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Disciplina: Direito Civil

Prof.: João Aguirre


Aula: 02
Monitor: Aline

MATERIAL DE APOIO – MONITORIA

I – Anotações

I – OBRIGAÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS

1) OBRIGAÇÕES SIMPLES: uma só prestação


Ex.: entregar um TV para Aline
(Essa prestação pode consistir em uma entrega de coisa (dar); no cumprimento de uma tarefa
(fazer) ou em uma abstenção (não-fazer).
2) OBRIGAÇÃO COMPOSTA (objetiva): mais de uma prestação
Ex.: Entregar uma TV e um telefone celular
(Essas prestações podem consistir em entrega de coisas (dar); no cumprimento de tarefas
(fazer) ou em abstenções (não-fazer).

A) Obrigação composta cumulativa/conjuntiva


B) Obrigação composta alternativa/disjuntiva

A) Obrigação cumulativa/conjuntiva: possui mais de uma prestação e todas devem ser


cumpridas pelo devedor (“de forma cumulativa”), sob pena de inadimplemento absoluto ou
relativo.
Dica: está caracterizada pela conjunção “E”.
Ex.: entregar uma TV “e” um telefone celular.
- Na Lei 8.245/91 ( Lei do Inquilinato) o art. 22 dispõe sobre os deveres do locador e o art. 23
sobre os deveres do locatário, consistindo em obrigações cumulativas:
Dos deveres do locador e do locatário
Art. 22. O locador é obrigado a:
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina;
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado;
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel; (...)
Art. 23. O locatário é obrigado a:
I - pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis,
no prazo estipulado ou, em sua falta, até o sexto dia útil do mês seguinte ao vencido, no imóvel
locado, quando outro local não tiver sido indicado no contrato;
II - servir - se do imóvel para o uso convencionado ou presumido, compatível com a natureza
deste e com o fim a que se destina, devendo tratá - lo com o mesmo cuidado como se fosse
seu; (...)
B) Obrigação alternativa/disjuntiva (arts. 252 a 256): possui mais de uma prestação, mas
apenas uma delas deve ser cumprida pelo devedor.
Dica: está caracterizada pela conjunção “OU”.
Ex.: entregar uma TV “ou” um telefone celular
- O contrato estimatório, também chamado de venda em consignação (arts. 534 a 537CC) possui
obrigações alternativas:
Do Contrato Estimatório

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Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que
fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo
estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
- Pergunta: Quem possui o direito de escolha nas obrigações alternativas: credor ou devedor?
Em regra a escolha pertence ao devedor (in favor debitoris) – art. 252, caput: Art. 252. Nas
obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
- Para o credor ter o direito de escolha é necessária previsão expressa neste sentido.
*Dica: com a escolha ocorre a chamada CONCENTRAÇÃO da obrigação: deixa de ser uma
obrigação composta alternativa (entregar a TV ou o celular) e passa a ser uma obrigação simples
(entregar a TV)
-Verificar a previsão do art. 325 do CPC:
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe
assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não
tenha formulado pedido alternativo.
- Art. 252, §2º CC: Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação, parte
em outra. EX.: Entregar 10 cavalos ou 10 éguas da raça Mangalarga. Não pode o devedor exigir
que o credor aceite 5 cavalos e 5 éguas.

Inadimplemento da Obrigação Alternativa

Obrigação Sem culpa do Devedor Com culpa do Devedor


Alternativa
1) Impossibilidade de cumprir 1) Impossibilidade de cumprir uma das
uma das prestações: subsiste a prestações: subsiste a obrigação com
obrigação com relação a outra; relação a outra (basta o devedor escolher a
2) Impossibilidade de cumprir outra prestação);
Escolha as duas prestações: resolve-se a 2) Impossibilidade de cumprir as duas
do obrigação sem perdas e danos prestações: fica o devedor obrigado a pagar
devedor a última prestação que se impossibilitou +
perdas e danos
Obrigação Sem culpa do Devedor Com culpa do Devedor
Alternativa
1) Impossibilidade de cumprir 1) Impossibilidade de cumprir uma das
uma das prestações: subsiste a prestações: o credor tem direito de exigir a
obrigação com relação a outra; prestação subsistente ou o valor da outra
2) Impossibilidade de cumprir prestação + perdas e danos;
Escolha as duas prestações: resolve-se a 2) Impossibilidade de cumprir as duas
do obrigação sem perdas e danos prestações: o credor pode reclamar o valor
credor de qualquer uma das duas prestações +
perdas e danos

*CUIDADO: Não confundir obrigação alternativa com obrigação facultativa (Dica: para
entender essa diferença “pensar pela perspectiva do credor e não a do devedor”)

Obrigação Alternativa Obrigação Facultativa


- Obrigação Composta - Obrigação Simples
- Mais de uma prestação com a conjunção “ou” - Apenas uma prestação
- Só que existe uma faculdade, dada apenas
ao devedor de, se quiser, cumprir a
obrigação através de outra prestação
- Objeto composto: entregar um TV “ou” um - Objeto simples: entregar uma TV
Celular -Mas existe uma cláusula que autoriza o
devedor a entregar o celular se quiser

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- Na perspectiva do devedor, as duas obrigações parecem iguais, porque na primeira ele tem a
alternativa de entregar a TV ou o celular, ao passo que na segunda tem a obrigação de entregar
a TV, mas se quiser tem a faculdade de entregar o celular.
- Sob a perspectiva do credor a diferença se faz evidente: a) no primeiro caso, o credor poderá
escolher (quando a escolha lhe couber) entre a TV ou o celular e se houver a perda da coisa, a
obrigação prevalecerá pela coisa subsistente (porque duas são as prestações exigíveis); b) no
caso da obrigação facultativa, para o credor só existe um objeto: a TV. Não existe a segunda opção
para o credor (Orlando Gomes)! Isso significa, que não há escolha para o credor nesse caso e se
a TV perecer, ele não poderá exigir o celular (porque existe apenas uma prestação)

II – Obrigações Divisíveis, Indivisíveis e Solidárias

Pergunta: João emprestou R$ 30.000,00 para José, Antônio e Maria. Quanto João poderá cobrar
de Antônio?
Resposta:
- Depende...(você tem que saber a partir desse enunciado)
- João poderá cobrar R$ 30.000,00 de Antônio, porque são devedores solidários (Errado, porque
a solidariedade não se presume!)

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

- Resposta correta: João poderá cobrar de Antônio a quantia de R$ 10.000,00 – dinheiro é bem
divisível e deve ser aplicada a presunção do art. 257 do CC:

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

Obrigação Divisível Obrigação Indivisível


- tem por objeto um bem divisível: é - tem por objeto um bem indivisível: é
aquele que pode ser fracionado sem aquele que não pode ser fracionado sem
perder as suas características. perder as suas características
Ex.: Dinheiro Ex.: Carro, Cavalo, casa.

1) Obrigação Divisível: havendo mais de um credor ou mais de um devedor, esta


presume-se dividida entre os tantos credores ou devedores – presunção relativa do
art. 257 CC.
- Pode ser exigida ou cumprida em partes.
2) Obrigação Indivisível: é aquela que não pode ser dividida em razão a) da sua natureza
(ex.: cavalo); b) de ordem econômica (ex.: Diamante da rainha da Inglaterra –
maior já encontrado); c) determinante do negócio (ex.: a vontade das partes) e
d) da lei (ex.: modulo rural mínimo).
- Não pode ser exigida ou cumprida em partes
Cuidado: não confundir obrigação indivisível com obrigação solidária. A
confusão é comum, em razão da regra do art. 259,
caput, que “parece” ser a mesma das obrigações
solidárias, mas não é:
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a
prestação não for divisível, cada um será obrigado pela
dívida toda.
Dica: Na obrigação indivisível cada devedor está obrigado ao seu cumprimento total
porque é impossível dividir-se o seu objeto (ex.: cavalo). Mas, se a coisa se perder
por culpa de todos os devedores (art. 263, I), responderão todos por perdas e danos
em partes iguais, ou seja, a obrigação se converte em perdas e danos (dinheiro),
hipótese em passa a ser divisível, mas não solidária (solidariedade não se presume!)
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos.

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§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos
os devedores, responderão todos por partes iguais.
Pergunta: e se a coisa indivisível se perder por culpa de apenas um dos devedores? Art.
263, §2º:
Art. 263, § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros,
respondendo só esse pelas perdas e danos. (ver Enunciado 540 das
Jornadas de Direito Civil)
ENUNCIADO JDC 540 – Havendo perecimento do objeto da
prestação indivisível por culpa de apenas um dos devedores, todos
respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o culpado,
pelas perdas e danos.
Ex.: O cavalo morreu e o juiz condenou os devedores ao valor
equivalente ao cavalo (R$ 30.000,00) e mais R$ 10.000, por perdas
e danos – os devedores pagarão os R$ 30.000,00 divididos
igualmente entre eles, mas só o culpado pagará os R$ 10.000,00.
*Flavio Tartuce diverge: entende que só o devedor culpado deve
pagar pelas perdas e danos e também pelo valor da coisa,
integralmente – o culpado deve pagar os R$40.000,00 sozinho.

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

Das Obrigações Solidárias


Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda.

- Ocorre a solidariedade quando, em uma mesma obrigação, houver:


A) Mais de um devedor obrigado à dívida toda (solidariedade passiva);
B) Mais de um credor com direito à dívida toda (solidariedade ativa).
* A solidariedade não se presume: resulta da lei (solidariedade legal) ou da vontade
das partes (solidariedade convencional)

A) Solidariedade Passiva – mais de um devedor obrigado à dívida toda

R$ 50.000,00

I JOSÉ EXTERNA
N
T PEDRO
E ANTONIO
Credor JOÃO
R
N MARIA Credor

A ANA
Devedores
Solidários

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Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no
débito, as partes de todos os codevedores.

*Aquele devedor solidário que pagou a dívida por inteiro, resolvendo a relação externa com o
credor, terá direito de exigir a quota de cada um dos demais devedores solidários, para resolver
a relação interna. No exemplo, se José paga a dívida inteira para João (R$ 50.000,00), terá
direito de exigir R$10.000,00 de cada um dos demais devedores para resolver a relação interna.
Ao final, cada um dos codevedores terá pago R$ 10.000,00, mas o credor recebeu o pagamento
integral de apenas um deles.

Questões:
1ª) Como fica o perdão (remissão) de um dos devedores solidários?
Deve-se deduzir a quota daquele que foi perdoado, com os demais devedores continuando
solidários pelo saldo restante.
No exemplo, se João perdoar Maria, os demais devedores não se aproveitarão desse perdão
(art. 277), devendo ser deduzida a quota de Maria (R$ 10.000,00) com os demais co-devedores
respondendo solidariamente por R$ 40.000,00.

2ª) Existe distinção entre perdão do devedor solidário e renúncia à solidariedade em favor de
um devedor (exoneração da solidariedade)?

Perdão do Devedor Solidário - Remissão Exoneração do Devedor Solidário –


Renúncia à solidariedade
- O credor libera o devedor solidário do - O credor exonera o devedor da
pagamento. solidariedade, mas não o libera do
- O devedor perdoado não precisa pagar pagamento de sua quota
mais nada. - O devedor não é mais solidário (não
precisa mais pagar o todo), mas ainda
deve a sua quota.
- No ex.: Se João exonerar Maria da
-No ex.: Se João perdoar Maria, ela não solidariedade, ela não é mais devedora
tem mais dívida com ele, e os demais solidária (não tem mais que pagar os R$
devedores permanecem solidários por R$ 50.000,00), mas ainda deve a sua quota
40.000. de R$ 10.000,00.

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