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1. Conceito de obrigação
VIOLAÇÃO DO CONTRATO
A obrigação precisa ter conteúdo econômico para que seja uma obrigação civil?
doutrina clássica – sim
doutrina mais avançada – não precisa – devolver uma carta, fazer referência bibliográfica.
a) Teoria monista ou unitária - teoria clássica, a mais antiga. há um vínculo entre credor e
devedor – débito.
b) Obrigação natural
gera débito, mas não gera responsabilidade civil. Há schuld, mas não há haftung.
não pode ser cobrada em juízo.
A pessoa deve, tem obrigação de pagar – mas não pode ser cobrada em juízo.
Se o devedor pagar a obrigação prescrita, ele pode querer receber o dinheiro de volta?
Não - Quem paga espontaneamente não tem direito à repetição do indébito - fenômeno da
soluti retentio (a retenção do que foi solvido).
Não cabe ação de repetição de indébito. Indébito é aquilo que não é débito, aquilo que não
é devido, e no caso aqui tem débito.
Nenhuma dívida de jogo pode ser cobrada em juízo? Qual é a orientação do STJ sobre o tema?
STJ - se a dívida de jogo está relacionada a um jogo regulamentado por lei, pelo Estado,
ela caracteriza uma obrigação civil. Ou seja, ela pode ser cobrada em juízo.
Já o débito referente a jogo do bicho, por não ser regulamentado, não ser autorizado por lei, será
considerado obrigação natural.
c) Obrigação moral
fruto de nossa consciência - não gera débito nem responsabilidade.
A obrigação moral não tem débito. Pode-se pedir de volta o que já se pagou?
Se a obrigação moral for cumprida espontaneamente, não poderá ser cobrada de volta,
pois o seu cumprimento caracteriza um ato de liberalidade (doação).
Em regra, as doações são irrevogáveis.
Mas há duas exceções. As doações são revogáveis quando há:
i. descumprimento do encargo
ii. ingratidão
a) Coisa diversa - “Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da
que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”
E se o comprador aceitar A MAIS VALIOSA OU DE NATUREZA DISTINTA? ocorrerá a
dação em pagamento
Primeiro se paga o preço ou se entrega a coisa? paga o preço - “Art. 491. Não
sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço. É possível convencionar em sentido contrário
c) Cômodos obrigacionais - Entre a formação do contrato e o momento do cumprimento, a
coisa é transformada. gera uma valorização.
Concentração
No silêncio do negócio jurídico, a escolha competirá ao devedor.
“Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.”
Uma vez realizada a concentração (a escolha), a obrigação plural se transforma e passa a ser
uma obrigação simples.
A concentração é um ato irrevogável e muda a natureza da obrigação. Realizada a concentração,
a obrigação plural se transforma em uma obrigação simples.
Na obrigação de dar coisa incerta, quando realizada a escolha, se ela não for contestada, a
obrigação se transforma em obrigação de dar coisa certa.
A concentração transforma a obrigação. A escolha na obrigação de dar coisa incerta transforma a
obrigação em obrigação de dar coisa certa. A escolha na obrigação alternativa transforma a
obrigação em simples.
Após a concentração, não há mais obrigação alternativa, e são seguidas as regras da obrigação
simples.
A concentração (escolha) pode ser:
i. Escolha in solutione - A escolha in solutione é feita pelo devedor, que é quem solve. Solver é
pagar. é a regra.
Se o devedor falecer antes de realizar a concentração, ela passará aos seus herdeiros.
Se o devedor não realizar a escolha dentro do prazo (pode ser o prazo previsto no contrato,
previsto na lei, determinado pelo juiz), a escolha passa a ser do credor. Deixa de ser uma escolha
in solutione e passa a ser uma escolha in petitione.
ii. Escolha in petitione - é aquela realizada pelo credor, que é quem pede, quem cobra. é uma
exceção.
Se a escolha competir ao credor e ele falecer antes da concentração, a escolha será realizada
pelos seus herdeiros.
Se o credor não realizar a escolha no prazo (prazo previsto no contrato, previsto na lei ou
determinado pelo juiz), a escolha passa a ser do devedor.
Mas a escolha não vai e volta várias vezes entre credor e devedor. Se isso acontece, ninguém
está interessado em cumprir a obrigação ou em cobrá-la. A inversão pode ser feita apenas uma
vez, do credor para o devedor, ou do devedor para o credor.
Principais regras da obrigação alternativa
a) Fracionamento do pagamento - Em regra, o devedor não pode forçar o credor a receber
parte de uma prestação e parte da outra prestação.
Há duas exceções:
i. o credor pode aceitar o fracionamento do pagamento, recebendo 0,5kg de arroz e 0,5kg de
feijão
ii. quando houver prestações periódicas: é a hipótese em que o devedor deve cumprir a
obrigação alternativa a cada período de tempo. A cada período de tempo pode ser escolhida
uma nova prestação
Exemplo: o devedor deve entregar a prestação de arroz ou feijão mensalmente. A cada mês
ele pode escolher entregar uma prestação. Em um mês ele pode escolher entregar arroz e no
mês seguinte ele pode escolher entregar feijão.
Alguns autores chamam isso de balanceamento da concentração.
“§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
exercida em cada período.”
b) Princípio do meio-termo/da qualidade média - Em regra, o princípio do meio-termo ou da
qualidade média não é aplicável às obrigações alternativas.
Assim, o devedor pode entregar tanto o Fusca, quanto o Jetta, quanto a Ferrari. Essa escolha
na obrigação alternativa é livre.
Excepcionalmente, haverá incidência do princípio do meio-termo ou da qualidade média caso
o conteúdo da obrigação alternativa revele obrigação de dar coisa incerta. No fundo, o
princípio do meio-termo não se aplica às obrigações alternativas, mas sim às obrigações de
dar coisa incerta. O princípio só incide quando se mistura as duas classificações distintas.
b) Prestação indivisível
A prestação indivisível não pode ser fracionada.
Tipos de indivisibilidade
Há três tipos de indivisibilidade:
i. Indivisibilidade natural
Na indivisibilidade natural, a coisa não pode ser fracionada, para não perder
consideravelmente o seu valor, não perder a sua utilidade ou não alterar a sua substância.
“Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato
não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a
razão determinante do negócio jurídico.”
ii. Indivisibilidade convencional
A indivisibilidade convencional pode ser convencionada em contrato de compra e venda, em
uma doação etc. Pode-se instituir cláusula de indivisibilidade sobre a herança em um
testamento, por exemplo. O pai afirma que a fazenda será de ambos os filhos e a grava com
cláusula de indivisibilidade. Há o limite temporal de 5 anos.
Quando os irmãos convencionam entre si, podem renovar a indivisibilidade sucessivas vezes.
Quando o doador doou algo, o donatário pode renovar a indivisibilidade. O herdeiro também
pode renovar a indivisibilidade.
iii. Indivisibilidade legal
A indivisibilidade legal é aquela imposta por lei.
Exemplo: há uma fração mínima em cada cidade sobre o que pode ser um lote urbano. Cada
cidade tem sua lei.
Se não tiver lei, aplica-se a metragem mínima de 125m2 segundo a Lei do Parcelamento do
Solo Urbano
“Art. 4º Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:(...)
II - os lotes terão área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e
frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando o loteamento se destinar a
urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social,
previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes”
Também há uma metragem mínima na área rural, determinada por padrões estabelecidos
pelo INCRA. Outro exemplo de indivisibilidade legal: as servidões (o direito real de fruição
sobre coisa alheia) são inalienáveis por força de lei.
“Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos
imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a
gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se
aplicarem a certa parte de um ou de outro.”
A obrigação indivisível mais cobrada em provas é aquela decorrente da indivisibilidade natural.
Como se dá a solução da obrigação se a prestação for indivisível?
Cada credor/devedor poderá cobrar/ser cobrado da totalidade da prestação.
Exemplo de pluralidade de devedores: A é credor de B e de C por um touro reprodutor. A
ajuíza ação contra C.
Quanto A pode cobrar? A totalidade. Não se pode matar o touro reprodutor para entregá-lo.
O devedor que for obrigado a cumprir sozinho a prestação terá direito de regresso em face
dos demais devedores. Assim, C tem direito de regresso em face de B.
Se o touro custou R$ 1 milhão para C, C pode cobrar de B o valor de R$ 500 mil.
Se o touro já era de B e de C e já estava na fazenda de C, e C o entregou para A, C arcou
sozinho com a obrigação?
Não. Tanto B quanto C cumpriram a obrigação, porque o touro era da propriedade de ambos.
Nesse caso, não há direito de regresso.
Outro exemplo: se A é credor de B e C por dois touros, a prestação é divisível, embora os
bens sejam indivisíveis (porque se dividir o touro ele irá morrer, e não terá mais valor). Nesse
caso, A pode cobrar de C um touro, e de B um touro.
Exemplo de pluralidade de credores: X e Y são os credores de Z por um touro. Y ajuíza ação
contra Z. Quanto Y pode cobrar? A totalidade. Pode cobrar um touro. Assim, Y tem a
obrigação de indenizar X.
No exemplo inverso, em que há pluralidade de credores, se apenas um dos credores receber
a totalidade da prestação, ele depois deverá indenizar os demais credores proporcionalmente.
Se o touro valia R$ 1 milhão, Y deve indenizar X em R$ 500 mil.