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Modalidades das obrigações são como o nome nos remete, modelos ou formas em que as
obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de obrigações
podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da obrigação.
Obrigações Civis, são todas as obrigações que constituem ou que são sujeitas a regime
obrigacional e que se relacionam com a realização coactiva daquela prestação dentro dos limites
da lei. (art. 404º CC). Ou seja, a obrigação civil permite que o seu cumprimento seja exigido pelo
próprio credor, mediante acção judicial.
Estas vem consagradas no art. 402 “diz-se natural quando se funda num mero dever de ordem
moral ou social, pelo qual o cumprimento não é exigível judicialmente, mas pelo dever de
justiça”. Acrescenta o art. 403 n. 1 dizendo que não pode ser repetido o que for prestado
espontaneamente em cumprimento de obrigações natural. Ora, este último preceito parece
limitar-se a excluir a condictio indebiti.
Contudo na inclusão sistemática das obrigações em geral, o nome do devedor que o artigo 403,
dá ao autor da prestação define-se no regime geral deste vínculo (art. 404), equiparados em
princípio as obrigações civis, abstraindo de outras razões revelam, de facto, que o acto
espontâneo do devedor natural é, em regra equiparado ao cumprimento da obrigação.
De salientar que as obrigações naturais não dão lugar a obrigações de restituir nos termos do
enriquecimento sem causa nem sequer é tratado como objecto de uma liberalidade, sujeita as
regras típicas da doação (forma, revogação, imputação, colocam, indisponibilidade relativas,
etc). A prestação espontânea efectuada, quando coberta pelo título da obrigação natural, é tratada
como cumprimento dum dever e não como uma liberalidade do autor.
1.2.1. Natureza jurídica das obrigações naturais
É uma situação de facto que se converte numa verdadeira obrigação jurídica (obrigação jurídica
perfeita) a partir do cumprimento. Tal cumprimento representa, assim, adesão do devedor (rebus,
non verbis) ao sacrifício do seu interesse, consubstancia na obrigação.
1
Caso não seja determinável verifica-se a nulidade do negócio jurídico do qual a obrigação teria.
2
Previsto no art. 511 do CC.
3
A lei não prevê a possibilidade de a obrigação constituir sem estar determinado do sujeito do dever de prestar.
VAZ SERRA, ob. e loc. Cits..
2.2. Obrigações singulares e plurais
Obrigações singulares ocorrem quando há um único sujeito activo e um único sujeito passivo.
Porém, ao lado destas obrigações (singulares), muitas outras há em que são dois ou mais os
titulares do lado activo ou do lado passivo da relação, ou de um outro simultaneamente.
Exemplo: Orlando pagou 30 mil para José prestar o serviço de carpinteiro.
No que diz respeito as obrigações plurais, estas podem apresentar a pluralidade activa (quando
são vários os credores), passiva (quando são vários os devedores) ou activa e passiva (quando
são vários os sujeitos de um e outro lado da relação obrigacional).
Dentro da vasta categoria das obrigações plurais, imposta por seu turno distinguir entre
chamadas obrigações conjuntas ou parciárias e as obrigações solidárias.
De acordo com Costa (2009) são chamadas de obrigações conjuntas aquelas em que a cada um
dos credores ou dos devedores compete apenas o mesmo nas relações externas, uma parte do
crédito ou debito comum.
Para tal, as prestações dos devedores ou dos credores conjuntos resultam do racionamento ou
parcelamento da prestação global, na qual tendem a integrar se de novo, logo que cessem a causa
da sua divisão. Nesses aspectos se distingue das relações obrigacionais que, ligadas por certo
nexo objectivo de complementaridade, nascem logo como obrigações separadas, assente, sobre
vínculos distintos.
De acordo com o nº 1 do art. 512 do CC, a obrigação é solidária, quando cada um dos devedores
responde pela prestação integral e esta a todos libera, ou quando cada um dos credores tem a
faculdade de exigir, por si só, a prestação integral e esta libera o devedor para com todos eles.
A solidariedade tanto pode ser activa ou passiva, como simultaneamente passiva e activa.
Entende-se por solidariedade passiva, quando o credor pode exigir a prestação integral de
qualquer dos devedores e a prestação efectuada por um destes os libera a todos perante o credor
comum (art. 521 n. 1). São duas, por conseguinte, as notas típicas da solidariedade passiva
destacadas na lei:
No entanto, se algum dos devedores for insolvente, quem sofre no caso o prejuízo daí resultante
não é o credor (como sucederia, se a obrigação fosse conjunta), mas os restantes devedores 5, de
cada um dos quais aquele continua a poder exigir a prestação integral.
Quanto a solidariedade activa, qualquer dos credores tem a faculdade de exigir do devedor a
prestação por inteiro, e a prestação efectuado pelo devedor a qualquer deles libera-o em face de
todos os outros credores.
Também neste caso, paralelamente à solidariedade passiva, duas notas se destacam, portanto: o
direito à prestação integral, por parte de qualquer dos credores; o efeito extintivo, comum a todos
a todos os credores, da satisfação dada ao direito de qualquer deles.
4
Esta liberação dos outros devedores é relativa 9apenas actua em face do credor), atento o direito de regresso
entretanto adquirido pelo devedor que cumpre (art. 524).
5
É principalmente neste aspecto, embora não apenas nele, que, com inteira propriedade, se pode afirmar que os
devedores são solidários, reciprocamente unidos no prejuízo que, quando a prestação devida, qualquer deles venha a
sofrer.
3.1. Obrigações divisíveis e indivisíveis
Diz-se divisível a obrigação cuja prestação é susceptivel de fracionamento sem prejuízo do seu
valor proporcional (art. 534), e indivisível aquela cuja prestação (seja pela sua natureza, seja por
exigência da lei ou por estipulação das partes) não comporta fraccionamento, ainda que sejam
vários os credores ou os devedores (art. 535). São assim divisíveis as obrigações de entrega de
certa quantia de dinheiro, de certa quantidade ou porção de coisas genéricas ( tantos moios de
trigo , almudes de vinho ou litros de azeite ), de uma peça de fazenda, ou da prestação de certo
número de dias de trabalho,etc; mais já é indivisível a obrigação de entregar um automóvel , um
livro , uma jóia, um serviço de louça ou uma obra ( literária ou científica) , ainda que publicada
em mais de um volume.
A obrigação também não deixa de ser especifica pelo simples facto de a prestação compreender,
cumulativamente ou em alternativa, dois ou mais objectos com tanto que a parte as tome
concreta ou individualmente em conta e não apenas como unidades indiferenciadas no complexo
que as envolve.
Obrigação Genérica é a obrigação cujo o objecto esta apenas determinada pelo seu género 6
(mediante a indicação das notas ou das características que o distingue) e pela sua quantidade.
São quatro as causas da concentração prevista na lei: o acordo das partes; a extinção parcial do
género; a mora do credor; e a entrega ao transportador, expedidor ou receptor da coisa (art. 541).
6
Vide o art. 539
7
Vide art. 541
satisfaz com a notificação da escolha, exigindo o acordo do credor ou que este seja
colocado em mora.
Atendendo-se de uma coisa que deve ser enviada para o local diferente do lugar do
comprimento, a concentração dá-se logo com a entrega do transportador ou expedidor
da coisa ou a pessoa designada para a execução do envio (art. 797).
O problema de risco consiste em saber por conta de quem corre o prejuízo resultante do
perecimento da coisa, devido a caso furtuito ou de força maior.
Pode, com efeito, ter-se o devedor por exonerado quando pereça todo o género estipulado (por
exemplo, toda a colheira em que as garrafas ou pipas deveriam ser escolhidas) e, apesar disso,
ser ele quem haja de suportar o prejuízo, perdendo direito o preço correspondente ou restituindo-
o se por hipótese o tiver já recebido.
As obrigações alternativas são complexas ou múltiplas com uma configuração distinta das
obrigações cumulativas. Estas obrigações compreendem também duas ou mais prestações, mas
em que o devedor se libera mediante a realização de uma só, daquele que vir a ser determinado
por escolha. O vínculo abrange assim, várias prestações, mas o cumprimento fixa-se em apenas
uma delas (plures res in obrigation una auten in solution). Elas inda podem ser obrigações em
8
Tudo se passa, portanto, sob esse aspecto, como no caso do cumprimento parcial da obrigação simples, embora o
facto de se tratar de duas prestações (e não de uma única, como nas obrigações simples) possa ter ainda algum
interesse pratico para os casos da impossibilidade parcial (arts. 793 n. 2 e 802).
que o devedor fica a distrito uma de duas ou, mais prestações, consoante a escolha que vier a ser
efectuada, da se o nome de obrigação alternativas ou disjuntivas.
Exemplo: A vende a B, um dos automóveis que possui, a escolha do credor; C lega a D uma das
duas mobílias de sala de jantar, a escolha de herdeiro onerado; E compra um dos dois cavalos
que F tem, sendo a escolha deferida a terceiro.
De um modo geral, a obrigação alternativa procura compor interesses, futuros que são ainda de
algum modo incertos no momento que a obrigação se constitui. Porém, as obrigações alternativas
apresentam algumas impossibilidades tais com a impossibilidade não imputável as partes (art.
545) a impossibilidade imputável do devedor (art. 546) e a impossibilidade imputável ao credor
(art. 547).
Diz-se pecuniária de pecúnia a obrigação que, tendo por objecto uma prestação em dinheiro, visa
proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais. O dinheiro
consiste nas coisas, moedas, notas, mercadorias, metais que são utilizadas como meio geral de
pagamento das dívidas.
Para que a obrigação seja pecuniária, e lhe seja aplicável a disciplina própria modalidade
especial das obrigações, não basta que a prestação tenha por objecto espécies monetárias. Se
alguém tiver em seu poder umas moedas ou notas, com um interesse histórico ou numerário
especial, as ceder para figurarem em qualquer exposição, a obrigação de restitui-las será uma
obrigação de coisa determinada (pois tem por objecto certos números ou certos corpora
nummorum), mas não uma obrigação pecuniária, que é essencialmente uma obrigação de valor.
São obrigações de soma ou quantidade, obrigações de dinheiro, que revestem uma importância
prática extraordinária, visto serem as obrigações pecuniárias a modalidade mais frequente das
obrigações quanto ao objecto, e constituírem as obrigações de soma ou quantidade o tipo de
longe mais corrente entre as obrigações pecuniárias. O art. 550 admite expressamente o princípio
nominalista ou da não actualização. Quer dizer que o cumprimento das obrigações pecuniárias
deve fazer-se, salvo estipulação em contrário, atendendo ao valor nominal da moeda 9 a data em
que for efectuado, independentemente de eventuais desvalorizações ou revalorizações monetárias
que tenham ocorrido.
Por outro lado, reconhece-se às partes, de harmonia com o princípio da autonomia privada, a
faculdade de escolherem o regime que melhor lhes aprouver na determinação do objecto da
9
Não se ignora o valor da moeda pode ser tomado em vários sentidos: o valor nominal, facial ou extrínseco é o que
a lei confere a cada espécie monetária e nela se encontra oficialmente inscrito; valor metálico, intrínseco ou
mercantil constitui o valor da matéria da moeda é feita- circunscrito, na pratica, as espécies metálicas e que, mesmo
quanto a estas, se apresenta irrelevante a respeito das moedas divisionárias; o valor de troca representa o poder
aquisitivo da moeda, isto é, o valor dos bens e serviços que por ela se podem obter; finalmente, diz-se valor cambial
ou externo o que é atribuído a uma dada moeda em confronto com as outras.
prestação salvo estipulação em contrário. E de antemão se sabe que as partes tenderão a defender
o poder aquisitivo das prestações a que tem direito, através da inserção de clausulas de
actualização ou de indexação adequadas, nos períodos de uma acentuada instabilidade monetária.
Sendo assim, o cumprimento da obrigação pecuniária deve fazer-se por conseguinte, mediante a
entrega da quantidade de espécies monetárias correntes notas, ou moedas de troco, dentro de
limites para estes legalmente fixados, correspondente à soma devida.
Dá-se o nome de obrigações de moeda específica, as quais podem revestir duas variantes. Umas
vezes convenciona-se o pagamento em moeda metálica (como na clausula-ouro efetivo).
O art. 552 alude de modo explícito ás duas variantes distintas que a obrigação de moeda
específica pode revestir.
Designam-se obrigações valutárias as obrigações cujo cumprimento se estipula que seja feito em
moeda estrangeira10, e a que, por isso mesmo, se da usualmente o nome de obrigações de moeda
estrangeira. Estas obrigações são relativamente frequentes quando os contraentes têm
nacionalidades diferentes, ou quando (tratando-se de sociedades0 tem sede em diferentes
Estados.
10
RODRIGUEZ SASTRE, Las obligaciones em moneda extranjera (La doctrine de “clean hans) 1968. A
estipulação em moeda estrageira, que se se refere o art. 558, equivale praticamente a estipulação em moeda que não
tenha curso legal no Estado.
Quanto a moeda convencionada, o pagamento obedecera, em regra, obedecera ao princípio
nominalista: o devedor cumprira, entregando o número estipulado de libras, dólares rands,
meticais, seja qual for o valor corrente, aquisitivo, intrínseco ou cambiário dessa moeda.
O art. 558 n. 1 reconhece ao devedor a faculdade de cumprir com moeda nacional pagando em
dólares, calculando-se a moeda nacional devida, segundo o cambio do dia de cumprimento 11 e do
lugar para este estabelecido, desde que ela não tinha sido excluído pelos próprios interessados.
Se tiver sido estabelecido pelos interessados a clausula de cumprimento efectivo em moeda
estrangeira, na intenção de afastara facultas solutionis, cessa o princípio de una in alia solvi
potest, ficando o credor liberto do prejuízo da conversão, em moeda nacional, da moeda
estrangeira que ele pretenda directamente ter em seu poder.
Juros são os frutos civis, constituídos por coisa fungíveis, que representam o rendimento de uma
obrigação de capital. Por outras palavras, podem ser a compensação que a obrigação deve pela
utilização temporária de certo capital, sendo o seu montante em regra previamente determinado
como uma fracção do capital correspondente ao tempo da sua utilização.
A obrigação de juros pode resultar da lei ou de negócio jurídico, em regra de natureza. Podendo
ser a sua fonte de origem os juros legais e os juros voluntários ou convencionais.
Uma outra classificação assenta no critério da função dos juros. Distinguem-se assim: os juros
remuneratórios, tendentes a exprimir o rendimento do capital em termos financeiros, ou seja, do
capital como factor produtivo; juros compensatórios, que visam corresponder a simples privação
do capital; os juros moratórios, devidos, a titulo de reparação, pelo incumprimento tempestivo de
uma obrigação pecuniária; e os juros indemnizatórios, que se relacionam com o não
cumprimento definitivo de uma obrigação.
O regime jurídico das obrigações de juros traz-nos a ideia básica da autonomia de crédito de
juros, desde que se constitui, o crédito de juros não fica necessariamente dependente do crédito
principal, podendo qualquer deles ser cedido ou extinguir-se sem o outro (art. 561).
11
Havendo, porém, mora do credor, o devedor tem a faculdade de optar antes pelo cambio do dia em que a mora se
verificou (art. 558 n. 2).
3.9. Obrigação da indemnização
A indemnização, no seu sentido rigoroso compreende apenas as medidas ou providências
destinadas a reparar prejuízo sofrido por outrem, com a exclusão do que seja a mera realização
específica (coativa do direito). Ou por outras, quem estiver obrigado a reparar um dano deve
reconstruir a situação que existiria, se não tivesse verificado o evento que obriga a reparação (art.
562).
A obrigação de indemnizar pode com efeito resultar entre outros dos seguintes factos:
1. Conclusão
Este trabalho abordou a matéria inerente às modalidades das obrigações. Ao fim deste
concluímos que as modalidades das obrigações são como o nome nos remete, modelos ou formas
em que as obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de
obrigações podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da
obrigação. Distinguem-se neste trabalho às obrigações quanto ao vínculo jurídico, obrigações
quanto aos sujeitos e finalmente obrigações quanto ao seu objecto.
Nas obrigações quanto ao vínculo jurídico podemos a título de exemplo encontrar obrigações
naturais e obrigações civis; nas obrigações quanto aos sujeitos podemos encontrar como
modalidades, as obrigações singulares e as obrigações plurais; já relativamente ao objecto
podemos encontrar obrigações de indemnização.
2. Referencias Bibliográficas
Doutrina:
VARELA, J. M. A. (…) Das Obrigações em Geral. (10 ed) VOL..I. Lisboa. Almedina.
Legislação