Você está na página 1de 17

1

Obrigações
Apostila de Direito Civil por @resumosrumodireito

Noções Gerais
1) Disposições legais
• As regras sobre Direito das Obrigações se encontram nos artigos 233 até
420 do Código Civil;
• Está inserido dentro da parte especial do Código Civil.

2) O que estuda o Direito das Obrigações?


• O Direito das obrigações estuda a relação jurídica entre devedor e credor.
• Alguém deve algo para outra pessoa, pois existe uma Relação Obrigacional.
• O dever não necessariamente é relacionado a dinheiro.
• Exemplo: Carla vendeu uma casa para Antônio. Essa é uma relação de
compra e venda, em que Carla é obrigada a passar a casa para Antônio,
enquanto Antônio é obrigado a pagar a casa para Carla.

3) Relação Obrigacional
• A relação obrigacional é aquela estabelecida entre o credor e o devedor.

Vínculo
Credor Devedor

Prestação
2

• Credor: tem Direito de receber uma prestação.


• Devedor: tem que cumprir essa prestação.
• Vínculo: a relação entre o credor e o devedor que denota uma prestação,
que será obtida a partir de um objeto.
• A prestação pode ser:

Dar coisa

Prestação Fazer

Não fazer

4) Elementos obrigacionais
• Os elementos obrigacionais são 3: Subjetivo, Objetivo e Imaterial.
• Subjetivo: são os sujeitos da relação jurídica. Que se podem ser:
- Ativo (credor);
- Passivo (devedor).
• Objetivo: ele é o elemento material e corresponde exatamente a prestação.
A prestação pode ser um objeto:
- Imediato: É a obrigação em si (dar coisa, fazer ou não
fazer). Exemplo: na compra e venda de um carro, o
elemento objetivo imediato é uma pessoa dar o carro e a
outra pagar o carro.
- Mediato: é o bem em si. Exemplo: na compra e venda de um carro, o
objetivo material é o carro.
3

• Imaterial: é o vínculo, que é completamente abstrato, não da para ver.


• Resumo dos elementos obrigacionais:

Subjetivo Objetivo Imaterial


(sujeitos) (material) (vínculo)
Imetiato (dar,
Ativo (credor) fazer ou não
fazer)

Passivo Mediato
(devedor) (bem)

5) Diferença entre Direito Obrigacional e Direitos reais

Direito Real Direito Obrigacional


Giram em torno da propriedade. É é uma relação de sujeito e sujeito, o
uma relação entre coisa e sujeito. qual um é credor e outro devedor.

Coisa Sujeito Sujeito Sujeito

Erga omnes (todos tem que Inter Partes (só da para cobrar a
respeitar a propriedade) obrigação da pessoa que se
comprometeu cumpri-la, e não de
todos)

• É possível uma obrigação que tenha Direito Real como objeto


- Exemplo: Maria comprou um celular de João. Nesse caso,
Maria estabeleceu um Direito Obrigacional de dar o celular
para João, em troca da obrigação dele de pagar Maria. João
4

adquiriu o celular, ou seja, ele adquiriu um Direito Real, através de um


contrato de compra e venda (um Direito Obrigacional).
• Um Direito real pode ser utilizado como garantia para o cumprimento da
obrigação.
- Exemplo: Márcio financia uma casa com o banco Itaú,
então Márcio tem uma obrigação de pagar o banco
depois. Mas para garantir que Márcio pague, o banco
pede esse mesmo imóvel como garantia. Ou seja, é
necessária uma hipoteca (garantia de Direito Real para que se cumpra
um direito Obrigacional).

6) O que são figuras híbridas?


• São situações em que geram um misto de Direito Real e Obrigacional.

Direito
Direito Real
Obrigacional

Figura Híbrida

• Existem 3 figuras híbridas:

Obrigações Propter rem (ob rem)

•Obrigação prórpia da coisa - onde a coisa vai, a obrigação vai


junto.
•Exemplo: a taxa de condomínio de um prédio é uma relação
entre o proprietário e condomínio (direito obrigacional). Mas o
proprietário só tem que pagar o condomínio porque ele é dono
do apartamento (direito real).
5

Ônus reais

• Possui um gravame (uma restriação) limitando o uso da coisa.


• Exemplo: o usufruto em que a pessoa pode usar do bem imóvel,
mas com algumas limitações.

Obrigação com eficácia real

• Dar a uma obrigação, um efeito erga omnes (em que todos tem
que respeitar).
• Exemplo: Alice aluga uma casa de Ana, pelo contrato de 12 meses.
Durante esse período, Ana vende a casa para Helena. A Helena
(nova dona da casa) é obrigada a respeitar o contrato de locação
que foi estabelecido entre Ana e Alice, podendo tirar a Alice da
casa? Depende. Se o contrato de locação foi registrado no registro
do imóvel, a Helena tem sim que respeitar esse contrato - é o caso
de uma eficácia real a uma obrigação, pois o contrato de locação
deixou de ser só entre os sujeitos específicos, tendo em vista que
qualquer um que for comprar a casa terá que pagar.

7) Obrigação natural X Obrigação civil


• A obrigação civil é exigível judicialmente. Entretanto, a obrigação natural é
inexigível judicialmente, não podendo ser cobrada.

Obrigação Obrigação
natural civil
Não pode ser Pode ser
cobrada cobrada
judicialmente judicialmente

• A obrigação passa a ser natural quando ela prescreve ou quando ela deriva
de um ato ilícito.
• A obrigação natural não existe na esfera cível, mas existe moralmente.
6

• Na obrigação natural, o devedor pode pagar sua dívida. Mas


se ele paga, não é pagamento indevido. Então, ele não pode
entrar com uma ação pedindo o dinheiro de volta alegando
que ele pagou uma obrigação que era natural.
• Então, o credor tem um direito de retenção (soluti retentio). Ou seja, se ele
receber esse dinheiro, ele não é obrigado a devolver.

Devedor na
Não pode
dívida natural
Mas se ele exigir o
não é obrigado
pagar... dinheiro de
na esfera civil
volta
a pagar

• Exemplo: Júlia emprestou dinheiro a Vitor. Se passaram 5 anos desde esse


empréstimo, portanto, essa dívida prescreveu e Júlia não pode mais cobrar
judicialmente Vitor e a obrigação passa a ser natural. Entretanto, se depois
de 5 anos, Vitor pagar esse dinheiro, ele não pode exigir o dinheiro de volta
de Júlia porque prescreveu.
• Exemplo 2: A dívida do jogo do bicho não pode ser cobrada judicialmente,
tendo em vista que é um ato ilícito, proibido por lei. Mas essa dívida é uma
obrigação natural. Entretanto, se a pessoa paga a dívida do jogo do bicho,
ela não pode entrar com ação judicial para pedir aquele dinheiro pago de
volta.

Obrigação de dar

1) O que é obrigação de dar?


• A obrigação de dar é sobre dar uma coisa, e essa coisa pode ser: certa ou
incerta.
7

Certa
Coisa
Incerta

2) Coisa certa
• Coisa certa é aquela individualizada, específica.
• Exemplo: Ana vendeu seu carro (um Fusca) para Carol. Então, Ana tem a
obrigação de dar coisa certa a Carol, uma vez que Ana tem que dar o seu
carro em específico, não podendo ser outro, mesmo até que seja outro
Fusca.
• Exemplo 2: Paulo comprou um quadro de um artista famoso.
O artista é obrigado a dar o quadro específico que o Paulo
comprou, não podendo ser substituído por outro.
• Dar coisa certa pode ser em duas modalidades: Entregar ou restituir.

Passar a
Entregar
Dar coisa propriedade
certa
Restituir Devolver

• Entregar é transferir a propriedade de uma pessoa para outra.


- Exemplo: Carla vende seu antigo computador para Patrícia
pelo valor de 3 mil reais. Então, a Patrícia paga 3 mil reais a
Carla, e Carla tem a obrigação de entregar (passar a
propriedade) seu antigo computador a Patrícia.
8

• Restituir é devolver a coisa.


- Exemplo: Caio combina de emprestar seu celular a Rebeca por 5 dias.
Passados os 5 dias, Rebeca tem a obrigação devolver (restituir) o celular
a Caio.

3) Coisa incerta
• Tem que definir o gênero e a espécie, mas não é algo em específico.
• Exemplo: André comprou um iPhone 13 rosa em uma loja. A loja é obrigada
a dar um iPhone 13 rosa a André, independentemente de qual for, pois o
André não comprou exigiu um em específico.

4) Regra do res perit domino


• Se a coisa se perder ou for danificada, sem culpa do devedor, quem assume
o prejuízo é o dono da coisa. Entretanto, se o devedor tiver culpa, ele que
assumirá o prejuízo.
- Quem estabelece essa regra é o artigo 234 do Código Civil:
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa
do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa
do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

• Segundo os artigos 1.226 e 1.227 do Código Civil, a propriedade é passada


de uma pessoa para a outra depois da:

Tradição (entrega) • Para bens móveis.

Registro em
• Para bens imóveis.
escritura pública
9

Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou


transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por
atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de
Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos
neste Código.
• Exemplo: Carla vendeu seu computador para Patrícia, que em seguida já lhe
pagou. Entretanto, antes de Carla entregar o computador para Patrícia, ela
foi roubada e levaram junto o computador. Assim, como ainda não tinha
ocorrido a tradição (entrega), Carla ainda era dona do
computador, e, portanto, ela que irá assumir o prejuízo do
roubo. Mas se Carla já tivesse entregado o computador a
Patrícia, e depois roubaram o computador, Patrícia assume o prejuízo,
tendo em vista que já houve a tradição, e, portanto, ela que é a proprietária.

Antes da Depois da
tradição tradição
A proprietária é Carla A proprietária é Raquel
Se a coisa sofreu prejuízo: Se a coisa sofreu prejuízo:
Carla que assume. Raquel que assume.

Se houve culpa da Raquel no Se houve culpa da Carla no


prejuízo: Raquel que assume. Prejuízo: Carla que assume.

• Exemplo 2: Caio empresta o celular a Rebeca por 5 dias. Durante esses 5


dias, Rebeca foi roubada e levaram o celular de Caio. Nesse caso, quem
assume o prejuízo é Caio, pois ele é o dono do celular e Rebeca não teve
culpa.
10

5) Principal regra sobre a obrigação de dar


• O credor de uma obrigação de dar não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
• Ou seja, se uma pessoa comprou algo em específico, ela tem que receber
aquele algo específico que ela detalhou, não sendo obrigada a aceitar outra
coisa, mesmo se essa outra coisa for mais valiosa.
• O credor pode aceitar receber coisa diversa do que foi combinado, mas ele
não é obrigado a aceitar.
• Essa regra está especificada pelo artigo 313 do Código Civil:
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
• Exemplo: se o André comprou um iPhone 13 rosa, ele não é
obrigado a aceitar um iPhone 11 ou um iPhone 13 de outra cor
que não a rosa. Ele tem direito ao celular que ele detalhou o
que queria na sua compra.

6) Acessórios
• Os acessórios são aqueles que seguem os bens principais.
• São 4 as modalidades de acessórios:

Frutos Produtos

•Acessórios que saem da •Acessórios que saem da


coisa principal e possuem coisa principal mas não
renovação periódica. possuem renovação
•Exemplo: aluguéis de uma periódica.
casa são acessórios civis, •Exemplo: pedras preciosas
pois sempre tem. de uma mina.
11

Benfeitorias Pertenças

•Acréscimos feitos pelo •São bens móveis que são


humano na coisa. Tendo 3 introduzidos em um bem
tipos: imóvel, que acabam
•Útil: Melhora o uso do ficando essencial a esse
bem. bem imóvel.
•Necessária: Conserva o
bem.
•Voluptuaria: para melhor
lazer ou embelezamento.

• Princípio da Gravitação Jurídica: o acessório segue o principal. Segundo o


artigo 233 do Código Civil.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora
não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias
do caso.
• Mas esse princípio não é absoluto! Pois ele vai abranger apenas os frutos,
produtos e benfeitorias, excluindo as pertenças.
• Então, as pertenças são partes não integrantes da coisa.
• Portanto, se a pessoa tem obrigação de dar coisa, ela é obrigada a entregar
a coisa junto com os seus frutos, produtos e benfeitorias. Mas não é
obrigada a entregar junto as pertenças.
• As pertenças só vão junto com a principal se constar expressamente no
contrato.
• Exemplo: Maria vende sua casa para Clara. Nessa casa, tinha um
ar-condicionado. Maria não é obrigado a deixar o ar-
condicionado na casa e dar para Clara, porque o ar-condicionado
é uma pertença.
12

7) Melhoramento e acréscimos da coisa


• Até a tradição pertence ao devedor (dono da coisa que ainda tem que
entregá-la) os melhoramentos e acrescidos da coisa, podendo exigir
aumento no preço.
• Ou seja, se a coisa foi melhorada ou valorizada, a pessoa que vendeu a coisa,
mas ainda não a entregou, pode exigir que quem comprou essa coisa pague
mais.

Se melhorou a Pode exigir que se


coisa pague mais por ela
• Essa regra está disposta no artigo 237 do Código Civil:
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se
o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

• Se quem comprou a coisa não quiser pagar esse aumento no preço pelo
melhoramento o acrescido, o que vendeu devolve o dinheiro para quem já
pagou e se encerra a obrigação.
• Assim, quem vendeu, não é obrigado a dar coisa a quem já comprou se essa
pessoa não quiser pagar o valor mais alto devido ao melhoramento da coisa.
• Exemplo: Carmen vendeu sua fazenda para Maria. Mas
Raquel combinou com Maria que iria passar a fazenda
para seu nome, 2 meses depois do pagamento. Durante
esses 2 meses, Raquel construiu uma estrada na
fazenda para conseguir se locomover melhor. Como a estrada é um
melhoramento, a Raquel pode exigir que Maria pague a mais pelo
melhoramento na sua fazenda, já que ainda não houve registro no nome de
13

Maria. Se a Maria não concordar em pagar a mais, Raquel pode devolver o


que Maria já pagou e se encerrar a obrigação.

8) Frutos
• Os frutos percebidos da coisa pertencem a quem tem propriedade dessa
coisa.
• Mas os frutos pendentes, são de quem tiver a propriedade da coisa no
tempo que esses frutos se tornarem percebidos.
• Então, se a pessoa já pagou pela propriedade, ela só vai ter direito aos frutos
percebidos, a partir do momento em que ocorreu o registro ou a tradição
do bem.

Frutos Frutos
Pendentes percebidos

São do dono da coisa


São do dono da
no momento em que
coisa
eles forem percebidos

• Exemplo: Carmen vendeu sua fazenda para Maria. Mas Raquel


combinou com Maria que iria passar a fazenda para seu nome,
2 meses depois do pagamento. Durante esses 2 meses, Raquel
plantou uma árvore de maçãs. Se as maças ficarem maduras
(frutos percebidos) durante esses 2 meses, os frutos são de Raquel. Mas se
as maças não ficarem maduras (frutos pendentes) nesse período, os frutos
são de Maria.
• Essa regra está disposta no Parágrafo único do artigo 237 do Código Civil:
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor
os pendentes.
14

9) Dar coisa: restituir


• Os melhoramentos da coisa feito pelo possuidor (e não dono da coisa) são
restituídos dependendo do tipo de possuidor e do tipo de melhoramento.
• Há dois tipos de possuidor:

Tem legitimativdade para


estar sobre posse da coisa,
Boa-fé
ou não sabe que não possui
legitimidade
Possuidor

Não tem autorização para


Má-fé
ter o posse da coisa

• Se não tiver havido nenhumas despesas para esse possuidor realizar os


melhoramentos, ele não tem direito a nenhuma indenização.
• Foram elencados os 3 tipos de benfeitorias no tópico “6: acessórios”.
• O possuidor de boa-fé tem direito a indenização em todos os tipos de
benfeitoria que ele fizer sobre a posse.
- Entretanto, nos casos das benfeitorias úteis e necessárias, o possuidor
pode reter o bem, até que o proprietário pague a indenização.
- E para as benfeitorias necessárias o possuidor pode levantar o bem (se
puder, levar o bem embora).
- A indenização é do valor atual das benfeitorias, então se a benfeitoria
valorizou, terá que ser pago com a valorização.
- É estabelecido pelo artigo 1.219 do Código Civil:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não
lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa,
15

e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias


necessárias e úteis.
• O possuidor de má-fé não tem direito as benfeitorias úteis e voluptuárias,
mas tem direito a indenização das benfeitorias necessárias.
- Mas ele não o direito de Retenção do bem.
- Nesse caso, o possuidor só tem direito ao valor de custo da benfeitoria
ou ao valor atual (sem direito a valorização).
- É estabelecido pelo artigo 1.220 do Código Civil:
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

• Exemplo: Paulo emprestou o apartamento de José, que


realizou vários melhoramentos. Colocou ar-condicionado
(benfeitoria voluptuária), reformou o banheiro que estava
com infiltração (benfeitoria necessária) e arrumou as janelas
que estavam quebradas (benfeitoria necessária). Então, em todos esses
casos o José tem que pagar indenização pelas benfeitorias. Caso ele não
pague, Paulo pode ficar sobre posse do apartamento até que José pague o
conserto das janelas e infiltração. Se José não pagar só pelo ar-
condicionado, Paulo pode retirar o ar-condicionado do apartamento.
• No contrato de locação, as regras são diferentes em relação as benfeitorias
feitas pelo locatário no imóvel:
- Se o locatário estiver realizado benfeitorias necessárias ele será
indenizado e tem direito de retenção.
- No caso das benfeitorias úteis, o locatário só será indenizado e terá
direito de retenção se realizou a benfeitoria com autorização do
locador.
16

- As benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis, mas podem ser


levantadas pelo locatário (caso não deixem prejuízo ao imóvel) no fim
do contrato.
- Segundo o artigo 35 e 35, da Lei 8.245:
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não
autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão
indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser
levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não
afete a estrutura e a substância do imóvel.

• Tabela de resumo:
Benfeitoria Benfeitoria Útil Benfeitoria
Necessária Voluptuária
Possuidor de Indenização + Indenização + Indenização +
boa-fé retenção retenção levantar
Possuidor de Indenização Sem direitos Sem direitos
má-fé
Locatário Indenização + Indenização + Só levantar
retenção retenção (com
autorização do
proprietário)

10) Regras sobre dar coisa incerta


• A coisa incerta é aquela que só foi definida em relação ao seu gênero e
quantidade, e não determinou qual coisa específica é.
17

• Indeterminabilidade temporária: A coisa incerta será incerta apenas por


determinado período de tempo, pois em algum momento será definido a
coisa.
- A coisa é incerta até que alguém promova a escolha dessa coisa.
• Momento de concentração de escolha: é o momento de escolha da coisa.
Via de regra, a escolha cabe ao próprio devedor.
- Exemplo: se uma loja te vende um iPhone 13, ela que escolherá qual
dentre todos os iPhones 13 que a loja possui, qual ela irá te dar.
- O contrato pode definir de quem será a escolha.
- Para a escolha tem que ter a razoabilidade: a escolha tem que ser feita
pela média, nem a melhor coisa nem a pior coisa.

Coisa Entrega
Coisa
incerta incerta
• O gênero nunca perece: enquanto não se fez a escolha, não se pode alegar
que ela pereceu (não tem mais a coisa).

Você também pode gostar