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Conceito de Obrigação
è Dever de prestar – não é uma definição rigorosa e exigida pelo Direito, mas ainda assim
é correta.
è Vínculo jurídico, de natureza relativa, que une dois sujeitos, sendo um deles o
devedor, que se encontra na parte passiva dessa relação, e o outro, no polo oposto, o
credor, que se encontra na parte ativa; por força do qual uma pessoa, o credor, tem
o direito de exigir que outrem, o devedor, preste – sentido técnico.
è Obrigação em Sentido Amplo: é uma situação jurídica passiva (situações em que uma
ou várias pessoas se encontram adstritas a certa conduta):
o Dever jurídico:
§ Universal: oponível erga omnes, do lado ativo há um direito absoluto. Não é
uma obrigação, porque não é uma relação relativa, não há um ou mais
devedores e um ou mais credores, pois é oponível a todos os homens,
havendo ou não relações relativas (ex.: todos têm o dever de respeitar a
propriedade alheia).
§ Especial (relativa): é uma verdadeira obrigação, um determinado dever
titulado por uma determinada pessoa que, se vier a ser cumprido,
permite a realização de um interesse de uma outra pessoa. Do lado ativo
corresponde a um direito de crédito, nada mais é do que um direito subjetivo.
o Estado de Sujeição: uma determinada pessoa está inelutavelmente obrigado a
suportar na sua esfera jurídica as consequências típicas da atuação de uma pessoa
que é titular de um direito potestativo. Não é uma obrigação, pois o devedor não se
encontra num estado de sujeição, o devedor tem de prestar, há uma conduta
positiva de dare (entregar algo), facere (fazer algo) ou non facere (omitir algo).
o Ónus: para auferir determinada vantagem ou para não sofrer determinada
desvantagem, deve praticar determinada conduta, mas se não o fizer não há nada
que suceda para essa pessoa, para além de não alcançar a vantagem ou de não
evitar o mal da sua esfera jurídica (ex.: os estudantes estão onerados a participar
nas aulas e fazer os testes para ter ou não avaliação contínua, não é obrigatório, se
não o fizerem, simplesmente, não têm avaliação contínua para servir de
paraquedas no exame final) – não há uma imposição de conduta.
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MOTA PINTO salienta que se apenas se tivesse em conta os deveres principais, nunca se
compreenderia situações de inadimplemento, embora a prestação principal tenha sido
cumprida. Serão casos de violação de deveres laterais como o caso de um trabalhador que executa
a sua tarefa normal, mas viola o dever de lealdade para com a sua empregadora. Salienta, também,
que há certos deveres laterais, criados pelo contrato, que se estendem a terceiros que, ao
serem violados, estes se transformam em credores com direito a indemnização contratual.
Patrimonialidade?
Relatividade?
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Os efeitos do abuso de direito são equivalentes aos da falta de direito.
2. Moderna: o que se defende é a mera eficácia externa das obrigações, coisa diferente
da eficácia interna.
è Eficácia interna: o credor só tem o direito de exigir o cumprimento àquele devedor.
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Uso do direito numa direção ilegítima. Determinado direito, em si mesmo válido, é exercido de
modo ofensivo, relativamente ao sentimento de justiça dominante da comunidade social e, ou a
ordem jurídica trata o titular como se o direito não existisse, ou condena-o à indemnização dos
danos, mantendo-se o ato abusivo.
è Há várias posições que divergem nos requisitos que cada autor vem exigir para
responsabilizar o terceiro.
o Radical: deve responsabilizar-se independentemente de conhecer ou não.
o Conhecimento: só faz sentido quando o terceiro pelo menos tenha
conhecimento, antes de agir, da situação creditícia, se não, falta o pressuposto
da culpa na responsabilidade civil.
o Cognoscibilidade: se não conhecia, mas devia conhecer há responsabilidade
civil, pois adequa-se melhor à ética de comportamento entre todas as pessoas
dentro do comércio jurídico, que se devem pautar o seu comportamento pelo
critério mínimo de respeito e cuidado com a pessoa e o património, não só das
respetivas contrapartes, mas também de terceiros. Há má fé em sentido ético
manifesta que deve ser censurada. Não tem que saber em teoria, mas em
concreto sabe (importância da riqueza mobiliária nesta geração por contraponto à
riqueza perspetivada nos anos 60 de que a riqueza está na terra [ex.: ações da
apple, da google, etcetera]).
è Artigo 406º nº2 – o argumento literal utilizado pela tese clássica só prova em certo
tipo de fontes de obrigações, as de contratos, há mais fontes de obrigações. Nem
sequer isso é verdade, pois não é o que se diz da eficácia externa, como já analisado
(apenas impõe o respeito e não o cumprimento).
è Artigo 483º e 798º – pode-se ler as normas de forma diferente. O primeiro artigo tem o
seu acento tónico na parte “direito de outrem” e não em “aquele que”, o que dá
margem interpretativa suficiente para incluir não só os direitos absolutos, mas
também os direitos de crédito. “Aquele que” – lê-se terceiro – “violar o direito de
outrem” – direito de crédito do credor.
è Artigo 490º – está prevista para a responsabilidade extracontratual, vem sancionar,
responsabilizar, quem ajude o devedor a incumprir – terceiros.
è Artigo 413º (acordo de vontades através do qual se compromete perante outrem a
celebrar determinado contrato, a pessoa já se obrigou) e 421º (alguém que se
è Há três níveis:
1. Eficácia Interna ou Relativa, traduz o dever, que quem é devedor tem para com
o credor, que é o de prestar a prestação devida. Toda a obrigação tem dois
polos.
2. Eficácia Externa, quem não está dentro dos dois polos, quem está fora do
segmento de reta, tem de respeitar a obrigação. É um problema controverso, há
quem entenda que tem de respeitar e há quem entenda que não tem.
3. Eficácia Real, quem está fora dos polos, um terceiro, não só tem de respeitar,
como também tem o dever de cumprir; a eficácia real, esta só existe nos casos
e termos previstos na lei (artigo 406º nº2 – artigos 413º, 421º, 443º [figura do
contrato em favor de um terceiro]).
è O Direito das Obrigações visa tutelar, proteger e realizar o interesse do credor (lícito
e digno de proteção jurídica), a parte ativa do vínculo jurídico relativo, com as regras
desta parte II do livro do Código Civil (ex.: dação em cumprimento, causa de extinção
das obrigações para além do cumprimento [destino natural das obrigações consegue
realizar melhor o interesse do credor] – o devedor fica exonerado do cumprimento da
obrigação, artigo 837º e seguintes, intitutos que exoneram o cumprimento da obrigação,
mas só são permitidos se o credor consentir, pois o Direito das Obrigações visa proteger
o interesse do credor).
è O direito não trata o credor e o devedor de forma igual, mas também não é
completamente indiferente ao devedor (embora só o tome em conta quando não
prejudique o interesse do primeiro).
è Não quer dizer que o interesse do devedor não seja nunca protegido, nunca seja tido
em consideração, há um conjunto de normas jurídicas que também mostra que o
interesse do devedor também é tido em conta (ex.: artigo 772º [local do cumprimento
da obrigação, não havendo acordo das partes ou lei que estipule o contrário], 779º
[prazo para o cumprimento da obrigação, não é exigível antes do decurso do prazo, mas
é cumprível e pagável a todo o momento por iniciativa do devedor, sem que o credor se
possa opor a esse cumprimento]).
Obrigações Naturais
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ANTUNES VARELA: trata-se de uma obrigação civil se for feita entre dois competidores e não uma
pessoa de fora, pois o jogo e aposta funcionam como motivação, desde que não sejam
fraudulentos.
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ALMEIDA COSTA, pp. 464 e seguintes.
Contratos
è Acordo bilateral, isto é, acordo em que duas ou mais pessoas prosseguem, através de
um encontro de vontades, a realização de interesses naturalmente contrapostos e
divergentes – conceito puramente doutrinal.
è Tem sempre necessariamente duas partes (centro autónomo de interesses que se
procura realizar através da celebração de um contrato) ≠ pessoa\sujeito.
è Pode haver acordos plurilaterais, situação em que se visam realizar diferentes
interesses prosseguidos por diferentes partes.
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Página 65.
è Artigo 405º.
è O princípio da liberdade (princípio máximo do direito privado) permite fazer tudo o que
não é proibido pelo direito; tem uma decorrência direta e imediata que é a autonomia
privada que diz que no direito das obrigaçãoes, a regra é a de que, as partes podem
fazer o que bem entenderem, respeitando os limites imperativos impostos pela lei; e
uma das concretizações é a liberdade contratual (decorrência indireta do princípio da
liberdade e direta da autonomia privada que, por sua vez, é decorrência direta da
primeira), ou seja, as partes podem celebrar os contratos que desejarem, como
entenderem e para realizarem os interesses que entenderem, o contrato é o meio de
preferência da concretização desta liberdade (divide-se em liberdade de celebração e
liberdade de estipulação).
è Liberdade de celebração, prevista na primeira parte do nº1, diz que, em regra,
ninguém é obrigado a celebrar um negócio jurídico ou contrato. Mas há desvios:
o Autolimitação (Antunes Varela): alguém, por acordo com outra pessoa, assume
com outrem o dever de celebrar determinado contrato e\ou negócio jurídico
(ex.: contrato-promessa [maior limitação]; pacto de preferência [duplamente
condicionada – só existe se o obridado decidir ele próprio a livremente de contratar
e se o titular do direito de preferência igualar as restantes propostas]).
§ João Tiago considera ainda, em última análise, um caso de liberdade.
o Heterolimitação: a obrigação de contratar e de celebrar um negócio jurídico
constituem consequência imediata do direito ou da ordem jurídica. Apenas se
justifica em determinadas situações, situações estas muito limitadas. (ex.:
monopólios de facto e\ou de direito, uma empresa presta um serviço ou fornece um
bem essencial para a satisfação das necessidades individuais das pessoas, que
Princípio do Consensualismo
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Pergunta frequente em sede de PROVA ORAL: com base neste princípio classificar determinado
contrato como consensual ou real, v.g. o contrato de compra e venda é consensual se não
prossupuser a entrega da coisa, mas quanto aos efeitos é de eficácia real, pois constitui-se um
direito real (e não um mero direito de crédito) – os direitos reais podem ser de gozo (poder jurídico
que permite ao titular usar e fruir desse mesmo objeto – transferência do direito de propriedade),
garantia (permite ao titular fazer-se pagar pelo valor de determinado crédito, sobre uma determinada
coisa, em relação a outros credores do seu devedor) ou aquisição (permite ao seu titular adquirir,
por mera manifestação da sua vontade, um outro direito real de gozo) – mas pode-se pedir para dar
um exemplo de um contrato real quanto aos efeitos e à formação (há 1\2 hipótese de acertar
[3\6]): doação (direito real de gozo), penhor (direito real de garantia) e mútuo (artigo 1144º - direito
real de gozo).
Princípio da Boa Fé
è A boa é estruturante nesta matéria dos contratos das obrigações, ou seja, desde o
momento em que estão para nascer, passando pela fase em que nascem e crescem,
até à sua morte, estão sempre sujeitos sempre ao princípio cardinal da boa fé.
Acompanha todas as fases da formação, execução e cumprimento (até quando à
lacunas – artigo 239º).
è A boa fé é um conceito que comporta diferentes sentidos, mas só o último, a enunciar, é
que é relevante para esta matéria:
o Subjetivo: relacionado com o estado de alma:
§ Psicológico: centra a análise no estado psicológico do agente, há um mero
desconhecimento.
§ Ético: não basta alegar e provar o desconhecimento, é preciso que seja
diligente nesse conhecimento.
o Objetivo: regras de conduta (artigos 227º, 762º, 239º).
è Transparece, dá sinais de si, em diferentes fases da vida da obrigação, impondo
deveres de zelo, diligência, informação, lealdade, proteção, durante as preliminares, ou
seja, durante a negociação. É uma realidade que pauta as relações e o tipo de
condutas que podem ser lesivas, impondo sanções. É ainda uma matéria infindável.
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Há casos em que os contratos padecem de um vício genético, aplicando-se as invalidades –
nulidade e anulabilidade, destroem, com caráter retroativo os efeitos produzidos pelos contratos.
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Existem situações, que resultam de uma tradição jurídica, que utilizam de uma forma incorreta estas
figuras.
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MOTA PINTO, não há vinculos contratuais perpétuos, apenas o casamento, tendencialmente.
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Erro in futuro, determinados factos existem e manter-se-ão em vigor, mas não se verificam no
futuro ≠ Erro, achar que existem determinados factos, mas simplesmente não existem.
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Circunstâncias factuais essenciais quer para ambas as partes; quer as circunstâncias relevantes
apenas para uma das partes, mas que a outra não pode deixar de aceitar porque: assim lhe foi
comunicado e ela aceitou, não podia deixar de aceitar se lhe fosse comunicado à luz do
princípio da boa fé, não pode deixar de aceitar à luz do mesmo princípio da boa fé por força das
circunstâncias posteriores à celebração do negócio.
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ALMEIDA COSTA e ANTUNES VARELA (tentaram criar uma outra via, mas não foi adotada):
em certos casos (ex.: expropriações selvagens, ocupações de imóveis, movimentos agrícolas mais
selvagens [de unidades coletivas de produção]) o risco (796º) nunca poderia levar a melhor do
437º. É preciso fazer uma distinção entre risco normal de perda ou deterioração da coisa; e risco
anormal, perda ou deterioração resultado das situações mencionadas – nestes casos não devia
prevalecer.
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A excessiva onerosidade ou agravamento da possibilidade de cumprimento não constitui
em si ó uma razão para o não cumprimento, não permite a exoneração nem a modificação.
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Há situações (circunstâncias subjetivas de uma das partes), de tal forma graves e inesperadas,
que podem levar à aplicação do artigo 437º (ex.: pianista convidado para tocar no CBO, tem a sala
esgotada, mas segundos antes de atuar descobre que morreu um familiar).
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Houve duas alturas em Portugal em que se invocou este artigo constantemente: 1975 e anos
seguintes (descolonização, mudança de regime) e 2007 e anos seguintes (crise mundial do sub-
prime). Nesta última foram suscitadas muitas situações semelhantes de devedores e credores devido
à crise, relativamente aos bancos e os empréstismos, entre outros direitos de crédito dos bancos,
não podem estes estar dependentes da atividade económica do investidor, pois não são
sócios. Da atividade económica faz parte o risco, os lucros são a sua compensação, mas a atividade
não é constante, move-se por ciclos económicos, muito embora a crise de 2008 não tenha sido uma
crise qualquer (a TROIKA entrou em Portugal), foi uma crise sem paralelo – equiparável ao crash da
bolsa de 1929.
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ORAL para subir notas quando está a correr bem.
Contrato-Promessa:
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ORAL pergunta frequente.
Modalidades do Contrato-Promessa:
è Eficácia real: decorrem direitos e deveres reais para as partes que se obrigaram, se
estiverem preenchidos os requisitos do artigo 413º:
§ Tem por objeto mediato imóveis ou móveis sujeitos a registo;
§ Celebrado por escritura pública ou documento particular autenticado;
§ Expressamente indicar no contrato a intenção de celebrarem este contrato
com esta mesma eficácia;
§ Quando inscreverem o contrato-promessa no registo.
o Esta onerosidade das partes contraentes visa protegê-las de uma eventual violação
da promessa, pois é oponível erga omnes, isto é, determina a ineficácia dos
atos realizados em sua violação. Numa palavra, um direito de crédito assistido de
eficácia absoluta.
o Concretizando, relativamente a confrontos com potenciais direitos adquiridos por
terceiros, o primeiro direito real constituído prevalece, pois ambos têm eficácia
real. Sendo atribuida eficácia real e em caso de alienação do objeto do contrato-
promessa pelo promitente vendedor a um terceiro, surge na esfera jurídica do
promitente comprador um direito real de aquisição, conferindo-lhe um direito
de poder exigir ao promitente vendedor o cumprimento da promessa, que
pode fazer valer sobre todos os direitos reais ou pessoais referentes à coisa
de terceiros, desde que estes não se encontrem registados antes do registo do
contrato-promessa. Logo, a alienação não impede a execução específica do
contrato-promessa, do artigo 830º, pois a eficácia real acarreta necessariamente
a possibilidade de realização coativa.
è Eficácia meramente obrigacional: dele apenas decorrem direitos e deveres de
natureza obrigacional para as partes.
o Relativamente a confrontos com potenciais direitos adquiridos por terceiros, de
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Pergunta frequente de Exame ou Oral.
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É um contrato unilateral, cuja obrigatoriedade de dar preferência só existe se se reunirem duas
condições: à tomada de decisão de contratar e à apresentação, por parte do titular do direito, de uma
proposta que iguale a proposta apresentada por de terceiros.
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Semelhante ao regime jurídico das obrigações naturais.
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Estas exigências visam, principalmente, estabelecer um controlo notarial, a fim de prevenir a
negociação de construções e edificações clandestinas, para a proteção de futuros adquirentes,
havendo também uma afloração do interesse público.
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Exemplo que sai muito nas avaliações.
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TESTE, EXAME ou ORAL: importante explicar qual o problema, mais importante do que explicar
toda a divergência, por questões de gestão de tempo. Mas é importante focar na doutrina também!
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Discussão sobre o exato âmbito e alcance do artigo 755º nº1 f):
§ O direito de retenção funciona apenas para a indemnização atualizada ou também para
o sinal em dobro? A própria lei diz que se aplica nos termos do artigo 442º, que fala em
ambos.
§ Se o direito de retenção apenas pode ser utilizado para salvaguardar o valor que a coisa
tiver valorizado no período em que está na posse (diferença do preço atual e o acordado)
Pacto de Preferência:
ou todo o preço da coisa (diferença acrescida do sinal)? Conflito entre vários titulares de
direitos reais de garantia que incidam sobre a mesma coisa, a lei estabelece uma hierarquia
nos artigos 751º e 759º nº2: privilégios creditórios (Estado); titular do direito de retenção;
credor hipotecário (Bancos). Esta solução é desfavorável aos Bancos, que contrataram
advogados para conseguirem retirar do topo da hierarquia o Estado (direitos artigo 755º nº2
f), creditórios) – o artigo menciona imobiliários especiais, só vale em imóveis certos e
determinados, o Estado passa para terceiro lugar. Relativamente ao detentor do direito de
retenção, é preciso interpretar o direito de retenção, quando está em causa a indemnização
atualizada, apenas vale quanto ao valor que o imóvel tiver valorizado desde a posse do
comprador (diferença entre o preço acordado e o preço atual, o sinal não conta), a
expectativa só está tutelada em relação à valoração que se verificou na esfera patrimonial
desse credor.
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Pode ser atribuído mediante pagamento de um preço, não é ilícito. Aqui poder-se-ia dizer que é
bilateral, no sentido que gera obrigações para ambas as partes (pagar para ter o direito de
preferência e a obrigação normal do pacto em si), mas a obrigação de pagamento, na economia
do negócio, não é relevante, a obrigação prioritária e primária é a de celebrar o contrato definitivo –
também acontece nos contratos-promessa unilaterais (aqui tem que ser assinado pela parte que
não se compromete? Não, pois não há a assunção do dever de contratar pela parte que não se
vincula).
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Pactos de preferência recíprocos: corresponde a uma coligação contratual, dois negócios
disntintos, que tem vida própria, que podem estar unidos entre si, por força do negócio que as
partes pretendem celebrar (acontece quando há ainda um contrato anterior a este em que se
convenciona esta coligação). As vicissitudes que possam, eventualmente, ocorrer num, podem
ocorrer no outro, e vice versa.
è Eficácia Real: é necessário que o pacto cumpra os requisitos de forma a que o artigo
413º está sujeito.
o Vantagem na atribuição de eficácia real: se houver lugar à violação da obrigação
de dar preferência, o titular do direito pode intentar uma ação de preferência,
segundo o artigo 1410º (ação judicial legalmente tipificada), para ficar com a coisa.
è Eficácia meramente obrigacional: neste caso não prevalece em relação à alienação
a terceiros, à semelhança do contrato-promessa.
o Desvantagem: o terceiro adquire um direito real de gozo que, no confronto,
prevalece sobre o direito de crédito do titular do direito de preferência,
podendo este pedir indemnização ao obrigado à preferência e, eventualmente, para
quem aceite a eficácia externa das obrigações, ao terceiro.
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JOÃO TIAGO: “Apontem uma nota, no dia do EXAME vai sair, não devo trocar as mãos pelos
pés e devo interpretar os factos corretamente”.
Contratos Mistos:29
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Tanto os contratos mistos, como a união ou coligação de contratos têm tido muito pouca
importância em sede de avaliação, seja ela qual for, nos últimos anos (mas convém saber, mais
vale prevenir do que remediar).
Negócios Unilaterais
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Pergunta frequente de ORAL (principalmente com o Henrique): o testamento é um negócio
unilateral fonte de obrigação? Não, pois apenas produz efeitos: depois da morte do testador, se
houver aceitação e o testamento não obriga o testador, isto é, em vida pode-se fazer os
testamentos que se quiser, vale sempre o último feito, é livremente revogável, mediante a feitura de
um outro, não obrigando o testador.
Promessa Pública
Gestão de Negócios
Relações Internas:
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Ver artigo 1158º nº2 relativo à fixação da remuneração, para o mandato.
Responsabilidade do Gestor:
è O artigo 466º nº2 está mal redigido em termos técnicos, parece que vem determinar
certo requisito que é a culpa (perante o caso concreto, aquela conduta é censurável,
acontece quando, olhando para as circunstâncias do caso, deveria e podia ter pautado a
conduta de forma diferente), mas na verdade é da ilicitude que a norma fala e define
(enquanto requisito da resposabilidade civil olha para a conduta do lesante de forma
objetiva, desprovida de qualquer juízo ético).
è Quando é que se cosidera culposa? A resposta não está no artigo.
o Culpa em concreto: se há menos diligência do que aquela que usa no dia-a-dia
– posição maioritária quanto à gestão de negócios.
o Culpa em abstrato: compara-se a conduta com a de um homem médio, artigo
487º nº2.
§ Almeida Costa: à culpa em abstrato poder-se-á fazer apelo em duas
situações:
• Conduta do gestor corresponde ao exercício da sua atividade
profissional.
• Havia várias pessoas e o gestor afasta os possíveis candidatos,
assumindo a gestão, de forma deliberada e consciênte, ainda que de
boa fé.
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É preciso SABER DE COR PARA AS ORAIS os requisitos do enriquecimento sem causa, da
gestão de negócios, dos negócios unilaterais, etcetera, de CÓDIGO FECHADO com o Professor
HENRIQUE ANTUNES!!
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ALMEIDA COSTA: Poderá a vantagem ser de ordem não patrimonial, desde que produza
consequências avaliáveis em dinheiro, isto é, quando se converta numa vantagem patrimonial
indireta.
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Quando o direito não consente ou não aprova, por não existir uma relação ou facto que
justifique essa deslocação patrimonial, de acordo com os princípios do sistema jurídico.
Sempre que aproveita a pessoa diversa que, segundo a lei, deveria beneficiar. Substancialmente
ilegítimo ou injusto, mas não formalmente antijurídico.
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Não deve sair no teste ou exame.
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É subjetivo, na relação que a coisa tem com o património do enriquecido – coisa em confronto
com o enriquecimento, será a diferença do valor real da coisa e o máximo que teria gasto (será 0
quando nada teria dado pela coisa, será o valor real quando daria o valor real pela coisa).
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O que no património do empobrecido não há, mas devia haver se o evento não tivesse ocorrido
(0 quando não costuma fazer nem ia fazer, valor real, quando não fez mas costuma fazer)
Lucros Ilícitos:
è Aufere-se lucro por intervenção, alguém obtém uma vantagem às custas de outra,
mas a vantagem também se deveu a fatores e perícia do enriquecido. Uma vez
determinado o valor a restituir, seja por qual das teorias for, ainda é preciso retirar da
componente indemnizatória um fator que não se consegue contabilizar, que é a
causa da própria perícia na contribuição para o enriquecimento. Parte do lucro
tem causa (perícia).
è Também se aplica a direitos absolutos? Convite à intromissão não autorizada na esfera
jurídica de outras pessoas, não faz sentido.
è O enriquecimento sem causa é pouco, apenas permite obter parte do enriquecimento,
aquele que não teve causa. Há, portanto, duas alternativas:
o Responsabilidade civil pura e dura apenas resolve a parte dos danos e não dos
lucros40.
o Gestão de negócios (Menezes Leitão e Júlio Gomes): gestão imprópria de
negócios – alguém direciona negócio alheio, sabendo que o negócio é alheio (472º),
mas achando que é próprio, se o dono aprovar, aplicam-se as regras da gestão
de negócios (465º nº1 e) obrigações do gestor – restituir ao dono tudo aquilo
que tiver obtido no exercício da gestão; 472º segunda parte, em qualquer outra
situação, quando o gestor aja com culpa, aplica-se o regime do enriquecimento sem
causa ou responsabilidade civil).
§ Antunes Varela: se a lei diz que quando alguém gere negócio alheio,
achando que é próprio, são potencialmente aplicáveis as regras de gestão de
negócios se houver aprovação, por maioria da razão, também é aplicável o
regime da gestão de negócios às situações de lucro por intervenção. Segundo
o artigo 465º e) é-lhe restituída a totalidade do lucro ilícito, saindo do
regime do enriquecimento sem causa.
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Valor concreto da coisa no mercado, não depende de qualquer interferência que a coisa tenha
no património do enriquecido.
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No enriquecimento sem causa refere-se às vantagens resultantes de uma simples deslocação
patrimonial injustificada. Na responsabilidade civil visa os prejuízos derivados de um ato ilícito
ou equivalente.
Responsabilidade Civil
Noções Genéricas:
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Matéria de cumprimento e não cumprimento.
è Reconstituir e reparar o dano, mas será apenas e só isto? Sempre teve esta lógica. O
objeto da responsabilidade civil era unicamente medido pelo maior ou menor dano
que a conduta do agente tinha causado; havia uma indissociação do valor da
indemnização e do dano, não contava com o grau de culpa (desde a Roma antiga até
aos primeiros Códigos, início do século XIX).
è Vindo dos Estados Unidos, os “punitive damages”, valorizavam o grau de culpa.
Colocou-se a questão de saber se no direito positivo português faz sentido que exista
uma responsabilidade civil que assente também numa lógica de punição e não
apenas de reparação.
è Argumentos a favor da reparação apenas:
o A responsabilidade punitiva poderá afetar a liberdade do agente, introduz-se um
peso muito superior ao da responsabilidade criminal (as dívidas podem ser
consideradas mais restritivas da liberdade [tem que se ter um completo domínio da
ação e para tal tem que se ter meios para o fazer] do que a prisão, que limita a área
de circulação e movimentação), que assentam em lógicas diferentes, pois os bens
desta assenta em valores muito mais valiosos (ex.: vida).
è Argumentos a favor da punição:
o Visão ética do direito, a culpa não pode ser o parente pobre da
responsabilidade civil e ao contrário do que acontece na responsabilidade criminal,
cujo requisito nobre é a culpa – não é compaginável com condutas dolosas e
maldosas.
o Trata-se de uma mensagem que se dá na afirmação de uma lógica punitiva: para o
agente que praticou o ilícito (pensa duas vezes de repetir) e à comunidade em
geral (desincentivo). A função é de reconstiruir o património do lesado, mas se
passassemos a indemnizar acima do dano contribuiriamos para a prevenção do
dano para o futuro.
Diferenças práticas:
1. Matéria de culpa:
a. Obrigacional: a culpa do lesante (devedor) é presumida, segundo o artigo
799º.
i. Mais favorável ao lesado, embora existam na extraobrigacional situações de
culpa presumida.
b. Extraobrigacional: é o lesado que tem que provar que a violação desse direito
é imputável ao lesante a título de culpa, a menos que caiba dentro das exceções
em que é presumida, como diz o artigo 487º nº1 (artigo 491º, 492º e 493º nº1,
responsabilidade civil extracontratual subjetiva – relevância negativa da causa
virtual, há presunção de culpa do lesante para equilibrar as partes, como há
presunção de culpa, pode invocar a relevância negativa da causa virtual).
2. Pluralidade de passiva/devedores: há dois ou mais lesantes.
a. Obrigacional: 513º (responsabilidade conjunta), o lesante tem que pedir a
cada lesante a sua parte da dívida, presumindo-se que a quota parte de cada um
é equivalente (516º) – o credor tem que fazer uma ação para cada um e terá
que suportar o risco de insolvência de um dos devedores.
b. Extraobrigacional: 497º e 507º (responsabilidade solidária), o lesado pode
pedir a qualquer um dos lesantes que pague a totalidade da indemnização,
depois ajustando contas os lesantes entre si.
i. Mais favorável ao lesado.
3. Prescrição:
a. Obrigacional, 309º, o crédito prescreve no prazo de 20 anos, mas há outros
prazos: 5 anos e entre 6 meses e 2 anos (prescrições presumidas).
i. Mais favorável ao lesado.
b. Extraobrigacional, 498º, prazo de três anos a partir do momento do
conhecimento dos direitos que lhe assistem, a menos que a responsabilidade
criminal estabeleça um prazo superior, e dentro do prazo de 20 anos, ordinário,
desde a prática do facto.
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Argumento principal e mais importante.
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Importantíssimo para o exame e oral.
Concurso de Responsabilidades:
è Um facto ilícito gera danos que, aparentemente, se enquadrariam quer numa hipótese
de responsabilidade obrigacional, quer numa hipótese extraobrigaional. Violação de
direitos absolutos, mas também o incumprimento de uma obrigação.
Responsabilidade civil existirá sempre, mas não é indiferente saber qual o tipo de
responsabilidade que está em causa.
o Concurso aparente de responsabilidades: ex.: um médico radiologista faz o raio-
x e esse mesmo médico por manusear incorretamente o raio-x e causa um dano ao
paciente (integridade física); numa operação que corta um órgão vital de um doente
levando-o a morrer (direito à vida).
§ Cúmulo
• Teoria da opção: o lesado pode optar por lançar mão de umas normas
ou de outras.
o Não compete ao lesado escolher, pois é uma decisão do Tribunal,
que é soberano na interpretação e aplicação do direito ao caso
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Quando se aplica este artigo, muito provavelmente é uma hipótese prática que também tem o
concurso real de responsabilidade civil, porque gera muitas vezes responsabilidade contratual e
extracontratual.
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Quando há uma omissão juridicamente relevante, há um problema simultâneo de
responsabilidade civil e responsabilidade penal: o artigo 10º do Código Penal estabelece o
princípio de, quando um determinado crime, para se considerar praticado, pressupuser a verificação
de um determinado resultado, esse resultado tanto pode verificar-se por via de ação, como por
via de omissão. As omissões constituem uma forma típica de se considerar verificada a
responsabilidade criminal.
No próprio Código Penal existe um crime, especialmente previsto e regulado na lei como tal, em
que se censure esta falta de ação de auxílio: artigo 200º, a ordem jurídica e a ordem moral não
estão assim tão longe uma da outra – lei do bom samaritano (ex.: vê-se um acidente na A5 e
Ilicitude:
começa a publicar nas redes sociais “lol este espetou-se” ou “mulheres ao volante perigo constante”,
comete-se um crime, pois não promoveu o socorro dessa pessoa, chamando, por exemplo, o INEM).
Culpa:
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Pergunta típica em sede de ORAL.
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Prova ORAL.
Dano:
è Como se resolve o problema dos danos morais reflexos, isto é, o dano moral que
uma pessoa sofra em resultade de um dano causado a um terceiro que não
morreu – regime do artigo 496º.
è O nº1 é uma norma incompleta, não diz quem são os titulares do direito à
indemnização por danos morais, é incompleta neste sentido, pois apenas delimita o
objeto do dano moral indemnizável, aquilo que pela sua gravidade o julgador entenda
ser suscetível de merecer a proteção do direito e da ordem jurídica.
è O nº2 delimita o titular do crédito indemnizável pelo dano moral, quando de um facto
ilícito resulte a morte de alguém.
è O nº3 protege as uniões de facto, semelhante ao nº2.
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Pergunta típica de ORAL.
Nexo de Causalidade:
è Causa virtual: o facto, em condições normais, era apto a provocar o dano, mas
apenas não provoca porque entre o facto e o dano intervém outro facto que
provocou o dano efetivamente.
è Eventual relevância positiva da causa virtual: o autor da causa virtual não pode
ser chamado a indemnizar pelos danos, pois não foi a causa em concreto, logo, não
há nexo de causalidade.
è Eventual relevância negativa da causa virtual: o autor da causa virtual pode ser
chamado a indemnizar os danos causados, nos casos do artigo 491º, 492º e 493º
nº1, pois o autor real não indemniza. Ao presumir-se a culpa do lesante, podendo esta
presunção ser afastada, tem que se equilibrar esta situação, só comprova que a
responsabildiade civil tem, de facto, uma lógica punitiva ao obrigar a indemnizar pelo
566º nº2, visa punir também.
o Galvão Teles: responsabilidade pelo efeito parcial do evento. O autor da causa
virtual não responde pelo dano final, mas responde por todos os prejuízos que
em concreto gerou, até à verificação do dano real causado por outro facto
real.
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Pode sair em ORAIS.
è Os artigos 562º e 566º nº1 dizem que a regra é a da reconstituição natural. Se não
for possível recorre-se à indemnização em dinheiro. Teoria da diferença, do artigo
566º nº2, diferença entre a situação patrimonial atual e a situação patrimonial
hipotética do lesado, sem prejuízo de outras disposições de acordo com o critério da
equidade, quando a lei o permita.
è Determinada pessoa, no exercício de uma atuação lícita que, por si só, for suscetível
de causar danos a terceiro, responde por todas as consequências, que no exercício
dessa conduta lícita, decorrerem a terceiros, ainda que essa mesma conduta não
tenha sido praticada com qualquer tipo de culpa da parte do agente.
è É uma solução, uma lógica absolutamente excecional, que decorre do artigo 483º nº2 –
apenas nos casos previstos na lei.
è Casos de Responsabilidade Objetiva previstas na lei em sentido mais amplo que o
Código Civil:
o Artigo 500º: comitente comissário.
o Artigo 501º: Estado e Pessoas Coletivas Públicas – aplica-se o regime do 500º, por
remissão.
o Artigo 502º: utilização de coisas perigosas (animais).
o Artigo 503º a 508º: acidentes de viação.
o Artigo 509º a 510º: instalações de energia elétrica e gás.
o Há também noutros diplomas:
§ Por acidentes no trabalho, é a entidade patronal que responde,
independentemente de culpa sua, a danos que o trabalhador venha a sofrer
no exercício da sua atividade laboral.
§ Do produtor por venda de produtos defeituosos (ex.: falha súbita dos travões,
v.g. um carro que parava quando chegava aos 120 km\h) – objeto de
transposição para o ordenamento jurídico português de diretiva comunitária.
§ Por danos ambientais, área do direito do ambiente.
è Em todas as modalidades de responsabilidade objetiva assentam no mesmo princípio e
no mesmo fundamento, inspirado na teoria do risco.
o Teoria do risco: quem exerce uma atividade que seja suscetível de provocar danos
a terceiros, é justo que, retirando as valências, os benefícios e as comodidades,
responda por todos os danos causados a terceiros, mesmo que não haja
culpa por parte do agente.
§ Subteoria do Risco criado: quem cria a situação de perigo, responde pelos
riscos (ex.: fábrica que utiliza meios poluentes).
§ Subteoria do Risco proveito: cada pessoa responde pelos danos
decorrentes de uma atividade da qual retire proveito (ex.: acidentes de
viação).
§ Subteoria do Risco autoridade: todos respondem pelos danos das
atividades que tem sobre controlo (ex.: comissário e comitente).
è Regime previsto no artigo 500º, que também se vai aplicar, por remissão, ao artigo
501º quando agentes do Estado e\ou das Pessoas Coletivas Públicas não estejam
dotadas de jus imperii, ou seja, na sua gestão privada (ex.: negligência médica de um
hospital público – responde o médico e o Estado).
è Requisitos:
1. Relação de comissão: relação de subordinação e hierarquia, vínculo jurídico no
qual se verifica um desequilibrio de posições (o comitente tem o poder de dar
ordens ao comissário – o dever de obediência hierárquica do comissário só cessa
quando as ordens constituam crime)50.
§ Para que se aplique o artigo 500º não é necessário que exista liberdade do
comitente na escolha do comissário, pois a responsabilidade do comitente
é objetiva, isto é, é independente de culpa.
§ Poderá, todavia, haver responsabilidade civil extracontratual subjetiva do
comitente quando haja também culpa do comissário, havendo
responsabilização solidária, o que só acontece em três casos – artigo 483º:
• Culpa in eligendo.
• Culpa in instruendo.
• Culpa in vigilando.
2. Responsabilização do comissário: se conseguir imputar ao comissário a prática
de um facto voluntário, do qual resulte a sua responsabilização.
§ Toda e qualquer tipo de responsabilização do comissário é suficiente para
admitir a responsabilização do comitente?
• Antunes Varela e Menezes Leitão: só há responsabilidade objetiva do
comitente se o comissário responder a título de culpa provada (artigo
483º). Se não houver responsabilização do comissário com base em
culpa provada, também não poderá haver responsabilização objetiva do
comitente sem culpa – o artigo 500º nº3 diz “excepto se houver
também culpa da sua parte”, se o comissário tiver praticado um facto
lícito, de que resulte excecionalmente responsabilidade civil, vide estado
de necessidade, ou que gere responsabilidade objetiva, vide acidente de
viação, já não haveria responsabilidade do comitente.
• Maria da Graça Trigo: pode haver responsabilização do comitente sem
culpa nos casos em que o comissário responde também sem culpa ou
responde na prática de um facto ilícito:
o O artigo 165º remete para o 500º e não distingue situações em que
haja culpa ou não do agente.
o O artigo 500º nº3 fala em “também”, mas a expressão não pode ser
interpretada no seu sentido rigoroso, o que a lei quer dizer é que o
comitente goza do direito de regresso sobre o comissário,
exceto se houver culpa da sua parte, isto quer dizer “além de haver
culpa da sua parte”.
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MENEZES LEITÃO (voz isolada na doutrina) diz que também poderia haver situações de
responsabilização objetiva do comitente fora da relação de comissão – o nº2 diz que não é
excluída a responsabilidade do comitente, se o comissário violar as instruções do comitente.
JOÃO TIAGO, trata-se de um problema do terceiro requisito.
Animais:
Acidentes de Viação:
Regime:
è Requisitos:
o Positivos, artigo 503º:
1. Direção efetiva do veículo: não significa estar a conduzir, significa exercer
um poder sobre ele, seja de natureza fáctica, seja de natureza jurídica, que
permita a alguém ter um controlo real sobre o veículo, independentemente
de qualquer titularidade de direito sobre o veículo. Passa por uma relação
especial com o veículo em que a pessoa tem a possibilidade de controlá-lo
de facto, é a pessoa que está em condições de tomar todas as
providências necessárias para que o veículo possa funcionar
adequadamente, para não provocar danos a terceiros, controlando os riscos
próprios do veículo.
• Não há direção efetiva do veículo nos casos do cliente do taxi, do aluno
na aula de condução, do proprietário numa hipótese de furto do seu
carro se o ladrão tiver tido um acidente.
• Quem poderá ser considerado como tendo direção efetiva do veículo,
sendo o detentor deste:
o Proprietário do veículo, ladrão, usufrutuário – não há dúvidas.
o Mais duvidoso:
§ Comodato (emprestar o carro): Antunes Varela – depende do
tipo de comodato:
• Comodato traduz-se na cedência pontual, momentânea e
de execução praticamente instantânea do automóvel,
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Será assim, pois normalmente os comissários são pessoas experientes, que estão habituados a
conduzir muitas horas e que o fazem há já muitos anos. Outros exemplos que justificam esta
presunção de culpa é o transporte de crianças, exige-se um especial zelo, atenção e cuidado das
condições de utilização do automóvel. Protege, em última análise, o comissário, uma vez que o
obriga a parar em viagens longas.
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MARIA DA GRAÇA TRIGO: não deveria existir artigo 503º é inconstitucional, viola o princípio
da igualdade, pois distingue as formas de condução, v.g. dois comissários têm um acidente, mas
um deles não está no exercício das suas funções de comissão, o acidente vai achar-se
culposamente causado pelo comissário que está escrupulosamente a cumprir o seu trabalho,
premiando aquele que não está a usar o veículo para o seu trabalho (há jurisprudência pacífica
nesta matéria que inclui o artigo 506º, da colisão de veículos, na presunção de culpa do artigo 503º
nº3). Deveria direcionar-se todos os acidentes de viação para o artigo 493º nº2, mudando a
jurisprudência.
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Ter em conta que os lesantes são as Seguradoras (com um património mais seguro).
Falou-se apenas em lesado, mas vale ipsis verbis quanto a facto imputável a título de terceiro.
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No EXAME e na ORAL ver SEMPRE se não estamos perante uma hipótese de risco agravado
ou concretizado de circulação!
Os seguros:
è Requisitos:
o Direção efetiva.
o Interesse próprio (quer da empresa que explora como das proprietárias,
concessionárioas ou a outro título).
è A responsabilidade da empresa existe: pelos danos que provenham de culpa dos
seus órgãos, agentes, representantes ou comissários; e pelos ligados às
deficiências do sistema em si.
è Exclui-se a responsabilidade se ao tempo do acidente a instalação correspondia às
normas técnicas vigentes e se encontrava em perfeito estado de conservação.
è Os danos motivados por utensílios de uso da energia são afastados deste regime
(ex.: usar um fogão em casa). Não obrigam a reparação de danos atribuídos a força
maior do funcionamento e utilização da coisa.
è Indemnização, 510º: só quando não haja culpa do responsável é que se aplica. De
resto remete para os limites máximos do 508º, sendo suscetíveis de adaptação ou
extensão a casos especiais.