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Direitos Fundamentais
Os direitos fundamentais são direitos do Homem incorporados, reconhecidos e protegidos efetivamente na Constituição. Assim, pode
dizer-se que os mesmos são direitos objetivamente vigentes numa ordem jurídica concreta (J. J. Gomes Canotilho).
Elementos essenciais:
1. Radical subjetivo – normas que contemplam posições jurídicas subjetivas individuais ou de categorias abertas de indivíduos;
2. Função de proteção de bens jurídicos das pessoas ou do conteúdo das suas posições ou relações na sociedade – bens ou
conteúdos que sejam essenciais ou primários;
3. Função de explicitação da ideia de Homem e da dignidade da pessoa humana.
1. Constitucionalização e Fundamentalização
A. Direitos, liberdades e garantias (título II) e direitos económicos sociais e culturais (título III)
Critério do radical subjetivo: São direitos com referência pessoal ao Homem individual (ao “eu pessoal”), i.e. com uma titularidade e
função subjetiva. Não é um critério constitucionalmente adequado já que existem alguns direitos, liberdades e garantias que só podem ser
titulados por pessoas coletivas (cf. art. 40.º CRP)
Critério da natureza defensiva ou negativa: impõem aos seus destinatários um dever de abstenção ou de não agressão a essa esfera
subjetiva do indivíduo e os bens jurídicos protegidos a ela associados. Trata-se, uma vez mais, de um critério não constitucionalmente adequado:
à Existem direitos, liberdades e garantias que são direitos positivos a ações ou prestações do Estado (cf. art. 40.º CRP);
à Os destinatários dos direitos, liberdades e garantias não são apenas os poderes públicos, mas também as entidades privadas (cf. art. 53.º
CRP);
à Existem direitos, liberdades e garantias que exigem, por parte do Estado, o cumprimento de um dever de proteção (cf. art. 24.º CRP)
Critério da determinação ou determinabilidade quanto ao seu conteúdo: os direitos, liberdades e garantias têm um conteúdo
essencialmente determinado ou determinável ao nível das opções constitucionais (e não do legislador ordinário). Assim, as normas que os
consagram gozam de aplicabilidade direta (exequibilidade autónoma). Este critério também se depara com dificuldades dado existirem direitos,
liberdades e garantias que dependem da atos legislativos concretizadores (como o direito à greve).
I. Dogmática, estrutura e sistema de direitos fundamentais
Consistem em direitos a prestações ou atividades do Estado, embora alguns possuam uma natureza defensiva (como
o direito de iniciativa privada – arts. 61.º e 62.º CRP) e outros tenham por destinatários não apenas o Estado, mas
também a generalidade dos cidadãos (como o direito dos consumidores – art. 60.º e 69.º CRP).
São direitos sujeitos ao regime geral dos direitos fundamentais, mas que não beneficiam do regime especial dos direitos,
liberdades e garantias.
São direitos que, apesar de não constarem no catálogo dos DLG, gozam do seu regime especial (em toda a sua extensão!)
por se assemelharem/aproximarem a estes pelas suas caraterísticas (art. 17.º da CRP).
o Podem encontrar-se dentro do catálogo, i.e. entre os direitos económicos, sociais e culturais. Ex: direito de não ser
privado de propriedade privada (art. 62.º CRP) ou direito ao salário mínimo nacional (art. 59.º/2/a CRP).
o Podem encontrar-se fora do catálogo, mas ainda dentro da CRP, como o direito à fundamentação dos atos
administrativos (art. 268.º CRP) ou o direito a audiência prévia em processo disciplinar (art. 269.º/3 CRP).
o Podem encontrar-se fora da CRP, como o direito ao nome previsto no Código Civil (art. 72.º CC).
Os critérios para determinar se um direito tem natureza análoga a um direito, liberdade ou garantia são:
o Critério da natureza negativa ou defensiva: imponham ao Estado um dever de abstenção, garantindo ao cidadão
um espaço de não ingerência ou de não intromissão.
o Critério da determinabilidade constitucional do conteúdo: Sejam exequíveis por si mesmas, gozando de um grau
de determinabilidade suficiente ao nível constitucional.
I. Dogmática, estrutura e sistema de direitos fundamentais
Direitos fundamentais dispersos são aqueles que se encontram fora do catálogo de direitos fundamentais. Alguns
podem ser de natureza análoga a direitos, liberdades e garantias, enquanto outros se aproximam aos direitos sociais.
Ex: arts. 103.º/3, 122.º, 269.º/3 CRP.
Direitos só materialmente fundamentais são aqueles que consideramos como fundamentais, muito embora não se
encontrem consagrados na CRP. Porque existem? Pode ter acontecido que o legislador constituinte os tenha deixado
de parte ou que se tratem de direitos novos.
o Destaca-se a importância do art. 16.º da CRP (princípio da cláusula aberta ou norma com fattispecie aberta, da
não identificação ou da não tipicidade), a qual admite a não exaustividade da enumeração de direitos
fundamentas feita pelo legislador.
o Exemplos: direito ao nome (art. 72.º do CC); direito à reparação de danos (art. 483.º CC); direito de mudar de
cidadania (art. 15.º/2 DUDH).
I. Dogmática, estrutura e sistema de direitos fundamentais
Direitos só formalmente fundamentais são aqueles que se encontram consagrados na CRP mas que, do ponto de
vista material, não são verdadeiros direitos fundamentais.
A doutrina tem posições divergentes: alguns autores consideram que não existem direitos só formalmente
constitucionais e outros consideram que alguns direitos não respondem positivamente às notas de materialidade
fundamental, como é o caso do direito de réplica política do artigo 40.º/2 da CRP
Para o curso, todos os direitos formalmente fundamentais são também materialmente fundamentais!
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Regime
específico dos
direitos,
liberdades e
garantias
Regime geral
dos direitos
fundamentais
Só DLG e análogos
Todos os DF
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Direitos de
Direitos de cidadãos Direitos de pessoas
estrangeiros e
portugueses apátridas coletivas
Art. 12.º da CRP - todos os Art. 15.º/1 da CRP – As pessoas coletivas são
“cidadãos” são titulares de princípio da equiparação titulares dos direitos
direitos e deveres pelo entre nacionais e compatíveis com a sua
simples facto de serem estrangeiros natureza – princípio da
pessoas especialidade
E as pessoas coletivas de
Podem, ainda assim, existir Exceção à regra da direito público? Gomes
direitos categoriais ou equiparação: o art. Canotilho entende que, em
direitos cuja titularidade 15.º/2/3/in fine consagra certos casos, deve
pressupõe uma certa o chamado círculo da reconhecer-se a titularidade
capacidade ou idade cidadania portuguesa. de DF por pessoas coletivas
públicas..
Este princípio tem na sua base o princípio da dignidade social de todos os cidadãos. Tem natureza estruturante
do nosso sistema constitucional, visto que conjuga dialeticamente todas as dimensões do Estado de Direito
Democrático e Social.
Dimensão liberal: ideia de igual status social de todas as pessoas, independentemente do seu nascimento, perante
a lei geral e abstrata;
Dimensão social: eliminação das desigualdades de facto para se assegurar uma igualdade material.
O mesmo realiza-se como um direito subjetivo específico e autónomo e como um direito, liberdade e
garantia de (1) natureza defensiva, que assegura proteção ante a atuação dos poderes públicos, impedindo
tratamentos desiguais sem motivo legítimo; e de (2) natureza positiva, porque pressupõe dimensões prestacionais.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Igualdade jurídica/formal
o Surge na época liberal. Todos os homens nascem livres e iguais em direitos. Deve existir uma igual
subordinação de todos os membros do Estado à mesma lei, de modo a evitar a existência de privilégios
e direitos estamentais. Bastava que a lei fosse geral e abstrata.
o A igualdade na aplicação do direito determinava que, porque todos os homens são iguais perante a lei, a
mesma deve ser aplicada pela Administração e pelos Tribunais sem olhar às pessoas.
Igualdade material
o O legislador está vinculado à criação de um Direito igual para todos. Para todos os indivíduos com as
mesmas caraterísticas, a lei deve prever iguais situações ou resultados jurídicos.
o Porém, isto pode conduzir a uma mera igualdade formal já que, olhando ao conteúdo da lei, podemos
concluir que a mesma permite discriminações (p.e. uma lei que imponha a mesma taxa de IRS a todos
os cidadãos).
o Por isso, exige-se uma igualdade material, ou seja uma igualdade quanto ao conteúdo da própria lei.
Deve tratar-se por igual o que é igual e desigualmente o que é desigual na medida da própria
diferença.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
o Princípio da proibição do arbítrio - A diferenciação de tratamento, embora arbitrária e irrazoável, não exprime um juízo
negativo sobre aqueles que foram prejudicados por ela.
o Igualdade perante os encargos públicos - Os encargos públicos (impostos, restrições ao direito de propriedade) devem
ser repartidos de forma igual pelos cidadãos. Os sacrifícios inerentes à satisfação das necessidades públicas (do bem comum)
sejam equitativamente distribuídas por todos os cidadãos; todos eles deverão contribuir de forma igual para os encargos
públicos à medida da sua capacidade contributiva.
o Direitos especiais de igualdade - A par do princípio geral da igualdade (art. 13.º CRP), a Constituição consagra um
conjunto de direitos especiais ou específicos de igualdade, que visam efetivar o princípio material da igualdade (ex: art.
29.º/4; 36.º/4, 40.º, 47.º, 50.º CRP).
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
O art. 13.º/2 da CRP proíbe discriminações com base na ascendência, língua, território de origem, religião, sexo, raça,
condição social, instrução, convicções políticas/ideológicas ou orientação sexual.
o São atributos relativamente aos quais as pessoas não têm qualquer possibilidade de controlo ou orientações
que as mesmas são (e devem ser!) livres de seguir.
Trata-se de uma lista não taxativa de categorias suspeitas: são categorias que nos permitem mais facilmente
verificar se o legislador está ou não a violar o princípio da igualdade. Assim, em regra, as discriminações com base
nestes critério ofendem a dignidade da pessoa humana.
Mas atenção! São apenas categorias suspeitas, ou seja a diferenciação com base nas mesmas pode não violar o
princípio da igualdade. Exige-se, porém, que as medidas de diferenciação sejam materialmente fundadas sob o
ponto de vista da segurança jurídica, da proporcionalidade e da justiça, não se baseando num motivo
constitucionalmente impróprio. O ónus da prova da razoabilidade do critério cabe ao autor da norma
aparentemente discriminatória.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Está consagrado no art. 20.º da CRP. Visa garantir o acesso aos tribunais e possibilitar aos cidadãos a defesa de
direitos e interesses legalmente protegidos através de um ato de jurisdictio.
O direito de acesso aos tribunais reconduz-se fundamentalmente a um direito a uma solução jurídica de atos e
relações jurídicas controvertidas, a que se deve chegar num prazo razoável e com garantias de imparcialidade e
independência, possibilitando-se um correto funcionamento das regras do contraditório, em termos de cada uma
das partes poder deduzir as suas razões, oferecer as suas provas, controlar as provas do adversário, etc.
Este direito concretiza-se através de um processo jurisdicional justo e equitativo – “due process of law”.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Entidades públicas - o art. 18, n.º 1, segundo segmento, prevê a vinculação do legislador, da administração pública e dos tribunais.
É uma vinculação lógica porque o Estado se encontra numa posição de poder perante os sujeitos, sendo que os DLG foram criados
justamente para que estes se defendam da atuação do Estado. É total porque todas as entidades públicas estão vinculadas, assim como
todos os atos por elas praticados.
Entidades privadas - o art. 18.º, n.º 1, parte final, prevê a eficácia horizontal dos direitos, liberdades e garantias (Drittwirkung). As
normas que consagram DLG também vinculam as entidades privadas (art. 18.º/1 CRP), adquirindo eficácia geral.
Importa esclarecer se a eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares é imediata ou mediata.
o Eficácia Imediata: a vinculação das entidades privadas é absoluta e ocorre de forma direta, sem necessidade de mediação do legislador.
o Eficácia Mediata: a vinculação das entidades privadas afirma-se apenas através da lei.
A CRP não diferencia entre o tipo de vinculação, pelo que a vinculação deve ser considerada imediata e deve valer para todas as entidades
privadas (com exceção daqueles direitos que, expressamente ou pela sua natureza, só valem perante o Estado).
Gomes Canotilho é adepto das “soluções diferenciadas”: são os juízes, nos casos concretos, que chegarão a uma conclusão sobre a
aplicação dos DLG nas relações entre particulares. Deve ter-se sempre presente que da aplicação dos DLG nas relações entre particulares
não deve resultar um confisco substancial de autonomia privada; e também importa aferir o tipo de relação que existe entre os particulares
(se é igualitária ou desigualitária).
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Limites constitucionais
mediatos (ou restrições Casos em que a Constituição remete para a lei apenas para a
Tipos de restrições feitas pela lei mas delimitação, geral ou específica, do âmbito de um determinado
direito fundamental.
expressamente
autorizadas pela Por ex.: artigos 34.º/4, 47.º/1, 268.º/2 e 270.º CRP
Constituição)
Limites constitucionais
São restrições não expressamente autorizadas pela Constituição
implícitos ou imanentes
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
O artigo 18.º só deve aplicar-se quando esteja em causa uma lei restritiva dos DLG, sendo certo que só saberemos se
estamos perante uma lei restritiva depois de determinado o âmbito de proteção constitucional do direito.
É por referência a este âmbito que podemos concluir pela existência de uma lei efetivamente restritiva.
As leis restritivas são leis que visam intencionalmente diminuir o conteúdo de um direito fundamental por o
considerarem “agressivo” ou para acautelar um valor comunitário (Suzana Tavares da Silva)
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
No entanto, para que uma lei restritiva de DLG seja constitucionalmente legítima, é necessária a verificação cumulativa
de certas condições (art. 18.º/2/3 CRP):
As restrições aos DLG só podem ser feitas através de lei da Assembleia da República ou de decreto-lei autorizado do
Governo (art. 165.º/1/b CRP).
No entanto, há certos DLG que só podem ser restringidos através de lei da Assembleia da República (art.
164.º/f/h/i/j/l/o CRP).
Os DLG não podem ser restringidos através de decretos legislativos regionais, nem sequer autorizados (art. 227.º/1/b
CRP).
Existem outros atos normativos ou equiparados que podem restringir direitos fundamentais: é o caso dos tratados
internacionais (se aprovados pela AR) e normas de direito europeu, caso a UE tenha competência para regular essas
matérias.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
O legislador não tem, no ordenamento jurídico-constitucional português, uma autorização geral de restrição de DLG.
A CRP individualizou expressamente os direitos que podem ficar no âmbito de uma lei restritiva. Por vezes, são mesmo
indicados os fins ou pressupostos específicos da restrição (os quais têm de ser respeitados pelo legislador).
Esta autorização de restrição expressa tem como objetivo levar o legislador a procurar nas normas constitucionais o
fundamento concreto para o exercício da sua competência de restrição, visando criar segurança jurídica.
Veja-se, por exemplo, o direito de manifestação (art. 45.º da CRP). Embora consagrado no texto constitucional sem
quaisquer restrições constitucionais diretas e sem autorização de lei restritiva, está sujeito aos limites, por exemplo,
da “não violência”.
Este tipo de limites justifica-se pela necessidade de resolver situações de conflito ou colisão entre direitos
fundamentais, isto é, situações em que é necessário restringir um direito liberdade e garantia para
salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos
O ideal seria positivar estas restrições não expressas, através de lei, caso em que estaremos perante uma restrição
legal que deverá cumprir os requisitos do artigo 18.º, n.º 2 e 3, com exceção do requisito da autorização
constitucional expressa.
Outro exemplo: quando o legislador prevê o crime de difamação no Código Penal, está a criar uma restrição à
liberdade de expressão (art. 37.º/1 da CRP), sem que esse artigo autorize expressamente a restrição àquela
liberdade.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Princípio da proporcionalidade
Para sabermos se uma lei restritiva de direitos, liberdades e garantias viola este princípio, há que olhar para o seu conteúdo
e para as intenções do legislador. Exige-se uma generalidade e abstração material/real e não meramente formal/aparente.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
A proibição da retroatividade é absoluta no caso das leis restritivas de direitos, liberdades e garantias. Estas nunca se
podem aplicar a casos passados, mas apenas àqueles que se verificam após a sua entrada em vigor.
Tanto se abrangem os casos de retroatividade autêntica, como os de retrospetividade.
Gomes Canotilho/Vital Moreira consideram que a proibição abrangerá também alguns casos de retrospetividade sempre
que “as medidas legislativas se revelarem arbitrárias, inesperadas, desproporcionadas ou afetarem direitos de forma
excessivamente gravosa e imprópria. Ver acórdãos n.º 354/2000 e 449/2000 do TC.
A razão de ser deste requisito é o princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança, defendendo-os contra o
perigo de verem atribuir aos seus atos passados ou às situações transatas efeitos jurídicos com que razoavelmente não
podiam contar.
II. Regime jurídico dos direitos fundamentais
Gomes Canotilho defende que a teoria assumida pela CRP é uma teoria mista:
o Teoria Objetiva: O art. 18.º/3 parece optar por uma teoria objetiva na parte em que se refere ao “conteúdo
essencial dos preceitos constitucionais”. Ex: Temos penas de prisão longas para crimes mais graves.
o Teoria Subjetiva: A restrição não deve ir tão longe que destrua por completo o direito para a pessoa. Ex: Não há
pena de morte, nem prisão perpétua.
o Teoria Absoluta: A teoria adotada pelo legislador constituinte não foi uma teoria relativa, porque autonomizou o
requisito da salvaguarda do núcleo essencial, não se bastando com o requisito da proporcionalidade consagrado
no art. 18.º/2 CRP.
o Teoria Relativa: Em todo o caso, o âmbito de proteção de um direito só se desenha na ponderação com outros
direitos, bens ou interesses.