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RESOLVIDOS
2019/2020
TOMÁS CUNHA
Casos práticos das aulas – Professora – Maria Manuel Veloso
TOMÁS CUNHA – AULAS VELOSO 2019/2020 – DO I
Primeira Questão: Estes pedidos não são incompatíveis entre si? A quer
resolver o contrato e quer receber as prestações?
A resolução constitui uma forma de extinção das obrigações, mediante
declaração unilateral de uma das partes, por incumprimento da outra parte. Esta
regra geral tem efeitos retroativos, exceto nas prestações de execução
duradoura. Esta resolução está prevista no art. 432º CC. A principal causa de
resolução é porque a outra parte não está a cumprir o contrato (art. 432º/1 CC
remissão para o art. 801º/2 CC). Se alguém resolve o contrato extingue a relação
contratual, não é compatível com o cumprimento do contrato.
Segunda Questão: Pode pedir o vencimento antecipado das prestações?
De acordo com a Regra geral: têm de cumprir as prestações restantes.
Terceira Questão: Como qualificamos esta prestação? É fracionada, porque se
prolonga no tempo.
O Art. 781º CC aplica-se exclusivamente as prestações fracionadas,
estabelecendo a seguinte regra: Quando não é cumprida uma das prestações, o
credor pode exigir o cumprimento total; o que leva ao vencimento antecipado
de todas as outras precisamente porque a formação destas não está dependente
do decurso do tempo. É o que chamamos de vencimento antecipado ou perda
do benefício do prazo, se o devedor falhar uma podem exigir as outras.
Relativamente às prestações fracionadas é necessário sempre referir a exceção
prevista no artigo 934º CC. Este preceito consagrado do nosso CC estabelece
que, em caso de compra e venda a prestação, quando há falta de pagamento de
uma só prestação, não há vencimento antecipado das prestações. Trata-se de
um regime de tutela no sentido de proteger a parte mais fraca, neste caso o
comprador que aceitou pagar em prestações.
O art. 934º CC estabelece dois requisitos de verificação cumulativa. Caso se
verifique a reunião destes pressupostos não haverá lugar vencimento
antecipado.
• Tem de haver entrega da coisa ao comprador
• Se falhar uma prestação e se a prestação não for superior a 1/8, o devedor
mantém a possibilidade de pagar os seguintes.
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NOTA:
• a regra é do art. 781º CC
• a exceção do art. 934º CC
• Sendo necessário fazer uma Remissão do art. 781º CC para o art. 934º
CC
• E por fim, é sempre necessário verificar os pressupostos do art. 934º CC.
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Caso 2
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No caso prático, estão verificados todos os requisitos, logo não pode ser
realizado o vencimento antecipado. Trata-se de uma regra especial consagrada
pelo legislador.
Por outras palavras, de acordo com a regra geral tinha direito ao vencimento
antecipado; mas de acordo com o art. 934º CC não.
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No caso prático, estão verificados os pressupostos do art. 934º CC, logo não
pode haver a resolução do contrato.
Vencimento antecipado:
De acordo com a regra geral que já vimos na alínea anterior, sempre que se
falha uma prestação, de acordo com o art. 781º CC os credores podem pedir o
vencimento antecipado. Por seu turno e de acordo com a regra especial,
relativamente às prestações fracionadas, em caso de CV a prestações, a falta
de pagamento de uma SÓ PRESTAÇÃO, não origina um vencimento antecipado
das prestações (934º). Para tal, é necessário o preenchimento de dois requisitos
de verificação cumulativa:
1. Entrega da Coisa ao comprador
2. A prestação em falta tem de ser inferior a 1/8 do valor total
Resolução do contrato:
Neste caso não podemos aplicar o art. 934º CC porque o montante é superior a
1/8 do valor total.
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Temos de ter em atenção ao art. 886º CC onde se estabelece que, se tiver sido
transmitido o direito de propriedade sobre a coisa e a coisa tiver sido entregue,
o vendedor não pode resolver o contrato por falta de pagamento da coisa. Neste
caso houve reserva de propriedade, logo pode resolver o contrato.
Não vou aplicar o art. 934º CC porque o preço não é aplicado em prestações. O
art. 934º CC é apenas aplicado quando temos um pagamento em prestações.
Aqui o que vai ser realizado em prestações é a entrega da coisa (sacos de
cimento), é um dever do vendedor. Quanto ao vencimento antecipado é
necessário perceber que o credor pode exigir as prestações restantes no âmbito
do art. 781º CC.
Em relação à resolução do contrato, o devedor falhou uma prestação, logo
poderia ser possível aplicar o art. 886º CC. Contudo, não aplicamos este, porque
não está em causa o pagamento do preço. No coso prático, o devedor falhou a
5ª prestação, logo não é razoável a resolução, não tinha fundamento suficiente.
É incumprimento parcial é a regra do art. 802º/1 CC:
• Se for insignificante não temos a resolução do contrato (Exemplo: falhou
a 5ª prestação de 10 prestações).
• Se for significante temos a resolução do contrato (Exemplo: se falhasse
logo a 1ª prestação).
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Princípio:
Os princípios aplicados aos direitos reais são diferentes daqueles que são
aplicados aos direitos obrigacionais. Os Direitos Reais são regidos pelo princípio
da tipicidade. Não podemos esquecer a eficácia ergaomnes dos direitos reias
tem vantagens além das claras vantagens que apresenta, tem também algumas
desvantagens provocadas pela surpresa causada pela existência e respetiva
invocação do direito real em causa.
Por outro lado, em relação aos Direitos obrigacionais vigora o princípio da
liberdade negocial, embora com exceções. Visto que, temos determinadas
fontes que só são fontes se o legislador o disser. Um dos exemplos claros dessas
exceções, são os negócios unilaterais que só constituem obrigações nos casos
previstos na lei.
Corolários da Eficácia Erga Omnes do Direito Real:
1. Direito de Prevalência
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Sentido geral: o terceiro que perturba uma relação obrigacional fica obrigado a
indemnizar o credor. Exemplo: A é casado com B, e A tem uma relação com C
também; C interfere na relação contratual matrimonial; será que se pode pedir
uma indemnização pela atitude de C? Não, porque se C não tem nenhum dever
com A.
De acordo com a posição do curso, como já vimos os direitos reais têm eficácia
absoluta e as obrigações eficácia relativa. Mas todo o terceiro que tivesse
conhecimento da relação seria juridicamente obrigado a respeitar a mesma, não
lhe sendo lícito:
Teorias a referir:
A doutrina da eficácia externa veio contrariar a tendência acima descrita. Esta
doutrina de origem germânica defende que o terceiro tem de indemnizar o credor
caso tenha conhecimento (mais ingerência) da relação obrigacional que está a
perturbar. Ou seja, além do seu efeito relativo, os direitos de crédito podem ter
efeitos face a terceiros, desde que estes tenham conhecimento da relação de
crédito na qual se vão imiscuir. Esta teoria em Portugal é defendida pelo Dr.
Santos Júnior e foi defendida em tempos pelo Dr. Menezes Cordeiro, que,
entretanto, abandonou essa posição.
Esta posição defende, que é possível a compensação por parte do terceiro,
tendo este de interferir (requisito objetivo) e conhecer (requisito subjetivo),
levando a um ataque ao substrato do crédito.
O Dr. Santos Júnior de forma a defender a sua teoria, baseia-se numa série de
artigos do CC:
1. Nos termos do artigo 483º, segundo esta doutrina, o artigo não distingue
se em causa poderão estar direitos absolutos ou relativos, o que significa
que, mesmo que em causa esteja um direito relativo, aplicar-se à o artigo.
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2. De seguida, com base nos artigos 413º e 421º, Santos Júnior, constata,
que houve acolhimento da doutrina da eficácia externa do legislador, uma
vez, que se tratando de artigos relativos ao contrato promessa e ao pacto
de preferência, ambos estão sob a epígrafe eficácia real.
3. Outro artigo que serve de argumento à doutrina da eficácia é o 794º,
relativo à possibilidade que o credor tem de reagir contra terceiro se este
destruiu uma coisa que o devedor deveria entregar.
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e 421º CC, já que não faria sentido que o legislador mencionasse a eficácia
externa a propósito dos contratos promessa e aos pactos de preferência.
Em terceiro lugar, não há eficácia externa em relação ao artigo 794º CC, já que
este apenas e só permite ao credor substituir o devedor
(Exemplo: A tinha direito que entregue o piano, o piano era de B, C
destruiu o piano; A reage contra o C, porque se substitui B); daí que não
temos eficácia externa.
Por fim, importa referir que havendo cláusula de reserva de propriedade, não
pode nunca o credor do direito de entrega da coisa, exigir uma indemnização de
terceiro. Na hipótese de não haver essa cláusula de reserva de propriedade,
entendem os autores que está em causa uma sub-rogação/substituição do
devedor, pelo que não se verifica qualquer eficácia externa.
De acordo com a posição do curso, há, contudo, duas formas de indemnização
por parte do terceiro:
1. Art. 495º/3 CC:
a. Exemplo: A pai de B falece num acidente por culpa de C, B pode
pedir indemnização a C porque violou a obrigação de alimentos.
Ele indemniza porque esta obrigação é particularmente tutelada no
nosso OJ. Para a teoria da eficácia externa o terceiro tem de
indemnizar se o terceiro interfere e conhece a relação obrigacional.
No caso anterior, o exemplo não é um caso de eficácia externa,
protege porque nesta circunstância o que lhe dá os alimentos
morreu, é um caso de uma situação de obrigação de alimentos.
2. Art. 334º CC:
a. Um terceiro alicia um devedor a deixar de cumprir o contrato
anterior porque quer prejudicar. Neste caso a liberdade negocial
que exerce é exercida de forma abusiva. Se celebro um contrato
com uma pessoa só para prejudicar outra tenho de indemnizar.
Não é eficácia externa, não reconhecemos esta, ele interferiu e daí
tenha de indemnizar; é um caso de abuso de direito. Ou seja, nos
casos em que se verifica uma violação excessiva dos limites ético
juridicamente impostos pela comunidade jurídica, no exercício da
liberdade contratual, o terceiro deve ser responsabilizado
diretamente perante o credor, estando em causa a
responsabilidade extracontratual com fundamento no abuso do
direito.
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Caso 5:
Estamos mais uma vez perante um caso de eficácia externa das obrigações.
Temos ingerência nas obrigações: C interferiu nas relações entre A e B; e nas
relações com D, professor de piano. Que tipo de ingerência? Ataque aos
elementos do crédito: mata-se o sujeito passivo da obrigação.
Se fosse B que morresse e fosse perturbada a obrigação de alimentos então
pode pedir a indemnização pela via do art. 495º/3 CC (pressupondo que ele é
menor). O professor de piano não podia convocar o art. 495º/3 CC. Poderíamos
convocar o art. 334º CC porque não interfere num direito; viola o direito a vida.
Não se aplica o abuso de direito, é apenas quando temos um ataque direto ao
próprio crédito.
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ela vai ser tida como nulo nos termos do art. 12º. O legislador
considerou que esta abordagem era insuficiente, criou listas
exemplificas de cláusulas proibidas: 1) secção empresários e
entidades equiparadas (art. 17º e ss DL); 2) secção relativa aos
consumidores finais (art. 20º e ss DL). Estas listas são meramente
exemplificativas. Estas podem surgir como listas de cláusulas
absolutamente proibidas (aqui o juiz não pode ponderar, é nula
sem mais; listas negras) ou cláusulas relativamente proibidas (o
juiz pode ponderar se se aplica/ justifica ou não a clausula; listas
cinzentas).
Sendo a cláusula nula, mantem-se o contrato? De acordo com o art. 13º DL,
o aderente pode optar pela manutenção; recorrendo a normas supletivas
aplicáveis.
Relativamente ao nosso caso prático:
✓ Cláusula que aparece no folheto publicitário: de que plano estamos a
falar? É o plano de inserção, ou seja, o desconhecimento; ou não há
dever de comunicação ou surge num sítio que não era expectável, neste
caso num folheto.
o Aqui a solução seria excluir a cláusula do folheto, art. 8º DL.
✓ Clausula de responsabilização do locatário pelos danos: plano do
conteúdo; queremos saber se esta cláusula é ou não injusta- a locadora
não se ia responsabilizar por dano causado no automóvel. Não fazia
sentido esta desresponsabilização- iriamos procurar nas cláusulas
contratuais proibidas, vamos percorrer as cláusulas do art. 18º, 19º 21º
e 22º. É uma clausula de exclusão da responsabilidade civil. Esta era
uma clausula absolutamente proibida não se pode excluir a clausula por
danos corporais- é absolutamente excluída por isso é nula sem mais.
Nos termos do art. 13º DL, sendo a cláusula nula, o aderente pode
continuar com o contrato sem qualquer problema. Art. 292º CC- a
nulidade ou invalidade parcial não dá azo a resolução, salvo se o
aderente não tivesse celebrado o contrato com aquela cláusula.
Do ponto de vista processual, existem dois tipos de controlo:
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Caso 7
A foi contactado por B uma igreja no sentido de alienar um velho cinema para
venda. Durante meses houve contactos entre A e B e em função do grande
interesse de B, A dispensou 5 mil € para mudar a instalação sonora e
luminosa do cinema. B, entretanto, desistiu da potencial compra e A considera
que com isso houve violação de um contrato promessa. Quid iuris?
Atualmente este instituto tem um âmbito mais amplo daquele que foi
inicialmente pensado por Ilhering, abrangendo os negócios ineficazes,
inválidos e fundamentalmente, a chamada rutura injustificadas das
negociações.
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• Danos emergentes:
o Ou seja, os prejuízos que atingem bens, já existentes na
esfera do lesado, no momento em que começam as
negociações.
• Lucros cessantes:
o São as oportunidades geradas, isto é, as vantagens
patrimoniais que ainda não integravam a esfera jurídica
do lesado, mas que, com toda a probabilidade, viriam a
integrá-la.
Importa referir que devemos rejeitar a possibilidade de ressarcir o
lesado pelo interesse contratual negativo, já que esta possibilidade
exige correções e deduções.
Quanto ao nosso caso: podia pedir uma indemnização pelo interesse
contratual negativo, os 5 mil €. A forma correta de dizer isto é a indemnização
dos danos resultantes pela violação do interesse contratual positivo.
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emissão das declarações de vontade, que faz com que haja acordo. Como se
emite uma declaração de vontade? É pelos atos que vão surgir.
Podem existir contratos promessa consensuais? O contrato promessa é
consensual ou formal? O contrato promessa é consensual.
A forma dos contratos: temos de saber se é autêntico ou particular (estes são
autenticáveis ou simples).
2. A forma dos contratos é exigida por necessidade de razões de
segurança das partes. O registo pode surgir mesmo quando
o contrato não é formal. O registo serve para dar
publicidade.
NOTAS-RELEVANTES:
Onde se insere a responsabilidade pré-contratual? Estamos
perante uma terceira figura. Apesar de não existir contrato, temos uma
obrigação. A ideia é que esta responsabilidade por ser uma 3ª
categoria ou uma responsabilidade contratual.
Temos regras diferentes para a extracontratual e a contratual- 2
diferenças:
✓ Prescrição: 1) Extracontratual- 3 anos; 2) Contratual- 20 anos
Caso 8: Contrato-promessa
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• De preparação
• E de segurança.
Ora por muitas vezes faltam elementos jurídicos ou eventualmente o
comprador já tem financiamento, mas o dinheiro ainda não entrou na sua
conta.
Em outros casos, as partes querem salvaguardar a possibilidade de se
arrepender. O contrato promessa serve por isso mesmo, para salvaguardar
a possibilidade de arrependimento das partes. Porém, em caso de
incumprimento existe consequências, havendo regras e sanções para o
incumprimento do contrato promessa.
Tipos de Contratos promessa:
O contrato promessa pode ser:
• Bilateral
o Neste caso, a obrigação de celebrar o contrato futuro é
das duas partes, ambas promitentes.
• Unilateral
o Neste caso, só um dos contraentes se vincula a
contratar.
o Estamos perante uma situação onde existe um só
promitente (promitente único), ficando o promissário livre
de concluir ou não o contrato definitivo.
Em relação aos contratos de promessa unilateral importa destacar as exigências
em relação à forma: Neste tipo de contrato só se exige a assinatura de A, o
promitente.
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•
Constituição ou transmissão de direitos reais.
o Que deve registada de acordo com o artigo 2º/1/f do Registo
Predial
• O bem em causa tem de ser bens imoveis ou moveis sujeitos a
registo.
o Artigo 11º/1/h do Código de Registo de Bens Móveis.
Como classifico um bem imóvel ou móvel?
Exemplo 1: O paul de arzila, é um pântano. Se alguém quiser vender, este
é um bem imóvel. Como sabemos se é móvel ou imóvel? A lei estabelece
um elenco relativamente aos bens imóveis, art. 204º CC.
Exemplo 2: Se A promete vender a B oliveiras centenárias, é um bem
imóvel enquanto estiver agarrada ao solo. É móvel quando sair do solo.
Quais os bens móveis sujeitos a registo? Carros, aeronaves e navios.
Posso atribui eficácia real a um contrato de arrendamento de um bem móvel?
Não. O contrato-promessa de venda de um catálogo de arte gótica, não pode ter
eficácia real, é um bem móvel. Não podemos dizer que não tem, porque assim
parece que podia ter. Temos sempre dizer que não pode ter. O registo assume
natureza constitutiva, sem registo não existe eficácia real.
2. Declaração Expressa
a. A atribuição da eficácia real não pode ser tácita, tem de ser
expressa, por meio direito de manifestação da correspondente
vontade de tornar a promessa oponível a terceiros com eficácia
absoluta.
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Princípio da Equipação
O artigo 410º/1 do CC consagra o princípio da equiparação do contrato-
promessa ao contrato promessa. Ou seja, ao contrato promessa
aplicam-se as normas do contrato prometido.
Contudo, verificam-se exceções a este princípio. Caso não existissem
essas exceções não faria sentido existir um contrato promessa e um
contrato prometido. Haveria lugar apenas a um contrato. EXCEÇÕES:
1. Substância
Constitui uma exceção ao princípio da equiparação as normas do
contrato prometido que, pela sua razão de ser, não devam considerar-
se extensivas ao contrato promessa (410/1). Para compreender o
âmbito de aplicação desta exceção é necessária analisar uma dada
norma do contrato prometido e apurar a sua ratio.
Como exemplo paradigmático destas exceções temos algumas regras
da compra e venda. O contrato de CV é um contrato que produz efeitos
translativos
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Exemplo:
1) No regime da compra e venda existe uma norma que diz que o vendedor
tem de entregar a coisa. Esta norma não se aplica pela sua razão de ser. A
norma que diz que o vendedor tem de transmitir a propriedade, não se aplica
ao contrato promessa.
2) A promete vender a B um bem de C, é uma promessa de venda de bem
alheio. Eu posso vender um bem alheio? Princípio do nemo plus iuris. É
aplicável ao contrato promessa? Não porque com o contrato promessa ele
não transmite nenhum direito que não tenha. Temos algumas normas em que
a venda só é possível se se obter o consentimento.
2. As regras quanto à forma
O art. 410º/2 CC vem estabelecer certas exceções ao princípio da
equiparação, ou seja, casos em que a forma exigida para o contrato-
promessa não equivale à forma exigida para o contrato prometido.
• E qual é a exceção?
o A exceção ao princípio da equiparação está nos casos
em que a lei exige para o contrato prometido a forma mais
solene:
▪ Documento autêntico: Seja:
• Escritura Pública
• Documento Particular Autenticado.
▪ Nesse caso, basta a forma de documento
particular para o contrato promessa.
Nota muito importante para a venda de automóvel (BEM MÓVEL): Para
a venda de automóvel não é necessária escritura pública ou documento
particular autenticado, sendo que basta o mero acordo verbal para que
se transmita a propriedade. Ora, neste caso há uma exceção à exceção
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• Confirmatório
o Funcionando como prova para o exterior da celebração
do contrato, reforçando o vínculo negocial e o
cumprimento das obrigações assumidas
• Penitencial:
o Neste caso as partes quiserem reservar a faculdade de
retração ou de recesso do contrato.
o É o chamado “preço do arrependimento” do
incumprimento do contrato.
É a liberdade das partes que molda o caráter do sinal, cabendo ao
tribunal apurar se as partes quiseram um sinal confirmatório ou
penitencial. Em caso de dúvida o sinal deveria ser confirmatório quer
para a generalidade dos contratos e também o (na opinião do Dr.
Calvão da Silva) para os contratos promessa. Contudo, o legislador
optou por outra solução e veio presumir que o sinal tem natureza
penitencial. Essa conclusão pode ser retirada através da leitura do
artigo 830/2 CC quando o legislador estipula que é excluída a execução
específica quando exista sinal ou convenção em contrário. Esta
regra não se aplica, contudo, em relação aos contratos previstos pelo
artigo 410/3 do CC. Nesses casos nem a convenção expressa das
partes pode afastar a execução específica. Esta tem natureza
imperativa.
Esta opção de estabelecer um sinal penitencial à partida é, contudo,
alvo de muitas críticas por parte do Dr. Calvão da Silva. O professor da
Escola de Coimbra aponta dois argumentos para justificar a preferência
pelo sinal confirmatório também em relação aos contratos promessa.
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• De acordo com o art. 410º/1 CC, quanto à forma não se aplicam as regras do
contrato prometido.
• O art. 410º/2 CC exige-se para o contrato promessa um documento simples.
Este contrato promessa é válido. Se se celebrasse o contrato promessa por
escritura pública era válido? Sim, mas tínhamos um excesso de forma.
✓ O outro argumento utilizado é que não houve o consentimento de C o
comproprietário.
1. Não é relevante, uma vez que, se exige no âmbito da
compropriedade (art. 1403º CC) que haja o consentimento dos
comproprietários, mas neste caso no contrato promessa não tem
efeitos translativos (não transmite o bem); mas ele pode prometer
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Este artigo consagra pois então um regime especial, aplicando-se apenas caso
o contrato prometido preencha três requisitos:
• O contrato tem de ser oneroso
• Tem de existir uma transmissão ou criação de direitos reais
• O objeto do contrato tem de ser um edifício ou uma fração autónoma.
• Bilateral
o Neste caso, a obrigação de celebrar o contrato futuro é
das duas partes, ambas promitentes.
• Unilateral
o Neste caso, só um dos contraentes se vincula a
contratar.
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Trata-se por seu turno de uma nulidade atípica, por ser invocável apenas pelo
promitente-comprador, aproximando-se nesta medida do regime da
anulabilidade.
Atualmente há jurisprudência que defende a posição de Calvão da Silva. Os
assentos de 28 de junho de 1994 e um de fevereiro de 1995 do STJ funcionam
hoje como acórdãos uniformizadores, apesar da existência de ecos discordantes
na doutrina (esta é para ti Provi), nomeadamente Almeida e Costa.
No caso prático:
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Quid iuris?
• É um contrato-promessa bilateral:
o A promete a B e B promete a A- uma vez que ambos os
contraentes se comprometem a celebrar futuramente o
contrato.
• Tem eficácia real ou obrigacional?
o O contrato-promessa goza apenas de eficácia obrigacional
inter partes, de acordo com o princípio da relatividade dos
contratos (art. 406º/2 CC).
• Declaração expressa: não pode ser tácita, tem de ser expressam por
meio direto de manifestação da correspondente vontade (art. 217º
CC) - art. 413º/1 CC “declaração expressa”:
• Forma: a promessa tem de ser solenizada, art. 413º/2 CC.
• Registo: a promessa deve ser inscrita no registo respetivo, art.
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• da nulidade total
• e da conversão
Apesar de divisível em partes, coloca-se outra questão: A divisibilidade
no caso concreto não pode ir contra a sinalagmaticidade querida pelos
contraentes?
Nos termos do artigo 292º, a nulidade parcial não determina a nulidade
de todo o negócio jurídico, salvo quando se mostre que este não
teria sido concluído sem a parte viciada. Facto que implica uma
consequência extremamente importante, relativa ao ónus probandi,
visto que as presunções legais invertem este (350/1 CCº). Ou seja, a
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• Alegar
• E mostrar
o Que não teria concluído sem que o outro contraente
tivesse assumido a obrigação de comprar
o Se não o fizer, o contrato será válido como promessa
unilateral de venda:
▪ Com o beneficiário a ter:
• direito creditório à celebração do contrato
prometido
• Ou ao dobro do sinal no caso de não
cumprimento definitivo da obrigação de
vender.
Esta questão foi alvo de discussão várias vezes ao longo das últimas
décadas. O STJ veio consagrar a tesa da validade parcial, invertendo
a sua jurisprudência seguida desde um acórdão de 77 onde o tribunal
defendia a nulidade necessária e automática. Contudo, o STJ
apresentou uma solução àquela apresentada pelo legislador de 66 em
relação à redução, aproximando-se da solução alemã. O Dr. Calvão da
Silva era crítico desta solução já que na sua perspetiva esta violava a
solução de princípio do artigo 292º do CC, ao afirmar que a nulidade
do contrato apenas daria lugar à redução caso a parte interessada na
manutenção do contrato demonstrasse que o teria concluído mesmo a
sem parte nula.
A discussão seria resolvida pelo acórdão do STJ de 25 de março de
1993 que veio esclarecer que o assento do STJ de 1989 deveria ser
interpretado no sentido de consagrar a tesa da nulidade parcial e a
redução do negócio, que será todavia nulo se o contraente que o
subscrever provar que o contrato não teria sido celebrado sem a parte
viciada (292º) afastando a solução avançada previamente pelo STJ
que se se aproximava ao regime do artigo 139ºdo BGB.
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✓ Não tem eficácia real porque é um bem que não é um bem móvel sujeito a
registo.
✓ Houve sinal? Como é um contrato de compra qualquer quantia entregue é
tido como sinal, art. 441º
CC. Sim, 200 €.
✓ Não existia forma.
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✓ Execução específica:
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Caso 13
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Caso 14
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B pode intentar a ação contra A. Não pode ser contra C porque ele nem tem
direitos sobre a coisa.
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Obrigações do Obrigado:
O artigo 416º estabelece que, quando o obrigado decida vender a coisa que é
objeto de pacto, este tem de proceder à notificação. Isto é, tem de comunicar ao
preferente o projeto de venda definitivo, de modo a permitir que este conheça as
condições as cláusula do contrato projetado, sendo que tem de ser uma
comunicação completa aos elementos essenciais do negócio. Ora, se o obrigado
vier a celebrar o contrato em condições diferentes, há uma violação do direito do
preferente, logo há incumprimento do pacto de preferência.
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