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Teoria Geral das Obrigações – 2º ano Licenciatura em Direito na Universidade Lusíada Norte -
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Com o inicio da pandemia COVID-19 em 2020, em Portugal, veio também mais tempo livre no
sentido em que nos encontrávamos em confinamento geral obrigatório. Com mais tempo livre,
já que, por exemplo, as horas despendidas em transportes diariamente para a faculdade
podiam ser agora direcionadas para outras questões. Decidi então, literalmente de um dia
para o outro, criar a CAD, Comunidade de Aficionados de Direito. Com que objetivo? Queria
ligar os estudantes de Direito de todo o país, queria divulgar e criticar as mais recentes notícias
jurídico-políticas, queria levar a cabo iniciativas que aproveitassem a todo e qualquer jurista,
professor, estudante, advogado, etc… Criei o site, a página no Instagram e assim se começou a
erguer o projeto. Entretanto, com as aulas online, pensei também em elaborar apontamentos
semanais e divulgar com os meus colegas, utópico para um trabalho a sós, mas perfeitamente
possível com a entreajuda dos meus colegas porque cada grupo de estudantes faria os
apontamentos semanais de cada cadeira. Porque fazer os apontamentos semanais? A resposta
é extensa, mas simples. Com a “obrigação” de preparar esses mesmos apontamentos, tenho
também um duplo dever de assistir às aulas, de perceber e apontar as mesmas, porque não o
fazendo, falharia comigo e com os restantes colegas com quem me comprometi a partilhar os
apontamentos. Desta forma, dividimos até pelos vários estudantes a tarefa de recolher os
escritos relativos às diversas matérias. É trabalhoso, mas, inevitavelmente, ao preocuparmo-
nos com nos próprios estamos também a ajudar todos os outros alunos. Ou seja, no 1º ano,
começamos apenas a partir de março com os apontamentos semanais, mas no 2º ano, ano
letivo 2020/2021, os apontamentos semanais começaram no inicio e acabaram apenas no fim
do ano letivo! Dito isto, pode conter falhas de escrita ou de direito, foi feito ao longo do tempo
por juristas em formação, entregue semanalmente, portanto, é compreensível e pedimos
também que quando notada alguma falha grave nesse sentido, que nos seja comunicado. Este
projeto ajudou também a impulsionar um ambiente saudável no curso de Direito na nossa
universidade, não que já não o houvesse, mas esta iniciativa só o veio melhorar. Esperamos
ainda que esta iniciativa inspire ad aeternum o maior número de estudantes possíveis, já que
ficou demonstrado que a entreajuda tem efeitos positivos para todos nós. Se tiveres interesse
em colaborar connosco, envia-nos mensagem no Instagram. Somos vários estudantes da
licenciatura em Direito com vontade de mudar, ajudar e com disponibilidade em ser ajudados.
Obrigado a todos aqueles que todos os dias se esforçam por uma comunidade melhor,
saudavelmente competitiva, consciente e dedicada.
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artigo 796º/nº1 passou a correr por conta do C, assim sendo o que há a dizer é
que a obrigação do pagamento do preço mantem-se tal e qual como estava e o
C vai ter que pagar o restante do preço.
b) As obrigações são distintas (obrigação da entrega do quadro e obrigação de
pagamento do preço). Um contrato sinalagmático significa que há obrigações
para as duas partes, mas significa muito mais do que isso, significa que há uma
interdependência, elas são interdependentes. Uma parte só se vincula porque a
outra parte se vincula e depois as obrigações caminham par a par e um
problema numa das obrigações vai afetar a outra. Há vários institutos que são
tributários desta ideia do sinalagma funcional e um desses institutos é a
exceção do não cumprimento, artigo 428º do CC. Isto significa que quando
temos um contrato sinalagmático, há uma reciprocidade entre as obrigações e
elas têm de ser cumpridas ao mesmo tempo. Se uma não é cumprida, vai abrir
hipóteses à contraparte de excecionar o seu cumprimento, isto é, de recusar o
seu cumprimento. E esta recusa do cumprimento, à sombra do 428º, é
efetivamente uma recusa de cumprimento perfeitamente lícita (temos um
incumprimento licito). Aliás, podemos dizer que o 428º funciona como uma
causa da exclusão da ilicitude no âmbito da responsabilidade civil contratual e,
como tal, eu recuso-me (licitamente em conformidade com a lei, em
conformidade com o 428º), a cumprir a minha prestação porque a outra parte
não está a cumprir a dela. E quanto à primeira questão diríamos que o A não
estava obrigado a entregar o quadro porque podia apelar à aplicabilidade do
artigo 428º e excecionar o seu cumprimento. Na segunda pergunta: temos aqui
uma prestação que está em falta pelo lado do comprador, temos que ir ao
934º, que não se aplica porque não houve a entrega da coisa e falta o requisito
que é comum quer à 1º, quer à 2º parte e, por isso, não se aplica o 934º.
Consequentemente, pode-se dizer que por força do artigo 781º houve
vencimento das restantes prestações que é o mesmo que dizer que o C perdeu
o beneficio do prazo e, perdendo o beneficio do prazo, terá que, de imediato,
pagar quer a 5º, quer as restantes prestações, ou seja, o restante do preço. Por
outro lado, importava perceber se eventualmente o A podia caminhar para a
resolução do contrato. Chegamos ao artigo 934º e não se aplica, devido à não
entrega da coisa, teríamos de passar pelo 886º para ver se havia algum limite e
o 886º também não se aplica porque não houve a entrega da coisa, quer isto
dizer que o caminho estava aberto também para resolução. Ou seja, aplicando-
se o 886º ou 934º, A não poderia resolver o contrato, não se aplicando, este
poderá resolvê-lo a contrario senso. E, por isso, se o A pretendesse resolver o
contrato aquilo que teria de fazer era converter a mora em incumprimento
definitivo, teria que interpelar o C dizendo-lhe que não tinha pago a 5º
prestação e, como tal, por força do artigo 781º, perdeu o beneficio do prazo.
Está em mora quanto ao pagamento do restante do preço e como tal A dar-lhe-
ia 15 dias (um prazo razoável fixado jurisprudencialmente) para cumprir sob
pena de incumprimento definitivo e resolução do contrato nos termos do
artigo 801º/nº2 do CC. Depois teriam duas hipóteses, ou C cumpria dentro do
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A prestação que vai falhar é a da venda do bacalhau. O Nuno não vai poder cumprir.
Estamos perante uma impossibilidade superveniente objetiva. Artigo 790º e seguintes.
Impossibilidades supervenientes subjetivas – ex: Nuno era pintor, magoou-se e não
podia pintar o quadro.
Impossibilidade superveniente objetiva – 790º/1 – extingue-se a prestação do Nuno.
Quanto ao credor, aplica-se o 795º, não se aplica o 796º porque ainda não se tinha
efetuado a transferência da propriedade. 796º só se aplica aos contratos onde houve
transferência da propriedade.
Aplicando o 795º, o Jorge não vai ter de pagar o bacalhau. E se já tiver pago tem
direito a ser reembolsado daquilo que já tiver entregue.
2º questão:
Jorge faltou ao pagamento da terceira prestação, já depois de lhe ter sido entregue a
coisa.
Relação jurídica obrigacional complexa que contem vários vínculos.
Nesta situação Nuno é agora credor. Não se aplica o 934º porque a prestação em falta
excede 1/8 (é o valor máximo para se dar cobertura do devedor) do preço da coisa.
Não aplicando o 934º, significa que temos o regime geral – 781º/1 ou 801º/2.
Não se pode aplicar o 801º/2 devido ao 886º. A entrega da coisa deu-se com a
segunda prestação e a transmissão da propriedade deu-se com a entrega.
Restam-lhe duas alternativas: 781º pode pedir as prestações vincendas ou pode optar
pela manutenção do contrato tal como foi concebido, exigindo a prestação vencida e
não paga e os juros de mora nos termos do artigo 804º, 805º e 806º. Pode pedir os
juros do não pagamento, mais do que os juros, não pode pedir. Pode pedir as
prestações vincendas. Falamos do 804º, 805º e 806º porque enquanto não houver
uma interpelação admonitória estamos perante uma situação de mora. A mora vem
definida no artigo 804º. O artigo 805º diz-nos que o devedor só está em mora depois
de interpelado a menos que estejamos perante uma indemnização de prazo fixo.
Atualmente os juros legalmente previstos são de 4%.
Quando estamos perante obrigações pecuniárias, os juros são fixados pelo próprio
legislador.
3º questão: as prestações eram 10 e não 5.
Não poderia haver resolução do contrato pelo 886º.
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Poderíamos aplicar a 934º segunda parte, porque esta não depende da existência da
reserva de propriedade, não perdendo assim Jorge o beneficio do prazo, o 781º ficava
excluído.
Nuno tem direito a receber a prestação em falta e os respetivos juros – 804º, 805º e
806º.
CP 4
Sofia tem uma herdade no Alentejo na qual produz vinho. Da sua produção, Sofia
vendeu a Jorge e Nuno, dois irmãos, 500 litros de vinho tinto da reserva de 2012, de
entre aqueles que tinha no seu armazém, tendo ficado acordado que o vinho seria
entregue daí a 30 dias na casa dos adquirentes e que o pagamento seria efetuado em
8 prestações mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira na data de
celebração do contrato.
a). Acontece que, três dias antes da celebração do contrato, houve uma inundação
que levou à perda de todo o vinho que estava no armazém, facto que Sofia
desconhecia.
Quid Iuris?
No caso concreto há uma impossibilidade originária uma vez que, na data da
celebração do negocio jurídico, a prestação é impossível pelo que, nos termos do art.
401.º do CC, o contrato é nulo (286º e 289º CC). Se já algo tivesse sido prestado, teria
que ser restituído.
b). Pressuponham que na véspera da entrega do vinho ocorreu um forte vendaval
que fez abater o teto do armazém onde Sofia tinha a colheita de vinho tinto de 2012,
ficando destruídas as cubas onde o mesmo se encontrava armazenado e perdida
toda a colheita. Quid iuris? Trata-se de uma obrigação genérica (art. 539º CC), logo a
regra é que a concentração apenas se dá com o cumprimento, ou seja, com a entrega
(art. 541º a contrario). Assim sendo, como ainda não tinha havido concentração, não
se transferiu a propriedade nem o risco (art. 879º a), 408º/1 e 796º/1 não se aplicam).
Estamos perante impossibilidade objetiva do devedor que fica exonerado da prestação
(790º, 1), bem como o credor (795º, 1).
c). Imagine-se que o que foi acordado foi que os irmãos iriam levantar o vinho no dia
10 de fevereiro, mas facilitaram e foram só no dia 12. No dia 11, o tal vendaval fez
abater o telhado sobre ao armazém e perdeu-se todo o vinho que lá se encontrava.
Deu-se a concentração da obrigação por mora do credor (813º e 541º), transferindo-se
a propriedade e o risco (art. 879º a), 408º, 1 e 796º,1). Logo, estamos perante
impossibilidade objectiva do devedor que fica exonerado da prestação (790º, 1), mas o
credor terá de realizar a sua prestação, uma vez que o risco já corre por sua conta
(796º, 1).
d). Imagine que o vinho foi entregue e, na data da entrega, os irmãos pagaram a
primeira prestação, pagaram a segunda e falharam a terceira prestação. O que é que
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Sofia pode fazer? O contrato de compra e venda produziu os seus efeitos reais e
obrigacionais (art.º 879.º). Com a celebração do contrato e entrega da coisa (art.º
408.º e 541º) Jorge e Nuno passaram a ser proprietários do vinho. Nos termos do art.
934.º do Código Civil vendida a coisa a prestações e feita a sua entrega ao comprador,
a falta de pagamento de uma prestação que não exceda a oitava parte do preço, como
é o caso, obsta a que o vendedor resolva o contrato. Logo, o art. 934º, 1º parte, não se
aplica porque não há reserva de propriedade. Porém, não pode haver resolução do
contrato (801º, 2), por causa do 886º. Aplica-se o 934º, 2ª parte, que inviabiliza a
perda do benefício do prazo (781º). A única coisa a fazer é exigir a prestação vencida
com os respetivos juros de mora (arts. 804º a 806º).
e) A quem e em que termos poderá Sofia, se for esse o caso, exigir o pagamento?
Assim, neste caso, Sofia não pode resolver o contrato nem importa, a omissão de
cumprimento atempado da obrigação, a perda do benefício do prazo. Face ao exposto,
restaria a Sofia ser compensada pela mora da obrigação vencida e não pagamento no
prazo estabelecido, nos termos do disposto nos arts. 804º a 806.º, correspondendo
aos juros contados da data da constituição em mora (sendo obrigação com prazo certo
de acordo com art. 805.º) até efetivo e integral cumprimento. Estamos perante um
caso de pluralidade passiva (mais do que um devedor). Os irmãos responderiam
conjuntamente pela dívida, ou seja, cada um deles só seria responsável pelo
pagamento de metade da quantia em divida: obrigação conjunta – art. 512º a
contrario.
Enquadramento teórico:
Impossibilidade superveniente 790º =/= impossibilidade originária – 401º
Consequência da concentração (541º CC) – transferência da propriedade,
transferência do risco e a obrigação passa de genérica a especifica.
A exceção é a solidariedade, a regra é a conjunção. A conjunção dá-se quando ambos
respondem pelo preço, mas conjuntamente. Ex: Preço – 1000€, cada um é responsável
por 500€, podendo a Sofia pedir 500€ a cada um.
São consideradas obrigações solidarias as obrigações em que o credor pode exigir a
qualquer um dos devedores a totalidade da divida. A Sofia pede aquele que estiver
economicamente mais estável, tendo entre eles direito de regresso.
Neste caso, a pluralidade passiva é conjunta. Para ser um caso de solidariedade tem
que estar previsto no caso prático, ou na lei.
CP 5
Nuno vende à sociedade “Casas Grandes, Lda.”, de que Jorge é sócio, um prédio
urbano. O contrato de compra e venda é celebrado, nos termos legais, e a sociedade
compromete-se a proceder ao pagamento do preço no prazo de 15 dias a contar
daquela data, o que Nuno aceita.
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também fica desobrigado de pagar o preço podendo, porém, acionar o vendedor para
indemnização. (Havia termo a seu favor - não fosse o vendedor querer mostrar o
quadro a outros clientes, já o teria entregue ao comprador e não teria ardido.
Sofia, afilhada de Cristina, anuncia à madrinha que pretende tatuar um buda nas
costas. Cristina, senhora conservadora e de princípio rígidos, fica escandalizada com
a intenção da sua única afilhada e teme o falatório na pequena aldeia onde vive,
sobretudo do padre da paróquia. Perante tal situação e uma vez que não a consegue
demover, por mais que se esforce, propõe pagar-lhe umas férias prolongadas pela
Austrália e Nova Zelândia, que sabia que Sofia tanto desejava, caso ela desista de
mandar fazer a tatuagem. Sofia, seduzida com a proposta, aceita e parte de viagem,
mas, quando regressa, exibe orgulhosamente a tatuagem que mandou fazer nas
férias, junto de uns nativos locais. Inconformada, Cristina pretende receber de Sofia
o dinheiro que gastou na viagem.
Quid iuris?
R: 398º/ a prestação tem de corresponder a um interesse pretensão de cristina não
reflete um interesse do credor tutelado pela lei, logo, Sofia nada tem de pagar.
CP 7
Nuno comprou a Jorge um faqueiro de prata pelo preço de 10.000,00 Euros a pagar
em 10 prestações mensais e sucessivas de € 1.000,00 cada uma, vencendo-se a
primeira com a celebração do negócio e as seguintes, em iguais dias, dos meses
subsequentes.
Jorge entrega o faqueiro a Nuno, reservando a propriedade até ao pagamento da
terceira prestação.
Nuno cumpre as quatro primeiras prestações, mas acaba por falhar a quinta.
Quid juris?
R: estamos perante uma compra e venda, nos termos do artigo 874º, a prestações,
celebrada entre Nuno (comprador) e Jorge (vendedor), com o montante global
previamente definido, 10.000,00€, dividido em 10 prestações, ou seja, estamos
perante prestações fracionadas, já que o montante global é dividido em varias frações,
havendo, no entanto, apenas uma obrigação. Produziu-se os efeitos obrigacionais
previstos no artigo 879º, a obrigação de entrega da coisa adstrita a Jorge e a obrigação
de pagamento do preço adstrita a Nuno. Não se produziu, no entanto, os efeitos reais,
ou seja, não se aplica o 408º/1, a propriedade não se transferiu por mero efeito do
contrato, mantendo-se esta em Jorge até ao pagamento da terceira prestação. É de
salientar ainda que não se aplica aqui o 875º, aplicando-se o 219º do principio da
liberdade de forma. O instituto da reserva da propriedade está previsto no artigo 409º
e Nuno passou então a ser proprietário do faqueiro com o pagamento da terceira
prestação, tendo ainda pago a quarta, tendo falhado a quinta.
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Nos termos do artigo 886º, não poderá Jorge resolver o contrato por falta de
pagamento do preço já que os requisitos para aplicação do 886º foram preenchidos,
sendo estes a transmissão da propriedade, a entrega da coisa e a falta do pagamento
do preço. Ou seja, Jorge não poderá resolver o contrato.
Aplica-se o 934º na sua totalidade, ou seja, Jorge não poderia resolver o contrato nos
termos da primeira parte, nem poderia sequer exigir o pagamento da totalidade do
preço restante, nos termos do 781º.
Dito isto, Jorge poderia apenas exigir o pagamento dos juros relativos à prestação
vencida ainda não paga, nos termos do artigo 806º do Código Civil.
CP 8
Prestações fracionadas. Compra e venda a prestações. Reserva de propriedade.
Risco.
Nuno compra a Jorge um computador em segunda mão, pelo preço de € 600,00, a
pagar em 6 prestações mensais e sucessivas de € 100,00 cada uma, havendo reserva
de propriedade até integral pagamento do preço. Acordam entre eles que Jorge
procederá à entrega do computador, cinco dias depois, data em que se vencerá a
primeira prestação.
Na véspera da data acordada, um incêndio, por causa fortuita, destrói o computador.
Estamos perante uma compra e venda nos termos dos artigos 874º e seguintes,
produzindo-se os efeitos essenciais previstos no artigo 879º, como os efeitos
obrigacionais de entrega da coisa adstrita a Jorge e a de pagamento do preço adstrita a
Nuno. Não se produz, no entanto, efeitos reais, já que este contrato foi celebrado sob
reserva de propriedade nos termos do 409º, mantendo-se o computador na
propriedade de Jorge até pagamento integral do preço. Desta forma, não se aplicam os
artigos 408º/1, 879º/a) e ainda o 796º/1. Ou seja, a propriedade não passou
imediatamente, por mero efeito do contrato de Jorge para Nuno. As prestações são
fracionadas já que o montante global está previamente definido, dividindo-se em
várias frações.
a) Quando Nuno se dirige para levantar computador é informado, por Jorge, que a
sua obrigação se extinguiu, mas que ele terá de proceder, de qualquer maneira, ao
pagamento do preço.
Quid Iuris?
R: estamos assim perante uma impossibilidade superveniente já que se se constitui
posteriormente ao momento da constituição da obrigação e obrigação constitui-se por
via do contrato, ou seja, a impossibilidade surgiu em momento posterior ao contrato.
Nos termos do artigo 790º/1 a prestação extingue-se. Sendo por causa fortuita, os
factos levam-nos a definir que a impossibilidade da prestação se deu por não culpa do
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Jorge, aplicando-se assim o disposto nos artigos 790º a 797º do código Civil. Como foi
aposta uma reserva de propriedade, a propriedade ainda não se tinha transferido, não
se aplicando assim o disposto no artigo 796º, mas sim o disposto no artigo 795º.
Aplicando-se este artigo, Nuno fica também desobrigado ao pagamento do preço.
Nuno, não estará então obrigado ao pagamento do preço.
b). Imagine que Jorge entrega a Nuno o computador conforme acordado e que Nuno
cumpre as três primeiras prestações, acabando por falhar a quarta.
Quid Iuris?
R: Estamos perante uma compra e venda a prestações, com reserva de propriedade,
tendo já sido feita a entrega ao comprador. Estamos ainda perante uma venda a
prestações dividida em 6 prestações, sendo cada uma superior a 1/8 do preço. Ou seja,
desde logo, a proteção concedida ao devedor pelo artigo 934º, não é, perdoando-me a
expressão, ativada, ou seja, o artigo 934º deixa desde já de poder ser aplicado. Ou
seja, Nuno não está protegido pelo 886º, pois ainda não se deu a transferência da
propriedade, não está protegido pelo 934º o que significa que Jorge poderia optar pela
perda do beneficio do prazo, nos termos do artigo 781º, exigindo o pagamento da
totalidade do preço em falta. Podia ainda transformar a mora em incumprimento
definitivo, nos termos 808º/1, dando ao Nuno um prazo razoável para pagamento
desta prestação estando o prazo jurisprudencialmente fixado em 15 dias e caso Nuno
não cumpra nesse prazo, a mora passa a incumprimento definitivo e nos termos do
801º/2, resolver o contrato devendo Nuno restituir o computador a Jorge e Jorge
restituir as prestações vencidas pagas a Nuno. O que aconteceria é que teria de aplicar
o regime geral da resolução: 432º e seguintes e, por força do 433º, com remissão ao
289º e 434º/1 a resolução operaria de forma retroativa e as partes tinham de restituir
uma a outra tudo aquilo eu tivesse sido prestado
CP 9
A 27 de fevereiro de 2016 Sofia vendeu a Jorge um automóvel, pelo preço de €
8.000,00 tendo ficado acordado que o pagamento seria efetuado em dezasseis
prestações, mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira no dia da
celebração do negócio e as seguintes, em iguais dias, dos meses subsequentes.
Sofia, reservou para si a propriedade até ao pagamento integral e efetivo das oito
primeiras prestações tendo o automóvel sido entregue após o pagamento da
primeira.
a). Qualifique o contrato celebrado entre Sofia e Jorge.
R:
b). Suponha que Jorge não pagou a quarta e a quinta prestações. Sofia pretende
resolver o contrato e reter as prestações já recebidas. Poderá fazê-lo?
R: aqui o que muda é que temos 2 prestações e, como já sabem, havendo 2 prestações
em falta seguidas, independentemente do valor das mesmas, há um comportamento
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reiterado por parte do devedor e ele deixa de merecer a tutela que lhe é dada pelo
934º que é o mesmo de dizer que os requisitos do 934º não estão preenchidos e, por
isso, o 934º não se aplica. Não se aplicando o 934º, o 781º aplica-se e, por isso, há
perda do beneficio do prazo e, consequentemente, Sofia pode exigir a Jorge o
pagamento do restante do preço e, depois, importa perceber se poderá haver um
incumprimento definitivo, ou seja, dando lugar à resolução do contrato. Temos de ir ao
886º, uma vez que o 934º não se aplica, e chegados ao 886º, temos os requisitos,
então aplica-se e aplicando-se significa que o Sofia não poderia resolver o contrato.
Nesta situação, Sofia “apenas” poderia exigir, desde logo, o pagamento da totalidade
do preço. Se não pagar terá que recorrer à garantia da relação jurídico obrigacional, ou
seja, ação creditória. Sofia vai ter que lançar mão dos meios coercivos para receber o
preço, nomeadamente, vai ter que propor uma ação quando vai pedir a condenação
de Jorge ao pagamento do restante do preço acrescido de juros de mora e, depois, se
B continuar a não pagar, paga na sentença, que é um titulo executivo, e a ação
executiva para pagamento de quantia certa, no âmbito da qual vai agredir o
património da B. Artigo 601º do CC penhora os bens do património de B, esses bens
serão vendidos e do resultado da venda executiva será pago o crédito do vendedor
(Sofia). Sofia não poderia resolver o contrato, mas poderia reter as prestações já
recebidas e exigir o pagamento da totalidade do preço em falta acrescido dos juros das
prestações vencidas não pagas, nos termos do 806º.
CP 10
António fez anunciar nas redes sociais que dava 100 euros a quem pudesse dar
informação sobre o seu cão que estava desaparecido.
Um dia depois, Carlos, amigo de António, viu o animal e reconheceu-o.
De imediato, pegou nele e resolveu levá-lo ao veterinário uma vez que se encontrava
ferido.
Ainda nesse dia levou o animal a casa de António.
Analise a situação determinando os efeitos produzidos pelos factos enunciados.
R:
Primeiro facto: A ter feito anunciar que deva 100 euros a quem desse notícias do cão.
Agora temos de aferir se o facto se torna logo relevante, ou seja, se começa logo a
produzir efeitos jurídicos ou se não a partir do momento em que o C encontra o animal
e o entrega ao António e então só a partir desse momento é que temos relevância
jurídica, isto no sentido de saber se foi constituída a obrigação já lá atras ou se
obrigação só se constitui no momento em que C encontra e entrega o animal.
No artigo 459, o facto de A ter anunciado que dava 100 euros a quem desse
informações sobre o animal consubstancia uma promessa pública, isto é, estamos face
um negócio jurídico unilateral que por força da lei é fonte de obrigações e se estamos
face um negócio jurídico unilateral que por força da lei é fonte de obrigações, então
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Quando falamos na CV falamos no 408,nº1 e deste artigo resulta uma regra do direito
civil no que diz respeito aos direitos reais e essa regra é que por mero efeito de
contrato verificam-se os efeitos reais, isto significa duas coisas cumulativamente:
Basta o contrato não é preciso outro ato, não é preciso entregar, não é preciso pagar,
basta o acordo de vontades.
O efeito real dá-se no momento em que o contrato está concluído.
Ora o contrato está concluído quando as partes chegam a acordo quanto a todos os
pontos que consideraram essenciais, ou seja, nos intérpretes olhamos foi naquele
momento em que eles chegaram a acordo, naquele momento dá-se o efeito real que
na CV é a transmissão do direito de propriedade. Portanto adaptando a regra do
408,nº1 ao contrato de CV diríamos que basta o contrato de CV e o contrato de Cv está
celebrado no momento em que as partes chegam a acordo, basta esse contrato e é
nesse momento que se verifica a transmissão do direito de propriedade do vendedor
para o comprador.
Ora, mas para que esta regra se verifique assim na plenitude é preciso que estejam
preenchidos cumulativamente 3 requisitos (3 requisitos que dizem respeito ao objeto
da CV, isto é, à coisa vendida):
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Por isso, aquilo que é vendido e foi vendido em janeiro foi o painel de azulejos que
revestia uma parede, ora um painel de azulejos que reveste uma parede importa
perceber o que é isso em termos legais, ou seja, se isto tem autonomia ou não.
E se olharmos para nº3 do artigo 204, nós poderemos concluir que o painel de azulejos
porque está fixada à parede, tem uma ligação fixa à casa, por isso faz parte daquela
casa e a casa faz parte de todo o imóvel da quinta se a quinta incluindo a casa e o
painel de azulejos fazem parte de um todo sobre qual recai o direito de propriedade.
Ora o painel de azulejos fazendo parte do todo, nos dizíamos que é parte integrante do
imóvel, ora sendo parte integrante do imóvel o painel de azulejos não goza de
autonomia, só gozará de autonomia quando for desafetado do imóvel.
Quando foi feita a CV, o painel de azulejos ainda estava na parede e só seria retirado
em setembro significa que foi vendida uma parte integrante do imóvel, não foi vendida
uma coisa que gozasse desde logo de autonomia.
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Por aplicação do nº2 do artigo 408 não pode haver, desde logo, transmissão do direito
de propriedade sobre o painel de azulejos. Haverá transmissão do direito de
propriedade quando o painel de azulejos for desafetado do imóvel porque ganha
autonomia.
Quanto às uvas, reparem, em janeiro ainda não existem uvas e, por isso estou a vender
em janeiro as uvas desse ano, as significa que as uvas começam a aparecer lá para
maio até que estão prontas a ser colhidas em setembro/ outubro. O que significa que
aquilo que estava a ser vendido em janeiro as uvas desse ano ainda não existiam, ora
aquilo que não existe não é presente sendo uma coisa futura, isto significa que, artigo
211, quando se fala em coisas futuras pode-se falara em coisas:
Coisas relativamente futuras- existindo fisicamente não estão na titularidade do
vendedor.
Coisas absolutamente futuras- não existem no mundo ontológico, não existem
fisicamente, prevê-se que venham a existir.
No nosso caso estamos perante uma coisa absolutamente futura, ora não sendo por
isso uma coisa presente, sendo uma coisa futura dir-vos-ia que não está novamente
preenchido um requisito que é a coisa ser presente e como não está preenchido esse
requisito diríamos também que quanto às uvas não houve a transmissão do direito de
propriedade, nem se quer existem uvas, nem se quer existe o direito de propriedade
porque o direito de propriedade tem um objeto e as uvas ainda não existiam, sendo
que para haver direito de propriedade sobre as uvas, as uvas tem que crescer, maturar
e serem colhidas para ganharem autonomia.
Em conclusão por aplicação do 408,nº2 quer na venda do painel de azulejos, quer na
venda das uvas não houve transmissão do direito de propriedade, desde logo, não
houve produção de efeitos reais desde logo.
Estamos perante um caso de aplicação do artigo 880, face uma CV de parte integrante
e de coisa futura. É possível fazer a CV de uma parte integrante e de uma coisa futura.
Da aplicação do nº1 do artigo 880 resulta para o vendedor a obrigação de diligenciar
para que a coisa que não tenha autonomia ganhe autonomia, isto é, aquilo que é parte
integrante deixa de ser parte integrante e passe a gozar de autonomia e tem que
diligenciar para que aquilo que é coisa futura (as uvas) se torne uma coisa presente,
isto é, tem de tratar da linha de forma ás uvas vingarem e depois colher as uvas para
que a coisa que é uma coisa futura em janeiro venha a tornar-se numa coisa presente
em setembro.
Esta obrigação de diligenciar para que a coisa se torne presente ou ganhe autonomia,
artigo 880,nº1, é uma obrigação de meios e não uma obrigação de resultado, isto
significa que o vendedor tem que diligenciar como um homem médio diligenciaria e
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para que o painel ganhe autonomia e que as uvas se tronem presentes. E diligenciando
dessa forma ele cumpre a obrigação se não diligenciar não cumpre a obrigação.
Está qualificado o contrato feito em janeiro.
Depois um meses depois, mas ainda antes da entrega dos azulejos e das uvas o A
vende a quinta ao D. quando o A vende a quinta ao D, temos um contrato de CV, artigo
874, artigo 879 e 408nº1 efeitos, ora o 408,nº1 aqui vai-se aplicar na plenitude isso
significa que o CV entre o A e o D produz todos os seus efeitos jurídicos.
Produzindo todos os seus efeitos jurídicos quer isto dizer que o direito de propriedade
sobre a quinta, sobre a totalidade do imóvel transmite-se da esfera jurídica do A para a
esfera jurídica do D com a consequente obrigação da entrega da coisa e consequente
obrigação de pagamento do preço, ou seja, gera ai uma relação jurídica obrigacional.
Nesse momento o D passa a ser proprietário do imóvel da quinta e ao ser proprietário
do imóvel passa a ser proprietário das partes do imóvel, nomeadamente do painel de
azulejos, nomeadamente das uvas que ainda estão nas videiras, mas significa isto que
quando chegarmos a setembro o C não pode opor a sua posição ao D porque o
Adquire o direito de propriedade sobre tudo e tem o direito real que é um direito
oponível erga omnes , mas enquanto que o C tem apenas tem uma posição de crédito
face ao A e a posição de crédito de C não é oponível porque os direitos de crédito são
direitos oponíveis apenas pelo credor ao devedor, a posição jurídica de C é apenas
oponível ao A, não é oponível ao é ao D. Enquanto que a posição de D sendo uma
posição jurídica real é titular de um direito real é oponível erga omnes, é oponível a
todas as outras pessoas e, por isso, é também oponível naquele momento quer ao C
quer ao A, como a todos nós.
Consequentemente no fim desta história o D vai ficar com o imóvel e com o painel de
azulejos e vai ficar com as uvas. É obvio que esta atitude de A ao vender o imóvel a D
não precavendo a posição jurídica de C vai levar a um incumprimento do contrato da
CV de bens futuros e CV de partes integrante, artigo 880, que ele tinha com o C, assim
sendo o C vai ter direito a ser indemnizado pelo âmbito da responsabilidade civil
contratual.
CP 14
A prometeu vender a B um valioso quadro, por 50 mil euros, ficando
convencionando que contrato de CV realizar-se ia dai a 1 mês.
1 semana depois, sabendo da existência do contrato de promessa, C proposta B
comprar-lhe de imediato o quadro por 75 mil euros, tendo B aceitado a proposta e
recebido o respetivo preço.
1 semana depois disso, A vendeu aquele mesmo quadro a D, por 100 mil euros,
preço esse pago de imediato e o quadro entregue ao comprador.
1 mês depois, A descobre que as notas entregues por D são falsas.
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Aqui no fundo diz que se as partes disseram de alguma forma, não é preciso
expressamente, mas se de alguma forma concluímos que as partes quiseram que o
preço fosse pago mesmo que a coisa não se tornasse presente, o contrato foi feito com
o risco atribuído ao comprador de ficar ali na incerteza de que se a coisa não se tornar
presente vou na mesma ter de pagar o preço. Se foi atribuído esse carater aleatório é
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devido o preço, se não foi atribuído este carater aleatório o contrato tem carater
comutativo e tendo cara ter comutativo significa que só há pagamento do preço se a
coisa se tornar presente (só há desvantagem se houver vantagem).
No nosso caso nada foi dito, e como nada foi dito significa que o contrato tinha carater
comutativo (interpretação a contrária do nº 2 do artigo 880) tendo carater comutativo
isto quer dizer que o preço só é devido se a coisa se tornasse presente, ora como. A
coisa não se tornou presente, então o C não estava obrigado a pagar o preço. Quer isto
dizer que se voluntariamente a B não lhe restitui o preço ao C, quanto mais não seja
por via do enriquecimento sem causa do artigo 473, o C terá direito a que esse
montante lhe seja restituído uma vez que não há a obrigação do pagamento do preço.
CP 15
A, no dia 1 de fevereiro, vendeu a C o quadro X. ficou convencionado que o quadro
seria entregue no dia 20 e o preço pago também nessa data. Responda
autonomamente às seguintes questões:
Contrato de Compra e Venda, pelo artigo 874º, efeitos: 408º/1. Significa que o
contrato produz efeitos reais, transmissão do direito de propriedade por mero efeito
do contrato e efeitos obrigacionais, constituição da obrigação complexa composta pelo
vínculo da entrega e o vínculo do pagamento do preço, artigo 879. São estes os efeitos
decorrentes do contrato de CV e o A e o C celebraram um contrato de CV que quanto à
forma também não há aqui nada a dizer até porque vigora o princípio da liberdade
forma por força do artigo 219º.
Enquadramento teórico:
Impossibilidade originária - Se a impossibilidade se verifica em momento anterior à
celebração do contrato.
Impossibilidade superveniente – se se constitui posteriormente ao momento da
constituição da obrigação e obrigação constitui-se por via do contrato, ou seja, em
momento posterior ao contrato.
E isto depois leva a aplicação de regimes diferentes:
Impossibilidade originária - não há uma impossibilidade de cumprimento porque
nunca se chega a constituir a obrigação, ora se nunca se chega a constituir a obrigação
nunca ninguém esteve obrigado a cumprir, por isso não temos uma impossibilidade de
cumprimento. Na impossibilidade originária nós vamos aplicar o regime do 401º do CC
isso significa que o negócio é nulo, ora se o negócio é nulo não produz efeitos jurídicos,
e se eventualmente houve alguma prestação tem de ser restituída 289º do CC.
Impossibilidade superveniente - constituiu a obrigação, há uma impossibilidade de
cumprimento dessa obrigação. temos uma impossibilidade de cumprimento havendo
uma impossibilidade de cumprimento importará perceber se essa impossibilidade é
uma:
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Impossibilidade imputável
Impossibilidade não imputável ao devedor
Ora o que é que significa ser imputável ou não imputável ao devedor?
Se culposa ou não culposa. Se a impossibilidade for culposa, for imputável ao devedor,
então entramos no regime da responsabilidade civil contratual.
Mas se a impossibilidade for não imputável, não culposa, nós temos um regime
específico que não gera responsabilidade civil contratual.
Como é eu nós sabemos se a impossibilidade é imputável ou não imputável?
Temos que aferir a culpa, artigo 799º deste artigo decorre uma presunção de culpa.
Presunção é uma técnica legislativa que o legislador utiliza e que consubstancia de um
facto conhecido para retirar dele uma ilação desconhecida, ou seja:
1. Facto conhecido: aqui é que houve uma impossibilidade de cumprimento (não
cumprimento)
2. Facto desconhecido (presunção): presume-se que é culposa essa impossibilidade, ou
seja, por força do 799º nós temos uma presunção de culpa do devedor sempre que
alguém não cumpra atempadamente. Sempre que a prestação se torne impossível
presume-se que é por culpa do devedor, então, em termos de ónus da prova, inverte-
se o ónus e caberá ao devedor demonstrar que não teve culpa.
a). Pressuponha que no dia 5 A e C vieram a constatar que o quadro em causa tinha
perecido em virtude de um incendio que lavrou no dia 25 de janeiro. Quid iuris?
R: A Compra e Venda é feita no dia 1 de fevereiro, no dia 5 de fevereiro eles
descobrem que o quadro tinha perecido em virtude de um incêndio no dia 25 do mês
anterior, ou seja, no dia do contrato já não havia quadro. Ora, se no dia do contrato já
não havia quadro, isto não é um problema de incumprimento da obrigação porque a
obrigação não se chega a constituir. Dessa forma, aqui temos uma impossibilidade
originária da prestação e a prestação para se constituir validamente tem que ser: licita,
determinável e possível. E por isso, como temos uma impossibilidade originária da
obrigação, vamos aplicar-lhe o artigo 401º e, aplicando este artigo, vamos dizer que o
contrato entre o A e B é nulo por força deste preceito. Ora, sendo nulo, nunca
produziu efeitos jurídicos, não produzindo efeitos jurídicos não se chegou a constituir a
relação jurídico-obrigacional, logo a situação está resolvida. Se o A soubesse que o
quadro tinha ardido?
Era precisamente a mesma coisa. O que poderia acontecer aí era responsabilidade civil
pré-contratual por parte do A porque ele tinha violado os ditames da boa-fé, o dever
de informação e de lealdade, o dever de correção e o dever de proteção.
b). Pressuponha, agora, que no dia 5, em virtude de causa fortuita, lavrou um
incendio que acabou por destruir o quadro em causa. Quid iuris?
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A vende a D, neste negocio nos temos um contrato de CV, artigo 874, quanto aos
efeitos:
Há a verificação do efeito real, a transmissão do direito de propriedade de A para D
porque o direito de propriedade manteve-se na esfera jurídica de A, quer dizer que se
transfere o direito da esfera jurídica do A para a esfera jurídica do D.
Quer isto dizer que chegados à data em que B tem de pagar, pergunta-se o que é que
deve B fazer? E a questão é esta B sabendo que o A tinha vendido ao D deveria ou não
pagar?
B deve pagar porque B pagando a clausula de reserva de propriedade extingue-se e o
direito de propriedade passa da esfera jurídica do A para a esfera jurídica de B porque
tendo a natureza de condição suspensiva o pagamento feito por B corresponde ao
preenchimento da obrigação e opera retroativamente e, por força do 276 e do 274, o
negócio entre o A e o D estava dependente da sorte do negocio entre o A e o B
tornando-se por isso o negócio entre A e D totalmente ineficaz e assim sendo o B paga
e adquire o direito de propriedade e adquirindo o direito de propriedade
automaticamente o direito de propriedade passa para a esfera jurídica do C e, por isso,
no final a história o proprietário é C, sendo que o negócio entre A e D torna-se
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para a aplicação da primeira parte do 934 porque quanto à segunda parte do 934 é o
próprio legislador a dizer quer haja quer não haja reserva de propriedade, por isso
basta que estejam os outros requisitos preenchidos para que efetivamente se aplique
a segunda parte do 934.
Eu, devedor, estou protegido numa Compra e Venda a prestações se a prestação que
eu faltar não exceder 1/8 parte do preço, se me foi feita a entrega da coisa e se houver
reserva de propriedade e estando preenchidos estes requisitos significa eu o credor
não vai poder nem me exigir já o pagamento das restantes prestações, nem resolver o
contrato, a única coisa que pode fazer é pedir juros de mora nos termos do artigo 806º
pela prestação que eu não paguei atempadamente. O que fazer caso não haja lugar à
resolução do contrato e nem sequer à perda do beneficio do prazo.
Conjugado com 934 temos que ter em atenção o artigo 886º, ora bem o artigo 886º é
uma norma geral da CV e sendo uma norma geral da CV significa que é uma norma
especial em relação às normas gerais das obrigações, daí que nos disse que o artigo
886º é uma exceção ao 801º/2, por isso, quando no âmbito da CV, quando há entrega,
transmissão da propriedade, por força do 886º, não se pode resolver o contrato, por
isso também temos de ter atenção ao artigo 886º.
CP 18
A vendeu a B um quadro, pelo preço de 10 mil euros, a ser pago em 10 prestações
iguais, mensais e sucessivas.
Responda às seguintes questões:
a). Pressuponha que ficou acordado que o quadro seria entregue com o pagamento
da quinta prestação. Nesse caso, B faltou ao pagamento da terceira prestação. O que
poderá A fazer?
b). Pressuponha, agora que Berta faltou ao pagamento da sexta prestação. O que
poderá, nesse caso, A fazer?
c) E se B tivesse faltado ao pagamento da sétima prestação? A solução ainda seria a
mesma da alínea anterior?
Qualificando o contrato de compra e venda previsto no artigo 874º, produzindo os
efeitos previstos no 879º, produzindo os efeitos reais previstos no 408º/1 traduzindo-
se na transferência do direito de propriedade por mero efeito do contrato e efeitos
obrigacionais (obrigação da entrega da coisa e obrigação do pagamento do preço),
quanto à obrigação do pagamento do preço estamos perante uma prestação
fracionada.
Quanto à obrigação da entrega da coisa foi colocado um prazo para o seu
cumprimento, isto é, a entrega do quadro iria ser efetuada com o pagamento da 5º
prestação.
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CP 19
Jorge vendeu a Sofia um relógio de coleção pelo preço de € 2.500,00. Ficou
convencionado que o preço seria pago daí a seis meses e foi aposta no contrato uma
cláusula de reserva de propriedade até pagamento integral do preço.
Um mês depois de celebrada a compra e venda, Jorge vendeu aquele mesmo relógio
a Nuno.
Entretanto, Sofia não cumpriu a obrigação de pagamento do preço.
O que poderá Jorge fazer?
R: O contrato de CV celebrado entre Jorge e Sofia (874) produziu os seus efeitos
obrigacionais (879 - b) e c)), mas não os efeitos reais (alínea a) do 879) por força das
partes terem convencionada incluir no contrato uma clausula de reserva de
propriedade. até pagamento integral do preço. a transferência de propriedade sobre o
relógio está, assim, suspensa. Quando Sofia incumpre na sua obrigação de pagar o
preço (obrigação cujo conteúdo é uma prestação instantânea ainda que diferida no
tempo para dali a 6 meses), gera-se imediatamente um incumprimento definitivo
(mora não se verifica porque a prestação que, decorridos os 6 meses, já não seria
possível). Em face deste incumprimento definitivo, pode o Jorge resolver o contrato
por força da clausula de reserva de propriedade. Aqui não se aplica o limite
estabelecido pelo 886º porque não se deu ainda a transferência de propriedade. A
resolução tem efeitos retroativos (434/1). que significa que a propriedade do relógio,
que nunca saiu da esfera jurídica de Jorge, com a resolução do contrato celebrado com
Sofia, transita imediatamente para a esfera jurídica do Nuno a quem Jorge vendeu o
relógio com condição suspensiva decorrente da reserva de propriedade. Conclusão: o
incumprimento de Sofia gera a resolução do contrato que, por sua vez, sendo
retroativa, permite que o posterior contrato de compra e venda celebrado entre Jorge
e Nuno produza, a partir desse momento (da resolução) os seus efeitos reais (879-a).
CP 20
No dia 1 de fevereiro de 2020, Aloísio vendeu a Belchior o seu automóvel, pelo preço
de 2.000 €. Ficou convencionado que o preço seria pago em 10 prestações mensais,
iguais e sucessivas (no valor de 200 € cada), com início no dia 10 de fevereiro de
2020. Belinda foi constituída fiadora da obrigação em causa.
1). Qualifique a prestação de Belchior. Prestação fracionada em que o montante
global está previamente definido sendo o valor dividido em várias frações estando, no
entanto perante apenas uma só obrigação.
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2). Admita que Aloísio tinha prometido vender, em janeiro de 2020, o automóvel a
Inácio. Qual a situação jurídica de Inácio e de Belchior a 2 de fevereiro de 2020?
Haverá aqui um confronto entre um direito real constituído anteriormente e um
direito de crédito constituído posteriormente. Belchior obteve a propriedade no dia 2
de fevereiro de 2020, sendo um direito erga omnes, Inácio tem apenas um direito
relativo face a Aloísio. Inácio é credor de um direito de crédito sobre Aloísio. Aloísio
tinha uma obrigação de indemnizar Inácio nos termos das regras da responsabilidade
civil contratual, 798º e seguintes. O direito real de Belchior sobrepõe-se ao direito de
credito de Inácio.
3). Admita agora que Aloísio tinha hipotecado (e procedido ao respetivo registo) o
automóvel, na sequência de um empréstimo bancário, em dezembro de 2019. Qual a
situação jurídica no dia 2 de fevereiro de 2020. Aqui temos em causa dois direitos
reais. Direito real de garantia (hipoteca) e um direito real de propriedade. No dia 2 de
fevereiro Belchior é proprietário do carro hipotecado.
4). Admita que a 1 de janeiro de 2020, Aloísio tinha dado em locação o automóvel a
Diana pelo período de 3 meses. Qual a situação jurídica de Diana após a celebração
do contrato de compra e venda? Direitos em confronto são o de Aloísio, direito real, o
de Diana é um direito pessoal de gozo, direito especial de crédito. A Diana mantém-se
locatária nos termos do 1057º. E se se tratasse de um contrato de comodato? No caso
do comodato, embora seja um direito pessoal de gozo, não existe uma norma igual ao
1057º, não podendo o comodatário continuar com o gozo do bem. Belchior seria assim
um pleno proprietário. Diana teria de devolver o automóvel.
5) Belchior não pagou a quarta prestação. Aloísio, no dia 15 de maio de 2020, remete
uma carta a Belchior e a Belinda “exigindo todas as prestações vincendas”. Aprecie a
situação em causa. Poderia recorrer à perda do beneficio do prazo, nos termos do
781º.
6). Admita agora que, aquando da conclusão do contrato, foram apostas as seguintes
cláusulas:
- “o vendedor reserva para si a propriedade do automóvel – que foi de imediato
entregue - até integral pagamento do preço” (cl. 2ª);
- “a falta de pagamento de uma prestação, independentemente do seu valor, confere
ao vendedor a faculdade de declarar imediatamente a perda do benefício do prazo
ou a resolução do contrato, prescindido as partes da interpelação admonitória” (cl.
5ª).
Artigo 294º.
7). Imagine que, porque Belchior não pagou a quinta prestação, Aloísio dirige-se a
casa de Belchior e, à revelia deste, apropria-se do automóvel em causa. O que pode
fazer Belchior? Belchior e só detentor, mas pode acionar os meios de tutela da posse
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8). Admita que Aloísio vende o automóvel a Carla a 10 de março de 2020. Quid juris?
Artigo 274º, Carla é proprietária, caso Aloísio cumpra o contrato, a propriedade
passará para este.
9) Belinda, amiga de Belchior, dirige-se a casa de Aloísio para pagar a sexta e a
sétima prestações em nome de Belchior. Aloísio recusa-se a receber as prestações.
No dia seguinte, Aloísio declara resolvido o contrato. Quid juris? Artigo 767º. Trata-se
de uma prestação fungível. Aplica-se o artigo 768º, Aloísio incorre em mora, artigo
813º e seguintes. Belchior não estava em mora, não pode assim Aloísio resolver o
contrato.
10) Belchior não pagou a prestação dos meses de abril e de maio de 2020. O que
aconselharia Aloísio a fazer? Explicite, analisando a cl. 5ª do contrato. Belchior não
encontra proteção no 934 porque se tratam de duas prestações e não apenas uma
como preceitua o artigo. Assim, Aloísio pode optar tanto pelo regime da perda de
benefício de prazo quer pela resolução do contrato por força da reserva de
propriedade que tem. No entanto, tem de primeiro declarar o contrato resolvido
(carta a ser enviada ao devedor, tal como se faz na interpelação admonitória, mas aqui
não se dá prazo extra para regularizar as prestações em incumprimento; apenas se
comunica a resolução do contrato. A resolução é retroativa (434/1) devendo o devedor
restituir o carro e o credor restituir as prestações já recebidas.
CP 21
No dia 1 de fevereiro de 2020, Aloísio vendeu a Belchior o seu computador, pelo
preço de 3.000 €. Ficou convencionado que o preço seria pago em 12 prestações
mensais, iguais e sucessivas (no valor de 250 € cada), com início no dia 10 de
fevereiro de 2020. Belinda foi constituída fiadora da obrigação em causa. O
computador foi, de imediato, entregue a Belchior.
1). Admita que a 25 de janeiro de 2020, Aloísio tinha dado em comodato o
computador a Diana pelo período de 3 meses. Qual a situação jurídica de Diana após
a celebração do contrato de compra e venda? (3 v.)
2) Belchior encarregou Belinda de pagar a segunda prestação junto de Aloísio.
Todavia, Belinda esqueceu-se de proceder ao pagamento. Aloísio, no dia 15 de
março de 2020, remete uma carta a Belchior e a Belinda, onde “exige, de ambos, o
pagamento imediato das prestações vincendas”. Imagine que, em vez disso, Belchior
“declara a resolução do contrato”. Analise, justificando, as duas situações invocadas.
(4 v.)
Admita agora que, aquando da conclusão do contrato, foram apostas as seguinte
cláusulas:
- “o vendedor reserva para si a propriedade do computador até integral pagamento
do preço” (cl. 2º);
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Temos uma gestão de negocio alheio, sem autorização de Sofia e no interesse e por conta
desta, estando assim perante uma gestão de negócios nos termos do artigo 464º do Código
Civil. A ausência de Sofia e a sua impossibilidade de contactar demonstra que não houve
autorização de Sofia na sua gestão. A ausência da autorização tem de resulta não só da
ausência física, da impossibilidade de contactar e da emergência da situação. A pintura de cor
de rosa é uma gestão irregular, o seu património em nada acresceu com a pintura de cor de
rosa se esta a pintar de outra cor, no entanto o gestor teve despesas. Só interessam as
situações de urgência ou de emergência. Uma questão é evitar que se estrague o recheio,
pintar a casa de alguém não é algo ponderoso, que faça sentido, tem de ser situações
extremas. A condução do negocio alheio tem de ser feita no interesse do dono do negocio e
não no interesse do gestor. Verificam-se os três elementos da noção do 464º.
Quanto à questão da pintura, se for considerado representação sem poderes por parte do tio,
nos termos do artigo 268º, o negocio é ineficaz face a Sofia até que esta a ratifique (ou não).
Representação sem poderes dá-se quando ele se intitula gestor do negocio alheio e compra
para a Sofia.
Mandato sem representação ele compra em seu próprio nome e depois é que tem que
transmitir os efeitos do negocio.
Quem contratou o serviço foi o tio da Sofia em nome próprio, tendo este de pagar o valor ao
empreiteiro transferindo os efeitos do negocio para a Sofia e “fazer contas com ela”. A gestão
representativa deixa o terceiro numa posição mais sensível.
Não havendo aprovação por parte de Sofia, tio poderia demonstrar a regularidade da sua
gestão tendo direito a receber tudo o que tiver despendido acrescido de juros, na parte que
diz respeito à pintura, estamos perante uma gestão irregular, não sendo aprovado por Sofia, o
tio só teria direito a receber aquilo com que injustamente a dona do negocio tenha
enriquecido.
Quanto aos efeitos entre o dono do negocio e terceiros, aplica-se as regras da representação
sem poderes, produzindo efeitos caso seja ratificado por aquele, ou seja, se o gestor atuar a
seu nome, o negocio fica sujeito às regras do mandato sem representação, aproveitando o
gestor os efeitos que terá que transmitir ao dono do negocio nos termos dos artigos 471º,
268º e 1180º.
CP 24
Em janeiro de 2020, Carlota celebrou com uma entidade exploradora de um parque
de campismo um contrato nos termos do qual esta se obriga a ceder o gozo
temporário de um dado espaço, conjuntamente com a prestação de dados serviços
em condições de conforto, higiene e segurança (incumbindo-lhe especialmente um
dever de vigilância), mediante o pagamento por aquela de uma retribuição pelo
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CP 27
António, fabricante de artigos de cerâmica, vendeu por catálogo a Bernardo,
proprietário de um hotel, 10 estatuetas de barro, com as mesmas características,
embora de cores diversas.
O contrato foi celebrado em 1 de abril do ano em curso, tendo ficado acordado que
António, entre os dias 15 e 30 desse mês, colocaria as estatuetas num armazém seu e
que Bernardo aí as iria levantar. Dois dias antes da data aprazada para o acto de
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diz respeito a outro tipo de obrigação que este venha a contrair. São contratos
totalmente distintos que não estão em colisão.
2. Pressuponha agora que, um mês depois da reunião no bar, Bento telefonou a
António dizendo-lhe que Carlos lhe tinha proposto comprar o automóvel por
€20.000,00 e se António estava interessado em adquirir o veículo por esse
preço. Três semanas depois, na falta de notícias de António, Bento vende o
automóvel a Carlos, ficando declarado o preço de € 20.000,00. Oito meses
passados sobre esta venda, António obteve elementos probatórios de que o
preço real efectivamente pago foi € 10.000,00. António, indignado com toda
esta situação, pretende saber se pode reagir e de que forma. (3 val.)
R:
3. Dois meses depois da reunião no bar, Bento telefonou para casa de António,
o qual se encontrava de férias em África, tendo o telefone sido atendido por
Pedro irmão deste. Bento disse-lhe que queria vender o automóvel por €
20.000,00. Atenta a ausência do irmão, que estaria incontactável durante um
mês, e para que António não perdesse a possibilidade de adquirir o
automóvel, Pedro dirigiu-se a casa de Bento e disse-lhe que não conseguiu
contactar António, mas que, como presumia que o seu irmão queria comprar
o automóvel, se prontificava a adquirir o veiculo em nome de António e a
entregar um cheque para pagamento do preço. Bento aceitou e Pedro levou o
automóvel para casa de António. Quando António regressou, posto ao
corrente da situação, declarou não estar interessado em tal negócio; Bento,
por seu lado, afirmou que o negócio estava feito; e Pedro queria ter de volta a
quantia que pagou a Bento. Quid iuris? ( 4 val.)
R: estamos perante uma gestão de negócios nos termos dos artigos 464º e
seguintes. Teremos de analisar esta gestão nas relações entre Pedro e António,
gestor e dono do negocio, e nas relações entre Pedro, António e Bento, gestor,
dono do negocio e terceiro. A gestão é regular ou quando há aprovação, ou nos
termos do artigo 468º/1. Temos a situação do 468º/1, a despesa foi feita no
interesse e de acordo com a vontade presumível do dono do negócio.
Consideraríamos a que diz respeito de Pedro, uma gestão regular. Pedro
conseguiria aprovar até através do testemunho de Bento e do pacto de
preferência de António de que este ultimo pretendia adquirir aquele
automóvel, ou seja, o homem medio teria feito este negocio. Na gestão de
negócios, a culpa do gestor afere-se em concreto, não tem de atuar de acordo
com os termos do homem medio, pessoa razoável, nem demasiado diligente,
nem demasiado preguiçosa. O instituto da gestão de negócios dá voz à
solidariedade, ao altruísmo, à entreajuda das pessoas, não é exigível ao gestor
mais cuidado ou mais diligencia do que aquela que aquele utiliza na gestão dos
seus próprios assuntos. António teria que dar ao seu irmão, Pedro, os 20,000€,
ou seja, o montante que Pedro despendeu e os respetivos juros. Na relação
entre Pedro e Bento, estamos perante uma gestão representativa, nos termos
do artigo 471º, já que Pedro atuou efetivamente em nome do seu irmão. Para
que o negocio produza efeitos entre o dono do negocio e terceiro, é necessário
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que o dono ratifique, senão não produzira os seus efeitos típicos. Ou seja, não
tendo António ratificado, o negocio não operou os seus efeitos, não houve
transmissão da propriedade, ou seja, Bento teria de devolver os 20.000€ a
Pedro. Se fosse mandato sem representação, o Pedro tivesse apresentado
apenas per si, o Bento poderia dizer que o negocio estava feito, ou seja, não
seria necessário que António ratificasse. O negocio neste caso não estaria
concluído até que António o ratificasse. Não ratificando ficava por concluir. Só
um terceiro pouco esclarecido é que aceitaria uma gestão representativa já que
seria necessário que o terceiro ratificasse sempre o negocio. Na gestão de
negócios é essencial que se faça a distinção das relações entre gestor e dono do
negocio (efeitos internos, sendo regular ou irregular, nas internas falamos de
aprovação, feita nos termos do 469º) e relações entre o gestor, dono do
negocio e terceiro (efeitos externos, aqui fica mais complicado porque o
terceiro é alheio à situação podendo ser prejudicado se não for ratificado o
negocio, nas externas falamos de ratificação, feita nos termos do 268º).
CP 30
André vende a Belarmino 100kg da sua produção de laranjas. Embora o preço tenha
sido pago de imediato, ficou acordado que Belarmino, por questões logísticas, só iria
recolher as laranjas no dia seguinte. Naquela noite, um forte temporal abateu-se
sobe a zona onde se localizava o armazém de André, fazendo abater o telhado do
mesmo. Toda a produção de André ficou destruída. Quando Belarmino se
apresentou para levantar as laranjas, André diz-lhe que não tem laranjas para
entregar e que também não tem de devolver o dinheiro, uma vez que a Lei está do
seu lado.
Belarmino procura um advogado para resolver a situação e este diz-lhe que
efetivamente André não violou o contrato celebrado com Belarmino.
Quid iuris?
R: estamos perante um contrato de compra e venda, nos termos dos artigos 874º e
seguintes, com os efeitos essenciais previstos no artigo 879º do Código Civil. Os 100kg
de laranjas são uma obrigação genérica já que apenas se encontra determinada
quanto ao peso dentro de um género, neste caso, 100kg de laranjas, como previsto no
artigo 539º do Código Civil. Como ainda não tinha sido efetuada a entrega da coisa,
não se tinha igualmente transferido o risco. E ainda, a obrigação é genérica e não
especifica porque não se deu a entrega nem qualquer outra circunstancia prevista no
artigo 541º que concentrasse a obrigação. Não é considerado termo a favor de André
já que as bananas continuaram em seu poder por simples razão de questões logísticas.
Dito isto, o risco permaneceu em André, nos termos do 796º/1. Com a destruição de
toda a produção de laranjas, estamos perante uma impossibilidade superveniente
objetiva como previsto no artigo 790º/1. Tendo-se tornado a prestação de André
impossível, Belarmino fica também desobrigado da sua prestação, que é, neste caso, o
dinheiro. Nos termos do artigo 795º/1, André terá que devolver o dinheiro a
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Belarmino, podendo este exigir a entrega do dinheiro aquele e André não terá,
obviamente, de entregar as bananas. Caso André não devolva o dinheiro poderá
responder pelo regime do enriquecimento ilícito, nos termos dos artigos 473º e
seguintes. Quanto ao enriquecimento ilícito:
473ºss CC
Carater subsidiário
468º gestão negocio
583/2 cessão de créditos
645/1/2 fiança
1336º acessão industrial
1340º + 1341º
Requisitos:
- Enriquecimento de uma pessoa (vantagem de carater patrimonial, aumento do ativo
patrimonial, diminuição do passivo, uso ou consumo de coisa alheia, exercício de
direito alheio ou a poupança de despesa)
- Não pode ter causa justificativa (ou nunca teve fundamento que justificasse o
aumento daquele património ou eventualmente perdeu o fundamento que tinha
inicialmente) - falta de causa (alegada e provada nos termos do 342º) por quem
pretende a restituição do individuo
- Enriquecimento à custa de quem pretende a restituição: tem que ter sido privado do
seu ativo patrimonial ou da diminuição do seu passivo
- O prazo é curto: 482º (remeter para 309º - prazo de 20 anos)
CP 31
Sofia, emigrante em França, possui uma casa em Arcos de Valdevez, localidade de
onde é natural. Na sua ausência, e após um forte temporal, o seu tio mandou
restaurar o telhado da casa por as infiltrações de águas pluviais e a humidade
estarem a danificar todo o seu recheio. Porque o empreiteiro fez um preço de amigo,
deu também uma pintadela ao exterior, sendo certo que era conhecida a
repugnância de Sofia pela cor rosa com que a casa foi pintada.
Quid Iuris?
R:
R: na mesma situação, temos uma gestão regular na medida em que a primeira parte
corresponde ao interesse e à vontade presumível da dona do negocio, neste caso o
imóvel de Sofia, nos termos do artigo 468º/1 CC. Na segunda parte, temos uma gestão
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irregular porque não corresponde nem ao interesse nem à vontade real da Sofia, nos
termos do artigo 468º/2.
Temos uma gestão de negocio alheio, sem autorização de Sofia e no interesse e por
conta desta, estando assim perante uma gestão de negócios nos termos do artigo 464º
do Código Civil. A ausência de Sofia e a sua impossibilidade de contactar demonstra
que não houve autorização de Sofia na sua gestão. A ausência da autorização tem de
resulta não só da ausência física, da impossibilidade de contactar e da emergência da
situação. A pintura de cor de rosa é uma gestão irregular, o seu património em nada
acresceu com a pintura de cor de rosa se esta a pintar de outra cor, no entanto o
gestor teve despesas. Só interessam as situações de urgência ou de emergência. Uma
questão é evitar que se estrague o recheio, pintar a casa de alguém não é algo
ponderoso, que faça sentido, tem de ser situações extremas. A condução do negocio
alheio tem de ser feita no interesse do dono do negocio e não no interesse do gestor.
Verificam-se os três elementos da noção do 464º.
No caso da restauração do telhado trata-se de uma gestão regular, indo ao encontro
da vontade e interesse presumível da Sofia, que era evitar que o recheio da casa se
estragasse. Quanto à pintura da casa estamos perante uma gestão irregular porque
não vai de encontro ao interesse da Sofia, não sendo o valor gasto pelo seu tio
devolvido. O tio de Sofia era assim responsável nos termos do artigo 466º/2 e aplica-se
ainda a primeira parte do artigo 466º/1 do Código Civil.
Quanto à questão da pintura, se for considerado representação sem poderes por parte
do tio, nos termos do artigo 268º, o negocio é ineficaz face a Sofia até que esta a
ratifique (ou não). Representação sem poderes dá-se quando ele se intitula gestor do
negocio alheio e compra para a Sofia.
Mandato sem representação ele compra em seu próprio nome e depois é que tem que
transmitir os efeitos do negocio.
Quem contratou o serviço foi o tio da Sofia em nome próprio, tendo este de pagar o
valor ao empreiteiro transferindo os efeitos do negocio para a Sofia e “fazer contas
com ela”. A gestão representativa deixa o terceiro numa posição mais sensível.
Não havendo aprovação por parte de Sofia, tio poderia demonstrar a regularidade da
sua gestão tendo direito a receber tudo o que tiver despendido acrescido de juros, na
parte que diz respeito à pintura, estamos perante uma gestão irregular, não sendo
aprovado por Sofia, o tio só teria direito a receber aquilo com que injustamente a dona
do negocio tenha enriquecido.
Quanto aos efeitos entre o dono do negocio e terceiros, aplica-se as regras da
representação sem poderes, produzindo efeitos caso seja ratificado por aquele, ou
seja, se o gestor atuar a seu nome, o negocio fica sujeito às regras do mandato sem
representação, aproveitando o gestor os efeitos que terá que transmitir ao dono do
negocio nos termos dos artigos 471º, 268º e 1180º.
CP 32
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Cartório Notarial de Matosinhos, pelas 15:00. a) Suponha que Nuno não compareceu
à escritura pública de compra e venda. Como e de que forma poderá Jorge reagir? b)
Suponha que aquando da outorga do documento Nuno ainda não era proprietário da
fracção autónoma que prometeu vender a Jorge. Aprecie a validade do negócio
jurídico.
CP 35
Contrato promessa compra e venda prédio urbano (terreno para construção) Nuno,
que se dedica à compra e venda de imóveis, encetou negociações com Jorge para lhe
adquirir um lote de terreno, para aí construir um armazém. Entretanto, aparece
Sofia, uma cliente de Nuno, que pretende adquirir um terreno com as características
daquele. Perante o bom negócio que se apresenta e, apesar de ainda não o ter
adquirido a Jorge, Nuno vê uma boa oportunidade de ganhar dinheiro e decide
celebrar um contrato promessa de compra e venda com Sofia, através do qual se
vinculam a vender e comprar, respetivamente, o terreno pelo preço de € 50.000,00.
Redigiram e assinaram o contrato no escritório do Nuno, sem qualquer outro
formalismo e Sofia entrega-lhe, como principio de pagamento do preço € 10.000,00.
Pronuncie-se quanto à validade formal e substancial do contrato de promessa de
compra e venda.
CP 36
Sofia herdou um valioso quadro por morte da sua tia. Nuno está interessado em
adquiri-lo pelo que de imediato redigiram um documento através do qual a Sofia
promete vender a Nuno e Nuno promete comprar a Sofia o aludido quadro pelo
preço de 10.000,00€.
a) Qual a forma exigível para o contrato celebrado entre Sofia e Nuno.
b) 3 dias depois de celebrado o contrato, sofia constata que o quadro estava
numa casa de família e tinha sido destruído já há 2 semanas em virtude de
um pequeno incendio.
c) Depois de celebrado o contrato, Cristina, famosa galerista abordou Sofia
oferecendo-lhe 20.000,00€ pela pintura. Sofia afirmou que já estava
comprometida com Nuno em virtude de contrato promessa celebrado.
Cristina insistiu até que convenceu Sofia a vender-lhe o quadro.
CP 37
A prometeu vender a B e este prometeu comprar pelo preço de 100 mil euros, B
entregou a A 10 mil euros. Ficou convencionado que a escritura pública de CV
realizar-se ia no dia 14 de abril de 2021. Uma semana depois de celebrado o contrato
promessa, A vendeu o apartamento a C.
Quid iuris?
Pressuponha que as partes tinham, nos termos do artigo 413 atribuído eficácia real
ao contrato promessa. A resposta seria a mesma?
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R: temos um contrato promessa bilateral nos termos do artigo 410 e seguintes houve a
entrega de uma determinada quantia (10 mil) sem se dizer a que titulo como estamos
perante um contrato de promessa de CV, por força do artigo 441 presume-se que essa
quantia foi entregue a titulo de sinal, por isso não há nenhum facto que leve à ilição
dessa previsão e, por isso temos 10 mil euros entregues a titulo de sinal.
Efeitos jurídicos: apenas efeitos obrigacionais, neste caso uma obrigação composta por
2 vínculos e também já sabem que o objeto dessa obrigação é a prestação de facto
jurídico.
Tinham convencionado que a data seria dia 14 de abril sendo que uma semana apos a
celebração do contrato de promessa o A vendeu o apartamento do C. olhando para
este ato temos um contrato de CV 879, 408, nº1 transmissão de propriedade da esfera
jurídica do A para a do C, C passou a ser proprietário do imóvel.
Ora a questão aqui é qual a consequência disto no contrato de promessa?
O contrato de promessa só cria efeitos obrigacionais e a posição jurídica do B é apenas
oponível ao A ele não pode opor a C.
Já o contrário pode acontecer o C como proprietário por via da aquisição derivada que
fez tem posição erga omnes incluindo ao B.
Desta venda a terceiro o A tornou impossível o contrato de promessa ao tornar
impossível o cumprimento contrato de promessa há automaticamente incumprimento
definitivo do mesmo e havendo incumprimento definitivo do contrato de promessa o
que B tem de fazer é resolver o contrato pelo 801, nº2 e depois por regime do sinal do
442 teria direito ao sinal em dobro.
Sub hipótese
A resposta não seria a mesma. Ora bem se o contrato de promessa entre o A e o B
tivesse eficácia real nos termos do 413 quer dizer que as partes lhe quiseram atribuir
esse valor jurídico e para tal teriam de preencher determinados requisitos. Desde logo
um requisito formal o contrato de promessa quando e quer atribuir eficácia real os
requisitos de forma estão no artigo 413 e se olharem para o nº2 tem lá os requisitos de
forma do contrato de promessa com eficácia real (leu) isto se para o contrato
prometido se exigir a mesma forma. Reparem aqui no âmbito do 413 há equiparação
de forma, mas isto é atribuir eficácia real significa se para o contrato de prometido a lei
exige escritura púbica ou documento particular autenticado então o contrato de
promessa com eficácia real vai ter que seguir a mesma forma, se eventualmente para
o contrato prometido não for necessário este tipo de documento então para o
contrato de promessa é preciso um documento particular com reconhecimento das
assinaturas.
No nosso CP como estávamos face a um contrato de promessa de CV de um
apartamento ele teria de ser reduzido a um documento particular autenticado ou
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Teoria Geral das Obrigações – 2º ano Licenciatura em Direito na Universidade Lusíada Norte -
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Para celebrarem a CV um vai ter de declarar que vende e o outro vai ter de declarar
que compra e é a isto que estão obrigados no futuro.
O B entregou aquando da celebração do contrato de promessa 10 mil euro ao A
importa qualificar esta entrega de dinheiro, artigo 441 (regime do sinal), aí temos uma
presunção ilidível (comporta prova em contrário). Quanto à presunção ilidível o
legislador presume que todas as quantias entregues no âmbito de um contrato de
promessa de CV essas quantias são entregues a titulo de sinal, quer isto dizer que as
partes podem dizer no contrato de promessa que o promitente-comprador entrega X a
titulo de sinal. Se nada disserem presume-se, pelo artigo 441, que essa quantia foi
entregue a título de sinal e em caso de incumprimento um dos mecanismos
eventualmente aplicáveis ao incumprimento do contrato de promessa é o regime do
sinal do artigo 442 (se aquele que deixa de cumprir definitivamente o contrato de
promessa é o promitente vendedor vai ter que devolver ao promitente comprador
aquilo que recebeu e outro tanto, o sinal em dobro, se aquele que incumpre
definitivamente o contrato de promessa é o promitente comprador vai perder a
quantia que entregou a titulo de sinal daí a importância da qualificação da quantia
entregue ser a titulo de sinal por isso vai em caso de incumprimento definitivo vai
despoletar o regime do sinal do 442).
No nosso CP as partes nada disseram a única coisa que sabemos é que o promitente-
comprador entregou ao promitente vendedor a quantia de 10 mil euros assim sendo
vamos aplicar a presunção do artigo 441 e presume-se que aquela quantia foi entregue
a nível de sinal.
O A NÃO COMPARECEU….
Temos de pensar que se ele não comparece para celebrar a escritura pública no dia 13
das duas uma ou tem uma causa que legitime essa sua atuação ou então vamos estar
aqui presente uma questão de incumprimento do contrato de promessa.
Certo é que ele não foi, mas mandou uma mensagem a dizer que o contrato é nulo…
Se o A tiver razão e o contrato for nulo então nunca produziu efeitos, ora se nunca
produziu efeitos quer isto dizer que ele não comparecendo à escritura publica não
está a incumprir porque não há nada para cumprir e assim sendo das duas uma ou o A
tem razão ( em 1 ou nos 2 argumentos) e aí o contrato é nulo e nunca produziu efeitos
e como tal tem de restituir tudo o que foi prestado ou então o A não tem razão na sua
fundamento e isso terá como consequência que ele não cumpriu o contrato de
promessa porque não apareceu no dia marcado.
Vamos analisar cada argumento:
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TEORIA
RESERVA DE PROPRIEDADE
Reserva de propriedade tem uma função de garantia que permite por exemplo ao
vendedor a prestações guardar para si a propriedade até cumprimento da prestação
por parte do comprador.
O vendedor não suporta o risco de perda ou deterioração da coisa, porque ele não a
usa.
O comprador, apesar de não ser proprietário pode usar a coisa, não pode, no entanto,
fruir nem sequer alterar a substancia da coisa.
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a). Dar lugar a uma intimação para cumprimento. Ex: celebrado cv a prestações. Não
cumprindo uma prestação, estou a intimá-lo para cumprir a prestação em falta.
b). Fixar um prazo razoável para o cumprimento – fixado jurisprudencialmente em 15
dias.
c). Cominação – consequência que se vai operar por via do decurso do prazo.
O contrato não se extinguiu pela interpelação admonitória, mas posso resolver o
contrato na própria interpelação.
Ex: no dia 10 não houve cumprimento, no dia 11 há atraso, dia 15 envio da carta, dia
17 recebe a carta, ao fim de 10 dias, estamos perante incumprimento definitivo caso o
comprador não cumpra a sua prestação.
Se seguirmos o caminho do incumprimento temporário, invocando a perda do
beneficio do prazo. Não podendo mais tarde ir resolver contrato.
Se estiverem em causa duas prestações em atraso o regime que se aplica não é o do
934º. Para que se considere resolvido o contrato, o incumprimento contratual tem que
ser grave. O incumprimento de duas prestações é um incumprimento grave, sendo
considerado reiterado. Artigo 802º/2.
Regime geral resolutivo – artigos 432º e seguintes.
A compra e venda a prestações é um contrato de cariz fracionado tendo a resolução
efeito retroativo, artigo 434º.
934º protege o comprador a prestações.
886º - falta de pagamento do preço. – Norma supletiva.
796º - numa situação de venda com reserva de propriedade, o vendedor tem o direito
real sobre a coisa, o comprador tem a expectativa real, ou seja, o risco correrá por
aquele que estiver a usar a coisa, a dispor da mesma. Se o comprador está a usar a
coisa, é inaceitável que o risco corra pelo vendedor. Tendo a reserva de propriedade
natureza de condição suspensiva.
PRESTAÇÕES
1. Prestações instantâneas ou integrais =/= 2. prestações
fracionadas =/= 3. prestações duradouras.
1. Executam-se num só momento. Ex: compra e venda de um carro, com pagamento e
entrega da coisa no momento.
2. O montante global é dividido em várias frações, mas existe uma única obrigação.
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Prestações fungíveis são aquelas que podem ser realizadas por outra pessoa alem do
devedor.
Prestações pecuniárias – se um amigo meu cumprir esta prestação, o credor não se
pode recusar a receber, porque a prestação não o prejudica, no caso concreto.
Caso de contrato de arrendamento para habitação – o fiador interessado no
cumprimento pode intervir pagando o valor em causa. Um amigo pode também
cumprir.
Obrigações genéricas
objeto da prestação esta apenas determinada quanto ao género, peso ou medida. –
Artigo 539º e seguintes – obrigações genéricas.
As obrigações genéricas são aquelas em que o objeto da prestação se encontra apenas
determinado por referencia a certa quantidade de peso ou medida dentro de um
género, mas não está ainda concretamente determinados quais os espécimes daquele
género que irao servir para o cumprimento daquela obrigação.
Não é que o objeto da prestação não esteja determinado, ela está é apenas
determinado quanto ao género, competindo ao devedor a escolha do objeto com o
qual ira cumprir a obrigação, nos termos do 539º.
Um direito real só pode ter por objeto coisas corpóreas e determinadas. Diz-nos o
artigo 408º/2 que no caso da coisa indeterminada a transferência ocorre quando a
coisa for determinada com o conhecimento de ambas as partes. Mas notar que nas
obrigações genéricas compete ao devedor a determinação do objeto, podendo este
determina o objeto com que cumpre a obrigação sem o conhecimento da outra parte.
Efetivamente, a transmissão da propriedade e consequentemente a transferência do
risco ocorre no momento da concentração. Reparar que até que não haja a
concentração o risco corre por conta do devedor – artigo 540º, exatamente por não se
ter transferido a propriedade.
Teorias relativas à concentração da obrigação:
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Artigo 543º a 549º - obrigações alternativas – tem uma única obrigação, mas
pelo menos duas escolhas. No número 2 do 543º, na falta de determinação em
contrario a escolha pertence ao devedor.
Artigo 544º - indivisibilidade das prestações.
Artigo 545º - impossibilidade não imputável às partes, a obrigação considera-se
limitada às prestações que forem possíveis.
Artigo 546º - impossibilidade imputável ao devedor.
Artigo 547º - impossibilidade imputável ao credor.
Obrigações pecuniárias – são aquelas que têm dinheiro por objeto. Não são obrigações
pecuniárias por exemplo a obrigação de entregar uma moeda de coleção, as dividas de
valor (indemnização em dinheiro, obrigação de restituição de valor em causa no
âmbito de enriquecimento sem causa).
Artigo 550º e seguintes – obrigações pecuniárias de quantidade.
Artigo 550º - principio nominalista.
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Obrigações solidárias
512º e seguintes. 513º - a solidariedade só existe quando resulte da lei ou da vontade
das partes. B e C devem 500€ a A, tendo estabelecido B e C uma clausula de
solidariedade, há uma identidade da prestação em relação a todos os sujeitos, ou seja,
B e C são responsáveis pelo pagamento da totalidade da prestação. Se o B pagar a
totalidade, extingue também a obrigação de C perante A, resolvendo-se a situação no
quadro do direito de regresso. A solidariedade pode ser ativa, passiva ou mista.
Solidariedade ativa – Ex: A e B vão abrir uma conta no banco, depositando 10.000,00€
no banco. A e B são credores daqueles 10.000,00€. Significa assim que qualquer deles
podem levantar os 10.000,00€ dessa conta.
Artigo 467º - solidariedade dos gestores.
Na obrigação conjunta (obtida a contrario senso do regime da solidariedade),
imaginando que há 2 devedores, cada um responde pela sua parte. B e C devem 500€
a A.
Ex: Imaginem que A arrendou a B e C um imóvel para fins habitacionais. Aplica-se o
regime da conjunção, pagando 500€ cada um.
Ex: A arrendou a B um imóvel para fins habitacionais e foi constituído fiador, D. Na
falta de pagamento por B, D como é fiador, tem de pagar. A fiança tem natureza
subsidiaria, devido ao artigo 638º do Código Civil.
Ex: A celebrou um contrato com B e C e neste contrato temos uma convenção de
solidariedade. B e C são devedores solidários do preço e A é credor do preço. Estamos
aqui perante uma solidariedade passiva.
Artigo 518º - exclusão do beneficio da divisão. Imaginando que A exigia a B os 500€, B
não se poderia opor o beneficio da divisão.
Artigo 525º - meios de defesa oponíveis pelos condevedores.
Ex: A, B, C, D e E, e B pagou a A. Os con-devedores solidários podem opor ao que
satisfez o direito do credor a falta de decurso do prazo que lhes foi concedido para o
cumprimento da obrigação, bem como qualquer outro meio de defesa.
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Prestações de facto
Prestações de facto podem ser de facto positivo: têm por objeto uma ação.
Prestações de facto podem ainda ser de facto negativo: têm por objeto uma omissão.
– Artigo 829º CC. Ex: A vendeu a B o seu estabelecimento comercial, a sua confeitaria,
transmitindo os bens da própria confeitaria. A não pode abrir uma confeitaria ao lado
da que vendeu.
Fiança
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Aval
Devemos fugir do aval. Há bem mais meios de defesa do fiador, do que do avalista.
Ex: o que está por trás do aval é um contrato de compra e venda em que alguém se
comprometeu a pagar 10.000€. Imaginando que este contrato era nulo, o avalista teria
ainda que pagar. O único meio de defesa possível ao avalista é a falsidade da
assinatura.
O aval resulta da subscrição de títulos cambiários na qualidade de avalista
respondendo com o seu património. O titulo cambiário é um titulo executivo.
Exemplo: O avalista subscreve um titulo cambiário, sendo que, se o contrato fosse
nulo, ele teria na mesma que pagar.
Responsabilidade
Requisitos da responsabilidade extracontratual: facto, ilicitude, culpa, dano, nexo de
causalidade entre facto e dano.
Responsabilidade civil contratual – artigos 798º e seguintes
Artigo 562.º - Quem estiver obrigado a reparar um dano deve reconstituir a situação
que existiria, se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação.
Obrigação
397º CC
O objeto do direito de crédito é a prestação.
Patrimonialidade – avaliação em dinheiro; credor necessita sempre da colaboração do
devedor para o cumprimento da obrigação (colaboração ou mediação).
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Direitos de crédito (direitos relativos) – operam inter partes, aquilo que eu posso exigir
da contraparte em relação ao negocio celebrado. O objeto do direito de crédito é a
prestação.
Direitos reais (direitos absolutos) – oponíveis erga omnes, o direito é oponível por si só
a toda a gente.
Ex: A prometeu vender a B o seu imóvel. Do contrato promessa só se produzem efeitos
obrigacionais, jamais se produzem efeitos reais no momento. O promitente vendedor
está obrigado a no futuro emanar uma declaração de venda. Mais tarde, A vendeu a C
o imóvel. Havendo assim um confronto entre um direito real e um direito de crédito.
No confronto entre o direito real e o direito de credito, prevalece o primeiro, ficando C
como proprietário.
Incumprimento
O incumprimento pode ser mora – mero atraso no cumprimento ou incumprimento
definitivo.
Estamos perante uma mora quando:
1. A prestação ainda é passível de ser cumprida.
2. O cumprimento da prestação tem ainda que ser do interesse do credor.
Através de uma interpelação admonitória a mora passa a incumprimento definitivo. O
contrato só pode ser resolvido em caso de incumprimento definitivo e não de mora.
A interpelação admonitória pretende pôr termo a uma insegurança jurídica. O prazo
está estabelecido jurisprudencialmente em 15 dias. Interpelação admonitória não tem
requisito formal, mas terá que servir como prova.
Gestão de negócios
Gestão de negócios – 464º e seguintes. É um instituto em que por qualquer razão não
é possível contactar ou pedir autorização ao chamado dono do negocio para atuar em
seu nome. Três caraterísticas:
1. Direção de negócio alheio.
2. No interesse e por conta do respetivo dono.
3. Sem autorização.
Tem um tratamento diferente porque a gestão de negócios é a face visível daquilo que
falamos a solidariedade humana, são atitudes espontâneas, de tentar ajudar no
interesse e por respetiva conta para evitar um mal maior.
Ex: X vai alimentar o cão que Y tem já que este está em parte incerta.
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Contrato-promessa
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Se o contrato-promessa vincular apenas uma das partes e não se fixar o prazo dentro
do qual o vínculo é eficaz, pode o tribunal, a requerimento do promitente, fixar à outra
parte um prazo para o exercício do direito, findo o qual este caducará.
Ex: A prometeu a B alienar um determinado bem, mas B não prometeu comprar. De
todo o modo, é que o beneficiário da promessa que não subscreveu a promessa,
entrega uma dada quantia ao promitente alienante. A quantia entregue deve
entender-se como equivalente funcional do sinal, da entrega dessa quantia, decorre
uma espécie de vinculação do beneficiário, de acordo com a maioria da jurisprudência.
Na promessa bilateral ambas as partes se vinculam, a situação aqui é muito diferente
da promessa unilateral. Numa promessa de compra e venda, não tem que
necessariamente constar do documento emergente da promessa a expressão promete
comprar ou promete vender, pode haver uma expressão afim. Também noutra nota
importante, a promessa bilateral pode resultar de documentos distintos.
O incumprimento do contrato-promessa pode ser temporário – podendo haver lugar à
(1.) execução especifica, nos termos do artigo 830º, ou à (2.) indemnização relativa à
mora.
O incumprimento do contrato-promessa pode ainda ser definitivo – podendo haver
lugar à aplicação do (1.) regime do sinal, nos termos do artigo 442º, ou do (2.) regime
da detenção, nos termos do artigo 755º/1 f).
Requisitos para a aplicação da execução especifica do contrato-promessa:
1. Mora ou atraso no cumprimento.
2. “na falta de convenção em contrario”, é possível a execução especifica, ou seja,
imaginemos que há uma convenção expressa no sentido de afastar a possibilidade de
execução especifica ou uma convenção tacita nesse sentido, por exemplo, quando
existir sinal, ou clausula penal, nos termos do artigo 830º/2. A existência do sinal como
sentido contrario ao da possibilidade da execução especifica é uma presunção ilidível.
3. “sempre que a isso não se oponha a natureza da obrigação assumida”.
O artigo 1682º-A não é extensivo ao contrato-promessa.
A ação de execução especifica é uma ação declarativa constitutiva de um direito.
Se temos uma sentença que produz os efeitos negociais, esta sentença vai, portanto,
declarar a venda daquele objeto. É preciso que depois de celebrado o contrato de
compra e venda através de uma decisão judicial seria necessária uma ação judicial
tendente à entrega? A doutrina entende que está implícita naquela decisão a questão
da entrega da coisa.
Acontece que no caso de bens registáveis é preciso ainda proceder ao registo da ação
de execução especifica. O registo tem por função dar publicidade à situação jurídica
dos bens.
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incumprimento contratual, a menos que faça tudo ao seu alcance para obter o
consentimento e caso não o obtenha não é responsável.
Tese da redução do negócio jurídico (tese dominante) – contrato promessa é
formalmente nulo, mas há lugar à conservação do negocio em relação aquele que
subscreveu o respetivo contrato promessa ao abrigo do artigo 292º do código civil.
O tribunal considera prevalente o direito real de C apesar de não ter registado a
aquisição, sobre o direito de crédito de B, ainda que registado. – Acórdão
uniformizador de jurisprudência 4/98
Imaginemos que B incumpre e que as partes acordaram que a sanção para o não
cumprimento é 5000,00€. Leva a que as partes façam de tudo para cumprir.
Do incumprimento temporário decorre a possibilidade de instaurar uma ação de
execução especifica.
Incumprimento definitivo, quando? Do ponto de vista da lei há 4 causas que podem
conduzir ao incumprimento definitivo:
1. Situação de impossibilidade de cumprimento – 801ºCC
2. Perda do interesse do credor – 808º/1CC – afere-se objetivamente.
3. Interpelação admonitória:
a) Intimação para o cumprimento.
b) Prazo suplementar, certo e razoável (adequado, e se o prazo não for razoável,
ou seja, não permitir, de forma objetiva, que a outra parte cumpra? Aquele que
interpelou admonitoriamente é o incumpridor, havendo a inversão do incumprimento)
para a outra parte cumprir.
c) Cominação.
O incumprimento definitivo não é o mesmo que resolução do contrato. O
incumprimento definitivo visa transformar a mora em incumprimento definitivo, sendo
que a declaração de resolução do contrato pode ser posterior à interpelação
admonitória ou a declaração de resolução pode ela própria integrar a interpelação
admonitória, ou seja, com o incumprimento definitivo, ocorre imediatamente a
resolução do contrato.
4. Recusa séria e definitiva em cumprir.
Podemos ter ainda convenções resolutivas. Ex: verificada a hipótese A, a consequência
é a do incumprimento definitivo.
Em quase todos os contratos-promessa há convenções resolutivas:
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Regime do sinal
Incumprimento definitivo
Direito de retenção
Regime do sinal – 442º
Caso prático: A promitente vendedor, prometeu vender um imóvel por 200.000,00€ a
B, promitente comprador, que prometeu comprar. B entregou ainda a quantia de
40.000,00€ a titulo de sinal.
Hipótese1: B deixou de cumprir, perde os 40.000,00€. – 442º/2 primeira parte.
Hipótese2: A deixou de cumprir, B tem direito ao dobro do sinal, ou seja, 80.000,00€. –
442º/2 segunda parte.
Hipótese3: imaginemos que o imóvel valorizou até aos 300.000,00€ à data do não
cumprimento. De acordo com a formula de indemnização, nos termos do artigo 442º/2
ultima parte: valor da indemnização = (valor da coisa – preço convencionado) + sinal
pago. Ou seja, neste caso, o valor da indemnização seria = (300.000,00€ - 200.000,00€)
+ 40.000,00€ = 140.000,00€.
O artigo 442º/3 deve-se considerar uma norma não escrita.
A segunda parte do nº3 do artigo 442º pode até ser considero um abuso de direito,
venire contra factum proprio.
Quando o dobro do sinal for manifestamente excessivo, o tribunal pode, de acordo
com a equidade, reduzi-lo.
Direito de retenção – 755º/1 f).
3 requisitos:
1. Beneficiário de promessa de transmissão ou constituição de direito real.
2. Tradição da coisa a que se refere o contrato prometido.
3. Credito resultante do não cumprimento imputável à outra parte.
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Tipos de contratos:
Contrato é um acordo dirigido à produção de efeitos jurídicos. É um facto humano,
voluntario, lícito, formado por 2 ou mais declarações concordantes que produzem
efeitos jurídicos conformes à intenção (vontade) manifestada.
Contratos podem ser (1.) quoad effectum ou (2.) quoad constitutionem:
1. Basta o mero consenso das partes. Ex: Compra e venda, arrendamento, empreitada,
etc.
2. Não prescindem, para alem do consenso, da forma, de um ato constitutivo. Ex:
mútuo não prescinde da entrega do dinheiro, como o penhor não prescinde da entrega
da coisa.
Contratos podem ser (1.) reais ou (2.) obrigacionais:
1. Transmissão da propriedade. Ex: Compra e venda, doação.
2. Direitos de gozo. Locação, aluguer, empreitada, prestação de serviços.
Contratos podem ser (1.) sinalagmáticos ou (2.) unilaterais ou (3.) bilaterais
imperfeitos.
1. Obrigações ligadas por um nexo de correspetividade. Ex: Compra e venda. Locador
está obrigado a ceder ao locatário o gozo da coisa, o locatário está obrigado ao
pagamento da renda. Artigo 428º.
2. Obrigações para apenas uma das partes. Ex: doação.
3. Obrigações para apenas uma das partes, podendo vir mais tarde a produzir-se
obrigações para ambas as partes. Ex: comodato.
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Contratos podem ser (1.) nominados ou (2.) inominados. (nos contratos atípicos
teremos que observar as clausulas desse contrato e em primeira linha avaliar a
validade das clausulas nesse especifico contrato, aplicando também as normas gerais
dos contratos).
1. Regime definido, típico: compra e venda, locação (típicos) e hospedagem (atípico).
2. Concessão comercial (atípico).
Contratos podem ser (1.) mistos ou (2.) coligados:
1. Apenas um contrato que podem englobar figuras de vários contratos.
2. Temos dois ou mais contratos ligados por um nexo especifico.
Acórdãos relevantes:
Ac. STj, DE 8.9.2009 (URBANO DIAS) Processo 456/09.6YFLSB
A ilicitude no âmbito da responsabilidade civil contratual decorre da violação de um
dever negocial.
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AGRADECIMENTOS:
Adriana Borges
David Silva
Eduardo Leão
Érica Araújo
Gabriel Pinho
Manuela
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Marlene Ferreira
Matilde Campos
Miguel Ledo
Pedro Gomes
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