa-se que o imóvel tem
1950m2. O problema é solucionado segundo o 888.º.
14
O Ónus da divergência cabe a quem pedir correção do preço.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
caduca dentro de seis meses ou um ano, consoante seja móvel ou imóvel. Tratando-se
de um terreno, vale o prazo de um ano. Assim, Diogo exerceu o seu direito
atempadamente.
A resolução do contrato consta do art. 891º - se o vendedor exigir os 10 Milhões e não
aceitar apenas os 9 500, o comprador, Diogo, tem o direito de resolver o contrato (a não
ser que tenha agido com dolo).
Este direito caduca, contudo, no prazo de três meses a contar da data em que o
vendedor fizer por escrito a exigência desse excesso (prazo que se começa a contar na
altura em que o documento se torna eficaz por ter sido recebido o facto equivalente
224.º). Como Carlos ainda não fez essa declaração por escrito, Diogo pode resolver
livremente o contrato.
Então e no caso de ele vender um hectare por 1 milhão de euros, em razão de por cada
1000 metros o vender por 100 mil euros? Aqui é caso para usar o art. 236º, interpretado
o negócio como o professor Raúl Ventura indica para preponderar que tipo de venda é
compra ad mensuram, pois o declaratário normal haveria um critério por medida desse
mesmo negócio. Então e em relação à eletricidade e à água? O professor Pedro
Albuquerque diria que não porque não é uma coisa determinada e o professor Menezes
Leitão diria que sim mas é discutível sendo que seria aqui um contrato atípico.
b) Em que condições pode Diogo resolver o negócio?
• Direito do comprador
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
c) Suponha que, no mesmo dia e no mesmo cartório, Carlos tinha vendido a Diogo
dois terrenos: um por 2 milhões de euros com 2 mil m2; outro por 1 milhão de
euros, com mil m2. Posteriormente, vem a verificar-se que, afinal, cada um dos
terrenos tem 1500 m2.
1m2 = 1000 €
1/20 de 2mil = 100 → ultrapassa para menos os metros declarados em 500m, logo
25%
1/20 de 1mil = 50 → ultrapassava para mais os metros declarados em 500m, logo
50%
Quid Iuris?
O problema levantado pela questão é ser uma área inferior àquela indicada pela venda, deste
facto se retira que o comprador pagou uma quantidade superior àquela que recebeu, temos de
saber se o Diogo tem de pagar o preço estipulado inicialmente ou não.
Temos um regime específico na compra e venda nos art. 887º e 888º que trata da venda de
coisas sujeitas a contagem, pesagem ou medição. Nesta hipótese, sabemos que C vendeu a D
um terreno para este construir.
Temos de perguntar qual o significado desta declaração, é de que o preço foi fixado à razão
de x por metro quadrado, ou foi fixado tendo em conta que ele vai comprar aquele terreno.
Pelas regras da interpretação declaração negocial 236º e ss, conseguimos chegar à afirmação de
que o que o D quis comprar foi aquele terreno, independentemente dos metros quadrados do
mesmo, e será mais acertado dizer que o tamanho é meramente um elemento incidental,
porque o que ele quer é comprar aquele terreno.
ML diz a totalidade; PL + AV dizem ser apenas a diferença. Tendo em conta os valores deste caso,
a resposta final seria muito relevante.
consoante seja para mais ou para menos, quando ultrapassa um vigésimo, o legislador considera
que esse risco já não está regulado no negócio, ainda que as partes nada tenham dito.
Imagine-se que havia no caso um preço único e imagine-se também que aplicando o artigo 889º
(porque são coisas determinadas e homogéneas), mas chegando ao fim do processo se verifica
uma descorrelação de mais ou menos 1/20? Existindo ainda falta ou excesso poderá ser
suscetível de aplicação tanto o artigo 889º e se este não fosse suficiente aplicarmos o artigo
888º.2, se a diferença fosse superior a um 1/20.
Caso 8
António, com o intuito de oferecer ao seu filho, compra a Bento um relógio.
Sabendo que o seu filho Martim podia não gostar do relógio, acordou com Bento
que o relógio seria devolvido, caso o filho não gostasse do artigo.
Adicionalmente, as partes acordaram que o pagamento do relógio ou a sua
devolução devia ser realizada até ao fim do dia seguinte.
1. Na semana seguinte, António regressa à loja para devolver o relógio e Bento
recusa. Quid iuris?
Estamos aqui perante uma compra e venda a contento, que deve observar os termos do
art.923º.
Neste caso o artigo 924º o comprador poderá resolver o contrato caso a coisa não lhe agradar.
Assim se o filho de A não gostar este poderá devolver, o artigo 923º/3, diz que a coisa pode ser
facultada por exame, pelo que o prazo afixado será de 1 dia para dizer se aceita ou não, não
tendo dito nada no prazo pelo artigo 923º.2 e 228º a compra e venda não iria produzir efeito. O
artigo 926º refere que no caso de dúvida temos de entender que estamos perante uma compra
e venda a contento da 1ª modalidade.
Tínhamos aqui um contrato preliminar porque já há a vinculação de uma parte para oferecer o
exame e da outra o direito de aceitar ou não.
Assim, concluindo, neste caso podia recusar? Não porque o prazo estipulado pelas partes já
tinha passado.
2. Admita que António compra um segundo relógio para a seu pai, ficando
acordado que o mesmo seria devolvido, caso a bracelete não tivesse o tamanho
adequado para o pulso do pai. Quid Iuris?
Colocar-se-á a questão de saber se estamos ou não perante uma condição resolutiva ( 925º.1).
Quanto ao prazo fixado pelo vendedor uma vez que não foi estabelecido o prazo ( 925º.2 2ª
parte), não se pode neste caso estabelecer um prazo que não seria razoável dependendo das
situações do caso concreto.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Teríamos aqui o problema de ter uma condição potestativa pelo que não estaria aqui fixada uma
condição a sério mas sim uma deste termo.
A prova deverá ser feita dentro do prazo, segundo o estabelecido pelo contrato ou pelos usos.
Se ambos forem omissos, observar-se-ão o prazo fixado pelo vendedor e a modalidade escolhida
pelo comprador segundo critérios de razoabilidade (925º/2).
Caso 9
Catarina tem avultadas dívidas e como tal decidiu vender o seu apartamento a Daniel, por 200
mil euros, no dia 1 de agosto de 2011. Como pretendia voltar a reaver o imóvel, quando tivesse
maior liquidez financeira, acordou com Daniel que podia resolver o contrato, no prazo de 10
anos, pelo pagamento de 250 mil euros.
a) Em 2015, Catarina telefona a Daniel, informando que conseguiu juntar dinheiro suficiente
para reaver a casa, no entanto, Daniel comunica que já vendeu a casa a Belmiro. Quid iuris?
Estamos aqui perante uma Venda a Retro. O vendedor reserva para si o direito de
reaver a propriedade da coisa ou direito vendido mediante a restituição do preço
(927º).
PA e Galvão Telles→ a venda a retro é, em muitos cenários, o único meio de atingir e
servir interesses sérios e perfeitamente legítimos. Como a situação de quem
necessitando de dinheiro não pretenda, todavia, valer-se do crédito nem se desfazer
definitivamente dos seus bens.
Quanto ao contrato celebrado entre C e D, há que notar que foi estabelecido que C, ou
seja, a vendedora, teria de restituir preço superior ao fixado para a venda, caso
quisesse resolver este contrato. Ora, nos termos do 928.º/2 esta clausula é nula quanto
ao excesso, estando C obrigada a pagar apenas os 200 mil se decidir resolver o contrato.
Há ainda que fazer alusão ao prazo estabelecido pelas partes para a resolução. Segundo
o artigo 929.º/1 a resolução pode ser exercida dentro de 2 ou 5 anos a contar da venda,
consoante sejam bens móveis ou imóveis. Neste caso tratava-se de um bem imóvel, e,
portanto, o prazo máximo para a resolução seria 5 anos. Nos termos do art. 929.º/2,
tendo as partes estabelecido um prazo de 10 anos, e, assim, excedendo o limite dos 5
anos, a convenção considera-se reduzida a esse limite, ou seja, o prazo estipulado
pelas partes ser a reduzido a 5 anos. Note-se que as partes poderiam ter estabelecido
o prazo mais curto que 5 anos, mas nunca prazo superior, como foi o caso (10 anos).
Quanto à pretensão de resolução do contrato, ainda se estava dentro do prazo, dado
só terem passado 4 anos e o prazo ser, neste caso, como vimos, 5 anos.
Há então que averiguar acerca da sua oponibilidade a terceiros. Em regra, a solução
dos contratos ou negócios jurídicos não atinge os direitos adquiridos por terceiros
(435º/1).
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
TODAVIA, o artigo 932.º apresenta-se como uma exceção a esta regra geral
dizendo que, na venda a retro, se esta tiver por objeto coisas imóveis/móveis sujeitas
a registo, e a cláusula a retro tiver sido devidamente registada, a resolução já é
oponível a terceiro. A clausula tem eficácia real tratando-se de bens imoveis e moveis
sujeitos a registo, quando tenha sido registada; nas outras situações, tem eficácia inter
partes (435º/1). O bem em causa era um bem imóvel, a clausula seria, assim, oponível
a 3º caso tivesse havido registo.
Tratando-se de clausula oponível a terceiros, os bens regressariam livres de ónus ou
encargos sobre eles estabelecidos se, obviamente, tiver sido efetuado o registo
Se não tivesse havido registo, o que poderia haver em todo o caso seria
responsabilidade civil de D, pelo dano causado.
VENDA A RETRO VS PACTO DE REVENDA
(a) Venda a retro: uma única compra e venda, onde se estipula uma clausula acessória
que confere ao vendedor a faculdade de resolver o contrato.
Na venda a retro, o vendedor irá reserva a possibilidade de durante determinado tempo
reaver o bem que foi vendido, ou seja, apenas haverá o negócio.
(b) Pacto de revenda/retrovenda: verifica-se uma venda, por exemplo, de A a B, que,
no mesmo instante ou posteriormente, volta a vender a A.
Na retrovenda haverá uma venda a um comprador que depois se a venderá
posteriormente aplicando-se ao mesmo regime da compra e posteriormente em relação
aos prazos aplicar-se-á o regime da venda a retro. Neste caso haverá posteriormente
uma venda em sentido inverso, haverá uma primeira compra e venda em que o
comprador emite uma outra venda subsequentemente ( 927 º e 928º).
Os perigos da venda a retro: serão os negócios simulados nos termos do artigo 1146º
(p.e.).
b) Imagine que em 2015 o imóvel fica totalmente destruído num incêndio. Sabendo que o
imóvel tinha sido avaliado por 300 mil euros, Catarina pretende resolver o negócio e exigir
uma indemnização ao comprador pelo valor da avaliação.
• Neste caso tudo indica ter sido uma perda furtuita, ou seja, não havendo
dolo não se poderia dizer que estaríamos perante a situação do artigo
432º/2. Nestas situações a propriedade perde-se e o vendedor, em
princípio, não quereria exercer o seu direito de resolver o contrato;
ASSIM, a propriedade firmar-se-ia na esfera jurídica do comprador que
teria de suportar o risco desta perda15. CONQUANTO, C continua a
pretender exercer o direito de resolução:
i. Raul Ventura entende que não pode
ii. Pedro Albuquerque entende que pode e que caberá ao vendedor
suportar os efeitos da perda ou deterioração.
Desta forma, se C não quiser resolver o contrato, os riscos correm por B. Se C ainda
quiser resolver o contrato, terá de ter em conta que os riscos correm por sua conta, e,
portanto, não só não podia pedir uma indemnização, como correriam por si todas as
despesas.
424.º → a regra é de retroatividade da resolução.
Andreia adquiriu a Bernardo uma máquina de lavar louça, tendo sido convencionada a reserva
de propriedade e acordo que o preço devido, no valor de 1000 euros, seria pago em vinte
mensalidades, de 50 euros.
Por último, convencionaram as partes que “em caso de incumprimento de Andreia, Bernardo
tem direito a receber 2000 em alternativa ao preço devido”. → CLAUSULA PENAL
Analise, de forma autónoma das demais, cada uma das seguintes situações:
15
Destarte, por motivos completamente distintos dos do 796.º/3
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Neste caso, estaríamos perante uma venda a prestações. Este contrato surge como forma de
tornar mais ativa a circulação de bens e de permitir o gozo dos benefícios por eles
proporcionados ao maior número possível de pessoas, admitiu a chamada a venda a prestações
(934º e ss.).
Pelo artigo 934º. 1ª parte não poderá haver resolução do contrato sendo o artigo absolutamente
perentório neste aspeto.
PA considera que haverá uma exigibilidade antecipada, ou seja, o credor pode exigir as
outras (781.º), mas não é automático que haja um vencimento antecipado.
TODAVIA, não é o caso aqui dado que A não faltou com uma prestação superior a 1/8
nem com mais de uma prestação.
16
Batista Machado: acrescenta em nota só ser assim se não se dever entender o prazo fixado para as
prestações como um prazo perentório ou prazo-limite que inclua o prazo suplementar referido no artigo
808.º/1 ou que seja igual a este. PA não segue esta orientação o autor a propósito deste ponto, por
estarem jogo, como se viu, apenas a perda do benefício do prazo.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
5. Suponha que tinham sido acordadas, ao invés de vinte mensalidades, apenas cinco.
Resolva autonomamente cada uma das seguintes sub-hipóteses, mencionado os direitos de
Bernardo:
b. Andreia falta ao pagamento de primeira mensalidade, mas ainda não tinha havido a
entrega da máquina de lavar a louça.
c. Andreia falta ao pagamento da primeira mensalidade, mas não tinha havido reserva
de propriedade, nem entrega do eletrodoméstico.
Nuno e Maria zangaram-se um com o outro, tendo Nuno decidido sair do apartamento onde
morava, com a Maria. Por falta de espaço na nova casa, Nuno decidiu vender algumas das suas
coisas que tinha no apartamento, pedindo a Maria se as poderia mostrar a eventuais
interessados.
Resolva, de forma autónoma das demais, cada uma das seguintes hipóteses:
Se ele não quisesse. A pessoa que quem tivesse sido vendida a coisa tinha interesse negativo de
indm.
A pessoa que comprou bem alheio teria uma indemnização superior se utilizasse o regime dos
bens alheios
b) Pedro desloca-se à casa e gostou muito de um quadro. Maria diz a Pedro que aquele
quadro “era seu”, mas que poderia vendê-lo por 100 euros. Este aceita.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Quando soube do sucedido, Nuno exige o quadro de volta a Pedro, que, por sua vez, se recusa.
Maria, contudo, diz que não pode fazer nada e se a pretensão de Nuno for a Tribunal, o mesmo
terá de declarar a nulidade do contrato.
Neste caso estamos perante a venda de bens alheios, transmissão onerosa , como próprios de
bens não pertencentes ao alienante, neste caso concreto temos Maria a vender a Óscar móvel
pelo qual não é proprietária mas sim Nuno.
Regime este previsto nos artº 892º ss CC vale assim apenas para hipóteses de alienação como
própria de uma coisa que não se mostre fora do comércio, específica e considerada presente,
fora do âmbito das relações comerciais. O que neste caso se encontra presente, pois temos aqui
perante a vontade de vender como própria a coisa alheia – Maria vende o móvel como se fosse
seu.
Com base no artº 892 – refere ser nula a compra e venda de bens alheios quando o vendedor
para além de vender como própria coisa careça de legitimidade para o fazer – o que é o caso.
Raúl Ventura afirma a prioridade da nulidade sobre a ineficácia. A falta de produção de efeitos
do negócio alheio relativamente ao proprietário seria consequência da nulidade e não da
ineficácia. Diz ainda que que numa ação declarativa contra o negócio teria que ser
necessariamente analisada a nulidade.
O professor Pedro de Albuquerque não segue esta posição, discordando do Professor Raul
Ventura – para o Regente:
2) por outro lado, o proprietário é titular de um direito absoluto, pelo que em ação declarativa
se irá fundamentar em razões absolutas – OU SEJA, iria provar a sua titularidade e não a
nulidade do negócio.
17
Assim não será se, eventualmente, tiver sido intentada uma ação possessória ou de reivindicação pelo
proprietário.
18
Diogo Bártolo sublinha o facto de o verdadeiro titular dever ser avisado pelo comprador e/ou pelo
vendedor, por via dos deveres acessórios impostos pela boa-fé, que funcionam, nesta situação, como
proteção de terceiros.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
E, ainda, o artigo 897º/1 prevê um dever jurídico de validação do contrato de compra e venda
de coisa alheia, em caso de boa-fé do comprador (entendida por alguma doutrina como uma
obrigação de resultado – são-lhe aplicáveis as regras previstas nos artigos 798º e ss., existindo,
na eventualidade de incumprimento, uma presunção de culpa nos termos do 799º19).
c) Quirino desloca-se ao apartamento e compra a Maria, por 500 euros, a televisão que esta
tinha comprado numa promoção no Centro Comercial de Aljubarrota, juntamente com Nuno,
quando ainda estavam apaixonados um pelo outro e a viver juntos.
• Se se mostrar que o negócio não teria sido realizado sem a parte alheia, o
contrato é totalmente nulo (vale a regra constante do artigo 892º).
• Se, por outro, tivesse sido realizado, independentemente de parcialmente
alheio: nos termos do artigo 902º, o contrato é reduzido.
Bens indivisos? Não.
Em principio, a nser que seja possível recorrer à redução, o contrato será nulo.
d) Maria vende a bicicleta de Nuno a Ruben, tendo dito a este último que Nuno lhe tinha
prometido, por contrato, vender-lha. Posteriormente, contudo, veio a suceder que Nuno
vendeu a referida bicicleta a Sara. Ruben pretende agora que Maria lhe devolva o preço que
pagou pela mesma, assim como uma indemnização que alega ter sofrido.
Ir-se-ia aplicar o regime dos bens futuros ao contrato celebrado entre M e R, nos termos do
893.º, já que M informou R que ainda não tinha o bem na sua posse.
Quanto a este contrato, ele seria possível e válido nos termos do 880.º/1 se M tivesse
efetivamente informado o comprador que não tinha titularidade do bem. M cumpriu os deveres
de informação.
19
Diogo Bártolo: havendo má-fé na conclusão do contrato deve considerar-se haver culpa no
incumprimento da obrigação de convalidação.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
das circunstâncias do contrato20: o vendedor tem de adquirir o bem alienado, momento no qual
se verifica a transmissão automática da propriedade (artigo 408º do CC)
Quando não exerça essas diligências, por facto imputável, responderá por inadimplemento.
Todavia, aqui parece ter sido cumprida as diligencias.
Também não parece que houvesse caracter aleatório, por isso o preço não era devido se a
transmissão dos bens não se chegasse a verificar (880.º/2 a contrario).
Assim, dava-se a extinção do contrato, e M perde o direito à prestação. Neste caso, R já tinha
pago, por isso tinha direito a ser restituído desse valor.
R podia pedir uma indemnização a N se se provasse que havia um contrato promessa entre M e
N. Todavia, devido á falta de eficácia real do contrato promessa, a proprietária seria sempre Sara
(o contrato promessa não lhe é oponível e só seria nos termos do 413.º).
a. Argumentos: o objeto não é legalmente impossível, uma vez que o comprador pode adquirir
a coisa até ao momento da celebração do contrato definitivo (não adquirindo, haveria mero
incumprimento e não nulidade, pq não há eficácia real no contrato promessa, com exceção dos
casos em que as partes queiram que haja nos termos do 413.º).
2. Admissibilidade limitada:
Seria nulo, exceto se houvesse convenção contrária à execução específica: noutra hipótese, o
artigo 830º não seria operável, dado que apesar de aplicável (pois a natureza do contrato não
se opõe à execução específica, dado que a coisa foi prometida vender como própria), não seria
operável, na medida de não poder nesta hipótese ter lugar uma sentença que produza os efeitos
negociais da declaração do faltoso, pois nessa eventualidade a decisão do tribunal teria a força
de uma compra e venda nula – ou seja, o tribunal acabaria por proferir uma decisão que não
poderia provocar os efeitos essenciais a que se destina.
20
Significa poder em certos cenários faltar essa obrigação. Assim sucede, p.e., se a especificação depender
de um ato de terceiro ou do próprio comprador como, por hipótese, na eventualidade de competir a este
o corte das arvores compradas.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
ASSIM, o contrato de promessa de compra e venda de coisa alheia deve entender-se nulo,
exceto se existir convenção contrária à execução específica (com a equiparação operada pelo
830.º/2). O afastar da execução específica pode ser expressa ou tácita.
Pa → não temos a aplicação do ESC; temos a aplicação direta do 289.º que permite a restituição
integral do preço
Se o comprador já souber que a coisa não é sua --< 1269.º (só nas relações entre o proprietário
real e o comprador)
Quando Fernando entra na sua casa, depara-se com Luís dentro da mesma, em roupão de
banho, que começa aos gritos, exibindo um contrato de arrendamento na mão válido por mais
dois anos, a exigir a imediata saída de Fernando.
2. 50.000 euros por despesas os advogados, a escritura e os impostos pagos para comprar a
casa;
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
3. Os restantes 60.000 euros por lucros cessantes, uma vez que tinha um comprador para casa
por 710.000 euros. (LUCRO CESSANTE = 650.00-710.00= 60.000)
Estamos perante um contrato de compra e venda de bens onerados nos termos do art. 905º. A
venda de bens onerados aplica-se às situações em que incidem, sobre o bem transmitido, ónus
que excedam os limites normais de direitos da mesma categoria21 (exemplos: servidão de
passagem; contrato-promessa com tradição da coisa, contrato de locação, hipoteca, etc.).
Antes de mais há que referir que para aplicar o regime dos bens onerados, (1) o ónus tem de
ser existente à data da celebração do contrato, (2) o comprado tem de desconhecer a sua
existência (se for declarado pelo vendedor já não se aplica este regime22) e (3) os ónus ou
limitações não podem estar dentro dos limites normais daquela categoria de direito, estes
serão o caso dos ónus que normalmente não se verificam aquando da transmissão de
determinado tipo de direitos, neste caso havendo transmissão do direto de propriedade, o ónus
que ultrapassa os limites normais será o facto da coisa ter sido locada a outrem.
Quanto à anulabilidade, determina-se nos termos do 905.º, que será possível a anulabilidade do
contrato com base no erro ou no dolo se se verificarem no caso os requisitos legais da
anulabilidade do contrato de compra e venda.
Olhando para este preceito, alguma doutrina, penso que a maioritária, considera ter-se
procurado reconduzir a tutela do comprador à doutrina geral do erro e do dolo – o que
significaria que o direito de anulação só se verificaria se estivessem reunidos os pressupostos
e requisitos da anulabilidade, a saber:
Quanto à anulabilidade por mero erro (que no regime dos bens onerados se encontra no artigo
909º) os requisitos para a anulabilidade são, nos termos do 247.º e 251.º:
1. Essencialidade do erro para o declarante (comprador) – O erro tem de ser essencial à vontade
de celebrar aquele negócio;
21
Tratando-se de uma situação em que há transmissão da propriedade sobre um imóvel “limitado” por
um contrato de arrendamento, de acordo com o Professor Romano Martinez estaremos já diante de um
cumprimento defeituoso por parte do vendedor e não uma venda de um bem onerado: o vendedor estava
adstrito a efetuar uma prestação conforme acordado, só assim vendo o credor o seu interesse satisfeito.
22
ratio da norma consiste em proteger o adquirente contra o risco de adquirir um bem que, por não estar
livre de uma intromissão limitadora, não corresponde à representação que, de acordo com o contrato
dele se teve.
23
A lei considera apenas admissível a anulação, e não a nulidade (desvalor menos grave para esta
modalidade do que para a venda de bens alheios).
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
i. Decorrente da natureza das coisas, esta pode ser uma suscetibilidade de conhecimento muito
forte: quanto mais “excessiva” ou “óbvia” a limitação ao direito transmitido for, mais essencial
à formação da vontade será: se a pessoa soubesse que estaria limitada de tal forma, ou não
comprava ou comprava a preço mais baixo (valendo aqui o Art.º 911 CC);
Já quanto à anulabilidade por dolo (no regime dos bens onerados encontra-se no artigo 908º);
os requisitos gerais para a anulabilidade são, nos termos do 253.º e 254.º:
2. Que esse erro tenha sido causado pelo declaratário (vendedor) ou terceiro;
nomeadamente a defendida pelos Profs. Menezes Cordeiro e Pedro Romano Martinez, entre
outros autores, onde se inclui o Prof. Pedro de Albuquerque – concluem que a remissão do art.
905º CC deve ser enquadrada não no âmbito do erro mas antes numa hipótese de resolução.
ARGUMENTOS:
24
Na verdade, aquilo que sucede quando se realiza um CCV de bem onerado é que o comprador pretende
adquirir o objeto A, manifestando de forma adequada e isenta de vícios a vontade de adquirir A – pois, ao
selecionar o bem, aquilo que o comprador faz é exprimir a sua vontade de adquirir um bem ou um direito,
dotado de conteúdo normal inerente a direitos da mesma categoria. No entanto, identifica um bem que
apenas possui as características de B, na convicção errónea de esse bem servir para cumprir o programa
obrigacional que foi expresso e delineado de forma correta e isenta de vícios.
Para usar um exemplo proposto pelo Prof. Menezes Cordeiro, podemos dizer que há erro se o comprador
disser que compra branco e na realidade quer comprar preto. Mas haverá já incumprimento se pactuar
comprar branco e o vendedor entregar preto – é isso que sucede quando há uma compra e venda de bem
onerado.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
indemnização (908.º e ss., maxime o 910.º)), não faria sentido apelar às regras do erro
no art. 905.º e dps apelar às do incumprimento nos restantes efeitos.
Segundo o Regente aquilo que, na verdade, temos quando falamos na compra e venda de bens
onerados é uma hipótese de cumprimento defeituoso, não uma hipótese de erro, pelo que
esta anulação de que fala o art. 905º na realidade deve ser convolada numa resolução.
Desta forma, o regente diz-nos que, a referência do artigo 905.º aos pressupostos legais da
anulabilidade tem de ser devidamente interpretada, ou seja:
No caso de estar em dolo há divergências doutrinárias quanto ao interesse contratual que é aqui
tutelado:
I. PL/AV – A dupla negativa indicia que se encontra aqui tutelado o interesse contratual negativo;
II. VS – Há tutela pelo interesse contratual positivo se este for superior ao interesse contratual
negativo, na eventualidade de dolo do vendedor;
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
III. MC – Defende dever a indemnização ser sempre pelo interesse contratual positivo, devendo
onde se lê “se a compra e venda não tivesse sido celebrada” que se leia antes “se não tivesse
havido onerações”25;
i. Aproxima a noção de dolo aos 892.º, 898.º e 903.º, exprimindo antes a má-fé e não a existência
de subterfúgios ou silêncios intencionais do vendedor para enganar o comprador – Incorre em
dolo (má-fé) se o vendedor sabia ou devia saber da existência do ónus (abrangendo-se assim
também a negligência).
Má-fé subjetiva → estado do sujeito; alguém age sabendo que está a prejudiciar dts e
interesses de alguém
Em caso de mero erro aplica-se o 909.º e não há direito a indemnização por lucros cessantes.
Há uma responsabilidade objetiva do vendedor que se fundamenta no facto deste, no momento
em que procede à venda do bem deve garantir, independentemente de culpa sua, que o bem
vendido se encontra livre de ónus ou limitações, respondendo pelos danos causados se tal se
verificar.
Concluindo, o comprador podia exigir a resolução e através desta era-lhe restituído desde logo
o preço pago (650 mil euros). Ele poderia sempre resolver o contrato (verificados os requisitos),
exceto se antes de ter pedido em juízo a anulação da CV ou antes de ter tido qualquer tipo de
despesas com o contrato, desaparecerem os ónus e ficar assim sanada a anulabilidade, como
dispõe o 906.º/ 1 e 906.º/2 a contrario..
O Regente equipara o dolo a que se refere o artigo 908.º a má-fé ética, dizendo que esta se
verifica quando o vendedor soubesse da existência do ónus, ou devesse saber. Parece-me difícil
que o vendedor não soubesse, mas pelo menos deveria saber. Assim, considerei que o vendedor
estava de má-fé, sendo a indemnização calculada desta forma nos termos do 908.º, e
abrangendo os lucros cessantes (interesse cont positivo) e os danos emergentes (eram por
interesse cont negativo) e, portanto, incluíam-se tanto o valor que deixou de receber por já não
ter vendido a casa como as despesas que efetuou.
Os lucros cessantes só seriam devidos se houvesse falta de convalidação nos termos do 910.º.
25
Não há grande diferença entre a posição de VS e MC se se tiver presente a noção de dolo do artigo
908.º. Ela exprime a má fé e não a existência de subterfúgios ou silêncios intencionais do vendedor para
enganar o comprador. Haverá dolo (má-fé) se o vendedor souber ou dever saber da existência do ónus.
A negligência está assim igualmente abrangida pelo artigo 908.º.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
O vendedor assegura que há um direito de passagem contíguo. Mas esse direito de passagem
afinal não existe? Neste caso estaríamos perante uma compra e venda de bens onerados,
porque estaria aqui em causa uma limitação, sendo que não poderia ser venda defeituosa
porque seria um vicio material sobre a coisa e a venda de bens onerados será sobre um vício
do direito em si.
Têm de estar preenchidos os requisitos do dolo ou do erro? Não, o professor Pedro Albuquerque
diz que não seria necessário pois o que estaria aqui em causa seria a falta de cumprimento.
Quando há falta de expurgação do ónus → indemenização não deixa de ser pelo 908.º e 910.º
No caso de não expurgar o onus estamos perante uma situação de incumprimento mas não
deixaemos de estar sob um regime especial
Se ele optar pela expurgação -_ tribunal fixa → não cumpre → icumprimento definitivo →
regiem da venda de bens onerados 910.º
Em vez de recorrer a tribunal → ficam o prazo → não cumpre → mora → aí aplica-se o regime
geral da mora
A aplicação do 910:
Ana, através de uma plataforma de venda de produtos particulares usados on-line, vendeu a
Bernardo, por 300 euros, o seu telemóvel, metade do que custa novo.
Cinco meses e uma semana depois do negócio, por transvio dos correios, Bernardo lá recebeu
o aparelho em sua casa e verificou que o mesmo não liga. Após ter colocado o aparelho a
carregar, Bernardo constatou que, apesar de ligar e ter acesso à internet, o telemóvel não
permitia fazer, nem tão-pouco, receber chamadas.
A) Bernardo escreveu a Ana a pedir-lhe o pagamento de 300 euros pelo arranjo do aparelho.
Esta, porém, recusa-se, alegando que já passou tempo demais, que hoje em dia os telemóveis
só servem para navegar na Internet, que Bernardo poderia fazer chamadas pelo Whatsapp e,
por fim, quem nem sequer sabia que o processador do telemóvel estava avariado, uma vez
que já não lhe dava uso há mais de dois anos.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Estamos perante uma venda de coisas defeituosas que se encontra regulada no art. 913º e
seguintes, visto que Ana vendeu a Bernardo, um telemóvel que não fazia chamadas. O art. 913º
diferencia quatro cenários distintos:
Surge-nos desta forma uma diferenciação entre vícios e falta de qualidades. O bem sofrerá de
um vício gerador de uma perda de valor se possuir uma imperfeição determinante do seu
posicionamento abaixo do habitual valor de troca ou de mercado. Está se desta forma diante
de uma situação objetiva. A qualidade é um aumento ou ampliação relativamente ao padrão
médio normal (ou um plus). A sua falta gera uma situação de desconformidade com o contrato.
O vendedor na celebração do negócio assegura determinadas qualidades. Na verdade, a
qualidade terá de ser expressa ou tacitamente aceite também pelo vendedor, e nessa medida,
ela integra o fim da compra e venda. Não estando elas efetivamente presentes na coisa vendida
e entregue há compra e venda defeituosa. Assim sendo, temos que “vício” – características da
coisa que levam a que seja valorada negativamente. “Qualidades” – não implica a valoração
negativa, mas coloca-a em desconformidade com o contrato. Neste caso teríamos um vício
impeditivo da realização do fim.
Por aplicação e interpretação do artigo 913º/1 podemos dizer que Ana não certificou a
Bernardo a existência de certas qualidades na coisa, sendo que essa certificação não poderia
corresponder à realidade para que se desse a aplicação do artigo em questão (a certificação
pode ser expressa ou tácita – 217º). Estamos, então, perante uma conceção subjetiva do defeito
(“qualidades (...) necessárias para a realização daquele fim”), pois estão em causa as utilidades
específicas que o comprador pretende que lhe sejam proporcionadas pela coisa. Para tal é
necessária uma aceitação, pelo menos tácita, do vendedor, que neste caso não pareceu existir,
logo, temos que atender à função normal das coisas da mesma categoria. Quando compramos
um telemóvel é de esperar que o mesmo faça e receba chamadas.
FALTA
Vicio – minus em relação ao normal. (eu vendo um rlogio e não da para ver as horas
Qualidade traduz um plus em relação à normalidade (esse plus no caso concreto era devido)
DIREITOS DO COMPRADOR:
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
• Anulação/resolução → 913.º c remissão para o 905.º (o vicio tem de ser grave o suf que
o negócio não tenha manutenção)
• Reparação e substituição
• Redução do preço 911.º
• Indemnização por dolo 908.º
• Indemnização pela não reparação ou substituição
AULA 29/11/2021
Caso C
Em 2022, Célio, estudante de desenho, compra na loja, Equipamentos Inteligentes S.A., por
mil euros um tablet que incluía uma caneta stylus, dispositivo que permitia desenhar e tirar
notas das aulas.
É CV DE BENS DE CONSUMO.
Âmbito de aplicação subjetivo→ 3.º 2.º - relativo ao consumidor e tem de haver um vendedor
que se dedique profissionalmente à venda de produtos (é assim que se distingue do regime civi).
Âmbito objetivo → 3.º/1/c 2.º/1 - relativo ao objeto, enquadra-se na compra e venda; locação
de bens e empreitada de bens de consumo.
Art. 16.º - dto de rejeição nos primeiros 30 dias, sem ser necessário verificar-se a reparação
Esta ideia de alargar aos 3 anos mas dizer que passados os 2 anos o consumidor terá que provar
que o defeito já vinha com a entrega.
12.º → prazo pode ser reduzido ate 1 anos por acordo; mas o vendedor é responsável durante
1 anos (?)
O celio não tinha razão pq a resolução é o ultimo direito, tinha de passar pelas outras
possibilidades antes da resolução. E há uma manifestação no sentidod e reparar o bem por isso
quem tinha razaõ era a loja.
Aqui não esta em causa bens de serviços digitais (?). o que está em causa é a caneta que deixou
de funcionar. Os elemtnos digitaisesta pensado por exemplo para plataformas de streaming
(Netflix, software)
Sara marca uma reunião com os demais sócios da sociedade para decidir o que fazer.
Quid iuris?
Carlos acordou com Daniel a construção de uma estante em mogno, para guardar os seus
livros de direito, pelo preço de 8.000,00€. O preço foi imediatamente pago, tendo Daniel
acordado a entrega da estante no prazo de 3 meses.
1) Após a conclusão da estante, e antes da sua entrega, a mesma incendeia-se, fruto de um
curto circuito nas incitações de Daniel. Poderá Carlos reaver o preço pago?
2) Uma vez entregue, Carlos constatou que a estante era feita de pinho, e não de mogno.
Carlos pretende a restituição do preço pago. Quid iuris?
3) Ao fim de 3 anos, e pese embora as várias insistências de Carlos, Daniel não entrega a
estante, tal como acordado. Que tutela legal assiste a Carlos?
4) Ao fim de uma semana da celebração do negócio Carlos arrependeu-se do mesmo. Pretende
que Daniel devolva o preço pago. Daniel afirma que já iniciou a construção da estante, tendo
investido parte do dinheiro na compra de materiais. Quid iuris?
5) Ao fim de 1 anos após a entrega da estante Carlos nota que a estante apresenta uma
prateleira quebrada. Como Carlos nunca utilizou aquela prateleira, nem deu conta de nenhum
acidente, pretende responsabilizar Daniel e que este lhe devolva parte do preço pago. Quid
iuris?
II
Abel e Bruna celebraram um contrato mediante o qual o primeiro se obrigou a construir um
jardim de 10.000 m2 na moradia de Bruna, pelo preço de 100.000,00 €, a liquidar no momento
da entrega do jardim.
Abel entregou um orçamento para a execução dos trabalhos que incluía, para além do
trabalho de ajardinamento do espaço, o fornecimento de materiais e plantas.
No decurso dos trabalhos, Abel e Bruna acordaram a instalação de um sistema de rega e no
fornecimento de duas bombas de água para se colocar no jardim.
6) No fim do projeto, Bruna apresentou uma fatura de 100.000,00€ pela construção do jardim
e de 20.000,00€ pela instalação do sistema de rega e das duas bombas de água. Bruna recusa-
se a pagar a segunda fatura. Quid iuris?
DL 41/2015 → art. 26.º → é necessária forma escrita nas situações de construção civil. Mas a
nulidade não pode ser invocada pelo empreiteiro, só pelo dono da obra.
A questão ínsita neste caso é saber se a instalação do sistema de rega configura uma alteração
ao contrato inicialmente celebrado ou por sua vez é uma obra nova.
Os artigos 1214º a 1217º preveem e regulam alterações no plano convencionado, algo que se
justifica pela eventual complexidade da obra ou mesmo discrepâncias entre as estimativas e a
realidade.
O critério de aplicar o 1217º ou os restantes, é não ser uma obra oportuna. Pode existir um
jardim sem que exista um sistema de rega pelo que não é necessário nem oportuno para a
realização daquela obra.
O sistema de rega poder-se-á considerar uma obra nova isto porque estas são caracterizadas
como aquelas que, tendo ainda alguma relação com a obra contratada, não são necessárias para
a sua realização nem fazem parte da obra contratada. Reguladas no art. 1217º do CC, os
trabalhos extracontratuais respeitam a alterações posteriores à entrega e a obras novas, ou seja,
têm em comum alterações/obras situadas fora da relação contratual estabelecida.
Nas obras novas, a sua colocação fora do âmbito da relação contratual resulta de um juízo de
autonomia técnica ou funcional: são trabalhos suscetíveis de objeto de uma obra
independentemente (critério funcional); São obras novas aquelas que, tendo ainda alguma
relação com a obra contratada, não são necessárias para a sua realização nem fazem parte dela
(obra contratada) Neste caso parece mesmo que foi uma nova obra dado que o preço global da
obra era 100.000€ e vêm depois dizer que a rega é 20.000€.
i. Parece ter sido da iniciativa do empreiteiro, e, portanto, não vincula o dono da obra.
Aqui neste caso havia uma oportunidade subjetiva, dado que o dono da obra queria a alteração.
Não se verificou uma situação do artigo 1219º, mas não se considera que há indícios de situação
e erro quanto a verificação do artigo 1228º.
Mesmo que já tivesse sido aceite, não é defeito aparente na medida que na após a construção
este defeito se veio a revelar, pelo que em qualquer dos casos o empreiteiro não seria
desresponsabilizado. Estava preenchido o prazo do 1225º, nº1 e nº2.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Neste sentido, seria necessário determinar me primeiro lugar se poderia ser uma eliminação e
uma nova construção, o que podia ser, no entanto, a reparação exige a destruição, etc, ou seja,
são despesas desproporcionais do artigo 1221º, pelo que cessaria o direito de exigir os novos
Caso o dono da obra pretendesse optar pela resolução do contrato, sendo o solo do empreiteiro
Quanto ao 1225º, este se aplica a vícios que não sejam graves? Aplica-se a todos os vícios.
PA → responsabilidade objetiva; não parece ser possível ilidir a culpa porque ele tinha de saber
que o solo não estava apto.
Prazos → 1225.º
8) Abel havia recorrido a Zélia,Lda, empresa que se dedica ao fornecimento e instalação das
bombas de água de jardim, para realizar esta parte da obra. Bruna veio a constatar que as
bombas de água, fruto de má instalação, apresentam-se degradadas e uma deixou totalmente
de funcionar. Bruna pretende que Zélia, Lda. repare as bombas. Quid iuris?
Salvo casos em que exista uma natureza intuito persone admite-se a possibilidade do
empreiteiro subcontratar.
Pedro de Albuquerque → afirma, se se verificar uma perturbação da obra, quer por intermédio
da ação do próprio dono, quer de terceiros a seu mando (por cujos atos o dono responde nos
art.800º), poderá justificar-se a atribuição ao empreiteiro do direito à revisão do preço e/ou
prorrogação do prazo de execução.
É assim permitido ao dono da obra controlar a forma como empreiteiro a vem executando,
designadamente quanto a materiais utilizados, respeito pelo plano acordado e ausência de
vícios na construção.
Esta conduta é sempre opcional, ainda que claramente traga benefícios a ambas as partes, não
podendo ser considerada ilícita a conduta do dono da obra que não fiscaliza a execução pelo
empreiteiro no caso de essa execução causar danos a terceiro.
AULA 11/12/2021
ML → não parece ser possível de afastar a presunção se se ficciona a verificação, nos termos do
n5 – se não verificou foi porque não quis
Passou 4 anos do prazo que foi dado pelo empreiteiro para o pagamento do preço.
317.º/b
Acórdão.
Podem as partes afastar a possibilidade das partes afastarem a fiscalização do dono da obra?
Tendo em conta que os materiais e métodos utilizados pelo empreiteiro são secretas.
contudo, trata-se aqui de uma faculdade, pelo que o dono da obra, embora não o
podendo excluir, pode escolher não o exercer.
TODAVIA, salvaguarda os casos em que os materiais são secretos dizendo que
nesses casos pode não haver fiscalização; conquanto, n ão havendo fiscalização
seria compra e venda de bens futuros ou prestação de serviços atípicas.
ML → A clausula que afasta a fiscalização é nula; logo depois o dono da obra pode ir fiscalizar e
ter conhecimento das técnicas sigilosas.
PA → se não houver fiscalização, não temos um contrato de empreitada, mas o contrato não
deixa de ser válido.
O dono da obra é um leigo muito exigente e preocupado, não percebe nada de construção,
mas todos os dias acompanha o empreiteiro na construção do imóvel. Observou toda a
execução todos os dias. O empreiteiro utilizou betão em vez de cimento e o dono da obra viu
mas não percebe nada daquilo. O empreiteiro concluiu. Dono da obra achou que estava tudo
bem. Aceitou. Passado um mês o imóvel ruiu. O dono quer pedir responsabilização do
empreiteiro, mas este diz que aquele nada disse.
RESPOSTA:
Existe o problema de saber como deve ser tratada a hipótese de o dono da obra ter, não apenas
a possibilidade, mas o conhecimento efetivo de o empreiteiro se encontrar em desvio face ao
plano convencionado ou às regras de construção e nada dizer, vindo mais tarde a invocar direitos
relativamente a tais defeitos de execução.
PEDRO ROMANO MARTINEZ entende corresponder a invocação de direitos por parte do dono
da obra a abuso de direito na modalidade de venire contra factum proprium.
Hoje é consensual ter o empreiteiro direito de retenção sobre a obra e demais objetos que
deva entregar por força da execução do contrato. Assim, ele pode usar as defesas possessórias
contra terceiros e mesmo contra o próprio dono (670.º/a, ex vi 758.º ou 759.º/3 – consoante
falemos de coisa móvel ou imóvel).
AV diz que não há direito de retenção do empreiteiro. Pq no 755.º não aparece o empreiteiro, e
aparecia nos trabalhos preparatórios. Diz que é só se houver despesas.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
PA → é claro que realiza despesas para o preço, por isso o preço é só um conjunto de despesas.
Assim enquadrar-se-ia no 754.º porque temos uma noção de despesas que não deve ser
atendida no sentido restrito, mas mais lato e há efetivamente despesas.
Discute-se ainda se o direito de retenção pode ser exercido sobre coisa própria, como no caso
da empreitada de coisa móvel construída com bens do empreiteiro(1212.º/1):
Morte do empreiteiro:
Dono da obra pode colocar termo unilateralmente, se os herdeiros não são empreiteiros p.e.,
há uma razão legitima para cessar o contrato.
I
Bento assombrado por dívidas, decide abandonar o país, na esperança de
recomeçar uma nova vida no estrangeiro.
Para tal, pede de empréstimo ao irmão o automóvel, veículo elétrico de elevado
valor económico.
a) Considere que Bento (VENDEDOR) intenta uma ação judicial para declaração
de invalidade do contrato celebrado com Carlos. Pode fazê-lo?
O tribunal pode conhecer a invalidade do negócio?
Imagine que Carlos formula pedido reconvencional para que o automóvel lhe seja
entregue, o seu pedido deve proceder?
Estamos perante um caso de compra e venda de bens alheios que corresponde à
alienação de coisa cuja propriedade pertence a terceiro, não tendo o vendedor
legitimidade para realizar a venda. Neste caso o vendedor sabia ser o bem que se
propunha a vender alheio, tendo ainda avocado estar legitimado para vender o
bem em nome do proprietário, o que não era verdade, e, portanto, encontrava-se de
má-fé.
Já em relação ao comprador, este desconhecia que a falta de legitimidade do vendedor,
estando, por isso, de boa-fé.
A venda de bens alheios é nula nos termos do 892.º/1ª parte. Há assim que averiguar
quem tem legitimidade para arguir a nulidade, ou seja, a legitimidade para intentar uma
ação judicial para a declaração de invalidade do contrato celebrado.
Se ambas as partes estivessem de boa-fé, seria sempre o comprador a poder arguir a
nulidade. Se estivessem ambas de má-fé, estaríamos perante uma compra e venda de
bens futuros segundo a Regência. Ora neste caso em concreto temos uma parte que
está de boa-fé, o comprador Carlos, e uma parte que está de má-fé, o vendedor Bento.
Em casos como estes, em que há uma parte de boa-fé e uma parte de má-fé, apenas a
parte de boa-fé pode arguir a nulidade
Sendo Bento (vendedor) a parte de má-fé, este nunca poderia arguir a invalidade do
negócio contra o comprador de boa-fé, como disposto no art. 892.º/2ª parte.
Já quanto a saber se o tribunal pode conhecer oficiosamente da nulidade, a Doutrina
diverge. Por um lado, defendem a admissibilidade da possibilidade de conhecimento
oficioso os Professores Pires de Lima e Antunes Varela, entre outros, bem como alguma
jurisprudência. Por outro lado, o Professor Pedro de Albuquerque, Porf. Menezes Leitão,
entre outros, defendem a inadmissibilidade do conhecimento oficioso, já que de outro
modo se estaria a afastar (ainda que indiretamente) as proibições de invocação da
nulidade. Ou seja, neste caso concreto o vendedor de boa-fé não tinha legitimidade para
arguir a nulidade, pretendendo-se com isto proteger a parte que se encontra de boa-fé.
Se o tribunal pudesse conhecer oficiosamente a nulidade, o vendedor não teria
legitimidade, mas depois de intentada a ação o tribunal viria a declarar oficiosamente a
nulidade, desprotegendo-se o comprador de boa-fé.
Por fim chegamos à questão de saber se o comprador pode exigir a entrega da
coisa alheia. O problema é a exigência de cumprimento de um contrato que é nulo.
No caso de o tribunal não poder conhecer oficiosamente da nulidade do contrato, a
doutrina diverge. Por um lado, o Professor Paulo Cunha vai no mesmo sentido do se
pudesse conhecer da nulidade, e, portanto, no sentido de não ser lícito ao julgador
obrigar o vendedor a entregar coisa que não lhe pertence.
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
Já o Professor Diogo Bártolo diz-nos que devemos separar entre a nulidade do contrato
e a falta de cumprimento. O tribunal não pode conhecer da nulidade, mas pode conhecer
da obrigação de entrega da coisa derivada de um contrato.
Por fim, o Professor Pedro de Albuquerque afirma que não havendo conhecimento
oficioso da nulidade, pode o tribunal impor o cumprimento de um contrato nulo.
AULA PRÁTICA:
Ou o tribunal se recusa a decidir ou em alternativa terá de condenar o vendedor a
cumprir uma obrigação que decorre de um contrato nulo.
Umas das soluções possíveis e a distinção entre a nulidade do negócio e a nulidade do
cumprimento da obrigação de entrega da coisa. É possível o tribunal conhecer desta
segunda nulidade. O tribunal decide e decide com fundamento e assim não condena o
vendedor a entregar o automóvel ao vendedor porque é propriedade de terceiro. A
pretensão do vendedor é improcedente.
Quanto à indemnização a que Carlos tem direito, dado que Bento estava de má-fé,
Carlos tem direito à indemnização nos termos do 898.º. Esta indemnização inclui os
danos emergentes e os lucros cessantes.
Quanto ao dolo do artigo 898.º há algumas doutrinas divergentes. Por exemplo o
Professor ML considera que se deve exigir que haja negligencia consciente para
se poder aplicar. Já o Professor PA considera que a negligencia inconsciente basta.
Depois as Doutrinas divergem também em saber qual é o interesse contratual que está
aqui a ser protegido. O Regente considera que é o positivo (todos os prejuízos que teria
sofrido se o contrato não fosse celebrado.
Nos termos do 898.º o comprador deveria ser indemnizado no montante de 2.000 pela
celebração de um contrato nulo.
Como o comprador estava de boa-fé, o vendedor tinha a obrigação de sanar a nulidade,
nos termos do 897.º. Não o tendo feito, o comprador pode ainda exigir uma
indemnização pelo não cumprimento da obrigação de convalidação nos termos do 900.º.
Assim, e definido que será indemnizado nos termos do 898.º e do 900.º, há que
comparar os diversos elementos ou rubricas do prejuízo em concreto para não duplicar
a exigência dos prejuízos comuns. Só se afere o prejuízo comum em relação aos danos
emergentes, nos termos do art. 900.º/1, já que em relação aos lucros cessantes não
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
26
nos danos emergentes há uma acumulação de todos os danos emergentes, só se retirando aqueles
que são comuns; no caso dos lucros cessantes escolhe-se quais se vão indemnizar, ainda que nenhum
seja comum
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus
A prova da existência de defeitos tem de ser feita pelo dono da obra (342.º).
Estamos perante um cumprimento defeituoso e não um cumprimento parcial, dado que
o vicio é qualitativo e não quantitativo. Também não será um caso de incumprimento
definito já que a prestação foi cumprida, apesar de com defeitos. Assim, aplicar-se-ia o
regime especial do 1218.º e ss.
Não estávamos perante uma situação de irresponsabilidade do empreiteiro nos termos
do art. 1219.º, já que apesar de ter havido aceitação sem reservas, não havia
conhecimento dos defeitos, não se aplicando sequer a presunção do 1219.º/2 porque
não era defeitos aparentes, ou seja, não eram visíveis e permanentes e ademais nada
indica que o dono da obra fosse um técnico da área por isso não havia dever de
conhecer dos defeitos ainda que estes fossem visíveis, tendo de ser aqui feita uma
ponderação através do critério do bónus pater famílias no caso concreto do dono (ou
seja, se é leigo ou técnico, porque se for técnico há um dever de diligencias médias).
Tratavam-se sim defeitos ocultos, que apenas se vieram a dar conta depois da utilização
da obra.
Ora, B devia denunciar os defeitos nos 30 dias que se seguiram ao descobrimento dos
mesmos, nos termos do 1220.º/1. Mas estamos a falar de uma empreitada imóvel, por
isso, seria 1 anos nos termos do 1225.º/2. Todavia, há que ter em conta o prazo para a
descoberta dos defeitos, que seria 5 anos. Todavia a doutrina diz que havendo dolo com
intenção, provado, o prazo de 5 anos só se começa a contar a partir da cessação dos
vícios.
b) Dois meses depois de pintada, começam a surgir manchas nalgumas paredes
da casa. A procede a uma intervenção destinada a eliminar as manchas, mas as
mesmas subsistem. O que pode B fazer? Poderá recorrer a terceiros para eliminar
as manchas? Poderá, em última análise, resolver o contrato?
Defeito oculto superveniente.
Deveres do dono perante o empreiteiro.
Pediu o suprimento, o empreiteiro tentou, não conseguiu → incumprimento da obrigação
de suprimento dos defeitos.
Passamos para o 1222.º. Em princípio ficamos pela redução do preço pq as manchas
apareceram só em algumas paredes. Não há inaptidão da obra para os seus fins.
O dono pode recorrer a terceiros, desde que primeiro tente o empreiteiro. Mas dps disso
pode contratar c terceiros e imputar ao empreiteiro.
c) Terminada a obra, A informa B da respetiva conclusão e diz-lhe para proceder
à sua verificação, com vista à ulterior aceitação. B, porém, resolve ir passar férias
para as Seicheles durante um mês. A, cansado de esperar, pretende
responsabilizar B pelo atraso. B, no seu regresso, recusa-se a pagar qualquer
quantia adicional ao preço acordado, a título de indemnização.
Quid iuris?
É um ónus material, e, portanto, não é uma obrigação. O dono da obra se não proceder
a determinadas diligencias tem consequências, mas não há aqui um dever (o
empreiteiro não pode exigir a verificação).
Aulas práticas lecionadas pelo Professor Pedro Vinagre, na Regência do Professor Pedro de
Albuquerque
Ano letivo 2021/2022
Matilde Pereira Jesus