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Descontinuidade material

*Gomes Canotilho-P.145*
“ De descontinuidade formal e material fala-se, por vezes, quando, além da verificação
de uma ruptura formal (descontinuidade formal) se verifica uma «destruição» (C. Schmitt)
do
antigo poder constituinte, alicerçado num título de legitimidade substancialmente diferente
do
anterior. (...)
De descontinuidade material e formal pode ainda falar-se quando, não obstante se
assistir à manifestação de um poder constituinte que reivindica o mesmo título de
legitimidade
do anterior, se verifica uma «ruptura formal» (descontinuidade) e uma «ruptura
consciente»
com o passado no plano dos princípios políticos constitucionalmente estruturantes. Servirá
de
exemplo a ruptura formal e material operada pela Revolução de 25 de Abril de 1974
relativamente à ordem constitucional de 1933: destruiu-se a Constituição de 1933
(descontinuidade formal) e o novo poder constituinte assenta num título de legitimidade
democrática (expressa no e pelo pluralismo de forças constituintes representadas na AC)
diferente do título de pretensa legitimidade democrática em que assentava a Constituição
de
1933 (expresso na aprovação plebiscitária do mesmo texto constitucional). Além disso, as
propostas de uma «ordem justa» obdecem, na Constituição de 1976, a princípios
estruturantes

radicalmente antagónicos dos da Constituição do «Estado Novo» (ordem corporativo-


autoritária em 1933 e ordem democrática em 1976).”

Os sistemas
Não há sistemas perfeitos, cada um pode funcionar melhor ou pior consoante as
circunstâncias, apesar do sistema ser sempre o mesmo, pois nunca se passa de um sistema
para o outro sem uma revisão constitucional, apenas existem algumas alterações entre os
sistemas.
Parlamentarismo
O parlamentarismo pode funcionar muito bem se os cidadãos votarem de modo a
eleger um partido maioritário, pois o PM e a maioria do parlamento estão em harmonia.
Pode,
no entanto, haver pouco controlo do Gov. pois a maioria converge com os interesses do
Gov.
relativamente à oposição esta tem uma actividade muito reduzida, pois só pode apontar as
falhas ao governo e esperar pelas eleições.
Quando o sistema parlamentar funciona de forma muito estável, como acontece em
Inglaterra, diz-se que estamos perante um sistema parlamentar de gabinete, pois é um
sistema
parlamentar com grande estabilidade governativa devido ao governo.
Mas também pode correr muito mal. Se existir um grande espectro de forças políticas
nas eleições, os votos não serão suficientes para formar maioria, logo o partido mais votado
não tem maioria no parlamento e por isso pode haver episódios de grande instabilidade

Sofia Reyes- UCP- DC- Profo Tiago Duarte

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governativa, pois a oposição pode apresentar várias moções de censura, fazendo cair
múltiplos governos.
Temos, portanto, um parlamentarismo com grande instabilidade governativa, ou seja,
um parlamentarismo de assembleia, pois o centro do poder está na assembleia, como
aconteceu na 1a República e mais recentemente em Itália.
Logo podemos afirmar que o parlamentarismo pode correr melhor ou pior consoante o
resultado das eleições legislativas. Como se percebeu desta instabilidade dos sistemas
parlamentares, alguns países fizeram algumas “afinações” ao sistema o que implica a
alteração da constituição. É o caso dos países de sistemas parlamentares racionalizados,
como
a Alemanha.

Sistemas parlamentares racionalizados (mecanismos constitucionais para evitar


Gov. frágeis, os fortalecendo com a sua estabilidade)
o Alemanha:
 Gov. é responsável perante o Parlamento;
 Chefe de Estado não tem grandes poderes, pois é eleito por duas câmaras
parlamentares;
 Medidas caracterizadoras da Alemanha como um sistema parlamentar
racionalizado (Medidas racionalizadoras de um sistema parlamentar3
):

Cláusula barreira/barreira dos 5%:


introdução de uma cláusula que diz que os partidos que tiverem nas
eleições menos de 5% dos votos não têm direito a qualquer mandato no
parlamento - esta cláusula é um limite ao funcionamento da
democracia, mas esse limite é feito para proteger a estabilidade da
democracia, pois os partidos que não elegem mandatos não apoiariam
um governo, visto que nesse dia deixariam de ser um partido de
protesto e como tal os eleitores que votavam neles paravam de votar
neles. A democracia também não pode viver apenas de protesto, de
desconstrução tem de viver de construção, de governo. Por outro lado,
os partidos maiores ganham mais deputados e os partidos pequenos
perdem voto útil, pois os cidadãos irão votar mais facilmente num
partido maior.
moção de censura construtiva: quando os deputados vão aprovar uma
moção de censura estes têm de votar:
na exoneração do governo atual.
num projeto de governo que é apresentado como uma alternativa
ao governo vigente.
pretende o limite do abuso das moções de censura.

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