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Numa dívida de 90 reais. Qualquer um dos devedores A, B ou C pode pagar a qualquer um dos
credores D, E ou F. Cada devedor responde apenas pela sua quota parte, portanto pagará só 30 reais. Cada um
trabalha com bens de natureza divisível e as relações são sempre autônomas, uma em relação às outras.
Divisíveis e indivisíveis: A regra geral diz que as obrigações são divisíveis e aplica-se as regras da
obrigação fracionária se existir pluralidade em um dos pólos. No entanto, em algumas prestações o objeto pode
ser indivisível. A natureza do bem é O PRIMEIRO CRITÉRIO A SER OBSERVADO: Exemplo, um cavalo
não tem como dividir, então é um bem de natureza indivisível. Não dá para usar as regras da obrigação
francionária, pois quando o devedor for pagar terá que dar o animal inteiro.
A SEGUNDA REGRA: é da vontade da lei, a lei determina se o bem poderá ou não ser dividido (Lei
6.766/79) como exemplo um terreno não pode ser dividido em menos de 125m².
O TERCEIRO CRITÉRIO: é a vontade das partes, apesar de o bem poder ser dividido, as partes
podem convencionar o contrário. Exemplo, o devedor vai entregar 60 bolas de futebol, pode entregar 20 para
cada um dos três credores, no entanto o contrato acertado que no pagamento seria feito de forma completa,
assim teria que entregar para um dos três credores ou para todos as 60 bolas de uma vez.
O QUARTO CRITÉRIO: é o motivo econômico que fundamentou aquela obrigação, ele vai
determinar a indivisibilidade. Por exemplo: 5000 folhas de papel ofício, o devedor tem que entregar.
Analisando a natureza do bem dá para dizer que é um bem divisível, mas os três devedores vão precisar das
5000 folhas para aplicar um concurso naquele dia, assim não daria para dividir as folhas entre os credores.
Considerando a utilidade ou o motivo econômico, essa obrigação que a princípio seria divisível passa a ser
indivisível.
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do
negócio jurídico.
REGRAS ESPECÍFICAS DO ARTIGO 259 - Havendo dois o mais devedores e a prestação não for
divisível cada um será obrigado pela dívida toda. ART. 259. SE, HAVENDO DOIS OU MAIS DEVEDORES, A
PRESTAÇÃO NÃO FOR DIVISÍVEL, CADA UM SERÁ OBRIGADO PELA DÍVIDA TODA. Parágrafo
único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Obrigação de dar 30 animais, 10 por cada
devedor:
REGRA DO ARTIGO 260 - Se a pluralidade for de credores poderá cada um destes exigir a dívida
inteira. Lembrando que estamos trabalhando com regras de obrigação indivisível. Cada um dos credores pode
exigir a dívida inteira, mas o devedor se livrará pagando/entregando ao mesmo tempo aos três o objeto da
relação ou entregando a um dos credores; o devedor pode exigir uma caução de ratificação, que é um
documento no qual o credor, a quem foi efetuado o pagamento, afirmar para o devedor que repassará a parte
aos demais credores.
EXEMPLO: "Hebe e Irene decoradoras, são credoras de João, marceneiro, por uma obrigação de
fazer: ele se obrigou a confeccionar uma mesa de jantar para uma casa decorada por elas. Tanto Hebe como
Irene, agindo isoladamente, podem acionar João para obter o cumprimento da obrigação; ele, porém, apenas se
desobriga ao entregar a peça para as duas decoradoras em conjunto ou se a que receber o móvel garantir a
ratificação do ato de recebimento pela outra credora".(COELHO, 2012, pág 101)
ART. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de
ratificação dos outros credores.
O RECEBIMENTO DE PRESTAÇÃO INDIVISÍVEL POR UM DOS CREDORES É
POSSÍVEL: O devedor paga de uma só vez a dívida a um dos credores (C1); os outros dois credores (C2 e
C3) cobrarão do credor C1 a parte que lhes cabe. Se um só dos credores receber a prestação inteira, e não sendo
possível a restituição in natura aos outros credores, o credor C1 terá que pagar o valor em dinheiro a C2 e C3.
Continuando o exemplo das decoradoras, "se ocorrer de Hebe receber a mesa de jantar e por exemplo,
revendê-la a terceiros, dando ao móvel destinação diversa da originariamente acertada com Irene, terá esta
direito de cobrar daquela sua parte em dinheiro" (COELHO, 2012, pág 101).
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito
de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Se um dos credores perdoar (remitir) a dívida a
obrigação não fica extinta para com os outros. O Devedor D1 pagará 10 para o credor C2 e 10 para o credor C3,
e a parte do credor C1 foi perdoada. Obrigação de 30 reais, 10 para cada credor.
OBRIGAÇÃO DE DAR UM CAVALO OU 30 REAIS. O credor C1 perdoou a dívida, e os credores
C2 e C3 querem o cavalo ao invés dos 30 reais, então eles vão fazer o seguinte: o devedor D1 vai entregar para
o credor C2 o cavalo, e os credores C2 e C3 tem que entregar 10 reais ao devedor D1, para ter consideração do
perdão feita pelo credor C1. Obrigação de 30 reais, 10 para cada credor.
OBRIGAÇÃO LÍQUIDA é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência.
Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz. OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA depende de prévia
apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto.
Ex.: "A" deve dar vegetais a "B", não se sabe quanto e nem qual vegetal. Diversos artigos do Código Civil
estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes: arts. 397, 407, 369, 352, entre outros.
ELEMENTOS ACIDENTAIS DAS OBRIGAÇÕES: Os elementos acidentais são aqueles
que podem ou não estar presentes em uma obrigação e dizem respeito ao plano de eficácia das obrigações,
ou seja, a partir de quando que a obrigação poderá ser exercida ou parará de ser exercida. Os elementos
acidentais são a condição, o termo e o encargo. Portanto, são estipulações ou cláusulas acessórias que as
partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais
(condição, modo, encargo ou termo).
CONDIÇÃO: Acontecimento de algo que gerará a situação suspensiva ou resolutiva e diz respeito a
um evento futuro e incerto. Na condição suspensiva o efeito da obrigação apenas se iniciará depois de
alcançada esta condição. Por exemplo: Apenas te venderei meu carro se eu comprar outro. Na condição
resolutiva o efeito da obrigação vai extinguir depois de alcançada esta condição. Por exemplo: Você pode usar
meu carro até que eu o venda para um terceiro.
O TERMO: Diz respeito ao acontecimento de um evento futuro e certo que gerará a situação de
iniciar ou terminar uma obrigação. O termo inicial aponta quando a obrigação começará a ter efeito. Por
exemplo: Vou te pagar daqui 1 semana. Já o termo final aponta quando a obrigação se finda. Por exemplo:
Você pode usar meu carro até a semana que vem.
ENCARGO: Um ônus que pode ser imposto ao beneficiário por uma obrigação gratuita. Por
exemplo: eu te doo o imóvel caso você construa uma creche para pessoas carentes e a mantenha por 5 anos.
TEORIA DO PAGAMENTO – CONDIÇÕES SUBJETIVAS E OBJETIVAS
SENTIDO DA EXPRESSÃO “PAGAMENTO” E SEUS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS: Em
geral, a obrigação extingue-se por meio do cumprimento voluntário da prestação. Diz-se, no caso, ter havido a
solução (solutio) da obrigação, com a consequente liberação do devedor. Por isso o termo pagamento,
diferentemente do que a linguagem comum nos sugere, não significa apenas a entrega de uma soma em
dinheiro, mas poderá também traduzir, em sentido mais amplo, o cumprimento voluntário de qualquer espécie
de obrigação.
Nesse sentido, paga não aquele que entrega a quantia em dinheiro (obrigação de dar), mas também o
indivíduo que realiza uma atividade (obrigação de fazer) ou, simplesmente, se abstém de determinado
comportamento (obrigação de não fazer).
OS TRÊS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO PAGAMENTO: O vínculo obrigacional: trata-
se da causa (fundamento) do pagamento; não havendo vínculo, não há que se pensar em pagamento, sob pena
de caracterização de pagamento indevido; O SUJEITO ATIVO DO PAGAMENTO: o devedor (solvens), que
é o sujeito passivo da obrigação; O SUJEITO PASSIVO DO PAGAMENTO: o credor (accipiens), que é o
sujeito ativo da obrigação.
Vale destacar, para que não pairem quaisquer dúvidas terminológicas que, em matéria de pagamento,
faz-se a inversão dos polos da relação jurídica, como a ver o outro lado da moeda.
Além do PAGAMENTO existem formas especiais de extinção das obrigações: Consignação em
pagamento; Pagamento com sub-rogação; Imputação do pagamento; Dação em pagamento; Novação;
Compensação; Transação; Compromisso (arbitragem); Confusão; Remissão.
NATUREZA JURÍDICA DO PAGAMENTO
TEORIAS DO PAGAMENTO:
1ª SUBTEORIA (ato jurídico de sentido estrito): defendem que o pagamento é um simples
comportamento do devedor, sem conteúdo negocial, cujo principal e único efeito, previsto pelo ordenamento
jurídico, é a extinção da obrigação.
2ª SUBTEORIA (negócio jurídico): identifica no pagamento mais que um simples comportamento,
mas uma declaração de vontade, acompanhada de um elemento anímico complexo: o animus solvendi.
3ª SUBTEORIA: afirma ser o pagamento negócio jurídico unilateral, pois prescindiria a anuência da
parte credora (accipiens).
ROBERTO DE RUGGIERO afirma: “A verdade, quanto à referida discordância, é que a solutio
pode ser ora um negócio jurídico unilateral, ora um negócio jurídico bilateral, conforme a natureza específica
da obrigação quando ela consiste numa omissão e mesmo quando consiste uma ação, não é necessária a
intervenção do credor; é, pelo contrário, necessário o seu concurso, se a prestação consiste num dare, pois neste
caso há a aceitação do credor”.
Para CAIO MÁRIO: “Genericamente considerado, o pagamento pode, portanto, ser ou não um
negócio jurídico; e será unilateral e bilateral, dependendo esta classificação da natureza da prestação, conforme
para a solutio contente-se o direito como a emissão volitiva tão somente do devedor, ou para ela tenha de
concorrer a participação do accipiens”.
CONDIÇÕES SUBJETIVAS DO PAGAMENTO
DE QUEM DEVE PAGAR: Em primeiro plano, o sujeito passivo da relação obrigacional é o
devedor, ou seja, a pessoa que contraia obrigação de pagar. Entretanto, segundo a sistemática do direito
positivo brasileiro, também poderá solver o débito pessoa diversa do devedor – O TERCEIRO -, esteja ou não
juridicamente interessada no cumprimento da obrigação. Neste sentido, clara é a regra do art. 304 do CC/02:
“Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer
em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste”.
Todas essas presunções de pagamento, todavia, são relativas. Vale dizer, firmam uma presunção
vencível, cabendo ônus de provar o contrário (a existência do pagamento) ao credor.