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Pagamento Art.

307: Só terá eficácia o pagamento que importar


transmissão da propriedade, quando feito por quem
• A obrigação nasce com a finalidade de se possa alienar o objeto em que ele consistiu.
extinguir, ao contrário dos direitos reais, e têm
o pagamento como forma natural de extinção. • Obrigações de dar: o credor deve ser o legítimo
O pagamento não está restrito ao sentido proprietário
comum da palavra, ele diz respeito a qualquer • Se for coisa fungível e o credor consumiu
cumprimento de uma obrigação (dar, fazer, não objeto que não era de propriedade do devedor,
fazer) só cabe perdas e danos do verdadeiro
• Obrigações bilaterais: há pagamento para proprietário em relação ao solvens (parágrafo
ambas as partes único)

Devedor Credor
• Quem tem o dever de pagar: solvens • Credor: accipiens ou aquele que recebe
• O devedor tem direito ao pagamento • Pode haver alteração do credor
• O pagamento pode ser feito pelo devedor ou por um o Cessão de crédito
terceiro que o represente o Morte: herdeiros
• O credor tem que aceitar o pagamento, ainda que • Obrigação solidária ativa: qualquer um pode
feito por terceiro (exceção: obrigações receber
personalíssimas) Terceiro como accipens
• Qualquer interessado pode pagar a dívida do
solvens — art. 304, CC (ex.: fiador) 1. Terceiro com mandato (mandato seria a
procuração
• Quem pode ser o solvens:
1. O próprio Devedor ou um terceiro que lhe • Relacionado a um terceiro que o represente
represente (procuração) • Art. 308, CC
• Possibilidade de exercer a consignação em
pagamento – art. 304
• Feito o pagamento, sub-roga-se em todos os 2. Próprias partes estipulam um terceiro como
direitos de crédito – art. 346, III, CC accipiens
• Estipulado com consentimento de ambas as
2. Terceiro não interessado: partes, um terceiro receberá
• Ato altruísta
• Possibilidade de também consignar – art. 304, 3. Ratificação posterior do credor do pagamento
parágrafo único feito a terceiro
• Paga em nome próprio – tem direito à simples
cobrança da dívida • Relacionado a entregar a uma pessoa a qual
• Paga em nome do próprio devedor – não pode possui ligação com o credor
exigir ressarcimento • Art. 308, CC
• Ex.: entregar algo para A, porém ele não estava
em casa e entrega para B, pai de A
Art. 306: O pagamento feito por terceiro, com
desconhecimento ou oposição do devedor, não
obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor 4. Pagamento feito a quem porta o instrumento de
tinha meios para ilidir (apresentar uma defesa) a quitação
ação.
• Esse instrumento de quitação pode ser um
• Devedor pode ter meios de defesa contra o recibo
credor • Art. 311, CC
• Terceiro deve informar o devedor que fará o
pagamento, sob pena de pagar mal
5. Credor putativo
• Paga-se a quem tem aparência de credor
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• Situações em que o accipiens se apresenta • Recibo ou instrumento de quitação:
como credor instrumento idôneo para comprovar o
• Quando se é feito de boa-fé, é considerado cumprimento de uma obrigação de dar ou de
válido (art. 310, CC) fazer. É direito do devedor receber o
• Verdadeiro credor deve exigir o valor do “falso comprovante de quitação
accipiens”
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação
regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe
6. Pagamento feito a inibido de receber seja dada
• Quando o pagamento é realizado a um credor
• Requisitos do instrumento de quitação (art.
incapaz, o pagamento é considerado inválido, a
não ser que prove que foi beneficiado (art. 310, 320, CC):
o Pode ser instrumento particular (ainda que o
CC)
contrato seja um instrumento público)
• O devedor deve ter conhecimento dessa
o Valor ou prestação que se pagou
incapacidade
o Nome de quem pagou (devedor ou terceiro)
o Tempo e lugar do pagamento
7. Pagamento feito quando há penhora ou o Assinatura do credor ou seu representante
impugnação de terceiro
Art. 320, parágrafo único: valerá a quitação mesmo
(Penhora: apreensão dos bens de devedor, por sem todos os requisitos, se de seus termos ou das
mandado judicial, para pagamento da dívida ou da circunstâncias resultar haver sido paga a dívida
obrigação executada.)
• Art. 312, CC • Pagamento de títulos: credor deve devolver o
• Nesse é melhor depositar em juízo título como instrumento de quitação – art. 321,
CC
• Se o credor tiver perdido o título, o devedor
Objeto do pagamento pode:
o Se recusar a pagar
o Preferir realizar o depósito em juízo
• O credor deve receber exatamente aquilo que o Exigir uma declaração do credor que inutilize
foi acordado, não é obrigado a aceitar prestação o título
mais valiosa (art. 313, CC)
• Ainda que seja prestação divisível, não se pode • As despesas com o pagamento correm por
obrigar o credor a receber ou devedor a pagar conta do devedor – art. 325, CC
em partes (art. 314, CC) o Havendo mudança no local, forma
• As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no de pagamento que onere o devedor,
vencimento, em moeda corrente e pelo valor credor responde
nominal (art. 315, CC) • Pagamento por medida ou peso, em caso de
• As partes podem convencionar o aumento silêncio no contrato, prevalecem os
progressivo de prestações sucessivas (ex.: costumes do local do pagamento (ex.:
correção monetária) (art. 316, CC) alqueire mineiro, paulista, baiano) – art.
• Não se pode fixar pagamento em ouro ou 326
moeda estrangeira (art. 318, CC)
• Surgimento de situações imprevisíveis que Presunções de pagamento (relativas – admitem
causem onerosidade excessiva: possibilidade prova em contrário) a) Pagamento em parcelas –
de revisão da prestação (art. 317, CC) art. 322, CC:

• Com o pagamento da última, presume-se a


Prova do pagamento
quitação de todas
• Quem paga tem direito a ter a prova desse • Admite-se prova em contrário – credor
pagamento deve fazer constar essa observação (ex.:
contas de energia, água)

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b) Pagamento de valor em dinheiro – art. 323, CC: • Quando não há termo estipulado, o credor
pode exigir o cumprimento a qualquer
• Quitação da obrigação presume que se momento (obrigações puras) – art. 331, CC
incluiu os juros o Credor pode notificar o devedor
para que pague
c) Pagamento de título (ex.: nota promissória) – art. • As obrigações condicionais cumprem-se na
324: data do implemento da condição, cabendo
ao credor a prova de que deste teve ciência
• Entrega do título ao devedor presume o o devedor – art. 332, CC
pagamento
• Credor pode provar o contrário (ex.: provar
que houve coação na entrega) Extinção Indireta do Pagamento
• Deve provar em 60 dias – prazo decadencial
1. Consignação em pagamento
Lugar do pagamento • Tem a mesma força liberatória que o
pagamento -art. 334, CC)
• Em regra, o pagamento ocorre no domicílio • Objetivo: permitir que o devedor se exonere de
do devedor – art. 327, CC sua obrigação
• Denominada de DÍVIDA QUESÍVEL (ex.: • A partir da consignação cessa os riscos e juros
conta de água, luz, telefone) – É A REGRA (salvo se a ação for julgada improcedente) -art.
o O credor deve ir atrás 337, CC
• Partes podem estabelecer pagamento no
domicílio do credor: DÍVIDA PORTÁVEL Quem pode consignar?
o O devedor deve ir atrás • Devedor
• Se houver dois ou mais lugares para o • Terceiro interessado
pagamento, o credor pode escolher -art. 327 • Qualquer um que o faça em nome do devedor
• Se a dívida é portável e o credor muda o
domicílio - Se houver ônus ao devedor, Mesmos requisitos que o pagamento (art. 336, CC)
credor responde • Quem de direito
• Motivo grave que impeça o devedor de
• Objeto
pagar no local combinado - Devedor pode
• Modo e lugar avençados (acordado)
pagar em outro local – Verificar se há ônus
ao devedor – art. 328
O que pode ser consignado?
• O pagamento reiteradamente feito em outro
• Bens móveis e imóveis
local faz presumir renúncia do credor
relativamente ao previsto no contrato – art. • Bens fungíveis e não fungíveis
330 (presunção relativa)
Hipóteses (art. 335, CC)
Tempo do pagamento I- Credor recusa-se a receber o pagamento ou dar
quitação (dívida portável – devedor tem que ir atrás
• A data do pagamento corresponde ao do credor)
momento em que a obrigação deve ser II- Credor não recebe a coisa no lugar, tempo e
cumprida, sob pena do devedor entrar em condição devidos (dívida quesível – credor tem que
mora (obrigações a termo- data a ser ir atrás do devedor)
cumprida) III- Credor incapaz de receber
o O credor não pode exigir o • Credor desconhecido ou declarado ausente
pagamento antes do termo • Credor que reside em lugar incerto/acesso
o O devedor pode escolher pagar difícil
antes IV- Dúvida sobre quem deva receber o objeto do
o Se houver mora, o credor pode pagamento
recusar a prestação caso não seja V- Pender litígio sobre o objeto do pagamento
mais do seu interesse
Fase extrajudicial (art. 539, CC)
• Valores pecuniários
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• Depósitos em banco, no local do pagamento • Art. 356, CC: O credor pode consentir em
• Possui os mesmos efeitos da consignação receber prestação diversa da que lhe é devida
judicial • Pode constituir na:
• Credor deve ser comunicado por Aviso de o Substituição de dinheiro por outra coisa
Recebimento, com 10 dias de prazo para se o De uma coisa por outra
manifestar o De uma coisa por obrigação de fazer
• Recusa do credor: 1 mês para o devedor Requisitos
promover a ação de consignação • Obrigação previamente criada
• Acordo posterior em que o credor concorda em
Petição Inicial receber prestação diversa
Obrigação de entregar coisa indeterminada: • Entrega da coisa com finalidade de substituir a
possibilitar ao credor a escolha em cinco dias – art. prestação
342, CC e art. 543, CPC
Regra gerais
Imputação ao pagamento • Não há necessidade de equivalência no valor da
Imputação seria a operação pelo qual o devedor de substituição
dois ou mais débitos da mesma natureza a um só • Pode a dação ser parcial
credor indica a qual deles está pagando. • Se for determinado o preço da coisa dada em
pagamento aplica-se as mesmas regras da
Requisitos (art. 352, CC) compra e venda – art. 356, CC
• Pluralidade de débitos • Se for título de crédito a coisa dada em
• Mesmo credor e mesmo devedor pagamento, a transferência importará em
• Débitos de mesma natureza – ex.: pagamento cessão – art. 258, CC.
em dinheiro
• Todas as dívidas devem ser líquidas e vencidas Novação
É uma operação jurídica por meio da qual uma
Imputação ao pagamento feita pelo devedor obrigação nova substitui a obrigação originária. A
• Devedor escolhe a dívida para imputar o substituição pode ocorrer em relação ao objeto da
pagamento obrigação (novação objetiva), podendo também
• Credor não pode opor-se à escolha do devedor haver substituição dos sujeitos da obrigação
• Não pode haver pagamento parcial da dívida, (novação subjetiva) — a novação subjetiva é pouco
salvo concordância do credor utilizada.

Imputação ao pagamento feita pelo credor Conceito


E se o devedor não escolhe qual a dívida está sendo Novação objetiva (art. 360, I, CC)
paga? • Há substituição em relação ao objeto da
• Escolhe cabe ao credor – art. 353, CC obrigação
• Uma vez que devedor aceita a quitação, não • Pode haver até mesmo alteração/
pode mais reclamar substituição em relação à natureza da
• Exceção: se comprovar violência ou dolo obrigação, mesmo devedor e mesmo credor
– exemplo onde altera-se uma dívida
Imputação ao pagamento feita pela lei decorrente de aluguel por um empréstimo
Se ambas as partes não se manifestam quanto à Novação subjetiva (art. 360, II e III, CC)
imputação, esta ocorrerá – art. 355, CC • Há substituição do credor (novação
Nas dívidas vencidas em primeiro lugar subjetiva) ou substituição do devedor
Se todas tiverem o mesmo vencimento, nas mais (novação subjetiva passiva)
onerosas (ex.: juros maiores) Requisitos
1. Existência de uma obrigação anterior válida
Dação em pagamento • Pode ser obrigação natural, depende do que
Dação é o acordo feito entre credor e devedor em for acordado pelas partes (art. 367 CC)
que o credor aceita receber uma coisa diversa da 2. Criação de uma nova obrigação
avençada 3. Capacidade e legitimação para o ato

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4. Essencialidade na modificação (novo objeto ou I. Se uma das dívidas provier de esbulho,
novos sujeitos) furto ou roubo;
• Alteração de prazo, local de cumprimento, II. Se uma das obrigações se originar de
aumento/ substituição de garantia, desconto, comodato (tipo de empréstimo de bem em
não caracteriza novação que não pode ser substituído e que deve ser
5. Animus novandi (art. 361, CC) devolvido até o final), depósitos ou
• Clara intenção de novar, sob pena de ser alimentos;
configurada uma alteração ou modificação na III. Se uma das obrigações for de coisa não
obrigação já existente suscetível de penhora.
• Argumento da “novação” como forma de
afastar a prescrição Inadimplemento
Efeitos
Diz respeito ao descumprimento de qualquer
• Extingue-se a dívida originária, bem como
obrigação (art. 391, CC – irá responder pelos bens)
seus acessórios e garantias, salvo
estipulação em contrário – art. 364, CC – possibilidade de penhora judicial dos bens do
• Extingue-se fiança, salvo concordância do devedor; só pode ser preso em questão de dívida
fiador na novação – art. 366, CC por alimentos.
Tipos de inadimplemento.
Compensação
Mesmas partes, sendo um credor e devedor do • Inadimplemento absoluto.
outro ao mesmo tempo, de forma que as obrigações
serão extintas até se compensarem (art. 368, CC) A obrigação não foi cumprida em tempo, lugar ou
Pode ser total ou parcial. forma pactuadas e não mais poderá sê-lo porque se
tornou inútil ao credor – a utilidade da prestação
Requisitos para o credor que determina se um inadimplemento
1. Reciprocidade de créditos será relativo ou absoluto; converte-se em perdas e
• Identidade entre credores e devedores danos (art. 395, parágrafo único).
• Não pode haver um terceiro na relação
2. Liquidez, certeza de exigibilidade (art. 369, • Inadimplemento relativo (mora).
CC) A pessoa não cumpriu a obrigação em prazo, mas
• Não é necessário que tenham o mesmo ainda pode cumprir – remete a ideia de dívida;
vencimento, basta ser exigível
retardamento ou mau cumprimento da obrigação.
• Obrigação natural não é exigível
Pode ser “mora solvendi” (do devedor – exige
3. Homogeneidade das prestações culpa) ou “mora accipiendi” (do credor – não exige
culpa). Incorre em mora o credor/devedor que não
• Deve haver fungibilidade das prestações – art. cumpre a obrigação no tempo, lugar e forma
369 convencionada (art. 394, CC).
• Coisas compensáveis devem ter a mesma
natureza. Ex.: dinheiro com dinheiro, soja com O descumprimento da obrigação pelo devedor sem
soja culpa (caso fortuito, força maior) não caracteriza
• Não se compensam objetos da mesma natureza, mora (art. 396, CC) e aquele que incorrer em mora
mas de qualidade diversa – art. 370, CC irá responder pelos prejuízos a que sua mora der
• Local de pagamento diverso: a compensação causa, juros e correção monetária e honorários de
deve compreender as despesas para pagamento advogado.
– art. 378, CC
• Mora do devedor.
Obrigações não compensáveis
Obrigações com termo determinado para
Não cabe compensação nas seguintes situações cumprimento (“mora ex re” – art. 397, CC;): mora
(art. 373, CC): automática – basta o advento do termo para incorrer
em mora, sem necessitar de notificação X
Obrigações por prazo indeterminado (art. 397,
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CC): necessidade de constituir em mora diz ainda útil ao credor; desconto se pagar em dia
(interpelação, notificação ou protesto). também é cláusula moratória.
Obrigação de não fazer (mora ocorre a partir do Em relação a seu limite, será ele a obrigação
momento em que se pratica o ato – art. 390, CC) principal (multa não pode ser maior que o próprio
serviço – art. 412, CC; em relação de consumo, a
• Efeitos: o devedor irá responder pelos multa pode ser de até 2%, art. 52, CDC). Porém,
prejuízos que der causa (perdas e danos – têm-se a possibilidade de o juiz reduzir a multa nos
art. 402, CC, danos emergentes e lucros casos dispostos no art. 413, CC – em caso de
cessantes). cumprimento parcial da obrigação ou de valor
• Mora do credor. manifestamente excessivo.
Não está ligado a culpa, bastando o não Arras / Sinal.
recebimento da coisa no tempo, lugar e modo
convencionado (credor não vai receber, se recusa a Seria a entrega, por parte de um dos contratantes,
receber). Para o devedor se eximir da obrigação de coisa ou quantia que significa a firmeza da
têm a consignação em pagamento como melhor obrigação contraída ou garantia da obrigação
alternativa (art. 335, III, CC). pactuada.

• Efeitos (art. 400, CC).


• Purgação da mora: a mora seria suprimir os
seus efeitos (art. 401, CC – situações
presente nos incisos). Há a possibilidade de
o devedor purgar a mora até a data da
contestação.
Cláusula penal.
Diz respeito a uma obrigação acessória muito
utilizada, que deve estar disposta no contrato.
Insere-se uma multa na obrigação principal para a
parte que der causa ao descumprimento ou atrasar
(art. 408, CC) – para compensar o inadimplemento.
• Cláusula penal compensatória (art. 410,
CC).
Estipulada no caso de inadimplemento absoluto
como obrigação acessória – mais utilizada em
contratos; obrigação não poderá mais ser cumprida
e assim, terá que pagar uma multa.
• Constitui prefixação de perdas e danos,
bastando o inadimplemento absoluto para
que seja imputável ao devedor – credor
pode escolher em exigir a multa, não
precisando demonstrar perdas e danos (art.
416, CC) ou exigir perdas e danos, não
podendo pleitear a multa.
• Cláusula penal moratória (art. 411, CC).
Estipulada em caso de atraso no cumprimento da
obrigação – funciona como estímulo para realizar o
pagamento, sendo ela a mais comum; prestação se
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