Você está na página 1de 20

Obrigação de FAZER

CONCEITO: Obrigação de fazer consiste em uma atividade ou serviço, material ou imaterial, a que se obriga
o devedor.
Prestação

DIFERENÇAS – OBRIGAÇÃO DE DAR E


OBRIGAÇÃO DE FAZER

Obrigação de dar: entrega de uma coisa certa ou


incerta; restituição de coisa.

Obrigação de fazer: consiste na prática de um ato


ou na prestação de um serviço.
Obrigação de FAZER

ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


Prestação
 Infungível, personalíssima ou intuitu personae

 Fungível ou impessoal

 emissão de declaração de vontade (pacto de contrahendo)


Obrigação de FAZER

OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL

quando as partes acordarem para que o devedor cumpra pessoalmente a prestação. Duas situações em
Prestação
que se opera a obrigação de fazer infungível. A convenção da obrigação infungível pode ser expressa
(explícita) ou tácita.

 Expressa: Quando houver cláusula expressa, determinando que o devedor apenas se exonerará se ele
próprio cumprir a prestação – não há se falar em substituição por outra pessoa;

 Tácita: Quando o devedor é contratado por conta de


suas qualidades profissionais, artísticas ou
intelectuais. A infugibilidade, aqui, decorre da
natureza da prestação.
Obrigação de FAZER

OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL OU


IMPESSOAL Prestação

quando não existir cláusula expressa dispondo que


o serviço deverá ser executado por determinada
pessoa ou quando se tratar de um ato ou serviço
que não exija qualidades específicas do obrigado.

Resumindo, quando se tratar de um ato que puder


ser realizado por terceiros, estamos diante de uma
obrigação de fazer fungível.
Obrigação de FAZER

EMISSÃO DE DECLARAÇÃO DE VONTADE

quando a obrigação de fazer Prestação


se origina de uma espécie de contrato preliminar, consistente em uma
declaração de vontade como. por exemplo, outorgar a escritura definitiva em um contrato de compromisso de
compra e venda – ou obrigação de transferir o veiculo ao final do pagamento das parcelas.

Exemplo:

CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL


(...)
CLÁUSULA QUARTA: Fica acordado entre o PROMITENTE VENDEDOR e PROMITENTE COMPRADOR,
que o imóvel transacionado PERMANECERÁ em nome do PROMITENTE VENDEDOR, se obrigando
PROMITENTE VENDEDOR realizar a transferência de bem imóvel para o nome do PROMITENTE
COMPRADOR no prazo de 30 dias contados do pagamento da última prestação.
Obrigação de FAZER

Prestação
Obrigação de FAZER

INADIMPLEMENTO
Inadimplemento trata-se do descumprimento de uma determinada obrigação. A obrigação de fazer pode ser
inadimplida por alguns motivos,Prestação
mas geralmente são três situações específicas que levam o devedor a não
cumprir a obrigação a qual se comprometeu a fazer:
Obrigação de FAZER

 IMPOSSIBILIDADE SEM CULPA DO DEVEDOR: Quando não houver culpa do devedor, afasta-se a sua
responsabilidade.

Prestação
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos.

 IMPOSSIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR: independentemente se a obrigação for fungível ou infungível – o


credor sempre irá decidir se opta pela conversão em perdas e danos, caso a inadimplência decorra de culpa do
devedor.

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele,
responderá por perdas e danos.

 RECUSA DO DEVEDOR: se a obrigação for fungível, o credor possui a opção de fazer com que o serviço seja
prestado por terceiros a custa do devedor (art. 249) – art. 817, 820 do CPC.

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por
ele exeqüível.
Obrigação de FAZER

Obrigação de fazer infungível:

Recusa: a recusa ao cumprimento de obrigação de fazer infungível geralmente se resolve em perdas e


Prestação
danos. No entanto, admite-se execução especifica das obrigações de fazer, artigos 139, IV, 497, 500, 536
§§1º e 4º e 537, §1º do CPC – multa

Art. 499 (CPC). A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só
imposta, ou só por ele exequível.

Impossibilidade de cumprimento: resta verificar se a obrigação se tornou impossível de ser cumprida com
culpa ou sem culpa do devedor.

Se não há culpa, resolve-se a obrigação (ninguém é obrigado a fazer o impossível) – impossibiia nemo
tenetur – cantor que perde a voz em virtude de acidente
Obrigação de FAZER

Se a impossibilidade ocorreu por culpa do devedor, responderá por perdas e danos.

Art. 248. Se a prestação do fatoPrestação


tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se
por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Obrigação de fazer fungível ou impessoal:

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do
devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.

Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar
ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Obrigação de FAZER

Obrigação de fazer – emitir declaração de vontade: contrato de compromisso de compra e venda de


Prestação
imóvel, com clausula de obrigação de transferir o bem após a quitação. Se o vendedor não o faz, cabe ao
comprador executar o contrato – execução de obrigação de fazer.

Art. 501 CPC - Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que julgar
procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.

Contrato preliminar - Art. 463 CC. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de
exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Obrigação de NÃO FAZER

OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER


Prestação
A obrigação de não fazer é uma obrigação
negativa, que impõe ao devedor um dever
de abstenção, ou seja, de não realizar algum
ato especifico que poderia fazer se não
tivesse se obrigado a não fazer.
Obrigação de NÃO FAZER

OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

Prestação

Ex: a compra de um terreno onde o


adquirente se compromete a não
construir um prédio além de
determinada altura.
Obrigação de NÃO FAZER

Obrigação de não fazer decorrente de lei

Prestação
Lei de Locações – Lei nº 8.245/91

“Art. 23. O locatário é obrigado a:


(...)

VI - não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio e por escrito do
locador;”
Obrigação de NÃO FAZER
Obrigação de não fazer decorrente de contrato

CONTRATO DE LOCAÇÃO DE AUTOMÓVEL POR PRAZO DETERMINADO


IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES CONTRATANTESPrestação
LOCADOR: NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº. XXXXXX, portador do RG nº. 2825401,
expedido por SSP /DF, residente e domiciliado em endereço – Distrito Federal CEP xxxxxxxx.
LOCATÁRIO: (Nome do Locatário), (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), Carteira de Identidade nº (xxx), C.P.F. nº (xxx),
residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx), bairro (xxx), Cep (xxx), Cidade (xxx), no Estado (xxx).
As partes acima identificadas têm, entre si, justo e acertado o presente Contrato de Locação de Automóvel por Prazo Determinado,
que se regerá pelas cláusulas seguintes e pelas condições descritas no presente.

DO OBJETO DO CONTRATO
Cláusula 1ª. O presente contrato tem como OBJETO a locação1 do automóvel marca Renault, modelo XXXX, ano 2019, cor xxx,
placa xxxxxxx, RENAVAM, de propriedade do LOCADOR.

DO USO
Cláusula 2ª. O automóvel, objeto deste contrato, será utilizado exclusivamente pelo LOCATÁRIO para uso profissional nas
plataformas UBER e 99 POP (ou outras plataformas de transporte de passageiros), não sendo permitido, em nenhuma
hipótese, o seu uso por terceiros ou para fins diversos sob pena de rescisão contratual e o pagamento da multa prevista
na Cláusula 7ª.
Obrigação de NÃO FAZER

INADIMPLEMENTO

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se


Prestação
obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se
desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer


ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial,
sem prejuízo do ressarcimento devido.

Se o devedor pratica um ato o qual deveria se abster de praticar, o


credor pode exigir que ele desfaça esse ato – se não desfizer, o
credor poderá desfazer a custa do devedor e pedir indenização por
perdas e danos.

A mora na obrigação de não fazer se opera a partir do momento


que ele pratica ato que não deveria praticar.
Obrigação de NÃO FAZER

– pode ocorrer de o
Impossibilidade de abstençãoPrestação
descumprimento da obrigação de não fazer ocorrer
em virtude de fato alheio a vontade do devedor.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde


que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível
abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.

Ex: o devedor que derruba uma arvore por ordem de


autoridade, mas no contrato ele se obrigou a manter a
arvore no local.
Obrigação de NÃO FAZER

Execução de obrigação de não fazer – art. 822 e 823 CPC

Prestação
Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente
requererá ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo.

Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente requererá ao juiz que mande desfazer o ato
à custa daquele, que responderá por perdas e danos.

Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos, caso
em que, após a liquidação, se observará o procedimento de execução por quantia certa.
Obrigação de NÃO FAZER

Exemplo de obrigação de não fazer – Cláusula de confidencialidade

Prestação
A cláusula de confidencialidade impõe a obrigação à pessoa
contratada de não divulgar informações sobre as quais possui
conhecimento ou às quais terá acesso, salvo expressa
autorização.

Ex: um consultor, ao assinar contrato de serviços com uma


empresa, poderá obrigar-se, mediante cláusula de
confidencialidade, a não divulgar a terceiros ou mesmo em
repartições da própria empresa, a natureza de seu trabalho,
dados técnicos ou outras informações relevantes a que tiver
acesso em função de suas atividades pela execução do
contrato.
Obrigação de NÃO FAZER

Exemplo de obrigação de não fazer – Cláusula de raio (shopping center)

Prestação
Sob a ótica contratual, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar a validade da cláusula de raio
constante na escritura declaratório de normas complementares ao contrato de locação de um shopping
center de Porto Alegre, entendeu que "a cláusula de raio inserta em contratos de locação de espaço em
shopping center ou normas gerais do empreendimento não é abusiva, pois o shopping center constitui uma
estrutura comercial híbrida e peculiar e as diversas cláusulas extravagantes insertas nos ajustes locatícios
servem para justificar e garantir o fim econômico do empreendimento". O STJ entendeu ainda que "o
controle judicial sobre eventuais cláusulas abusivas em contratos de cunho empresarial é restrito, face a
concretude do princípio da autonomia privada e, ainda, em decorrência da prevalência da livre iniciativa, do
pacta sunt servanda, da função social da empresa e da livre concorrência do mercado“

Superior Tribunal de Justiça, Quarta Turma, REsp 1535727/RS, relator: Ministro Marco Buzzi, data de
julgamento: 10/5/2016.

Você também pode gostar