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Introdução

O presente trabalho aborda a matéria inerente às modalidades das obrigações. O mesmo é


desenvolvido em sede da disciplina de Direito das Obrigações. Em concreto faz uma abordagem
à noção de modalidades e segue apontando e caracterizando às modalidades de obrigações
propriamente ditas. Deste modo, Distinguem-se neste trabalho às obrigações quanto ao vínculo
jurídico, obrigações quanto aos sujeitos e finalmente obrigações quanto ao seu objecto.1.2.
Objectivos

1.2.1. Objectivos gerai

 Este trabalho pretende compreender e abordar na essência as diferentes modalidades de


obrigações.

1.2.2. Objectivos específicos

 Conceptualizar às modalidades das obrigações;


 Conhecer as Modalidades das Obrigações;
 Abordar o regime jurídico das modalidades das obrigações; e
 Analisar separadamente as modalidades das obrigações.

1.3. Metodologia de Pesquisa

Capítulo II: Revisão de Literatura


I - Noção

Modalidades das obrigações são como o nome nos remete, modelos ou formas em que as
obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de obrigações
podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da obrigação.

1. Obrigações quanto ao Vínculo

1.1. Obrigações civis

Obrigações Civis, são todas as obrigações que constituem ou que são sujeitas a regime
obrigacional e que se relacionam com a realização coactiva daquela prestação dentro dos limites
da lei. (art. 404º CC). Ou seja, a obrigação civil permite que o seu cumprimento seja exigido pelo
próprio credor, mediante acção judicial.

Exemplo: A obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao


veículo.

1.2. Obrigações naturais

Estas vem consagradas no art. 402 “diz-se natural quando se funda num mero dever de ordem
moral ou social, pelo qual o cumprimento não é exigível judicialmente, mas pelo dever de
justiça”. Acrescenta o art. 403 n. 1 dizendo que não pode ser repetido o que for prestado
espontaneamente em cumprimento de obrigações natural. Ora, este último preceito parece
limitar-se a excluir a condictio indebiti.

Contudo na inclusão sistemática das obrigações em geral, o nome do devedor que o artigo 403,
dá ao autor da prestação define-se no regime geral deste vínculo (art. 404), equiparados em
princípio as obrigações civis, abstraindo de outras razões revelam, de facto, que o acto
espontâneo do devedor natural é, em regra equiparado ao cumprimento da obrigação.

De salientar que as obrigações naturais não dão lugar a obrigações de restituir nos termos do
enriquecimento sem causa nem sequer é tratado como objecto de uma liberalidade, sujeita as
regras típicas da doação (forma, revogação, imputação, colocam, indisponibilidade relativas,
etc). A prestação espontânea efectuada, quando coberta pelo título da obrigação natural, é tratada
como cumprimento dum dever e não como uma liberalidade do autor.
1.2.1. Natureza jurídica das obrigações naturais

1.2.1.1. A obrigação natural como obrigação jurídica imperfeita


Chama-se imperfeita, quando a prestação não seja judicialmente exigível, visto não ser acionável
o direito do credor (a título de pagamento). Ou seja, entre os dois sujeitos da relação havera
assim uma obrigação jurídica, embora imperfeita, expressa num vínculo mais frouxo do que
aquele que liga o credor e o devedor no comum das obrigações.

1.2.1.2. A obrigação natural como pura situação de facto

É uma situação de facto que se converte numa verdadeira obrigação jurídica (obrigação jurídica
perfeita) a partir do cumprimento. Tal cumprimento representa, assim, adesão do devedor (rebus,
non verbis) ao sacrifício do seu interesse, consubstancia na obrigação.

2. obrigações quanto ao sujeito

2.1. Obrigações de sujeito determinado e indeterminado

A obrigação de sujeito determinado, refere-se ao sujeito determinado quando a pessoa do


credor deve ser determinável no momento da constituição1.

No que concerne a obrigação de sujeito indeterminado2, a nossa lei reconhece a existência de


obrigações de sujeito activo indeterminado quando um dos seus titulares (o credor ou devedor)
só é individualizado em momento posterior a constituição dela. No entanto, a indeterminação dos
sujeitos da obrigação só tem verdadeira autonomia dogmática quando, mediante a dissociação
temporal dos dois lados da relação, a obrigação se pode considerar constituída antes de existir
(por falta de determinação do respectivo titular) o poder de exigir ou dever de prestar. Esta
possibilidade é expressamente afirmada na lei (art. 511), mas apenas quanto ao sujeito activo.
Reconhece a possibilidade de a obrigação se constituir validamente, apesar de não ficar
determinada desde logo a pessoa do credor, contanto que ela seja determinável; não se admite,
porem, a assistência da obrigação, sem que esteja determinada a pessoa do devedor3.

1
Caso não seja determinável verifica-se a nulidade do negócio jurídico do qual a obrigação teria.
2
Previsto no art. 511 do CC.
3
A lei não prevê a possibilidade de a obrigação constituir sem estar determinado do sujeito do dever de prestar.
VAZ SERRA, ob. e loc. Cits..
2.2. Obrigações singulares e plurais

Obrigações singulares ocorrem quando há um único sujeito activo e um único sujeito passivo.
Porém, ao lado destas obrigações (singulares), muitas outras há em que são dois ou mais os
titulares do lado activo ou do lado passivo da relação, ou de um outro simultaneamente.
Exemplo: Orlando pagou 30 mil para José prestar o serviço de carpinteiro.

No que diz respeito as obrigações plurais, estas podem apresentar a pluralidade activa (quando
são vários os credores), passiva (quando são vários os devedores) ou activa e passiva (quando
são vários os sujeitos de um e outro lado da relação obrigacional).

Dentro da vasta categoria das obrigações plurais, imposta por seu turno distinguir entre
chamadas obrigações conjuntas ou parciárias e as obrigações solidárias.

2.3. Obrigações Conjuntas

De acordo com Costa (2009) são chamadas de obrigações conjuntas aquelas em que a cada um
dos credores ou dos devedores compete apenas o mesmo nas relações externas, uma parte do
crédito ou debito comum.

Para tal, as prestações dos devedores ou dos credores conjuntos resultam do racionamento ou
parcelamento da prestação global, na qual tendem a integrar se de novo, logo que cessem a causa
da sua divisão. Nesses aspectos se distingue das relações obrigacionais que, ligadas por certo
nexo objectivo de complementaridade, nascem logo como obrigações separadas, assente, sobre
vínculos distintos.

2.4. Obrigações solidárias

De acordo com o nº 1 do art. 512 do CC, a obrigação é solidária, quando cada um dos devedores
responde pela prestação integral e esta a todos libera, ou quando cada um dos credores tem a
faculdade de exigir, por si só, a prestação integral e esta libera o devedor para com todos eles.

A solidariedade tanto pode ser activa ou passiva, como simultaneamente passiva e activa.

Entende-se por solidariedade passiva, quando o credor pode exigir a prestação integral de
qualquer dos devedores e a prestação efectuada por um destes os libera a todos perante o credor
comum (art. 521 n. 1). São duas, por conseguinte, as notas típicas da solidariedade passiva
destacadas na lei:

I. O devedor da prestação integral, que recai sobre qualquer dos devedores;


II. O efeito extintivo recíproco da satisfação dada por qualquer deles ao direito do credor.

Exemplo: Se A, B e C deverem 9000,00mt a D, como preço da herdade que lhe compraram,


sendo solidária a obrigação, o credor (D), poderá exigir de A (como de B ou de C) a entrega de
toda a soma devida (e não apenas de um terço dela); e a prestação (espontânea ou
compulsivamente) efectuado por qualquer dos devedores libera os outra dois em face de D4.

No entanto, se algum dos devedores for insolvente, quem sofre no caso o prejuízo daí resultante
não é o credor (como sucederia, se a obrigação fosse conjunta), mas os restantes devedores 5, de
cada um dos quais aquele continua a poder exigir a prestação integral.

Quanto a solidariedade activa, qualquer dos credores tem a faculdade de exigir do devedor a
prestação por inteiro, e a prestação efectuado pelo devedor a qualquer deles libera-o em face de
todos os outros credores.

Também neste caso, paralelamente à solidariedade passiva, duas notas se destacam, portanto: o
direito à prestação integral, por parte de qualquer dos credores; o efeito extintivo, comum a todos
a todos os credores, da satisfação dada ao direito de qualquer deles.

Exemplo: Se A dever 600,00mt a B, C e D em regime da solidariedade, qualquer destes (B, por


exemplo) pode exigir do devedor a entrada de toda a soma devida (e não só de um terço dela). A
entrada dos 600,00mt feita a B exonera o devedor perante todos os outros credores, se B,
posteriormente ao cumprimento, se tornar insolvente e não puder repartir com os outros a
prestação recebida, são esses concredores, e não o devedor, quem suporta o prejuízo.

3. Obrigações quanto ao objecto

4
Esta liberação dos outros devedores é relativa 9apenas actua em face do credor), atento o direito de regresso
entretanto adquirido pelo devedor que cumpre (art. 524).
5
É principalmente neste aspecto, embora não apenas nele, que, com inteira propriedade, se pode afirmar que os
devedores são solidários, reciprocamente unidos no prejuízo que, quando a prestação devida, qualquer deles venha a
sofrer.
3.1. Obrigações divisíveis e indivisíveis

Diz-se divisível a obrigação cuja prestação é susceptivel de fracionamento sem prejuízo do seu
valor proporcional (art. 534), e indivisível aquela cuja prestação (seja pela sua natureza, seja por
exigência da lei ou por estipulação das partes) não comporta fraccionamento, ainda que sejam
vários os credores ou os devedores (art. 535). São assim divisíveis as obrigações de entrega de
certa quantia de dinheiro, de certa quantidade ou porção de coisas genéricas ( tantos moios de
trigo , almudes de vinho ou litros de azeite ), de uma peça de fazenda, ou da prestação de certo
número de dias de trabalho,etc; mais já é indivisível a obrigação de entregar um automóvel , um
livro , uma jóia, um serviço de louça ou uma obra ( literária ou científica) , ainda que publicada
em mais de um volume.

Exemplo: é divisível a obrigação assumida por A, B e C de entregarem 600,00mt a D, é


indivisível a obrigação contraída pelo empreiteiro de realizar certa obra no prédio pertencente a
vários comproprietários.

A indivisibilidade nasce da estipulação das partes quando, sendo a prestação perfeitamente


fracionável, sem prejuízo da sua substância ou do seu valor, os interessados convencionam que
ela se não divida (indivisibilidade solutione Tantum). Ela não necessita de ser estipulada por
meio de cláusula expressa, nem com fórmulas sacramentais. A indivisibilidade pode resultar de
uma declaração tácita, se estiver implicitamente pressuposta nos fins que os interessados se
propõem alcançar com o negócio. Todavia, quando a indivisibilidade é prescrita por lei diz-se a
indivisibilidade legal; á que é imposta pelas partes, o de indivisibilidade convencional.

3.2. Obrigações Especificas e Obrigações Genéricas

Diz-se obrigação especifica a obrigação cujo o objecto mediato e individual ou concretamente


fixado.

Exemplo: a entrega de automóvel comprado a segunda mão, a transmissão do prédio X da


avenida da liberdade, a restituição do régio emprestado.

A obrigação também não deixa de ser especifica pelo simples facto de a prestação compreender,
cumulativamente ou em alternativa, dois ou mais objectos com tanto que a parte as tome
concreta ou individualmente em conta e não apenas como unidades indiferenciadas no complexo
que as envolve.

Obrigação Genérica é a obrigação cujo o objecto esta apenas determinada pelo seu género 6
(mediante a indicação das notas ou das características que o distingue) e pela sua quantidade.

Exemplo: a entrega de 20 almudes de vinhos, o empresário de 10 molhos de trigo, a compra de


20 dúzias de ovo ou de 50 litros de azeite, a promessa de doação de 100 exemplares da última
edição de certa obra.

Nas obrigações genéricas a determinação do objecto pressupõem uma operação de escolha


quando a coisa compreendida no género fixado tem a mesma qualidade ou se presume que a não
tenham outras vezes a própria lei que concertam a prestação num dos objectos compreendidos no
género.

3.2.1. Regime das Obrigações Genéricas

A concertação das obrigações7 (concretização, ou determinação do objecto da prestação


debitaria dentro do género respectivo)

A concentração do objecto da prestação representa um momento capital na vida da obrigação,


que passa da obrigação genérica a obrigação especifica. O obrigado passa a dever doravante
apenas a coisa determinada dentro do género, e já não qualquer outro do mesmo género.

São quatro as causas da concentração prevista na lei: o acordo das partes; a extinção parcial do
género; a mora do credor; e a entrega ao transportador, expedidor ou receptor da coisa (art. 541).

 Acordo das partes, pressupõe normalmente a escolha ou a especificação da coisa, embora


em regra não se contente com ele.
 Extinção parcial do género, ocorre quando o género se extinguir a ponto de restar apenas
uma das coisas nelas compreendidas (art. 542).
 A Mora do credor, a prestação é individualizada ou concentrada logo que o devedor
escolhia a coisa com conhecimento do credor. Porém, de acordo com o art. 541, não se

6
Vide o art. 539
7
Vide art. 541
satisfaz com a notificação da escolha, exigindo o acordo do credor ou que este seja
colocado em mora.
 Atendendo-se de uma coisa que deve ser enviada para o local diferente do lugar do
comprimento, a concentração dá-se logo com a entrega do transportador ou expedidor
da coisa ou a pessoa designada para a execução do envio (art. 797).

3.2.2. Exoneração de devedor

3.2.2.1. O problema do risco

O problema de risco consiste em saber por conta de quem corre o prejuízo resultante do
perecimento da coisa, devido a caso furtuito ou de força maior.

Pode, com efeito, ter-se o devedor por exonerado quando pereça todo o género estipulado (por
exemplo, toda a colheira em que as garrafas ou pipas deveriam ser escolhidas) e, apesar disso,
ser ele quem haja de suportar o prejuízo, perdendo direito o preço correspondente ou restituindo-
o se por hipótese o tiver já recebido.

3.3. Obrigações cumulativas, alternativas, e com faculdade alternativa

As obrigações cumulativas compreendem mais de uma prestação, em termos de o devedor so se


libertar mediante a realização (conjunta) de uma e outra. O credor pode legitimamente recusar-se
a receber uma so prestação, sendo o devedor que incorre em mora quanto a ambas, se as não
fizer no tempo devido8. Tratando-se de obrigações distintas, o credor não pode recusar o
cumprimento de uma delas, sem incorrer em mora credendi, pelo simples facto de a outra ou
outras ainda não estarem cumpridas ou não serem cumpridas ao mesmo tempo que ela.

As obrigações alternativas são complexas ou múltiplas com uma configuração distinta das
obrigações cumulativas. Estas obrigações compreendem também duas ou mais prestações, mas
em que o devedor se libera mediante a realização de uma só, daquele que vir a ser determinado
por escolha. O vínculo abrange assim, várias prestações, mas o cumprimento fixa-se em apenas
uma delas (plures res in obrigation una auten in solution). Elas inda podem ser obrigações em

8
Tudo se passa, portanto, sob esse aspecto, como no caso do cumprimento parcial da obrigação simples, embora o
facto de se tratar de duas prestações (e não de uma única, como nas obrigações simples) possa ter ainda algum
interesse pratico para os casos da impossibilidade parcial (arts. 793 n. 2 e 802).
que o devedor fica a distrito uma de duas ou, mais prestações, consoante a escolha que vier a ser
efectuada, da se o nome de obrigação alternativas ou disjuntivas.

Exemplo: A vende a B, um dos automóveis que possui, a escolha do credor; C lega a D uma das
duas mobílias de sala de jantar, a escolha de herdeiro onerado; E compra um dos dois cavalos
que F tem, sendo a escolha deferida a terceiro.

De um modo geral, a obrigação alternativa procura compor interesses, futuros que são ainda de
algum modo incertos no momento que a obrigação se constitui. Porém, as obrigações alternativas
apresentam algumas impossibilidades tais com a impossibilidade não imputável as partes (art.
545) a impossibilidade imputável do devedor (art. 546) e a impossibilidade imputável ao credor
(art. 547).

3.3.1. Regime das obrigações alternativas

As obrigações alternativas são a faculdade de escolher a obrigação a cumprir. A escolha é o acto


de opção ou selecção, por meio do qual se opera, em regra, a concentração da obrigação numa
das prestações em alternativa a que o devedor se encontra adstrita. O poder de escolha tanto pode
pertencer a uma das partes (seja o devedor ou credor), como ser atribuído a terceiro (art. 400 n.
1; art. 543 n. 2 e art. 549). A escolha compete ao devedor na falta de convenção ou disposição
legal em contrário (art. 543 n. 2). No entanto, se a escolha compete ao credor quem age contra o
devedor para obter o cumprimento da obrigação, ele não poderá retardar a escolha, que lhe caiba
fazer, para além da fase inicial do processo executivo, pois este não pode prosseguir, enquanto a
obrigação exequenda que não torne certa e exigível (art. 802). Sendo a terceiros, a escolha não
torna a obrigação condicional como sucedia em princípios. E se não poder ser feita ou, por
qualquer razão, não tiver sido feita no tempo devido, devolver-se-á ao tribunal (art. 400 n. 2).

3.4. Obrigações pecuniárias

Diz-se pecuniária de pecúnia a obrigação que, tendo por objecto uma prestação em dinheiro, visa
proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais. O dinheiro
consiste nas coisas, moedas, notas, mercadorias, metais que são utilizadas como meio geral de
pagamento das dívidas.
Para que a obrigação seja pecuniária, e lhe seja aplicável a disciplina própria modalidade
especial das obrigações, não basta que a prestação tenha por objecto espécies monetárias. Se
alguém tiver em seu poder umas moedas ou notas, com um interesse histórico ou numerário
especial, as ceder para figurarem em qualquer exposição, a obrigação de restitui-las será uma
obrigação de coisa determinada (pois tem por objecto certos números ou certos corpora
nummorum), mas não uma obrigação pecuniária, que é essencialmente uma obrigação de valor.

Dentre os diferentes valores da moeda, destacam-se os seguintes nas obrigações pecuniárias:

 O valor nominal, facial ou extrínseco da moeda


 O valor metálico ou intrínseco da moeda
 O valor corrente
 O valor aquisitivo da moeda
 O papel-moeda

3.5. Obrigações de quantidade

São obrigações de soma ou quantidade, obrigações de dinheiro, que revestem uma importância
prática extraordinária, visto serem as obrigações pecuniárias a modalidade mais frequente das
obrigações quanto ao objecto, e constituírem as obrigações de soma ou quantidade o tipo de
longe mais corrente entre as obrigações pecuniárias. O art. 550 admite expressamente o princípio
nominalista ou da não actualização. Quer dizer que o cumprimento das obrigações pecuniárias
deve fazer-se, salvo estipulação em contrário, atendendo ao valor nominal da moeda 9 a data em
que for efectuado, independentemente de eventuais desvalorizações ou revalorizações monetárias
que tenham ocorrido.

Por outro lado, reconhece-se às partes, de harmonia com o princípio da autonomia privada, a
faculdade de escolherem o regime que melhor lhes aprouver na determinação do objecto da

9
Não se ignora o valor da moeda pode ser tomado em vários sentidos: o valor nominal, facial ou extrínseco é o que
a lei confere a cada espécie monetária e nela se encontra oficialmente inscrito; valor metálico, intrínseco ou
mercantil constitui o valor da matéria da moeda é feita- circunscrito, na pratica, as espécies metálicas e que, mesmo
quanto a estas, se apresenta irrelevante a respeito das moedas divisionárias; o valor de troca representa o poder
aquisitivo da moeda, isto é, o valor dos bens e serviços que por ela se podem obter; finalmente, diz-se valor cambial
ou externo o que é atribuído a uma dada moeda em confronto com as outras.
prestação salvo estipulação em contrário. E de antemão se sabe que as partes tenderão a defender
o poder aquisitivo das prestações a que tem direito, através da inserção de clausulas de
actualização ou de indexação adequadas, nos períodos de uma acentuada instabilidade monetária.

Sendo assim, o cumprimento da obrigação pecuniária deve fazer-se por conseguinte, mediante a
entrega da quantidade de espécies monetárias correntes notas, ou moedas de troco, dentro de
limites para estes legalmente fixados, correspondente à soma devida.

3.6. Obrigação de moeda específica

Dá-se o nome de obrigações de moeda específica, as quais podem revestir duas variantes. Umas
vezes convenciona-se o pagamento em moeda metálica (como na clausula-ouro efetivo).

Exemplo: o comprador pagará 2000,00mt em moedas de ouro. Outras vezes, estipula-se o


pagamento em valor da moeda metálica, isto é, o pagamento em moeda corrente, mas pelo
quantitativo correspondente ao valor de certas espécies metálicas: o comprador pagará em
escudos o valor correspondente à, 500 libras em ouro.

O art. 552 alude de modo explícito ás duas variantes distintas que a obrigação de moeda
específica pode revestir.

250. Simples concretização da espécie monetária. As cláusulas de moeda específica podem


revestir diferentes tipos, que são sucessivamente previstos e regulados nos artigos 553 e
seguintes.

3.7. Obrigações Valutárias

Designam-se obrigações valutárias as obrigações cujo cumprimento se estipula que seja feito em
moeda estrangeira10, e a que, por isso mesmo, se da usualmente o nome de obrigações de moeda
estrangeira. Estas obrigações são relativamente frequentes quando os contraentes têm
nacionalidades diferentes, ou quando (tratando-se de sociedades0 tem sede em diferentes
Estados.

10
RODRIGUEZ SASTRE, Las obligaciones em moneda extranjera (La doctrine de “clean hans) 1968. A
estipulação em moeda estrageira, que se se refere o art. 558, equivale praticamente a estipulação em moeda que não
tenha curso legal no Estado.
Quanto a moeda convencionada, o pagamento obedecera, em regra, obedecera ao princípio
nominalista: o devedor cumprira, entregando o número estipulado de libras, dólares rands,
meticais, seja qual for o valor corrente, aquisitivo, intrínseco ou cambiário dessa moeda.

O art. 558 n. 1 reconhece ao devedor a faculdade de cumprir com moeda nacional pagando em
dólares, calculando-se a moeda nacional devida, segundo o cambio do dia de cumprimento 11 e do
lugar para este estabelecido, desde que ela não tinha sido excluído pelos próprios interessados.
Se tiver sido estabelecido pelos interessados a clausula de cumprimento efectivo em moeda
estrangeira, na intenção de afastara facultas solutionis, cessa o princípio de una in alia solvi
potest, ficando o credor liberto do prejuízo da conversão, em moeda nacional, da moeda
estrangeira que ele pretenda directamente ter em seu poder.

3.8. Obrigações de juros

Juros são os frutos civis, constituídos por coisa fungíveis, que representam o rendimento de uma
obrigação de capital. Por outras palavras, podem ser a compensação que a obrigação deve pela
utilização temporária de certo capital, sendo o seu montante em regra previamente determinado
como uma fracção do capital correspondente ao tempo da sua utilização.

A obrigação de juros pode resultar da lei ou de negócio jurídico, em regra de natureza. Podendo
ser a sua fonte de origem os juros legais e os juros voluntários ou convencionais.

Uma outra classificação assenta no critério da função dos juros. Distinguem-se assim: os juros
remuneratórios, tendentes a exprimir o rendimento do capital em termos financeiros, ou seja, do
capital como factor produtivo; juros compensatórios, que visam corresponder a simples privação
do capital; os juros moratórios, devidos, a titulo de reparação, pelo incumprimento tempestivo de
uma obrigação pecuniária; e os juros indemnizatórios, que se relacionam com o não
cumprimento definitivo de uma obrigação.

O regime jurídico das obrigações de juros traz-nos a ideia básica da autonomia de crédito de
juros, desde que se constitui, o crédito de juros não fica necessariamente dependente do crédito
principal, podendo qualquer deles ser cedido ou extinguir-se sem o outro (art. 561).

11
Havendo, porém, mora do credor, o devedor tem a faculdade de optar antes pelo cambio do dia em que a mora se
verificou (art. 558 n. 2).
3.9. Obrigação da indemnização
A indemnização, no seu sentido rigoroso compreende apenas as medidas ou providências
destinadas a reparar prejuízo sofrido por outrem, com a exclusão do que seja a mera realização
específica (coativa do direito). Ou por outras, quem estiver obrigado a reparar um dano deve
reconstruir a situação que existiria, se não tivesse verificado o evento que obriga a reparação (art.
562).

3.9.1. Fontes da obrigação da indemnização

A obrigação de indemnizar pode com efeito resultar entre outros dos seguintes factos:

 Do não cumprimento de qualquer obrigação (art. 798), da mora (art. 804 n 1) ou do


cumprimento defeituoso (arts. 799; 898; 899: 908; 909; 913 e seguintes), da
impossibilidade de prestação por causa imputável do devedor (art. 891 n1) ou da violação
de qualquer dever acessório de conduta a cargo de devedor ou do credor;
 Do facto ilícito culposo extracontratual (art. 483);
 Do facto do nosso gerador da responsabilidade objetivo porquê incluindo na zona de
risco a cargo de pessoa diferente do lesado (art. 500 e seguintes);
 Do prejuízo causado por quem haja na convicção erronia de se verificar os pressupostos
da acção directa ou da legitima defesa sendo erro indesculpável (art. 338);
 Dos prejuízos causados por certos factos ilícitos que a lei considera justo seja reparado
por quem beneficia com a prática do acto ou tomou a iniciativa de o praticar (art. 332 n.
2, 1322 n. 1; 1347 n. 3; 1348 n. 2; 1349 n. 3; 1552; 1559; 1550 n. 3; 1561 n. 1 etc…);
 Da expropriação por utilidade pública ou particular ou da requisição de certos bens
(artigo 1310);
 Da culpa na formação do contrato (art. 227);
 Da obrigação contratual assumida de reparar o dano (como no contrato de seguro
destinado a cobrir certos riscos.
Capítulo III: Conclusão

1. Conclusão

Este trabalho abordou a matéria inerente às modalidades das obrigações. Ao fim deste
concluímos que as modalidades das obrigações são como o nome nos remete, modelos ou formas
em que as obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de
obrigações podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da
obrigação. Distinguem-se neste trabalho às obrigações quanto ao vínculo jurídico, obrigações
quanto aos sujeitos e finalmente obrigações quanto ao seu objecto.

Nas obrigações quanto ao vínculo jurídico podemos a título de exemplo encontrar obrigações
naturais e obrigações civis; nas obrigações quanto aos sujeitos podemos encontrar como
modalidades, as obrigações singulares e as obrigações plurais; já relativamente ao objecto
podemos encontrar obrigações de indemnização.
2. Referencias Bibliográficas

Doutrina:

COSTA, M. J. A (2009). DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. Lisboa. Almedina

VARELA, J. M. A. (…) Das Obrigações em Geral. (10 ed) VOL..I. Lisboa. Almedina.

Legislação

Decreto- Lei n.°47344, de 25 de Novembro de 1996 (Aprova o Código Civil)

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