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UC Obrigações e responsabilidade civil

Prof. Dr. Pedro Aleixo


Profa. Dra. Ísis Bastos

Discentes: Anderson Lopes dos Santos, João Pedro de Oliveira Silva, Kelly Leite, Vinícius
de Senzi e Aelin Wroblewski

Turma: A

Atividade avaliativa # 1 (15 pontos)

Resolver as questões, justificando cada resposta e inserindo as respectivas respostas na grade


abaixo. As duas primeiras questões valem 2,5 pontos e as outras dez valem 1 ponto.

Respostas:

1 A
2 E
3 C
4 A
5 B
6 A
7 C
8 D
9 B
10 B
11 C
12 A
1. A transmissibilidade de obrigações pode ser realizada por meio do ato denominado
cessão, por meio da qual o credor transfere seus direitos na relação obrigacional a outrem,
fazendo surgir as figuras jurídicas do cedente e do cessionário. Constituída essa nova relação
obrigacional, é correto afirmar que
A. os acessórios da obrigação principal são abrangidos na cessão de crédito, salvo
disposição em contrário.
B. o cedente responde pela solvência do devedor, não se admitindo disposição em
contrário.
C. a transmissão de um crédito que não tenha sido celebrada única e exclusivamente por
instrumento público é ineficaz em relação a terceiros.
D. o devedor não pode opor ao cessionário as exceções que tinha contra o cedente no
momento em que veio a ter conhecimento da cessão.
Justificativa: Alternativa (A)
Na transmissão de obrigação por cessão de crédito ocorre transferência completa das
obrigações, o que corresponde à principal e às acessórias. Isso ocorre em vista do que dispõe
o Código Civil em seu art. 287: “Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito
abrangem-se todos os seus acessórios”.

2. Em relação às obrigações de dar coisa certa, assinale a afirmativa incorreta.

A. Em caso de deterioração da coisa e não havendo culpa do devedor, o credor poderá


resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
B. A coisa pertence ao devedor até a tradição e este poderá exigir aumento do preço em
caso de melhoramentos e acrescidos.
C. Nos casos de obrigação de restituição de coisa certa, ocorrendo a perda da coisa
antes da tradição, sem culpa do devedor, sofrerá o credor a perda e a obrigação se
resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
D. Em caso de perda da coisa por culpa do devedor, este responderá pelo equivalente,
mais perdas e danos.
E. A obrigação de dar coisa certa não abrange os acessórios dela, salvo se o contrário
resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Justificativa: Alternativa (E)
Está explicitado, no artigo 23 do Código Civil, que, por regra, “a obrigação de dar
coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados”e , de acordo com o mesmo
artigo referido, há apenas duas situações nas quais a obrigação de dar coisa certa não
abrange seus acessórios, somente quando esse não abrangimento advir “do título ou das
circunstâncias do caso”.

3. Com relação ao direito das obrigações, assinale a opção correta

(A) Tratando-se de obrigação com objeto indivisível e pluralidade de credores,


presume-se a solidariedade ativa.
(B) Dada a natureza da obrigação, a exoneração, pelo credor, da solidariedade a um dos
devedores, aproveitará aos demais.
(C) Em se tratando de obrigação solidária, ainda que somente um dos devedores seja o
culpado pela impossibilidade de seu cumprimento, todos os demais continuam
obrigados ao pagamento do valor equivalente.
(D) Se a obrigação intuitu personae se tornar impossível, ainda que não haja culpa das
partes, haverá conversão em perdas e danos em favor do credor.
(E) Havendo impossibilidade de cumprimento, por culpa do devedor, de apenas uma das
obrigações alternativas, ao credor restará ficar com a obrigação que subsistiu,
independentemente de caber a ele a escolha.
Justificativa: Alternativa (C)
De fato, numa obrigação solidária, caso um dos devedores seja culpado por impossibilitar
seu cumprimento, caberá ainda a todos os devedores o pagamento do valor equivalente da
coisa perdida, embora a obrigação de indenizar por perdas e danos recaia somente sobre o
culpado, como expresso no artigo 279 do Código Civil: “Impossibilitando-se a prestação por
culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente;
mas pelas perdas e danos só responde o culpado.”

4. Marcos e seus quatro irmãos, para comemorar as bodas de ouro de seus pais, contrataram
João para organizar a festa. No contrato ficou acordado que os cinco irmãos arcariam
solidariamente com todos os gastos. João, ao requerer o sinal de pagamento, previamente
estipulado no contrato, não obteve sucesso, pois cada um dos irmãos informava que o outro
tinha ficado responsável pelo pagamento. Ainda assim, João cumpriu sua parte do
acordado. Ao final da festa, João foi até Marcos para cobrar pelo serviço, sem sucesso.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Se João resolver ajuizar demanda em face somente de Marcos, os outros irmãos,
ainda assim, permanecerão responsáveis pelo débito.
(B) Se Marcos pagar o preço total do serviço sozinho, poderá cobrar dos outros, ficando
sem receber se um deles se tornar insolvente.
(C) Se um dos irmãos de Marcos falecer deixando dois filhos, qualquer um deles deverá
arcar com o total da parte de seu pai.
(D) João deve cobrar de cada irmão a sua quota-parte para receber o total do serviço,
uma vez que se trata de obrigação divisível.
Justificativa: Alternativa (A)
Como descrito no parágrafo único do artigo 275 do Código Civil: “Não importará
renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos
devedores.”, ou seja, mesmo que João ajuíze uma ação em face de Marcos, os demais
membros da obrigação solidária não estarão exonerados da obrigação, portanto, ainda
permanecerão responsáveis pelo débito assumido.

5. Luciana, Matheus e Robson pegaram um automóvel emprestado com Virgínia,


comprometendo-se solidariamente a devolvê-lo em quinze dias. Ocorre que Robson,
dirigindo acima do limite de velocidade, causou um acidente que levou à destruição total do
veículo. Assinale a opção que apresenta os direitos que Virgínia tem diante dos três.
(A) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mais
perdas e danos.
(B) Pode exigir, de qualquer dos três, o equivalente pecuniário do carro, mas só
pode exigir perdas e danos de Robson.
(C) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro
e das perdas e danos.
(D) Pode exigir, de cada um dos três, um terço do equivalente pecuniário do carro,
mas só pode exigir perdas e danos de Robson.

Justificativa: Alternativa (B)


Neste caso, Virgínia titula o direito de crédito ao valor pecuniário do carro diante de
Luciana, Matheus e Robson, porém, tem o direito de exigir o acréscimo por perdas e danos
somente do culpado pela perda do objeto da prestação, Robson, que dirigiu acima do limite
de velocidade e, portanto, foi culpado pelo acidente que destruiu totalmente o carro. Esses
direitos de Virgínia estão expressos no artigo 279 do Código Civil: “Impossibilitando-se a
prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o
equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.”

6. Paulo, proprietário da vaca Milú, vendeu-a a seu vizinho, Fernando. Celebraram, em 10


de janeiro de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Paulo deveria receber do
comprador a quantia de R$ 2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para um
mês após a celebração do contrato. Nesse interregno, contudo, para surpresa de Paulo, Milú
pariu dois bezerros. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Os bezerros pertencem a Paulo.
(B) Os bezerros pertencem a Fernando.
(C) Um bezerro pertence a Paulo e o outro, a Fernando.
(D) Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem os bezerros.

Justificativa: Alternativa (A)


Nesse caso, é plausível interpretar o bezerro como fruto do bem objetivo da prestação
acordada, a vaca Milú, e, necessariamente, por não estar mais conectado nem dependente da
vaca, por já ter nascido, como um fruto percebido. Portanto, em razão do parágrafo único
artigo 237 do Código Civil: "Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não
anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único: Os frutos percebidos são do
devedor, cabendo ao credor os pendentes.”. Para além, é possível ainda destacar que, pelo
princípio da boa-fé, é possível presumir que a celebração do contrato pelo devedor sem o
conhecimento de que a vaca estava prenha, o anui da responsabilidade de entregar um bem
diverso daquilo que foi contratado (Art. 242, CC parágrafo único: Quanto aos frutos
percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de
boa-fé ou de má-fé.).

7. Mara é credora de uma dívida de R$ 100.000,00 assumida solidariamente por Marcos,


Vera, Teresa, Mirna, Júlio, Simone, Úrsula, Nestor e Pedro, em razão de mútuo que a todos
aproveita. Antes do vencimento da dívida, Mara exonera Vera e Mirna da solidariedade, por
serem amigas de longa data. Dois meses antes da data de vencimento, Júlio, em razão da
perda de seu emprego, de onde provinha todo o sustento de sua família, cai em insolvência.
Ultrapassada a data de vencimento, Mara decide cobrar a dívida. Sobre a hipótese
apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Vera e Mirna não podem ser exoneradas da solidariedade, eis que o nosso
ordenamento jurídico não permite renunciar a solidariedade de somente alguns dos
devedores.
(B) Se Marcos for cobrado por Mara, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e,
posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes. A parte de Júlio será
rateada entre todos os devedores solidários, inclusive Vera e Mirna.
(C) Se Simone for cobrada por Mara deverá efetuar o pagamento integral da dívida e,
posteriormente, poderá cobrar dos demais as suas quotas-partes, inclusive Júlio.
(D) Se Mirna for cobrada por Mara, deverá efetuar o pagamento integral da dívida e,
posteriormente, poderá cobrar as quotas-partes dos demais. A parte de Júlio será
rateada entre todos os devedores solidários, com exceção de Vera

Justificativa: Alternativa (B)


Primeiramente, Marcos pode ser cobrado por Mara e, caso seja esta a vontade expressa
de Mara ao cobrá-lo, deverá efetuar o pagamento integral da dívida, o qual posteriormente
poderá cobrar dos demais suas quotas-partes, como previsto no art. 275 do Código Civil: “O
credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto”. Feita a cobrança das devidas quotas-partes
por Marcos, está previsto no art. 284 do Código Civil que “No caso de rateio entre os
co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte
que na obrigação incumbia ao insolvente”, isto é, as então exoneradas da obrigação pela
credora Mara, Vera e Mirna, deverão contribuir com o rateio da parte de Júlio, que caiu em
insolvência.

8. Diogo e Jacinta, casal de namorados, celebraram contrato de compra e venda com Diego,
vendedor, cujo objeto era um carro no valor de R$ 30.000,00, a ser pago em 10 parcelas de
R$ 3.000,00, a partir de 1º de agosto de 2016. Em outubro de 2016, Diogo terminou o
namoro com Jacinta. Em novembro, nem Diogo nem Jacinta realizaram o pagamento da
parcela do carro adquirido de Diego. Diogo achava que a responsabilidade era de Jacinta,
pois o carro tinha sido presente pelo seu aniversário. Jacinta, por sua vez, acreditava que,
como Diogo ficou com o carro, não estava mais obrigada a pagar nada, já que ele terminara
o relacionamento. Diego procura seu(sua) advogado(a), que o orienta a cobrar:

A. a totalidade da dívida de Jacinta.


B. a integralidade do débito de Diogo.
C. metade de cada comprador.
D. a dívida de Diogo ou de Jacinta, pois há solidariedade passiva.

Justificativa: Alternativa (C)


Diego pode cobrar o valor total ou parcial de qualquer um dos dois, ou dos dois
devedores, Diogo e Jacinta, de acordo com o artigo 275 do Código Civil: “O credor tem
direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida
comum;”, porém, presume-se dividida a dívida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os devedores nesse caso, como enuncia o artigo 257 do Código Civil: “Havendo
mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida
em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores”, logo, ainda que
Diego titule o direito de cobrar a dívida, inteira ou parcialmente, de qualquer das partes,
orienta-se, por ser uma obrigação pecuniária e portanto divisível, que a cobrança seja
dividida equitativamente entre as partes.
Como se trata de uma questão que demanda o conhecimento de causa no aconselhamento
de um advogado, é possível ainda que a orientação seja sim exclusivamente por meio do Art.
257, na hipótese dessa opção configurar-se como a mais fácil para a cobrança, mas para a
resolução desta questão entende-se que a alternativa “c” melhor se enquadra.

9. No dia 10 de setembro de 2015, Ana celebrou contrato de compra e venda com Carla,
com quem se obrigou a entregar 50 computadores ou 50 impressoras, no dia 20 de outubro
de 2016. O contrato foi silente sobre quem deveria realizar a escolha do bem a ser entregue.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) Trata-se de obrigação facultativa, uma vez que Carla tem a faculdade de escolher
qual das prestações entregará a Ana.
(B) Como se trata de obrigação alternativa, Ana pode se liberar da obrigação entregando
50 computadores ou 50 impressoras, à sua escolha, uma vez que o contrato não
atribuiu a escolha ao credor.
(C) Se a escolha da prestação a ser entregue cabe a Ana, ela poderá optar por entregar a
Carla 25 computadores e 25 impressoras.
(D) Se, por culpa de Ana, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo
a Carla a escolha, ficará aquela obrigada a pagar somente os lucros cessantes.

Justificativa: Alternativa (B)

O caso concreto caracteriza uma obrigação alternativa por determinar mais de um


objeto de prestação, sendo que a tradição tanto de um, 50 computadores, ou de outro, 50
impressoras, encerra a obrigação. Dito isso, com base no art. 252 do Código Civil “Nas
obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou”,
conclui-se que a devedora, Ana, pode se liberar da obrigação entregando tanto 50
impressoras, como 50 computadores.

10. A escultura Dilúvio, do famoso artista Guilherme, foi vendida para a Galeria
Modernista pela importância de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Ele se comprometeu a
entregar a obra dez dias após o recebimento da quantia estabelecida, que foi paga à vista. A
galeria organizou, então, uma grande exposição, na qual a principal atração seria a escultura
Dilúvio. No dia ajustado, quando dirigia seu carro para fazer a entrega, Guilherme avançou
o sinal, colidiu com outro veículo, e a obra foi completamente destruída. O anúncio pela
galeria de que a peça não seria mais exposta fez com que diversas pessoas exercessem o
direito de restituição dos valores pagos a título de ingresso. Sobre os fatos narrados,
assinale a afirmativa correta.
A. Guilherme deverá entregar outra obra de seu acervo à escolha da Galeria, em
substituição à escultura Dilúvio.
B. A Galeria poderá cobrar de Guilherme o equivalente pecuniário da escultura Dilúvio
mais o prejuízo decorrente da devolução do valor dos ingressos relativos à
exposição.
C. Por se tratar de obrigação de fazer infungível, a Galeria não poderá mandar executar
a prestação às expensas de Guilherme, restando-lhe pleitear perdas e danos.
D. Com o pagamento do preço, transferiu-se a propriedade da escultura para a Galeria,
razão pela qual ela deve suportar o prejuízo pela perda do bem

Justificativa: Alternativa (B)

Neste caso, havendo culpa por parte de Guilherme, que infringiu uma lei de trânsito e
causou a perda da obra, pelo artigo 234, “[A] obrigação não se resolve [na perda com culpa
do devedor], quer dizer, as partes não retornam à situação patrimonial anterior à constituição
da obrigação; pelo contrário, o devedor deve compensar amplamente o credor pela
impossibilidade da prestação.“ (Fábio Ulhoa Coelho, Curso de direito civil vol. 2, 5. ed., São
Paulo, 2012, p. 60). Assim, o credor pode exigir o valor equivalente já pago mais o prejuízo,
como perdas e danos.

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem


culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda
resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.

11. Lucia celebrou contrato de compra e venda de automóvel Fiat Uno usado (placa PZI
4317) com Amaia, pagando um sinal de R$ 10.000,00. No dia da entrega do veículo, a
garagem de Amaia foi invadida por bandidos, que furtaram o referido carro. A respeito da
situação narrada, assinale a alternativa correta.

A. Amaia poderá entregar outro veículo no lugar no automóvel furtado.


B. Lucia poderá exigir a entrega de outro carro.
C. Haverá resolução do contrato pela falta superveniente do objeto, sendo restituído o
valor já pago por Lucia.
D. Não haverá resolução do contrato, pois Amaia pode alegar caso fortuito.
E.
Justificativa: Alternativa (C)
Dado que não houve culpa por parte do devedor, pelo artigo 234 do Código Civil,
resolve-se a obrigação, que “Significa repor as partes à condição anterior à constituição da
obrigação. Assim, resolvida uma obrigação, o sujeito passivo fica liberado da prestação (não
precisa mais entregar aquela coisa certa), mas deve devolver ao sujeito ativo os
pagamentos que tiver eventualmente recebido“ (Fábio Ulhoa Coelho, Curso de direito civil
vol. 2, 5. ed., São Paulo, 2012, p. 59).
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem
culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda
resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.
12. Toni é amigo de Claudio, famoso colecionador de obras de arte. Toni, que está abrindo
uma galeria de arte, perguntou se Claudio aceitaria locar uma das pinturas de seu acervo
para ser exibida na grande noite de abertura, como forma de atrair mais visitantes. Claudio
prontamente aceitou a proposta, e ambos celebraram o contrato de locação da obra, tendo
Toni se obrigado a restituí-la já no dia seguinte ao da inauguração. O aluguel, fixado em
parcela única, foi pago imediatamente na data de celebração do contrato. A abertura da
galeria foi um grande sucesso, e Toni, assoberbado de trabalho nos dias que se seguiram,
não providenciou a devolução da obra de arte para Claudio. Embora a galeria dispusesse de
moderna estrutura de segurança, cerca de uma semana após a inauguração, Diego,
estudante universitário, invadiu o local e vandalizou todas as obras de arte ali expostas,
destruindo por completo a pintura que fora cedida por Claudio. As câmeras de segurança
possibilitaram a pronta identificação do vândalo. De acordo com o caso narrado, assinale a
afirmativa correta.
A. Toni tem o dever de indenizar Claudio, integralmente, pelos prejuízos sofridos em
decorrência da destruição da pintura.
B. Toni não pode ser obrigado a indenizar Claudio pelos prejuízos decorrentes da
destruição da pintura porque Diego, o causador do dano, foi prontamente
identificado.
C. Toni não pode ser obrigado a indenizar Claudio pelos prejuízos decorrentes da
destruição da pintura porque adotou todas as medidas de segurança necessárias para
proteger a obra de arte.
D. Toni somente estará obrigado a indenizar Claudio se restar comprovado que
colaborou, em alguma medida, para que Diego realizasse os atos de vandalismo.

Justificativa: Alternativa (A)


Neste caso, justifica-se o dever de Toni em indenizar Cláudio, integralmente, pelos
prejuízos sofridos em decorrência do que estabelece o Art. 399 “O devedor em mora
responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de
culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.”.
Ainda assim, no que tange a interpretação do termo “isenção de culpa”, é preciso
destacar que há correntes doutrinárias distintas na admissão deste fato em favor do devedor
ou contra o mesmo. Nesse sentido, observa-se na realidade, que a corrente doutrinária
majoritária entende que a culpa decorre do atraso da prestação. É o que se encontra no artigo
do juiz Rafael Medeiros:
“No que tange à adequada interpretação da expressão “isenção de culpa
do devedor”, uma corrente doutrinária entende que ela não faz sentido.
As hipóteses de caso fortuito ou força maior já presumem a isenção de
culpa do devedor. Logo, o devedor sempre provaria sua isenção de
culpa, livrando-se da responsabilidade. Por isso, a corrente amplamente
majoritária defende que não se trata de isenção de culpa quanto ao
perecimento da prestação, mas sim quanto ao atraso da prestação
(configuração da mora). É possível criticar este entendimento, pois essa
mesma doutrina dominante exige a presença de culpa do devedor para
caracterização da mora (art. 396 do Código Civil). Ora, se não há culpa
do devedor no atraso, não há mora. E se não há mora, o devedor não
deve responder pela impossibilidade da prestação (hipótese do art. 399
do Código Civil).” (MEDEIROS, Rafael BREVE ESTUDO DA MORA.
Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXV, Nº.
000078, 06/01/2016.)

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