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OBRIGAÇÃO

DE FAZER
Kalline.eler@ufjf.edu.br
Introdução
▪ Prestação de fatos
▪ Critério da importância para o credor (Orlando Gomes)
1. Na obrigação de dar, o que interessa ao credor é a coisa a ser entregue,
pouco importando a atividade do devedor para realizar a entrega.
2. Nas obrigações de fazer, o fim é o aproveitamento do serviço contratado.

▪ Zona Nebulosa → existência de duas obrigações

Podem ser: (aplicação do art.85)


a) Fungíveis: O credor está mais interessado no resultado da atividade, e não
nas qualidades pessoais de quem exerce.
b) Infungíveis/Intuitu personae/personalíssimas: O comportamento desejado
pelo credor só pode ser desempenhado por um único devedor; não é
necessário previsão expressa.
Descumprimento da obrigação de fazer

Art. 247.Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exeqüível.

Deve-se tentar buscar o adimplemento através das chamadas tutelas específicas.


Ex. ASTREINTE, multa cominatória, que como tal independe da ocorrência do dano.

NCPC, Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial,
ao despachar a inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a
data a partir da qual será devida.

Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo
extrajudicial, será citado para, em 15 (quinze) dias, satisfazer a obrigação.
§ 1o Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação,
ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.

A efetividade da relação obrigacional está voltada para o adimplemento e não para o aspecto
meramente ressarcitório.
Impossibilidade da obrigação de fazer
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a
obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

▪ Objetivação da responsabilidade civil: art.927, púnico; art.187; art.393

▪ E se o devedor estiver em mora quando a obrigação tornar-se impossível? → art.399

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

▪ Autotutela (art.249, p. único) → Urgência (exceção)


▪ O credor deve zelar pela economicidade da prestação do terceiro
▪ Obs. O parágrafo único do art.249 pode ser estendido às obrigações infungíveis, se o
credor renunciar à pessoalidade da obrigação em face da urgência
OBRIGAÇÃO
DE NÃO
FAZER
Kalline.eler@ufjf.edu.br
Introdução
▪ A prestação negativa pode constituir em abstenção OU ato de tolerância Ex. clásula
de não-concorrência, sigilo profissional, exclusividade, tolerância de passagem entre
prédios.

▪ Não pode ostentar caráter genérico, pois estamos diante de uma restrição a um
direito fundamental (autodeterminação negocial)

▪ Pode surgir sob a forma de dever anexo a outras obrigações, não se tratando,
tecnicamente, de obrigações de não-fazer, mas simplesmente deveres, porque não
constituem o objeto principal da obrigação.

▪ Natureza infungível, personalíssima e insubstituível.

▪ As obrigações negativas vinculam tão somente o devedor, CONTUDO, existindo um


direito real que implique em um dever negativo, todos os sujeitos terão que se
abster da prática de atos capazes de trazer transtorno ao exercício de tal direito real.
Ex. direitos de vizinhança
Inadimplemento
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir
dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e
danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.

Classificação da obrigação de não-fazer quanto às consequências do inadimplemento:


1. Obrigação de Não Fazer Instantânea: Gera inadimplemento absoluto
2. Obrigação de Não Fazer Permanente/Contínua: Perduram ao longo do tempo. Admite
mora, quando a abstenção ainda for útil para o credor (reversibilidade da situação)

Obs. Quando o desfazimento é oneroso e inconveniente à sociedade, apenas a


indenização será concedida.
Inadimplemento

Prazo Decadencial para o desfazimento


Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir
que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo,
não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem
impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio
vizinho.

▪ E se a conduta do devedor não for culposa?


Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe
torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar

Ex. art. 1.147 → mudança no nível de concorrência

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