Você está na página 1de 21

Fichamento - Thomas Marky - Curso Elementar de Direito Romano - Parte II

CAPÍTULO XV - OBRIGAÇÕES

• É um liame jurídico entre o credor e o devedor.


• O credor tem o direito de exigir determinada prestação do devedor, que é obrigado a
efetuá-la
• Institutas de Justiniano: "Obrigação é um vínculo por meio o qual nós ficamos
necessariamente adstritos a prestar alguma coisa, segundo o direito de nossa cidade"
• Sentido lato: contraposição a direito, incluindo os deveres jurídicos.
• Ao contrário do erga omnes, a relação só existe entre determinados indivíduos.
• Temporária e se extingue com o pagamento da obrigação.
• Sentido estrito: obrigações baseadas na relação de igualdade.
• Ação obrigacional (actio in personam): execução para forçar o devedor a pagar uma dívida.
- Lei das XII Tábuas: execução de responsabilidade pessoal;
- Lei Petélia Papíria, séc IV: responsabilidade patrimonial;
• 2 Elementos:
- Existência de um débito Schuld
- Responsabilidade do devedor pelo pagamento, consequência jurídica pelo não
cumprimento da obrigação.

Partes na Obrigação

• Credor e devedor (partes essenciais)


• Podem haver partes opcionais, como a figura do fiador, ou terceiro autorizado a receber, ou
acionar em nome do credor;

I) Obrigações parciais e solidárias

• Parciais: mais de uma pessoa na figura do credor ou devedor. O crédito ou débito é


partilhado entre as pessoas.
• Solidárias: embora haja diversos credores ou devedores, excepcionalmente, a prestação é
encarada como indivisível. O pagamento de um extingue a obrigação de todos. Causas da
solidariedade:
a) Ser a prestação indivisível;
b) A disposição contratual entre as partes;
c) Prestação consequência de ato ilícito praticado por duas ou mais pessoas.

Objeto das Obrigações

• É a prestação, aquilo que é devido.


• Não deve ser fisicamente ou juridicamente impossível, ilícito, imoral, ou totalmente
indeterminado. Normalmente, deve ter valor pecuniário
• Impossível a prestação desde a constituição da obrigação, ela é nula.

1
• Impossibilidade superveniente: a obrigação se extingue, a menos que seja culpa do devedor
-> deve ressarcir o dano causado ao credor.

Classificações das obrigações quanto ao objeto

I) Obrigações de dar, de fazer e de prestar


- Dar: Transferência de propriedade ou servidão
- Fazer e prestar: toda e qualquer prestação, sem base dogmática.

II) Obrigações específicas e genéricas


- Específicas: o objeto da prestação é determinada coisa; se extingue quando perece o objeto
de prestação;
- Genéricas: o objeto da prestação é uma coisa genericamente determinada; a escolha cabe ao
devedor, exceto quando convencionado.

III) Obrigações alternativas e facultativas


- Alternativas: O objeto de prestação pode ser determinado de modo que, contendo diversas
opções de prestações, caiba a uma das partes escolher entre elas, sendo, sem acordo prévio, a
escolha cabe ao devedor. Se uma delas se torna impossível, a obrigação se reduz a outra.
-- Facultativa: objeto é uma só prestação, mas o devedor tem a faculdade de entregar em
pagamento outra diferente da devida.

IV) Obrigações divisíveis e indivisíveis


- Divisíveis: prestação pode ser dividida em partes, sem que o valor seja diminuído;
- Indivisíveis: o contrário.

Efeitos jurídicos da obrigação e responsabilidade pelo inadimplemento

• O cumprimento normal da obrigação se chama adimplemento: pagamento, solução ou


liquidação.
• Inadimplemento: o não cumprimento da obrigação.
• Ação obrigacional: Constranger o devedor ao pagamento da prestação. Quem não paga, é
condenado pelo juiz ao pagemento em dinheiro da prestação.
• Direito romano: valor estabelecido de acordo com o sentido subjetivo do credor.
• O não cumprimento da obrigação pode advir:
1. Vontade do devedor: acarreta responsabilidade pelo inadimplemento.
2. Impossibilidade da prestação:
2.1 Consequência comportamento do devedor: responsável;
2.1.1 O devedor pode ser culpado ou não
2.1.2 Da culpabilidade
- Dolo: intenção de agir contra a lei e as obrigações, com má-fé e conhecimento da ilicitude
- Culpa: Negligência, a falta de diligência, porém sem intenção de agir ilicitamente.
-> Ato positivo: culpa em fazer
-> Omissão: culpa em não fazer

2
Graduações:
▪︎ Culpa leve: negligência leve, em comparação à diligência e cuidado do bonus paterfamilias;
medida objetiva. Em contratos, a escusabilidade é comparada ao do devedor, sendo favorável
quando ele for habitualmente desleixado.
-> Culpa levis in abstracto: referência bonus paterfamilias;
-> Culpa levis in concreto: conduta costumeira.
-> CASO FORTUITO: não podia ser evitado, força maior. Caso fortuito maior vs. Caso
fortuito menor.
▪︎ Culpa lata: negligência exorbitante, não agindo com o cuidado que todos tem.
2.2 Impossibilidade independente do devedor: a obrigação se extingue;
REGRA GERAL DE CULPABILIDADE E RESPONSABILIDADE:
- O devedor só responde pelo próprio dolo e não por culpa quando se tratar de obrigações em
que este não lucra.
- O devedor, além de responder pelo seu dolo, responde por toda e qualquer negligência nas
obrigações provenientes de contratos que proporcionam lucro para ele ou para ambos.
- Mandato e gestão de negócios: responsabilidade além do dolo, inclui também culpa levis,
embora seja interesse do credor.
- Culpa levis é determina pela medida subjetiva inves da objetiva, aplicando culpa in concreto
ao invés da culpa in abstracto.
- Casus minor: transportes marítimos e hoteleiros;
- Casus maior: exime da responsabilidade.

Mora

• A responsabilidade do devedor pelo inadimplemento é modificada por uma circunstância


que merece especial tratamento; é a e demora no cumprimento da obrigação.
- Do credor: atraso na aceitação da prestação.
- Do devedor: atraso do pagamento ou solução da prestação.

I) Mora do Devedor:
- Verifica-se quando o devedor, por motivo que lhe é imputável, não paga a sua dívida
vencida.
- Motivos: Vontade ou Impossibilidade da execução decorrente do seu comportamento.
Direito Justinianeu: Não basta o vencimento da dívida, precisa-se de um ato do credor - a
interpelação.
Direito Clássico: não precisa da exigência.
Consequências:
a) Aumenta a responsabilidade do devedor: responde por dolo, negligência, e também caso
fortuito. Além disso, responderá pelo seu perecimento da coisa; perpetuação da obrigação;
Periodo Imperial: devedor pode provar que a coisa pereceu com o credor.
b) Nas obrigações baseadas na boa fé, o devedor em mora tinha de pagar os juros da dívida e
entregar os frutos durante a mora.

"Colocar o credor em situação sem o prejuízo da mora"

3
II) Mora do credor
- Quando o credor não aceita, por culpa sua, a prestação do devedor em seu vencimento.
- Há a diminuição da responsabilidade do devedor.
- O devedor pode exigir indenização pelas despesas e danos sofrido em consequência da
mora.

III) Purgação da mora


- A mora do devedor pode ser purgada pelo oferecimento da prestação como tal devida que,
uma vez aceita pelo credor, extingue-se a obrigação.
- A mora do credor é purgada com o oferecimento, peoo credor, do pagamento do devedor,
indenizando a este, pelas despesas e danos sofridos.

Obrigações naturais

- A obrigação não é exigível por meio de ação, por faltar ao credor tutela jurídica processual.
- Ex: obrigação de alieni iuris, escravos, infantia maior.
- Efeitos secundários: prestação, podia ser validamente cumprida pelo devedor.
- A obrigação natural podia ser garantida por fiador ou garantia real.

CAPÍTULO XVI - FONTES DAS OBRIGAÇÕES

● Conceito e evolução histórica:


○ Nascem obrigações dos mais variados fatos jurídicos: contratos e delitos
(Gaio)
○ Justiniano: institui a classificação de quase-contratos e quase-delitos.
○ Ações reipersecutórias: satisfação patrimonial em consequência de um
contrato entre as partes.
○ Ações penais: punição do autor de um ato ilícito.

CAPÍTULO XVII – CONTRATOS

Conceito: modernamente, contrato é o negócio jurídico bilateral (de acordo das partes e sua
manifestação externa) que tem por finalidade consequências jurídicas.
- No direito moderno, todo acordo de vontade gera obrigações, não no Dir. romano.
Para que haja OBLIGATIO, é preciso um acordo e a causa civil (eleva o ato jurídico
bilateral a um contrato, tendo só o credor à sua disposição uma ação quiritária para
constranger o devedor a efetuar a prestação.

● Contratos formais
○ Os únicos reconhecidos pelo direito romano primitivo;
○ Causa civiles, que conferia a força obrigatória e consequência jurídicas ao ato,
era a prática das formalidades prescritas.

4
○ Nexum: Empréstimo, realizado por ato formal, com moeda de bronze e
balança, cinco testemunhas, fórmulas verbais e atos simbólicos. Semelhante à
mancipatio. Cria para o devedor a obrigação de devolver outro objeto do
mesmo gênero, qualidade e quantidade, respondendo pessoalmente.
○ Stipulatio: promessa sobre prestação, pronunciada em resposta ao credor, por
meio do verbo spondere (prometer solenemente), tendo caráter sacramental »
força obrigatória.
○ Após as guerras púnicas, tais contratos eram muitos difíceis e complexos de
serem realizados, então o nexum caiu em desuso.

● Contratos do Direito Clássico:


○ A stipulatio continuou em vigor, com outros verbos além do spondere.
○ Assim, os contratos se tornaram verbais, porque se realizavam a parti do
pronunciamento de palavras.
○ Contratos literais: provenientes da letra escrita, um tipo de contrato formal
com influências gregas, consistindo no lançamento no livro contábil do credor.
○ Contratos reais: contratos que se originam de um novo tipo de empréstimo
diferente das formalidades do nexum e com a só entrega (traditio) da coisa ao
devedor. Obrigação do devedor à devolução. O que fundamentava a obrigação
era a entrega realizada.
■ Primeiro veio o mútuo, que transferia a propriedade. Depois, o
depósito, comodato e penhor.
■ No direito justinianeu, qualquer contrato que se perfazia com a entrega
da coisa, era considerado real.
○ Ius gentium » introdução dos contratos consensuais.
○ Pactos não possuem força coercitiva!
○ O direito romano não reconheceu força obrigatória de qualquer convenção,
mas “preparou” o terreno para que o direito moderno reconhecesse os “pactas”
em contratos consensuais.
○ A simples promessa, ato jurídico unilateral, não gerava obrigação, apenas
votos feitos aos deuses e a promessa pública feita a uma municipalidade.

● Contratos Reais
○ Mútuo (Mutuum)
■ Entrega, com a transferência da propriedade, de uma coisa fungível,
principalmente dinheiro, com a obrigação para aquele que a recebe de
restituir igual quantidade de uma coisa fungível do mesmo gênero e
qualidade.
■ Quem empresta é mutuante, quem toma emprestado é um mutuário.
■ Transferência pela traditio.
■ Gera apenas uma obrigação: a devolução de outro tanto recebido. É
unilateral.
■ Mútuo gratuito: não admite cláusula referente à contraprestação do
devedor, que seriam os juros.

5
■ Eventualmente, os juros podem ser convencionados por contrato
separado, stipulatio.
■ Ação do credor contra o devedor para compeli-lo à devolução: ação
para a restituição de uma certa quantia de dinheiro emprestada OU
ação para restituição de grãos quando relativo a coisas fungíveis.
■ Obrigação genérica.
○ Depósito (Depositum)
■ Entrega, pelo credor, de uma coisa móvel ao devedor para que este a
guarde, gratuitamente, e a restitua quando pedida.
■ O credor é o depositante e o devedor é o depositário.
■ Depositário tem a mera detenção da coisa, não podendo usar, sua
obrigação é GUARDAR, devolvendo no estado em que recebeu. Usar
a coisa é furto de uso. Obrigação do depositário é guardar e restituir.
(essenciais)
■ Contrato gratuito: favor.
■ Obrigação do depositante: indenizar o depositário pelas despesas e
ressarcir por eventuais danos. (secundárias e eventuais)
■ Contrato imperfeitamente bilateral.
○ Comodato (Commodatum)
■ Entrega de uma coisa para uso gratuito, com a obrigação do devedor de
restituí-la a coisa específica.
■ Comodante e comodatário.
■ Há apenas a mera DETENÇÃO da coisa. Não pode ser coisa fungível,
mas sim inconsumível. Pode recair sobre coisa consumível desde que
ela não seja consumida, desde que isso seja convencionado em
contrato.
■ Obrigação específica.
■ O comodante faz um favor ao comodatário, isso define a
responsabilidade.
■ Contrato bona-fidei.
■ Uso diverso do acordado é furto de uso.
■ O uso deve ser permitido dentro do prazo, e o comodatário deve ser
restituído pelo que despendeu com a coisa, e eventuais danos.
■ Contrato imperfeitamente bilateral.
○ Penhor (Contractus pignoraticius)
■ É a entrega de uma coisa para servir de garantia real de uma obrigação
e para ser devolvida ao extinguir-se a obrigação garantida.
■ Coisas móveis e imóveis
■ O credor da obrigação principal, credor pignoratício, deve guardar e
devolver a coisa, não podendo usá-la a não ser que haja convenção
entre as partes.
■ O devedor pignoratício deve indenizar o credor por eventuais despesas
ou danos

6
● Contratos Inominados
○ Tais não se encaixam nos moldes de contratos tradicionais. São, na maioria
das vezes, contratos em que as partes se obrigam a prestar parcelas
equivalentes como prestações.
○ Adquiriam a força jurídica e a tutela processual quando uma das partes
executava a prestação e a outra ficava automaticamente obrigada a executar
também sua contraprestação.
○ Os contratos reais estavam incluídos, pois o nascimento dos contratos
dependiam da sua realização. Concebido no período justinianeu.
○ Era permitido à parte que cumpria sua obrigação rescindir o contrato, pedindo
a devolução de sua prestação a título de enriquecimento sem causa.
Contratos Consensuais:
● Compra e venda (Emptio venditio)
○ Contrato em que as partes se obrigam a trocar mercadoria por dinheiro.
○ Deve ser por moeda pecuniária, se não desclassifica o contrato.
○ Não há efetiva troca de mercadoria imediata, como na compra e venda
real.
○ Apenas o acordo entre as partes as obriga a prestação e
contraprestação.
○ A prestação é a entrega da mercadoria (res in commercio), a
contraprestação é o pagamento do preço.
○ O comprador adquire apenas a posse, e um direito obrigacional de
exigir a coisa prometida.
○ Contrato bilateral perfeito.
○ Obrigações do vendedor:
■ Entregar a coisa, com a finalidade de proporcionar todas as
vantagens econômicas e jurídicas da coisa.
● Transferir a posse mansa e pacífica até o comprador
usucapir.
■ Responsável pela turbação ao comprador em gozo da coisa,
causada por terceiro que tenha direito real sobre ela, exigindo
judicialmente do comprador. » Responsabilidade por evicção
● Vendas por mancipatio: ação penal de autoridade do
comprador contra o vendedor, devendo pagar o dobro
do valor da coisa.
● Outros contratos: Responsabilidade pela evicção por
meio da estipulação especial, o que depois se tornou
obrigatório.
■ Responsabilidade pelos vícios ocultos da coisa vendida.
● Introduzida pelo edito e atividade dos edis curuis,
magistrados que fiscalizavam os mercado (Celso
russomano kkk)

7
● Obrigavam os vendedores de escravos e animais que
declarassem os vícios e se responsabilizassem por meio
de stipulatio.
● Como sanção: Ação redibitória » comprador pede
rescisão da venda, dentro de seis meses, no caso de
vício oculto descoberto após a venda.
● Mais tarde, Ação redibitória sem a prévia stipulatio e
conhecimento do vendedor.
● Ação de um quanto a menos: a ser intentada dentro de
um ano, para obter a redução do preço da coisa, causada
por vício posteriormente descoberto.
● Depois as ações se estenderam a qualquer compra e
venda.
○ A responsabilidade por evicção pode ser excluída por convenção
○ Vendedor deve guardar a coisa, com cuidado, até a entrega. Responde
por dolo e negligência, exceto vis maior.
○ O risco pela vis maior é do comprador após a conclusão da compra e
venda, podendo exigir o vendedor o valor da coisa se ela perecer.
○ Obrigação do comprador: pagar com DINHEIRO.

● Locação (Locatio conductio)


○ Contrato pelo qual uma pessoa, mediante retribuição em dinheiro,
obriga-se a favor de outra a colocar à disposição desta uma coisa, ou
prestar-lhe serviços, ou executar determinada obra.
○ Locador (locator) e Locatário (conductor).
○ (Classificação moderna)
a) Locação de coisa (locatio conductio rei): cessão temporária de
uso e gozo de uma coisa contra o recebimento de um alugue;
b) Locação de serviços (locatio conductio operarum): se põe a
disposição de outrem os próprios serviços contra o recebimento
de um salário;
c) Empreitada (locatio conductio operarum): alguem se obriga a
produzir uma determinada obra, contra o recebimento de
dinheiro.
○ Contrato bilateral perfeito.
○ Tanto o locador quanto o locatário respondem por dolo ou culpa.
○ Locador: ação do que foi dado em locação; locatário: ação do que foi
recebido em locação.

● Sociedade (Societas)
○ Contrato que obriga as partes (sócios) a cooperar em uma atividade
lícita, visando fins lucrativos/comerciais/patrimoniais;
○ Consensual, oneroso (todos contribuem como puder – bens, dinheiro,
trabalho “sociedade capital empresa”), bilateral perfeito (ou

8
plurilateral), bonae fidei (todos os lucros podem ser exigidos
igualmente).
○ A repartição dos lucros e participação não precisa ser igualitária.
■ Sociedade leonina: proibida, um sócio só participa e não
recebe, vice-versa.
○ Todos são chamados de sócios, podendo ser mais de dois. Esse
consenso é diferente do que os demais contratos, exige que o consenso
da declaração de vontade CONTINUADA E NÃO APENAS
MOMENTÂNEA.
○ Geralmente era cooperação pecuniária, mas podia ser também uma n
atividade a ser exercida para obter um fim comum.
○ Originou da primitiva comunidade dos co-herdeiros, que se
conservavam unidos após a morte do pai-
○ Direito de irmandade: líame baseado na recíproca confiança.
○ Se dá pela simples convenção sobre o objeto; Contrato bilateral
perfeito » cada um entra com a sua parte e tem lucros e prejuízos de
acordo.
○ NÃO há personalidade jurídica da sociedade no Dir. Romano. Os bens
são divididos em condomínio.
○ Afectio societatis: afetação/intenção do espírito para o fim da
sociedade, se o afectio cessa, a sociedade também.
○ Sempre temporária: dissolve-se com a finalidade alcançada, ou por ter
se tornado impossível, ou pelo vencimento do prazo de existência. A
confiança é quase como um casamento.
■ Em acordo, os sócios podem convencionar a dissolução.
■ A sociedade em tempo ilimitado dissolve-se pela renúncia de
um dos sócios. Também tem o mesmo efeito a morte, a capitis
deminutio ou insolvência.
○ Ação na qualidade de sócio: liquidação da sociedade dissolvida.
○ Ação para divisão do patrimônio comum: caso haja bens comuns.
○ A diferença entre a sociedade no direito romano e no direito romano:
no BR, a pj tem bens e direitos que não se confundem com os dos
sócios (personalidade jurídica); em Roma
○ Tipos de sociedades:
■ Societas omnium bonorum: de todos os bens. Todos os bens de
todos os sócios passam a integrar a sociedade. Às vezes era
feito isso em um casamento de escravos. vão fazer isso com os
gays =(
■ Societas unius rei: compartilhavam somente os bens e lucros
de um tipo de sociedade.
■ Societas alicuuius: compartilhavam uma única vez para um
único negócio.

● Mandato (Mandatum)

9
○ Contrato pelo qual o mandatário se obriga a praticar um ato,
gratuitamente, conforme as instruções do mandante.
○ Consensual, bonae fidei, bilateral imperfeito.
○ Qualquer ato, material ou jurídico e LÍCITO!
○ O mandato deve ser no interesse do mandante, ou mandante+terceiro.
Interesse do mandatário é simples conselho.
Mea gratia (interesse do mandante, válido) tua gratia (interesse do
mandatário, nulo).
■ OUTORGA DE PODERES DE REPRESENTAÇÃO não é
contrato, é apenas um meio, instrumento (procuração).
Mandato é um contrato, NJ bilateral que gera obrigações. vs. A
procuração é INSTRUMENTO, DOCUMENTO. vs. Outorga
de poderes é um NJ unilateral, não sendo contrato e não
gerando obrigações para a outra parte (gera apenas concessão
de poderes). Nestes casos, há a representação direta. NÃO
HAVIAM ESSES INSTITUTOS NO DIREITO ROMANO. O
paterfamilias já tinha os alieni iuris e os escravos para
representação direta.
■ No mandato, há a representação indireta (age em seu próprio
nome e precisa prestas contas, transferindo direitos e deveres).
OBS: Nas obrigações bonae fidei, o juiz pode levar em consideração não só a obrigação
estrita, mas qualquer prejuíza que as partes levares por conta.
○ Contrato bilateral imperfeito, porque gratuito. Obrigação principal é do
mandatário.
○ Inadimplemento era sancionado pela ação direta de mandato, do
mandante contra o mandatário.
○ Obrigação secundária: mandante indenizar o mandatário das despesas e
ressarcimento de danos, exigíveis pela ação contrária de mandato.
○ Extingue-se pela satisfação de incumbência ou pelo distrato, acordo
entre as partes visando a rescisão do contrato.
○ Cessa por morte, ou se quaisquer das partes o declara rescindido.
○ Porém, a rescisão por vontade unilateral só acontece se a execução do
mandato não tiver sido iniciada.
○ JUSTINIANEU: HÁ RESPONSABILIDADE POR CULPA LEVIS.
○ Obrigação do mandante: ressarcir o mandatário por possíveis danos ou
custos. (Eventual e sem caráter de constraprestação).
○ Actio mandati: do mandante contra o mandatário. Actio mandati
contraria: do mandatário contra o mandante.

PACTO
● O simples acordo de vontade não gera contrato sem a causa civilis.
● A convenção foi chamada de pacto em contraposição ao contrato.
● Alguns “Pacta” obtiveram tutela jurídica.

10
a) Pacta adiecta: convenções acessórias a um contrato, modificando ou
ampliando os termos.
b) Pacta praetoria: aqueles que encontram tutela jurídica pela atividade do
pretor.
c) Pacta legitima: aqueles não compreendidos nas classes anteriores, aos
quais foi concedida a tutela jurídica por constituições imperiais.

DOAÇÃO
● Não era um contrato, apenas uma causa que justificava um ato jurídico
qualquer.
○ Tais atos jurídicos poderiam ser: constituição, transferência ou
extinção de direitos reais, qualquer ato obrigacional, como a stipulatio,
contrato literal, remissão de dívida.
○ Um ato qualquer que tinha por finalidade por acordo de partes,
enriquecer uma às custas da outras era DOAÇÃO.
○ Justiniano: A convenção entre doador e donatário passou a ser pacto
legítimo e, assim, sancionado pelo direito. Agora, não era mais preciso
ato jurídico nenhum, apenas a convenção entre as partes.

CAPÍTULO XVIII – QUASE-CONTRATOS


Conceituação:
● São fatos jurídicos voluntários e lícitos que criam relação obrigacional entre as partes,
mesmo que não haja acordo de vontades.
● Tais eram: gestão de negócios, tutela, relação herdeiro-legatário, comunhão
incidental, enriquecimento sem causa.

1. Gestão de Negócios:
● Liame obrigacional semelhante ao mandato.
● Alguém espontaneamente se encarrega a praticar atos no interesse de outrem,
sem que este o tenha incumbido de assim agir.
● Requisitos: agir de boa-fé, no interesse do dono do negócio e terminar a gestão
iniciada.
● Inadimplemento:
ação direta de gestão de negócios: dono contra o gestor, para exigir: a
ultimação do ato, a prestação de contas e a entrega dos frutos ou lucros,
indenização por danos dolosos ou culposos.
● ação contrária de gestão de negócios: gestor contra o dono, para exigir: a
aceitação pelo dono de sua gestão, o reconhecimento de resultados e
indenização por despesas e/ou danos.
Não há tal direito quando a intervenção não fosse útil ou quando agisse contra
expressa proibição do dono.

2. Enriquecimento sem causa:

11
a. Decorre do recebimento do pagamento não devido.
b. Quem recebe o que não lhe é devido fica obrigado à devolução.
c. Os meios processuais do credor para obter a devolução eram as conditiones.
i. Conditiones
- No processo romano primitivo: tipo especial de ação formal
prevista em lei;
- No processo formulário, uma ação obrigacional fundamentada
no ius civile » obtenção de uma determinada quantia ou
determinada coisa.
- Finalidades da conditio: sancionar obrigações de empréstimo,
contrato literal e stipulatio, como furto e enriquecimento sem
causa.
ii. Conditiones no período justinianeu:
- Ação de repetição de indébito: para reaver o que fora pago por
débito inexistente. » deveria ter sido feito por engano (caso
contrário é doação).
- Ação das coisas dadas com uma causa/ação de causa que foi
dada mas não foi seguida: quando o pagamento fosse feito
tendo em vista um contraprestação ou evento a ser realizado
posteriormente, de forma que a prestação pode ser reavida.
- Ação em razão de causa injusta: para exigir a devolução do que
fora pago a título ilícito.
- Ação em razão de causa torpe: quando o pagamento tivesse
sido feito por motivo imoral.
- Ação sem causa: se aplicava a todos os casos de
enriquecimento sem causa que não eram elencados nos moldes
acima.

CAPÍTULO XIX – DELITOS E QUASE-CONTRATOS

Conceito e evolução histórica dos delitos:


ATUALMENTE:
● O delito, ou ato ilícito, é definido hoje como a violação de uma norma jurídica
estabelecida no interesse coletivo.
● O infrator é perseguido pelo representante do Estado, que pede punição em
nome da coletividade.
● A punição consiste em pena: restrição de liberdade do culpado, pagamento de
multa ao estado. (ou outras penalidades secundárias que podem ser, impostas
isoladamente OU como acessório, de qualquer das primeiras.
● Relação autor do delito-Estado: cogita-se apenas punição.
● Relação entre particulares: obrigação de ressarcir os danos

12
DIREITO ROMANO:
● Faltava a distinção entre punição e ressarcimento do dano. A única
consequência jurídica era a punição, que servia, também, para satisfazer o
ofendido do dano que sofrera,
● Delitos públicos: Os direitos que lesavam a coletividade eram perseguidos
pelo poder público: Traição à pátria, deserção, ofensa aos deuses.
● Delitos privados: Os delitos entre relações particulares ficavam a cargo do
próprio ofendido. Direito à represália: poder vingar-se.
1. Período Primitivo:
- Não havia limite quanto ao direito de represália.
- Livre arbítrio o exercício, forma e extensão da vingança.
- Se um indivíduo quisesse, poderia deixar de se vingar. Poderia
também estabelecer as condições pelas quais ele deixaria de se
vingar.
- “Composição - compositio”: acordo entre o ofensor e o
ofendido, mediante o qual aceitava uma compensação de valor
pecuniário no lugar da vingança.
- Ofendido decide se aceita ou não, bem como a fixação
de seu valor.
- COM O FORTALECIMENTO DOS PODERES PÚBLICOS:
- Vingança admitida apenas em caso de flagrante delito.
- limites à represália.
- Posteriormente, a vingança foi limitada ao “Talião”:
olho por olho e dente por dente ou à compensação
pecuniária obrigatória.
2. Na Lei das XII Tábuas:
- Delitos públicos: traição à pátria, homicídio e incêndio.
- Delitos privados: pena ora talião, ora compensação pecuniária
obrigatória.
3. Pós Lei das XII Tábuas:
- Compensação pecuniária obrigatória para todos os delitos
privados. No período clássico a punição do defensor era feita
sempre em certa quantia em dinheiro.
- Delito privado » obrigação decorrente do delito (objeto
cuja pena é pecuniária).
- Principais: Furto, roubo, dano ilicitamente
causado e injúria. OS ÚNICOS DELITOS
APLICADOS NO IUS CIVILE.
- Ações penais pretórias: outros atos ilícitos,
como o dolo e a coação.

i) Furto (Furtum)
- República: Subtração fraudulenta de coisa alheia contra a vontade de seu
dono.

13
- Mais tarde: a subtração poderia ser tanto do MATERIAL ou do USO.
- Requisito do conhecimento da ilicitude do ato por parte do ladrão.
- Início: quem sofre o furto, pode se vingar do ladrão colhido em flagrante
(Ladrão manifesto), ou o matando ou o escravizando.
- Depois: direito de exigir uma multa pecuniária do ladrão, quadruplo, triplo ou
dobro do valor.
- Ação de furto: ação penal para exigir as multas quadruplas, triplas ou duplas.
- Ações reipersecutórias: visavam apenas recuperar a coisa. Condenação a pagar
apenas o valor simples.
- Ação reivindicatória: exigir a coisa de volta.
- Ação de restituição de coisa furtada: enriquecimento ilícito do ladrão
em prejuízo do legítimo proprietário.
ii) Roubo (Rapina)
- É o furto qualificado pelo ato violento do ladrão ao subtrair a coisa.
- Ação dos bens arrebatados com violência: para perseguir o ladrão e que
acarretava a pena do quádruplo do valor da coisa.
iii) Dano (Damnum iniuria datum)
- É toda lesão ilícita ao patrimônio de alguém. Quem causa o dano deve reparar
o patrimônio. A elaboração desse princípio ocorreu em uma Lei Aquilia do séc
III a.C.
- Quem MATAR um animal ou escravo de pagar o maior valor que tal coisa
tivera no último ano.
- Quem FERIR um animal ou escravo de pagar o maior valor que tal coisa
tivera no último mês.
- Sanções só se aplicavam, no início:
a) dano causado por ato positivo;
b) dano consistente em estrago físico e material de coisa corpórea.
- Danificação deveria ser
- Iniuria (contra a lei e culpável);
- Imputável quando causado dolosamente, culposamente e até a culpa
levíssima.
- Sanções se aplicavam, mais tarde: prejuízos causados por omissão ou
verificados sem o estrago físico e material da coisa.
- Cálculo do dano, no começo, se limitava a reestabelecer apenas o valor
objetivo da coisa.
- No período clássico, todo o interesse do proprietário era levado em
consideração (calculado dano efetivo, material e perda de lucro).
iv) Injúria (iniuria)
- Consiste na ofensa ilícita e dolosa de alguém, causada à pessoa de outrem.
Pode ser física ou moral.
- Direito clássico:
- Ação de injúrias: indenização pela ofensa sofrida, levando em
consideração as circunstâncias e pessoas envolvidas.
v) Dolo (Dolus malus)

14
- Como ato ilícito, é todo comportamento desonesto com a finalidade de induzir
erro a parte que por ele lesada.
- A repressão ao dolo foi introduzida pelo pretor Aquílio Gali.
- Ação de dolo: contra o ofensor para obter o ressarcimento do dano
sofrido.
vi) Coação (Metus)
- Compelir alguém à prática de determinado ato jurídico. A violência pode ser
física ou moral (ameaça de praticar violência física).
- Ação por causa de medo: contra o autor da violência, seja ela a outra parte da
relação jurídica decorrente do ato jurídico coagido, seja terceiro.

QUASE-DELITOS
- Obrigações “como se fosse delito” são obrigações decorrentes de fatos que
não implicavam a culpa do devedor. Ele fica obrigado, independentemente, ao
fato.
- Esses casos eram previstos nas seguintes ações previstas pelo pretor:
a) Ação de coisas derramadas ou atiradas: concedida contra o morador de
um prédio de onde uma coisa sólida ou líquida foi atirada à rua,
causando dano a alguém, independentemente de quem tenha jogado.
b) Ação de coisas colocadas ou penduradas: contra o morador de um
prédio, quando um objeto, colocado ou suspenso em terraço, teto ou
qualquer coisa do tipo, ameaçasse com a possível queda causar dano
aos que passam na rua. A responsabilidade independe da culpa.
c) Ação de furto contra transportadores marítimos e hoteleiros:
responsabilidade dos transportadores marítimos e hoteleiros pelo furto
sofrido por seus passageiros ou hóspedes, quem quer que seja o autor
do furto. Ofendido contra transportador ou hoteleiro.

CAPÍTULO XX – Garantia das Obrigações


Conceito: Depende de dois pontos de vista:
Subjetivo: O cumprimento da obrigação pelo devedor depende da sua vontade
exclusivamente. Nesse caso, posso não querer cumprir.
Objetivo: A capacidade física/financeira/econômica de cumprir. Nesse caso, posso
não conseguir cumprir.
● Interesse do credor é de assegurar o cumprimento da obrigação conta ambos os tipos
de inadimplemento.

● Para se proteger do INADIMPLEMENTO VOLUNTÁRIO, pode se recorrer aos


seguintes acordos acessórios e secundários:
→ Arras (Arrha):
A entrega de uma coisa ou de uma quantia, do devedor ao credor, para que
esta confirme a conclusão de um acordo e garantir o seu cumprimento.
Direito Clássico:
- Arras confirmatória:

15
- Finalidade de confirmar e provar de maneira visível a
existência de um contrato consensual. Meio de PROVA da
conclusão do contrato. O famoso “sinal”.
JUSTINIANO:
- Arras penitenciais:
- Com princípios do direito grego as faculdades das partes de
rescindirem unilateralmente.
- Tal rescisão acarretava a perda de valor das arras.
- Se a rescisão era motivada por quem dera as arras, perdia-as em
favor das outras partes.
- Se a rescisão fosse motivada por quem recebeu, ficava obrigado
este a devolver em dobro.
→ Multa contratual (Poena contionalis)
- Promessa do pagamento de uma indenização pecuniária
predeterminada para o caso de inadimplemento da obrigação.
- Por meio da stipulatio, contrato solene e verbal. Assim, não era preciso
provar as perdas e danos para obter indenização. Sempre era devida
com base na estipulação da multa contratual.
- Quando as perdas e danos excediam o valor estabelecido no contrato, a
diferença a mais podia ser exigida separadamente.

● Os meios que visavam garantir o adimplemento da obrigação contra a superveniente


incapacidade econômica ou física do devedor para executar a sua prestação. Agora, se
trata das garantias reais.
○ Todas aquelas que aumentam o número das pessoas responsáveis pelo
adimplemento da obrigação: a solidariedade dos devedores principais e a
inclusão no contrato dos devedores acessórios (fiadores).

→ Fiança:
- É um contrato pelo qual um devedor acessório junta-se a um devedor
principal, a fim de garantir o adimplemento da obrigação por este
assumida.
- O fiador é um devedor acessório, que se obriga a cumprir uma
obrigação, caso o devedor principal não o faça.
- Forma verbal e solene da stipulatio, se distinguia em três tipos:
Sponsio:
- Se realizava pelo uso do verbo spondere (prometer
solenemente).
- Só podia ser usada por cidadãos romanos e latinos.
- Fiador “sponsor”
- Com a morte, a obrigação se extinguia.
- Várias leis republicanas limitavam a responsabilidade do fiador.
Fidepromissio:
- Utilizava o verbo “idem fidepromittisne”.

16
- A obrigação não passava para seus herdeiros.
- Servia também para os estrangeiros.
Fideiussio:
- Fim da República;
- Verbo “garantes o mesmo, por tua fé?” (Idem fide tua iubesne)
- Aplicava-se a qualquer tipo de contrato;]
- A obrigação não se extinguia com a morte, era herdada.
- Não era afetada pela legislação republicana.
⇒ Consequências jurídicas da fiança:
- Não pode exceder a obrigação principal, embora possa ter o
valor menor que o dela.
- Ao fiador, cabiam todas as exceções processuais que o devedor
principal teria contra o credor.
- Adriano, II d.C.: Em caso de vários fiadores, podem pleitear
uma responsabilidade parcial, dividindo o valor da obrigação
garantida entre os fiadores solventes, cada um respondendo na
proporção de sua parte.
- Em regra, o fiador respondia apenas acessoriamente, quando o
devedor fosse insolvente.
- JUSTINIANO: concedeu ao fideiussor a faculdade de pretender
que o credor acionasse em primeiro lugar o devedor principal.
(Benefício da excussão dos bens do devedor principal).
- Ação daquilo que foi pago: direito de regresso do fiador contra
o devedor, se o fiador cumprisse a obrigação que garantia e este
não fosse indenizado dentro de seis meses. Não dispunha o
fiador de outro contra o devedor principal: as relações ficavam
subordinadas ao vínculo jurídico que os ligasse.
- JURISCONSULTOS CLÁSSICOS: O fiador podia exigir do
credor principal, a quem pagara, a cessão das ações que lhe
competiam contra o devedor principal.
- O mandato qualificado e o constituto de débito alheio também
serviam para constituir uma garantia semelhante à fiança.

CAPÍTULO XXI – TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Conceito:
- O fato de considerar os devedores e credores como substituíveis como pessoas, com a
obrigação inalterada é moderno.
- No Direito Romano, o princípio era o da intransmissibilidade das obrigações.
(Responsabilidade pessoal e corpórea).
- As exigências comerciais obrigaram os romanos a modificar a transmissibilidade
entre vivos.

17
● Delegação (delegatio)
○ Delegação ativa:
■ Com nova stipulatio.
■ Objeto de prestação era idêntico ao da originária.
■ Ocorria por ordem do credor primitivo e era feita entre o devedor e o
novo credor (cessionário).
■ Ocorria a transmissão de crédito.
○ Delegação passiva:
■ Transmissão da obrigação de um devedor ao outro.
○ Inconvenientes das delegações:
■ Sempre necessária a anuência, presença e cooperação ativa das partes
originárias.
■ Só se realizava pela stipulatio; e as eventuais garantias que
acompanhavam a obrigação originária ficavam extintas.
● Procuração em causa própria (procuratio in rem suam)
○ No processo formular, era permitido ao autor fazer uma representação para um
procurador. »» incumbido de agir em juízo
○ Credor-cedente encarregava o cessionário no processo contra o devedor. Mas
isso não transmitia a obrigação.
○ Para haver transmissão, o credor-cedente renunciava à sua ação direta de
mandato pelo procurador, extinguindo os direitos quanto à execução e a
prestação de contas.
○ O procurador virava senhor da obrigação » mandatário virava procurador em
causa própria.
○ Inconvenientes:
■ O cessionário não adquirira o crédito, não podia agir contra o devedor
em seu nome, mas só naquele cedente.
■ Em contrapartida, não precisa da anuência do devedor. As garantias
anteriores prevalecem intactas.
● Sistema das ações úteis (actiones utiles):
○ No processo formular da República eram chamadas de ações fictícias, pois se
baseavam numa ficção.
○ A ficção era considera o cessionário como legalmente sucedendo ao cedente
no seu direito com base na transmissão do crédito por ato jurídico inter vivos.
○ As ações que cabiam ao credor-cedente poderiam ser intentadas pelo credor
cessionário, sob qualquer meio de cessão.
○ Podia ser feito a título gratuito e oneroso. Gratuito: o cedente é responsável
apenas pela existência do crédito cedido e não pela solvência do devedor.
Oneroso: o cedente é responsável pela existência do crédito e pela solvência
do devedor.
○ O cessionário adquire o crédito nas mesmas condições e com as mesmas
garantias antes da cessão.
○ Para evitar abusos, no período pós-clássico foi proibido o cessionário cobrar o
devedor mais do que ele pagou pela cessão de crédito.

18
○ As defesas processuais do devedor contra a pessoa do cedente prevalecem
também contra o cessionário

CAPÍTULO XXII – EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Conceito: A obrigação é criada para ser cumprida. O cumprimento, solutio, é o fim natural e
com este a obrigação se extingue.
- Há outros atos jurídicos que extinguem a obrigação também. Todos dependem da
vontade humana, mas há os que independem desta.

i) Pagamento (solutio):
● Modo natural da extinção das obrigações. O adimplemento extingue o liame entre o
credor e o devedor. Recebendo o credor a prestação, o devedor se liberta do vínculo
obrigacional.
● Período Clássico: bastava o pagamento fiel para que houvesse a extinção.
● Direito Primitivo: formalístico e rígido, exigia formalidades para constituir e
extinguir. Cada contrato tinha o seu modo.
○ Nexum: correspondia a solenidade do pagamento por meio de moeda de
bronze e de balança ou liberação de nexum: exigia cinco testemunhas,
presença das partes, de uma balança e seu portador, com fórmulas verbais e
atos simbólicos.
○ Stipulatio: resolvia-se pela solenidade de acceptilatio, espécie de quitação
formal que consistia na pergunta e congruente resposta do devedor e do
credor: “Tens como recebido aquilo que te prometi?” “Tenho”.
● Nas novas categorias de contratos reais e contratuais, a solutio bastava para a extinção
de obrigação. Depois, isso foi estendido aos contratos formais no período clássico (o
ato formal se tornou supérfluo, MAS CONTINUOU NOS CONTRATOS QUE AS
PARTES CONVENCIONARAM NÃO PRECISAR DE ADIMPLEMENTO –
PAGAMENTO IMAGINÁRIO);
● Regras gerais do pagamento:
○ O objeto do pagamento da prestação deve ser exatamente o da obrigação. O
pagamento de outra coisa não é pagamento, a não ser que o credor aceite –
“DAÇÃO DE PAGAMENTO”. O credor não é obrigado a aceitar o
pagamento parcial, apenas se convencionado em contrato.
○ O pagamento deve ser feito ao credor ou seu representante para esse fim
designado.
○ A obrigação deve ser cumprida pelo devedor, mas o pode ser por outra pessoa.
A não ser que o credor tenha interesse especial na prestação do devedor.
○ O prazo e o lugar do cumprimento dependem da convenção das partes.
Faltando tais convenções, a prestação é devida logo que cobrada e no lugar
escolhido pelo devedor.
ii) Compensação:

19
● Pressupõe a existência de mais de uma obrigação entre duas pessoas, sendo
ambas reciprocamente devedor e credor uma da outra. Extingue-se quando
equivalentes, continuando devendo o excedente quando e se houver.
● Direito clássico:
○ Ações baseadas na boa-fé, obrigações entre banqueiros e no concurso
de credores.
○ No fim do período, foi estendido para além desses casos.
● Direito pós-clássico:
○ Aplicabilidade em geral aos créditos, sem restrições, contanto que do
mesmo gênero (dinheiro contra dinheiro, etc).
● Nunca acontecia automaticamente, ipso iure. Necessidade de convenção das
partes, ou por força de exceção processual, ou seja, por meio de defesa
processual.
iii) Novação (novatio):
● Extinção de uma obrigação pela substituição por uma nova, com o mesmo conteúdo
da anterior.
● Ulpiano: “Novação é a transformação e o transplante de um débito anterior em outra
obrigação.”
● A prestação da nova prestação deve ser idêntica à antiga. Caso contrário, há a
constituição de outra obrigação ao lado da antiga, coexistindo.
● A nova obrigação tinha que trazer uma novidade que justificasse a novação. Poderia
ser quanto à prestação, partes, ou à causa da obrigação.
● Direito Justinianeu: EXIGIA O ANIMUS NOVANDI.
● Ela extingue, ipso iure, a obrigação antiga com todos os seus acessórios (fiança,
garantias reais, cláusulas acessórias eventuais.
iv) Extinção da obrigação por acordos das partes:
● As partes podem convencionar sem que haja adimplemento.
● Direito quiritário: por meio do pagamento imaginário.
● Direito clássico:
○ Ato contrário – efeitos dos contratos consensuais cessavam em virtude de
rescisão por mútuo acordo.
○ Pacto de não demandar: O pretor dava tutela jurídica a todo acordo rescisório
de obrigação, porque o credor se comprometia a não em juízo a prestação do
devedor. Necessário que a parte interessada alegasse por meio de exceção
processual.
v) Fatos extintivos das obrigaçõe, independentes da vontade das partes:
a) Quando seu cumprimento se torna impossível, a não ser que a impossibilidade seja
imputável ao devedor.
b) Alguns casos, pela morte das partes:
1) Morte de qualquer uma das partes extingue: Mandato e sociedade.
2) Morte do credor: extingue obrigações tuteladas por “ações que aspiram
a uma vingança”: delito de injúria.
3) Morte do devedor: extingue as obrigações do fiador por sponsio e do
fiador por fideipromisio.

20
4) Pela capitis deminutio do devedor, exceto quando a obrigação é de
natureza delituosa.
5) Pela confusão (confusio), ou seja, junção da mesma pessoa nas
posições de devedor e credor.
6) Pelo concurso de duas causas lucrativas, ou seja, o cumprimento de
uma de duas obrigações a título gratuito, com o mesmo objeto
7) Pelo decurso do prazo de vigência convencionado ou estabelecido pela
lei.
8) Pela verificação da condição resolutiva nas obrigações sujeitas a esta
espécie de condição.
9) Para a obrigação acessória, pela extinção da obrigação principal.
10) Por ordem legal, em alguns casos, a título de personalidade. E o que se
dá com o crédito de quem se apossa dos bens do devedor, para haver o
que lhe é devido. Extinção de crédito determinada por Marco Aurélio.

21

Você também pode gostar