Você está na página 1de 24

DIREITO CIVIL

OBRIGAÇÕES

PROF. MICHEL MELO


DAS
OBRIGAÇÕES
DE DAR COISA
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
Dar
(233-246)
Positivas
Fazer
Quanto à (247-249)
Prestação
Não Fazer
Negativa
(250-251)
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
Dar (entregar)
(233-237)

Obrigação Coisa Certa


de dar
Restituir
Coisa (238-242)
coisa
Incerta (243-
246)
2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
* Obrigação de natureza sempre positiva, tem como teor a ENTREGA de uma coisa, que pode
ser móvel ou imóvel, fungível ou infungível, divisível ou indivisível.

* Vale destacar que o Código Civil considera como prestação da obrigação de dar, não é apenas
o ato de entregar o domínio e posse, mas também o ato de restituir. Em suma, a prestação
obrigacional é o ato de transferência (tradição) da propriedade (domínio) ou da posse da coisa.
2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
A) Rápida distinção entre “ENTREGAR” e o “RESTITUIR”

Entregar = Transferência da “propriedade” (compra e venda) OU cessão da “posse” (locação).


Devedor é o proprietário.

Restituir = Devolver a “posse”. Na relação obrigacional o devedor nunca foi proprietário, logo
sua prestação é devolver o bem ao dono. Credor é o proprietário.

* Princípio do “res perit domino” = a coisa perece para o dono.


2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
A) Rápida distinção entre “ENTREGAR” e o “RESTITUIR”

“Há diferença fundamental entre a obrigação de dar coisa certa e obrigação de restituir. Na
obrigação de dar, a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição, recebendo o credor o
que, até então, não lhe pertencia. Na obrigação de restituir, pelo contrário, a coisa pertence ao
credor, que a recebe de volta, em devolução.” (VENOSA, 2003, p. 88).
2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
B) Momento de “Tradição”

* Conforme ensinamentos do Professor Washington Carlos de Almeida: “a tradição é a


transladação do objeto de uma pessoa para outra, em cumprimento da obrigação de dar. Quem
faz a tradição é o devedor, em favor do credor” (LAMEIDA, 2015, p. 79).

* Para bens móveis, a tradição determina a transferência do direito real de propriedade (art.
1.226).
CC, Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
3. DAR COISA CERTA
* A partir das lições de Pontes de Miranda, temos que a obrigação de dar coisa certa “é dar coisa
individualizada”. Só a coisa em questão tem todas as características apontadas. Existem sinais
distintivos que fazem da coisa um BEM ÚNICO, insubstituível.

* Não há outra coisa com todas as suas características. Pode até existir um outro bem do mesmo
gênero, mas certamente faltar-lhe-á, pelo menor, uma característica.
3. DAR COISA CERTA
- COISA CERTA: Bem perfeitamente DETERMINADO e INDIVIDUALIZADO quanto a todas as suas
características. A identificação realizada antes da fase de execução da obrigação, torna a coisa
única no mundo jurídico.

- COISA INCERTA: Coisa DETERMINÁVEL, NÃO INDIVIDUALIZADA na gênese da relação


obrigacional. Na obrigação de dar coisa incerta, a pretensão do credor não reside sobre objeto
único no mundo jurídico, todavia, ele deve ser definido ao menos pelo gênero e quantidade
(CC, art. 243).
3. DAR COISA CERTA
- Princípio da Gravitação Jurídica (art. 233)

* Nas obrigações de dar coisa certa, a prestação abrange os acessórios do bem principal.

CC, Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os ACESSÓRIOS dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
3. DAR COISA CERTA
- Princípio da Especificidade (Entrega da coisa específica) (art. 313)

* Com base nesta regra, temos que o credor não pode ser obrigado a receber qualquer outro
bem, ainda que mais valioso. Da mesma forma, o credor não pode exigir o recebimento de outro
bem, ainda que mais barato.

* Se as partes concordarem que a prestação seja cumprida com a entrega de outro bem, não
tem problema algum, o devedor será desobrigado e terá ocorrido o que se chama de “dação em
pagamento”.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
- PERDA ou DETERIORAÇÃO do bem depois de assumida obrigação, mas antes da efetiva
entrega (TRADIÇÃO).

* Para solucionar os problemas decorrentes da perda ou deterioração da coisa certa antes da


tradição, o Código Civil aplica a regra do RES PERIT DOMINO (a coisa perece para o dono). Assim,
o primeiro ponto a ser identificado é: Quem é o dono? A resposta dependerá se a obrigação é
de entregar coisa certa ou restituir coisa certa.

- ENTREGAR: “O DEVEDOR É O DONO DA COISA”.


4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
A – PERECER SEM CULPA

* RESOLVE A OBRIGAÇÃO e retorna ao status quo ante. O prejuízo da perda será suportado pelo
devedor.

CC, Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes
(...)
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
B – PERECER COM CULPA

* O devedor deverá pagar ao credor o EQUIVALENTE MAIS PERDAS E DANOS. O prejuízo da


perda será suportado pelo devedor e, além disso, deverá indenizar o credor em eventuais
perdas e danos (CC, art. 234).

CC, Art. 234. (...) se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
C – DETERIORAR SEM CULPA

* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER resolver a obrigação OU aceitar a coisa como está, abatendo
no preço o valor da deterioração. O prejuízo da deterioração será suportado pelo devedor (CC,
art. 235).

CC, Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
D – DETERIORAR COM CULPA

* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER resolver a obrigação OU aceitar a coisa como está, abatendo
no preço o valor da deterioração, com direito a reclamar, qualquer que seja a escolha, as
eventuais perdas e danos (CC, art. 236).

CC, Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das
perdas e danos.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS

* Considerando que a coisa perece para o dono, é justo que ela também melhore para o dono.

CC, Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.


5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
A – PERECER SEM CULPA

* SOFRERÁ O CREDOR A PERDA e a obrigação se resolverá, sem direito a indenização (CC, art.
238).

CC, Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.

- RESTITUIR: “O CREDOR É O DONO DA COISA”.


5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
B – PERECER COM CULPA

* O DEVEDOR DEVERÁ PAGAR O EQUIVALENTE mais perdas e danos (CC, art. 239).

CC, Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
perdas e danos.
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
C – DETERIORAR SEM CULPA

* SOFRERÁ O CREDOR DETERIORAÇÃO, devendo aceitar o bem tal qual se encontre, sem direito
à indenização.

CC, Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal
qual se ache, sem direito a indenização (...)
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
D – DETERIORAR COM CULPA

* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER rejeitar a coisa e exigir o equivalente OU aceitar a coisa como
está, abatendo no preço o valor da deterioração, com direito a reclamar, qualquer que seja a
escolha, as eventuais perdas e danos (CC, art. 236).

CC, Art. 240. (...) se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
“CJF, Enunciado 15. As disposições do art. 236 do Código Civil também são aplicáveis à hipótese
do art. 240.”
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS

* Considerando que a coisa perece para o dono, é justo que ela também melhore para o dono.
Assim, se os melhoramentos não decorrerem de gastos do devedor, lucrará o credo sem se falar
em indenização, do contrário, se os melhoramentos decorrerem de gastos do devedor,
seguiremos as regras sobre as benfeitorias.

CC, Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem
despesa ou trabalho do devedor, LUCRARÁ O CREDOR, desobrigado de indenização.
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS

CC, Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou


dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às BENFEITORIAS realizadas
pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto
neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

Você também pode gostar