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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

Todo o direito das obrigações é dividido em:

Modalidade das obrigações: artigos 233 a 285

Transmissão das obrigações: artigos 286 a 303

Extinção das obrigações: artigos 304 a 388

Inadimplemento: 389 e seguintes.

Toda obrigação virá de um contrato entre as partes ou da lei, o CC será


aplicado de forma principal ou subsidiária a depender de qual tipo de obrigação está
sendo tratada.

Elementos das obrigações (estrutura)

Elementos subjetivos: credor e devedor conectados por um liame jurídico

Elemento espiritual ou abstrato: é o vínculo jurídico que une o credor e o devedor.


Esse vínculo é o que pode decorrer do contrato, da lei ou de um outro negócio jurídico.

A cessação desse vínculo jurídico vai depender de cada obrigação, pode ser
uma rescisão contratual, eventual declaração de inconstitucionalidade da lei etc.

Elemento objetivo/ prestação: o que o vendedor se obriga a entregar ao comprador,


que pode ser em espécie/pecúnia ou não, é possível que seja um objeto e até mesmo
uma obrigação de fazer ou não fazer.

Modalidades das obrigações

As obrigações são classificadas de diferentes formas, quanto ao objeto, à


pluralidade de objetos e pluralidades de sujeitos.
1. Quanto ao objeto:

Aqui se analisa o que está sendo entregue, podendo ser as seguintes:

Obrigação de dar: ao executar uma quantia, o rito trazido pelo código é diferente.
Basicamente, o que se pede processualmente é a obrigação de pagar quantia certa. Se
for o caso de cobrar da fazenda pública, há um rito específico, assim como ocorre com a
execução de alimentos, já que esse permite a prisão civil.

Coisa certa: artigos 233 a 242. Conceitualmente, a coisa certa é a coisa


individualizada, que

pode ser definida pelo gênero, espécie e quantidade.

LÓGICA DE JUSTIÇA:

Reis perit domino: a coisa perece para o dono. Ou seja, se algo pereceu ou se deteriorou
de forma fortuita ou por força maior, o dono é quem fica no prejuízo e a obrigação é
resolvida, com as partes retornado ao status quo antes, sem direito a perdas e danos.

Dano + culpa = indenização. Se o perecimento/deterioração se deu em razão da culpa


de alguém, ele terá que indenizar o dono. Assim, a obrigação só será resolvida com o
pagamento da indenização.

Caso haja perda da coisa, ocorre a resolução da obrigação e o pagamento de


indenização, mas caso haja a deterioração da coisa, ela deverá ser restituída ao dono
no estado em que se encontra, além de receber também a indenização cabível. Art. 240
CC.

Em nome da vedação ao enriquecimento sem causa, são ressalvados os direitos


do credor até o dia do perecimento da coisa, ou seja, imagine que uma pessoa alugou
um carro por 30 dias e no décimo dia de aluguel este é roubado, de forma que houve um
perecimento do bem sem culpa da pessoa que alugou o veículo. Nesse caso, haveria
dever de restituição? Não, pois a coisa perece para o dono, apenas é devido o
pagamento do aluguel desses 10 dias que o carro ficou em posse do locador, inclusive,
os demais 20 dias que o carro seria locado, não são de pagamento obrigatório. Isso,
obviamente, é a regra geral, nada impede que na realidade a locadora faça um seguro a
cada carro alugado de forma que o locador se comprometa com eventuais danos. No
exemplo citado haveria resolução da obrigação sem pagamento de indenização.

Quando se tem um contrato de mútuo – empréstimo de coisa fungível – há


assunção da obrigação de pagar uma quantia + juros, assim, imagine que a pessoa fez o
empréstimo no banco e ao sair da agência a pessoa é assaltada, nesse caso, quem seria o
responsável? A partir do momento que o dinheiro é emprestado, quem se torna o dono
dele é a pessoa que fez o empréstimo, assim, o banco não tem nada a ver com o assalto
ocorrido, de forma que a pessoa assaltada continua com a obrigação de pagar o
empréstimo nos moldes em que foi feito.

No comodato é preciso ter um cuidado maior, porque aqui há uma junção do res
perit domino com o princípio da proteção simplificado do agraciado, o STJ já entendeu
que a lógica de justiça é diferente. Para o tribunal, o comodante – aquele que empresta a
coisa – só precisa indenizar benfeitorias necessárias se elas forem urgentes ou
imprevistas, o que se difere do caso do locatário, que precisa ser indenizado perante
qualquer benfeitoria necessária.

Há exceções ao res perit domino, algumas vezes prevista pela própria lei. Por
exemplo, é o caso de contrato de compra e venda com clausula de reserva de domínio,
cuja previsão se encontra no artigo 524 do CC, onde é aplicado o res perit emptoris, a
coisa perece para o comprador. Na prática, isso nada mais é do que uma cláusula
suspensiva consistente no pagamento do preço. Isso serve para o vendedor deter a
propriedade da coisa até o pagamento integral da coisa pelo comprador, até lá o
comprador é tratado como um comodatário. Dessa forma, se a coisa é roubada, por
exemplo, quem fica no prejuízo é o comprador, apesar de não ser o dono ainda, ele
assume o risco e deve continuar arcando com as parcelas das compras. Essa cláusula só
tem eficácia contra terceiros se ela for registrada no órgão de registro público
competente.

Coisa incerta: artigo 243 a 246. Apenas é definido pelo gênero e pela quantidade,
por isso não é individualizado. É também chamado de obrigação genérica.

LÓGICA DE JUSTIÇA
Genus nunquat perit: o gênero nunca perece. Dessa forma, é irrelevante o perecimento
fortuito de uma coisa específica, já que o devedor se obrigou a uma coisa genérica e não
individualizada.

Exemplo: uma pessoa compra uma saca de café no dia 1 de junho, para que ela seja
entregue no dia 01 de julho, no dia 28/06, porém, ocorre um incêndio na plantação, que
não foi causado pelo seu dono, que nesse caso é o vendedor. Assim, como se trata de
obrigação de dar coisa incerta, o prejuízo não será suportado pelo dono, que nesse caso
é o comprador, mas pelo devedor, que deverá se virar para entregar a saca de café na
data combinada.

Há uma exceção quanto a isso quando o gênero for limitado, o que gera
resolução da obrigação sem pagamento de perdas e danos, isso ocorre sempre que
houver limitação do universo de onde será retirada a coisa. No exemplo da saca de café
acima, seria como se ficasse estipulado que fosse tirada uma saca de café entre os grãos
a serem colhidos na Fazenda X, por exemplo. Nesse caso, havendo o incêndio fortuito
que impossibilite a retirada da saca, a obrigação é resolvida.

Fase da concentração: quando há a escolha de uma coisa incerta, o devedor


faz a escolha do que será entregue. Ao escolher e comunicar ao devedor o que ele
receberá de especificada, tornou-se uma obrigação de dar coisa certa, aplicando-se essas
regras.

Obrigação de fazer: artigos 247 a 249

Obrigação de não fazer: artigos 250e 251

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