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[Modelo do Livro – Fundamentos do Direito Civil 2: Obrigações, Gustavo Tepedino]

Obrigações de Dar, Fazer e Não Fazer


A classificação da Obrigação quanto ao seu objeto (Prestação) é feita a partir da correlação do
Comportamento do Devedor com a sua Obrigação.

Obrigação de Dar
A Obrigação de Dar é aquela na qual o comportamento do devedor deve ser o de Dar Algo.

As Obrigações de Dar podem ser subdivididas em:

→ Dar Coisa Certa: obrigação do devedor de Dar Coisa Certa Pré-Determinada e


Insubstituível.
Muitas vezes a Obrigação de Dar Coisa Certa vem acompanhada pela transferência de um
Direito Real. [EX: compra e venda de um imóvel acompanha a transferência do direito à
propriedade]
Impossibilidade da Prestação – quando a Prestação se torna impossível, essa então não
podendo ser entregue ao credor.
Como o objeto da Obrigação de Dar Coisa Certa é Insubstituível, em caso de
Impossibilidade da Prestação deverá ser avaliado as causas daquela impossibilidade. Em
caso de impossibilidade decorrente de Culpa do Devedor, o credor pode pedir o bem
original dado como pagamento (resolvendo a obrigação) + indenização por perdas e danos,
se couber, ou pedir o equivalente pecuniário + indenização por perdas e danos, se couber,
o prejuízo ficando para o dono do bem, e não para aquele que deveria recebe-lo (“Res
Perit Domino”). Porém, caso a impossibilidade decorra de um Evento Fortuito, nenhuma
das partes responde pela não entrega do objeto, a obrigação se extinguindo.
Na eventualidade do objeto sofrer algum tipo de deterioração, haverá formas de superar
essa condição. Em caso de deterioração decorrente de Culpa do Devedor, o credor tem
direito de desfazer (Resolver) a obrigação ou abater o valor do dano do valor total pago,
além de possuir amparo de perdas e danos. Porém, caso a impossibilidade decorra de um
Evento Fortuito, o credor tem o direito de desfazer a obrigação ou abater o valor do dano
do valor total pago.

→ Restituir Coisa Certa: obrigação do devedor de Restituir Coisa Certa ao Credor.


Como a Obrigação de Restituir Coisa Certa advém de uma existência prévia e já de
propriedade do credor, ela não tem como ser substituída.
Em caso de impossibilidade da prestação decorrente de Culpa do Devedor, o credor pode
pedir uma indenização do valor do objeto + perdas e danos. Porém, caso a impossibilidade
decorra de um Evento Fortuito, nenhuma das partes responde pela não entrega do objeto,
o credor tendo que arcar com a perda do objeto.
→ Dar Coisa Incerta: obrigação do devedor de Dar Coisa Incerta, aquela que tem seu gênero
e/ou a quantidade por exemplo, definidos, determinando assim alguma qualidade da
Prestação, sem defini-la com exatidão.
Escolha – ato de definição concreta do bem a ser entregue. Normalmente é feita pelo
devedor, a não ser que se estipule de outra forma, no contrato.
No ato da Escolha, o devedor não pode escolher entregar os piores bens, mas também
não é demandado de seus melhores bens, havendo assim o Critério da Estimação Média,
esse que determinará os bens que se encaixam melhor para atender tanto os quereres do
credor, quanto do devedor. A partir do momento que o credor for certificado pelo devedor
de que a Escolha foi realizada, a Obrigação de Dar Coisa Incerta passa a ser de Dar Coisa
Certa.
A Prestação da Obrigação de Dar Coisa Incerta nunca se torna impossível ou sofre
deterioração, visto que o estado de incerteza da coisa propicia a possibilidade de
“substituição” da mesma. Dessa forma, o devedor não pode alegar perda ou deterioração
da prestação, ainda que todos os seus bens venham a sofrer com uma dessas causalidades.
Excepcionalmente em casos que o gênero é estritamente limitado, há a possibilidade de
alegação de perecimento da prestação.
A alegação de impossibilidade ou dano da prestação somente pode ocorrer após a
escolha, quando a Obrigação já se encontra como Dar Coisa Certa.

Obrigação de Fazer
A Obrigação de Fazer é aquela na qual o comportamento do devedor deve ser o de Fazer Algo.
Ainda que possa culminar na entrega de um bem, o foco da conduta do devedor é o de fazer algo.

As Obrigações de Dar podem ser subdivididas a partir da Fungibilidade (possibilidade de ser


substituída) da obrigação:

→ Fungível: obrigação de Fazer que pode ser suprida por uma pessoa diferente do devedor,
esse então podendo ser substituído, visto que o interesse é alcançado de qualquer
maneira.
→ Infungível: obrigação de Fazer que não pode ser suprida por uma pessoa diferente do
devedor, esse sendo insubstituível, visto que o interesse não seria alcançado caso outra
pessoa cumprisse com a obrigação.

A Obrigação de Fazer pode sofrer Impedimentos, impossibilitando o cumprimento da


obrigação. Em caso de Impossibilidade Culposa, o devedor será responsabilizado e o credor
poderá pedir uma indenização por perdas e danos. Já em caso de Impossibilidade Fortuita, o
devedor não será responsabilizado, não havendo então a possibilidade do credor pedir uma
indenização. Em ambos os casos, a obrigação se resolverá.
Execução Substutiva – em caso de Obrigação Fungível, a obrigação se manterá, e o devedor será
encarregado de prover um terceiro que realizará a prestação, esse terceiro sendo pago
diretamente pelo devedor.

Execução Específica – em caso de Obrigação Infungível, na qual o credor optou por não resolver o
contrato, mas sim esperar o fim da impossibilidade do devedor. O devedor é coagido por uma
medida judicial, Astreintes, a cumprir com a obrigação assim que possível, ou sofrerá com as
consequências de multas. [art. 536 CPC]

Obrigação de Não Fazer


A Obrigação de Não Fazer é aquela na qual o comportamento do devedor deve ser o de Não
Fazer Algo.

As limitações da Obrigação de Não Fazer podem ser: Territorial, Temporal ou De Ramo. [EX:
dever de confidencialidade/ dever de exclusividade/ dever de não concorrência/ cláusula de raio]

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