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DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITO DE PROPRIEDADE

INTELECTUAL

Dionísio Artur de Castro Joaquim1

Resumo: Os Direitos fundamentais são direitos-jurídicos institucionalmente garantidos e


limitados espaço-temporalmente, são direitos objectivamente vigentes numa ordem jurídica
concreta. Para este, os direitos fundamentais só existem na relação directa com a Constituição,
isto é, na medida em que tenham sido positivados. É preciso constarem da lei fundamental.
Grosso modo que, texto constitucional ao abrigo do n o 1 e 2 do artigo 94 consagra que todos
cidadãos têm direito a liberdade de criação científica, técnica, literária e artística, o estado
protege os direitos inerentes á propriedade intelectual 2, incluindo os direitos de autor e promove
a prática e a difusão das letras e das artes. Por este imperativo constitucional poder-se-ia a
firmar que os direitos de propriedade intelectual fazem parte dos Direitos, liberdades e garantias
protegidos a nível constitucional, consequentemente são Fundamentais.

Palavras-chave: Direitos fundamentais; Direitos de propriedade intelectual; CRM.

Nota Introdutória

Nesta pesquisa abordar-se-á a relação entre os direitos Fundamentais e Direitos de


propriedade intelectual, partindo da premissa que direitos fundamentais são direitos-
jurídicos - institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente, são direitos
objectivamente vigentes numa ordem jurídica concreta. Para este, os direitos fundamentais só
existem na relação directa com a Constituição, isto é, na medida em que tenham sido
positivados. É preciso constarem da lei fundamental. E a criação intelectual tem como
elemento de partida as informações e as ideias previamente existentes, não se pode falar
em propriedade intelectual como direito natural, pois seria inadequado considerar
exclusivo o que já era de todos, ou seja, trata-se conjunto de direitos que compreende as

1
Licenciando em Direito pela Universidade Rovuma
2
Segundo estratégia da propriedade intelectual, aprovado na xxiii sessão ordinária do conselho
de ministros de 28 de agosto de 2018, a tutela dos direitos da propriedade intelectual requer o
funcionamento pleno do sistema judicial para dirimir os conflitos sobre a matéria. Para o efeito,
não basta a criação de secções especializadas sobre a matéria, mas é necessária uma maior
sensibilidade do sistema judicial sobre o fenómeno e os danos que o mesmo comporta para a
economia moçambicana. A sensibilização dos órgãos judiciais sobre a propriedade intelectual
deverá ocorrer em todos os níveis mas, deverá ser priorizada a especialização de alguns juízes
sobre a matéria. A aplicação dos direitos da propriedade intelectual exige igualmente uma
fiscalização e monitoria contínua, bem como a identificação e eliminação dos focos de violação
dos referidos direitos
obras literárias e artísticas, tais como novelas, poemas e obras de teatro, filmes, obras
musicais, obras de arte pinturas, fotografias e esculturas, e desenhos arquitectónicos

1. Compreensão dos Direitos Fundamentais

O Prof. Jorge Miranda define direitos fundamentais como os direitos ou as posições


jurídicas subjectivas das pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente
consideradas, assentes na Constituição, seja na Constituição formal, seja na
Constituição material donde direitos fundamentais em sentido formal e direitos
fundamentais em sentido material3. Para este autor, os direitos fundamentais não se
resumem aos que constam do texto constitucional, uma vez que eles representam
valores supremos intrínsecos à dignidade humana, cuja validade não carece da
consagração em nenhum instrumento jurídico. Eles têm valor em si, existem
independentemente da vontade e consciência do seu titular e transcendem a vontade de
qualquer ente jurídico.

Discordando desta posição, Gomes Canotilho4 sustenta que:

(...) Os direitos fundamentais são direitos-jurídicos -


institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente, são
direitos objectivamente vigentes numa ordem jurídica concreta 5. Para
este, os direitos fundamentais só existem na relação directa com a
Constituição, isto é, na medida em que tenham sido positivados. É
preciso constarem da lei fundamental. A positivação dos direitos
fundamentais significa, para este doutrinário, a incorporação na ordem
jurídica dos direitos considerados “naturais” e inalienáveis do
indivíduo. Portanto, para Gomes Canotilho os direitos fundamentais só
existem onde existindo uma Constituição, esta os tenha consagrado e, se
justifica citando Cruz Villalon segundo o qual “onde não existir
Constituição não haverá direitos fundamentais.

Para Menezes Cordeiro, os direitos fundamentais correspondem à positivação, nas


ordens jurídicas internas do tipo continental, dos direitos do homem. Correspondem às
posições jurídicas activas consagradas na Constituição6. Qualquer que seja o

3
MIRANDA, Jorge. Direitos Fundamentais, Introdução Geral, Lisboa, 199, p.11
4
O autor conclui dizendo que os direitos fundamentais são-no, enquanto tais, na medida em que
encontram reconhecimento nas Constituições e deste reconhecimento derivarem consequências
jurídicas. Vide CANOTILHO, J.J. Gomes. op. cit., p.375.
5
Cfr. CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 5ª edição,
Almedina, Coimbra, p.391.
6
Segundo QUEIROZ, Cristina M.M. Direitos Fundamentais-Teoria Geral, Coimbra Editora,
2002, p.49: os direitos fundamentais variam tanto no espaço (isto é, segundo o Estado
entendimento que se tenha dos direitos fundamentais o certo é que, perfilhando o Prof.
Jorge Miranda, estes não se esgotam nos consagrados na Constituição (dimensão
objectiva), existem outros direitos inerentes à natureza humana para além dos
consagrados na Constituição (dimensão subjectiva). Aliás, este foi o entendimento
acolhido pelo legislador constituinte moçambicano, ao estabelecer no art. 42 da CRM
que “os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem quaisquer
outros constantes das leis”.

2. Princípios Atinentes aos Direitos Fundamentais

No constitucionalismo contemporâneo alguns princípios, como o da igualdade e


respeito pela dignidade da pessoa humana, caracterizam os direitos fundamentais. Esses
princípios encontramo-los reflectidos em todos os diplomas legais que versam acerca da
matéria dos direitos fundamentais, com premissa da Constituição. Ora, num Estado
democrático de Direito como o nosso pretende ser são, indubitavelmente, irrenunciáveis
tais princípios no quadro geral dos direitos fundamentais.

2.1 Princípio da Igualdade

Um dos princípios estruturantes do regime geral dos direitos fundamentais é o


princípio da igualdade, esta entendida, desde logo, como a igualdade formal, isto é, a
igualdade jurídica, aquela que surge indissociada da própria liberdade individual 7. O
princípio da igualdade surge-nos como um princípio estruturante ou conformador das
ordens jurídicas no constitucionalismo moderno e vem proclamado como um valor
fundamental não só pelas Constituições dos diferentes países, mas também pela
Declaração Universal dos Direitos do Homem8.

O princípio da igualdade concretiza-se pela proibição de todas as formas de


discriminação fundadas quer no género, na posição social, etnia, convicção política,
religião, raça, idade, ou sexo.

Constitucional) como no tempo (isto é, segundo o período histórico) no que concerne à


distribuição de papéis no seu desenvolvimento jurídico. À dependência destes direitos do texto
constitucional contrapõe-se a sua dependência do contexto histórico social em que se movem.
7
Cfr. CANOTILHO, J.J Gomes op. cit., p.424.
8
Vide também MAC CRORIE, Benedita Ferreira da Silva., A vinculação dos Particulares aos
Direitos Fundamentais, Almedina, 1955-2005, p.42
Aliás, a Constituição da República moçambicana cuidou de consagrar este princípio
no seu art. 35. Porém, a Constituição, escreve Jorge Miranda 9, não se circunscreve
apenas a declarar o princípio de igualdade. Ela vai longe, aplicando-o a zonas mais
sensíveis na perspectiva da sua ideia de Direito. Mais do que decorrências puras e
simples da igualdade jurídica, encontramos nela preceitos de diferenciação em função
de diferenças de circunstâncias, imposições derivadas da igualdade social e
discriminação positiva (é exemplo disso o art.37 da CRM). Trata-se aqui, segundo
Flávia Piovesani13, da igualdade material, correspondente ao ideal de justiça como
reconhecimento de identidades (igualdade orientada pelos critérios género, orientação
sexual, idade, raça, etnia e demais critérios).

2.2 Princípio da Universalidade

Segundo Jorge Miranda, todos quanto fazem parte da comunidade política fazem parte
da comunidade jurídica e são igualmente titulares dos direitos e deveres aí consagrados.
É assim também com os direitos fundamentais, estes têm ou podem ter por sujeitos
todas as pessoas integradas na comunidade política. Ora, embora incindível do princípio
da igualdade, o princípio da universalidade não se confunde com aquele.

O primeiro apresenta-se essencialmente qualitativo, enquanto o segundo é


essencialmente quantitativo, isto é, enquanto aquele consagra que todos têm os mesmos
direitos, portanto são iguais, este consagra que esses direitos e deveres são para todos.
Não obstante, há direitos que não são para todos, mas se reconhecem para certas
categorias de pessoas, em razão de diversos factores, permanentes ou relativos a certas
situações: direitos das crianças, direitos dos cônjuges, direitos dos arguidos, direitos dos
trabalhadores.

2.3 Princípio da Dignidade Humana

A dignidade da pessoa humana, como princípio constitucional supremo, apresenta-se


como norma fundamental e como direito fundamental10. Ele alicerça-se na afirmação

9
Cfr. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, Tomo IV, 4.ª edição, Coimbra
Editora, 2008, pp. 231- 232.
10
BARBAS, Stela Marcos de Almeida Neves, Op. cit. p. 221.
kantiana de que o homem existe como um fim em si mesmo e não como mero meio
(imperativo categórico), diversamente dos seres desprovidos de razão que têm valor
relativo e condicionado e se chamam coisas; os seres humanos são pessoas, pois sua
natureza já os designa com um fim, com valor absoluto.

Portanto, é um valor supremo e acompanha o homem até sua morte, por ser da
essência da natureza humana. A dignidade não admite discriminação alguma e não
estará assegurada se o indivíduo é humilhado, perseguido ou depreciado, sendo norma
que subjaz a concepção de pessoa como um ser ético-espiritual que aspira determinar-se
e desenvolver-se em liberdade. O art.1.º da Declaração Universal dos Direitos do
Homem consagra que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
em direitos. Dotados de razão e de consciência devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade”. A dignidade humana é o critério da fundamentação do Direito em
geral, e dos direitos fundamentais em particular, e parte, por isso, das características da
liberdade e da racionalidade da pessoa, antropologicamente sustentada numa inserção social,
garantindo o seu desenvolvimento pessoal.11

3. A Limitação dos Direitos Fundamentais

A par da vinculação dos direitos fundamentais aos órgãos quer públicos quer privados
que emana da própria Constituição, não se pode postergar o princípio da
proporcionalidade no Estado de Direito. É que, como ensina o Jorge Gouveia, ele
constitui uma limitação material à actuação discricionária dos poderes públicos, isto é,
uma proibição da actuação jurídico-pública excessiva, nas suas virtualidades de
adequação, necessidade e racionalidade. Adequação porque deve existir uma relação de
idoneidade entre uma determinada providência que se pretende tomar e o fim que se
propõe alcançar; necessidade porquanto perante uma providência considerada adequada,
impõe-se um juízo de valor para aferir a sua indispensabilidade perante outras
providências capazes de produzir o mesmo resultado pretendido, sem maiores riscos
lesivos e, por fim, racionalidade de que os efeitos escolhidos, perante uma medida
considerada adequada e necessária, devem representar um equilíbrio do ponto de vista
dos sacrifícios que se impõe fazer e benefícios a atingir.

11
8 Cfr. GOUVEIA, Jorge Bacelar. Manual de Direito Constitucional, Vol. II, Almedina, 1955-
2005, p.785
Assim, no caso do ordenamento jurídico moçambicano, o exercício dos direitos
fundamentais só pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos e
interesses protegidos pela Constituição (art. 56, n.º 2 da CRM) e na medida em que tais
limitações ou suspensão sejam transitárias. A CRM (art. 72) encarregou-se de enumerar
as situações face as quais, as liberdades e garantias individuais podem ser limitadas,
designadamente em situações de excepção: de estado de guerra, estado de sítio e estado
de emergência.

4. Propriedade Intelectual

A doutrina diverge profundamente quanto à natureza jurídica da Propriedade


Intelectual, mas tem prevalecido a tese de que as criações intelectuais são direito de
propriedade e por isso se encaixam dentro dos direitos reais e fundamentais, posição que
é adopta pelo sistema legal Moçambicano.12

A Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), define


como Propriedade intelectual a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e
científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas
executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os
domínios da actividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos
industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas
comerciais e denominações comerciais, à protecção contra a concorrência desleal e
todos os outros direitos inerentes à actividade intelectual nos domínios industrial,
científico, literário e artístico.

Antes da definição convencional, a expressão “Propriedade intelectual” aplicava-se,


mais restritamente, aos direitos autorais; nesta acepção, encontramos extenso emprego
na doutrina anterior. Em sua origem, porém, como concebido por Josef Kohler e
Edmond Picard nos fins do Séc. XIX, o conceito correspondia ao expresso na
Convenção da OMPI.

Na perspectiva de Ascensão13
12
FURTADO, Lucas Rocha. Sistema de Propriedade Industrial no Direito Brasileiro. 1ª
Edição. Livraria e Editora Brasília Jurídica, Brasília, 1996. Pág. 37.
13
Os direitos de propriedade intelectual são essencialmente direitos de exclusivo ou de
monopólio. Reservam aos titulares a exclusividade na exploração ao abrigo da concorrência.
São frequentemente qualificados como direitos de propriedade, particularmente nas
modalidades de propriedade literária ou artística e propriedade industrial. Mas a qualificação
O conceito de propriedade intelectual é apresentado sob dois
prismas; um enfatiza a ideia de monopólio, sendo entendido
como um direito exclusivo, outro posicionamento reflecte a
ideia de que se protege os direitos do pensamento, sendo uma
concepção mais humanista. A abrangência dos direitos de
propriedade intelectual alcança as obras literárias, artísticas e
científicas; as interpretações dos artistas-interpretes, a execução,
os fonogramas, as marcas de indústria e comércio, as
topografias de circuitos integrados; produtos e processos de
fabricação em matéria farmacêutica, biotecnologia e, em alguns
países, inclusive sequências de DNA humano. (p.34).

A protecção destes direitos imateriais é feita mediante uma concessão de monopólio


temporário pelo Estado ao autor ou inventor.

Em se tratando de patentes de invenções, este prazo é de vinte anos. Dá-se a garantia


que para uso da obra ou invenção, por exemplo, deverá ser feito mediante autorização,
garantindo a devida retribuição de modo que os custos sejam recompensados,
estimulando, em um último momento, o constante investimento em inovação.

5. Propriedade Intelectual no ordenamento jurídico Moçambicano

Para bem conceituar a Propriedade Intelectual é necessário entender que ela nasce
total e exclusivamente da lei. Sem a intervenção estatal, através da criação de leis, não
há o que se falar sobre a Propriedade Intelectual, pois o que não tem protecção
específica é domínio comum da humanidade. Pois já que toda criação intelectual tem
como elemento de partida as informações e as ideias previamente existentes, não se
pode falar em propriedade intelectual como direito natural, pois seria inadequado
considerar exclusivo o que já era de todos.14

Em consonância com no artigo 2º, inciso VIII, da Convenção de Estocolmo de 1967,


que instituiu a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), A Propriedade
Intelectual divide-se em:

a) Propriedade industrial – que constitui um conjunto de direitos que compreende as


marcas de fábrica, de comércio e serviço, as patentes de invenção, os modelos de

nasceu ao final do séc. XVIII e continua a existir com a clara função ideológica, para cobrir a
nudez crua do monopólio sob o manto venerável da propriedade. “ p. 40 OLIVEIRA
ASCENÇÂO, José de. Direito intelectual exclusivo e liberdade. Revista ABPI nº 59 jul/ago
2002 p. 40-49
14
BARBOSA, Denis Borges. Bases Constitucionais da Propriedade Intelectual. 2002
utilidade, os desenhos industriais, os nomes comerciais e as insígnias de
estabelecimentos, os logótipos, as indicações geográficas, as denominações de origem e
as recompensas;

b) Direito de autor - conjunto de direitos que compreende as obras literárias e


artísticas, tais como novelas, poemas e obras de teatro, filmes, obras musicais, obras de
arte pinturas, fotografias e esculturas, e desenhos arquitectónicos. Os direitos conexos
aos direitos de autor tais como os direitos dos artistas intérpretes, executantes sobre as
suas interpretações ou execuções, os direitos dos produtores de fonogramas sobre suas
gravações e os direitos dos organismos de radiodifusão sobre seus programas de rádio e
de televisão.

No caso de Mozambique, consubstanciando com o disposto da alínea q) do artigo 1 do


47/2015 de 31 Dezembro15, Propriedade Intelectual é o conjunto de direitos relativos as
obras literárias, interpretes as execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e as
emissões de radiodifusão, as invenções em todos os domínios da actividade humana, as
descobertas científicas, aos modelos de utilidades e desenhos indústrias, as marcas, as
dominações de origem e indicações geográficas, aos nomes comerceias, nome de
estabelecimento e insígnias de estabelecimento, á protecção contra a concorrência
desleal e em geral, todos os direitos inerentes á actividade intelectual nos domínios
industrial, científico, literários e artístico.

6. Quadro legal dos Direitos de Propriedade Intelectual em Moçambique

O Governo moçambicano assume a propriedade intelectual como um instrumento de


incentivo e protecção à criatividade e à inovação para a promoção do desenvolvimento
económico, científico, tecnológico e cultural do país. No âmbito dos direitos de autor e
direitos conexos, Moçambique dispõe dos seguintes dispositivos legais:
15
Código estabelece o regime especial de protecção de direitos de propriedade industrial e
define os direitos e obrigações emergentes de sua concessão o registo, incluindo os mecanismos
de fiscalização e as sanções que resultam da sua violação, com vista á promoção da inovação,
transferência e disseminação de tecnologia e protecção dos consumidores, abrange todo
comercio, os serviços a industria propriamente ditos nomeadamente, agro-indústria, a industria
de pesca, floresta, alimentar, de construção e extractiva, incluindo todos os produtos naturais ou
fabricos.
 Lei n.º 9/2022 de 29 de Junho - Consolida o quadro jurídico atinente às
indústrias culturais e criativas e da propriedade intelectual, de modo a estimular,
a promover e a defender as obras literárias, artísticas e científicas,
salvaguardando os direitos de autor e direitos conexos, E tem por objecto a
protecção dos direitos de autor e direitos conexos nas áreas das artes, literatura,
ciência e outras formas de conhecimento e criação.
 Decreto no. 47/2015 de-31 de Dezembro - estabelece o regime especial de
protecção de direitos da propriedade industrial e define os direitos e obrigações
emergentes da sua concessão e registo
 Regulamento da aposição obrigatória do selo nos fonogramas - Decreto n°
27/2001 de 11 de Setembro, e estabelecer regras para a operacionalização e
exequibilidade do Regulamento de Aposição Obrigatória de Selo nos
Fonogramas;
 Regulamento sobre as regras de operacionalização e exequibilidade do Decreto
n° 27/2001 de 11 de Setembro - Diploma Ministerial n° 8/2003 de 15 de Janeiro;

O país aderiu aos seguintes instrumentos internacionais sobre a matéria:

 A Convenção de Berna para a protecção das obras literárias e artísticas de 1886


e revista pelo Acto de Paris de 24 de Julho de 1971, modificado em 2 de
Outubro de 1979 a qual Moçambique aderiu através da Resolução n° 13/97 de
13 de Junho;
 O Acordo sobre os aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados
com o comércio (TRIPS), anexo ao acordo de Marraquexe que cria a
Organização Mundial do Comércio.

O estabelecimento do sistema da propriedade intelectual em Moçambique implicou a


adesão a algumas organizações regionais e internacionais activas na área da propriedade
intelectual. Neste contexto, Moçambique é membro das seguintes organizações:

 Organização Regional Africana da Propriedade Intelectual, através da Resolução


n° 34/99 de 16 de Novembro;
 Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), através da Resolução
n° 12/96 de 18 de Junho Moçambique;
 Organização Mundial do Comércio, através da Resolução n° 31/94 de 20 de
Setembro.
7. Direitos Fundamentais e Direitos de Propriedade Intelectual

Os direitos fundamentais são direitos-jurídicos institucionalmente garantidos e


limitados espaço-temporalmente, são direitos objectivamente vigentes numa ordem
jurídica concreta16. Para este, os direitos fundamentais só existem na relação directa com
a Constituição, isto é, na medida em que tenham sido positivados. É preciso constarem
da lei fundamental. Grosso modo que, texto constitucional ao abrigo do n o 1 e 2 do
artigo 94 consagra que todos cidadãos têm direito a liberdade de criação científica,
técnica, literária e artística, o estado protege os direitos inerentes á propriedade
intelectual17, incluindo os direitos de autor e promove a prática e a difusão das letras e
das artes. Por este imperativo constitucional poder-se-ia a firmar que os direitos de
propriedade intelectual fazem parte dos Direitos, liberdades e garantias protegidos a
nível constitucional, consequentemente são Fundamentais.

Outro elemento é que sendo os Direito de Propriedade Intelectual, Direitos relativos as


obras literárias, interpretes as execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e as
emissões de radiodifusão, as invenções em todos os domínios da actividade humana, as
descobertas científicas, são exercidos com base nos princípios de transparência,
igualdade, universalidade, que são princípios estruturantes dos Direitos Fundamentais,
cujo a sua violação dá Responsabilidade civil, Financeira ao infractor.

Nota conclusiva

Dentre as abordagens acima referidas conclui-se que sendo os direitos fundamentais,


direitos ou as posições jurídicas subjectivas das pessoas enquanto tais, individual ou
institucionalmente consideradas, assentes na Constituição, seja na Constituição formal,

16
Cfr. CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 5ª edição,
Almedina, Coimbra, p.391.
17
Segundo estratégia da propriedade intelectual, aprovado na xxiii sessão ordinária do conselho
de ministros de 28 de agosto de 2018, a tutela dos direitos da propriedade intelectual requer o
funcionamento pleno do sistema judicial para dirimir os conflitos sobre a matéria. Para o efeito,
não basta a criação de secções especializadas sobre a matéria, mas é necessária uma maior
sensibilidade do sistema judicial sobre o fenómeno e os danos que o mesmo comporta para a
economia moçambicana. A sensibilização dos órgãos judiciais sobre a propriedade intelectual
deverá ocorrer em todos os níveis mas, deverá ser priorizada a especialização de alguns juízes
sobre a matéria. A aplicação dos direitos da propriedade intelectual exige igualmente uma
fiscalização e monitoria contínua, bem como a identificação e eliminação dos focos de violação
dos referidos direitos
seja na Constituição material donde direitos fundamentais em sentido formal e direitos
fundamentais em sentido material, escabecem uma intrínseca relação com os Direito de
propriedade intelectual, pese embora sendo eles Direitos relativos as obras literárias,
interpretes as execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e as emissões de
radiodifusão, as invenções em todos os domínios da actividade humana, as descobertas
científicas.

Os Direitos de Propriedade Intelectual têm como premissa para sua efectivação os


preceitos e princípios fundamentais consagrados na constituição. Isso porque no
constitucionalismo contemporâneo alguns princípios, como o da igualdade e respeito
pela dignidade da pessoa humana, caracterizam os direitos fundamentais. Esses
princípios encontramo-los reflectidos em todos os diplomas legais que versam acerca da
matéria dos direitos fundamentais e Direitos de propriedade Intelectual, tem como base
de sustentabilidade a Constituição.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, D. (2002), Bases Constitucionais da Propriedade Intelectual. Almedina,


Coimbra;

CANOTILHO, J.J. (2001), Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 5ª


edição, Almedina, Coimbra;
DE NOVAIS, J. R. (2010) As restrições aos Direitos Fundamentais não expressamente
autorizadas pela Constituição, 2ª edição, Coimbra Editora.
GOUVEIA, J. B. (1955), Manual de Direito Constitucional, Vol. II, Almedina;
MIRANDA, J. (1999), Direitos Fundamentais, Introdução Geral, Lisboa;
MIRANDA, J. (2008). Manual de Direito Constitucional, Tomo IV, 4.ª edição,
Coimbra Editora.

Legislação

MOCAMBIQUE, constituição da República da república de Moçambique, impressa


nacional, 2004, Maputo;

MOCAMBIQUE, Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto – Regula a Formação da Vontade da


Administração Pública e estabelece as Garantias dos Particulares.
MOCAMBIQUE, Decreto no. 47/2015 de-31 de Dezembro - estabelece o regime
especial de protecção de direitos da propriedade industrial e define os direitos e
obrigações emergentes da sua concessão e registo

MOCAMBIQUE, Lei n.º 9/2022 de 29 de Junho - Consolida o quadro jurídico atinente


às indústrias culturais e criativas e da propriedade intelectual, de modo a estimular, a
promover e a defender as obras literárias, artísticas e científicas, salvaguardando os
direitos de autor e direitos conexos, E tem por objecto a protecção dos direitos de autor
e direitos conexos nas áreas das artes, literatura, ciência e outras formas de
conhecimento e criação.

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