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Direito das Obrigações

Prof. José Fernando Simão

1. Obrigações Alternativas e Facultativas

A. Obrigações complexas quanto ao objeto (já teve obrigações cumulativas ou


conjuntivas)

1.1.Obrigações alternativas ou disjuntivas (arts. 252 e seguintes do CC)


Conceito: Há dois objetos nos vínculos obrigacional e apenas um objeto no
pagamento.

O que acontece quando houver a perda do objeto na escolha?


I. PERDA DE UMA PRESTAÇÃO
A) Escolha do devedor (art. 253 do CC): é irrelevante a culpa do devedor,
pois é dele a escolha. Assim, o devedor entrega a prestação
remanescente
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou
se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.
B) Escolha do credor
a. SEM CULPA DO DEVEDOR (art. 253, CC): se o devedor não tem culpa
o devedor cumpre a obrigação remanescente, não pode exigir
perdas e danos, pois houve força maior (Nome pela doutrina -
Concentração involuntária)
b. COM CULPA DO DEVEDOR (art. 255, primeira parte, CC): o credor
pode escolher a prestação remanescente ou o equivalente da
prestação perdida, sempre acompanhado de perdas e danos.
As perdas e danos são devidas porque foi tirado do credor o
direito de escolha.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações


tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de
exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e
danos;

Isto é, a lei devolve o direito de escolha ao credor.

II. PERDA DE TODAS AS PRESTAÇÕES


a. SEM CULPA DO DEVEDOR (art. 256, CC): as partes retornam ao statu
quo ante e, portanto, a obrigação é extinta.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do
devedor, extinguir-se-á a obrigação.
b. COM CULPA DO DEVEDOR
i. Escolha do devedor: o devedor culpado faz perecer todas as
obrigações.
Quando se tem mais de uma prestação, a perda da primeira
prestação é irrelevante (ato LÍCITO), porque é a escolha do
devedor. Mas, se ele perde todas as prestações, não tem mais
nada a entregar ao devedor.
A ilicitude está na perda da segunda prestação.

Art. 254, CC - Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir


nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha,
ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
PENA: Portanto, o credor pode exigir o valor da última
prestação que se perdeu + perdas e danos.
ii. Escolha do credor: o devedor perdeu todas as prestações, por
culpa do devedor.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações
tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de
exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e
danos; 
PENA: credor pode exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra + perdas e danos.

B. A Obrigação facultativa é complexa com relação ao objeto? A obrigação


facultativa, portanto, é uma falsa complexa. É uma obrigação simples.

 In obligacione: só deve o boi


 In facultate solucionis: no momento da entrega pode entregar o cavalo.

OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
VÍNCULO PAGAMENTO
2 prestações 1 pagamento
OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
VÍNCULO PAGAMENTO
1 prestação 1 pagamento OU outro

O que implica dizer quer dizer que ela é complexa ou não?

João deve o cavalo trovão, mas pode pagar com o boi XPTO.

Cai um raio e mata o cavalo trovão, o credor pode exigir o cavalo trovão? Não, porque ele
pode entregar o boi XPTO

Se perecer o objeto da prestação, o credor não pode exigir o pagamento da que


pereceu, terá que aceitar o outro objeto restante

C. Classificação quanto ao número de Sujeitos


a. Obrigação Simples: é aquela em que há apenas um credor e há apenas um
devedor.
b. Obrigação Complexa:
Dois amigos pegam 1000 reais emprestados no Banco e não pagam. O banco pode cobrar
deles: 1000 ou 500 de cada?

Obs: A SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME – ela vem da lei ou da vontade das partes

Raciocínio lógico:
1ª etapa:
Ver se o objeto é divisível ou indivisível. Se for divisível, obrigação divisível
aplicar 257.

Se o objeto for indivisível, obrigação indivisível aplicar o art. 258 a 263

2ª etapa: A lei ou o contrato criam solidariedade à obrigação? Se sim,


aplicar arts. 264 a 285 do CC.

Se a obrigação não for solidária, mantém a categoria anterior.

i. Divisível (art. 257):


É praticamente empírica
Se João e José devem 1000 reais, João deve 500 e José deve 500

Regra Concursu Partes Fiunt: faça-se a divisão em partes


A obrigação presume-se dividida em partes iguais

Presunção iuris tantum (relativa): pode ser afastada pela lei ou


pelo contrato.

Exemplo: Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em


contrário estipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados
na proporção dos quinhões.

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em


obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais
e distintas, quantos os credores ou devedores.

Se o objeto é divisível, a obrigação tbm é divisível.

O direito desconsidera a dízima desigual numericamente

ii. Indivisível (art. 258 a 263): se o objeto for indivisível, a obrigação


também será divisível
a) Pluralidade de devedores (259):

Se joao e jose devem a maria 1 boi, cada um deve


(schuld) meio boi
Se um deles entrega o boi, o outro deve ser ressarcido em
dinheiro a sua quota parte.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação
não for divisível, cada um será obrigado (responsabilidade
= haftung) pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-


se no direito do credor em relação aos outros
coobrigados.
Art. 263 – perda do objeto na obrigação indivisível. João e José
devem o boi a Maria, fazem churrasco e matam o boi.
 Se há culpa: entregará o equivalente ao boi `+ perdas e
danos.

Ex: boi valia 1000 + 500 de perdas e danos.

Todos devem 1500 ou cada um deve 750?

A indivisibilidade está no objeto, logo a obrigação passa a ser


divisível

Ambos culpados, cada um


iii. Solidária (Art. 264 a 285):

https://www.youtube.com/watch?v=jeJ8sjZVRy4 – AULA , parei no minuto

Obrigação Solidária

EM TODOS OS EXEMPLOS DO SIMÃO HÁ UMA DÍVIDA DE 100, A SER PAGA POR 5 PESSOAS.

1) Remissão parcial da dívida

No caso de solidariedade, a remissão é perdão da dívida, extinção. O perdão da dívida de A


(remissão parcial), não se aproveita a todos

O credor pode cobrar de qualquer devedor a quantia total, inclusive de A.

A remissão parcial não implica renúncia à solidariedade.

SE A PAGOU 10, COMO FICA A DÍVIDA?

SHOULD (Deve)

10 – A

20 – B TODOS RESPONDEM (HAFTUNG) POR 90


20 – C

20 – D

20 – E

A deve (should) 10, mas responde (haftung) por 90.

Dúvida: E se ele pagasse 20, ele estaria liberado da responsabilidade?

a) Como fica o regresso se B pagar os 90 e ainda devida 20? Ele poderá cobrar 70 dos
codevedores, porém no limite da dívida de cada um.

Desta forma, B poderá cobrar 20 de C, D e E mas apenas 10 de A.

OBSERVAÇÃO PRÁTICA: não faz sentido prático fazer uma remissão parcial sem
renúncia da solidariedade. No entanto, por se tratar de uma mera liberalidade,

2) Direito de Regresso
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-
devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver,
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.

Quando se tem 5 devedores solidários e A paga a totalidade da dívida de 100 do


devedor, A tem o direito de regresso contra os demais.
Solidariedade externa, A pode cobrar 80 dos demais.

Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este
por toda ela para com aquele que pagar.

No caso de dois devedores solidários, por exemplo locatário e fiador (não são fiadores
solidários por lei, mas o contrato os transforma em devedores solidários).

Pela regra do 283, se o fiador pagar a dívida, ele cobra do afiançado a totalidade da
dívida, sem redução de quota parte, porque ela não existe (ele não era devedor da dívida
originalmente).

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