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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Letras, Ciências Sociais e Humanidades

Modalidades das Obrigações quanto ao Vínculo

Adriano Zacarias Ernesto

Bertina Simão

Dionísia José Z. Bandeira

Euclides dos Santos Lopes

Lídia Tânia Luís

Maico Martin Chimoyo

Nhacha Ambrósio Deniasse

Vldemar Pinguine

Chimoio, Março

2024
Adriano Zacarias Ernesto

Bertina Simão

Dionísia José Z. Bandeira

Euclides dos Santos Lopes

Lídia Tânia Luís

Maico Martin Chimoyo

Nhacha Ambrósio Deniasse

Vldemar Pinguine

Modalidades das Obrigações quanto ao Vínculo

O presente Trabalho de Investigação é


desenvolvido no âmbito da cadeira de Direito das
Obrigações, 3º Ano do curso de Licenciatura em
Direito, e deve ser entregue no departamento de
Letras, Ciências sociais e Humanidade, possuindo
carácter avaliativo e, sob orientação do docente:

Msc. Edgar Guerra

Universidade Púnguè

Chimoio

2024
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
1. Introdução ............................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos ............................................................................................................................ 1
1.2.1. Objectivo Geral................................................................................................................. 1
1.2.2. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 1
1.3. Metodologia de Pesquisa ..................................................................................................... 1
CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 2
I - MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES ................................................................................. 2
2.1. Noção e modalidades ........................................................................................................... 2
2 1.1.3. Vínculo jurídico ............................................................................................................. 3
2.2. OBRIGAÇÕES QUANTO AO VÍNCULO ........................................................................ 3
2.2.1. Obrigações civis ............................................................................................................... 3
2.2.1.1. Obrigação de reparação de danos .................................................................................. 4
2.2.2. Obrigações naturais .......................................................................................................... 4
2.2.2.1. Noção ............................................................................................................................. 4
2.2.2.2. Natureza jurídica das obrigações naturais ..................................................................... 5
2.2.2.2.1. A obrigação natural como obrigação jurídica imperfeita ........................................... 5
2.2.2.2.3. A Concepção de Antunes Varela ................................................................................ 5
2.2.2.3. Regime Jurídico das obrigações naturais....................................................................... 6
CAPÍTULO III: CONCLUSÃO ................................................................................................. 8
3.1. Conclusão ............................................................................................................................ 8
3.2. Referências bibliográficas ................................................................................................... 9
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

O presente trabalho é desenvolvido em sede da disciplina de Direito das Obrigações, e


aborda a matéria inerente às modalidades das obrigações, em concreto, das obrigações quanto
ao vínculo. Neste trabalho, é para além de ser apresentada a noção de obrigação, identificado
os tipos de obrigações quanto ao vínculo (civis e naturais), bem como os seus respectivos
regimes jurídicos.

Em termos estruturais, o trabalho está dividido em três capítulos, correspondendo cada


um deles, respectivamente, à introdução - faz a apresentação geral do trabalho e aponto os
objectivos e a metodologia de pesquisa utilizada nele, revisão de literatura - apresenta o marco
teórico do trabalho; e a conclusão - apresenta os resultados obtidos da pesquisa.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral

 Este trabalho tem como objectivo geral, abordar analisar às obrigações quanto ao
vínculo (civis e naturais)

1.2.2. Objectivos Específicos

 Conceituar obrigação;
 Identificar as modalidades das obrigações quanto ao vínculo;
 Falar do regime jurídico das obrigações naturais.

1.3. Metodologia de Pesquisa


A metodologia de pesquisa utilizada na elaboração deste trabalho é quanto à
abordagem: qualitativa - pois recorrendo a fontes bibliográficas como manuais, artigos
científicos, legislação e outras referências teóricas já publicadas, desenvolve o trabalho de
forma dedutiva. Quanto à natureza é uma pesquisa básica, destinada a gerar novo
conhecimento sem aplicação prática prevista, quanto aos objectivos é uma pesquisa
exploratória, pois cria familiaridade com o tema.

1
CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

I - MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

2.1. Noção e modalidades


Obrigação é um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. Nota-se que a obrigação é
uma via de mão dupla, envolvendo tanto a prestação do devedor quanto a do credor.

 Obrigação em sentido amplo: pode ser entendida como um vínculo jurídico


transitório, já que nenhuma obrigação é eterna, e que se estabelece entre sujeitos que
estão em lados distintos, no qual o sujeito do polo passivo se obriga a uma
determinada prestação economicamente apreciável a ser cumprida em favor do sujeito
do polo ativo.
 Obrigação em sentido estrito: é o dever correspondente ao direito de crédito que tem
um conteúdo economicamente mensurável (débito), mesmo que o objeto da prestação
não tenha valor diretamente patrimonial.

Nos termos do artigo 397.º do Código Civil, pode definir-se obrigação como o vínculo
jurídico por virtude do qual uma pessoa fica a distrita para com outra à realização de uma
prestação.1 Modalidades das obrigações são como o nome nos remete, modelos ou formas em
que as obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de
obrigações podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da
obrigação.

2.1.1. Elementos essenciais


2.1.1.1 Sujeitos da obrigação

Os elementos essenciais da obrigação são o sujeito, objecto e vínculo jurídico. Na


ausência de algum dos elementos, não se configura a obrigação. Os sujeitos são o elemento
subjectivo da obrigação. Há o sujeito activo (credor, que tem o direito de exigir a prestação) e
o sujeito passivo (devedor, que tem o dever de prestar determinado acto ou objecto). Os
sujeitos devem ser determinados. Esta determinação deve ser constituída até a fase executória
da obrigação, ou seja, ela pode se estabelecer tanto no nascimento da obrigação quanto

1
Cit. Art. 397.º Código Civil

2
posteriormente. O necessário é que, no ato de se executar a obrigação (isto é, realizar a
prestação), os sujeitos já estejam determinados.

2.1.1.2. Objecto da obrigação


É o elemento objectivo da obrigação, a prestação do devedor, que constitui uma
actuação do sujeito passivo. Nota-se que o objeto da obrigação não é o objecto sobre a qual a
prestação incide, mas sim a própria prestação.

O objecto pode ser classificado como mediato e imediato. O objecto imediato da


obrigação é a prestação, podendo ser positiva (dar ou entregar e fazer) ou negativa (não fazer).
Já o objecto mediato pode ser uma coisa ou tarefa a ser feita (positiva) ou vedada (negativa).

2 1.1.3. Vínculo jurídico


Para a constituição da obrigação, é necessário que haja uma relação jurídica entre os
sujeitos, com obrigações para ambas as partes. Como exemplo, se um vendedor de livros e
uma pessoa conversam em uma loja, não há nenhuma obrigação entre elas. Agora, se ambas
contratam a compra e venda de um livro, o vendedor tem a obrigação de entregar a
mercadoria mediante o pagamento pelo comprador, sendo este obrigado a dar sua prestação.

2.2. OBRIGAÇÕES QUANTO AO VÍNCULO

2.2.1. Obrigações civis

De acordo com Varela (1977), as obrigações civis são todas as obrigações que
constituem ou que são sujeitas a regime obrigacional e que se relacionam com a realização
coactiva daquela prestação dentro dos limites da lei. (art. 404º CC). Ou seja, a obrigação civil
permite que o seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante acção judicial.
Exemplo: A obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente
ao veículo.

A obrigação civil figura o objecto de estudo do Direito das Obrigações (um dos ramos
de maior complexidade e importância do Direito Civil), merece grande destaque tanto na
doutrina quanto na legislação, estando, em sua grande parte, disciplinada no Livro II do nosso
Código Civil. (Diniz, 1999, p. 64)

Em linhas gerais, a obrigação civil ou obrigação comum é aquela que vincula


determinados sujeitos, denominados, assim, credor e devedor, onde este encontra-se obrigado
a realizar determinada prestação patrimonial (positiva ou negativa) em favor daquele (credor).

3
Trata-se de um vínculo jurídico, ou seja, contemplado pelo Direito, que vislumbra tanto o
“debitum” (dever de prestar, imputado ao devedor) quanto o correlativo direito, conferido ao
credor, de, em caso de inadimplemento, exigir judicialmente o cumprimento da prestação ou o
devido ressarcimento, atingindo o patrimônio do devedor (“obligatio”)2

2.2.1.1. Obrigação de reparação de danos


De acordo com o artigo 483.º do Código Civil, aquele que, com dor ou Meira culpa,
violar ilicitamente o direito de outro ou qualquer disposição ligado destinada a proteger
interesses fica obrigado a indenizar o lesado pelos danos resultantes da relação. Essa
disposição corresponde ao princípio geral da responsabilidade civil por factos ilícitos, a
mesma é um exemplo de uma obrigação civil, pois é juridicamente exigível.

2.2.2. Obrigações naturais

2.2.2.1. Noção

As obrigações naturais podem ser vistas como aquelas em que se tem um vínculo (que
não é jurídico) entre credor e devedor, onde este não é juridicamente obrigado a sanar o débito
que possui ante aquele, porém, se efectua livre e voluntariamente o pagamento, não goza do
direito de repetição, ou seja, não pode pleitear a devolução do que pagou. (Diniz, 1999, p. 63)

Esta vem consagrada no art. 402.º CC “diz-se natural quando se funda num mero
dever de ordem moral ou social, pelo qual o cumprimento não é exigível judicialmente, mas
pelo dever de justiça”. Acrescenta o art. 403 n. 1 dizendo que não pode ser repetido o que for
prestado espontaneamente em cumprimento de obrigações natural. Ora, este último preceito
parece limitar-se a excluir a condictio indebiti.

Contudo na inclusão sistemática das obrigações em geral, o nome do devedor que o


artigo 403, dá ao autor da prestação define-se no regime geral deste vínculo (art. 404),
equiparados em princípio às obrigações civis, abstraindo de outras razões revelam, de facto,
que o acto espontâneo do devedor natural é, em regra equiparado ao cumprimento da
obrigação.

De salientar que as obrigações naturais não dão lugar a obrigações de restituir nos
termos do enriquecimento sem causa nem sequer é tratado como objecto de uma liberalidade,

2
Diniz M. H. (1997). Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. (9ª ed. atualizada) Brasil, São Paulo:
Saraiva.

4
sujeita as regras típicas da doação (forma, revogação, imputação, colocam, indisponibilidade
relativas, etc). A prestação espontânea efectuada, quando coberta pelo título da obrigação
natural, é tratada como cumprimento dum dever e não como uma liberalidade do autor.

2.2.2.2. Natureza jurídica das obrigações naturais

O problema da natureza jurídica das obrigações naturais constitui objecto de longas


discussões doutrinárias, produzindo diferentes entendimentos sobre a matéria. Há autores
consagrados que consideram a obrigação natural um tipo de “obrigação civil incompleta ou
imperfeita”, por ela apresentar todas as características de uma verdadeira obrigação civil,
faltando-lhe apenas a garantia jurídica da acção.
2.2.2.2.1. A obrigação natural como obrigação jurídica imperfeita

Chama-se imperfeita, quando a prestação não seja judicialmente exigível, visto não ser
acionável o direito do credor (a título de pagamento). Ou seja, entre os dois sujeitos da relação
havera assim uma obrigação jurídica, embora imperfeita, expressa num vínculo mais frouxo
do que aquele que liga o credor e o devedor no comum das obrigações.3
2.2.2.2.3. A obrigação natural como pura situação de facto

É uma situação de facto que se converte numa verdadeira obrigação jurídica


(obrigação jurídica perfeita) a partir do cumprimento. Tal cumprimento representa, assim,
adesão do devedor (rebus, non verbis) ao sacrifício do seu interesse, consubstancia na
obrigação.
2.2.2.2.3. A Concepção de Antunes Varela

Entretanto, outros autores não menos importantes, como Antunes Varela, apresentam
outro ponto de vista, descartando a idéia da obrigação natural como obrigação civil
incompleta. As obrigações naturais não poderiam ser consideradas como vínculos jurídicos
(mesmo que imperfeitos), pois só recebem tutela jurídica no momento de seu cumprimento
(através da “soluti retentio”), que pode se realizar ou não, dependendo da vontade do devedor.
(Varela, 1997, 287)
Ou seja, a obrigação natural só é vislumbrada pelo Direito após a sua extinção, pois,
como sabemos, no momento em que a prestação é cumprida, rompe-se o vínculo entre credor
e devedor, de forma que este nada mais deve e aquele nada mais tem a receber. Verdadeira
obrigação civil é aquela que recebe resguardo jurídico não só no momento de sua extinção,

3
Monteiro, W. B. (1982). Curso de Direito Civil, (17.ª Ed) Vol 4, Brasil , São Paulo: Saraiva.

5
mas também na sua formação e durante toda a sua existência. Assim, “as obrigações naturais
nem são verdadeiras obrigações jurídicas, nem constituem puras situações de fato, estranhas
ao mundo do Direito. São deveres de natureza moral ou social, mas juridicamente relevantes.”
Para Varela (1977, p. 287) a obrigação natural não pode ser mencionada como
obrigação civil (ainda que incompleta), pois não está fundada em um vínculo jurídico. Não se
trata de verdadeira relação jurídica, pois tal relação, como sabemos, só é jurídica porque
encontra-se protegida pelo Direito, ou seja, é vislumbrada pela lei, que disciplina sua
formação, seu desenvolvimento e seus efeitos. A obrigação natural não se encaixa na
juridicidade das relações de direito, pois carece de garantia jurídica, ou seja, está submetida ao
livre arbítrio do devedor, que pode cumpri-la ou não. 4
O credor nada tem a fazer, senão esperar pelo cumprimento espontâneo da prestação,
para, assim, retê-la a título de pagamento. A garantia jurídica chega “tarde demais”, depois
que a obrigação já está extinta, ou seja, após seu cumprimento. Assim, a “soluti retentio”, por
si só, não dá fundamento para que se considere a obrigação natural como obrigação civil
incompleta, sendo apenas uma forma de se conferir uma garantia mínima ao cumprimento de
uma prestação que é considerada como verdadeiro débito, ainda que inexigível.

2.2.2.3. Regime Jurídico das obrigações naturais

Nos termos do artigo 404.º do Código Civil, as obrigações naturais estão sujeitas ao
regime das obrigações civis em tudo o que não se relacione com a realização coativa da
prestação, salvas as disposições especiais da lei.

2.3. Obrigação Moral

A obrigação moral é aquela que encontra seu principal fundamento nas normas
morais, que por sua vez residem na consciência de cada indivíduo, podendo este cumpri-las
ou não, sem sofrer nenhum tipo de sanção objetiva em caso de descumprimento.5

Para Diniz (1997, p. 373), a obrigação moral é uma obrigação inexigível, por carecer
da proteção que as normas jurídicas conferem à obrigação civil.Realmente, a norma jurídica é
a única que possui a característica do autorizamento, por conceder ao lesado pela sua violação

4
Varela, A. (1997). Direito das Obrigações. (2ª ed). Portugal, Coimbra: Coimbra Editora.

5
Varela, A. (1997). Direito das Obrigações. (2ª ed). Portugal, Coimbra: Coimbra Editora.

6
a permissão para procurar a prestação jurisdicional, através de uma ação própria, a fim de ter
seu direito respeitado ou de obter o devido ressarcimento. Dessa forma, o “devedor” de uma
obrigação moral não pode, em nenhuma hipótese, ser compelido a cumpri-la, estando
vinculado. (Diniz, 1997, p. 373)

7
CAPÍTULO III: CONCLUSÃO
3.1. Conclusão
Este trabalho abordou as modalidades das obrigações quanto ao vínculo, ao fim do
mesmo concluímos que obrigação é um vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo)
o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação.
Modalidades das obrigações são como o nome nos remete modelos ou formas em que as
obrigações podem assumir, assim, o Código Civil traz diferentes modalidades de obrigações
podendo estás incidir sobre o vínculo jurídico, sujeitos e quanto ao objecto da obrigação. As
obrigações naturais estão sujeitas ao regime das obrigações civis em tudo o que não se
relacione com a realização coativa da prestação, salvas as disposições especiais da lei.

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3.2. Referências bibliográficas
Doutrina:

Varela, A. (1997). Direito das Obrigações. (2ª ed). Portugal, Coimbra: Coimbra Editora.

Diniz M. H. (1997). Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. (9ª ed. atualizada)


Brasil, São Paulo: Saraiva.

Monteiro, W. B. (1982). Curso de Direito Civil, (17.ª Ed) Vol 4, Brasil , São Paulo: Saraiva.

Legislação:

Moçmbique - Código Civil

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