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Adimplemento Contratual

Friday, 12 May 2023 21:07

I) Introdução: adimplemento é sobre efetivo cumprimento da prestação. Em termos


práticos, credor receber exatamente o que foi combinado.

Foco na prestação principal, ideia que vem sofrendo ”mudanças”: obrigação como processo,
algo mais complexo, que não se resume no dar/fazer/não fazer. Por atuação da boa-fé, há
deveres anexos/laterais que tornam a relação mais complexa de modo a atender os deveres
envolvidos (informação, lealdade, confiança etc). Essas mudanças no adimplemento
repercutem no campo contratual: veremos 4 figuras sobre.

*texto Schreiber: tríplice transformação do adimplemento.

II) Inadimplemento antecipado: seria pra ocorrer no momento do vencimento, quando a


prestação é exigível. Exceção aqui é pq se percebe que devedor não vai cumprir (por seu
comportamento, que pode ter feito prestação impossível ou inútil) ou pq ele mesmo disse que
não irá cumprir. Nessas situs se autoriza que efeitos do inadimplemento aconteçam antes do
tempo (vencimento).
Ex: prestação principal era construção de hospital, mas nada era movido, então algum
tempo antes já da pra saber que não irá se cumprir.
Ideia da boa-fé está inserida aqui, se verifica na conduta das partes, se estão agindo de
maneira diligente etc. Quando se verifica o inadimplemento antecipado, autoriza a parte
credora entrar em juízo pra exigir cumprimento forçado ou resolução contratual.
Ex: Resp sobre compra de imóvel na planta, era pra construir em 3 anos, em 2 ainda
não tinha iniciado as obras. (=/= vencimento antecipado! Art. 333).
Não tem artigo exato, mas pode ser aplicação analógica do art. 477. (difere é que aqui
não exige prova de insolvência do devedor, e pode até ter garantia, mas cumprimento é
improvável (não impossível)). quando se torna impossível mesmo, é resolução do
contrato e ponto. Enunciado 437: ”resolução da relação jurídica tb pode decorrer do
inadimplemento antecipado.” Cabe tb perdas e danos, mesmos efeitos do
inadimplemento.

III) Adimplemento substancial: adimplemento é cumprimento exatamente como foi


pactuado, mas em algumas situs era muito gravoso impor as consequências do
inadimplemento, pq era de percentual baixo comparado com tudo que já havia sido
adimplido. (ex: financiamento de 30 anos que pessoa deixou de pagar por 6 meses). Então
afasta-se a resolução do vínculo obrigacional quando a desconformidade é de pouca
relevância.
Não tem previsão no código, nem de maneira analógica. Construída com base na função
limitativa da boa-fé, associada à figura do abuso de direito (que ocorreria por parte do
credor ao pedir pra resolver um contrato que foi adimplido substancialmente).
Credor ainda pode cobrar a parte que faltou, mas resolver o contrato seria demais. +
Princípio da conservação dos negócios jurídicos.
*STJ não aplica essa tese pra 2 casos: pensão alimentícia e alienação fiduciária em
garantia.
Ex da juris: seguro de veículo em que se pagava as prestações com atraso, e na última
estava atrasada, teve acidente e seguradora alegou atraso para resolver o contrato. STJ
disse que seguradora sempre aceitou prestações em atraso, então não podia resolver e
não pagar o concerto.
Qual o parâmetro usado aqui? o limite? pode ser visto apenas no caso concreto, mas
analisar quantitativa E qualitativamente. (mas maior parte dos exemplos aqui levam mais
em conta o critério quantitativo..)

IV) Violação positiva do contrato: mudança conceitual da ideia de inad/adimplemento,


foco sai da prestação principal e entrarem jogo deveres anexos/laterais como tb sendo
importantes. Violação positiva é o descumprimento/inadimplemento dos deveres anexos ou
laterais. Pensar no objetivo do contrato, que às vezes extrapola a prestação principal.
Ex: se alguém vende uma casa que tem uma desapropriação de todos os imóveis da
região rolando, prestação foi cumprida, mas pessoa deveria avisar que seria
desapropriada.
Consequências variam caso a caso, pode gerar indenização ou resolução contratual (esse
da casa poderia resolver) *tem texto sobre tb
Ex: plano de saúde que não cobre despesas fora do estado, mas pessoa precisou ser
internada às pressas, mas não foi informado a tempo, info só chegou 8 dias após a
internação (juris entendeu que prazo era longo demais), então plano teria que cobrir por
violação de dever anexo (informação), pq pela prestação principal não seria obrigada
(info tem que ser clara, no tempo adequado etc). Enunciado 24 JDC: diz que violação
positiva independe de culpa.

V) Responsabilidade pós-contratual: deveres anexos, boa-fé, não terminam com o fim


do contrato. Ex: modelista que entrega os desenhos para outra pessoa ou concorrente.
contrato já terminou, mas parte ainda pode ser obrigada a indenizar. prof acha que essa
responsabilidade é contratual (e não aquiliana), mas há discussão.

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