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Direito Civil - Obrigações

Aula 9
Valter Almeida
Transmissão de Obrigações
• Transmissão de obrigações é uma conquista do Direito
moderno, tendo em vista que os antigos entendiam
que aquelas eram intransmissíveis – não podiam
substituir os sujeitos.
• Havia nova relação com um procurador em causa
própria (Dir. Romano).

• A obrigação pode ser: A) transmitida; B)sucedida


• Embora permaneça a relação jurídica, o direito admite
que mudem os sujeitos.
• Na transmissão de crédito ou de dívida muda-se
apenas os sujeitos, sem alteração da dívida.
TRANSMISSÃO DE OBRIGAÇÃO
• MORTIS CAUSA – MORTE  sucessão!!

• INTER VIVOS – NEGÓCIO JURÍDICO 


• cessão de crédito  alteração do polo ativo
• assunção de dívida  alteração do polo passivo
• cessão de contrato
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

• Alan deve R$1.300,00 à Facemp


• Devedor = Alan
• Credor = Facemp
• Objeto = dar valor R$1.300,00
• O genitor de Alan e o irmão de alan, sabendo que ele não
tinha condições de pagar a dívida, procura a Facemp e
assumem a dívida do seu filho/irmão com o consentimento da
FACEMP.
• Alan é retirado/liberado da relação obrigacional.
• Devedores = genitor de alan e irmão de alan.
• Quanto cabe a cada pagar? Art. 257cc
• Credor = Facemp
• Objeto = dar valor R$1.300,00
•  ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
• ASSUNÇÃO DE DÍVIDA  ALTERAÇÃO DO POLO
PASSIVO
• ALTERO O DEVEDOR
• O DEVEDOR ORIGINÁRIO SAI DA RELAÇÃO
OBRIGACIONAL E NOVO DEVEDOR (ASSUNTOR)
ASSUME A DÍVIDA.
• PARA QUE HAJA A ALTERAÇÃO DO POLO
PASSIVO (ASSUNÇÃO DA DÍVIDA) É NECESSÁRIO
O CONSENTIMENTO (O ACEITE) DO CREDOR.
• PARA EVITAR FRAUDE CONTRA CREDORES.
• ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

• A) POR EXPROMISSÃO
• O GENITOR DE ALAN PROCURA O CREDOR (FACEMP)
DIRETAMENTE E AJUSTA A ASSUNÇÃO DA DÍVIDA.

• B) POR DELEGAÇÃO
• QUANDO O DEVEDOR ORIGINÁRIO (PRIMÁRIO /
ALAN) DELEGA/DIRIGE/DIRECIONA SEU PAI
(ASSUNTOR) PARA QUE ASSUMA SUA DÍVIDA JUNTO
AO CREDOR.
CESSÃO DE CRÉDITO - ATIVO
• COÊMO não pagou a mensalidade de fevereiro de 2020 com
a Facemp.
• Credor = facemp
• Devedor = coemo
• Objeto = dar mensalidade

• Em abril a Facemp vendeu o crédito de Coêmo para uma


empresa de cobrança no RJ.
• Credor = empresa de cobrança
• Devedor = Coemo
• Objeto = dar mensalidade

• Empresa de cobrança começa a realizar cobranças referente


ao valor.
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

• Adriana não pagou a mensalidade de fevereiro de 2020


com a Facemp.

• Facemp credora  FACEMP  ATIVO


• Adriana devedora  MÃE DE ADRIANA PASSIVO 
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
• Objeto: dar valor R$1.300,00  R$1.300,00

• A MÃE DE ADRIANA, SABENDO QUE SUA FILHA É


FUNCIONÁRIA PÚBLICA E NÃO PODE TER O NOME
NEGATIVADO, ASSUME A SUA DÍVIDA.
• A MÃE DE ADRIANA PROCURA A FACEMP E SE OFERECE
PARA ASSUMIR A DÍVIDA DA FILHA
Transmissão de obrigações
• Se a mudança é do credor: cessão de crédito
• Não depende de consentimento do devedor,
bastando notificação.

• Se a mudança é do devedor: assunção de


dívida
• A assunção de dívida depende de
consentimento expresso do credor. (art.
299cc)
Assunção de dívida
• Dá-se assunção de dívida quando terceiro assume a
posição do devedor sem alteração da relação jurídica
obrigacional (Paulo Lobo).
• Um devedor se libera, outro passa a ser o devedor,
mantida a identidade da dívida – trata-se do mesmo
crédito
• -> busca a proteção de credor e solvabilidade do crédito
• É modo de liberação do devedor sem adimplemento ou
responsabilidade patrimonial
• Ignorada pelo cód. 1916, tem tratamento expresso nos
arts. 299 a 303 CC/02
Exemplos legais
• Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos
débitos do alienante, em relação ao condomínio,
inclusive multas e juros moratórios.
• Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o
segurador garante o pagamento de perdas e danos
devidos pelo segurado a terceiro.
• Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já
constituída, não se exime das dívidas sociais
anteriores à admissão.
• Obrigação alimentícia é possível assunção de dívida?
Não. Caráter personalíssimo.
.

• Danilo calango tem uma dívida condominial e vende a


sua casa. O comprador João = novo proprietário
assume a dívida condominial  porque se trata de
obrigação propter rem (própria da coisa) e será
transmitida ao novo proprietário!
• Danilo Calango = devedor originário
• Venda
• João = novo proprietário = assuntor = novo devedor 
assunção da dívida
• Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos
débitos do alienante, em relação ao condomínio,
inclusive multas e juros moratórios.
ESCADA PONTEANA

• EFICÁCIA

• VALIDADE

• EXISTÊNCIA
A)SUJEITO (CAPAZ/LEGITIMAÇÃO)
B)OBJETO (lícito, possível, determinado/ável)
C)VONTADE (livre e consciente)
D)FORMA (conforme a lei)
• FRED PROPRIETÁRIO DE CASA EM CONDOMÍNIO.
• MENSALMENTE HÁ COBRANÇA NO VALOR DE R$500,00 POR
UNIDADE HABITACIONAL.
• FRED NÃO PAGOU OS ÚLTIMOS 4 MESES.
• FRED VENDE A CASA PARA HELEN.

• CONDOMÍNIO É O CREDOR
• OBJETO  DAR VALOR DE R$2.000,00
• FRED DEVEDOR  HELEN
• CONDOMÍNIO PASSA A COBRAR DE HELEN.
• ASSUNÇÃO DE DÍVIDA!!!
• HOUVE A ALTERAÇÃO DO POLO PASSIVO SEM ALTERAÇÃO DA
DÍVIDA/OBRIGAÇÃO.
Assunção de dívida
• A dependência de aceite pelo credor é devido ao
medo de quem irá ser o novo devedor, se irá ou não
pagar – estabelecimento de relação de confiança.
• Credor – credere – aquele que confia.
• Relação civil constitucional:
-> liberdade: uma possibilidade de alcançar seus
interesses e manifestar a vontade
-> a mobilidade de créditos significa a tendência de
circulação de riquezas – caráter distributivo da justiça
social
Assunção de dívida
• Temos a assunção liberatória
• Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do
devedor, com o consentimento expresso do credor,
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele,
ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o
ignorava.
• Quem assume a dívida é chamado de ASSUNTOR
• Há também a assunção cumulativa (sem previsão legal) –
Cristiano Chaves
• Enunciado 16 CJF “O art. 299 CC não exclui a
possibilidade de dois ou mais devedores se tornam
responsáveis pelo débito com a concordância do credor”
• ASSUNÇÃO LIBERATÓRIA – ART. 299CC
•  DEVEDOR ORIGINÁRIO FICARÁ LIVRE DA OBRIGAÇÃO
•  OBRIGAÇÃO FICARÁ ENTRE O CREDOR E O ASSUNTOR
(NOVO DEVEDOR)

• ASSUNÇÃO CUMULATIVA (NÃO TEM PREVISÃO LEGAL –


ENUNCIADO 16 CJF)
•  DEVEDOR ORIGINÁRIO NÃO FICARÁ LIVRE DA
OBRIGAÇÃO
•  ASSUNTOR(DEVEDOR NOVO) + DEVEDOR ORIGINÁRIO =
DEVEDORES DA DÍVIDA
• RELAÇÃO SOLIDÁRIA??? ART.265CC SÓ SE ESTIVER
EXPRESSO!!!
• Clara deve 100 reais a Suelly
• Jon assume a dívida de clara na modalidade
liberatória.

• Suelly (credora)
• 100 reais
• Jon (assuntor  novo devedor)
• Art. 299 CC
• Clara deve 100 reais a Suelly
• Jon assume 20% da dívida de Clara.

• Suelly (credora)
• 100 reais
• Jon (devedor de 20%) e Clara (devedora de 80%)

• Não se trata de obrigação solidária. Devido previsão do


art. 265CC (a solidariedade não se presume – resulta de
lei ou da vontade das partes)
•  OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
• SIMPLES  1 DEVEDOR / 1 CREDOR / 1
OBJETO

• COMPOSTAS  +1
DEVEDOR/CREDOR/OBJETO

• +1 OBJETO (ALTERNATIVA OU CUMULATIVA)


• +1CREDOR/DEVEDOR
(SOLIDÁRIA/(IN)DIVISÍVEL)
solidariedade passiva na assunção cumulativa
• Valter deve 1.000 reais a Horrana.
• Fred assume 30% da dívida convencionando solidariedade passiva com
Valter.

• SE FRED PAGA TUDO. ELE DEVE SER RESSARCIDO POR VALTER? SIM!!!
• VALTER DEVEDOR
• FRED CREDOR
• OBJETO  70% DA DÍVIDA QUE FOI PAGA

• A)Horrana pode cobrar quanto de Fred? Tudo!

• Mas fred deve só 30%  Fred ao pagar tudo a Horrana irá reclamar
ressarcimento de 70% de Valter  porque fred só deve 30%
• Obrigação solidária tem 2 fases  1º fase que é solidária  2º fase que é o
ajuste entre os devedores
• Assunção liberatória  libera o antigo
devedor da dívida  há uma alteração total
do polo passivo
• Valter devia à Facemp. Todavia, Fred assumiu
sua dívida. Fred agora deve à Facemp.
• Valter está liberado da dívida!
•  assunção liberatória!!!
• Há a liberação do antigo devedor. Tem um
novo devedor da dívida.
• Art. 299CC
.

• Assunção CUMULATIVA  o devedor originário permanece na relação


 acréscimo de +1 pessoa à relação
• Antes havia 1 devedor  2 devedores

• Contrato de trespasse
• Valter deve a Adriana o valor de R$2.000,00.
• Valter pede que Jon assuma a dívida. Jon, todavia, afirma que não
pode assumir toda a dívida sozinho, visto à situação da insegurança do
Corona Vírus.
• Jon se dispõe a assumir 30% da dívida.
• Jon deve R$600,00 reais.
• Valter continua devendo não mais 2mil, mas 1.400,00.

• ASSUNÇÃO CUMULATIVA  PORQUE O DEVEDOR ORIGINÁRIO


PERMANECE NA RELAÇÃO OBRIGACIONAL  COMO DEVEDOR 
SENDO QUE HÁ INTEGRAÇÃO DE MAIS UM DEVEDOR
Assunção de dívida
• Há relação de solidariedade?
• Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes.

• Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo


pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que
regularmente contabilizados, continuando o devedor
primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto
aos outros, da data do vencimento.

• Assunção cumulativa de um débito de A e B. A paga todo o


débito e busca pleitear ação regressiva contra B. É possível?
• -> O assuntor é um novo devedor que se
responsabiliza por débito próprio e não alheio.
Logo não há que pleitear regresso.
Requisitos:
• A) Consentimento do credor – sob pena de inexistência
do negócio jurídica por falta de manifestação da vontade
• Exceção: Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado
pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito
garantido; se o credor, notificado, não impugnar em
trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado
o assentimento
• Neste caso deve-se ler o enunciado 353 CJF que
determina sobre a necessidade de justificação no caso
da recusa. A recusa imotivada é considerada exercício
abusivo de sua posição jurídica (art. 187cc) e à boa-fé
objetiva – Cristiano Chaves.
• VALTER PEGA DINHEIRO NO BANCO.
• VALTER DÁ SUA CASA COMO GARANTIA DA DÍVIDA
(HIPOTECA).
• VALTER RESOLVE VENDER A SUA CASA PARA CLARA.
• CLARA FICA VINCULADA À DÍVIDA.
• CLARA, COM MEDO DE TER SEU IMÓVEL PENHORADO, PASSA
A ASSUMIR A DÍVIDA DE VALTER.
• PRECISA DE AUTORIZAÇÃO DO BANCO (MAS O BANCO
PRECISA JUSTIFICAR A NEGATIVA EM 30 DIAS) VAI NOTIFICAR
SOBRE SEU INTERESSE EM PAGAR A DÍVIDA  PARA QUE
NÃO TENHA SEU IMÓVEL HIPOTECADO
Requisitos
• B) Validade do negócio jurídico transmissivo da
obrigação
• arts. 166 a 171 CC
• Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser
anulada, restaura-se o débito, com todas as suas
garantias, salvo as garantias prestadas por
terceiros, exceto se este conhecia o vício que
inquinava a obrigação. (por anulada entenda
pelo gênero invalidade – nulidade ou
anulabilidade)
Requisitos
• C) Solvência do novo devedor (ASSUNTOR) ao tempo
da assunção da dívida
• Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do
devedor, com o consentimento expresso do credor,
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se
aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o
credor o ignorava.
• Independe da boa-fé do devedor primitivo.
• Assume o risco e impossibilita a responsabilização do
devedor originário se a insolvência era notória e/ou o
próprio credor sabia (pode haver cláusula contratual
exoneratória)
Expromissão x delegação

• Assunção por expromissão x assunção por


delegação

• Assunção de dívida pela modalidade


expromissória – unifigurativa
• Assuntor se relaciona diretamente com o
credor, sem consulta do devedor originário.
(Pai assume dívida do filho preso; ou de alguém
enfermo)
• Poderá ser liberatória ou cumulativa
Expromissão x delegação
• Assunção de dívida por modalidade pela
modalidade da delegação – bifigurativa.

• Acordo jurídico trilateral – “menage a trois”


• O assuntor acorda com o devedor originário a
assunção da dívida, antes mesmo de pedir o
consentimento do credor
• Fica pendente de consentimento.
Situação

• Vicente(DEVEDOR) possui uma dívida com Alex (CREDOR)


originária de uma casa de “conveniências”. Preocupado que sua
esposa descubra a origem da dívida com Alex, Vicente conversa
com Gabriel (ASSUNTOR) para que este assuma toda sua dívida.
Gabriel E ALEX concordam, sem impor condições.

• A) Houve assunção de dívida? Sim!!!!


• B) Trata-se de modalidade liberatória ou cumulativa?
LIBERATÓRIA!!!
• C) Trata-se de modalidade expropriatória ou delegatória?
DELEGATÓRIA!!!
• D) Os devedores contratantes poderão desfazer o negócio?
ASSUNÇÃO PRODUZ EFEITOS RETROATIVOS (EX TUNC)  NÃO
PODE DESFAZER!!!
Transmissão de obrigações
• Após vermos a assunção de débito agora temos
cessão de crédito
• O crédito enquanto bem autônomo; valor
patrimonial realizável antes do seu vencimento
• O credor detêm o direito subjetivo ao crédito desde
o tempo da constituição do negócio jurídico, apenas
não poderá exercitar a exigibilidade.
• Alienação x cessão
• CF Art. 5º XXII - é garantido o direito de propriedade;
• Propriedade de crédito – renunciável, onerável,
hereditável e alienável (gratuita ou onerosamente)
Cessão de crédito
• A essência da cessão de crédito: troca de um valor presente por
um valor futuro
EX1: “Fred” recebe um cheque para 30 dias no valor de R$ 5.000,00.
Tendo em vista a necessidade do capital de giro para sua empresa,
“Fred” vende o cheque para “Hellen” pelo valor de R$ 3.500,00 à
vista.

FRED É O CREDOR  VENDE SEU CRÉDITO P/ HELLEN  HELLEN SE


TORNA A NOVA CREDORA
EMITENTE DO CHEQUE É O DEVEDOR

HELLEN - CREDORA
VALOR DA DÍVIDA – OBJETO
EMITENTE DO CHEQUE - DEVEDOR
• EX2: “Adriana” vai comprar uma mochila na
“EMPRESA” e no pagamento passa o cartão de
crédito, optando pelo pagamento à prazo. A
“EMPRESA”, pela entrega do produto passa a ter
um crédito correspondente ao valor da mochila.
• Por sua vez para receber o crédito antes,
“EMPRESA” vende o crédito para a VISA
(CARTÃO DE CRÉDITO) que passa a cobrar o
valor a “Adriana”.
• DUDA ABASTAECE SEU VEÍCULO NO POSTO IPIRANGA NO VALOR DE
R$200,00.
• OBJETO MEDIATO DA OBRIGAÇÃO? 200 REAIS
• OBJETO IMEDIATO? DAR
• DEVEDOR – DUDA
• CREDOR – POSTO IPIRANGA -- CEDENTE
• -----------------------------------------------------
• DUDA PASSA O CARTÃO DE CRÉDITO VISA
• VISA (PAGA) COMPRA O CRÉDITO DO POSTO IPIRANGA E SE TORNA
O NOVO CREDOR DE DUDA
• ------------------------------------------------------
• NOVO CREDOR – VISA -- CESSIONÁRIO
• OBJETO – 200 REAIS
• DEVEDOR – DUDA -- CEDIDO
• NA CESSÃO DE CRÉDITO NÃO PRECISA HAVER
CONSENTIMENTO DO DEVEDOR. PRECISA
APENAS INFORMAR/AVISAR/DAR CIÊNCIA AO
DEVEDOR PARA QUE ELE NÃO PAGUE À
PESSOA ERRADA.

• NA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA, PRECISA HAVER


CONSENTIMENTO DO CREDOR, POIS A
ALTERAÇÃO DO DEVEDOR PODE GERAR
SITUAÇÃO DE FRAUDE (MENOS BENÉFICA)
CONCEITO
• “Trata-se de um negócio jurídico bilateral pelo qual o
credor transfere a terceiro a sua posição patrimonial
na relação obrigacional, sem que com isto se crie uma
nova situação jurídica” (Cristiano Chaves e Nelson
Rosenvald)
Pode ser unilateral?

• “A cessão de crédito consiste precisamente, no


contrato pelo qual o credor de determinada prestação
transmite a terceiro, independentemente do
consentimento do devedor, a totalidade ou uma
parte do seu crédito” (Antunes Varela)
SUJEITOS
• TRÊS PERSONAGENS:
• “Carla” tem um crédito com a devedora
“Thaise”. “Carla” transfere onerosamente
100% do crédito para “Fred”. Agora, “Thaise”
deve para “Fred”.
•  ALTERAÇÃO DO POLO ATIVO (CREDOR)
• Cedente (ANTIGO CREDOR)? CARLA
• Cessionário (NOVO CREDOR)? FRED
• Cedido (DEVEDOR)? THAISE
SUJEITOS
• Para a cessão é necessária a plena capacidade por
parte do cedente
• Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
• I - agente capaz;
• II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
• III - forma prescrita ou não defesa em lei.

•  NÃO SE CONFUNDE COM EXISTÊNCIA NEM


EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO (ESCADA PONTEANA)
SUJEITOS
• Se o crédito envolver direito real de garantia
(hipoteca) e o cedente estiver casado em
comunhão universal de bens?
• Deverá haver a outorga conjugal.
• Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida
pelo juiz, quando necessária (art. 1.647, I),
tornará anulável o ato praticado, podendo o
outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois
anos depois de terminada a sociedade
conjugal.
SUJEITOS
• Tutor (art. 1.728) ou curador (art. 1.767) pode
constituir-se como cessionário de crédito contra
o pupilo/curatelado (este como devedor)?
• Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial,
não pode o tutor, sob pena de nulidade:
• III - constituir-se cessionário de crédito ou de
direito, contra o menor.
• Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições
concernentes à tutela, com as modificações dos
artigos seguintes.
Créditos Suscetíveis de transmissão
• O credor pode ceder seu crédito, se a isso não se opuser a natureza
da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor – Art. 286.
• Não comportam cessão:
A) Obrigação de fazer quando infungível (art. 247)
B) Preempção/preferência (art. 520)
C) Locador de serviço (art. 607)
D) Benefício da justiça gratuita (Lei 1.060, art. 10)
E) Direitos de personalidade (art. 11)

• Crédito alimentar pode ser cedido?


• Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado
renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
Discussões doutrinárias
• Art. 11 CC x Art. 28, lei 9.810/98 – Nada impede
que o autor realize a cessão dos rendimentos
decorrentes da exploração dos direitos autorais,
pois cabe a ele como em qualquer propriedade

• Art. 1.707 x Cristiano Chaves, Said Cahali e


Milton Carvalho Filho entendem pela
possibilidade de cessão dos alimentos vencidos
ou pretéritos. Tendo em vista que após o
vencimento constitui-se dívida comum, uma vez
que já sobreviveu sem elas.
Questões
• Cessão pode ser parcial ou apenas total?

• CF Art. 100 §13. O credor poderá ceder, total


ou parcialmente, seus créditos em precatórios
a terceiros, independentemente da
concordância do devedor, não se aplicando ao
cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
Notificação do devedor
• Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia
em relação ao devedor, senão quando a este
notificada; mas por notificado se tem o
devedor que, em escrito público ou particular,
se declarou ciente da cessão feita.
• Busca o cuidado para que o devedor
desconhecendo a situação realize pagamento
ao credor primitivo
Questão
• PARA CASA
• Uma relação solidária, em que A, B, C, D
devem para Z. Este por sua vez transferiu o
crédito para Y, tendo o cuidado de notificar a
C. Tem-se em vista que por ser obrigação
solidária, isto seria suficiente, pois como
pode-se cobrar a dívida toda de um, também
poderá notificar apenas um.
• Está correto?
Notificação do devedor
• A lei não exige formalidade específica, apenas
fazer que o outro tome conhecimento.
• Se envolver crédito hipotecário do cedente em
face do devedor, deverá o cessionário averbar a
cessão da escritura pública no registro imobiliário
• Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a
escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Pagamento errado
V ou F
• O devedor, mesmo ciente, fez o pagamento errado.
Terá direito de devolução do dinheiro pago. ( )

• Efetuado o pagamento ao cedente pelo fato de que


este não tenha providenciado a notificação o devedor
de boa-fé poderá obter eficácia liberatória ( )

• Art. 292 + 876

• Caso do artigo 293CC


Cessão de crédito
• Havendo várias cessões de um mesmo crédito, deverá o
credor pagar à aquele que possuir o título da cessão, o
documento original que representa o débito – art. 291
• Os demais cessionários de boa-fé poderão pleitear
indenização contra o cedente.
• Se o devedor se encontrar na dúvida deverá ajuizar
uma ação de consignação em pagamento.
• Se o crédito não possuir título que sirva como prova, o
cedido (devedor) deverá pagar à aqueles que primeiro
lhe notificou. Caso as notificações tenham sido
simultâneas, deverá fazer uma divisão entre os
cessionários.
Efeitos da cessão/Responsabilidade
• Cessão PRO SOLUTO = in veritas nominis
• O cedente apenas se responsabiliza perante o
cessionário pela existência do crédito ao tempo de sua
cessão, mas não pela solvabilidade (PELO PAGAMENTO)
do cedido – o cedente não responde pela boa ou má
liquidação da prestação. Art. 296
• Confere a garantia legal da veracidade da dívida cedida
• O art. 295 se refere ao fato que muitas vezes na cessão
de crédito a título oneroso se paga valor menor que o
nominativo, logo o cessionário assume os riscos.
• A título gratuito é só lucro, não há que se reclamar
perdas e danos.
• CESSÃO DE CRÉDITO PRÓ SOLUTO
• CEDENTE (CREDOR ORIGINÁRIO) GARANTE QUE O
CRÉDITO EXISTE E É VÁLIDO. MAS NÃO GARANTE QUE
SERÁ PAGO. ESSE É UM PROBLEMA DO CESSIONÁRIO
(NOVO CREDOR) QUE DEVERÁ COBRAR DO CEDIDO.
•  EFEITO LIBERATÓRIO PARA O CEDENTE
• SE O CEDIDO NÃO PAGAR, O PROBLEMA É DO
CESSIONÁRIO. O CEDENTE ESTARÁ LIVRE

•  SITUAÇÃO DE RISCO!!!
• LEONARDO PASSA O CARTÃO DE CRÉDITO PARA
PAGAR A CAMISA QUE COMPROU NA LOJA DONA
FLORINDA.

• DONA FLORINDA  CEDENTE


• VISA/MASTERCARD  CESSIONÁRIO
• LEONARDO  CEDIDO
• O QUE ACONTECE SE LEONARDO NÃO PAGAR A
FATURA DO CARTÃO?
• O CARTÃO PODE COBRAR DE DONA FLORINDA? NÃO!
• CESSÃO DE CRÉDITO PRO SOLUTO!!!!
SE FOSSE CESSÃO PRO SOLVENDO
• LEONARDO PASSA O CARTÃO DE CRÉDITO PARA PAGAR
A CAMISA QUE COMPROU NA LOJA DONA FLORINDA.

• DONA FLORINDA  CEDENTE


• VISA/MASTERCARD  CESSIONÁRIO
• LEONARDO  CEDIDO
• O QUE ACONTECE SE LEONARDO NÃO PAGAR A
FATURA DO CARTÃO?
• VISA PRIMEIRO COBRA DE LEONARDO. CASO ESTE NÃO
PAGUE, A EMPRESA COBRARÁ DA LOJA DONA
FLORINDA. (RESP. SUBSIDIÁRIA)
C ESSÃOPROSOLUTOASS UNÇÃOLIBERATÓRIA

• CESSÃO PRO SOLUTO: O CEDENTE (CREDOR


ORIGINÁRIO) FICA LIVRE DEPOIS QUE VENDE O
CRÉDITO PARA O CESSIONÁRIO. ELE GARANTE
QUE O CRÉDITO EXISTE, MAS NÃO GARANTE O
SEU PAGAMENTO (ALTERA O CREDOR)
• ASSUNÇÃO LIBERATÓRIA: O DEVEDOR
ORIGINÁRIO FICA LIVRE DA OBRIGAÇÃO APÓS O
ASSUNTOR ASSUMIR A DÍVIDA. (ALTERA O
DEVEDOR)
•  NOS 2, OS SUJEITOS FICAM LIVRES DA
OBRIGAÇÃO!!
CESSÃO PRO SOLVENDO  ASSUNÇÃO CUMULATIVA

• CESSÃO PRO SOLVENDO  O CEDENTE


PERMANECE NA OBRIGAÇÃO, GARANTINDO O
PAGAMENTO DO CRÉDITO DE FORMA
SUBSIDIÁRIA (CASO O CEDIDO NÃO PAGUE).
ELE GARANTE A EXISTÊNCIA DO CRÉDITO E O
SEU PAGAMENTO.

• ASSUNÇÃO CUMULATIVA  O DEVEDOR


ORIGINÁRIO CONTINUA NA OBRIGAÇÃO JUNTO
COM O ASSUNTOR. OS 2 SERÃO RESPONSÁVEIS
PELO PAGAMENTO DA DÍVIDA.
Efeitos da cessão/Responsabilidade
• Cessão in bonitas nominis torna o cedente
responsável pela solvabilidade = cessão PRO
SOLVENDO
• O compromisso se esgota apenas após o momento
que o crédito cedido for totalmente ADIMPLIDO.
• Estando o cedido insolvente, o cessionário deverá
buscar o cedente como subsidiariamente
responsável.
• Esta responsabilização do cedente perante o
cessionário se limita ao valor que recebeu deste e
atualizações, e não o valor nominativo do crédito.
Art. 297.
Caso prático
• Zorro compra o crédito de Peter Pan (R$ 20.000,00) contra o
Patinho Feio por R$ 15.000,00. Se todavia o Patinho Feio
vem a se tornar insolvente, como se resolve a dívida?
• Trata-se de uma cessão pro solvendo.
• Art. 297. O cedente (PETER PAN), responsável ao cessionário
(ZORRO) pela solvência do devedor (PATINHO FEIO), O
CEDENTE (PETER PAN) não responde por mais do que
recebeu DO ZORRO, com os respectivos juros; mas tem de
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário
houver feito com a cobrança.
• NA CESSÃO PRO SOLVENDO  O CEDENTE RESPONDE PELO
PAGAMENTO DA DÍVIDA. MAS NÃO RESPONDE POR TUDO,
APENAS ATÉ O VALOR QUE RECEBEU.
• Zorro compra o crédito de Peter Pan (R$
20.000,00) contra o Patinho Feio por R$
15.000,00. Se todavia o Patinho Feio vem a se
tornar insolvente, como se resolve a dívida?
• Trata-se de uma cessão pro solvendo.
• PETER PAN – CEDENTE
• ZORRO – CESSIONÁRIO
• PATINHO FEIO – CEDIDO
• SE PATINHO NÃO PAGA. ZORRO PODE COBRAR DE
PETER PAN? PODE!! ART. 297!!!
• ZORRO PODE COBRAR OS 20MIL DE PETER PAN??
CASO PRÁTICO
• Uma empresa de factoring compra o crédito de “X”
contra “D” no valor de R$ 25.000,00 por R$ 22.000,00.
Se todavia “D” vem a se tornar insolvente, como se
resolve a dívida?
• Empresa de factoring é pro soluto.
• CESSÃO PRÓ SOLUTO – O CEDENTE NÃO SE
RESPONSABILIZA PELO PAGAMENTO DA DÍVIDA.
• É UM PROBLEMA DA EMPRESA QUE COMPROU O
CRÉDITO.
• O CEDENTE ESTÁ LIBERADO.

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