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ROTEIRO

Aula 2: Classificação
das Obrigações

CURSO DE DIREITO CIVIL

CAPÍTULO 04

AULA N. 02

As obrigações dividem-se em várias classes, conforme o ângulo escolhido para


análise.
1. Quanto às fontes: contratuais e extracontratuais
2. Quanto à estrutura
Aqui teríamos várias subclasses, cada uma se referindo a um elemento da
estrutura das obrigações: objeto, vínculo, sujeitos. Assim:
2.1 Quanto ao objeto: de dar, fazer e não fazer, ou seja, positivas (dar e fazer)
e negativas (não fazer).
As obrigações positivas têm como objeto uma prestação, um agir, que pode
ser dar ou fazer algo.
2.1.1 As obrigações de dar implicam a entrega de alguma coisa ao credor, seja
transferindo-lhe a propriedade, a posse ou apenas a detenção.
As obrigações de dar podem ser:
2.1.1.1 Obrigações de dar coisa certa: Nas obrigações de dar coisa certa, o
credor não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa (art. 313),
nem o devedor pode ser obrigado a entregar outra, ainda que menos valiosa.
As obrigações de dar coisa certa abrangem seus acessórios, salvo disposição
contrária (arts. 92 a 97 e 233).
Antes da tradição, a coisa pertence ao devedor.
Em relação à perda ou deterioração da coisa, antes da tradição ou pendente
condição suspensiva, nas obrigações de dar coisa certa, devemos distinguir
duas hipóteses. Na primeira, o devedor não age com culpa. Havendo perda, a
obrigação resolve-se para ambas as partes.
No caso de deterioração, o credor pode escolher entre resolver a obrigação,
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com a restituição do preço mais correção monetária, ou receber a coisa com


abatimento proporcional no preço.
Na segunda hipótese, o devedor age com culpa. Assim, havendo perda, dar-se-
á indenização pelo valor da coisa, mais perdas e danos.
Se o caso for de deterioração, as opções do credor são de exigir indenização
pelo valor da coisa ou receber a coisa no estado em que se achar, exigindo, de
qualquer forma, perdas e danos.
Nas obrigações de dar ou de restituir coisa certa, cogita-se dos cômodos.
Cômodos são vantagens produzidas pela coisa ou a ela agregadas; são
melhoramentos e acrescidos; são frutos, benfeitorias e acessões imobiliárias
(plantações e edificações).
Sendo a obrigação de dar, até a tradição da coisa, de acordo com os princípios
da boa-fé, do enriquecimento sem causa e da razoabilidade, os melhoramentos
e acrescidos, isto é, as benfeitorias e as acessões imobiliárias, pertencem ao
devedor, que pode pedir aumento no preço ou a resolução da obrigação, se o
credor não aceitar o aumento.
Quanto aos frutos, também com base nos mesmos princípios (res perit domino
e reparação integral), os frutos pendentes pertencem ao credor, e os percebidos,
ao devedor (art. 237, parágrafo único).
Se a obrigação for de restituir, a coisa já pertencia ao credor, como é o caso de
um imóvel emprestado. Nesta hipótese, se o devedor não tiver contribuído com
trabalho ou recursos para as benfeitorias, nada lhe será dado, lucrando
inteiramente o credor. Se, porém, o devedor for possuidor de boa-fé e houver
contribuído para a implementação das benfeitorias, de acordo com os
princípios do enriquecimento sem causa e da reparação integral, será
reembolsado pelos melhoramentos ou acrescidos necessários e pelos úteis,
tendo direito de retenção até seu pagamento, em ambos os casos.
Em relação às benfeitorias voluptuárias, pelo princípio da boa-fé e da
razoabilidade, receberá sempre pelas autorizadas, não tendo direito de
retenção. Se não autorizadas, também pelos princípios da boa-fé, do
enriquecimento sem causa e da razoabilidade, poderá levantá-las, desde que
não prejudique a coisa. O credor poderá, por outro lado, com base nos mesmos

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princípios, indenizar o devedor pelas benfeitorias voluptuárias, tendo, assim,


o direito de não permitir seu levantamento.
Mas se o devedor for possuidor de má-fé, segundo o princípio do
enriquecimento sem causa, só fará jus à indenização pelas benfeitorias
necessárias, não tendo, porém, direito de reter a coisa até o reembolso.
Quanto às benfeitorias úteis e voluptuárias, não terá qualquer direito, nem
mesmo o de levantá-las.
Outra situação é a das acessões imobiliárias que não se confundem com
benfeitorias. Acessões imobiliárias são plantações e edificações.
Segundo o art. 1.253 do Código Civil, toda plantação ou construção existente
em terreno se presume feita pelo proprietário ou as suas custas, até prova em
contrário.
Assim, de acordo com os princípios da boa-fé, do enriquecimento sem causa,
da reparação integral e da razoabilidade, se alguém plantar, semear ou
construir em terreno alheio perderá em favor do proprietário as plantas,
sementes e construções, mas fará jus à indenização, se houver obrado de boa-
fé. Se de má-fé, a nada terá direito, podendo ser obrigado a desfazer o que
houver feito, além de indenizar todo e qualquer prejuízo.
Acrescenta o art. 1.254, com fundamento nos princípios da boa-fé, da
reparação integral e do enriquecimento sem causa, que aquele que semear,
plantar ou edificar em terreno próprio com materiais ou sementes alheios
adquire a propriedade da acessão, mas terá que reembolsar o dono dos
materiais ou das sementes. Se tiver agido de má-fé, além do reembolso, terá
que indenizar o dono das sementes ou do material por todos os prejuízos
oriundos da perda das sementes ou do material.
No que diz respeito aos frutos, sendo a obrigação de restituir coisa certa, a
regra é, basicamente, a mesma das obrigações de dar coisa certa, para o
possuidor de boa-fé, e se baseia nos mesmos princípios.
Se nas obrigações de restituir coisa certa, a coisa se perder ou se deteriorar,
antes da tradição, abre a lei várias hipóteses, sempre com base nesses
princípios da boa-fé, da reparação integral, da razoabilidade e do
enriquecimento sem causa. No primeiro caso, não há culpa do devedor.

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Sendo a situação de perda, resolve-se a obrigação, respondendo o devedor


pelas prestações devidas até o evento do fato que tenha impossibilitado a
restituição da coisa. No segundo caso, a perda ou a deterioração atribuem-se
à culpa do devedor. Havendo perda, o credor terá direito à indenização pelo
valor da coisa mais perdas e danos. Se o caso for de deterioração, o credor
poderá exigir indenização pelo valor da coisa ou recebê-la no estado em que
se encontrar, tendo sempre, a título complementar, direito a perdas e danos,
qualquer que seja sua opção.
É de se ressaltar, além disso, que, segundo os arts. 1.217 e 1.218 do Código
Civil, nas obrigações de restituir coisa certa, sendo o devedor possuidor de
boa-fé, a obrigação de indenizar dependerá da apuração de sua culpa. Se for
possuidor de má-fé, a obrigação de indenizar será objetiva, ou seja,
independerá de apuração de culpa.

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QUESTÕES
DE APOIO

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CAPÍTULO 04

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1.! O que são obrigações contratuais e extracontratuais? Dê exemplos.


2.! Quando uma obrigação será de dar, de fazer e de não fazer?
3.! Quando uma obrigação será de dar coisa certa?
4.! O credor pode ser obrigado a receber coisa diversa? O devedor pode ser
obrigado a entregar coisa diversa?
5.! A quem pertence a coisa até a tradição?
6.! Nas obrigações de dar coisa certa, como se solucionam as hipóteses de
perda ou deterioração da coisa, antes da tradição?
7.! De que princípios derivam as regras relativas às hipóteses de perda ou
deterioração da coisa?
8.! O que são cômodos?
9.! Em que princípios se baseiam as soluções para os problemas referentes aos
cômodos?
10.!Nas obrigações de dar, a quem pertencem as benfeitorias e as acessões
imobiliárias, até a tradição da coisa? O que o devedor poderá exigir?
11.!Como se solucionam os problemas relativos aos frutos?
12.!Como será a solução das questões relativas aos cômodos nas obrigações de
restituir? Analise todas as hipóteses.

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