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• Execução
D o Estado quem a promove, em resposta à provocação da parte interessada (o
credor); ela não necessariamente vai substituir o pagamento, mas serve também
para estimular o devedor a pagar
OBS: nem todos os meios de execução vão resultar necessariamenteno pagamento
2. indireta
o o Estado usará meios para compelir, influir, na vontade do devedor para que
ele cumpra com suas obrigações - não é o Estado quem faz, mas sim o
devedor
OBS: é uma preocupação latente as medidas executivas atípicas que ganham
espaço na jurisprudência em decorrência do novo CPC: antes havia uma forma I
padrão a ser seguido em relação aos meios que o juiz teria para compelir o
devedor a pagar (ou seja, era tipificado) - compreendeu-se que esse
formalismo causou uma disfunção no sistema, devido a pessoas que abusavam
da liberdade - começaram a surgir medidas atípicas como prender o
passaporte até que seja pago, suspender CNH, cancelar cartão de crédito etc
• Prestação
o não é obrigação = é objeto
• Obrigações de dar
o existirá quando houver pretensão ou puder ser exigida pelo credor a dívida de dar;
- há certa prevalência dessas obrigações, visto que são regras mais minuciosas e há
13 artigos só para elas - quantitativamente maior e mais minudente - razão
histórica para isso: não se alterou tanto o CC de 16 em relação a esse tópico, e o
contexto deste código era o de uma sociedade com economia agrária, ou seja, os
contratos de compra e venda têm uma importância central - atualmente, vê-se
maior importância no terceiro setor, o de serviços, que é vinculado as de fazer!!
D vences acredita que isso é um 'falso problema' porque ainda há um peso muito
grande nas obrigações de dar e as razões para a minuciosidade procedem
- pode ser referir a dar coisa incerta ou certa - a certeza ou a incerteza são
relativas à coisa e não à dívida ou à obrigação decorrente - o objeto da dívida (e da
obrigação) é a prestação de dar. e, portanto, certa; o objeto da prestação que pode
ser coisa incerta
OBS: coisa "# bem
D bem = gênero (parte geral do CC)
D coisa = espécie (parte especial) = é bem tangível, suscetível de apropriação,
individualização - a boa doutrina (nem sempre majoritária) entende que coisa é
coisa corpórea [não necessariamente significa que vai ter uma expressão pecuniária]
ex: um sujeito reservou um quarto de hotel na categoria mais barata que havia - no
dia que ele foi para o hotel, estava havendo uma convenção e por causa dela todos
os quartos baratos estavam alugados - teve que deslocar-se para outro hotel, com
quarto de luxo = o caso não é esse, mas sim que ele iria fazer uma prova no dia
posterior que ficava de frente para o primeiro hotel - ação pedindo indenização
- obrigação de restituir: quem restitui dá, não o que é seu, mas sim o que é de
propriedade ou posse do credor, ou de terceiro a quem o credor transferiu a coisa.
D para o direito brasileiro, a restituição diz respeito a coisa certa
- obrigação de dar coisa futura: ainda que não existente no momento da celebração
do , é certa e determinada
O o Código Civil prevê regra expressa de sua admissibilidade, no art. 483, que trata
do contrato de compra e venda -. o contrato ficará sem efeito se a coisa não vier a
existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório; nessa
segunda hipótese, os riscos são do credor quanto a vir a coisa existir ou não no
futuro, conforme convencionado
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso,
f.
faz ressalvas em relação aos acessórios - ex: um automóvel, em que pode ser
vendido com os tapetes (acessórios) ou sem, a depender do contrato
OBS: a obrigação diz respeito apenas aos acessórios propriamente ditos (partes
integrantes do bem principal), e não as pertenças [bem que foi feito para usar no
bem principal mas que não faz parte essencialmente dele (salvo se resultar da Lei,
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso, conforme art. 94 CC)]
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar
a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos.
e
ex: joão comprou, e pagou, um caminhão, em que a loja ficou responsável por fazer
revisão e entregar o veículo no prazo de 24h ._ ele, acreditando que iria receber no
prazo determinado, aceitou vários fretes para os próximos dias ._ houve um
acidente dentro da própria loja e foi danificada toda lateral do caminhão ._ nesse
caso joão poderá: recusar a coisa deteriorada, receber o valor corrigido que pagou
pelo caminhão e ainda receber as perdas e danos em virtude de não poder realizar
os fretes que havia se comprometido li ou receber a coisa deteriorada acrescida do
valor da depreciação do bem e perdas e danos que sofreu por não realizar os fretes
• Melhoramentos
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e
acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir,
poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os
pendentes.
D frutos percebidos são aqueles que já foram colhidos; separados do bem principal
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos.
D se foi com culpa, o credor pode exigir o equivalente mais perdas e danos [art. 239]
Art. 1,216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhido e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que
se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
o favor debitorisl
ex: ana flávia é proprietária de 1 O cabeças de gado, podemos fazer um ranking do
"melhor" boi (maior, mais novo, etc) para o "pior" (menos saudável, mais magro etc.)
---. diz o código que a escolha cabe ao devedor [nesse caso, ana] mas que ele não
pode dar a coisa pior e nem é obrigado a dar a melhor ---. a interpretaçãoque se dá
é que se busque o "meio-termo", evitando a malandragem---. mas isso não impede
que o devedor dê o "2º pior" boi, não há regra contra isso
OBS: vences considera que a redação no livro das sucessões é melhor: "Se o
legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la,
guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade." [art.
1.929 CC/2002]
OBS [2]: essa escolha que é feita pelo devedor é chamada pela maioria como
"concentração", mas há uma crítica de Pontes de Miranda e de Geraldo Neves em
relação a impropriedade do termo, porque aqui a prestação não é incerta, é certa:
prestação de dar ---. o que é incerto é o objeto da prestação, e ele não vai ser
determinado, mas sim concretizado (por isso é chamado de concretização: o
devedor tira a coisa do abstrato e a concretiza)
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
- princípio genus nunquam perit = o gênero nunca perece = gênero, em regra, antes
da especificação, é ilimitado
O garante segurança jurídica ao adimplemento da relação obrigacional, por parte do
devedor, uma vez que, antes da escolha - ou seja, da concentração do objeto em
coisa certa - este não poderia deixar de cumpri-la pelo simples fato de, ao momento
do vencimento, não possuir a coisa em seu domínio
ex: você prometeu dar 1 O sacas de feijão, mas as que você tinha foram estragadas
por uma cheia - você não pode alegar que não pode mais dar, visto que a
promessa foi de 1 O sacas de feijão, não de 1 O sacas de feijão suas --. não há como
alegar que não se pode comprar feijão em outro lugar, dado que não foi especificado
OBS: Paulo Lôbo considera algumas exceções a essa regra, como quando, por
exemplo, surge uma lei que proíbe algo --. ex: a promessa era entregar garrafas de
vinho, mas uma lei foi aprovada proibindo a venda de bebida alcoólica - neste
caso, se foi proibido, você não tem como entregar, não tem como cumprir!
OBS de Paulo Lôbo: às vezes, pode haver dúvidas se a obrigação é de dar ou fazer
--. ex: a encomenda de um quadro a um pintor é obrigação de fazer I a obrigação de
entregar um quadro já pintado é uma obrigação de dar ---+ por vezes a obrigação de
dar é acessória da de fazer. como na hipótese de escrever um livro, em que o
principal é escrevê-lo, podendo acessoriamente existir o dever de dar, de entregá-lo
a um editor --. no exemplo do quadro, não se pode constranger alguém, inclusive
judicialmente, a que pinte um quadro, nem terceiro pode fazê-lo mas, realizada a
obra, surge a obrigação de entregar (dar) o quadro; esta última prestação é exigível,
inclusive mediante execução forçada
OBS de Pontes de Miranda: preferiu inverter a ordem do Código Civil, pondo-se o
geral antes do especial, argumentando que muito tempo hesitou em só se referir às
obrigações de fazer, de que as obrigações de dar seriam espécie, porque "dar é
fazer, porém fazer que se trata de modo especial, porque supõe o bem que se
desloca"
o vences diz que é claro que às vezes vai existir uma zona cinzenta
ex: eu tenho uma atividade, você me encomenda um parecer - minha obrigação é
elaborar o parecer, atividade intelectual - quando termino não posso dizer que está
na minha cabeça, mas sim haverá de ser por escrito = é necessário que esse 'fazer'
se materialize em algum lugar ---+ assim, seria obrigação de fazer, mas para provar o
cumprimento terá que levar essas ideias por uma base e mandá-la ao requerente ---+
• Obrigações de fazer
D Clóvis Beviláqua: nessa obrigação, o objeto da prestação é um ato do devedor
- Caio Mário da Silva Pereira: defende que todas as prestações são na verdade de
fazer, quando se fala sobre obrigação de dar, dar é na verdade fazer a entrega .-
fazer é qualquer ação humana, que pode ser positiva ou negativa .- Vences destaca
que a distinção entre elas se justifica pela questão de diferenciação em relação à
tutela processual, ou seja, pelas peculiaridades que vão existir em cada tipo de
execução ---+ na prestação de fazer a própria ação humana já satisfaz, realiza por si
só o interesse do credor
[tutela genérica = conversão em perdas e danos ou indenização li específica = quer
que o devedor cumpra ou realize a prestação que se comprometeu anteriormente]
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
o nesse caso, o fato pode executado por terceírc=- o devedor então deve contratar
terceiro para realizar o serviço .- se ele se recusar, o credor pode contratar um
terceiro e pedir o ressarcimento do devedor caso este se recuse a realizar a
prestação -+ em caso de urgência, o credor pode mandar um terceiro executar sem
a ordem judicial [Paulo Lôbo aponta que essa urgência se dá em favor do credor, ele
não precisa provar a urgência, apenas alegar]
o o credor obtém o seu resultado, ainda que parcialmente satisfatório, para depois
obter, em juízo, o ressarcimento por parte do devedor.- mas no que diz respeito a
execução do fato ele já conseguiu, quando mandou terceiro executar
,[ '
1. obrigação estritamente (ou meramente) de não fazer
ex [1 J: coloca o filho de castigo para ficar sentado sem fazer nada por 5min -
obrigação de ficar imóvel
ex [2]: obrigação de não revelar segredo - não fazer e ponto!
2. obrigação de tolerar
ex [2]: a lei de liberdade econômica traz a obrigação de tolerar no seu art 3º, 1 = se a
atividade é de baixo risco, o poder público não pode impedir a realização de uma
atividade remunerada por um empresário I profissional
D uma menininha vende limonada com sua barraquinha na rua - aqui no Brasil, a
menina que fez isso foi proibida por um fiscal - teria que pedir alvará ao município,
pedir CNPJ etc = um absurdo! - para a lei (e Vences concorda) não se pode
impedir que essa atividade seja realizada, isso seria a obrigação de tolerar!
ex [3]: direito de vizinhança, art. 1285 CC 2002: 'o dono do prédio que não tiver
acesso a via pública, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger
o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário'
o vences teve um cliente que tinha uma casa em cima de um morro, cuja passagem
se dava por meio de uma escada de frente a um posto de gasolina, esse era o único
acesso que ela tinha - o posto foi vendido e o novo dono mandou derrubar a
escada - entrou com uma ação para garantir o direito de passagem - o acesso
natural era a escada
D obrigação de tolerar pois o proprietário do terreno tem que permitir que o vizinho
passe para ter acesso à via pública!
OBS: na execução da obrigação de não fazer não precisa comprovar que houve a
violação do direito, tanto que o CPC no artigo 497, no parágrafo único, ele diz que:
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor,
se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode
exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o
culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor
desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimentodevido.
o essa medida deve ser adotada desde que ela seja útil e possível!
- a regra geral é a de que não se pode compelir fisicamente o devedor a desfazer o
ato_. como o interesse social e a própria segurança jurídica exigem o cumprimento
da obrigação, permite o Código seja o ato desfeito pelo próprio credor ou por
terceiro, à custa do devedor
- ressalta-se, no entanto, que essa tutela específica e excepcional prevista no
parágrafo único não poderá atingir situações já consolidadas, devendo ser utilizada
com parcimônia _. o credor da obrigação negativa de não construção de um prédio
que já está pronto não poderá promover-lhe diretamente a demolição
ex [1 ]: em alguns condomínios fechados existem certas regras em relação ao
paisagismo, não se permite que levantem muros (obrig de não fazen-» se a pessoa
levanta o muro, vai ter que desfazer (tem utilidade e é possível pedir)
ex [2]: a obrigação é de não revelar segredo ._ depois que a fez, não se desfaz
• Obrigações alternativas
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa
não se estipulou.
§ 4 .12 Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la,
caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
OBS: uma coisa que CC não diz, e Geraldo Neves sim, é a possibilidade de escolha
se dar por sorteio: parece que é contemplada no caput ('se outra coisa não se
estipulou'): coisa de programa de televisão, você ganha a prova mas tem que lançar
o dado - isso é uma obrigação alternativa em que a escolha se dá por sorteio:)
§1 .12 Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte
em outra.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou ~
tornada inexegüível, subsistirá o débito quanto à outra.
EXCEÇÃO:
D Pontes de Miranda faz uma ponderação - que já era feita pela doutrina alemã,
também, o que fez ser incorporado no CC alemão - no sentido de que, em alguns
casos, quando o credor de boa fé não pode nem deve esperar que o devedor
naquelas condições cumpra a obrigação, ainda que seja relativa e o caso gere
exclusão da obrigação - CC alemão começou a considerar a impossibilidade
relativa como hipóteses de extinção da Obrigação
ex: a mãe é cantora de ópera I o filho fica doente e vai parar na UTI I ela tinha se
comprometido a participar de uma apresentação mas o filho está internado --1- é um
caso de impossibilidade relativa mas um credor leal não pode esperar que a mãe
tenha cabeça para ir cantar na ópera nas devidas circunstâncias --1- é de se admitir
que seria excessivamente oneroso - e até cruel - exigir que ela cumpra as
obrigações nos termos dados - impossibilidade superveniente relativa com
exclusão da obrigação!! [se a obrigação é extinguida, se ela havia recebido
anteriormente, vai ter que devolver o valor; se não, seria enriquecimento sem causa}
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações,
não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que
por último se impossibilitou,mais as perdas e danos que o caso determinar.
O como ensina Pothier, nesse caso o devedor perde o direito de escolher, porque
com a extinção da primeira prestação ficou devendo, obrigatoriamentea segunda, já
a única devida, de modo que, tornando-se também esta impossível, só por ela deve
responder o devedor
- presume-se que há uma sequência, ou seja, uma prestação se impossibilitou
primeiro e a outra depois, de modo que haveria uma última - o CC não contempla a
possibilidade de as prestações terem se impossibilitado simultaneamente,que é algo
possível
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação
') f'
subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor,
ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de
qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
o nesse caso o credor não é obrigado a aceitar a prestação que subsistiu, ele pode
escolher a que se tornou inexequível [irrealizável], se ela for mais interessante para
ele, financeiramente
o se as duas se tornarem impossíveis, ele pode escolher a que lhe aprouver [o que
for melhor para ele, no caso], porque aqui a escolha foi deferida ao credor
[se não fosse assim estaria subtraindo ao credor o direito de escolha, quando, na
verdade, ele só poderá ficar privado desse direito por um fato decorrente de caso
fortuito ou força maior, jamais por ato culposo do devedor, que poderia, de propósito,
fazer perecer a prestação mais valiosa, no intuito de causar prejuízo ao credor!!]
.2 'l
• Obrigações divisíveis
o havendo uma pluralidade de credores ou de devedores e sendo o objeto da
prestação divisível, a obrigação se divide em tantos quantos forem os credores ou
devedores
- são divisíveis as obrigações cujas prestações podem ser cumpridas parcialmente e
em que cada um dos devedores só estará obrigado a pagar a sua parte da dívida,
assim como cada credor só poderá exigir a sua porção do crédito
ex: num contrato de compra e venda, havendo vários compradores, pactuou-se o
valor do preço -- são 4 compradores, apenas 1 devedor e pactuou-se o preço no
importe de 1 milhão de reais -- dinheiro é bem divisível
OBS: diferentemente do que ocorre com as obrigações alternativas, aqui a prestação
é uma só -- a pluralidade é dos sujeitos da obrigação
• Obrigações indivisíveis
o diz-se indivisível a obrigação caracterizada pela impossibilidade natural ou jurídica
de fracionar a prestação, na qual cada devedor é obrigado pela totalidade da
prestação e cada credor só pode exigi-la por inteiro
os credores ou devedores.
o é uma presunção relativa, visto que pode ser afastada a depender das
circunstâncias do caso concreto [oposto de absoluta - iuris et de jure]
- para pessoa ter direito à metade do bem, tem que ter pago o valor correspondente!
o no contrato de compra e venda, presume-se que havendo vários compradores,
cada um desses compradores paga a parte igual a dos outros, mas no caso
concreto, é possível demonstrar que um pagou a mais, que ele vai ter direito a mais,
a não ser que haja cláusula expressa em sentido diverso
OBS [1]: apesar do dinheiro ser um bem divisível, pela vontade das partes, pode-se
pactuar que a obrigação que tem por objeto um bem divisível seja indivisível
o Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes
ex [1 - por lei]: a hipoteca é um bem indivisível, a garantia de hipoteca recai sobre a
totalidade do bem, isso por determinação da lei, o CC preceitua assim
ex (2]: o módulo rural, é um bem indivisível mas há até um debate que está em pauta
no STF ou é no STJ, se é possível adquirir por usucapião rural uma área menor que
o módulo rural, já que é um bem indivisível e, em tese, não poderia ser fracionado
OBS [2]: Alexandre Correia afirma que o que se presumiria indivisível era obrigação
de não fazer - ex: não revelar segredo -+ não adianta revelar uma parte e dizer que
não descumpriu porque foi só uma parte
o vences acha que o pensamento dele faz sentido mas não conseguiu pensar em
outro exemplo de obrigação de não fazer, mas faz sentido que seja indivisível
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou
um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem
econômica, ou dada a razão determinante do .
O por sua natureza: o dever de não revelar segredo não é suscetível de divisão = se
você revela parte, já está revelando segredo
o por motivo de ordem econômica: se você da uma martelada no diamante, ele vai
passar a valer menos -+ é um bem que pode ser dividido, só que ele inteiro vai valer
muito mais do que os fragmentos, então não faz sentido
o em relação à razão determinante do : tem a questão da vontade, que pode
determinar que certo bem é indivisível, e tem outras questões - ex: se você vende
um boi vivo - um boi vivo não é divisível, porque se você o vai matá-lo
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada
ex: há vários herdeiros e o pai deixou uma herança, um imóvel - esses herdeiros se
juntam para vender o imóvel e pactuam essa obrigação como indivisível -. um
herdeiro vai e entrega o bem - presume-se aí que há uma cota relativa a esse
herdeiro, de modo que ele se sub-roga no lugar do credor, mas não em relação à
totalidade da dívida, ele vai abater a parte dele -. se o bem tinha o valor de 1 milhão
e eram 4 herdeiros, ele vai se sub-rogar em 1 milhão menos 250 mil, ele vai se
sub-rogar, no direito do credor, em relação a 750 mil reais
D vai poder cobrar os 750 mil dos outros devedores, sejam eles reunidos ou um só
- você paga a dívida toda, agora a dívida, a parte que é dos outros devedores, vai
ser paga a você - a obrigação é a mesma, só que o credor mudou -+ como se o
herdeiro pagasse a dívida dos outros, que é dele também
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores. poderá cada um destes exigir a dívida
inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
1 - a todos conjuntamente;
li - a um, dando este caução de ratifica~o dos outros credores.
D se forem vários credores, é óbvio que se o devedor pagar todos em conjunto, ele
vai ser desobrigado
- a questão está em como ele vai se desobrigar pagando apenas um deles = caução
de ratificação - um tipo de caução pessoal, em que alguém que garante uma coisa
por outra pessoa - nesse caso, os outros credores asseguram ou concordam que o
pagamento seja feito a um só credor-+ assinam um termo (recibo) para comprovar
u se ele pagar sem a caução de ratificação, fica sujeito a ter que pagar de novo, já
que não vai ter a prova da quitação [é uma garantia]
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação,
D a remissão, o perdão, concedido por um dos credores não extingue a dívida toda,
danos.
§1 11 Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores,
ex [2]: alexandre mata a ovelhinha, que deveria ser entregue, para fazer um
churrasco -+ por um ato dele só, se tornou impossível o cumprimento da obrigação
d. ;·, ·,, .~
J •
OBS: o § 2° se refere à exoneração dos demais co-devedores apenas no tocante a
perdas e danos e não à quitação de suas quotas na dívida!!
• Obrigações solidárias
o diz-se solidária a obrigação quando a totalidade da prestação puder ser exigida
indiferentemente por qualquer dos credores de quaisquer dos devedores - cada
devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal [;é das obrigações indivisíveis]
- parte da doutrina fala em obrigações in solidum, porque aqui a gente tem a
situação que, em virtude de lei ou de contrato, se pode cobrar ou se é obrigada a
pagar a prestação toda, íntegra [Paulo Lôbo, p. 137:
- se é mais de um devedor obrigado a dívida toda, aí a gente fala em solidariedade
passiva e se é mais de um credor, em solidariedade ativa [há credor e devedor nela]
OBS: distinção entre obrigação solidária e obrigação indivisível: a indivisibilidade é
natural e se relaciona ao objeto da prestação, enquanto a solidariedade é sempre
jurídica (decorre da lei ou do acordo das partes) e se funda em relação subjetiva -
convertida a obrigação em perdas e danos, desaparece a indivisibilidade,
permanecendo, no entanto, a solidariedade (v. arts. 263 e 271) - o devedor de
obrigação solidária, antes de demandado, pode pagar livremente a qualquer dos co
credores, enquanto o devedor de obrigação indivisível deve observar o art. 260
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
ex: a lei obriga, em algumas situações, que a obrigação seja solidária -+ no direito
do consumidor, o artigo 18, institui a responsabilidadesolidária dos fornecedores em
relação a ofício do produto etc
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou
co-devedores,e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimentoda prestação por inteiro.
•._ .-\
D o credor não é obrigado a exigir o pagamento da prestação por inteiro [pode exigir
pagamento parcial] e o devedor é não é obrigado a realizar o pagamento parcial,
pois é interesse dele se exonerar da dívida toda-« art. 314: "Ainda que a obrigação
tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem
o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou"
o princípio da pontualidade: a dívida deve ser paga com exatidão, cumprida ponto a
ponto; pontualidade não em relação ao tempo mas a exatidão do cumprimento
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
- princípio da prevenção: se um credor demandar, este será quem deve ser pago 1°!!
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
montante do que foi pago.
D se houve pagamento parcial, ela deixa de existir até o que foi pago -- fica o
restante da dívida solidária em relação ao montante que falta ser pago -- o
pagamento parcial não extingue a solidariedade
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes
só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
D a morte do credor solidário põe fim a solidariedade pois vai se deferir aos
herdeiros o direito de exigir apenas a sua guota correspondente ao quinhão
- se for indivisível, há várias hipóteses, por ex.: se o objeto for um carro,
normalmente vende o carro e divide o valor recebido ou um dos herdeiros fica com o
carro e indeniza os demais na medida em que cabe a parte de cada sobre o valor
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caiba.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
pessoais oponíveis aos outros.
D as defesas que o devedor possa alegar contra um só dos credores solidários não
podem prejudicar aos demais -- se a defesa do devedor diz respeito apenas a um
dos credores solidários, só contra esse credor poderá o vício ser imputado, não
atingindo o vínculo do devedor com os demais credores
- enquanto a pretensão confere ao credor a prerrogativa de tensionar a relação e
exigir alguma coisa, o devedor tem direito a exceção que é o direito de se opor à
essa exigência
OBS: a palavra "exceção" não está empregada aqui em seu significado técnico
específico -+ refere-se genericamente às "defesas" que o devedor dispuser contra o
credor, abrangendo também objeções e direitos potestativos extintivos, como é o
caso da compensação e da confusão - para Didier, seriam 'contra direitos'
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais,
mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o
devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.
O princípio da beneficência: a coisa julgada só vai fazer efeitos, estender aos outros
credores solidários se for favorável a eles
- se for desfavorável, como só foi uma decisão em razão de um dos credores,
somente aquele credor teve o direito ao devido processo legal, ao contraditório,
então a questão não foi passada pelo crivo contraditório dos outros credores - só
fará efeitos sobre aquele credor que teve esse direito
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único.
Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra
um ou alguns dos devedores.
D se um deles falece, a dívida pode passar aos herdeiros - a execução recai sobre
o patrimônio do devedor e não porque a obrigação tem caráter pecuniário [não é
necessariamente patrimonial, mas a execução da dívida, no nosso sistema, recai
sobre o patrimônio existente do devedor, que vai do falecido ao(s) herdeiro(s)]
- princípio de beneficência: se o que ficou de herança não der (não tiver patrimônio
suficiente para pagar), os herdeiros irão pagar até o que receberam, não ficando
obrigados pessoalmente a pagar o resto da dívida
- o credor pode cobrar a totalidade da dívida do espólio, que são todos os herdeiros
reunidos!!
D os herdeiros do devedor solidário ficam na posição entre si de devedores
simplesmente conjuntos (pro parte) - mas, como pelo fato de passar a herdeiros a
condição da dívida não se transmuta, são eles coletivamente considerados e em
relação aos co devedores originários como constituindo um devedor solidário
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia
paga ou relevada.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro
co-devedor.
D só pode alegar exceção pessoal a pessoa a quem cabe aquela exceção (pessoal
ou comum), aquela matéria de defesa
ex: existe uma dívida de 900.000 reais, em que eram 3 devedores .- o credor
recebe pagamento parcial de um devedor.- fez o pagamento de 300.000 [extinguiu
parcialmente] .- subsiste a solidariedade entre os outros dois devedores em relação
aos 600.000 e inclusive ao devedor que fez o pagamento parcial [sem renúncia: era
obrigado por toda a dívida quando se tornou devedor solidário]
D o credor poderia fazer o seguinte (de acordo com o 282): aceitar esse pagamento
e renunciar à solidariedade em relação àquele devedor que pagou - não está
perdoado, está pago .- obrigação subsiste para os demais devedores em relação ao
que não foi pago e o devedor que pagou não é mais solidário ao restante da dívida
OBS [1 ]: o credor também, ainda que sem pagamento, pode renunciar a dívida em
relação a todos os devedores, ou em relação a devedores específicos = isso é
possível porque as obrigações (solidárias) são autônomas = não é uma única
obrigação = pode ser solidário em relação a um e aos outros
OBS [2]: caso seja o pagamento total da dívida e não parcial - atingiu a parte dos
outros devedores .- o devedor pagante pode pleitear rateio aos demais!!
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um
dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se
o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
D o co devedor que sozinho paga a dívida, paga afém da sua parte e por isso tem o
direito de reaver dos outros coobrigados a quota correspondentede cada um
- ex: 1 devedor pagou tudo e tá na obrigação solidária com mais outros 4 devedores,
um desses é declarado insolvente (não tem patrimônio suficiente) - os 3 vão pagar
pelo insolvente, no rateio - vão cobrir a cota + integralizar a quota do insolvente
/
• Transmissão das obrigações - cessão de crédito
o é o através do qual o credor opera a transferência, a um terceiro, do direito de
crédito que detinha contra o devedor
- objetos incorpóreos serão sempre objetos de cessão
- havendo a cessão, tem-se a relação jurídica entre o primitivo titular (cedente) e
aquele a quem se transmite o crédito (cessionário)
OBS: Paulo Lôbo chama atenção que nosso legislador escolheu o termo "cessão" de
crédito invés de "compra" [por que o crédito se cede, por que ele não se vende?] -
no Direito alemão o crédito se vende, ou seja, é objeto de contrato [compra e venda]
o no Direito brasileiro só pode ser objeto de compra e venda coisa corpórea, e o
crédito é um bem incorpóreo [não é coisa]
OBS [3]: Rodrigo Xavier Leonardo --+ cessão de crédito é um abstrato ou causal? --+
Pontes de Miranda defende que abstrato, mas o outro diz que isso traria um
inconveniente
ex: você me fez uma ameaça que se eu não lhe pagar tanto você vai me matar, aí
mediante ameaça eu passo um cheque -. eu digo "não tenho esse dinheiro agora
mas daqui a uma semana eu o terei" --+ aí você vai e passa o cheque adiante - em
tese, eu não poderia alegar coação, que anularia o basal, contra o terceiro
(cessionário) --+ porque se trata de abstrato
- causal = há uma causalidade entre de base --+ ex: doação, contrato de compra e
venda
- basal [grundgeschãft]
ex: vences resolve fazer uma doação pra ana flávia, então ela tem um crédito, o que
deu causa a esse crédito é basal -. ana flávia pode transferir esse crédito para
camila
o sobre isso, Pontes de Miranda define que esse de ana flávia com camila, um de
cessão de créditos, é bilateral e ele se desprende, se tornando independente do que
deu causa a ele, o da doação - se vences quiser revogar a doação por ingratidão
de ana flávia, isso não afetaria o crédito que camila teria em relação a vences - a
invalidade ou o descumprimento do basal não afetaria o acordo de transmissão
porque o acordo de transmissão é um abstrato e se torna independente, ganha
autonomia, em relação ao basal ou de base
OBS [4]: pode haver cessão em branco? [pode o credor ceder o crédito sem indicar
o nome do cessionário para que, caso queira, ele possa passar para um terceiro?]
- Pontes de Miranda defende que é possível - mas tomou por base o CC/16, que
não fazia referência à qualificação das partes [agora tem, no art. 654]
- no CC/20020 = entende-se que não pode haver cessão em branco, mas ela é
diferente do endosso [não precisa de notificação], esse último pode
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não
poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da
obrigação.
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão
no registro do imóvel.
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão
quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar
com a tradição do título do crédito cedido.
(
- problema: se presume credor quem está de posse do título físico, do oapel=- art.
887 regulamenta que o título de crédito é um documento necessário ao exercício do
direito .- é possível tirar a cópia do título .- como se preserva a posição do devedor
no sentido de evitar a circulação do título?
D o devedor pode pedir que o juiz determine que o credor vá até a vara para que a
secretaria carimbe no título de crédito o processo ao qual ele está vinculado etc =
assim, ele não poderia mais ser cedido ou endossado
D outra opção é pedir para depositar na vara = evita circulação
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão,
paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga
ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida;
quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da
notificação.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o
cedente.
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize,
fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe
cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver
procedido de má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor.
D não está o cedente, em regra, obrigado pela liquidação do crédito, salvo se tiver
agido de má-fé -+ na cessão, o cedente querendo, pode assumir antes do registro
-º
_,
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a
cobrança.
o na cessão de crédito onerosa é possível que a pessoa ceda o crédito por menos
que ele vale .- ex: eu tenho um crédito de 100 mil em relação à flávia, mas ela é
uma caloteira profissional - sabendo que vai ser difícil receber, cedo o crédito de
100 mil por 10 mil - estipulou-se uma cláusula de que o cedente (eu) responde pela
solvência do devedor (flávia) - flávia não paga ao cessionário alegando que não
tem como pagar .- quando o cessionário vier me pedir, eu respondo somente por 1 O
mil [até o limite de que foi pago pelo crédito]
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor
que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo
notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de
terceiro.
o a penhora, ao vincular o crédito ao processo de execução, faz com que ele saia
da esfera de disponibilidade do credor, que, por essa razão, não pode mais
transferi-lo a terceiro - se, ainda assim, proceder o credor à cessão do crédito
penhorado, podem ocorrer três hipóteses distintas:
,.,.-'
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com
todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vicio que inquinava a obrigação*.
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor primitivo.
ex: não pode alegar que o contrato entre o credor e o antigo devedor é nulo por vicio
de vontade ou que a sua relação com o primitivo devedor é nula, porque este não
lhe pagou o valor acertado como contraprestação pela assunção da dívida
OBS: mas o assuntor pode invocar os meios de defesa pessoais do antigo devedor
que já tenham sido invocados por este antes da assunção!!
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento
do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a
(
o tentativa do legislador de relativizar a orientação de que o consentimento do
credor será sempre expresso, vez que parte da doutrina se manifesta a favor do
cabimento da aceitação tácita - excetua a regra e admite a hipótese de
concordância tácita do credor hipotecário que, notificado da assunção, não a
impugna no prazo de 30 dias
2. teoria ética: o desconhecimento do fato deve ser razoável, não podendo ser
sinônimo de estupidez
o padrão do homem comum (bonus parter familias)
ex [1]: cara diz a namorada que tem uma prima orfã e que prometeu a sua tia, antes
do falecimento, cuidar dela .- todo sábado a noite se ausenta para ficar com a prima
.- considerando que a namorada aceite a situação e isso continue por anos, até ela
descobrir que a prima na verdade era amante .- pode-se alegar que ela não teria,
de fato, desconhecido a situação 'porque era óbvio' = agora não está mais de boa fé
o vences: "a teoria ética é quase uma objetivação da boa fé subjetiva, porque vai
analisar se o desconhecimento é razoável ou não - para ele, o CC adotou a teoria
2. boa fé objetiva
o traz normatividade, os contratantes são obrigados a agir conforme ela
- é uma cláusula geral, com a função de preservar o sistema e compensar a rigidez
das regras excessivamente abstratas, técnicas e especializadas - atuam como
válvulas de segurança -+ têm funções 'assistêmicas' já que permitem a construção
jurídica não prevista pelo legislador [Torquato Castro Jr: termostato da geladeira =
calibra e adapta as situações jurídicas às circunstâncias]
o os juristas começam a encarar as cláusulas gerais com reserva = indeterminação
do conteúdo - limite no uso -+ direito dos contratos se assenta em 2 fundamentos =
respeito à autonomia privada + tutela da confiança [pacta sunt servanda = aquilo que
está estabelecido no contrato e assinado pelas partes deve ser cumprido]
OBS: é incorreto afirmar que a subjetiva é fruto do estado liberal, em que vai se
procurar na subjetividade da pessoa se ela sabe ou não da ilicitude e que, quando
vem um estado intervencionista, surge a objetiva para proteger a pessoa humana -
( 1 )
r
t »,
o que ocorre é que no estado intervencionista vai haver um aprofundamento da
expansão da objetiva = ex: sociedade industrial - lógico que atrás de uma máquina
não há ninguém e não tem sentido o empregador dizer que a máquina decepou um
dedo sem intenção -+ há outros paradigmas, em que o empregador tem que adotar
um comportamento leal e garantir a segurança do ambiente de trabalho
- assim, a boa fé objetiva cumpre 3 funções:
13.874. de 2019)
{I
e boa-fé."
- cria deveres para as partes, além daqueles estabelecidos por ambas, na realização
de um .- "deveres anexos" .- regras mínimas de conduta que devem ser
observadas nas fases, pré contratual, contratual e pós contratual
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes."
I
cobrança de mensalidade, pedem os juros devido ao vencimento do boleto - isso
seria um comportamento contraditório, visto que mesmo não tendo o direito, houve o
anterior reconhecimento da escola, passando a garantir-lhe esse direito
- duty to mitigate the /oss: dever de mitigar as perdas - quem sofre o engano, não
deve agir no sentido de agravar o dano, mas sim de o atenuar
o o que acontece, muitas vezes, é uma pessoa esperar ser negativado (não fazer
nada quando há uma cobrança injusta) - quando acontece, ela vai à loja pedir um
crediário e, ao ser negada, é exposta ao ridículo - cria uma situação mais grave
para se beneficiar com uma maior indenização - má-fé!!
ex: STJ, controvérsia acerca do ressarcimento do honorário advocatício despendido
em virtude da mora do devedor - minimização do dano sofrido em face do
inadimplemento -+ contratação do advogado apenas se for estritamente necessária
- concluiu-se abusividade da cláusula contratual que previu a possibilidade de
ressarcimento dos honorários, bastando que o consumidor esteja inadimplente
1 '