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Direito Romano Atual 2

Fichamento livro Thomas Marky - Parte Direito das Obrigações

Obrigações

● Conceito:
● A obrigação estabelece uma relação entre o credor e o devedor
● Em sentido amplo inclui todos os deveres jurídicos, mas isso difere do sentido técnico
da palavra
● Os direitos reais implicam um direito negativo: não pode perturbar, sendo erga omnes e
perpétuos
● Já nas obrigações os direitos só existem entre determinadas pessoas e pode ser tanto
negativo como positivo e é temporário
● Se o devedor deixar de solver sua obrigação o credor tem uma actio in personam contra
ele para forçá-lo à execução
● Nas origens, essa execução era pessoal: o devedor respondia como pessoa, com o
corpo
● Mais tarde, a responsabilidade passou a ser patrimonial, respondendo com seus bens
● Partes na obrigação:
● As partes essenciais são o credor e o devedor
● É possível que haja mais de um credor e mais de um devedor
● Modalidades de obrigações:
○ Obrigações parciais ou fracionárias: débito é partilhado entre as pessoas
○ Obrigações ambulatórias: obrigação com sujeito variável - se o escravo comete
o dano seu dono é quem responde
○ Obrigações cumulativas: se a obrigação é 100 sestércios, cada devedor deve
pagar os 100. Cada um deve a prestação inteira
○ Obrigações solidárias: se extingue quando um dos co-credores recebe ou
quando um dos co-devedores paga. Quando um paga a prestação inteira, se
extingue. Havia o direito de regresso contra os outros. Suas causas podem ser:
■ Prestação indivisível. Ex: um cavalo para várias pessoas
■ Disposição contratual entre as partes, que visa o cumprimento mais fácil
da obrigação
■ Ser a prestação devida em consequência de um ato ilícito praticado por
mais de uma pessoa
● Objeto das obrigações:
● O objeto é a prestação
● Não pode ser ilícita, impossível, imoral ou totalmente indeterminada
● Caso seja impossível, ela é nula
● Em caso de impossibilidade superveniente a obrigação se extingue, exceto quando
houver possibilidade de ser imputável ao devedor
● Os romanos distinguiam dare (transferÊncia da propriedade ou servidão) e facere (toda
e qualquer prestação)
● Quanto ao objeto:
○ O objeto da prestação pode ser uma coisa específica (prédio tal, ao lado do
barbeiro) ou algo mais genérico, como um saco de trigo (coisa determinada pelo
gênero)
■ Na obrigação genérica, a escolha da coisa cabe ao devedor, exceto
quando convencionalmente estipulada
○ Obrigação alternativa: São aquelas em que o devedor, para se libertar da
relação obrigacional, deve realizar uma entre duas ou mais prestações
igualmente previstas na obrigação
○ Obrigação facultativa: São aquelas em que o devedor está obrigado a realizar
apenas uma prestação,mas em que lhe é facultado liberar-se da obrigação por
meio da efetuação de outra prestação
○ Obrigação divisível: quando a prestação pode ser dividida em partes, sem que
se diminua o valor proporcional de cada parte. Ex: construir um muro
○ Indivisíveis: há alteração da sua função econômico-social. Ex: esculpir uma
estátua
● Efeitos jurídicos da obrigação e responsabilidade pelo inadimplemento
● Inadimplemento é o não cumprimento da obrigação - o credor pode constranger o
devedor por meio de uma actio in personam sendo condenado ao pagamento da
prestação não cumprida
● Ele pode advir da impossibilidade da prestação ou do não-cumprimento
● Quando a impossibilidade se verifica devido a conduta do devedor, ele é responsável, já
quando não for imputável a ele, a obrigação se extingue
● A culpabilidade se divide em duas formas: dolo e culpa em sentido estrito
● O dolo é a intenção de agir contra a lei, de má-fé
● A culpa é uma negligência, de não se prever o que era previsto, sem intenção de agir
ilicitamente. Ela pode ser:
○ guiada por um ato positivo (guiar com velocidade excessiva) ou omissivo (a
enfermeira não dá ao doente os devidos cuidados)
○ Culpa levis: negligência leve, não agir de acordo com um homem médio agiria.
Tal medida será mais favorável quando a pessoa já for normalmente desleixada
○ Culpa lata: não agir com o cuidado que todos teriam
● Se o acontecimento não poderia ser evitado nem por um bonus paterfamilia, se chama
casus
○ Casus maior ou vis maior: acontecimento inevitável, que não há nenhum tipo de
defesa, como o raio, incêndio, guerra
○ Casus minor: furto, estrago, perda acidental
● Não responde por culpa, o devedor, em contratos que não lucra, apenas por dolo
● Culpa levis é respondida pelo devedor no mandato e na gestão de negócios, por
exemplo, mesmo quando não lucra
● Somente respondem por casus minor transportadores e hoteleiros
● Mora:
● Atraso no cumprimento de uma obrigação
● Pode ser dada tanto pelo credor (atraso na aceitação da prestação) quanto pelo
devedor
● Mora do devedor:
○ Não basta apenas o vencimento da dívida, é necessário a cobrança do credor
para que o devedor fique constituído em mora (direito justinianeu)
○ No direito clássico não precisava dessa exigência
○ Tem-se como consequência o aumento da responsabilidade, como o fato de
responder por caso fortuito, inclusive a vis maior. Ex: se um raio matar um cavalo
que já deveria ter sido devolvido, o devedor deverá pagar o valor que o cavalo
representar para o credor
○ O devedor também tinha que pagar os juros de dívida e entregar frutos
adquiridos durante a mora
● Mora do credor:
○ Quando o credor não aceita, por sua culpa, a prestação oferecida pelo devedor
○ O devedor, então, só responde por comportamento doloso, tendo sua
responsabilidade diminuída
● Purgação da mora:
○ A mora do devedor pode ser purgada com o oferecimento da prestação tal como
devida. Se o credor não aceitar sem justa causa cessam as consequências da
mora do devedor e inicia-se a mora do credor
○ A mora do credor também pode ser purgada a partir do acatamento do
pagamento do devedor, indenizando esse último pelos danos que sofreu devido
a mora
● Obrigações naturais:
● Obrigações em que o devedor não pode ser compelido à prestação devido ao credor
faltar com tutela jurídica
● Ex: obrigação contraída por alieni iuris ou pelo infanti maior sem o tutor
● A prestação, no entanto, podia ser executada pelo devedor, o qual não podia exigir a
sua devolução sobre a alegação de haver pago o que não lhe era devido

Fontes das obrigações

● Conceito e evolução histórica


● As fontes das obrigações são os fatos jurídicos
● Os mais importantes são os contratos e os delitos
● Também pode existir uma terceira categoria, que se encaixa no exemplo: eu conserto o
telhado do meu vizinho que foi danificado pela tempestade, já que ele estava viajando.
Aqui, não há um contrato e nem um delito
● Ações reipersecutórias: obter uma satisfação patrimonial em consequência do contrato
firmado entre as partes
● Ações penais: obter a punição de um autor de um ato ilícito

Contratos

● Conceito
● Para que haja a obrigação é necessária a causa civilis, que levava a causa jurídica
bilateral a um contrato
● Contratos formais
● O direito romano primitivo só reconheceu os contratos formais: o nexum e a stipulatio
● A causa civilis era prática das formalidades
● O nexum era um empréstimo, realizado por um ato formal na presença das partes, 5
testemunhas, uma balança e seu portador. Se pronunciaram certas formas verbais e
praticavam atos simbólicos. Nele se transferia a propriedade e, geralmente, se
emprestava um dinheiro (por isso se diferencia do mancipatio). O devedor deve
devolver outro tanto do mesmo gênero, qualidade ou quantidade do dinheiro
emprestado.
● A stipulatio era a promessa solene de uma prestação pronunciada em resposta à
pergunta do credor, ambos com o uso do verbo spondere, o qual tinha caráter
sacramental.
● Contratos no direito clássico
● Nexum caiu em desuso
● Stipulatio continuou vigente, mas com menos formalidades
● Literais: contratos escritos, os quais registravam a dívida do devedor. Caiu em desuso
no fim do período
● Contratos reais: a entrega (traditio) da coisa ao devedor resultava em sua obrigação a
devolver a coisa depois
○ Mutuum: entrega simbolizava a transferência da propriedade
○ Depósito, comodato e penhor: transfere-se apenas a posse ou a detenção,
dependendo do caso
● Introduziram-se também quatro contratos consensuais, pelo simples acordo das partes:
a compra e venda, a locação, a sociedade e o mandato
● Toda convenção que não se encaixa nos expostos chama-se pactum
● Clasificações:
● Unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) ou bilaterais imperfeitos
● Gratuitos ou onerosos
● Reais, verbais, consensuais e literais
● Contratos reais
● Mútuo:
○ Entrega, com transferência da propriedade, de uma coisa fungível,
especialmente dinheiro, com a obrigação para aquele que a recebe de restituir
igual quantidade de coisa fungível, do mesmo gênero e qualidade
○ Tratando-se de coisa fungível, a transferência se dá pela traditio
○ É um contrato unilateral pois gera apenas uma obrigação: a devolução do tanto
recebido
● Depósito:
○ Entrega de uma coisa móvel ao devedor, para que esse guarde-a, gratuitamente,
e a restitua quando solicitada pelo credor
○ O depositário só detém a coisa, não pode usar dela - se usar, comete furto
○ É um contrato gratuito e o depositário faz um favor ao depositante, o qual é
obrigado a indenizar o depositário por perdas e danos
○ É imperfeitamente bilateral
● Comodato:
○ Entrega de uma coisa para uso gratuito, com a obrigação do devedor de
restituí-la
○ No mútuo a coisa é fungível e o mutuário passa a ser seu dono, já aqui a coisa é
infungível e o comodatário é um mero detentor, tendo que restituir
especificamente a coisa recebida
○ É geralmente uma coisa inconsumível, mas pode cair sobre coisa consumível
(garrafa de vinho) com a condição de que ela não seja consumida (apenas para
uma exposição)
○ O credor faz um favor ao comodatário
○ Não se pode exigir a devolução antes do prazo estabelecido
○ Deve indenizar o comodatário pelo que despendeu com a coisa e pelos danos.
(caso prático das velas) (empresta carneiro com peste que impregna todo o
rebanho)
○ É um contrato imperfeitamente bilateral
● Penhor:
○ Entrega de uma coisa para servir de garantia real de uma obrigação. A coisa é
restituída quando a obrigação é garantida
○ No direito romano a coisa podia ser móvel ou imóvel (no atual somente móvel)
○ O credor pignoratício é responsável por guardar a coisa e devolvê-la, não
podendo usá-la
○ O devedor deve indenizar o credor pignoratício das despesas e danos que a
guarda lhe houver causado
● Fidúcia:
○ Transferência de propriedade de coisa infungível por meio de mancipatio ou de
in iure cessio; é necessário haver a devolução da coisa por meio de um pactum
aposto ao ato da entrega
● Contratos inominados
● Não se enquadram nos moldes dos contratos tradicionais
● Acordos em que ambas as partes se obrigam a prestações equivalentes - bilaterais
perfeitos
● Adquire força jurídica quando uma das partes cumpre com a obrigação e a outra,
consequentemente, fica obrigada a efetuar a contraprestação
● Ex: troca, doação com encargo
● Contratos consensuais:
● Compra e venda:
○ Troca-se mercadoria por dinheiro
○ Prestação é a entrega da mercadoria e a contraprestação a entrega do dinheiro
○ A propriedade somente se transfere com a efetiva entrega
○ É um contrato bilateral perfeito
○ Obrigações do vendedor:
■ Entregar a coisa
■ Transferir a posse
■ Assegurar o direito da posse até o comprador usucapir o direito de
propriedade
■ É responsável por cuidar da turbação causada ao comprador, por alguém
que tenha o direito real sobre a coisa (se isso acontecia, o comprador
podia fazer uma actio auctoritatis contra o vendedor, sendo obrigado a
pagar pelo dobro do preço)
■ O vendedor é responsável pelos vícios ocultos da coisa - há uma actio
redhibitoria ao comprador para pedir rescisão da venda, dentro de seis
meses
■ Também existe a actio quanti minoris, a qual, se for intentada dentro de
um ano, dá a possibilidade de obter a redução no preço da coisa, em
razão da diminuição do seu valor causada pelo vício
● Locação:
○ Uma pessoa, mediante a retribuição em dinheiro, se obriga a favor de outra a
colocar à disposição desta uma coisa, ou prestar-lhe um serviço ou executar
determinada obra
○ Locação de coisa: cessão temporária de uso e gozo de uma coisa contra o
recebimento de um aluguel
○ Locação de serviço: se põe a disposição de alguém os próprios serviços contra
um recebimento de salário
○ Empreitada: alguém se dispõe a construir determinada obra, contra a retribuição
em dinheiro
○ É um contrato bilateral perfeito
● Sociedade:
○ Obriga as partes a cooperar em uma atividade lícita, visando fins lucrativos
○ Originou-se na comunidade dos co-herdeiros, que continuavam unidos, após a
morte do pai, para enfrentar a vida comum
○ É um contrato bilateral
○ Os bens da sociedade pertencem aos sócios em comum (condomínio)
○ Ela é temporária, dissolve-se quando a finalidade for alcançada ou pelo
vencimento do prazo da sua existência
○ Pode-se dissolver também pela renúncia dos sócios, pela morte ou pela capitis
diminutio
● Mandato
○ Mandatário se obriga a praticar um ato, gratuitamente, e conforme a instrução do
mandante
○ É bilateral imperfeito
○ A obrigação principal é a do mandatário, de praticar o ato e a secundária é a do
mandante, de indenizar o mandatário por perdas e danos
○ Extingue-se pela satisfação ou pelo distrato, ou seja, um acordo entre as partes
visando extinção do contrato
○ Cessa pela morte ou por quando uma das partes rescinde
● Outras modalidades
● Pacta
○ Não dá origem a relações obrigacionais, a não ser que sejam acompanhados de
causa civil
○ Pacta adjecta: convenções acessórias que acompanhavam um contrato,
modificando-o ou ampliando-lhe os termos. Ex: cláusula que dispensa a
responsabilidade do vendedor por vícios redibitórios
○ Pacta praetoria: encontravam tutela jurídica pela atividade do pretor
○ Pacta legitima: os não compreendidos nas classes anteriores, as quais foram
concebidas tutelas jurídicas por decisões imperiais
● Doação
○ Não era um contrato, mas uma causa, a qual justificava um ato jurídico
○ Muitos atos podiam servir para a doação, como a transferência, a extinção dos
direitos reais, a estipulação
○ Um ato jurídico, então, que tinha como objetivo enriquecer uma das partes, à
custa da outra, era considerado uma doação

Obrigações “EX QUASI CONTRACTU”

● Conceito
● Quase contratos: fatos jurídicos lícitos que geram obrigações (semelhante às
obrigações) para as partes sem que elas tenham convencionado criá-las
● Ex: questão de negócios, tutela, questão de herdeiro e legatário, enriquecimento sem
causa
● Gestão de negócios
● É semelhante ao mandato
● Além, espontaneamente, se encarrega de praticar atos no interesse de outrem, sem que
este o tenha incubido
● Ex: conserto, espontaneamente, do telhado do vizinho
● É obrigado a agir de boa fé e terminar a questão iniciada
● O gestor podia pedir pelas despesas e danos, mas somente quando sua intervenção
fora útil
● Enriquecimento sem causa
● É o recebimento de um pagamento não devido - quem lhe recebe fica obrigado à
devolução
● A condictio tinha por fim a obtenção de determinada quantia ou determinada coisa cuja
fórmula não mencionava a causa da obrigação
● Servia, então, tanto para sancionar obrigações de empréstimos, contrato, furto e, no
caso, enriquecimento sem causa
● A ação para reaver o crédito que fora pago por débito inexistente chama-se condictio
indebiti - era necessário que o pagamento tivesse sido feito erroneamente, por engano,
se não se trataria de uma doação
● Quando o pagamento fosse feito tendo em vista uma contraprestação ou evento a ser
realizado posteriormente, na falta dessa realização, a prestação podia ser reavida. Ex:
dote dado antecipadamente e o matrimônio não se realizou
● Também podia-se exigir o que fora pago a título de causa ilícita, como um juros
exorbitante

Delitos - CAI SOMENTE DANO

● Concentio e evolução histórica


● A consequência jurídica no direito romano era, apenas, sua punição, a qual servia
também para satisfazer o ofendido do dano que sofrera
● Os delitos que lesaram a coletividade eram perseguidos pelo poder público
● Na mesma época, deixou-se a cargo do próprio ofendido a punição do delito que lesava
interesses particulares
● No período primitivo não havia limitação quanto à represália do ofendido - livre-arbítrio
para a vingança
● Também podia-se aceitar um valor pecuniário no lugar da vingança
● Depois, o livre-arbítrio (mas com limites) só foi permitido se o crime fosse pego em
flagrante
● Delitos públicos: traição, incêndio e homicídio - de acordo com a Lei das XII Tábuas
● No período clássico surgiu a obrigato ex delicto a qual tinha objeto a pena pecuniária
● Os delitos privados no direito romano clássico eram: furto, roubo, dano injustamente
causado e injúria
● Furto:
○ Subtração de coisa alheia contra a vontade de seu dono
○ Mais tarde, o uso indevido de coisa alheia também fora considerado furto
○ É preciso que o ladrão tenha conhecimento de que age injustamente
○ Sanções: de início, podia vingar-se, depois, porém, exigia-se uma multa
pecuniária do ladrão, a qual era o quadruplo, triplo ou dobro do valor da coisa
○ Podia exigir a coisa, também, por rei vindicatio ou por condictio furtiva, baseada
no enriquecimento ilícito do ladrão
○ Essas duas não eram ações penais, e sim reipersecutórias: objetivavam
recuperar a coisa
● Roubo (padina):
○ Furto qualificado por ato violento
● Dano:
○ Quem causa prejuízo fica obrigado a reparar o dano
○ Assim, quem matasse animal ou escravo de outrem ficava sujeito a pagar o
maior valor que tal coisa tivera no ano anterior
○ Para ferimento ou danificação, o autor deveria pagar o maior valor que a coisa
tivera no último mês
○ A sanção da lex aquilia só se aplicava a dano aquilo causado por ato positivo e
consistente em estrago físico e material da coisa
○ Assim, quanto ao primeiro requisito, não constitui dano deixar sem alimento um
cavalo, causando sua morte
○ Quanto ao segundo, não era considerado dano deixar fugir animal alheio, pois
não ocorria estrago
○ Além disso, exigia que a danificação tivesse sido feita contra a lei, implicando,
mais tarde, a culpabilidade do autor
○ No período clássico o cálculo do dano incluía o interesse do proprietário sobre a
coisa, o seu real dano material e a perda do lucro
● Injúria:
○ Consiste na ofensa ilícita e dolosa de alguém, causada por outrem
● Dolo:
○ Comportamento desonesto com facilidade de induzir ao erro a parte lesada
● Coação:
○ Compelir alguém a prática de determinado ato jurídico, através de violência
física (absoluta) ou moral (compulsiva)
● Obrigação “EX QUASI DELICTO”
○ Decorrentes de fatos que não implicavam a culpa do devedor
○ Ele ficava devendo mesmo sem ter causado o fato
○ Actio de effusis et deictis: ação contra morador de um prédio done uma coisa
sólida ou líquida caiu ou foi atirada à rua, causando dano, independente de
quem a jogou
○ Actio de deposito et suspencio: ação contra um morador quando um objeto
colocado em terraço ameaçasse com a possível queda de causar dano aos que
passassem na rua
○ Actio furt adversus nautas, caupones, stabularios: responsabilidade de
transportadores e hoteleiros pelo furto sofrido por seus clientes, independente da
sua culpa
Garantia das obrigações

● Conceito
● Do ponto de vista subjetivo, o cumprimento da obrigação depende da vontade do
devedor
● Já do ponto de vista objetivo, depende da sua capacidade econômica ou física de
cumprir
● Para assegurar-se contra o inadimplemento existem diversas garantias do ponto de
vista subjetivo, as quais serão explicitadas
● Chama-se reforço das obrigações:
● Arras:
○ Entrega para o credor de uma coisa ou de uma garantia, com o fim de que ela
sirva para confirmar a conclusão de um acordo e garantir seu cumprimento
○ Antes as arras só tinham a finalidade de confirmar o contrato, mas, com
Justiniano, elas passaram a dar faculdade das partes de rescindir o contrato
○ Assim, quem rescindia o contrato perdia as arras
● Multa contratual ou cláusula penal:
○ Promessa, por meio da stipulatio do pagamento de uma indenização pecuniária
para o caso de inadimplemento
○ Quando as perdas e danos passavam do valor estipulado, podia exigi-las
separadamente
● Chama-se garantias das obrigações:
● Visavam garantir a obrigação contra a incapacidade econômica ou física do devedor -
elemento objetivo
● Servem as garantias pessoais e reais (já faladas)
● Fiança:
○ Um devedor acessório junta-se a um devedor principal, a fim de garantir a
adimplemento da obrigação
○ O fiador é um devedor acessório, a cumprir uma obrigação, caso o devedor
principal não o faça
○ O fiador que cumprisse a obrigação tinha uma ação de regresso contra o
devedor principal, caso não o indenizar dentro de seis meses
○ A forma desse contrato é a stipulatio, que se divide em três tipos:
○ Sponsio:
■ Utiliza a palavra spondeo
■ Só podia ser utilizada por cidadãos romanos e por latinos
■ Não passava para herdeiros
○ Fidepromissio
■ Utiliza a palavra promitto
■ Estrangeiros também poderiam utilizar
■ Não passava para herdeiros
○ Fideiussio
■ Aplicava-se a todos os tipos de contrato, e não somente o verbal, como
nas anteriores
■ Passava aos herdeiros

Transmissão das obrigações - não cai

● Conceito
● O princípio vigente era da intransmissibilidade das obrigações. No entanto, as
exigências do comércio fizeram encontrar meios legais para a transmissibilidade
● Vejamos a evolução histórica:
● Delegatio:
○ Caso credor desejasse que a prestação que lhe era devida passasse a outrem,
só poderia consegui-la por meio da novação da obrigação
○ Essa se verificava com uma nova estipulação, com a prestação idêntica a da
obrigação originária
○ Feita entre o devedor e o novo credor
● Procuração em causa própria
○ Era permitido ao autor fazer-se representar por um procurador - agir no
interesse do mandante
○ Credor-cedente encarregava, como mandante, o cessionário de representá-lo,
como mandatário, no processo contra o devedor
○ O cessionário não podia agir contra o devedor pelo seu prórpio nome, mas sim
pelo nome do cedente
○ A vantagem sobre a delegato é que não precisa da anuência do devedor da
obrigação cedida
● Sistema das “actiones utiles”
○ Se baseava numa ficção
○ Considerava o cessionário como legalmente sucedendo o cedente no seu direito
com base na transmissão do crédito havida por um ato jurídico inter vivos
○ As ações que cabiam ao credor-cedente podiam também ser intentadas pelo
credor-cessionário, o qual adquire o crédito nas mesmas condições e com as
mesmas garantias que o acompanhavam antes da cessão
○ Não podia cobrar do devedor mais do que pagara pela cessão do crédito

Extinção das obrigações - não cai

● Conceito
● As partes podem compensar as obrigações que reciprocamente tenham, ao invés de
solver cada uma a sua (compensatio)
● Pode transformar-se uma obrigação em outra (novatio)
● Pode-se, também, extinguir a obrigação por um comum acordo
● Pagamento (solutio):
○ É o modo natural de extinção
○ O pagamento deve ser exatamente o da obrigação e deve ser efetuado ao
credor ou ao seu representante
○ A obrigação deve ser cumprida pelo credor ou por outra pessoa designado,
apenas não quando o credor tenha interesse especial na prestação pessoal do
devedor
○ O prazo, o lugar e o cumprimento dependem da convenção das partes. Se não
estipulados, deve ser escolhido pelo devedor
● Compensação (compensatio):
○ Pressupõe a existência de mais de uma obrigação entre as mesmas pessoas,
sendo elas ao mesmo tempo credor e devedor
○ Assim, extinguem-se as obrigações pela compensação enquanto equivalentes
● Novação (novatio)
○ Extinção de uma obrigação pela sua substituição por uma nova, com o mesmo
conteúdo da anterior, mas trazendo um elemento novo, que justificasse sua
novação
○ O elemento novo podia concernir à prestação (novo prazo, lugar), às partes
(substituição de pessoa - credor ou devedor) ou à causa (transformação de uma
obrigação escrita em uma verbal)
● Extinção da obrigação por acordo entre as partes:
○ As partes podem fazer cessar os efeitos da obrigação sem que haja solutio, se
assim estipularem
● Fatos extintivos das obrigações, independente da vontade das partes:
○ Quando o cumprimento se torna impossível
○ Morte das partes
○ Capis diminutio do devedor
○ Pela confusio, ou seja, junção, na mesma pessoa, da posição de devedor e
credor
○ Pelo cumprimento de uma das obrigações a título gratuito, com o mesmo objeto
○ Pelo decurso do prazo de vigência
○ Pela condição resolutiva
○ Pela extinção da obrigação principal, no caso da obrigação acessória
○ Por ordem legal

Parte direito de família

Família
● A família romana: conceito e histórico
● A palavra família designava o chefe de família e o grupo de pessoas subordinadas a ele
- ou seja, pessoas sujeitas ao poder do paterfamilias - termo latu sensu
● O liame jurídico que une os membros de uma família é chamado parentesco
● Familia proprio iure:
○ Grupo de pessoas efetivamente sujeitas ao poder do paterfamilias;
○ os parentes são agnatícios
○ Se encaixa a adoptio e a adrogatio
● Familia comune iure
○ Grupo de pessoas sujeitas a um mesmo paterfamlias, se este não tivesse
morrido
● Tipos de parentescos:
○ O parentesco agnatício depende exclusivamente do poder que o paterfamilias
tem sobre os membros da família e só era transmitido pela linha paterna, ou
seja, apenas homens podem ser parentes agnatícios entre si
○ Parentesco existente entre os pais e filhos e todos os que têm ascendentes
comuns - cognatício
○ O cálculo de parentesco se faz pela linha reta, entre ascendentes, contava-se o
número de gerações. Entre pai e filho, por conseguinte, eram parentes de
primeiro grau, avô e neto de segundo grau.
■ Pai e filho = 1o grau
■ Avô e neto = 2o grau
■ Bisavô e bisneto = 3o grau
○ Na linha transversal, entre parentes colaterais, para cálculo de parentesco, era
necessário montar ascendente comum e contar as gerações intermediárias
○ Assim, dois primos eram parentes de quarto grau, porque há duas gerações
entre avô comum e um dos primos e outras tantas gerações para chegar ao avô
do outro primo
● Pátrio poder
● A sujeição daqueles ao paterfamilia era análoga a de um escravo ao seu chefe
● Ele podia matar o filho recém nascido (depois foi proibido)
● O filho continuava cidadão romano e tinha direitos públicos, porém perdia os
particulares
● Podia vender o filho para a emancipação ou para entregar à vítima o filho que cometera
um delito
● O pai podia casar os filhos, mesmo sem o consentimento desses. O direito clássico
exigiu o consentimento depois
● Se o filho cometesse um delito o pai que teria que responder, podendo pagar ou
entregar o filho
● Proibia-se o filho de fazer empréstimos, podendo usar uma ação, quando ocorria, que
paralisava a ação do credor - isso não se aplicava quando o empréstimo era autorizado
pelo paterfamilias
● Bona materna: bens do filho provenientes da mãe ou da linha materna
● Justiniano qualificou injusto pertencer ao pai aquilo que o filho adquirisse e determinou
que somente o usufruto dos bens do filho caberia ao pai
● Aquisição e perda do pátrio poder
● Se dava por procriação em justas núpcias:
○ presumia-se filiação legítima se o parto se dera, no mínimo, 180 dias da data em
que se contraiu o matrimônio ou, no máximo, 300 dias após a dissolução do
casamento
○ O reconhecimento da criança dependia do pai
● O reconhecimento da patria potestas podia se dar pela adoção, de duas formas:
● Podia se dar pela adrogatio ou adoptio:
● Adrogatio:
○ Fazia-se perante o povo reunido em comício, que intervinha no ato
○ Somente poderia derrogar uma pessoa sui iures do sexo masculino e púbere -
perdia sua dependência e sua capacidade jurídica de gozo (capis deminutio)
○ O patrimônio passava para o pai, mas as dívidas se extinguiam
● Adoptio:
○ Transmissão de um alieni iuris de um pater família para outro
○ Para romper com a família anterior era necessário que se praticasse a venda
fictícia do filho (após a terceira venda ele podia ser adotado)
○ Também gerava a capis deminutio

Casamento - não cai

● Conceito de matrimônio romano


● União duradoura entre marido e mulher, com base do grupo familiar
● Não era considerado uma reação jurídica, mas sim um fato social, que tinha várias
consequências jurídicas
● Formas de poder matrial:
○ Manus: poder do marido sobre a mulher - para seu estabelecimento praticava-se
a confarreatio (era social religiosa, realizada através de um ritual)
○ Coemptio: venda da nubente, pelo pater família, ao nubente, através da
mancipatio
○ Usus: manus sobre a mulher com quem vivesse em matrimônio a mais de um
ano. Podia se interromper quando a mulher se ausentasse da casa por três
noites seguidas
○ Matrimônio sine manu: matrimônio sem poder matrial
● Costuma-se distinguir dois elementos constitutivos do matrimônio:
○ Affectio maritalis: intenção de marido e mulher
○ Honor matrimonii: realização condigna dessa convivência conjugal
● O matrimônio dissolvia-se quando desaparecia o consenso, podendo acontecer pelo
dissenso (ato bilateral), mas também pela vontade unilateral de um dos cônjuges
● Esponsais
● A promessa de matrimônio fazia-se por uma estipulação que utilizava o verbo spondeo
(prometo) - daí sponsalia
● Requisitos e impedimentos para contrair matrimônio
● Para contrair:
○ Capacidade jurídica matrimonial das partes
○ Capacidade de fato delas
○ Consentimento (dos nubentes e, no caso de estarem sobre o poder do pater
família, deste)
● Impedia o matrimônio:
○ A loucura
○ A consanguinidade em linha reta e em linha colateral até o terceiro grau
○ O parentesco adotivo
○ A diferença de classes
○ A condição de soldado em campanha
○ A relação entre tutor e sua pupila
○ O governador e mulheres residentes no território
● Efeitos do matrimônio
● No casamento cum manu, a mulher ficava alieni iuris, devido à sujeição
● no sine manu a mulher conservava sua independência - se era alieni iuris devido ao
pater familia antes do casamento continuava assim, e se era sui iuris se mantinha sui
iuris também
● Mesmo assim, o marido exercia certa autoridade sobre a mulher: estabelecia o domínio
da família, sustentava, defendia a mulher contra atos injuriosos de outrem, exigia o
retorno da mulher ao lar conjugal
● Parafernais: bens que as mulheres adquiriam, sendo estes dela, em uma relação sine
manu
● Dissolução do matrimônio
● Dava-se pela morte, vontade própria ou capis deminutio máxima (prisioneiro de guerra a
sofria) de um dos cônjuges
● Mesmo se um prisioneiro de guerra voltava e recuperava seus direitos pela ius
postliminii, o matrimônio não se mantinha, devendo ser restabelecido
● Na sine manu o divórcio era mais fácil: podia ser estabelecido bilateralmente ou por
apenas uma das partes
● Dote
● No cum manu, o dote ficava na sujeição do marido
● Se era sui iuris, todos os bens passavam a pertencer ao marido, pois ao se casar dessa
maneira, perdia-se todos os laços parentescos e, consequentemente, os direitos
hereditários
● Para evitar injustiças, costumava-se a dar a filha que se casasse dessa maneira sua
parte provável da herança, a pertencer ao marido dela ou ao pater familia deste
● Como cabia ao marido sustentar a família, a mulher teria que ajudar com isso, dando
bens patrimoniais, destinados a reforçar as bases econômicas da família. Podia ser
dada ou prometida tanto pelo pater família quando pela própria mulher
● O dote, então, pertencia ao marido, o qual prometia sua restituição caso o matrimônio
fosse dissolvido
● Constituição do dote
● Podia ser constituído tanto de coisa corpórea quanto incorpórea
● Restituição do dote
● O único caso de restituição se dava quando o marido expressamente o prometera
● Posteriormente, o pretor concedeu meios para exigir-se a restituição ainda que não
tivesse sida prometida pelo marido:
○ Quando a dissolução do matrimônio se dava pelo divórcio ou morte do marido
○ Quando a dissolução se dava pelo falecimento da mulher
● O marido, sem consentimento da mulher, não poderia aliená-los nem onera-los
● O valor dos bens onerados pelo marido tinha que ser restituído
● O mesmo não ocorria se os bens fossem danificados ou perecidos sem culpa dele
● Doações entre cônjuges
● A doação era proibida
● Considerando a situação desfavorável da mulher na condição sucessória, costumava-se
garantir sua subsistência, quando a dissolução do casamento não fosse sua culpa, por
meio de uma doação feita do marido à mulher
● Essa doação teria que ser feita antes do casamento, daí seu nome: donatio ante nuptias
● Justiniano permitiu que fizesse mesmo depois do casamento

Tutela e curatela - não cai

● Conceito e histórico
● Finalidade é cuidar dos interesses de uma pessoa que sozinha não os pode fazer
● A tutela protege os interesses de família, ou seja, dos herdeiros, aplicando-se aos casos
normais de incapazes (idade e sexo)
● A curatela visava acautelar os interesses patrimoniais, mas em casos excepcionais de
incapacidade, como a loucura, a prodigalidade e, posteriormente, alguns outros
● Espécies de tutela
● Estavam sob tutela os impúberes e as mulheres sui iuris
● Os alieni iuris não, pois estavam sujeitos ao paterfamilias
● A tutela era conferida ao parente agnatício mais próximo: tutela legítima
● Há também a possibilidade do pater nomear em um testamento o tutor a seus
descendentes impúberes: tutela testamentária
● Na falta dos dois casos acima, o tutor era nomeado pelo magistrado: tutor dativus
● O direito pós-clássico estendeu a incapacidade a outras categorias, como os menores
de 25, surdos e mudos, bispos, monges e credores ou devedores dos tutelados
● Exceto o tutor testamentário, os demais eram obrigados a aceitar o encargo, a não ser
que forem dispensados pelo magistrado, por motivos de idade avançada, cargo público
ou ter vários filhos, por exemplo
● Poderes e obrigações do tutor
● Administração do patrimônio do pupilo
● Quando era menor de 7 anos, o tutor realizava todos os negócios
● Assistir e autorizar atos dos infanti maiores
● Precisavam agir de boa fé e sempre no interesse do impúbere
● Seus poderes ficavam restritos a simples administração do patrimônio
● Finda tutela, o ex-pupilo poderia exigir a transferência a ele dos direitos adquiridos e
das obrigações assumidas pelo tutor
● Já com mulheres, a administração do patrimônio cabia a elas, mas exigia-se a
assistência do tutor
● A tutela das mulheres foi perdendo a importância conforme o tempo
● Curatela
● Cura furiosi: curatela do louco furioso e consistia na administração dos seus bens, dada
por parentes agnáticos mais próximos e, na falta deles, era nomeado pelo pretor
● Cura prodigi: pretor podia proibir que indivíduo o qual esbanjasse seu patrimônio
continuasse a administrá-lo ou viesse a dispor dele
● O pródigo ficava, assim, com a sua capacidade restrita, precisando sempre de
autorização
● Cura minorum: curatela eventual dos púberes menores de 25 anos, que pediam um
curador, por causa de pessoas que receavam contra eles - capacidade de fato restrita
● O curador tinha, então, em geral, a função de assistir o incapaz, dando consentimento,
ou de gerir seus negócios.

18 de agosto
● Se o devedor comete um erro exacerbado ele não responde por culpa culposa, e sim
dolosa - isso surgiu com o direito das obrigações
● sujeito passivo é aquele de quem o sujeito ativo exige uma conduta
● nos contratos o sujeito passivo é uma pessoa determinada
● a conduta do sujeito passivo é negativa, pois ele não faz algo efetivamente
● in re: sobre a coisa
● ad rem: direito à coisa

19 de agosto

● a obrigação é um vínculo de direito que força o pagamento de algo a alguém


● obligatio vem de vínculos, ligação
● sanctio: algo que é santo, se for descumprido leva à punição - sanção
● credor e devedor - prestação (dare ou facere)
● dar: transferir propriedade
● fazer: tudo que não é dar
● o devedor que não paga sofre a actio in persona - o credor podia amarrar o devedor e
levá-lo para sua casa, fazendo o que quiser (querere)
● geralmente, a questão supracitada é resolvida com dinheiro - leva o devedor ao
mercado, conta que ele está devendo e pergunta se alguém quer resgatá-lo
● débito: momento em que o credor espera, acredita, que o devedor irá cumprir com seu
pagamento, até seu dia chegar - parte não coativa
● Parte coativa - chegou no dia do pagamento e o devedor não pagou
● Depois, foi proibido a ligação pessoal, que permitia o direito de sequestrar a pessoa,
nas obrigações. Somente foi permitido o sequestro de bens

25 de agosto
● propriedade só se dá quando a mercadoria está nas mãos do comprador, quando
acontece a entrega física (traditio)

2 de setembro
● quando se tem um débito (elemento não coativo) pode-se haver o pagamento e a
liquidação, consequentemente, ou o não pagamento (mora)
● mora significa delonga, atraso no cumprimento da obrigação. Pode-se ter a mora do
devedor e a do credor
○ devedor só está em mora porque ainda interessa ao credor o pagamento,
gerando um aumento de responsabilidade do devedor, o qual é obrigado por
responder por todas as culpas e também de ser submetido a um maior
pagamento
● responsabilidade é o elemento coativo - ela era pessoal e corporal e depois passou a
ser pessoal e patrimonial
● actio in persona: ação que busca o cumprimento pecuniário da obrigação
● casus fortuito: não depende da pessoa. Em muitos casos inibe a sua responsabilidade.
Ex: ia entregar a mercadoria e teve um terremoto
● culpa: negligência de uma pessoa - pode ser dolus ou culpa "stricto sensu”
● a culpa strictu sensu se divide em:
○ culpa lata: depende totalmente da pessoa, não agir como todos agem na
sociedade - equipara-se ao dolo, a pessoa é responsável
○ culpa levis: a pessoa não agiu diferentemente ao modo que todos agem, mas
sim diferentemente ao modo que o homem médio (um bonus pater familiae)
agiria. Se divide em abstrata e concreta
● dolus: má-fé, intenção de causar um dano
● regras de responsabilidade:
○ O devedor sempre responde por dolo (ele está na execução do
○ contrato, e não no momento de fazer um contrato, pois se fosse esse último
caso, o negócio seria nulo) - o dolo é cogente, ou seja, não pode ser negociado.
Exemplo do aquecedor do Hélcio
○ o devedor responde pela culpa lata, salvo disposição em contrato, ou seja, pode
ser negociável
○ nos contratos em que o devedor tem benefício ele responde por culpa leve, já se
ele não possui esse benefício não responde
○ quando o devedor, no dia do pagamento, não cumpre a obrigação, é preciso
verificar se ainda interessa para o credor o pagamento em atraso
○ se o devedor estiver em mora ele terá um aumento de responsabilidade
○ na mora do credor o devedor tem uma diminuição da sua responsabilidade
● Quando pessoas que se conhecem fazem acordo leva-se em conta o perfil das
mesmas. Ex: faço negócio com duas pessoas, uma preguiçosa sempre e outra não. Se
as duas se atrasam um dia, prejudicando o negócio, a culpa vai para aquele que nunca
se atrasa (o não preguiçoso) pois já se sabia, ao fazer contrato com o preguiçoso, os
seus costumes e atrasar
Contratos - reais e consensuais
29

29 de setembro
● prescrição: em geral, 5 anos
● obrigação natural: se o devedor efetua o pagamento ele não tem direito de pedir a
devolução
● os riscos da coisa, diferente do direito atual, são de responsabilidade do comprador. ex:
roubo, furto

30 de setembro - contratos consensuais

● se dão pelo acordo de vontade, diferente dos contratos reais, que acontecem com a
entrega da coisa
● mandato (mandatum)
● definição:
○ gratuito
○ conforme instruções - funciona como objeto, devendo ser lícita, possível,
determinado ou determinável
○ interesse
■ o mandante sempre tem interesse pelo contrato
■ o mandatário pode ter interesse ou não
● classificação:
○ consensual (todos são consensuais)
○ de boa-fé (todos os cotratos consensuais precisam ter esse quesito)
○ gratuito
○ bilateral imperfeito
● obrigações do manatário:
○ prestar contas
○ cumprir com o mandato
● obrigações do mandante:
○ eventuais (se o mandatário teve gastos, danos por exemplo)
● extinção do contrato:
○ integral cumprimento ou impossibilidade superveniente
○ vontade de uma das partes
○ vontade de ambas as partes
○ termo. Ex: contrato válido até tal data
○ morte
● ações:
○ actio mandate directa - mandante move contra o mandatário - gera pena de
infamia (sujar o nome)
○ actio mandate contratria - mandatario move contra o mandante
● sociedade
● definição:
○ duas ou mais pessoas
○ as partes precisam entrar com bens (dinheiro, imóveis, etc) ou esforços
(trabalho, mão de obra)
○ fim comum (econômico)
○ proveitoso
● classificação:
○ cosensual
○ boa-fé
○ oneroso
○ sinalagmático ou bilateral perfeito
● requisitos:
○ acordo de vontades
○ contribuição de bens ou esforços
○ intenção em fazer parte - affectio societatis
○ fim patrimonial lícito e proveitoso a todos os sócios
● obrigações do sócio:
○ realizar a contribuição
○ garantir contra evicção e vícios redibitórios
○ gerir os negócios - participar das decisões centrais da administração
● Extinção
○ Morte (capis diminutio é como uma morte civil
○ Realização ou impossibilidade da finalidade social
○ Impossibilidade dos sócios
● a sociedade, no direito romano, não gerava pessoa jurídica

6 de outubro

● interrupção: extinção do tempo de prazo até o momento em que se chegou, começa a


contar tudo novamente
● suspensão: não há uma extinção do tempo transcorrido

7 de outubro

● fatores das obrigações:


○ quase contratos
○ contratos
○ delitos
○ quase delitos
● os delitos se dividem em:
○ furtum
○ rapina
○ iniuria
○ danum
○ culpa
● em um delito deve-se verificar o nexo de causalidade e se o fato é imputável a pessoa
● lex aquilia: faz parte do dano - pagar o maior valor da coisa para o dono da coisa que foi
danificada
○ ex: um escravo perdeu o polegar e era pintor um mês antes de ser morto.
Mesmo tendo seu valor diminuído na hora da morte, o pagamento deve ser o
valor maior que o escravo tinha o ano anterior
○ obrigações solidárias cumulativas: todos devem pagar tudo - se várias pessoas
ferem o escravo e ele morre
■ 1 - se for possível reconhecer quem deu o golpe fatal, essa pessoa será
condenada
■ 2 - se não for, todos que o feriram teriam que ressarcir o dono igualmente
○ um herdeiro pode responder por essa ação apenas se se beneficiava com o
testamente. Ao contrário, não, pois é uma ação penal, com caráter punitivo
● a culpa se divide em:
○ dolo
○ culpa em sentido estrito
■ conduta reprovável
■ no código civil há: negligência, imprudência ou imperícia
■ no romano esses preceitos não são muito bem definidos, mas pode-se
chegar a eles observando alguns exemplos
■ negligência: um médico faz um curativo no escravo e não cuida dele
depois. Queimar palha em um dia com muito vento e o fogo espalha
■ imperícia: O médico passa um remédio inadequado e a pessoa morre.
Condutor de animal de carga não entende como fazer o arranco do
animal - geralmente está relacionado a falta de qualificação profissional
de uma pessoa
■ imprudência: um barbeiro está cortando o cabelo com a navalha ao lado
de um campo de futebol e uma bola bate na navalha, cortando o pescoço
do cliente. Há dois julgamentos: imprudência do cliente ou do barbeiro

13 de outubro

● dolus malus: astúcia do vendedor - diferente do dolus malus (má-fé)


● em contratos que se pressupõe que as partes se conhecem (como na sociedade) a
culpa levis que se aplica é aquela in concreto, ou seja, analisa-se-a se a vida do
devedor antes do acontecimento
Caso 26
DOS FATOS:
Caio é casado sine manu com Cláudia. No entanto, Caio é feito prisioneiro e reduzido à
condição de escravo. Cláudia ficaria desamparada, não fosse a solidariedade de Tício, irmão
de Caio, que a acolhe em sua casa. Após quinze meses, Caio consegue escapar do cativeiro e
regressa para a pátria romana. Vai ao encontro de sua amada, mas sofre grande decepção,
pois Tício, que nesse ínterim se enamorara de Cláudia, simplesmente se recusa a entregá-la
de volta ao irmão, apresenta três argumentos: i) segundo Tício, não existe nenhuma ação de
que Caio possa dispor para exigir Cláudia de volta, já que, como era casado sine manu, não
tem nenhum poder ou direito sobre ela; ii) mesmo que o casamento fosse cum manu, afirma
Tício que o vínculo conjugal já fora desfeito pelo fato de Cláudia ter dormido mais de três noites
fora da casa de Caio (usurpatio trinoctii); iii) finalmente, dado que Cláudia já coabitava em sua
vivenda por mais de um ano, Tício alega ter adquirido automaticamente a manus sobre ela, e
por consequência ser agora seu legítimo esposo.

DO DIREITO
● Conferia ao marido a manus sobre a mulher com quem convivesse em matrimônio
por mais de um ano - poderia-se evitar essa situação caso a mulher se ausentasse
da casa por três noites - X
● Sine manu: matrimônio sem poder marital
● Elementos constitutivos do matrimônio romano: affectios maritalis (intenção de
ser marido e mulher) e honor matrimônio (realização condigna dessa convivência
conjugal) - Y
● Para contrair matrimônio: capacidade matrimonial jurídica das partes, capacidade
de fato para esse fim e consentimento. - z
● No casamento cum manu a mulher ficava sujeita ao poder do marido
● No sine manu a mulher conservava sua independência. Mesmo assim, o marido exercia
certa autoridade sobre a mulher
● Dissolvia-se o matrimônio pela morte ou capis deminutio maxima. O prisioneiro
de guerra sofria essa última, mas ao voltar, recuperava seus direitos, mas não o
matrimônio, que deveria ser estabelecido novamente, ou dissolvido pela vontade
das partes. W

DA CONCLUSÃO:
● Faz-se importante, primeiramente, comentar sobre os argumentos levantados por Tício.
O primeiro argumento é verdade, pois Caio não pode realizar nenhuma ação para
“obrigar” que Cláudia volte para o matrimônio.
● O segundo argumento também se faz real, pois segundo o explicitado em X, se a
mulher se ausentasse por três noites, o marido perderia a manus sobre ela
● O último argumento de Tício é falso, pois para o mesmo ter adquirido a manus sobre a
mesma deveria-se ter o matrimônio que, para ser estabelecido, necessita do
consentimento de ambas as partes, como pode ser visto no Y e Z. Como o texto não
explicita que os dois queriam viver em matrimônio, o argumento de Tício não pode ser
validado.
● Por fim, é importante para o caso que: quando Caio foi aprisionado ele sofreu capis
deminutio maxima, perdendo seu direito ao matrimônio, como já fora explicitado em W.
No entanto, pode-se notar que, se houver um consentimento entre as partes, ou seja,
entre Caio e Cláudia, o casamento pode ser restabelecido. Ressalta-se que não há
provas de que Cláudia estava vivendo em matrimônio com Tício, pois não fala-se de
consentimento e nem sobre tal realização de matrimônio.

Caso 27

Caio casa-se cum manu com Lucrécia e recebe de Tício, tio e tutor da noiva, a título de dote,
uma baixela de ouro cravejada de diamantes, estimada no ato em 10.000 sestércios. Por muito
tempo o casal vive feliz, havendo dessa união quatro filhos, mas após dez anos falece
Lucrécia. Tício exige então a restituição da baixela, que com a valorização do ouro valia agora
15.000 sestércios. Caio, porém, que era pródigo, revela que a havia vendido a preço vil – e
com o consentimento do seu curador – a fim de pagar dívidas que contraíra apostando nas
corridas do Circus Maximus. Tício não se conforma e procura um advogado para informar-se
de seus direitos.

● Manus: poder do marido sobre a mulher. Os bens adquiridos pela ou em favor da


mulher, dessa forma, seriam do marido.
● Dissolvia-se o casamento com a morte
● Dote: era o equivalente à parte hereditária da filha, que deixaria de ser interligada ao pai
ao se casar. Pode ser tanto coisa corpórea quanto incorpórea. Se recebido pela mulher
no casamento cum manu, ficava à sujeição do marido.
● Podia-se restituir o dote quando a dissolução do matrimônio se dava pelo falecimento
da mulher. A coisa era resolutivo ao ascendente
● O tutor deve agir de boa-fé e sempre no interesse do pupilo

27 de outubro

● Família em Roma: era uma organização jurídica, uma pluralidade de pessoas


submetidas ao poder do paterfamilias
● Diferença com CC:
○ No CC não há um conceito de família definido
○ A família em Roma era uma organização jurídica, atualmente não
● A família romana não prescindia dos vínculos sanguíneos, apenas os levava em
consideração
● Desse jogo, eram, parentes em roma não necessariamente indivíduos consanguíneos,
mas sim aquelas que estavam sujeitas ao mesmo paterfamilias

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