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I)
A exerce funções de caixa numa pequena empresa. O exercício das suas funções foi-lhe
atribuído um valor de 5% por abono por falhas.
Entretanto por acordo com a entidade empregadora mudou de função, passando a exercer
exclusivamente funções de secretariado. No final do mês constatou que o seu boletim de
pagamento não tinha sido creditado o valor correspondente ao abono de falhas. Conhecendo o
princípio da irredutibilidade Alberto invoca junto da entidade empregadora o seu pagamento.
Quid iuris?
à Caraterizar se o abono para falhas é ou não retribuição
à Saber se está em causa uma atribuição pecuniária que é prestação retributiva
Artigo 258º, nº 4 CT - se for prestação a título retributivo
Artigo 260º CT - prestações incluídas ou não
A lei não define retribuição mas tem um conjunto de critérios que nos ajudam a qualificar
uma atribuição pecuniária como retribuição - artigo 258º, nº2 e 3 CT (identificação e qualificação
de cada um dos conceitos).
Artigo 260º CT - faz referência a prestação patrimonial; nº 2: abono para falhas; aplicamos o
nº1, alínea a): com as devidas adaptações.
O abono para falhas, se excedesse o valor normal já teria carácter retributivo, se fosse um
valor fixo, pago mensalmente, seria considerado retribuição. Temos de justificar as
interpretações e conclusões que tirarmos.
Artigo 260º CT: norma com intuito clarificador, completar com o artigo 258º CT, verificar os
requisitos 1º prestação pecuniária (verificado), 2º regular e periódico (verificado), 3º
obrigatoriedade, seja devido por força da lei, do contrato de trabalho ou IRCT (verificado), 4º
contrapartida do trabalho prestado (verificado).
Os 4º requisito/critérios estão preenchidos, o trabalhador recebe aquela quantia como contra
partida do trabalho prestado, tinha como principal função a compensação de eventuais erros.
Assumiria assim natureza retributiva, aplica-se o regime geral de garantias de acordo com a
lei, artigo 258º, nº 4 CT principio da retribuição, artigo 129º, alínea d) CT, principio da
irredutibilidade da retribuição.
No seu recibo deixou de constar o abono para falhas porque o empregador entendeu que
intimamente estava ligado ao exercício daquela função, pois havia anteriormente o risco para a
reposição de eventuais falhas (monetárias em caixa).
De acordo com a nova posição desempenhada não mexia com verbas não tendo esse risco de
erros, cessando as funções do abono para falhas, deixa de fazer sentido o empregador pagar esse
abono ao trabalhador.
Ainda que assumisse natureza retributiva, não era lícita o pedido do trabalhador, já não se
encontrava nas mesmas condições, deixa de ser devido o valor da retribuição.
II)
António é vendedor de uma empresa, tendo-lhe sido confiado pelo empregador uma viatura
para que ele a usasse no desempenho das suas funções e o empregador concedeu-lhe a faculdade
para a utilizar para seu uso pessoal. Os encargos da viatura eram totalmente suportados pela
entidade empregadora, com exceção do combustível fora da atividade profissional.
No decurso da relação e consequência de alguns desentendimentos e atitudes do trabalhador, o
empregador veio exigir-lhe que o trabalhador no final do trabalho procede-se à entrega do
automóvel.
António invoca o princípio da irredutibilidade da retribuição alegando a ilicitude daquela
decisão do empregador. Quid iuris?
III)
A, toxicodependente, esteve internado de 1 de Junho de 2017 até 31 de Março de 2018.
1. Considerando a data de internamento e a data da alta caracterize a situação contratual de A.
2. Sabendo que A não gozou férias em 2017 refira que direitos lhe assistem a titulo de férias.
3. Suponha agora que A não chega a regressar em Março pelo facto de o seu contrato ter
caducado em 31 de Janeiro de 2018.
4. A regressa a 31 de Março de 2018 mas vem denunciar o seu contrato em 31 de Maio de
2018. Quid iuris a título de férias?
1. Durante o período em que A esteve internado ele esteve impedido de realizar a sua
prestação de trabalho. Em princípio estamos perante um caso de suspensão individual, uma vez
que esta tem na sua base um impedimento que recai sobre o trabalhador - artigo 296º CT.
No nº1 do artigo anteriormente referido vêm elencados os diferentes requisitos para que
estejamos, então, perante uma suspensão individual: o trabalhador se encontre impossibilitado
de realizar a prestação de trabalho; impedimento temporário (se for definitivo leva à
caducidade); impedimento por mais de 1 mês (se o período for inferior a 1 mês estamos no
domínio das faltas justificadas ou injustificadas consoante o caso); impedimento não imputável
ao trabalhador.
Há a perceber se neste caso concreto é ou não preenchido o requisito da imputabilidade. Hoje
em dia a toxicodependência é equiparada à doença, portanto considera-se o impedimento não
imputável ao trabalhador. Ainda que se possa considerar que o facto é imputável ao trabalhador,
como a consequência do impedimento não foi desejada pelo trabalhador considera-se verificado
o requisito da não imputabilidade. à Expor posições doutrinárias a este respeito
Assim, o contrato de trabalho de A encontrou-se suspenso de 1 de Junho de 2017 até dia 31
de Março de 2018. Em geral, diz-nos o artigo 295º CT, que os direitos e deveres inerentes à
prestação de trabalho ficam suspensos (poder de direção, diligência, etc.). Contudo, os restantes
direitos e deveres inerentes a um contrato de trabalho mantém-se durante a suspensão: dever de
lealdade, sigilo profissional, etc. O poder disciplinar não está suspenso.
A retribuição está suspensa pois o impedimento verifica-se na esfera do trabalhador.
IV)
No passado dia 15 de Março a empresa X e o trabalhador A decidiram por fim ao contrato de
trabalho que haviam celebrado em 2000, estabelecendo todavia que esse acordo só produziria
efeitos 16 dias após a data da sua celebração (a 31 de Março).
Na fase das negociações tendentes ao acordo o empregador, alegando razões de maior
segurança insistiu em formaliza-lo junto ao notário mas o trabalhador fez notar que tal não era
necessário para que o acordo se considerasse válido.
1. Quanto a este último ponto quem tem razão?
2. Na ocasião da conclusão do acordo o empregador colocou à disposição do trabalhador o
montante de 2500€ a título de “acerto de contas”. O trabalhador veio porém a concluir que essa
quantia não atingia o valor dos créditos já vencidos e ainda não satisfeitos. Com efeito, estavam
em dívida dois salários de 2009 e ainda não lhe havia sido pago o subsidio de natal de 2017,
sucedendo também que em 2018 não tinha gozado qualquer dia de férias nem lhe foram pagas
quaisquer quantias a esse título. O seu salário era de 1200€ mensais. O empregador alega que
todos esses créditos devem considerar-se liquidados. Poderá A reclamar judicialmente o seu
pagamento?