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Natureza relativa dos direitos fundamentais – os Direito à vida - o direito individual fundamental à vida
direitos fundamentais dispõem de um caráter relativo possui duplo aspecto: um biológico, que diz respeito à
(não absoluto), visto que encontram limites nos demais integridade física e psíquica (desdobramento do direito à
direitos igualmente consagrados pelo texto constitucional. saúde, à vedação à pena de morte, à proibição do aborto
etc.); outro prisma é o sentido mais amplo, que significa
Conflito ou colisão entre direitos fundamentais – condições materiais e espirituais mínimas necessárias a
ocorre conflito ou colisão entre direitos fundamentais uma existência condigna à natureza humana (direito a uma
quando, em um caso concreto, uma das partes invoca um vida digna).
direito fundamental em sua proteção, enquanto a outra se
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DIREITO CONSTITUCIONAL
O STF entendeu, em 2012, por maioria de votos, Princípio da legalidade da Administração Pública
ser constitucional a interrupção da gravidez do feto (art. 37, caput) – pelo princípio da legalidade aplicável à
anencéfato (sem cérebro), em atendimento ao Administração Pública, tem-se que o Estado está sujeito
princípio da dignidade da pessoa humana, à às leis. Assim, tem-se que o Estado não pode atuar, nem
liberdade sexual, autonomia da vontade, privacidade, de forma contrária à lei, nem na ausência de lei. Assim, sendo
integridade física, psicológica e moral da mulher e à a Lei omissa, o Estado não poderá atuar.
saúde (ADPF 54).
O STF entendeu, em 2008, em apertada votação III - Ninguém será submetido à tortura nem a
(6x5), que as pesquisas com células tronco tratamento desumano ou degradante;
embrionárias, nos termos da Lei de Biossegurança
(lei nº 11.105/2005), não violam o direito à vida (ADI Esse inciso visa, dentre outras coisas, proteger a dignidade
n. 3.510). da pessoa humana contra atos que poderiam atentar
contra ela. Tratamento desumano é aquele que se tem por
Abrangência dos direitos fundamentais à vida, à contrário à condição de pessoa humana. Tratamento
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade - degradante é aquele que, aplicado, diminui a condição de
A CF/88 dispõe de forma expressa que os direitos pessoa humana e sua dignidade. Tortura é sofrimento
fundamentais nela previstos são aplicáveis aos “brasileiros psíquico ou físico imposto a uma pessoa, por qualquer
[natos ou naturalizados] e aos estrangeiros residentes no meio. A lei nº 9.455/97 veio definir, finalmente, os crimes
país”. Apesar da restrição feita em sua redação para de tortura, até então não existentes no Direito brasileiro.
beneficiar apenas os estrangeiros residentes no país, o Com essa lei de 1997, passou a ter definição legal, qual
entendimento pacificado do STF é no sentido de que seja o constrangimento a alguém, mediante o emprego de
os direitos fundamentais, pela sua própria natureza, violência ou grave ameaça, física ou psíquica, causando-
se aplicam a todos os brasileiros e estrangeiros, lhe sofrimento físico ou mental ou submeter alguém, sob
residentes ou não em nosso país, bastando que sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
estejam em solo brasileiro (de passagem, em trânsito, violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
a turismo etc.). Acrescenta, ainda, o STF que alguns mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
dos direitos fundamentais como a inviolabilidade da de caráter preventivo.
imagem podem ser aplicados também às pessoas
jurídicas. A palavra “ninguém” na redação do art. 5º, inciso III, da
CF/88 abrange qualquer pessoa, brasileiro ou estrangeiro.
I - Homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição; IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
Este inciso trata também do princípio da isonomia ou
da igualdade, porém voltado especificamente para A liberdade de manifestação do pensamento é o direito
homens e mulheres. Apesar de ele impor uma igualdade que a pessoa tem de exprimir, por qualquer forma e meio,
entre homens e mulheres, essa igualdade é relativa e não o que pensa a respeito de qualquer coisa. A única
absoluta, posto que homens e mulheres sejam tratados de exigência da Constituição é de que a pessoa que exerce
forma igual quando estiverem em situação de igualdade e esse direito se identifique, para impedir que ele seja fonte
de forma desigual quando estiverem em situação de de leviandade ou que seja usado de maneira irresponsável.
desigualdade. Sabendo quem é o autor do pensamento manifestado, o
A lei nº 9.029/95, por exemplo, proíbe a exigência de eventual prejudicado poderá usar o próximo inciso, o “V”,
atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas para defender-se.
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de
permanência de relação jurídica de trabalho. Os abusos porventura ocorridos no exercício indevido da
manifestação do pensamento são passíveis de exame e
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente
alguma coisa senão em virtude da lei; responsabilidade civil e penal de seus autores.
Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado.
Só por meio das espécies normativas devidamente O STF entendeu que a “marcha da maconha”,
elaboradas conforme regras de processo legislativo na condição de movimento em defesa da
constitucional podem-se criar obrigações para o indivíduo. descriminalização do uso da maconha, não viola a
Este é o chamado princípio da legalidade. liberdade de manifestação de pensamento nem a
liberdade de reunião.
Diferença entre o princípio da legalidade do art. 5º Vedação ao anonimato – essa vedação abrange todos os
(aplicável ao particular) e o do art. 37, caput meios de comunicação e tem o intuito de possibilitar a
(aplicável à Administração Pública): responsabilização de quem cause danos a terceiros em
decorrência da expressão de juízos ou opiniões ofensivas,
Princípio da legalidade do art. 5º - somente a lei pode levianas, caluniosas etc.
criar obrigações e, por outro lado, a inexistência de lei
proibitiva de determinada conduta implica ser ela
permitida.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Caráter relativo – O direito à manifestação do A liberdade religiosa abrange inclusive o direito de não
pensamento é relativo e, como tal, não autoriza toda e acreditar ou professar nenhuma fé, devendo o Estado
qualquer manifestação, como, por exemplo, a apologia de respeito ao ateísmo.
fatos criminosos, a propaganda do nazismo ou crimes
considerados como injúria, calúnia e difamação. A É assegurado o livre exercício do culto religioso, enquanto
vedação ao anonimato também é relativa, sendo não for contrário à ordem, tranquilidade e sossego
admitido o anonimato em casos, o do sigilo da fonte público, bem como compatível com os bons costumes.
previsto no inciso XIV, da CF/88.
A liberdade religiosa não atinge grau absoluto, não sendo,
pois, permitidos, a qualquer religião ou culto, atos
Denúncias anônimas – a vedação ao anonimato impede atentatórios à Lei, sob pena de responsabilização civil e
o acolhimento de denúncias anônimas. Entretanto, de criminal.
acordo com o posicionamento do STF, “nada impede que
o Poder Público, provocado por delação anônima Obs.: Estado laico – a Constituição Federal de 1824
(‘disque-denúncia’, p. ex.), adote medidas informais consagrava a religião Católica Apostólica Romana como a
destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, religião oficial do País. Atualmente, a Constituição Federal
‘com prudência e discrição’, a possível ocorrência de de 1988 consagra o Estado como sendo laico, ou seja, sem
eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com religião oficial, consagrando, ainda, a liberdade religiosa.
o objetivo de conferir verossimilhança dos fatos nela
enunciados, em ordem de promover, então, em caso De acordo com o STF, a utilização de símbolos
positivo, a forma instauração da ‘pesecutio criminis’, religiosos (como crucifixos, imagens etc.) em locais
mantendo-se assim completa desvinculação desse públicos ou abertos ao público, bem como os
procedimento estatal em relação às peças apócrifas”; feriados religiosos não violam a CF/88, tendo em
(Inquérito 1.957/PR) vista que, além de constituírem símbolos culturais do
povo brasileiro, estão dentro da liberdade de crença
V - É assegurado o direito de resposta, proporcional religiosa. No país laico, a crença religiosa não é
ao agravo, além da indenização por dano material, proibida, é, ao contrário, livre. Por isso o preâmbulo
moral ou à imagem; da CF/88 menciona “Deus” e nas notas de dinheiro
têm escrito “Deus seja louvado”.
O direito de resposta impõe um limite à liberdade de
expressão, procurando evitar que o seu uso abusivo e
O STF, na ADI 4439 proposta pela PGR, entendeu
leviano possa redundar em agressões à honra de terceiros
ser possível o ensino confessional (direcionado a uma
(pessoas físicas ou jurídicas). É uma garantia de eficácia do
religião) nas escolas públicas podendo ser
direito à privacidade.
ministrado, inclusive, por líderes religiosos. Porém,
vale salientar que a matrícula no ensino religioso nas
A norma pretende a reparação da ordem jurídica lesada,
escolas públicas é facultativa.
seja por meio de ressarcimento econômico, seja por
outros meios, por exemplo, do direito de resposta.
O STF decidiu em 2019 que é constitucional a lei
A consagração constitucional do direito de resposta de proteção animal que, a fim de resguardar a
proporcional ao agravo é instrumento democrático liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de
moderno previsto em vários ordenamentos jurídico- animais em cultos de religiões de matriz africana
constitucionais, e visa proteger a pessoa de imputações (RE 494601 RS).
ofensivas e prejudiciais a sua dignidade humana e sua
honra. VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
O desagravo deverá ter o mesmo destaque, a mesma internação coletiva;
duração (no caso de rádio e televisão), o mesmo tamanho
(no caso de imprensa escrita) que a notícia que gerou a Encerra um direito subjetivo daquele que se encontra
relação conflituosa para garantir a proporcionalidade. internado em estabelecimento coletivo. Trata-se de norma
assecuratória que garante o livre exercício da liberdade de
VI - É inviolável a liberdade de consciência de crença ao detento, paciente, servidor, hóspede, interno, a
crença, sendo assegurado o livre exercício de cultos fim de que possa exercer, ou ser assistido por sua crença,
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos independentemente da eventual orientação religiosa do
locais de culto e as suas liturgias; estabelecimento de internação coletiva em que se
encontre.
A abrangência do preceito constitucional é ampla, pois
sendo a religião o complexo de princípios que dirigem os Assim, ao Estado, cabe, nos termos da lei, a materialização
pensamentos, ações e adoração do homem para com das condições para prestação dessa assistência religiosa,
Deus, acaba por compreender a crença, o dogma, a moral, que deverá ser de tantos credos quanto aqueles solicitados
a liturgia e o culto. O constrangimento à pessoa humana pelos internos.
de forma a renunciar sua fé representa o desrespeito à
Não se poderá obrigar nenhuma pessoa que se encontrar
diversidade democrática de ideias, filosofias e a própria
nessa situação, seja em entidades civis ou militares, a
diversidade espiritual.
utilizar-se da referida assistência religiosa, em face da total
liberdade religiosa vigente no Brasil.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
VIII - Ninguém será privado dos direitos por motivo manifestação ato ilícito, será a pessoa que a manifestou
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou responsabilizada civil e penalmente pelo ato praticado,
política, salvo se as invocar para eximir-se de sendo resguardado o direito à indenização por danos
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a morais e materiais.
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
O texto constitucional repele frontalmente a possibilidade
O texto atual criou a possibilidade da prestação de censura prévia. Essa previsão, porém, não significa que
alternativa, fixada em lei, para aquele que se eximir da a liberdade de imprensa é absoluta, não encontrando
obrigação primária a todos imposta. Essa alternatividade restrições nos demais direitos fundamentais, pois a
não é fruto da discricionariedade da autoridade pública, responsabilização do autor e/ou responsável pelas notícias
pois deve estar previamente estabelecida em lei. A recusa injuriosas, difamantes e mentirosas sempre será cabível,
injustificada de cumprir obrigação legal e a prestação em relação a eventuais danos materiais e morais.
alternativa implicará na privação de direitos. Ocorre que
há divergência doutrinária em relação a essa privação de X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a
direitos, sendo que alguns autores defendem se tratar de honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à
uma perda de direitos políticos (dentre eles, indenização pelo dano material ou moral decorrente
Alexandre de Moraes) e outros defendem se tratar de de sua violação;
uma suspensão dos direitos políticos.
Os direitos à intimidade e à própria imagem formam a
O direito à escusa de consciência não está adstrito proteção constitucional à vida privada, salvaguardando um
simplesmente ao serviço militar obrigatório, mas pode espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas
abranger quaisquer obrigações coletivas que conflitem externas.
com as crenças religiosas, convicções políticas ou
filosóficas, como, por exemplo, o dever de alistamento A proteção constitucional refere-se tanto a pessoas
eleitoral aos maiores de 18 anos e o dever de voto aos físicas quanto a pessoas jurídicas, abrangendo,
maiores de 18 anos e menores de 70 anos (CF/88, art. 14, inclusive, à necessária proteção à própria imagem frente
§ 1o, I e II), cujas prestações alternativas vêm previstas nos aos meios de comunicação em massa (televisão, rádio,
arts. 7o e 8o do Código Eleitoral (justificação ou jornais, revistas etc.).
pagamento de multa pecuniária).
A intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de trato
A prestação alternativa, porém, terá que ser compatível íntimo da pessoa, suas relações familiares e de amizade;
com as crenças ou convicções do indivíduo. Se o sujeito enquanto a vida privada envolve todos os demais
cumprir a prestação alternativa, não poderá ele ser privado relacionamentos humanos, inclusive os objetivos, tais
de seus direitos. como relações comerciais, de trabalho, de estudo etc.
Serviço militar obrigatório – O art. 143 da Constituição Pessoas de vida pública – A proteção constitucional em
Federal prevê que o serviço militar é obrigatório nos relação àquelas pessoas de vida pública, como políticos
termos da lei (lei n° 4.375/64, regulamentada pelo e artistas em geral, deve ser interpretada de uma forma
Decreto n° 57.654/66), competindo às Forças Armadas, mais restrita, havendo necessidade de uma maior
na forma da lei, atribuir serviços alternativos aos que, em tolerância ao se interpretar o ferimento das
tempo de paz, depois de alistados, alegarem imperativo de inviolabilidades à honra, à intimidade, à vida privada e à
consciência, entendendo-se como tal o decorrente de imagem, posto que, devido ao próprio exercício de suas
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para atividades profissionais, se exige maior e constante
eximirem-se de atividade de caráter essencialmente militar. exposição à mídia. Esta necessidade de interpretação
mais restrita, porém, não afasta a proteção
Entende-se por serviço militar alternativo o exercício de constitucional contra ofensas desarrazoadas,
atividades de caráter administrativo, assistencial desproporcionais e, principalmente, sem qualquer
filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às nexo causal com a atividade profissional realizada.
atividades de caráter essencialmente militar.
Pessoas jurídicas – as pessoas jurídicas também
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, têm direito à indenização por danos morais, em razão de
artística, científica e de comunicação, fato ofensivo à sua honra e à imagem.
independentemente de censura ou licença;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Escuta telefônica (ou interceptação parcial) é a captação XVI - Todos podem reunir-se pacificamente, sem
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica armas, em locais abertos ao público, independente de
alheia, mas com o conhecimento de um dos autorização, desde que não frustrem outra reunião
comunicadores. anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
O STF entende que, apesar de clandestina, é lícita e,
portanto, admitida como prova em legítima defesa Conceito de reunião – o direito de reunião é meio de
nos processos: manifestação coletiva da liberdade de expressão, em que
- a escuta telefônica feita por um dos partícipes da pessoas se associam temporariamente tendo por objeto um
conversa ou por terceiros, mas com o interesse comum.
consentimento de um dos partícipes da conversa;
- ou ainda, a gravação feita com a autorização de Requisitos – são requisitos do direito de reunião:
todos os partícipes da conversa (o que é muito finalidade pacífica – não há direito à realização de
comum nos atendimentos de “telemarketing”). reuniões que tenham por fim praticar quaisquer espécies
de atos de violência;
XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ausência de armas – os participantes da reunião não
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais podem usar armas. Entretanto, se algum participante
que a lei estabelecer; estiver portando arma, o fato não autoriza a dissolução da
reunião. Nesse caso, a autoridade policial competente
A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre deverá desarmá-lo ou desarmar o indivíduo infrator,
determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer permitindo que a reunião tenha andamento;
pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode é realizada em locais abertos ao público – deve ser
exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, realizada em locais abertos ao público, ainda que de
detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver percurso móvel, evitando com isso a perturbação da
lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária, ordem pública, ou mesmo a lesão de eventual direito de
somente aquele que atender ao que exige a lei pode propriedade;
exercer esse trabalho, ofício ou profissão (é o caso do não pode frustrar outra reunião anteriormente
advogado, do médico, do engenheiro, do piloto de avião). convocada para o mesmo local – uma reunião não pode
Trata-se, portanto, de norma de eficácia contida porque atrapalhar outra anteriormente convocada para o mesmo
pode ser restringida por norma infraconstitucional. local. Irá prevalecer sempre aquela que primeiro
comunicou à autoridade competente.
XIV - É assegurado a todos o acesso à informação
independe de autorização – as autoridades públicas não
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
dispõem de competência para discricionariamente decidir
ao exercício profissional;
pela conveniência, ou não, da realização da reunião,
tampouco para interferirem indevidamente nas reuniões
Defende abertamente o acesso à informação de forma
lícitas e pacíficas, em que não haja lesão ou perturbação da
ampla e autoaplicável. Traz, em si, liberdade de
ordem pública.
informação jornalística como expressão mais sensível de
sua concretização. O resguardo do sigilo da fonte tem necessidade de prévio aviso à autoridade competente
por escopo garantir uma espécie de segredo profissional, – o prévio aviso tem por finalidade dar conhecimento à
necessário em alguns casos para proteger o informante. autoridade competente sobre a realização da reunião, para
que esta adote as providências que se fizerem necessárias,
Note-se, entretanto, que o jornalista ou a autoridade tais como a regularização do trânsito, a garantia da
policial serão direta e legalmente responsáveis pelas segurança e da ordem públicas, o impedimento de
notícias e/ou diligências que protagonizarem. realização de outra reunião no mesmo local.
É plena a liberdade de associação desde que para fins XXI - As entidades associativas, quando
lícitos, vedada a de caráter militar. A associação de caráter expressamente autorizadas, têm legitimidade para
paramilitar ou facção é uma sociedade armada, dotada de representar seus filiados judicial ou
hierarquia, disciplina e com ideologia própria que, ao extrajudicialmente;
contrário do partido político, objetiva atingir o poder e
desestabilizá-lo, através de quaisquer meios, inclusive pela Uma das funções das associações é representar seus
força. associados em ações judiciais ou administrativamente
(extrajudicialmente). Porém, para tanto as mesmas
XVIII - A criação de associações e, na forma da lei, a necessitam de uma autorização expressa.
de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Representação processual x substituição processual –
vejamos a diferença entre representação processual (art.
Se for plena a liberdade de associação, nada mais lógico 5º, XXI) ou substituição processual (art. 8º, III):
do que o direito de criá-las ser independente de representação processual (art. 5º, XXI) – usualmente,
autorização de quem quer que seja. Quem determina aquele que pode ajuizar uma ação, isto é, aquele que tem
como vai ser a associação são os seus membros, e o legitimidade ativa, é o próprio titular do direito. O titular
Estado não pode interferir, por nenhum de seus órgãos do direito pode, ele próprio, buscar a tutela do direito ou
no funcionamento da entidade. Entretanto, nada impede a pode conferir a alguém a atribuição de representá-lo. Se o
necessidade do seu registro no órgão competente para titular do direito for representado, o representante, ao ajuizar
possibilitar a sua fiscalização. Quanto a cooperativas, a a ação, atuará em nome do representado, e na defesa de alegado
disciplina é um pouco diferente. A sua criação também direito do representado (portanto, em nome alheio e na defesa
não depende de autorização de ninguém, e nenhum órgão de direito alheio). Nesse caso, é necessário que o
estatal poderá interferir na sua gestão. No entanto, a representado expressamente autorize o representante
Constituição determina que se obedeça a uma lei que vai a ajuizar a ação.
dispor sobre a criação dessas entidades especiais. substituição processual (art. 8º, III) – em alguns casos,
o ordenamento jurídico prevê
XIX - As associações só poderão ser a possibilidade da denominada legitimidade ativa
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades extraordinária também chamada de substituição
suspensas por decisões judiciais, exigindo-se, no processual. Nessas situações, o substituto ajuíza a ação em
primeiro caso, o trânsito em julgado; seu nome próprio, mas na defesa de alegado direito alheio (direito
do substituído). Quando isso ocorre, não é necessário
A dissolução voluntária de associação depende do que os que o substituído autorize expressamente o
associados decidirem a respeito, ou da disciplina do substituto a ajuizar a ação.
assunto dado pelo regimento interno, se houver um. O
Dualidade de tratamento em relação à legitimidade
que a Constituição trata é como se fará a dissolução
das associações (RMS 23.566-DF, Rel. Min. Moreira
compulsória de associação, isto é, quando ela tiver que
Alves) – o STF firmou o entendimento de que as
ser dissolvida contra a vontade dos sócios. Tanto para a
associações, em algumas situações, atuam na qualidade de
suspensão das atividades quanto para dissolução
representante e, em outras, na qualidade de substituto
compulsória, exige a Constituição uma decisão judicial,
processual:
o que importa dizer que ordens administrativas ou
policiais
XXII - é garantido o direito de propriedade;
sobre o assunto são inconstitucionais. Entretanto, a
suspensão das atividades da associação não depende do
Este dispositivo assegura as mais variadas espécies de
trânsito em julgado da decisão, já a sua dissolução
propriedade, desde a imobiliária ou mobiliária até a
compulsória depende.
intelectual e de marcas. É um dispositivo pelo qual se
reconhece à pessoa, no Brasil, o direito de ser proprietário
de algo, em contraponto com exclusividade da
propriedade estatal de outros regimes. A CF, portanto,
acaba indiretamente dispondo que o Brasil é um país
capitalista.
social, ela poderá ser desapropriada pela União para fins Desapropriação confiscatória ou expropriação (art.
de reforma agrária com indenização em títulos da dívida 243) – esse tipo de desapropriação não assegura ao
agrária com prazo de resgate de até 20 anos, iniciando-se o proprietário nenhum direito a indenização, que é
resgate a partir do segundo ano de sua emissão. sempre devida nas demais hipóteses de desapropriação.
Dispõe o art. 243 da CF que “as propriedades rurais e
DESAPROPRIAÇÃO DE PROPRIEDADE RURAL urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
POR FALTA DE FUNÇÃO SOCIAL culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
exploração de trabalho escravo, na forma da lei, serão
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural de habitação popular, sem qualquer indenização ao
que não esteja cumprindo sua função social, proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
mediante prévia e justa indenização em títulos da lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.” (EC
dívida agrária, com cláusula de preservação do valor 81/2014)
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir
do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização XXIV - A lei estabelecerá o procedimento para
será definida em lei. desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos
Já o imóvel urbano não possui função social quando não
previstos nesta Constituição;
está adequado ao Plano Diretor (lei de desenvolvimento
urbano), podendo vir a ser desapropriado pelo Município
Esta, sem dúvida, é a forma mais violenta de o Estado
com indenização paga, em regra, em dinheiro.
intervir na propriedade, pois determina a sua perda
Excepcionalmente, quando se tratar de imóvel não
irreversível em favor do Poder Público. Note-se que este
edificado, não utilizado ou subutilizado, a indenização
dispositivo não faz distinção entre bem
pode ser feita em títulos da dívida pública com prazo de
de consumo e bem de produção, podendo a
resgate de até 10 anos.
desapropriação, aqui regulada, recair sobre um ou outro
indistintamente. Neste caso, a indenização seria justa,
DESAPROPRIAÇÃO DE PROPRIEDADE prévia e em dinheiro.
URBANA POR FALTA DE FUNÇÃO SOCIAL
Agora a motivação da desapropriação é um interesse
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, público inquestionável que suplanta o interesse particular
executada pelo Poder Público municipal, conforme do proprietário que acaba não podendo impedir ou
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo questionar a desapropriação.
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Quem pode desapropriar – além da União, dos Estados,
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara do DF, dos Municípios e das entidades da Administração
Municipal, obrigatório para cidades com mais de Indireta desses entes políticos (autarquias, fundações
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da públicas, sociedades de economia mista e empresas
política de desenvolvimento e de expansão urbana. públicas), as empresas que prestam serviços públicos por
meio de concessão ou permissão podem executar a
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social desapropriação, figurando no processo com todas as
quando atende às exigências fundamentais de prerrogativas, direitos, obrigações, deveres e respectivos
ordenação da cidade expressas no plano diretor. ônus, inclusive o relativo ao pagamento da indenização.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão XXV - No caso de iminente perigo público, a
feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, ulterior, se houver dano;
mediante lei específica para área incluída
no plano diretor, exigir, nos termos da lei Temos aqui a ocupação temporária, que é outra forma –
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, embora menos drástica que a desapropriação – de o
subutilizado ou não utilizado, que promova seu Estado intervir na propriedade privada. Ocorrendo o
adequado aproveitamento, sob pena, iminente perigo público, fica no âmbito do poder
sucessivamente, de: discricionário da autoridade competente utilizar a
I - parcelamento ou edificação compulsórios; propriedade para salvaguardar bens jurídicos mais
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial relevantes e que se encontrem, no momento,
urbana progressivo no tempo; ameaçados. Ao contrário da desapropriação, a ocupação
III - desapropriação com pagamento mediante temporária não é indenizável, a indenização só será
títulos da dívida pública de emissão previamente devida posteriormente no caso de perdas e danos.
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate XXVI - A pequena propriedade rural, assim definida
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e em lei, desde que trabalhada pela família, não será
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e objeto de penhora para pagamento de débitos
os juros legais. decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;
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DIREITO CONSTITUCIONAL
O constituinte procurou proteger a pequena propriedade conjunto se transfere, no momento exato do falecimento,
rural, estabelecendo a sua impenhorabilidade enquanto aos herdeiros legítimos e testamentários do morto,
bem de família. Para isso, é necessária a observância de garantindo-se assim que o Estado não tome o patrimônio
três requisitos: do falecido.
- seja a propriedade pequena, nos termos da lei;
- seja exclusivamente trabalhada pela família; XXXI - A sucessão de bens de estrangeiros situados
- e o crédito advenha da atividade produtiva. no País será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
XXVII - Aos autores pertence o direito exclusivo de lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Aplicação da lei mais benéfica aos brasileiros - Por
Direito imaterial – os direitos autorais são considerados outras palavras, entre a lei brasileira e a lei estrangeira (do
direitos imateriais ou incorpóreos, mas que recebem país do falecido), deverá sempre ser aplicada a mais
proteção constitucional. favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, quanto
aos bens situados no Brasil.
Duração – após a morte do autor, os direitos autorais são
transmitidos aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Obs.: de cujus = falecido
Após isso, caem em domínio público, passando a ser livre
a utilização, publicação e reprodução dessas obras. XXXII - O Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor;
XXVIII - São assegurados, nos termos da lei:
Com a promulgação do Código de Defesa do
a) A proteção às participações individuais em obras Consumidor (lei nº 8.078/90), ficou preenchido o sentido
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, desse dispositivo, que se voltou à pessoa na condição de
inclusive nas atividades desportivas; consumidor, para assegurar a ela um grupo de direitos que
a tirem da posição de inferioridade em que estão em
Entende-se a imagem e a voz como patrimônio pessoal e, relação ao produtor ou ao vendedor de determinado
portanto, suscetível de aferição monetária. Uma peça produto ou serviço.
teatral com vários autores, um clipe com vários cantores,
uma obra de arte concebida por vários artistas etc., onde XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos
cada um detém uma participação pessoal na medida de públicos informações de seu interesse particular, ou
sua contribuição para o engrandecimento do todo. de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
b) O direito de fiscalização do aproveitamento ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
econômico das obras que criarem ou de que segurança da sociedade e do Estado;
participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas; Reafirmação ampliada do inciso XIV, protegendo a
liberdade de informação pessoal que, se negada, enseja a
Aqui, a preocupação do constituinte atinge a fiscalização e impetração de Habeas Data. Mas o habeas data apenas é
o aproveitamento econômico das obras como decorrência cabível para a obtenção de informações pessoais, nunca de
lógica e efetiva dos direitos autorais. Seria exemplo a terceiros. Também prevê o inciso a possibilidade de
exibição de uma telenovela várias vezes, quer aqui ou no obtenção de informações de interesse coletivo ou
exterior, e a cada exibição os seus integrantes terão direito geral. Todavia, fica resguardado o sigilo da informação
a receber uma participação a ser paga pela produtora. necessária à segurança da sociedade e do Estado.
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O direito de petição pode ser exercido por qualquer Súmula 02 do STJ - Não cabe o habeas data
pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira. (CF, art. 5., LXXII, letra "a") se não houve recusa de
informações por parte da autoridade administrativa.
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimentos de situação de XXXVI - A lei não prejudicará o direito adquirido, o
interesse pessoal; ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
A obtenção de certidões objetiva facilitar o exercício da O Princípio da Irretroatividade da Lei estabelece que a lei
cidadania plena e vem engrossar o rol de medidas nova não vá retroagir (não produzirá seus efeitos para o
constitucionais neste sentido. passado) para alcançar o direito adquirido, o ato jurídico já
aperfeiçoado ou a coisa julgada. A intenção é dotar as
A negativa do Poder Público em fornecer uma relações jurídicas de uma estabilidade e de um mínimo de
certidão para o esclarecimento de situações de interesse segurança para as partes envolvidas.
pessoal de quem pede dá ensejo ao manejo de Mandado
de Segurança para proteger o direito líquido e certo de DIREITO ADQUIRIDO: Constitui-se num dos
obtenção da certidão. recursos de que se vale a constituição para limitar a
retroatividade da lei. Consiste em situações jurídicas que já
XXXV - A lei não excluirá da apreciação do Poder tinham se consolidado no tempo. Ex.: aposentadoria
Judiciário lesão ou ameaça a direito: (cumpridos os requisitos para a aposentadoria, a pessoa
tem o direito adquirido de se aposentar, mesmo que se
Consagra-se o Princípio da Inafastabilidade da Tutela edite uma lei nova modificando estes requisitos).
Jurisdicional como verdadeiro alicerce de uma sociedade
civilizada e democrática na solução de seus conflitos ATO JURÍDICO PERFEITO: É aquele que se
sociojurídicos. aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos necessários a
sua formação, debaixo da lei velha.
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é basilar na
existência do Estado de direito, determinando a COISA JULGADA: É a decisão judicial transitada em
Constituição Federal, sua garantia, sempre que houver julgado, ou seja, a decisão judicial que se torna imutável.
violação do direito. Dessa forma, será chamado a intervir
o Poder Judiciário, que, no exercício da jurisdição, deverá
aplicar o direito ao caso concreto. Importante lembrar que
a ameaça ao direito da parte já enseja a possibilidade de
ajuizamento de ação judicial como, por exemplo, ocorre
no habeas corpus preventivo para cessar a ameaça ilegal
ou abusiva à liberdade de locomoção de alguém.
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O juiz natural é somente aquele integrado no Poder Assim, todas as autoridades com foro de processo e
Judiciário, com todas as garantias institucionais e pessoais julgamento previsto diretamente pela Constituição
previstas na Constituição Federal. Somente os juízes, Federal, mesmo que cometam crimes dolosos contra a
tribunais e órgãos jurisdicionais previstos na Constituição vida, estarão excluídas da competência do Tribunal do
se identificam com o juiz natural. Júri.
As Justiças especializadas no Brasil não podem ser Esta regra aplica-se nas infrações penais comuns
consideradas Justiças de exceção, pois são devidamente cometidas pelo presidente da República, vice-presidente,
constituídas e organizadas pela própria Constituição membros do Congresso Nacional, ministros do STF,
Federal e demais leis de organização judiciária. procurador-geral da República, ministros de Estado etc.,
pois já se firmou posição que crimes comuns, previstos no
Juízo de exceção é aquele criado especialmente para julgar art. 102, I, b e c da Constituição Federal, abrangem todas
determinados fatos, após sua ocorrência; por exemplo: as modalidades de infrações penais, inclusive os crimes
após uma revolução, os seus responsáveis criam uma corte dolosos contra a vida, que serão processados e julgados
especialmente para julgar os derrotados e seus crimes pelo STF.
contra a nação.
São da competência do Tribunal do Júri os crimes
XXXVIII - É reconhecida a instituição do júri, com a dolosos contra a vida (homicídio, infanticídio,
organização que lhe dar a lei, assegurados: instigação, induzimento e auxílio ao suicídio e aborto).
A legislação mais benéfica ao réu retroage. A que vai Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
prejudicar o réu, em direito penal, não retroage. ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou
procedência nacional.
Súmula Vinculante 26 - Para efeito de progressão de Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
regime no cumprimento de pena por crime hediondo,
ou equiparado, o juízo da execução observará a Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o
inconstitucionalidade do art. 2º da lei nº 8.072, de 25 crime for cometido mediante concurso de 2 (duas) ou
de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o mais pessoas.
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para
tal fim, de modo fundamentado, a realização de XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e
exame criminológico. insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
Súmula 471 do STJ - Os condenados por crimes terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
hediondos ou assemelhados cometidos antes da por eles respondendo os mandantes, os executores e
vigência da lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto os que, podendo evitá-los, se omitirem;
no art. 112 da lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional. Perdão – tanto a graça quanto a anistia são considerados
formas de perdão:
XLI - A lei punirá qualquer discriminação atentatória
dos direitos e liberdades fundamentais; ANISTIA GRAÇA
O que se pretende nesse inciso é que a lei venha a
estabelecer punições para toda e qualquer conduta com – é um perdão concedido - é ato de clemência do
fundamento discriminatório, quer cometida por particular, mediante lei, aplicados a Poder Executivo,
quer pelo Estado. O dispositivo é, na verdade, um reforço crimes coletivos, em favorecendo um
da garantia de igualdade perante a Lei. geral políticos, que condenado por crime
produz efeitos comum ou por
XLII - A prática do racismo constitui crime retroativos, ou seja, contravenção,
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de desfaz todos os efeitos extinguindo ou
reclusão, nos termos da lei; penais da condenação diminuindo-lhe a pena
(mas não eventual ação imposta. Ter-se-á
Este inciso tem vários pontos técnicos. Primeiro, o civil de indenização por perdão, se a graça for
próprio crime de racismo, que à época da promulgação da danos eventualmente individual, e o indulto, se
Constituição ainda não existia. causados pelo anistiado). for coletiva. É o perdão
concedido pelo
Crime inafiançável é crime que não admite fiança presidente da República
(pagamento que a pessoa faz na Delegacia ou no Poder para relevar da pena.
Judiciário para poder responder ao processo em liberdade
provisória). Obs.: Embora não esteja previsto no texto
constitucional, os crimes insuscetíveis de graça
Crime imprescritível é crime que não sofre prescrição também não admitem indulto, pois este é uma
(prazo dentro do qual o Estado tem poder para encontrar, espécie de graça.
processar, punir e executar a pena do criminoso). Findo
esse prazo, nada mais a Justiça pode fazer contra o Obs.: a competência para conceder indulto e comutar
criminoso. Crime imprescritível, pois, é crime em relação pena é privativa do presidente da República (art. 84,
ao qual a Justiça jamais perde o poder de punir o seu XII); e a anistia exige lei do Congresso Nacional (art.
autor. 48, VIII).
A pena de reclusão é mais rigorosa que a pena de Os crimes hediondos foram tratados pela lei nº 8.072/90.
detenção.
XLIV - Constitui crime inafiançável e imprescritível a
Em 2021, o STF havia decidido que injúria racial é ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
uma forma de racismo e, portanto, imprescritível. Em ordem constitucional e o Estado democrático;
2023, a Lei n° 14.532 incluiu o art. 2°-A na Lei de
Racismo (Lei n° 7.716/1989), incluindo o crime de Por ação de grupos armados civis ou militares contra a
injúria racial no rol dos crimes de racismo. Portanto, ordem constitucional e o Estado democrático, entende-se
atualmente, injúria racial é um crime de racismo e, o golpe de estado. Note que o fato de ser imprescritível
como tal, inafiançável e imprescritível, sujeito a pena torna o golpe de estado punível mesmo que tenha êxito e
de reclusão. derrube o governo. Anos ou décadas depois, se o governo
Lei n° 7.716/1989 recuperar sua legitimidade, os golpistas poderão ser
presos, sem direito à fiança, processados e condenados.
XLV - Nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e
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a decretação do perdimento de bens serem, nos Prestação social alternativa é a condenação do réu a
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles fazer alguma coisa em benefício da sociedade, como
executadas, até o limite do valor do patrimônio forma de reparar todo ou parte de seu crime, como pintar
transferido; as paredes de uma associação comunitária, auxiliar no
atendimento em creche ou orfanatos, ministrar aulas
O presente inciso trata do Princípio da Pessoalidade da gratuitas e outros. Correspondem às penas restritivas de
Pena. Igualmente consagra a responsabilidade penal direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de
subjetiva – somente a pessoa física que, de algum modo, liberdade, indicadas no Código Penal, art. 44.
concorreu para o crime por ele responderá na medida de
sua culpabilidade. Suspensão de direito é a supressão temporária dele,
como no caso do motorista que atropela e mata um
Por outro lado, surge o perdimento de bens ou pedestre, sendo que dirigia embriagado. A pena, além das
ressarcimento de danos com nova pena, de forma a referentes ao crime, poderá alcançar a retirada temporária
permitir ao Estado perseguir aqueles bens frutos de ou definitiva da carteira de habilitação e, com ela, do
aquisição ilícita, estejam eles onde estiverem, quer no direito de dirigir.
patrimônio do condenado quer de um herdeiro. Por
princípio de justiça, a extensão dessa responsabilidade A individualização da pena de que fala o inciso é a sua
patrimonial não atinge aqueles bens cuja origem é fixação de acordo com as características pessoais do
notoriamente lícita. condenado, sua personalidade, a conduta social, sua
condição escolar e financeira, dentre outras.
Perda de bens e ressarcimento de danos – não
prejudica o princípio da pessoalidade da pena; se aplica Progressão de regime e liberdade provisória aos
inteiramente às sanções penais, à obrigação de reparar o condenados por crimes hediondos e o princípio da
dano e ao perdimento de bens, sanções de natureza individualização da pena - por causa do princípio da
patrimonial, que podem ser estendidas aos sucessores. É individualização da pena, o Supremo Tribunal Federal
necessário, todavia, observar que, o sucessor não está entendeu ser inconstitucional o § 1º do art. 2º da lei n°
sofrendo sanção nenhuma; no máximo, determinado 8.072/90 (antes da sua alteração pela lei nº. 11.464/2007),
patrimônio que a ele caberia por sucessão causa mortis que proibia de forma absoluta a progressão do regime nos
deixará de ser recebido, mas o patrimônio originário do crimes hediondos, e o art. 2º, II, que veda a concessão de
sucessor não pode, em nenhuma hipótese, sofrer decesso liberdade provisória ao condenado pela prática de crime
em decorrência de uma condenação sofrida pelo de cujus. de hediondo, pois nesses casos não se estaria levando em
consideração as características pessoais do infrator. (Vide
Obs.: Não confundir pena de perda de bens ou súmula vinculante 26 e Súmula 471 do STJ tratada no
ressarcimento de danos com a pena de multa. A pena inciso XL do art. 5º desta apostila)
de perda de bens ou ressarcimento de danos pode ser
estendida aos sucessores até o limite do patrimônio XLVII - Não haverá penas:
transferido. A pena de multa é personalíssima. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
XLVI - A lei regulará a individualização da pena e b) de caráter perpétuo;
adotará, entre outras, as seguintes: c) de trabalhos forçados;
a) privação ou restrição da liberdade; d) de banimento;
b) perda de bens; e) cruéis.
c) multa;
d) prestação social alternativa; A pena de morte apenas será admitida em casos de
e) suspensão ou interdição de direitos; guerra declarada de acordo com o Código Penal Militar.
Sendo o direito à vida petrificado, é dogmaticamente
Consagrado neste inciso o Princípio da impossível a ampliação de sua aplicação aos crimes
Individualização da Pena. hediondos. Entretanto, é importante ressaltar que é
admissível a pena de morte em caso de guerra,
Este inciso trata das penas constitucionais, das penas declarada pelo presidente da República, no caso de
possíveis no Direito brasileiro e firma o princípio da agressão estrangeira, autorizada pelo Congresso
individualização da pena. Nacional ou referendada por ele, quando ocorrida
durante os recessos parlamentares.
A privação é a perda da liberdade, pela reclusão ou pela
detenção. A restrição de liberdade é apenas um Art. 84. Compete privativamente ao presidente da
cerceamento, uma diminuição dela, e ocorre no sursis, nos República:
regimes aberto e semiaberto de prisão e no livramento (...)
condicional, por exemplo. XIX - declarar guerra, no caso de agressão
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
Perda de bens significa tê-los retirados pelo Estado, para referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
reparar a vítima ou a si próprio. sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização
Multa é a imposição de uma penalidade pecuniária, de um nacional;
valor a ser pago pelo preso.
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Por questão de política criminal, as penas de caráter envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
perpétuo estão vedadas pela Constituição, que, neste drogas afins, na forma da lei;
passo, consagra o caráter reeducativo da pena. A legislação
penal permite, dentro desse espírito, a unificação das LII - Não será concedida extradição de estrangeiro
penas, estabelecendo, ainda, que o tempo de cumprimento por crime político ou de opinião;
das penas privativas de liberdade não pode ser superior a
30 (trinta) anos. A extradição é um ato político bilateral que pressupõe um
tratado internacional prévio entre os países envolvidos.
A pena de trabalhos forçados no Brasil também é Extradição é o ato pelo qual um Estado entrega um
proibida, tendo em vista que viola o princípio da indivíduo, acusado de um delito ou já condenado como
dignidade da pessoa humana. criminoso, à Justiça do outro país, que o reclama, e que é
competente para julgá-lo e puni-lo.
IMPORTANTE
Quanto à extradição, a Constituição Federal prevê
Apesar de a CF/88 proibir a pena de trabalhos tratamento diferenciado aos brasileiros natos,
forçados, a Lei de Execuções Penais (LEP) dispõe naturalizados e aos estrangeiros, segundo o disposto nos
que o preso condenado à pena privativa de liberdade incisos LI e LII, do art. 5º.
é obrigado a trabalhar, na medida de suas aptidões e
capacidade (art. 31 da LEP). E acrescenta que o Requisito da dupla tipicidade - o Brasil apenas
descumprimento do dever de trabalhar é previsto poderá extraditar um indivíduo se a conduta
como falta grave (art. 50, VI, da LEP) impondo tipificada como crime no país requerente também for
sanções disciplinares. Porém, não se pode confundir considerada crime (típica) no Brasil.
trabalhos forçados com o dever de trabalhar. A
obrigação de trabalhar, quando obedecida, gera Há duas espécies de extradição:
benefícios; e quando desobedecida, gera sanções Ativa: é requerida pelo Brasil a outros Estados soberanos;
disciplinares. Ainda assim não é considerado Passiva: é a que se requere ao Brasil, por parte dos
trabalho forçado, uma vez que os presos não podem Estados soberanos.
ser coagidos fisicamente ao trabalho.
A Constituição prevê o seguinte:
Banimento é um ato unilateral que recairia sobre a) O brasileiro nato nunca será extraditado;
brasileiros natos e naturalizados, retirando-os de seu país. b) O brasileiro naturalizado somente será extraditado em
Não confundir com expulsão que é ato idêntico, mas que dois casos:
recai sobre estrangeiro e é admitida na legislação brasileira I. por crime comum, praticado antes da naturalização;
infraconstitucional (lei nº 6.815/50). II. quando da participação comprovada em tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei,
As penas cruéis são igualmente excluídas por serem independentemente do momento do fato, ou seja, não
incompatíveis com a sadia evolução do Direito Penal, por importa se foi antes ou depois da naturalização;
importarem em grande dor física ou moral.
c) O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado, havendo
XLVIII - A pena será cumprida em estabelecimentos vedação apenas nos crimes políticos ou de opinião.
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
e o sexo do apenado; Obs.: O português equiparado, nos termos do § 1º do
art. 12 da Constituição Federal, tem todos os direitos
Existirão estabelecimentos correcionais de segurança do brasileiro naturalizado; assim, poderá ser
mínima, máxima e média, a fim de servirem para o extraditado nas hipóteses descritas no item II.
cumprimento progressivo da pena. Da mesma forma, Porém, em virtude de tratado bilateral assinado com
deve haver separação por motivo de sexo e idade. Portugal, convertido no Decreto Legislativo nº
70.391/72 pelo Congresso Nacional, somente poderá
XLIX - É assegurado aos presos o respeito à ser extraditado para Portugal;
integridade física e moral;
RESUMO
O preso só perderá a sua liberdade de locomoção,
mantendo todos os demais direitos que dela não derivam.
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Competência para conceder a extradição – de acordo condão de anulá-lo, permanecendo válidas as demais
com a CF/88, compete originariamente ao STF processar provas lícitas e autônomas delas não decorrentes.
e julgar os pedidos de extradição formulados pelo estado
estrangeiro (art. 102, I, g). Contudo, de acordo com o STF LVII - Ninguém será considerado culpado até o
compete ao Presidente da República, na condição de trânsito de julgado de sentença penal condenatória;
Chefe de Estado, a atribuição de entregar o extraditando
ao estado estrangeiro requerente (art. 84, VII) Aqui se encontra consagrado o Princípio da Presunção de
Inocência, um dos basilares do Estado de Direito como
LIII - Ninguém será processado nem sentenciado garantia processual penal. Mantém a primariedade do réu
senão pela autoridade competente; até que se ultime a decisão condenatória transitada em
julgado.
Este inciso consagra o Princípio do Juiz Natural
segundo o qual cada um dos súditos do Estado disporá de
Obs.: Por 6x5, o Plenário do Supremo Tribunal
um Juízo com competência natural para processá-lo e
Federal (STF) entendeu que o artigo 283 do Código
julgá-lo com observância obrigatória de outros princípios
de Processo Penal (CPP) é constitucional não sendo
de processo constitucional.
possível o início da execução da pena após
condenação em segunda instância, sendo necessário
LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus
aguardar o trânsito em julgado da sentença penal
bens sem o devido processo legal;
condenatória, em homenagem ao princípio da
presunção de inocência (ADCs 43 e 44).
O Princípio do Devido Processo Legal (due process of
law) é o mais importante de todos aqueles que tratam o
processo. Refere-se à necessidade do devido processo LVIII - O civilmente identificado não será submetido
legal para que alguém perca sua liberdade ou qualquer de à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
seus bens. A honra, o patrimônio, o uso do nome, a em lei;
integridade física e moral, tudo isto faz parte dos bens
corpóreos e incorpóreos da pessoa humana. Quando se fala em identificação criminal, está a
Constituição se referindo ao registro, guarda e
O Devido Processo Legal tem como corolários a ampla recuperação de todos os dados e informações necessários
defesa e o contraditório, que deverão ser assegurados para estabelecer a identidade do acusado.
aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral. Identidade é o conjunto de características que distinguem
uma pessoa da outra (arcada dentária, digitais, voz, altura,
Nenhuma penalidade poderá ser imposta, tanto no campo etc.).
judicial, quanto nos campos administrativos ou
disciplinares, sem a necessária amplitude de defesa. Identificação será o processo de estabelecer a identidade.
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou Este inciso não permitiu a recepção do inciso VIII do art.
administrativo, e aos acusados em geral são 6º do Código de Processo Penal, que ordenava a
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os identificação datiloscópica dos indiciados.
meios e recursos a ela inerentes;
Obs.: Convém observar que a Constituição cria
Por ampla defesa entende-se a necessidade de assegurar, restrições à identificação criminal, não
ao réu, condições que lhe possibilitem trazer para o se referindo à civil. Portanto, não há
processo todos os elementos tendentes a esclarecer a inconstitucionalidade se, determinado por edital de
verdade ou mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender concurso público, o candidato, no momento da
necessário. resolução da prova, for obrigado a identificar--se
datiloscopicamente para o fiscal.
O contraditório assegura que a parte tem o direito de se
manifestar sobre todas as provas produzidas e sobre as LIX - Será admitida ação privada nos crimes de ação
alegações feitas pela parte adversa. A igualdade das partes pública, se esta não for intentada no prazo legal;
impede que acusação ou defesa possuam privilégios.
LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas - Ação penal pública – ocorre quando a titularidade do
obtidas por meios ilícitos; seu exercício é do Ministério Público.
- Ação penal privada – ocorre quando o seu titular é o
Aqui se encontra o Princípio da Licitude da Prova. A particular ofendido ou o seu representante legal.
prova obtida por meio ilícito é aquela colhida com - Ação penal privada subsidiária da pública - será
infração das leis, como, por exemplo, as obtidas através de admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
tortura, lesões corporais, invasões, fraude, etc. não for intentada no prazo legal. Para isso exige-se que,
na ação penal pública, o Ministério Público se
Teoria dos frutos da árvore envenenada - As provas mantenha inerte, não ajuizando a ação nem
requerendo o seu arquivamento.
ilícitas, bem como todas as derivadas dela, são
constitucionalmente inadmissíveis, devendo, pois,
ser desentranhadas do processo, não tendo, porém, o
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Atuação do Ministério Público nas ações penais LXII - A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
privadas subsidiárias da pública – nas ações penais encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
privadas subsidiárias da pública em que o ofendido ou o competente e à família do preso ou à pessoa por ele
seu representante legal ingressa com a queixa-crime ante a indicada;
inércia do Ministério Público, este (o MP) atuará no
processo com as mesmas prerrogativas que possui O mandamento constitucional exige que, além da
relativamente às ações penais públicas (art. 29 do CPP). comunicação imediata, seja estabelecido o local onde o
preso se encontre a fim de evitar-se a sua
Inquérito arquivado por requerimento do MP – incomunicabilidade, o que, por consequência, facilitaria
quando o inquérito é arquivado por requerimento do sobremaneira eventual abuso de autoridade.
Ministério Público, não cabe ação penal privada
subsidiária da pública. Esta somente é cabível quando o LXIII - O preso será informado de seus direitos,
não oferecimento da denúncia decorre de inércia entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
injustificada do Ministério Público. assegurada a assistência da família e de advogado;
LX - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos São vários os direitos do preso, dentre eles o de ser
processuais quando a defesa da intimidade ou o assistido pela família e por advogado, de ter preservada a
interesse social o exigirem; sua integridade física e, explícito no inciso, o de ficar
calado.
O Princípio da Publicidade dos Atos Processuais
ainda encontra respaldo no art. 93, IX e, em ambos os Qualquer preso, em qualquer situação, pode reservar-se ao
dispositivos, admite-se como exceção a possibilidade do direito de permanecer em silêncio, negando-se a
segredo de Justiça que torna, excepcionalmente, os atos de responder a todas as perguntas da autoridade. Isso decorre
processo sigilosos, limitando a presença, em determinados do princípio de que ninguém pode ser obrigado a
atos, às próprias partes e seus advogados, tudo com o produzir provas contra si mesmo.
intuito de evitar evidente prejuízo que poderia advir da
publicidade de certos processos. Há casos em que a Já a testemunha tem a obrigação de falar a verdade, não
própria lei ordinária processual determina o segredo de podendo calá-la ou alterá-la sob pena de cometer crime de
Justiça. falso testemunho.
A CF/88 prevê três tipos de prisão: LXIV - O preso tem direito à identificação dos
- Prisão militar – as prisões militares podem ser responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
disciplinares, caso em que são decretadas policial;
administrativamente, pela autoridade militar de
hierarquia superior à do infrator, ou decorrem de Este inciso procura garantir ao preso a possibilidade de
crimes militares, caso em que as prisões devem ser identificar aqueles que tenham vilipendiado seus direitos
decretadas pela Justiça Militar. individuais no momento do interrogatório ou de sua
- Ordem judicial – a prisão, em regra, depende de ordem prisão.
escrita e fundamentada de autoridade judiciária.
- Flagrante delito – qualquer pessoa pode dar voz de LXV - A prisão ilegal será imediatamente relaxada
prisão contra quem esteja em flagrante delito. pela autoridade judiciária;
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Esta prisão durante o processo ainda não é prisão-pena, a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
mas a chamada prisão cautelar de natureza processual. Há alimentícia;
inúmeras formas de se colocar o acusado preso durante o b) Depositário infiel.
processo e outras tantas para colocá-lo em liberdade
durante este período. A primeira, diz respeito à possibilidade de prisão civil por
falta de pagamento de prestação alimentícia.
Mas a prisão ilegal sempre deve ser relaxada, sendo o
preso colocado, imediatamente, em liberdade. A segunda, diz respeito à possibilidade de prisão civil do
devedor considerado, verdadeiramente ou por ficção legal,
como depositário infiel.
Caráter excepcional da utilização de algemas – o
Supremo Tribunal Federal firmou orientação de que IMPORTANTE
a utilização de algemas deve ter caráter excepcional,
configurando o seu uso abusivo violação do princípio Pacto de São José da Costa Rica - o Brasil é
da dignidade humana e mesmo à presunção de signatário de um Tratado Internacional denominado
inocência, sobretudo quando o objetivo manifesto na Pacto de São José da Costa Rica em que firmou o
atuação policial abusiva é expor o preso à execração compromisso de não mais prender o depositário
pública, representando uma verdadeira “condenação infiel.
sem julgamento”.
Súmula vinculante nº 25 - o STF editou a súmula
Súmula Vinculante n° 11 - Só é lícito o uso de vinculante nº 25 proibindo a prisão do depositário
algemas em casos de resistência e de fundado receio infiel em qualquer modalidade de depósito. Desta
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou forma, apesar de ainda constar da Constituição, não
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada mais se admite, na prática, a prisão do depositário
a excepcionalidade por escrito, sob pena de infiel.
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da LXVIII - Conceder-se-á habeas corpus sempre que
responsabilidade civil do Estado. alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder;
LXVI - Ninguém será levado à prisão ou nela
mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, O habeas corpus tem por escopo proteger a liberdade de
com ou sem fiança; locomoção (direito de ir, vir, ficar ou permanecer),
prevista no inciso XV. Pode ser preventivo ou liberatório,
Sendo a prisão a forma mais grave e comum de punição conforme a pessoa esteja ameaçada de ter sua liberdade
para os culpados, apenas excepcionalmente deve ela ser tolhida ou já presa. A liberdade há que estar sendo tolhida
aplicada aos presumidamente inocentes. Antes do trânsito ou ameaçada de modo ilegal ou por abuso de poder.
em julgado da sentença condenatória, a prisão tem a
natureza de medida cautelar, visando preservar a Requisitos:
integridade de testemunhas, da ordem pública, da ordem - Pode ser preventivo ou repressivo;
econômica ou a evitar que o réu se evada. - É gratuito;
- Não é necessária a representação por advogado;
A liberdade provisória com fiança é liberdade - Pode ser impetrado por qualquer pessoa;
vinculada, onde o acusado, mediante depósito de uma - Não tem forma legal;
quantia, se compromete a comparecer aos atos - Decorre do abuso de poder cometido por autoridade
processuais sob pena de revogação do benefício. pública ou particular.
A liberdade provisória sem fiança também é vinculada, LXIX - Conceder-se-á mandado de segurança para
só que aqui o acusado não precisa fazer depósito. Ele proteger direito líquido e certo, não amparado por
recebe o benefício legal porque cumpre os requisitos habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
legais descritos no CPP. pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
LXVII - Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
responsável pelo inadimplemento voluntário e atribuições do Poder Público;
inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel; O Mandado de Segurança visa à proteção de direito
líquido e certo em face de ilegalidade ou abuso de
Entende-se por prisão civil aquela que não é decretada poder onde o responsável seja autoridade pública ou
com finalidades penais. agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público.
Em regra, não haverá prisão civil por dívida.
Excepcionalmente, porém, a CF prevê dois casos. Será Direito líquido e certo é aquele verificável de plano, de
permitida a prisão civil decretada pela autoridade judicial imediato por meio de prova documental.
competente:
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Ilegalidade e abuso de poder designam, Mandado de Injunção serve para impedir que a falta de
respectivamente, a violação da norma jurídica no ato norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
vinculado e o transbordamento dos limites da direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
discricionariedade. inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Autoridade é a pessoa que praticou o ato ou o ordenou, Por isso, o mandado de injunção é ajuizado no tocante às
podendo, no mandado de segurança, ser autoridade normas constitucionais de eficácia limitada que precisam
pública ou pessoa jurídica de direito privado, porém de leis infraconstitucionais que as regulamentem para a
neste último caso, somente quando estiver exercendo produção de todos os seus efeitos; e estas leis não foram
atribuições próprias do poder público. criadas ou, se criadas, não regulamentaram totalmente a
norma constitucional de aplicação mediata.
O mandado de segurança não é gratuito. Porém, não
tem honorários advocatícios sucumbenciais. Com relação aos efeitos do mandado de injunção, a
doutrina passeia entre duas teorias: a teoria concretista
O mandado de segurança possui prazo decadencial de (geral ou individual) e a teoria não concretista. Pela
120 dias para o seu ajuizamento. teoria concretista tem-se que o STF pode, por meio de
uma normatização geral, suprir a omissão normativa,
O mandado de segurança é uma ação residual dando assim efeitos concretos a uma norma
porque só é cabível, conforme texto constitucional, constitucional de eficácia limitada. Porém, o STF pode
quando não couber habeas corpus ou habeas data. estender a sua decisão para todos, utilizando o efeito erga
Porém, a doutrina entende que, por ser uma ação omnes (teoria concretista geral) ou restringir os efeitos
residual, ela só é cabível quando não couber de sua decisão apenas ao autor da ação (teoria
nenhuma outra garantia prevista no art. 5º, ou seja, só concretista individual). Já na teoria não concretista, o
cabe o mandado de segurança quando não couber STF apenas se limita a reconhecer a inércia do poder
habeas corpus, habeas data, mandado de injunção ou omisso, sem, contudo, normatizar o direito constitucional
ação popular. discutido.
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IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
for especialmente relevante para a promoção dos direitos integral e gratuita aos que comprovarem
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos insuficiência de recursos;
dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal. O Estado presta a assistência jurídica gratuita através da
Defensoria Pública que faz a orientação jurídica e a defesa
LXXII - Conceder-se-á habeas data: dos direitos das pessoas de baixa renda. Além disso, o
a) para assegurar o conhecimento de informações pobre na forma da lei tem direito à isenção das custas
relativas à pessoa do impetrante, constantes de judiciais.
registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
b) para a retificação de dados, quando não se prefira judiciário, assim como o que ficar preso além do
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou tempo fixado na sentença;
administrativo;
A Constituição se preocupa com a pessoa que,
Habeas Data permite o acesso, a retificação ou a injustamente, foi condenada por sentença transitada em
supressão de um dado pessoal que esteja em arquivo julgado, tendo sido descoberto tal prejuízo posterior à
público ou privado de caráter público (ex.: SERASA, SPC sentença, tendo este direito à indenização por dano
etc.). É facultativo e personalíssimo, pois só quem pode moral e material.
impetrá-lo é o titular dos dados questionados.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
Considera-se de caráter público todo registro ou banco pobres, na forma da lei:
de dados contendo informações que sejam ou que possam a) o registro civil de nascimento;
ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso b) a certidão de óbito.
privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária
das informações. São benefícios concedidos pela Constituição Federal aos
reconhecidamente pobres e hoje, por força da lei
Trata-se de ação mandamental que tutela a prestação de 9.265/96, estendidos a todos. O entendimento do STF
informações contidas em bancos de dados pertencentes a é o de que a referida lei não viola o dispositivo
entidades públicas ou de caráter público, bem como sua constitucional mencionado, tendo em vista que
retificação. apenas amplia o direito concedido
constitucionalmente aos pobres para todas as
Além disso, é uma ação gratuita. pessoas.
De acordo com o art. 7º, inciso III, da lei n. 9.507/1997, LXXVII - São gratuitas as ações de habeas corpus e
conceder-se-á habeas data também para a anotação nos habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
assentamentos do interessado, de contestação ou exercício da cidadania.
explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que
esteja sob pendência judicial ou amigável. A terceira As ações de habeas corpus e habeas data, assim como os
hipótese de habeas data prevista em lei, além das duas demais atos necessários ao exercício da cidadania são
hipóteses constitucionais, significa dizer que o rol do art. gratuitos. Porém, é importante lembrar que a ação de
5º, inciso LXXII, da CF/88 é meramente enumerativo habeas corpus, para ser ajuizada não precisa de advogado,
ou exemplificativo. enquanto a ação de habeas data, apesar de gratuita, precisa
ser ajuizada por intermédio de um advogado.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao LXXVIII - A todos, no âmbito judicial e
patrimônio público ou de entidade de que o Estado administrativo, são assegurados a razoável duração
participe, à moralidade administrativa, ao meio do processo e os meios que garantam a celeridade de
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, sua tramitação. (EC nº 45, de 2004)
ficando o autor, salvo comprovada má--fé, isento de A EC nº 45/2004 acrescentou ao rol dos direitos
custas judiciais e do ônus da sucumbência; fundamentais o direito à celeridade processual gerando
A Ação Popular pode ser impetrada por qualquer o entendimento de que todos têm o direito a um processo
cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público rápido, que finalize em tempo hábil para assegurar o
ou entidade de que o Estado participe, à moralidade direito das partes.
administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio
histórico e cultural. LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à
Cidadão é aquela pessoa que está no gozo dos direitos proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
políticos (que pode votar no Brasil). digitais. (EC n° 115/2022)
A ação é gratuita para o autor de boa-fé. Caso fique A proteção de dados, inclusive por meios digitais, já se
comprovada a má-fé do autor, ele será obrigado ao encontrava disciplinada na Lei Geral de Proteção de
pagamento das custas e do ônus da sucumbência. O réu, Dados (LGPD). Contudo, com a sua inserção no art. 5°
perdendo a ação, também será condenado ao ônus da da CF/88, o legislador alçou essa proteção à categoria de
sucumbência (pagamento de custas e honorários direitos fundamentais e cláusula pétrea, não mais podendo
advocatícios sucumbenciais).
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XII - salário-família pago em razão do dependente do XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
compensação de horários e a redução da jornada, menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; a partir de quatorze anos;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação Obs.: Apesar de a CF/88 dispor que este inciso
coletiva; XXXIII se aplica aos empregados domésticos, a LC
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos 150/2015 veda aos menores de 18 anos trabalhar na
domingos; condição de empregado doméstico.
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do Trabalhadores domésticos – São assegurados à
salário, com a duração de cento e vinte dias; categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
XIX – licença paternidade, nos termos fixados em lei; previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI,
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, em lei e observada a simplificação do cumprimento das
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
de normas de saúde, higiene e segurança; nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
XXIII - adicional de remuneração para as atividades a sua integração à previdência social. (art. 7º, parágrafo
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; único, com redação dada pela EC 72/2013)
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DO
o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e TRABALHO
pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos Criação de sindicatos – é livre a criação de sindicatos,
coletivos de trabalho; mas eles deverão ser registrados nos órgãos competentes.
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do Impossibilidade de intervenção estatal no
empregador, sem excluir a indenização a que este está funcionamento do sindicato – dispõe o art. 8º, I, que a
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; lei não poderá exigir autorização do Estado para a
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações fundação de sindicato, sendo vedadas ao Poder Público a
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para interferência e a intervenção na organização sindical.
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho; Sindicato por base territorial - é vedada a criação de
mais de uma organização sindical, em qualquer grau,
Durante o vínculo empregatício, se o empregado representativa de categoria profissional ou econômica, na
ajuizar uma reclamação trabalhista contra seu mesma base territorial, que será definida pelos
empregador, poderá requerer os créditos trabalhistas trabalhadores ou empregadores interessados, não
relativos aos últimos cinco anos do contrato de podendo ser inferior à área de um Município (art. 8º, II).
trabalho. Quando é extinto o contrato de trabalho, ele
também poderá pleitear na Justiça do Trabalho o Obs.: a vedação de mais de um sindicato por base
direito dos últimos cinco anos, mas só poderá territorial se dará em qualquer grau, representativa da
ingressar com a reclamação trabalhista até dois anos mesma categoria profissional (trabalhadores) ou
após a extinção do contrato de trabalho. A partir da econômica (empregadores). Em caso de conflito
cessação do contrato de trabalho, o prazo começa a resolve-se pela aplicação do princípio da
correr contra o empregado: cada dia que permanece anterioridade, isto é, a representação da categoria
inerte, ele perde um dia do direito (se ele ingressar caberá à entidade que primeiro realizou o seu
com a ação no último dia dos dois anos, só poderá registro no órgão competente.
pleitear direitos relativos aos últimos três anos do
contrato de trabalho). Contribuição confederativa – a contribuição para o
custeio do sistema confederativo é fixada em assembleia
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de geral, visto que não tem a natureza de tributo e é devida
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, apenas pelos filiados ao sindicato.
idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a Contribuição sindical – a contribuição sindical é tributo
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de e, portanto, instituído por lei, sendo devido por todos os
deficiência; trabalhadores filiados ou não à entidade sindical (art. 8º,
IV, c/c art. 149).
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RESUMO
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2. DIREITO AO SUFRÁGFIO
● Conceito – o direito ao sufrágio é materializado pela
capacidade de votar e ser votado, representando, pois, a
essência dos direitos políticos;
● Aspectos do sufrágio – o direito ao sufrágio pode ser
visto sob dois aspectos:
○ capacidade eleitoral ativa – representa o direito de
votar, o direito de alistar-se como eleitor (alistabilidade);
○ capacidade eleitoral passiva – consiste no direito de ser
votado, de eleger-se para um cargo político (elegibilidade);
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para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os ○ domicílio eleitoral na circunscrição (o eleitor deve ser
maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. domiciliado no local pelo qual se candidata, pelo período
mínimo exigido pela legislação eleitoral
● Impossibilidade de alistamento eleitoral – não é infraconstitucional);
permitido o alistamento de estrangeiro e, durante o
serviço militar, dos conscritos. ○ filiação partidária (não se admitindo a candidatura
autônoma ou avulsa, sem filiação a partido político);
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, RESUMO DA FIDELIDADE PARTIDÁRIA
no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da ● Pela regra da fidelidade partidária, nas eleições
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos proporcionais (deputado federal, deputado
votos válidos em cada uma delas; ou estadual/distrital e vereador), os mandatos não pertencem
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados aos candidatos eleitos, mas aos partidos. Dessa forma,
Federais distribuídos em pelo menos um terço das trocando de partido durante o mandato o cargo fica com
unidades da Federação. o partido e não com o candidato eleito.
● Exceções – os candidatos podem mudar de partido após
Possibilidade de mudança de partido político para o eleito pelo sistema proporcional sem perder o cargo
candidato eleito que não atingir os requisitos quando:
mínimos da cláusula de barreira - Ao eleito por partido - comprovar alteração do conteúdo partidário do partido
que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste pelo qual foram eleitos;
artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem - comprovar perseguição política;
perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, - o partido não preencher os requisitos da cláusula de
não sendo essa filiação considerada para fins de barreira. Nesse caso, a troca de partido não será
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso considerada para fins de distribuição dos recursos do
gratuito ao tempo de rádio e de televisão (art. 17, § 5º, fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de
com redação dada pela EC 19/2017). rádio e de televisão (art. 17, § 5º, com redação dada
pela EC 19/2017).
OBS.: Essa regra veio a dificultar o ingresso de - houver anuência do partido ou de outras hipóteses de
partidos menores nos cargos de eleição proporcional justa causa estabelecidas em lei. Nesse caso, a troca de
(deputados estaduais, deputados federais e partido também não será considerada para fins de
vereadores). Ela ainda impõe que o candidato eleito distribuição dos recursos do fundo partidário e de
que não tenha atingido os requisitos mínimos acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão (art.
exigidos na cláusula de barreira, mude de partido 17, § 6º, incluído pela Emenda Constitucional nº 111,
político para conservar o seu mandato eletivo. Ex.: de 28/09/2021)
Fulano é eleito Deputado Federal pelo PX (Partido
X). Ocorre que o PX não elegeu 15 Deputados Cota do fundo partidário para o incentivo à
Federais. Logo, Fulano poderá mudar para o PY participação política das mulheres - Os partidos
(Partido Y) que cumpriu a cláusula de barreira, por políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento)
exemplo. Contudo, não leva consigo essa filiação dos recursos do fundo partidário na criação e na
para fins de aumentar os recursos do fundo partidário manutenção de programas de promoção e difusão da
e do tempo de rádio e TV para o partido de destino. participação política das mulheres, de acordo com os
interesses intrapartidários. (art. 17, § 7°) (EC 117/2022)
● Partido político e organização de caráter paramilitar -
É vedada a utilização pelos partidos políticos de Cota do fundo partidário e do tempo de rádio e tv
organização paramilitar (art. 17, § 4º). para as candidatas - O montante do Fundo Especial de
Financiamento de Campanha e da parcela do fundo
partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o
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tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser Obs.: Esta regra foi criada para evitar fraude. Caso
distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, contrário poderia ocorrer de um Presidente por dois
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), mandatos consecutivos se candidatasse a vice e após
proporcional ao número de candidatas, e a distribuição a eleição e posse o Presidente renunciaria e assumiria
deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos o Vice no cargo de Presidente, perfazendo assim o
respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, terceiro mandato consecutivo, o que é vedado pela
considerados a autonomia e o interesse partidário. (art. 17, CF/88.
§ 8°) (EC 117/2022)
Obs.: Esta regra se aplica também a esfera estadual,
8. INELEGIBILIDADES distrital e municipal, no tocante ao respectivo Chefe
● Inelegibilidade – consiste na ausência de capacidade do Executivo Local.
eleitoral passiva, incidindo como impedimento à
candidatura a mandato eletivo nos poderes Executivo e ● Desnecessidade de desincompatibilização em caso
Legislativo. de reeleição – a Constituição Federal não exige a
● Tipos de inelegibilidade – a inelegibilidade pode ser desincompatibilização do Chefe do Poder Executivo que
absoluta ou relativa. pretenda candidatar-se a reeleição, isto é, não se exige que
● Inelegibilidade absoluta – impede que o cidadão o Chefe do Executivo renuncie, ou se afaste
concorra em qualquer eleição, a qualquer mandato eletivo; temporariamente do cargo, para que possa candidatar-se à
● Casos de inelegibilidade absoluta (art. 14, § 4º): reeleição. Entretanto, nada impede que o Chefe do
○ os analfabetos, que embora sejam alistáveis (ou seja, Executivo opte em desincompatibilizar-se.
possuem capacidade eleitoral ativa), não são elegíveis (ou ● Exigência de desincompatibilização para concorrer a
seja, não possuem capacidade eleitoral passiva); outros cargos – para concorrerem a outros cargos, o
○ os não-alistáveis, uma vez que a elegibilidade tem como Presidente da República, os Governadores de Estado e do
pressuposto a alistabilidade, isso é, para ser elegível é Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
necessário que antes seja alistável (ex.: os estrangeiros e os respectivos mandatos até 06 meses antes do pleito
conscritos durante o serviço militar). (CF/88, art. 14, § 6º). Este é um caso de inelegibilidade do
Presidente da República, dos Governadores de Estado e
Obs.: o rol das hipóteses de inelegibilidade absoluta, do Distrito Federal e dos Prefeitos para concorrerem a
por situações excepcionais, encontra-se na outros cargos.
Constituição Federal (art. 14, § 4º) e é taxativo, não Obs.: essa inelegibilidade se aplica a qualquer outro
podendo a lei infraconstitucional ampliar este rol. cargo eletivo, inclusive a suplente de senador.
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