Você está na página 1de 24

DIREITO DAS

OBRIGAÇÕES
POR: PROFª. DRA. CAROLINA ORRICO
IMPORTÂNCIA/PRINCÍPIOS

• O direito obrigacional é a base das relações civis, tanto que influencia a todos os demais
ramos: em contratos, responsabilidade civil, reais, família e sucessões sempre há,
mesmo que de forma implícita, uma relação jurídica obrigacional.

• O direito das obrigações, portanto, é um processo com atividades necessárias à


satisfação dos interesses do credor.

• O processo obrigacional é marcado pelos princípios da autonomia privada, da boa-fé e


da função social, tendo como etapas o nascimento e desenvolvimento dos deveres e o
adimplemento (mola propulsora da obrigação).
PRINCÍPIOS

• Temporalidade

• As obrigações não podem ser eternas, com isso, evita-se eventual relação de servidão ou
escravidão.
• Quando se fala em Temporariedade, não significa dizer que o termo final deverá ser logo
estabelecido, como um contrato de seguro de saúde.
• Ex: contrato de locação residencial só pode ser determinado até um prazo de trinta meses e,
passado esse tempo, continua vigente por prazo indeterminado.
PRINCÍPIOS

• Patrimonialidade

• Substitui o princípio da pessoalidade, determinando que responderá pelas obrigações o


patrimônio do devedor e não a pessoa do devedor.
• Nesse caso, se não cumprir a obrigação busca-se o patrimônio.
• Ex: O ordenamento jurídico brasileiro só admite a prisão civil no caso do
inadimplemento voluntário de pensão alimentar por prazo máximo de 90 dias. Em
relação aos direitos da personalidade, como direito à vida, por ser inalienável e
indisponível, não estando sujeito a mensuração em valor patrimonial, mas sim o dano,
com sua reparação.
PRINCÍPIOS

• Socialidade

• Prega a prevalência do interesse público sobre o interesse privado, sendo assim, coloca o
interesse da sociedade perante o indivíduo.
• Em razão de convicções pessoais, é possível alguém ter uma opinião acerca da
homoafetividade, mas a partir do momento em que se externalize ideias negativas, estará
indo de encontro ao interesse coletivo, configurando a cultura do ódio, em que se viola
direitos individuais.
• Nesse sentido, o direito individual não pode se sobrepor o coletivo. O contexto social
prevalecerá sobre o individual.
PRINCÍPIOS

• Eticidade

• Intrinsicamente ligado à boa fé objetiva, que não é aferida no plano das ideias, e sim no plano
fático.
• É exigir que aquelas condutas sejam adequadas.
• Ex: ao se transportar recipientes quebráveis, como de vidro, o contratante de um serviço de
transportadora, por um dever de colaboração, lealdade, deveria informar ao transportador,
para que esse tenha mais zelo ao realizar o serviço.
CLASSIFICAÇÃO

• Quanto ao seu conteúdo:


• De Meio
• De Resultado
CLASSIFICAÇÃO

• Civil: existe um vínculo jurídico de prestação entre o credor e o devedor. Neste caso o
devedor da relação pode ser alvo de uma intervenção estatal por parte do credor caso esse
não cumpra com a obrigação. Ou seja, com o inadimplemento da obrigação, o credor terá o
direito de intervir judicialmente para garantir o cumprimento por parte do devedor.
• Natural: tem todas as características da obrigação civil. Encontramos todos os elementos da
obrigação civil, o credor, o devedor e o objeto, mas com a grande diferença de não se haver a
garantia jurídica. Também vale ressaltar que diferente da obrigação moral, aqui não há
liberalidade, pois o cumprimento da obrigação natural é considerado um adimplemento. Aqui o
credor não pode exigir o pagamento, assim como o devedor não pode exigir a devolução por
arrependimento, e neste caso o objeto ficará nas mãos no credor a título de pagamento, e não
de liberalidade.
CLASSIFICAÇÃO

• Moral: o inadimplemento não da direito ao credor de se exigir judicialmente o cumprimento


pelo credor, pois neste caso a obrigação não passa de um dever de consciência, que encontra
seu principal fundamento nas regras morais, e o cumprimento de uma obrigação de cunho
moral sempre será visto como uma liberalidade, e não como pagamento. Olhando por outro
lado, aquele que por livre e espontânea vontade cumprir uma prestação moral, também não
terá direito ao arrependimento.
Diferenciamos então como a obrigação civil é aquela que dá ao credor o direito de exigência, e
como a obrigação moral é apenas um ato de liberalidade, e por fim, o modo de como na
obrigação natural não há o direito de exigência por parte do credor e como o cumprimento
desta obrigação, mesmo assim é visto como adimplemento.
MODALIDADES

• Quanto ao objeto (ou a prestação):


• Dar
coisa certa (arts. 233 ao 242)
coisa incerta (arts. 243 ao 246)

• Fazer (arts. 247 a 249)


• Não fazer (arts. 2050 e 251)
MODALIDADES

• Quanto aos elementos constitutivos:


• Simples

• Composta
Multiplicidade de Objetos: cumulativas, alternativas (arts. 252 a 256) e facultativas
Multiplicidade de Sujeitos: divisíveis, indivisíveis (arts. 257 a 263) e solidárias (arts. 264 a 285)
EXERCÍCIO

• Miguel celebrou contrato de locação de um apartamento com Vinícius, sendo Carlos o fiador.
No 3º mês de vigência dos contratos, Miguel foi demitido e não pagou o aluguel. Angustiado
com sua situação, deixou de responder as ligações para seu telefone, e, quando saia não
auxiliava os idosos a atravessar a rua, nem lhe dava a preferência nos assentos de ônibus.
• Analise o caso e responda juridicamente as indagações:
a) classifique as obrigações
b) no caso em análise qual o objeto da relação jurídica obrigacional havida com Vinícius?
c) identifique no caso as figuras do credor (accipiens) e devedor (solvens), respectivamente
quanto a entrega do bem, locado no início da relação obrigacional e quanto ao pagamento do
aluguel.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE DAR

• São obrigações positivas, pois exigem uma ação do devedor.


• Obrigação do devedor de impulsionar a tradição (entrega) de coisa móvel ou imóvel.
• Consiste na prestação econômica, na entrega de uma coisa.
• O devedor se vincula ao credor, ao estar obrigado a lhe entregar uma coisa.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE DAR A COISA CERTA


• Objeto determinado.
• O devedor obriga-se a ENREGAR, RESTITUIR OU PAGAR prestação pecuniária.
• Credor não é obrigado a receber por coisa diversa do que lhe é devida.
• Na obrigação de dar coisa certa consiste também a entrega dos acessórios. Ex: sensor de
ré. 233
• São essenciais GÊNERO, QUANTIDADE E QUALIDADE.
• Negocio jurídico válido.
• Frutos percebidos pertencem ao devedor. § único 237

• Frutos pendentes pertencem ao credor.


• A coisa pertence ao devedor até a tradição, com seus melhoramentos e acrescidos
(Cômodos) pelos quais poderá exigir aumento de preço. 237
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE DAR A COISA CERTA


• Perecimento ou perda total da coisa 234
• Sem culpa do devedor: 238 241 242
• O devedor não tem responsabilidades.
• Se o bem se perder antes da tradição (entrega) ou pendente de condição suspensiva, ficará
resolvida a obrigação pra ambas as partes.
• Ocorre antes da tradição (entrega).
• Com culpa do devedor: 239
• Será obrigado o a dar o valor da coisa mais perdas e danos.
• Ocorre antes da tradição (entrega).
• Poderá credor aceitar a coisa no estado em que se acha e tem também o direito de reclamar as
perdas e danos.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE DAR A COISA CERTA


• Deterioração ou perda total da coisa 235
• Sem culpa do devedor: 240
• Credor pode aceitar a coisa abatida o seu valor ou resolver a obrigação.
• Não cabe indenização.
• Com culpa do devedor: 239
• O credor pode exigir o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa no estado em que se
acha, reservando a lei o direito do credor em ambos os casos de requerer indenização
das perdas e danos suportados.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE DAR A COISA INCERTA (ARTS. 243 AO 246)

• Apenas gênero e quantidade, falta a qualidade (243).


• Negocio jurídico válido.
• Antes da escolha não pode o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda
que por força maior e caso fortuito (246).
• A escolha (concentração) pertence ao devedor, não podendo dar coisa melhor e nem
pior, mas sim a qualidade média (244).
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE FAZER (ARTS. 247 AO 249)


• Obrigação positiva.
• Ato ou serviço do devedor, envolvendo uma atividade humana, podendo ser física
ou material.
• Diferencia-se da obrigação de dar no fato de que na obrigação de fazer o devedor
deverá fazer o serviço para depois entregar a coisa (consequência), e na
de dar a obrigação dar-se-á por completa na entrega do objeto.
• Obrigação de fazer impossível:
• Por culpa do Devedor – responderá por perdas e danos;
• Sem culpa do Devedor – se resolverá a obrigação.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE FAZER (ARTS. 247 AO 249)


• FAZER FUNGÍVELOU IMPESSOAL:
• Pode ser realizado por uma terceira pessoa ou pelo devedor.
• Não possui caráter personalíssimo.

• FAZER INFUNGÍVELOUPERSONALÍSSIMA:
• Só o devedor poderá fazer cumprir pessoalmente.
• Essa obrigação é de caráter personalíssimo.
• A recusa de fazer a obrigação infungível caberá indenização por perdas e danos.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (ARTS. 250 AO 251)


• Obrigação negativa/omissiva.
• Se extingue pelo simples fato de que sem culpa do devedor, se torne impossível não
fazer o ato.
• O devedor se compromete a não executar determinado ato, que podia livremente
praticar, se não estivesse obrigado em relação ao credor ou terceiro.
MODALIDADES

• OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA (250 AO 251)


• Existencial de duas ou mais prestações.
• A escolha da prestação alternativa cabe ao devedor, salvo quando expressar.
• Quando nem os credores, nem os devedores escolherem, caberá o juiz decidir.

• O. Facultativa: Apresenta apenas um objeto, mas o devedor pode substituir essa


por outra de natureza diversa.
MODALIDADES

• ALTERNATIVA SIMPLES
• Tem apenas uma prestação.
• Extingue a obrigação quando se cumpre a prestação.

• ALTERNATIVA COMPOSTA
• Duas ou mais prestações.
• Pluralidade de objeto (prestações), como também de sujeitos(credores e
devedores).
• Quando se tem mais de uma prestação e que para acabar a obrigação todas as
obrigações devem ser cumpridas, chama-se cumulativa.
• Quando o devedor cumpre uma das prestações, estingue a obrigação, se chama
alternativa.
MODALIDADES

• DIVISÍVEL
• A prestação pode ser dividida ou fracionada.

• INDIVISÍVEL
• Coisa ou fato não divisível por sua natureza ou se assim dispor.
• Havendo dois ou mais devedores ambos serão responsáveis por toda dívida.
• O devedor que pagar a dívida toda sub-rogará no direito de credor.
• Se pagar apenas a um dos credores, mas este der caução de ratificação dos outros
credores.
MODALIDADES

• SOLIDÁRIAS
• Obrigação concorrer mais de um devedor ou mais de um credor, haverá a
solidariedade.
• Cada um estará obrigado ou com direito, respectivamente, à dívida toda.
• PASSIVA:
• Pluralidade de devedores.
• Poderá o credor exigir, que um devedor, individualmente, honre com a totalidade da dívida.
• ATIVA:
• pluralidade de credores
• Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro.

Você também pode gostar