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SECÇÃO IX - MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

1. AS OBRIGAÇÕES NATURAIS

 Definida no art 402º como obrigações que se fundam num mero dever de ordem social, cujo cumprimento não é
judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça.
o O que a caracteriza é a não exigibilidade judicial da prestação
 Não podem ser convencionadas livremente pelas partes no exercício da sua autonomia privada, uma vez que uma
convenção nesse sentido equivaleria a uma renúncia do credor ao direito de exigir o cumprimento, o que seria
nulo nos termos do art.º 809
 É admitida genericamente em todos os casos em que se possa considerar que o cumprimento de um dever moral
ou social corresponde a um dever de justiça
 Exemplos: jogo e aposta – 1245

 São seus pressupostos – ou requisitos positivos – o basear-se a obrigação num dever moral ou social e ao seu
cumprimento corresponder um dever de justiça.
 É requisito negativo da obrigação natural, e constitui ponto líquido, a sua não coercibilidade – há plena liberdade
de incumprir por o direito do credor não ser accionável.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES EM FUNÇÃO DOS TIPOS DE PRESTAÇÕES

 Obrigações de sujeito ativo indeterminado (511)

 Obrigações solidárias (512-533)

o Entre devedores
o Entre credores

 Obrigações divisíveis e indivisíveis

 Obrigações genéricas
 Obrigações alternativas

 Obrigações pecuniárias
o De quantidade
o De moeda específica
o Em moeda com curso legal apenas no estrangeiro

 Obrigações de juros

 Obrigações de indemnização

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÕES DE COISA E PRESTAÇÃO DE FATO


 Prestação de coisa – objeto é dar ou entregar uma coisa (prestação de dare/prestare/restituire)
 Implicam atos ou atividades – exemplo entregar coisa vendida, doada ou trocada, se não
for de entrega imediata a constituição impõe a obrigação de conservar a coisa o estado a
que se encontrava no momento da conclusão do contrato. Geralmente não tem limite
temporal curto, durando a vida toda do credor…
o Dare e prestare – há transmissão definitiva da coisa sem obrigação de restituir –
exemplo entrega de uma coisa derivada de uma compra e venda ou de uma doação.
o Restituire – há a restituição da coisa. Exemplo, a entrega de um imóvel num
contrato de arrendamento.

 Prestação de fato – O objeto é a realização de uma conduta. Obrigado a praticar um fato ou uma ação (prestação
de facere).

 Pode ser fato positivo ou fato negativo


 conteúdo positivo – fazer - parte dos contratos de prestações de serviço, obrigação de
reparação da coisa. Tem um termo de duração compatível com a não vinculação
indefinida do devedor.

A distinção entre ambos é relevante no caso de não cumprimento espontâneo e pontual da


obrigação.
o Havendo mora do devedor
 Obrigação de coisa – o credor com título executivo e a coisa a entregar seja
determinada, este pode obter a sua entrega através da execução (art 827)
 Obrigação de fato – a possibilidade de recorrer a via executiva vai depender da
natureza fungível deste.
 Se for fungível – o credor pode requerer que o fato seja praticado por
outrem a custa do devedor (art 828)  chamado de execução de
custeamento
 Se for infungível
o Se não exigir especiais qualidade científicas ou artísticas do
obrigado – o credor pode obter a condenação do devedor numa
sanção pecuniária compulsória. (art 829-A/1 a 3) por cada dia de
atraso no cumprimento ou por cada infração.

 conteúdo negativo – não fazer


o consubstancia-se numa omissão podendo traduzir se numa abstenção ou numa
tolerância a que o credor realize, ele próprio certo ato ou atividade.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÕES FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS

 Prestação Fungível e infungível


o Fungível – pode ser realizada por outra pessoa que não o devedor e que pode ser
substituído no cumprimento, que pode ser feito pelo devedor ou por terceiro
(767/1) – admite execução específica – 827/828/829
o Infungível – só o devedor pode realizar a prestação (767/2) – admite sanção
pecuniária compulsória – 791/829-A

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÕES INSTANTANEAS E DURADOURAS

Instantânea – as que se executam num só momento – entrega da coisa – 879/b. Não tem o seu conteúdo extensão delimitadas
em função do tempo, portanto podem ser:
 Integrais – realizadas de uma só vez – exemplo entrega da coisa ao vendedor, ou entrega do valor
 Fracionarias – montante global é divido em frações a realizar sucessivamente.
Obrigações instantâneas – estão definidas desde o momento da constituição. A obrigação de execução imediata é o tipo de
obrigação que se realiza em um só ato, ficando, portanto, cumprida a obrigação no momento do contrato. É o caso de uma
compra e venda em que o devedor cumpre sua prestação à vista, exonerando-se no momento do acordo.

Duradoura – aquelas cuja execução se prolonga no tempo em virtude de terem um conteúdo mais longo ou um
comportamento prolongado no tempo ou uma repetição sucessiva de prestações isoladas por um período – exemplo
prestação relativa ao contrato de trabalho. Estas têm um regime especial de extinção, que é a denúncia. Já que a submissão
a um tipo de contrato de execução duradoura implicaria a não sujeição pelo tempo que tal decorrer a outros contratos
semelhantes com outros concorrentes. Havendo assim uma limitação da autonomia privada e da liberdade de concorrência.
 Continuadas - a prestação não sofre qualquer interrupção – exemplo a prestação do locador
 Periódicas – a prestação é sucessivamente repetida em certos períodos de tempo – exemplo pagamento de
renda pelo locatário

 Diferença entre prestações fracionárias e periódicas


o As fracionárias estamos perante uma única obrigação, só que dividida em frações. Pelo que há sempre uma
definição previa do seu montante e do decurso do tempo que tal deverá ser efetuado. Não influi o conteúdo
nem a extensão da prestação, mas sim sua forma de realização.
o Diferentemente, as periódicas já são uma pluralidade de obrigações, embora emergente de um único
vínculo que o originou. Não se sabe no fundo qual será o montante global porque vai depender do decurso
do tempo que tal obrigação existir, que por sua vez determinará o número total de prestações.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÕES DE RESULTADOS E DE MEIOS?


 Meios – Tem a ver com a probabilidade de obtenção de resultado previsto pelo comportamento debitório. Ou seja,
caso a probabilidade de obtenção de resultados seja BAIXA, está-se em princípio perante uma obrigação de meios.
ou seja, o devedor que entregue a diligencia devido no cumprimento está liberado, mesmo que o objetivo não seja
alcançado. Exemplo um solicitador/advogado perante uma causa de um cliente. É esperado que o advogado, neste
caso devedor, realize os procedimentos necessários para que seja alcançado o resultado, a vitoria no julgamento da
ação. Esta não sendo conquistada, o advogado, devedor, apenas responderá se este houver agido de forma que tenha
colaborado de alguma de forma para o insucesso do resultado, ou seja, tenha agido de forma dolosa.

 Resultado – Se a prestação tiver como resultado provável a satisfação do interesse do credor (ALTA), ao devedor
impõe-se este resultado. Exemplo a contratação de um empreiteiro para a realização e entrega de obra certa e
finalizada. Neste tipo de obrigação se espera que o empreiteiro, devedor, cumpra os meios necessários da melhor
forma possível para garantir a entrega do objeto contratado, a obra finalizada.

 Garantia – Dá-se quando o devedor assume uma vinculação agravadora da sua responsabilidade, ou seja, quando
responde pelo incumprimento mesmo que tenha devido a caso fortuito ou de força maior. As obrigações de garantia
são intituladas como acessórias pois tem como seu conteúdo a eliminação de um risco. Esta obrigação visa guardar
o credor do risco do negócio jurídico, tem como função tranquilizar o credor e te dar segurança para realizar
determinado negócio que venha trazer risco. São exemplo de obrigações de garantia, a do segurador e do fiador e
garantia da pensão em caso de morte.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÕES DETERMINADAS E INDETERMINADAS?


 Obrigações de sujeito ativo indeterminado (511) – a pessoa do credor pode não ficar determinado no
momento em que a obrigação é constituída, mas deve ser determinável, sob pena de nulidade do negócio
jurídico.

 Obrigações solidárias (512-533) - a obrigação é solidária quando um dos credores responde pela prestação
integral ou quando um dos credores tem q faculdade de exigir por si só a prestação integral e libera o devedor
para com os restantes credores.

o Tal obrigação solidária se dá mesmo tendo os devedores obrigados em termos diversos ou terem
garantias diversas ou de ser diferente o conteúdo de cada um deles.
o A fonte da obrigação solidária é a lei ou a vontade das partes (497/649)
o Os herdeiros do devedor solidário respondem pela totalidade da dívida, após a partilha cada co-
herdeiro responde em proporção da quota parte que receber (2098)
o Os herdeiros do credor solidário só conjuntamente podem exonerar o devedor

o Entre devedores
o Entre credores

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÃO MATERIAL E JURÍDICO?

QUAIS SÃO AS OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS?

 Obrigações pecuniárias – obrigações que tem dinheiro por objeto visando proporcionar ao credor o valor que as
respetivas espécies monetárias possuam

o Obrigações de quantidade – 550 – O cumprimento da obrigação pecuniária deve realizar-se com as


espécies monetárias em vigor no país cuja aceitação é obrigatória a todos os particulares. Nestes tipos de
obrigações com longo prazo, quem acarreta com o risco da desvalorização da moeda é o credor, já que o
devedor se acarreta com a simples entrega da quantia monetária convencionada.
Artigo 550.º - (Princípio nominalista) - O cumprimento das obrigações pecuniárias faz-se em moeda que
tenha curso legal no País à data em que for efetuado e pelo valor nominal que a moeda nesse momento tiver,
salvo estipulação em contrário.
QUAIS SÃO AS OBRIGAÇÕES DE JUROS?

3. INDETERMINAÇÃO E PLURALIDADE DE PARTES NA RELAÇÃO


OBRIGACIONAL

É POSSÍVEL HAVER INDETERMINAÇÃO DO CREDOR NA RELAÇÃO OBRIGACIONAL?

PODE HAVER PLURALIDADE DAS PARTES NA RELAÇÃO OBRIGACIONAL?

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