Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Obrigações
● Conceito:
● A obrigação estabelece uma relação entre o credor e o devedor
● Em sentido amplo inclui todos os deveres jurídicos, mas isso difere do sentido técnico
da palavra
● Os direitos reais implicam um direito negativo: não pode perturbar, sendo erga omnes e
perpétuos
● Já nas obrigações os direitos só existem entre determinadas pessoas e pode ser tanto
negativo como positivo e é temporário
● Se o devedor deixar de solver sua obrigação o credor tem uma actio in personam contra
ele para forçá-lo à execução
● Nas origens, essa execução era pessoal: o devedor respondia como pessoa, com o
corpo
● Mais tarde, a responsabilidade passou a ser patrimonial, respondendo com seus bens
● Partes na obrigação:
● As partes essenciais são o credor e o devedor
● É possível que haja mais de um credor e mais de um devedor
● Modalidades de obrigações:
○ Obrigações parciais ou fracionárias: débito é partilhado entre as pessoas
○ Obrigações ambulatórias: obrigação com sujeito variável - se o escravo comete
o dano seu dono é quem responde
○ Obrigações cumulativas: se a obrigação é 100 sestércios, cada devedor deve
pagar os 100. Cada um deve a prestação inteira
○ Obrigações solidárias: se extingue quando um dos co-credores recebe ou
quando um dos co-devedores paga. Quando um paga a prestação inteira, se
extingue. Havia o direito de regresso contra os outros. Suas causas podem ser:
■ Prestação indivisível. Ex: um cavalo para várias pessoas
■ Disposição contratual entre as partes, que visa o cumprimento mais fácil
da obrigação
■ Ser a prestação devida em consequência de um ato ilícito praticado por
mais de uma pessoa
● Objeto das obrigações:
● O objeto é a prestação
● Não pode ser ilícita, impossível, imoral ou totalmente indeterminada
● Caso seja impossível, ela é nula
● Em caso de impossibilidade superveniente a obrigação se extingue, exceto quando
houver possibilidade de ser imputável ao devedor
● Os romanos distinguiam dare (transferÊncia da propriedade ou servidão) e facere (toda
e qualquer prestação)
● Quanto ao objeto:
○ O objeto da prestação pode ser uma coisa específica (prédio tal, ao lado do
barbeiro) ou algo mais genérico, como um saco de trigo (coisa determinada pelo
gênero)
■ Na obrigação genérica, a escolha da coisa cabe ao devedor, exceto
quando convencionalmente estipulada
○ Obrigação alternativa: São aquelas em que o devedor, para se libertar da
relação obrigacional, deve realizar uma entre duas ou mais prestações
igualmente previstas na obrigação
○ Obrigação facultativa: São aquelas em que o devedor está obrigado a realizar
apenas uma prestação,mas em que lhe é facultado liberar-se da obrigação por
meio da efetuação de outra prestação
○ Obrigação divisível: quando a prestação pode ser dividida em partes, sem que
se diminua o valor proporcional de cada parte. Ex: construir um muro
○ Indivisíveis: há alteração da sua função econômico-social. Ex: esculpir uma
estátua
● Efeitos jurídicos da obrigação e responsabilidade pelo inadimplemento
● Inadimplemento é o não cumprimento da obrigação - o credor pode constranger o
devedor por meio de uma actio in personam sendo condenado ao pagamento da
prestação não cumprida
● Ele pode advir da impossibilidade da prestação ou do não-cumprimento
● Quando a impossibilidade se verifica devido a conduta do devedor, ele é responsável, já
quando não for imputável a ele, a obrigação se extingue
● A culpabilidade se divide em duas formas: dolo e culpa em sentido estrito
● O dolo é a intenção de agir contra a lei, de má-fé
● A culpa é uma negligência, de não se prever o que era previsto, sem intenção de agir
ilicitamente. Ela pode ser:
○ guiada por um ato positivo (guiar com velocidade excessiva) ou omissivo (a
enfermeira não dá ao doente os devidos cuidados)
○ Culpa levis: negligência leve, não agir de acordo com um homem médio agiria.
Tal medida será mais favorável quando a pessoa já for normalmente desleixada
○ Culpa lata: não agir com o cuidado que todos teriam
● Se o acontecimento não poderia ser evitado nem por um bonus paterfamilia, se chama
casus
○ Casus maior ou vis maior: acontecimento inevitável, que não há nenhum tipo de
defesa, como o raio, incêndio, guerra
○ Casus minor: furto, estrago, perda acidental
● Não responde por culpa, o devedor, em contratos que não lucra, apenas por dolo
● Culpa levis é respondida pelo devedor no mandato e na gestão de negócios, por
exemplo, mesmo quando não lucra
● Somente respondem por casus minor transportadores e hoteleiros
● Mora:
● Atraso no cumprimento de uma obrigação
● Pode ser dada tanto pelo credor (atraso na aceitação da prestação) quanto pelo
devedor
● Mora do devedor:
○ Não basta apenas o vencimento da dívida, é necessário a cobrança do credor
para que o devedor fique constituído em mora (direito justinianeu)
○ No direito clássico não precisava dessa exigência
○ Tem-se como consequência o aumento da responsabilidade, como o fato de
responder por caso fortuito, inclusive a vis maior. Ex: se um raio matar um cavalo
que já deveria ter sido devolvido, o devedor deverá pagar o valor que o cavalo
representar para o credor
○ O devedor também tinha que pagar os juros de dívida e entregar frutos
adquiridos durante a mora
● Mora do credor:
○ Quando o credor não aceita, por sua culpa, a prestação oferecida pelo devedor
○ O devedor, então, só responde por comportamento doloso, tendo sua
responsabilidade diminuída
● Purgação da mora:
○ A mora do devedor pode ser purgada com o oferecimento da prestação tal como
devida. Se o credor não aceitar sem justa causa cessam as consequências da
mora do devedor e inicia-se a mora do credor
○ A mora do credor também pode ser purgada a partir do acatamento do
pagamento do devedor, indenizando esse último pelos danos que sofreu devido
a mora
● Obrigações naturais:
● Obrigações em que o devedor não pode ser compelido à prestação devido ao credor
faltar com tutela jurídica
● Ex: obrigação contraída por alieni iuris ou pelo infanti maior sem o tutor
● A prestação, no entanto, podia ser executada pelo devedor, o qual não podia exigir a
sua devolução sobre a alegação de haver pago o que não lhe era devido
Contratos
● Conceito
● Para que haja a obrigação é necessária a causa civilis, que levava a causa jurídica
bilateral a um contrato
● Contratos formais
● O direito romano primitivo só reconheceu os contratos formais: o nexum e a stipulatio
● A causa civilis era prática das formalidades
● O nexum era um empréstimo, realizado por um ato formal na presença das partes, 5
testemunhas, uma balança e seu portador. Se pronunciaram certas formas verbais e
praticavam atos simbólicos. Nele se transferia a propriedade e, geralmente, se
emprestava um dinheiro (por isso se diferencia do mancipatio). O devedor deve
devolver outro tanto do mesmo gênero, qualidade ou quantidade do dinheiro
emprestado.
● A stipulatio era a promessa solene de uma prestação pronunciada em resposta à
pergunta do credor, ambos com o uso do verbo spondere, o qual tinha caráter
sacramental.
● Contratos no direito clássico
● Nexum caiu em desuso
● Stipulatio continuou vigente, mas com menos formalidades
● Literais: contratos escritos, os quais registravam a dívida do devedor. Caiu em desuso
no fim do período
● Contratos reais: a entrega (traditio) da coisa ao devedor resultava em sua obrigação a
devolver a coisa depois
○ Mutuum: entrega simbolizava a transferência da propriedade
○ Depósito, comodato e penhor: transfere-se apenas a posse ou a detenção,
dependendo do caso
● Introduziram-se também quatro contratos consensuais, pelo simples acordo das partes:
a compra e venda, a locação, a sociedade e o mandato
● Toda convenção que não se encaixa nos expostos chama-se pactum
● Clasificações:
● Unilaterais, bilaterais (sinalagmáticos) ou bilaterais imperfeitos
● Gratuitos ou onerosos
● Reais, verbais, consensuais e literais
● Contratos reais
● Mútuo:
○ Entrega, com transferência da propriedade, de uma coisa fungível,
especialmente dinheiro, com a obrigação para aquele que a recebe de restituir
igual quantidade de coisa fungível, do mesmo gênero e qualidade
○ Tratando-se de coisa fungível, a transferência se dá pela traditio
○ É um contrato unilateral pois gera apenas uma obrigação: a devolução do tanto
recebido
● Depósito:
○ Entrega de uma coisa móvel ao devedor, para que esse guarde-a, gratuitamente,
e a restitua quando solicitada pelo credor
○ O depositário só detém a coisa, não pode usar dela - se usar, comete furto
○ É um contrato gratuito e o depositário faz um favor ao depositante, o qual é
obrigado a indenizar o depositário por perdas e danos
○ É imperfeitamente bilateral
● Comodato:
○ Entrega de uma coisa para uso gratuito, com a obrigação do devedor de
restituí-la
○ No mútuo a coisa é fungível e o mutuário passa a ser seu dono, já aqui a coisa é
infungível e o comodatário é um mero detentor, tendo que restituir
especificamente a coisa recebida
○ É geralmente uma coisa inconsumível, mas pode cair sobre coisa consumível
(garrafa de vinho) com a condição de que ela não seja consumida (apenas para
uma exposição)
○ O credor faz um favor ao comodatário
○ Não se pode exigir a devolução antes do prazo estabelecido
○ Deve indenizar o comodatário pelo que despendeu com a coisa e pelos danos.
(caso prático das velas) (empresta carneiro com peste que impregna todo o
rebanho)
○ É um contrato imperfeitamente bilateral
● Penhor:
○ Entrega de uma coisa para servir de garantia real de uma obrigação. A coisa é
restituída quando a obrigação é garantida
○ No direito romano a coisa podia ser móvel ou imóvel (no atual somente móvel)
○ O credor pignoratício é responsável por guardar a coisa e devolvê-la, não
podendo usá-la
○ O devedor deve indenizar o credor pignoratício das despesas e danos que a
guarda lhe houver causado
● Fidúcia:
○ Transferência de propriedade de coisa infungível por meio de mancipatio ou de
in iure cessio; é necessário haver a devolução da coisa por meio de um pactum
aposto ao ato da entrega
● Contratos inominados
● Não se enquadram nos moldes dos contratos tradicionais
● Acordos em que ambas as partes se obrigam a prestações equivalentes - bilaterais
perfeitos
● Adquire força jurídica quando uma das partes cumpre com a obrigação e a outra,
consequentemente, fica obrigada a efetuar a contraprestação
● Ex: troca, doação com encargo
● Contratos consensuais:
● Compra e venda:
○ Troca-se mercadoria por dinheiro
○ Prestação é a entrega da mercadoria e a contraprestação a entrega do dinheiro
○ A propriedade somente se transfere com a efetiva entrega
○ É um contrato bilateral perfeito
○ Obrigações do vendedor:
■ Entregar a coisa
■ Transferir a posse
■ Assegurar o direito da posse até o comprador usucapir o direito de
propriedade
■ É responsável por cuidar da turbação causada ao comprador, por alguém
que tenha o direito real sobre a coisa (se isso acontecia, o comprador
podia fazer uma actio auctoritatis contra o vendedor, sendo obrigado a
pagar pelo dobro do preço)
■ O vendedor é responsável pelos vícios ocultos da coisa - há uma actio
redhibitoria ao comprador para pedir rescisão da venda, dentro de seis
meses
■ Também existe a actio quanti minoris, a qual, se for intentada dentro de
um ano, dá a possibilidade de obter a redução no preço da coisa, em
razão da diminuição do seu valor causada pelo vício
● Locação:
○ Uma pessoa, mediante a retribuição em dinheiro, se obriga a favor de outra a
colocar à disposição desta uma coisa, ou prestar-lhe um serviço ou executar
determinada obra
○ Locação de coisa: cessão temporária de uso e gozo de uma coisa contra o
recebimento de um aluguel
○ Locação de serviço: se põe a disposição de alguém os próprios serviços contra
um recebimento de salário
○ Empreitada: alguém se dispõe a construir determinada obra, contra a retribuição
em dinheiro
○ É um contrato bilateral perfeito
● Sociedade:
○ Obriga as partes a cooperar em uma atividade lícita, visando fins lucrativos
○ Originou-se na comunidade dos co-herdeiros, que continuavam unidos, após a
morte do pai, para enfrentar a vida comum
○ É um contrato bilateral
○ Os bens da sociedade pertencem aos sócios em comum (condomínio)
○ Ela é temporária, dissolve-se quando a finalidade for alcançada ou pelo
vencimento do prazo da sua existência
○ Pode-se dissolver também pela renúncia dos sócios, pela morte ou pela capitis
diminutio
● Mandato
○ Mandatário se obriga a praticar um ato, gratuitamente, e conforme a instrução do
mandante
○ É bilateral imperfeito
○ A obrigação principal é a do mandatário, de praticar o ato e a secundária é a do
mandante, de indenizar o mandatário por perdas e danos
○ Extingue-se pela satisfação ou pelo distrato, ou seja, um acordo entre as partes
visando extinção do contrato
○ Cessa pela morte ou por quando uma das partes rescinde
● Outras modalidades
● Pacta
○ Não dá origem a relações obrigacionais, a não ser que sejam acompanhados de
causa civil
○ Pacta adjecta: convenções acessórias que acompanhavam um contrato,
modificando-o ou ampliando-lhe os termos. Ex: cláusula que dispensa a
responsabilidade do vendedor por vícios redibitórios
○ Pacta praetoria: encontravam tutela jurídica pela atividade do pretor
○ Pacta legitima: os não compreendidos nas classes anteriores, as quais foram
concebidas tutelas jurídicas por decisões imperiais
● Doação
○ Não era um contrato, mas uma causa, a qual justificava um ato jurídico
○ Muitos atos podiam servir para a doação, como a transferência, a extinção dos
direitos reais, a estipulação
○ Um ato jurídico, então, que tinha como objetivo enriquecer uma das partes, à
custa da outra, era considerado uma doação
● Conceito
● Quase contratos: fatos jurídicos lícitos que geram obrigações (semelhante às
obrigações) para as partes sem que elas tenham convencionado criá-las
● Ex: questão de negócios, tutela, questão de herdeiro e legatário, enriquecimento sem
causa
● Gestão de negócios
● É semelhante ao mandato
● Além, espontaneamente, se encarrega de praticar atos no interesse de outrem, sem que
este o tenha incubido
● Ex: conserto, espontaneamente, do telhado do vizinho
● É obrigado a agir de boa fé e terminar a questão iniciada
● O gestor podia pedir pelas despesas e danos, mas somente quando sua intervenção
fora útil
● Enriquecimento sem causa
● É o recebimento de um pagamento não devido - quem lhe recebe fica obrigado à
devolução
● A condictio tinha por fim a obtenção de determinada quantia ou determinada coisa cuja
fórmula não mencionava a causa da obrigação
● Servia, então, tanto para sancionar obrigações de empréstimos, contrato, furto e, no
caso, enriquecimento sem causa
● A ação para reaver o crédito que fora pago por débito inexistente chama-se condictio
indebiti - era necessário que o pagamento tivesse sido feito erroneamente, por engano,
se não se trataria de uma doação
● Quando o pagamento fosse feito tendo em vista uma contraprestação ou evento a ser
realizado posteriormente, na falta dessa realização, a prestação podia ser reavida. Ex:
dote dado antecipadamente e o matrimônio não se realizou
● Também podia-se exigir o que fora pago a título de causa ilícita, como um juros
exorbitante
● Conceito
● Do ponto de vista subjetivo, o cumprimento da obrigação depende da vontade do
devedor
● Já do ponto de vista objetivo, depende da sua capacidade econômica ou física de
cumprir
● Para assegurar-se contra o inadimplemento existem diversas garantias do ponto de
vista subjetivo, as quais serão explicitadas
● Chama-se reforço das obrigações:
● Arras:
○ Entrega para o credor de uma coisa ou de uma garantia, com o fim de que ela
sirva para confirmar a conclusão de um acordo e garantir seu cumprimento
○ Antes as arras só tinham a finalidade de confirmar o contrato, mas, com
Justiniano, elas passaram a dar faculdade das partes de rescindir o contrato
○ Assim, quem rescindia o contrato perdia as arras
● Multa contratual ou cláusula penal:
○ Promessa, por meio da stipulatio do pagamento de uma indenização pecuniária
para o caso de inadimplemento
○ Quando as perdas e danos passavam do valor estipulado, podia exigi-las
separadamente
● Chama-se garantias das obrigações:
● Visavam garantir a obrigação contra a incapacidade econômica ou física do devedor -
elemento objetivo
● Servem as garantias pessoais e reais (já faladas)
● Fiança:
○ Um devedor acessório junta-se a um devedor principal, a fim de garantir a
adimplemento da obrigação
○ O fiador é um devedor acessório, a cumprir uma obrigação, caso o devedor
principal não o faça
○ O fiador que cumprisse a obrigação tinha uma ação de regresso contra o
devedor principal, caso não o indenizar dentro de seis meses
○ A forma desse contrato é a stipulatio, que se divide em três tipos:
○ Sponsio:
■ Utiliza a palavra spondeo
■ Só podia ser utilizada por cidadãos romanos e por latinos
■ Não passava para herdeiros
○ Fidepromissio
■ Utiliza a palavra promitto
■ Estrangeiros também poderiam utilizar
■ Não passava para herdeiros
○ Fideiussio
■ Aplicava-se a todos os tipos de contrato, e não somente o verbal, como
nas anteriores
■ Passava aos herdeiros
● Conceito
● O princípio vigente era da intransmissibilidade das obrigações. No entanto, as
exigências do comércio fizeram encontrar meios legais para a transmissibilidade
● Vejamos a evolução histórica:
● Delegatio:
○ Caso credor desejasse que a prestação que lhe era devida passasse a outrem,
só poderia consegui-la por meio da novação da obrigação
○ Essa se verificava com uma nova estipulação, com a prestação idêntica a da
obrigação originária
○ Feita entre o devedor e o novo credor
● Procuração em causa própria
○ Era permitido ao autor fazer-se representar por um procurador - agir no
interesse do mandante
○ Credor-cedente encarregava, como mandante, o cessionário de representá-lo,
como mandatário, no processo contra o devedor
○ O cessionário não podia agir contra o devedor pelo seu prórpio nome, mas sim
pelo nome do cedente
○ A vantagem sobre a delegato é que não precisa da anuência do devedor da
obrigação cedida
● Sistema das “actiones utiles”
○ Se baseava numa ficção
○ Considerava o cessionário como legalmente sucedendo o cedente no seu direito
com base na transmissão do crédito havida por um ato jurídico inter vivos
○ As ações que cabiam ao credor-cedente podiam também ser intentadas pelo
credor-cessionário, o qual adquire o crédito nas mesmas condições e com as
mesmas garantias que o acompanhavam antes da cessão
○ Não podia cobrar do devedor mais do que pagara pela cessão do crédito
● Conceito
● As partes podem compensar as obrigações que reciprocamente tenham, ao invés de
solver cada uma a sua (compensatio)
● Pode transformar-se uma obrigação em outra (novatio)
● Pode-se, também, extinguir a obrigação por um comum acordo
● Pagamento (solutio):
○ É o modo natural de extinção
○ O pagamento deve ser exatamente o da obrigação e deve ser efetuado ao
credor ou ao seu representante
○ A obrigação deve ser cumprida pelo credor ou por outra pessoa designado,
apenas não quando o credor tenha interesse especial na prestação pessoal do
devedor
○ O prazo, o lugar e o cumprimento dependem da convenção das partes. Se não
estipulados, deve ser escolhido pelo devedor
● Compensação (compensatio):
○ Pressupõe a existência de mais de uma obrigação entre as mesmas pessoas,
sendo elas ao mesmo tempo credor e devedor
○ Assim, extinguem-se as obrigações pela compensação enquanto equivalentes
● Novação (novatio)
○ Extinção de uma obrigação pela sua substituição por uma nova, com o mesmo
conteúdo da anterior, mas trazendo um elemento novo, que justificasse sua
novação
○ O elemento novo podia concernir à prestação (novo prazo, lugar), às partes
(substituição de pessoa - credor ou devedor) ou à causa (transformação de uma
obrigação escrita em uma verbal)
● Extinção da obrigação por acordo entre as partes:
○ As partes podem fazer cessar os efeitos da obrigação sem que haja solutio, se
assim estipularem
● Fatos extintivos das obrigações, independente da vontade das partes:
○ Quando o cumprimento se torna impossível
○ Morte das partes
○ Capis diminutio do devedor
○ Pela confusio, ou seja, junção, na mesma pessoa, da posição de devedor e
credor
○ Pelo cumprimento de uma das obrigações a título gratuito, com o mesmo objeto
○ Pelo decurso do prazo de vigência
○ Pela condição resolutiva
○ Pela extinção da obrigação principal, no caso da obrigação acessória
○ Por ordem legal
Família
● A família romana: conceito e histórico
● A palavra família designava o chefe de família e o grupo de pessoas subordinadas a ele
- ou seja, pessoas sujeitas ao poder do paterfamilias - termo latu sensu
● O liame jurídico que une os membros de uma família é chamado parentesco
● Familia proprio iure:
○ Grupo de pessoas efetivamente sujeitas ao poder do paterfamilias;
○ os parentes são agnatícios
○ Se encaixa a adoptio e a adrogatio
● Familia comune iure
○ Grupo de pessoas sujeitas a um mesmo paterfamlias, se este não tivesse
morrido
● Tipos de parentescos:
○ O parentesco agnatício depende exclusivamente do poder que o paterfamilias
tem sobre os membros da família e só era transmitido pela linha paterna, ou
seja, apenas homens podem ser parentes agnatícios entre si
○ Parentesco existente entre os pais e filhos e todos os que têm ascendentes
comuns - cognatício
○ O cálculo de parentesco se faz pela linha reta, entre ascendentes, contava-se o
número de gerações. Entre pai e filho, por conseguinte, eram parentes de
primeiro grau, avô e neto de segundo grau.
■ Pai e filho = 1o grau
■ Avô e neto = 2o grau
■ Bisavô e bisneto = 3o grau
○ Na linha transversal, entre parentes colaterais, para cálculo de parentesco, era
necessário montar ascendente comum e contar as gerações intermediárias
○ Assim, dois primos eram parentes de quarto grau, porque há duas gerações
entre avô comum e um dos primos e outras tantas gerações para chegar ao avô
do outro primo
● Pátrio poder
● A sujeição daqueles ao paterfamilia era análoga a de um escravo ao seu chefe
● Ele podia matar o filho recém nascido (depois foi proibido)
● O filho continuava cidadão romano e tinha direitos públicos, porém perdia os
particulares
● Podia vender o filho para a emancipação ou para entregar à vítima o filho que cometera
um delito
● O pai podia casar os filhos, mesmo sem o consentimento desses. O direito clássico
exigiu o consentimento depois
● Se o filho cometesse um delito o pai que teria que responder, podendo pagar ou
entregar o filho
● Proibia-se o filho de fazer empréstimos, podendo usar uma ação, quando ocorria, que
paralisava a ação do credor - isso não se aplicava quando o empréstimo era autorizado
pelo paterfamilias
● Bona materna: bens do filho provenientes da mãe ou da linha materna
● Justiniano qualificou injusto pertencer ao pai aquilo que o filho adquirisse e determinou
que somente o usufruto dos bens do filho caberia ao pai
● Aquisição e perda do pátrio poder
● Se dava por procriação em justas núpcias:
○ presumia-se filiação legítima se o parto se dera, no mínimo, 180 dias da data em
que se contraiu o matrimônio ou, no máximo, 300 dias após a dissolução do
casamento
○ O reconhecimento da criança dependia do pai
● O reconhecimento da patria potestas podia se dar pela adoção, de duas formas:
● Podia se dar pela adrogatio ou adoptio:
● Adrogatio:
○ Fazia-se perante o povo reunido em comício, que intervinha no ato
○ Somente poderia derrogar uma pessoa sui iures do sexo masculino e púbere -
perdia sua dependência e sua capacidade jurídica de gozo (capis deminutio)
○ O patrimônio passava para o pai, mas as dívidas se extinguiam
● Adoptio:
○ Transmissão de um alieni iuris de um pater família para outro
○ Para romper com a família anterior era necessário que se praticasse a venda
fictícia do filho (após a terceira venda ele podia ser adotado)
○ Também gerava a capis deminutio
● Conceito e histórico
● Finalidade é cuidar dos interesses de uma pessoa que sozinha não os pode fazer
● A tutela protege os interesses de família, ou seja, dos herdeiros, aplicando-se aos casos
normais de incapazes (idade e sexo)
● A curatela visava acautelar os interesses patrimoniais, mas em casos excepcionais de
incapacidade, como a loucura, a prodigalidade e, posteriormente, alguns outros
● Espécies de tutela
● Estavam sob tutela os impúberes e as mulheres sui iuris
● Os alieni iuris não, pois estavam sujeitos ao paterfamilias
● A tutela era conferida ao parente agnatício mais próximo: tutela legítima
● Há também a possibilidade do pater nomear em um testamento o tutor a seus
descendentes impúberes: tutela testamentária
● Na falta dos dois casos acima, o tutor era nomeado pelo magistrado: tutor dativus
● O direito pós-clássico estendeu a incapacidade a outras categorias, como os menores
de 25, surdos e mudos, bispos, monges e credores ou devedores dos tutelados
● Exceto o tutor testamentário, os demais eram obrigados a aceitar o encargo, a não ser
que forem dispensados pelo magistrado, por motivos de idade avançada, cargo público
ou ter vários filhos, por exemplo
● Poderes e obrigações do tutor
● Administração do patrimônio do pupilo
● Quando era menor de 7 anos, o tutor realizava todos os negócios
● Assistir e autorizar atos dos infanti maiores
● Precisavam agir de boa fé e sempre no interesse do impúbere
● Seus poderes ficavam restritos a simples administração do patrimônio
● Finda tutela, o ex-pupilo poderia exigir a transferência a ele dos direitos adquiridos e
das obrigações assumidas pelo tutor
● Já com mulheres, a administração do patrimônio cabia a elas, mas exigia-se a
assistência do tutor
● A tutela das mulheres foi perdendo a importância conforme o tempo
● Curatela
● Cura furiosi: curatela do louco furioso e consistia na administração dos seus bens, dada
por parentes agnáticos mais próximos e, na falta deles, era nomeado pelo pretor
● Cura prodigi: pretor podia proibir que indivíduo o qual esbanjasse seu patrimônio
continuasse a administrá-lo ou viesse a dispor dele
● O pródigo ficava, assim, com a sua capacidade restrita, precisando sempre de
autorização
● Cura minorum: curatela eventual dos púberes menores de 25 anos, que pediam um
curador, por causa de pessoas que receavam contra eles - capacidade de fato restrita
● O curador tinha, então, em geral, a função de assistir o incapaz, dando consentimento,
ou de gerir seus negócios.
18 de agosto
● Se o devedor comete um erro exacerbado ele não responde por culpa culposa, e sim
dolosa - isso surgiu com o direito das obrigações
● sujeito passivo é aquele de quem o sujeito ativo exige uma conduta
● nos contratos o sujeito passivo é uma pessoa determinada
● a conduta do sujeito passivo é negativa, pois ele não faz algo efetivamente
● in re: sobre a coisa
● ad rem: direito à coisa
19 de agosto
25 de agosto
● propriedade só se dá quando a mercadoria está nas mãos do comprador, quando
acontece a entrega física (traditio)
2 de setembro
● quando se tem um débito (elemento não coativo) pode-se haver o pagamento e a
liquidação, consequentemente, ou o não pagamento (mora)
● mora significa delonga, atraso no cumprimento da obrigação. Pode-se ter a mora do
devedor e a do credor
○ devedor só está em mora porque ainda interessa ao credor o pagamento,
gerando um aumento de responsabilidade do devedor, o qual é obrigado por
responder por todas as culpas e também de ser submetido a um maior
pagamento
● responsabilidade é o elemento coativo - ela era pessoal e corporal e depois passou a
ser pessoal e patrimonial
● actio in persona: ação que busca o cumprimento pecuniário da obrigação
● casus fortuito: não depende da pessoa. Em muitos casos inibe a sua responsabilidade.
Ex: ia entregar a mercadoria e teve um terremoto
● culpa: negligência de uma pessoa - pode ser dolus ou culpa "stricto sensu”
● a culpa strictu sensu se divide em:
○ culpa lata: depende totalmente da pessoa, não agir como todos agem na
sociedade - equipara-se ao dolo, a pessoa é responsável
○ culpa levis: a pessoa não agiu diferentemente ao modo que todos agem, mas
sim diferentemente ao modo que o homem médio (um bonus pater familiae)
agiria. Se divide em abstrata e concreta
● dolus: má-fé, intenção de causar um dano
● regras de responsabilidade:
○ O devedor sempre responde por dolo (ele está na execução do
○ contrato, e não no momento de fazer um contrato, pois se fosse esse último
caso, o negócio seria nulo) - o dolo é cogente, ou seja, não pode ser negociado.
Exemplo do aquecedor do Hélcio
○ o devedor responde pela culpa lata, salvo disposição em contrato, ou seja, pode
ser negociável
○ nos contratos em que o devedor tem benefício ele responde por culpa leve, já se
ele não possui esse benefício não responde
○ quando o devedor, no dia do pagamento, não cumpre a obrigação, é preciso
verificar se ainda interessa para o credor o pagamento em atraso
○ se o devedor estiver em mora ele terá um aumento de responsabilidade
○ na mora do credor o devedor tem uma diminuição da sua responsabilidade
● Quando pessoas que se conhecem fazem acordo leva-se em conta o perfil das
mesmas. Ex: faço negócio com duas pessoas, uma preguiçosa sempre e outra não. Se
as duas se atrasam um dia, prejudicando o negócio, a culpa vai para aquele que nunca
se atrasa (o não preguiçoso) pois já se sabia, ao fazer contrato com o preguiçoso, os
seus costumes e atrasar
Contratos - reais e consensuais
29
29 de setembro
● prescrição: em geral, 5 anos
● obrigação natural: se o devedor efetua o pagamento ele não tem direito de pedir a
devolução
● os riscos da coisa, diferente do direito atual, são de responsabilidade do comprador. ex:
roubo, furto
● se dão pelo acordo de vontade, diferente dos contratos reais, que acontecem com a
entrega da coisa
● mandato (mandatum)
● definição:
○ gratuito
○ conforme instruções - funciona como objeto, devendo ser lícita, possível,
determinado ou determinável
○ interesse
■ o mandante sempre tem interesse pelo contrato
■ o mandatário pode ter interesse ou não
● classificação:
○ consensual (todos são consensuais)
○ de boa-fé (todos os cotratos consensuais precisam ter esse quesito)
○ gratuito
○ bilateral imperfeito
● obrigações do manatário:
○ prestar contas
○ cumprir com o mandato
● obrigações do mandante:
○ eventuais (se o mandatário teve gastos, danos por exemplo)
● extinção do contrato:
○ integral cumprimento ou impossibilidade superveniente
○ vontade de uma das partes
○ vontade de ambas as partes
○ termo. Ex: contrato válido até tal data
○ morte
● ações:
○ actio mandate directa - mandante move contra o mandatário - gera pena de
infamia (sujar o nome)
○ actio mandate contratria - mandatario move contra o mandante
● sociedade
● definição:
○ duas ou mais pessoas
○ as partes precisam entrar com bens (dinheiro, imóveis, etc) ou esforços
(trabalho, mão de obra)
○ fim comum (econômico)
○ proveitoso
● classificação:
○ cosensual
○ boa-fé
○ oneroso
○ sinalagmático ou bilateral perfeito
● requisitos:
○ acordo de vontades
○ contribuição de bens ou esforços
○ intenção em fazer parte - affectio societatis
○ fim patrimonial lícito e proveitoso a todos os sócios
● obrigações do sócio:
○ realizar a contribuição
○ garantir contra evicção e vícios redibitórios
○ gerir os negócios - participar das decisões centrais da administração
● Extinção
○ Morte (capis diminutio é como uma morte civil
○ Realização ou impossibilidade da finalidade social
○ Impossibilidade dos sócios
● a sociedade, no direito romano, não gerava pessoa jurídica
6 de outubro
7 de outubro
13 de outubro
DO DIREITO
● Conferia ao marido a manus sobre a mulher com quem convivesse em matrimônio
por mais de um ano - poderia-se evitar essa situação caso a mulher se ausentasse
da casa por três noites - X
● Sine manu: matrimônio sem poder marital
● Elementos constitutivos do matrimônio romano: affectios maritalis (intenção de
ser marido e mulher) e honor matrimônio (realização condigna dessa convivência
conjugal) - Y
● Para contrair matrimônio: capacidade matrimonial jurídica das partes, capacidade
de fato para esse fim e consentimento. - z
● No casamento cum manu a mulher ficava sujeita ao poder do marido
● No sine manu a mulher conservava sua independência. Mesmo assim, o marido exercia
certa autoridade sobre a mulher
● Dissolvia-se o matrimônio pela morte ou capis deminutio maxima. O prisioneiro
de guerra sofria essa última, mas ao voltar, recuperava seus direitos, mas não o
matrimônio, que deveria ser estabelecido novamente, ou dissolvido pela vontade
das partes. W
DA CONCLUSÃO:
● Faz-se importante, primeiramente, comentar sobre os argumentos levantados por Tício.
O primeiro argumento é verdade, pois Caio não pode realizar nenhuma ação para
“obrigar” que Cláudia volte para o matrimônio.
● O segundo argumento também se faz real, pois segundo o explicitado em X, se a
mulher se ausentasse por três noites, o marido perderia a manus sobre ela
● O último argumento de Tício é falso, pois para o mesmo ter adquirido a manus sobre a
mesma deveria-se ter o matrimônio que, para ser estabelecido, necessita do
consentimento de ambas as partes, como pode ser visto no Y e Z. Como o texto não
explicita que os dois queriam viver em matrimônio, o argumento de Tício não pode ser
validado.
● Por fim, é importante para o caso que: quando Caio foi aprisionado ele sofreu capis
deminutio maxima, perdendo seu direito ao matrimônio, como já fora explicitado em W.
No entanto, pode-se notar que, se houver um consentimento entre as partes, ou seja,
entre Caio e Cláudia, o casamento pode ser restabelecido. Ressalta-se que não há
provas de que Cláudia estava vivendo em matrimônio com Tício, pois não fala-se de
consentimento e nem sobre tal realização de matrimônio.
Caso 27
Caio casa-se cum manu com Lucrécia e recebe de Tício, tio e tutor da noiva, a título de dote,
uma baixela de ouro cravejada de diamantes, estimada no ato em 10.000 sestércios. Por muito
tempo o casal vive feliz, havendo dessa união quatro filhos, mas após dez anos falece
Lucrécia. Tício exige então a restituição da baixela, que com a valorização do ouro valia agora
15.000 sestércios. Caio, porém, que era pródigo, revela que a havia vendido a preço vil – e
com o consentimento do seu curador – a fim de pagar dívidas que contraíra apostando nas
corridas do Circus Maximus. Tício não se conforma e procura um advogado para informar-se
de seus direitos.
27 de outubro