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OBRIGAÇÕES
* Vale destacar que o Código Civil considera como prestação da obrigação de dar, não é apenas
o ato de entregar o domínio e posse, mas também o ato de restituir. Em suma, a prestação
obrigacional é o ato de transferência (tradição) da propriedade (domínio) ou da posse da coisa.
2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
A) Rápida distinção entre “ENTREGAR” e o “RESTITUIR”
Restituir = Devolver a “posse”. Na relação obrigacional o devedor nunca foi proprietário, logo
sua prestação é devolver o bem ao dono. Credor é o proprietário.
“Há diferença fundamental entre a obrigação de dar coisa certa e obrigação de restituir. Na
obrigação de dar, a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição, recebendo o credor o
que, até então, não lhe pertencia. Na obrigação de restituir, pelo contrário, a coisa pertence ao
credor, que a recebe de volta, em devolução.” (VENOSA, 2003, p. 88).
2. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA
B) Momento de “Tradição”
* Para bens móveis, a tradição determina a transferência do direito real de propriedade (art.
1.226).
CC, Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
3. DAR COISA CERTA
* A partir das lições de Pontes de Miranda, temos que a obrigação de dar coisa certa “é dar coisa
individualizada”. Só a coisa em questão tem todas as características apontadas. Existem sinais
distintivos que fazem da coisa um BEM ÚNICO, insubstituível.
* Não há outra coisa com todas as suas características. Pode até existir um outro bem do mesmo
gênero, mas certamente faltar-lhe-á, pelo menor, uma característica.
3. DAR COISA CERTA
- COISA CERTA: Bem perfeitamente DETERMINADO e INDIVIDUALIZADO quanto a todas as suas
características. A identificação realizada antes da fase de execução da obrigação, torna a coisa
única no mundo jurídico.
* Nas obrigações de dar coisa certa, a prestação abrange os acessórios do bem principal.
CC, Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os ACESSÓRIOS dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
3. DAR COISA CERTA
- Princípio da Especificidade (Entrega da coisa específica) (art. 313)
* Com base nesta regra, temos que o credor não pode ser obrigado a receber qualquer outro
bem, ainda que mais valioso. Da mesma forma, o credor não pode exigir o recebimento de outro
bem, ainda que mais barato.
* Se as partes concordarem que a prestação seja cumprida com a entrega de outro bem, não
tem problema algum, o devedor será desobrigado e terá ocorrido o que se chama de “dação em
pagamento”.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
- PERDA ou DETERIORAÇÃO do bem depois de assumida obrigação, mas antes da efetiva
entrega (TRADIÇÃO).
* RESOLVE A OBRIGAÇÃO e retorna ao status quo ante. O prejuízo da perda será suportado pelo
devedor.
CC, Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes
(...)
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
B – PERECER COM CULPA
CC, Art. 234. (...) se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
C – DETERIORAR SEM CULPA
* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER resolver a obrigação OU aceitar a coisa como está, abatendo
no preço o valor da deterioração. O prejuízo da deterioração será suportado pelo devedor (CC,
art. 235).
CC, Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
D – DETERIORAR COM CULPA
* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER resolver a obrigação OU aceitar a coisa como está, abatendo
no preço o valor da deterioração, com direito a reclamar, qualquer que seja a escolha, as
eventuais perdas e danos (CC, art. 236).
CC, Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das
perdas e danos.
4. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR
(ENTREGAR)
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS
* Considerando que a coisa perece para o dono, é justo que ela também melhore para o dono.
CC, Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.
* SOFRERÁ O CREDOR A PERDA e a obrigação se resolverá, sem direito a indenização (CC, art.
238).
CC, Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.
* O DEVEDOR DEVERÁ PAGAR O EQUIVALENTE mais perdas e danos (CC, art. 239).
CC, Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
perdas e danos.
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
C – DETERIORAR SEM CULPA
* SOFRERÁ O CREDOR DETERIORAÇÃO, devendo aceitar o bem tal qual se encontre, sem direito
à indenização.
CC, Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal
qual se ache, sem direito a indenização (...)
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
D – DETERIORAR COM CULPA
* O CREDOR PODERÁ ESCOLHER rejeitar a coisa e exigir o equivalente OU aceitar a coisa como
está, abatendo no preço o valor da deterioração, com direito a reclamar, qualquer que seja a
escolha, as eventuais perdas e danos (CC, art. 236).
CC, Art. 240. (...) se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
“CJF, Enunciado 15. As disposições do art. 236 do Código Civil também são aplicáveis à hipótese
do art. 240.”
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS
* Considerando que a coisa perece para o dono, é justo que ela também melhore para o dono.
Assim, se os melhoramentos não decorrerem de gastos do devedor, lucrará o credo sem se falar
em indenização, do contrário, se os melhoramentos decorrerem de gastos do devedor,
seguiremos as regras sobre as benfeitorias.
CC, Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem
despesa ou trabalho do devedor, LUCRARÁ O CREDOR, desobrigado de indenização.
5. REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE
RESTITUIR
E – MELHORAMENTOS E FRUTOS
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto
neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.