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Direito Civil III

Teoria Geral das Obrigações


1 –Teoria Geral das Obrigações: delimitação.
1.1 Conceituação
Conceito: o direito das obrigações é o conjunto de
normas que disciplina a relação jurídica patrimonial entre
credor e devedor, impondo a este último uma prestação
de dar, fazer ou não-fazer.
O direito das obrigações regula a relação jurídica
existente entre o sujeito ativo (credor – titular do crédito)
e o sujeito passivo (devedor). O direito das obrigações é
uma relação horizontal. É diferente da relação dos
direitos reais, pois o direitos das coisas disciplina uma
relação jurídica vertical (sujeito e objeto) a relação
jurídica vertical tem como característica a tipicidade, ou
Já o direito das obrigações não tem relação jurídica com
caráter típico. Todavia, existe um tipo de obrigação de
natureza híbrida, ou seja, trata-se de uma relação
jurídica com característica pessoal e real: obrigação
“Propter Rem” ou “Ob Rem”.
Obrigação “Propter Rem” ou “Ob Rem,”
conceitualmente, trata-se de uma obrigacão que se une
a uma coisa acompanhando-a obrigação + real).
Exemplo: pagamento de taxa de condomínio: não
importa quem venha a ser o proprietário do imóvel que
tera a obrigacão de pagar a taxa de condomínio,
vincula-se a coisa, não importa de quem seja o dono. A
obrigação “Propter Rem” ou “Ob Rem” tem que está
prevista em LEI.
Entretanto, não se pode confundir obrigação “Propter Rem”
com obrigação de eficácia real.
 A obrigação de eficácia real traduz uma prestação com
oponibilidade erga omnes.
(vg. locacão registrada no cartório de imóveis para evitar
despejo no caso do proprietário desejar vender o imóvel-
art. 8º da Lei 8245/91).
1.2. Considerações terminológicas:
A palavra obrigação pode ter 2 sentidos.
No sentido estrito, obrigação significa dever, dever
jurídico.
Num sentido amplo, obrigação traduz a própria
relação jurídica obrigacional que vincula credor e
devedor.
Existem outras terminologias:
Obligatio (Latim) – Haftung (alemão): significa
responsabilidade
Debitum - Schuld: significa débito, dever.
Em geral o devedor tem Haftung e o Schuld.
Pode acontecer de o devedor ter o débito e outra
pessoa ter assumido a responsabilidade (fiador – que
1.3. Estrutura da relação obrigacional
 Elemento ideal.
 Elemento subjetivo.
 Elemento objetivo.
Para a melhor doutrina o fato que cria, constitui a
relação obrigacional não integra a sua estrutura.
Como toda e qualquer relacão jurídica a relação
obrigacional nasce de um fato jurídico. A fonte da
obrigação o fato jurídico que faz nascer a relação
obrigacional. A fonte da obrigação cria a relação
obrigacional.
Estrutura da relação obrigacional.

A) Elemento ideal. O elemento ideal, também chamado


por alguns autores por elemento espiritual e o vínculo
abstrato que une o credor ao devedor.

B) Elemento subjetivo. O elemento subjetivo são os


sujeitos da relação obrigacional (credor e o devedor).
Estes sujeitos que compõe a relação obrigacional devem
ser determinados ou ao menos determináveis. Ex:
empregado e empregador (qualificação dos sujeitos).
A indeterminabilidade dos sujeitos na relação
obrigacional é sempre relativa. Ou seja, a
indeterminabilidade do sujeito e temporária, mas é
possível.

Credor determinável.
Exs: título ao portador, temos um credor
indeterminável, ainda que temporário.
Acontece também na promessa de recompensa em que
o credor e indeterminável.
No caso da obrigação propter rem, obrigação de pagar
a taxa de condomínio, nessa obrigação também ha uma
margem de indeterminabilidade do devedor.
C) Elemento objetivo.
Elemento objetivo (coração da relação obrigacional) e a
prestação.
A prestação e o núcleo da relação obrigacional, a
prestação e o objeto da relação obrigacional. E o elemento
principal, objeto direto e imediato da obrigação.
A prestação e a atividade do devedor satisfativa do
direito do credor (pode ser: prestação de dar, fazer, não -
fazer).
Para que a prestação seja perfeita ela deve ser:
C1) Licíta;
C2) Possível;
C3) Determinada ou ao menos determinável.
1.4. A fonte da obrigação será:
1. Ato negocial (contratos);
2. Ato não-negocial;
3. Ato ilícito.
A classificação clássica de Gaio não pode ser
esquecida (esta classificação não e mais usada, mas
tem que ser referida na prova). Segundo Gaio (Direito
Romano) e fonte do direito obrigacional:
1. Contrato;
2. Quase-contrato;
3. Delito (delito doloso);
4. Quase – delito (delito culposo).
Atenção: A patrimonialidade é característica essencial da
prestação?
Tradicionalmente a patrimonialidade e característica da
prestação, mas excepcionalmente é desprovida dessa
característica (o Código de Portugal em seu art. 398 é um
exemplo de prestação sem característica patrimonial).
No Brasil e adotada a patrimonialidade como característica da
prestação.
A doutrina mais clássica costuma dizer que a
patrimonialidade é uma característica da prestação.
· No entanto existem prestações de obrigações que são
desprovidas da patrimonialidade.
Ex: Autor da herança ao fazer o testamento estabeleceu que os
sucessores teriam a obrigação de cremá-lo. Neste caso não há
patrimonialidade, mas sim uma prestação.
Interferência do princípio da eticidade (boa-fé objetiva) na
relação obrigacional.
Institutos que evitam abuso de direito:
Duty to mitigate (aplicado no direito americano): significa o
dever de mitigar. Sobre o influxo do principio da boa-fé na
relação obrigacional impõe-se ao credor o dever de mitigar o
dano, sob pena de perda da indenização correspondente. Ex: o
professor bateu no carro do outro professor. Do ato ilícito surge a
relação obrigacional. O credor poderia ter atuado para minimizar
o dano ele vai e se omite. Bate no pára-choque e deixa o carro
explodir por não ter usado um extintor de incêndio.
Droit de suite (aplicado no direito Francês): significa o direito de
sequência. O direito de sequência reconhece ao artista plástico e
seus sucessores um crédito (participação) no aumento do preço
nas sucessivas revendas da obra de arte.
Ver Art. 187 CC.
2. Classificação das obrigações.
2.1. Classificação básica, quanto ao objeto.
2.1.1. Obrigações de dar.
2.1.1.1. Obrigação de dar coisa certa.
2.1.1.2. Obrigação de dar coisa incerta.
2.1.2 Obrigação de fazer.
2.1.3. Obrigação de não fazer.
 Classificação quanto aos elementos.
 Obrigação Simples x Obrigação Composta.
2.2. Classificação quanto ao elemento objetivo.
2.2.2. Obrigações cumulativas ou conjuntas.
2.2.3. Obrigações alternativas ou disjuntivas.
2.2.4. Obrigações facultativas.
2.3. Classificação quanto ao elemento subjetivo.
2.3.1. Obrigações fracionárias.
2.3.2. Obrigações solidárias.
2.3.2.1. Solidariedade ativa.
2.3.2.2. Solidariedade passiva.
2.3.2.3. Subsidiariedade.
 Outras modalidades de obrigação.
 2.4. Quanto à divisibilidade.
2.4.1. Divisível.
2.4.2. Indivisível.
 2.5. Quanto ao conteúdo.
2.5.1. De resultado.
2.5.2. De meio.
2.5.3. De garantia.
 2.6. Quanto aos elementos acidentais.
2.6.1. Pura e simples.
2.6.2. Condicional.
2.6.3. A termo.
2.6.4. Modal (encargo).
 2.7. Quanto à independência.
2.7.1. Principal.
2.7.2. Acessória.
 2.8. Quanto à liquidez.
2.8.1. Líquida.
2.8.2. Ilíquida.
 2.9. Quanto ao momento para o cumprimento.
2.9.1. Instantânea.
2.9.2. Fracionada.
2.9.3. Diferida.
2.9.4. Trato sucessivo.
2.1. Classificação básica.

2.1.1. Obrigação de dar.

2.1.1.1. Obrigação de dar coisa certa (art. 233 a 242).


Em obrigações “dar” pode significar transferir
propriedade, como também pode significar “entregar a
posse”, como também pode significar “restituir a posse
e a propriedade” A obrigação de “dar” significa
prestação de coisas em qualquer desses sentidos.
Obrigação de dar coisa certa significa a obrigação de
dar coisa determinada, especificada.
O Código Civil inicia o livro das obrigações com a
disciplina das obrigações de dar coisa certa.

A obrigação de dar coisa certa obriga o devedor a:

DAR (a coisa) = transferir a propriedade da coisa;


ENTREGAR = transferir a posse ou detenção da
coisa; e
RESTITUIR = recuperar a posse ou detenção as coisa
que foi entregue ao devedor.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
 Significa que na obrigação de dar coisa certa a regra é que
o acessório segue o principal (acessorium sequitur
principale). Ex: Venda de vaca prenha, o bezerro vai com a
vaca (principal).
Não abrange os cômodos, que são vantagens produzidas
pela coisa. Ex: a vaca antes da entrega deu cria. Surgem
duas opções:
a) devedor entrega o filhote, exigindo o aumento do preço.
b) credor não aceita pagar o aumento, extinguindo-se a
obrigação.
A partir do art. 234 o codificador regulou a
responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
na obrigação de dar coisa certa.
Perecimento: perda ou destruição total.
Deterioração: perda ou destruição parcial.
Se a perda ou a deterioração da coisa resultar de caso
fortuito ou força maior, quem responde?
Em caso de perda ou deterioração da coisa por caso
fortuito ou forca maior, regra geral, a coisa perece para
o DONO (Res Perit Domin – a coisa perece para o
dono).
Efeitos:
A) Antes da tradição (ver art. 238 CC).
A1) Perecimento (destruição total)
Sem culpa do devedor (Art. 234) - a obrigação fica resolvida o
prejuízo e sofrido pelo dono. Caso já pago – devolução do valor
já pago c/ corr. Monetária.
Com culpa do devedor (art. 239) - valor da coisa (equivalente
em dinheiro), mais perdas e danos.
A2) Deterioração (destruição parcial).
Sem culpa do devedor – pode, o credor resolver a obrigação ou
então aceitar a coisa com abatimento do preço da coisa, 235.
Com culpa do devedor – o credor pode extinguir a obrigação
recebendo a coisa no estado em que se encontra mais perdas e
danos ou exigir o valor equivalente à coisa mais perdas e danos.
B) Depois da tradição – o prejuízo será suportado pelo dono,
salvo se ocorrido fraude ou vício rebiditório.
Efeitos:
A) Antes da tradição (ver art. 238 CC).
A1) Perecimento sem culpa do devedor.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente
a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para
ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
 Se a coisa se perde antes da tradição (a tradição e que opera
a transferência da propriedade) quem suporta a perda no caso
de caso fortuito e forca maior, a obrigação fica resolvida o
prejuízo e sofrido pelo dono.
Caso já pago – devolução do valor já pago c/ corr. monetária.
Tradição – bens móveis. Registro – bens imóveis.
A2) Perecimento com culpa do devedor.
Art. 239 CC. Na obrigação de restituir, se a coisa se
perder POR CULPA DO DEVEDOR, responderá este
pelo valor da coisa (equivalente em dinheiro), mais
perdas e danos.
Ex: no caso do aluguel, caso o locatário seja
responsável pelo incêndio que causou a perda total do
apartamento, diga-se provado o seu dolo ou a sua
culpa, o locador poderá pleitear o valor
correspondente ao bem, sem prejuízo das perdas e
danos.
ATENÇÃO: se o devedor estiver em mora de restituir
a coisa, arcará com as perdas e danos mesmo não
tendo culpa no perecimento e mesmo que a perda
Deterioração:
A3) Deterioração sem culpa do devedor.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor
culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar
a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

Deteriorada a coisa, sem culpa, não cabe perdas e danos.


Deteriorada a coisa, sem culpa do devedor, poderá o
credor resolver a obrigação ou então aceita a coisa com
abatimento do preço da coisa.
(Art. 240, primeira parte):
Havendo deterioração SEM CULPA DO
DEVEDOR, na obrigação de restituir, o credor
somente pode exigir a coisa no estado em que se
encontrava, sem direito a qualquer indenização.
Ex: se na locação o imóvel for destruído
parcialmente por uma enchente, o credor (locador)
somente poderá pleitear a coisa, no estado em que
se encontrar.
A4) Deterioração com culpa do devedor.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir
o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se
acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos.

Culpa na deterioração da coisa, o credor exige o


equivalente do que ele pagou ou a coisa, em qualquer dos
casos tendo direito de perdas e danos.
O princípio fundamental do direito obrigacional, no que
tange à responsabilidade pela coisa nas obrigações de dar é
no sentido de que, havendo culpa, conseqüentemente
haverá a obrigação de pagar perdas e danos (regra geral).
Nos termos do art. 313 do CC, o credor não esta obrigado
a receber prestação diversa, mesmo que seja mais valiosa.
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

Ainda que a prestação seja divisível a regra geral é no


sentido de que o credor não deve receber por partes (art.
314 do CC).
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto
prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a
receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não
se ajustou.
(Art. 237): Até a tradição pertence ao devedor a
coisa, com seus melhoramentos e acrescidos, pelos
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor
não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Como melhoramentos devem ser incluídos os frutos,
bens acessórios que são retirados do principal sem lhe
diminuir a quantidade.

Regra: os frutos percebidos e já colhidos, pertencem


ao devedor, enquanto que os pendentes (ainda não
colhidos), ao credor.
(Art. 241): Se sobrevier melhoramento ou acréscimo à
coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, o credor as
lucrará, ficando desobrigado ao pagamento de indenização.
Como exposto, a coisa perece para o dono, pelos mesmos
fundamentos, lidos em sentido contrário, havendo
melhoramentos, essas vantagens também serão acrescidas
ao patrimônio do proprietário da coisa, no caso o credor da
obrigação.

(Art. 242): se para o melhoramento empregou o devedor


trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas do
CC atinentes ás benfeitorias realizadas pelo possuidor de
boa ou má fé, (ART. 1219 e 1222CC).
Parágrafo único Art. 242: Com relação ao frutos
percebidos, aqueles que já foram colhidos pelo
proprietário, no caso o devedor, deverão ser
observadas as regras constantes nos arts. 1214 e 1216
CC. Se o devedor possuir de boa fé, terá direito aos
frutos. Porém se o possuidor tiver agido de má-fé,
não haverá qualquer direito, além de responder por
todos os frutos colhidos e percebidos, bem como por
aqueles que, por culpa sua, deixou de perceber (art.
1.216CC).
b) Após a tradição.
A coisa já pertence ao credor. Se ela se perder, o
prejuízo será suportado pelo credor (comprador),
salvo se tiver ocorrido negligência ou fraude do
vendedor.
Ex: venda de animal doente, sabendo deste fato.
A obrigação de restituir se equipara à obrigação de
dar coisa certa. Ex: locatário deve devolver coisa ao
término do contrato.
Sem culpa – credor sofrerá com a perda da coisa.
2.1.1.2. Obrigação de dar coisa incerta (243 a 246).
Coisa certa = especificada x Coisa incerta = generalizada.
Temporária.
A Coisa incerta não perece. Artigo 246 CC.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo
gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela
quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário
não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar
a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
A escolha, também chamada de concentração do débito,
deve ser feita pela média. Não dá a pior nem, deve dar a
melhor (bom senso) Na lide será a critério do juiz.
Vale lembrar nos termos do art. 246 do CC, que o
legislador firmou o princípio de que o gênero não perece
em relação a obrigação de dar coisa incerta.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar
perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior
ou caso fortuito.
O gênero não perece.
Ex: Obrigação de dar 10 sacas de arroz. Falta a qualidade
da coisa. Mesmo com o caso fortuito ou força maior o
gênero não perece (arroz).
Antes da escolha, o art. 246 do CC impede que o devedor
descumpra a obrigação por caso fortuito ou força maior,
sob o argumento de que o gênero é imperecível.
Obrigações de dar dinheiro (obrigações pecuniárias).

Merece atenção a obrigação de dar certa quantia em


dinheiro (obrigações pecuniárias).
(Art. 947 CC): Se o devedor não puder cumprir a prestação
na espécie ajustada, substituir-se-á pelo valor, em moeda
corrente.
As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento,
em moeda concorrente e pelo valor nominal! → Princípio
do nominalismo, que regula as dívidas de valor!
Deve-se observar o valor nominal! Que é aquele que lhe
atribui o Estado no ato de emissão ou cunhagem.
2.1.2 Obrigação de fazer.

Conceito: a obrigação de fazer traduz a prestação de


um fato pelo devedor. O que importa é a própria
atividade do devedor. A obrigação de fazer pode ser
personalíssima ou não – personalíssima.
Personalíssima (qualidades pessoais); não –
personalíssimas (reparo de uma antena, não importa
quem faz a obrigação de fazer, pois a obrigação é
fungível, substituível).
Exemplos típicos: contrato de serviço e contrato de
empreitada de obra certa.
Impossibilidade ou recusa do devedor 
a) Sem culpa do devedor.

Caso fortuito ou força maior.


Art. 248 do CC: Se a prestação do fato tornar-se
impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação;se por culpa dele, responderá por perdas e
danos.

Se não tiver culpa, a obrigação resolve-se, sem


indenização.
Por culpa, responde por perdas e danos.
b) Com culpa do devedor.

b1) Infungível ou personalíssima (intuitu personae).


Art. 247 do CC: Incorre na obrigação de indenizar
perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele
só imposta, ou só por ele exeqüível.
Descumprimento culposo pelo devedor resulta no
pagamento de perdas e danos à obrigação só a ele
imposta.

Execução específica da obrigação. Não o fazendo,


impõe-se uma multa periódica (astreinte).
Perdas e danos – obrigação de fazer.
Astreinte – 461 CPC – forma de coerção.
Preceitos cominatórios. Há caso em que o credor em
vez de pedir perdas e danos pode pedir multa diária
para que o devedor realize a sua obrigação. Fixação de
multa cominatória para obrigar devedor a cumprir a
sua obrigação de fazer que não se realizou por culpa
do devedor (tutela específica).
Por falta de previsão legal, não se aplica às obrigações
de dar coisa incerta, de pagar quantia em dinheiro e de
restituir dívida em dinheiro.
b2) Obr. de Fazer Fungível ou impessoal.
O credor esta interessado tão somente no resultado.
Despesas + perdas e danos.
Art. 249 do CC Se o fato puder ser executado por terceiro,
será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou
mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Quando houver urgência, a autorização do juiz é dispensável!
Silvio Venosa, por exemplo diz que é um exemplo de auto
tutela.
2.1.3. Obrigação de não - fazer.

Conceito: A obrigação de não – fazer tem por objeto a


abstenção de um fato (obrigação negativa).
Ex: Obrigação de não concorrência; construtora que deixa
de construir um prédio na frente do outro para que o
primeiro construído não perdesse a vista para o mar; a
servidão pode traduzir uma obrigação de não – fazer.
Pode-se buscar base normativa para as obrigações de não
– fazer com fundamento no princípio da boa-fé objetiva.
A obrigação de não – fazer pode ser temporária. Ex:
Obrigação de não concorrência por 5 anos.
Art. 250 do CC Extingue-se a obrigação de não fazer,
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.

Ex.: Alguém se obrigou perante ao vizinho a não


realizar uma determinada obra. Acontece que a
prefeitura notificou o devedor para que fizesse uma
construção. (fato do Príncipe) Nesse caso a obrigação
se extingue sem perdas e danos.
Art. 251 do CC Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção
se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

Nesse caso, o devedor culposamente descumpriu a obrigação


de não - fazer. Assim, o devedor é inadimplente e será
responsabilizado por isso. O credor pode obrigar que se
desfaça.
Se houver urgência [caso de auto tutela] o credor pode desfazer
o que foi realizado, sem autorização do juiz.
 Questionário...
 Responda com suas próprias palavras:
 1 – O que significa ter um direito? O que é uma obrigação?
 2 – Quais os elementos da obrigação. Fundamente cada um.
 3 – Responda o que consiste uma obrigação de dar coisa certa e
como podemos diferenciá-la de uma obrigação de dar coisa
incerta.
 4 – O que podemos entender por uma obrigação de fazer? Cite
exemplos.
 5 – O que podemos entender por uma obrigação de não fazer?
Cite exemplos.
 6 – Como podemos observar a responsabilidade do devedor na
deterioração antes da restituição de coisa certa?
 7 – Como podemos observar a responsabilidade do devedor no
perecimento antes da restituição de coisa certa?
Classificação quanto aos elementos.
Além da classificação básica da prestação
(dar/fazer/não fazer) temos também outras
modalidades de prestação. As espécies apontadas serão
estudadas e classificadas estritamente segundo o seu
objeto, independentemente dos sujeitos da relação.
Obrigação Simples x Obrigação Composta.
Na primeira a obrigação recai somente sobre uma
coisa (certa ou incerta) ou um ato (fazer ou não fazer),
destinando-se a produzir um único efeito (facultativa).
Já na segunda, apresenta-se uma pluralidade de objetos
(cumulativa ou alternativa) e de sujeitos (solidária).
2.2. Classificação quanto ao elemento objetivo.
(Prestação)

2.2.1. Obrigações cumulativas ou conjuntivas.

 São aquelas que têm por objeto uma pluralidade de


prestações, que devem ser cumpridas conjuntamente.
 É compreendida quando encontramos a expressão ‘e’.
 O devedor só se desonera cumprindo todas as
prestações.
Ex. entregar uma casa ‘E’ certa quantia em dinheiro. O
devedor desobriga-se cumprindo as duas prestações.
2.2.2. Obrigações alternativas ou disjuntivas.

Aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, o


devedor se exonera cumprindo apenas uma. (art. 252 a
256CC).
É compreendida quando encontramos a expressão ‘ou’.
A obrigação alternativa contém objeto múltiplo, ou seja,
o seu objeto são prestações excludentes entre si. A
disciplina das obrigações alternativas se dá a partir do
art. 252 do CC.
Ex: O devedor se obriga à: dar um carro ‘OU’ um barco.
Na obrigação alternativa quem efetua a escolha, em
regra, é a parte mais fraca: o devedor.
Art. 252 do CC. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
devedor, se outra coisa não se estipulou.
§1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.
§2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a
faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo
unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este
assinado para a deliberação.
§4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou
não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver
acordo entre as partes.
Ex: O devedor não pode obrigar o credor receber as rodas do
carro e as velas do barco.
No caso de pluralidade de optantes: acordo unânime, ou o juiz
decidirá.
Regras referentes à impossibilidade total ou parcial
na obrigação alternativa (art. 253 a 256 do CC).
a) sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação (art.
256).
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser
objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.
b) com culpa do devedor:
escolha do devedor: obrigado a pagar o valor da que
por último se impossibilitou (art. 254); ou
escolha do credor: este poderá exigir o valor de
qualquer uma das prestações mais perdas e danos.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder
cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao
credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
valor da que por último se impossibilitou, mais as
perdas e danos que o caso determinar.

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem


impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.
2.2.3. Obrigações facultativas.

Não existe previsão expressa no CC.


É um tipo de obrigação simples.
Ocorre quando o devedor, tendo um único objeto, tem
a faculdade de substituir a prestação devida por outra
de natureza diversa, prevista subsidiariamente.
Ex: O arrendatário de um imóvel rural está obrigado a
pagar o aluguel (obrigação principal), mas ele paga o
credor com os frutos de sua atividade, sacas de soja,
por exemplo.
Qual é a diferença da obrigação alternativa e
obrigação facultativa?

Na obrigação alternativa a obrigação nasce com objetos


múltiplos.
A obrigação facultativa não tem objeto múltiplo,
porquanto o seu objeto é único e simples. Todavia,
faculta-se ao devedor, na oportunidade do pagamento
substituir a prestação devida por outra.
Segundo Orlando Gomes em sua obra Obrigações, Ed.
Forense, o credor não pode exigir do devedor o
cumprimento da prestação facultativa.
2.3. Quanto ao elemento subjetivo (os sujeitos da relação
obrigacional)

2.3.1. Obrigações Fracionárias: pluralidade de


devedores ou credores. Cada um deles responde apenas
por parte da dívida ou tem direito apenas a uma
proporcionalidade do crédito.
Do ponto de vista ideal estas obrigações podem ser
decompostas em tantas obrigações quantos os credores ou
devedores, pois não formam um crédito coletivo (pela
ótica ativa) e sob a ótica passiva, coligam-se tantas
obrigações distintas quanto os devedores, dividindo-se o
cumprimento da prestação entre eles.
Ex1: As dívidas em dinheiro geralmente são
fracionárias. Se A, B e C adquiriram, conjuntamente,
um veículo, obrigando-se a pagar 300, não havendo
estipulação contratual em sentido contrário, cada um
deles responderá por 100.

Ex2: obrigações trabalhistas, decorrentes de uma


relação condominial, em que a norma expressa
estabelece a responsabilidade proporcional de cada um
dos condôminos.
cada credor não poderá exigir mais do que a parte que lhe
corresponde, e cada devedor não está obrigado senão à
fração que lhe cumpre pagar;
para efeitos de prescrição, pagamento de juros moratórios,
anulações ou nulidade da obrigação e cumprimento da
cláusula penal, as obrigações são consideradas autônomas,
não influindo a conduta de um dos sujeitos, em princípio
sobre o direito ou dever dos outros.
pelo fato da SOLIDARIEDADE não se presumir, sendo
decorrente de norma convencional ou legal, a presunção
que militará em qualquer obrigação com pluralidade de
credores e/ou devedores é a de que trata de uma obrigação
fracionária. Essa regra em especial é aplicada para as
obrigações com objeto divisível (o. pecuniárias).
2.3.2. Solidárias: (arts. 264 a 266). A solidariedade
ocorre quando na mesma obrigação, concorre uma
pluralidade de credores ou devedores, cada um com
direito ou obrigado a toda dívida.
a) Solidariedade ativa: (arts. 267 a 274 CC): qualquer dos
credores pode exigir a obrigação por inteiro.
b) Solidariedade passiva: (arts. 275 a 285 CC): a dívida
pode ser paga por qualquer um dos devedores.
Art. 264 CC Há solidariedade, quando na mesma
obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um
devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda.
Obs: Solidariedade não se presume...
Ex: Solidariedade ativa.
A, B e C são credores de D. Nos termos do contrato
(título da obrigação) o devedor deverá pagar a quantia
de R$ 300.000,00, havendo sido estipulado a
solidariedade ativa entre os credores da relação
obrigacional. Assim, qualquer um dos 3 credores: A, B
ou C, poderá exigir toda a dívida de D, ficando, é
claro, aquele que recebeu o pagamento adstrito a
entregar aos demais as suas quotas-partes respectivas.
Mas atenção: se o devedor pagar a qualquer um dos
credores, exonera-se. Nada impede, que dois credores,
ou até mesmo todos os três, cobrem integralmente a
obrigação pactuada.
Ex: Solidariedade passiva. A, B e C são devedores de D.
Nos termos do contrato (título da obrigação) as devedores
encontram-se coobrigados solidariamente (solidariedade
passiva) a pagar ao credor a quantia de R$ 300.000,00.
Assim, o credor poderá exigir de qualquer dos três
devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de
cada um.
Nada impede que o credor demande dois dos devedores ou
até mesmo os 3, conjuntamente.
Note-se que o devedor que pagou toda a dívida terá ação
regressiva contra os demais coobrigados, para haver a
quota-parte de cada um.
Se a obrigação fosse FRACIONÁRIA, o credor só poderia
exigir de cada devedor a sua respectiva cota parte, ou seja,
100.
Art. 265 CC: a solidariedade não se presume nunca,
resultando expressamente da lei ou da vontade das
partes.

Ex. de solidariedade resultante da lei: É o que


acontece com os pais, tutores, curadores, donos de
hotéis, que estão solidariamente responsáveis pelos
causadores de dano (filhos, tutelados, curatelados,
hóspedes, nos termos dos arts. 932 e 942, § único CC).
Características:
Gonçalves (2009, p. 114), elenca as quatro principais
características das obrigações solidárias:
a) Pluralidade de sujeitos ativos ou passivos;
b) Multiplicidade de vínculos: o vínculo que une cada
credor a cada um dos co-devedores solidários, e vice-
versa, é distinto e independente (ver art. 266, CC);
c) Unidade da prestação: cada devedor solidário
responde pelo todo do débito e cada credor pode exigi-lo
por inteiro;
d) Co-responsabilidade dos interessados: o pagamento
de um dos devedores extingue a obrigação dos demais
perante o credor, sendo que aquele que pagou somente
pode reaver dos outros a quota de cada um.
Art. 266 CC determina que a obrigação solidária
quanto à presença de elemento acidental:

Obrigação Solidária Pura ou simples: não contém


encargo, condição ou termo.

Obrigação Solidária Condicional: os efeitos estão


subordinados a evento futuro e incerto (condição).

Obrigação Solidária a termo: os efeitos estão


subordinados a evento futuro e certo (termo).
Sobre o art. 266, CC, Gonçalves (2009, p. 119-120)
comenta que não é incompatível com a natureza jurídica da
obrigação solidária “a possibilidade de estipulá-la como
condicional ou a prazo para um dos co-credores ou co-
devedores, e pura e simples para o outro. Assim, o co-
devedor condicional não pode ser demandado senão depois
da ocorrência do evento futuro e incerto, e o devedor
solidário puro e simples somente poderá reclamar o
reembolso do co-devedor condicional se ocorrer a
condição.”
E segue (p. 121): “havendo implemento da condição, nasce
o direito do credor, retroativamente. Iguala-se, então, a
situação do devedor ou do credor à dos outros co-réus. Se a
condição se frustrar, o devedor será totalmente excluído da
obrigação solidária, reputando-se nunca ter havido
obrigação relativamente a esse co-réu (CC, art. 125).”
2.3.2.1. Solidariedade Ativa:
“qualquer dos credores tem a faculdade de exigir do
devedor a prestação por inteiro, e a prestação efetuada
pelo devedor a qualquer deles libera-o em face de todos
os outros credores”. (art. 267CC)
O devedor pode pagar para qualquer um dos credores,
exonerando-se da obrigação.
Art. 269CC: o pagamento feito pelo devedor a um dos
credores solidários extingue a dívida até o montante que
foi pago.
Ex: Se o devedor D paga parte da dívida para o credor A.
A dívida era de 300, e ele paga 100. O restante (200)
poderá ser cobrado por qualquer credor, até mesmo por
aquele que recebeu 100, ou seja, A.
a) Os principais efeitos da solidariedade ativa são:
Cada credor pode reclamar de qualquer dos devedores
a dívida por inteiro (art. 267);
O devedor ou os devedores não podem pagar
parcialmente a um dos credores, sob alegação de que
há outros, uma vez que a relação interna entre os
credores não lhe(s) diz respeito;
O pagamento feito a um dos credores, assim como a
compensação, novação e remissão de dívida feitas por
um dos credores a qualquer dos devedores extingue a
obrigação (art. 269). O devedor pode satisfazer a
dívida a qualquer um dos credores de forma indistinta;
O credor que recebeu o pagamento ou que tiver remitido
a dívida não pode prejudicar os demais credores, razão
pela qual responderá aos outros pela parte que lhes caiba
(art. 272). Caso um dos credores se torne insolvente, os
demais credores não têm ação alguma contra o devedor,
pois o pagamento feito a um deles extingue a obrigação;
A constituição em mora feita por um dos credores a
todos aproveita;
Qualquer credor poderá propor ação para cobrança do
crédito;
A incapacidade de um dos credores não impede que a
obrigação mantenha o caráter de solidária em relação
aos demais;
Enquanto não cobrada a dívida judicialmente por um dos
credores solidários, o devedor pode pagar a qualquer um
deles, à sua escolha (art. 268);
Havendo cobrança judicial, o devedor só poderá pagar em
juízo, sob pena de ter de pagar duas vezes;
A constituição em mora de um dos credores solidários
pela oferta de pagamento feita pelo devedor comum a
todos prejudica (passam a responder todos conjuntamente
pelos juros, riscos e deteriorações da coisa);
Caso um dos credores solidários falecer, desaparece a
solidariedade para os seus herdeiros, que só poderão
exigir e receber a quota do crédito correspondente ao seu
quinhão hereditário, salvo quando se tratar de obrigação
indivisível (art. 270);
A conversão da prestação em perdas e danos não faz
desaparecer a solidariedade, ou seja, a unidade da
prestação não é comprometida (art. 271);
A relação interna entre os credores (natureza do débito,
quota parte de cada um, etc) é irrelevante para o devedor;
O devedor não pode opor a um dos credores solidários as
defesas pessoais relativas a outro credor (art. 273, CC);
O julgamento contrário a um dos credores solidários não
prejudica os demais, ou seja, não os impede de acionar o
devedor e cobrar o valor integral da dívida;
Já o julgamento favorável aproveita a todos, a menos que
seja fundamentado em exceção pessoal ao credor que o
obteve (art. 274, CC).
2.3.2.2. Solidariedade Passiva: a ocorrência prática da
solidariedade passiva é muito comum.
Em determinada obrigação, concorre uma pluralidade de
devedores, cada um deles obrigado ao pagamento de toda a
dívida. (art. 275CC)
Ex: A, B e C são devedores de D. Nos termos do contrato
os devedores encontram-se solidariamente (sol. Passiva) a
pagar ao credor a quantia de 300. Assim, o credor poderá
exigir de qualquer dos 3 devedores toda a soma devida, e
não apenas um terço de cada um. Nada impede, que o
credor demandante dois dos devedores, ou até mesmo os
três, conjuntamente, cobrando-lhes toda a soma devida ou
parte dela.
O devedor que pagou toda a dívida terá ação regressiva
contra os demais coobrigados, para haver a quota-parte de
cada um.
Art. 276CC: No caso de falecimento de uma dos
devedores solidários, cessa a solidariedade em relação
aos sucessores do de cujos, eis que os herdeiros só serão
responsáveis até os limites da herança e de seus
quinhões correspondentes. Claro que se a obrigação for
indivisível essa regra não se aplica.
Ex: se a dívida for de 300 e se D, um dos 3 devedores
falecer, deixando dois herdeiros, E e F, cada um destes
somente poderá ser cobrado em 50, que é a cota parte de
D.

No entanto se um dos herdeiros estiver com o touro


reprodutor (obrigação indivisível), este deverá entregar o
animal, permanecendo a solidariedade.
Art. 277CC: Tanto o pagamento parcial como o
perdão da dívida (remissão) por ele obtida não tem
efeito aos demais devedores na integralidade da
dívida.

Ex: os demais devedores ainda podem ser cobrados


em 200, se o perdão ou a parcela paga foi de 100.
Art. 278CC: qualquer cláusula, condição ou obrigação
adicional, estipulada entre um dos devedores solidários
e o credor, não poderá agravar a posição dos outros
sem consentimento destes.
POR REGRA, o que for pactuado entre o credor e um
dos devedores solidários não poderá agravar a situação
dos demais. Deve ser respeitado o princípio da
relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio
firmado gera efeito inter partes.

Ex: um acordo celebrado entre o locatário e a


concessionária de água não pode atingir os demais
locatários solidários e o locador.
a) Os principais efeitos da solidariedade passiva são:

Cada devedor está obrigado à integralidade da prestação,


não podendo exonerar-se do pagamento alegando o direito
de divisão da prestação (art. 257, CC);
O devedor solidário que paga tem direito de sub-rogar-se
nos direitos do credor em relação à quota devida pelos
demais devedores. Ou seja, uma vez pago o credor,
desaparece a solidariedade (art. 283, primeira parte, CC);
Se houver um devedor insolvente, a sua quota parte deve
ser rateada entre todos os devedores, inclusive os
remitidos, não podendo o que satisfez a dívida arcar com o
ônus da quota do insolvente. Ver regra dos art. 283,
segunda parte, e art. 284, CC;
Caso o pagamento de um dos devedores solidários alcance a
integralidade da dívida, a obrigação se extingue em relação
aos demais. Caso persista saldo devedor, todos continuam
respondendo solidariamente (art. 275, caput, CC);
O credor, por sua vez, pode escolher, dentre os co-
devedores, aquele de quem pretende cobrar a integralidade
da prestação, sem que isso importe renúncia à solidariedade
(art. 275, parágrafo único, CC);
O pagamento parcial feito por um dos devedores solidários
só aproveita aos demais até o valor da quantia paga (art.
277, CC). Ou seja, “se o credor já recebeu parcialmente a
dívida, não poderá exigir dos demais codevedores a
totalidade, mas apenas abater o que já recebeu.” (VENOSA,
2009, p. 116);
A remissão obtida por um dos devedores solidários
extingue a dívida até a importância perdoada. Na
solidariedade ativa, a remissão concedida por um
credor solidário extingue a obrigação, exonerando o
devedor (art. 272, CC); na solidariedade passiva, a
remissão só exonera na parte correspondente ao valor
remitido (art. 277, CC);
A morte de um dos devedores solidários não extingue a
solidariedade. Na forma do art. 276, CC, cada herdeiro
só responde pelo seu quinhão hereditário, salvo no caso
de ser a prestação indivisível, e todos os herdeiros do
devedor solidário falecido são considerados um só
devedor em relação aos demais;
Não podem os devedores solidários ter sua situação perante
o credor agravada em decorrência de cláusula, condição ou
obrigação adicional estipulada sem o seu consentimento
entre um deles e o credor (art. 278, CC);
Caso a prestação se torne inexeqüível por culpa de um dos
devedores solidários, todos os demais respondem pelo
equivalente em dinheiro, mas as perdas e danos serão
suportadas tão somente pelo devedor culpado (art. 279,
CC).
ATENÇÃO: a obrigação solidária que se converte em
perdas e danos NÃO perde na solidariedade a qualidade de
indivisibilidade, podendo o credor exigir a totalidade do
equivalente à coisa de qualquer um dos devedores
solidários;
Caso o objeto da prestação pereça sem culpa dos
devedores solidários, extingue-se a obrigação;
Todos os devedores solidários respondem pelos juros
de mora, mas o devedor culpado responde perante os
demais pelo que foi acrescido à obrigação (art. 280,
CC);
O credor pode renunciar à solidariedade em favor de
um, alguns ou de todos os devedores solidários,
conforme o art. 282, CC. Os contemplados com a
renúncia da solidariedade continuam devedores, mas
somente da sua quota-parte e não da totalidade do
débito. No entanto, suportam sua parte na insolvência
de seus ex-co-devedores, na forma do art. 283, CC.
O devedor solidário demandado pelo credor em Juízo não
pode opor a ele defesas pessoais do devedor que não foi
demandado. Assim, deve-se limitar a opor as defesas pessoais
próprias e/ou as defesas comuns a todos os devedores
solidários (art. 281, CC). Portanto, tudo o que disser respeito
à própria obrigação pode ser alegado por qualquer devedor
demandado (ex: quitação, ilicitude da obrigação, prescrição,
etc). Já as defesas pessoais só podem ser alegadas pelo
devedor diretamente atingido por essas exceções (ex: devedor
que se obrigou em decorrência de erro – somente ele pode
argüir essa defesa, não os demais devedores, caso sejam
demandados). Em síntese, Venosa (2009, p. 115) afirma que
“as exceções pessoais são meios de defesa que podem ser
opostos por um ou vários dos co-devedores; exceções gerais
são meios de defesa que podem ser opostos por todos os co-
devedores da obrigação solidária”;
b) Impossibilidade da prestação.
Sem culpa dos devedores solidários: extingue-se a
obrigação.
Com culpa dos devedores solidários: Impossibilitando-
se a prestação por culpa de um dos devedores solidários,
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente, mas
pelas perdas e danos só responde o culpado.
Ex: A e B alugam um imóvel de C, os devedores tem uma
débito de aluguel no valor de 100, o locador poderá cobrar
de qualquer um, de acordo coma sua vontade. Mas se B
causou um incêndio no imóvel causando um prejuízo de
300, apenas ele responderá perante o credor, mais o valor
da dívida.
Art. 280CC: todos os devedores respondem pelos
juros moratórios decorrentes do inadimplemento,
mesmo que a ação para a cobrança do valor da
obrigação tenha sido proposta em face de somente um
dos co-devedores.
c) Renúncia à solidariedade pelo credor.

Art. 282CC: O credor pode renunciar à solidariedade em


favor de um, de alguns ou de todos os devedores. A dívida
subsistirá aos demais devedores.
Ex: se A é credor de um dívida de 300, havendo 3
devedores B, C e D,se A renuncia à solidariedade em
relação a B, este estará exonerado da solidariedade, mas
continua sendo responsável por 100. Ele não será mais
cobrado pelo total e sim pelos 100. C e D continuam
solidários na dívida de 200.
2.3.2.3. Subsidiariedade: a expressão subsidiariedade indica
tudo aquilo que “vem em reforço”, “em substituição de”, ou
seja não sendo possível executar o efetivo devedor (sujeito
passivo direto da relação obrigacional) devem ser executados
os demais responsáveis pela dívida contraída.

Por isso que se fala que não existe uma obrigação subsidiária
e sim uma responsabilidade subsidiária. Afinal das contas,
nem sempre quem tem responsabilidade por um débito se
vinculou originariamente a ele por causa de uma relação
jurídica principal, como por exemplo, os fiadores,
responsabilizado acessoriamente pelos arts. 595 e 596 CPC.
Quanto à Natureza do Objeto - divisibilidade.
2.4. Obrigações Divisíveis e Indivisíveis.

 Obrigações divisíveis.
Admitem o cumprimento fracionado ou parcial da
prestação;
Art. 257 CC: Ex: se a obrigação é de dar 100 ou três
sacas de café, a prestação é divisível por excelência.

Obrigações indivisíveis.
Só podem ser cumpridas por inteiro.
Art. 258. CC. Ex: uma coisa semovente.
Art. 258CC: a indivisibilidade poderá ser:

a) natural: decorre da própria natureza da prestação


(entrega de um touro reprodutor);

b) legal: decorre da lei (pequena propriedade agrícola,


módulo rural, é indivisível por força da lei, art. 1386CC);

c) convencional: quando decorre da vontade das partes,


que estipulam a indivisibilidade, no título obrigacional.
Em regra, o pagamento, deverá ser feito sempre em sua
integralidade (art. 314 CC).

As obrigações de dar podem ser divisíveis ou


indivisíveis em razão de seu objeto.
As obrigações de fazer só serão reputadas divisíveis se
a atividade puder ser fracionada (o que não ocorre, por
exemplo, quando contratamos a pintura de um quadro,
mas pode se dar na contratação de alguém para
construir um muro).
As obrigações de não fazer, são em regra indivisíveis.
Vejamos:
Art. 259CC: havendo dois ou mais devedores, cada um
deles estará obrigado pela dívida toda.
Não quer dizer que exista solidariedade entre eles, pois
estamos falando em OBJETO da própria obrigação!
Ex: se A. B e C devem um cavalo, qualquer deles,
demandando, deverá entregar todo o animal. E isso
ocorre não necessariamente por força de um vínculo de
solidariedade passiva, mas sim pelo simples fato de que
não se pode cortar o cavalo em três, para dar apenas um
terço do animal ao credor.
Art. 260CC: pluralidade de credores, o devedor ou
devedores se desobrigará em duas hipóteses:
a) pagando a todos os credores conjuntamente. Exigir
recibo firmado por todos os credores, ou;
b) pagando a um, dando este caução de ratificação dos
outros credores, ou seja, o credor deve apresentar uma
garantia (caução) de que os outros credores ratificam o
pagamento. Esta garantia deverá ser documentada em
documento escrito, datado e assinado pelos outros
credores, com firmas reconhecidas. Pode ser efetuado
por meio de mandato (procuração).
Art. 261CC: recebendo a dívida por inteiro, o credor deverá
passar aos demais, em dinheiro, as partes que lhes caibam.

Art. 262CC: além do pagamento da dívida, está poderá se


extinguir pela remissão, pela transação, novação,
compensação e pela confusão. Trata-se das formas
especiais de pagamento.
Ex: A, B e C são credores de D de um cavalo (obrigação
indivisível). Se A perdoar a dívida, D continuará obrigado a
entregar o animal a B e C, embora tenha o direito de exigir
que se desconte (em dinheiro) a quota do credor que o
perdoou (no caso o valor correspondente a 1/3 do animal).
Art. 263CC: a obrigação que se resolver em perdas e
danos perde a qualidade de indivisível.
Ex: uma obrigação com pluralidade de devedores, se o
animal perecer por culpa de todos eles, responderão
por partes iguais pelas perdas e danos devidas ao
credor. Se, todavia, a culpa for de apenas um somente
este será civilmente responsabilizado. As perdas e
danos, no caso, correspondem à indenização devida
pelo prejuízo causado ao credor em virtude da morte
do animal. Pelo valor da prestação em si, todos
respondem proporcionalmente.
2.5. Quanto ao conteúdo.
Obrigações de meio, de resultado e de garantia:
2.5.1. Obrigação de meio: o devedor pro­mete empregar
seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de
determinado resultado, sem no entanto respon­sabilizar-se
por ele. Ex.: advogados, médicos, etc. (resp. subjetiva);
2.5.2. Obrigação de resultado: o devedor dela se exonera
somente quando o fim prometido é alcançado. Se não
responderá pelos prejuízos do insucesso. Ex.: transportador
– levar o passageiro são e salvo a seu destino, cirurgião
plástico no caso de trabalho de natureza estética. (resp.
objetiva).
2.5.3. Obrigação de garantia: seu conteúdo é a
eliminação de um risco que pesa sobre o credor. Ex: fiança.
Exemplos de obrigações de meio e obrigações de resultado:

Parecer de advogado: obrigação de meio.


Médico-cirurgião plástico estético: obrigação de resultado.
Obs.: Redução de estômago, mama, etc., nem sempre é
cirurgia estética.
Cirurgia de miopia a laser: obrigação de meio.
a) TJ/MG: é obrigação de meio e a indenização só é cabível se
houver piora ou perda da visão (posição majoritária).
b) TJ/SC: é cirurgia/serviço que gera obrigação de resultado.
2.6. Quanto aos elementos acidentais.
2.6.1. Pura e simples: não está sujeita a nenhum outro
elemento acidental.
2.6.2. Condicional: Contém cláusula que subordina seu
efeito a evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva (há
uma expectativa de direito) ou resolutiva (perde a eficácia
quando implementada a condição); casual (acontecimento
natural fortuito) ou potestativa (vontade de uma das partes)
Art. 125 CC.
2.6.3. A termo: contém cláusula que subordina seu efeito a
evento futuro e certo. Pode ser inicial (dies a quo) ou final
(dies ad quem), com data determinada ou indeterminada.
2.6.4. Modal (encargo): contém um encargo, um ônus ao
contemplado pela relação jurídica. Ex.: art. 562 CC.
Quanto à independência.
2.7. Obrigações Principais e Acessórias.

2.7.1. Obrigações Principais: subsistem por si, sem


depender de qualquer outra. Ex.: entregar a coisa, no
contrato de compra e venda;
 2.7.2. Obrigações Acessórias: têm sua existência
subordinada a outra relação jurídica, ou seja, dependem da
obrigação principal, ex.: fiança, juros, cláusula penal etc.
Vale ressaltar que a nulidade da obrigação principal
implica a das obrigações acessórias, mas a recíproca não é
verdadeira, pois a destas não induz a da principal (CC art.
184, 2a parte).
Quanto à liquidez.
2.8. Obrigações Líquidas e Ilíquidas.

Obrigações líquidas é a obrigação certa quanto à sua


existência, e determinada quanto ao seu objeto. A
prestação é certa, individualizada, por exemplo: A se
obriga a entregar ao credor B à quantia de R$ 100,00.
Obrigações ilíquidas são aquelas que carecem de
especificação do seu quantum, para que possam ser
cumpridas. Ex: é muito em reclamações trabalhista no
rito ordinário, ou mesmo em ações indenizatórias por
violação da honra ou da imagem, que a parte não
formule pedido líquido. A mesmo passa a ser líquido
após a sentença judicial (título judicial).
Conceito de liquidação.
Liquere significa estar claro, evidente.
Consiste no conjunto de atos que visam à quantificação
dos valores devidos, por força do comando sentencial
exeqüendo. Consiste na fase preparatória da execução,
em que um ou mais atos são praticados, por uma ou
ambas as partes, com a finalidade de estabelecer o
valor da condenação ou de individualizar o objeto da
obrigação, mediante a utilização, quando necessário,
dos diversos meios de prova admitidos em lei.
Modalidade de liquidação.
Por cálculos, quando nos autos não existirem todos os
elementos suficientes para a quantificação do julgado.
Há elementos com presença nos autos.
Por artigos, quando é necessário alegar prova ou fato
novo.
Há elementos sem presença nos autos.
E por fim, liquidação por arbitramento, o magistrado
se vale de uma estimativa para quantificar a obrigação.
Não há elementos objetivos.
Quanto ao momento em que devem ser cumpridas.
2.9. Obrigações de execução instantânea, diferida e
periódica:
2.9.1. Instantânea: que se consumam num só ato,
sendo cum­pridas imediatamente após sua constituição,
ex.: como na compra e venda à vista;
2.9.2. Diferida: cujo cumprimento deve ser realizado
também em um só ato, mas em momento futuro, ex.:
entrega, em determinada data, do objeto alienado;
2.9.3. Trato sucessivo: que se cumpre por meio de
atos reiterados, como ocorre na prestação de serviços,
na compra e venda a prazo ou em prestações periódicas
etc.
2.10. Obrigação Natural.
Difere da obrigação civil – débito que não pode ser
exigido judicialmente – se pagar, não é pagamento
indevido – há irrepetibilidade do pagamento.
No Direito Romano: só pessoas com dinheiro tinham
capacidade jurídica – quem não tinha, fazia acordo com
outras pessoas, mas sem validade jurídica – ex.: filho de
família de escravos.
Fundamentos e natureza jurídica:
Inexigibilidade jurídica deriva de impedimento legal – o
cumprimento é dever de consciência (dever moral) –
repercussão jurídica só ocorre com cumprimento
espontâneo – repetição do pagamento é impossível –
obrigação imperfeita: falta exigibilidade.
Obrigações Naturais – Classificação:
1. Quanto à tipicidade:

a) Típicas – previstas no texto legal – ex.: dívida de jogo e


dívida prescrita;
b) Atípicas – dívidas residual após a concordata – extinta
pela Lei nº 11101/05;

2. Quanto à origem:

a) Originárias – inexigível desde o início – ex.: dívida de


jogo;
b) Derivadas – nasce como obrigação civil e depois perde tal
característica – ex.: dívida prescrita;
3. Quanto aos efeitos produzidos:

a) Comum – admite todos os efeitos da obrigação


civil, menos a exigibilidade judicial;
b) Limitada – efeito apenas a retenção do pagamento
– não admite novação, fiança e promessa de
pagamento – ex.: dívida de jogo lícito.

Disciplina no Direito brasileiro:

Não tem disciplina separada – alguns exemplos:


arts. 814 e 882, CC.
2.11. Obrigações Ambulatórias ou Propter Rem ou
Ob Rem.

Trata-se de uma obrigação de natureza híbrida (real e


pessoal) que se vincula a uma coisa, acompanhando-a.
Não nascem das vontade das partes, como um contrato
(regra) - e sim, são aquelas que nascem
independentemente da vontade das partes - pois o seu
nascimento deriva da titularidade de um direito real.
Transmissão automática das obrigações reais.
Exs: Taxa condominial. IPTU. Títulos ao portador.
Propter Rem – Há três elementos característicos
básicos:

1. É ilação que o titular do direito real, seja quem for,


em virtude de sua condição de proprietário ou possuidor;
2. O devedor se livra da obrigação pelo abandono do
direito real (derelição);
3. A obrigação se transmite aos sucessores a título
singular do devedor.
Obrigações Propter Rem e Indeterminabilidade
subjetiva passiva:
Ocorre quando não se pode, de antemão, especificar
quem é o devedor da obrigação, prestações de natureza
pessoal que aderem a um direito real, acompanhando-o
em todas as suas mutações, tal como a taxa
condominial ou o IPTU, prestações compulsórias
vinculadas à propriedade do imóvel residencial ou
comercial, pouco importando quem seja, efetivamente,
o seu titular.
Teoria do Pagamento.
3. Do Pagamento Direto
3.1. Da Extinção das Obrigações.
A extinção das obrigações dá-se, em regra, pelo seu
cumprimento.
Pagamento é a execução voluntária e exata, pelo devedor,
da prestação devida ao credor.
Sinônimos: Solução, cumprimento, adimplemento,
implemento ou execução.
Deve ser realizado no tempo, forma e lugar previstos no
contrato.
A expressão pagamento é empregada pelo legislador não
somente na acepção de solução em dinheiro de alguma
dívida, mas no sentido de execução de qualquer das
modalidades de obrigação.
3.2. Princípios. São aplicáveis ao adimplemento das
obrigações pelo pagamento os princípios da boa-fé e o
da pontualidade. Vejamos o que cada um deles
representa:
a) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: insculpido no art. 422 do
CC, este princípio exige que as partes se comportem de
forma correta tanto durante as tratativas quanto durante
a formação e cumprimento do contrato. Tem relação
com a conduta das partes, A lei impõe às partes
contratantes deveres de transparência e de confiança.
b) PRINCÍPIO DA PONTUALIDADE: de acordo com
este princípio, as obrigações devem ser cumpridas no
tempo aprazado, e também de forma integral e no lugar
e modo devidos.
3.3. Pagamento – 3 elementos fundamentais:

a) Vínculo obrigacional: é a causa do pagamento, não


havendo vínculo, não há pagamento;

b) Sujeito ativo do pagamento: devedor (solvens), que é


o sujeito passivo da obrigação;

c) Sujeito passivo do pagamento: o credor (accipiens),


que é o sujeito ativo da obrigação.
3.4. Natureza Jurídica do Pagamento.

Há diversas teorias, que discutem sua natureza, se o


mesmo é ato unilateral ou negócio jurídico.
Ato jurídico é todo acontecimento que produz efeitos
na órbita do direito, a exemplo do pagamento.
→ O pagamento é um ato jurídico é um negócio
jurídico que pode ser ora um NJ Unilateral, ora um NJ
Bilateral, conforme natureza específica da obrigação.
3.5. Requisitos de validade do pagamento.
Para que o pagamento seja válido, devem estar presentes:
a) Existência de um vínculo obrigacional: é
imprescindível que haja um débito, pois sem ele o
pagamento seria um ato desprovido de causa, o que daria
lugar à restituição na forma do art. 876, CC;
b) Intenção de solvência (animus solvendi): deve haver
intenção de solvência por parte de quem paga, sob pena
de que, sem esse elemento subjetivo, o pagamento se
transmute em ato de mera liberalidade (doação);
c) Cumprimento exato da prestação (dar/fazer/não-fazer);
d) Pessoa que efetua o pagamento (solvens);
e) Pessoa que recebe o pagamento (accipiens).
3.6. Condições subjetivas do pagamento:
3.6.1. Quem deve pagar: (arts. 304 a 307 CC): Devedor,
terceiro interessado e terceiro não interessado.
a) Pagamento feito por pessoa interessada (devedor ou
terceiro):
O principal interessado  devedor. Segundo Gonçalves
(2009, p. 241), “só se considera interessado quem tem
interesse jurídico na extinção da dívida, isto é, quem está
vinculado ao contrato.” Assim, além do devedor
propriamente dito, podem ser citados como exemplos de
interessados no pagamento o fiador, o avalista, o
obrigado solidário, etc.
O interessado que pagar a dívida se sub-roga nos direitos
do credor (art. 346, III, e art. 349, CC).
ATENÇÃO: quando a obrigação é personalíssima, ou seja,
em razão das condições ou qualidades pessoais do devedor,
somente a este incumbe o adimplemento (art. 247, CC).
b) pagamento feito por terceiro não interessado:
Terceiro interessado sub-roga-se dos direitos do credor.
Terceiro não interessado paga a dívida em nome e à conta do
devedor (art. 304, par. único CC);
Terceiro não interessado paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito ao reembolso, mas não se sub-roga. (art. 305CC).
Oposição do devedor → art. 306 CC: para evitar
comportamento escusos reconhece ao devedor a faculdade de
opor-se ao pagamento da dívida por terceiro, quando houver
justo motivo.
Se o terceiro não interessado pagar antes do
vencimento, só terá direito ao reembolso na data
aprazada para o vencimento. É o que dispõe o art. 305
em seu caput e parágrafo único.

De acordo com o art. 306, CC, o terceiro que faz o


pagamento com desconhecimento ou oposição do
devedor não pode exigir reembolso, se o devedor tinha
meios para ilidir a ação do credor na cobrança do
crédito. Os meios a que se refere o artigo são, por
exemplo, a argüição de prescrição ou decadência,
compensação, novação, etc.
c) pagamento mediante transmissão da propriedade:
De acordo com o art. 307, CC, o pagamento que importar
em transmissão da propriedade somente surtirá efeito
quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele
consistiu.
Nem sempre o pagamento será feito em dinheiro.
Nesses casos, o pagamento só terá eficácia se feito por
quem tinha capacidade para alienar. Em alguns casos, além
da capacidade, necessária se faz a existência de
legitimidade, como no exemplo do art. 1748, inciso IV, CC.
O parágrafo único do art. 307 abre exceção: se a coisa dada
em pagamento for fungível, e o credor a receber e consumir
de boa-fé, o pagamento terá eficácia, extinguindo a relação
jurídica, ainda que o devedor não fosse o dono.
3.6.2. Quem deve receber ou a quem se deve pagar
(accipiens).

arts. 308 a 312 CC.

ao credor.
ao representante do credor.
a terceiro.
a) Pagamento feito diretamente ao credor:
Nos termos do art. 308, CC, o pagamento deve ser feito
diretamente ao credor ou ao seu representante legal, sob
pena de só valer depois de ser por ele ratificado, ou
tanto quanto se reverter em seu proveito.
ATENÇÃO: nem sempre o accipiens será o credor
originário da obrigação, pois também pode ser seu
herdeiro, o cessionário do crédito, ou mesmo aquele
que se sub-rogou nos direitos do credor. Por isso,
Gonçalves (2009, p. 247) destaca que “essencial é que a
prestação seja efetuada a quem for credor na data do
cumprimento.”
b) pagamento feito ao representante do credor:

O pagamento poderá ser feito, ainda de acordo com o art. 308,


CC, ao representante do credor.
O representante, in casu, pode ser o legal, judicial ou
convencional.
Representante legal será aquele cujos poderes de representação
decorrem da lei, como os pais, tutores e curadores em relação
aos filhos, tutelados e curatelados, respectivamente.
Representante judicial será aquele nomeado pelo juiz, como o
inventariante, o síndico da falência, etc. (Art. 12 CPC).
Por fim, o representante convencional será o mandatário do
credor, ou seja, aquele para o qual o credor transfere poderes
especiais para receber e dar quitação (procuração).
c) pagamento feito a terceiro que não o credor:
Como se viu nos tópicos precedentes, o pagamento, para ser
liberatório do devedor, deve ser feito ao credor ou ao seu
representante legal. Caso contrário, o devedor não se exonera da
dívida.
Portanto, caso o pagamento não seja feito ao credor ou seu
representante (tácito ou expresso), será ineficaz, incidindo, então,
a regra “quem paga mal, paga duas vezes”.
No entanto, nem sempre quem paga mal pagará duas vezes, pois
o art. 308, CC, refere-se à hipótese na qual o pagamento, mesmo
tendo sido feito a terceiro, é considerado eficaz, porque
posteriormente ratificado pelo credor ou porque reverteu em seu
proveito.
A ratificação do credor ocorre quando ele confirma o recebimento
por via do terceiro ou fornece recibo. A ratificação do credor
retroage à data do pagamento. O ônus da prova é do devedor.
d) pagamento efetuado ao credor putativo:

Será válido o pagamento feito pelo devedor, de boa-fé, ao


credor putativo, mesmo que se comprove, depois, que ele
não era credor. É o que dispõe o art. 309, CC.
Teoria da aparência.
Credor putativo é aquele que, em razão de seu
comportamento, parece ser o próprio credor. Essa aparência
não deve ser avaliada apenas em relação ao próprio
devedor, mas em face de todos, de modo objetivo.
Para admitir a putatividade do credor, não basta a convicção
pessoal do devedor de que aquele é o verdadeiro credor.
Requisitos indispensáveis para pagamento ao credor
putativo:
a) A boa-fé do devedor: A lei exige para que o
pagamento seja admitido, que o devedor haja atuado de
boa-fé, ou seja. Não possa supor, ante as circunstâncias
de fato, que a pessoa que exige o pagamento não tem
poderes para tanto. Boa-fé: firme crença na
legitimidade daquele que se apresenta ao devedor
b) A escusabilidade de seu erro: o erro em que laborou
o devedor seja escusável (perdoável). Se tinha motivos
para desconfiar do impostor, deverá evitar o
pagamento, depositando-o em juízo, se for o caso. O
direito não deve tutelar os negligentes.
e) O pagamento não valerá se:
e1) pagamento feito ao credor incapaz:
Portanto, o devedor que pagar ao devedor do qual ele tem
ciência da incapacidade, estará pagando mal, e deverá provar
que o benefício reverteu, no todo ou em parte, em favor do
incapaz, ao passo que aquele que pagar ao credor incapaz sem
ter ciência dessa incapacidade, estará pagando bem. Art. 310
CC.
E2) Pagamento ao credor cujo crédito foi penhorado:
Uma vez intimado de que o valor que deve ao credor foi
penhorado por dívida deste último, o devedor não deve efetuar
o pagamento diretamente a ele, mas sim depositá-lo em juízo,
nos autos da ação movida em face do credor. Art. 312 CC.
O devedor que pagar duas vezes poderá postular o reembolso
daquilo que pagou ao credor.
3.6.3. Condições objetivas do pagamento.
a)Objeto do pagamento e sua prova:
• Seguimos a regra de que o credor não está obrigado a receber
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa,
e, também, não está adstrito a receber por partes - nem o
devedor a pagar-lhe fracionadamente, se assim não se
convencionou. (arts. 313 e 314 CC).
• Quando há diversas prestações (principais e acessórias, ou
mistas de dar e fazer), o devedor só se exonera quando cumprir
a integralidade do débito.
• As despesas com o pagamento e quitação são suportadas pelo
devedor, como regra geral. Caso haja aumento dessas despesas
por fato do credor, ele arcará com o valor acrescido, de acordo
com o art. 325, CC.
→ PROVA DO PAGAMENTO: a quitação é primordialmente o
meio de prova do pagamento.
No entanto, de acordo com o art. 317, CC, quando
houver desproporção entre a prestação devida e o
momento do pagamento, pode haver revisão judicial
dos pagamentos, a pedido da parte lesada, desde que a
desproporção se origine de motivos imprevisíveis, de
forma a manter o valor real da prestação. Trata-se da
TEORIA DA IMPREVISÃO.

De acordo com o art. 318, CC, é NULA a convenção


de pagamento em ouro ou moeda estrangeira, salvo as
exceções legais (ex: contrato de compra e venda de
câmbio).
a1) quitação:
O devedor que paga tem direito à documentação do
pagamento, por meio da quitação.
Nesse sentido, o art. 319, CC dispõe que o devedor
tem direito a quitação regular, podendo reter o
pagamento enquanto não lhe seja dada, ou, ainda,
promover pagamento por meio de consignação, nos
termos do art. 335, I, CC.
“É a declaração unilateral escrita, emitida pelo credor,
de que a prestação foi efetuada e o devedor fica
liberado. É a declaração a que vulgarmente se dá o
nome de recibo.” (Gonçalves,09, p. 260).
São requisitos legais da quitação (art. 320 CC):
a) o valor e a espécie da dívida quitada;
b) o nome do devedor ou de quem por este pagou
(representante, sucessor ou terceiro);
c) tempo do pagamento (dia, mês, e, se quiserem, hora);
d) o lugar do pagamento;
e) e assinatura do credor ou representante seu.
Caso o pagamento seja efetuado, e o devedor, por
inexperiência ou ignorância, não exija a quitação de
forma regular, preterindo os requisitos legais acima
mencionados. Nesse caso, o parágrafo único do art.
320 CC, prevê a possibilidade de se admitir provado o
pagamento, se “de seus termos ou das circunstâncias
a2) presunções do pagamento:

Além da comprovação do pagamento por meio da


quitação, o Código Civil estabelece hipóteses nas quais
se presume o pagamento, independentemente de
quitação.
A primeira é a hipótese do art. 324, CC: quando a
dívida é representada por títulos de crédito, a entrega
destes ao devedor firma presunção do pagamento.
A segunda hipótese de presunção de pagamento é a do
art. 322, CC: quando o pagamento é feito em quotas
sucessivas, existindo quitação da última, presume-se o
adimplemento das demais.
A terceira hipótese de presunção é versada no art. 323, CC:
havendo quitação do capital sem reserva dos juros, estes
presumem-se pagos. Os juros devem ser quitados em
primeiro lugar. Assim, quando o recibo é redigido em termos
gerais, sem qualquer ressalva, presume-se a plenitude da
quitação.
Todas essas presunções de pagamento, todavia, são relativas.
Vale dizer que firmam uma presunção vencível, cabendo o
ônus de provar o contrário (a inexistência do pagamento) ao
credor.
ATENÇÃO: caso o título de crédito se perca, poderá o
devedor exigir, retendo o pagamento, a declaração do credor
que inutilize o título desaparecido, nos termos do art. 321,
CC.
Parágrafo 1º, art. 324: prazo decadencial de sessenta dias
para que o credor prove a inocorrência do pagamento.
art. 326 CC “o pagamento se houver de fazer por medida,
ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram
os do lugar da execução”. Ou seja, privilegiam-se os usos e
costumes do local, medida das mais salutares para preservar
a boa-fé dos contratantes, que, em regra, se valem dos
parâmetros que habitualmente utilizam no seu dia a dia
(metros ou léguas; quilômetros de altura ou pés, hectares,
tarefas ou metros quadrados,...).
Exemplo: “um bom exemplo de tal regra é a unidade de
medida conhecida como ALQUEIRE, a qual, em Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, equivale a 10.000 braças
quadradas (4.84 hectares) e, em São Paulo, a 5.000 braças
quadradas (2.42 hectares), havendo, ainda, o alqueire
fluminense (27.225 m2, equivalente a 75 x 75 braças)” –
(STOLZE, 2010, p.165)
b) Lugar do Pagamento:
Art. 327 CC: As obrigações devem ser cumpridas no
domicílio do sujeito passivo da obrigação (devedor).
 A REGRA é que o pagamento da obrigação deve ser
feito no domicílio do devedor.
A dívida neste caso será QUESÍVEL ou QUERABLE,
ou seja, deve ser cobrada, buscada, pelo credor, no
domicílio do devedor.
Exceção: Por outro lado, se for estipulado que o
pagamento será efetuado no domicílio do credor,
estaremos diante de uma dívida PORTÁVEL ou
PORTABLE. Neste caso, o devedor deve buscar o
credor para realizar o pagamento.
b1) Exceções à regra que indica como local do pagamento o
domicílio do devedor (dívida quesível), então:
I) convenção estipulando pagamento no domicílio do
credor dívida portável – art. 327 CC);
II) Pagamento que consista em tradição ou prestação
relativa a imóvel (art. 328).
III) Convenção estipulando outro local;
IV) Motivo grave para que o pagamento seja efetuado em
outro lugar (art. 329).
V) Devido à natureza da obrigação exige-se outro local
(ex: contrato de empreitada);
VI) Lei extravagante e especial determina outro local;
VII) Atos reiterados de pagamento em local diverso sem
oposição do credor (art. 330).
→ (art. 327 CC): Se forem designados dois ou mais
lugares para o pagamento, a lei determina que a
escolha caberá ao credor.

→ (art. 328 CC): Se o pagamento consistir na tradição


de um imóvel, ou em prestações relativas ao imóvel, o
pagamento será feito no lugar onde for situado o bem.
Explica-se facilmente essa regra, uma vez que será
nesse lugar que se procederá ao registro do título de
transferência, na forma da Lei de Registros Públicos e
do próprio CC.
→ (Art. 329 CC): Está em consonância com os princípios
da razoabilidade e da eticidade: ASSIM: O devedor, sem
prejuízo do credor, e havendo motivo grave, possa efetuar
o pagamento em lugar diverso do estipulado. Ex: é o que
ocorre se, no lugar do pagamento, houver sido decretado
estado de emergência por força de inundação. Por óbvio,
nesse caso, o devedor deverá buscar a localidade mais
próxima, para realizar o pagamento.
→ (art. 330 CC): como o direito é um fenômeno
socialmente mutável, admitiu o legislador que o
pagamento feito reiteradamente em outro local faz
presumir a renúncia do credor ao lugar previsto no
contrato.
IMPORTANTE ressaltar, que neste caso o costume, não
está derrogando a lei, mas sim, tão somente, o contrato.
c) Tempo do Pagamento: em princípio todo pagamento
deve ser efetuado no dia do vencimento da dívida (REGRA).

→ (art. 331 CC): na falta de ajuste, e não dispondo a lei em


sentido contrário, poderá o credor exigir o pagamento
IMEDIATAMENTE.
 Essa regra somente se aplica as obrigações puras, pois se
forem condicionais, ficarão na dependência do implemento
da condição estipulada (art. 332 CC).
Se a obrigação for a termo, em sendo o prazo concedido a
favor do devedor, nada impede que este antecipe o
pagamento, podendo o credor retê-lo. Em caso contrário, se
o prazo estipulado for feito para favorecer o credor, não
poderá o devedor pagar antecipadamente. Tudo dependerá de
como se convencionou a obrigação.
c1) Pagamento com data de vencimento estipulada:

I) REGRA – O vencimento se dá na data estipulada,


independentemente de aviso (CC art.397) dies
interpellat pro homine.
II) Há possibilidade de pagamento antecipado, que
não se aplica no caso de prazo em benefício do credor
(art. 133).
III) Exceções: art. 333, I, II, III CC e art.1425 CC, art.
751, I do CPC e art. 77 da Lei de Falências. Vejamos:
→ (art. 333 CC): é possível o credor exigir
antecipadamente o pagamento, nas estritas hipóteses
(numerus clausus) previstas em lei;
I) no caso de falência do devedor ou do concurso de
credores: neste caso o credor deverá acautelar-se,
habilitando o crédito antecipadamente vencido no juízo
falimentar;
II) se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de
penhor), forem penhorados em execução de outro
credor – aqui, a antecipação do vencimento propiciará
que o credor possa tomar providências imediatas para
garantir a satisfação do seu direito;
III) se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as
garantias do débito, fidejussórias (fiança, por ex.), ou
reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor,
intimado, se negar a reforçá-las. A negativa de remoção
ou reforço das garantias indica que a situação do
devedor não é boa, razão do porquê a lei autoriza a
antecipação do vencimento.

IMPORTANTE! Parágrafo único, art. 333 CC: Em


todas essas situações, havendo solidariedade passiva, a
antecipação da exigibilidade da dívida referente a um
devedor, não prejudicará os demais devedores
solventes.
Ver também: art.1425 CC, art. 751, I do CPC e art. 77
c2) Obrigações sem data de vencimento estipulada:

I) Vencimento imediato mediante aviso ou citação para


a ação (art. 331 e 408 CC).
II) Obrigações condicionais: cabe ao credor provar que
houve o implemento da condição e dar ciência disso ao
devedor art. 332 CC).
III) Exceções ao vencimento imediato: obrigações que
dependam de tempo ou que devam ser cumpridas em
outro local (arts. 134 e 581 CC).
4. Forma indireta de pagamento.
Pagamento Especial.

4.1. Do Pagamento em Consignação (art. 334 a 345 CC).


4.1.1. Conceito e generalidades.
é o meio indireto de o devedor exonerar-se do liame
obrigacional, consistente no depósito em juízo
(consignação judicial) ou em estabelecimento bancário
(consignação extrajudicial) da coisa devida, nos casos e
formas legais.
O Código Civil regulamenta os casos em que é cabível a
consignação; já o Código de Processo Civil regulamenta a
forma como deve ser feita a consignação, nos arts. 890 a
900.
Devedor: sujeito ativo da consignação = consignante.
Credor: sujeito passivo, em face de quem se consigna
=consignatário.
Consignado: é o bem do depósito extrajudicial ou
judicial.

O pagamento em consignação geralmente tem cabimento


quando o devedor tem interesse na extinção da obrigação
e o credor se nega, sem justa causa, a receber a prestação.
Como o devedor não pode ficar indefinidamente à espera
do credor, pode se valer, portanto do pagamento em
consignação para se exonerar da obrigação e da mora.
4.1.2. Natureza jurídica:

Tem natureza jurídica mista ou híbrida, por ser um


instituto tanto de direito civil (material) quanto de direito
processual (arts. 890 a 900 CPC).

Trata-se de uma forma de extinção das obrigações


(pagamento indireto).

Não é um dever, mas uma faculdade do devedor, que


não pôde adimplir a obrigação por culpa do devedor.
4.1.3. Objeto da consignação.
Somente a obrigação pecuniária e a de dar coisas móveis ou
imóveis podem ser objeto de consignação.
Na obrigação de fazer, somente se ela estiver ligada a uma de
dar admite-se consignação. (entrega de um quadro).
O art. 334, CC, fala no depósito judicial ou extrajudicial da
“coisa devida”. Permite-se, portanto, o depósito tanto de dinheiro
quanto de bens móveis ou imóveis.
No caso de bens imóveis, a consignação pode ocorrer de modo
simbólico, como, por exemplo, por meio do depósito das chaves.
Deve-se atentar para a regra do art. 341, CC.
Caso se trate de obrigação de dar coisa incerta e a escolha
competir ao credor, havendo mora deste, deverá o devedor
promover a sua citação para realizar a concentração (escolha),
sob pena de perder esse direito e ser depositada a coisa que o
devedor escolher, nos termos do art. 342, CC.
Obrigações de não-fazer, e obr. de fazer sem entrega - NÃO.
Se a coisa for incerta, na expressão do art. 342 CC, é
preciso se proceder a sua certificação, pela operação
denominada “concentração do débito” ou “concentração da
coisa devida”.
Quando a escolha cabe ao devedor, nenhum problema se
dará, pois é ele que pretende ofertar o pagamento.
Caso a escolha caiba ao credor, deve ele ser citado para tal
fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a
coisa que o devedor escolher. Pensando nessa hipótese, prevê
o art. 894 CPC: Se o objeto da prestação for coisa
indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado
para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo
não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o
devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição
inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob
pena de depósito”.
Prestações periódicas: Há situações, que a relação
obrigacional que envolve os sujeitos é de trato sucessivo,
havendo, portanto, prestações periódicas a serem
adimplidas.
Exemplo: dívidas de aluguéis, alimentos, prestações de
financiamento habitacional...
 Nesse caso, recusando-se o credor a receber as prestações
ofertadas pelo devedor, pode este consigná-las, na medida
em que forem vencendo.
Essa regra é da legislação processual: art. 892 CPC:
“Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada
a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no
mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem
vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5
(cinco) dias, contados da data do vencimento”.
4.1.4. Hipóteses de ocorrência.
Fatos que autorizam a consignação:

Art. 335 CC arrola as hipóteses que a consignação terá lugar.


Os dois primeiros incisos (I e II) dizem respeito ao cabimento
da consignação em pagamento diante de MORA DO
CREDOR. Ou seja, quando:

a) o credor não puder ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento (dívida portável) ou dar a quitação na forma
devida;

b) o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,


tempo e condição devidos (dívida quesível).
Os incisos III a V referem-se a circunstâncias inerentes à
pessoa do credor que impedem o devedor de satisfazer sua
intenção de exonerar-se da obrigação. Vejamos:

c) ser o credor incapaz de receber (desde que não tenha


representante legal), se tornar desconhecido (ex: sucessão
decorrente de morte do credor originário), ausente (art. 22,
CC), ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou
difícil;
d) houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
objeto do pagamento (ex: falecimento do trabalhador. O
empregador consigna as verbas, pois não sabe exatamente
entre as diversas companheiras do falecido, que exigem o
pagamento, qual tem legitimidade para recebê-lo);
e) se pender litígio sobre o objeto do pagamento (ex: disputa
judicial envolvendo o objeto do pagamento). Ver art. 344, CC.
4.1.5. Requisitos de validade da consignação.
Art. 336 CC. – Requisitos:
Para que a consignação tenha força de pagamento, será
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o
pagamento.
Com relação às pessoas a consignação deverá ser feita pelo
devedor ou quem o represente, em face do alegado credor,
sob pena de não ser considerado válido, salvo se ratificado
por este ou se reverter em seu proveito. (arts. 304 a 308 CC).
Com relação ao objeto: é óbvio que o pagamento deve ser
feito na integralidade, uma vez que o credor não está
obrigado a aceitar pagamento parcial.
Quanto ao modo: não se aceitará modificação do
estipulado, ou seja, a obrigação deverá ser cumprida da
Obs: Consignação e lugar do pagamento:

“o depósito requerer-se-á no lugar do pagamento,


cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os
juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado
improcedente”.
Se a dívida for QUERABLE (regra geral), o depósito
será feito no domicílio do devedor;
Se for PORTABLE, no do credor;
ou se houver FORO DE ELEIÇÃO (é aquele
estabelecido pelas partes para a propositura de
demandas), no domicílio estabelecido.
Obs2: Logo que efetuada, cessam para o consignante os
juros da dívida e os riscos pela coisa, salvo se a
4.1.6. Levantamento do depósito:

Realizado o depósito com a finalidade de extinguir a


obrigação, poderá ele ser levantado?
SIM, em 3 hipóteses:

1) ANTES DA ACEITAÇÃO OU IMPUGNAÇÃO DO


DEPÓSITO (art. 338 CC): nesse momento, tem o
devedor total liberdade para levantar o depósito, desde
que pague as despesas processuais decorrentes da ação,
caso em que a dívida subsistirá com todos os efeitos, ou
seja, juros, multa, cobranças judicial etc.
2) DEPOIS DA ACEITAÇÃO OU IMPUGNAÇÃO DO
DEPÓSITO PELO CREDOR: Neste momento, embora
não se tenha sido julgada a procedência do depósito, o fato
é que o credor já se manifestou sobre ele, pretendendo
incorporá-lo ao seu patrimônio (ACEITAÇÃO) ou
considerado por exemplo, insuficiente (IMPUGNAÇÃO).
Pode-se levantar o depósito, desde que com anuência do
CREDOR, que, no entanto, perderá a preferência e
garantia que lhe competiam com respeito à coisa
consignada (exemplo: preferência por hipoteca ou
concurso de credores), ficando logo DESOBRIGADOS os
co-devedores e fiadores que não concordam (art. 340
CC), pois o ato unilateral de verdadeira renúncia por parte
do credor não poderá prejudicá-los.
3) SER JULGADO PROCEDENTE O DEPÓSITO:
admitido em caráter definitivo o depósito, o devedor já não
poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de
acordo com os outros devedores e fiadores (art. 339 CC).

Isso porque, sendo julgado procedente o depósito, consuma-


se o pagamento, extinguindo-se juridicamente a obrigação,
pelo que não podem mais ser prejudicados os co-devedores
(caso de obrigação solidária ou indivisível) e fiadores.
Obviamente, que se estes concordarem com o levantamento,
cai o impedimento criado pela lei, retornando ao status quo
ante por expressa manifestação da autonomia da vontade.
4.1.7. Ação de Consignação.

Regras procedimentais para a consignação em pagamento:


No direito positivo brasileiro, até pouco tempo, não tendo
sido a obrigação adimplida por mora atribuída somente ao
credor, dispunha o devedor única e exclusivamente da via
judicial para livrar-se da prestação.
Hoje, todavia, em função das profundas modificações do
CPC (Lei n. 8.951/94), criou-se um procedimento
extrajudicial, para desafogamento das vias judiciais.
a) Consignação extrajudicial.
b) Consignação judicial.
a) Consignação Extrajudicial:
Art. 890 CPC: Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou
terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da
quantia ou da coisa devida.
§ 1º - Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor
ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar
do pagamento, em conta com correção monetária,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção
(AR), assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de
recusa.
→ A priori, deve-se observar que esse procedimento
EXTRAJUDICIAL somente é aplicável às obrigações
pecuniárias, não sendo possível sua aplicação em relações
obrigacionais relacionadas com a entrega da coisa.
A consignação de coisa continua se dando somente pela via
Consignação extrajudicial – Recusa.

§ 3º - Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao


estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá
propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de
consignação, instruindo a inicial com a prova do
depósito e da recusa.
A recusa do credor deverá ser feita por escrito ao
estabelecimento bancário e não ao devedor.
LOGO, o devedor terá o prazo de 30 dias para ajuizar
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO,
devendo então a petição inicial estar instruída, com a
prova do depósito e da recusa do credor.
§ 4º - Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior,
ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o
depositante.

Na consignação extrajudicial, o silêncio do credor


caracterizará a ACEITAÇÃO DO DEPÓSITO; a inércia do
devedor, não promovendo a ação no prazo, a sua MORA.

OBS: A consignação extrajudicial não se constitui de forma


alguma, em procedimento preparatório necessário para o
ajuizamento posterior da ação de consignação em pagamento,
mas sim mera faculdade legal, podendo o devedor, se desejar,
ajuizar diretamente a ação judicial de consignação.
b) Consignação Judicial em pagamento:

A competência territorial (ratione loci) para julgar a ação de


consignação em pagamento continua se dando pelo local
indicado para ser procedido ordinariamente o adimplemento da
obrigação, conforme o
art. 891 CPC - Requerer-se-á a consignação no lugar do
pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o
depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada
improcedente.

ATENÇÃO! Tratando-se de ação consignatória de aluguéis e


encargos é competente para conhecer e julgar tais ações, na
forma do art. 58, II, da Lei n. 8.345/91 (lei do inquilinato), o
foro de eleição e, na sua falta, o do lugar da situação do imóvel.
b1) requerimentos obrigatórios da petição inicial da ação
de consignação em pagamento:
O autor, na petição inicial, requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado
no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento,
ressalvada a hipótese do § 3º do Art. 890; (no caso de o
devedor já ter feito o depósito extrajudicial e a coisa já
estar depositada, ou seja, a coisa já está depositada).
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer
resposta.
 O depósito é requerido desde a inicial (podendo já ter sido
procedido mesmo antes do ajuizamento, no caso da
consignatória extrajudicial) e o réu é citado, não somente para
dizer se aceita o valor, mas também para, na hipótese de
recusa, apresentar sua resposta, o que economiza diversos
atos processuais.
Comprovação do Depósito:
A citação do réu far-se-á somente depois da
comprovação do depósito determinado pelo juiz, no
prazo previsto do art. 893, I, CPC.
E se o depósito não for realizado??
O processo será extinto sem resolução do mérito, com
indeferimento da petição inicial, pela aplicação analógica
do art. 267, I c/c com o § único do art. 284 CPC.
→ Pois o depósito é um dos pressupostos necessários
para a determinação de citação do réu/consignatário, a
sua não efetivação impede o curso natural do processo e
o conhecimento das alegações fáticas contidas na petição
inicial.
b2) Prazo de resposta do réu:

Determina o art. 297 que o réu deve contestar a ação em 15


dias.
Art. 896 - Na contestação, o réu poderá alegar que:
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa
devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do
pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único - No caso do inciso IV, a alegação será
admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
Revelia – ação de consignação.

Art. 897 - Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos


da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará
extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários
advocatícios.
Parágrafo único - Proceder-se-á do mesmo modo se o credor
receber e der quitação.
ASSIM: se a contestação não for oferecida dentro do prazo, o
magistrado julgará o procedente o pedido, declarando extinto o
vínculo obrigacional e condenando o réu ao pagamento das
custas e honorários advocatícios, do mesmo modo ocorrerá se o
credor receber e der quitação.
As despesas com o depósito, guarda e conservação da coisa,
quando julgado procedente, correrão por conta do credor, e se
improcedente, por conta do devedor.
Art. 898 - Quando a consignação se fundar em dúvida sobre
quem deva legitimamente receber, não comparecendo nenhum
pretendente, converter-se-á o depósito em arrecadação de bens de
ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;
comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e
extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente
entre os credores; caso em que se observará o procedimento
ordinário.
O Art. 899 - Determina a possibilidade do devedor (autor) o
prazo de 10 dias para completar depósito.
§ 1º. Alegada a insuficiência do depósito, o credor (réu) poderá
levantar a quantia depositada, prosseguindo o litígio somente
quanto à discussão quanto à parcela controvertida.
§ 2º. A sentença que concluir pela insuficiência do depósito
determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste
caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe a execução nos mesmos autos.
b3) Efeitos do Depósito Judicial – ação de consignação:

1. Exonerar o devedor


2. Constituir o credor em mora
3. Cessar para o depositante, os juros da dívida e os riscos que
estiver sujeita a coisa
4. Transferir os riscos incidentes sobre a coisa para o credor
5. Liberar os fiadores
6. Impor ao credor o ressarcimentos dos danos que sua recusa
causou ao devedor, o reembolso das despesas feitas na custódia
da coisa, o pagamento das custas processuais e honorários do
advogado do autor (devedor).
→ Se improcedente a ação, o devedor permanecerá na mesma
posição em que estava anteriormente, caracterizando a mora
solvendi, e será responsável pelas despesas processuais.
4.2. Pagamento com sub-rogação.
4.2.1. Conceito e generalidades.
A sub-rogação tem por significado a substituição.
É forma de pagamento que não extingue a obrigação. Há
apenas a transferência do crédito para um terceiro, o outro
credor, que tem garantidos os direitos e ações que
competiam ao credor originário. Visa proteger a situação do
terceiro que paga uma dívida que não é sua.
Na sub-rogação, há a substituição de uma coisa ou pessoa
por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela.
Exemplos: art. 831, CC; art. 259, parágrafo único, CC.
Natureza Jurídica – trata-se de instituto autônomo e
anômalo. A extinção obrigacional ocorre somente em
relação ao credor primitivo, que fica satisfeito
4.2.2. Espécies de Sub-rogação:
A sub-rogação pode ser real ou pessoal.
Pode ser também legal ou convencional.
a) Sub-rogação pessoal: consiste na substituição do credor,
como titular do crédito, pelo terceiro que paga (cumpre) a
prestação no lugar devedor ou que financia, em certos termos,
o pagamento. Ex: avalista paga dívida que se obrigou
solidariamente, subroga-se nos direitos do credor, ou seja
toma o lugar deste na relação jurídica.
b) Sub-rogação real: nessa, a coisa que toma o lugar da outra
fica com os mesmos ônus e atributos da primeira. È o que
ocorre por exemplo, na sub-rogação por vínculo de
inalienabilidade, em que a coisa gravada pelo testador ou
doador é substituída por outra ficando esta sujeita aquela
restrição (ex: art. 1446, art. 1.911, par. único CC; art.1.112, II
CPC). (GONÇALVES, 2012, p. 617, STOLZE, 2010 p.197).
c) Subrogação Legal.
A sub-rogação LEGAL é aquela que decorre da lei,
independentemente de declaração do credor ou do devedor.
Ou seja, é a sub-rogação que opera “de pleno direito”.
É regulamentada pelo art. 346, CC.

c1) Ocorrerá sub-rogação legal em favor:


I) do credor que paga a dívida do devedor comum: no caso
de o devedor ter mais de um credor, se um deles promover a
execução judicial de seu crédito, poderá o devedor ficar sem
meios para atender aos compromissos com os demais
credores, razão pela qual qualquer um destes pode então
pagar ao credor exeqüente, sub-rogando-se em seus direitos e
aguardando a melhor oportunidade para a cobrança de seu
crédito;
II) do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a
credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o
pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;

III) do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual


era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte: como já
vimos, qualquer interessado na extinção da dívida (por
exemplo: fiador), pode pagá-la, conforme art. 304, CC.

ATENÇÃO: o terceiro não interessado que paga não se


sub-roga nos direitos do credor e apenas pode se
reembolsar se fez o pagamento em seu próprio nome,
conforme art. 305, CC.
d) Sub-rogação convencional.
Decorre da vontade das partes, podendo se da por iniciativa
do credor ou por interesse do devedor. É regulamentada pelo
art. 347, CC, que prevê duas hipóteses:

d1) quando o credor recebe o pagamento de terceiro e


expressamente lhe transfere todos os seus direitos: trata-se,
no caso, de terceiro não interessado que paga a dívida, pois em
relação ao terceiro interessado a sub-rogação é legal;
d2) quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia
precisa para solver a dívida, sob condição expressa de ficar o
mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
4.2.3. Efeitos da sub-rogação:

Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos


os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo,
em relação à dívida, contra o devedor principal e os
fiadores.

LIBERATÓRIO: pela extinção do débito em relação ao


credor original;

TRANSLATIVO: pela transferência da relação


obrigacional para o novo credor.
De acordo com o art. 349, CC, constitui efeito da sub-
rogação a transferência ao novo credor de todos os
direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo,
em relação à dívida, contra o devedor principal e fiadores.
ATENÇÃO: na sub-rogação convencional, as partes
podem limitar os direitos do sub-rogado. Também pode
haver estipulação em sentido especulativo, ou seja,
mesmo não tendo sido pago o valor integral da dívida, a
sub-rogação convencional pode ocorrer em relação ao
todo.
Na sub-rogação legal, o sub-rogado não pode reclamar
do devedor a totalidade da dívida, mas tão somente
aquilo que tiver desembolsado, consoante o art. 350, CC.
4.2.4. Sub-rogação parcial:

No caso de pagamento parcial por terceiro, o crédito


fica dividido em duas partes:
a parte não paga, que continua a pertencer ao credor
primitivo e;
a parte paga que se transfere ao sub-rogado.

Conforme reza o art 351CC: O credor originário, só


em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado,
na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor
não chegarem para saldar inteiramente o que a um e o
outro dever.
4.3. Da imputação do pagamento:

4.3.1. Conceito e requisitos.


A imputação do pagamento consiste na indicação ou
determinação da dívida a ser quitada, quando uma pessoa se
encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma
natureza, a um só credor, e efetua pagamento não suficiente
para saldar todas elas. É possível que o mesmo devedor
tenha várias dívidas com um só credor, mas o pagamento é
insuficiente para saldar todas elas. Surge a necessidade de
se saber a qual ou as quais deve ser aplicado o pagamento.
OBS: O que o direito positivo faz é disciplinar a faculdade
de escolher, entre os débitos, aquele que será satisfeito.
Segundo Gonçalves (2009, p. 301), “a imputação do
pagamento consiste [...] na indicação ou determinação da
dívida a ser quitada, quando uma pessoa se encontra
obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a
um só credor, e efetua pagamento não suficiente para
saldar todas elas.” Nesse sentido, dispõe o art. 352, CC, que
a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma
natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual
deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
Ex.: Paulo (devedor) deve a João (credor), por vários títulos
de dívidas líquidos e certos, já vencidos, R$ 80,00,
R$120,00 e R$250,00. Ele faz uma oferta de pagamento de
R$80,00. A importância não é suficiente para saldar a soma
dos débitos. É necessário saber em qual delas será imputado
o pagamento. Paulo pode pagar toda a dívida de R$80,00, ou
pagar, em parte, uma das outras.
4.3.2. São requisitos da imputação:

a) Duplicidade ou multiplicidade de débitos: se isso não


se dá não há razão para imputação. Exceção à regra está
no artigo 354 do CC, onde imputa-se o pagamento
primeiro nos juros vencidos, e depois, no capital;
b) Identidade de credor e devedor: o débito deve estar
vinculado a um só devedor e um só credor, salvo a
hipótese de solidariedade ativa, em que o credor é
sempre um só;
c) Débitos da mesma natureza: tenham por objeto coisas
fungíveis da mesma natureza, espécie e qualidade. Assim
se, por exemplo, Paulo está devendo a Pedro uma soma
em dinheiro e uma saca de milho, ficará caracterizada a
d) Débitos líquidos e vencidos: a dívida é líquida
quando a obrigação é certa, quanto à sua existência, e
determinada, quanto ao seu objeto (dívida
perfeitamente determinada). Vencida é a exigível
porque atingido o termo prefixado para o vencimento;

e) O pagamento deve cobrir qualquer dos débitos:


necessário, por fim, que a importância entregue ao
credor a título de pagamento seja suficiente para
extinguir ao menos uma das diversas dívidas, pois do
contrário estar-se-ia constrangendo o credor a receber
pagamento parcial, a despeito da proibição constante do
art. 314 CC.
4.3.3. Espécies – imputação ao pagamento:
Há três espécies de imputação:
a) Imputação por vontade ou indicação do devedor: a
imputação caberá, em regra a este. O devedor é o titular
do direito de imputar o pagamento (CC, art 352). Esse
direito sofre, no entanto, algumas limitações:
a1) o devedor não pode imputar pagamento em dívida
ainda não vencida se o prazo se estabeleceu a benefício
do credor (CC, art. 133);
a2) o devedor não pode, também, imputar o pagamento em
dívida cujo montante seja superior ao valor ofertado,
salvo acordo entre as partes, pois pagamento parcelado
do débito só é permitido quando convencionado (CC, art.
314);
a3) o devedor não pode, ainda, pretender que o
pagamento seja imputado no capital, quando há juros
vencidos, "salvo estipulação em contrário, ou se o
credor passar a quitação por conta do capital" (CC, art.
354);

b) Imputação por indicação do credor: ocorre quando o


devedor não declara qual das dívidas quer pagar. O
direito é exercido na própria quitação. Se o devedor não
imputar, caberá a imputação ao credor. Não procedendo,
portanto, o devedor à imputação, o credor irá declarar
de qual obrigação o devedor está sendo desonerado
(CC, art. 353);
c) Imputação por determinação legal: tem caráter
subsidiário, só tendo lugar quando o devedor não fizer
a indicação e a quitação for omissa.
Verifica-se, assim, que o credor que não fez a
imputação no momento de fornecer a quitação não
poderá fazê-lo posteriormente, verificando-se, então, a
imputação legal.
Os critérios desta são os seguintes:
c1) havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á
primeiro nos juros vencidos (CC. art. 354);
c2) entre dívidas vencidas e não vencidas, a imputação
far-se-á nas primeiras;
c3) se algumas forem líquidas e outras ilíquidas, a
preferência recairá sobre as primeiras, segundo a ordem
c4) se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo,
considerar-se-á paga a mais onerosa, conforme estatui o
mesmo dispositivo legal.
Mais onerosa é, por exemplo, a que rende juros,
comparativamente à que não os produz; na dívida que tiver
garantia hipotecária de preferência a um credor
quirografário, etc.

Obs: Não prevê o CC nenhuma solução para a hipótese de


todas as dívidas serem líquidas, vencidas ao mesmo tempo e
igualmente onerosas. Não tem a jurisprudência, nestes casos,
determinado a imputação na mais antiga, como pretendem
alguns, mas aplicado, por analogia, a regra do art. 433, inciso
IV do Código Comercial, pelo qual. "sendo as dívidas da
mesma data e de igual natureza, entende-se feito o
4.4. Dação em Pagamento.
4.4.1. Conceito.
A datio in solutum é um acordo de vontades entre credor e
devedor, por meio do qual o primeiro concorda em receber
do segundo, para exonerá-lo da dívida, prestação diversa da
que lhe é devida.
Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa,
ainda que mais valiosa (CC, art. 313). No entanto, se aceitar
a oferta de uma coisa por outra, estará caracterizada a dação
em pagamento.
Tal não ocorrerá se as prestações forem da mesma espécie.
Ex.: Se o devedor obriga-se a pagar a quantia de
R$1.000,00, poderá solver a dívida por meio da dação,
entregando um automóvel ou prestando um serviço, desde
que o credor consinta com a substituição das prestações.
4.4.2. Natureza Jurídica – Dação em Pagamento.
Verifica-se, pela redação do art. 356 do Código Civil, que
a dação em pagamento é considerada uma forma de
pagamento indireto.
Assim, na dação em pagamento ocorre uma alteração
voluntária e satisfativa do que fora combinado.
Vale lembrar que a dação se dá no momento da execução
da obrigação.
OBS: Dação em Pagamento não se confunde com
Obrigações Alternativas. Nesta há outra hipótese (outro
objeto prestacional) na gênese da obrigação, o que na
dação só ocorre no momento da execução. A diversidade
de prestações está prevista no próprio título da obrigação
( por exemplo: nos termos do contrato, eu me obrigo a
4.4.3. Requisitos – Dação em Pagamento.
São requisitos da dação em pagamento:
a) A existência de uma dívida.

b) Consentimento do credor: não basta a iniciativa do


devedor, a dação só terá validade se o credor anuir (pois
caso contrário aplicar-se-ia o art. 313 do CC);

c) A entrega de coisa diversa da devida: somente a


diversidade essencial de prestação caracterizará a dação
em pagamento. Há diversidade, assim, entre a prestação e
a que lhe irá substituir.
CC, Art. 357 - adoção das normas do contrato de compra
e venda. Na dação em pagamento, a prestação em
dinheiro é substituída pela entrega de um objeto, que não
é recebido por preço certo e determinado.
Ex: João deve a Pedro quinhentos reais. Ao tempo da
prestação eles convencionam que Pedro recebe de João
em pagamento daquela quantia o cavalo Ventania, sem
que se faça qualquer alusão ao preço. Há recebimento de
uma coisa por outra. Mas, se João entrega a Pedro uma
propriedade que possui, prefixando soma precisa para a
coisa cuja posse e propriedade se transmitem ao credor,
temos a compra e venda ou, mais precisamente, a
equiparação prevista no dispositivo legal em estudo,
aplicando-se as regras relativas a esse contrato.
CC, Art. 358 – Se for título de crédito a coisa dada em
pagamento, a transferência importará em cessão. O fato
deverá ser, por essa razão, notificado ao cedido, nos
termos do art. 290 do mesmo diploma.

Se o objeto da prestação não for dinheiro e houver


substituição por outra coisa sem se discutir preço, não
haverá analogia com a compra e venda, mas com a troca
ou permuta.
CC, Art. 359 – evicção é uma garantia legal típica do
contratos onerosos, em que há transferência de
propriedade; traduz a idéia de perda; quando o
adquirente de um bem vem a perder a sua propriedade
ou posse em virtude de decisão judicial que reconhece
direito anterior de terceiro sobre o mesmo.
Em tal situação observa-se três sujeitos:
O alienante: que responderá pelos riscos da evicção, ou
seja, que deverá ser responsabilizado pelo prejuízo
causado ao adquirente;
O evicto: o adquirente, que sucumbe à prestação
reivindicatória do terceiro;
O evictor: o terceiro que prova o seu direito anterior
sobre a coisa.
Evicção – Dação em Pagamento.
Vamos imaginar que o credor aceite, ao invés dos
R$10.000,00, a entrega de um imóvel pelo devedor.
O que fazer, então, se um terceiro, após a dação ser efetuada,
reivindicar o domínio do bem, provando ter direito anterior
sobre ele?
Neste caso, se o credor for evicto da coisa recebida em
pagamento – ou seja, perdê-la para o terceiro que prove ser
o verdadeiro dono, desde antes da sua entrega –, a
obrigação primitiva (de dar os dez mil reais) será
restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada ao devedor.
Apenas deverão ser ressalvados os direitos de terceiros de
boa-fé, a exemplo do que ocorreria se a prestação originária
fosse a entrega de um veículo, e este já estivesse alienado a
terceiro.
4.4.4. Dação Pro Solvendo.

Não há que se confundir a dação “in solutum” (opera o


efeito extintivo imediato), com outra figura, muito
próxima, posto diversa, a denominação dação “pro
solvendo”, cujo fim precípuo não é solver imediatamente
a obrigação, mas sim, facilitar o seu cumprimento.
Quando esta seja a intenção das partes, a obrigação não
se extingue imediatamente. Mantém-se, e só se
extinguirá se e à medida que o respectivo crédito for
sendo satisfeito, à custo do novo meio, ou instrumento
jurídico para o efeito proporcionado ao credor.
Vale lembrar que, se pro soluto, a obrigação fica
extinta e o devedor liberado, ainda que insolvente o
devedor do título.
Se in solvendo, não se dá a extinção automática do
débito, senão que esta extinção e conseqüentemente
liberação do devedor não se produz até que o credor
tenha tornado efetivo o crédito que lhe foi cedido.
Nessa linha de raciocínio, não basta dizer que a dação
tenha efeitos da cessão, mas atentar para a intenção do
credor, prevalecendo, na dúvida, a solução mais
favorável, que mantém o cedente vinculado ao evento do
pagamento.
4.4.5. Efeitos – Dação em Pagamento.

Em regra, o efeito que a dação em pagamento produz é a


extinção da dívida.
Não se cogita do valor do objeto dado em substituição.
Se valer menos, o credor não poderá exigir do devedor
que pague a diferença; se valer mais, o devedor não terá
como exigir que o credor restitua o excedente.
Tal princípio conhece exceção apenas quando o credor
for evicto da coisa recebida, porque isso implica
restabelecimento da obrigação primitiva, porque fica sem
efeito a quitação dada, como está no artigo 359 CC.
Modalidades:

rem pro pecuni: o devedor não possui dinheiro


suficiente para quitar sua dívida, então entrega ao
credor a sua moto, de valor equivalente ao débito,
substituindo o objeto da obrigação;

rem pro re: o vendedor (devedor) entrega ao comprador


(credor), após este já ter efetuado o pagamento, um
produto semelhante ao que lhe havia prometido, visto
que o produto original estava em falta no estoque. Neste
caso, é mais conveniente ao credor receber coisa diversa
do que ficar sem o produto ou recebê-lo com atraso.
4.5. Da Novação.

4.5.1. Conceito.
Novação é a criação de obrigação nova, para extinguir
uma anterior. É a substituição de uma dívida por outra,
extinguindo-se a primeira. A existência dessa nova
obrigação é condição de extinção da anterior.
Dá-se a novação quando, por meio de uma estipulação
negocial, as partes criam uma nova obrigação, destinada
a substituir e extinguir a obrigação anterior.
“Novar”, em linguagem corrente, portanto, é criar uma
obrigação nova para substituir e extinguir a anterior.
Exemplos:
I) O pai, para ajudar o filho, procura o credor deste e lhe
propõe substituir o devedor, emitindo novo título de
crédito. Se o credor concordar, emitido o novo título e
inutilizado o assinado pelo filho, ficará extinta a
primitiva dívida, substituída pela do pai.

II) A deve a B a quantia de R$1.000,00. O devedor,


então, exímio carpinteiro, propõe a B que seja criada
uma nova obrigação – de fazer –, cujo objeto seja a
prestação de serviço de carpintaria na residência do
credor. Este, pois, aceita, e, por meio da convenção
celebrada, considera extinta a obrigação anterior, que
será substituída pela nova.
4.5.2. Natureza Jurídica – Novação.

Por oportuno, o que se deve salientar é que toda a


novação tem natureza jurídica negocial.

Ou seja, por princípio, nunca poderá ser imposta por lei,
dependendo sempre de uma convenção firmada entre os
sujeitos da relação obrigacional. Nesse sentido, pois,
podemos afirmar não existir, em regra, “novação legal”
(determinada por imperativo de lei).

A novação não produz, como o pagamento, a satisfação


imediata do crédito, sendo, pois, modo extintivo não
satisfatório.
4.5.3. Requisitos – Novação.

São requisitos da novação:

a) Existência de obrigação jurídica anterior.

b) A criação de uma nova obrigação, substancialmente


diversa da primeira.

c)Animus Novandi.
Existência de obrigação jurídica anterior: só poderá efetuar
a novação se juridicamente existir uma obrigação anterior a
ser novada, visto que a novação visa exatamente à sua
substituição.
É necessário que seja válida a obrigação a ser novada. Dispõe,
com efeito, o art. 367 do Código Civil: "Salvo as obrigações
simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação
obrigações nulas ou extintas". Não se pode novar o que não
existe, nem extinguir o que não produz efeitos jurídicos.
A obrigação simplesmente anulável, entretanto, pode ser
confirmada pela novação, pois tem existência, enquanto não
rescindida judicialmente. Podendo ser confirmada, interpreta-
se sua substituição como renúncia do interessado ao direito de
pleitear a anulação. Obrigações naturais não comportam
novação, porque seu pagamento não pode ser exigido
Obs: A novação em obrigações naturais é questão
controvertida, por isso é importante salientar que alguns
autores entendem ser perfeitamente cabível.
Silvio de Salvo Venosa ensina que “como persiste o
débito na obrigação natural e o pagamento feito é válido
e não enseja a repetição, a conclusão é pela
admissibilidade de novação de obrigação natural. A nova
obrigação passa a ser civil, isto é plena.” (VENOSA,
Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações
e teoria geral dos contratos. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2008. Coleção direito civil; v.2. p.258.)
A criação de uma nova obrigação, substancialmente
diversa da primeira: a novação só se configura se houver
diversidade substancial entre a dívida anterior e a nova.
Só há novação quando se verifiquem alterações
secundárias na dívida (mudança de lugar do
cumprimento; modificação pura e simples do valor da
dívida; aumento ou diminuição de garantias; exclusão de
uma garantia, alongamento ou encurtamento do prazo,
estipulação de juros etc.).
A nova obrigação há de ser válida. Se for nula, ineficaz
será a novação, subsistindo a antiga. Se anulável, e vier a
ser anulada, restabelecida ficará a primitiva, porque a
extinção é conseqüência da criação da nova. Desfeita
esta, a anterior não desaparece.
4.5.4. Espécies de Novação.

a) Novação objetiva.


b) Novação subjetiva.
c) Novação mista.

a) Novação objetiva.
Modalidade mais comum e de fácil compreensão, ocorre
quando as partes de uma relação obrigacional
convencionam a criação de uma nova obrigação, para
substituir e extinguir a anterior.
Art. 360, inciso I, CC.
Por exemplo, haverá novação objetiva quando o credor e
devedor acordarem extinguir a obrigação pecuniária
primitiva, por meio da criação de uma nova obrigação,
cujo objeto é a prestação de um serviço.
Não há obrigatoriedade de que a obrigação primitiva
seja pecuniária, sendo irrelevante tratar-se de obrigação
de dar, fazer ou não fazer.
Novação Objetiva x Dação em Pagamento.
Não se deve confundir a novação OBJETIVA coma
dação em pagamento. Na dação, a obrigação originária
permanece a mesma, apenas havendo uma modificação
do seu objeto, com a devida anuência do credor.
Diferentemente, na novação objetiva, a primeira
obrigação é quitada e substituída pela nova.
b) Novação subjetiva.

A novação subjetiva, por sua vez, dada a sua similitude


com outras figuras jurídicas, merece atenção redobrada.

Dá-se a novação subjetiva, em 3 hipóteses:


Por mudança de devedor: novação subjetiva PASSIVA
Por mudança de credor: novação subjetiva ATIVA
Por mudança de credor e devedor: novação subjetiva
MISTA.
b1) A novação subjetiva passiva ocorre quando um
novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite
com o credor (art. 360, II CC).

Constata-se uma alteração de sujeitos passivos na


relação obrigacional, de forma que a primitiva
obrigação é considerada extinta em face do antigo
devedor, substituindo pelo novo.

Não há, necessariamente modificação do objeto da


obrigação, mas apenas de sujeitos, considerando-se,
entretanto, quitada a obrigação pactuada com o
primeiro devedor.
Novação subjetiva passiva - Poderá ocorrer de dois modos:

EXPROMISSÃO (sem o consentimento do devedor): a


substituição do devedor se dá independentemente do seu
consentimento, por simples ato de vontade do credor, que o
afasta, fazendo-o substituir por um novo devedor (362 CC).
 Ex: um filho rico, angustiado pela vultosa dívida contraída
por seu pai pobre, dirige-se ao credor, solicitando-lhe que,
mesmo sem o consentimento do seu genitor (homem
orgulhoso e conservador), admita que suceda ao seu pai, na
obrigação contraída.
OBS: A obrigação contraída pelo segundo devedor será
considerada nova em face da primeira, que se reputará
liquidada, afastando-se da relação obrigacional o primitivo
devedor, mesmo sem seu consentimento.
A novação subjetiva passiva por meio de
DELEGAÇÃO ocorre quando o devedor participa do
ato novatório, indicando terceira pessoa que assumirá o
débito, com a devida concordância do credor. Assim,
participam por delegação: o antigo devedor (delegante),
o novo devedor (delegado), e o credor (delegatário). De
tal forma, que excluído o antigo devedor, perante este a
obrigação será considerada extinta.

Essa forma de novação não está prevista em lei, mas é


amplamente admitida. Diferentemente do que ocorre na
expromissão, o devedor participa do ato, conferindo-lhe
mais segurança.
Não há que confundir novação subjetiva passiva
com pagamento por terceiro (interessado ou não).
Neste a dívida é extinta pelo adimplemento, enquanto,
naquela, nova obrigação é contraída, com o mesmo
conteúdo objetivo, mas com diversidade substancial no
pólo passivo, extinguindo-se a relação obrigacional.

Obs: Na novação subjetiva, se o devedor for


insolvente, não tem o credor que o aceitou, nos termos
do art. 363 CC, ação regressiva contra o primeiro
devedor, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
Trata-se de norma razoável, que visa a reprimir a
atuação danosa do devedor que indica terceiro, para
substituí-lo, sabendo do seu estado de insolvência.
b2) Por mudança de credor:
Novação subjetiva ATIVA: ocorre mudanças de credores.

Ocorre mudança no pólo creditório da relação jurídica


obrigacional. Art. 360 CC, inciso III.

Opera-se a mudança de credores, considerando-se extinta a


relação obrigacional em face do credor primitivo que sai e
dá lugar ao novo. O devedor não deverá mais nada ao
primeiro, uma vez que a sua dívida reputar-se-á liquidada
perante ele.

Deve-se haver prova do ânimo de novar.


b3) Por mudança de credor e devedor: novação
subjetiva MISTA: ocorrência bem mais rara. Ocorre
quando ambos os sujeitos da relação obrigacional são
substituídos, em uma incidência simultânea dos incisos
I e II ou I e III do art. 360 CC.
Ocorre quando, além da alteração de sujeito (credor ou
devedor), muda-se o conteúdo ou objeto da relação
obrigacional.
Trata-se de um tertium genus, formado pela fusão das
duas espécies de novação anteriormente estudadas
(objetiva e subjetiva).
EXEMPLO: Um pai assume a dívida em dinheiro do
filho (mudança de devedor), mas com a condição de
pagá-la mediante a prestação de determinado serviço
4.5.5. Efeitos da Novação:

O principal efeito da NOVAÇÃO é liberatório, ou seja, a


extinção da primitiva obrigação, por meio de outra, criada
para substituí-la.
Em geral, realizada a novação, extinguem-se todos os
acessórios e garantias da dívida ( a exemplo da hipoteca e
da fiança), sempre que não houver estipulação em contrário
(art. 364, primeira parte CC). Aliás, quanto à fiança, o
legislador foi mais além, ao exigir que o fiador consentisse
para que permanecesse obrigado face da obrigação novada.
(art. 366 CC). Quer dizer, se o fiador não consentir na
novação, estará consequentemente liberado.
Obs: Em se tratando de solidariedade ativa, uma vez
ocorrida a novação, extingue-se a dívida.
4.6. Compensação.
Art. 368 a 380.
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo
credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem.
4.6.1. Conceito: a compensação é uma forma de
extinção da obrigação em que os seus titulares são
reciprocamente credores e devedores.
A palavra "compensação" deriva do verbo
compensar (pensare cum), e traz a idéia da balança
com um peso em cada um dos lados.
Pode ser total ou parcial.
Espécies: legal, convencional e judicial.
Duas ou mais pessoas são ao mesmo tempo
credoras e devedoras umas das outras até o limite
da existência do crédito recíproco.

Pode ser:
Total (A deve 100 a B, mas B também deve 100 a
A).
Ou Parcial (os créditos são de valores diversos:
extingue-se um mantém-se o outro na parte
excedente ao compensado – A deve 100 a B, e B 70
a A, compensa-se 70 da dívida de B).
4.6.2. Espécies de compensação.
I. Compensação legal: é a que se opera de pleno direito,
mediante a reunião dos requisitos previstos em lei (art. 369
do CC). Diante dos requisitos legais o juiz deve deferir a
compensação legal.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,
vencidas e de coisas fungíveis.
II. Compensação judicial: se dá no processo por ato do
juiz. Na sucumbência recíproca o juiz na sentença poderá
fazer uma compensação judicial (art. 21 do CPC).
Ex: na reconvenção: o juiz na mesma sentença decide a lide
1 e a lide 2, por isso , nada impede que o juiz compense a
condenação das duas lides.
III. Compensação convencional: é aquela que deriva da
autonomia da vontade das partes, independentemente dos
I – Compensação Legal – Requisitos.
a) Reciprocidade das obrigações: na mesma
relação obrigacional, as partes são credores e
devedores uma das outras.
OBS: por exceção o art. 371 do CC, admite que o
fiador (terceiro) possa, quando demandado, opor
compensação caso tenha crédito seu em face do
credor (art. 371 do CC).
Art. 371. O devedor somente pode compensar com
o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao
afiançado.
b) Liquidez das dívidas. As dívidas devem ser líquidas, certas.
c) Dívidas vencidas. Exigibilidade das obrigações recíprocas:
a compensação pressupõe que as dívidas devem estar vencidas.
d) Homogeneidade das obrigações [mesma natureza]:
significa que para ter compensação legal as dívidas devem ser
da mesma natureza. Ex: “A” deve a “B” moedas raras no valor
de 50 mil reais. “B” estava devendo a “A” também 50 mil reais,
em dinheiro. Os débitos não são da mesma natureza, por isso
não cabe compensação por força de lei. Convencionalmente é
possível, o que não poderá é a compensação legal, por força de
lei, o juiz só está obrigado a acatar a compensação com os 4
requisitos presentes.
OBS: nos termos do art. 370 do CC, não se poderá compensar
coisas do mesmo gênero se diferirem na qualidade.
4.6.3. Renúncia à Compensação.
É possível a renúncia à compensação nos termos do:
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por
mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia
de uma delas.
I – Pela vontade das partes: a) que deve ser
contemporânea á constituição da obrigação ou, b) se for
ato posterior, exige-se que a compensação não tenha se
operado.
II – Impedimento da comp. por lei: a) dívida proveniente
de ato ilícito (Esbulho, furto ou roubo, art. 373,I);
b) Divida proveniente de comodato, depósito ou
alimentos (art. 373, II);
c) Dívida de coisa impenhorável ( art. 373 III e 649 CPC).
d) Dívidas fiscais, exceto se houver lei permissiva (art.
No caso de Comodato (empréstimo gratuito, de
coisa não – fungível), não cabe compensação
porque o comodato e o depósito são contratos de
confiança, por serem contratos de confiança a lei
não permite a compensação. Ex: pessoa que
empresta a um amigo uma casa o qual diz que não
irá devolver o imóvel falando que quer compensar
da dívida que tem com o proprietário.
Se qualquer das obrigações não for sucessível de
penhora não caberá compensação. Ex: Salário: não
pode ser retido para efeito de penhora, então não
poderá sofrer compensação.
O STJ no Ag 353291, apontou a impossibilidade
de retenção de salário para efeito de compensação.
4.7. Confusão:
4.7.1. Conceito.
É uma neutralização, anulação de obrigação quando
encontramos na mesma pessoa a qualidade de credor e
devedor.
Por ato causa mortis: Art 381, ex: A é inquilino de seu
pai B, mas o pai morre e A herda o apartamento,
extinguindo a obrigação de pagar aluguel face à confusão,
pois A vai reunir as qualidades de credor e devedor, afinal
ninguém pode ser devedor ou credor de si mesmo. A
confusão exige identidade de pessoas e de patrimônios, de
modo que o dono de uma pessoa jurídica pode dever a sua
empresa, e vice-versa.
Por ato inter vivos: X é credor de Y e ambos se casam sob
o regime universal de comunhão de bens.
4.7.2. Confusão – Espécies.
A confusão pode extinguir a dívida toda ou apenas parte da
dívida, conforme dispõe o artigo 382, ou seja, pode ser total
ou parcial. Quando ocorre a confusão parcial, o credor não
recebe a totalidade da dívida.
Exemplo de confusão parcial encontra-se nas obrigações
solidárias. Por exemplo: se um dos devedores solidários se
confunde com o credor, opera-se a extinção de parte da
dívida. Ou seja, apenas a parte correspondente à parcela de
responsabilidade do devedor solidário é confundida.
O artigo 383 dispõe sobre a confusão parcial: “A confusão
operada na pessoa do credor ou do devedor solidário só
extingue até a concorrência da respectiva parte do crédito,
ou na dívida, subsistindo quanto ao mais na solidariedade”.
A obrigação e a respectiva solidariedade permanecem entre
os demais devedores.
4.7.2. Confusão – Efeitos.
A obrigação é neutralizada, nem sempre se extinguindo a
obrigação acessória.
O artigo 384 dispõe que: “Cessando a confusão, para logo se
restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação
anterior”.
O artigo trata da confusão transitória que pode permanecer
por um tempo até que um fato jurídico a desfaça. Pode
acontecer, por exemplo, no caso de abertura da sucessão
provisória em razão da declaração de ausência e posterior
aparecimento do presumidamente morto.
Nesta hipótese, não se pode falar que a confusão
efetivamente extinguiu a obrigação, mas que somente a
neutralizou ou paralisou, até ser restabelecida por um fato
novo. Outro exemplo é aquele que recebe herança com
fideicomisso (com obrigação de transmitir a herança aos
ATENÇÃO: o atual Código Civil trata a transação
(arts 840 a 850: extinção da obrigação por mútuas
concessões) e a arbitragem (arts. 851 a 853: partes
confiam a àrbitros a solução de seus conflitos de
interesses) como formas de contrato e não mais
como formas de pagamento.
Ou seja, passa a não estar mais na órbita do Direito
das Obrigações...
4.8. Remissão das dívidas:
4.8.1. Conceito.
É liberação graciosa do devedor pelo credor, que
voluntariamente abre mão de seus direitos creditórios,
com o escopo de extinguir a obrigação, mediante o
consentimento expresso ou tácito do devedor;
é um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor;
 todos os créditos, seja qual for a sua natureza, são
suscetíveis de serem remidos, desde que visem o
interesse do credor e a remissão não prejudique
interesse público ou de terceiro;
Diferente de renúncia (ato unilateral), ela é bilateral.
Não pode prejudicar terceiros, credores daqueles que
perdoa (art. 385).
4.8.2. Remissão - Espécies.
Poderá ser total ou parcial e expressa ou tácita;
Tácita: ter-se-á remissão de dívida presumida pela
entrega voluntária do título da obrigação por escrito
particular e a entrega do objeto empenhado (credor
pignoratício, art. 387 prova da renúncia do credor à
garantia real).
Essa forma não se aplica na hipótese de o título da
obrigação ser constituído por instrumento público.
Assim, é expressa.
Logo, somente se o título da dívida for instrumento
particular é que será admitida a remissão tácita.
4.8.3 Remissão e solidariedade passiva.

A remissão dada a um dos devedores solidários


somente a este aproveita, permanecendo os outros
devedores solidários obrigados pelo saldo
(descontada a parte perdoada), permanecendo a
solidariedade (art. 388).

Exemplo: Se A é credor de B, C e D, devedores


solidários de 300, e perdoa a dívida de B, poderá
cobrar de C ou D somente 200. Se C for escolhido
e pagar a totalidade (200) poderá cobrar 100 de D.
5. Do pagamento indevido.
Arts. 876 a 886.
a) Pagamento indevido (art. 876 e ss)
b) Casos esparsos no Civil (ex: arts: 310 e 1.225).
Espécie de enriquecimento sem causa. Pessoa paga a outra
de forma errônea, pensando que está extinguindo a
obrigação. Quem paga de forma indevida pode pedir a
restituição, desde que prove que pagou por erro. Isso
entretanto, não a libera de pagar novamente à pessoa certa.
Quem recebeu de forma indevida é obrigado a restituir
(art. 876). Várias ações tem o objetivo de evitar
locupletamento de coisa alheia.
Uma delas é a ação de repetição de indébito. Repetir em
direito significa pedir a devolução ou a restituição do
indevido.
Requisitos:
1. enriquecimento do accipiens.
2. empobrecimento do solvens.
3. relação de causalidade entre o enriquecimento de um
e o empobrecimento do outro.
4. inexistência de causa jurídica (contrato ou lei) para
esse enriquecimento.
Hipóteses:
1. Devedor que paga dívida inexistente.
2. dívida existe, mas de alguma forma já foi extinta.
3. dívida é paga por quem não é o devedor ou recebido
por quem não é o devedor.
Impossibilidades:

Não é possível repetir:

1. o que se pagou para solver dívida prescrita;


2. o que se deu para obter fim ilícito ou imoral;
3. se houver pagamento de dívida ainda não vencida.
6. Da transmissão das Obrigações.
A obrigação em geral, não é um vínculo pessoal
imobilizado.
A transferência de créditos, a circulação de títulos em geral,
está ligado às relações negociais. Afinal, a
transmissibilidade das obrigações, em grande parte, faz girar
as engrenagens econômicas do mundo.
Analisaremos 3 modalidades de transmissão das obrigações:
A cessão de crédito: transferência que o credor faz a outrem
de seus direitos;
A cessão de débito: devedor transfere a dívida com anuência
do credor;
A cessão de contrato: transferência da posição ativa e
passiva em um contrato.
6.1. Cessão de crédito:
Cessão de crédito é a transferência ativa (inter vivos) da
obrigação que o credor faz a outrem de seus direitos;
corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional.
É a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso,
de um direito, de um dever, de uma ação ou de um
complexo de direitos, deveres e bens, com conteúdo
predominantemente obrigatório, de modo que o
cessionário (adquirente) exerça posição jurídica idêntica à
do cedente.
Ou seja, é a venda de um direito de crédito ou sua
transferência gratuita.
A cessão de crédito existe como instrumento para
viabilizar e/ou estimular a circulação de riquezas (por
exemplo, por meio da troca de títulos de crédito: cheques,
Consiste em um negócio jurídico por meio do qual o
credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu
crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a
reação obrigacional primitiva com o mesmo devedor
(cedido).
É a forma negocial de cessão mais importante e nos
interessa. A doutrina reconhece a cessão judicial (a
exemplo da decisão que atribui ao herdeiro ou legatário
um crédito do falecido), e da cessão legal, operada por
força da lei (como a cessão dos acessórios da dívida –
garantias, juros, cláusula penal – determinada pelo art.
287 CC.
A cessão é a venda (ou transferência gratuita) do
crédito. O cedido continua devendo a mesma coisa,
mas há alteração do pólo ativo obrigacional. O
Que créditos podem ser objeto de cessão?

Todos, salvo os créditos alimentícios, afinal tais


créditos são inalienáveis e personalíssimos, estando
ligados à sobrevivência das pessoas.
A lei proíbe também a cessão de alguns créditos como
o crédito penhorado (298 – vocês vão estudar penhora
em processo civil).
O devedor pode também impedir a cessão desde que
esteja expresso no contrato celebrado, vide art. 286.
Direitos de tutelados;
e Salário.
A cessão pode ser afastada pela vontade das partes.
IMPORTANTE: Vide art. 290, a cessão de crédito não tem
eficácia quanto ao devedor, a não ser quando ele receber
NOTIFICAÇÃO.
Não havendo a notificação, a cessão não gerará o efeito
jurídico pretendido, e o devedor não estará obrigado a pagar
ao novo credor primitivo (cedente). Ver art. 292 CC.
Art. 294 CC: notificado o devedor vincula-se ao
cessionário, podendo opor a este as exceções (defesas) que
lhe competirem, bem como as que, no momento em que
veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
Assim, o sujeito passivo da obrigação poderá defender-se,
utilizando as “armas jurídicas” que apresentaria contra
cedente. Assim, se crédito foi obtido mediante erro ou lesão,
por exemplo, poderá opor essas exceções à cessão do
crédito. Da mesma forma, poderá provar que já pagou, ou
 Havendo simulação, portanto, presume-se ter havido violação a
interesses superiores, de ordem pública, e, de tal forma, esse
vício social poderá ser argüido pelo próprio devedor, em face do
cessionário de boa-fé.
Fiador: não precisa ser comunicado da ocorrência da cessão,
uma vez que ele é um garantidor do devedor, que continua sendo
o mesmo, independentemente da notificação do sujeito ativo da
obrigação.
Art. 291 CC: Ocorrendo pluralidade de cessões, cujo título
representativo seja da essência do crédito. O devedor deve pagar
a quem se apresentar como portador do instrumento. A primeira,
e de maior monta, é a que se prende à anterioridade da
notificação, que se apura com o maior rigor, indagando-se do dia
e até da hora em que se realize. No caso de serem simultâneas as
notificações, ou de se não conseguir a demonstração de
anterioridade, rateia-se o valor entre os vários cessionários.
Cessão x Novação:
Diferentemente do que se dá com a novação, a
obrigação não é extinta, operando-se, apenas, a
transmissão da quantidade creditória a um terceiro,
inexistindo, portanto, da mesma forma, o animus
novandi necessário para caracterização da novação.

Cessão x Subrogação:
Não há que ser confundida, também, com a sub-rogação
legal, uma vez que o sub-rogado não poderá exercer os
direitos e ações do credor além dos limites do
desembolso. Tal restrição não é imposta à cessão de
crédito. Se a sub-rogação, todavia, for convencional, o
tratamento dado pela lei é o mesmo da cessão de crédito
(art. 348 CC).
Forma da cessão: não exige formalidade entre o novo e o
velho credor, pode até ser verbal, mas para ter efeito contra
terceiros deve ser feita por escrito (288). A escritura
pública é aquela do art. 215, feita em Cartório de Notas. O
contrato particular é feito por qualquer advogado.
Cessão de crédito onerosa: “A emprestou R$ 5.000,00 a B,
pelo prazo de três anos, tendo a dívida sido afiançada por C.
Passado um ano, o mutuante tem inesperadamente
necessidade de dinheiro. Como não pode ainda exigir a
restituição da quantia mutuada, vende o crédito por R$
4.200,00 a D, que não hesita em adquiri-lo pela confiança
que deposita na solvabilidade pelo fiador.
Se A não tivesse “vendido” (leia-se cedido onerosamente),
mas apenas transmitido o crédito, sem exigir
contraprestação alguma, a cessão seria considerada gratuita.
Da validade da cessão:
Art. 286CC: a cessão de crédito NÃO poderá ocorrer:
a) se da natureza da obrigação for incompatível com a
cessão (ex: alimentos, direitos da personalidade: honra,
nome,...)
b) se houver vedação legal (ex: art. 520 CC: que proíbe
a cessão do direito de preferência a um terceiro)
c) se houver cláusula contratual proibitiva entre as
partes.
Art. 288 CC: Para ter validade, a cessão de crédito
deverá ser celebrada mediante instrumento público ou, se
for celebrada por instrumento particular, deverá revestir-
se das solenidades previstas no § 1º do art. 654 CC, quais
sejam, a indicação do lugar em que foi passado, a
qualificação das partes, a data, o seu objetivo e conteúdo,
Espécies de cessão de crédito:
convencional (onerosa ou gratuita), para ocorrer
efeitos perante terceiros temos a forma do artigo 288.
legal (ex. fiador, art. 831) ou
judicial (ex. pessoas que pelo processo recebem um
bem e com ele seus créditos).

Tipos pro soluto e pro solvendo (295 e 296):


pro soluto (garantia de que o crédito existe apenas) e
pro solvendo (cedente dá garantia de pagar o crédito
diante da insolvência do cedido).
Exceções oponíveis: 294.
A cessão pode também ser “pro soluto” ou “pro
solvendo”; na pro soluto o cedente responde pela
existência e legalidade do crédito, mas não responde pela
solvência do devedor.
ex: A cede um crédito a B e precisa garantir que esta
dívida existe, não é ilícita, mas não garante que o
devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um risco
que B assume).
Na cessão pro solvendo o cedente responde também pela
solvência do devedor, então se C não pagar a dívida.
ex: o cheque não tinha fundos, o cessionário poderá
executar o cedente.
Mas primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para
depois cobrar do cedente.
Quando a cessão é onerosa, o cedente SEMPRE
responderá pro soluto, igualmente se a cessão foi
gratuita e o cedente agiu de má-fé.

ex: dar a terceiro um cheque sabidamente falsificado


gera responsabilidade do cedente, mas se o cedente não
sabia da ilegalidade não responde nem pro soluto,
afinal foi doação - 295);
mas o cedente só responde pro solvendo se estiver
expresso no contrato de cessão (296).
6.2. Da Assunção de Dívida.

Devedor cede a outro sua posição na relação jurídica.


Não gera nova obrigação.
Consiste em um negócio jurídico por meio do qual o
devedor, com expresso consentimento do credor,
transmite a um terceiro a sua obrigação. Cuida-se de
uma transferência debitória, com mudança subjetiva na
relação obrigacional.
Consentimento expresso do credor é obrigatório. O
silêncio não é aceitação, salvo artigo 303 (299).
Não são cedíveis obrigações personalíssimas.
Não terá validade quando o novo devedor for
insolvente e o credor ignorava (299).
Se o terceiro a quem se transmitiu a obrigação, era
insolvente e o credor ignorava, a lei não admite a
exoneração do devedor. Por isso é de boa cautela dar ciência
ao credor de estado de solvabilidade do novo devedor.
Art. 300 CC: Se o devedor primitivo não declarar
expressamente sobre a permanência das garantias dadas
originalmente por ele ao credor, consideram-se elas extintas.
Art. 301 CC: Se a substituição do devedor vier a ser
invalidade, restabelece-se a obrigação, restaurando-se o
débito. Com todas as suas garantias, excetuando-se as
garantias prestadas por terceiro (uma fiança, por exemplo).
Se terceiro atuou de má-fé, sabendo do vício da cessão, a
sua garantia subsistirá.
Requisitos da cessão de débito:

a) a relação jurídica obrigacional juridicamente válida


(o que pressupõe a existência, nos planos do negócio
jurídico.
b) a substituição do devedor, mantendo-se a relação
jurídica originária.
c) a anuência expressa do credor.

Exemplo de cessão de débito: a venda de um


estabelecimento comercial.
Assunção de Dívidas – Espécies:

Expromissão: feita entre credor e o terceiro


diretamente, o negócio jurídico é pactuado entre o
devedor originário e o terceiro, com a devida anuência
do credor;
Delegação: feita entre devedor e o terceiro, com
anuência do credor. Hipótese em que o terceiro assume
a obrigação independente do consentimento do devedor
primitivo.

Extinguem-se as garantias do devedor primitivo (300).

Com a anulação da assunção, restaura-se o débito


EFEITOS DA ASSUNÇÃO. O devedor é substituído e
a partir da assunção as garantias consideram-se extintas.
(Art. 300 do C.C.)

ANULAÇÃO DA ASSUNÇÃO. O débito é restaurado,


bem como as garantias prestadas por terceiro que
conhecia a nulidade são restauradas. (Art. 301 do C.C.).
6.3. Cessão de contrato.
Instituto jurídico conhecido na doutrina, mas que não recebeu
atenção no CC/02.
Nesta cessão, o cedente transfere a sua própria posição
contratual (créditos e débitos) a um terceiro (cessionário), que
passará a substituí-lo na relação jurídica originária.
Importante lembrar que há obrigações personalíssimas, que não
admitem cessão. Por outro lado, pode ocorrer, que a obrigação
não seja pactuada intuito personae (personalíssima), e, ainda
assim, o contrato proíba a cessão. Entretanto, não havendo
cláusula proibitiva, a cessão de posição contratual é possível,
desde que haja expresso consentimento da outra parte.
Exemplos: Contratos de cessão de locação, em que o contrato-
base é transferido, com anuência do cedido, transpassando-se
para o cessionário todos os direitos e obrigações deles
resultantes. Contratos de empreitada.
Efeitos da cessão de contrato.
Efeitos entre o cedente e o contraente cedido: a cessão
na posição contratual pode efetuar-se com ou sem
liberação do cedente perante o contraente cedido. Não
havendo a liberação do cedente, estabelece-se um
vínculo de solidariedade entre este e o cessionário.
Efeitos entre o cedente e o cessionário: para o cedente,
ocorre a perda dos créditos e das expectativas integrados
na posição contratual cedida, bem como a exoneração
dos deveres e obrigações nela compreendidos.
Efeitos entre o cessionário e o contraente cedido: dá-se
a substituição do cedente pelo cessionário na relação
contratual com o cedido.
7. Do Inadimplemento das Obrigações.

Como vimos anteriormente, as obrigações nascem com a


finalidade precípua de serem extintas. E sua extinção,
regra geral, ocorre com o pagamento, ou seja, com seu
cumprimento, nas diversas modalidades (dar, fazer, não
fazer).
É a quebra do Pacta Sunt Servanda.
Portanto, o descumprimento da obrigação assumida pelo
devedor constitui a exceção à regra geral. Nessa hipótese,
o credor, diante do direito de ver a obrigação cumprida,
pode se voltar contra o patrimônio do devedor, a fim de
ver cumprida a prestação ou exigir o equivalente à
prestação mais perdas e danos.
Art. 389 CC: responde o devedor pelas perdas e danos
decorrentes do inadimplemento, mais juros e atualização
monetária segundo índices regularmente estabelecidos,
assim como pelos honorários de advogado eventualmente
contratado pelo credor.

Art. 390 CC: Nas obrigações negativas (não fazer) o


devedor é havido por inadimplente desde o dia em que
executou o ato de que se devia abster.
Nas obrigações de dar, opera-se o descumprimento quando o
devedor recusa a entrega, devolução ou restituição da coisa.

Art. 391 CC: Pelo inadimplemento das obrigações,


respondem todos os bens do devedor.
O inadimplemento pode ser:

Total ou parcial.

ABSOLUTO: impossibilidade culposa;

FORTUITO: impossibilidade sem culpa;

RELATIVO: mero atraso, sanável.


Inadimplemento culposo da obrigação
Ocorre quando o não cumprimento da obrigação ocorre
por culpa do devedor, que deixa de realizar a prestação
pactuada, impondo-lhe a lei o dever de indenizar a parte
prejudicada, conforme o art. 389 CC.
O inadimplemento de que trata o referido artigo, é o
absoluto, ou seja, aquele que impossibilita o credor de
receber a prestação devida, por exemplo, a destruição
do cereal que seria entregue pelo devedor.
Assim, o inadimplemento pode ser total ou
parcialmente (quando há pluralidade de objetos e
apenas parte deles se inviabiliza), convertendo-se a
obrigação, na falta de tutela jurídica específica em
obrigação de indenizar.
No inadimplemento relativo, a prestação, ainda pode ser
realizada, não foi cumprida no tempo, lugar e forma
convencionados, havendo, por outro lado, o interesse do credor
de que seja adimplida, sem prejuízo de exigir uma compensação
pelo ainda realizável caracteriza a MORA.
Inadimplemento culposo absoluto: art. 389 CC (este artigo é
visto pela doutrina como a base legal da responsabilidade civil
contratual, pois a responsabilidade civil extracontratual ou
aquiliana repousa no art. 186 CC (ocorre quando, por exemplo,
uma pessoa guiando imprudentemente o seu veículo, choca-se
contra um muro, causando danos ao proprietário desse imóvel).
Quando inexistir vínculo contratual anterior entre o causador do
dano e a vítima, aquele deverá indenizar segundo os princípios
da responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, previstos
em nossa legislação em vigor. Afinal, o ato ilícito também gera
o dever de indenizar.
Existem três elementos diferenciadores entre as duas
formas de responsabilização:
I) Necessária preexistência de uma relação jurídica entre
lesionado e lesionante: Na RC Contratual, é necessário
que a vítima e o autor do dano já tenham se aproximado
anteriormente e se vinculado para o cumprimento de uma
ou mais prestações (culpa contratual).
II) O ônus da prova quanto à culpa: na RC aquiliana a
culpa deve ser sempre provada, enquanto na culpa
contratual, ele é, de regra, presumida, invertendo-se o ônus
da prova.
III) A diferença quanto à capacidade: o menor púbere só
se vincula contratualmente quando assistido por seu
representante legal, e, excepcionalmente, se
maliciosamente declarou-se maior (art. 180 CC).
Inadimplemento fortuito.
Ocorre quando o inadimplemento é proveniente de fato não
imputável ao devedor (ex. do credor ou terceiro que destrói
a coisa, de caso fortuito ou de força maior).
Em geral esses fatores excluem a responsabilidade do
devedor prevista no artigo 389 do CC, conforme o artigo
393 CC (mas pode ser estipulado o contrário).
Caso fortuito (fortuito humano) (fato ou ato alheio à
vontade das partes, ligado ao comportamento humano ou
ao funcionamento da máquina – greve, motim, queda de
prédio, defeito oculto de mercadoria etc).
Força maior (fortuito natural) (acontecimentos externos ou
fenômenos naturais, como raio, tempestade etc).
INEVITABILIDADE E IMPREVISIBILIDADE (393 p.u.).
Inadimplemento relativo.

Irregularidade ou retardamento culposo (mora ou


atraso) do devedor no cumprimento da obrigação (394
CC) que não retira a utilidade ou o interesse do credor
em ver cumprida.
A prestação atrasada deverá vir acrescida de juros,
atualização, multa contratual etc (395 CC).

Espécies de Mora:

Do devedor (mora solvendi) (mora de pagar)


Do credor (mora accipiendi) (mora de receber)
Mora do devedor ocorrerá imediatamente ou após ato do
credor.

(ex re – de pleno direito, imediatamente)


Nas obrigações puras (positiva e líquida): após o termo.
Nas obrigações negativas: desde o momento em que executou o
ato.
Nas obrigações decorrentes de ato ilícito: no momento da
prática do ato danoso.

(ex persona – após ato do credor)

Nas obrigações sem vencimento: quando da interpelação.


Nas obrigações condicionais: com a prova do advento da
condição.
Requisitos da mora do devedor:

Exigibilidade da prestação (vencimento, interpelação


ou condição).

Inexecução culposa.

Constituição em mora (ato do credor quando for do tipo


ex persona).
Efeitos da mora do devedor:

Responsabilidade por todos os prejuízos causados ao


credor (395 CC) caso este escolha o cumprimento da
obrigação.

Se o credor optar pelo não cumprimento, responde pelas


perdas e danos (395 par. único CC).

Se a prestação se tornar impossível durante a mora,


continua respondendo o devedor independente de culpa,
salvo se provar que o fato que impossibilitou a prestação
ocorreria mesmo que já tivesse sido prestada (399 CC).
Mora do credor (atraso de receber):
Efeito inicial: a mora do credor não exonera o devedor, que
continua com a obrigação de solver e de proteger a coisa.
Requisitos:
exigibilidade da prestação;
recusa injustificada;
constituição em mora através de consignação em
pagamento.
Efeitos do artigo 400:
obriga o credor moroso a ressarcir as despesas empregadas
na conservação da coisa;
Sujeita o credor moroso a receber a coisa nas condições
mais favoráveis ao devedor no momento da entrega.
O devedor só responde pela perda da coisa no caso de dolo.
Purgação da Mora.

Conceito: purgar é neutralizar os efeitos.


O devedor cumpre a obrigação acrescida dos prejuízos
devidos, caso a prestação ainda seja de interesse e
utilidade do credor.
O credor, oferecendo-se a receber o pagamento e
sujeitando- se aos efeitos legais.
Purgar é diferente de cessar: ex. quando a dívida fiscal
é perdoada pelo Prefeito e beneficia o contribuinte que
estava em atraso, a mora cessou, mas o devedor não
purgou.

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