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CAPÍTULO III – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

1. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO

 O conceito de obrigação é frequentemente usado para corresponder ao lado passivo da relação obrigacional.

 Caracteriza-se pela circunstância de determinada pessoa se encontrar adstrita a realizar uma prestação especifica
(posi va ou nega va) no interesse de outra, determinada ou indeterminável, nos termos do art 511.

 A prestação não necessariamente tem de ter um valor pecuniárias, mas tem de corresponder ao interesse
legí mo do credor, digno de proteção legal. 398/2

 Cons tui um vínculo jurídico a qual nasce uma relação de débito e de crédito entre os sujeitos.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

QUANTO AO VÍNCULO
Temos as obrigações:

NATURAIS -> ou imperfeitas, o credor pode apenas pretender o respe vo cumprimento, dado que não são
judicialmente exigíveis, pois assentam num mero dever de ordem moral ou social

CIVIS -> ou perfeitas, o credor pode exigir judicialmente o respe vo cumprimento e executar o património do
devedor – 817/2. São judicialmente exigíveis, pois vigora o princípio da coercibilidade

QUANTO AO SUJEITO

OBRIGAÇÕES DE SUJEITO INDETERMINADO OU DETERMINADO


O credor pode não ficar determinado no momento em que a obrigação é cons tuída, mas tem de ser
determinável – 511 – sob pena de ser nulo o negócio jurídico de qual resulta a obrigação. Isto pode
acontecer por exemplo, por estar dependente de um fato futuro ou incerto, no caso das promessas
públicas 459 ou inexis r uma ligação direta entre o sujeito a vo e a relação obrigacional exemplo os
tulos do portador.

OBRIGAÇÕES PLURAIS OU SINGULARES


 Obrigação singular – liga uma pessoa a outra.
 Por exemplo o Abel por vínculo contratual é devedor de Carlos.

 Obrigação plural – quando obriga várias pessoas para com outra (pluralidade passiva) ou quando
obriga uma pessoa para com outras (pluralidade a va) ou várias pessoas para com outras
(pluralidade mista)
 Exemplo pluralidade passiva - Eduardo, por vínculo contratual, é credor de Abel e Carlos
 Exemplo pluralidade a va – Daniel e Fernando são credores de Abel
 Exemplo pluralidade mista – Abel, Carlos e Daniel são devedores de Eduardo e Fernando

 Dentro das obrigações plurais temos:


 Obrigações conjuntas ou parciárias – cada um dos devedores só está vinculado a prestar
ao credor ou credores a sua parte da prestação e cada um dos credores só pode exigir do
devedor ou devedores a parte que lhe cabe
 Obrigações solidárias – este regime apenas se aplica quando se resulta da lei ou da
vontade das partes – 513
o Solidariedade Passiva - Diz-se solidária quando um dos devedores responde pela
prestação de forma integral e esta a todos libera (solidariedade passiva),
adquirindo assim um direito de regresso sobre os outros devedores – 524
 Relações externas – o devedor responde pela prestação de forma integral
e libera os demais devedores 512/1/1ª -> o credor pode exigir o direito a
qualquer um dos devedores 519/1 -> não podendo estes invocar o
bene cio da divisão 518
 Relações internas – o devedor que sa sfaça a prestação par além da parte
que lhe compete pode demandar os outros devedores, em sede de
direito de regresso, para res tuição do que pagou a mais 524 -> Se um
dos devedores es ver insolvente e não conseguir pagar a sua quota parte
é repar da proporcionalmente entre todos, incluindo o credor de
regresso (aquele que pagou a dívida na totalidade).

o Solidariedade a va - Quando um dos credores tem a faculdade de exigir por si só


a prestação integral e esta libera o devedor para com os outros credores
(solidariedade a va)
 Relações externas – cada um dos credores pode exigir a prestação
integralmente, libertando o devedor para com os outros credores com a
realização da prestação ao credor demandante 512/1/2ª. Ex ngue a
obrigação do devedor para com os restantes credores
 Relações internas – o credor cujo direito foi sa sfeito para alem da parte
que lhe compe a tem de sa sfazer aos outros a parte que lhes cabe no
crédito comum 533.

QUANTO AO OBJETO

OBRIGAÇÕES ESPECIFICAS OU GENÉRICAS

 São obrigações genéricas em que o objeto se encontra determinado apenas quanto ao género
ou quan dade – 539
 Exemplo: António vende a Berta 5 kg de arroz. António vende a Berta um automóvel.

 São obrigações especificas  aquelas que incidem sobre algo concretamente individualizado,
tanto quanto ao género ou a espécie.
 Exemplo: António vende a Berta 5 kg de arroz jasmim. António vende a Berta o Jaguar da
coleção do seu pai.

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (DISJUNTIVAS) OU CUMULATIVAS (CONJUNTIVAS)

 Obrigações alterna vas  compreendem duas ou mais prestações, ficando o devedor livre para
aa entrega da prestação que desejar. Na falta de es pulação ao contrário, a escolha pertence ao
devedor.
 Exemplo António compromete-se a entregar a Berta o Jaguar herdado do pai ou o seu
veleiro par cular
 Obrigações cumula vas  pressupõe que o devedor está adstrito a prestação de todas as
prestações constantes da obrigação.
 Exemplo: António compromete-se a entregar a Berta o Jaguar herdado do seu pai e o seu
veleiro par cular.

OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS
 São aquelas em que a prestação é paga em dinheiro, visando proporcionar ao credor o valor
nominal – que corresponde ao valor facial ou ao valor expresso no tulo de acordo com o
princípio nominalista que as respe vas espécies possuem. 550

OBRIGAÇÕES DE JUROS
 Juros é a remuneração que o credor pode exigir do devedor por se privar de uma quan a em
dinheiro por um lapso de tempo. 559

OBRIGAÇÕES DIVISIVEIS E INDIVISIVEIS

 Obrigações divisíveis  as coisas divisíveis são as coisas que podem ser fracionadas sem
alteração da sua substância, diminuição de valor ou prejuízo para uso a que se des nam.
Igualmente as obrigações divisíveis admitem o respe vo fracionamento sem alteração da sua
substância. Presume-se serem iguais partes que os vários credores ou devedores possuem na
obrigação. 534/1
 Exemplo: Dois devedores devem, conjuntamente certa quan a ao credor. Este pode exigir
o pagamento fracionado – na devida proporção de responsabilidade a cada um dos
devedores.

 Obrigações indivisíveis  Não admite fracionamento, seja imposto pela natureza do objeto, quer
por questões económicas ou pelo próprio negócio jurídico. 535/1
 Exemplo: dois devedores assumem entregar ao credor um automóvel. Este não pode
exigir a entrega, fracionada, a cada um dos devedores. Ambos tem de cumprir a obrigação
em conjunto,

3. CLASSIFICAÇÃO DAS PRESTAÇÕES

As prestações manifestam-se no acatamento de determinadas condutas que corresponde ao núcleo obrigacional

PRESTAÇÕES DE RESULTADOS OU DE MEIOS:

Prestações de resultados  o devedor assume efe vamente obter um resultado determinado,


respondendo pelo incumprimento se não o a ngir

Prestações de meios  o devedor está apenas obrigado a atuar com a diligencia máxima para que o
resultado seja a ngido. Exemplo: o mandatário que desenvolve todo o emprenho para obter a
procedência da causa.

PRESTAÇÕES DE COISA OU DE FACTO

Prestações de coisa  possuem como objeto a entrega de uma coisa. Exemplo: se alguém adquirir um
bem, o alienante obriga-se a entregá-lo.879/b
Prestações de facto  consistem na realização de uma determinada conduta posi va (facere) ou nega va
(omi ere). Exemplo: alguém obriga-se a zelar pelo jazigo de um parente – 1154

PRESTAÇÕES FUNGÍVEIS OU INFUNGÍVEIS

As coisas fungíveis determinam-se pelo seu género, qualidade ou quan dade 207.

As prestações fungíveis quanto ao objeto  obrigam apenas a que se atenda ao género, qualidade e
quan dade, por exemplo a entrega de dinheiro

As prestações infungíveis quanto ao objeto  exigem que se atenda a especial especificidade e


individualidade, exemplo a entrega de um documento original

As prestações fungíveis quanto ao sujeito  permitem que a prestação possa ser realizada tanto pelo
devedor como por terceiro, interessado (exemplo fiança – 627+644) ou não interessado (cessão de
créditos 577+590)

As prestações infungíveis quanto ao sujeito  aquelas em que só o devedor pode realizar a prestação,
não sendo permi da a terceiros. A infungibilidade atende as qualidades pessoais do sujeito da prestação,
como talento do ar sta ou a experiência e especialidade de um mandatário judicial.

PRESTAÇÕES INSTANTANEAS E DURADOURAS

Prestações instantâneas  executam-se num único momento. Exemplo a entrega de um objeto na


compra e venda 879/b

Prestações duradouras  a duração da prestação influencia o seu montante global. Exemplo o


pagamento da renda por parte do locatário

Prestações duradouras fracionadas -> a duração da prestação influencia somente o modo de


execução da prestação – que é fracionada – exemplo o contrato de compra e venda a prestações

Prestações duradouras em sen do estrito:

- prestações de execução con nuadas – o cumprimento é ininterrupto – exemplo o


contrato de fornecimento de energia, de trabalho

- prestações reiteradas ou periódicas – o cumprimento ocorre em prestações sucessivas


exemplo a obrigação de pagar a renda.

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