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DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES

AULA 4. OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA

O PRINCÍPIO PREVALECE: PACTA SUNT SERVANDA - CONTRATOS


DEVEM SER CUMPRIDOS.

↪️ UMA VEZ ESTABELECIDA A RELAÇÃO OBRIGACIONAL, NEM SEMPRE O


CUMPRIMENTO É INSTANTÂNEO.
● O cumprimento da obrigação pode ser também a longo prazo.
ex: contrato de compra e venda - o cumprimento pode ser posterior e a entrega a
longo prazo, nem sempre a entrega é no momento exato do acordo, tudo depende da
forma que foi contratada; pagamento, entrega, etc.

⚠ ️TUDO PRECISA ESTAR EXPRESSO/RELATADO NO ACORDO.


⚠ AS CLÁUSULAS CONTRATUAIS PRECISAM SER CLARAS.
⚠ CASO NÃO ESTEJA ESPECIFICADO NO CONTRATO, O JUIZ, POR MEIO DE
SENTENÇA DECIDE PELO CÓDIGO CIVIL E SEGUE A LETRA DA LEI,

↪️ COISA CERTA: assumida a obrigação 14/03/24 — 14/04/2024


↪️ IGUAL
● A coisa pode, no instante do cumprimento da obrigação, estar:

↪️ VALORIZADA
↪️ DESVALORIZADA (PARA PIOR)
● Pode estar nessas situações em decorrência do tempo antes da entrega.

OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR: DONO É O CREDOR

↪️
● Devedor tem obrigação de entregar algo ao credor
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.

↪️
● Melhoramentos e acréscimos sobrevindos à coisa antes da tradição
VALORIZADA: O devedor poderá exigir o aumento no preço.
ex: joão vende uma vaca para josé, a entrega da vaca será daqui um mês. no 15° dia, a vaca
teve um bezerro. joão, como dono da vaca ainda, também é dono do bezerro. caso josé queira
o bezerro juntamente com a vaca, joão poderá pedir aumento no pagamento.

⚠ PANDEMIA VALORIZOU MERCADORIAS - LEI DA OFERTA E DA


PROCURA.

CÔMODOS:
● São os melhoramentos e acréscimos sobre a coisa.
● Altera a qualidade - melhoramentos
● Aumenta ao bem - acréscimos
● Não tiveram participação do devedor = SEM DIREITO A INDENIZAÇÃO.

Exemplo: João vendeu uma vaca para Rafael por 30 mil reais.
Antes de entregar (tradição) a vaca, João descobriu que a vaca estava para dar cria.
Sendo assim, João entendeu que houve um acréscimo no bem, e pretende pedir um valor
maior pela vaca. Como a vaca está prenha, João quer o valor de 40 mil reais.
Caso Rafael não aceite pagar o aumento do preço, João poderá dar por resolvida a obrigação.
● TODOS os melhoramentos e acréscimos até a data da tradição pertence ao devedor.
● Caso o credor não queira, o devedor pode resolver a obrigação sem pleitear
(exigir) perdas e danos, pois não se pode falar em culpa do credor.

↪️
Parágrafo único: Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
PERCEBIDOS - colhidos e separados do principal - ATÉ a entrega do bem, todos os

↪️
frutos colhidos são do devedor - pois o devedor ainda é dono.
PENDENTES - ainda estão ligados ao principal - APÓS a entrega, todos os frutos
pendentes são do credor - credor é proprietário do bem pois os acessórios seguem os bens.

OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR: DONO É O CREDOR.

↪️
CÔMODO; SEM TRABALHO DO DEVEDOR:
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem
despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
● O devedor tem dever de devolver algo que não lhe pertence, ao credor.
● Considerando que o devedor não contribuiu para o melhoramento ou acréscimo
do bem - não trabalhou ou pagou, ele não terá direito à indenização.
● A coisa valorizada pertence ao dono , havendo melhoramentos, essas vantagens
são acrescidas ao patrimônio do proprietário, ou seja, o CREDOR.
ex: João emprestou (comodato) sua fazenda para seu primo Rafael para cultivo de
milho pelo prazo de 2 anos.
Durante esse período o Rio que margeava a fazenda de João secou, aumentando 10%
a área da fazenda. A fazenda sofreu um acréscimo, mas Rafael não contribuiu, foi
uma acessão natural. Sendo assim, no momento de restituir a fazenda para João,
Rafael não terá direito à indenização. João como é proprietário tem direito de receber
esse acréscimo.

↪️
CÔMODO; COM TRABALHO DO DEVEDOR:
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou
dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas
pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé
● Se provar participação do devedor, pode ter direito à indenização se de boa-fé
(fica com o fruto percebido).
● Ou seja, se o devedor contribuiu para o melhoramento de algo, provado tal ato de
boa-fé, o credor deve indenizá-lo.

↪️
ANTES DA TRADIÇÃO:
PERECIMENTO: perda total, no instante de entregar a coisa certa não se tem mais
porque ela se perdeu completamente.
ex: carro roubado/cavalo morto

↪️ DETERIORAÇÃO: perda parcial da coisa, no instante de entregar a coisa certa, a coisa


existe diferente do que era (DIFERENTE PRA PIOR)
ex: incêndio com pequena avaria.

↪️
RES PERIT DOMINO:
PRINCÍPIO IMPORTANTE NO DIREITO
● DONO DA COISA SOFRE E ARCA COM O PREJUÍZO!!!
● Havendo perecimento ou deterioração, a coisa perece para o dono (prejuízo)

CULPA:
● A coisa se perdeu com culpa - consequência cabível é o pagamento de PERDAS E
DANOS.
● SE HOUVE CULPA DO DEVEDOR, O MESMO DEVERÁ ARCAR COM
PERDAS E DANOS AO DONO DA COISA!!!

↪️
PERDAS E DANOS:
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL: Devedor assumiu obrigação e deve
indenizar se agiu com culpa, deve estar prevista em contrato.

↪️
● PERDAS E DANOS = DE + LC
DANO EMERGENTE: É o que efetivamente se perde quando a obrigação não é

↪️
cumprida. (VALOR EQUIVALENTE AO BEM DESTRUÍDO)
LUCROS CESSANTE: Deixa de ganhar um determinado valor. (TODOS OS GASTOS

↪️
POR CAUSA DO PREJUÍZO)
RECORRE DEPOIS DA ENTREGA
↪️
PERDA DA COISA (PERECIMENTO) NA OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR:
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor,
antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas
as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.

↪️ SEM culpa do devedor: a solução da lei é esta:


● Resolve-se, isto é, EXTINGUE-SE A OBRIGAÇÃO PARA AMBAS AS PARTES.
● Se o vendedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude
da resolução do contrato.
● Não está obrigado, porém, a pagar perdas e danos.
RESOLVER: significa que as partes voltam à situação primitiva, anterior à celebração da

↪️
obrigação, sem outras consequências jurídicas.

↪️
OBRIGAÇÃO SE RESOLVE.
SE O CREDOR JÁ PAGOU PELA COISA, O DEVEDOR DEVOLVE O
DINHEIRO; SEM PERDAS E DANOS.
ex: João vendeu seu carro para Maria. Antes de entregar o carro para Maria, o veículo foi
atingido pela enchente e deu perda total.
Ocorreu a perda (perecimento) antes da tradição (entrega) e sem culpa de João (devedor).
Sendo assim, João não será obrigado a entregar o carro e Maria (credora) não será obrigada a
pagar o carro.

↪️ COM culpa do devedor: outra é a solução.


↪️ Art. 234. se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.
● A culpa acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos.
● Neste caso, o credor tem direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as
perdas e danos comprovados.
● As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, além
do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

↪️
● Devem cobrir, pois, todo o prejuízo experimentado e comprovado pela vítima.

↪️
DEVEDOR DEVOLVE O VALOR CASO TENHA RECEBIDO.
CREDOR PODE EXIGIR PERDAS E DANOS DO DEVEDOR.
ex: João vendeu seu carro para Maria. Antes de entregar o veículo, João arremessou o carro
em um rio, dirigindo embriagado e deu perda total.
Ocorreu a perda (perecimento) antes da tradição (entrega) e com culpa de João (devedor).
Sendo assim, João será obrigado a dar o valor do carro mais as perdas e danos.

⚠ DIFERENÇA DE CULPA E SEM CULPA: HÁ O ACRÉSCIMO DE PERDAS E


DANOS.

DETERIORAÇÃO DA COISA NA OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR:


↪️ Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
● 1. RESOLVER A OBRIGAÇÃO, COM A RECUSA DO OBJETO E (SEM
PERDAS E DANOS);
● 2. FICAR COM A COISA (ABATIDO DO PREÇO).

↪️ SEM culpa do devedor: Poderá o credor optar por resolver a obrigação (sem perdas e
danos), recusando o bem, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes,
neste caso, ao estado anterior; ou aceitá-lo, ficar com a coisa no estado em que se acha, com
abatimento do preço, proporcional à perda.
ex: casa teve o telhado destruído por conta da chuva (sem culpa do devedor)
Sendo assim, o devedor pode ficar com a casa (resolve a obrigação) ou o credor aceita no

↪️
estado em que se encontra e pede abatimento (diminuição do valor).
1. O CREDOR PODE NÃO ACEITAR O BEM DETERIORADO, DESISTE DA

↪️
COISA; RESOLVE-SE
2. CREDOR PODE ACEITAR A COISA DETERIORADA MAS PEDE
ABATIMENTO DE PREÇO (VALOR MENOR)

↪️ COM culpa do devedor: Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou
em outro caso, indenização das perdas e danos.
● 1. RESOLVER A OBRIGAÇÃO, EXIGINDO O EQUIVALENTE EM
DINHEIRO + PERDAS E DANOS
● 2. ACEITAR A COISA, COM ABATIMENTO DO PREÇO + PERDAS E
DANOS

↪️ CREDOR PODERÁ NÃO ACEITAR A COISA DETERIORADA, DESISTE DA


↪️ CREDOR RECEBE O VALOR SE JÁ TIVER PAGADO
COISA.

↪️ CREDOR PODE ACEITAR A COISA DETERIORADA COM ABATIMENTO DE


PREÇO E ACRÉSCIMO DE PERDAS E DANOS.
Não aceitar a coisa deteriorada e receber o equivalente que já tinha pagado + perdas e danos.
Poderá aceitar a coisa deteriorada + o valor da depreciação + perdas e danos.

OBS.: No caso de culpa do devedor, se o credor ficar ou não com a coisa deteriorada, nos
dois casos ele terá direito a indenização por perdas e danos.

↪️
PERDA DA COISA (PERECIMENTO) NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR:
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os
seus direitos até o dia da perda.

↪️ SEM culpa do devedor: o credor, por ser proprietário, arcará com todos os prejuízos,
extinguindo-se a obrigação, sem que tenha direito a qualquer ressarcimento.
↪️
ex: casa locada e incêndio por força maior, locatários não tiveram culpa.
O CREDOR FICA COM O PREJUÍZO DO PERECIMENTO POIS É
PROPRIETÁRIO DA COISA.
Entretanto, são resguardados os direitos do credor até o dia da perda.
ex: casa alugada por um ano, o incêndio aconteceu no mês 6. O credor terá direito de receber
o pagamento de aluguel pelos 6 meses que o locatário utilizou a casa, até ser destruída.

↪️ COM culpa do devedor: Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
● O devedor sofre as consequências da sua culpa:
● Deve ressarcir o mais completamente possível a diminuição causada ao patrimônio do
credor, mediante o pagamento do equivalente em dinheiro do bem perecido, mais as

↪️
perdas e danos.
O CREDOR PEDE O EQUIVALENTE DO BEM PERECIDO E PERDAS E
DANOS.
ex: João alugou seu carro para Rafael por 10 dias. No dia 5, Rafael perdeu a direção do
veículo e colidiu com o poste. Rafael foi culpado, vai pagar o valor do carro + perdas e
danos.

↪️
DETERIORAÇÃO DA COISA NA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR:
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebe-la-á o credor,
tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar se-á o disposto
no art. 239.

↪️ SEM culpa do devedor: credor suportará o prejuízo, na qualidade de proprietário,


↪️ O CREDOR RECEBE A COISA DO JEITO QUE ESTÁ, SEM INDENIZAR
receber no estado em que se encontra, sem direito a indenização.

ex: João foi viajar e deixou seu carro estacionado na casa de Rafael, que cobrou 300 reais.
Durante esse tempo, o veículo foi atingido por uma árvore na lataria. Rafael não teve culpa,
não terá responsabilidade. João deverá receber o carro danificado no estado em que está, sem
indenizar Rafael.

*** FORÇA MAIOR OU FORTUITO CONSTITUEM EXCLUDENTES DE


RESPONSABILIDADE.***

↪️ COM culpa do devedor: responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. o credor
também pode optar pelo recebimento do bem no estado em que se achar, acrescido de perdas

↪️
e danos.
CREDOR PODE RECEBER O VALOR EQUIVALENTE AO BEM E PERDAS E

↪️
DANOS
CREDOR PODE ACEITAR A COISA DETERIORADA MAIS PERDAS E DANOS
credor pode receber o valor equivalente ao bem + perdas e danos
receber a coisa deteriorada no estado em que se encontra + perdas e danos.
ex: João foi viajar e deixou seu carro estacionado na casa de Rafael, que cobrou 300 reais.
Durante esse tempo, Rafael foi dar ré e amassou o veículo. Nesse caso, Rafael teve culpa e,
portanto, será responsável pelos danos que causou.

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