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AULA 7

1. OBJETO DA OBRIGAÇÃO

 O objeto da obrigação é a prestação

 Conceito de prestação: atividade do devedor direcionada à satisfação do crédito,


que pode ser positiva (dar, fazer) ou negativa (não fazer).

 Objeto direito ou imediato: conduta

 Objeto indireto ou mediato: bem da vida ou utilidade material da prestação

 Conteúdo patrimonial: em regra, as obrigações possuem conteúdo patrimonial, mas


é possível estipular deveres jurídicos sem valor econômico, mas que representam um
interesse merecedor de tutela.

 Ex: enterrar o morto de acordo com o que ele estabeleceu; testamento vital.

 Requisitos de validade: licitude, possibilidade e determinabilidade.

 Licitude: respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral

 Possibilidade: a prestação deverá ser física e juridicamente possível.

 Determinabilidade: a prestação, para valer e ser realizável, deverá conter


elementos mínimos de identificação e individualização.

o Prestação determinada é aquela já especificada, certa,


individualizada.

o Prestação determinável é aquela ainda não especificada, mas que


contém elementos mínimos de individualização (gênero e
quantidade). Deverá ser determinada quando do cumprimento.

 Modalidades: dar, fazer e não fazer (classificação quanto ao objeto)


Coisa certa
Dar
Coisa incerta
Quanto ao objeto
Fazer

Não-Fazer

 Obrigações de Dar: assumem as formas de entrega ou restituição de determinada


coisa pelo devedor ao credor. O objeto mediato da prestação é a coisa. Pode ter
por objeto tanto coisa certa quanto incerta.

 Obrigações de dar coisa certa: Coisa certa é a coisa individualizada, distinta


das demais, inconfundível com outra, inclusive com seus acessórios (v. art. 233,
CC)

o Obs.: O credor não é obrigado a receber coisa diversa, ainda que mais
valiosa (v. art. 313, CC)

o Perda/deterioração da coisa: se ocorrer por culpa do devedor, este


deverá responder tanto pela coisa quanto por perdas e danos.

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sem culpa do
resolve-se a obrigação
devedor
Perda da coisa

com culpa do devedor responde pelo valor da


devedor coisa mais perdas e danos

sem culpa do resolve-se a obrigação OU


devedor abatimento do preço
Deterioração da
coisa
com culpa do devedor responde pelo valor da
devedor coisa mais perdas e danos

o Transferência de propriedade: até a efetiva entrega, a coisa pertence


ao devedor (v. art. 237, CC)

 Ex: se a prestação for a entrega de um animal e este der cria,


a cria pertence ao devedor.

o Riscos na obrigação de restituir:


sem culpa do
o credor suporta a perda
devedor
Perda da
coisa
com culpa do devedor responde pelo valor
devedor da coisa mais perdas e danos

sem culpa do
o credor suporta o prejuízo
devedor
Deterioração
da coisa
com culpa do devedor responde pelo valor
devedor da coisa mais perdas e danos

 Melhoramentos e acrescidos: se sobrevier melhoramento ou


acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor,
lucrará o credor, sem precisar pagar qualquer indenização (v.
art. 241, CC).

 Benfeitorias: o devedor de boa-fé tem direito de ser ressarcido


pelas benfeitorias úteis e necessárias. Quanto às voluptuárias,
caso o credor não queira indenizá-las, o devedor poderá
levantá-las. Já o devedor de má-fé, só tem direito de ser
indenizado pelas benfeitorias necessárias.

Benfeitorias Necessárias Úteis Voluptuárias

Devedor de boa-fé Direito à Direito à Indenização ou


indenização indenização levantamento

Devedor de má-fé Direito à Perde Perde


indenização

 Frutos: O devedor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar,


aos frutos percebidos. Cessada a boa-fé, todos os frutos devem
ser restituídos ao credor, deduzidas as despesas da produção e
custeio.

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 Obrigações de dar coisa incerta: Coisa incerta não é coisa totalmente
indeterminada. É coisa parcialmente determinada, suscetível de completa
determinação quando da escolha da qualidade, em princípio não indicada.

o Concentração do débito: a coisa incerta será indicada, ao menos,


pelo gênero e pela quantidade, a qualidade será definida pelo
devedor, convertendo a obrigação em obrigação de dar coisa certa
(v. art. 245).

 Regra da qualidade intermediária: o devedor não poderá


escolher a coisa de pior qualidade, nem será obrigado a
prestar a melhor.

o Perda/deterioração da coisa incerta: art. 246: Antes da escolha, não


poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que
por força maior ou caso fortuito.

 Obrigações de fazer: o devedor se compromete a praticar alguma conduta lícita em


benefício do credor. Pode ser fungível ou infungível.

 Obrigação fungível: a prestação pode ser realizada por qualquer pessoa.

o Inadimplemento: art. 249: Se o fato puder ser executado por terceiro,


será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo
recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo
único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo
depois ressarcido.

 Obrigação infungível: a prestação só pode ser realizada pelo devedor, pois ao


credor interessam suas qualidades pessoais, chamadas também de
personalíssimas ou intuitu personae.

o Inadimplemento: Se o devedor de obrigação personalíssima recusa-se


a cumpri-la, deverá indenizar o credor por perdas e danos (v. art. 247,
CC). No inadimplemento sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos (v.
art.248, CC).

 Obrigações de não fazer: obrigação negativa cujo objeto da prestação é uma


omissão ou abstenção.

 Prazo: determinado ou não

 Inadimplemento: se o cumprimento da obrigação se tornar impossível sem


culpa do devedor, resolve-se a obrigação (v. art. 250, CC). Se o devedor viola
a obrigação com culpa, deverá arcar com as perdas e danos, podendo
ainda o credor exigir o desfazimento do ato, se viável (v. art.251, CC).

Tópicos geradores: Qual o prazo para exigir uma pessoa a cumprir sua obrigação? Obrigações e
responsabilidades para a pessoa que não cumpre o que se comprometeu.

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Metas de compreensão: Estabelecer as espécies de obrigações; Avaliar a execução e
inexecução das obrigações e seus efeitos.

EXERCÍCIO:

Antônio, vendedor, celebrou contrato de compra e venda com Joaquim, comprador, no dia
01.09.2022, cujo objeto era um carro da marca X no valor de R$ 80.000,00, sendo o pagamento
efetuado à vista na data de assinatura do contrato. Ficou estabelecido ainda que a entrega do
bem seria feita 30 dias depois, em 01.10.2022, na cidade de Salvador, domicílio do vendedor.
Contudo, no dia 25.09.2022, uma chuva torrencial inundou diversos bairros da cidade e o carro
foi destruído pela enchente, com perda total.

Considerando a descrição dos fatos, quais os direitos de Joaquim?

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